PERFIL FAKE - megapro.com.br · Vou acionar o comando policial agora mesmo. CATARINA LIGA. CATARINA — Quero o pessoal do comando agora, imediatamente na minha sala. Um pedófilo

MEGAPRO

Central Megapro de Produção Capítulo 10

PERFIL FAKE

Penúltimo capítulo

Despertando o inimigo

Minissérie de

Rynaldo Nascimento

Escrita por

Rynaldo Nascimento

Direção de dramaturgia

Weslley Vitoritti

Direção geral

João Carvalho

Produção

Lucas Luciano

Personagens deste capítulo ALESSA

BERNARDO

CATARINA

DUDA

EVANDRO

GILDETE

IÊDA

JEFF

JORGINHO

KAILAN

LALINHA

LARA

LINDOMAR

LUCAS

MARCOS

MARIANE

MÁRIO

NIELY

PENHA

RAFAEL

SARA

TÁBATA

YASMIN

ÉLCIO

Participação Especial DAGOBERTO POLICIAIS RAPAZ

PERFIL FAKE Capítulo 10 Pag.: 1

CENA 01. CASA DE ALESSA. BANHEIRO. INTERIOR. DIA.

FADE IN. ABRE EM YASMIN SENDO PRESSIONADA POR MÁRIO CONTRA A

PAREDE. O CHORO FORTE DELA E O OLHAR DIABÓLICO DELE.

YASMIN — Eu já disse que não peguei. (CHORA MUITO) Por favor, me

solta!

MÁRIO — Te soltar? Não. A gente tem muito o que fazer, garota.

YASMIN — Eu não estou te reconhecendo, Mário! Pelo amor de Deus me

solta.

MÁRIO — Não me reconhece porque é uma tapada. (DESEJANDO)

Nunca percebeu minhas reais intenções, gostosinha!

YASMIN JUNTA TODA SUA FORÇA E O EMPURRA.

YASMIN — (GRITA) Me solta!

MÁRIO CAI. YASMIN ABRE A PORTA, MAS A MÃO DE MÁRIO A GRUDA. YASMIN

CHUTA MÁRIO E CORRE PARA O QUARTO. MÁRIO LEVANTA-SE RINDO.

MÁRIO — Tu não vai escapar! Ah, não vai mesmo!

MÁRIO SAI. CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 02. CASA DE IÊDA. SALA. INTERIOR. DIA.

ABRE EM NIELY TENTANDO LIGAR NO CELULAR. MUITO NERVOSA. CÂMERA

DESVIA PARA O SEGUNDO PLANO: LUCAS, TRANSTORNADO, IÊDA, SUPER AFLITA

E LARA TENTANDO ACALMÁ-LOS.

LUCAS — A minha vontade é de sair daqui atrás daquele bandido dos

inferno e meter bala na cara daquele pedófilo desgraçado, minha

mãe!

IÊDA — Meu filho, se acalme. A gente tem que fazer o que Niely disse

mesmo. A gente tem que denunciar esse bandido!

NIELY — Alessa não me atende.

LUCAS — Alessa nessa hora deve estar iludida por aquele cafajeste. Não

dá mais pra esperar.

LARA — Meu amor, vamos direto pra delegacia. Esse cara é um perigo

pra sociedade.


LUCAS — Não adianta mais ligar pra Alessa, Niely. Mulher omissa, nunca

se importou com a menina, tanto que colocou um abusador dentro

de casa. Vambora logo pra delegacia antes que eu faça uma

besteira.

NIELY — Vamos, vamos. A polícia tem que pegar esse bandido.

NIELY PEGA A BOLSA E SAI NA FRENTE COM IÊDA. LUCAS SEGUE COM LARA.

TENSÃO. CORTA PARA:

CENA 03. CASA DE ALESSA. CORREDOR. INTERIOR. DIA.

MÁRIO BATE COM FORÇA NA PORTA.

MÁRIO — Tu abre essa porta, Yasmin, e me diz pra quem tu entregou

meu computador, sinhá cachorra!

CORTE PARA:

CENA 04. CASA DE ALESSA. QUARTO DE YASMIN. INTERIOR. DIA.

YASMIN TREME DE MEDO, ENQUANTO TENTA MEXER NO CELULAR. CHORA

MUITO. MAIS BATIDAS.

MÁRIO — (OFF) Abra essa porta, Yasmin!

YASMIN — Vai embora, me deixa em paz.

MÁRIO — (OFF) Tu num vai abrir, não?

MÁRIO SE CALA. YASMIN CONSEGUE LIGAR PARA LUCAS.

YASMIN — Atende, meu pai! Atenda, vá!

DE REPENTE MÁRIO ARROMBA A PORTA QUE CAI DE FORMA ESPETACULAR.

MÁRIO — Tu ainda não sabe do que eu sou capaz, Yasmin!

MÁRIO TOMA O CELULAR DA MÃO DE YASMIN. VÊ A LIGAÇÃO.

MÁRIO — Ah, tá ligando pro paizinho drogadinho, é?

MÁRIO DESLIGA.

MÁRIO — Tu é igual tua mãe, hein?! Oh dedo podre pra escolher homem.

Teu pai um drogadinho, Carlito outro safado drogado/

YASMIN — Carlito não usa drogas!


MÁRIO — Não usava!

YASMIN PARA. VAI PERCEBENDO O OLHAR DEBOCHADO DE MÁRIO. MÁRIO SE

APROXIMA, TOCA OS CABELOS DELA. YASMIN SENTE NOJO, VAI SE AFASTANDO.

MÁRIO — Nunca usou.

YASMIN — O que tu fez com Carlito?

MÁRIO GARGALHA.

YASMIN — Responde, desgraçado! Responde!

MÁRIO A ENCARA SÉRIO APÓS UM LONGO SORRISO.

MÁRIO — Eu matei!

YASMIN SENTE A DOR.

MÁRIO — Matei! Matei e joguei no fundo do mar. (RI) Uma hora dessas

aquele imbecil/

YASMIN PEGA UM JARRO E LANÇA SOBRE A CABEÇA DE MÁRIO.

YASMIN — Maldito!

MÁRIO SENTE A DOR, MAS RAPIDAMENTE APROVEITA PARA PRENDER YASMIN

EM SEUS BRAÇOS. TAMPA A BOCA DELA.

MÁRIO — Shiu! Shiu! Quietinha que agora quem manda aqui sou eu.

(SUSSURRA NO OUVIDO DELA) Sabe o que vim fazer aqui em

Nova Olinda, Yasmin?! (RI/P) Vim pra aqui só pra te conhecer. (P)

Sabe... Naquele dia...

INSERIR FLASHBACK: TRECHO DA CENA 57, CAPÍTULO 01.

SOBRE AS IMAGENS DO FLASHBACK:

MÁRIO — (OFF) Naquele dia em que tu me viu pela primeira, eu já tinha

te imaginado de tanto jeito, garota! Aquela sua foto de biquíni me

tirou o ar. Sabia que era aqui que eu deveria entrar.

MÁRIO SENTA-SE E AO VIRAR O ROSTO VÊ AS FOTOS DE ALESSA COM NIELY E ALESSA COM

YASMIN. MAS UMA FOTO DE YASMIN NA PRAIA, DE BIQUINI, CHAMA A ATENÇÃO DELE. MÁRIO FIXA

O OLHAR NA FOTO DE YASMIN.

ALESSA — (OFF) Com açúcar ou adoçante?

MÁRIO LEVANTA-SE E SEGURA O A FOTOGRAFIA.


MÁRIO — Com adoçante. Estou de dieta.

MÁRIO ANALISA A FOTO DE YASMIN E EM SUA MENTE VEM DIVERSAS IMAGENS DAS MENINAS

QUE ELE ABUSOU. ELE OUVE GRITOS E GEMIDOS. ATÉ QUE DESPERTA COM A PORTA SE

ABRINDO E YASMIN ENTRA. MÁRIO VIRA-SE E ENCARA YASMIN. OS DOIS SE OLHAM

PROFUNDAMENTE. ELA TENTA ENTENDER

VOLTA AO TEMPO PRESENTE: MÁRIO SUSSURRANDO NO OUVIDO DELA. YASMIN

TENTA GRITAR, MAS A MÃO DO BANDIDO ABAFA A BOCA DELA.

MÁRIO — (AGARRADO A ELA) Como é bom sentir seu corpo pela

segunda vez.

YASMIN SE DEBATE.

MÁRIO — Sentir essa sua pela jovem, esse seu cheiro... Nossa! Sente

como eu tô!

YASMIN MORDE A MÃO DE MÁRIO EM UM DESCUIDO DELE. GRITO DE MÁRIO.

YASMIN SE AFASTA PARA O OUTRO LADO DO QUARTO.

YASMIN — Que nojo! Que nojo! Nojento! Maldito! Tu matou meu

namorado! Tu me abusou naquele dia em que eu acordei em tua

casa, num foi, seu pedófilo, num foi?!

MÁRIO RI, MAS AINDA SENTE A DOR.

MÁRIO — Doeu, viu, cadelinha?!

YASMIN — Bem que minha a tia desconfiou que tinha algo de estranho em

tu. Entrou na nossa casa pra destruir a minha vida e a vida de

minha mãe, seu bandido!

MÁRIO — Então foi pra vaca da tua tia que tu entregou o meu

computador?!

YASMIN — (ENFRENTA) Entreguei. Entreguei mesmo, desgraçado! E uma

hora dessas meu pai já deve ter descoberto muitas coisas.

MÁRIO — (GARGALHA) Aposto que nada! Meu computador tem senha!

Quando um marginal como teu pai conseguiria alguma coisa com

meu computador?!

YASMIN — Meu pai é hacker, imbecil!

MÁRIO FICA TENSO. SE ENCHE DE ÓDIO. TIRA O CINTO. YASMIN SE ASSUSTA.

YASMIN — O que tu vai fazer?


TIRA A CALÇA ENCARANDO-A. VAI NA DIREÇÃO DELA. YASMIN SEGURA ALGO E O

AMEAÇA.

YASMIN — Não se aproxima!

MÁRIO CONSEGUE DESARMÁ-LA E A ESBOFETEIA. YASMIN CAI SOBRE A CAMA E

MÁRIO PUXA A TOALHA A DEIXANDO NUA. YASMIN GRITA POR SOCORRO. LUTA,

MAS ELE É MAIS FORTE. MÁRIO CAI, MAS VOLTA... CÂMERA DESVIA. SOBRE O

GRITO DE YASMIN...

FADE OUT.

CENA 05. DELEGACIA. SALA DA DELEGADA. INTERIOR. DIA.

FADE IN. ABRE NA REAÇÃO DE CATARINA AO VER OS VÍDEOS NO NOTEBOOK DE

MÁRIO. NIELY E LUCAS DIANTE DELA.

LUCAS — Veja, delegada, que tipo de homem Alessa colocou pra

conviver com a minha filha.

CATARINA — Esse homem armazena muito material de pedofilia. É um

bandido da pior espécie.

NIELY — A gente não pode perder tempo, doutora!

CATARINA LEVANTA.

CATARINA — Não mesmo. Vou acionar o comando policial agora mesmo.

CATARINA LIGA.

CATARINA — Quero o pessoal do comando agora, imediatamente na minha

sala. Um pedófilo está em Nova Olinda. Urgente. Operação

urgente.

CATARINA DESLIGA.

LUCAS — Assim que estiver de frente com esse Mário eu vou matar ele.

CATARINA — Tu num vai fazer nada. Isso é papel da polícia. Entrarei em

contato imediatamente com a polícia federal. Se acalme, Lucas,

nós vamos prender esse bandido.

LUCAS — E a minha filha... Onde tá Yasmin?!

NIELY AO CELULAR.

NIELY — Tô tentando falar com Alessa... Mas...


CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 06. CASA DE ALESSA. FRENTE. EXTERIOR. DIA.

TOMADA RÁPIDA. TENSÃO. CARRO DE ALESSA CHEGA E PARA. TEMPO. ALESSA

DESCE DO CARRO MEXENDO NO CELULAR.

ALESSA — Mensagem de Niely. (REVIRA OS OLHOS) Ela não se toca

mesmo!

ALESSA ENTRA EM CASA. CORTA PARA:

CENA 07. CASA DE ALESSA. SALA. INTERIOR. DIA.

ALESSA ENTRA. SILÊNCIO TOTAL. DEIXA A BOLSA POR ALI.

ALESSA — Eu desisto de tu, Niely. Me poupe! (GRITA) Tem alguém em

casa?

ALESSA VAI ATÉ O BALCÃO DA COZINHA E PEGA UMA FRUTA. SOBE EM DIREÇÃO

AOS QUARTOS COMENDO. CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 08. CASA DE ALESSA. CORREDOR. INTERIOR. DIA.

ALESSA CAMINHA VAGAROSAMENTE E PERCEBE O CHÃO TODO MOLHADO. OLHA

ESTRANHANDO AS MARCAS DE ÁGUA EM DIREÇÃO AO QUARTO DE YASMIN. AO

ACELERAR O PASSO, ELA PERCEBE QUE A PORTA FOI ARROMBADA E ADENTRA

DE VEZ. CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 09. CASA DE ALESSA. QUARTO DE YASMIN. INTERIOR. DIA.

YASMIN DESACORDADA NA CAMA, MÁRIO EM PÉ, A CHORAR. ALESSA INVADIU E,

DIANTE DELE, SEM ENTENDER, PERGUNTA:

ALESSA — O que aconteceu aqui, Mário? (VÊ YASMIN) O que aconteceu

com a minha filha, Mário?!

MÁRIO CHORA, FINGE.

MÁRIO — (FINGE) Me desculpa, meu amor! Me perdoa!

ALESSA — Fala!

MÁRIO — Eu não sei... ela provocou e... Alessa!

ALESSA VAI PARA YASMIN, A SEGURA, EM DESESPERO.

ALESSA — Filha! Filha! Yasmin!


YASMIN NÃO RESPONDE. ALESSA ENCARA MÁRIO.

ALESSA — (SÉRIA) Me diz o que aconteceu aqui!

MÁRIO — Eu não queria... Eu... Foi uma força estranha que...

ALESSA JÁ COM OS OLHOS CHEIOS PARA CHORAR. AGARRA A FILHA. CELULAR

TOCA.

MÁRIO — Não atende, pelo amor de Deus/

ALESSA ATENDE A LIGAÇÃO.

NIELY — (OFF) Alessa! Alessa! Só me escuta, minha irmã! Tu tem que

sair de sua casa. Pega Yasmin e foge daí. Mário é um bandido,

minha irmã! Mário é um pedófilo! A polícia... a polícia já tá a

caminho.

ALESSA ENCARANDO MÁRIO A TODA FALA DE SUA IRMÃ. SEU MUNDO CAI A

CADA PALAVRA.

NIELY — (OFF) Alô, Alessa? Alessa? Tu tá na linha?! Alessa?

MÁRIO A ENCARA PROFUNDAMENTE. JÁ SABE QUE ALESSA DESCOBRIU.

ENXUGA SUAS LÁGRIMAS E MUDA A EXPRESSÃO. ALESSA DESLIGA O CELULAR

QUE CAI DE SUA MÃO EM SLOW. ELA VAI SE ENCHENDO ATÉ QUE GRITA:

ALESSA — Nããããããoooo!!!! Não, é mentira! É mentira! Não, Mário...

ALESSA LEVANTA E PARTE PRA CIMA DELE. VAI AGREDINDO-O. MÁRIO NÃO

DEMONSTRA NADA, VAI SE AFASTANDO A CADA TAPA.

ALESSA — Tu me enganou! Tu me iludiu! Tu abusou da minha

filhaaaaa!!!!!

MÁRIO SEGURA ALESSA COM FORÇA.

MÁRIO — Cala a boca! Deixa de escândalo!

ALESSA — Me solta! Me larga! Me soltaaa!

MÁRIO ACERTA UM TAPA NA CARA DE ALESSA QUE A FAZ CAIR. ALESSA LEVA A

MÃO AO ROSTO.

ALESSA — Desgraçado!

MÁRIO — Calada! Já mandei calar essa boca.


ALESSA — O que tu fez com a minha filha?

MÁRIO ENCARA O CORPO DE YASMIN DESFALECIDO, VOLTA O OLHAR PARA

ALESSA.

MÁRIO — Tu acha mesmo que eu entrei na tua vida pra viver casado ao

teu lado, Alessa? Não, minha querida.../

ALESSA — Tu queria ela/

MÁRIO — Queria/

ALESSA — Desgraçado!

MÁRIO — Calma!

ALESSA — Desgraçado! Eu te odeio!

MÁRIO — Até ontem dizia que me amava!

ALESSA O ENCARA. MÁRIO RI. SE AGACHA ATÉ ELA. SEGURA O ROSTO DA

OUTRA COM FORÇA.

MÁRIO — Diz que não me ama mais! Passou tudo aí dentro? Passou?

ALESSA — A polícia tá a caminho! Niely te denunciou. Ela descobriu que tu

é um bandido!

MÁRIO — (RI) Mas nós não estaremos aqui quando eles chegarem.

ALESSA — Nós?

MÁRIO — É claro! Ou tu quer ir no mesmo camburão que eu? É, porque

eu encontrei esses dias... (LEVANTA, PROCURA EM SUAS

COISAS) Algo muito valioso, até porque eu sabia que esse

momento ia chegar. E como eu te conheço... (ENCONTRA) Achei.

MÁRIO PEGA A AGENDA QUE ALESSA GUARDAVA EM SEU BAÚ. ALESSA REAGE

EM CHOQUE. MÁRIO VAI FOLHEANDO.

MÁRIO — Essa agendinha aqui que tu anotava o nome das mães, o sexo

dos bebes... o pesinho deles... Tudo em seu nome, no nome do

prefeito Evandro... Hum... Alessa! Vejo que nós dois podemos ser

enquadrados pelo ECA. Olha que notícia, meu amor?!

ALESSA — Desgraçado! Como tu descobriu/


MÁRIO — Na realidade, tu é uma trouxa, visse, Alessa?! Vai, mulher,

levanta desse chão. Vai querer estar sozinha aqui quando a

polícia chegar? Eu sei que tu não vai querer que teu marido seja

preso. Tu me ama, Alessa. Tu me quer. Ainda mais agora que eu

tenho essa bomba aqui em minhas mãos.

ALESSA O ENCARA E VAI LEVANTANDO. MÁRIO RI CÍNICO. ELA O ENCARA COM

UM MISTO DE RAIVA E DECEPÇÃO. CORTA PARA:

CENA 10. DELEGACIA. INTERIOR. DIA.

CATARINA SAI DE SUA SALA COM POLICIAIS, OUTROS A ESPERA NA ENTRADA.

CATARINA — (APRESSADA/AJEITA ARMA) Vambora, vambora, vambora...

que numa hora dessas o bandido já deve ter sentido falta do

aparelho dele.

POLICIAIS SEGUEM COM CATARINA. LUCAS, NIELY, LARA E IÊDA.

NIELY — Foi estranho, Lucas! Alessa desligou o telefone depois de tudo

que falei.

LUCAS — Tô sentindo que algo de ruim pode ter acontecido. Eu não

posso perder a minha filha. Eu tenho que tirar Yasmin das mãos

daquele bandido.

NELES. CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 11. FRENTE DA DELEGACIA. EXTERIOR. DIA.

CARROS DA POLICIA MILITAR E DA FEDERAL JÁ ESTÃO APOSTOS. SIRENES

LIGADAS. HOMENS FORTES E BEM ARMADOS ENTRANDO EM SUAS VIATURAS.

NIELY CORRE PARA O CARRO COM LUCAS. TAKES DA SAÍDA DOS AGENTES

POLICIAIS. IÊDA E LARA FICAM A OBSERVAR. SE APOIAM, TENSAS. CORTA PARA:

CENA 12. CASA DE ALESSA. SUÍTE CASAL. INTERIOR. DIA.

ALESSA COLOCA ALGUMAS ROUPAS NUMA BOLSA. OLHAR TRISTE. LÁGRIMAS

CAEM. MÁRIO CHEGA.

MÁRIO — Não podemos demorar. A garota já tá no carro.

ALESSA PEGA AS ÚLTIMAS COISAS E ENCARA MÁRIO.

ALESSA — Por que comigo, Mário? Por que tu tá fazendo isso com a

gente?!

MÁRIO PEGA ALESSA COM FORÇA.


MÁRIO — Isso não é hora para termos essa conversa. Nós dois temos

nossos demônios. A gente ainda vai ter muito tempo para se

conhecer. Agora, deixa de questionar e vem.

MÁRIO A PUXA, MAS ALESSA SOLTA-SE DELE E SEGUE NA FRENTE. EM MÁRIO

INDO. CORTA PARA:

CENA 13. CONDOMÍNIO. FRENTE DA CASA DE ALESSA. EXTERIOR. DIA.

DAGOBERTO VEM CAMINHANDO COM UM PAPEL EM MÃOS, UMA MOCHILA COM

MATERIAL DE JARDINAGEM NAS COSTAS. ALESSA ABRE A PORTA E SAI.

DAGOBERTO SE APROXIMA.

DAGOBERTO — Bom dia, senhora!

ALESSA SE ASSUSTA.

ALESSA — Quem é o senhor?

DAGOBERTO — É que eu vim fazer um serviço na casa de dona Alessa...

serviço de jardinagem/

MÁRIO SAI, FECHA A PORTA JÁ DIZENDO:

MÁRIO — Entra logo nesse carro, Alessa!

ALESSA ENCARA DAGOBERTO QUE, AO OUVIR A VOZ DE MÁRIO, VIRA A CABEÇA

EM SLOW. DAGOBERTO REAGE AO VER MÁRIO VINDO EM SUA DIREÇÃO.

INSERIR FLASHES DO RETRATO FALADO DE MÁRIO. FLASHES DAS NOTÍCIAS

SOBRE A MORTE DA GAROTA VIVI. FLASHES DA NOITE EM QUE DAGOBERTO VIU

MÁRIO COM A GAROTA NO MANGUE.

VOLTA AO TEMPO PRESENTE. MÁRIO PUXA ALESSA DIANTE DE DAGOBERTO.

ALESSA — Esse senhor veio fazer a jardinagem/

MÁRIO — Não é hora, meu amigo! A gente tá atrasado! (PARA ALESSA)

Entra nesse carro, mulher!

ALESSA — Pra onde a gente tá indo?

MÁRIO — Pra uma fazenda na estrada pra João Pessoa. De lá a gente

vê. Vai no fundo com a menina.

ALESSA ENCARA DAGOBERTO COM O OLHAR DA AFLIÇÃO. DAGOBERTO

ATÔNITO DIANTE DE MÁRIO QUE ENTRA NO CARRO, O ENCARA E SEGUE.


DAGOBERTO — Valei-me, meu padim Ciço! Eu num acredito que... é ele... o

pedófilo é o marido de dona Alessa!

EM DAGOBERTO ATORDOADO QUE VAI SE ESCORANDO POR ALI. TEMPO, O

SENHOR PEGA SEU CELULAR E DISCA.

DAGOBERTO — (CEL) Polícia! Urgente! O pedófilo de Recife acabou de fugir.

Eu vi! Eu vi!

NO DESESPERO DELE.

ABERTURA

CENA 14. NOVA OLINDA.EXTERIOR. DIA.

TAKES GERAIS DE NOVA OLINDA SOB A TENSÃO DE CARROS DE POLÍCIA QUE

CORTAM AS RUAS E CHAMAM A ATENÇÃO DE TODA A POPULAÇÃO. AS PESSOAS

COMEÇAM A COMENTAR. NA BANCA DE JORNAL, UM JORNAL ANUNCIA O

ASSASSINATO DE INDIARA. CORTA DESCONTÍNUO: ESTRADA – CARRO DE MARIO

SAINDO DA CIDADE. TAKES AÉREOS. CORTE PARA:

CENA 15. CARRO DE MÁRIO. INTERIOR. DIA.

MÁRIO DIRIGE ATENTAMENTE. YASMIN NO BANCO DETRÁS DESACORDADA.

ALESSA OLHA A PAISAGEM ENQUANTO CHORA.

MÁRIO — Vai ficar chorando a viagem inteira?

ALESSA — Como tu quer que eu esteja, Mário?! Sorrindo? Feliz?

MÁRIO A ENCARA.

ALESSA — Minha vida se tornou um inferno! Olha o que eu estou fazendo,

Mário?!

MÁRIO — Se tá arrependida paro o carro agora mesmo e tu desce.

ALESSA O ENCARA.

MÁRIO — Tu não é numa santinha, Alessa! É melhor tu ficar calada e

engolir esse choro.

ALESSA — Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando eu aceitei

entrar neste carro.

MÁRIO — Tava com a cabeça em mim! Tu num me ama? Se me ama

mesmo vai ter que ir comigo até o final.


ALESSA — Tu estuprou a minha filha, Mário?

MÁRIO SE CALA E SEGUE DIRIGINDO.

ALESSA — Me responde! Porque... Porque eu não posso nem imaginar/

MÁRIO — (GRITA) Já mandei calar a porra dessa boca!

ALESSA SE CALA. MÁRIO LANÇA UM OLHAR FORTE PARA ELA. CORTA PARA:

CENA 16. CONDOMÍNIO. EXTERIOR. DIA.

CARROS DE POLÍCIA ENTRANDO. DAGOBERTO AINDA DESNORTEADO NA PORTA

DE ALESSA. CARROS PARANDO. CATARINA E OS DEMAIS POLICIAIS DESCEM.

CATARINA — A gente vai invadir a casa. Escutem o meu comando! A gente

não pode deixar esse bandido fugir.

LUCAS E NIELY DESCEM DO CARRO.

LUCAS — Onde tá a minha filha?! Yasmin!

DAGOBERTO SE APROXIMA. OS POLICIAIS ROMBAM A PORTA DA CASA DE

ALESSA.

DAGOBERTO — Ele fugiu! Eu vi quando ele fugiu!

NIELY — O Mário?

DAGOBERTO — Aquele homem é um monstro! Ele levou a mulher e a garota no

carro. Eles fugiram. Ele conseguiu fugir mais uma vez.

LUCAS — Eu quero a minha filha!

NIELY — Como assim mais uma vez?

DAGOBERTO — Aquele homem matou a menina do mangue lá no Recife. Eu eu

vi tudo e... mais uma vez esse homem apareceu na minha frente.

Ele vai matar dona Alessa... ele quer a menina.

LUCAS SE REVOLTA.

NIELY — Calma, Lucas! A polícia vai pegar aquele bandido!

LUCAS — Ele vai matar a minha filha... Ele vai fazer todas aquelas

monstruosidades com a minha filha.

CATARINA SE APROXIMA.


CATARINA — Não tem ninguém em casa.

NIELY — Ele fugiu. Esse senhor viu tudo.

DAGOBERTO — Vocês têm que pegar o pedófilo. Ele vai fazer o mesmo que fez

com todas as outras garotas. Eu ouvi quando ele disse que ia pra

uma fazenda/

CATARINA — Primeiramente, quem é o senhor.

LUCAS — (NERVOSO) Delegada! Delegada!

CATARINA — Espera, Lucas!

DAGOBERTO — Eu vim fazer a limpeza do jardim de dona Alessa e eu vi aquele

monstro asqueroso carregar a menina desacordada no colo. A

mulher tava desesperada.

NIELY — Eu não acredito que Alessa teve o desatino de seguir com

Mário.

DAGOBERTO — Ele disse que iria para uma fazenda na estrada pra Jampa.

LUCAS SEGURA NAS MÃOS DE CATARINA.

LUCAS — Catarina, não podemos mais esperar. Minha filha tá correndo

risco de vida na mão dele. Eu te imploro: salva minha filha! Salva

minha menina!

CATARINA ENCARA LUCAS QUE CHORA. ELA O ABRAÇA FORTE.

CATARINA — Eu prometo a tu que vou colocar aquele bandido atrás das

grades. Confia em mim. Nós vamos trazer Yasmin de volta.

CORTA PARA:

CENA 17. CASA DE MÁRIO. SALA. INTERIOR. DIA.

POLICIAL FEDERAL DIANTE DE CATARINA, NIELY E LUCAS. AGENTES REVIRANDO

A CASA, OUTROS TRAZEM DIVERSOS CDS EM CAIXAS, PEN-DRIVES ETC.

POLICIAL — Nós encontramos grande parte desse material no porão da

casa.

CATARINA — Ele armazenava diversos vídeos e fotografias não só no

computador.


POLICIAL — Na realidade, nós já estávamos investigando uma grande

organização criminosa de pedófilos aqui no Nordeste que agem na

deep web.

LUCAS — Ele vendia esses vídeos e fotos para a dark net?

POLICIAL — Suspeitamos que sim. Recebi a informação de que alguns

agentes da polícia em Recife estavam associados a organização

criminosa. Todos foram presos e um chegou a confessar que

invadiu o banco de dados e deu fim a foto de procurado do tal

Mário.

NIELY SE AFASTA CHORANDO.

NIELY — Só de pensar que minha irmã está envolvida com esse

marginal, correndo risco de vida com Yasmin.

UM POLICIAL SE APROXIMA.

POLICIAL 02 — Com licença, delegada. Nós encontramos esse bilhete na cama

do casal. Está endereçado à Niely.

NIELY — É pra mim.

NIELY PEGA O BILHETE E LÊ PARA SI. VAI CHORANDO CADA VEZ MAIS.

LUCAS — O que diz o bilhete, Niely? Alessa disse alguma/

NIELY — Alessa fugiu com Mário. Alessa tá sendo cúmplice de Mário! Eu

não consigo acreditar! Minha própria irmã! Minha irmã tá

entregando a filha pra um bandido!

LUCAS CONFORTA NIELY.

LUCAS — Eu só vou sossegar quando eu ver os dois na cadeia! Os dois!

Alessa vai pagar caro por tudo isso

O POLICIAL FEDERAL SE PRONUNCIA.

POLICIAL — Nossos policiais já estão no encalço do tal Mário. Em breve

teremos a notícia de que esse pedófilo foi pego. Podem crer!

NELES. CORTA PARA:

CENA 18. PRAIA. EXTERIOR. DIA.


TAKES DE UMA ÁREA LITORÂNEA SEM MUITA MOVIMENTAÇÃO, POUCAS CASAS

PERTO DA FAIXA DE AREIA. CARRO DE MÁRIO CHEGANDO. PARA DIANTE A UMA

CASA. MÁRIO DESCE, ALESSA EM SEGUIDA.

ALESSA — Que lugar é esse? Tu num disse que íamos pra fazenda?

MÁRIO — Deixa de tantas perguntas. Pega a menina.

ALESSA — Mário, vamos acabar com isso.

MÁRIO — Pega a menina.

ALESSA — Eu não quero continuar. Isso tá me doendo muito. Não faz isso

com a gente, por favor.

MÁRIO SE IRRITA E VAI PARA CIMA DE ALESSA, A SEGURA PELO CABELO.

MÁRIO — Quem é o homem dessa relação? Quem é que manda aqui?

ALESSA SÓ CHORA. MÁRIO SACODE A CABEÇA DELA.

MÁRIO — Responde, porra: quem manda na situação?

ALESSA — (BALBUCIA) Tu.

MÁRIO A EMPURRA.

MÁRIO — Então, sua ladra de criancinhas, tu pega a tua filha e traz pra

dentro de casa. Agora. Faz o que eu tô mandando, Alessa.

ALESSA LEVANTA TOTALMENTE HUMILHADA SOB O OLHAR DE MÁRIO.

MÁRIO — Já se via o tipo de mulher que tu é. Dependente, fraca, um

peso na vida de qualquer homem.

ALESSA PEGA YASMIN DO CARRO.

ALESSA — O que tu vai fazer com a gente, Mário?

MÁRIO — Entra.

ALESSA O ENCARA E ENTRA COM A GAROTA. MÁRIO OLHA PARA OS LADOS E

ENTRA. FECHA A PORTA MISTERIOSO. CORTA PARA:

CENA 19. NOVA OLINDA. GERAIS. EXTERIOR. NOITE.

ANOITECE SOBRE A CIDADE. POUCA MOVIMENTAÇÃO. AS PESSOAS COMENTAM

ENTRE SI TODOS OS ACONTECIMENTOS. CORTA PARA:


CENA 20. CASA DE EVANDRO. SALA. INTERIOR. NOITE.

RAFAEL, TÁBATA, EVANDRO E GILDETE SENTADOS.

GILDETE — Eu estou simplesmente chocada com a história do pedófilo.

Gente, quem diria que Mário, um homem tão charmoso, seria um

bandido?!

TÁBATA — A senhora como evangélica bem sabe que o mal usa muitos

disfarces. Inclusive se reveste de piedade, de caridade... a bíblia

alerta sobre isso, minha sogra!

GILDETE — Tá querendo me dar aula de bíblia, Tábata?!

TÁBATA — Longe de mim, minha sogra! Mas o que me espanta é a sua

hipocrisia.

RAFAEL — Olha como tu fala com a minha mãe, Tábata!

TÁBATA — Falo do jeito que eu quiser!

GILDETE — Rafael! Essa tua mulher/

TÁBATA — Dona Gildete, menos, por favor, porque depois de tudo que já

vi nessa cidade e descobri nessa família, eu não vou continuar a

ser tratada como um lixo.

RAFAEL — Quem te deu autoridade/

TÁBATA LEVANTA.

TÁBATA — Eu me dei autoridade. Eu falo por mim. Quem é tu, Rafael?!

Levante as mãos para o céu de eu ainda estar ao seu lado depois

de tudo que tu me fez passar. Da vergonha de te ver exposto na

internet.

EVANDRO — Tábata tem razão!

GILDETE — Vai ficar do lado dela agora?

EVANDRO — As coisas não estão indo da maneira que pensei. Tá tudo muito

estranho.

GILDETE — Tá falando besteira, homem?!

EVANDRO — Tô só refletindo! Deus tá com algum propósito.


TÁBATA — Só se for o propósito de revelar toda a verdade. A mentira

nunca fica oculta. Pode demorar anos, mas tudo vem à tona.

EVANDRO — Eu não tenho nada a esconder, Tabata! Portanto essa sua

teoria não se aplica a mim.

TÁBATA — Não é teoria, meu sogro! É a vida! Acordem enquanto é tempo!

Deus tarda, mas não falha!

GILDETE — Tá nos rogando praga, né, sua guabiru?

TÁBATA — Só trago verdades! E a senhora sabe bem disso.

RAFAEL ENCARA TÁBATA COM RAIVA, MAS NÃO DIZ NADA. EM GILDETE CHEIA DE

ÓDIO. CORTA PARA:

CENA 21. HOSPITAL. LEITO. INTERIOR. NOITE.

CÂM ABRE NOS APARELHOS. MARCOS PAULO ESTÁ DORMINDO E SE

RECUPERANDO. TEMPO. LALINHA SURGE POR ENTRE A PERSIANA. CELULAR NO

OUVIDO.

LALINHA — (CEL) Estou escutando, missionária!

INTERCALA COM:

CENA 22. CASA DE EVANDRO. QUARTO CASAL. INTERIOR. DIA.

GILDETE AO CELULAR.

GILDETE — (CEL) Tu num pode falhar, visse, Lalinha?! Lembre-se que tu

será a mais nova ministra das mulheres do templo. (P) É só tu agir

da forma que combinamos. Tira a gazela de nosso caminho e

estará tudo resolvido.

LALINHA — (CEL) Eu estou com muito medo, missionária!

GILDETE — (CEL) Não tenha medo. Deus está de nosso lado.

LALINHA — (CEL) Tu acha?

GILDETE — (CEL) Claro! Deus nos habilitou para destruir a iniquidade que

paira sobre Nova Olinda. E ele vai te recompensar. Pode ter

certeza disso, Lalinha. (p) Assim que tudo estiver finalizado, me

liga pra me dar uma ótima notícia.

GILDETE DESLIGA O CELULAR E SORRI MAQUIAVÉLICA.


GILDETE — Ah, minha cara Tábata. Existem verdades que sempre ficarão

ocultas. Outras acabam indo para o túmulo.

NELA RINDO. CORTA PARA:

CENA 23. AP. BERNARDO. SALA. INTERIOR. NOITE.

EVANDRO REAGE PREOCUPADO DIANTE DE BERNARDO.

EVANDRO — O cara tá foragido! Procurado pela polícia por pedofilia,

Bernardo!

BERNARDO — O que a gente pode fazer, cabra?!

EVANDRO — Num sei! Num sei! Tô preocupado com o que pode acontecer.

BERNARDO — Nós não temos nenhum envolvimento nisso, Evandro.

EVANDRO — Nisso, não, mas na morte da reitora, sim. E se tu num se

lembra, seu abestalhado, foi Mário quem a matou.

BERNARDO — Eu sei.

EVANDRO — Maldita a hora que fui cair na tua ideia de inserir Mário na

Ordem. Olha agora! O que temos? Uma ameaça!

BERNARDO — Tu acha o que?

EVANDRO — Não sei. Tenho medo.

BERNARDO — De ele revelar tudo o que fizemos?

EVANDRO — Claro! Bernardo, se a polícia pega esse cara, nós estaremos

lascados. Tu consegue entender isso?

BERNARDO — A gente tem que achar Mário primeiro, visse?!

EVANDRO — E finalizar com a vida dele. Eu não posso correr o risco de ser

entregue por aquele pedófilo. Não mesmo. A gente vai é ter que

agir antes que a polícia o encontre.

BERNARDO — Como se a gente nem sabe do paradeiro dele?!

EVANDRO — Eu sou o prefeito desta cidade. Tudo passa pelos meus

ouvidos e olhos. A polícia vai descobrir o paradeiro dele. E antes

que a polícia chegue... a gente já vai ter finalizado o serviço.

BERNARDO CONCORDA. EM EVANDRO TENSO.


FADE OUT.

CENA 24. CASA DE PRAIA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

FADE IN. CÂMERA ABRE NO ROSTO DE YASMIN QUE AINDA DORME. DE REPENTE,

OS OLHOS DA GAROTA SE ABREM E VAGUEIAM PELO LOCAL. YASMIN

ESTRANHA.

YASMIN — Que lugar é esse?

YASMIN LEVANTA ASSUSTADA, OLHA PARA OS LADOS E NÃO VÊ NINGUÉM.

RAPIDAMENTE, ELA CORRE PARA A PORTA DO QUARTO E TENTA ABRIR.

YASMIN — Tá trancada! (BATE) Socorro! Socorro! Me tira daqui!

CORTA PARA:

CENA 25. CASA DE PRAIA. SALA. INTERIOR. NOITE.

AS BATIDAS E OS GRITOS DE YASMIN SÃO OUVIDOS. ABRE EM MÁRIO

GARGALHANDO AO VER SUA FOTO DE PROCURADO NO CELULAR.

MÁRIO — Vem ver, amor. Até que eu saí bonitinho na foto.

ALESSA NA COZINHA, QUE É SEPARADA POR UMA BANCADA, FAZENDO ALGUMA

COISA.

ALESSA — Yasmin acordou, Mário! Eu vou ver a minha filha!

MÁRIO — Tu vai continuar onde está!

ALESSA — Eu preciso/

MÁRIO — Quem vai sou eu.

ALESSA — Mário, não faz nada com ela, pelo amor de Deus!

MÁRIO SORRI DEBOCHADO E VAI EM DIREÇÃO AO QUARTO. CORTA PARA:


YASMIN CONTINUA A BATER NA PORTA QUANDO MÁRIO ABRE. OS DOIS SE

ENCARAM. YASMIN SE ASSUSTA E ANDA DE COSTAS.

MÁRIO — Tá com medo de mim, Yasmin?

YASMIN — Que lugar é esse? Pra onde tu me trouxe? Eu quero a minha

mãe! Onde tá a minha mãe?


MÁRIO — Quantas perguntas!

MÁRIO FECHA A PORTA. YASMIN ASSUSTADA.

YASMIN — Abre a porta! Me deixa sair daqui!

MÁRIO — Agora somos só nós dois.

YASMIN TENTA CORRER PARA A PORTA, QUANDO MÁRIO A SEGURA.

YASMIN — Me solta, seu nojento! Me solta! Me deixa sair daqui!

YASMIN CONSEGUE SE DESVENCILHAR DE MÁRIO, ABRE A PORTA E SAI

CORRENDO. MÁRIO SORRI E VAI ATRÁS. CORTA PARA:


YASMIN PASSA CORRENDO E TENTA ABRIR A PORTA QUE ESTÁ TRANCADA. AO

VIRAR VÊ ALESSA CHORANDO.

YASMIN — Mãe?

ALESSA — Filha! Filha!

YASMIN CORRE PARA ALESSA E A ABRAÇA CHORANDO.

YASMIN — Mário é um monstro, mãe! Ele... ele... ele me...

ALESSA — Não diz mais nada, meu amor! Só me abraça! Me perdoa! Me

perdoa, filha!

MÁRIO APARECE E OBSERVA AS DUAS POR INSTANTES. ELE COMEÇA A

APLAUDIR.

MÁRIO — Que linda cena da mãezinha arrependida.

YASMIN — A gente tem que sair daqui, minha mãe!

MÁRIO — Tu não vai contar pra tua filha, Alessa?

YASMIN — Contar o que, seu bandido?! A polícia vai te prender,

desgraçado!

MÁRIO — Tua mãe já sabe de tudo que aconteceu!

YASMIN SE CALA E ENCARA ALESSA QUE CONTINUA A CHORAR.


MÁRIO — Mas ela sabe que sem mim a vida dela desanda. Vocês são

minhas, agora! Pertencem a mim e vão fazer tudo o que eu

mandar.

YASMIN — Mãe!

ALESSA — Desculpa!

YASMIN VAI SEAFASTANDO DE ALESSA.

YASMIN — A senhora... a senhora tá... tá do lado dele, mãe?!

MÁRIO — Sua mãe me ama muito mais do que tudo nessa vida, garota!

YASMIN DERRAMA GROSSAS LÁGRIMAS ENCARANDO AQUELA QUE PODERIA

AJUDÁ-LA.

YASMIN — Diz pra mim que é tudo mentira, mãe! Diz pra mim que a gente

vai fugir daqui... minha mãe, esse homem matou Carlito.

MÁRIO GARGALHA.

YASMIN — Ele me... ele me estuprou, minha mãe!

MÁRIO — Não só estuprei como tirei muitas fotos. Fiz diversos vídeos.

Surpresa! Esse sou eu!

ALESSA — Minha filha, escuta o que eu tenho pra dizer/

YASMIN — Não/

ALESSA — Calma, eu/

YASMIN — A senhora tá metida com um bandido/

ALESSA — Eu não posso abandonar Mário! Eu amo esse bandido! Eu não

deveria dizer isso, mas eu amo... eu amo, filha! (CHORA) E isso tá

me acabando por dentro porque eu também te amo.

YASMIN — Não. A senhora não me ama.

ALESSA — Amo.

YASMIN — Mentira! Eu poderia esperar qualquer coisa da senhora, mas

isso é uma monstruosidade. Eu te odeio! Te odeio!

ALESSA VAI SEGURAR YASMIN QUE CORRE. ALESSA SOFRE. MÁRIO SE

APROXIMA DELA.


MÁRIO — Não fica assim, meu amor. Com um tempo ela vai acabar

entendendo.

ALESSA O ENCARA INCRÉDULA.

ALESSA — Como ela vai entender, Mário? A minha filha me odeia. Ela tá

revoltada porque eu estou me sujeitando estar aqui contigo.

MÁRIO SEGURA ALESSA COM CARINHO.

MÁRIO — Vai passar! Vai passar!

ALESSA ASSUSTADA NO ABRAÇO DE MÁRIO. NO OLHAR DELE. CORTA PARA:

CENA 28. NOVA OLINDA. POSTO. LOJA DE CONVENIÊNCIA.

INTERIOR/EXTERIOR. NOITE.

ABRE EM KAILAN NO INTERIOR DA LOJA DE CONVENIÊNCIA. MUITA GENTE POR

ALI. A CÂMERA FICA ENTRE AS LATINHAS DE CERVEJA QUE REVELAM O ROSTO

DELE. SOM ALTO VINDO DE FORA. CORTE DESCONTÍNUO: SARA CHEGANDO

COM UM GRUPO DE AMIGAS, ROUPAS BEM CURTAS, MAQUIAGEM PESADA,

CABELÃO SOLTO. JÁ CHEGAM CAUSANDO E CHAMANDO A ATENÇÃO DOS

HOMENS. CORTE PARA KAILAN QUE ACABA DE PAGAR AS CERVEJAS E QUANDO

VAI SAIR JÁ AVISTA SARA QUE TAMBÉM O VÊ. KAILAN FICA BABANDO, MAS

TENTA DISFARÇAR, SARA JOGA O CABELO E DÁ GARGALHADA NO GRUPO DAS

AMIGAS. KAILAN SE APROXIMA E DIZ NO OUVIDO DELA.

KAILAN — Tá piranhando mesmo, né?

SARA FINGE NÃO ESCUTAR.

SARA — O quê?

KAILAN — (FALA ALTO) Tá piranhando mesmo.

SARA RI, PEGA UMA CERVEJA DE KAILAN.

SARA — Confessa que desse jeitinho eu num fico bem melhor.

SARA DÁ UMA VOLTINHA SAFADA, ABRE A CERVEJA E SORRI ENQUANTO KAILAN

A ANALISA TODINHA.

KAILAN — Por que tu fez aquilo comigo, hein?

SARA — Ih, DR com ex uma hora dessas num cola, visse?!

SARA VIRA-SE VAI SAINDO. KAILAN A SEGURA.


KAILAN — Espera. Quanto é a hora? Eu pago!

SARA SORRI PARA KAILAN QUE A DESEJA. CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 29. MOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

ABRE EM KAILAN SUADO CAINDO NA CAMA TOTALMENTE PELADO. SARA SOBE

NELE. SORRI SAFADA. KAILAN DELIRA.

SARA — Mostra pra anjinha o que o varão sabe fazer, mostra!

KAILAN A SEGURA DE JEITO, URRA E FICA SOBRE ELA. NA PEGAÇÃO. CORTE

DESCONTÍNUO: KAILAN LEVANTA EXAUSTO E SENTA-SE NO CANTO DA CAMA.

KAILAN — Eu não deveria ter feito isso.

SARA — (BEM RELAXADA) Não deveria ter feito o que, homi?!

KAILAN — Me deitar com tu!

SARA — Ai, para! Olha o que tu falou: me deitar com tu! Kailan, tu me

deu foi um trato como nenhum macho conseguiu me dar.

KAILAN — E eu que pensava que tu era virgem.

SARA — (AGARRA ELE) Para de se culpar, abestalhado! Vamo curtir. A

gente tem um fogo danado que só, visse?!

KAILAN RI PARA SARA. COMEÇA A GARGALHAR.

KAILAN — Até que valeu a pena aquela confusão toda. Agora nós tamo

aqui se pegando, colocando fogo nesse quarto. (VAI

AGARRANDO ELA) Vamo continuar, vamo...?!

SARA — Vamo! Vamo sim, cabra da peste!

KAILAN A AGARRA MAIS UMA VEZ E OS DOIS CAEM NA CAMA. CORTA PARA:

CENA 30. CASA DE EVANDRO. COZINHA. INTERIOR. NOITE.

DAGOBERTO COME ENQUANTO CONVERSA COM PENHA E GILDETE QUE BEBE

UM SUCO.

GILDETE — Então foi tu que encontrou Mário e percebeu que se tratava do

mesmo pedófilo lá de Recife!

DAGOBERTO — Fui eu, sim, senhora!

PENHA — Meu irmão tava com receio de denunciar, dona Gildete!


GILDETE — Quem diria que um homem como Mário seria capaz de

tamanha aberração!

PENHA — Pior é que a polícia nem sinal dele tem ainda.

CORTA PARA:

CENA 31. CASA DE IÊDA. SALA. INTERIOR. NOITE.

IÊDA, LARA, LUCAS E NIELY PREOCUPADOS. LUCAS COM O CELULAR EM MÃOS,

MUITO NERVOSO.

LUCAS — E a polícia que num dá nenhuma notícia. Tô pensando em ir

até a delegacia.

LARA — Lucas, se tu quiser a gente vai.

LUCAS — Não. Eu prefiro que tu fique aqui com minha mãe. Niely vai

comigo. Ela tem me ajudado muito.

LARA ENCARA NIELY COM CIÚME. IÊDA PERCEBE.

IÊDA — Eu acho melhor é tu aquietar teu facho, meu filho. A delegada

não disse que qualquer coisa ela entrava em contato?

LUCAS — Disse, minha mãe, mas/

IÊDA — Então/

LUCAS — Minha filha tá sumida. Na mão de uma louca e um pedófilo. Ele

tirou fotos dela, minha mãe e com certeza vendeu na internet. Ele

dopou a minha filha, minha mãe, a senhora quer o que? Que eu

fique aqui esperando notícias? Minha vontade é de sair que nem

um doido por esse Pernambuco até encontrar minha Yasmin.

LUCAS CHORA E NIELY O ABRAÇA. LARA REAGE, SE APROXIMA, AFASTA NIELY.

LARA — Não fica assim, meu amor. Eu tô aqui. Vamos pra delegacia. Só

assim tu vai ficar mais calmo.

NIELY — Eu acho melhor eu ir pra casa.

IÊDA ENCARA NIELY.

LUCAS — Não. Bora lá na delegacia comigo.


NIELY — Não, Lucas. Acho melhor Lara te acompanhar, num sabe?! Eu

preciso fazer umas ligações, tomar um banho que tô desde cedo

com essa roupa. Enfim, qualquer coisa a gente se fala.

LUCAS — Tudo bem.

NIELY — Boa noite.

NIELY ENCARA LARA SEM JEITO, ACENA PARA IÊDA, ENCARA LUCAS E VAI.

LUCAS RESPIRA FUNDO E ABRAÇA LARA. CORTA PARA:

CENA 32. CASA DE RAFAEL. SALA. INTERIOR. NOITE.

RAFAEL PEGA SUA ARMA, PÕE NA CINTURA E VAI SAINDO QUANDO TÁBATA

APARECE.

TÁBATA — Pra onde é que tu vai?

RAFAEL — Oxe! Tu vai ficar me controlando agora, é?

TÁBATA — Só não quero ter o desprazer de ter que receber outros vídeos

daqueles com tu se exibindo por aí.

RAFAEL — (RUDE) Já disse pra tu me respeitar, mulher! Tu tá se achando

muito depois que tu descobriu meus vídeos. Acha que pode me

desafiar. Pois fique sabendo, Tábata, que quem manda aqui

nessa casa, quem canta de galo aqui, sou eu. Eu sou o dono

dessa casa, sou o macho que põe a comida que tu come e te dá

as roupas que tu veste. Portanto, me respeite, visse?!

TÁBATA O ENCARA SÉRIA.

RAFAEL — E num me olhe com essa cara, não.

RAFAEL VAI SAINDO.

RAFAEL — É cada uma. Mulher mandando em homi.

RAFAEL SAI E BATE A PORTA. EM TÁBATA DESCONFIADA. CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 33. CASA DE RAFAEL. QUARTO DE JORGINHO. INTERIOR. NOITE.

ABRE EM JORGINHO SEGURANDO A ARMA QUE PEGOU NO GUARDA-ROUPAS DO

PAI. COLOCA ELA DEBAIXO DO TRAVESSEIRO, SENTA-SE NA CAMA E TECLA NO

CELULAR.

JORGINHO — Bora adiantar esse processo.


CORTA PARA:

CENA 34. SORVETERIA. INTERIOR. NOITE.

ABRE EM JEFF PRESO AO CELULAR. DUDA AO SEU LADO TOMANDO SORVETE.

DUDA — Eu te chamo aqui pra conversar sobre o desaparecimento de

nossa amiga e tu fica aí teclando com esse fake, Jeff?!

JEFF — Calma, racha! Tô marcando o bafão com o fake de Jorginho.

DUDA — E aí, o que ele disse?

JEFF — Tá aqui todo derretido. Eu num disse que ia conseguir a foto do

bumbum do boy?

DUDA — (INTERESSADA) Conseguiu?

JEFF — O que a de cá não consegue, querida?! Tu acha o que,

mandacaru?!

DUDA — Mostra.

JEFF — Num tava aí toda preocupadinha com a mana sumida?

DUDA — E tô mesmo, visse?! Tu que é um insensível.

JEFF — Tô brincando, vaca! Amo! Mas tá, voltando ao bafo do boy: Já

tenho a prova que quero. Marquei de me encontrar com ele

pessoalmente.

DUDA — Ele vai querer te encontrar?

JEFF — Tá marcando aqui e tudo.

DUDA — Jeff! Jeff! Será que Jorginho não tá de armação pra cima de tu?

JEFF — Se tá, querida, vou descobrir. O melhor é que ele num sabe

que eu sei que é ele quem tá por trás do fake. Quando ele pensar

em me dar um truque, já, já vou ter preparado uma que ele nunca

mais vai esquecer.

DUDA — Me conta, bicha. O que a senhora vai fazer?!

JEFF GARGALHA MAQUIAVÉLICA. CORTA PARA:

CENA 35. CASA DE RAFAEL. QUARTO DE JORGINHO. INTERIOR. NOITE.


JORGINHO DEIXA O CELULAR DE LADO E SORRI DEBOCHADO, PEGA A ARMA

DEBAIXO DO TRAVESSEIRO.

JORGINHO — Aquela bicha tá achando que eu sou que nem ele. Viado

escroto, imundo... Merece levar é bala no rabo. (ÓDIO) Tu vai ter

o teu, baitola do carai.

EM JORGINHO CHEIO DE RAIVA. CORTA PARA:

CENA 36. MANSÃO DE ÉLCIO. SALA. INTERIOR. NOITE.

ABRE EM ÉLCIO REAGINDO DIANTE DE LINDOMAR.

ÉLCIO — E agora eu tenho que ficar preso a Jheyson?! Tem um monte

de dj massa aqui no Pernambuco, meu cumpadi. Deixa aquele

talarico pra lá que eu num quero meia cum comédia daquele, Seu

Lindo!

LINDOMAR — Repense, Élcio! Jheyson é teu parceiro. Foi ele quem te ajudou

a crescer.

ÉLCIO — Mas me talaricou. Me comediou. Quero saber dele, não, tá

ligado?!

LINDOMAR — Meu amigo, não deixe uma amizade de anos acabar por conta

de uma piriguete que até meses atrás tu tava aí rejeitando.

ÉLCIO — É, mas as parada muda, né, Seu Lindo?!

LINDOMAR — Tô te avisando!

ÉLCIO — Tá decidido. Tu liga pra Loma e ela vai indicar um dj massa pra

temporada. Nós temos uma viagem pra fazer, Seu Lindo.

Vambora, vambora que eu num quero chegar atrasado.

ÉLCIO VAI SAINDO. LINDOMAR BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE. CORTA

PARA:

CENA 37. BOQUEIRÃO. EXTERIOR. NOITE.

VANS DE MC ÉLCIO PARADAS. UM CAMINHÃO QUE LEVA OS APARELHOS DO MC

VAI SENDO FECHADO. CORTE DESCONTÍNUO PARA RAFAEL DIANTE DE UM

RAPAZ DA EQUIPE DE MC ÉLCIO.

RAFAEL — E aí, fez a parada que eu te encomendei?

RAPAZ — Tudo no esquema já.


RAFAEL SORRI SATISFEITO.

RAFAEL — Beleza. Tá aqui tua grana.

RAFAEL ENTREGA UM PACOTE PARA O RAPAZ QUE CONFERE E APERTA A MÃO

DE RAFAEL. O RAPAZ SAI APRESSADO. RAFAEL OBSERVA OS DANÇARINOS DE

ÉLCIO ENTRANDO, A PRODUÇÃO CONVERSANDO ETC. SORRI.

RAFAEL — Ah, MC Élcio, é hoje que tua carreira acaba! Teus 15 minutos

de fama chegou ao fim.

NELE. CORTA PARA:


YASMIN CHORA ACUADA EM UM CANTO. TEMPO. PORTA SE ABRE E ALESSA

ENTRA COM UM PRATO DE SOPA.

ALESSA — Filha, eu trouxe pra tu.

YASMIN — Eu não quero nada.

ALESSA — Mas tu tem que comer.

ALESSA SE APROXIMA.

ALESSA — Se alimenta, minha/

YASMIN BATE A MÃO NO PRATO QUE SUJA TODO O QUARTO.

YASMIN — Some de minha vida, seu monstro! Some de minha vida!

YASMIN CHORA. ALESSA A ABRAÇA.

ALESSA — Me perdoa, meu amor. Me perdoa!

YASMIN — (SEM FORÇAS) Me solta! Não!

ALESSA — Eu não queria que isso acontecesse, eu...

YASMIN — Ai, me ajuda, meu Deus!

MÁRIO ABRE A PORTA E VÊ AS DUAS ABRAÇADAS. MÁRIO ARRANCA ALESSA DE

YASMIN. ELE A PUXA E A RETIRA DO QUARTO. CORTA PARA:


ALESSA CHORA DIANTE DE MÁRIO.


ALESSA — Eu não aguento mais, Mário. A minha filha tá sofrendo.

MÁRIO — O que tu quer mesmo? Ir pra cadeia?

ALESSA — Não me ameaça, pelo amor de Deus!

MÁRIO — Todo mundo vai acabar descobrindo o que tu fazia no passado.

Vendia criancinhas pro mercado negro. Quase a minha

especialidade. Sabe que eu também vendo no mercado negro?

É... inclusive já vendi várias fotos de Yasmin e de outras garotas

também. Só não vendi as tuas porque ninguém ia querer ver, né?

ALESSA — Tu tá me ofendendo! Tá me machucando!

MÁRIO — (GARGALHA) Alessa, nós dois damos uma boa dupla de foras

da lei. Um casal perfeito.

ALESSA SE AFASTA.

ALESSA — Eu enfrentei a minha irmã por sua causa. Eu decidi me envolver

contigo porque eu me apaixonei por um homem lindo, charmoso,

cavalheiro. Qualidades que agora eu vejo que nunca foram tuas.

MÁRIO — Eu sou pior do que tu imagina. E agora vocês duas me

pertencem. Tão na minha mão. Eu tenho o domínio sobre mãe e

filha. Posso fazer o que quiser com as duas.

ALESSA TEME. MÁRIO SE APROXIMA DE ALESSA.

MÁRIO — Espero que tu num me deixe nervoso. Quando eu fico nervoso

me vem uma sede de sangue incontrolável.

MÁRIO A ENCARA E SAI DA CASA. ALESSA, ENOJADA, CORRE PARA O QUARTO.

CORTA PARA:

CENA 40. CASA DE PRAIA. QUARTO 2. INTERIOR. NOITE.

ALESSA MEXE NA MALA QUE TROUXE COM ROUPAS. ATÉ QUE ENCONTRA SEU

CELULAR QUE ESTÁ DESLIGADO. NELA QUE O ESCONDE NA CALÇA QUE VESTE.

CLOSE EM ALESSA. CORTA PARA:

CENA 41. VAN DE ÉLCIO. INTERIOR. NOITE.

ÉLCIO CANTA COM OS DEMAIS COMPONENTES “COMO A CULPA É MINHA?” DA

BANDA TORPEDO.


ÉLCIO — Essa vai em homenagem ao grande amigo Deivison da

magnifica banda torpedo que agora encontra-se nos braço do

Senhor!

A GALERA EMBALA A CANÇÃO. EMOCIONADOS. MARIANE AO LADO DE ÉLCIO.

GALERA APLAUDE.

ÉLCIO — Deivison lutou! Lutou até o fim! (OLHA PARA CIMA) Fica em

paz, irmão!

CORTA PARA:

CENA 42. RODOVIA. EXTERIOR. NOITE.

CARROS DE POLÍCIA PARADOS FAZENDO BLITZ. VANS DA EQUIPE DE MC ÉLCIO

SÃO ORIENTADAS A PARAR. TEMPO. VANS PARAM. PESSOAL SAINDO. POLICIAL

COM CACHORRO SE APROXIMA. ÉLCIO E LINDOMAR.

ÉLCIO — Boa noite, policial!

POLICIAL — Boa noite!

ÉLCIO — A galera tá viajando pro show que vamos fazer hoje em Recife.

Será que o senhor não pode adiantar aí pra gente, não?

POLICIAL — Nós vamos averiguar as vans.

ÉLCIO VAI TENTAR ARGUMENTAR, MAS LINDOMAR O BARRA.

LINDOMAR — Fiquem a vontade. (PARA ÉLCIO) Calma!

MARIANE SE APROXIMA.

MARIANE — Era só o que faltava. A polícia parando MC Élcio. Deve ser por

conta de tua cara de favelado, só pode.

OS POLICIAIS VÃO REVISTANDO AS VANS, PEGAM DOCUMENTOS. O CACHORRO

SENTE O CHEIRO DE ALGO. LATE EM DIREÇÃO A UMA DAS VANS. O POLICIAL SE

APROXIMA COM O CACHORRO QUE FICA EUFÓRICO NA VAN QUE TROUXE ÉLCIO.

ELES ESTRANHAM A ATITUDE DO CACHORRO. O POLICIAL ENTRA NA VAN COM O

CACHORRO QUE INSISTE EM UM DETERMINADO PONTO. LATE MAIS. O POLICIAL

ABRE UM FUNDO FALSO E ENCONTRA TABLETES DE COCAÍNA. TENSÃO. CORTE

PARA ÉLCIO.

ÉLCIO — O que tá acontecendo?

O POLICIAL SAI COM OS TABLETES.


POLICIAL — Tá todo mundo detido! Encontrei cocaína na van de MC Élcio.

ÉLCIO — (NERVOSO) Cocaína? Não! Não é minha, seu policial!

POLICIAL — Isso tu explica na delegacia, MC de merda!

LINDOMAR — Olha lá como tu fala!

POLICIAL — Vai todo mundo pro xilindró, visse?! Até tu, o marido da

delegada! Ela vai amar saber que tu tá metido com os traficantes

do Boqueirão.

POLICIAIS VÃO ENQUADRANDO TODOS. ÉLCIO REAGE INDIGNADO. VAI

GRITANDO QUE É ARMAÇÃO, QUE FORJARAM PARA ELE. EM SLOW: O

DESESPERO DO MC QUE VAI SENDO ALGEMADO. MARIANE SAI ESCONDENDO O

ROSTO. NA VERGONHA DE ÉLCIO. CORTA PARA:

CENA 43. CASA DE EVANDRO. QUARTO DO CASAL. INTERIOR. NOITE.

EVANDRO E GILDETE JÁ PRONTOS PARA DORMIR.

GILDETE — Tô te achando tão tenso, meu benzinho.

EVANDRO — Tô mesmo, visse?!

GILDETE — O que tem te tirado a paz?

EVANDRO — Eu vou te contar, mulher. Senta aqui.

GILDETE SENTA COM EVANDRO.

EVANDRO — Que fui eu quem ordenou as balas que mataram a reitora e

deixaram Marcos Paulo internado tu já sabe... O que tu ainda não

sabe é que eu tô numa encruzilhada.

GILDETE — Ah, meu bem. Não se preocupe quanto a Marcos Paulo. Lalinha

vai nos ajudar.

EVANDRO — Lalinha? Como assim?

GILDETE — Prometi o ministério a Lalinha pra ela terminar o que o matador

não conseguiu.

EVANDRO REAGE PREOCUPADO.

EVANDRO — Pois é justamente por conta desse matador que eu tô

arrancando os fios da cabeça e tu me vem dizendo que Lalinha vai


concretizar... Tu tá variando, Gildete... Eu já tô encrencado com

Mário e tu/

GILDETE — Peraí! Tu... Tu contratou Mário? Foi Mário?

GILDETE EM CHOQUE. EVANDRO FAZ QUE SIM, AMEDRONTADO.

GILDETE — Tu é maluco! E se esse homem... se esse homem te ameaçar?!

A polícia tá atrás dele/

EVANDRO — É esse o meu medo. O que vamos fazer, meu benzinho?

GILDETE AJOELHA-SE.

GILDETE — Ajoelha!

EVANDRO — O que?

GILDETE O PUXA PARA O CHÃO.

GILDETE — Ajoelha! Vamos implorar ao Deus vivo. Ora, benzinho! Ora pra

que tudo dê certo pra gente!

NELES, MEDROSOS, HEREGES, A ORAR EM BENEFÍCIO DA MALDADE. CORTA

PARA:

CENA 44. HOSPITAL. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.

LALINHA CRUZA DISCRETAMENTE PELO CORREDOR COM POUCAS PESSOAS.

ATÉ CHEGAR NAS IMEDIAÇÕES DO QUARTO ONDE ESTÁ MARCOS PAULO. EM

SUAS MÃOS ELA CARREGA UMA BANDEJA E UMA SERINGA. LALINHA OLHA PARA

OS LADOS E ENTRA. CORTA PARA:

CENA 45. HOSPITAL. LEITO. INTERIOR. NOITE.

MARCOS PAULO DORME. LALINHA ENTRA DEVAGAR, SEM FAZER BARULHO

DEIXA A BANDEJA SOBRE UM MÓVEL, PEGA A SERINGA E OBSERVA O

CONTEÚDO DA MESMA. SE APROXIMA DE MARCOS PAULO. HESITA.

INSERIR FLASHBACK: MOMENTO EM QUE GILDETE OFERECE AS VANTAGENS

PARA LALINHA.

VOLTA AO TEMPO PRESENTE: LALINHA SE APROXIMA DOS TUBOS PARA INJETAR

O CONTEÚDO DA SERINGA. EM SLOW: A MÃO DE LALINHA VAI SE APROXIMANDO.

MÚSICA DE TENSÃO. DE REPENTE A MÃO DE MARCOS PAULO A SEGURA COM

FORÇA. NO SUSTO DE LALINHA.

MARCOS — O que tu pensa que vai fazer, desgraçada?!


CLOSES ALTERNADOS.

FADE OUT.

CENA 46. CASA DE PRAIA. EXTERIOR. DIA.

FADE IN. TAKES DA PRAIA E DA CASA ONDE MÁRIO ESTÁ ESCONDIDO. CORTA

PARA:

CENA 47. CASA DE PRAIA. SALA. INTERIOR. DIA.

ABRE EM MÁRIO VESTINDO UMA CAMISA, COLOCANDO UM BONE E ÓCULOS

ESCURO. ALESSA NA COZINHA.

MÁRIO — Vou aqui perto fazer uma ligação pro meu pessoal. Tu fica de

olho na garota pra ela não fugir. Hoje mesmo a gente sai daqui em

direção a uma vida nova.

MÁRIO PEGA A ARMA SOBRE O MÓVEL E PÕE NA CINTURA.

MÁRIO — Volto já.

ALESSA CALADA A TODO O MOMENTO. QUANDO OUVE A PORTA BATER, CORRE

APRESSADA PARA O QUARTO DE YASMIN. CORTA PARA:

CENA 48. CASA DE PRAIA. QUARTO. INTERIOR. DIA.

ALESSA ABRE A PORTA E YASMIN SE ASSUSTA.

ALESSA — Se ajeita, Yasmin! A gente vai fugir daqui!

YASMIN — Tá falando sério?

ALESSA — Tô minha filha, tô sim! Me perdoa, meu amor! Eu tava louca em

ter seguido as ideias de Mário.

YASMIN — Mário matou Carlito, minha mãe! Esse homem é um monstro.

ALESSA CHORA E ABRAÇA YASMIN.

ALESSA — Pelo menos uma vez na vida eu vou agir de forma correta

contigo, Yasmin. Não importa o que aconteça. A gente vai sair

daqui.

NELAS. CORTA PARA:

CENA 49. NOVA OLINDA. PADARIA. INTERIOR. DIA.


KAILAN E SARA TOMAM CAFÉ DA MANHÃ. SORRIEM UM PARA O OUTRO E

OBSERVAM QUE AS PESSOAS OLHAM PARA ELES.

SARA — O pessoal tá é estranhando nós dois juntos depois do barraco

que tu fez.

KAILAN — Que olhem!

SARA — Kailan, tu é um cara especial. E eu te devo desculpas.

KAILAN — Eu também te devo desculpas pela minha hipocrisia.

SARA — Estamos zerados?

KAILAN — De minha parte, sim.

SARA — É... da minha parte ainda não.

KAILAN — Como assim?

SARA — (SÉRIA) Kailan, eu quando vivia com meu pai, ouvia muitas

coisas... conversas dele com o teu pai... e outros babados que

tenho até medo de te contar.

KAILAN — Tu tá me assustando.

SARA — E eu preciso te contar algo muito forte.

KAILAN — Fala logo.

SARA — Tu não merece o que fizeram contigo. Tua vida foi um engano,

Kailan!

KAILAN — Como assim, Sara? Para de mistério e conta logo.

EM SARA. CORTA PARA:

CENA 50. PRAIA. ORELHÃO. EXTERIOR. DIA.

MÁRIO AO TELEFONE.

MÁRIO — (TEL) É isso mesmo que tu tá ouvindo. Dois milhões de reais

pra eu abafar tudo que eu sei a respeito da venda de crianças, do

assassinato da reitora... Diga ao prefeito que ele tem até duas

horas pra me depositar a grana na conta que acabei de te passar.

MÁRIO DESLIGA O TELEFONE. NELE. CORTA PARA:

CENA 51. NOVA OLINDA. QUADRA. EXTERIOR. DIA.


MÚSICA ALEGRE E GOLPES INFANTIL TOCANDO “QUEM PECAR, VAI PAGAR.

QUEM PECAR, VAI MORRER”.

GILDETE FALANDO AO MICROFONE COM PROFESSORES, ALUNOS E SOCIEDADE

DE NOVA OLINDA.

GILDETE — (MICROFONE) É com imenso prazer que damos início a

implantação do projeto Escolinha com Cristo. Onde nossos

pequenos e jovens de Nova Olinda vão pode experimentar a

presença do Senhor de novo em nossas escolas. Quiseram

transformar nossa Nova Olinda num templo da perdição, mas eles

não conseguiram.

BERNARDO ENCOSTA EM EVANDRO, PREOCUPADO.

BERNARDO — Mário acabou de ligar.

EVANDRO — O que?

BERNARDO — Ameaçando. Quer dois milhões em duas horas.

EVANDRO — (NERVOSO) Dois milhões?

BERNARDO — E se prepare: ele descobriu a história da venda dos bebês!

EVANDRO ARREGALA OS OLHOS, SE ESPANTA MAIS AO VER OUTRA CENA.

GILDETE — (MICROFONE) Eu sou uma serva do Deus vivo!

MARCOS — Mentirosa!

CÂMERA REVELA MARCOS PAULO ENTRANDO. GILDETE EM CHOQUE.

MARCOS — Essa missionária Gildete é a serva do diabo! A serva do

demônio! Não caiam na lábia dessa mulher. Tá surpresa, né

mesmo? O plano de vocês não deu totalmente certo! Eu vivi! Eu

vivi pra contar pra cidade inteira quem é o casal mais diabólico de

Nova Olinda. O pai que ordenou a morte do filho, o casal que

matou a reitora por conta de um fanatismo que beira a loucura e

que por anos vendeu crianças de nossa cidade no mercado negro.

(APALUDE) Uma salva de palmas para o casal Evandro e Gildete,

verdadeiros demônios encarnados!

POPULAÇÃO COMENTANDO. GILDETE EM CHOQUE, EVANDRO IDEM. EM MARCOS

PAULO. CORTA PARA:

CENA 52. REGIÃO DA CASA DE PRAIA. EXTERIOR. DIA.


ALESSA E YASMIN ABREM A PORTA E SAEM APRESSADAS. CORTE

DESCONTÍNUO: MÁRIO VEM EM SEU CARRO OUVINDO UMA RÁDIO QUALQUER.

ATÉ QUE OBSERVA AS DUAS CORRENDO. MÁRIO ACELERA SEU CARRO. CORTE

PARA ALESSA QUE TENTA O CELULAR.

CENA 53. AP. NIELY. QUARTO. INTERIOR. DIA.

NIELY ACORDA COM O CELULAR CHAMANDO. PEGA E VÊ A CHAMADA DE

ALESSA. LEVANTA APRESSADA E ATENDE.

NIELY — (CEL/TENSA) Alô, Alessa?!

ALESSA — (OFF/GRITO) Socorro, minha irmã!

NIELY — (CEL) Onde tu tá?

CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 54. REGIÃO DA CASA DE PRAIA. EXTERIOR. DIA.

MÁRIO ACELERA O CARRO E ENTRA NA ESTRADA DE AREIA QUE YASMIN E

ALESSA CORREM. ALESSA VÊ O CARRO SE APROXIMANDO.

ALESSA — Foge, Yasmin! Corre, filha!

YASMIN SE APROXIMA DE UM MANGUE E ADENTRA O LOCAL. ALESSA AO

CELULAR.

NIELY — (OFF) Alessa? Alessa?

CÂMERA EM SLOW: ALESSA CORRE, SEM FORÇAS, CHORA. TEMPO. O CARRO DE

MÁRIO A ACERTA. CARRO BRECA. NO OLHAR FURIOSO DE MÁRIO PELO

PARABRISA.

MÁRIO SAI DO CARRO. SEGURA A ARMA E VAI EM DIREÇÃO AO MANGUEZAL.

NELE PISANDO NA LAMA, CHEIO DE ÓDIO, OLHAR ÁVIDO. COMO UM BICHO, ELE

SENTE O CHEIRO DE YASMIN. NO OLHAR SELVAGEM, ARMA EM PUNHO.

FADE OUT.

FIM DO CAPÍTULO 10

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PERFIL FAKE - megapro.com.br · Vou acionar o comando policial agora mesmo. CATARINA LIGA. CATARINA — Quero o pessoal do comando agora, imediatamente na minha sala. Um pedófilo