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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO PROJETO FINAL DE CURSO EXECUÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS UTILIZANDO O CONDUTOR EM AÇO GALVANIZADO À FOGO DENTRO DA ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO por TIAGO ARTUR CAVALCANTI LEMOS Recife, Dezembro de 2011.

PFC SPDA Estrutural Corrigido

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

PROJETO FINAL DE CURSO

EXECUÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA

DESCARGAS ATMOSFÉRICAS UTILIZANDO O CONDUTOR EM AÇO GALVANIZADO À FOGO DENTRO DA

ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO

por

TIAGO ARTUR CAVALCANTI LEMOS

Recife, Dezembro de 2011.

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

PROJETO FINAL DE CURSO

EXECUÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS UTILIZANDO O

CONDUTOR EM AÇO GALVANIZADO À FOGO DENTRO DA ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO

por

TIAGO ARTUR CAVALCANTI LEMOS

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica da Universidade de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

ORIENTADOR: JOSÉ BIONE DE MELO FILHO

Recife, Dezembro de 2011.

© Tiago Artur Cavalcanti Lemos, 2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois ele é quem rege a minha vida.

Aos meus pais Francisco e Severina, ao meu irmão Francisco Júnior e

minha irmã Evanice pelo amor, apoio, exemplo e ensinamento dado a mim

durante toda a minha vida.

Ao meu orientador José Bione de Melo Filho, por ter me apoiado, mesmo

com todas as dificuldades impostas pelo nosso dia a dia.

Agradeço em especial à minha noiva e futura esposa Anna Karoline, pelo

amor e pela compreensão durante todos esses anos em que estamos juntos, e

pela força dada a mim nos momentos mais difíceis, me fazendo nunca desistir

dos meus objetivos.

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Resumo da Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica de Pernambuco.

EXECUÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS UTILIZANDO O

CONDUTOR EM AÇO GALVANIZADO À FOGO DENTRO DA ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO

TIAGO ARTUR CAVALCANTI LEMOS

Recife, Dezembro de 2011.

Orientador: José Bione de Melo Filho Área de Concentração: Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Número de Páginas: 60.

O presente projeto tem como objetivo apresentar a aplicação do SPDA na forma

Estrutural. É aplicado em edificações novas e possui diversos benefícios como

danos estéticos mínimos à edificação a ser construída e redução de custos totais

na execução do SPDA. Em 1993, a ABNT normatizou o uso em SPDA das

ferragens estruturais das edificações. Entretanto, para que o sistema seja

confiável, é imprescindível garantir a continuidade elétrica dos pilares, vigas e

lajes (conforme item 5.1.2.5.4 da NBR-5419/2005). Como a amarração intencional

dessas ferragens não é o método padrão nas edificações de concreto armado, o

que geraria maiores gastos com o projetista do SPDA para acompanhamento de

toda a concretagem e assim garantir a continuidade elétrica, o mais seguro é a

inclusão de barras adicionais, conhecidas como RE-BARS. Nesse trabalho, será

mostrada a definição do SPDA Estrutural com a utilização das RE-BARS e as

vantagens se for decidido pela aplicação do mesmo, e um estudo de caso,

exemplificando alguns dos procedimentos a serem seguidos para correta

execução, utilizando como base o Anexo D da NBR-5429/2005.

Palavras-chave: Sistema de Proteção; Descarga atmosférica; Raio

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LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Modelo eletro geométrico: visualização do R; ação dos raios ........................ 16

Figura 2.2: Mapa de curvas isocerâunicas no Brasil .................................................................. 23

Figura 2.3: Delimitação da área de exposição equivalente (Ae) – Estrutura vista de

planta ............................................................................................................................................................... 24

Figura 2.4: Cone de proteção pelo método de Franklin ............................................................ 31

Figura 2.5: Volume de proteção do captor h≤R ............................................................................ 33

Figura 2.6: Volume de proteção do captor h≥R ............................................................................ 34

Figura 2.7: Exemplo de uma malha de captação ........................................................................ 35

Figura 3.1: Ferragens dentro do concreto ...................................................................................... 37

Figura 3.2: Estaca metálica .................................................................................................................. 38

Figura 3.3: Detalhes do SPDA estrutural ........................................................................................ 41

Figura 4.1: Edificação a ser estudada fachadas noroeste e sudeste .................................. 44

Figura 4.2: Área de exposição da edificação em estudo .......................................................... 45

Figura 4.3: ATERRINSERTS ............................................................................................................... 46

Figura 4.4: Fachadas sudoeste e nordeste .................................................................................... 46

Figura 4.5: Perspectiva da coberta da edificação........................................................................ 47

Figura 4.6: Localização dos pilares da edificação ....................................................................... 49

Figura 4.7: Fundação da edificação / malha de aterramento ................................................. 50

Figura 4.8: Detalhe do quadro de equipotencialização ............................................................. 52

Figura 4.9: Medição da resistência no ensaio de continuidade ............................................. 53

FIGURA 6.1 – COBERTA DO EDIFÍCIO E LOCALIZAÇÃO DAS DESCIDAS ................ 56

FIGURA 6.2 – DETALHES DE AMARRAÇÃO .............................................................................. 57

FIGURA 6.3 – DETALHE DOS CAPTORES .................................................................................. 58

FIGURA 6.4 – DETALHE DAS RE-BARS ....................................................................................... 59

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LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Fator A: Tipo de ocupação da estrutura................................................................... 25

Tabela 2.2: Fator B: Tipo de construção da estrutura ................................................................ 25

Tabela 2.3: Fator C: Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas

atmosféricas ................................................................................................................................................. 25

Tabela 2.4: Fator D: Localização da estrutura .............................................................................. 26

Tabela 2.5: Fator E: Topografia da região ...................................................................................... 26

Tabela 2.6: Espaçamento máximo entre as descidas ................................................................ 28

Tabela 2.7: Bitolas dos condutores .................................................................................................... 28

Tabela 2.8: Espessuras mínimas dos componentes do SPDA para serem usados

como elementos naturais ........................................................................................................................ 29

Tabela 2.9: Seleção do nível de proteção...................................................................................... 30

Tabela 2.10: Ângulo de proteção do método de Franklin ........................................................ 31

Tabela 2.11: Raio de proteção do método eletrogeométrico ................................................. 32

Tabela 2.12: Raio de proteção do método eletrogeométrico ................................................. 33

Tabela 2.13: Dimensões da malha de proteção pelo método de Faraday ........................ 35

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LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR – Norma Brasileira

SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas IEC – International Eletroteclimical Comission

RE-BAR – Barra Redonda em Aço Galvanizado a Fogo

ATERRINSERT – Conector com disco em latão e rosca fêmea M12

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 10

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO........................................................................................................ 11

1.1.1 Objetivo Principal...................................................................................................................... 11

1.1.2 Objetivo Secundário ................................................................................................................ 11

1.2 METODOLOGIA UTILIZADA ......................................................................................................... 11

1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ................................................................................................ 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................. 13

2.1.1 Generalidade Sobre Raios ................................................................................................... 13

2.1.2 Formação de Cargas ............................................................................................................... 13

2.1.3 Formação de Descargas Atmosféricas ......................................................................... 15

2.1.4 Incidência de Raios .................................................................................................................. 17

2.2 MITOS E CRENDICES ...................................................................................................................... 17

2.3 SPDA ........................................................................................................................................................ 18

2.3.1 Definição ........................................................................................................................................ 18

2.3.2 Níveis e Sua Correta Classificação ................................................................................. 19

2.3.3 Avaliação dos Riscos de Exposição............................................................................... 22

2.3.4 Frequência Admissível de Danos ..................................................................................... 24

2.3.5 Formas de Elaboração ........................................................................................................... 26

2.3.6 Níveis de Proteção ................................................................................................................... 29

2.4 MÉTODOS DE PROTEÇÃO ........................................................................................................... 30

2.4.1 Método de Franklin .................................................................................................................. 30

2.4.2 Método Eletrogeométrico ou Esfera Rolante ............................................................. 31

2.4.2.1 Volume de Proteção um Captor com H≤R .................................................................... 33

2.4.2.2 Volume de Proteção um Captor com H≥R .................................................................... 33

2.4.3 Método Da Gaiola de Faraday ............................................................................................ 34

3. SPDA ESTRUTURAL ............................................................................................................................... 36

3.1 DEFINIÇÃO ............................................................................................................................................ 36

3.2 PROCESSO EXECUTIVO UTILIZANDO AS RE-BARS ................................................... 37

3.2.1 Fundações .................................................................................................................................... 37

3.2.2 Descidas ........................................................................................................................................ 39

3.2.3 Captação ........................................................................................................................................ 40

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3.2.4 Vantagens do SPDA Estrutural Utilizando o Condutor Adicional Dentro da Estrutura.................................................................................................................................................... 42

3.2.5 Recomendações Para Execução ...................................................................................... 43

4. ESTUDO DE CASO ................................................................................................................................... 44

4.1 AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO.............................................................................. 44

4.2 CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DO SPDA ..................................................................... 45

4.2.1 Subsistema de Captação ...................................................................................................... 46

4.2.2 Subsistema de Descida ......................................................................................................... 48

4.2.3 Subsistema de Ateramento ................................................................................................. 49

4.2.4 Equalização de Potencial ...................................................................................................... 51

4.2.5 Ensaio de Continuidade de Armaduras ........................................................................ 52

5. CONCLUSÃO............................................................................................................................................... 54

6. ANEXO – PROJETO DE SPDA ........................................................................................................... 55

FIGURA 6.1 – COBERTA DO EDIFÍCIO E LOCALIZAÇÃO DAS DESCIDAS ............. 56

FIGURA 6.2 – DETALHES DE AMARRAÇÃO ........................................................................... 57

FIGURA 6.3 – DETALHE DOS CAPTORES ............................................................................... 58

FIGURA 6.4 – DETALHE DAS RE-BARS .................................................................................... 59

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

Uma descarga atmosférica é um fenômeno natural que desde o início da

civilização causa temor e danos. A ação de uma descarga atmosférica é

fulminante, ela num curtíssimo espaço de tempo, injeta correntes da ordem de

centenas de kA numa instalação, que caso não tenham nenhum sistema de

proteção, provocam uma série de prejuízos e acidentes, tais como [4]:

Mortes em seres humanos causados tanto pela incidência direta,

como indireta das descargas atmosféricas;

Incêndios em florestas campos e prédios;

Destruição de estruturas, tanques e árvores;

Interferências em sistemas de telecomunicações e de dados;

Acidentes em aviões, embarcações, plataformas de petróleo e

antenas;

Interrupções de fornecimento de energia elétrica.

É importante ressaltar que a despeito do grande número de pesquisas e

estudos realizados durante este século, muito ainda precisa ser esclarecido no

intuito de impedir a ocorrência das descargas atmosféricas. Portanto, até o

momento atual, tem restado apenas fazer estudos sobre sistemas de proteção,

para reduzir ao mínimo as possibilidades de prejuízos, acidentes e danos [4].

Os SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas) vêm

evoluindo anualmente. Contudo deve ser destacado que ainda não se conseguiu

uma proteção completa ou totalmente efetiva para as descargas atmosféricas [4].

Assim como os métodos de proteção estão em constante evolução, sua

forma de executá-los também são alvos de estudos para garantir menores custos

e maior confiabilidade. As normas que regulamentam o SPDA ficaram

adormecidas por aproximadamente 20 anos, quando em 1993 a ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas) atualizou tais normas, que formaram

a NBR-5419 e tiveram como referência as normas da IEC-61024 [4].

Com a edição de tal norma, muitos conceitos foram atualizados e novas

técnicas foram desenvolvidas, entre elas a possibilidade do uso de concreto

armado das estruturas.

A norma dispõe de duas opções para tal sistema. A primeira consiste em

simplesmente usar as ferragens do concreto armado como descidas naturais, de

Page 12: PFC SPDA Estrutural Corrigido

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modo que haja continuidade dos pilares verticalmente e obedeça à seção mínima

requisitada em norma. A segunda consiste no uso de barras adicionais em aço

galvanizadas a fogo, denominadas RE-BARS, às ferragens existentes, com a

função de garantir a continuidade desde o solo até o topo da edificação.

O uso das ferragens de concreto armado como descidas naturais, pode

acarretar em diversos problemas a serem contornados. A garantia da

continuidade vertical é um dos problemas, pois na construção civil não existe tal

preocupação. Para garantia da continuidade, seria necessário um profissional

especializado durante a execução de toda estrutura, gerando um ônus alto.

Este trabalho consiste em apresentar a problemática da descarga

atmosférica e buscar a melhor solução possível a nível de proteção, e apresentar

a aplicação do SPDA Estrutural utilizando as RE-BARS dentro da estrutura como

melhor solução para edificações a serem construídas.

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO 1.1.1 OBJETIVO PRINCIPAL

Apresentar o uso do SPDA Estrutural na execução de projetos e mostrar as

vantagens de tal aplicação, com o uso da barra adicional em aço galvanizado

para garantir a continuidade entre todos os pilares.

1.1.2 OBJETIVO SECUNDÁRIO

Apresentar a definição e os métodos de proteção contra descargas

atmosféricas;

Apresentar as opções de execução dos projetos de SPDA;

Mostrar com detalhes a definição e execução de um SPDA

Estrutural utilizando barras adicionais em aço galvanizado dentro do concreto

armado;

Realizar um estudo de caso, mostrando a aplicação do SPDA

Estrutural na edificação a ser estudada, e com isso, obter um entendimento

completo sobre tal procedimento.

1.2 METODOLOGIA UTILIZADA

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Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma ampla pesquisa

sobre o assunto em livros, artigos científicos, sites e catálogos de fabricantes,

normas e discussões com profissionais especialistas, e seleção de todo o

conteúdo para reunir os dados mais relevantes sobre o tema.

Os dados coletados foram divididos em capítulos para dar uma melhor

ilustração. De início, o trabalho dar uma ilustração sobre o que é um raio, suas

características e a sua formação até se tornar uma descarga atmosférica.

Após as definições de raio e descarga atmosférica, o trabalho aborda os

métodos de proteção existentes segundo a norma, suas restrições e o modo

correto de como utilizá-los na hora de fazer um projeto.

Após toda abordagem inicial, é mostrada a definição de um SPDA

Estrutural, os procedimentos para sua correta execução e as vantagens de sua

aplicação com a utilização da barra adicional dentro da estrutura.

Procurando simplificar e exemplificar o entendimento, é feito um estudo de

caso, com a elaboração de um projeto de SPDA na forma Estrutural de uma

edificação de utilização pública na cidade de Garanhuns/PE.

1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O trabalho está organizado em 5 capítulos, da seguinte forma:

No capítulo 2 estão reunidos todos os conceitos necessários ao

entendimento do trabalho, apresentando informações sobre como elaborar um

projeto de SPDA corretamente.

O capítulo 3 aborda os conceitos do SPDA Estrutural, o roteiro para a

elaboração de um projeto de SPDA Estrutural utilizando o condutor adicional

dentro da estrutura e considerações que devem ser feitas para o projeto.

No capítulo 4 é feito um projeto de SPDA estrutural, com a utilização das

RE-BARS dentro as estrutura, exemplificando o que foi visto nos capítulos 2 e 3,

através de um estudo de caso.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 RAIOS 2.1.1 GENERALIDADE SOBRE RAIOS

O raio é um fenômeno da natureza que desde os primórdios vem intrigando

o homem, tanto pelo medo provocado pelo barulho, quanto pelos os danos

causados. O raio, em si, é uma corrente elétrica e por isso deverá ser conduzido o

mais rápido possível para o solo, minimizando seus efeitos destrutivos .

Para algumas civilizações primitivas o raio era uma dádiva dos Deuses,

pois com ele quase sempre vem as chuvas e a abundância na lavoura. Para

outras civilizações era considerado como um castigo e a pessoa que morria num

acidente de raio, provavelmente havia irritado os Deuses e o castigo era

merecido. Havia também civilizações que glorificavam o defunto atingido por um

raio, pois ele havia sido escolhido entre tantos seres humanos, com direito a

funeral com honras especiais [3].

Após tantas civilizações o homem acabou descobrindo que o raio é

corrente elétrica e por isso deverá ser conduzida o mais rápido possível para o

solo, minimizando seus efeitos destrutivos.

O primeiro cientista a perceber que se tratava de um fenômeno

Físico/Elétrico, foi Benjamin Franklin (1752), que na época afirmou que após a

colocação de uma ponta metálica em cima de uma casa, esta atrairia os raios

para si e a edificação estaria protegida contra raios, caindo estes na ponta

metálica [3].

Após alguns anos, tomou conhecimento de edificações que tinham sido

atingidas e o raio não havia caído na ponta metálica. Assim sendo, reformulou-se

a teoria e afirmou que a ponta metálica seria o caminho mais seguro para levar o

raio até o solo com segurança caso a ponta seja atingida por um raio.

A partir daí, deu-se início aos estudos para descoberta do melhor meio

para proteção de edificações contra os raios, sendo Gay-Lussac (1850) o pioneiro

nos métodos de proteção, ao criar o cone de proteção para utilização das ponta

metálicas (pára-raios).

2.1.2 FORMAÇÃO DE CARGAS

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Raio é um fenômeno atmosférico de danos conseqüentes, resultantes do

acúmulo de cargas elétricas em uma nuvem e a conseqüente descarga sobre o

solo terrestre ou sobre qualquer estrutura que seja vulnerável à descarga

atmosférica. Existem várias teorias explicativas do fenômeno, entre as quais as

de Simpson, Elster e Geitel.

Pela teoria de Simpson, durante uma tempestade, há correntes

descendentes de ar com certa umidade, sendo que a certa altura, formam-se

gotas de água, resultante da condensação do vapor d’ água. Estas gotas vão

aumentando de diâmetro até ficarem grandes e caírem por ação da gravidade. Na

queda, juntam-se umas às outras, aumentando de tamanho até se tornarem

instáveis, aproximadamente com o diâmetro de 0,5cm. Então se fragmentam e

libertam íons negativos que, juntando-se às partículas, são arrastados com

violência para a parte superior e bordos da nuvem, em virtude da interferência de

pequenos cristais de gelo ali existentes [3].

Pela teoria de Elster e Geitel, também foi admitida a existência das

correntes ascensionais de ar úmido, formando-se gotas que, quando atingem

certo peso, começam a cair. Considerando-se a superfície da terra

predominantemente negativa, estas gotas grandes encontram-se, em sua queda,

com gotas pequenas em ascensão, fornecendo-lhes cargas positivas e recebendo

a negativa. Assim, a parte superior da nuvem torna-se positiva e a parte inferior,

negativa [3].

Conclui-se que, pelas duas teorias ficou demonstrada que a parte inferior

das nuvens tem cargas predominantemente negativas e a parte superior, cargas

positivas. Aliás, as observações e medições das descargas que caem sobre

linhas de transmissão provam que são nuvens carregadas negativamente.

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15

2.1.3 FORMAÇÃO DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

De acordo com o que foi visto anteriormente, o raio se origina da seguinte

forma: as gotículas das nuvens vão se polarizando eletricamente, como uma

imensa quantidade de pilhas, uma conectada a outra em linha, e muitas linhas

lado a lado, concentrando uma grande potência elétrica, que tende a dissipar-se

no seu meio, mas a nuvem está isolada pela distância, pois está flutuando no ar.

A descarga (raio) se dará no momento em que o potencial eletrostático for

suficiente para produzir um caminho ionizado para a potência elétrica trafegar,

rompendo a rigidez dielétrica, ou seja, a resistência natural da camada de ar, à

passagem de corrente. Esta produção de um caminho ionizado baseia-se na

propriedade de prover esta camada de ar de capacidade de conduzir corrente,

através do fornecimento de íons, ou seja, elétrons livres (partículas de carga

elétrica negativa). Este aumento da condutibilidade pode se dar em decorrência

da presença de partículas em suspensão (poluição) ou a própria umidade da

camada de ar.

O rompimento da rigidez dielétrica do ar pode acontecer devido a três

fatores:

Pelo aumento da energia: a nuvem vai acumulando tanta energia,

até o ponto em que a diferença de potencial formada seja tão grande que vença a

distância de isolamento;

Pela diminuição do isolamento: se há algum eventual aumento na

condutividade atmosférica;

Se há encurtamento da distância de isolamento, que ocorre: pela

aproximação de outra nuvem, havendo descarga entre elas ou quando em sua

passagem, a nuvem carregada se aproxima de alguma saliência ou elevação da

superfície da terra.

Com a polarização elétrica da nuvem, a terra sob a nuvem se comporta

também de maneira polarizada, porém de sinal contrário.

A polarização da terra vai acompanhando o deslocamento da nuvem, como

se fosse uma sombra. Em algum momento, o isolamento chega ao seu limite por

excesso de energia da nuvem, melhor condutividade, ou por haver surgido um

Page 17: PFC SPDA Estrutural Corrigido

16

atalho, (árvore, edifício, casa, antena, torre, pára-raios, etc.) e então ocorre a

descarga elétrica (raio). Esta situação pode ser visualizada na Figura 2.1, onde se

tem a nuvem flutuando no ar, carregada negativamente, o solo abaixo da mesma

reagindo a esta carga de forma oposta, ou seja, positivamente, e uma edificação

que serve de atalho, reduzindo a distância “R” entre a nuvem e o solo,

propiciando o acontecimento da descarga atmosférica, pois a grande tensão

acarretada pelas cargas negativas da nuvem consegue romper a resistência do

ar, com a diminuição da distância entre a mesma e a terra.

Fazendo comparações com os tipos de formações de nuvens existentes, é

possível fazer comparações e definir os tipos de nuvens carregadas existentes.

De acordo com a sua carga, as nuvens podem ser classificadas como:

Nuvens menores com cargas positivas e negativas;

Nuvens com cargas positivas;

Nuvens com cargas negativas;

Nuvens com cargas positivas e negativas não equilibradas.

Figura 2.1: Modelo eletro geométrico: visualização do R; ação dos raios

Fonte: NBR-5419/2005

Neste deslocamento, a carga positiva induzidas vai escalando arvores,

prédios, pessoas, pontes, morros, para raios, carros.

Page 18: PFC SPDA Estrutural Corrigido

17

A diferença de potencial que se forma entre a nuvem e a terra varia de 10 a

1.000.000kV, sendo que a altura media da nuvem varia de 300 a 5000 metros.

Para baixa diferença de potencial, o ar é um dos melhores isolantes, para

altas diferenças de potencial, até mesmo o ar começa a conduzir eletricidade,

devido à quebra de sua rigidez dielétrica.

2.1.4 INCIDÊNCIA DE RAIOS

Um grande número de raios ocorre principalmente em locais mais

elevados, como árvores isoladas, prédios e torres. Tal fato ocorre porque o

terreno mal condutor e a nuvem formam um grande capacitor.

A enorme diferença de potencial entre a nuvem e o solo provoca a

ionização do ar e o aparecimento de um cheiro adocicado indicando a presença

de ozônio. A ionização do ar diminui a distância de isolação entre a nuvem e o

solo, havendo, portanto, maior probabilidade do raio piloto furar essa camada de

ar, fazendo com que o raio caia nesse terreno isolante (mau condutor).

Como o terreno é isolante, não há condições de escoamento do raio, e

esse tende a se espalhar procurando caminhos de menor resistência.

Em regiões onde há muita precipitação com tempestades, a incidência de

raios também é maior.

2.2 MITOS E CRENDICES

A maioria das crendices é encontrada na zona rural, pois é lá que os

efeitos diretos e indiretos são mais sentidos, devido à falta de proteção natural de

outras estruturas altas (ausência de prédios) e conseqüentemente maior

exposição, devido à densidade populacional menor e à falta de informação,

fazendo com que a criatividade popular seja mais exercitada [2].

O corisco, a machadinha e outros sinônimos fazem o folclore se misturar

com fatos reais.

É comum se encontrar na área rural pessoas que acreditam que talheres

metálicos, espelhos e outros utensílios metálicos, chifre de boi, árvores, cercas

metálicas, etc., atraem os raios.

Não existe nada que comprove a utilização de meios para atrair os raios. O

que acontece na prática é que as estruturas mais altas (árvores, torres, prédios

Page 19: PFC SPDA Estrutural Corrigido

18

etc.) por estarem mais perto das nuvens são estatisticamente as mais prováveis

de serem atingidas. Isto porque, diminuem a distância entre o solo e a nuvem

reduzindo o dielétrico do ar, aumentando a sua probabilidade estatística de serem

atingidos por uma descarga.

A denominação de machadinha acredita-se que seja atribuída ao material

fundido no solo, devido à descarga direta no solo que tenha ficado acidentalmente

com um formato de machadinha. Algumas pessoas acreditam que as pontas do

chifre do boi possa atrair raios [2].

Um tipo de acidente comum em áreas rurais é a queda de raios nas cercas

ou próximo destas, induzindo nestas sobre tensões que podem viajar longas

distancias até se dissiparem no solo, seja através de aterramento (que porventura

existam) seja através do contato direto de pessoas ou animais com a cerca

provocando morte por tensão de toque.

Essas correntes injetadas no solo, seja por uma descarga direta, sejam

através de uma árvore, um SPDA ou mesmo uma cerca, provocam sobre tensões

superficiais no solo que podem causar desde mal-estar em bípedes, até a morte

de quadrúpedes. Na área rural é comum um raio matar dezenas de cabeças de

gado [2].

As crendices não são privilégios só da área rural, mas também dos centros

urbanos. Nestes, as mais comuns dizem que o sistema de proteção atrai os raios,

que é 100% eficiente e que protege os equipamentos eletrônicos.

2.3 SPDA 2.3.1 DEFINIÇÃO

É um sistema de proteção contra raios que tem como objetivo escoar para

o solo, no caminho mais curto e mais rápido possível os raios que eventualmente

atinjam a edificação onde estão instalados, reduzindo os riscos de vida e de

danos materiais. Um SPDA é constituído pelos sistemas de captação, descidas,

anéis de cintamento (prédios altos) aterramento e equipotencialização.

Obviamente para que isso seja entendível e exequível é necessário a

elaboração prévia de um projeto específico que faça a avaliação de risco,

identifique o nível de proteção, o método de proteção a ser adotado, detalhe o

número de descidas e o seu posicionamento correto, dimensione a malha de

Page 20: PFC SPDA Estrutural Corrigido

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aterramento e sua abrangência e as massas metálicas e outras malhas existentes

para que sejam integradas ao SPDA.

Dessa forma, o principal objetivo de um SPDA é a proteção patrimonial e

como conseqüência garantir a segurança das pessoas que estão no interior da

edificação. Apesar do que foi citado, um SPDA nunca poderá garantir uma

proteção de 100% uma vez que se trata de um evento da natureza em que o

homem não tem controle. Pode-se apenas agir preventivamente.

A eficiência da proteção, assim como o custo final da obra, está

diretamente ligada ao nível adotado. Assim, o nível a ser adotado deve ser

criteriosamente definido para evitar sub dimensionamento ou super

dimensionamento. No caso do sub dimensionamento, o projeto ficará fora de

norma e o autor sujeito às penalidades da lei. No caso do super

dimensionamento, o projetista estará apenas aumentando os custos finais à

execução do projeto.

Para citar como exemplo, numa fábrica de explosivos a portaria pode ser

nível três ou quatro (depende da quantidade de pessoas que freqüentam), o

escritório pode ser nível dois de proteção (Tabela 2.9, pág. 28/29). A fábrica e nos

paióis onde o material perigoso é manuseado ou armazenado deverá ser nível um

de proteção e o galpão de sucata pode ser nível quatro de proteção ou até

mesmo dispensar proteção [2].

Se a proteção for dimensionada como sendo nível um para todas as

edificações o custo final da obra será muito maior.

Na elaboração do projeto de SPDA é de suma importância a realização de

visitas técnicas para coletar dados e investigar todo o processo produtivo para

definir os níveis de proteção adequados.

Quanto aos equipamentos eletrônicos, estes são facilmente queimados

pela interferência eletromagnética provocada por um raio que caia a algumas

centenas de metros da sua edificação ou na edificação propriamente dita. Neste

caso, devem ser tomadas medidas eficazes para reduzir as sobretensões a níveis

suportáveis dos equipamentos, podem proteger estes dos efeitos dos raios.

2.3.2 NÍVEIS E SUA CORRETA CLASSIFICAÇÃO

Para o dimensionamento de um SPDA o primeiro passo consiste em

responder a seguinte pergunta: “A edificação precisa ser protegida ou não?”. Para

Page 21: PFC SPDA Estrutural Corrigido

20

respondê-la, seria necessário fazer o calculo estatístico de necessidade de SPDA,

que será mostrado mais adiante.

A norma cita que, se a edificação for classificada como nível 1 ou 2, já está

evidenciado que precisa ser protegida, porém se for classificada como nível 3 ou

4, então é necessário recorrer ao anexo B da NBR-5419/2005 para fazer uma

verificação. É importante também mencionar que a norma exige que, caso um

SPDA não seja necessário, é obrigatório que o anexo B seja feito e documentado

para que fique efetivamente documentada a não-necessidade e alguém seja

responsável pela decisão da não instalação.

São quatro os níveis de proteção, indo desde o nível 1 (mais rigoroso) até o

nível 4 (menos rigoroso). A classificação correta do nível de proteção é

importantíssima, pois essa escolha irá determinar o rumo do projeto, bem como

os custos de implantação. Na verdade a escolha do nível de proteção é a escolha

de uma relação custo–benefício, uma vez que quanto mais rigoroso for o nível de

proteção mais onerosa será a instalação. Assim, em edificações de maior risco

(risco próprio ou coletivo), a proteção é mais exigente, e de riscos menores a

proteção será menos exigente.

No nível 1 temos materiais perigosos que podem provocar contaminação

de pessoas e meio ambiente ou mesmo explosão, podendo atingir comunidades

próximas. Nesse caso existe o risco próprio da edificação e também existe o risco

de vida coletivo.

No nível 2 o risco maior e de vida, uma vez que se trata de locais com

concentração de pessoas (edifícios comerciais), com possibilidade de gerar

pânico e consequentemente risco de vida.

No nível 3 existe baixo risco de vida e material (edifícios residenciais).

No nível 4 praticamente não existem riscos materiais nem de vida.

Em resumo, fica claro por que nos níveis 1 e 2 a proteção é obrigatória, já

os níveis 3 e 4 deverão ser ponderados através do anexo B para verificar a real

necessidade de proteção.

Outro dado interessante e que a norma cita é que caso o proprietário

queira se sentir seguro, mesmo que a memória de cálculo indique a não-

necessidade, torna-se uma evidência para a instalação do SPDA. Alguns

cuidados devem ser tomados na hora de fazer a classificação do nível de

proteção, uma vez que em indústrias aparentemente inocentes podem existir

Page 22: PFC SPDA Estrutural Corrigido

21

materiais potencialmente inflamáveis que numa análise superficial podem passar

despercebidos, por exemplo: indústrias que liberem microfibras ou pós de grãos

ou ainda pós de carvão ou coque, sem falar nos solventes ou produtos químicos

que provoquem a liberação de gases perigosos quando entram em reação

química com outros produtos.

Todos esses riscos podem fazer com que a classificação do nível de

proteção tenha que ser repensada. É sempre recomendável fazer visitas técnicas

no local, para, além de fazer os testes da resistividade do solo (exigidos na

norma), seja feita uma avaliação bem criteriosa dos riscos.

Outro dado importante é que ao longo do tempo o cliente pode mudar as

atividades dentro da edificação, e nas vistorias anuais deverá ser checada a

necessidade de adaptação do SPDA ou não, de acordo com a utilização atual.

Outra questão interessante é em relação à classificação de algumas

estruturas que parecem óbvias, mas não são. Exemplo: a caixa d’água de uma

empresa que nível de proteção será? E se essa caixa d’água for parte integrante

do processo produtivo, cuja parada devido a um raio possa trazer prejuízos

enormes? Ou no caso de uma caixa d’água que alimenta uma comunidade? Ou

mesmo uma caixa d’água de incêndio? Pode ser visto que, dependendo de quem

faz a analise, o nível pode ir de 4 para 1, dependendo da responsabilidade dessa

estrutura.

A mesma situação pode acontecer, por exemplo, numa indústria de

explosivos. Aparentemente trata-se de uma indústria de nível 1. Mas se a

empresa estiver dentro das normas do exército quanto ao armazenamento de

explosivos, as edificações de apoio, tais como escritórios, portarias, vestiários,

refeitórios, não são nível 1, uma vez que por lei não podem ter materiais

explosivos em seu interior. Possivelmente o galpão e os paióis seja nível 1, mas

as demais edificações talvez seja nível 2, 3 ou 4. A classificação correta por

edificação pode trazer redução dos custos expressivos na implantação do sistema

[2].

No caso de edificações de uso misto (residencial e comercial) ou casos

duvidosos, deverá ser adotado sempre o nível mais rigoroso. Se, por exemplo,

uma edificação for classificada como nível 3 quando na verdade deveria ser nível

1 e ocorra um acidente, a perícia poderá determinar que aconteceu um erro de

Page 23: PFC SPDA Estrutural Corrigido

22

projeto, ou seja, nível de proteção inadequado com o risco da edificação

classificada como ato de negligência [2].

Se a edificação era de nível 3 e foi protegida como nível 1, não houve

negligência,apenas a proteção foi superdimensionada, gastando mais dinheiro do

cliente do que eventualmente seria necessário. Por isso é importante não cometer

erros e fazer uma ponderação correta antes de atribuir o nível de proteção [2].

2.3.3 AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE EXPOSIÇÃO

A probabilidade de uma estrutura ser atingida por um raio em um ano é o

produto da densidade de descargas atmosféricas para a terra pela área de

exposição equivalente da estrutura.

A densidade de descargas atmosféricas para a terra (Ng) é o número de

raios para a terra por km² por ano. O valor de Ng para uma determinada região

pode ser estimada pela seguinte equação:

Ng = 0,04*(Td)^1,25 [por km²/ano] (2.1)

Onde Td é o número de dias de trovoada por ano, obtido de mapas

isocerâunicos.

Page 24: PFC SPDA Estrutural Corrigido

23

Figura 2.2: Mapa de curvas isocerâunicas no Brasil Fonte: NBR-5419/2005

A área de exposição equivalente (Ae), é a área, em metros quadrados, do

plano da estrutura prolongada em todas as direções, de modo a levar em conta

sua altura. Os limites da área de exposição equivalente estão afastados do

perímetro da estrutura por uma distância correspondente à altura da estrutura no

ponto considerado. Seu valor é determinado pela seguinte equação:

Ae = LW + 2LH + 2WH + π* H² [m²] (2.2)

Assim, para uma estrutura retangular simples de comprimento L, largura W

e altura H, a área de exposição equivalente tem um comprimento L +2H e uma

largura W + 2H, com quatro cantos arredondados formados por segmentos de

círculo de raio H, em metros, conforme a figura 2.3.

Page 25: PFC SPDA Estrutural Corrigido

24

Figura 2.3: Delimitação da área de exposição equivalente (Ae) – Estrutura vista de

planta. Fonte: NBR-5419/2005

A freqüência média anual previsível (Nd) de descargas atmosféricas sobre

uma estrutura é determinada por:

Nd = Ng* Ae* 10^-6 [por ano] (2.3)

2.3.4 FREQUÊNCIA ADMISSÍVEL DE DANOS

Para a freqüência média anual admissível de danos (Nc) valem os

seguintes limites, reconhecidos internacionalmente e os seus fatores coletados

pelas Tabelas 2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5.

a) Riscos maiores que 10^-3 (isto é, 1 em 1 000) por ano são

considerados inaceitáveis;

b) Riscos menores que 10^-5 (isto é, 1 em 100 000) por ano são, em

geral, considerados aceitáveis.

Nas tabelas 2.1 a 2.5, são fornecidos os principais fatores importantes para

que se possam obter parâmetros e determinar se uma edificação necessita ou

não da aplicação do SPDA.

Page 26: PFC SPDA Estrutural Corrigido

25

Tipo de ocupação Fator A Casas e outras estruturas de porte equivalente 0,3 Casas e outras estruturas de porte equivalente com antena externa 0,7 Fábricas, oficinas e laboratórios 1,0

Edifícios de escritórios, hotéis e apartamentos, e outros edifícios residenciais não incluídos abaixo 1,2

Locais de afluência de público (por exemplo: igrejas, pavilhões, teatros, museus, exposições, lojas de departamento, correios, estações e aeroportos, estádios de esportes) 1,3

Escolas, hospitais, creches e outras instituições, estruturas de múltiplas atividades 1,7

Tabela 2.1: Fator A: Tipo de ocupação da estrutura. Fonte: NBR-5419/2005

Tipo de construção Fator B

Estrutura de aço revestida, com cobertura não-metálica* 0,2 Estrutura de concreto armado, com cobertura não-metálica 0,4 Estrutura de aço revestida, ou de concreto armado, com cobertura metálica 0,8

Estrutura de alvenaria ou concreto simples, com qualquer cobertura, exceto metálica ou de palha 1,0

Estrutura de madeira, ou revestida de madeira, com qualquer cobertura, exceto metálica ou de palha 1,4 Estrutura de madeira, alvenaria ou concreto simples, com cobertura metálica 1,7 Qualquer estrutura com teto de palha 2,0

*Estruturas de metal aparente que sejam contínuas até o nível do solo estão excluídas desta tabela, porque requerem apenas um subsistema de aterramento.

Tabela 2.2: Fator B: Tipo de construção da estrutura. Fonte: NBR-5419/2005

Conteúdo da estrutura ou efeitos indiretos Fator C

Residências comuns, edifícios de escritórios, fábricas e oficinas que não contenham objetos de valor ou particularmente suscetíveis a danos 0,3

*Estruturas industriais e agrícolas contendo objetos particularmente suscetíveis a danos 0,8

Subestações de energia elétrica, usinas de gás, centrais telefônicas, estações de rádio 1,0

Indústrias estratégicas, monumentos antigos e prédios históricos, museus, galerias de arte e outras estruturas com objetos de valor especial 1,3 Escolas, hospitais, creches e outras instituições, locais de afluência de público 1,7 *Instalação de alto valor ou materiais vulneráveis a incêndios e às suas conseqüências.

Tabela 2.3: Fator C: Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas atmosféricas.

Fonte: NBR-5419/2005

Page 27: PFC SPDA Estrutural Corrigido

26

Localização Fator D

Estrutura localizada em uma grande área contendo estruturas ou árvores da mesma altura ou mais altas (por exemplo: em grandes cidades ou em florestas) 0,4

Estrutura localizada em uma área contendo poucas estruturas ou árvores de altura similar 1,0

Estrutura completamente isolada, ou que ultrapassa, no mínimo, duas vezes a altura de estruturas ou árvores próximas 2,0

Tabela 2.4: Fator D: Localização da estrutura. Fonte: NBR-5419/2005

Topografia Fator E

Planície 0,3 Elevações moderadas, colinas 1,0 Montanhas entre 300 m e 900 m 1,3 Montanhas acima de 900 m 1,7

Tabela 2.5: Fator E: Topografia da região. Fonte: NBR-5419/2005

Após feita a avaliação das estruturas, que em muitos casos é uma tarefa

complicada, chega-se ao resultado.

Se o resultado obtido for consideravelmente menor que 10^-5 (1 em 100

000) e não houver outros fatores preponderantes, a estrutura dispensa proteção.

Se o resultado obtido for maior que 10^-5, por exemplo, 10^-4 (1 em 10 000),

devem existir razões bem fundamentadas para não instalar um SPDA.

2.3.5 FORMAS DE ELABORAÇÃO

O SPDA é formado de vários componentes que fazem canalizar essa

energia até o solo; dentre os quais destacam-se:

Captação: a) Tem a função de receber as descargas que vem do topo da edificação e

distribuir pelas descidas;

b) São compostas por elementos metálicos, como mastros ou condutores

com os seus devidos tamanhos decorrentes do dimensionamento de cada

edificação.

Descidas: a) Recebem as correntes oriundas das descargas atmosféricas que são

distribuídas pela captação onde são descarregadas até o solo. Nas edificações

Page 28: PFC SPDA Estrutural Corrigido

27

com altura superior a 20 metros tem a função de receber as descargas laterais,

assumindo também a função de captação devendo os condutores serem

dimensionados para tal descarga;

b) No nível do solo as descidas deverão ser interligadas com cabo de cobre

nú com seção de 50mm² (no mínimo).

Anéis de cintamento: Os anéis de cintamento assumem duas importantes funções:

a) A Primeira é equalizar os potenciais de descidas minimizando assim o

campo elétrico dentro da edificação;

b) a Segunda é receber descargas laterais e distribuí-las pelas descidas.

Neste caso também deverão ser dimensionadas como captação.

Sua Instalação devera ser executada a cada 20 metros de altura

interligando todas as descidas.

Aterramento: a) Recebe as correntes elétricas das descidas no solo;

b) tem também a função de equalizar os potenciais das descidas e os

potenciais no solo, devendo ter preocupação com os locais de freqüência de

pessoas, minimizando as tensões de passo nestes locais;

c) para um bom dimensionamento da malha de aterramento é

imprescindível a execução de uma prospecção da resistividade do solo

previamente.

Equalização de potenciais internos: a) A equalização dos potenciais de todas as estruturas e massas metálicas

que poderão provocar acidente às pessoas, faiscamentos ou explosões;

b) no nível do solo e dos anéis de cintamento (cada 20 metros de altura),

devem ser equalizados os aterramentos de aparelhos eletrônicos, de elevadores

(inclusive trilhos metálicos), tubulações metálicas de incêndio, gás (inclusive o

piso da casa de gás), água fria, água quente, recalque, etc.;

Page 29: PFC SPDA Estrutural Corrigido

28

c) para tal deverá ser definido, uma posição estratégica para instalação de

uma caixa de equalização de potenciais que deverá ser interligada à malha de

aterramento e interligando as diferentes prumadas metálicas já mencionadas.

Para prédios as diversas LEP’s (Ligações Equipotenciais Principais), devem ser

interligadas através de uma prumada específica de cabo de cobre com seção de

16 mm2;

d) a ligação da caixa de equalização bem como as tubulações metálicas

poderá ser executada com cabo de cobre de seção 16 mm² antes da execução do

contra piso dos apartamentos localizados nos níveis dos anéis de cintamento. A

amarração das diferentes tubulações metálicas poderá ser executada por fita

perfurada estanhada (bi metálica) que possibilita a conexão com diferentes tipos

de metais e diâmetros variados, diminuindo também a indutância do condutor

devido à sua superfície chata.

As tabelas 2.6 e 2.7 mostram, respectivamente, o espaçamento máximo

entre as descidas e a bitola mínima dos condutores na elaboração de um SPDA.

Nível de proteção Espaçamento máximo entre as descidas (m)

I 10

II 15

III 20

IV 25

Tabela 2.6: Espaçamento máximo entre as descidas. Fonte: www.spda.com.br

Nível de Proteção

MATERIAL

CAPTAÇÃO DESCIDAS

H até 20mt H>20mt

ANEIS

DE

CINTAMENTO

ATERRAMENTO Equalizações

Alta Corrente

Equalizações

Baixa corrente

Cobre 35 16 35 35 50 16 6

I a IV Alumínio 70 25 70 70 -- 25 10

Aço Galv. A Fogo

50

3/8” (*)

50

3/8” (*)

50

3/8” (*)

50

3/8” (*)

80

7/16” (*)

50

16

Unidades mm2 mm2 mm2 mm2 mm2 mm2 mm2

Tabela 2.7: Bitolas dos condutores. Fonte: www.spda.com.br

Page 30: PFC SPDA Estrutural Corrigido

29

Obs. : As bitolas acima se referem á seção transversal dos condutores em mm2 . G.F. = galvanizado a fogo (quente). (*) – Cordoalha Galvanizada a fogo tipo SM 7 fios

A NBR-5419/2005 cita alguns elementos que podem ser utilizados como

captores, descidas e aterramentos naturais, desde que obedeçam aos requisitos

mínimos da norma.

Por exemplo, telhas metálicas podem ser utilizadas como captores

naturais, desde que tenha a espessura mínima de 0,5mm, lembrando que a

maioria das telhas comerciais tem a espessura de 0,43mm, não atendendo ao

requisito mínimo.

A tabela 2.8 mostra as espessuras mínimas para componentes a serem

utilizados como elementos naturais de um SPDA.

Material Captores Descidas Aterramento

NPQ NPF PPF

Aço galvanizado a quente 4 2.5 0,5 0,5 4

Cobre 5 2.5 0,5 0,5 0,5

Alumínio 7 2.5 0,5 0,5 --

Aço Inox 4 2.5 0,5 0,5 5

Unidade: mm NPQ - não gera ponto quente

NPF - não perfura PPF - pode perfurar

Tabela 2.8: Espessuras mínimas dos componentes do SPDA para serem usados como elementos naturais.

Fonte: www.spda.com.br

2.3.6 NÍVEIS DE PROTEÇÃO A NBR-5419/2005 define quatro níveis de proteção, relacionados na tabela

2.9:

TIPO DE EDIFICAÇÃO NÍVEL DE PROTEÇÃO

Edificações de explosivos , Inflamáveis, Indústrias Químicas , Nucleares , Laboratórios bioquímicos , Fábricas de munição e

fogos de artifício , Estações de telecomunicações usinas Elétricas , Indústrias com risco de incêndio ,Refinarias, etc.

NÍVEL I

Edifícios Comerciais, Bancos , Teatros , Museus , Locais arqueológicos , Hospitais , Prisões , Casas de repouso , Escolas

Page 31: PFC SPDA Estrutural Corrigido

30

, Igrejas , Áreas esportivas NÍVEL II

Edifícios Residenciais ,Indústrias, Casas residenciais ,

Estabelecimentos agropecuários e Fazendas com estrutura em madeira.

NÍVEL III

Galpões com sucata ou de conteúdo desprezível , Fazendas e Estab.Agrop. com estrut. em madeira

NÍVEL IV

Tabela 2.9: Seleção do nível de proteção Fonte: www.spda.com.br

2.4 MÉTODOS DE PROTEÇÃO Até 1993, a norma NB-165 apenas considerava o método Franklin com 60

graus de abertura do ângulo de proteção para todas as edificações, exceto nas

áreas classificadas onde se usava 45 graus. A NBR-5419 surgiu no Brasil em

1993 tendo como fundamento a IEC62305. Nesta data, além do tradicional

Método Franklin foram acrescentados o método Eletrogeométrico (Esfera

Rolante) e Gaiola de Faraday.

2.4.1 MÉTODO DE FRANKLIN

É composto por um ou mais captores de quatro pontas, montado sobre

mastro cuja altura deve ser calculada conforme as dimensões da edificação,

podendo haver vários em um sistema de pára-raios.

Este método é baseado na proposta inicial de Franklin e tendo várias

propostas de alteração quanto ao ângulo de proteção.

A sua abrangência de proteção é formada pelo cone formado em torno do

eixo vertical de um triangulo retângulo com a hipotenusa, mostrado na figura a

seguir:

Page 32: PFC SPDA Estrutural Corrigido

31

Figura 2.4: Cone de proteção pelo método de Franklin

A fórmula para obtenção do raio, como mostra a figura 4, é:

R=tg do ângulo*H (2.4)

O ângulo de proteção, de acordo com o nível de segurança, é mostrado na

tabela a seguir:

Nível de proteção

Altura da estrutura a ser protegida 0 a 20m 21 a 29m 30 a 44m 45 a59m

I 25° A A A

II 35° 25° A A

III 45° 25° 25° A

IV 55° 45° 35° 25°

Tabela 2.10: Ângulo de proteção do método de Franklin

A = aplicar Gaiola de Faraday ou Esfera Rolante, pois a estrutura está

sujeita à descargas laterais.

Caso exista mais de um captor no projeto, deve-se ser acrescentado 10°

ao ângulo de proteção.

2.4.2 MÉTODO ELETROGEOMÉTRICO OU ESFERA ROLANTE

É baseado em estudos feitos a partir de registros fotográficos, da medição

dos parâmetros dos raios, dos ensaios em laboratórios de alta tensão, do

emprego das técnicas de simulação e modelagem matemática. Surgiu

inicialmente para as linhas de transmissão e foi depois simplificado para aplicação

às estruturas.

No modelo eletrogeométrico, supõe-se que o líder descendente caminha

na direção vertical em direção a terra em degraus dentro de uma esfera cujo raio

Page 33: PFC SPDA Estrutural Corrigido

32

depende da carga da nuvem ou da corrente do raio e será desviado de uma

trajetória por algum objeto aterrado.

A descarga se dará no ponto em que a esfera tocar esse objeto ou na terra,

aquele que ocorrer primeiro.

O raio da esfera R, é denominado distância de atração ou distância de

disrupção. R é a distância entre o ponto de partida do líder ascendente e a

extremidade do líder descendente é o parâmetro utilizado para posicionar os

captores segundo o modelo eletrogeométrico. Seu valor é dado por:

R = 10 x Imáx^ 0,65 [metros] (2.5)

Sendo Imáx o valor de crista máximo do primeiro raio negativo, em

quiloampéres.

Para aplicação às estruturas são admitidas algumas hipóteses

simplificadoras relacionadas a seguir:

Somente são consideradas as descargas negativas iniciadas

nas nuvens;

O líder descendente é vertical e sem ramificações;

As descargas se dão em uma esfera de raio igual à distância

de atração;

A descarga final se dá para o objeto aterrado mais próximo,

independente de sua massa ou condições de aterramento;

As hastes verticais e os condutores horizontais têm o mesmo

poder de

atração;

A probabilidade de ser atingida a terra ou uma estrutura

aterrada é a mesma.

Embora tais hipóteses se afastem um pouco da realidade, o modelo

continua válido se seguidos às orientações da norma.

A NBR-5419/2005 fixa os seguintes valores de R em correspondência aos

níveis de proteção:

Nível de proteção I II III IV Raio da esfera (m) 20 30 45 60

Tabela 2.11: Raio de proteção do método eletrogeométrico. Fonte: NBR-5419/2005

Page 34: PFC SPDA Estrutural Corrigido

33

A tabela abaixo mostra os valores de Imáx em função de R

Nível de proteção R (m) Imáx (kA) I 20 3

II 30 5 III 45 10

IV 60 15 Tabela 2.12: Raio de proteção do método eletrogeométrico.

Fonte: NBR-5419/2005

2.4.2.1 VOLUME DE PROTEÇÃO UM CAPTOR COM H≤R

Traça-se uma linha horizontal à altura R do solo e um arco de

circunferência de raio R com centro no topo do captor. Em seguida, com centro no

ponto de interseção P e raio R, traça-se um arco de circunferência que atinge o

topo do captor e o plano do solo. O volume de proteção é delimitado pela rotação

da área A em torno do captor.

Figura 2.5: Volume de proteção do captor h≤R

Fonte: NBR-5419/2005

2.4.2.2 VOLUME DE PROTEÇÃO UM CAPTOR COM H≥R

Mediante procedimento análogo ao descrito em 2.4.2.1, pode-se

determinar o volume de proteção para estruturas de grande altura. Neste caso,

como o ilustrado na figura 2.6, verifica-se que a altura eficaz do captor é R, pois

sobre a altura excedente podem ocorrer descargas laterais.

Page 35: PFC SPDA Estrutural Corrigido

34

Figura 2.6: Volume de proteção do captor h≥R

Fonte: NBR-5419/2005

Como foi visto acima, o método Eletrogeométrico é o “primo em primeiro

grau” do método Franklim, porém com tangente de proteção parabólica ao invés

de reta. Sua maior eficiência é também, assim como o método de Franklin, em

edificações pequenas e baixas uma vez que sua proteção varia em função da

altura e do nível de proteção adotado.

Comenta-se que nas próximas edições da NBR-5419, o método de Franklin

poderá ser retirado, devido à existência do método Eletrogeométrico e sua maior

eficiência usando o mesmo princípio.

2.4.3 MÉTODO DA GAIOLA DE FARADAY

Este método é o mais usado na Europa, é baseado na teoria de Faraday,

segundo a qual o campo no interior de uma gaiola é nulo, mesmo quando passa

por seus condutores uma corrente de valor elevado.

Para que o campo seja nulo, na verdade, é preciso que a corrente se

distribua uniformemente por toda a superfície. O campo será nulo, na realidade,

no centro da gaiola, mas nas proximidades dos condutores haverá sempre um

campo que poderá dar tensões induzidas em condutores das instalações elétricas

que estejam paralelos aos condutores da malha.

Page 36: PFC SPDA Estrutural Corrigido

35

A proteção máxima no caso do método de Faraday é obtida quando a

estrutura é envolvida por uma caixa metálica de paredes soldadas e de espessura

suficiente para suportar o efeito térmico do raio no ponto de impacto.

Como esta solução raramente pode ser adotada, o método de Faraday

consiste em instalar um sistema de captores formado por condutores horizontais

interligados em forma de malha.

A distancia entre os condutores ou a abertura da malha está relacionada ao

nível de proteção desejado. Quanto menor à distância entre os condutores da

malha, melhor será a proteção obtida.

A NBR-5419/2005 fixa as dimensões básicas da malha para cada nível de

segurança, onde o módulo da malha deverá constituir um anel fechado, com o

comprimento não superior ao dobro da sua largura,mostrado na tabela a seguir:

Nível de proteção Largura máxima da malha

(m) Comprimento máximo da malha

(m) I 5 10

II 10 20

III 10 20

IV 20 40 Tabela 2.13: Dimensões da malha de proteção pelo método de Faraday.

A figura a seguir mostra um exemplo da malha captora:

Figura 2.7: Exemplo de uma malha de captação

Fonte: Mamede Filho (2007)

Page 37: PFC SPDA Estrutural Corrigido

36

3. SPDA ESTRUTURAL 3.1 DEFINIÇÃO

Este sistema foi “batizado” de Estrutural pelo simples motivo de ser

instalado juntamente com a estrutura de concreto armado do prédio, distinguindo-

se assim dos demais sistemas externos.

A ABNT normatizou o uso em SPDA das ferragens estruturais das

edificações em 1993. Os principais diferenciais deste novo conceito são: grande

dispersão da corrente de descarga, minimizando o risco de centelhamentos

perigosos, e a eliminação de interferências estéticas causadas por condutores de

descida nas fachadas das edificações.

A NBR-5419/2005 dispõe de duas opções para tal sistema. A primeira

consiste em simplesmente usar as ferragens do concreto armado como descidas

naturais, de modo que haja continuidade dos pilares verticalmente e obedeça à

seção mínima requisitada em norma. A segunda consiste no uso de barras

adicionais em aço galvanizadas a fogo, denominadas RE-BARS, às ferragens

existentes, com a função de garantir a continuidade desde o solo até o topo da

edificação.

As RE-BARS encontradas no mercado possuem diâmetros de 8mm

(50mm²), 3/8”(70mm²) e 10mm (80mm²), e comprimento variando entre 3,0m e

4,0m, dependendo do fabricante. As RE-BARS devem ser dimensionadas de

acordo com a tabela 2.7.

O uso das ferragens de concreto armado como descidas naturais pode

acarretar em diversos problemas a serem contornados. A garantia da

continuidade vertical é um dos problemas, pois na construção civil não existe tal

preocupação, pois a continuidade das armaduras é estruturalmente

desnecessária. Para garantia da continuidade, seria necessária a presença de um

profissional especializado durante a execução de toda estrutura, gerando um

ônus alto.

Por isso, na maioria dos casos, o SPDA Estrutural utilizando as RE-BARS

dentro da estrutura é o método mais recomendado para edificações novas e

também o método mais econômico, se comparado aos sistemas externos desde

que instalados a partir das fundações.

Page 38: PFC SPDA Estrutural Corrigido

37

3.2 PROCESSO EXECUTIVO UTILIZANDO AS RE-BARS 3.2.1 FUNDAÇÕES

De acordo com a tabela 2.7, a RE-BAR a ser utilizada para aterramento

nas fundações será de 80mm². Pelo menos uma sapata ou tubilão de fundação

para cada pilar da torre-tipo deverá ter uma RE-BAR amarrada às demais

ferragens, desde o ponto mais profundo até os blocos dos pilares. As RE-BARS

também deverão ser instaladas nas vigas baldrames, horizontalmente, quando

existirem, de modo a interligar todos os pilares da torre-tipo. A interligação de uma

RE-BAR vertical com outra horizontal é bem ilustrada na figura 6.2. Essa medida

atende também a norma NBR-5410/2005.

Existem diversos tipos de fundação, entre elas, as mais usuais são: estaca

Franki, estaca Strauss, estaca pré-moldada redonda (centrifugada) e quadrada,

estaca trilho, tubulão mecanizado ou manual, hélice contínua, fundação direta,

radie plano e não plano etc [2].

Independente do tipo de estaca, o procedimento de instalação é o mesmo

citado acima, garantindo a continuidade das RE-BARS através de três clips

galvanizados instalados num transpasse de 20cm.

Figura 3.1: RE-BAR dentro da fundação

Fonte: www.spda.com.br

Page 39: PFC SPDA Estrutural Corrigido

38

Para a estaca Franki, Strauss e Tubulão o procedimento é o mesmo e

consiste na colocação da RE-BAR dentro das fundações, o mais profundo

possível, sem, no entanto, atingir o solo (aproximadamente 20 cm), pois a acidez

deste poderá corroer a barra, mesmo sendo galvanizada a fogo [2].

No caso da fundação rasa, o procedimento é o mesmo.

Não é necessário colocar a barra em todas as fundações, bastando apenas

um tubulão/estaca para cada pilar, assim, o número de fundações aterradas

coincide com o número de pilares do pavimento tipo.

No caso de fundação com trilho metálico, é dispensado o uso da RE-BAR

na fundação vertical, pois o próprio trilho já funciona como aterramento natural

atingindo grandes profundidades. A RE-BAR deverá ser soldada no topo do trilho,

atravessar o bloco e entrar nos pilares, como mostra a figura 3.2.

Figura 3.2: Estaca metálica Fonte: www.spda.com.br

No caso de estaca pré-moldada de concreto centrifugada, o procedimento

será o mesmo da estaca trilho, visto as estacas terem seus ferros soldados nos

anéis metálicos presentes nas extremidades.

Page 40: PFC SPDA Estrutural Corrigido

39

No caso de fundação direta devera ser adotado o mesmo critério das

fundações escavadas.

Para o sistema de aterramento, também pode ser feita uma malha de

aterramento utilizando cabo de cobre nu com hastes de aterramento, desde que

dimensionado corretamente e interligado a todas as descidas. Porém é

desaconselhável na maioria dos casos, porque geraria maior ônus à obra.

3.2.2 DESCIDAS

Deverão ser instalados RE-BARS em todos os pilares, mesmo que a

distância entre eles seja bem menor que a distância máxima citada na tabela 6,

garantindo assim maior dispersão da corrente para o solo.

As RE-BARS deverão ser fixadas na parte interna dos estribos do pilar,

correndo paralelas às demais ferragens estruturais. Nos pilares externos (de

fachada), recomenda-se colocar a RE-BAR na face mais externa do pilar, sem

invadir o cobrimento, de modo a receber as descargas laterais que só atingem

estes. Nos pilares internos, sua localização poderá ser em qualquer face, porém

sempre dentro do estribo, sem invadir o cobrimento e nunca no centro (núcleo) do

pilar.

No cruzamento das ferragens verticais dos pilares com ferragens

horizontais das vigas, lajes e blocos, a RE-BAR deverá ser obrigatoriamente

ligada, através de ferro comum em forma de “L”, de Ø3/8", com 20 cm por 20 cm,

amarrado com arame (arame recozido, comum), e as demais ferragens verticais

deverão ser amarradas em posições alternadas (uma sim, uma não), conforme os

detalhes “5, 6 e 7” da figura 3.3. Estas amarrações deverão ser repetidas em

todas as lajes, com todos os pilares que pertencem ao corpo do prédio.

Para o cruzamento com os estribos dos pilares, é necessária apenas a

amarração utilizando o arame recozido.

Os ferros em “L” utilizados para ligação das ferragens geralmente são

obtidos através de sobras da construção, sem gerar custos adicionais com

material e mão-de-obra desprezível.

Ao chegar à última laje, alguns pilares morrem e outros nascem. Os pilares

que morrem devem ser interligados com os que continuam para os níveis

Page 41: PFC SPDA Estrutural Corrigido

40

superiores. Tal interligação é feita com RE-BAR na horizontal, dentro de laje e

vigas como é mostrado na figura 3.3.

A continuidade elétrica (emenda) das RE-BARS é feita por transpasse de

20 cm, onde são usados três clips galvanizados por conexão, com diâmetro

variando entre 8mm e 10mm.

3.2.3 CAPTAÇÃO

O sistema de captação deve ser dimensionado de acordo com os métodos

de proteção mostrados em 2.4, obedecendo a todos os critérios definidos pela

norma.

O sistema de descida composto pelas RE-BARS deve ser conectado ao

sistema de captação.

Ao ultrapassar a última laje, as RE-BARS podem tomar dois destinos:

permanecer na posição vertical tornando-se terminais aéreos (figura 3.3, detalhe

“9” – captação por cima), ou serem encaminhadas para a posição horizontal

externa à edificação, em terraços e coberturas com acesso de pessoas (figura

3.3, detalhe “8” - captação por fora).

Para prédios onde existe acesso ao público na cobertura, recomenda-se a

captação direcionada para o lado de fora do parapeito ou platibanda, reduzindo

assim os riscos de acidentes pessoais pelo contato direto com o SPDA,

depredações no sistema e o medo que é provocado pela sua presença. Neste

caso as RE-BARS são interligadas na horizontal, pelo lado de fora do parapeito

(pingadeira/soleira/algerosa) com cabo de cobre nu #35mm² ou Barra chata de

Alumínio (por questões estéticas).

Nos locais onde não existe fácil acesso ao público, as Barras deverão sair

por cima dos parapeitos (telhado de cobertura, casas de máquinas, tampa de

caixa d’água etc.) e ser interligadas com cabo de cobre #35mm² na horizontal,

como na figura 3.3.

Para reduzir os custos da captação, as RE-BARS podem ser utilizadas

como terminais aéreos, quando possível, com comprimento externo variando

entre 25cm e 40cm.

Page 42: PFC SPDA Estrutural Corrigido

41

Figura 3.3: Detalhes do SPDA estrutural Fonte: www.spda.com.br

Page 43: PFC SPDA Estrutural Corrigido

42

3.2.4 VANTAGENS DO SPDA ESTRUTURAL UTILIZANDO O CONDUTOR ADICIONAL DENTRO DA ESTRUTURA

O SPDA Estrutural, com adição da RE-BAR em cada pilar, consiste em

uma grande vantagem para execução, se comparado com o sistema

convencional. Os benefícios são de ordem estética, devido ao condutor de

descida estar embutido no pilar e de ordem financeira, gerando um menor custo

total na execução do serviço, além de um menor tempo de execução do serviço.

O SPDA Estrutural é muito bem visto pelos arquitetos, eliminando um dos

grandes problemas existentes na hora da elaboração do projeto, que são as

interferências causadas por condutores de descida e anéis de cintamento

colocados sobre a fachada da edificação, e dispensando transtornos como

rompimento e recomposição de lajes e fachadas.

Na elaboração de orçamentos de SPDA, podem-se cometer erros que leve

o SPDA convencional ter um preço final menor que o SPDA Estrutural. Muitas

vezes não são levados em conta a contratação de empresas para descer com

balancim para instalação das descidas, a grande quantidade de conectores a

serem utilizados no SPDA convencional e procedimentos de segurança para

trabalho em altura como PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais),

PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e exames de

aptidão para execução dos serviços.

A mão de obra do serviço é reduzida, pois na obra ela já existe, e sua

execução é feita por armadores, coordenados pelos encarregados da obra e

vistoriado pelos engenheiros responsáveis. No SPDA convencional os serviços

precisam ser executados por profissionais qualificados. Na execução do SPDA

Estrutural utilizando as RE-BARS na estrutura, é recomendável a presença de

profissionais especializados apenas na execução da malha de captação e na

equalização de potenciais, pois neste caso é preciso ter cuidado na hora de

utilizar os materiais e executar os serviços de interligação de massas metálicas à

barra de equalização principal.

Com as informações citadas acima, é visto que o SPDA Estrutural leva

grande vantagem em relação ao SPDA convencional na maioria dos casos.

Page 44: PFC SPDA Estrutural Corrigido

43

3.2.5 RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO

Para edificações com altura superior a 20 metros, deverá ser integrado ao

SPDA estrutural o subsistema de equalização de potencial no nível térreo e a

cada 20m de altura, prevendo-se pontos de conexão entre as armações da

estrutura e elementos metálicos, como tubulações, trilhos, esquadrias e demais

elementos especificados no projeto de SPDA.

As ferragens de cada laje, ao serem interligadas ao sistema de SPDA

Estrutural, fazem a função dos anéis de cintamento horizontal, sendo assim

desnecessário qualquer outro tipo de anel adicional para tal função.

A continuidade elétrica das RE-BARS deverá ser garantida desde as

fundações até o topo da edificação.

É recomendada atenção especial para o encaminhamento das barras após

a concretagem da última laje. É imprescindível a conferência das conexões antes

das concretagens.

Ao final da implantação, deverão ser feitos testes de continuidade elétrica

entre o topo e a base de cada pilar e entre as bases de cada pilar (anel de

aterramento) do sistema, de acordo com o Anexo E, da NBR-5419/2005. Os

testes deverão ser acompanhados de Certificado de Conformidade e ART junto

ao CREA.

Page 45: PFC SPDA Estrutural Corrigido

44

4. ESTUDO DE CASO

Para aplicação prática do que foi apresentado nos capítulos anteriores,

será mostrado uma aplicação do SPDA estrutural no projeto de uma edificação de

utilidade pública, localizada na cidade de Garanhuns, agreste do estado de

Pernambuco. Ela é composta por 3 pavimentos, e tem altura total de 13,50m

(considerando o topo da caixa d’agua), largura de 21,47m e comprimento de

52,35m.

Figura 4.1: Edificação a ser estudada fachadas noroeste e sudeste

4.1 AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO

Para avaliação do risco de exposição de uma edificação, ou seja, a

probabilidade da edificação ser atingida por uma descarga atmosférica, deve-se

ter em mãos os seguintes dados:

a) Área de exposição da edificação;

b) dados isoceráunicos da região;

c) resultados obtidos através de cálculos com os dados acima.

De acordo com o mapa de curvas isoceráunicas mostrado na figura 2.2, o

número de dias de trovoada/ano (Td) na região agreste de Pernambuco, onde a

edificação será construída é de 10.

O edifício possui a área de exposição (Ae) de acordo com a figura abaixo:

Page 46: PFC SPDA Estrutural Corrigido

45

Figura 4.2: Área de exposição da edificação em estudo

De acordo com (2.2), a área de exposição (Ae) da edificação é de

aproximadamente 3300m². O cálculo de Ae foi feito com auxílio do AutoCAD.

Com os dados obtidos acima, achamos através de (2.1) e (2.3),

respectivamente:

7113,0)(*04,0 25,1 TdNg (por km²/ano)

Ng=0,7113 (densidade de descargas atmosféricas para a terra).

36 10*34,210** AeNgNd (por ano)

Nd=2,34.10 3 (média anual previsível de descargas atmosféricas/ano)

Como o resultados obtido de Nd foi maior que 10 3 , o risco de exposição

da edificação a uma descarga atmosférica é severo. Com isso, a estrutura requer

SPDA.

4.2 CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DO SPDA

Para elaboração do projeto de Sistema de Proteção Contra Descargas

Atmosféricas da edificação do Expresso Cidadão Garanhuns, será utilizado o

método de proteção tipo Gaiola de Faraday.

O nível de proteção adotado no projeto, será de Nível II, pois, de acordo

com o interpretado em norma, se trata de uma edificação onde existirá um grande

aglomerado de pessoas, por ser uma local de utilidade pública.

Page 47: PFC SPDA Estrutural Corrigido

46

4.2.1 SUBSISTEMA DE CAPTAÇÃO

A coberta da edificação é do tipo telha metálica, de espessura 0,50mm,

atendendo ao requisito de espessura mínima para uso da coberta como captação

natural, mostrado na tabela 2.8. A maior parte da malha de captação será

composta pela telha, não sendo totalmente composta pelo captor natural devido à

telha não cobrir 100% da área de cobertura da edificação.

As RE-BARS localizadas ao longo da área da telha metálica, serão

conectadas a mesma através de ATERRINSERTS, e nesses ATERRINSERTS,

serão instalados terminais aéreos de inserção de 30cm. Os terminais aéreos

serão instalados com a função de reduzir os possíveis danos causados à telha

por uma descarga atmosférica.

Figura 4.3: ATERRINSERTS

Fonte: www.spda.com.br

O restante da coberta da edificação que não é favorecida pela telha

metálica, terá seu subsistema de captação composto por cordoalha de cobre nu

35mm², com malhas em anel fechado, de comprimento não superior ao dobro da

sua largura, como pede a norma vigente. O sistema de malhas em anel fechado

está interligado ao captor natural, formando um único sistema de captação.

Figura 4.4: Fachadas sudoeste e nordeste

Page 48: PFC SPDA Estrutural Corrigido

47

Devido à inclinação da telha, existe um desnível crescente entre a laje

existente em ambos os lados e a telha. O desnível máximo é de 2,0m em ambos

os lados, correspondentes às fachadas sudoeste e nordeste. Na face norte da

figura 4.4, que corresponde à fachada sudeste da figura 4.5, há um desnível de

5,50m entre a laje e a telha.

Figura 4.5: Perspectiva da coberta da edificação

Ao longo da malha composta pela cordoalha, serão colocados terminais

aéreos de inserção de 30cm, com distanciamento máximo de 8,0m, fixados em

conectores tipo fixador universal 70mm².

No ponto mais alto da edificação, onde fica localizada a caixa d’água, será

colocado um mastro telescópico de 6m com captor tipo Franklin de três pontas e

uma descida, para proteção da caixa d’água, como recomenda a norma. Ao longo

do perímetro da caixa d’água, será colocada cordoalha de cobre nu 35mm² em

sua periferia, e interligada à telha metálica. A escolha do mastro de 6m se deu

devido à grande possibilidade de instalação de antenas na coberta, para que o

captor seja o ponto mais alto da edificação a receber uma possível descarga.

Todas as RE-BARS serão conectadas a terminais aéreos de inserção de

30cm através de ATERRINSERTS.

Para futuras instalações de antenas ou outros equipamentos na coberta da

edificação, os mesmos devem ser interligados à malha de captação, devendo ser

esta interligação a mais curta e retilínea possível.

Page 49: PFC SPDA Estrutural Corrigido

48

4.2.2 SUBSISTEMA DE DESCIDA Cerca de 50% do perímetro total da edificação é composto por paredes de

vidro, ou seja, fica impraticável a aplicação do SPDA convencional devido aos

danos causados à arquitetura e as possíveis falhas na execução do sistema de

descidas com tal empecilho. Tal impossibilidade, aliada às vantagens de

aplicação de um sistema de SPDA Estrutural leva a escolha do sistema de

descida embutido nos pilares através de um condutor de aço galvanizado (RE-

BAR) em cada pilar.

Em estudos prévios para elaboração do projeto, foi vista a possibilidade de

aplicar as descidas embutidas nos pilares, respeitando o critério de espaçamento

máximo visto na tabela 2.6. Porém, após um debate com profissionais

especializados na área, foi descartada tal possibilidade.

Como o SPDA é estrutural, no caso de uma descarga atmosférica atingir a

edificação, parte do escoamento da corrente será feita pelas ferragens de todos

os pilares, independente do pilar ter ou não continuidade assegurada. Caso algum

pilar não tenha continuidade assegurada, poderão ter ocorrências de pequenas

explosões dentro do pilar, comprometendo a estrutura. Outro caso é a

possibilidade da formação de tensões de passo, toque e transferência perigosas,

devido às correntes dispersadas para o solo através dos pilares não conectados

ao SPDA.

A descida será feita com a instalação de barras redondas em aço

galvanizado (RE-BARS), diâmetro 8mm (50mm²) em todos os pilares.

Nos pilares externos, a RE-BAR deverá ser colocada na face mais externa,

porém dentro do estribo. Nos pilares internos, a RE-BAR pode ser colocada em

qualquer posição, desde que não seja no centro.

Na hora da execução das descidas, deve-se ter atenção com alguns pilares

da edificação. A figura 4.6 mostra a localização dos pilares na edificação.

Page 50: PFC SPDA Estrutural Corrigido

49

Figura 4.6: Localização dos pilares da edificação

Os pilares na cor verde vão do pavimento inferior até o principal. Os pilares

na cor vermelha passam por todos os pavimentos até chegar à coberta. Já os

pilares na cor azul vão do pavimento principal até a coberta. Como fica claro na

figura acima, cinco desses pilares vão até a parte mais alta da coberta, no caso a

caixa d’água.

Para ligação e emenda entre as RE-BARS na descida em cada pilar, serão

utilizados 3 (três) clips galvanizados a uma distância de 20cm. A interligação das

RE-BARS com as ferragens adjacentes de vigas ou lajes é obrigatória e deverá

ser feita com peças em "L" de sobra das próprias ferragens, com diâmetros de 8 a

10mm, medindo aproximadamente 20x20cm, amarradas firmemente com arame

recozido ou clips. As demais ferragens, verticais e horizontais, deverão ser

ligadas entre si, no mínimo, uma sim, outra não, alternadamente.

As RE-BARS, ao chegarem ao sistema de captação, deverão ser

posicionadas na posição horizontal, para conexão do ARERRINSERT com base

M12, que será utilizado para interligação entre as RE-BARS e o fixador universal,

que serve como base para o terminal de captação.

Nas bases de cada pilar externo

Os detalhes de conexão, amarração e interligação podem ser vistos na

figura 3.3, ou nas figuras 6.2 e 6.3.

4.2.3 SUBSISTEMA DE ATERAMENTO

Page 51: PFC SPDA Estrutural Corrigido

50

O subsistema de aterramento será pelas fundações, através do RE-BAR

ligado do ponto mais profundo até os pilares (eletrodo natural).

O relevo da área onde será construída a edificação possui um solo argiloso

e petrificado, com um alto declive. Esse tipo de solo é típico do agreste de

Pernambuco. Esse tipo de solo oferece uma alta resistividade.

A fundação utilizada na edificação é do tipo sapata isolada com viga

baldrame, com fundação pouco profunda devido ao tipo de solo e o tipo de

edificação.

A figura abaixo mostra a viga baldrame interligando todos os pilares da

edificação.

Figura 4.7: Fundação da edificação / malha de aterramento

Os pontos vermelhos na figura 4.7 representam os pilares, onde também

ficam localizada as fundações através das sapatas, enquanto as linhas que

percorrem os pilares representam a viga baldrame da edificação.

A figura 4.6 representa também a malha de aterramento do SPDA.

Em cada sapata será adicionada uma RE-BAR de diâmetro 10mm

(80mm²), e serão interligados em cada RE-BAR utilizado como descida (50mm²),

através de clips galvanizados. Para interligação horizontal entre as barras,

percorrendo toda viga baldrame, também será utilizado o RE-BAR de diâmetro

10mm (80mm²), formando assim a malha de aterramento.

Page 52: PFC SPDA Estrutural Corrigido

51

A profundidade do sistema de fundações da edificação, varia entre 0,5m e

2,5m, dependendo da carga que cada sapata deverá suportar. Devido a esse fato,

a profundidade de cada eletrodo da malha também irá variar.

Independente da profundidade da fundação, as RE-BARS deverão ser

instaladas dentro das sapatas, o mais profundo possível, sem atingir o solo

(aproximadamente 20cm). Para interligação das RE-BARS da fundação com as

RE-BARS dos pilares, deverá ser deixada uma sobra de aproximadamente 50cm

acima do solo.

O procedimento de interligação entre as RE-BARS das fundações e dos

pilares, assim como das RE-BARS horizontais da viga baldrame, é o mesmo

citado no item 4.2.2. O mesmo para interligação entre as ferragens da fundação e

da viga baldrame.

A interligação entre o cruzamento de RE-BARS deverá sempre ser feita

através de peças em "L" de RE-BARS, de medidas 20x20cm aproximadamente

presas em 3 (três) clips galvanizados por cada barra a uma distância de 20cm.

Tal interligação pode ser vista na figura 6.2.

A resistência de aterramento do SPDA estrutural possui um baixo valor,

devido sistema de aterramento ser composto por eletrodos naturais. Para

assegurar a continuidade, após o término da execução do SPDA estrutural, será

executado o ensaio de continuidade das armaduras, onde o resultado deve

resultar em resistências medidas inferiores a 1Ω.

O concreto sob o nível do solo mantém sempre certo grau de umidade,

com valor de resistividade baixo, geralmente menor do que o valor da

resistividade do próprio solo onde está sendo construída a edificação ou estrutura.

Os valores típicos de resistividade do concreto nessas condições, geralmente

variam de 30 a 500 Ωm.

4.2.4 EQUALIZAÇÃO DE POTENCIAL

Para equalização dos potenciais, será utilizado um quadro de

equipotencialização de nove terminais, similar ao da figura 4.8. Será conectado a

RE-BAR utilizada na viga baldrame, um cabo de cobre nu 50mm², através de

solda exotémica ou conexão apropriada. Esse cabo será conectado ao terminal

principal do quadro.

Page 53: PFC SPDA Estrutural Corrigido

52

Figura 4.8: Detalhe do quadro de equipotencialização

Fonte: www.spda.com.br

Os demais terminais da barra serão utilizados para interligação com o

aterramento elétrico e as demais massas metálicas existentes na edificação.

4.2.5 ENSAIO DE CONTINUIDADE DE ARMADURAS

Após o término da execução do SPDA estrutural, deve ser feito o ensaio de

continuidade elétrica das armaduras do edifício. Para tal medição, devem ser

utilizados equipamentos adequados, tais como miliohmímetros ou

microhmímetros de quatro terminais, para maior precisão dos valores achados,

devido à baixa ordem de grandeza.

A medição deve ser determinada medindo-se com o instrumento

adequado a resistência ôhmica entre a parte superior e a parte inferior da

estrutura, procedendo a diversas medições entre pontos diferentes. Se os valores

medidos forem da mesma ordem de grandeza e inferiores ao indicado no item

4.2.3, pode ser admitido que a continuidade das armaduras é aceitável.

O instrumento utilizado na medição da resistência deve injetar uma

corrente de 1A ou superior entre os pontos extremos da armadura sob ensaio,

sendo capaz de, ao mesmo tempo que injeta essa corrente, medir a queda de

tensão entre esses pontos. A resistência é calculada dividindo-se a tensão

medida pela corrente injetada.

Considerando que o afastamento dos pontos onde se faz a injeção de

corrente pode ser de várias dezenas de metros, o sistema de medida deve utilizar

a configuração de quatro fios, sendo dois para corrente e dois para potencial

Page 54: PFC SPDA Estrutural Corrigido

53

(conforme figura 4.9), evitando assim o erro provocado pela resistência própria

dos cabos de ensaio e de seus respectivos contatos.

Tal medição deve ser feita em todos os pilares, indo dos terminais de

captação até o ATERRINSERT utilizado na base de todos os pilares da fachada.

Deve ser feito também o ensaio de continuidade entre diferentes pilares para

assegurar a continuidade da malha de aterramento.

A medição da resistência de aterramento é exigida pela norma somente

para os sistemas não naturais, isto porque nos sistemas naturais não é possível

fazer a desconexão dos diversos subsistemas para a medição ser efetuada.

Figura 4.9: Medição da resistência no ensaio de continuidade Fonte: NBR-5419/2005

Jamais deverá ser utilizado no ensaio de continuidade de armadura um

multímetro convencional na função de ohmímetro, pois a corrente que tal

instrumento injeta na armadura é insuficiente para obter resultados

representativos.

Page 55: PFC SPDA Estrutural Corrigido

54

5. CONCLUSÃO

Ao longo de todo o trabalho, foram apresentados todos os conceitos para a

correta elaboração do projeto de SPDA, com uma revisão bibliográfica, um

capítulo dando ênfase ao SPDA estrutural com adição das RE-BARS à estrutura e

sua correta aplicação.

O estudo de caso utilizado no trabalho mostrou que mesmo quando uma

edificação possui uma arquitetura complexa, a utilização do SPDA Estrutural com

adição das RE-BARS à estrutura facilita a elaboração do projeto e sua execução.

O cálculo para determinar o número de descidas é eliminado devido às

descidas serem executadas em todos os pilares, facilitando assim o escoamento

da corrente causada por uma possível descarga atmosférica e formando uma

gaiola de Faraday com proteção eficaz.

Devido à malha de aterramento ser composta por eletrodos naturais, é

eliminada a necessidade de cálculo para seu dimensionamento, sendo necessário

apenas o ensaio de continuidade de armaduras após o termino da execução de

todo o SPDA.

O que pode se destacar no SPDA Estrutural utilizando uma barra adicional

dentro da estrutura, além da eliminação de cálculos minuciosos para elaboração

do projeto, é sua adaptação a praticamente todos os tipos de estrutura, o tempo

de execução reduzido devido a maior parte do serviço ser feito juntamente com a

execução da fundação e dos pilares da edificação, e seu custo final reduzido.

Page 56: PFC SPDA Estrutural Corrigido

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6. ANEXO – PROJETO DE SPDA FIGURA 6.1 – COBERTA DO EDIFÍCIO E LOCALIZAÇÃO DAS DESCIDAS

FIGURA 6.2 – DETALHES DE AMARRAÇÃO

FIGURA 6.3 – DETALHE DAS RE-BARS E CAPTORES

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FIGURA 6.1 – COBERTA DO EDIFÍCIO E LOCALIZAÇÃO DAS DESCIDAS

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FIGURA 6.2 – DETALHES DE AMARRAÇÃO

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FIGURA 6.3 – DETALHE DOS CAPTORES

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FIGURA 6.4 – DETALHE DAS RE-BARS

Page 61: PFC SPDA Estrutural Corrigido

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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA [1] NBR 5419/2005 – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – ABNT – 2005. [2] www.spda.com.br – Tabelas, catálogos e apostila – Termotécnica – 2011. [3] DE SOUZA, R. A. – Estudo Dos Métodos de Aplicação do SPDA em Estruturas e na Penitenciária Mata – Cuiabá - 2009. [4] COUTINO F. N., ALTOÉ C. A. – Levantamento de Estruturas que necessitam de SPDA na UnBE e Análise de Seus Efetivos Sistemas de Proteção – Brasília – 2003. [5] FILHO, J. M. – Instalações Elétricas Industriais 7ª Edição – LTC – 2007.