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Pesquisas sobre as relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil: discursos dentro e fora da escola Débora Cristina de Araujo Resumo Este artigo tem como objetivo contextualizar brevemente como a questão das relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil foi tematizada por quinze pesquisas (em nível de mestrado e doutorado) que analisaram seu uso e importância dentro e fora do ambiente escolar. Por meio de análise bibliográfica, o levantamento reúne dissertações e teses defendidas entre os anos de 2003 a 2015. Este estudo é parte do relatório de pós-doutorado intitulado “Relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil: a produção acadêmica stricto sensu de 2003 a 2015” (ARAUJO, 2017), cujo objetivo foi investigar as teses e dissertações que tematizaram as relações étnico-raciais (em especial os grupos negro e branco) na literatura infantil e juvenil. Na primeira parte do texto serão apresentadas pesquisas que analisaram a recepção da leitura em sala de aula. Na segunda será demonstrando, por meio de três pesquisas, como o livro literário pode ser responsável por acionar transformações sociais ou mobilizar o conservadorismo. Por fim, o artigo sintetiza os principais resultados das pesquisas, evidenciando a importância de investigações sobre as relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil. Palavras-chave: Pesquisas; Literatura infantil e juvenil; Relações étnico-raciais. 1. Introdução Este artigo é parte do relatório de pós-doutorado intitulado “Relações étnico- raciais na literatura infantil e juvenil: a produção acadêmica stricto sensu de 2003 a 2015” (ARAUJO, 2017), cujo objetivo foi investigar as teses e dissertações que tematizaram as relações étnico-raciais (em especial os grupos negro e branco) na Literatura Infantil e Juvenil no período de 2003 a 2015. É também um estudo que se

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Pesquisas sobre as relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil:

discursos dentro e fora da escola

Débora Cristina de Araujo

Resumo

Este artigo tem como objetivo contextualizar brevemente como a questão das

relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil foi tematizada por quinze

pesquisas (em nível de mestrado e doutorado) que analisaram seu uso e

importância dentro e fora do ambiente escolar. Por meio de análise bibliográfica, o

levantamento reúne dissertações e teses defendidas entre os anos de 2003 a 2015.

Este estudo é parte do relatório de pós-doutorado intitulado “Relações étnico-raciais

na literatura infantil e juvenil: a produção acadêmica stricto sensu de 2003 a 2015”

(ARAUJO, 2017), cujo objetivo foi investigar as teses e dissertações que

tematizaram as relações étnico-raciais (em especial os grupos negro e branco) na

literatura infantil e juvenil. Na primeira parte do texto serão apresentadas pesquisas

que analisaram a recepção da leitura em sala de aula. Na segunda será

demonstrando, por meio de três pesquisas, como o livro literário pode ser

responsável por acionar transformações sociais ou mobilizar o conservadorismo. Por

fim, o artigo sintetiza os principais resultados das pesquisas, evidenciando a

importância de investigações sobre as relações étnico-raciais na literatura infantil e

juvenil.

Palavras-chave: Pesquisas; Literatura infantil e juvenil; Relações étnico-raciais.

1. Introdução

Este artigo é parte do relatório de pós-doutorado intitulado “Relações étnico-

raciais na literatura infantil e juvenil: a produção acadêmica stricto sensu de 2003 a

2015” (ARAUJO, 2017), cujo objetivo foi investigar as teses e dissertações que

tematizaram as relações étnico-raciais (em especial os grupos negro e branco) na

Literatura Infantil e Juvenil no período de 2003 a 2015. É também um estudo que se

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vincula ao Projeto de Pesquisa “Discurso e Relações Raciais”, desenvolvido no

âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do

Paraná (PPGE-UFPR) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPR (NEAB-

UFPR).

Por meio de um sistema de buscas que envolveram o Banco de Teses e

Dissertações da Capes e o Google Acadêmico, foi possível identificar ao todo trinta

e sete pesquisas em nível de mestrado e doutorado que tematizaram as relações

étnico-raciais na literatura infantil e juvenil. Para este artigo foram selecionados

quinze estudos, tomados a partir do seguinte objetivo: contextualizar brevemente

como a questão das relações étnico-raciais na literatura infantil e juvenil foi

tematizada por pesquisas que analisaram seu uso e importância dentro e fora do

ambiente escolar. E, para tanto, o texto está composto de duas partes: na primeira

parte serão apresentadas pesquisas que analisaram a recepção da leitura em sala

de aula; a segunda parte demonstrará como o livro literário pode ser responsável por

acionar transformações sociais ou mobilizar o conservadorismo.

1. A recepção das leituras literárias

As pesquisas que analisaram a recepção literária constaram efeitos diversos

nas leituras realizadas por crianças e professoras. Nessa seção elas serão

brevemente apresentadas.

O primeiro estudo arrolado foi desenvolvido por Angela Maria Parreiras

Ramos (2007), cujo objetivo foi compreender as influências exercidas por

protagonistas negras de obras literárias em crianças de em duas turmas de

progressão de duas escolas da rede pública municipal do Rio de Janeiro. Por meio

da metodologia pesquisa-ação, durante quase um semestre, uma vez por semana a

autora realizava contação de histórias em turmas das duas escolas. Após a

narrativa, atividades diversas eram desenvolvidas como conversas, “desenhos,

pinturas, recorte e colagem, nas quais os alunos e alunas tiveram a oportunidade de

representarem a si e/ou às personagens demonstrando as características

fenotípicas” (RAMOS, 2007, p. 23).

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A constatação da pesquisadora é que se selecionada com base em critérios

críticos, a literatura pode contribuir para a construção da identidade negra e

conhecimentos sobre as culturas africanas. Em uma das atividades que consistia na

produção de um autorretrato, Ramos identificou mudanças no fim do processo

quando muitas crianças negras que inicialmente se autodescreviam brancas foram,

paulatinamente, assumindo identidades negras tanto na pintura da pele quanto na

textura dos cabelos desenhados. Tal processo também foi registrado nas atividades

de ilustração de personagens dos livros lidos durante a pesquisa.

Realizando pesquisa também com crianças do ensino fundamental, em

especial 3º ano de uma escola municipal de Fortaleza, a pesquisa de Geranilde

Costa e Silva (2009) teve como objetivo analisar em que medida o uso pedagógico

da literatura com base africana e afrodescendente pode produzir novos conceitos

acerca do ser negro. Para tanto, a autora fez uso da metodologia de intervenção

ante/pós facto, que incluiu observação das aulas e intervenção pedagógica e

desenvolvimento de grupo de estudos com professoras da escola investigada.

Na proposta de interferência com professoras, a conclusão foi que elas

reconheceram fragilidades conceituais em suas formações o que gerou resistência à

participação como colaboradas na pesquisa por receio de produzir discursos

equivocados sobre a cultura africana e afro-brasileira. Já para as crianças, o

interesse foi aumentando gradativamente, o que levou Ramos a identificar a

produção de novos conceitos (e positivos) sobre o ser negro.

Com o objetivo de analisar os discursos produzidos por crianças a partir de

leituras de obras infanto-juvenis com personagens negras, a pesquisa de Débora

Cristina de Araujo (2010) foi desenvolvida em turmas de 4ª série do ensino

fundamental de uma escola municipal de Curitiba-PR. A intenção foi de analisar se a

produção, veiculação e recepção/interpretação das leituras apresentavam discursos

que pudessem produzir ou reproduzir hierarquias raciais ou ideologias raciais. Para

tanto, as aulas de leitura foram gravadas, transcritas e analisadas.

A autora constatou que a ideologia racista operou nos estágios de produção,

difusão e principalmente recepção da leitura das obras literárias, sendo, nesta última

etapa, nos discursos produzidos pelas crianças e pela professora. No entanto, ao

lado dos limites da mediação da leitura por parte da professora, Araujo identificou

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avanços no sentido do desenvolvimento e estímulo de debates críticos e de cunho

valorizador das culturas africanas.

Também com o foco sobre a representação de personagens negras, a

pesquisa de Naiane Rufino Lopes (2012) foi realizada com crianças do primeiro ciclo

do ensino fundamental de uma escola municipal de uma cidade do interior de São

Paulo. Seu objetivo foi compreender como as crianças deste nível de ensino

reconhecem as personagens negras protagonistas na literatura. Os procedimentos

metodológicos incluíram análise de livros de acervos do Programa Nacional

Biblioteca da Escola PNBE 2010, observação participante turmas de 1º e de 5º ano

e entrevistas semiestruturadas com grupo focal a partir da leitura de quatro livros do

Programa. O interesse da autora em investigar o primeiro e o último ano da primeira

etapa do ensino fundamental foi de analisar se as percepções sobre personagens

negras mudavam conforme os anos escolares.

Lopes (2012) identificou uma invisibilidade de personagens negras

protagonistas no PNBE, considerando o reduzido número de obras com tal

característica. Em relação à escola, dois importantes limites evidenciados foram a

precarização da biblioteca – agravado pela ausência da leitura como prática cultural

da escola – e também a falta de mediação adequada de leitura, refletindo a ausência

de formação do corpo docente. Na investigação com as crianças, a autora identificou

que a invisibilização das personagens negras foi apontada por elas que a

justificaram tomando por base o racismo estrutural. No entanto, as crianças de um

modo geral reproduziram estereótipos de personagens negras associadas à sujeira

e a roubo. Sobretudo nas crianças mais velhas, os estereótipos e intepretações

reducionistas sobre o ser negro estavam mais consolidadas.

A pesquisa de Juliana Maria C. F. Winter (2012) investigou práticas

pedagógicas que podem estabelecer o diálogo e a reflexão sobre a discriminação

racial e a diversidade cultural na sala de leitura. Em uma escola municipal de

Petrópolis – RJ, a autora analisou documentos da escola, entrevistas com

estudantes e professora da sala de leitura, e realizou observações durante 18 aulas

(oito meses) de uma turma de 8ª ano.

A partir do trabalho da professora da turma, da entrevista com a diretora e da

análise de documentos, a autoria identificou que a escola promove ações de

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valorização da diversidade cultural. Seu destaque foi especial à postura pedagógica

da professora investigada, já que foi responsável por influenciar nas crianças

posicionamentos críticos.

A pesquisa de Camila Lopes Cravo Matos (2012) teve como objetivo analisar

possíveis fatores raciais por meio da intepretação da leitura de um texto de Monteiro

Lobato, o capítulo “O assalto das onças”, do livro infantil e juvenil intitulado Caçadas

de Pedrinho. A pesquisa foi realizada em uma escola particular do município de

Cataguases – MG. Embora não tenha delimitado em seu estudo o nível de ensino

das crianças de sua investigação, por estarem com idades entre 10 e 11 anos é

válido inferir que se tratou de uma investigação sobre o ensino fundamental. Por

meio da distribuição do texto às crianças e posteriormente preenchimento de

questionário, a autora constatou que em nenhum questionário houve a presença de

termos pejorativos relacionados à questão de raça na personagem Tia Nastácia.

Segundo a autora: “Essas análises suscitam-nos a ideia de que somos o somatório

do aprendido, do observado e do vivenciado, e de que, provavelmente, não serão

somente as leituras de narrativas fantásticas que nos tornarão racistas” (MATOS,

2012, p. 99).

Além da ausência de informações sobre o ano escolar das crianças, o texto

não apresenta maiores elementos sobre as crianças como perfil étnico-racial,

socioeconômico e contexto da escola onde estudam. Se observarmos a quase

invisibilidade de estudos sobre escolas particulares, ter acesso a esses dados é

extremamente necessário, ainda mais porque os poucos estudos que abordaram a

questão étnico-racial em escolas privadas de classe média, como o de Rita de

Cássia Fazzi (2006), por exemplo, identificaram maior polidez no trato e menção de

questões raciais entre crianças de classe média em comparação com crianças

pobres.

Destoando dos demais estudos, que direcionaram suas investigações para

crianças do ensino fundamental, a pesquisa de João Martos Rosa (2013) foi

realizada com estudantes de 3º ano do ensino médio de uma escola estadual

localizada em um município do interior do Mato Grosso do Sul. Com temática e

endereçamento ao público adulto, o livro analisado pelo autor foi O mulato, de

Aluísio Azevedo, com o objetivo de investigar quais representações as/os

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estudantes faziam dessa obra e que tipo de identidades negras podem ser

construídas ao lerem tal romance. Por meio de grupo focal com cinco estudantes, e

entrevistas individuais com outros três, o pesquisador analisou suas respostas,

subsidiado pela Análise Crítica do Discurso, Estudos Culturais e Relações Raciais.

Rosa (2013) identificou que as/os estudantes negras/os do grupo participante

da pesquisa tenderam a não se declarar negros em função das representações

sociais que são feitas sobre seus pertencimentos étnico-raciais. E isso se refletiu

nas interpretações que fizeram do livro lido: não se identificaram com o protagonista

da obra pois além de ser negro, seu desfecho na trama sugeriu que sua vida não foi

bem-sucedida. Os discursos oscilaram entre o mito da democracia racial e a

culpabilização do próprio negro pela discriminação sofrida. Mas também houve uma

tendência de identificar a sociedade, a cultura e a mídia pela reprodução de

discriminações via veiculação de imagens negativas, contribuindo para a

discriminação racial e para a estratégia do negro de não se assumir como tal. Por

outro lado, o autor também reconheceu que a literatura trabalhada em sala de aula

pode estimular reflexões mais críticas sobre a temática racial e fortalecer, desde que

com esse objetivo e tendo professoras/es preparadas/os, a construção de

identidades negras positivas.

Novamente voltado para o ensino fundamental, a pesquisa de Sônia M. M. F.

Travassos (2013) teve como objetivo analisar produção infantil de Lobato e suas

relações com a infância e com a leitura, por meio do diálogo com crianças leitora do

mundo contemporâneo. Buscando responder questões como “Que leitor/ouvinte

imanente está manifestado na obra? É possível ler Lobato com as crianças da

atualidade? Como a obra infantil de Lobato, escrita a partir de 1920, é lida por

crianças de hoje no contexto escolar?” (TRAVASSOS, 2013, p. vii), a autora

desenvolveu observação participante, intervenções orais, tendo livros de Lobato

como suporte, e conversas/entrevistas com professoras e crianças de 1º ao 3º ano

do ensino fundamental de duas escolas do Rio Janeiro (uma municipal e outra

federal).

Para Travassos (2013) é importante a manutenção e difusão de obras infantis

de Lobato para a formação literária de crianças em fase escolar pois, segundo a

autora, contribui para a preservação da cultura brasileira presente nas suas

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narrativas. Assim, segundo a autora, as crianças poderão preservar algo “criado no

passado mas para que, no diálogo com eles, os novos leitores possam significar o

próprio presente e projetar o futuro, formando-se e transformando-se

constantemente” (TRAVASSOS, 2013, p. 228).

Analisando a obra A cor da ternura, de Geni Guimarães, a pesquisa de

Jurandy Vitória de Almeida Costa (2015) foi desenvolvida em uma turma de 8º ano

de uma escola estadual de Santo Antonio de Jesus – BA, com o objetivo de

contribuir para o desenvolvimento da formação do leitor crítico, através do texto

literário afro-brasileiro. Ancorada na perspectiva do letramento literário, a autora

desenvolveu uma pesquisa-ação, por meio da leitura e atividades desenvolvidas

acerca dos temas do livro.

Sua constatação foi de que com a intervenção desenvolvida a partir da leitura

do livro A cor da ternura, os/as estudantes desenvolveram uma criticidade leitora e

uma melhor compreensão das relações raciais no Brasil. A partir dos efeitos da

proposta, a autora também constatou a necessidade do cuidado da escolha dos

textos de modo a ampliar os referenciais literários a partir de princípios de

valorização da diversidade e não abandonando o cânone.

O estudo de Lenita dos Santos Ferreira (2015) teve como objetivo investigar

como o espaço da sala de leitura pode contribuir para a construção da identidade

racial de crianças negras. Para tanto, a autora desenvolveu pesquisa com crianças

do 3º ano do ensino fundamental de uma escola municipal do Rio de Janeiro. A

investigação ocorreu em aulas semanais na sala de leitura da escola com obras

literárias infantis e juvenis com temáticas africanas e afro-brasileiras, além da

exibição de um filme curta-metragem. Nas aulas eram realizadas rodas de leitura,

conversas e ilustrações.

A autora identificou que a negação da diferença e da desigualdade perpassa

as relações raciais na escola, e que é fortalecida pelo mito da democracia racial.

Ainda que timidamente, Ferreira constatou o aumento do interesse das crianças de

um modo geral por livros com temáticas africanas e afro-brasileiras, e as crianças

negras demonstraram estarem mais fortalecidas em relação às suas identidades.

Também reconheceu uma diminuição nas agressões verbais de cunho racista entre

as crianças.

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O estudo de Flávia Filomena Rodrigues da Mata (2015) foi desenvolvido com

três professoras e suas turmas de uma unidade de educação infantil da rede pública

de Belo Horizonte. Seu objetivo “consistiu em observar as crianças após o reconto

de narrativas que tematizam o protagonismo dos personagens negros, buscando

reverter a histórica invisibilidade da etnia negra (MATA, 2015, p. 8), buscando

“verificar as possibilidades de positividade na construção da identidade das crianças

negras” (MATA, 2015, p. 8). E embora este tenha sido o objetivo e a autora anuncie

que tenha desenvolvido um estudo com crianças após o reconto de histórias que

tematizavam o protagonismo negro, predominou no texto a apresentação da análise

das entrevistas realizadas com as professoras de uma unidade de educação infantil

da rede pública de Belo Horizonte.

Apesar de não apresentar tais dados, ao final do estudo a autora informou

que as crianças negras demonstraram “o desejo de se parecerem com os

personagens brancos, a imagem do outro de pele branca ainda é uma aspiração de

muitas crianças negras” (MATA, 2015, p. 87) e que as professoras e que “[...] as

relações entre profissionais brancos e negros ainda são tensas, apresentando

práticas de racismo e discriminação [...]” (MATA, 2015, p. 87).

Por último, a pesquisa de Silvana Aparecida da Silva (2015, p. vi) cujos

objetivos foram “apresentar algumas reflexões acerca do ensino de leitura literária e

contribuir para a aplicação da Lei 10.639/03”, foi desenvolvida com estudantes de

duas turmas do 9º ano de uma escola municipal do município de São Paulo. Por

meio de um projeto de leitura com as obras Ynari: a menina das cinco tranças e

Uma escuridão bonita, ambas do escritor angolano Ondjaki, Silva propôs uma

Sequência Didática, além da aplicação de um questionário sobre as concepções de

leitura e do contato com a literatura africana.

A autora identificou como resultados um maior interesse das turmas sobre a

cultura e história angolana, “além de ter promovido várias discussões sobre a

questão do preconceito racial, entre os docentes” (SILVA, 2015, p. 84).

Esses doze estudos até aqui apresentados expressam a dimensão da

recepção e dos impactos positivos e negativos da leitura literária no ambiente

escolar. A seção seguinte discutirá o livro sob outras perspectivas além do contexto

da sala de aula.

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2. Para além da sala de aula: outros olhares investigativos

Além das pesquisas que investigaram o uso literário de obras infantis e

juvenis, outras três pesquisas (uma tese e duas dissertações) tiveram suas

investigações ligadas a outros aspectos das relações étnico-raciais na literatura

infantil e juvenil.

O primeiro estudo foi realizado por Maria Aparecida Rita Moreira (2014), cujo

foco foi a análise de cinco contos de autoras e autores negros e de um curso a

distância desenvolvido com 80 professoras e professores de Língua Portuguesa da

rede estadual de Santa Catarina. Os contos analisados foram: Boneca, de Cuti; A

descida, de Júlio Emílio Braz; Uma furtiva lágrima, de Nei Lopes e Olhos d‘água e

Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos, de Conceição Evaristo.

Por meio da proposta de intervenção, que foi o desenvolvimento do curso a

distância, a autora propôs um questionário como introdução de um dos módulos, as

declarações extraídas do Diário de Bordo, “onde os cursistas postaram reflexões

sobre literatura, racismo e miscigenação” (MOREIRA, 2014, p. 88) e uma atividade

relacionada à leitura dos textos de Edmilson de Almeida Pereira e Eduardo de Assis

Duarte e. Analisando as considerações das/dos participantes no tocante à literatura,

a autora identificou como uma das características presentes nos discursos o

desconhecimento de textos. Por outro lado, ao terem contato por meio da formação

desenvolvida pela autora, a maioria do grupo concordou com a necessidade de uma

revisão do cânone literário brasileiro no que se refere à presença de personagens

negras e suas representações. Tal revisão deveria impactar o currículo de literatura

do ensino médio de modo a oportunizar uma formação literária mais ampliada aos

estudantes. Também identificou como demanda do grupo a necessidade de cursos

de formação em nível inicial nos cursos de Letras, considerando que essa lacuna

marcou as identidades e práticas pedagógicas do grupo investigado. Mas foi

possível a ela observar que posteriormente às ações desenvolvidas com sua

intervenção, muitas professores e professores haviam incorporado escritoras e

escritores afro-brasileiros em seus currículos.

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O estudo de Débora Cristina de Araujo (2015) objetivou interpretar como as

relações internas das instituições que gestavam e executavam o Programa Nacional

Biblioteca da Escola (PNBE) podiam exercer influência na composição dos acervos

literários do Programa, no que se refere à diversidade étnico-racial e à qualidade

literária. Por meio da análise do discurso escrito e oral, bem como da análise

documental, a autora investigou a maior política educacional de distribuição de livros

a bibliotecas das escolas públicas brasileiras.

Os resultados indicaram que estratégias de racialização operavam na gestão

e execução do Programa por meio dos discursos proferidos e das estratégias para

justificar a manutenção de obras com conotações racistas, sempre com o argumento

de estar garantindo a qualidade dos acervos, em detrimento de livros que

supostamente teriam “resquícios de militância” (ARAUJO, 2015, p. 285). Além disso,

na investigação sobre os editais do PNBE “em várias de suas versões demonstrou o

quanto as concepções de literatura e diversidade são dúbias, contraditórias e

fragmentadas” (ARAUJO, 2015, p. 305), pois os critérios de qualidade exigidos para

as obras que fossem inscritas pelas editoras mudavam de acordo com o órgão

responsável pela produção dos editais.

O último estudo aqui arrolado, e novamente produzido em 2015, dialoga

diretamente com a pesquisa de Araujo (2015) por também focalizar o PNBE e os

discursos sobre o cânone literário, representado em especial pelas obras infantis de

Monteiro Lobato. Trata-se da pesquisa de Gihane Scaravonatti (2015), cujo objetivo

foi analisar os discursos produzidos na mídia a partir das denúncias de racismo na

elaboração da personagem Tia Nastácia, em obras de Monteiro Lobato e inseridas

no PNBE. Por meio de dois referenciais teórico-metodológicos (a teoria dos campos

de Pierre Bourdieu e a Análise Crítica do Discurso de Norman Fairclough), a autora

analisou nove entrevistas concedidas em programas de rádio ou televisão de

emissoras distintas.

Ao interpretar a polêmica em torno de Lobato por meio das entrevistas e da

visibilidade de vozes de defensoras/es do autor em detrimento de posições do

Movimento Negro, a autora identificou a prevalência de um poder simbólico

legitimador “de modo a reestabelecer o lugar que a elite hegemônica consagrou

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historicamente a Lobato nos arquivos de nossa memória nacional: o de monumento”

(SCARAVONATTI, 2015, p. 97).

Em análise das entrevistas, a autora captou as seguintes passagens que

merecem destaque:

VOLPATO: Eu tenho aqui no estúdio a professora Marcia Camargos, coautora do livro Monteiro Lobato: Um Furacão na Botocúndia, entre outros sobre o Monteiro, e o Paulo Lins, que escreveu Cidade de Deus e é comentarista do Jornal da Cultura [...] Obrigada pela presença de vocês [...]. Vocês acham, em primeiro lugar, que Monteiro Lobato foi, de fato, racista ou não? Professora, o que que você acha? CAMARGOS: Não, de jeito nenhum! Ele não foi racista. [...] como um escritor, um clássico, ele reflete as contradições e a mentalidade da sua época, entendeu?! Então, eu acho uma hipocrisia você banir um clássico [...]. (CAMARGOS; VOLPATO, LINS, 2010) GRANETTO: Afinal, o livro de Monteiro Lobato, Caçadas de Pedrinho, é ou não é racista? [...] Nós vamos conversar agora sobre Monteiro Lobato e racismo com a professora da Universidade Mackenzie e da Unicamp, Marisa Lajolo. Tudo bem, professora? LAJOLO: Oi, tudo bem! GRANETTO: Então, conta pra gente, [...] você já trabalhou Monteiro Lobato no nível do ensino técnico e ganhou o Jabuti sobre isso, não é isso?! [...] LAJOLO: É. [...] faz um tempinho que o Lobato é um dos meus objetos mais queridos de pesquisa, né? [...] Eu acho que Lobato não insufla o racismo. Eu acho que Lobato não transmite ideias preconceituosas. Eu acho o contrário: eu acho que as pessoas leem Lobato e passam a ter uma perspectiva bastante positiva da Tia Nastácia. (GRANETTO; LAJOLO, 2012). BELINKY: [Monteiro Lobato] Racista?! Bobagem! Racista coisa nenhuma! Numa carta ele escrevia coisas daquele momento, com aquela pessoa, que era uma conversa entre pessoas. Isso não prova nada! (BANDEIRA; BELINKY; VICENTE, 2011). BANDEIRA: Ele não era coerente. Ele era um artista, que falava o que tinha que falar agora, se desmentia depois, mudava de opinião... Mas nunca passou nada disso [sua ideologia racista] pra sua literatura infantil. Sua literatura infantil nada tem a ver com isso tudo que nele pensava [seu posicionamento racista] (BANDEIRA; BELINKY; VICENTE, 2011). (SCARAVONATTI, 2015, p. 95).

Em análise desses excertos, a autora interpretou o quanto o grupo que

defendia a não existência de racismo na produção lobatiana, denominado por

Scaravonatti como grupo “dominante”, produziu discursos com vistas a conservar o

campo.

Sendo possuidor de capital simbólico maior no campo de formação de acervos literários do PNBE, os agentes dominantes – a grande mídia e as personalidades reconhecidas como “autoridades” nos assuntos da literatura,

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especialmente – lançaram mão de seu poder simbólico legitimador, de modo a reestabelecer o lugar que a elite hegemônica consagrou historicamente a Lobato nos arquivos de nossa memória nacional: o de monumento. (SCARAVONATTI, 2015, p. 97).

A pesquisa de Scaravonatti (2015) posiciona-se ao lado de outros estudos

críticos que analisaram não somente o racismo operando em obras e autores

canônicos brasileiros como é o caso de Lobato, mas também contribuiu por

desenvolver um quadro analítico bastante consistente para a interpretação dos

discursos racistas que se fazem presentes na produção e difusão da literatura

brasileira sobretudo naquela voltada para o público infantil e juvenil.

4. Considerações finais

As pesquisas brevemente sintetizadas neste texto realçam algumas

características sobre o campo da literatura infantil e juvenil. No primeiro grupo a

característica em comum entre ambas foi a análise da leitura na escola realizada

principalmente por crianças. E nelas alguns aspectos foram observados:

excetuando-se as pesquisas de Mata (2015) e Rosa (2013), os demais dez estudos

realizaram investigação no ensino fundamental. E, das turmas que foram

identificadas pelos estudos1, seis analisaram os anos iniciais deste nível de ensino.

A preponderância de autarquia de investigação foi a escola municipal da rede

pública, certamente devido ao fato de a maioria das pesquisas terem sido realizadas

nos anos iniciais do ensino fundamental. As escolas estaduais foram investigadas

em apenas duas pesquisas da amostra e a educação infantil, o ensino médio e a

escola privada só foram alvo de apenas uma pesquisa cada.

A cidade predominante de investigação dos estudos deste grupo foi o Rio de

Janeiro e, observando o aspecto da localização por regiões, exceto a Região Norte

não recebeu pesquisa: no Nordeste ocorreram duas (Fortaleza-CE e Santo Antonio

de Jesus-BA); no Sul (Curitiba-PR) e no Centro-Oeste (cidade do MS) uma pesquisa

cada; e no Sudeste foram sete estudos, pois além do município do Rio de Janeiro e

Petrópolis-RJ, houve duas pesquisas realizadas em municípios de São Paulo,

1 Algumas das pesquisas não identificaram o ano/série de investigação. São elas: Ramos (2007) e Mata (2015).

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Cataguases-MG e Belo Horizonte-MG. Tais resultados refletem a recorrência das

instituições de onde provieram os estudos da amostra.

Com relação ao segundo grupo, foi possível observar a importância de

pesquisas sobre as relações étnico-raciais na literatura não somente no âmbito

escolar e no direto contato com o público leitor. Investigar as políticas educacionais,

os discursos e, sobretudo, os usos ideológicos de obras literárias é extremamente

relevante como modo evidenciar como o racismo perpassa a produção, difusão e

recepção do livro.

O primeiro estudo apontou para o que já se discute sobre a formação

docente. É fato que os investimentos em formação inicial e continuada são os

principais condicionantes para a mudança nas práticas pedagógicas de modo a

atender aos preceitos da Educação das Relações Étnico-Raciais. E tal pesquisa

constatou isso: por meio do acesso a conceitos críticos sobre relações raciais,

somado com o contato com obras literárias que tematizam a cultura e história afro-

brasileira e africana, o modo de trabalho com a literatura foi alterado no grupo de

professores/as investigados/as.

A segunda e a terceira pesquisas realçaram os conflitos de interesses

operando na escolha de obras clássicas como representantes exclusivas de

qualidade literária. Além disso, demonstraram como o racismo opera dos discursos

de pesquisadores/as e intelectuais brasileiros/as quando se trata da defesa do

cânone.

Mas em todas as pesquisas ficou evidente a relevância do tema da literatura

infantil e juvenil articulada às questões étnico-raciais. Isso supera uma visão

reducionista que insiste em desconsiderar a literatura endereçada à infância e

juventude como um produto cultural menor. Tematizar, investigar e mobilizar

esforços para compreender os impactos da literatura na formação do público leitor é

parte importante da pesquisa acadêmica no campo das ciências humanas,

sobretudo se incluir nessa busca a análise de como o racismo, as relações étnico-

raciais e a cultura africana e afro-brasileira se fazem presentes na literatura infantil e

juvenil.

Referências

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