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FABIA LIMA DE BRITO PERFIL SISTEMÁTICO DA TUTELA ANTECIPADA r EDITORA

Perfil Sistemático Da Tutela Antecipada

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Perfil sistemático da tutela antecipada

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  • FABIA LIMA DE BRITO

    PERFIL SISTEMTICO DA TUTELA ANTECIPADA

    r

    EDITORA

  • PERFIL SISTEMTICO DA TUTELA ANTECIPADA

  • FBIA LIMA DE BRITO

    PERFIL SISTEMTICO DA TUTELA ANTECIPADA

    EDITORA

  • Roberto Antnio BusatoPresidente da OAB e Presidente Honorrio da OAB EDITORA

    Jefferson Luis KravchychynPresidente Executivo da OAB EDITORA

    Francisco Jos PereiraEditor

    Rodrigo PereiraCapa e Projeio Grtico

    Usina da ImagemDiagramao

    Dacio Luiz OstiReviso

    Aline Machado Costa TimmSecretria Executiva

    Conselho Editorial Jefferson Luis Kravchychyn (Presidente)

    Cesar Luiz Pasoid Hermann Assis Baeta

    Paulo Bonavides Raimundo Csar Britto Arago

    Sergio Ferraz

    B862p Brito, Fbia UmaPerfil sistemtico da tutela antecipada / Fbia

    Lima Brito. - Braslia: OAB Editora, 2004.136 p.

    1. Direito. I. Titulo

    340

    ISBN 85-87260-52-9

    EDITORASAS Quadra 05 Lote 01 Bloco M

    Edifcio Sede do Conselho Federal da OAB Braslia, DF - CEP 70070-050

    Tel. (61)316-9600 www.oab.org.br

    e-mail: [email protected] [email protected],br

  • minha famlia e ao meu noivo, pela confiana e pela pacincia de sempre.

  • SUMRIO

    INTRODUO....................................................................................... 11

    1 A TUTELA JURISDICIONAL SOB O ENFOQUE DO TRINMIO )U STI A -E F E TIV ID A D E -TE M P E STIV ID A D E ............13

    1.1 O acesso justia.....................................................................131.2 Os escopos do processo c iv il .................................................171.3 A instrumentalidade do processo.........................................181.4 A efetividade da tutela jurisdiconai................................... 221.5 As modalidades de tutela jurisdiconai..............................25

    1.5.1 As modalidades tradicionais detutela jurisdicionai....................................................................26

    1.5.1.1 A efetividade da tutela condenatria..................271.5.2 As outras modalidades de tutela jurisdicionai 30

    1.5.2.1 A tutela executiva lato sensu ..................................301.5.2.2 A tutela m andam ental........................................... 311.5.2.3 A tutela especfica do art. 461 do C P C ................32

    1-6 A tempestividade da tutela jurisdicionai...........................37

    2 A TUTELA JURISDICIONAL ANTECIPADA............................... 412.1 Efeitos e eficcia das decises: anlise sucinta...................412.2 A cognio judicial..................................................................45

    2.2.1 Cognio horizontal (amplitude):plena e parcial...........................................................................45

  • 2.2.2 Cognio vertical (profundidade); exauriente, sumria e sum arssim a........................................................... 46

    2.2.2.1 Cognio vertical exauriente................................462.2.2.2 Cognio vertical sum ria.....................................472.2.2.3 Cognio vertical sumarssima(ou superficial).................................................................... 49

    2.2.3 Algumas consideraes sobre a cognio vertical ..... 502.3 Tutela antecipada; conceito.................................................. 522.4 Tutela antecipada e tutela cautelar: caractersticas...........572.5 Fundamentos para a concesso da tutela antecipada 63

    2.5.1 Iniciativa da p a r te .......................................................... 642.5.2 Existncia de prova inequvoca.................................... 652.5.3 Verossimilhana da alegao........................................ 672.5.4 Fundado receio de dano irreparvelou de difcil reparao............................................................ 692.5.5 Abuso do direito de defesa ou manifesto propsito protelatrio do r u ................................................ 71

    2.6 Tutela antecipada e pedido incontroverso(art. 273, 6" do CPC)...................................................................732.7 A antecipao da tutela especfica

    (CPC, art. 461, 3") .......................................................................752.7,1 As medidas coercitivas e as medidas

    sub-rogatrias...........................................................................77

    3 A EXECUO DA TUTELA ANTECIPADA.............................. 823.1 Consideraes sobre a execuo no processo civil.................823.2 Execuo definitiva e execuo provisria.............................863.3 A execuo da tutela antecipada.............................................. 89

    3.3.1 Execuo da tutela antecipada condenatria...............96

  • 3.3.1.1 Execuo da condenao ao pagamentode dinheiro ............................................................................96

    3.3.2 Execuo da tutela antecipada especfica...................983.3.2.1. Execuo da tutela antecipada inibitria 101

    3.3.3 Execuo da tutela antecipada deciaratriae constitutiva...........................................................................1033.3.4 Execuo da tutela antecipada contra aFazenda Pblica...................................................................... 107

    3.3.4.1 As decises judiciais favorveis aos servidores pblicos............................................................114

    CONCLUSES...................................................................................... 119

    REFERNCIAS...................................................................................... 127

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TUTELA ANTECIPADA

    INTRODUO

    Tal com o se busca, filosoficamente, u m sen tido p a ra a vida, deve-se buscar, na seara jurdica, u m sen tido pa ra a sua atuao. A inda q u e seja de p rim ord ia l im portncia , o es tu d o d o processo sob o p rism a d e suas teorias e frm ulas, se no p u d e r p ro p o rc io n ar aos jurisd ic ionados o resultado que eles b u scam q u a n d o se socorrem do P od er Judicirio, de form a efetiva e clere, no se ter com o su s ten ta r a sua existncia, j q u e a a tuao jurisdicio- nal d eve ter u m p ropsito delineado.

    A o transfo rm ar a v ida d o ju risd ic ionado q u e a p rocu ra , elim in an d o o conflito que a m otivou {ainda que ju lg ad o im proceden te o pedido), a tu tela jurisdicional p roporc iona a pacificao social e, com isso, alcana o fim ltim o do p r p r io E stado, qual seja, o bem c o m u m . Isto assim p o rq u e o E stado, ao p ro ib ir a v ingana p riv ad a , trouxe p a ra si o dever de reso lver os conflitos de in teresses, com a d istribu io da justia.

    Esse d ev e r estatal co rresponde ao direito in d iv id u a l ordem ju r d ica ju s ta , er ig ido categoria d e garan tia constitucional. N e s sa m ed id a , o d ire ito de acesso justia (C onstitu io Federal, art. 5, inciso XXXV) d eve ser en ten d id o com o aque le capaz de reso lver o conflito levado a juzo de form a rp id a e efetiva, seja q u a n d o a tu te la b uscada for u rgente , seja q u an d o h o u v e r fortes e lem entos p a ra crer q u e o d em an d an te tem razo. P ara o alcan

  • f A b ia u m a d e b r it o

    ce d e tal finalidade, o sistem a processual civil p tr io p rev um a srie d e m ecanism os, d en tre eles, o da tu tela an tecipada.

    N o m bito da antecipao da tu tela , deve-se levar em considerao q u e a sua aplicao p o d e ensejar o conflito de do is d ireitos fundam entais: d e u m lado, o da segurana jurd ica, que assegura aos litigantes o d ireito de no serem p riv ad o s de seus b ens sem o con trad it rio e sem a am pla defesa; d e ou tro , o da efe tiv idade do processo. A p a r dessa controvrsia , a opo do legislador, conform e se dep reen d e d o esp rito d a s re fo rm as p ro cessuais recentes, foi a d e prestig iar o p rincp io d a efetiv idade, am p lian d o os po d eres do juiz p a ra q u e ele possa p o n d era r , no caso concreto, e aplicar a soluo que for m ais justa.

    O objetivo do p resen te traba lho foi o d e ana lisar essa form a pela qual a tu te la jurisdicional viabiliza-se, sob os p rim ad o s d a efe tiv idade e d a tem pestiv idade, com vistas a transfo rm ar, concretam ente , a v ida d as pessoas que dela se socorrem . Desse m odo , alcanou-se o m ecanism o da tu tela an tec ip ad a (genrica o u especfica), q u e se efetiva p o r m eio de sua execuo, ju n ta m en te com a aplicao d a s m ed id as p rev istas no s 4" e 5*^ do art. 461 do C digo d e Processo Civil.

    C onsta tou-se, ao final, que o sistem a jurd ico brasileiro, n o que respeita ao processo civil de resultados, vem sen d o ap r im o ra d o significativam ente, seja p o r m eio d as sucessivas e necessrias re fo rm as p rocessuais , seja pe la aplicao d e tais no rm as, concretam ente, pelo P oder Judicirio, seja pela colaborao da vasta e rica d o u trin a a respeito d o tema.

    A autora.

  • PERFIL S ISTEM TIC O D A TU TE LA ANTECIPADA

    1 A TUTELA JURISDICIONAL SOB O ENFOQUE DO TRINMIO JUSTIA-EFETIVIDADE-TEMPESTIVtDADE

    1.1 0 acesso justiaQ u a n d o o Estado, p ro ib indo a v ingana p r iv ad a - em que a

    justia rep resen tav a a conquista d o m ais forte o u do m ais esperto - ch am o u pa ra si a aplicao d o direito com o algo d e in teresse pb lico em si m esm o e e s tru tu ro u o sistem a d e d ire ito s e ga ran tias ind iv idua is , in terps os rgos jurisd icionais en tre a a d m in is trao e os d ire itos dos c idados, exce tuando-se apenas a lg u m as situaes legais, com o o es tado d e necessidade, a legtim a defesa, a reteno p o r benfeitorias. Por conseguin te , o Poder Judicirio to rnou-se u m p o d e r poltico, ind ispensve l ao equilb rio social e dem ocrtico , e o processo, u m in s tru m en to d o tad o d e garan tias p a ra assegur-lo .'

    O E stado tornou-se , dessa forma, d ev e d o r do m eio atravs d o qual o c idado exercitar seu direito subjetivo real ou sim p lesm en te afirm ado. E este m eio consistir na p restao jurisdi- cional que, an tes d e p oder , constitui dever. Entre o au to r, o juiz e o ru form a-se u m a relao jurdica que tem aqueles p o r su je itos, a p restao d e tu te la jurisdicional com o objeto e o p re ssu p o s to d e vedao d a au to tu te la com o causa.^

    ' GR ECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro, v. 1, So Paulo: Saraiva. 1994, p. 6.

    ^SILVA, Ovdio Arajo Baptista da. Teoria geral do processo civil. So Paulo: RT, 2000, pp. 34-35.

  • FBIA LIM A DE BRITO

    Pode-se afirm ar que o m otivo pelo qual a lgum busca a p ro teo ju risd icional d o E stado relaciona-se com a no -a tuao esp on tnea d e u m a regra de d ireito m aterial. Essa no-efetivao do d ire ito m ateria l enseja o conflito de interesses. Tais situaes de v ida, seg u n d o o en tend im en to de Jos Roberto do s Santos Bedaque, "so v erd ad e ira s patologias, p o rq u e revelam m al fu n cionam ento do o rdenam ento . Precisam ser e lim inadas, a fim de q u e se restabelea a n o rm alid ad e da o rdem ju rd ica violada".^

    A tu te la jurisdicional se constitu i no am p a ro que o Estado, p o r m eio de seus m agistrados, confere a q u em tem razo, n u m conflito d e in teresses posto em juzo. E ntre tan to , n o basta ao a u to r ter o d ire ito d e ao. N o basta que p reencha to d o s os re qu isitos p rocessuais exigveis e os exera ad eq u ad am en te . Ter ao garan te som en te a obteno da sentena e n o necessaria

    m en te que esta lhe seja favorvel; p a ra isso, necessrio ter o d ire ito alegado. Assim , "a tu tela jurisdicional n o necessaria m en te tu tela de direitos, m as tutela a pessoas ou a g ru p o s de pesso as" e alcana no s o au to r, com o tam b m o ru , p r in c ip a lm en te q u a n d o convencido da ilegitim idade da p re ten so do autor. Isso p o rq u e "p ro teger a esfera jurd ica d a pessoa contra as incertezas decorren tes de fu tu ras d em an d as tam bm m inistra r-lhe tu tela jurisdicional, n a m ed id a do im enso v a lo r q u e tem a certeza jurd ica na v ida d a s pessoas".'*

    P ortan to , a C onstitu io Federal brasile ira (CF) confere a to d a s as pessoas o d ire ito de p ro p o r d em a n d as (direito de acesso jurisdio), m as som ente tero direito obteno do p rov im en-

    ^ BEDAQUE, Jos Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada. Tutelas sumrias e tutelas de urgncia (tentativa de sistematizao). So Paulo: Malheiros, 1998. p. 98.' DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil. 2. ed., v. 1. So Paulo: Malheiros, 2002, pp. 104-107.

  • PERFIL SISTEM TICO DA TU TELA ANTECIPADA 15

    to jurisdicional se e q u an d o forem p reench idas as condies da ao (direito in strum en ta l de ao). J o dire ito tu te la jurisdicional efetiva, s o tero aqueles que estiverem efetivam ente am p a rad o s n o p lan o d o d ire ito m ateria l.'

    Essa conceituao d e tu te la ju risd ic ional im p o rtan te , na m ed id a em q u e o processo civil m od ern o no est vo ltado u n icam ente em benefcio d o autor, m as objetiva a pacificao das p arte s conflitantes, tu te lan d o o interesse de q u em tem razo e n o o d e qu em no possu i direito.^

    O ncleo do direito processual civil brasileiro est no inciso XXXV, do art. 5", da Constituio Federal, segundo o qual "/? lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito".

    Tal d ispositivo consagra o princpio da in d isp o n ib ilid ad e da jurisdio, que busca o ap rim o ram en to d o sistem a processual. Esse princpio , tam bm conhecido com o p rincp io d a efe tiv ida d e d a ju risd io ou d o acesso ordem jurd ica ju s ta , d ev e ser en ten d id o no apenas com o o direito de ' 'en tra r na justia", m as ta m b m c o m o o d e " s a i r d a ju s t i a " co m u m r e s u l t a d o satisfatrio^. esse o sen tido da clebre expresso de C hiovenda: " o p rocesso d eve dar, q u an to for possvel p ra ticam en te , a quem ten h a u m direito , tu d o aquilo e exatam ente aqu ilo q u e ele tenha d ire ito de consegu ir"* . Em ou tras palavras, " o d ev e r im posto ao

    MARCATO, Antonio Carlos, Consideraes sobre a tutela ju r is d ic m a l diferenciada, p. 7. Disponvel em: < fttD://www.cDc.adv.br/doutrip.hln>. Acesso em 6 abr. 2002.

    De acordo com Humberto Theodoro Jnior, nem sempre o litigante ter o direito tutela jurisdicional, mas sempre contar com a prestao jurisdicional para solucionar seu conflito jurdico" (Tutela especifica das obrigaes de lazer e no fazer. n. 2).' Conforme Kazuo Watanabe, Tufe/a antecipatria e tutela especifica das obrigaes de fazer e no fazer, p. 20, autor da expresso ordem juridica justa. CHIOVENDA, Giuseppe. Instituies de direito processual civil. v. 1. Campinas: Bookseller, 1998, p. 67.

  • f A b ia l im a d e b r it o

    in d iv d u o de subm eter-se obrigatoriam ente jurisdio estatal no p o d e rep resen ta r u m castigo", m as deve trazer nsito "o d e ver d o E stado garan tir a u tilidade da sen ten a " /

    A jurisdio, p o r ser expresso d e u m a funo estatal, d o ta d a do s a tribu tos d e im pera tiv idade e inevitab ilidade, ausen tes no s ou tros m eios de pacificao dos conflitos, cabendo ao Estado, a inda , a p re rroga tiva de d ita r a pa lav ra final sobre todo e q u a lq u e r conflito."'

    Entre tanto , o acesso o rdem jurdica justa n o se faz exclusivam en te p o r m eio d a tu tela jurisdicional tradicional, ten d o em v ista a existncia d e m eios alternativos p a ra o seu alcance, os cham ad o s sucedneos da jurisdio, com o a arb itragem , a con ciliao o u o im peachm en t ^^ , que p o d em se constitu ir em eficazes in s tru m en to s d e pacificao social, n aque las h ip teses q u e os perm item .'^

    Por fim, verifica-se a existncia de dois sen tidos vetoria is en tre p rocesso e Constituio: esta, d ita as reg ras fun d am en ta is e os p rincp ios a serem observados na construo e n o desenvo lv im en to d o processo; p o r sua vez, aquele, o processo , o in s tru m en to p a ra a p reservao da o rdem constitucional, seja m ed ian te a d en o m in ad a jurisdio constitucional, seja p o r m eio de

    * ZAVASCKI, Teori Albino. Antecipao da tutela e coliso de direitos fundamentais. So Paulo: Saraiva, 1996, p. 147.

    DINAMARCO. Cndido Rangel, instituies de direito processual civil. 2. ed., v. 1. So Paulo: Malheiros, 2002, p. 118.

    YARSHELL, Flvio Luiz. Tutela jurisdicional. So Paulo: Atlas, 1999, pp. 129-134." Como exemplo de tal sucedneo da jurisdio, Luiz Guilherme Marinoni cita o exemplo das favelas do Rio de Janeiro, onde j se detectou a existncia de um direito inoficial, em que a Associao de Moradores funciona como instncia de resoluo de conflitos entre vizinhos. Essa iniciativa permite concluir, do ponto de vista sociolgico, que o Estado contemporneo no mais detentor exclusivo da realizao do direito e da distribuio de justia (Efetividade do processo e tutela de urgncia. Porto Alegre: Sergio Anionio Fabris, 1994, p. 10).

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TU TELA ANTECIPADA

    sua u tilizao cotid iana, em que "ao d a r a tuao s n o rm as le gais o rd inrias, est, em ltim a anlise, va len d o com o p en h o r da observncia d o s valo res constitucionalm ente a m p a rad o s e nelas refletido".

    1.2 Os escopos do processo civilC onstitu i in teresse p rim ord ia l do E stado a p ro m o o d o bem

    com um , d a h a rm o n ia social. O s conflitos de in teresses n o re solvidos e as insatisfaes que deles ad v m so m otivos d e p re ocupao in d iv id u a l e coletiva e, nessa seara, se p erfazem em preocupao estatal. A ssim , o escopo essencial da jurisdio a pacificao social - escopo social do processo que a p rincipa l razo pela q ual " o processo existe e se legitim a na sociedade".'^

    O s bons re su ltados obtidos no processo prop ic iam , a inda , um o u tro esco p o social: a educao, na m e d id a em q u e o tem o r reverenciai ad v in d o d a s decises judiciais ten d e a im p ed ir tran s gresses. Esse escopo perm ite a educao p ara a defesa do s d ireitos p r p rio s e respeito aos d ireitos alheios.

    O processo p o d e ser en tend ido , nesse passo , com o u m in s tru m en to cu ltura l, p o rq u e reflete o estgio d e v ida d e u m a socied ad e , n u m d e te rm in ad o m om en to histrico e n o apenas com o in s tru m en to de soluo dos conflitos de interesses.'^

    DINAMARCO, Cndido Rangel. A insrumentalidade do processo. 7. ed. So Paulo: Malheiros, 1999, p, 312.

    ' DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil. 2. ed. So Paulo: Malheiros, 2002, pp. 127-128.

    CINTRA, Antonio Carlos de Arajo: GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cndido Rangel. Teoria geral do processo. 8. ed. So Paulo: RT, 1991, p. 28.

    TEIXEIRA, Slvio de Figueiredo. Alteraes no Processo Civil Brasileiro. Palestra proferida no Tribunal Regional Federal da 3 Regio, So Paulo, 10 jun. 2002.

  • FBIA LIM A DE BRITO

    O escopo poltico relaciona-se com a estab ilidade d o o rd e n a

    m en to ju rd ico e a sua au to rid ad e , n a m ed id a em q u e a generalizao d o respeito lei, p o r m eio dos bons re su ltados d a a tiv id a d e jurisdicionai, p rop ic ia a au to rid ad e d o p r p r io Estado. Relaciona-se, a inda , com a partic ipao d o s in d iv d u o s e g ru p o s de in d iv d u o s na v ida e nos destinos d o Estado, b em com o na p re servao d as liberdades pblicas, p o r m eio d e m ecan ism os p ro cessuais com o a ao popu la r, a ao d ire ta d e inconstitucionali- d a d e e o m a n d a d o de segurana, in d iv id u a l o u coletivo.'^

    Q u a lq u e r q u e seja a defin io d e jurisdio, certo q u e o escopo ju r d ico do processo est reservado ao Estado, de m o d o que, q u a isq u er o u tras form as d e soluo d e controvrsias se constituem , apenas, em "equ ivalen tes jurisdicionais", na m ed id a em qu e o E stado, ao p ro ib ir a v ingana p riv ad a , trouxe p a ra si o d ev e r de, coercitivam ente, declarar ou a tu a r a reg ra ju rd ica no caso concreto .

    1.3 A instrumentalidade do processoA ocorrncia de leso o u am eaa de leso a d ire ito m ateria l

    d ensejo ao processo , j que o Estado ch am o u p a ra si a funo d e pacificar os conflitos de interesses, d e form a ad e q u ad a e efetiva. O processo o in strum en to de q u e se vale o E stado p ara o exerccio d a sua funo jurisdicionai e, p a ra que seja efetivo, necessrio o cum prim en to de todos os seus escopos.

    ''D INAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil. 2. ed, So Paulo: Malheiros, 2002. pp. 129-130.

    YARSHELL, Flvio Luiz. Tutela jurisdicionai. So Paulo: Atlas, 1999, p. 128.Com relao definio da jurisdio, do processo e dos seus escopos, remete-se leitura da obra de Milton Paulo de Carvalho, Do pedido no processo civil, pp. 46-61, que traz substanciosa anlise das variadas teorias doutrinrias a respeito do tema.

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TU TELA ANTECIPADA 19

    A ssim , converte-se o processo n u m in s tru m en to de justia nas m os do E stado, que rep rim e a violncia p r iv ad a com enrgicas sanes. A defesa ju rd ica exercida pelo p ar ticu la r n o se equ ip a ra a tiv idade q u e se exerce no processo; em b o ra o re su ltado econm ico possa ser idntico, am bas n o se confundem : "a a u todefesa u m a a tiv idade m eram en te p r iv ad a , m o v id a d e im pu lso s e in tenes particu la res e egosticos, em bora consentidos e m o d erad o s pelo Estado. N o processo civil, ao revs, a defesa contra a injustia assum e-a o Estado com o funo sua, d e te rm in ad a p o r finalidades objetivas e gerais"*'^. Em o u tras p a lav ras , funo essencial do Estado a adm in istrao da justia, e o faz p o r m eio d a jurisdio.

    A relao ju rd ica processual - o processo - in teg rad a p o r u m a srie de atos coo rdenados e d irec ionados ob teno da tu tela ju risd icional (seu objeto). Tais atos sero p ra ticad o s seg u n do u m a o rd em , u m m o d o e u m tem po p red e te rm in ad o s; p o r tan to , o p rocesso no se confunde com o p roced im en to , sendo este a form a pela q ual se sucedem os atos processuais. A observncia d as form as p roced im entais reflete o a ten d im en to ao p r in cpio do dev id o processo legal, que seg u n d o o art. 5, inciso LVI, d a C onstitu io Federal, p receitua que "n in g u m ser p riv ad o d a lib e rd ad e o u d e seus bens sem o d ev id o p rocesso legal".

    E m bora o processo deva ser com patib ilizado com o d isposto no art. 5, inciso XXXV, da C onstitu io Federal, ele n o p o d e ser u m fim em si m esm o. O sistem a processual, com suas in m eras f rm ulas e dogm as - den tre os q uais pode-se citar: a) o p rocesso com o in s tru m en to tcnico a servio d o d ire ito m ate r i

    CHIOVENDA, Giuseppe, Instituies de direito processual civil, v. 1. Campinas: Bookseller, 1998, p. 58.

  • FBIA U M A DE BRITO

    al; b) os b inm ios direito-processo, custo -durao e condenao- ex ecu o ^ ; c) o absoliitismo da coisa ju lgada m ateria l n o po d e p rescind ir d a p reocupao com os objetivos a realizar, ou seja, com os re su ltados que dele esperam a sociedade, o E stado e os ind iv duos.

    Sob essa tica, o processo civil m od ern o busca o desfazim ento d e tais dogm as do passad o como, p o r exem plo, o "m ito d a coisa ju lgada" , qu e ten d e a desaparecer, em face das novas exigncias cotidianas para a realizao de direitos. A tu tela an tecipada, nesse contexto, u m do s m ecanism os q u e s e volta p a ra o alcance de tal objetivo. A esse propsito , confira-se o en ten d im en to de Luiz G uilherm e M arinoni:

    A idia de ligar jurisdio coisa julgada material, que deu origem ao 'mito da coisa julgada, est destinada a desaparecer em vista das novas exigncias do mundo contemporneo, que no mais podem esperar a 'coisa julgada material' (isto , a declarao relevante, que somente pode ser produzida pela cognio exauricnte) para a realizao dos direitos. No apenas a qualidade da coisa julgada material que d conteitdo jurdico a um provimento, nem apenas a tutela marcada pela coisa julgada material que incide sobre as relaes substanciais. A tutela satisfativa (de cognio) sumria realiza o direito material afirmado pelo autor, ou, em outras palavras, d satisfao ao direito material afirmado, obviamente incidindo (ainda que, na angulao processual, de forma provisria) sobre o plano das relaes substanciais. A realizao de um direito atravs da tutela antecipatria realizao de um direito que preexiste sentena de cognio exauriente."^^

    Segundo Jos Roberto dos Santos Bedaque, o binmio condenao-execuo no pode ser pensado como um dogma, por tratar-se de tcnica processual perfeitamente substituvel por mecanismos mais adequados s necessidades do direito material, sem qualquer sacrifcio dos postulados bsicos do processo" ( Tutela caulelar e tutela antecipada. Tutelas sumrias e tutelas de urgncia - lantativa de sistemizao, p. 103),

    MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipao da tutela. 7. ed. So Paulo; Malhetros, 2002, pp. 45-46.

  • PERFIL S ISTEM TICO D A TU TELA ANTECIPADA

    Desse m odo , a idia da efe tiv idade d a tu te la ju r isd id o n a l coincide com a da p len itu d e d o acesso justia e a do processo civil de resultados, d o n d e se contrasta a au to n o m ia d o processo, em face d e sua in s tru m en ta lid ad e .^

    N o se tra ta d e renunciar au tonom ia do d ire ito processual, po is o reconhecim ento desta no p ressu p e o seu isolam ento. De acordo com C n d id o D inam arco, " o p rocesso e o d ire ito com-

    p le tam -se e a b o a com preenso de u m exige o suficiente conhecim ento d o ou tro" . C o n tinua D inam arco, c itando L iebm an, que n o p rocesso parece h av e r duas almas d is t in ta s , u m a aque la em q u e "se p ro lo n g a o esprito d o direito p r iv ad o q u e vem buscar no p rocesso a p ro teo p a ra os d ireitos subjetivos q u e com pem a sua substncia v iva" e a o u tra aquela "em q u e se exprim e a exigncia d e u m a funo pblica, m ed ian te a qua l o E stado cu m p re um a d a s suas tarefas p rim rias , q u e a d e asseg u rar a efetiv a v igncia d a o rd e m jurd ica".^

    N esse en tend im en to esto, a inda , seg u n d o Dinamarco^^, os aspectos nega tivo e positivo da in strum enta dade d o processo. O aspecto negativo consiste na negao do processo com o valor em si m esm o e n o rep d io aos exageros processualsticos, o que g u a rd a a lg u m a sem elhana com a idia d a instrum enta dade das form as. J o aspecto positivo caracteriza-se pe la p reocupao em extra ir do processo, enquan to instrum ento , o m x im o de p ro veito p a ra a obteno dos resu ltados, escopos d o sistem a. Esse

    " DINAMARCO, Cndido Rangel. Tutela jurisdidonal. Revista de Processo. So Paulo, v. 81. p. 96, jan./mar. 1996. A expresso processo civil de resultados", frise-se, deve ser atribuda ao mencionado jurista. DINAMARCO, Cndido Rangel. A inslrumentalidade do processo. 1. ed, So Paulo: Malheiros. 1999, p. 272.

    DINAMARCO, Cndido Rangel, Op. d l . p. 319.

  • FBIA U M A DE BRITO

    aspecto relaciona-se, p o rtan to , com a idia de e fe tiv id ad e do

    processo.A fo rm alidade, o conjunto d e regras e a b o a tcnica q u e cer

    cam o m u n d o jurd ico no p o d em servir de justificativa p a ra a no -a tuao d o processo. Se o sujeito q u e tem razo no alcanar u m a s ituao m elhor d o que aquela que tinha an tes do p ro cesso, este n o alcanou o seu objetivo. O sistem a processual, p a ra alcanar a valorao para o qual foi institu do , no p rescin de d o processo c iv il de resultados, sob p ena de carecer de u tilid ad e e, p o r conseguinte , d e legitim ao social.^

    1.4 A efetividade da tutela jurisdicionalO processo constitui-se em in strum en to a servio d a ju risd i

    o, m as s ser efetivo se se perfizer em ins tru m en to eficiente p ara a realizao d o d ire ito substancial. " O acesso justia, elev ad o ao p a ta m a r d e g aran tia constitucional, d ev e certam ente co m p reen d er u m a proteo jurid icam ente eficaz e tem pora lm en- te ad e q u ad a" .^

    Q u a n d o se fala em direito adequada tutela jurisdicional, tem- se nsito o princpio da inafastabilidade, que no veda apenas que se exclua da apreciao do Poder Judicirio leso ou am eaa a direito, m as antes de tu d o garante o direito ao processo efetivo, que princpio im anente ao p rprio Estado de Direito.^^

    Se a eficincia posta com o um fim, com o m eta absolu ta , no p o d e , po rm , estar desa ten ta a ou tros valores e p rincp ios n o r

    DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil, v. 1 ,2 . ed, So Paulo; Malheiros, 2002, p. 108.

    LVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto, Efetividade e processo de conhecimento. Revista de Processo. So Paulo: v. 96, pp. 59/69, out./dez. 1999.

    MARINONI, Luiz Guilherme. Eletividade do processo e tutela de urgncia. 7. ed. So Paulo: Malheiros, 2002, p. 8,

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TU TE LA ANTECIPADA

    m ativos. A efe tiv idade s se revela v irtuosa se n o afastar ou tros valores im po rtan tes no processo, a com ear pelo d a justia^ . E, n o processo , justia significa exerccio d a funo jurisdi- cional d e confo rm idade com os valores e princp ios norm ativos do processo.

    N esse d iapaso , o processo deve ser visto pe lo seu ngu lo ex terno, o u seja, pelo resu ltado prtico que seja capaz d e p ro d u z ir na v ida d a s pessoas e n as efetivas relaes com o u tras e com os bens d a vida. O u seja, d eve ser visto sob a tica do consum idor dos servios judicirios e no sob a tica exclusiva do s seus o p era dores.

    O acesso efetivo justia influi d ire tam en te n a v ida do desti na t rio final d a a tiv idade jurisdicional, sendo q u e esse ltim o n o est p re o cu p ad o com as crises d o p rocesso , n em com as d iscusses tcnicas da do u trin a e d a ju risp rudnc ia ; o des tin a t rio - o co n su m id o r - dos servios judicirios espera ap en as um a soluo r p id a e eficiente, com o m enor custo possvel, sob pena d e se to rn ar inacessvel ou, a inda , d e rep resen ta r a denegao d a p r p r ia Justia.^

    A tu tela jurisdicional ad eq u ad a relaciona-se, adem ais, com a efetividade social d o processo. De acordo com Jos C arlos Barbosa Moreira-^ , s ser socialm ente efetivo o processo q u e alcanar as asp iraes da sociedade com o u m todo, perm itin d o -lh e a satis fao de cu n h o judicial. Ser tam bm efetivo, do p o n to de vista^ LVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto, Op. c iL pp, 59/69, DINAMARCO, Cndido Rangel. Fundamentos do processo civil moderno. 4, ed., 1 .1, So Paulo: RT, 2001, p- 592. Nesse sentido, tambm, Flvio Luiz Yarshell, Tutela jurisdicional. p. 137.

    MARCATO, Antonio Carlos. Consideraes sobre a M e la jurisdicional diferenciada, p. 4, V., tambm, Teori Albino Zavascki, Antecipao da lutela e coliso de direitos fundamentais, p. 147.

    BARBOSA MOREIRA, Jos Carlos. Por um processo socialmente efetivo, fewsf Sntese de Direito Civil e Processual Civil. So Paulo, v. 11, maio/jun. 2001, pp. 5-6.

  • FBIA LIM A DE BRITO

    social, o p rocesso que alcanar os m em bros da co m u n id ad e m e no s aq u in h o ad o s, em p de igua ld ad e com os m em b ro s m ais afo rtunados.

    D essa n ecess id ad e su rg iram os Ju izad o s Especiais, q u e se constituem na exigncia de u m ord en am en to jurd ico q u e se insp ira n o p rincp io d a igua ld ad e e se em p en h a em oferecer a to do s u m processo rp ido , eficiente e realm ente possvel. C om os Ju izados se p e rm ite o acesso justia aos m en o s afo rtunados, aco m o d an d o conflitos sem expresso econm ica q u e ocorrem no cotidiano^^. A adequao do processo rea lidade da sociedade d e m assas, p o r sua vez, fez su rg ir o sis tem a de in teresses d ifusos, coletivos e ind iv idua is hom ogneos, em q u e se busca u m a assistncia judiciria ap ta a socorrer no apenas aos m enos afo rtunados, m as tam b m ao pblico em geral.^^

    A u tilid a d e d o processo deve harm onizar-se , a inda , com a rea lid ad e social, tan to no m bito d o d ire ito m ateria l, q u an to do d ire ito processual. N o direito m aterial, com exigncias q u e en con trem m eios processuais ad eq u ad o s e eficazes a cada afirm ativa de leso o u am eaa de leso. N o cam po p rocessual, o p ro cesso d ev e reconhecer o d ireito d e q u em tem razo.

    A efe tiv idade da tutela jurisdicional est re lacionada, a inda, com os p r im ad o s da dem ocracia e d o estado dem ocrtico d e d ireito, a lm do equilbrio en tre os trs po d eres estatais. Para tan to, o ju iz m o d ern o no se lim ita m ais a ju lgar e a p ro ferir decises judiciais, se tem o dever de fazer cu m p rir suas decises. o

    " Os Juizados Especiais Cveis, na esfera estadual, tm competncia para julgar causas cujo valor no exceda a quarenta vezes o salrio mnimo (Lei 9.099, de 26/9/1995, art, 3, I); na esfera federal, 0 limite desse valor de sessenta salrios mnimos (Lei 10.259, de 12/7/2001, art, 3)." MARINONI, Luiz Guilherme, Efetividade do processo e tutela de urgncia. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1994, pp, 8-9,

  • PERFIL S ISTEM TIC O DA TU TE LA ANTECIPADA

    qu e p rece itua o inciso II, do art. 125, d o C digo de Processo C ivil, seg u n d o o qual, en tre os deveres conferidos ao ju iz na condu o do processo , com pete o de ''ve lar pe la r p id a so luo do litgio". A t p o rq u e , a efetiv idade da tu te la ju risd ic ional no est no m bito d as decises judiciais, m as nos resultados p r ticos que elas v en h a m a p ro d u z ir na v ida das pessoas.

    Para le lam ente , no basta que as p a rte s cu m p ram , v o lu n ta r i

    am ente , as decises judiciais o u que os juizes faam valer suas decises, p o r m eio dos m ecanism os p rocessuais vigentes; ne cessrio q u e tais decises sejam observadas pelo p r p r io Estado, seja em face do seu in teresse em p ro m o v er a pacificao so cial, que a ting ida com a soluo - satisfatria - d o s conflitos de in teresses, seja em face do respeito tripartio do s p oderes .^

    1.5 As modalidades de tutela jurisdicionalAs d iversas situaes da v ida qu e provocam a b usca da p re s

    tao jurisd icional p o r p a rte do Estado, d en o tam a ocorrncia d e crise no p lan o de d ireito m aterial. Para elim inao de cada crise ju rd ica o sistem a processual estabelece u m tipo de soluo ad e q u ad a , q u e se d p o r m eio d as tu telas jurisdicionais.

    N a lio de C nd ido Rangel D inam arco, a varied ad e d e meios processuais reflexo da variedade de solues d itadas n o direito m aterial, p o r ser este encarregado d e atribu ir s pessoas os bens d a vida, causadores d o conflito. Nessa variedade de provim en-

    ^ Ao discorrer sobre a efetividade da tutela jurisdicional e o equilibrio institucional dos poderes do Estado, Cndido Rangel Dinamarco ensina que: No momento em que um deles [um dos poderes do Estado], notadamente o Executivo, afasta-se da disciplinada observncia das legtimas decises de agentes de oulro Poder, abre-se estrada para o arbtrio e para o totalitarismo. A efetividade de uma democracia tem por esteio fundamental a observncia, pelo prprio Estado, das decises de seus juizes. Sem isso, adeus liberdades pblicas, adeus direitos humanos e, sobretudo, adeus Estado- de-direito [Fundamentos do direito processual civil moderno, 1.1, p. 595 - grifos no original).

  • F 8 IA LIM A OE BRITO

    tos, p rocedim entos e processos reside a m ultip lic idade dos m eios de outorga de tutela jurisdicional. Portanto, "as solues esto no direito substancial, os m eios de im p-las so processuais".^

    A inda de acordo com D in am arco ^ , p ro v im en to constitu i o ato im pera tivo de exerccio do p o d er em situaes concretas, p. ex., u m a sentena. J as decises in terlocutrias so provim en tos-m eio , pois "som ente os p rov im entos finais p o d em ser p o rtad o re s da tu te la ju risd ic ional d ev ida quele que tiver razo seg u n d o as regras de d ire ito m aterial".

    1.5.1 As modalidades tradicionais de tutela jurisdicionalAs aes so, portan to , classificadas d e acordo com a tu tela

    ju risd icional que o p rov im en to jurisd icional seja ap to a garantir. Trs so as m o d a lid ad es tradicionais de tu te la jurisdicional: a d e conhecim ento , a d e execuo e a cautelar.

    A ativ idade ju risd ic iona l de conhecim ento , ou seja, a ao de conhec im ento , tem p o r objeto essencial a declarao d e d ire ito e a aplicao das conseqncias decorren tes dessa declarao. A ativ idade ju r isd ic iona l executiva tem por objetivo a satisfao d a obrigao co n sag rad a n u m ttulo. O processo cau telar e as m edidas cautelares fo rm am u m tipo de a tiv idade jurisdicional destinada p ro teo de bens jurd icos envolv idos n o processo , que corram risco de deteriorao , a pon to d e p o d e r to rnar-se in til toda a a tiv id ad e ju risd icional sem tais p rovidncias, de form a que tm p o r objetivo assegurar o resu ltado til d o processo.

    As aes de conhecim ento, p o r sua vez, subclassificam -se em declara trias o u m eram en te declaratrias, constitu tivas e con-

    DINAMARCO, Cndido Range!. Instituies de direito processual civil. 2. ed., v. 1, So Paulo; Malheiros, 2002, p. 147,

    Ibidem, p. 147.

  • PERFIL S ISTEM TIC O DA TU TE LA ANTECIPADA 2 7

    denat rias. As aes m eram ente eclaratrins b u scam e lim inar a incerteza sobre a existncia ou a inexistncia d e u m d ire ito ou d e u m a relao jurdica. Da necessidade d e criar, m odificar ou extinguir u m a relao jurdica de direito m ateria l su rg em as aes c o n s t i t u t i v a s (o u d e s c o n s t i tu t i v a s ) . J a s a es c o n d e n a t r ia s objetivam a obteno d e u m p rov im en to q u e o b rigue o d em a n d a d o a dar , fazer ou deixar de fazer a lgum a coisa. N o en tan to , a condenao p o d e ensejar a instaurao d o p rocesso de execuo, pois, p o r d ep en d er de ato do condenado , p o d e encon trar resistncia p o r p a rte d este para o seu cum p rim en to . T odavia, sem ingressar na discusso d o u trinria acerca d e sua n a tu reza , h aes q u e no necessitam da execuo ex in tervallo , quais se jam , as aes executivas lato sensu e as aes m an d am en ta is (v. ad ian te , item 1.5.2).

    1.5.1.1 A efetividade da tutela condenatriaPode-se afirm ar que a tu tela condenat ria insere-se no binmio

    condenao-execuo e destina-se a colocar fim s crises de adim - p lem en to , j que, p rim eiram ente , o d em a n d an te ob tm a tutela condenat ria e, depois, p ara a efetiva satisfao de sua p re ten so, vale-se d a tu te la execu H va^ . C om isso, a e fe tiv idade das sen tenas condenat rias , na verdade , f.v in tervallo , pois no so capazes d e d a r ao titu lar do direito satisfao im ediata , p o r d e p en d e rem de ato u lte rio r do d em a n d ad o .^

    J as tu telas dec lara trias e as tu telas constitu tivas so as mais efetivas, pois no d ep en d em de um ato d o d em a n d a d o p a ra o

    BEDAQUE, Jos Roberto dos Santos. Tuela cautelar e M e la antecipada. Tutelas sumrias e tutelas de urgncia (tentativa de sistematizao). So Paulo: Malheiros, 1998, p. 98." DINAMARCO, Cndido Rangel. A inst''"^entalidade do processo. 7. ed. So Paulo: Malheiros, 1999, p. 299 .

  • FBIA LIM A DE BRITO

    seu cum p rim en to , p a ra a sua efetivao. So, p o r isso, tu telas satisfa tivas, se resolvem , satisfatria e defin itivam ente , as crises d e d ireito m ateria l traz idas ao processo pelos litigantes.

    N o q u e concerne capacidade de ser p len a e efetiva. C n d ido Rangel Dinamarco^^ apresen ta classificao d iversa para as variad as tu te las jurisdicionais, com fulcro na sua satisfa tividade, de m o d o que:

    "{...) a tu te la efetiva e p len a , cap az d e d eb e la r p o r co m p le to a crise jurd ica lam en tad a pe lo d e m a n d a n te , ser (a) m e ra m e n te dec la ra t r ia , (b) c o n s t i tu t iv a o u (c) exe cu tiva . A tu te la executiva ser ex ecu tiv a p u ra , q u a n d o con ced ida m e d ian te o em p reg o exclusivo d o p rocesso de execuo (ttulos executivos extrajudiciais); o u co n d en a - t r io -execu tiva , q u a n d o co nced ida em dois tem po s, m e d ia n te a rea lizao d e d o is p rocessos (o co n d en a t r io e o execu tivo), o u a in d a m o n it r io -e x e cu tiv a , q u a n d o o re su l ta d o d e u m processo e m q u e se p ro d u z o t tu lo p a ra a execuo e se execu ta (p rocesso m onitrio ). A tu te la con stitu tiv a e as execu tivas d e to da o rd e m so s a t is f a t i vas, p o rq u e acrescem ao p a tr im n io d o su je ito a lgo m a is que a m era certeza. A tutela condena t ria n o satisfativa e n o tu te la p lena , p o rq u e n a d a acresce ao p a tr im n io d o d es tin a t r io " , (grifos n o original)

    Em con so n n c ia com o en te n d im e n to d e L uiz G u ilh e rm e M arinoni*, o sistem a d o Cdigo de Processo Civil fu n d ad o no binm io cognio-execiio foi concebido e m ostrou -se eficaz para a tu te la do s direitos pa trim onia is, p rincipa lm ente q u a n d o se tra tava d e obrigao a ser satisfeita em d inheiro , em razo de sua

    DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil, 2. ed., v. 1, So Paulo: Malheiros, 2002, pp. 151-152.

    MARINONI, Luiz Guilherme. Efetividade do processo e tutelas de urgncia. Potio Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1994, pp. 6-7.

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TU TELA ANTECIPADA

    fungib ilidade. E ntre tan to , referido b inm io no se m o s tra a d e q u ad o p a ra a tu tela de o u tras pre tenses, com o, p o r exem plo, n o s casos de conflitos envo lvendo prestaes d e obrigao de fazer, d e carter infungvel. N essas situaes, a tu te la de co n d e nao revela-se im poten te , o que traz tona a necessidade de se p en sa r em nov as a lternativas de tu tela jurisdicional.

    N esse cenrio, a Reforma do Cdigo de Processo Civil, d e 1994, acrescentou aos po d eres d o juiz, p o r m eio da Lei 8.952, d e 13 / 12/1994, as m ed id as p rev istas no art. 461, que objetivam , n o p ro cesso de conhecim ento , levar o obrigado ao cu m p rim en to das obrigaes de fazer ou de no fazer, sem necessidade d e execuo forada. Trata-se d a tutela especfica das obrigaes de fa ze r e de no fa zer , tam bm cham ada d e satisfao in na tu rn , q u e tem a p ro p o rc io n ar ao credor exa tam ente o bem (coisa o u servio) que o d ev e d o r deveria ter-lhe p ro p o rc io n ad o e q u e re p u d ia os "exp ed ien te s d e m eia-jiis tia, consubstanciados na converso pe cun iria d as m enc ionadas obrigaes.

    A inda a esse respeito , a d en o m in ad a R eform a da R eform a do CPC, 2002, in o v o u e trouxe a tu tela especfica tam b m p a ra as obrigaes d e entrega de coisa d iferente do d in h e iro (art. 461-A), e s tendendo-lhes parcia lm ente os m ecanism os prev is tos no a lu d id o art. 461.'*

    DINAMARCO, Cndido Rangel. Fundamentos do processo civil moderno. 4. ed., t. 1, So Paulo: RT, 2001,p . 597.

    Diz-se parcialmente, porque o 3- do art. 461-A no mandou aplicar o caput do art. 461, mas apenas os seus pargrafos ( 1 -a 6). 0 capuio art. 461 fala em providncias capazes de produzir resultado prtico equivalente ao do adimplemenfo, que tem cabimento nas obrigaes de fazer e de no fazer e no nas de entregar, em que o objeto uma coisa. Isto porque, "quando o objeto da obrigao uma coisa, nada preciso substituir ou converter, pela simples razo de que basta lanar mos sobre a coisa devida, afastando-se a resistncia do obrigado e fazendo o Poder Judicirio a entrega que ele no fez. Em tal hiptese, a aplicao do caput do art. 461 produziria efeito inverso ao desejado, ao permitir que o obrigado retivesse consigo o bem devido, em troca de uma privao de outra ordem" (Cndido Rangel Dinamarco, A reforma da reforma, pp. 246 e 234).

  • fAb ia l im a d e b r it o

    A qui, reflete-se a garan tia constitucional da inafastab ilidade da jurisdio, q u e alm de possib ilitar o acesso form al aos rgos d o P od er Judicirio, tam bm assegura a tu te la efetiva contra q u a lq u e r form a d e bice ao alcance da justia.

    C om isso, a converso d a obrigao em pecn ia , o u seja, a tu te la ressarcitria , passa a figura r com o ltim a a lte rn a tiv a e som ente q u a n d o a tu te la especfica no for possvel p o r q u a lqu er m o tivo ou, a inda , q u an d o o d e m an d an te assim o preferir (v. ad ian te . Cap. 3, item 3.3.2).

    1.5.2 As outras modalidades de tutela jurisdicionalV rias so as m o d a lid ad es e as classificaes d o u tr in r ia s

    acerca d a s tu te las ju risd ic io n a is^ . N a seara do p resen te estudo , no se p re ten d e esgotar o exam e d as d iversas tu te las jurisdicio- nais ap o n ta d as pela dou trin a e nem , tam pouco , ad e n tra r n a d is cusso concernente existncia, in d ep en d en te o u no , d a s tu te

    las m an d am en ta is e executivas lato sensii. P ara fins d o p resen te e s tu d o e, em razo de sua relevncia p a ra o tem a escolhido, se r o b re v e m e n te a n a l is a d a s as tu te la s ex e cu tiv a s la to s e n su , m an d am en ta is e especficas do 3 do art. 461.

    1.5.2.1 A tutela executiva lato sensuA tu tela executiva lato sensii tem com o caracterstica perm itir

    a soluo d o litgio - da crise de in ad im plem en to - no p r p r io p ro cesso d e co nhecim en to , sem n ec ess id ad e d a execuo ex in tervallo , em razo de sua fora satisfativa. Em o u tras palavras,

    " DINAMARCO, Cndido Rangel. Op. t.. p. 597.

    " Alm da classificao ora apresentada. Cndido Rangel Dinamarco tambm as classifica em preventivas, reparatrias e sancionatrias; individuais e coletivas (Instituies de direito processual civil. V, 1. pp. 154-158).

  • PERFIL S ISTEM TICO D A TU TELA ANTECIPADA

    O co m an d o p ro fe rid o n a deciso realiza-se na p r p r ia relao ju rd ica p rocessual em que foi p ro ferido o ato decisrio , sem a necessidade d e se in s tau ra r o processo d e execuo. T rata-se, na v erd ad e , d e u m p rov im en to jurisdicional p o r ta d o r d e u m a eficcia a mais: ao condenar, o ju iz d e te rm in a a realizao prtica desse com ando , d ispensando-se a iniciativa da p a r te p a ra d a r incio execuo, d e m o d o que a sentena seja capaz d e p rop ic ia r a efetiva satisfao do titu lar da situao ju rd ica vantajosa.

    A s aes execu tivas lato sensii, p o rtan to , con tm a tiv id ad e ju risd ic ional em m om en to posterio r ao do trnsito em ju lgado da deciso judicial.'**'

    Assim , se no h execuo ex intervallo, tam bm n o podero ser opostos em bargos execuo. A lm disso, todas as defesas devero ser d eduz idas no processo de conhecimento. o que ocorre, p o r exem plo, nas aes possessrias, nas aes d e despejo {Lei 8.245, de 18/10/1991, art. 65, capiit), na ao de dem arcao (CPC, art. 950 e seguintes), n a ao de prestao de contas etc.

    1.5.2.2 A tutela mandamentalTal com o ocorre com as aes executivas lato sensu , tam bm

    as aes m an d am en ta is contm a tiv idade ju risd ic ional em m o m en to p o sterio r ao do trnsito em ju lgado d a sentena d e proce dncia e, igualm ente , no necessitam da execuo ex intervallo. C o n tu d o , a p ecu lia ridade dessa m o d a lid ad e d e tu te la est em q u e ela ordena, ela m anda, no se lim itando apenas a condenar. o q u e ocorre com a sentena concessiva do m a n d a d o de segu-

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos, Eficcia das decises e execuo provisria. So Paulo: RT,2000, pp. 160-161,

    WATANABE, Kazuo, Tulela antecipatria e tutela especifica das obrigaes de fazer e no fazer. So Paulo: Saraiva, 1996, p. 28,

  • fA b ia l im a d e b r it o

    rana, q u e reclam a o cum prim en to especfico da o rd em do juiz, sob p e n a d e configurao d e crim e d e d esobed inc ia , o u at m esm o d e crim e de responsabilidade.^^

    N o m bito d a Reform a da Reform a d o C digo de Processo C ivil, a Lei 10.358, de 28 /12 /2001 , m odificou o capu t d o art. 14 do C digo d e Processo Civil e acrescentou-lhe o inciso V e o p a r grafo n ic o ^ . De acordo com os novos d ispositivos, constituem d eve res d a s partes, e d e todos aqueles que de q u a lq u e r form a p a rtic ip am d o processo , cu m p rir com exatido os p ro v im en to s m an d am en ta is e no criar em baraos efetivao d e p ro v im en tos judiciais, d e n a tu reza an tecipatria ou final, sob p en a de configurar ato atentatrio ao exerccio da jurisdio, passvel d e m ulta , sem pre ju zo d as sanes penais, civis e p rocessuais cabveis.

    1.5.2.3 A tutela especfica do art. 461 do CPCQ u a n d o a tu tela jurisdicional capaz d e p rop ic ia r ao titu lar

    d o d ire ito exa tam ente aquilo o que ele p re ten d ia obter, diz-se q u e especfica, em con trapon to tu te la substitu tiva , em q u e o p a tr im n io d o d ev ed o r re sp o n d e pelas suas dividas^'^. N o m bito d a s obrigaes de fazer e de no fazer, ho d ie rn am en te , no

    WATANABE, Kazuo. Ibidem, pp. 24-26.

    ^ CPC, art. 14: So deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participarem do processo: (...) V - cumprir com exatido os provimentos mandamentais e no criar embaraos efetivao de provimentos judiciais, de natureza antecipatria ou final. Pargrafo nico. Ressalvados os advogados, que se sujeitam exclusivamente OAB. a violao do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatrio ao exerccio da jurisdio, podendo o juiz, sem prejuzo das sanes criminais, civis e processuais cabveis, aplicar ao responsvel multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e no superior a vinte por cento do valor da causa; no sendo paga no prazo estabelecido, contado do trnsito em julgado da deciso fina! da causa, a multa ser inscrita sempre como dvida ativa da Unio ou do Estado (Redao do capuf alterada e inciso V e pargrafo nico acrescentados pela Lei 10.358, de 28/12/2001).

    Da a utilidade das medidas cautelares, que preservariam os bens necessrios ao futuro cumprimento da obrigao, muitas vezes com a necessidade da execuo exintervallo (Humberto Theodoro Jnior, Tutela especfica das obrigaes de fazer e no fazer, p. 4).

  • PERFIL S ISTEM TICO OA TU TELA ANTECIPADA

    m ais se coad u n a com o interesse d o titu lar do d ire ito a resoluo do conflito em p e rd as e danos, no caso d e seu descum prim en to .

    C om o objetivo de proporcionar ao titu lar d o direito a obteno d a tu tela especfica de tais obrigaes, adveio o m ecanism o do art. 461, do C digo de Processo Civil, p o r in term dio da Lei 8.952, de 13/12/1994 , baseado no art. 84 do C digo d e Defesa do C onsum idor (Lei 8.078, de 1 1 /9 /1 9 9 0 )^ , am bos in sp irados "no princpio da m aior coincidncia possvel en tre a prestao devida e a tu tela jurisdicional entregue"'^ '. Por seu tu rno , a Lei 10.444, de 8 /5 /2 0 0 2 , ao acrescentar o art. 461-A ao Cdigo de Processo Civil, inseriu a figura da tutela especfica tam bm p a ra as aes que tenham p or objeto a entrega de coisti d iferente d e d inheiro , estendendo-lhes os m ecanism os previstos nos pargrafos do art. 461.

    Desse m odo , nas aes que tenham p o r objeto o cu m p rim en to de obrigao de fazer ou de no fazer, o juiz conceder a tutela especifica da obrigao ou d e te rm inar as p rov idnc ias que asseg u rem o resultado prtico equivalente ao do ad im p lem en to (art. 461, caput). Para tanto , inclusive nas aes p a ra en trega de coisa (art. 461-A), p o d e r o juiz, a lm de conceder a an tecipao da tutela (art. 461, 3)^ , fazer uso d as m ed id as de coero e de sub- rogao p rev is tas nos 4 e 5" d o art. 461^^. A ssim , a obrigao

    Lei 8.078, de 11/9/1990, art. 84, c a p u t Na ao que tenha por objeto o cumprimento da obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento",

    ZAVASCKI, Teori Albino, Antecipao da tutela e obrigaes de fazer e de no fazer. Gnesis - Revista de Direilo Processual Civil. Curitiba, v. 4,1997, p, 111.

    Para Teori Albino Zavascki a reiterao do mecanismo da antecipao da tutela - j prevista genericamente no art, 273 - no 3- do art, 461 justificada em face da "importante funo de salvaguarda da prestao especifica que a medida assumir em se tratando de cumprimento de obrigao de no faze f, uma vez que "o nosso sistema anterior no dispunha de mecanismo eficiente a garantir tutela especifica para obrigaes negativas sob ameaa de leso" {Antecipao da tutela e obrigaes de fazer e de no lazer, p, 1 1 4 -g rifo s no originai) V. adiante, a respeito das medidas de coero e de sub-rogao. Cap. 2, item 2.7,1.

  • 34 FBIA LIM A DE BRITO

    S se converter em p e rd as e danos se o au to r assim o requere r ou se for im possvel a tu tela especfica o u o equ iva len te re su lta do p r tico (art. 461, 1). E, m esm o assim , d e acordo com o 2 do art. 461, " a inden izao p o r p e rd as e d anos dar-se- sem p re ju zo da m u lta (art. 287)".^

    M esm o q u a n d o ped id a em face do P od er Pblico, cabvel a antecipao d a deciso que concede tutela especfica. Cite-se, p o r exem plo, o caso da ao d e obrigao de fazer, com p ed id o de tu te la an tec ipada , p ara q u e o P od er Pblico p ro v idenc iasse o fornecim ento d o s m edicam entos necessrios ao tra tam en to d a S n d ro m e d a Im u n o d e f ic i n c ia A d q u ir id a (A ID S), q u e foi deferida em 1" g ra u de jurisdio e m an tida pelo T ribunal de Justia d o Estado d e So Paulo (TjSP).^^

    Por ou tro lado, q u an d o o d em an d an te objetiva u m no fazer, tem -se a tutela inibitria, cujo cabim ento m u ito com u m nas aes am bienta is , em que se postu la o im ped im en to de u m ato ilcito lesivo ao m eio am biente. P ara a sua concesso, basta o fu n d ad o receio d o ilcito, no im p o rtan d o se o d an o im inente. P o rque esse no fa z e r d ep e n d e de ato do dem an d ad o , d e g ran d e valia a utilizao da m u lta .^

    ^ Estabelece o art. 287 do CPC (localizado na seo que cuida do pedido, no procedimento ordinrio), com a redao que lhe deu a Lei 10.444, de 8/5/2002, que: "Se o autor pedir que seja imposta ao ru a absteno da prtica de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poder requerer a cominao de pena pecuniria para o caso de descumprimento da sentena ou da deciso antecipatria de tutela (arts. 461, 4, e 461-A). Sob a gide do sistema anterior, "o pedido de cominao de pena era um nus absoluto do autor, sem o qual ele no poderia obter mais tarde, no processo de execuo por obrigao de fazer ou de no fazer, a imposio das astreinies disciplinadas nos arts, 644-645 do Cdigo de Processo Civil (Cndido Rangel Dinamarco, A reforma da reorma, p. 242}. Com o advento da nova sistemtica processual, tal pedido passou a ser faculdade do autor que, evidentemente, no exclui a possibilidade de sua fixao ex otficio pelo juiz (art. 461, 4-}. V., adiante, Cap. 3. item 3.3.2. TJSP, 7 Cmara de Direito Pblico, Agr. Instr. 198.144,5/6-SP, Rei. Des. Srgio Pitombo, j. 4/6/2001, V .U . , BAASP 2.280, de 9 a 15/9/2002, pp. 2369-2372.

    MARINONI. Luiz Guilherme. Tutela inibitria: individual e coletiva. 2. ed. So Paulo: RT, 2000, pp. 158 e 166.

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TUTELA ANTECIPADA

    D esde o seu im plem ento , p o r m eio da Lei 8.952, d e 1 3 /1 2 / 1994, m u ito se vem d iscu tindo na d o u tr in a acerca da n a tu reza d a sentena p ro ferida com base n o art. 461, u m a v ez que, para a efetiva en trega da tu tela jurisdicional especfica, os 4" e 5" confe riram ao ju iz os m ecan ism os de coero (m ultas) e de sub- rogao (constries judiciais), que Teori A lbino Zavascki cha m o u de " p o d e r executrio genrico" '^ . Em razo disso, d iv e rgem os d o u tr in ad o res q u an to deciso ser m era m en te conde- natria , m andam en ta l, executiva lato sensu o u u m a com binao desses provim entos.

    P ara K azuo W atanabe, o legislador conjugou os p ro v im en to s m an d am en ta l e executivo Into sensu , com vistas a p ro p o rc io n ar m aior efe tiv idade a lu d id a tu tela especfica. A ssim , p o r m eio do p ro v im en to m andam en ta l, o juiz d e te rm in a u m a o rd em ao d em a n d a d o que, se descu m p rid a , da r ensejo ao crim e d e deso bedincia. Por m eio d o p rov im en to executivo lato se n su , o juiz lana m o dos m eios de atuao d ispon veis n o s 4'" e 5^ para o alcance d a tu tela especfica.'^'*

    H u m b erto T heodoro Jnior, p o r sua vez, en te n d e q u e a aplicao d as m ed id as p rev istas nos 4" e 5^ do art. 461 se d m ed ian te p roced im en to m andam en ta l, ou seja, "p o r o rd em d o juiz exeqvel d e p lano, inclusive com apoio de fora policial, se n e cessrio", m as no se sujeitam ao p roced im en to tpico d a s execues foradas. Explica o m encionado jurista qu e o carte r m an d am en ta l aplica-se s m ed id as de apoio (cautelares e antecipa-

    " ZAVASCHl, Teori Albino. Antecipao da tutela e obrigaes de fazer e de no fazer. Gnesis - Revista de Direito Processual Civil. Curitiba, v, 4, p. 113, jan./abr 1997. WATANABE, Kazuo. Tutela antecipatria e tutela especifica das obrigaes de fazer e no fazer, (arts. 273 e 461 do CPC). Reforma do Cdigo de Processo Civil. Slvio de Figueiredo Teixeira (Coord.). So Paulo; Saraiva, 1996, p. 28.

  • fAb ia l im a d e b r it o

    trias) e no sentena final - que en ten d e co ndenat ria e, p o r tanto , sujeita execuo norm al/^

    C om en tend im en to diverso , A da Pellegrini G rinover susten ta que a n a tu reza d a tu tela especfica das obrigaes executiva lato sensu , ao a rg u m en to d e que q u an d o se ap licam as m ed id as d o 5 do art. 461, em bora a sentena seja condenat ria , ela p ro picia a pr tica d e atos executrios no p r p r io processo cognitivo, sem necessidade d a execuo ex intervallo , o q u e significa que executiva lato scnsu . O m esm o ocorre com a im posio da m ulta d iria p rev is ta n o 4" do referido art. 461, de ofcio pelo juiz, de tal form a q u e o p ed id o do au to r, na verdade , o d e "expedio d e u m a o rd em p a ra que, p o r m eios sub-rogatrios, se chegue ao re su ltado p r tico equ iva len te ao ad im p lem en to " .^

    Ao d iscorrer sobre o tem a, Teori A lbino Zavascki a firm ou que a d ificu ldade d e se caracterizar a ao d o art. 461 sem p re com o executiva Into sensu estava no art. 644 d o CPC, q u e na redao d a d a pela Lei 8.953, de 13 /12 /1994 , p rev ia a figura da ao a u tnom a de execuo de obrigaes d e fazer e n o fazer "d e te r m in ad a em ttu lo judicial", d o n d e se p o d ia en ten d er q u e o art. 461 p ro d u z ia , pelo m enos em a lgum m om ento , a sen tena con d e n a t r ia (p a ra q u e fosse p ass v e l d e p o s te r io r execuo ex intervallo) e no executiva lato sensu.^^

    Tutela especifica das obrigaes de fazere no fazer, n. 13. Disponvel em; . Acesso em 29 abr. 2002.

    GRINOVER, Ada Pellegrini. Tutela jurisdicional nas obrigaes de fazer e no fazer. Reforma do Cdigo de Processo Civtl. Slvio de Figueiredo Teixeira (Coord.). So Paulo: Saraiva, 1996, pp. 261- 264.

    Ar^tecipao da tutela e obrigaes de fazer e de no fazer, p. 116. Na redao conferida pela Lei 8.953, de 13/12/1994, o caputdo art. 644. do CPC. dizia que: "Na execuo em que o credor pedir o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, determinada em titulo judicial, o juiz, se omissa a sentena, fixar multa por dia de atraso e a data a partir da qual ela ser devida". Em manifestao recente, afirmou Teori Albino Zavascki que executiva lato sensu a ao prevista no art. 461 do CPC { Liquidao e Execuo" - Comentrios s Reformas do CPC, p. 12),

  • PERFIL S ISTEM TICO OA TU TELA ANTECIPADA

    E ntre tan to , com a no v a redao d a d a pe la Lei 10.444, de 8 / 5 /2002 , o m enc ionado art. 644 preceitua q u e "a sentena re la tiv a a obrigaes d e fazer o u no fazer cum pre-se d e acordo com o art. 461, observando-se, subsid iariam ente , o d isposto neste cap tu lo" . D estarte, possvel concluir que a deciso p ro fe rid a com base no art. 461, em bora traga em seu bojo u m a o rd em judicial (p rov im en to m andam en ta l), possui, d o ravan te , n a tu reza executiva lato sensu.

    Sem em bargo , seja a tu tela m an d am en ta l, seja executiva lato se n su , deve-se a ten ta r p a ra o fim ltim o que elas buscam , sob o ngu lo da viso externa do processo (do processo civil de re su ltados). certo q u e am bas as tu telas p rop ic iam u m m o d o d iv e rso "d e verificao da eficcia externa d as decises no processo e tm a inegvel funo de m elho r e luc idar o fe n m e n o da atuao do d ire ito; a lm d e ap rox im ar a a tiv idade cognitiva da realizao concreta do s d ireitos, con tribuem p a ra a re la tiv izao do b inm io condenao-execuo - n isso reside a g ra n d e van tagem da distino en tre as d u as tutelas."-

    1.6 A tempestividade da tutela jurisdcionalA preocupao d o d o u tr in ad o r m od ern o com a efetiv idade

    d o p rocesso civil brasileiro est in tim am en te ligada com a tem pes tiv id ad e da prestao jurisdicional, pois a m o ro sid ad e dos processos fator de g ra n d e insatisfao social e ca u sad o r de descrena n o P oder Judicirio.

    " LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficcia das decises e execuo provisria. So Paulo: RT, 2000, p. 167, V., sobre o tema, Eduardo Talamini, que questiona viabilidade da reunio dos provimentos condenatrios, executrios lato sensu e mandamentais numa categoria nica, j que a diversidade enlre as suas eticcias precpuamente estrutural, pois "em termos funcionais, aproximadamente, elas se eqivalem. {Tutela relativa aos deveres de fazere de r^o fazer. So Paulo: RT, 2001, pp. 205-207)

  • 38 FBIA U M A OE BRITO

    Tal celeridade na prestao d a tutela ju risd idonal, n o se constitu i em preocupao nica da d o u trin a processual ptria . Mais do q u e isso, preocupao d e cunho in ternacional a tin en te aos d ire itos da p essoa hum an a , que vem consag rad a n o texto da C onveno A m ericana sobre D ireitos H u m an o s , o conhecido Pacto de Snn Jos da Costa Ricn, celebrado em 22 /1 1 /1 9 6 9 , que trata d o tem a em anlise nos arts. 8 e 25, ora transcritos;

    " A r t S1. T o d a pesson tcin d ire ito a sc r o u v id n , com as dezudns g frm i- t ias e d e n t r o d e u m p r a z o r a z o v e l , p o r la n j u i z o u tr ib u n a l c o m p e te n te , in d e p e n d e n te e im parc ia l, estabelecido a n te r io r m e n te p or lei, na apurao de qu a lq u er acusao p e n n l f o r m u lada con tra v h , ou paro que se d e te r m in e m s e u s d ire ito s ou obrigaes de n a tu re za c ivil , traba lh is ta , f i s c a l ou de q u a lq u e r o u tra n a tu re za " , (grifos nossos)

    "A rt. 251. Toda pesson te m d ire ito a u m recurso s im p le s e r p i d o o u a

    q u a l q u e r o u t r o r e c u r s o e f e t i v o , p era n te os j u z o s ou t r ib u n a is co m p e te n te s , q u e a pro te ja con tra n tos q u e v io lem seus d ire ito s fu n d n m e t i ta is reconhecidos pela C o n s t i tu i o , pe la lei ou pela p re se n te C on v en o , m e s m o q u a n d o tal v iolao seja co m e tid a p o r pessoas q u e e s te jam a lu a n d o no exerc c io de su a s

    f u n e s ofic ia is" , (grifos nossos)

    P o r se r s ignatrio d o m encionado pac to in ternacional, q u e foi p ro m u lg ad o pelo Decreto federal n 678, de 6 /1 1 /1 9 9 2 , deve o Brasil fazer cu m p rir suas disposies, a teor d o q u e d isp e o 2" d o art. 5, da C onstitu io Federal.'^

    0 art. 5-, 2-, da Constituio Federal, dispe que; os direitos e garantias expressos nesta Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TUTELA ANTECIPADA

    N o nosso sistem a processual, o tradic ional p roced im en to ord inrio , q u e sem pre foi excessivam ente p res tig iado pelos o p e rado res do direito , se reconhece um direito , na m aioria do s casos, no d ao au to r o d ireito p leiteado (sentena co n d e n a t ria )^ . Isso p o rq u e , conform e m enc ionado an te rio rm en te , a sentena condenat ria s tem efetiv idade em caso de cu m p rim en to esp o n tn eo p o r p a r te d o obrigado , caso contrrio , o d ire ito s ser efetivado com o a ju izam ento d o processo de execuo.

    Esse m o d o d e ser d o p roced im ento o rd inrio o revela injusto s p ar te s m enos favorecidas econom icam ente, n a m ed id a em que n o p o d em esperar, sem dan o s significativos, a realizao dos seus d ireitos. Por esse m otivo, os m ais pobres o u m ais fracos na relao processual tendem a aceitar transaes sobre os seus d i reitos "em v irtu d e da len tido da Justia, ab r in d o m o de parce la d o d ire ito que p rovavelm en te seria realizado, m as d ep o is de m u ito tem po. A d em o ra d o processo, na v e rd ad e , sem p re lesou o

    p rincp io d a igualdade".^''

    N o s a m o ro sid ad e d o p roced im en to o rd in rio represen ta obstculo ilegtim o tem pestiv idade da tu tela jurisdicional, tam bm o abu so d o direito d e defesa e o abu so do d ire ito de recorre r o rep resen tam , na m ed id a em que p re jud icam a ad m in is tra o da justia, que passa a ficar ab a rro tad a d e p rocessos e de recu rsos com fins esprios. D esta feita, a ex e cu to ried ad e das decises, p o r m eio d a tcnica d e antecipao do s efeitos d a s d e cises, " to rna-se po ten te a rm a contra os m ales d a d u rao ex-

    ^ A expresso utilizada por Luiz Guilherme Marinoni a de que "o to mimado procedimento ordinrio, somente aps muito custo reconhece a existncia de um direito". [A antecipao da tutela. 7. ed. So Paulo: Malheiros, 2002, p. 22), MARINONI, Luiz Guilherme, ibidem, p. 22.

  • FB1A LIM A DE BRITO

    cessiva d o processo", especialm ente nos casos em q u e se ev idencia a sua u tilizao d e form a abusiva p o r u m a d as partes .^

    P ortan to , o tem p o - excessiva d em o ra - ao lado d o custo oneroso , so fatores que justificam o enfraquecim ento social do Judicirio, pois tangem as pessoas a ev itar o processo , eis que g erad o r d e an g stia e infelicidade pessoal, revelando-se v e rd a deiro in im igo d a pacificao social. O ra, de n ad a va lem as ga ran tias d o p rocesso se n o for assegurada a eficincia re p re se n tad a pe la celeridade, pois "a dem o ra excessiva n a en treg a da tu te la jurisdicional rep resen ta v erdadeira denegao d a justia, o que no se coad u n a com o escopo da cincia processuar'.*"

    A esse p ropsito , a tu tela an tec ipada revela-se o g ran d e sinal d e esperana em m eio crise q u e afeta a Justia Civil, u m a vez que, se co rre tam en te u tilizada, con tribu ir en o rm em en te p a ra a res taurao da ig u a ld ad e n o p ro c e d im e n to ^ . A tcnica anteci- p a t ria , na verdade , um a tcnica de d istribu io d o nus do tem po n o processo, d e m o d o que tal nus no seja apenas do autor^"^. O u seja, o processo no po d e p re jud icar o au to r q u e tem razo.

    Em sum a, o d ireito de acesso justia, consag rado n o inciso XXXV, do art. 5", da Constitu io Federal, deve ser en ten d id o d e form a am pla , sob os aspectos extrnseco e in trnseco ao p roces so. Extrinsecam ente, essa garan tia constitucional "significa u m

    canal de abertura d e acesso incondicionado aos rgos d o P od er

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Biiccia das decises e execuo provisria. So Paulo; RT, 2000, pp. 232-233.

    BEDAQUE, Jos Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada. Tutelas sumrias e tutelas de urgr)cia (tentativa de sistematizao). So Paulo: Malheiros, 1998, p, 107.

    MARINONI, Luiz Guilherme. Ibidem, p. 23,

    MARINONI, Luiz Guilherme. Ibidem, p. 23.

  • P ERFIL S ISTEM TICO D A TUTELA ANTECIPADA 41

    Ju d ic irio; sob o aspecto intrnseco, "ao asseg u rar u m a tu tela ap ta a afas tar 'q u a lq u e r form a de denegao d a justia ', rep re sen ta o d ire ito n tu tela jurisd ic iona l adequada e, p o r conseqncia, tem pestiva" . A tu tela an tecipada, in tro d u z id a pe la Lei 8.952/94 n o sistem a processual brasile iro , conform a-se p rec isam en te n es se contex to /"

    2 A TUTELA JURISDICIONAL ANTECIPADA

    2.1 Efeitos e eficcia das decises: anlise sucintaN o m bito d as decises judiciais d is tinguem -se sua eficcia

    d e seus efeitos. O s efeitos referem -se ao fenm eno ex terno do ato q u e os p ro d u z , ou seja, relacionam -se com a alterao concreta na v ida d a s pessoas; j a eficcia d a s decises refere-se ao seu con tedo jurdico, "d es ig n an d o a q u a lid ad e o u o a trib u to d o ato idneo a gerar efeitos". C om isso, os efeitos "n ad a m ais so do q u e conseqncias na tu ra is da eficcia d e u m d e te rm in a d o ato jurdico".^'

    N o apenas a sen tena d e m rito p ro d u z efeitos ex te rnos ao processo, na m ed id a em que p o d em resu lta r tan to d a a tuao pr tica da sentena de m rito recorrida, com o da antecipao da tu te la , cu ja eficcia p o d e d e te rm in a r a p ro d u o d e efe itos declara trios, constitu tivos e condenat rios n o m u n d o exterior do s d em an d an tes . N isso reside a im pera tiv idade d a s decises ju diciais, que consiste no p o d e r de se im porem d e im ediato , "in-

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Ibidem, p. 182.

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficcia das decises e execuo provisria. So Paulo: RI, 2000, p. 147,

  • F B IA L IM A DE BRITO

    d ep en d en tem en te d e sua validade , defin indo , de form a p ro v isria ou definitiva, a situao jurdica existente en tre as p artes" .^

    A eficcia d as decises e o a tribu to da coisa ju lgndn no se confundem , j que executoriedade e im u tab ilid ad e so conceitos d istin tos. Isto po rque , decises p rov isrias p o d em se revestir de eficcia, d e m o d o que todos os efeitos possveis da sen ten a po ssam ser p ro d u z id o s in d ep en d en tem en te d o seu trnsito em ju lgado (executoriedade) - o que ocorre com a antecipao da tu tela ou com a in terposio de recurso que n o tenha efeito su spensivo (por exemplo: apelao, recurso ex trao rd inrio e re curso especial, conform e arts. 520 e 542, 2^ d o CPC); p o r seu tu rn o , a im u tab ilid ad e d as decises judiciais p re ssu p e a au to r id a d e d a coisa julgada.^

    A eficcia, vale d izer, refere-se ao con tedo de u m ato im p e ra tivo d o Estado, capaz de projetar seus efeitos para fora do p ro cesso, de m o d o a atingir de im ediato a v ida das pessoas, d iscip lin an d o os conflitos m ateriais. D estarte, a eficcia das decises p o d e ocorrer com a coisa ju lgada ou an tes dela , p o r m eio da concesso d e tu te la an te c ip a d a o u d a in ex is tn c ia d e efeito su sp en siv o d o recu rso in terposto - fenm eno esse q u e P aulo H e n r iq u e d o s S a n to s L u co n d e n o m in o u d e a n te c ip a o da executoriedade?^

    A esse respeito , salienta Cssio Scarpinella Bueno q u e a p o s sib ilidade d e incio da eficcia d as decises ocorre com a sua publicao, q u a n d o passam a existir ju rid icam ente . A ntes disso, p o rq u e inexistentes, no p o d em surtir efeitos. E n tre tan to , a pu-

    " LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Ibidem, p, 148,

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Ibidem, p. 150.

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos, Op. c it p. 150,

  • PERFIL SISTEM TICO DA TUTELA ANTECIPADA

    blicao no , em regra, suficiente p a ra to rnar eficaz a deciso p ro la tada , pois som ente aps o transcurso , in albis, d o p razo para in terposio de even tual recurso que ser e f ic a z ^ . D esse m odo, o efeito su spensivo no su spende a eficcia d a deciso, o que ele faz, na verdade , p ro lo n g ar o seu estado de ineficcia. Por o u tro lado, a deciso cujo recurso desp rov ido do efeito suspensivo j ap ta , d esd e a publicao, a p ro d u z ir efeitos ju rd icos/^

    N o se verifica, p o rtan to , relao de p re jud ic ia lidade ou d e dep en d n c ia en tre os efeitos das decises e a q u a lid ad e da coisa ju lgada, um a vez que o decurso dos p razos ou a u tilizao de todos os recursos cabveis no tm o condo exclusivo de a tr i bu ir-lhes eficcia. A inda assim , a lguns efeitos som ente podero ser sen tidos pelas partes com o trnsito em ju lg ad o da deciso, aps o esgotam ento do s recursos cabveis, h ip tese em que coincidem a coisa ju lg ad a e a eficcia d a sentena o u ac rdo de m rito , tal com o ocorre com as sentenas com eficcia m eram ente declara tria ou constitutiva. De toda form a, pode-se concluir que a sentena de m rito p o d e tornar-se eficaz an tes ou depo is do

    BUENO. Cssio Scarpinelia. Execuo provisria e antecipao da tutela: dinmica do efeito suspensivo da apelao e da execuo provisria: conserto para a efetividade do processo. So Paulo; Saraiva, 1999, pp, 38-39. Nesse sentido, conclui o aludido jurista que o inicio da eficcia da deciso jurisdicional relaciona-se no s com sua existncia jurdica (publicao ou cincia das partes), mas, tambm, com a inexistncia da viabilidade da interposio de recursos munidos de efeito suspensivo. Deve-se, para admitir eficcia deciso, aguardar in albis o prazo para interposio de recursos munidos de efeito suspensivo, que s tem inicio, como cedio, com a publicao da deciso da qual se pretende recorrer ou com a tomada de cincia pelas partes (op. ci(., p. 47).

    Esse 0 entendimento de Jos Carlos Barbosa Moreira, para quem o prolongamento da ineficcia da deciso, ocasionado pela interposio de recurso, atinge toda a eficcia da deciso, e no apenas 0 efeito executivo que ela possa ter ( 0 novo processo civil brasileiro, p, 123 - gritos no original). dizer, a regra a de que os recursos so dotados de efeito suspensivo. Enquanto sujeita a recurso, a deciso, em princpio, no produz efeitos. Excepcionalmente, a lei, negando suspensividade ao recurso, permite que a deciso se torne eficaz antes de transitar em julgado. Essa antecipao pode concernir a toda a eficcia, ou s a alguns efeitos da deciso. Resulta necessariamente de texto legal expresso, ou de categrica imposio sistemtica {Jos Carlos Barbosa Moreira, op. cit.. p. 1 2 3 - gritos no oiiginal).

  • FABIA l im a DE BRITO

    seu trnsito em ju lgado. N a verdade , en q u an to a execuo d e finitiva u m a decorrncia da res judicata , a execuo provisria re su ltado da antecipao d a eficcia d a deciso, an tes m esm o d a d iscip lina defin itiva do s interesses d as p arte s litigan tes".^

    A esse respeito , pode-se d ize r q u e a tu tela provisria (que objetiva re sg u a rd a r a efetiv idade do processo) coaduna-se com a idia da eficcia d a s decises, q u an d o ela su rg e an tes da qualid a d e da coisa ju lgada; ao passo que, os efeitos ad v in d o s d a a u to rid ad e da coisa ju lgada se conform am com a idia d a tutela satisfativa.

    D estarte, to m an d o p o r base sua eficcia jurd ica, Jos Roberto d o s Santos B edaque d istingue, n o sistem a processual brasileiro, d u as m o d alid ad es de tu tela jurisdicional: a tu te la d e con tedo satisfativo e a tu tela provisria. As tu telas satisfa tivas so aquelas "ap tas a afastar defin itivam ente a situao de inad im p lem en to o u d e am eaa a u m direito , recom pondo d e um a vez p o r todas o o rd en am en to jurd ico vio lado ou am eaado" (qua lidade da coisa ju lgada). A s tu telas provisrias no se d es tin am a reso lver o p rob lem a d e d ire ito m aterial, "m as a assegurar qu e essa soluo possa ocorrer e se r til para qu em dela necessita. So tu telas vo ltadas p a ra garan tir a efetiv idade do sis tem a" (so as tu telas d e urgncia, com o a tu tela antecipada), p o r isso, no so im u t veis e d ep e n d em sem pre de u m a tu tela fu tu ra , qua l se v in cu lam p o r nexo de instrum entalidade/

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficcia das decises e execuo provisria. So Paulo: RT, 2000. pp. 150-151.

    BEDAQUE, Jos Roberto dos Santos. Tutela cauielar e tutela antecipada. Tutelas sumrias e tutelas de urgncia (tentativa de sistematizao). So Paulo: Malheiros, 1998, pp. 377-379. Bedaque define eficcia jurdica como sendo "os efeitos que as decises iudiciais produzem no plano das relaes de direito material, quanto atuao da vontade concreta da lei, eliminao do litigio e pacificao" (op. d!., p. 377),V., tambm, Eduardo Talamini, Tutela relativa aos deveres de fazer e de no lazer, pp. 369-371,

  • PERFIL S ISTEM TICO DA TU TELA ANTECIPADA

    2.2 A cognio judicialA a tiv id ad e d e conhecim ento, o u a cognio n o processo ci

    vil, ' 'd e v e objetivar, na m ed id a d o q u e for p ra ticam en te possvel, a reconstitu io v erdadeira dos fatos, p re ssu p o sto in d isp en svel d a correta aplicao d as norm as ju r d ica s"^ , o que d e p e n de, m u itas vezes, da partic ipao dos litigantes no p rocesso (contrad itrio).

    A anlise da cognio im portan te , "na m ed id a em q u e esta belece em quais situaes n o curso d o p rocesso ser ad m itid a a execuo [provisria] e de que m odo ela se realizar" . Relaciona-se, p o rtan to , com a idia da eficcia d as decises.

    A cognio judicial corresponde, p o rtan to , s form as pelas qua is o juiz conhece de te rm in ad a p retenso , q u e p o d e ser horizonta l ou vertical. A cognio horizon ta l refere-se am p litu d e do conhecim ento do juiz no conflito de interesses, q u e p o d e ser p le na o u parcial. J a cognio vertical d iz respeito ao q u a n tu m da questo levada a juzo q u e po d e ser conhecida o u ap ro fu n d ad a (p ro fu n d id ad e , in tensidade); subdiv ide-se em cognio exauri- en te (definitiva, com pleta), sum ria e sum arss im a (superficial).

    2.2.1 Cognio horizontal (amplitude); plena e parcialN a cognio h orizonta l plena h o conhecim ento to ta l d a m at

    ria, ou seja, h espao p a ra discusso plena d a m atria , sem q ualq u e r restrio, seja ao debate das partes, seja cognio d o juiz. E a cognio do p roced im en to ordinrio .

    N a cognio horizon ta l parcial, a defesa d o ru o u a causa petendi res tr ing ida , p o r lei, a de te rm in ad as questes. A qui, a d iscusso ap e rtad a p o rq u e "o juiz fica im p ed id o de conhecer as ques-

    " LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Op. d f , p. 184,

  • 6 F B IA L IM A D E BRITO

    tes reservadas, ou seja, a s questes excludas pe lo leg islador p ara d a r con tedo ou tra demanda"". o que ocorre, po r exem p lo , nas contestaes em sed e d e c o n s ig n a o em p ag am en to (CPC, art. 896), na desapropriao {Decreto-Lei 3.365/1941, art. 20), na busca e ap reenso (Decreto-Lei 911/69, art. 3*^ , 2"), nos em bargos execuo fu n d ad a em ttulo judicial (CPC, art. 741). Se h o u v er necessidade de d iscusso am pla , deve-se reco rrer s v ias ord inrias, cognio plena.

    Em que pese restrio legal im posta cognio parcial, certo que, em d e te rm in ad o m om ento , to rnar-se- defin itiva e qualificada pe la coisa ju lgada m aterial. D esta feita, "a lim itao im p o sta pe la lei cognio no p lano ho rizon ta l jam ais ter o condo de a tr ib u ir um a eficcia provisria s decises. O a tr ib u to d a p ro v iso ried ad e ineren te ao exam e da cognio no p lano vertical".*

    2.2.2 Cognio vertical (profundidade): exaurlente, sumria e sumarssima

    2.2.2.1 Cognio vertical exaurlenteN a cognno vertical exniiriente, adm ite-se q u e se leve a juzo

    toda a m atria que se quer alegar, p o rtan to , ser exaurida . Esta cognio ocorre n o processo de conhecim ento e p rop ic ia m en o r incidncia de erros, com tendncia de m aior justia n a s decises. d izer, "o rgo jurisdicional aproxim a-se ao m xim o d a certe za a respeito d o conhecim ento dos fatos a legados pelas partes". C on tudo , essa certeza no absoluta, na m ed id a em q u e fru-

    MARINONI. Luiz Guilherme. A antecipao da ulela. 7. ed. So Paulo: Malheiros, 2002, p. 32.

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficcia tas decises e execuo provisria. So Paulo: RT,2000, p. 200.

  • PERFIL SISTEM TICO DA TU TELA ANTECIPADA

    to d a convico do ju iz d ian te d o direito e d a p ro v a constan te do s autos"*^^. O corre no processo d e conhecim ento , nos ritos o r d inrio , su m rio e do s juizados.

    De acordo com a lio de Teori A lbino Zavascki, o d ire ito cognio com pleta n o significa d ire ito a p ro ced im en to o rd in rio. O essencial p ara a garan tia d o direito cognio exaurien te q u e "a sentena definitiva d e m rito s se to rne im utvel aps serem viab ilizados am plos m eios de partic ipao dos litigantes na form ao do convencim ento do juiz, seg u n d o o art. 5", LV, da C onstitu io" \ in d ep en d en tem en te do p ro ced im en to em que ocorra - o rd inrio , sum rio ou especial.

    A cognio exaurien te ser defin itiva ou cornplcta q u an d o , an a lisada em sua p len itu d e pelo juiz, ocorrer o trnsito em ju lgado m ateria l d a sentena de mrito. Ser, no en tan to , no d efin itiva , a sentena p ro ferida em cognio exaurien te a in d a p en d e n te de recurso , ou seja, q u e a inda no transitou em ju lgado . Falta-lhe, p o r ta n to , a q u a l id a d e d a defin itiv id ad e . T o d av ia , a ausncia desse a tr ib u to no im p ed e a p ro d u o de efeitos ex te rnos ao processo, a executoriedade, j que esta decorre da im pera tiv idade da sentena; o q u e se deno m in a declarao com preva lcn te fiino execu tiva (eficcia executiva).^

    2.2.2 2 Cognio vertical sumriaA cognio vertical sum ria m enos p ro fu n d a e, p o r isso, m ais

    rp ida . Traz nsita a idia d o tem po no processo. Baseia-se em

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos, Op. cit.. pp. 187-188.

    " ZAVASCKI, Teofi Albino. Antecipao da tutela e coliso te tiireitos tundamentais. Reforma do Cdigo de Processo Civil. Slviode Figueiredo Teixeira (Coord.). So Paulo: Saraiva, 1996, pp. 148- 149.

    ^ LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Op. cit.. pp. 185-189.

  • FA81A LIM A DE BRITO

    juzo d e p robab ilidade inferior quele que se alcana ao final do processo de conhecim ento. Diz respeito "s decises q u e ficam lim itadas a afirm ar o p ro v v e l" ^ . C om isso, p a ra a sua concesso, b asta a dem onstrao d e de te rm in ad o s fatos e, com base nessa p robab ilidade , p o der se r concedida a p ro teo p re te n d i da. A respeito d o tem a, vale transcrever o ensinam en to de Paulo H en riq u e do s Santos Lucon, segu n d o o qual;

    "A p ro b a b i l id a d e s u p e r io r v e ro s s im ilh a n a d a s a le gaes, p o is esta se con ten ta com a m e ra p lau s ib ilidad e , ou seja, com a p oss ib il idad e d e os fa tos a leg ad o s pela p a r te se rem verdade iro s . A qui, ao con tr rio , p rocede-se a u m ju zo d e c red ib il idad e e m to rno do s fa tos em fu n o d a s p ro v a s a t o m o m en to co n s tan te d o s au tos. (...)[N a cognio sum ria ] o ju lg a d o r deve e v i ta r p ro v id n c ia s q u e se d is lo n c ie m do d ire ito subs ta n c ia l , m a s dever pre fer ir errar concedendo tais p rov idnc ias do que errar negando-as. A c e r t e z a a q u i r e s id e n a p r o b a b i l i d a d e d e n o s u j e i t a r o d i r e i to m a t e r i a l a s a c r i f c i o s i n a c e i t v e i s e c o m p r o m e t e d o re s d a p r p r i a e f e t i v i d a d e d o p r o c e s s o " ^ ^ . (grifos nossos)

    So exem plos de cognio sum ria , o m an d a d o de segurana (que exige p rova docum en ta l p a ra com provao d o direito lqu ido e certo), a sentena cautelar, a tu tela an tec ipada e o p ro cesso monitrio'^^. N essas hipteses, p o rq u e conced ida com base

    MARINON!, Luiz Guilherme. A antecipao da tutela. 1. ed, So Paulo; Malheiros, 2002, p. 33.

    LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficcia das decises e execuo provisria. So Paulo: RT, 2000, pp. 190 e 193-

    Sobre tais exemplos cabem algumas consideraes: a) o exame do mrito, no mandado de segurana, "condicionado existncia de prova capaz de fazer surgir cognio exauriente"; b) na tutela ante- cipatria concedida por meio do julgamento antecipado do pedido ou de um dos pedidos cumulados (tambm com fulcro no art. 273, inciso II), a cognio no sumria, mas exauriente; c) o processo monitro, que objetiva a formao do ttulo executivo sem a morosidade da cognio plena e exauriente resultado da combinao da tcnica da cognio exauriente por fico legal com a tcnica da cognio exauriente secundum eventum defensionis". na medida em que fica a cargo do devedor ou do obrigado o juizo de oportunidade sobre a instaurao dos embargos, que abrir caminho para a cognio exauriente (Luiz Guilherme Marnoni, A antecipao da tutela, pp. 36 e 4 1).

  • PERFIL S ISTEM TICO D A TU TE LA ANTECIPADA

    em fu n d am en to s m enos slidos, a cognio (sum ria) no acarre ta a q u a lid ad e da defin itiv idade, m as sim o a tr ib u to da provi- soriedade, com o form a d e re sg u a rd a r o d ire ito d a p a r te contrria. Esse o m o tivo d a exigncia de cauo, em d e te rm in a d as s itua es (CPC, art. 588, inciso II). De to d o m odo , co n q u an to seja de ca r te r parcial, a cognio sum ria p lena e completa.

    2.2.2 3 Cognio vertical sumarssma (ou superficial)A cognio vertical sum arss im a m ais b rev e d o q u e a sum ria .

    A qui, a idia a d e que, q u an to m enos se ap ro fu n d ar , m ais r p id o se decide. C on tudo , a deciso m enos seg u ra acerca d e q u em tem razo , p o rq u e f im dada em m era p laus ib ilidade (possibilid ad e , verossim ilhana) das alegaes, d ife ren tem en te d o que ocorre com a cognio