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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-REGIONAL DA UNIÃO DA 1ª REGIÃO 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO NECESSIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO PELA UNIÃO NOS AUTOS DO MANDADO DE SEGURANÇA Nº: 2004.34.00.001924-0 MANDADO DE SEGURANÇA Nº: 2004.34.00.001924-0 ORIGEM: 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL AGRAVANTE: UNIÃO AGRAVADO: MARCOS VISCONTI FIORI UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, neste ato representada pela Procuradoria da União da 1ª Região, com sede na SAS Quadra 3, Lote 5/6 Edifício Sede I – AGU - MULTIBRASIL CORPORATE, CEP 70.070-030, Brasília/DF, pelo advogado signatário, com mandato ex lege, nos termos da LC 73/1993, com fulcro nos art. 522 e seguintes do Código de Processo Civil, vem respeitosamente perante Vossa Excelência para interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO (COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO) contra a decisão proferida nos autos do processo em epígrafe, que recebeu o recurso de apelação interposto pela União Federal apenas no efeito devolutivo.

Peticao Agravo de Instrumento

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1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO TRIBUNAL

REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

NECESSIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO DE

APELAÇÃO INTERPOSTO PELA UNIÃO NOS AUTOS DO MANDADO DE

SEGURANÇA Nº: 2004.34.00.001924-0

MANDADO DE SEGURANÇA Nº: 2004.34.00.001924-0

ORIGEM: 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

AGRAVANTE: UNIÃO

AGRAVADO: MARCOS VISCONTI FIORI

UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno,

neste ato representada pela Procuradoria da União da 1ª Região, com sede na

SAS Quadra 3, Lote 5/6 Edifício Sede I – AGU - MULTIBRASIL CORPORATE, CEP

70.070-030, Brasília/DF, pelo advogado signatário, com mandato ex lege, nos

termos da LC 73/1993, com fulcro nos art. 522 e seguintes do Código de

Processo Civil, vem respeitosamente perante Vossa Excelência para interpor o

presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

(COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO)

contra a decisão proferida nos autos do processo em epígrafe, que recebeu o

recurso de apelação interposto pela União Federal apenas no efeito devolutivo.

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Em atendimento ao disposto no art. 524, III, do Código de

Processo Civil, informa que a Agravante é representada judicialmente perante

esse Tribunal, conforme preceitua o art. 9º, da Lei Complementar n. 73/1993,

pela Procuradoria Regional da União da 1ª Região, com endereço no Setor de

Autarquias Sul, Quadra 03, Lotes 5/6 – MULTIBRASIL CORPORATE – Edifício

Sede I – AGU – CEP 70.070-030, Brasília/DF.

O impetrante/agravado tem como advogado LUIS MAXILIANO

TELESCA, OAB/DF nº 14.848, com endereço profissional na cidade de Brasília-

DF, no SRTVN, Lote 124, Central Empresarial Norte, Salas 701-703.

O presente instrumento está instruído com cópias do processo,

dentre as quais estão as das peças obrigatórias para a sua formação, exigidas

no art. 525, do CPC: (i) procuração firmada pela parte agravada, (i) decisão

agravada e (ii) certidão da respectiva intimação pessoal da União Federal.

Posso isso, requer seja recebido, conhecido e provido o presente

recurso, nos termos das inclusas razões da agravante.

Nesses termos, espera deferimento.

Brasília-DF, 05 de setembro de 2014.

(assinado eletronicamente)

JOSÉ CARLOS LEAL CHAVES

Advogado da União

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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

MANDADO DE SEGURANÇA Nº: 2004.34.00.001924-0 (19173520044013400)

ORIGEM: 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

AGRAVANTE: UNIÃO

AGRAVADO: MARCOS VISCONTI FIORI

RAZÕES DA AGRAVANTE

COLENDA TURMA,

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR,

I − DA TEMPESTIVIDADE

O recurso de agravo de instrumento, segundo dicção do art. 522,

do Código de Processo Civil, há de ser manejado no prazo de 10 (dez) dias,

contado da intimação da decisão da qual se pretende recorrer.

Em se tratando da Fazenda Pública, o prazo em apreço será

contado em dobro, por força do que dispõe o art. 188, do mesmo diploma,

redundando num total de 20 (vinte) dias para a interposição do agravo.

Tem-se, no presente caso, que a intimação da União ocorreu dia

18/08/2014, via remessa dos autos, razão pela qual é tempestivo o presente

recurso protocolado nesta data, 05/09/2014.

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II – CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO

Nos termos do previsto no artigo 522 do Código de Processo Civil

é cabível o presente recurso, in verbis:

“Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10

(dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão

suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem

como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos

em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua

interposição por instrumento.”

III – SÍNTESE DO PROCESSO ORIGINÁRIO

Tendo em vista a complexidade dos autos originários e dos

inúmeros incidentes ocorridos durante sua tramitação, salutar se faz

apresentar relatório detalhado sobre todo o processo originário.

Cuida-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, no

qual o impetrante, MARCOS VISCONTI FIORI, objetiva a declaração de nulidade

da Portaria nº 154, da Corregedoria-Geral da Receita Federal, que determinou

a abertura de Comissão para apurar o envolvimento do impetrante em fraudes

contra a Fazenda Pública em unidades da Receita Federal do Rio de Janeiro.

Tal questão está inserido no famoso “Caso Propinoduto II”,

amplamente divulgado na mídia, que incluiu investigações sobre formação de

quadrilha, desvio de dinheiro público, uso do cargo para lograr proveito

pessoal, improbidade administrativa, etc., no âmbito da Receita Federal.

Em sede de tutela antecipada, requereu a suspensão dos efeitos

da referida portaria.

Na análise do pedido liminar, (fl. 264/265) o Juízo da 9ª Vara

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Federal do Distrito Federal indeferiu o pleito, ante as informações da

autoridade coatora no sentido de o processo administrativo disciplinar

instaurado pela Portaria impugnada (PAD 10768.011755/2003-72) já estar

submetido à apreciação do Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,

aguardando julgamento pelo Ilmo. Sr. Ministro da Fazenda, conforme consta às

fls. 235 e documentalmente comprovado à fl. 254/257.

Após pedido de reconsideração, o Juízo da 9ª Vara Federal da

Seção Judiciária de Brasília concedeu a liminar, suspendendo o procedimento

administrativo deflagrado através da Portaria nº 154, até o julgamento final do

mandado de segurança (fl. 280-281).

Em razão da decisão supracitada, a União interpôs agravo de

instrumento, autuado sob o nº 2004.01.00.40196-7. Nesse agravo, foi deferido

o efeito suspensivo, possibilitando a regular tramitação do processo

administrativo em debate (fl. 331).

Posteriormente, o agravo de instrumento foi convertido em retido,

conforme noticiado à fl. 386.

Em razão da conversão do agravo de instrumento em retido, o

Juízo da 9ª Vara Federal da Seção Judiciária de Brasília entendeu pela perda da

eficácia do efeito suspensivo, e determinou o cumprimento da decisão anterior

de fls. 280/281, que concedeu a liminar (fl. 394).

Contra a decisão de fl. 394 foi interposto novo agravo de

instrumento pela União, autuado sob o nº 2009.01.00.008700-0. Nesse agravo,

novamente foi conferido efeito suspensivo ao recurso, tornando insubsistente

a decisão de fl. 280/281 (fl. 416). Frise-se que tal concessão de efeito

suspensivo se deu em 04 de março de 2009.

Assim sendo, a partir da supracitada data, estava o impetrante

desprotegido por decisão liminar, como constatado pelo Juízo da 9ª Vara

Federal de Brasília à fl. 480, razão pela qual este requisitou informações da

autoridade impetrada sobre o andamento do processo administrativo

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disciplinar (se este já tinha sido levado a termo e aplicado sanção ao

impetrante).

Devidamente intimada em 21/05/2009, a autoridade coatora

comunicou ao Juízo, em 29/05/2009, que o PAD 10768.011755/2003-72 estava

em fase de julgamento, já remetido à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,

órgão competente para assessorar a autoridade julgadora, em 29/04/2009, já

com entendimento da Corregedoria-Geral pela aplicação da penalidade de

demissão, mas que a sanção ainda não tinha sido aplicada (fl. 487/488).

Estranhamente, o mesmo Juízo da 9ª Vara Federal de Brasília

proferiu outro despacho (fl. 495), dizendo que o impetrante estava protegido

por liminar, por erro, já que ignorou a decisão de fl. 416 e o seu próprio

despacho de fl. 480, e ainda fez remissão à decisão de fl. 264/265, que tinha

indeferido o pedido liminar, e não o contrário.

No mesmo despacho, que data de 16/12/2009, o referido Juízo

determinou que se buscasse junto ao Juízo da 3ª Vara Criminal da Seção

Judiciária do Estado do Rio de Janeiro informações inerentes à ação cautelar

penal nº 2003.51.01.503354-4, que investigava os mesmos fatos, buscando

assim saber se já havia sido instaurada eventual ação penal contra o

impetrante, o fato que a motivou e o estágio em que se encontrava.

O mandado de segurança permaneceu latente, no aguardo das

referidas informações, que não eram fornecidas, com reiteração do despacho

(fl. 509), bem como de ofícios ao Juízo Federal da 3ª Vara Criminal da Seção

Judiciária do Rio de Janeiro, até que o Juízo da 9ª Vara Federal de Brasília,

quase 4 (quatro) anos após, em 2013, decidiu intimar o impetrante para que

trouxesse certidões negativas da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro

(fl. 559/560).

Às fls. 567/640, o impetrante apresentou, além das certidões,

uma petição na qual foram oferecidas uma série de alegações que não

constavam na inicial, fundadas em julgados do STJ do ano de 2012. Além

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disso, foram juntados outros documentos distintos dos determinados no

despacho de fl. 559/560.

Vale anotar que trata-se de mandado de segurança, que, a

princípio, não comportaria toda essa dilação probatória.

À fl. 642, foi concedida vista ao Parquet Federal, nos seguintes

termos: “tendo em vista os documentos juntados aos autos, dê-se vista ao

Ministério Público Federal, para, querendo, aditar o parecer”.

No entanto, embora tenha sido concedida vista ao MPF, em

nenhum momento foi aberta vista à União ou à autoridade coatora para se

manifestar sobre os documentos juntados! Frise-se que a União requereu

ingresso no feito e atuou durante todo o processo, interpondo dois agravos de

instrumento, devendo ser intimada de todos os atos processuais realizados.

Após, à fl. 649, a parte juntou decisão no processo judicial

0504925-08.2003.4.02.5101, da 3ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Rio de

Janeiro, que considerou ilícitas as provas obtidas nos Relatórios 3 e 4 (que

foram uns dos inúmeros documentos utilizados para se deflagrar o PAD

10768.011755/2003-72).

Adveio sentença (fls. 666/670), concedendo a segurança com

base no supracitado documento de fl. 649, com menção expressa do julgador

no seu ato decisório quanto a isso.

A primeira chance que a União teve de se manifestar sobre os

documentos juntados e as alegações do impetrante, foi pela intimação da

sentença.

Em virtude de gritante nulidade, já que houve violação ao

contraditório e a ampla defesa, a União opôs embargos de declaração (fls.

679/681), e, em sentença integrativa (fls. 686/689), o Juízo da 9ª Vara Federal

de Brasília reconheceu a falta de intimação da União, porém, rejeitou os

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embargos alegando a ausência de prejuízo e o esgotamento da prestação

jurisdicional.

Foi interposto recurso de apelação, requerendo a União o seu

recebimento no duplo efeito (fls. 694/735).

A parte impetrante requereu o recebimento da apelação da União

no efeito meramente devolutivo (fl. 737), bem como alegou descumprimento

da sentença (fl. 739).

Ocorre que, surpreendentemente, a União restou intimada do

recebimento da apelação apenas no efeito devolutivo (fl. 741).

Em tal decisão, o Juízo da 9ª vara Federal de Brasília deixou

consignado que a sentença prevaleceria sobre a decisão que concedeu efeito

suspensivo ao agravo de instrumento n. 2009.01.00.008700-0/DF, e

determinou o cumprimento integral da sentença.

É o relatório.

É em face dessa decisão, que recebeu a apelação apenas no

efeito devolutivo, a União interpõe o presente recurso de Agravo de

Instrumento, devendo ser concedido o efeito suspensivo ao recurso de

apelação, pela violação flagrante de diversas normas constitucionais e

infraconstitucionais, e pela impossibilidade de cumprimento da tutela em sede

antecipatória, ressaltando-se o risco de alegação de descumprimento pelo

Juízo recorrido ante a manifestação da parte autora neste sentido.

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IV − DO MÉRITO RECURSAL

IV.1 – DOS NOVOS FATOS. EXISTÊNCIA DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE

ANTERIOR À SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE DE MANIFESTAÇÃO PRÉVIA DA

UNIÃO. VEDAÇÃO À TUTELA ANTECIPADA. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DE

TRIBUNAL.

Tendo em vista a decisão de fls. 741, a autoridade coatora enviou à

Procuradoria-Regional da União da 1ª Região, representante judicial do ente

público no presente caso, o Ofício nº 064/2014/RFB-Coger, de 18/08/2014.

Em tal ofício, a autoridade coatora informou que o PAD

10768.011755/20103-72 já estava concluído, e que o impetrante, MARCOS

VISCONTI FIORI, já havia sido demitido pelo Senhor Ministro de Estado da

Fazenda, autoridade hierarquicamente superior, por meio da Portaria MF nº

415, de 04/08/2009, publicada no Diário Oficial da União em 06/08/2009, razão

pela qual era impossível o cumprimento da sentença. Em anexo se encontram

tais documentos.

Destaca-se a impossibilidade de se manifestar quanto ao fato

ocorrido previamente à sentença prolatada no Mandado de Segurança

originário nº 2004.34.00.00194-0, já que a última oportunidade em que a

autoridade coatora ou o representante judicial da União tiveram para se

manifestar antes do ato decisório foi em 21/05/2009 (fl. 484), quando a

primeira foi intimada pelo Juízo para trazer informações sobre o andamento do

PAD.

Àquela época ainda não havia sido aplicada a demissão, porém, a

autoridade coatora deixou expresso nas informações de fl. 487/488 que o PAD

já estava pronto para julgamento, com parecer da Corregedoria-Geral da

Receita Federal favorável à aplicação da penalidade de demissão;

Ora, como estava em vigor efeito suspensivo no agravo de

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instrumento 2009.01.00.008700-0 concedido à fl. 416, permitindo a

continuidade regular do PAD, era previsível que ocorresse o ato demissório

antes da prolação da sentença se esta não fosse proferida com máxima

urgência.

Porém, como já visto no relatório, o processo ficou por anos

praticamente parado, no aguardo de informações do 3ª Vara Federal Criminal

da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, com inúmeras reiterações de ofícios,

sendo prolatada sentença apenas em outubro de 2013.

Assim, o próprio Juízo de 1ª instância contribuiu com a situação que

ora se apresenta (aplicação da penalidade de demissão no curso do processo),

pois demorou quase 10 (dez) anos para julgar o feito de rito sumaríssimo, e

mais de 4 (quatro) anos após saber da iminência de aplicação da penalidade

de demissão.

Vale sempre frisar que estamos lidando com um mandado de

segurança, que deve sempre possuir prova pré-constituída, não comportando

dilação probatória.

O fato é que, a aplicação da penalidade de demissão, no curso do

processo, inviabiliza a executoriedade imediata da sentença.

A nulidade do PAD 10768.011755/2003-72, a partir da Portaria nº

154, expedida pelo Corregedor-Geral da Receita Federal, gera a nulidade do

ato demissório baseado em tal processo administrativo.

Por sua vez, o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.437/92, que tem sua

constitucionalidade assegurada pela ADC nº 4, veda a concessão de liminares

“quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de

segurança, à competência originária de tribunal”

Assim sendo, temos a hipótese do art. 14, § 3º, parte final, da Lei

de Mandado de Segurança (12.016/09), que foge à regra geral desta ação

mandamental, pois as sentenças concessivas de segurança podem, via de

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regra, ser executadas provisoriamente, “salvo nos casos em que for vedada a

concessão da medida liminar”.

Destaca-se que, na atualidade, o tratamento é uniforme para toda

a tutela de urgência.

É exatamente esse o entendimento da doutrina especializada: “O

sistema processual pátrio cuidou de unificar os provimentos de urgência,

confirmando-os numa ordem única. Assim, seja a tutela antecipada, seja a

medida cautelar, seja a ação cautelar, todas se subordinam às mesmas regras,

inclusive no que respeita às vedações inscritas na lei 8.437/1992, tanto que a

Lei nº 9.494/1997 as estende, irrestritamente, para a tutela antecipada.”

(Cunha, Leonardo Carneiro. A Fazenda Pública em Juízo. 8ª Edição. Editora

Dialética fls. 235 e 255).

Longe se está de querer suscitar no presente agravo de

instrumento questões relativas à competência do Juízo, pois se está discutindo

a vedação ao deferimento de liminares.

Por exemplo, se em uma ação ordinária, o autor veicular pedido de

nulidade de uma portaria de demissão aplicada por Ministro de Estado, a

tutela antecipada não poderia ser deferida em razão da vedação legal, mesmo

que o Juízo de 1ª instância em ação de rito de ordinário fosse competente para

julgar o feito.

Assim sendo, nítido que a sentença, ao tornar nulo o ato de

demissão aplicado pelo autor, esbarraria na vedação legal prevista no art. 1º, §

2º, da Lei nº 8437/92.

Por conseguinte, não poderia tal decisão possuir sentença

executoriedade provisória, nos termos do art. 14, § 3º, parte final, da Lei

12.016/90.

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IV.2 – DAS NULIDADES DO PROCESSO. PRUDÊNCIA DO JUDICIÁRIO.

NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA SENTENÇA.

Como visto anteriormente no extenso relatório, inúmeros foram

as nulidades da sentença, quando decidiu com base em documentos juntados

pelo autor, em dissonância com a causa de pedir do impetrante, e não intimou

a União para se manifestar sobre tais documentos, que foram determinantes

para a concessão da segurança.

Frise-se que a União requereu seu ingresso no feito e atuou

durante todo o processo, sendo imprescindível a sua intimação de todos os

atos, sobretudo os que influenciassem no julgamento do mérito, sendo patente

o prejuízo apontado.

Aliás, nem mesmo poderia o Juízo decidir com base em novos

documentos, pois o mandado de segurança deve veicular pedido líquido e

certo, não comportando dilação probatória!

Destaca-se que o próprio Juízo da 9ª Vara Federal de Brasília, na

decisão integrativa de fls. 686/689, reconhece o erro do Judiciário, que não

intimou a União dos documentos trazidos pelo impetrante e decisivos para a

concessão da segurança.

Nesse ponto, vale trazer a abordagem da nulidade feita no

recurso de apelação da União, que deixa claro tal conjuntura:

“Conforme consta dos autos, temos a seguinte situação: a

autoridade impetrada foi intimada, pela decisão de fls. 480, a

apresentar informações sobre a situação em que se encontrava o PAD,

para que se esclarecesse se tinha sido aplicada a sanção de demissão

ao impetrante.

Às fls. 486/488, em petição protocolada em 09/06/2009, a

autoridade impetrada informou que o processo estava em fase de

julgamento, não tendo sido aplicada sanção ao impetrante.

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A partir daí, o processo seguiu sua tramitação, conforme narra

o criterioso relatório da sentença, a qual foi proferida em 28/10/2013.

Nesse ínterim (09/06/2009 a 28/10/2013), a União e a

autoridade impetrada não foram intimadas de qualquer ato processual,

enquanto o autor foi intimado para apresentar informações sobre as

ações penais referentes ao PAD (fls. 559/560).

Perceba-se que o despacho de fl. 559/560 apenas facultou ao

impetrante a diligência de juntar certidões negativas de ações penais

da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro.

No entanto, às fls. 567/640, o impetrante apresentou, além das

certidões, uma petição na qual foram oferecidas uma série de

alegações que não constavam na inicial, fundadas em julgados do STJ

do ano de 2012. Além disso, foram juntados outros documentos

distintos dos determinados no despacho de fl. 559/560.

Corretamente, no despacho de fl. 642, foi concedida vista ao

Parquet Federal, nos seguintes termos: “tendo em vista os documentos

juntados aos autos, dê-se vista ao Ministério Público Federal, para,

querendo, aditar o parecer”.

No entanto, embora tenha sido concedida vista ao MPF, em

nenhum momento foi aberta vista à União ou à autoridade coatora

para se manifestar sobre os documentos juntados!

Após, à fl. 649, a parte juntou decisão no processo judicial

0504925-08.2003.4.02.5101, documento este que viria a influenciar o

julgamento do processo, com menção expressa do julgador no seu ato

decisório.

A primeira chance que a União teve de se manifestar, após a

juntada dos documentos e das alegações do impetrante, foi pela

intimação da sentença.

É óbvio que a juntada dos documentos pelo impetrante e de

suas alegações influiu de modo substancial na prolação da sentença.

No entanto, nem o impetrado nem a União (partes diretamente

interessadas no feito) foram intimados para se manifestar sobre a

petição e os documentos apresentados pelo impetrante.

Tal situação configura, de forma evidente, cerceamento de

defesa, por violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa,

corolários do devido processo legal.

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Sabe-se que as nulidades absolutas podem ser arguidas a

qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição, devendo ser

reconhecidas, inclusive, de ofício pelo magistrado.

Em virtude de gritante nulidade, a União opôs embargos de

declaração (fls. 679/681), e, em sentença integrativa, a MM. Juíza

reconheceu a falta de intimação da União, porém, rejeitou os embargos

alegando a ausência de prejuízo.

Como pode não ter tido prejuízo a não manifestação da União

sobre as petições e documentos juntados se, por exemplo, o

documento juntado à fl. 649 FOI MENCIONADO PELA SENTENÇA COMO

RAZÃO DETERMINANTE DA ANULAÇÃO DO PAD, JULGANDO

PROCEDENTE O PEDIDO?

Nesse ponto, vale colacionar trecho da sentença recorrida:

“Entretanto, toda a discussão travada nos presentes

autos tornou-se estéril, em face da decisão exarada

pelo Juiz Federal da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro,

fl. 649, verbis:” (grifamos)

Assim, é gritante o prejuízo da União, que teve cerceado o seu

direito de contraditório e ampla defesa, frise-se, POR INÚMERAS VEZES

AO LONGO DO PROCESSO.

Desta forma, torna-se imperiosa a anulação da sentença, para

que a União se manifeste sobre documentos que foram determinantes

para o julgamento da causa.”

Não se pretende aqui transmudar razões de apelação ao presente

agravo, mas sim, demonstrar a existência de vícios notórios da sentença, e

diante de o próprio Judiciário ter sido o responsável por tais, demandam uma

atitude de prudência deste Tribunal, e tornam relevante o fundamento do

pedido de suspensão do cumprimento da decisão, nos termos do art. 558,

caput, do CPC.

Ora, não é salutar permitir que se execute, de imediato, sentença

que possui vícios patentes que podem levar à sua nulidade.

Desta forma, tem-se mais uma razão para suspender o

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cumprimento imediato da sentença.

IV.3 – DA GRANDE REPERCUSSÃO DO CASO E DA COMPLEXIDADE DA CAUSA.

O Poder Judiciário, embora exerça um papel técnico, e não

político, não deve estar separado totalmente das repercussões sociais de suas

decisões.

Deve se ter mente a gravidade do caso analisado, que envolve

possíveis irregularidades perpetradas por um servidor público no midiático

esquema criminoso conhecido como “Propinoduto II”, que envolve quadrilha,

desvio de dinheiro público, uso do cargo para lograr proveito pessoal,

improbidade administrativa, etc.

Assim sendo, autorizar o cumprimento provisório da sentença,

com a superveniência de reforma em sede de apelação para denegar a

segurança ou anular a sentença, pode trazer sérios prejuízo à imagem da

Administração Pública e do próprio Poder Judiciário, além de afrontar o

princípio da moralidade, sendo sensato que não se cumpra de imediato

decisão que pode repercutir de forma tão danosa na sociedade e nos Poderes.

Nota-se que o art. 527, III, c/c art. 558 do CPC, autoriza que seja

obstado o cumprimento da decisão quando for relevante o fundamento do

pedido, e o fundamento ora trazido de fato o é, mesmo que extrajurídico.

Acrescenta-se que, por envolver denúncias graves, o caso atrai

uma complexidade fora dos padrões de ações judiciais comuns, sendo

necessária a análise de ações penais e processos administrativos tramitando

em paralelo, bem como de vasto conjunto probatório.

Salienta-se que na própria tramitação do processo ocorreram

inúmeros percalços, como já minuciosamente relatado, com várias liminares

deferidas e posteriormente suspensas por este Tribunal, vícios processuais,

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alegações de nulidade, aplicação de penalidade de demissão no curso do

processo, etc.

Portanto, a cautela impõe que não se permita que uma sentença

em caso tão complexo, tanto do ponto de vista exo quanto endoprocessual,

seja executada antes do seu trânsito em julgado.

IV.4 – DA VEDAÇÃO À CONCESSÃO DE LIMINAR. DO ESGOTAMENTO DO OBJETO

DA AÇÃO.

Além dos outros fundamentos, verifica-se que a executoriedade

imediata da sentença é proibida pelo fato de tal esgotar o objeto da ação.

Uma vez declarado nulo um ato, e cumprida a determinação

judicial, não há como se retornar ao estado anterior. Não é possível tornar

válido um ato anteriormente considerado nulo, fazendo com que se us efeitos

voltem a correr, pois não existe no ordenamento jurídico convalidação de ato

ilegal. Não subsiste a figura de “desanulação” de ato.

Nota-se que a sentença não antecipou os efeitos da tutela, como

é possível se fazer, para suspender os efeitos do PAD e do subsequente ato

demissório, mas tão somente ANULOU o PAD.

Assim sendo, é impossível na prática o cumprimente “provisório”

da sentença, pois tal importaria em cumprimento definitivo, irreversível.

Nesse ponto, vale dizer que a já citada Lei nº 8.437/92, em seu

art. 1º, § 3º, veda a concessão de “medida liminar que esgote, no todo ou em

qualquer parte, o objeto da ação”.

No mesmo sentido, o artigo 273 do Código de Processo Civil,

proíbe a concessão de tutela de urgência quando “quando houver perigo de

irreversibilidade do provimento antecipado”, que é justamente o que ocorre no

presente caso.

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Ora, se o cumprimento provisório da sentença esbarra em duas

vedações legais, novamente se observa a incidência da parte final do art. 14,

§3º, da Lei. 12.016/09, proibindo a sua executoriedade imediata.

IV.5 – DA VEDAÇÃO À CONCESSÂO DE LIMINAR. POSSIBILIDADE DE

REINTEGRAÇÃO DO AUTOR.

Caso seja cumprida a decisão da sentença imediatamente, há

riscos de o autor requerer a sua reintegração, e voltar a exercer seu cargo

anterior.

Além de tal hipótese poder representar grave violação ao

princípio da moralidade, como já discutido anteriormente, também implicaria,

em via reflexa, a obrigação de pagamento de vencimentos.

Nesses termos, a Ministra Carmen Lúcia do Vale Figueiredo, em

decisão proferida na Medida Cautelar na Reclamação nº 4981 MC e publicada

no DJ 14/03/2007, PP-00039, entendeu pela impossibilidade de concessão de

tutela de urgência que determine a admissão de servidor público, já que

representa, em via reflexa, a obrigação de pagamento de vencimentos. In

verbis:

“O exame dos diplomas legislativos mencionados no preceito em

questão evidencia que o Judiciário, em tema de antecipação de tutela

contra o Poder Público, somente não pode deferi-la nas hipóteses que

importem em: ( a ) reclassificação ou equiparação de servidores

públicos; ( b ) concessão de aumento ou extensão de vantagens

pecuniárias; ( c ) outorga ou acréscimo de vencimentos; ( d )

pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias a servidor público

ou ( e ) esgotamento , total ou parcial, do objeto da ação, desde que tal

ação diga respeito, exclusivamente , a qualquer das matérias acima

referidas." (DJ 29.11.2005)(grifos no original) E ainda: Rcl 4.696-CE,

Rel. Min. Joaquim Barbosa, decisão monocrática, DJ 1º.2.2007; Rcl

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4.019-SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, DJ 8.2.2006;

Rcl 4.006-PI, Rel. Min. Joaquim Barbosa, decisão monocrática, DJ

31.5.2006; Rcl 3.854-PI, Rel. Min. Joaquim Barbosa, decisão

monocrática, DJ 16.12.2005; e Rcl 2.120-PI, Rel. Min. Carlos Velloso,

decisão monocrática, DJ 23.6.2004. 8.8. Em análise prévia e sumária

dos autos, tem-se que a decisão reclamada parece ter afrontado a

decisão proferida por este Supremo Tribunal Federal na Medida

Cautelar da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 4. Ao ordenar à

União que, "em 48 (quarenta e oito) horas, cumpra o disposto no

dispositivo de fls. 256/258, bem como proceda à nomeação do autor,

na colocação que alcançará com o cômputo do título considerado por

este juízo, sob pena de multa diária de 200 (duzentos reais)" (fl. 14),

fixou, reflexamente, a obrigação de efetuar a Reclamante o pagamento

dos vencimentos correspondentes à categoria que o Interessado

passou a ocupar. 9. Constatada a fumaça do bom direito, pela

inobservância do que ficou decidido na ação-paradigma, bem como

pela possibilidade de elevação indevida de gastos por parte da União, a

demonstrar o perigo da demora, defiro o pedido de medida liminar

apenas para suspender a decisão proferida nos autos da Ação Ordinária

n. 2006.83.00.012761-0, sem interrupção do curso regular da ação. 8.

Comunique-se à autoridade reclamada, com urgência, o quanto

decidido, inclusive por fax, solicitando a ela que preste as informações

(art. 14, inc. I, da Lei n. 8.038/90 e art. 157 do Regimento Interno do

Supremo Tribunal Federal). 9. Na sequencia, dê-se vista ao Procurador-

Geral da República (art. 16 da Lei n. 8.038/90 e art. 160 do Regimento

Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 3 de março

de 2007. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora.”

Tal entendimento pode ser aplicado, por analogia, à reintegração,

pois o vínculo funcional-estatutário anteriormente quebrado é reconstituído,

gerando a obrigação de pagamento de vencimentos.

Pagamentos estes que, por estarem sendo recebidos em razão de

decisão judicial, serão considerados como recebidos de boa-fé, tornando-os

não passíveis de reposição ao erário.

Desta forma, não pode ser entendido como exequível de imediato

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o conteúdo da sentença, aplicando-se novamente a parte final do § 3º do art.

14 da Lei 12.016/09.

IV.6 – DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O IMPETRANTE COM A SUSPENSÃO

DOS DA EXECUTORIEDADE IMEDIATA DA SENTENÇA. CONCORDÂNCIA DO

PRÓPRIO IMPETRANTE.

Trazendo o último e sexto fundamento do pedido no presente

recurso, o que reforça a plausibilidade do pleito recursal, deve ser dito que o

recebimento apelação no efeito suspensivo em nada prejudica o impetrante.

Como já manifestado, a penalidade de demissão foi aplicada ao

impetrante em 06/08/2009, ou seja, há mais de 5 (cinco) anos, e a Portaria nº

154, objeto da ação, é de novembro de 2003, mais de 10 (dez). Não há razões

para se cumprir imediatamente uma sentença sujeita à apelação e reexame

necessário (e até mesmo recurso especial e extraordinário) quando o ato que

ela impugna já produz efeitos há bastante tempo.

Sobre esse ponto, vale chamar a atenção do julgador para o fato

de o próprio impetrante ter se manifestado pela não oposição quanto à

anulação da sentença (fl. 684 dos autos). Ou seja, o próprio requerente não

quer ser prejudicado por sentença eivada de nulidade.

Desta forma, não há qualquer impedimento para que este eg.

Tribunal confira efeito suspensivo ao recurso de apelação, sendo que não

haverá qualquer prejuízo à outra parte.

V – DO PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

Os argumentos acima colacionados servem tanto para

demonstrar o erro de apreciação do D. Magistrado “a quo”, como para

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evidenciar a necessidade de que se confira efeito suspensivo ao presente

recurso, nos termos do inciso III do art. 527 c/c art. 558, ambos do Código de

Processo Civil.

Assim, o relevante fundamento para a concessão do efeito

suspensivo que ora se postula reside, como visto, no fato de o cumprimento do

conteúdo da sentença se amoldar em várias hipóteses de vedação legal à

concessão de tutela de urgência, o que impede a executoriedade provisória da

sentença, nos termos do art. 14, § 3º, parte final, da Lei nº 12.016/09.

Ademais, como razão mais forte do pedido, há diversas nulidades

flagrantes na sentença, que violou sensíveis princípios processuais-

constitucionais, como a ampla defesa e contraditório, sendo a atitude mais

prudente a ser tomada por este eg. Tribunal impedir que a sentença possa ser

executada imediatamente.

Também demanda cautela dos eméritos julgadores o fato de a

ação discutir gravíssimas irregularidades que podem ter sido cometidos pelo

impetrante. Assim, anular de plano o PAD pode trazer efeitos nefastos à

credibilidade da Administração Pública e do próprio Judiciário, bem como à

moralidade.

O perigo de lesão irreparável está, por seu turno, no fato de o

cumprimento da tutela antecipada ser impossível, ante a penalidade de

demissão já aplicada por Ministro de Estado, que possui foro por prerrogativa

de função; e irreversível, já que a sentença não determina a simples

suspensão do PAD, o que poderá tornar inócuo o provimento jurisdicional

futuro, caso sobrevenha anulação (sendo esta uma hipótese bastante

palpável) ou reforma da decisão.

Frise-se que a parte autora já se insurgiu nos autos do processo

originário com a alegação de descumprimento, sendo salutar que seja

concedido, de plano, o efeito suspensivo, para determinar a imediata

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suspensão da exigibilidade da sentença apelada, evitando-se imposição de

multa e outras sanções.

Por fim, o cumprimento da sentença poderá gerar ônus

financeiros à Administração, que dificilmente recuperará eventuais valores

pagos por força de decisão judicial, já que tais estão acobertadas pelo manto

da irrepetibilidade.

Por essas razões, requer a União que, desde logo, seja concedido

efeito suspensivo ao presente Agravo de Instrumento.

VI – CONCLUSÃO

Por todo o exposto, os argumentos acima colacionados servem

para demonstrar o erro de apreciação do Douto Magistrado a quo no que diz

respeito a necessidade de que se confira efeito suspensivo ao recurso de

Apelação Cível, nos termos do art. 527, III, c/c art. 558, ambos do CPC.

Assim, requer a União seja recebido e conhecido o presente

agravo, a fim de que seja concedida medida liminar inaudita altera pars, para

atribuir efeito suspensivo ao recurso de apelação interposto pela União nos

autos da Ação Originária nº 2004.34.00.001924-0, 9ª vara Federal da Seção

Judiciária do Distrito Federal, de forma a impedir que a sentença produza

efeitos imediatos, até o pronunciamento definitivo desse Colendo Tribunal

Regional Federal, nos termos do artigo 558 do CPC.

Ao final, requer seja provido o presente agravo de instrumento,

para cassar a decisão concedida pelo douto juízo a quo, estendendo o efeito

suspensivo até o definitivo trânsito em julgado da decisão.

Nestes termos, pede deferimento.

Brasília, 05 de setembro de 2014.

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(assinado eletronicamente)

JOSÉ CARLOS LEAL CHAVES

Advogado da União