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JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA ANO XVII - N° 131 - MAIO/2012 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP) Perspectivas de crescimento criam cenário de otimismo na Região Metropolitana da Baixada Santista JULIANA KUCHARUK LUIZ FELIPE DIVULGAÇÃO

Perspectivas de crescimento criam cenário de otimismo na ... · O orçamento municipal de Santos, Plano Diretor, plane-jamento urbano, desemprego, ... Ana Flora trabalha como free

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JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA

ANO XVII - N° 131 - MAIO/2012 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP)

Perspectivas de crescimento criam cenário

de otimismo na Região Metropolitana da Baixada Santista

JULIANA KUCHARUKLUIZ FELIPEDIVULGAÇÃO

EDITORIAL

O futuro da Baixada

A economia do Brasil vem em ascensão, nos últimos anos, registrando sensíveis melhoras na área de empre-gabilidade, renda e condições de sobrevivência da popula-ção. Além de abrigar o maior porto da América Latina e pos-suir grande atividade indus-trial, principalmente na área de Cubatão, a Baixada Santista se destaca por receber turistas do Brasil e do mundo durante o ano todo.

Diante dessa constatação, o jornal Primeira Impressão decidiu dedicar a sua edição de maio à elaboração de um panorama das perspectivas de crescimento que se abrem para o desenvolvimento econô-mico da Região Metropolitana da Baixada Santista. Por isso, nesta edição, o leitor encontra-rá matérias que abordam as causas e as possíveis conse-qüências do pré-sal na região.

O orçamento municipal de Santos, Plano Diretor, plane-jamento urbano, desemprego, perspectivas econômicas e sa-lários, além de ampla matéria sobre a Bolsa de Valores, são temas tratados nas páginas desta edição.

Também são abordados os impactos ambientais que po-dem ser provocados pela ex-ploração da camada de pré-sal, turismo, qualificação de traba-lhadores e as obras de acesso ao Porto, que deverão estar concluídas em 2014. Tudo isso terá reflexos no futuro da Cida-de e região.

Por isso, fica aqui a certe-za de que o leitor do Primeira Impressão ficará mais bem informado e por dentro do que acontece na economia da Bai-xada Santista, que é responsá-vel por 3,2% do PIB do Estado.

PRATA DA CAsA: Ana Flora

Ana Flora: viver e desenhar sem borrachaLetícia Schuman

Ela é observadora, sua cor preferida é lilás, gosta de mú-sica popular brasileira e po-esia, é delicada, de poucas palavras e nunca pensou em ser jornalista, mesmo gostan-do tanto de escrever. Assim é Ana Flora Toledo, 23 anos, jornalista formada pela Uni-versidade Santa Cecília (UNI-SANTA) em 2011.

O gosto pela escrita veio muito antes do amor pelo jor-nalismo. “Sempre me dei bem com os estudos, mas tinha mais intimidade e liberdade com as palavras. Sempre gos-tei muito de escrever, de ler al-gumas coisas que me interes-savam, sabia que a única área em que eu me daria bem seria em comunicação”, comenta.

E por isso que Ana Flora optou pelo curso de Jornalis-mo. Ela conta que, quando começou o curso, descobriu que as coisas eram diferentes do que imaginava e, por isso,

teve de reaprender a escre-ver. “Aprendi que não basta gostar de escrever para ser profissional de imprensa. O jornalista escreve de uma ma-neira muito própria e tive que ir reaprendendo tudo. Criei novos hábitos e mudei minha maneira de escrever, de ver o mundo, de pensar sobre as coisas”, conta.

Ana Flora trabalha como free lancer no jornal A Tribuna, de Santos, onde tem a oportu-nidade de passar por diversas editorias e aprender a cada dia mais. “Sou muito observadora, gosto de ajudar quando vejo que posso. Não acredito que eu tenha que falar muito, dar opinião sobre tudo. Acredito, sim, que devo ter opiniões em-basadas sobre as coisas; por isso, procuro sempre conver-sar com os colegas e os edito-res, dar sugestões e pedir opi-nião. Afinal, sempre há o que aprender ou melhorar”.

A jornalista conta que a vida de recém-formada não

é fácil. Segundo ela, quando estava na faculdade, imagina-va que tudo seria mais tran-quilo após o trabalho de con-clusão de curso, mas não foi bem assim. “As coisas ficaram mais agitadas, com mais res-ponsabilidade. Mas tudo isso vem acompanhado de muito aprendizado. Está sendo uma boa experiência, apesar de ter dias tão corridos”.

Para ela, a profissão e o diploma valem a pena, inde-pendente de existir ou não a obrigatoriedade, pois um pro-fissional qualificado leva sem-pre vantagem sobre o outro. “A faculdade se torna muito importante, pois abre portas e serve para conhecer pessoas que já passaram ou estão no meio jornalístico”, diz.

Ana Flora diz que transfor-mou uma frase de Millôr Fer-nandes (1923-2012) em filo-sofia: “Viver é desenhar sem borracha”. E, a partir daí, tenta fazer aquilo de que gosta da melhor maneira possível, “sem

“Pré-sal já está acontecendo”

Ana Flora: sem receitas de sucesso

COLETIVA

Edição e diagramação: Karina Oliveira PRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 20122

Joanna Flora

Em uma entrevista aos alu-nos do quarto ano de Jorna-lismo da Unisanta, o jornalista e consultor financeiro Rodolfo Amaral, afirmou sobre o pré--sal: “Foi criado um glamour diante das possibilidades abertas por esse processo. Ele já está acontecendo, mas não na velocidade que esta-vam falando e que a Petrobrás esperava.”

Esse momento proveitoso para a região traz uma preo-cupação para o consultor. “O poder público está correndo atrás de estudos para qualifi-cação da mão de obra. Infeliz-mente, existem mais vagas do que interessados”, lamentou.

Santos cresce com o pré-sal

Análise do professor

EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub - Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Francisco La Scala Júnior. Design Gráfico e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel - Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, edição e diagramação: alunos do 4º ano de jornalismo – Editora de foto: Juliana Kucharuk Primeira página: Juliana Kucharuk - Foto capa: Juliana Kuckaruk– Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias e artigos contidos nesse jornal são de responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantenedora – UNISANTA – UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz, nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 32027100, Ramal 191 – CEP 11045-101 – E-mail: [email protected]

IGOR AUGUSTO

Rodolfo Amaral destacou os impactos do pré-sal na região

JULIANA KUCHARUCK

Economia é uma área onde os estudantes de jornalismo costu-mam torcer o nariz, especialmen-te por usar números nos textos.

Mas - mesmo sem usá-los - as repórteres Mariana Serra e Joanna Flora - identificaram enfoques diferentes para um as-sunto comum com perspectivas positivas, mas não na velocidade esperada, como destaca o entre-vistado. (Fernando De Maria)

ERRATA

Mariana Serra

Com a exploração de petró-leo na camada pré-sal da Bacia de Santos feita pela Petrobras, a expectativa é que a Baixada Santista cresça economica-mente. Para o jornalista e con-sultor econômico Rodolfo Ama-ral, a região vive um momento promissor. “O pré-sal já é uma realidade, já está acontecendo. Até 2020, a Petrobras pretende dobrar a quantidade de barris de petróleo que produz hoje e isso movimentará a economia da região”, disse o especialista em entrevista coletiva conce-dida aos alunos do quarto ano de Jornalismo da UNISANTA.

Para Amaral, o desenvol-vimento econômico da Baixa-da Santista não está atrelado somente à exploração de pe-tróleo. “Se melhora a econo-mia de uma região, todos os

setores saem ganhando. As cidades terão mais dinheiro para investir na infraestrutura e

mais empregos sur-girão em outros se-tores para atender a demanda da po-pulação”, ressaltou.

Apesar da ne-cessidade, o jorna-lista acredita que ainda falta mão de obra qualificada para acompanhar o desenvolvimento regional. “Estamos com deficiência de engenheiros e téc-nicos para trabalhar no pré-sal. Espero que ao longo do tem-po, os profissionais qualificados surjam, principalmente para preencher vagas nas empresas de presta-

ção de serviços”, acrescentou.Amaral também apontou o

lado negativo desse momento

na Baixada Santista, como a valorização excessiva do metro quadrado. “O pre-ço do solo já está valendo até quatro vezes mais, mas isso acarreta um processo elitista. Para quem tem di-nheiro, essa valorização é boa, já para quem não tem, é difícil conseguir manter-se na Cidade. O terreno está a preço de ouro”, afirmou.

Impactos em SantosMesmo com as mu-

danças que ocorrerão na região com a exploração do pré-sal, Amaral acre-dita que o maior proble-ma não está atrelado à produção de petróleo. “A principal dificuldade será de logística, por causa da duplicação na capacida-de de produção do Por-to de Santos”, finalizou.

De acordo com Amaral, exis-te uma grande deficiência na área técnica.

Engana-se, porém, quem acredita que esse desenvolvi-mento está atrelado apenas a quem está envolvido na área de petróleo e gás. Para expli-car melhor essa situação, o jornalista supôs o que faria se fosse prefeito de Cubatão. Ele lembrou que a Petrobrás está expandindo quase todas as suas refinarias de São Paulo, enquanto os polos de Paulínia, São José dos Campos e Mauá estão sendo reformulados.

“No entanto, o mesmo não está acontecendo na Refina-ria Presidente Bernardes”, ad-vertiu. “Até 2020, a Petrobras pretende dobrar a capacida-

de. Com isso, o recolhimento de ICMS de Cubatão poderia chegar a R$ 800 milhões”, ex-plicou. “Por meio desse valor,

Por lamentável erro gráfico, na reportagem “Forma moderna de escrever para o povo”, publicada na página 14 da edição de abril de 2012 do Primeira Impressão, foi reproduzida a foto do poeta Anderson Braga Horta, quando deveria ter sido publicada a foto do entrevistado, o escritor e jornalista Alaor Barbosa, reproduzida acima.

Na página 15 o diagramador colocou outro tipo de tipologia.

a cidade poderia melhorar em diversos setores, já que com esses recursos poderiam ser criadas, por exemplo, escolas e prontos-socorros, que preci-sariam de mão de obra e iriam gerar empregos”, disse.

Segundo ele, o outro pon-to influenciado pelo pré-sal é a valorização do solo. “Hoje em dia, há áreas que valem de duas a quatro vezes mais que antigamente. Acaba sen-do criado um processo elitista, já que poucas pessoas têm condições de pagar o valor cobrado. Ao mesmo tempo, faltam terrenos para constru-ção e os que existem ficam mais caros”, disse o especia-lista, citando a lei da oferta e da procura.

seguir receitas ou modelos predestinados de sucesso”.

Sobre seus planos, respon-de com simplicidade. “Espe-ro poder conviver com muita gente boa para crescer ainda mais. Quero que as pessoas gostem do meu trabalho e con-fiem nele para que eu possa ser respeitada pelo que faço”.

Edição e diagramação: Karina Carneiro PRIMEIRA IMPRESSÃO - Maio de 2012

Petrobras será decisiva para o crescimento da região

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Mariana Serra

A exploração do pré--sal na Bacia de Santos já não é no-vidade, mas o im-

pacto que ela terá na Baixa-da Santista cresce a cada dia. Atualmente, cerca de 1.200 pessoas estão diretamente en-volvidas na implantação da Unidade de Operações de Ex-ploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS), da Petro-bras, e ainda há mais vagas a serem preenchidas.

“Sabemos que até 2018 de-veremos ter cerca de seis mil pessoas trabalhando para a UO-BS em Santos e que cada emprego direto pode gerar de quatro a cinco empregos in-diretos”, garantiu o gerente--geral José Luiz Marcusso.

A unidade da Bacia de Santos foi criada em janeiro de 2006 e tinha apenas qua-tro pessoas trabalhando em uma sala alugada à Avenida Conselheiro Nébias. Hoje, conta com sete prédios nos bairros do Centro, Vila Nova, Paquetá e Gonzaga que abri-gam empregados próprios e de empresas terceirizadas que desenvolvem atividades para a Petrobras. Para aten-der à demanda da petrolífera e centralizar as operações, a empresa adquiriu um terreno de 25 mil metros quadrados no Bairro do Valongo, onde instalará sua sede definitiva.

“Serão três torres localiza-das atrás do Santuário Santo Antônio do Valongo, com ca-pacidade para cerca de duas

Até o fim do próximo ano, a Petrobras entregará o primeiro prédio corporativo localizado no Valongo: previsão é que até 6 mil funcionários estejam trabalhando no local até 2018, com a construção de mais duas edificações do mesmo porte

Empresa está construindo a sede definitiva da Unidade de Operações de Exploração e Produção no Valongo

AGÊNCIA PETROBRAS

As apresentações do último dia da semana ficaram

mil pessoas cada uma. O pri-meiro prédio, com 13 anda-res, deverá estar concluído no fim do próximo ano. Um museu do petróleo e da histó-ria da exploração e produção na Bacia de Santos também está contemplado no projeto e utilizará parte de um anti-go galpão da rede ferroviária, que será preservado”, revelou Marcusso.

Mas, o impacto da insta-lação da nova sede da Petro-bras em Santos vai além da criação de novos empregos. A presença da empresa na região vai colaborar para a revitalização do centro his-tórico da Cidade e da região portuária e, principalmente, para o crescimento econômi-

co da Baixada Santista.“Por conta da vinda da

Petrobras, várias empresas do setor também já se insta-

esse desenvolvimento. Com os aportes em instalações pre-diais, incluindo a construção da sede definitiva no Valongo, a Petrobras estará investindo cerca de R$ 400 milhões. Mas se considerarmos todos os investimentos feitos somen-te pela empresa desde 2006, ao longo da Bacia de Santos, esse montante chega a R$ 30 bilhões distribuídos em toda a área de influência da UO--BS, o que inclui a costa lito-rânea entre Rio de Janeiro e Santa Catarina”, assinalou o gerente-geral.

Atrativos A localização geográfica

de Santos, no ponto central da Bacia, foi um dos prin-cipais motivos para a esco-lha da Cidade para abrigar a sede definitiva da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Petrobras. Além disso, outros fatores contri-buíram para atrair a petrolí-fera.

“É aqui que está todo o corpo técnico, gerencial e ad-ministrativo, responsável por coordenar essas operações que acontecem em vários pontos ao longo da Bacia. As condi-ções da região também foram levadas em conta. Santos é uma cidade muito bem desen-volvida e estruturada graças a diversas atividades que an-tecedem a chegada da Petro-bras. O porto, a construção civil e o turismo são alguns desses fatores que sempre co-laboraram para o crescimen-to da cidade”, disse.

Para Marcusso, presença da Petrobras revitalizará ainda mais Centro Histórico santista, atraindo novos investimentos

O que é a Bacia de Santos?

É uma grande bacia sedi-mentar marítima, com mais de 350 mil quilômetros quadra-dos, que se estende da costa do Rio de Janeiro a Santa Cata-rina. A Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS) da Petrobras é responsável por gerenciar uma fatia significa-

tiva das operações de explora-ção e produção de óleo e gás natural ao longo dessa bacia, inclusive em parte da área co-nhecida como pré-sal.

Hoje, sete plataformas de produção já estão em opera-ção ao longo da Bacia de San-tos, além de 22 sondas de per-furação.

laram em Santos e em outras cidades da Baixada. Na reali-dade, todas as cidades da re-gião serão beneficiadas com

AGÊNCIA PETROBRAS

IGOR AUGUSTO

Falta de mão de obra capacitada preocupa especialistas

Trabalhadores e empresários precisam se atualizar para desenvolver atividades parelelas ao pré-sal

Ivan Baeta

O desconhecimento dos mora-dores da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), a falta de mão de obra para as ne-cessidades da prestação de servi-ços no Pré-Sal e o aumento signi-ficativo da população preocupam os especialistas, que preveem mu-danças drásticas nas oportunida-des de emprego e renda. Segun-do eles, a Baixada Santista vive seus problemas socioeconômicos, luta para encontrar equilíbrio e teme o desenvolvimento por des-conhecer as virtudes e os proble-mas que a exploração de petróleo na Bacia de Santos pode trazer.

Para o jornalista, consultor e ex-secretário de Finanças da Pre-feitura de Santos, Rodolfo Ama-ral, o desafio é conseguir explicar de forma clara todo este universo para os leigos no assunto. “Fiz consultoria para a Prefeitura der Bertioga. Fui contratado para prestar serviço e esclarecimento sobre o Pré-Sal, mas acabei vaia-do por pretensos ecologistas. Re-sultado: a empresa que pretendia se instalar lá acabou optando pela área continental de São Vi-cente”, diz Amaral, garantindo que os trabalhos na Bacia já es-tão acontecendo.

De fato, a exploração de pe-tróleo já começou e, para que se

Edição e diagramação: Joanna FloraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 20124

entenda, a Bacia de Santos vai de Santa Catarina até o Espíri-to Santo. O município de Santos foi escolhido como base central da Petrobrás, que está instalan-do sua matriz para direcionar e controlar seus serviços nesta imensa área que compreende os Estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, explica Amaral. Segun-do ele, a RMBS tende a ganhar muito com o Pré-Sal. “Mas há muito que se fazer na prestação de serviços, espaços ocupados, inovação e tecnologia”, conclui Amaral.

Para o cientista político Fer-nando Chagas, comentarista da Santa Cecília TV, a exploração do Pré-Sal trará desenvolvimen-to para a região. “Isto não quer dizer que este serviço trará rique-zas para a região”, ressalva, ex-plicando que o maior problema será como distribuir a riqueza do Pré-Sal entre a população da Baixada Santista.

Segundo ele, a parte negativa pode ser a precariedade da presta-ção de serviços, já que falta qua-lificação ao trabalhador santista. “O maior perigo é o aumento da violência na região por conta da falta de opções que vai fazer com que a população sem qualificação fique desempregada”, prevê.

Chagas diz que o empresário O setor da construção civil é um dos que mais sofre com a falta de mão de obra especializada

LUIZ FELIPE/ARQUIVO

santista terá de crescer com este desenvolvimento, capacitando--se na atividade portuária e no comércio exterior. “Do contrário, a força das grandes empresas de fora da região pode engolir os tra-balhadores e empresários santis-tas”, adverte.

Para o cientista político, o poder público deveria estar mais preocupado com as atividades de apoio ao Pré-Sal e não apenas com os royalties. “Santos vai ser um polo comercial do Pré-Sal. O município irá aumentar a arreca-dação do imposto sobre serviços (ISS)”, acredita.

Segundo Chagas, o trabalha-dor e o empresariado da região precisam se atualizar nas ativi-dades paralelas, como os serviços desenvolvidos por comissárias de despachos aduaneiros e fornece-dores de navios, além do comér-cio de equipamentos. “Todo este processo passa pelas questões técnicas e vai precisar de muitos trabalhadores dos municípios da região e do Estado. Não adianta ter um potencial muito grande, se o trabalhador não tiver condi-ções de estar enquadrado nesta gama de produtos e serviços”, afirma, lembrando que parte da população nem acredita que esse processo já foi deflagrado. “Mas posso garantir: está acontecen-do”, conclui.

Desemprego regional é maior que média nacional

Cauê Goldberg

A falta de mão de obra qua-lificada é um dos grandes pro-blemas que a Baixada Santis-ta enfrenta na luta contra o desemprego, que é maior que média nacional. A cidade de Santos se tornou a bola da vez desde a descoberta do pré-sal e a chegada da Petrobras. No entanto, a região ainda sofre com o desemprego que chega a ser de 12,3% em São Vicen-te, 8,95% em Santos, 13,13% em Guarujá e 18,2% na Praia Grande, de acordo com dados do segundo semestre do ano passado fornecidos pelo Nú-cleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese), da Unisanta. A taxa de desem-prego no País em março pa-sado foi de 6,2%, segundo o IBGE.

O índice de desemprego está em queda atualmente, graças à ampliação da rede hoteleira e o aquecimento da construção civil, mas ainda é elevado por falta de mão de obra. “A Cidade cresceu rápi-do demais e não foi possível formar pessoas o suficiente para suprir a demanda de em-pregos especializados, como camareiras de hotéis de nível internacional, engenheiros ci-vis e químicos. Então, estes setores são obrigados a con-

tratar gente de fora da cidade e a oportunidade de emprego acaba indo embora”, destaca o coordenador do Nese, Júlio Simões, que também é diretor dos cursos de Ciências Contá-beis e Administração da UNI-SANTA.

A questão do emprego é, hoje, a principal preocupação do movimento sindical, do Es-tado e, principalmente, da fa-mília, a que mais sofre com a falta de trabalho e queda na renda. Desempregado por seis meses, o pedreiro José Aníbal dos Santos afirma que já per-deu diversas vagas de emprego para gente de outras cidades. “Lembro que fiz umas cin-co entrevistas. Três delas eu perdi para gente que cobrava menos do que eu. Eu já cobro pouco e se cobrar menos, vou trabalhar de graça.Acabei vi-vendo de bicos por aí, pois não posso ficar parado. Mas bico paga bem pouco”, diz.

Julio Simões comenta que mesmo com a vinda da Petro-bras e os estudantes que estão se especializando em petróleo e gás, existem outras neces-sidades que serão acentuadas com o pré-sal. “Não podemos esquecer que a Cidade vai re-ceber muitos moradores no-vos. Isso vai fazer com que seja necessária a construção de novos hospitais, escolas,

creches, centros comerciais, restaurantes e, provavelmen-te, não teremos gente o sufi-ciente para trabalhar nessas áreas”, diz Simões.

No caso, a “bolha” criada pela chegada da Petrobras fez com que grande parte da po-pulação só tivesse olhos para um único setor, esquecendo-se de todos os outros, deixando brechas na infraestrutura da Cidade. “Estamos focando demais na questão do pré-sal e não estamos dando a devi-da atenção à infraestrutura necessária para atender ao pessoal”, comenta. Um bom exemplo disso é a construção de três torres na entrada da cidade da Petrobras.

As torres devem abrigar por volta de seis mil pesso-as, além de atrair um fluxo incalculável diariamente. “As construções de rodovias, escolas, hospitais seriam obrigatórias para comportar tanta gente e ninguém está dando atenção a isso e caso a Cidade não ofereça traba-lhadores qualificados para as essas funções, seremos obri-gados a procurar mão de obra em outro lugar”, enfatiza.

O consultor econômico e jornalista Rodolfo Amaral diz que o desenvolvimento da Ci-dade não está atrelado somen-te ao petróleo e gás. Se a eco-

nomia aumenta, todo mundo sai ganhando,

“Com a vinda do pré-sal surgem mais empregos e opor-tunidades em todas as áreas, mas ainda temos outros pro-blemas, como a falta de mão de obra qualificada. Talvez os empregadores sejam obri-gados a importar gente de fora para suprir a demanda”, afirma. O consultor também concorda com o fato de que o pré-sal vai gerar emprego apenas para algumas áreas e não vai ser a salvação dos de-sempregados.

Embora a Cidade esteja va-lorizada e o setor civil seja o segundo a oferecer o maior nú-mero de empregos, a presença de pessoas de cidades vizinhas acaba tomando o emprego de quem mora em Santos. De acordo com Simões, a Cidade

recebe trabalhadores de todas as localidades e, muitas vezes, os empregos que deveriam ser preenchidos por quem mora no município acabam sendo ocupados por moradores de fora. “O estoque de empregos não fica restrito aos residen-tes na Cidade. Embora seja um exemplo radical, é assim que funciona”.

No caso, as cidades vizi-nhas possuem uma economia menor, pois arrecadam menos dinheiro e acabam não abrin-do novos negócios, complican-do a situação do desemprega-do, que é obrigado a procurar emprego em outra localidade.

Atualmente, os setores de serviço e comércios são os que mais empregam e mesmo com o pré-sal devem continuar ge-rando o maior número de va-gas.

Júlio Simões: com o pré-sal, será necessária a construção de hospitais, escolas e restaurantes

RENATO FIGUEIREDO

Classe média representa cerca de 50% da população

5 Edição e diagramação: Caio AugustoPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012

Formada por famílias com renda mensal de R$1500, 00 a R$5 mil, a classe média tem um ponto em comum: o consumo

Bruna Dalmas

É com facilidade que a socie-dade pode perceber que um nú-mero significativo de brasileiros saiu da base da pirâmide social direto para o centro. Porém, não se pode dizer que o País tenha mudado da noite para o dia. A ascendência dessas fa-mílias é o resultado de diversos fatores, entre eles o da estabili-zação de preços, as disponibili-dades de crédito e o mercado de trabalho.

De acordo com o economis-ta e professor José Pascoal Vaz essa nova classe média está sen-do inserida agora e ainda é cedo para caracterizá-la. “Os parâ-metros utilizados para defini-la são vários e, em geral, muito baixos. Arrisco a dizer que ain-da é “imatura” e sofre de certo deslumbramento pelo consumo, tanto a família como um todo, quanto o trabalhador”.

Em geral, a classe C é for-mada por famílias com renda mensal entre R$ 1.500,00 e R$ 5 mil e o apreço pelo consumo é um ponto em comum. “Essa classificação sempre existiu. É que, com patamar muito baixo para defini-la, fica a impressão que cresceu muito. É preciso caracterizá-la melhor”, explica Pascoal.

O professor observa que a classe C em 1992 era composta por 34,96% da população. Hoje, os dados atuais apontam que a classe média ocupa cerca de 50% da população; enquanto as classes pobres (D + E) ocupam 25%, assim como as mais ricas (A + B), 25%.

Pascoal também afirma que apesar dessa classe estar “aflo-rando” mais rapidamente, ela está acompanhando o mundo, que é igualmente rápido, e con-ta com uma supervalorização proporcionada pela mídia. Po-

rém é preciso tomar certo cui-dado, pois, segundo ele, a nova classe média talvez esteja mais sujeita a “saturar-se” rapida-mente.

Certamente, existe também a valorização do “ter” pelas so-ciedades atuais, e está havendo um aumento de bens e serviços “sofisticados” em detrimento dos mais simples e essenciais. Outro ponto importante de

Trabalhadoras contam como sobrevivem com salário mínimo

Mariana Batista

Cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que trabal-hador brasileiro não ganha o necessário para se sustentar. Segundo o órgão, o salário mínimo nacional, ao invés de R$ 622,00, deveria ser de R$ 2.329,35, valor que deveria ser o suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, ves-tuário, higiene, lazer e previ-dência.

Na cidade de Santos, os preços estão cada vez mais altos: o valor do transporte público é de 2,90, a cesta básica varia de R$ 25 a R$ 40, os alugueis estão sofren-

do grandes alterações devido ao pré-sal; saúde, educação e lazer são responsabilidades do governo.

A cuidadora de idosos Mar-garida Fortunato, de 55 anos, acredita que o salário ideal para se viver bem seria de R$ 1.500,00 Em sua casa, moram e outras nove pessoas, três das quais trabalham e contribuem com os gastos. Suas despesas mensais são com a alimen-tação da família, que inclui mais do que uma cesta básica, pois, recentemente, ela ado-tou um bebê, o que aumentou os gastos no supermercado e também com a conta de água. “Mesmo ganhando um salário mínimo, estou satisfeita com meu emprego e não gostaria de mudar. Sempre tive dois empregos, mas, agora com o

bebê, só consigo ficar aqui”, confessa Margarida.

Em São Paulo, o mínimo é de R$ 690,00. É o que recebe a empregada doméstica Rox-ane Silva, de 27 anos. A pau-listana mora com mais qua-tro pessoas e os seus gastos mensais são divididos com a mãe e irmã. “Gostaria de ar-rumar um emprego em que ganhasse mais. Como não ten-ho estudos, tenho receio; por isso, me acomodei com a situ-ação atual”, conta.

Para adquirir seus bens es-senciais, o trabalhador bra-sileiro precisou cumprir uma jornada de 85 horas e 53 minutos em março e, no mês de abril, foram necessárias 94 horas e 41 minutos para a mesma compra, segundo o Dieese.

ressaltar é que os jovens dessas famílias se caracterizam como formadores de opiniões.

IndependênciaUm exemplo de pessoas que

conseguiram conquistar esse patamar é Sandra Leme, mani-cure, de 37 anos. Aos 17, apren-deu a fazer unha para colaborar no salão da mãe. Mas foi apenas no ano passado que conseguiu

conquistar sua independência profissional.

Mãe de três filhos, desde agosto de 2011 passou atender em domicílio até que, em março desse ano abriu sua própria sala. “Guardei um pouco de dinhei-ro ao longo desses anos. Mas o principal foi sair do salão da mi-nha mãe e começar a andar com minhas próprias pernas. Hoje consegui uma parte do que meu

sonho. Pretendo expandir mi-nha salinha”, diz.

As novidades não param por aí. Sandra também conseguiu financiar uma moto. Agora ela tem mais facilidade de se loco-mover em Guarujá, cidade em que mora numa pequena casa no bairro da Enseada. “Se pre-ciso me deslocar de uma hora pra outra, não é mais proble-ma”.

Em 1992, a classe média era composta por 34,9 da população brasileira, mas sempre teve como característica “um certo deslumbramento” pelas compras

Contas e cartões bancários: símbolos do consumo e muitas vezes dor de cabeça aos cidadãos

IGOR AUGUSTO

IGOR AUGUSTO

Agem prioriza geoprocessamentoAgência desenvolve estudos com o objetivo de preparar a Baixada Santista para receber

projetos regionaisRichard Durante Jr.

Geoprocessamento metropo-litano, monitoramento de uso do solo urbano e o plano de de-senvolvimento estratégico da região. Estes são os principais projetos que estão sendo elabo-rados pela Agência Metropolita-na (Agem), braço executivo do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb).

Considerado de vital impor-tância, o geoprocessamento metropolitano possibilita agre-gar e integrar informações em dados, em que as consultas, so-brepostas em mapas, deverão gerar produtos de pesquisas da região, dando suporte ao pla-nejamento municipal, regional e estadual. Recentemente, ser-vidores municipais realizaram um curso para que esses dados e suas estruturas de informa-ções possam ser enviados para o banco de dados da Agem. A in-tenção deste projeto é apoiar as decisões de planejamento para o desenvolvimento da Região Me-tropolitana.

Atualmente, estão sendo rea-lizadas a segunda fase com lici-tações e a terceira fase com a or-ganização dos dados da região.

A previsão é de que, até o fi-nal do ano de 2012, estejamos com as cinco fases finalizadas para realizar ajustes e novas implementações em 2013, por-que é um sistema que não se esgota e sempre há necessidade de alimentação em sua base de dados”, explicou Márcio Quedi-nho, diretor-técnico de tecnolo-

gia da informação.O Plano Metropolitano de

Desenvolvimento Estratégico da Baixada Santista, que está em fase de licitação, é mais um importante trabalho da Agem que irá contribuir para desen-volver estudos e cenários com o objetivo de realizar uma análise da real capacidade existente no território metropolitano.

Entre as funções do Plano, está a de que o Governo do Es-tado de São Paulo possua um planejamento estratégico que oriente os diversos investimen-tos públicos e privados neces-sários para a Baixada Santista até 2025. Esse planejamento orientará, inclusive, os termos de referência de planos e pro-jetos futuros e propiciará aos municípios da região cenários e perspectivas de desenvolvimen-to econômico, mobilidade e ha-bitação, com as potenciais de-mandas regionais, de tal forma que lhes permitam organizar a sua atuação estratégica e esta-belecer programações orçamen-tárias e de planejamento enca-

Adegas: a iniciativa tornará possível a aplicação mais direcionada dos recursos

deadas de curto (2015), médio (2020) e longo prazos (2025).

“O plano será um importante instrumento para a elaboração de políticas públicas que tem como objetivo o desenvolvimen-to da nossa região. Essa iniciati-va tornará possível a aplicação de recursos de forma mais dire-cionada, uma vez que o Plano revelará as principais deman-das dos nove municípios”, disse Marcos Aurélio Adegas, diretor--executivo da Agem.

O Plano Macrometrópole está a cargo da Secretaria de Desenvolvimento Metropoli-tano e da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa). Desse Plano, sairá o Plano de Ação Estratégica para a Macrometrópole Paulista, que constitui um instrumento de planejamento de longo pra-zo que pretende fornecer apoio para a formulação e implemen-tação das políticas públicas.

A diretora-técnica da Agem, Débora Blanco, acredita que o Plano da Macrometrópole será bastante beneficiado atuando

Planejamento tem comodesafio acesso viário, diz secretário

Luciano Agemiro

Nos últimos dez anos, Santos cresceu 0,4% em população, o que aponta certa estagnação no núme-ro de habitantes da principal cida-de da região. A tendência deve mu-dar na próxima década, já que os investimentos do pré-sal prometem aumentar o número de moradores e veículos nas ruas da Cidade. Para explicar como a Administração Municipal pretende evitar um co-lapso na infraestrutura da Cidade, o jornal Primeira Impressão con-versou com o secretário de Planeja-mento de Santos, Bechara Abdala Pestana Neves, que avaliou como maior desafio as obras viárias de acesso a Santos.

O setor imobiliário cresce a todo o vapor. Estudos das associações ligadas à construção civil em San-tos revelam que a ocupação dos imóveis é quase total. Os números do Censo 2010 revelam que, em dez anos, a população santista quase não aumentou. Apesar de parecer confuso, é o santista quem está ocupando os novos imóveis da Ci-dade.

“Hoje, muitas pessoas conse-guem subir de classe social e aqui na Baixada Santista não é dife-rente”, diz. Com melhor condição financeira, o cidadão de Santos consegue migrar para os pontos com melhor infraestrutura na Ci-

em conjunto com o Plano de Desenvolvimento Estratégico. “O Plano Metropolitano vai ter uma sequência de discussões porque vai levantar uma série de outros planos que estão sen-do feitos. Vamos ter que formar um grupo de trabalho para ir acompanhando todos os relató-rios que a empresa contratada vai fazer”, disse.

“Esse relatório passará por um grupo que será encarregado de dar um diagnóstico correto. Por exemplo, a Secretaria de Habitação está fazendo o Plano Metropolitano de Habitação. Ele está dentro do contexto da região? Como eles estão fazen-do? Quem está fazendo? Como eles estão vendo? Esse plano vai dar uma boa diretriz na questão do planejamento”, explicou.

Criada com o objetivo de organizar, planejar e executar as funções públicas da região, a Agem, que é um órgão vin-culado à Secretaria de Desen-volvimento Metropolitano do Estado, atende aos municípios de Bertioga, Cubatão, Guaru-já, Itanhaém, Mongaguá, Pe-ruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, que compõem a Região Metropolitana da Bai-xada Santista, com uma popu-lação superior a 1,7 milhão de habitantes, que chega a tripli-car nos períodos de temporada de verão.

Câmaras TemáticasAs Câmaras Temáticas do

Condesb funcionam como uma espécie de secretarias da Re-gião Metropolitana da Baixa-

da Santista. Todos os meses, os membros de cada Câmara se reúnem, geralmente na sede da Agem, e discutem novas propos-tas e soluções para a região que, posteriormente, são levadas às reuniões do órgão para que os prefeitos tomem conhecimento e aprovem os projetos que saí-ram dessas discussões da Câma-ra, sempre planejadas de forma metropolitana.

Desde 1997, com a criação do Condesb, foram formadas as Câmaras Temáticas de Saúde, Transporte Público de Passa-geiros, Meio Ambiente, Assis-tência e Desenvolvimento So-cial, Esportes, Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Assuntos de Segurança Pública, Assuntos Tributários, Especial de Cultura, Especial de Agro-pecuária, Pesca e Aqüicultura, Especial de Saneamento, Espe-cial de Políticas Públicas para a Juventude, Especial de Petróleo e Gás, Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Espe-cial de Sistema Viário Regional, Habitação, Turismo, Educação, Especial Pró Copa do Mundo 2014, Especial de Equalização das Leis Municipais com Cará-ter Metropolitano e Especial de Políticas Públicas para as Mu-lheres, chegando ao total de 21.

As Câmaras Temáticas rece-bem atribuições específicas. A quantidade de membros de cada Câmara Temática varia, sendo, entretanto, sempre um de cada município e do Estado no cam-po funcional que ela se enqua-dra e das interfaces que tenha com outras funções públicas.

dade. “Não é que o santista ficou mais rico, o padrão econômico dele é que melhorou”. Essa melhoria, em conjunto com as facilidades do financiamento, faz com que o san-tista prefira morar sozinho. “Antes, as famílias viviam em uma única residência, mas, hoje, os filhos já conseguem comprar seus imóveis e deixar a casa dos pais”, explica Neves.

Com isso, outro problema sur-ge nas ruas da Cidade. Uma vez que o cidadão deixa de dividir um imóvel com uma família, deixa de partilhar bens como o veículo, por exemplo. Aumenta o número de imóveis e o de carros nas ruas. Para tentar minimizar os problemas causados pelos transtornos do ex-cesso de veículos, a Prefeitura criou normas para as construções.

Após diversas consultas públi-cas, criou-se legislação para coibir as construções em locais onde ge-rariam impactos para a estrutura do Município. Grandes empreendi-mentos não podem ser instalados em ruas que não suportam trânsito ou não têm instalações de água e esgoto suficientes para suprir a de-manda.

Com apenas uma quadra, entre as ruas Azevedo Sodré e Tolentino Filgueiras, a Rua Clay Presgra-ve do Amaral, no Gonzaga, é um exemplo do que não poderá mais ocorrer na Cidade. O logradouro

estreito recebeu três grandes em-preendimentos na última década. “Criamos uma norma que reduz em até 30% no tamanho de todas as edificações da Cidade”.

Pouco mais da metade de todas as ruas da Cidade (53%) sofreram redução de até 30% no potencial construtivo das vias. No restante, até 10% de redução desse índice. Outra medida é o Estudo de Im-pacto de Vizinhança, que força o empreendedor a apresentar um planejamento de impacto viário, ambiental e de todos os outros tipos que possa causar. Após o resultado, ficam por conta do empreendedor os custos das obras para minimizar este dano. “O empreendedor recebe o lucro, nada mais justo que ele pa-gue as obras para minimizar o im-pacto provocado”, diz Neves.

GargaloNa opinião do secretário, o prin-

cipal desafio santista no que diz res-peito à infraestrutura são as portas de entrada do Município. “Quem acessa o porto pela Via Anchieta ou entra em Santos pela avenida da praia encontra os mesmos pro-blemas, só que em proporções di-ferentes”, reconhece. Enquanto os caminheiros sofrem com os acessos ao maior porto da América Lati-na, os trabalhadores que vêm de cidades vizinhas passam apuros para chegar pela avenida da praia

ou pela balsa. “A solução é uma terceira entrada, na Zona Noroes-te, que ligaria a região ao Marapé, por dentro do morro”. Este acesso diminuiria o fluxo dos veículos no morro da Nova Cintra.

São várias as alternativas que estão sendo projetadas para mi-nimizar o problema do fluxo de veículos em Santos. Além das ci-clovias já instaladas, muito usadas por trabalhadores do porto, o Veí-culo Leve sobre Trilhos (VLT), que é discutido há muito tempo pelo governo estadual, há projetos para a utilização de hidrovias na região. “Se eu vou para Guarujá de balsa e para Vicente de Carvalho de ca-traia, é possível chegar até Cuba-tão, alguns bairros de São Vicente e outras cidades mais ao sul pela água”, argumenta.

Outro ponto importante desta-cado pelo secretário é que a popu-

lação de Santos só quer parar na frente de casa e do destino e não imagina que vai encontrar trânsito durante o percurso. “Na avenida Paulista não tem estacionamento, na Marginal Tietê também não. Por que os grandes corredores de Santos, como avenida Ana Costa e Francisco Glicério, têm que ter vaga para estacionar?”, questiona.

Mesmo com todas as medidas que foram implantadas, como os corredores de ônibus nas princi-pais avenidas da Cidade e a legisla-ção para diminuir os impactos das grandes construções, Neves acha que só com a colaboração de todos será possível alcançar os objetivos. “Além de incentivar o transporte público e outros modais de trans-porte, para melhorar a condição do tráfego, cada santista precisa abrir mão de um pouquinho de mordo-mia”.

CARINA SELES

Edição e diagramação: Joanna FloraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 20126

Trecho da divisa entre os dois municípios se constitui em um dos principais gargalos do trânsito

Crédito

Plano Diretor investe na melhoria da qualidade de vida

Empresários terão que adequar seus investimentos às novas regras

Lucas Moura

As diretrizes de uma cidade são decididas por meio da legis-lação estabelecida. Algumas ve-zes, as leis deixam a população confusa sobre de sua utilidade e aplicação no dia a dia. Uma lei que pouco santistas sabem como funciona, mas da qual muitos já ouviram falar, é o Plano Diretor de Desenvolvimento e Expan-são Urbana, mais conhecida como Plano Diretor, que apesar da denominação longa é menos complicada do que parece.

A chefe do Departamento de Planejamento do Desenvolvi-mento (Deplad), Regina Maria Aparecida Luz Cerioni Victorio, explica algumas das mudanças que ocorreram no texto da lei, que completará um ano em 11 de julho próximo. “Uma gran-de mudança foi a maior partici-pação de munícipes, que foram capacitados para debater, pois não haveria como opinar se não entendessem o texto do Plano Diretor e como funcionaria”, diz Regina. Ela explicou que o plano é subdividido em sete grupos, os chamados vetores de desenvolvimento. São eles: meio ambiente, desenvolvimento ur-

Edição e diagramação: Joanna FloraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012 7

bano, turismo, pesquisa e de-senvolvimento, energia, porto (retroporto e logística), pesca e aquicultura.

Todos os processos de mu-dança entre a antiga e a nova legislação exigiram 61 reuniões e audiências públicas, envol-vendo população e Poder Pú-blico. As mudanças do código tiveram participação essencial dos conselhos municipais de Desenvolvimento Urbano e de Desenvolvimento Econômico que apresentaram propostas elaboradas pelas sociedades de melhoramentos.

Regina acrescenta que o ob-jetivo do plano é o desenvolvi-mento econômico e a melhoria da qualidade de vida. “Além do cidadão comum, também os em-presários têm buscado adequar seus investimentos às novas re-gras”. Ela ressalta o crescimen-to que Santos vai experimentar com o novo plano e a evolução no processo de inclusão social. “Além do Plano Diretor, pode-mos incluir também a mudança na Lei de Uso de Ocupação de Solo, que diminuiu o tamanho dos edifícios da cidade entre 30% e 50%”, complementa.

Para Regina, as leis de Uso

Maior ventilação entre os prédios, diminuição das garagens e maior fluidez no trânsito são alguns dos benefícios do novo Plano Diretor

LUIZ FELIPE/ARQUIVO

de Ocupação de Solo e de Zonas Especiais de Interesse Social que fazem parte do Plano Dire-tor, ajudam no crescimento da cidade na área da construção e também na redução do tama-nho de alguns empreendimen-tos.

Essas mudanças trarão be-nefícios como, por exemplo, uma maior fluidez de trânsito

Para Sebrae, empresaslocais devem aproveitar as

oportunidadesJuliana Kucharuk

Os empreendedores da re-gião ainda não vislumbram o setor de negócios para negó-cios, de uma empresa vender para outra. A opinião é do ge-rente do Sebrae na Baixada Santista, Paulo Sérgio Brito Franzosi. “Eu acho que isso é uma característica que os em-preendedores deveriam olhar na região”. Para o consultor, o mercado do petróleo e gás pode ser melhor explorado pelos em-preendedores locais.

“Mais empreendedores es-tão abrindo novas empresas, mas ainda de produtos desti-nados ao consumidor em geral, como as que vendem bolsas, roupas, óculos, sapatos, ma-teriais de construção... Isso é bom? Claro que sim, precisa-mos disso. O mundo está cres-cendo e com certeza há espaço no mercado para todas essas pessoas. Mas o que sinto é que elas devem aguçar o seu olhar para esse movimento também dessas empresas (grandes)”, diz.

Abrigando grandes oportu-nidades de negócios no Porto de Santos bem como no Pólo Petroquímico de Cubatão, a Baixada Santista atraiu gran-des empresas como a Petro-bras, Sink Engenharia, Modec, entre outras. Segundo Franzo-

si, essas empresas podem pre-cisar de serviços simples que as empresas da região poderiam atender. “Se ela tiver que com-prar um produto e nenhuma empresa de Santos, região, São Paulo ou do Brasil tiver, ela vai comprar em outro país”.

“Existe uma série de produ-tos de bens e serviços que são demandados por essas empre-sas e que muitas vezes a gente desconhece, mas é aí que está o grande valor agregado: de você poder oferecer um serviço com um valor diferenciado”, desta-ca Franzosi.

Para o gerente do Sebrae, quando uma empresa vende um produto ele tem um valor padrão no mercado, mas se esta empresa vender um serviço ex-clusivo ou muito especializado, a empresa terá uma margem de lucro maior. “Por isso, eu acho importante os empresários lo-cais vislumbrarem essa ques-tão da oferta de bens e serviços para essas grandes empresas que estão chegando à região”, argumenta.

ConcorrênciaA concorrência para o em-

preendedor sempre vai existir, afirma o consultor. “Eu parti-cularmente acho que há lugar para todo mundo e mais al-guém”, destaca. Ele acredita que se for lançada mais uma

loja de sapatos ou de roupas e se ela tiver produtos adequa-dos aos seus clientes, atuali-zando-se para oferecer aquilo que ele quer ela sempre vende-rá. “A questão da concorrência é de fazer melhor. Não impor-ta se você tem 40 anos ou seis meses. Se você traz um produ-to adequado ao seu cliente e sempre o mantém informado daquelas novidades, oferecen-do um preço adequado, você focou um nicho de mercado e aquele cliente será seu por bas-tante tempo”, complementa.

Franzosi acredita que seja o momento ideal para se pros-pectar no mercado corporativo regional. Sobre a concorrência, ele dá algumas dicas. “Quando você está vislumbrando um mercado diferenciado você tem mais chance de crescer e de uma forma sustentável porque você está se especializando em algo diferenciado que muitas vezes não tem a quantidade na re-gião. E como você percebe isso? É indo atrás dessas empresas, acompanhando suas licitações, analisando os materiais que elas compram, visitando fei-ras, buscando informações do que existe no mercado e ven-do principalmente se você tem a competência adequada para montar aquele negócio, se tem o recurso financeiro adequado e se tem condições de aten-

em razão da redução do espaço a ser ocupado pelos novos em-preendimentos. “Com as novas regras haverá maior ventilação entre os prédios, diminuição das garagens e incentivos para as chamadas construções verdes e inteligentes, que captam água da chuva, aliviando a rede de drenagem. Em dias de chuva, esse sistema capta e armazena

a água em reservatório próprio, podendo ser reusada pelo pró-prio edifício ou despejada aos poucos na rede”, exemplifica a chefe do Deplad.

Todas as informações sobre o Plano Diretor podem ser en-contradas no site da Prefeitura de Santos, no link da Secretaria de Planejamento, www.santos.sp.gov.br/planejamento.

der aquelas empresas porque quanto maior uma empresa, mais exigente ela é, como na documentação e na forma de entrega”, explica.

CursosO Sebrae oferece cursos e

palestras gratuitas a fim de oferecer ferramentas ao em-preendedor para desenvolver e administrar o seu negócio.

A agenda completa de ativi-dades pode ser consultada pelo www.sebrasp.com.br ou pelo 0800.570.0800.

JULIANA KUCHARUK

Paulo Sérgio: mercado do petróleo e gás pode ser melhor explorado por empreendedores

Bolsa de Valores: uma eterna

montanha russa

8

Thaís Moraes

O personagem mais rico das histórias em quadrinhos, o Tio Patinhas, guardava tanto dinheiro embaixo do colchão que passou a dormir quase colado no teto. Decidiu então construir um edifício de 12 andares para armazenar toda sua fortuna. No entanto, Tio Patinhas poderia ter aumentado sua riqueza se tivesse agido de outra forma.

Esse aumento do capital pode ser feito por meio das várias opções de investimento que o mercado oferece. Entre as principais estão poupança, ações, previdência privada, fundos, dólar, ouro, entre outros. A escolha vai depender da disposição que o cliente possui para assumir riscos, ou seja, quanto mais arriscado for o negócio, mais ele poderá lucrar. Se o investimento é de baixo risco, consequentemente também terá pouca rentabilidade.

E foi justamente a chance de obter um bom retorno que fez com que Roberto Oliveira, 55 anos, começasse a investir na Bolsa de Valores em 2002. “Tornei-me aposentado e quis aplicar em algo que tivesse um bom rendimento. A poupança trazia e ainda traz pouco retorno, apenas 0,5% ao mês. Em um dia na bolsa, é possível ter o equivalente a quatro meses de poupança”.

Um exemplo disso é que em 8 de agosto de 2011, uma ação da Ambev (Companhia de Bebida das Américas) valia R$ 43,52. Já em 18 de maio de 2012, às 15 horas, um papel da empresa estava cotado no valor de R$ 77,75. “Em nove meses, houve um rendimento de 78,6%. Se isso for dividido, houve um lucro de 1,9% ao mês”, avalia o investidor.

Engana-se quem pensa que apenas pessoas mais experientes escolhem investir na bolsa. Ícaro de Carvalho tem 25 anos e já investe há seis anos. Estudante do 4º ano de Direito, escolheu o curso para aprender a ler contratos. “Em um fórum na faculdade ouvi falar de um filósofo que aplicava na bolsa e quis saber o que era. Comecei a estudar sobre o assunto na internet e depois comprei diversos livros. Após um ano decidi que era hora de entrar no mercado”.

Hoje, ele fez de seu interesse pessoal a sua profissão: sua renda parte dos investimentos feitos na Bolsa, dá aulas online e presenciais sobre aplicações e está lançando uma TV educativa na internet que fala do mercado de ações.

Como investir

Todos os entrevistados nesta reportagem dividem a mesma

Para os investidores, o mercado exige nervos de aço. Será que você está pronto para isso?

opinião: o dinheiro a ser aplicado na Bolsa de Valores não pode fazer falta, ou seja, se o interessado em aplicar pensa em retirá-lo em breve deve fazer outro tipo de investimento, já que o lucro se dá em longo prazo. O ideal é que o investidor esqueça que possui o dinheiro, sem deixar de acompanhar a situação do mercado e de tomar decisões no momento oportuno.

Comprar uma ação de uma empresa é o mesmo que comprar um pedaço dela, tornando-se um pequeno sócio. “É como um casamento: amor e na dor. Se a empresa der lucro, os sócios também terão, mas se tiver prejuízo, perderão igualmente. Às vezes não só perderão dinheiro como terão que injetar mais para levantar a empresa”, alerta o professor de política econômica Vitor Lemela.

Existem dois tipos de ações que as empresas disponibilizam: ON (Ordinária Nominativa, que dá direito ao voto sobre decisões da empresa) e a PN (Preferencial Nominativa, não dá direito ao voto, mas tem preferência no recebimento de lucros). As PN’s também são vendidas e compradas com maior liquidez, isto é, com maior facilidade.

Fica a cargo das empresas escolherem quais ações serão oferecidas para compra.

No Brasil, as ações são vendidas e compradas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ninguém pode comprar ou vender ações por conta própria. Todas as operações são feitas por intermédio de uma corretora, que deve ser habilitada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Aquela imagem de agentes gritando e falando ao telefone também não existe mais. As operações são feitas no pregão eletrônico, pelo computador.

“As corretoras cobram diversos preços, que variam de R$ 5,00 a R$ 20,00 a ordem (compra e venda). Naturalmente quem cobra mais dá uma atenção maior. É o custo-benefício”, explica Ícaro de Carvalho.

Também são cobradas taxas de custódia (guarda das ações), corretagem (ordem de compra e venda por telefone), taxa de emolumentos (paga à Bovespa), de administração (no caso de clubes e fundos) e taxa de performance (quando a rentabilidade esperada é atingida). A taxa de emolumentos é a única com

valor fixo. As outras variam de corretora para corretora.

Após a escolha do intermediário, o cliente preenche um cadastro (nome, profissão, endereço e cópias de RG, CPF e comprovante de residência) e é aberta uma conta na Bovespa para esse investidor. Cada corretora define a quantia mínima para a abertura da conta.

Ações

Quem define a quantia mínima que poderá ser colocada na conta para a compra e venda de ações é a corretora e cada ação tem seu valor de mercado. Existem empresas pequenas com uma ação valendo R$ 0,20 e empresas na qual uma ação vale quase R$ 100,00, que é o caso da Ambev. Esses valores variam diariamente, às vezes em questões de minutos, por isso a Bolsa de Valores é tão instável.

“Apesar de existirem ações com valores baixíssimos de empresas pequenas, essas são mais difíceis de serem vendidas, pois não dão segurança. As empresas maiores possuem ações mais caras, mas a chance de lucro é muito maior”, alerta Oliveira.

Se um investidor compra uma

ação que vale R$ 50,00 e ela sobe no dia 10%, a ação, então, passa a valer R$ 55,00. O valor não é muito, mas e se ele tiver comprado mil ações que valem R$ 50,00? O acionista terá um lucro de R$ 5 mil. É por isso que segundo as pessoas que atuam nesse mercado, não compensa investir pouco dinheiro. Mas isso é só uma hipótese, poderá demorar meses ou até anos para que o investidor atinja seu objetivo ou pode ser que nunca alcance o valor desejado.

O ideal é estabelecer uma meta, a de aumentar, por exemplo, o investimento em 15%. Quando isso acontecer ou chegar perto dessa porcentagem o investidor poderá continuar com as ações ou vendê-las. Mas caso opte em continuar investindo, achando que os papéis poderão subir mais, ele corre o risco de as ações caírem novamente.

Esse é o caso de investimentos de longo prazo, mas há também o Day Trade, isto é, ações compradas e vendidas no mesmo dia. Entretanto, para haver lucro considerável, é necessário ainda mais capital para a compra de mais ações. Esse é o tipo de operação que Ícaro de Carvalho faz.

Edição e diagramação: Lucas MouraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012

LÍVIA DUARTE

Aplicadores aconselham que o dinheiro a ser investido na Bolsa de Valores não pode fazer falta, já que o eventual lucro se dá em longo prazo

mil em um número x de ações. Depois de três semanas, não vi o lucro que gostaria e percebi que esperar não era meu perfil. Eu queria o retorno em dias”.

O nome dado a esse tipo de operação é especulação e é feita por meio de gráficos. Todos os dias no início do pregão, ele olha os gráficos e escolhe em quem apostará suas fichas. Depois pega uma quantia emprestada da corretora (que pode aumentar de 1 a 10 vezes o capital do cliente) e compra uma grande quantia de ações. No final do dia devolve o dinheiro emprestado. A operação não rende juros porque foi devolvido no mesmo dia. “É muito arriscado, porque se as ações que comprei caírem, terei que pagar para o banco não só a quantia emprestada mas também o prejuízo”.

O Day Trade também pode ser feito com recurso próprio, não é necessário utilizar capital de terceiros. Os que efetuam esse tipo de operação são chamados de traders.

Como escolher as empresas?

“A melhor hora de comprar ações é na crise. Compra em baixa e vende na alta. Mas é necessário ter nervos de aço porque na teoria é muito simples”, aconselha o professor Lemela.

Se uma empresa estava sempre em alta e sofre uma ligeira queda, é interessante comprar porque tudo leva a crer que ela suba novamente. Mas se as ações de uma empresa caem e não param de cair, então é dinheiro perdido. Será necessário esperar as ações alcançarem o valor de compra novamente ou vender por um preço mais baixo para ter um prejuízo menor.

Apesar de todos os riscos, Carvalho pretende continuar investindo na Bolsa: “Não tenho medo de perder dinheiro. Com o estudo da análise técnica, é possível saber projetar mais ou menos para onde os preços vão”.

Outro sistema que protege o acionista de perder muito dinheiro é o stop. Se a ação atingir um preço determinado pelo investidor, o sistema tira da operação. O stop pode variar de 1% de queda, para os mais conservadores, até 6% para os mais corajosos.

Ele explica que o problema é a Bolsa estar em uma situação estável: “O importante é ela estar em movimento, não importa se subindo ou descendo. Na queda também se ganha dinheiro. Mas o mau investidor coloca a culpa de seus prejuízos na Bolsa, mas certamente quem não soube investir foi ele”.

Oscilações

Muitos fatores determinam a oscilação da Bolsa de Valores. A principal no momento é a crise da Grécia. “Em tempos de crise, não se sabe o que vai acontecer, então os investidores estrangeiros vendem as ações, pegam o dinheiro e aplicam em coisas mais estáveis. É por isso que quando a bolsa cai, o dólar se valoriza, já que os Estados Unidos é o porto seguro do mundo”, explica Lemela.

Nessa situação, é uma crise de mercado. Mas se uma crise se instala em uma empresa que possui ações, certamente estas cairão. Outro fator que causa o sobe e desce são as notícias, já que causam expectativa do que poderá acontecer. Às vezes um acionista poderá vender ações achando que cairão devido a um acontecimento na empresa e o valor continua igual ou até aumenta. O inverso também ocorre.

Para o professor, apesar das precauções que devem ser tomadas, o investimento em bolsas é muito saudável: “Basta fazer uma aplicação consciente, ter um prazo elástico e comprar papéis de diferentes empresas. O brasileiro tem que perder o medo de aplicar em ações, já que o cenário de hoje é bem diferente daquele cenário de instabilidade vivido na década de 1980 e começo de 1990”.

Ponderação feminina

Juliana Neri tem 25 anos, é administradora de empresas e pós-graduada em finanças. Considera a Bolsa de Valores um investimento interessante desde que se tenha fôlego para correr riscos. “Lidar com a Bolsa não é fácil, exige conhecimento, habilidade, sangue frio e paciência. Não suporto a ideia de perder dinheiro por conta de uma variável que não posso controlar, como o mercado”.

A administradora faz três tipos de investimento: poupança, renda fixa e previdência privada e acredita que é da natureza da mulher ser mais cautelosa. “Concordo que para ter um bom lucro é preciso arriscar, mas é necessário estipular metas, definir o quanto se quer ganhar e o quanto se suporta perder. Ganância demais te expõe a grandes riscos, por isso é bom ter um bom planejamento e saber a hora de parar”.

Para Juliana, a influência da imprensa no mercado gera muitas incertezas que o tornam contrastante. ”A imprensa pega pesado em determinados aspectos e é mais branda em outros. A Europa está na capa do jornal todo dia, mas poucos falam que as empresas do ramo imobiliário estão perdendo seu valor de mercado dia após dia. Por exemplo, a PDRG4, da PDG Realty, já acumula perda de 45% só em 2012. Um grande problema também é a especulação. Como dizem: a ação sobe no boato e desce no fato. Lança-se uma notícia Y na mídia. Se a noticia for boa, a ação sobe. Mas aí descobre-se que era apenas um blefe, pura especulação, a ação despenca. Cabe ao investidor ter feeling e know-how suficientes para discernir e gerenciar seus investimentos da melhor forma. Esse é o mercado de ações, uma eterna montanha-russa”.

Tipos de investimento

Fundos: É como se fosse um condomínio. Cada investidor possui uma parcela

correspondente ao total de ações que o fundo possui. Quem escolher essa opção deve estar de acordo com as regras impostas pelo fundo. O responsável pela decisão de comprar ou vender é um corretor.

Clubes: Um grupo de amigos e/ou familiares pode se reunir e formar um clube, que deve ter no mínimo três pessoas, e no máximo, 150 investidores. Neste caso, não é necessário que o corretor tome a decisão. Um representante do grupo é que dá à corretora a ordem de compra ou venda.

Individual: É o próprio investidor quem controla suas ações de compra e venda. Mas se ele precisar tirar dúvidas ou saber quais são os melhores investimentos naquele momento, pode entrar em contato com um consultor. Neste caso, a corretora disponibiliza o serviço Home Broker, que pode ser acessado pelo site da própria corretora. Ou o investidor pode ligar para a corretora e informar a compra e venda que deseja efetuar.

A escolha do tipo de investimento fica por conta do acionista, mas é necessária uma preparação antes de tomar as decisões. Roberto Oliveira entrou no mercado de forma individual, mas no começo contava com a ajuda do corretor: “Demorei três anos para entender como funciona realmente a Bolsa de Valores, mas podem passar 100 anos e o investidor nunca terá certeza do que vai acontecer. Um dos erros dos iniciantes é achar que sabe muito e depois acaba perdendo”.

Carvalho compartilha da mesma ideia: “A dica para quem quer começar é estudar muito. O mercado pune com muita agressividade aqueles que pensam saber tudo”.

Agora é a vez de escolher qual tipo de investimento será feito: por fundos, clubes ou de forma individual.

9Edição e diagramação: Lucas MouraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012

LÍVIA DUARTE

Especialistas garantem que a melhor hora de comprar ações é na crise, mas isso exige do investidor muito sangue frio e conhecimento

Secretária diz que futuro da Cidade já está traçado

10 Edição e diagramação: Caio AugsutoPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012

Mirian Cajazeira, titular da pasta de Finanças, diz que Administração Municipaldeixa projetos que “não têm mais volta”

Elizabeth Soares

Quando se fala em depar-tamentos ligados a finanças, frequentemente a imagem que vem à mente é de uma sala com divisórias, barulhos de máqui-nas de calcular, pilhas de pa-péis e pessoas correndo de um lado para outro com folhas preenchidas por números ini-magináveis em contas do dia a dia. Mas não é bem isso que se vê na Secretaria de Finan-ças da Prefeitura de Santos. O silêncio das salas espaçosas e decoradas com muito bom gos-to facilita a reflexão e talvez a compreensão das cifras que precisam ser constantemente somadas, subtraídas, multipli-cadas e divididas.

Mirian Cajazeira Vasques Martins Diniz é o nome da responsável pela pasta desde 1998. Nome grande, condi-zente com o tamanho de sua responsabilidade que é a de controlar as despesas de to-das as unidades da Prefeitura, monitorar as receitas e prestar contas aos órgãos competen-tes. Nome e responsabilidades que contrastam com sua figura franzina, de aproximadamente 1m50 de altura, que acumula em seu currículo várias fun-ções no Banco do Brasil e os cargos de diretora administra-tiva e financeira da Compa-nhia Santista de Transportes Coletivos e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)--Santos. Além do mais impor-tante deles, o de mãe de dois filhos.

Mirian sorri satisfeita ao falar das perspectivas econô-micas da Cidade. Atualmen-te, Santos está envolvida em projetos de desenvolvimento

decorrentes do Programa San-tos Novos Tempos e conta com uma verba de cerca de R$ 500 milhões, provenientes de fi-nanciamento do Banco Mun-dial, recursos da União, da iniciativa privada e do próprio município.

Entre os projetos já defini-dos e em fase de implantação desde 2011, está o Porto Va-longo, que consistirá na revi-talização dos armazéns 1 a 8. Um deles será de responsabi-lidade da Universidade de São Paulo (USP), para a implanta-ção de um centro de pesquisas oceanográficas.

Dentro do programa, tam-bém está prevista a constru-ção na entrada da Cidade de um complexo comercial e ho-teleiro, por parte da empresa Odebrecht, além de uma ma-rina, inspirada em portos in-ternacionais, como o de Mar-selha, na França. Outra obra prevista é o “mergulhão”, tú-nel subterrâneo para tráfego de caminhões na região dos armazéns onde o projeto será implantado.

De acordo com Álvaro Sil-veira Filho, economista asses-sor de Mirian – nas palavras dela, seus “dois braços e duas pernas”-, o porto sempre foi separado da Cidade: “Há al-guns anos era impensável me-xer na área portuária”, diz. O Programa Santos Novos Tem-pos prevê, ainda, um trabalho de macrodrenagem em bairros da Zona Noroeste que sofrem com as enchentes na região.

Hoje, o principal objetivo da secretaria é utilizar parte do orçamento da Cidade – de R$1 bilhão e meio – para mo-dernizar a “máquina”. Mas as coisas já foram bem diferentes.

Segundo Mirian, quando assu-miu o cargo, em 1998, existiam inúmeros problemas. Atrasos no pagamento dos funcioná-rios e numerosas dívidas a fornecedores faziam parte da realidade com a qual teve que lidar. Foram anos para que tudo fosse sanado. “Era um caos, mas aos poucos fomos consertando os estragos e, em 2001, a Lei da Responsabili-dade Fiscal nos ajudou mui-to neste sentido, pois nos deu respaldo para continuarmos a trabalhar da forma que acha-mos ser a correta”, recorda.

Para conseguir todos os fi-nanciamentos que a Cidade obteve de órgãos públicos na-cionais e internacionais, foi preciso colocar todas as contas em dia. “Se houver documen-

tos atrasados ou que tenham sofrido rejeição do Tribunal de Contas e se todo o trabalho não for transparente, não se consegue o recurso solicitado”, explica. Santos foi a única ci-dade da Baixada Santista que conseguiu montar um projeto que fosse aprovado para conse-guir verba do Banco Mundial. “Nosso endividamento é de 10% do total da receita líquida da Cidade. O limite pela Lei da Responsabilidade Fiscal é de 120%”, acrescenta.

Mirian acredita não ser pos-sível trabalhar nas finanças sem a autonomia necessária para dizer não. E isto inclui negar a implantação de proje-tos de algumas secretarias que necessitem de verbas acima do orçamento destinado a elas.

Para ela, trabalhar com os nú-meros é uma vantagem, pois não há possibilidade de ceder ao ‘jogo político’. “O dinheiro existe ou não e ponto! Não dá para fazer média. Neste senti-do, é muito bom trabalhar com a atual administração, que me dá total liberdade para fazer meu trabalho da maneira que é preciso ser feito”.

A secretária afirma orgu-lhar-se de trabalhar com a equipe da secretaria pela ética, comprometimento e dedicação de todos. “Está acabando o governo e nós estamos deixan-do projetos para o desenvolvi-mento da Cidade, que não têm volta, além de um saldo de R$ 15 milhões para que o próximo prefeito continue modernizan-do a máquina”.

Perspectivas são otimistas, diz professorJessika Nobre

O sonho de conquistar a casa própria, o carro do ano ou o apa-relho eletrônico de última gera-ção, poderá se tornar realidade para muitos, em Santos, pois a Cidade tem perspectivas econô-micas positivas para o futuro próximo.

Segundo o professor de Eco-nomia, João Carlos Gomes, o município terá a construção civil ainda mais incrementada, ele-vando, entre outros benefícios, o consumo. Com isso surgirão novos empregos nos setores de comércio e serviços, garantindo o crescimento nos próximos cinco anos, devido ao aumento da ren-da na região. “A Cidade se torna-rá pólo de comércio e serviços e um centro estratégico logístico de movimentação de cargas para o Porto”, afirmou.

De acordo com Gomes, em Santos ainda não existem pro-gramas de qualificação focados

nas novas competências exigidas e a qualificação da mão de obra está abaixo do mínimo requerido pelas demandas de produtivida-

de das novas atividades. “Não há programas que levem em con-sideração o desenvolvimento de competências sociais indispen-

sáveis para dar suporte às técni-cas”, disse.

Para Gomes, a região santis-ta poderá sofrer os mesmos pro-

blemas que Macaé, no Rio de Janeiro, enfrentou quando cres-ceu economicamente, mas ten-do como consequência diversos problemas sociais em razão da má distribuição de renda. O flu-xo migratório induzido pelo cres-cimento econômico é um efeito natural do capitalismo e, para ele, em Santos não será diferente. “Por isso, será necessário um pro-grama de qualificação da mão de obra, para garantir emprego aos trabalhadores do município”.

O professor acrescentou que a Cidade carece de um projeto político democrático para incen-tivar a população a participar das questões de desenvolvimento estratégico de médio e longo pra-zos. “Aqui, ainda há grupos po-líticos e instituições hegemônicas que constroem um círculo de po-der, cuja característica é preva-lecer os interesses que emergem desses grupos e impedem um de-bate mais aberto sobre os proble-mas futuros”.

Mirian destaca os projetos Santos Novos Tempos e Porto Valongo como duas das iniciativas mais importantes do Governo Municipal

IGOR AUGUSTO

Professor João Carlos Gomes prevê que a construção civil será ainda mais incrementada em Santos e região

RENATO FIGUEIREDO

Caroline Trevisan

Terceira maior região do Estado de São Paulo, a Região Metropolitana da Baixada Santista recebe milhões de visitantes em feriados, finais de semana e durante a temporada de verão.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontou, em 2011, cerca de 1,6 milhão de moradores. Além das praias, o principal cartão de visita dessas cidades, há também uma diversificação de atrativos para satisfazer todo o público, especialmente opções de passeios mostrando as riquezas da história e cultura.

A Baixada Santista, de Praia Grande a Peruíbe, recebe em média sete milhões de pessoas em uma única temporada de verão no mês de dezembro a março, segundo a Secretaria de Estado do Turismo de São Paulo. Esta média, porém, vem apresentando crescimento nos últimos cinco anos. De acordo com dados da Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrandes, a temporada de verão trouxe a Santos 4,7 milhões de turistas.

O número de visitantes do Guarujá, por exemplo, vem crescendo significativamente nas últimas temporadas de verão. No último verão, aproximadamente três milhões de pessoas e, durante o Carnaval, cerca de 600 mil.

O secretário estadual Márcio

França acredita, que ao longo dos anos, o turismo organizado pelos estados e municípios importou-se muito com o corporativo, representante de uma parte significativa, em especial na capital paulista. “Agora estamos promovendo uma mudança completa de rumo. A prioridade é conversar, relacionar-se e organizar fatores com relação ao turista anônimo - aquele que pega seu carro e se dirige a uma determinada região com seus filhos, passa em um hotel, vai a um restaurante. Enfim, vamos nos voltar para essas pessoas, que não são poucas”, explica França.

A hotelaria de São Paulo tem, praticamente, 100% de ocupação durante a semana, dos quais 80% são os chamados turistas corporativos. Além disso, há a preocupação com a estrutura para participar de feiras e eventos.

O Santos e Região Convention & Visitors Bureau, entidade criada sem fins lucrativos em 8 de abril de 2002, formada a partir da união de iniciativa privada, Poder Público e entidades de classe, procura criar uma nova “embalagem” para a região, denominando-a de Costa Mata Atlântica.

A entidade integra todos os segmentos econômicos. O assessor de imprensa do Bureau, Maurício Businari, ressalta a importância econômica da Costa Mata Atlântica, em função do

Porto de Santos, como fator de atração para o desenvolvimento do turismo de negócios. “Hoje, o Porto, o maior do hemisfério sul em termos de infraestrutura e movimentação de cargas, concentra cerca de um quarto dos produtos negociados pelo exterior. Ele atende aos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e países do Mercosul”, destaca. E ainda acrescenta: “As indústrias de Cubatão são um dos principais polos industriais

do País”.Segundo Businari, o

reconhecimento do Brasil, ao final de 2011, como a sexta maior economia mundial vem provocando euforia nos mais diversos setores do País. “Certamente, a crise econômica que a Europa vem enfrentando desde 2008, e que ainda não dá sinais de arrefecimento, aliada a alguns componentes especiais, como os grandes eventos esportivos previstos para acontecerem em 2014

(Copa do Mundo de Futebol) e 2016 (Olimpíada), faz do Brasil a bola da vez”, opina Businari.

A Copa do Mundo de 2014 trará, certamente, turistas à Baixada Santista, devido à proximidade com São Paulo, onde serão disputadas algumas partidas do torneio, inclusive a abertura da competição.

Esse fato faz com que a região seja uma excelente opção para passeios com roteiros que agradarão a visitantes do mundo inteiro.

Região de lazer, história e cultura

Bruna Corralo

Antes Porto do Bispo, hoje uma área abandonada e no futuro um complexo turístico, náutico, cultural e empresarial de nível internacional. Este é o projeto Porto Valongo Santos, que revitalizará a área entre os armazéns um e oito, sem uso há mais de 20 anos. O empreendimento vai gerar 2.200 vagas, entre empregos diretos e permanentes e mil temporários durante a construção.

O espaço que se inicia no final da Rua São Bento, onde está localizada a Igreja do Valongo, até 1880 era conhecido como Porto do Bispo. De acordo com o historiador José Dionísio de Almeida, neste lugar, até as proximidades da Alfândega havia 18 trapiches, pontes de 150 a 200 metros, onde os navios ancoravam para carregar e descarregar. A partir de 1888 começam a ser construído o novo porto por Eduardo Gafree e Candido Guinle. Os primeiros 250 metros deste porto começa exatamente do final da Rua São Bento até a Alfândega.

“Em termos históricos podemos dizer que é uma das áreas mais importantes da cidade. Está relacionada com as transformações e evolução urbana a partir da segunda metade do século XIX, proporcionado pela riqueza gerada pelo café que era exportado em grande volume por esse porto”, disse Almeida.

Para o historiador este será mais um passo na recuperação

No Valongo, passado e futuroComplexo valoriza área histórica de Santos e traz perspectivas de crescimento econômico

DIVULGAÇÃO

ProjetoAlém do terminal

de passageiros, o empreendimento inclui a construção de uma marina, centro de negócios, escritórios e hotéis, bares, restaurantes, galerias de arte, áreas para o Instituto Oceanográfico da USP e do Instituto de Ciências do Mar da Unifesp, museu portuário, espaços para informações turísticas, feiras e eventos.

Ainda integra o projeto, a obra chamada de mergulhão, uma passagem subterrânea na avenida perimetral do porto na margem direita para passagem de caminhões. Esta obra está sob responsabilidade da Codesp e deve ter início no próximo ano com recursos garantidos pelo Governo Federal.

O Porto Valongo é fruto de um convênio, firmado entre a Secretaria de Portos da Presidência da República, Codesp e Prefeitura de Santos, assinado em 2008. No último dia 27 de abril foram apresentados pela empresa Ove Arupe & Partner os estudos de viabilidade técnico-financeira, e sócio ambiental do plano de ocupação dessas áreas. Está previsto que até meados de 2013 as licitações para contratação das obras estarão prontas.

11Edição e diagramação: Lucas MouraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012

RENATO FIGUEIREDO

O projeto prevê a revitalização de armazéns degradados e investimentos da iniciativa privada, da ordem de R$ 500 milhões

Praias se constituem no principal atrativo da Baixada Santista, região que recebe milhares de turiscas a cada temporada de verão

do Centro Histórico de Santos. “Felizmente a Cidade desde o início da década de 1990 vem se preocupando mesmo que ainda de forma lenta em recuperar o seu Centro Histórico, que é um dos mais importantes do Brasil”.

Integração

A nova estrutura será totalmente integrada ao Centro Histórico e ao Valongo, promovendo a aproximação da cidade com o porto. “O objetivo primeiro de revitalização de áreas portuárias desativadas e no caso específico do projeto em Santos, é a integração urbana dessas áreas, incentivo comercial e de revitalização, especialmente na região do Centro Histórico, na medida da existência de programas como o Alegra Centro e dos investimentos públicos já alocados na região do centro”,

afirmou o secretário de Assuntos Portuários de Santos, Júlio César Novaes de Paula Santos.

O projeto considera também aspectos ambientais como a redução de tráfego de carga e poluição sonora e criação de áreas verdes. Do ponto de vista econômico ainda aumentará o valor agregado na área do Centro Histórico e a captação de impostos gerados pelos usos comerciais do projeto (ICMS e ISS).

O secretário aasegura que o empreendimento trará um impacto positivo para o município, especialmente no que se refere a otimização do sistema rodo-ferroviário da entrada da cidade, garantindo o fluxo de cargas do maior porto da América Latina.

“A proposta preserva todo um conjunto projetado na região do Centro que potencializa o turismo de negócios, além da

criação de vários postos de trabalho, de um grande parque e áreas de contemplação, entre outras iniciativas importantes, como a de um novo terminal para cruzeiros”, explicou.

O historiador também acredita na integração e no desenvolvimento que o Porto Valongo trará para a cidade. “O projeto irá proporcionar geração de renda e desenvolvimento. Isso porque, o turismo, a história e a cultura são as principais fontes de geração de riqueza dos países que os colocaram como prioridades”, opinou.

A superfície total de área construída será de 140 mil m². Serão feitas edificações e intervenções em terra e mar, além da acessibilidade ao empreendimento. Para isso, foi estimado o investimento de cerca de R$ 500 milhões da iniciativa privada.

Edição e diagramação: Igor AugustoPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 201212

Nova alternativa vai exigir mudança de hábitos

ARQUIVO

Ivan Baeta

Os primeiros passos da cons-trução do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foram iniciados em São Vicente e os questiona-mentos sobre sua solução para os problemas da mobilidade ainda não entraram nos trilhos.

Para especialistas, o traça-do ligando Santos e São Vicen-te será a maior dificuldade no processo de conscientização, justamente quando o trânsito ficar caótico em Santos.

Para o jornalista, consultor e ex-secretário de Finanças da Prefeitura de Santos, Rodolfo Amaral, o santista não vai tro-car o conforto do seu carro pela dúvida de um transporte ainda pouco adotado no Brasil.

De origem genérica para suas concepções em decorrên-cia de sua demanda e suas ver-dadeiras necessidades, o proje-to deixa dúvidas para Amaral. “Foram feitas pesquisas há uns três anos e seu traçado interno é o maior problema”.

Amaral diz que os pontos de origem e destino, de onde par-tem e chegam as composições, são limitados. Só usará o trans-porte quem realmente estiver próximo da zona de circulação dos trens. “As pessoas não vão deixar seu carro em casa, pegar ônibus e VLT. Vão continuar trabalhando de carro”, prevê.

Os usuários inseridos neste contexto serão os moradores de Guarujá, que utilizariam o VLT a partir da Bacia do Macuco e os

trabalhadores de São Vicente. Tanto no primeiro caso, como

no segundo, os usuários preci-sam estar próximos destes pon-tos. O traçado interno do VLT só atingiria uma pequena parte da população, explica Amaral.

“Depois, vem os coletivos que necessitam estar integra-dos a este sistema para re-almente funcionar. E outro problema será a população substituir seu meio de trans-

porte e utilizar os serviços dos trens do VLT”, destaca.

Para ele, os ônibus seletivos serão usados com mais intensi-dade. “Vamos precisar de mais linhas”, acrescenta o jornalista, para quem a proposta do VLT pode desafogar parcialmente o trânsito, desde que as pessoas mudem seus hábitos e costumes.

O cientista político Fernan-do Chagas tem a mesma opi-nião. A região precisa investir

na mobilidade urbana. Para ele a população vem aumentando, o que significa que serão neces-sários vontade política e recur-sos para o trabalhador e o em-presário se locomoverem.

Para o cientista político o maior desafio é convencer o santista a se locomover de ôni-bus e deixar o carro em casa. Quando o VLT começar a fun-cionar na região, além de pre-ço acessível, será necessário

um trabalho institucional do Poder Público que deve levar cinco anos para apresentar re-sultados. “Caso contrário, em três ou quatro anos, o trânsito na região entrará em colapso”.

“O santista tem o hábito de usar o carro. Em Santos, é um carro wpara cada duas pesso-as. E, as pessoas só deixariam o carro em casa se uma série de ações do Poder Público forem realizadas”, conclui Chagas.

VLT

São Vicente é ponto de partida das obrasA definição para a constru-

ção do VLT, também conheci-do como metrô de superfície, foi dada em São Vicente, em reunião que marcou todo o es-quema de execução das obras que tem prazo final de licita-ção previsto para o dia 15 de setembro.

Em reunião com autori-dades da região, o presiden-te da Empresa Metropolita-na de Transportes Urbanos (EMTU), Joaquim Lopes, garantiu que as obras come-çam ainda neste ano. Em São Vicente, o número de ônibus deve diminuir. As lotações continuarão, mas vão operar em conjunto com o VLT.

O traçado do VLT em São Vicente favorece a população. E as linhas de ônibus inter-municipais e as vans trans-portarão os usuários para os trens. O valor da passagem será o mesmo do transporte coletivo, na casa dos R$ 3,30, explica Lopes.

O valor orçado da obra é de R$ 850 milhões. O cronogra-

ma de execução das obras é de 18 meses, a partir do início das atividades.

No ponto inicial do trajeto, que começa na estação Bar-reiros, na Vila Margarida, ha-verá o estacionamento para 4 ou 5 trens. Em Santos, a esta-ção Porto Valongo abrigará o pátio e ponto de manutenção dos trens.

Serão 28 estações no to-tal: 6 em São Vicente e 22 em Santos. “A importância para a Baixada Santista é que o VLT vai inaugurar uma mo-dalidade de transportes que não existe no País”, diz o pre-sidente da EMTU.

Inicialmente, o VLT en-trará em funcionamento com 22 veículos, transportando 60 mil passageiros por dia, 400 por viagem em 22 trens, fa-zendo a ligação da Vila Mar-garida (estação Barreiros) com o porto de Santos (esta-ção Valongo).

Considerado de extrema importância para a região, o VLT tem prazo para entrar

em funcionamento antes da Copa do Mundo, em 2014. O objetivo também é ajudar no fluxo dos turistas.

Muito comum na Europa, o metrô de superfície ainda engatinha no Brasil, embora existam projetos similares ao que vai se iniciar na Baixada Santista. O atraso para esta obra é de 14 anos.

O prefeito de São Vicen-te, Tercio Garcia, vê como uma vitória para a Baixada Santista. E até setembro ha-verá muita discussão técnica para minimizar o impacto das obras para a população. O ob-jetivo é reduzir o transtorno das pessoas o mais rápido pos-sível. Garcia ainda explicou que o transporte já existente vai alimentar o VLT para ace-lerar o tempo de locomoção, e outro passo é reduzir o núme-ro de veículos nas ruas.

Para o presidente da Câma-ra de São Vicente, Pedro Gou-veia, que comemora o desfe-cho desta etapa, o projeto do VLT contempla São Vicente

que possui uma comissão de vereadores para o estudo des-sas obras há tempos e agora o sonho do transporte integra-do vai acontecer.

Em São Vicente, as obras devem complicar somente nos

pontos de cruzamentos com os veículos, na linha amare-la. Mas no traçado há espaço para trabalhar na obra. Em Santos, onde a linha margeia as principais vias da Cidade, o problema deve ser maior, explica o vereador e ex-secre-tário de Desenvolvimento Ur-bano e Manutenção Viária de São Vicente, Leo Santos.

O vereador Caio França ob-serva que um viaduto precisa ser construído na Avenida An-tonio Emmerich, e vai alterar a vida de milhares de pessoas que passam por ali todos os dias. “O objetivo é encontrar soluções para o trânsito não ficar mais complicado do que já está”, destaca.

Ele aposta no projeto. “A obra será o início de uma solu-ção para o trânsito na região”. Como o primeiro trecho não alcançará Samaritá, na área continental de São Vicente, França diz que a luta é para inserir este traçado (Samaritá e Esplanada dos Barreiros) o quanto antes. (I.B)

“O VLT vai reduzir o número de veículos nas ruas da Baixada Santista

”TErcio garcia, prefeito de são vicente

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Para especialistas, projeto ainda deixa dúvidas porque vai precisar de integração com os ônibus

Desafio do VLT é conciliar novo meio de transporte com o número de veículos particulares que circulam pelas ruas da Cidade, que tem um dos maiores índices na relação veículos por habitante

Economia desperta atenção dos leitores

Editora de A Tribuna discorreu sobre as perspectivas econômicas da região e contou que os leitoresestão cada vez mais interessado no tema

Joyce Salles

As cidades da região com-portam o atual crescimento imobiliário? O trânsito está preparado para um volume maior de automóveis? O sis-tema de saneamento está ade-quado a essa nova realidade? Esses são os questionamentos mais frequentes que a editoria de Economia do Jornal A Tri-buna recebe dos leitores.

Segundo a editora, jornalis-ta Vânia Augusto, os leitores são participativos, seja por e--mail, telefone ou pessoalmente, e questionam os temas aborda-dos pelo jornal. “No caso espe-cífico da cobertura da expansão imobiliária, por exemplo, eles cobram a intervenção do Poder Público a respeito de melhorias na infraestrutura urbana, pe-dem que as autoridades acom-panhem com atenção os desdo-bramentos desse crescimento, para que não ocorra de forma desordenada”, afirmou.

Ainda sobre o ramo imobili-ário, a jornalista destacou que Santos é a mais afetada já que a construção civil segue em rit-mo acelerado. Na Cidade ficam os empreendimentos maiores, prédios luxuosos voltados a um público de poder aquisitivo ele-vado. Já nas cidades vizinhas, a construção segue mais vol-tada às classes média e média baixa.

Com isso, futuramente, os municípios serão marcados es-pecialmente pelo crescimento imobiliário e pelas possibilida-des oferecidas pelo pré-sal da Bacia de Santos fazendo com que as cidades da Baixada ca-

Edição e diagramação: Joanna FloraPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012 13

minhem para um período de forte expansão.

Por outro lado, é inegável que o crescimento está chegan-do, e chegando com força. “A construção das torres da Petro-bras no Valongo é uma realida-de”, disse Vânia que trata desse tema em suas páginas. Em bre-ve, milhares de trabalhadores da região, e também de fora, serão incorporados à empresa, trazendo mais recursos e rique-za à Cidade e região.

Ela acrescenta que as ci-dades devem se preparar para receber esses empreendimen-tos. “Precisamos, portanto, de mais hotéis, mais apartamen-tos, mais estabelecimentos co-merciais, precisamos ampliar o leque de serviços. Junto com a Petrobras a região está atrain-do vários fornecedores, que aqui se instalam para prestar serviços à estatal. E mais uma vez caímos na questão da infra-estrutura: estamos preparados para tudo isso?”.

Vânia não hesita: “Minha resposta é sim. Há muitas crí-ticas no sentido de que o cres-cimento está sendo desordena-do, de que a população santista será expulsa para outras cida-des etc. Não compartilho dessa linha de raciocínio. Acredito que o desenvolvimento vem acompanhado de amplas possi-bilidades - de novos empregos, de mais escolas, de outras op-ções de lazer etc”.

Ela prossegue argumentan-do: “Há imóveis caros sendo erguidos, mas também há imó-veis mais acessíveis. Ou seja, há opções para todos os bolsos. A região não ficará parada, acom-

CAROLINE LEME

panhando o desenvolvimento de outros lugares. Vai crescer, vai se expandir, vai se incorpo-rar ao cenário nacional como importante polo petrolífero, como destacado centro indus-trial. E isso não tem volta”.

Participação

Além do crescimento regio-nal, os leitores também acom-panham a economia nacional e os assuntos ligados a rendi-mentos e aplicações são os mais procurados. “Recentemente, quando o Governo Federal al-terou as regras nas cadernetas de poupança, recebemos vários pedidos para abordar mais de-talhadamente o tema. O mes-mo acontece com as cotações das ações. Um bom termôme-tro dessa preocupação é a pági-

Educação e Saúdesão prioridades em 2012

Thaigo Costa

“Entre os mais de cinco mil municípios brasileiros, Santos é o 23º em autonomia no orça-mento”. A frase do secretário de Desenvolvimento e Assun-tos Estratégicos da cidade de Santos, Márcio Lara, compro-va a alta arrecadação e a inde-pendência de receita na Cida-de.

Em 2012, o orçamento mu-nicipal está estimado em R$ 1, 6 bilhão, sendo que desse mon-tante apenas R$ 646 milhões advêm de transferências do Estado e da União. “Cerca de 53% do orçamento da cidade são de receitas próprias, advin-das do IPTU, ISS e das taxas”, explica Lara.

“Esses recursos são empre-gados prioritariamente nas áreas de Educação e Saúde”, ressalta o secretário. Somen-te na área da Educação serão investidos este ano R$ 334 mi-lhões. Já na Saúde o investi-mento será de R$ 311 milhões.

na de Indicadores Econômicos. Poucos imaginam, mas é uma das mais lidas. Quando sai al-gum pequeno erro numa cota-ção, “chovem” ligações. Quem diria, não?”, surpreende-se a própria jornalista.

A Editoria de Economia abrange as áreas de petróleo e gás e sindical, com repórteres especializados em cada setor. “Diariamente nos reunimos para discutir as pautas. Che-gamos a um consenso sobre os assuntos a serem abordados de acordo com reivindicações dos leitores (por e-mail, Tribuna Digital ou mesmo por telefone-mas). Também temos uma co-luna, Mercado Regional, onde “escoamos” o material que muitas vezes, por falta de espa-ço, não temos como colocar nas edições diárias”.

“Essa verba vai, principalmen-te, para a promoção da saúde, ou seja, a prevenção, para evi-tar que as pessoas fiquem do-entes e para manter e aprimo-rar nossas escolas e creches”, comenta Lara.

Para o cientista político Fernando Chagas, essas duas áreas são, sem dúvida, primor-diais, porém, “devido a uma lei federal que torna obrigatório o investimento de, no mínimo, 25% da arrecadação da recei-ta tributária líquida do muni-cípio em Educação e 15% na Saúde, muitas vezes, acaba-se gerando certo comodismo e até mesmo desperdícios, uma vez que tais macroinvestimentos anuais tornam-se obrigató-rios”.

“Dessa maneira, percebe--se como nosso orçamento é amarrado: além desses gastos pré-estabelecidos para educa-ção e saúde, 54%, em média, são para gastos com o funcio-nalismo público, ou seja, para pagar servidores públicos mu-

“Há imóveis ca-ros sendo ergui-dos, mas tam-bém há imóveis mais acessíveis. A região não ficará parada, acompanhando o desenvolvi-mento de outros lugares.

”Vânia augusto

jornalista

nicipais. Com isso, sobra mui-to pouco para investimentos reais”, ressalta Chagas.

“Além desses encargos, o município precisa manter pra-ças, jardins (principalmente os da orla da praia), investir em transporte público, meio am-biente e muitas outras coisas. Só com a coleta de lixo são gas-tos quase R$ 10 milhões por ano, que saem da Secretaria de Meio Ambiente, cuja verba to-tal é de R$ 20 milhões. Ou seja, sobram apenas cerca de R$ 10 milhões para todo o resto dos programas ecológicos do mu-nicípio”, conclui o economista.

O orçamento atual, se com-parado com 2011, que foi de R$ 1,49 bilhão, teve um au-mento real de R$ 149 milhões.

Entenda melhor alguns termos:

Receita Líquida doMunicípio:Verbas advindas dearrecadações municipais como IPTU, ISS e das Taxas;

Orçamento municipal: Arrecadação municipal, incluindo transferências estaduais e federais e previsão de despesas.

CAROLINE LEME

Para Vânia Augusto, a Cidade de Santos é a mais afetada pela expansão imobiliária, já que nela ficam os maiores e mais luxuosos empreendimentos

Márcio Lara: entre os mais de 5 mil municípios brasileuiros, Santos é o 23º em autonomia no orçamento

Jéssica Amador

As cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista e principalmente Santos viraram os destinos preferidos para quem quer curtir uma aposentadoria tranquila. Com isso, os aposentados das mais diferentes categorias também ajudam a movimentar a economia da Cidade. Só os aposentados do Sindicato dos Siderúrgicos e Metalúrgicos da Baixada Santista injetam na economia regional mais de R$ 20 milhões mensalmente.

Porém, a luta não termina após a aposentadoria propriamente dita. Alguns trabalhadores não pararam de trabalhar em prol dos seus interesses. Uma das categorias que ainda luta por melhores condições são os metalúrgicos, representados pelo sindicato.

Os aposentados prosseguem em conflito direto com a empresa pela qual se aposentaram e este é o principal objetivo do sindicato, que na região conta

com mais de 8.200 membros, ligados principalmente à empresa Usiminas, no quadro de associados.

Segundo o presidente do sindicato Florêncio Resende de Sá, a principal reivindicação dos aposentados da Baixada Santista e região é com relação ao valor imposto pelos planos de saúde. “Hoje, a mensalidade de um plano de saúde para o aposentado é de 10% do valor da sua aposentadoria. Em média, os planos não saem por menos de R$ 250,00 mensais”, afirma.

Mais de 40% do quadro de aposentados, cerca de duas mil pessoas, tiveram suas aposentadorias decretadas por invalidez e doenças ocupacionais, o que faz com que o sindicato atue também auxiliando na área da Saúde. “Nós trabalhamos com saúde preventiva no ambulatório do Sindicato e mantemos parceria com o Hospital das Clínicas, em São Paulo, levando semanalmente dois aposentados doentes para realização de

exames e tratamento”, explica o presidente.

Segundo Resende, a principal doença causadora de aposentadoria por invalidez é o chamado benzenismo, contaminação no sangue causada pelo benzeno. “O benzeno é líquido e é um composto tóxico, cujo vapor, se inalado, causa tontura, dores de cabeça e até mesmo inconsciência. Se inalado em pequenas quantidades por longos períodos causa sérios problemas sanguíneos, como leucopenia, que reduz as defesas do organismo”, diz.

A luta continuaAs associações de aposentados,

ainda que de maneira tímida, continuam lutando por melhores condições de reajuste salarial e com relação aos trabalhadores ativos, ao fator previdenciário.

Segundo Uriel Villas-Boas, representante da Asimetal - Associação dos Metalúrgicos Aposentados, as entidades precisam de estímulos para

debates que culminem em soluções favoráveis para os aposentados. “É necessária a realização de debates para descobrir uma forma de diminuir o impacto negativo que está havendo com os valores pagos aos aposentados”, diz.

A categoria busca uma maneira de motivar os associados para que estes não desistam da luta e continuem esperando

apenas pelo reajuste do Governo sem qualquer reivindicação da classe trabalhadora. “Alguns aposentados não sabem se querem o valor pedido pela categoria, porque não participa de ações realizadas pelos sindicatos e associações. Mas, por outro lado, quando este trabalhador está ativo, participa das campanhas salariais”, conclui Villas-Boas.

Edição e diagramação: Igor AugustoPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 201214

Simone Menegussi

No século passado, grande parte da economia regional era movimentada pelos trabalhadores portuários. Organizados por um sindicato influente, os trabalhadores do Porto de Santos recebiam vários auxílios, além dos salários. Com o golpe militar em 1964, os sindicatos foram fechados, os líderes sindicais perseguidos e os portuários marginalizados.

Atualmente, com a descoberta da camada do pré-sal, “Santos é a bola da vez”, segundo o diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e supervisor do Núcleo de Pesquisa Sócio Econômico (Nese), Júlio Simões. “O Porto de Santos está em pleno desenvolvimento para atender às novas demandas que a economia está proporcionando. A falta de mão de obra é grande”, reconhece.

Simões diz que, devido ao pré-sal e ao boom imobiliário, a Cidade está em evidência. Ressaltando que existe um foco muito grande em um determinado tema, petróleo e gás. “Temos que pensar se teremos estrutura para suportar o aumento de pessoas que migrarão para nossa região”, adverte.

Segundo pesquisa do Nese, as três torres de três andares que serão construídas pela Petrobras trarão cerca de seis mil empregos diretos. “Calculando que cada novo funcionário deverá trazer consigo mais duas pessoas para morar na Cidade, mais 18 mil novas pessoas residirão na Baixada”, diz. “Por isso, precisamos de mão de obra geral, pois este novo público consumirá, estudará e usará muitos serviços”, declara o supervisor.

Calcula-se que, até 2017, a Região Metropolitana da

Aposentados reivindicam planos de saúde mais baratos

Setor portuário deve atender novas demandas de emprego

Julia Brancovan

A escolha de Santos para sede da nova unidade de comando para a exploração e produção do Pré-Sal da Bacia de Santos trouxe novas perspectivas econômicas para a região. Porém, tantas promessas e progressos não acontecerão de forma imediatista. É o que garante o economista e professor universitário Fábio Barbosa, secretário municipal de Finanças de Santos durante os governos Telma de Souza (1989-1992) e David Capistrano (1993-1996).

Segundo Barbosa, a região necessita de mão de obra qualificada, planejamento urbanístico e melhor infraestrutura do sistema de transportes. “Temos que qualificar a nossa classe trabalhadora. As universidades da região e a própria Universidade de São Paulo já estão se preparando para isso. A verdade é que o pré-sal é um investimento de médio e longo prazos. Há muita especulação de curto prazo”, diz.

Segundo ele, todos esses investimentos vêm trazendo muita repercussão para o governo, atraindo grandes, médias e pequenas empresas estimuladas pelas perspectivas do pré-sal. Em conseqüência disso, o custo de vida para se morar na Cidade ficou mais caro, fazendo com que todos os setores do comércio local subissem seus preços, principalmente o setor imobiliário, que teve um aumento de até 48% em relação a agosto de 2009. Os dados são da última pesquisa realizada em 2011 pela direção regional do Sindicato de Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), sobre o mercado imobiliário da Baixada Santista.

Para Barbosa, a conta será paga pela população. “Penso que existe uma aposta. Uma aposta precipitada no petróleo e, óbvio, especulativa. O mercado imobiliário, com certeza, vai quebrar”, prevê. “Imóvel é investimento de longo prazo. O preço do petróleo muda todo dia. Não podemos entrar no senso comum do milagre do pré-sal. Esse alto custo de vida que está sendo inserido maciçamente na população não acompanha o piso salarial da população”, diz.

Para Barbosa, outro grande problema da região é a mobilidade urbana, em especial quanto ao transporte metropolitano. Segundo ele, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cujo início das obras está previsto para setembro, se bem conduzido, será um importante condutor para o melhor encaminhamento dessa questão. “Não há dúvidas, se bem planejado, o VLT é um projeto fundamental para a região, independente do partido que esteja no poder no plano estadual”, diz. “Mas é claro que não adianta VLT com tarifas abusivas. Cabe à comunidade o debate e a pressão por obras com preços reais e, consequentemente, tarifas baratas. Temos que fiscalizar e acompanhar tudo isso como cidadãos”, finaliza.

Ex-secretário diz que há muita especulação

em torno do pré-sal

IGOR AUGUSTO

Categoria também luta por reconhecimento e remuneração mais digna

Baixada Santista (RMBS) precisará contratar até 220 mil pessoas, segundo dados da consultoria Ernest & Young. De acordo com o professor Júlio Cesar Raymundo, especialista em comércio exterior, gestão portuária e logística, da Faculdade de Tecnologia (Fatec), da Praia Grande, na região vive-se uma verdadeira guerra por profissionais. “É o que mostra o apagão da área de mão de obra que se constata não só na região, mas no Brasil”, comenta.

O Centro de Excelência Portuária (Cenep) vem procurando requalificar e qualificar trabalhadores avulsos ou não para o Porto. Hélio Hallite, administrador, economista e coordenador pedagógico do Cenep, declara que os cursos de

qualificação já começaram. O programa de Ensino

Profissional Marítimo (Prepom), mantido pelo Cenep, exige que o trabalhador avulso portuário faça o elenco de cursos básicos no primeiro momento: Básico de Arrumação de Carga e Estivagem Técnica, Sinalização e Cargas Perigosas, Técnicas de Peação e Despeação, Básico de Conferência de Carga , Básico do Trabalhador Portuário. Num segundo momento, o trabalhador portuário pode optar por fazer outros cursos com equipamentos como pá carregadeira e empilhadeira de grande e pequeno porte.

Para o coordenador pedagógico, o Porto hoje está vivendo um momento muito especial com muita oferta de emprego e pouca mão de obra qualificada. Até o final do ano, dois grandes terminais começaram a operar: o da Brasil Terminal Portuário (BTP), na região da Alemoa, e o da Embraport, localizado na margem esquerda do porto. Estes terminais usarão equipamentos de ultima geração. O problema com a mão de obra é que as pessoas não são formadas para determinadas empresas e sim para os setores. “As exigências dos terminais estão cada vez mais rígidas”, informa Hallite.

O papel do Cenep está sendo, alem de treinar o trabalhador portuário avulso, preparar trabalhadores para funções específicas para terminais. O administrador diz que a imagem do trabalhador braçal analfabeto do porto acabou. Segundo o coordenador, falar outro idioma é fundamental. O diferencial garante uma vaga de emprego imediato. O inglês e o mandarim são os mais requisitados.

IGOR AUGUSTO

Hallite: cursos atendem necessidades portuárias

Os pagamentos dos planos de saúde se tornaram um dos maiores obstáculos aos aposentados

Aline Almeida

Se atualmente a situação do tráfego no Porto é alarmante e caso nenhuma medida seja tomada este cenário pode se tornar caótico. “O problema não está apenas em Santos, toda a região sofre reflexos de seu funcionamento”, diz a arquiteta Débora Blanco Bastos Dias, diretora técnica da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem). E a região tem motivos para se preocupar, pois com a previsão de entrega do trecho Leste do Rodoanel em 2014, o fluxo no Porto de Santos terá, segundo estimativas oficiais, um tráfego de 24 mil veículos por dia.

Para Débora, um dos principais motivos deste caos é o fato de não existirem alternativas viárias para transporte. “Hoje, 80% da carga são transportados por modo rodoviário. É preciso estimular outros sistemas viários, para retirar essa carga das rodovias”, diz. Mas, para que isso ocorra, algumas mudanças são fundamentais, como a implantação de sistema ferroviário e hidroviário de

qualidade. Segundo a arquiteta, outra boa alternativa seriam esteiras que cruzassem a serra com cargas.

Para Milton Lourenço, que é presidente da Fiorde Logística Internacional, algumas ações dependem diretamente de governo do Estado, que há três anos não disse sim nem não a um projeto que foi enviado pela Prefeitura de Santos. “É um projeto para melhorar a fluidez do trânsito naquele local, transformando a Marginal Sul e a Avenida Bandeirantes em vias de apoio à Anchieta, além da construção de um elevado para separar os veículos pesados dos automóveis, com a criação de uma alça de acesso direto dos caminhões ao Porto”, assinala.

Segundo Lourenço, já que as obras do Ferroanel também não saem do papel, a expectativa é que a situação se torne ainda mais caótica. “O Ferroanel poderia resolver um dos grandes problemas do sistema, que é a baixa velocidade dos trens de carga no trecho urbano da cidade de São Paulo e ainda desafogaria o tráfego de veículos pesados nas rodovias. Mas, ao

que parece, não é assim que pensam as autoridades”.

Solução conjuntaSegundo Débora, as

estruturas rodoviárias da região precisam acompanhar as mudanças, se adequarem ao fluxo, para que as cidades não sejam prejudicadas. “Não adianta Santos e Praia Grande tomarem medidas para desafogar o trânsito, se quando chegamos à divisa com São Vicente, o trânsito para”.

E ela garante que todas as decisões precisam ser regionais, desde a concessão de serviços médicos, educacionais

e estruturais, já que todos influenciam no dia a dia das pessoas. “As concessões precisam ser mais bem distribuídas”, diz. Segundo ela, Santos não tem apenas o Porto como referência, a região depende diretamente de seus serviços. “Santos concentra hoje a maioria das universidades da Baixada, possui hospitais de referência, além de empregos, serviços e oportunidades que nenhuma outra cidade da região oferece”, explica. Por conta disso, atrai a população de outros municípios. São diariamente milhares de pessoas que dependem da cidade em diversos setores. Estudantes,

pacientes, empregados e turistas que escolhem a cidade para suprir suas mais diversas necessidades.

Ela garante que, se outras cidades recebessem melhor infraestrutura, atrairiam naturalmente os investimentos que hoje se concentram em Santos. Ela acredita que a Baixada Santista, sendo uma região turística, deve garantir ao visitante a oportunidade de conhecer o que tem de melhor e com isso atrair mais admiradores. “Redistribuir os serviços com as outras cidades da região é um passo para tirar Santos do sufoco”.

Edição e diagramação: Igor AugustoPRIMEIRA IMPRESSÃO • Maio de 2012 15

Rafael Moreira

Que a Baixada Santista vai crescer e muito com a exploração da camada pré-sal, não há dúvidas. Mas crescer para onde? O técnico em meio-ambiente e secretário de Gestão Ambiental do Partido Verde (PV), Paulo Roberto Castilho, alerta sobre os problemas cotidianos que isso trará. “Santos não tem mais para onde crescer. A superlotação de pessoas que virão para trabalhar tanto no pré-sal como nos grandes empreendimentos que estão sendo construídos vai afetar principalmente o trânsito”.

Para abrigar tanta gente que está por vir, novos prédios estão sendo erguidos, o que causa o fenômeno da verticalização da Cidade. Segundo Castilho, isso também será fonte de sérios problemas. “O movimento de muitas pessoas em um mesmo recinto causará um superaquecimento. Os edifícios contribuirão para isso, dificultando ainda mais a circulação de ventos tropicais”, explica.

No aspecto geral, segundo Roberto Castilho, os maiores alvos desta transformação regional serão as duas gerações que predominam em Santos: a juventude e a terceira idade. “Os jovens até que vão se beneficiar das oportunidades de emprego, mas os idosos sofrerão um impacto violento em seu cotidiano, tanto no trânsito como em simples idas ao mercado”.

ExageroJá o ex-secretário de Meio

Impacto do pré-sal divide ambientalistas

Debate levanta aspectos controversos e suscita polêmica entre especialistas

A sede da Petrobras, que está sendo construída no Valongo, vai gerar cerca de 6 mil empregos

Ând

IGOR AUGUSTO

Tráfego no porto podegerar cenário caótico

Em 2014, segundo estimativas oficias, 24 mil veiculos trafegarão, diariamente, pelo Porto de Santos.

IGOR AUGUSTOAmbiente e atual vereador de Santos, Fábio Nunes, não vê esse reflexo tão negativo na região. “O que está acontecendo é um movimento de pessoas que estão indo embora porque acreditam que a cidade perdeu o que elas chamam de qualidade de vida. Em compensação, há gente fazendo hora extra para comprar um apartamento no 25° andar de uma torre”. Para o biólogo, Santos já contava com muitos edifícios há tempos e os que estão por vir não mudarão muita coisa no clima que já existe na Cidade.

Para Fabião, como é conhecido, o fato de o novo Plano Diretor não ser punitivo, e sim mais restritivo quanto ao potencial de construção, alivia a preocupação em relação ao boom imobiliário. “Desde 1999, aqueles gabaritos de verticalização não existem mais, o que existe é uma alteração do potencial construtivo, ou seja, ao invés de você construir muita área, você diminuiu a construção”.

A diretora do Ibama em Santos, Ingrid Oberg, também não enxerga esta evolução como algo negativo. Para ela, haverá um aumento populacional sim, mas não como estão divulgando. “É um exagero por parte da mídia”.

Por outro lado, Castilho lembra um fenômeno parecido que ocorreu em Macaé, no Rio de Janeiro, para sustentar seu receio. Na década de 70, quando jazidas de petróleo foram descobertas no local, vários empreendimentos foram projetados. Com isso, gente de

vários estados se mudou para a cidade a fim de trabalhar na construção destes edifícios e “fazer a vida” por lá.

Porém, quando a obra chegou ao fim, os operários ficaram sem emprego. Sem dinheiro, permaneceram em Macaé e contribuíram para um grave impacto ambiental, que triplicou o índice populacional sem ter estrutura suficiente para tal.

Apesar do crescimento visível, Fabião afirma que isso não causará o mesmo impacto carioca pela diferença infra-estrutural, tampouco acarretará em mais moradias clandestinas construídas em áreas de risco. “O programa Santos Novos Tempos vai acabar com todas as palafitas em um prazo de até 15 anos”. Castilho discorda: “Já sou velho e ouço isso há alguns anos. As casas clandestinas existem há mais de 50 anos e acho que vai demorar muito tempo ainda para

que elas sumam completamente”.Assim como Fabião, ele

não crê que Santos possa ter o mesmo destino de Macaé. Ainda assim, Castilho alerta para que não cometam o mesmo erro que os cariocas. “Os impactos negativos vão acontecer, isto é um fato. O que precisamos fazer é arranjar meios de amenizá-los. E isso vai depender de investimentos do Governo Federal”.

Para Fabião, a entrada de recursos da nova economia de petróleo e pré-sal ainda não foi sentida na Baixada. “Santos não é uma metrópole de 430 mil habitantes, é uma cidade polo. Então, esse fenômeno que aconteceu em Macaé só não vai acontecer em Santos porque não tem área”, explica. “Nossa única área de preservação é um parque estadual e é protegida pelo Sistema Nacional de Unidade de Preservação”.

Já Castilho acredita que as redes de saneamento básico e hospitalar da região precisam

melhorar e muito para conseguir atender a esta demanda que está por vir. “Se o Governo investir bem, a Cidade quase não sentirá as consequências negativas ao passo em que cresce economicamente”.

Contudo, ele não acredita que esta ajuda vá chegar tão cedo. “O País precisa de verbas para ‘fazer essa roda girar’, mas o processo de investimento governamental é lento por causa da burocracia”.

Equilíbrio dinâmicoSegundo Ingrid, os estudos

de impactos ambientais do pré-sal não prevêem quase nada do que foi reclamado. “Assim como toda grande obra, as daqui também precisaram de licenciamento ambiental, o que já temos”.

Em contra-partida, Fabião entende que todo grande empreendimento e/ou acontecimento tem impactos positivos e negativos. “É um equilíbrio dinâmico. Se você enxergar pelo lado negativo, não vê as vantagens. Se você for perguntar para o vizinho da torre o que ele acha da mesma, ele dirá que é barulhenta, causa excesso de esgoto na rede, aumenta o trânsito, ou seja, é tudo ruim. Mas, se perguntar ao dono da padaria da esquina, ele dirá: quero outra torre”.

Sobre isso, Ingrid afirma que mesmo se houver algum impacto, não afetará diretamente a Baixada. “As plataformas de extração de petróleo estão em alto-mar, longe de Santos. A maior parte, em Ilhabela e Caraguatatuba”.

Simone Menegussi

Juliana Kucharuk

Juliana Kucharuk

Igor Augusto

Ana Flora

Juliana Kucharuk

Ana Flora

A Região Metropolitana da Baixada Santista abriga

cidades importantes para a economia regional, como Santos e Cubatão, que vêm

atraindo cada vez mais investimentos nas áreas

portuária e de petróleo e gás, em razão do pré-sal. Este cenário positivo e de otimismo gera empregos,

renda e riqueza, movimentando setores como os da construção

civil, turismo e comércio.

DIAGRAMAÇÃO, FOTO DE FUNDO E TEXTO: JULIANA KUCHARUK. EDIÇÃO FOTOGRÁFICA: IGOR AUGUSTO E JULIANA KUCHARUK