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É HORA DE COMPRAR AÇÕES DA PETROBRAS? Passada a volatilidade atrelada ao período de eleições, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) passaram a refletir uma virada para baixo contundente no mercado de commodities. O petróleo encontra relação no aumento da oferta. Além dos projetos de gás de folhelho e águas ultraprofundas de Canadá e Golfo do México, a Opep nega-se a reduzir o nível de oferta. O que é compreensível... Como os países-membro são produtores de baixo custo, têm a rentabilidade de seus projetos menos comprometida com a queda das cotações da commodity do que produtores em ascensão, como Golfo do México ou mesmo o pré-sal brasileiro. Além dos seguidos escândalos de corrupção e subserviência aos interesses do governo, a Petrobras vê-se diante da possibilidade de a baixa no preço do petróleo inviabilizar economicamente os projetos do pré-sal. A combinação de fatores negativos culminou na imposição de novos pisos de cotação para o preço das ações : 2015 A reprodução indevida, não autorizada, deste relatório ou de qualquer parte dele sujeitará o infrator a multa de até 3 mil vezes o valor do relatório, à apreensão das cópias ilegais, à responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98

PETROLEO AÇÕES

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Valoração da bolsa de valores sobre a hora de comprar ou não ações do ramo petroleiro

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É HORA DE COMPRAR AÇÕES DA PETROBRAS?

Passada a volatilidade atrelada ao período de eleições, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) passaram a refletir uma virada para baixo contundente no mercado de commodities.

O petróleo encontra relação no aumento da oferta. Além dos projetos de gás de folhelho e águas ultraprofundas de Canadá e Golfo do México, a Opep nega-se a reduzir o nível de oferta. O que é compreensível...

Como os países-membro são produtores de baixo custo, têm a rentabilidade de seus projetos menos comprometida com a queda das cotações da commodity do que produtores em ascensão, como Golfo do México ou mesmo o pré-sal brasileiro.

Além dos seguidos escândalos de corrupção e subserviência aos interesses do governo, a Petrobras vê-se diante da possibilidade de a baixa no preço do petróleo inviabilizar economicamente os projetos do pré-sal.

A combinação de fatores negativos culminou na imposição de novos pisos de cotação para o preço das ações :

2015

A reprodução indevida, não autorizada, deste relatório ou de qualquer parte dele sujeitará o infrator a multa de até 3 mil vezes o valor do relatório, à apreensão das cópias ilegais, à responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98

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Ações da Petrobras acumulam queda de 75% nos últimos cinco anos...

Com tamanha queda, as ações da Petrobras estão baratas?

Sob o ponto de vista histórico sim. Negociam na casa de 0,3x o valor patrimonial da empresa.

O problema é que nada impede ações baratas de ficarem ainda mais baratas, e, no momento, somam-se fatores negativos para agravar a trajetória de queda das cotações:

+ não se sabe o tamanho do rombo na empresa ocasionado pelo esquema de corrupção;

+ enquanto não se souber isso, não há parecer de auditores e divulgação de balanços pela empresa, que está inadimplente de resultados (investidores no escuro quanto aos números da companhia)

+ enquanto não há divulgação de resultados, a companhia fecha a janela para captações no mercado e corre risco de novo rebaixamento em sua classificação de risco pelas agências de rating;

2015

Fonte: Bloomberg, Empiricus

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+ sem conseguir se financiar por fontes externas, Petrobras não consegue tocar o seu plano de negócios, que prevê investimentos da ordem de R$ 84,5 bilhões somente para 2015 - redução no plano de investimentos significa paralisação de projetos em andamento e maior dificuldade de cumprir metas operacionais;

+ sem conseguir fontes de financiamento externas, Petro também precisa encarar um problema de estrutura de capital: possui a maior dívida corporativa do mundo, da ordem de US$ 135 bilhões, e já roda acima dos limites de alavancagem indicados em seu plano de negócios

+ os problemas de corrupção e governança corporativa levaram a uma série de ações coletivas de investidores e fundos de investimento contra a empresa na justiça brasileira e norte-americana (onde negocia recibos de ações - ADRs). Os processos podem culminar na paralisação dos negócios e risco de iliquidez dos títulos da companhia;

+ com os índices de inflação acima do teto da meta do governo e a trajetória de queda no preço do petróleo no mercado internacional, Petrobras perdeu o gatilho potencial de novos eventuais reajustes no preço dos combustíveis, saída imediata para melhora de seus resultados.

+apesar da alta das ações com o anúncio da saída de Graça Foster do comando da empresa, é inocência acreditar que seu substituto resolverá todos os problemas, e deixará de haver intervenção estatal na companhia. Ademais, vemos o problema de Petro bem mais profundo que a gestão operacional e o comando de Graça, com a situação delicada da estrutura de capitais.

+a nomeação de Bendine mostrou falta de alternativas do governo na iniciativa privada e reforçou o caráter de ingerência política sobre a estatal, com a escolha de um nome bastante alinhado às vontades do Planalto. Embora oriundo de um banco, Bendine não é um cara de mercado, que tampouco remete ao estado da arte de governança corporativa. Passagem recente pelo BB foi marcada pela ingerência política, tocando o Bom Para Todos e cumprindo uma agenda de governo, de acelerar o crescimento da carteira de crédito da instituição em um momento completamente adverso de mercado, em que os demais bancos seguravam a mão. Sem o sonho do mercado de um dream team que devolvesse credibilidade à empresa, Petrobras nunca esteve tão exposta à possibilidade de downgrade adicional em seu rating. Temos reforçado no cenário-base de aumento de capital pela empresa, o que provocaria diluição gigantesca da base de acionistas às atuais cotações.

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Completamente no escuro, as ações podem subir por elementos especulativos, mas não há qualquer embasamento nos fundamentos que justifique uma recomendação de compra.

Pela gravidade dos pontos mencionados, entendemos que recomendar as ações neste momento, completamente no escuro, seria até mesmo anti-ético de nossa parte.

Então qual a hora exata de comprar as ações da Petrobras?

Respondo com outra pergunta: porque necessariamente Petrobras? Há algo que lhe prende a ela?

Quando (e se) a Petrobras for a R$ 6, por exemplo, ou a Bolsa for a 40 mil pontos, imagine o que você poderá comprar barato...

Itaú a R$ 28?

AmBev a R$ 12?

Se pode comprar alguma ação boa barata, por que comprar uma ruim?

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Elaborado por analistas independentes da Empiricus, este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário, não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. O estudo é baseado em informações disponíveis ao público, consideradas confiáveis na data de publicação. Posto que as opiniões nascem de julgamentos e estimativas, estão sujeitas a mudanças.

Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o debate entre os analistas da Empiricus e os destinatários. Os destinatários devem, portanto, desenvolver suas próprias análises e estratégias.

Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação.

Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17º da Instrução CVM nº 483/10, que: 

+ As recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente.

+ Os analistas são sócios e participam dos lucros da Iguatemi Gestão, que mantém em fundos e carteiras de valores mobiliários que administra ativos objeto de análise por parte da Empiricus Research, podendo daí resultar conflito de interesses.    

* O analista Rodolfo Amstalden é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo cumprimento do disposto no Art. 16, parágrafo único da Instrução ICVM 483/10.

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Analistas Responsáveis

Beatriz Nantes, CNPI

Felipe Miranda, CNPI

Gabriel Casonato, CNPI

João Françolin, CNPI

Roberto Altenhofen, CNPI

Rodolfo Amstalden, CNPI*