117
PG Eng.Econômica 2018 Microeconomia PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio Alencar do Rêgo Barros (Uerj, sala 5020E) Notas de aula Parte 2/2 Estas notas de aula se prestam ao acompanhamento do aluno em sala de aula sem que se faça necessário um esforço intensivo de cópia. Elas contêm as figuras usadas na aula mais algum texto que complementa tais figuras, também aqui e ali se apresentará propostas de exercícios ilustrativos (não necessariamente com a respectiva resposta, em algumas o exercício proposto será resolvido em sala de aula!). Desta forma, aconselha-se ao aluno que mantenha sua cópia destas notas de aula em papel durante a aula preenchendo o espaço disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas notas de aula são propostos um ou mais problemas que serão resolvidos em sala no início da aula seguinte. Ao final de cada módulo se encontra a respectiva lista de problemas propostos com alguma indicação de respostas. De forma geral estas respostas não correspondem a um gabarito, de modo que se torne viável usar alguns destes problemas na Prova. A Parte 1 deste material abrange os cinco primeiros módulos do curso, a Parte 2 abrange os quatro últimos. O curso de Microeconomia está organizado em 9 módulos temáticos (em princípio um módulo a cada dia de aula) abordando as questões mais fundamentais da matéria, em uma abordagem orientada à prática. Desta maneira, faremos uso frequente de exemplos ilustrativos explorando conceitos, gráficos ou quantitativos. Aconselha-se adicionalmente o uso da bibliografia indicada na figura ao final dos módulos. Os módulos estão distribuídos assim: Parte 1: 1 Preferências do consumidor 2 Restrições orçamentárias e demanda individual 3 Elasticidades e incertezas 4 A oferta no curto prazo 5 A oferta no longo prazo Parte 2: 6 Equilíbrio em concorrência perfeita 7 Monopólio e monopsônio 8 Competição monopolista e oligopólio 9 Porque os mercados falham

PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

PG Eng.Econômica 2018 Microeconomia

PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA

Prof. Flávio Alencar do Rêgo Barros (Uerj, sala 5020E)

Notas de aula – Parte 2/2

Estas notas de aula se prestam ao acompanhamento do aluno em sala de aula sem que

se faça necessário um esforço intensivo de cópia. Elas contêm as figuras usadas na aula mais

algum texto que complementa tais figuras, também aqui e ali se apresentará propostas de

exercícios ilustrativos (não necessariamente com a respectiva resposta, em algumas o

exercício proposto será resolvido em sala de aula!). Desta forma, aconselha-se ao aluno que

mantenha sua cópia destas notas de aula em papel durante a aula preenchendo o espaço

disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes

nestas notas de aula são propostos um ou mais problemas que serão resolvidos em sala no

início da aula seguinte. Ao final de cada módulo se encontra a respectiva lista de problemas

propostos com alguma indicação de respostas. De forma geral estas respostas não

correspondem a um gabarito, de modo que se torne viável usar alguns destes problemas na

Prova. A Parte 1 deste material abrange os cinco primeiros módulos do curso, a Parte 2

abrange os quatro últimos.

O curso de Microeconomia está organizado em 9 módulos temáticos (em princípio um

módulo a cada dia de aula) abordando as questões mais fundamentais da matéria, em uma

abordagem orientada à prática. Desta maneira, faremos uso frequente de exemplos ilustrativos

explorando conceitos, gráficos ou quantitativos. Aconselha-se adicionalmente o uso da

bibliografia indicada na figura ao final dos módulos.

Os módulos estão distribuídos assim:

Parte 1:

1 – Preferências do consumidor

2 – Restrições orçamentárias e demanda individual

3 – Elasticidades e incertezas

4 – A oferta no curto prazo

5 – A oferta no longo prazo

Parte 2:

6 – Equilíbrio em concorrência perfeita

7 – Monopólio e monopsônio

8 – Competição monopolista e oligopólio

9 – Porque os mercados falham

Page 2: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-1/27

Módulo 6 – Equilíbrio em concorrência perfeita

Conceitos neste módulo: estruturas de mercado, eficiência de Pareto, caixa de Edgeworth,

equilíbrio competitivo, 1º. e 2º. teoremas do bem-estar, equidade, vantagens comparativas,

fronteira de possibilidades de produção, ganhos de comércio, falhas de mercado.

Os módulos estão distribuídos assim:

1 – Preferências do consumidor

2 – Restrições orçamentárias e demanda individual

3 – Elasticidades e incertezas

4 – A oferta no curto prazo

5 – A oferta no longo prazo

6 – Equilíbrio em concorrência perfeita

7 – Monopólio e monopsônio

8 – Competição monopolista e oligopólio

9 – Porque os mercados falham

Em Anexo: globalização e vantagens comparativas

problemas propostos

respostas selecionadas

Page 3: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-2/27

O que vimos até aqui foi a análise do equilíbrio parcial, o pressuposto era que as

atividades em um mercado podiam ser independentes das atividades de outros mercados. Não

é verdade! Os mercados não são isolados, mas sim interdependentes.

O objetivo deste módulo é fazer a análise do equilíbrio geral para mercado com

concorrência perfeita e discutir questões como eficiência, equidade, ganhos de livre comércio

e iniciar a discussão do porque os mercados falham.

Entende-se como

em concorrência perfeita

o(s) mercado(s) onde nem

compradores, nem

vendedores podem

determinar preços; existe

o livre trânsito de entrada

e saída do mercado e a

informação é completa.

Adicionalmente, por

simplicidade, os produtos

de todas as empresas são

homogêneos. Todos

agentes são tomadores de

preço. Não é deste tipo o

monopólio, onde uma única firma é responsável por vender produto, seja por embarreirar

Page 4: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-3/27

concorrentes (por economia de escala, por controle de insumos, por posse de patentes,

monopólio natural ou por

concessões). Não é

também deste tipo o

monopsônio, o dual de

monopólio, único

comprador em mercado

com vários vendedores.

Gradações destes tipos

extremos de mercado são

os oligopólios, onde temos

poucos vendedores com

parcela majoritária de

mercado e oligopsônio,

onde o domínio do

mercado é exercido por

poucos compradores. Será

útil para nossos propósitos analisar um tipo mais complexo de mercado, a concorrência

monopolística, onde se mescla características de concorrência perfeita (grande número de

vendedores) com características de monopólio (diferenciação de produto). As Figuras 6-3 e 6-

4 mostram exemplos destes cinco tipos de mercado que não concorrência perfeita, tema deste

módulo. Estes cinco tipos especiais serão tema dos próximos módulos. O que está em questão

para todos estes seis tipos de mercado é a competitividade, cujas características estão

resumidas na tabela da Figura 6-5.

Page 5: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-4/27

Na Figura 6-6 se apresenta um exemplo simples de mercados interdependentes, no

caso ingresso de cinema e DVDs. No início do exemplo ambos os mercados estão em

equilíbrio em termos de oferta e demanda com ( CQ , $6,00) para cinema e ( CQ , $6,00) para

DVD. Suponha que o

governo imponha um

imposto de $1 sobre

cada ingresso do

cinema, o que desloca a

curva de oferta para

cima (´

CQ , $6,35)1. Este

aumento de preço fará

alguns espectadores

mudar para o produto

substituto, DVDs, o que

desloca neste mercado a

curva de demanda para

a direita (´

DQ , $3,50).

Se terminasse

aqui, teríamos uma análise de equilíbrio parcial que subestimaria o efeito do imposto, ou seja,

deixa de levar em conta um efeito de realimentação (o aumento de demanda por DVDs faz

subir seu preço, por isto

alguns consumidores

preferem voltar ao

cinema, e assim

sucessivamente) que

conduz a um

ajustamento de preços e

quantidades em um

mercado causado por

ajustamento de preços e

quantidades em outros

mercados. É

exatamente isto que se

chama análise de

equilíbrio geral,

importante também na

1 A subida de preço, como vimos no módulo 5, não tem que ser necessariamente de mesma magnitude que a do imposto. Depende da elasticidade da demanda.

Page 6: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-5/27

consideração dos formuladores de políticas públicas. Na Figura 6-7 estão representados os

efeitos de realimentação até que novo equilíbrio seja alcançado.

Exemplo concreto: Brasil e EUA exportam soja e são, portanto, interdependentes. O

Brasil restringiu suas exportações no final da década de 1960 e início da década de 1970.

Sabia-se que os mecanismos de controle de exportações seriam removidos em algum

momento, de modo que se esperava no futuro que as exportações brasileiras aumentassem. Na

vigência da restrição às exportações:

Análise de Equilíbrio Parcial – o preço da soja no mercado brasileiro deveria cair e a

demanda doméstica pelo produto deveria aumentar.

Análise de Equilíbrio Geral – o preço e a produção da soja nos EUA devem aumentar

determinando também o aumento das exportações dos EUA e a queda das exportações

brasileiras (mesmo após o fim das regulamentações), e assim sucessivamente.

Em suma, os mercados são interdependentes.

Page 7: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-6/27

Define-se Eficiência de Pareto como a situação de trocas na qual não é possível

aumentar o bem-estar de

qualquer indivíduo sem

que algum outro

indivíduo seja

prejudicado. O que se

quer aqui é chegar à

eficiência na troca. Para

isto consideramos

algumas hipóteses

simplificadoras: são dois

consumidores (ou dois

países), consideraremos

João (J) e Maria (M); são

dois bens,

consideraremos como

exemplo Alimento (A) e

Roupa (R); as trocas não envolvem custos de transação. Ainda no exemplo consideremos a

situação de partida com a alocação de bens como na tabela da Figura 6-9 e que cada um dos

indivíduos se dispõe a fazer a troca unitária da tabela, de modo que a alocação final também é

a da tabela.

Suponhamos que

Maria por ter muita

Roupa, ela aceite abrir

mão de 3 unidades de

Roupa para obter uma

unidade de Alimento.

Pela mesma razão,

mas, reversamente,

João só aceite abrir

mão de 0,5 unidades

de Roupa para obter

uma unidade de

Alimento. Significa

que, respectivamente

5,0J

RATMgS para

João e 3J

RATMgS para Maria. Como as taxas marginais de substituição são diferentes, a

troca é benéfica, pois mostram que a alocação é ineficiente. É a visão gráfica disto que trata a

Caixa de Edgeworth. Trata-se do conjunto de trocas possíveis e alocações eficientes. A

“Caixa” do exemplo descrito se encontra na Figura 6-10.

Page 8: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-7/27

A questão é: com a troca, a alocação resultante B é mais eficiente que a alocação

inicial A? A resposta depende do formato das curvas de indiferença para João e para Maria.

Na Figura 6-11 estão traçadas curvas de indiferença para ambos os consumidores e

incluem os dois pontos

em questão, o inicial A e

o final B. Qualquer troca

que leve a um ponto fora

da área sombreada

reduzirá o bem-estar de,

pelo menos, um dos

consumidores (pois se

estará mais próximo de

sua origem). O ponto B

corresponde a uma troca

mutuamente vantajosa,

porque se encontra

numa curva de

indiferença mais alta

para ambos. O fato de a

troca ser vantajosa para ambos não significa que ela seja necessariamente eficiente. Por quê?

Porque as TMgS são iguais quando as curvas de indiferença são tangentes, neste caso, a

alocação é eficiente. Aproveitando ainda a figura, o que se pode dizer dos pontos C e D?

Ambos são pontos eficientes. O que se pode dizer a mais é que em C Maria é melhor

negociadora (sua curva

de indiferença é mais

alta), no ponto D, João

é melhor negociador.

A junção na

“Caixa de Edgeworth”

de todos os pontos do

tipo de C e de D forma

a “Curva de Contrato”,

que é o conjunto das

tangências das curvas

de indiferença de

ambos consumidores,

ou ainda, descreve

todas as alocações

eficientes no sentido de

Pareto (Figura 6-12).

Page 9: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-8/27

Observe que a “Caixa” nos dá uma ferramenta para analisar trocas eficientes entre dois

consumidores, mas a

alocação final depende

muito da capacidade de

negociação de cada um

deles. Em um mercado

competitivo é um pouco

diferente. Existem

muitos vendedores e

muitos compradores,

esta capacidade de

negociação perde a

validade, então se

considera o automatismo

do processo onde todos

os indivíduos são

tomadores de preço. O

resultado é que os agentes vão ao mercado escolher a quantidade a comprar (ou vender)

àquele preço. No nosso exemplo simplificado anterior, Maria pagaria 3 Roupas para obter 1

Alimento.

A maneira pela

qual o mercado leva à

trocas eficientes quando

os agentes são tomadores

de preço leva em conta a

Linha de Preço, reta de

inclinação negativa que

descreve o equilíbrio em

que a quantidade

demandada é igual à

quantidade ofertada.

Ainda explorando nosso

exemplo, imaginemos

que tal linha tem

inclinação -1 que indica

que o preço é igual para

ambas as mercadorias e se pode trocar uma pela outra. Como mostra a Figura 6-14, se João

compra 2R e vende 2A e Maria compra 2A e vende 2R o mercado está na situação ótima,

favorável para ambos quando comparado com a situação A inicial. Perceba que para chegar à

alocação eficiente João e Maria tiveram que determinar apenas a quantidade a trocar. Maria

Page 10: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-9/27

reduziu sua TMgS (a demanda de Alimento de cada Maria é muito maior que a vontade de

vender de cada João, então o preço do alimento sobe relativo ao preço da Roupa) e João subiu

sua TMgS até que ambas fossem iguais a -1 para se chegar ao ponto eficiente.

Observe que os

preços absolutos não

importam, interessa os

preços relativos. Como

indica a Figura 6-15,

aos preços ajustados a

quantidade demandada

de Alimento é igual à

quantidade ofertada de

Alimento, o mesmo se

passa com Roupa.

Então, nestas

condições, nos

encontramos em

equilíbrio competitivo,

para um e para outro bem a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada.

Esta dinâmica de

mercado está sumarizada

no exemplo da Figura 6-

16. De início os preços

dos dois bens são

diferentes e as TMSs dos

dois consumidores

também. Para o exemplo,

João não deseja trocar se

fossem apenas os dois

consumidores. Maria sim

estaria disposta à troca,

mas com quem? Então

existe um excesso de

Roupa e uma escassez de

Alimento. A dinâmica de mercado atua assim: diminui o preço do bem em excesso, aumenta o

preço do bem escasso. O processo segue até que as TMSs se igualem, o que na figura ocorre

no ponto C (mas, lembre-se da Figura 6-11, outros pontos poderiam ser eficientes!).

Page 11: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-10/27

Observe que se o mercado só tivesse dois agentes (João e Maria) o equilíbrio estaria

indeterminado, são vários os pontos eficientes de Pareto, a escolha de um específico

dependeria da capacidade maior ou menor de negociação dos agentes. O mercado se ajusta

automaticamente porque existem muitos Joãos e muitas Marias, no jargão de economês, se

ajusta pela “mão invisível” do mercado (como dizia Adam Smith) de modo que a economia

aloca recursos automaticamente.

Este ajuste automático do mercado tem embutida uma ideia normativa de menos

intervenção nos mercados. Fica a questão: poderia ser necessária (ou desejável) uma

intervenção para aumentar a competitividade? Discutiremos isto futuramente.

Na Figura 6-17 está descrito o que é conhecido como o 1º. Teorema do Bem-Estar:

diz em última análise que se transações são feitas em mercado competitivo, então transações

vantajosas são realizadas e o equilíbrio de mercado será eficiente no sentido de Pareto.

Resta verificar se equilíbrios em concorrência perfeita que são eficientes podem ser ou

não socialmente justos. É desta relação entre eficiência e equidade que trataremos a seguir.

Page 12: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-11/27

Uma alocação eficiente também é necessariamente equitativa?

Se de um lado o conceito de Pareto dá conta da eficiência nos mercados, de outro, não

existe consenso entre economistas e outros cientistas sociais com relação à melhor forma de

definir e quantificar equidade. Ainda assim dedicamos esta seção a esta questão.

Na Figura 6-19

redesenhamos a “Curva

de Contrato” em termos

de Utilidade e

aproveitamos os

resultados do exemplo

que discutimos ao longo

deste módulo.

Definimos

Fronteira de Possibilidade

de Utilidade como a

curva que indica os níveis

de satisfação que duas

Page 13: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-12/27

pessoas podem alcançar através de trocas que levem a um resultado eficiente que, sabemos,

está situado sobre a curva de contrato e onde as alocações são eficientes. Na figura o ponto D

indica menos utilidade para João e menos utilidade para Maria, portanto, é ponto ineficiente.

Os pontos extremos da curva são as condições extremas em termos de melhor e pior utilidade

para cada agente, ainda que continue sendo eficiente.

Na Figura 6-20 o ponto de alocação D pode ser mais equitativo que o ponto C, pois a

distribuição é menos

desigual. Portanto, uma

alocação ineficiente pode

ser mais equitativa. Como

analisamos os pontos

extremos da curva são

eficientes, mas

extremamente desiguais.

Finalmente observe, por

exemplo, o ponto B,

assumindo que ele

representa igual utilidade

para João e para Maria. Ele

também é eficiente já que se

encontra sobre a curva de

contrato. A conclusão é clara, um equilíbrio competitivo leva a resultado eficiente que pode

ou não ser equitativo.

Na Figura 6-21 estão

listadas as quatro visões de

equidade. Como já

antecipamos, não existe

consenso sobre a melhor

forma de defini-la.

Na mesma figura

está postulado o 2º.

Teorema do Bem-Estar,

que, em resumo, diz que a

equidade não precisa estar

em contradição com a

eficiência, resultado que

intuitivamente já chegamos. Um equilíbrio tido como equitativo pode ser alcançado por meio

de uma possível distribuição de recursos que não gerará ineficiências. Na prática, veremos que

existem tradeoffs sim !...

Page 14: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-13/27

Por ora, vejamos as condições de validade do 2º. Teorema.

Na Figura 6-22 é mostrado um exemplo que nem todas as soluções eficientes podem

ser equilíbrio de mercado. O

ponto x na figura é eficiente,

mas não é equilíbrio. Dada a

linha de preço, o ponto y

seria escolhido por A (curva

de indiferença mais alta). As

condições do 2º. Teorema do

Bem-Estar:

(1) A utilidade deve ser

monotonicamente

convexa (o

contraexemplo está

na figura);

(2) Deve haver

eficiência na

produção com interligação dos vários elementos da oferta e da demanda (veremos

brevemente).

Page 15: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-14/27

O que se encaminha nesta seção é a eficiência dada pelo equilíbrio geral nas(os):

1) Trocas (TMgS, taxa marginal de substituição)

2) Fatores de produção ou insumos (TMgST, taxa marginal de substituição técnica)

3) Produção (TMgT, taxa marginal de transformação)

De início vamos aproveitar para o mercado de fatores ( K e L , capital e trabalho) a

“Caixa de Edgeworth”,

ainda considerando o

exemplo que perpassa todo

este módulo, mas agora

com foco em mão de obra e

capital. Mantemos as

hipóteses simplificadoras

que um grande número de

agentes possui e vendem

insumos para conseguir

renda, e esta é totalmente

gasta em Alimento e

Roupa, portanto a ligação

entre oferta e demanda se

dá pela renda e pela

despesa. Com a hipótese de equilíbrio competitivo podemos usar os achados na Figura 5-

16 relacionando custo mínimo na produção e isoquanta: r

w

PMg

PMg

K

L e LKTMgSTr

w , o

que significa que o

equilíbrio competitivo é

eficiente na produção.

O exemplo na

“Caixa” para o mercado de

fatores é similar ao

mercado de trocas. Na

Figura 6-25 a partir de certa

alocação A de fatores de

produção se pode deslocar

para pontos B ou C, ambos

eficientes. A conclusão é a

mesma do mercado de

trocas: mercados

competitivos levam a um ponto de produção eficiente. O que estamos dizendo agora é que não

basta a eficiência acontecer no mercado de fatores, ela deve ocorrer simultaneamente no

Page 16: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-15/27

mercado de trocas. No mercado de fatores a curva de contrato, como no mercado de trocas,

pode ser representada por gráficos de utilidade, que na esfera da produção estendemos o

conceito para a Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP). A seguir veremos uma

metáfora que oferece a intuição econômica para FPP e iniciamos a discussão das vantagens

comparativas.

Consideramos um exemplo da metáfora da economia Robinson Crusoé (RC) e Sexta-

Feira (SF), ao mesmo

tempo produtores e

consumidores para os

produtos coco (C) e

peixe (F). Suponha

conhecidos os gráficos

de produção de RC e SF

como na Figura 6-26.

Comparando as TMgT

de ambos os produtores

podemos ver que RC

tem vantagem

comparativa no custo de

oportunidade de

produzir peixes (o custo

de oportunidade de um

peixe a mais é abrir mão de 2/3 de cocos, enquanto para SF o mesmo custo é de 2 cocos),

enquanto SF tem vantagem comparativa na produção de cocos (raciocínio similar e dual).

Então, considerando

especificamente peixes,

RC até 30 unidades tem

menor custo de

oportunidade de

especialização, de modo

que numa produção

conjunta até este limite

vale a pena usar a

produção de RC, daí para

frente só pode produzir

peixes se SF produzir. É

o gráfico destas

circunstâncias que se

mostra na Figura 6-27.

No ponto (F = 0, C = 70)

ambos só produzem cocos e nenhum peixe. Qualquer peixe no limite até 30 unidades deve ser

Page 17: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-16/27

produzido por RC e para além deste limite de peixes só se SF produzir. O que se encaminha é

o formato côncavo da FPP em relação à origem ao generalizarmos este raciocínio em muitos

RCs e SFs, como também mostra a figura. Qualquer ponto da FPP a produção é factível e

eficiente, pois explora a vantagem comparativa no custo de oportunidade de produzir.

Observe que algum ponto interior à FPP ainda é factível, mas não é eficiente (se produz

menos de um e de outro bem relativo à FPP!). Por outro lado, um ponto exterior à FPP não é

possível produzir os bens.

Outra forma de verificar o formato côncavo da FPP é observando que a TMgT, que é a

inclinação da FPP em cada

ponto, é crescentemente

negativa, como na Figura 6-

28, pois cada vez que se

aumenta a produção de um

bem, aumenta o custo de

oportunidade de

especialização.

Neste ponto se

encaminha o equilíbrio em

todos os mercados. Por quê?

Porque os bens devem ser

produzidos a custo mínimo,

como vimos no Módulo 5,

porém isto não basta. A produção deve oferecer mercadorias que os consumidores estejam

dispostos a comprar. Então não apenas cada mercado deve estar em equilíbrio, mas também

estarão em equilíbrio entre si! Desta forma a oferta (TMgT da FPP) iguala a demanda (TMgS

da curva de indiferença na linha de preço).

A seguir veremos um

exemplo para fixar a afirmação

de equilíbrio entre todos os

mercados. No exemplo da

Figura 6-29 considere na partida

TMgT = 1 e TMgS = 2, ou seja,

os consumidores trocariam duas

unidades de Roupa por uma de

Alimento, o custo de produzir

uma unidade de Alimento é uma

unidade de Roupa. Então a

oferta de Alimento está baixa

Page 18: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-17/27

em relação à demanda, e a de Roupa está alta em relação à demanda. A dinâmica de mercado

diminui TMgS (demanda menos unidades de Roupa por Alimento) e aumenta TMgT (produz

mais Alimento) até, digamos, TMgS = TMgT = 1.5, correspondente ao ponto C na figura.

Assim sendo, no mercado de trocas RA PPTMgS no equilíbrio, no mercado de produção

AA CMgP e RR CMgP no equilíbrio, o que leva ao equilíbrio também entre estes dois

mercados: TMgSP

P

CMg

CMgTMgT

R

A

R

A .

As equações de

equilíbrio nos mercados quanto

a demanda e a oferta estão

listados na Figura 6-30. O

ajustamento nos mercados pode

ser mais bem compreendido

pela sequência mostrada na

Figura 6-31. Suponha que se

está sobre a FPP com a

alocação A. Neste ponto

certamente os produtores estão

usando insumos eficientemente

(A está sobre a FPP), mas a

relação entre preços que

determina a TMgT tangente à

FPP em A, também tangencia a

curva de indiferença 2U em B,

ou seja, dos consumidores.

Então estaria criado o

paradoxo: em A o consumidor

não compra (pois teria uma

curva de indiferença mais alta),

em B o produtor não produz

(pois o ponto de alocação é

externo à FPP, portanto a

produção não é factível). O

ajustamento nos preços leva a

uma relação entre preços que ajusta a produção ao consumo, no ponto de alocação C na

figura. A conclusão é que quando tanto o mercado de produção quanto o de consumo são

competitivos a produção será eficiente, situação só alcançável quando TMgT = TMgS, ou seja,

o ponto de tangência é único entre FPP e curva de indiferença. Esta situação determina que o

benefício marginal de produzir uma unidade a mais é igual ao custo marginal de produzir uma

unidade a mais.

Page 19: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-18/27

Aproveitando o momento que discutimos o equilíbrio geral entre os mercados, vamos

abrir um breve parêntesis e vejamos um exemplo quantitativo de haver vantagem comparativa

e ganhos de comércio entre países. Suponha dois países, Holanda e Itália, ambos podem

produzir queijo e vinho segundo a tabela abaixo:

Hs/dia de

mão de obra

Queijo

(1 lb)

Vinho

(1 gl)

Holanda 1 2

Itália 6 3

A Holanda tem vantagem absoluta na produção de ambos os produtos. No entanto, o

que determina seu

comportamento é a

vantagem

comparativa

relativa, no sentido

que ela pode se

concentrar na

produção do

produto que ela

detém tal vantagem.

A Holanda tem

vantagem

comparativa na

produção de queijo,

pois o custo do seu

queijo é 0,5 do

custo do seu vinho.

Por seu lado, A Itália tem vantagem comparativa na produção de vinho, uma vez que o custo

do seu vinho é 0,5 vezes o custo do seu queijo. Sem comércio a Itália poderia produzir e

consumir cestas como (12 lbs, 6 gls) ou (24 lbs, 0 gls), etc. A Itália sem comércio poderia

produzir e consumir (3 lbs, 2 gls) ou (0 lbs, 8 gls), etc. Com comércio, supondo, por

simplicidade, VQ PP , preços iguais de unidades de queijo e vinho, se Holanda se especializa

e produz (24 lbs, 0 gls), vende 6 lbs para Itália e compra 6 gls, então sua nova dotação será

(18 lbs, 6 gls); se Itália se especializa e produz (0 lbs, 8 gls), vende 6 gls para Holanda e

compra 6 lbs, então sua nova dotação será (6 lbs, 2 gls). É fácil ver comparando as dotações

marcadas que ambos, Holanda e Itália, saem ganhando ao comerciar explorando suas

vantagens comparativas.

Page 20: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-19/27

Na Figura 6-33

está ilustrado o ganho de

comércio do ponto de

vista holandês. No

exemplo ilustrado, o

ponto D não seria factível

por estar exterior à FPP da

Holanda, mas com

comércio internacional

passou a ser factível. A

conclusão é que os ganhos

de comércio levam a uma

fronteira expandida das

possibilidades de

produção2.

No entanto, devemos admitir, ajustes podem ser necessários. Com a redução da

produção de vinho na Holanda, trabalhadores do setor deverão ser remanejados, o que não é

imediatamente trivial! Ou seja, nem todos saem ganhando com o livre comércio.

Mencionamos no 2º. Teorema do Bem-Estar que existiam tradeoffs. Aqui eles começam a

aparecer ...

Juntemos todas as

partes do equilíbrio geral

para mercados competitivos.

As Figuras 6-34 e 6-35

resumem isto, ainda para o

nosso exemplo recorrente e

simples de João e Maria,

Alimento e Roupa, capital e

trabalho e premissas

simplificadores do livre

comércio. No mercado de

trocas a eficiência é

alcançada quando M

AR

J

AR TMgSTMgS .

Os consumidores conseguem isto porque para um mercado competitivo:

2 A relação entre globalização e vantagens comparativas é ilustrada no quadro do anexo ao final deste módulo mostrando detalhes da produção de Ipod pela Apple no ano de 2005.

Page 21: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-20/27

M

AR

R

AJ

AR TMgSP

PTMgS , a linha de preço tangencia em mesmo ponto as curvas de utilidade

dos consumidores.

No âmbito da produção a eficiência no uso dos insumos acontece quando R

LK

A

LK TMgSTTMgST , a taxa

marginal de substituição

técnica é igual para todas as

mercadorias. Consegue-se

isto porque cada produtor

maximiza lucros na

proporção dos preços

relativos dos insumos:

R

LK

A

LK TMgSTr

wTMgST .

Os insumos devem ser

escolhidos na proporção tal

que se alcance a eficiência

no mercado do produto

ARAR TMgSTMgT , onde o que se produz é consumido. Esta igualdade é alcançada porque os

produtores maximizam que lucros aumentam os níveis de produto até que se igualem preços e

custos marginais: RRAA CMgPCMgP , , ou ainda R

A

R

AAR

P

P

CMg

CMgTMgT . Da mesma

forma, os consumidores maximizam sua satisfação se AR

R

A TMgSP

P , portanto

ARAR TMgSTMgT , ou seja, existe

coordenação eficiente entre produção e

consumo, ou, dito de outra forma,

eficiência requer que os bens sejam

produzidos segundo combinações e

custos que correspondam ao que as

pessoas estejam dispostas a pagar por

eles. Ou seja ainda, e voltando ao

começo: Existe o equilíbrio geral em

trocas (TMS), insumos (TMgST) e

produtos (TMgT) e os equilíbrios estão

interligados.

Dito de outra forma, o equilíbrio geral é a prerrogativa dos preços nos diversos

mercados tornar a quantidade demandada igual à quantidade ofertada em cada mercado e entre

Page 22: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-21/27

todos eles. Os agentes econômicos são, pois, todos, tomadores de preços. Assim é o mercado

puramente competitivo.

Aquele

comportamento quase

mágico embutido na

teoria do equilíbrio

geral (a “mão

invisível” do mercado

de Adam Smith) sofre

críticas, assim como se

acumulam algumas

evidentes razões que

levam os mercados a

falharem. Esta seção se

dedica a formular uma

agenda destas razões

que precisaremos detalhar nos módulos 7 e 8.

Existem ao menos quatro razões que levam a distorções no mercado competitivo. A

primeira é o poder de mercado que se traduz por monopólio (único vendedor) e por

Page 23: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-22/27

monopsônio (único comprador). Como age o monopolista (ou monopsonista)? Quais as

consequências de sua ação?

Na Figura 6-38 estão relacionados alguns exemplos e consequências desta distorção.

Uma segunda fonte

de falha do mercado

competitivo é a informação

incompleta. Alguns dos

agentes sabem mais que

outros agentes, então o

requisito de livre

mobilidade no mercado fica

comprometida.

Uma terceira razão

de falha se dá por

externalidades. Estas podem

criar custos ou mesmo

benefícios extras para alguns, e mais uma vez aqui o equilíbrio obtido pode não ser eficiente.

Finalmente os mercados podem falhar pela existência dos bens públicos, pode se

tornar difícil medir consumo ou também difícil prover em quantidade suficiente certos bens.

O que une todas estas falhas de mercado é a possível ineficiência, ou na alocação de recursos,

ou no equilíbrio alcançado. Serão tratados em detalhes nos três últimos módulos3.

3 Aqui estão apenas apontadas as razões porque os mercados falhas. Os detalhes específicos de cada caso são tão importantes que serão objeto de estudo dos módulos finais (7, 8 e 9).

Page 24: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-23/27

Page 25: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-24/27

ANEXO:

Page 26: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-25/27

Problemas Propostos:

6.1) Explique em poucas palavras:

a) Mecanismo de realimentação no equilíbrio geral

b) Eficiência nas trocas no sentido de Pareto

c) Relação entre Linha de Preço e Taxa Marginal de Substituição

d) 1º. e 2º. Teoremas do Bem-Estar

e) Quatro visões de equidade

f) Eficiência no uso de insumos

g) Fronteira de Possibilidades de Produção

h) Equilíbrio Geral em todos os mercados

i) Por que existem ganhos com o comércio?

6.2) Explique em poucas palavras:

a) Concorrência perfeita

b) Monopólio

c) Monopsônio

d) Oligopólio

e) Oligopsônio

f) Concorrência monopolista

6.3) Suponha que ouro ( O ) e prata ( P ) sejam substitutos perfeitos um do outro, pelo fato

de ambos servirem como garantia contra a inflação. Suponha, também, que a oferta de

ambas as mercadorias seja fixa no curto prazo ( 200;500 PQQ ), e que as

demandas de ouro e prata sejam obtidas por meio das seguintes equações:

PPQP 5,0850 00 (1) e

02,0540 PQP PP , (2)

onde 0P e PP são, respectivamente, o preço do ouro e o da prata.

a) Quais são os preços de equilíbrio do ouro e da prata?

b) Suponha que uma nova descoberta de ouro aumente a quantidade ofertada em 85

unidades. De que forma tal descoberta influenciará os preços das duas mercadorias?

c) Explique a lógica econômica da variação de preços do item anterior.

6.4) Considerando um mercado com dois bens, bem 1 e bem 2, se as funções de demanda e

de oferta do bem 1 são:

Page 27: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-26/27

11 8,0 pS

RppD 1,02,020 211 ,

onde 1000$R é a renda disponível do consumidor e o preço do bem 2 é 20$2 p .

Responda:

a) Ache o preço de equilíbrio do bem 1,

b) Ache a quantidade de equilíbrio do bem 1.

c) O bem 1 pode ser um bem inferior? Justifique.

6.5) Utilize a metáfora da economia Robinson Crusoé para demonstrar as vantagens do

livre comércio via vantagens comparativas. Considere dois bens, coco e peixe, dois

produtores e consumidores, RC e SF. Considere os gráficos de produção de RC e SF

com retas decrescentes, respectivamente, passando por [(0 peixe, 20 cocos) ; (30

peixes, 0 cocos)] e por [(0 peixe, 50 cocos) ; (25 peixes, 0 cocos)]. Ache a Fronteira de

Possibilidade de Produção de coco e peixe.

6.6) Sejam dois países, Holanda e Itália, ambos podem produzir queijo e vinho segundo a

tabela abaixo:

Hs/dia de

mão de obra

Queijo

(1 lb)

Vinho

(1 gl)

Holanda 1 2

Itália 6 3

a) Se não houver comércio, indique algumas possibilidades de produção de cada país;

b) Por que a Holanda tem vantagem absoluta de produção?

c) Se houver comércio, mostre como ambos os países podem ganhar.

6.7) Mostre as relações que representam o equilíbrio geral nos mercados de trocas, de

insumos e de produtos. O que relaciona tais mercados em termos de eficiência

econômica?

6.8) Cite quatro razões porque os mercados falham.

6.9) Use a Caixa de Edgeworth para explicar eficiência econômica no mercado de trocas

para dois consumidores e dois bens. Use a “Caixa” para explicar no mesmo cenário a

eficiência na produção.

6.10) Supondo dois bens, use FPP, curvas de indiferença e linhas de preço para justificar o

ajustamento nos mercado em direção ao equilíbrio geral.

Page 28: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 6 – Equilíbrio Concorrência Perfeita PG Eng.Econômica 2018 Pg.6-27/27

Respostas selecionadas

Este é possivelmente o módulo mais conceitual, com menos respostas quantitativas.

6.1)

a) (Figs 6-6,7)

b) (Fig 6-9)

c) (Figs 6-15,17)

d) (Figs 6-17,21)

e) (Fig 6-21)

f) (Figs 6-24,25)

g) (Figs 6-27,28)

h) (Figs 6-34,35)

i) (Figs 6-32,33)

6.2)

a) (Fig 6-3)

b) (Fig 6-3)

c) (Fig 6-3)

d) (Fig 6-4)

e) (Fig 6-4)

f) (Fig 6-4)

6-3)

a) Ouro - $1.077,78; prata - $555,56

b) Ouro - $983,33; prata - $536,66

c) Com maior oferta de ouro (desloca a curva de oferta para a direita) ele deve abaixar

mais o preço (abaixa 8,8%). A prata não desloca sua curva de oferta, mas é bem

substituto ao ouro e de menor valor, então deve abaixar um pouco por ter no mercado

mais (e mais valiosos) meios de proteção contra a inflação (abaixa 3,4%).

6.4)

a) $100

b) 80

c) Não pode. Por quê?

6.5) (Figs 6-26,27)

6.6) (Fig 6-32 para todos)

6.7) (Figs 6-30,34,35)

6.8) (Figs 6-38,39)

6.9) (Figs 6-11,14,15,25)

6.10) (Fig 6-31)

Page 29: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-1/30

Módulo 7 – Monopólio e monopsônio

Conceitos neste módulo: monopólio, otimização monopolista, markup, poder de monopólio,

índice de Lerner, peso morto, captura de renda, regulação, monopólio natural, monopsônio,

poder de monopsônio.

Os módulos estão distribuídos assim:

1 – Preferências do consumidor

2 – Restrições orçamentárias e demanda individual

3 – Elasticidades e incertezas

4 – A oferta no curto prazo

5 – A oferta no longo prazo

6 – Equilíbrio em concorrência perfeita

7 – Monopólio e monopsônio

8 – Competição monopolista e oligopólio

9 – Porque os mercados falham

Em Anexo: problemas propostos

respostas selecionadas

Page 30: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-2/30

Neste e no próximo módulo vamos analisar formações econômicas onde não vigoram

os preceitos do mercado livre e competitivo. O que causa e quais as características do

monopólio? E do monopsônio? É o que veremos aqui.

Vimos que

em concorrência

perfeita a empresa

se confronta com

uma curva de

demanda horizontal

e escolhe a

quantidade 0q a

produzir onde CMg

= RMg = CM = P,

ou ainda, a empresa

é tomadora de preço

do mercado. No

longo prazo seu

lucro econômico é

zero (senão ela sai

Page 31: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-3/30

do mercado!) em um mercado onde existe grande número de compradores e de vendedores, o

produto é homogêneo e circula informação completa entre os agentes.

No monopólio a situação muda. O mercado é formado por apenas um vendedor, mas

vários compradores, não existem bens concorrentes substitutos e existe barreira à entrada de

novos vendedores. Desta forma, não existe rigorosamente uma curva de oferta e a curva de

receita média do monopolista é a curva de demanda do mercado. Porém, ele não pode

colocar qualquer preço no produto. Como ele é maximizador de lucro, ele decidirá produzir na

quantidade que seu custo marginal iguala sua renda marginal. Desta forma, o que caracteriza o

monopolista é que ... P > RMg se a demanda é, como de costume, descendente.

Exemplo1: Considere os casos em que a demanda é descendente, reta ( BQAP ) ou

parábola ( 2BQAP ) e prove a característica do monopolista (A e B são constantes

positivas).

Respostas: Para a reta, a receita é 2)( BQAQBQAPQ , então RMg =

BQAdQ

PQd2

)( . Realmente BQA > BQA 2 , ou seja, P > RMg.

Para a parábola, a receita é: 32 )( BQAQQBQAPQ , então RMg =

23)(

BQAdQ

PQd . Realmente 2BQA > 23BQA , ou seja, P > RMg.

Page 32: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-4/30

Exemplo2: Se a receita média do monopolista é QP 6 , extraia a tabela com

quantidade, preço, receita total, receita marginal e receita média.

Respostas: Receita total: 26 QQPQ ; Receita Marginal: QdQ

PQdRMg 26

)( ;

Receita média = (Receita total)/Q = 6 - Q

A tabela com os resultados do Exemplo 2 se encontra na Figura 7-4.

Na Figura 7-5 estão traçados os itens da tabela do Exemplo 2. Observe alguns fatos:

a) O máximo da receita total poderia ser obtido algebricamente:

))6((0)(

QQdQ

d

dQ

RTd ,

então Q = 3.

b) Se RMg > 0 a receita total aumenta com a quantidade, mas se RMg < 0 a receita total

diminui com a quantidade.

c) É marcante o fato que para o monopolista a curva de Receita Marginal está SEMPRE

abaixo da curva de Demanda, para qualquer nível de produção.

Page 33: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-5/30

O monopolista é maximizador, ele “galga” na curva de demanda até o ponto que lhe

ofereça quantidade que lhe traga lucro máximo. O lucro máximo ocorre quando RMg =

CMg, pois, por definição, )()()( QCQRQ (relembre revendo slide 4-24!), então para

achar o máximo derivamos e igualamos a zero:dQ

dC

dQ

dR

dQ

d 0

, então RMg =

dQ

dC

dQ

dR = CMg. Ou seja, problema do monopolista é maximizar a diferença entre

receita e custo.

A visão econômica do procedimento característico do monopolista é mostrada na

Figura 7-6. A sua escolha ótima *)*,( PQ se dá na confluência das curvas RMg e CMg.

Observe que neste caso P > RMg ou CMg. Se ele escolhesse *1 QQ , o preço seria

maior, porém a área em laranja na figura representa lucro perdido por deixar de ganhar por

produzir pouco, com preço acima de seu custo marginal. Da mesma forma, se ele

escolhesse *2 QQ , porém a área em azul na figura representa lucro perdido por produzir

demais, com preço acima do seu custo marginal.

Exemplo3: Se o custo de produção para o monopolista é 250)( QQC e se a curva

de demanda é QP 40 , ache quantidade e preço ótimos para o monopolista.

Respostas: Na Figura 7-7.

Page 34: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-6/30

Note que RMg = 40 – 2(10) = 20, ou seja, como se esperava P* > RMg.

Na Figura 7-8 estão mostrados em detalhes cada um dos elementos custo, receita e

lucro do Exemplo 3. As retas tracejadas representam as tangentes no ponto ótimo, ou seja,

RMg e CMg ótimos. Observe ainda que CM = Q

Q

Q

QC 250)( . Observe mais ainda que o

lucro nada mais é do que a receita total reduzida do custo total.

Page 35: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-7/30

Na Figura 7-9 está representado graficamente o lucro resultante na área sombreada do

mesmo exemplo. Observe que tal área é delimitada verticalmente pelo preço do produto

acima, e pelo custo marginal abaixo. Horizontalmente é limitada pelo valor de quantidade

ótima para o monopolista.

Markup é um conceito econômico que indica quanto do preço do produto está acima

do seu custo de produção e distribuição, ou seja, a diferença entre o custo de um bem ou

serviço e seu preço de venda. Um markup é adicionado ao custo total incorrido pelo produtor

com o propósito de gerar lucro. A questão a se analisar é o tamanho do markup de um

monopolista e como ele se altera quando a elasticidade da demanda ao preço se altera.

Na Figura 7-10 se

apresenta uma regra

prática para a

determinação de preço do

monopolista. Sabemos

que a renda marginal é

RMg = Q

PQ

Q

R

)(.

Ela pode ser decomposta

em dois componentes:

(1) produção de uma

unidade extra a preço P:

(1)(P);

(2) como a demanda é

decrescente, a venda

Page 36: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-8/30

daquela unidade extra resulta em pequena queda do preço em todas as unidades vendidas:

)(Q

PQ

. Então se reescreve a receita marginal ))(1()( P

Q

PQ

. A elasticidade preço da

demanda é ))((P

Q

Q

PEd

, então considerando que CMg = RMg obtemos

dEP

CMgP 1

,

onde o termo da esquerda é a expressão do markup. Explicitando na equação o preço, temos

uma regra prática de determinar o preço para o monopolista: )1(1 dE

CMgP

. Esta relação

deixa claro que o monopolista cobra preço maior que custo marginal, mas fica limitado pela

elasticidade da demanda. Se a demanda é elástica ele cobra preço próximo ao custo marginal e

a situação se aproxima de mercado competitivo. Se a demanda é inelástica, o monopolista sai

do mercado ( dE muito baixo e negativo, então dE

1 muito alto e negativo, então

)1(1 dE

CMgP

é inviável!).

Exemplo4: Se um monopolista se defronta com elasticidade dE = -0,5, desenvolva um

raciocínio econômico intuitivo e conclua o que deve fazer o monopolista: produzir mais,

produzir menos ou sair do mercado?

Respostas: Detalhes em sala de aula (como Desafio para resposta no início da próxima

aula).

Ainda que fique para pensar em casa, a conclusão é que para o monopolista o melhor é que

a demanda deva ser elástica, mas nem tanto!

Na Figura 7-11 se

analisam casos especiais

envolvendo quantidade e

preço. Mencionamos que

mercado monopolista

não apresenta curva de

oferta. Para ilustrar, na

figura são expostos os

casos onde tanto se pode

manter a quantidade ou

manter o preço

inalterado. Dito de outra

forma, não existe

propriamente uma

relação entre P e Q .

Page 37: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-9/30

Em suma, para o monopolista, a quantidade ótima depende da curva de custos e o

preço depende da elasticidade-preço da demanda.

Uma nova evidência das distorções produzidas pelo monopólio puro é vista a seguir,

quando analisamos o efeito

da imposição de um imposto

sobre a quantidade. Vimos

que, na competição perfeita

o preço tipicamente eleva-se

menos que o imposto, pois

produtores e consumidores

dividem a carga fiscal. Com

o monopólio, como mostra a

Figura 7-12, o preço pode

superar o imposto.

Na Figura 7-13 se

encontra um exemplo em

que se o monopolista se

defronta com uma

elasticidade-preço da demanda de -2 e custo marginal constante, então )1(1 dE

CMgP

CMgCMg

2))2(1(1

. Um imposto aumenta o custo marginal para tCMg , então

substituindo este valor

na primeira equação:

tCMgtCMgP 22)(2 , ou seja, o imposto implica o preço absorver duas vezes o preço

do imposto!

Page 38: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-10/30

Como o monopolista pode maximizar o lucro antes do imposto acontecer, então um

imposto sobre o lucro não afeta as escolhas do monopolista do nível de produto, preço do

produto ou demanda por insumos. Neste sentido, o imposto sobre os lucros é um imposto

neutro. Já um imposto sobre quantidade eleva o custo marginal em t , então o imposto reduz o

nível de produto de lucro máximo, provoca aumento no preço e reduz a demanda por

insumos. Então o imposto sobre a quantidade é “distorção econômica”, o monopolista

consegue repassar o imposto para os consumidores.

Um caso de

interesse é o

comportamento de uma

empresa com múltiplas

instalações. Suponha

uma empresa com a

produção com duas

fábricas, como mostra a

Figura 7-14.

Intuitivamente podemos

imaginar que

21 CMgCMg , pois se

não fosse assim a

empresa redistribuiria a

produção. Como o lucro

é maximizado, 21* CMgCMgRMg por superposição de efeitos.

Exemplo5: Demonstre que a produção em duas fábricas de uma mesma empresa atende

à relação 21* CMgCMgRMg . Dica: o lucro é dado por

)()( 2211 QCQCPQT .

Respostas: Use derivadas parciais e condição de maximização 021

QQ

Page 39: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-11/30

Não precisa ser monopólio puro para se perceber poder de monopólio. Este poder de

monopólio existe por diversos fatores dentre os quais4:

a) É necessário um alto volume de investimento, então poucos poderão cumprir este

requisito;

b) Quando se verifica ganhos de produtividade gerados quando a mesma empresa oferta

para grande parcela do mercado;

c) Existem barreiras tecnológicas à entrada de competidores;

d) Concessões públicas.

4 Após Laura Carvalho, “Valsa brasileira: do boom ao caos econômico”, 2018

Page 40: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-12/30

O Exemplo 6 a seguir caracteriza o comportamento monopolista, mesmo que não se tenha o

monopólio puro.

Exemplo 6: Sejam quatro empresas A, B, C e D. Todas elas se defrontam com a curva

de demanda de mercado PQ 000.20000.50 . Suponha, por simplicidade, que todas

as empresas tenham comportamento idêntico e estejam produzindo no agregado 20.000

unidades por dia a $1,50 por unidade. (a) Qual a elasticidade-preço de demanda de

mercado? (b) Qual a elasticidade-preço de demanda vista pela empresa A? (c) A

empresa A tem comportamento monopolista ou não?

Respostas: (a) Para todas as empresas 000.20dP

dQ, então ))((

dP

dQ

Q

PEd =

)000.20)(000.20

50,1$( = -1,5

(b) Como a empresa A é responsável por produzir 5.000 unidades, então

)000.20)(000.5

50,1$( dAE = -6

(c) A curva de demanda de A tem a forma BPAQA , onde 000.20B e a empresa

é responsável por produzir 5.000 unidades: )50,1)($000.20(000.5 A , então

000.35A . Então a curva de demanda para A se reescreve assim:

PQA 000.20000.35 , ou seja, AQP000.20

175,1 . A receita é

2

000.20

175,1 AAA QQPQ e a receita marginal:

A

A

A QdQ

PQd

000.20

275,1

)( . Então )000.5(

000.20

275,1 ARMg = $1,25 < $1,50, ou

seja, AAA CMgRMgP e a empresa A tem comportamento monopolista.

O índice de Lerner

mede o poder de monopólio e

é baseado na relação de

markup da Figura 7-10:

P

CMgPL

. O valor vai

desde 0 (empresa

perfeitamente competitiva)

até 1 (o maior poder de

monopólio).

Page 41: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-13/30

Definido assim, também, dE

L1

, onde dE é a elasticidade da empresa individual, e

não do mercado. Como vimos, Se dE for alto, o markup será pequeno ( 0L ), o poder de

monopólio é pequeno, enquanto se dE for pequeno, o markup será grande até o limite

( 1L ) e o poder de monopólio será grande. O quanto CMgP , maior o poder de

monopólio, como ilustra a Figura 7-17.

Nas Figuras 7-18 e 7-19 estão ilustrados os casos particulares de supermercados e lojas

de conveniência, ambos com valores típicos de elasticidade-preço da demanda, a fixação de

preço pelo método prático e o poder de monopólio dado pelo índice de Lerner. Observe que

para supermercados a demanda é mais elástica e seu poder de monopólio é mais baixo. Para o

caso de lojas de conveniência, elas se defrontam com uma curva de demanda menos elástica,

pois os clientes são menos sensíveis aos preços. Elas têm maior poder de monopólio que nos

supermercados, o que não significa que elas geram mais lucro. Um exemplo similar às lojas

de conveniência e mais aguçado são os jeans de marca. A elasticidade-preço da demanda é

por volta de -2,5 e os preços são cobrados 50% a 100% acima da CMg.

Page 42: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-14/30

Page 43: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-15/30

A elasticidade da demanda de uma empresa depende de três fatores: elasticidade da

demanda de mercado, o número de empresas atuando no mercado e a interação entre as

empresas. Quanto a demanda de mercado, a demanda da empresa será pelo menos tão elástica

quanto a do mercado.

Interessa o monopólio

puro, vimos que a

demanda da empresa

monopolista será a

demanda do mercado e

seus possíveis

concorrentes sofrem

embarreiramento

predatório. No entanto,

podem acontecer

barreiras naturais por:

- patentes (nova

droga descoberta);

- decisão legal

(serviço de correio

brasileiro);

- propriedade única de um recurso (pedágio de uma rodovia);

Page 44: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-16/30

- formação de um cartel (OPEP);

- grande economia de escala (companhia de água e esgoto).

A terceira condicionante da elasticidade que mencionamos é a interação entre as

empresas. O leque de interação vai da concorrência agressiva e predatória até o conluio.

Voltaremos a este assunto mais tarde.

A questão central a ser respondida é: qual o efeito de monopólio sobre o bem-estar

agregado dos vendedores e dos consumidores? Vale dizer, o monopólio é ou não eficiente no

sentido de Pareto?

Na Figura 7-22 está ilustrada a ineficiência do monopólio. A alocação ( CC PQ , )

corresponde ao caso sem monopólio, e a alocação ( mm PQ , ) é a do monopólio. A área A é a

captura da renda pelo monopolista, mas a área B resulta ineficiente, pois representa os

rendimentos perdidos porque os consumidores não adquirem e a área C corresponde à perda

devido ao produtor não produzir. A eficiência seria máxima se os ganhos de troca fossem

máximos. Na determinação do monopólio, no entanto, se vê que o consumidor perde as áreas

A + B. O produtor ganha A – C. Então a diferença na troca é (A + B) – (A – C) = (B + C).

Este é o peso morto ou perda líquida excedente. É, pois, um custo social do monopólio.

Page 45: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-17/30

Custos sociais do

poder de monopólio vão

além das ineficiências

apontadas, por exemplo,

com o rent seeking

representado por lobbies,

propaganda, apoios

legais, etc. Um exemplo

clássico: etanol de milho

nos EUA. A dimensão do

custo social do

monopólio será tanto

maior quanto for a

transferência de renda

dos consumidores para o

monopolista. No entanto, sob certas circunstâncias, o monopólio é incentivado, como é o caso

do monopólio natural que já citamos. Não se pode forçar o monopólio natural a apreçar com

base do custo marginal, isto poderia obrigar a firma sair e destruir o mercado. Mas pode

recorrer à regulação do monopólio puro ou natural.

Na Figura 7-24 estão representados os efeitos de uma regulação. A alocação em A

corresponde, como de

costume, àquela que o

monopolista faz e a

curva de demanda é

RM. Se o preço for

limitado a 1P , a nova

alocação se dá no ponto

B e o monopolista

ainda opera com P >

CMg, mas o peso morto

reduz da área ACE para

a área BCD. A partir

deste ponto vai se

reduzindo o markup

desejado pelo

monopolista e pode

surgir escassez. Significa que com regulação a curva de demanda se torna horizontal até o

ponto B, para valores superiores de quantidade ela acompanha a curva RM.

Page 46: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-18/30

No caso de monopólio natural, que é decorrente de significativa economia de escala

(observe na Figura 7-

25 que CM está

sempre decaindo, o

que significa que

CMg está sempre

abaixo de CM), o

cálculo que se faz da

regulação de preço

leva em conta uma

taxa de retorno

regulada s para tornar

viável o monopólio,

sem que ele tenha que

encerrar suas

atividades.

Uma fórmula de cálculo é do tipo: QsKTDCVMPr /)( . Porém, existem

problemas em fixar s :

(a) estoque de capital é difícil de ser avaliado;

(b) um acordo difícil de ser negociado pode redundar em atraso na regulação. Os

maiores detalhes de acordos com os monopólios são de natureza mais técnica e fogem ao

escopo deste curso.

Page 47: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-19/30

No monopsônio a economia funciona como no monopólio, só que às avessas.

Enquanto no monopólio

temos a receita marginal e o

custo marginal e médio

determinando a alocação, no

monopsônio temos o valor

marginal (VMg), a despesa

marginal (DMg) e a despesa

média (DM). VMg é o

benefício adicional pela

compra de mais uma

unidade do bem, DMg é o

custo adicional de mais uma

unidade e DM é o preço a

pagar pela unidade do bem.

Page 48: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-20/30

No mercado competitivo,

a curva VMg é a curva de

demanda do bem, como de

costume ela é negativamente

inclinada porque o valor de

uma unidade a mais diminui

na medida em que se

aumenta a quantidade. O

comprador se defronta com o

mercado competitivo já

sabendo o preço

( DMDMgP * ), sua

curva de demanda lhe dirá

qual quantidade comprar. Do

lado do vendedor competitivo, sua curva CMg lhe diz quanto produzir quando ele se defronta

com a curva de preço dada ( RMRMgP * ). Estas características estão ilustradas na Figura

7-28.

No monopólio (único vendedor) a curva de demanda era a curva RM do monopolista.

Agora, no monopsônio (único comprador), a situação é dual, a curva de oferta é a curva de

despesa média DM.

Na Figura 7-29 estão

representados os elementos do

monopsônio. Note que o

monopolista minimizava o

custo líquido, aqui no

monopsônio ela vai maximizar

o benefício líquido. Se o

benefício líquido é a diferença

entre o valor e a despesa

( DVBL ), então

0)(

DMgVMg

Q

D

Q

V

Q

BL,

então DMgVMg . A curva de

oferta é a curva DM e o monopsonista “galga” a curva de oferta até o seu ponto ideal,

DMgVMg . Então funciona como se não existisse uma curva de demanda.

Exemplo7: A Figura7-29 sugere que a curva DMg está sempre acima da curva DM.

Prove isto.

Page 49: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-21/30

Respostas: Supondo a oferta S = DM é a reta BQAP , onde A e B são constantes

positivas. A despesa é: 2)( BQAQQQPD . Maximizando:

BQADMgdQ

dD2 . De fato sempre BQADMg 2 > BQADM !

A figura 7-30 sintetiza as características e a dualidade entre monopólio e monopsônio.

Page 50: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-22/30

O monopsonista tira

proveito da curva de oferta

ascendente com a curva DMg

sempre maior que a curva

DM (perceba que a situação é

dual ao monopólio!). Quanto

menos elástica for a oferta de

mercado, maior é a diferença

entre DMg e DM, e mais o

monopsonista ganha no

preço (maior o poder de

monopsônio). Observe que

quanto maior o número de

compradores, mais elástica

fica a oferta baixando o poder de monopsônio. Dito de outro modo, se compradores

competirem, não é possível monopsônio, e o preço se eleva. Só se os compradores se unirem

formando um truste que os preços não se elevam, e tudo funciona como um monopsônio puro

Page 51: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-23/30

(pense um conjunto de moradores de um condomínio ou de uma rua se unindo para

comprarem juntos no CEASA!).

Na Figura 7-33 está representada a relação entre elasticidade e monopsônio que

mencionamos. Observe que para o monopsônio melhor é uma oferta inelástica, enquanto para

o monopólio melhor é uma demanda um pouco elástica.

O peso morto no monopsônio é dual ao do monopólio (como, aliás, quase tudo!). Na

Figura 7-34 as áreas sombreadas marcadas como A e C representam as perdas do vendedor

por causa do comprador

monopsônico abaixar o preço

de compra, a variação do

excedente do vendedor é de –

(A + C). O valor A que o

vendedor perdeu por causa do

preço mais baixo é

transferido para o comprador.

Por outro lado, o comprador

deixa de comprar a área B

por causa da quantidade mais

baixa, então a variação no

excedente do comprador é (A

- B). Então A representa

transferência do vendedor

para o comprador, B e C representam ineficiências. A variação total é de –(A + C) + (A - B) =

-(C + B), que é o peso morto do monopsônio, que mostra sua ineficiência.

Page 52: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-24/30

Um e outro, monopólio e monopsônio, como mostramos, via de regra, representam

atentados contra a economia popular e o bem-estar social. Países do mundo ocidental tem uma

legislação específica antitruste, como a americana listada na Figura 7-35. Sugerimos também

que leiam no anexo a polêmica da Divisão Antitruste do Departamento de Justiça dos EUA e

a Microsoft.

Page 53: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-25/30

Page 54: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-26/30

Problemas Propostos:

7.1) Descreva em poucas palavras:

j) Receitas em monopólio e decisão monopolista;

k) Regra de markup para o monopólio;

l) Efeito de imposto em monopólio;

m) Poder de monopólio e elasticidade de demanda;

n) Ineficiência do monopólio;

o) Comparações monopólio versus monopsônio.

7.2) Uma empresa monopolista defronta-se com uma elasticidade de demanda constante de

-2. A empresa tem custo marginal constante de $20 por unidade e estabelece um preço

para maximizar o lucro. Se o custo marginal subisse 25%, o preço estabelecido pela

empresa também subiria 25%? Explique.

7.3) A tabela a seguir mostra a curva de demanda com a qual se defronta um monopolista

que produz com um custo marginal constante igual a $10.

Preço 27 24 21 18 15 12 9 6 3 0

Quantidade 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

a) Calcule a curva de receita marginal da empresa.

b) Quais são, respectivamente, o nível de produção e o preço capaz de maximizar o lucro

da empresa? Qual é o lucro da empresa?

c) Quais seriam, respectivamente, o preço e a quantidade de equilíbrio em um setor

competitivo?

d) Qual seria o ganho social se esse monopolista fosse obrigado a praticar um nível de

produção e preço competitivo? Quem ganharia ou perderia em consequência disto?

7.4) Uma empresa fabricante de medicamentos possui monopólio sobre um novo remédio

patenteado. O produto pode ser produzido por qualquer uma dentre duas fábricas

disponíveis. Os custos de produção para as duas fábricas são, respectivamente:

11 220 QCMg e 22 510 QCMg

A estimativa de demanda do produto é )(320 21 QQP .

Qual seria a quantidade que a empresa deveria produzir em cada fábrica e a que preço

ela deveria planejar vender o produto?

Page 55: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-27/30

7.5) Um monopolista defronta-se com a curva de demanda QP 11 , onde P é medido

em dólares por unidade e Q é medido em milhares de unidades. O monopolista tem

custo médio constante de $6 por unidade.

a) Desenhe as curvas de receita média e de receita marginal e as curvas de custo médio e

de custo marginal. Quais são, respectivamente, o preço e a quantidade capazes de

maximizar os lucros do monopolista? Qual será o lucro resultante? Calcule o grau de

poder de monopólio da empresa utilizando índice de Lerner.

b) Um órgão de regulamentação governamental define um preço-teto de $7 por unidade.

Quais serão, respectivamente, a quantidade produzida e o lucro da empresa? O que

ocorrerá com o grau de poder de monopólio?

c) Qual é o preço-teto que possibilita o nível mais elevado de produção? Qual será este

nível de produção? Qual será o grau de monopólio da empresa para este preço?

7.6) O emprego de professores universitários pelas universidades poderia ser classificado

como monopsônio. Suponha que a demanda por professores universitários seja

nw 125000.30 , onde w é o salário anual e n o número de professores

contratados. A oferta de professores é dada por nw 75000.1 .

a) Se a universidade tirasse proveito de sua posição monopsonista, quantos professores

ela contrataria? Que salário ela pagaria?

b) Por outro lado, se as universidades se defrontassem com uma oferta infinita de

professores para um salário anual de $10.000, quantos professores ela contrataria?

7.7) Considere os casos em que a demanda é descendente, reta ( BQAP ) ou parábola

( 2BQAP ) e prove a característica do monopolista (A e B são constantes

positivas).

7.8) Se a receita média do monopolista é QP 6 , extraia a tabela com quantidade,

preço, receita total, receita marginal e receita média.

7.9) Se o custo de produção para o monopolista é 250)( QQC e se a curva de demanda

é QP 40 , ache quantidade e preço ótimos para o monopolista.

7.10) (Desafio) Se um monopolista se defronta com elasticidade dE = -0,5, desenvolva um

raciocínio econômico intuitivo e conclua o que deve fazer o monopolista: produzir

mais, produzir menos ou sair do mercado?

Page 56: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-28/30

7.11) Demonstre que a produção em duas fábricas de uma mesma empresa atende à relação

21* CMgCMgRMg . Dica: o lucro é dado por )()( 2211 QCQCPQT .

7.12) Sejam quatro empresas A, B, C e D. Todas elas se defrontam com a curva de demanda

de mercado PQ 000.20000.50 . Suponha, por simplicidade, que todas as empresas

tenham comportamento idêntico e estejam produzindo no agregado 20.000 unidades

por dia a $1,50 por unidade.

(a) Qual a elasticidade-preço de demanda de mercado?

(b) Qual a elasticidade-preço de demanda vista pela empresa A?

(c) A empresa A tem comportamento monopolista ou não?

7.13) A Figura7-29 sugere que a curva DMg está sempre acima da curva DM. Prove isto.

7.14) Faça uma análise gráfica demonstrando o que é o peso morto para o monopólio. Repita

a análise para monopsônio.

7.15) Liste as fontes de poder do monopólio. Liste as fontes de poder de monopsônio. Para

um e outro, qual o efeito sobre o bem-estar agregado de consumidores e produtores?

7.16) Uma empresa monopolista produz um bem q de acordo com a função custo dado por

2)( qqqc . Suponha que a curva de demanda inversa do mercado seja

qqp 13)( .

a) Calcule a quantidade q produzida pelo monopolista. Qual o seu lucro?

b) Suponha agora que, embora a empresa monopolista funcione em um mercado

protegido contra a importação, esta tenha a opção de vender o seu bem no mercado

exterior. Mais especificamente, o monopolista tem a opção de vender o bem no

mercado doméstico, em que este enfrenta uma curva de demanda inversa dada por

ddd qqp 13)( (em $), mas tem também a opção de vender o bem no mercado

internacional por um preço 11$ip . O preço do bem no mercado internacional não

depende da quantidade iq vendida pelo monopolista neste mercado. A função custo da

firma continua sendo dada por 2)( qqqc . A diferença é que id qqq . Quanto

a firma venderá no mercado doméstico e no mercado internacional? Qual o seu lucro

agora?

Page 57: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-29/30

Respostas selecionadas

7.1)

a) (slides 7-5,6)

b) (slide 7-10)

c) (slides 7-12,13)

d) (slides 7-16,17)

e) (slide 7-22)

f) (slide 7-30)

7.2) (slide 7-10)

Como dEP

CMgP 1

, então

)21(1)1(1

CMg

E

CMgP

d

= 2CMg

Então se CMg aumenta de 25%, o preço estabelecido pela empresa sobe também 25%. Vendo

a situação pontualmente:

Ponto 1: Se originalmente CMg = $20 ,

então P = ($20)(2) = $40

Ponto 2: Se CMg sobe 25%: CMg = ($20)(1,25) = $25,

então P = ($25)(2) = $50, que é 25% maior que $40.

Atenção: variações percentuais NÃO SÃO iguais a valores pontuais!

7.3)

a) (slide 7-4,5)

QRMg 327

b) 5,67; $18,5 ; $48,16.

c) $10; 11,3.

d) (slide 7-22)

Peso morto = $24,10

- Os consumidores ganham $72,27

- O lucro do monopolista se reduz a zero (perdem).

7.4) (slides 7-5,14) 0; 0,91; $17,3

7.5)

a) (slide 7-4,16) Q 2.500 unidades; P $8,50; $6,50 ; Índice de Lerner: 0,294

b) 4.000 ; $4,00; 0,143; reduzirá.

c) $6 + um valor pequeno; 5.000 unidades; 06

quando 0.

7.6)

a) (slide 7-29) 105,5; $8.909

b) 160

7.7) . (slide 7-5)

Page 58: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 7 – Monopólio e Monopsônio PG Eng.Econômica 2018 Pg.7-30/30

Reta: 2BQAQPQBQAP

RMg

BQAdQ

PQd2

)(

Se B > 0 necessariamente P > RMg

Parábola: 32 BQAQPQBQAP

RMg

BQAdQ

PQd3

)(

Se B > 0 necessariamente P > RMg

Para ambos os casos, reta e parábola, a demanda é descendente.

7.8) (slide 7-4)

7.9) (slide 7-7) 10 e $30

7.10) (slide 7-10) Desafio. Em sala da próxima aula.

7.11) (slide 7-14)

Pensando a empresa como um todo:

)()( 2211 QCQCPQT ; pensando agora especificamente a Fábrica 1, como a empresa é

maximizadora ela deverá:

1

1

1

11

)(0

CMgRMg

T

Q

C

Q

PQ

Q

, então 1CMgRMg

Se pensássemos especificamente a Fábrica 2, analogamente obteríamos: 2CMgRMg

Então a conclusão é que 21 CMgCMgRMg (CQD)

7.12)

(a) (slides 7-15,16 para todos) -1,5

(b) -6

(c) Sim: AP = 1,5 > 1,25 = ACMg

7.13) (slide 7-29)

Para o monopsonista DMS , tomemos como uma reta positivamente inclinada BQAP

Sendo DM = Despesa Média = QQP ).( = 2BQAQ BQAdQ

Pd

dQ

dDM2

)(

Como B2 > B sempre, então DMg estará sempre acima de DM CQD

7.14) (slides 7-22,34)

7.15) (slides 7-21,32)

7.16)

a) (slide 7-6 para todos) 3; $18

b) 1 ; 4 ; $26

Page 59: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-1/30

Módulo 8 – Competição monopolista e oligopólio

Conceitos neste módulo: concorrência monopolística, oligopólio, peso morto, concorrência

por quantidades, equilíbrio de Nash, modelo de Cournot, conluio, modelo de Stakelberg,

concorrência por preços, modelo de Bertrand, produtos diferenciados, dilema do prisioneiro,

curva de demanda quebrada, sinalização e liderança, cartéis.

Os módulos estão distribuídos assim:

1 – Preferências do consumidor

2 – Restrições orçamentárias e demanda individual

3 – Elasticidades e incertezas

4 – A oferta no curto prazo

5 – A oferta no longo prazo

6 – Equilíbrio em concorrência perfeita

7 – Monopólio e monopsônio

8 – Competição monopolista e oligopólio

9 – Porque os mercados falham

Em Anexo: comparações entre tipos de mercados

problemas propostos

respostas selecionadas

Page 60: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-2/30

Neste módulo se sofistica a análise em relação ao módulo anterior. De um lado

mantém a característica dos mercados competitivos como o número de concorrentes, de outro

se faz presente o poder de monopólio. Surgem duas formas de mercado com estas

características, a competição monopolística e o oligopólio. Com o primeiro entra em cena a

diferenciação do produto, com o segundo entra em cena o comportamento estratégico da

empresa.

Em concorrência

monopolística assim como

em mercados competitivos

se pressupõe muitas

empresas com livre

trânsito, de tal modo que

as empresas no longo

prazo trabalham com lucro

econômico zero. Por outro

lado, aqui se considera que

os produtos não são

homogêneos, são

diferenciados, mas

existem produtos

Page 61: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-3/30

substitutos e o grau de diferenciação determina o tamanho do poder de monopólio. Neste

aspecto se assemelha ao monopólio puro, com preço de equilíbrio superior ao custo marginal.

Vários exemplos: cafés, cremes dentais, refrigerantes, etc.

A Figura 8-4

mostra o

monopolista

competitivo no curto

e no longo prazo. No

CP, como de

costume, o

competidor

monopolista

determina a

quantidade quando

CMg = RMg e o

preço é determinado

por esta quantidade

na curva de demanda

CP, superior ao

CMg. A situação,

porém, é dinâmica. No

LP os lucros atraem

novas empresas (não há

barreiras à entrada) e se

a demanda é

relativamente elástica

novos competidores são

atraídos ao mercado até

a situação de lucro

econômico zero. Então,

por isto, a demanda da

empresa original, que

queria ser monopolista,

cai. Assim, caem sua

produção e o seu preço,

mas a produção da indústria como um todo aumenta. Não há lucro econômico no LP (P =

CM), mas P > CMg, ou seja, persiste algum grau de poder de mercado, dado que algumas

marcas de produtos concorrentes sobressaem.

Mais uma vez, o que interessa do ponto de vista econômico é testar a eficiência desta

modalidade de concorrência.

Page 62: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-4/30

Na Figura 8-6 se compara concorrência monopolista com concorrência perfeita. Em

ambos os casos novas

empresas levam à

situação de lucro zero

no LP. A existência do

poder de monopólio

pela diferenciação do

produto implica um

preço mais elevado do

que na competição

perfeita. Se o preço

diminuísse até o ponto

onde CMg = DLP

(demanda de longo

prazo), o excedente

total aumentaria na

magnitude do triângulo

amarelo, ou seja, de novo, como no monopólio, ocorre o peso morto e ineficiência por

excesso de capacidade, como analisamos no módulo anterior. Se de um lado existe uma

ineficiência, de outro, os consumidores ganham com a diversidade do produto. Observe que as

características do competidor monopolista são:

(a) Ele carrega um markup maior que CMg;

(b) Ele não produz a CMmin, ou seja, opera com excesso de capacidade.

Os mercados de refrigerantes e café, mostrados a seguir, ilustram as características da

competição monopolística.

A tabela a seguir retrata marcas concorrentes americanas nos setores de

refrigerantes e café moído. São analisados aspectos das elasticidades.

Marca Elasticidade da demanda

Refrigerantes Royal Crown -2,4

Coca-Cola -5,2 a -5,7

Café moído Hills Brothers -6,4

Maxwel House -8,9

Chock Full o’Nuts -3,6

Fonte: Pindyck

Interessam as seguintes questões:

Page 63: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-5/30

1) Por que a demanda por Royal Crown é mais inelástica em relação ao preço que a demanda

por Coca-Cola? Por causa do sabor característico que leva o consumidor ser mais fiel e este

diferencial significa maior poder de monopólio.

2) Por que, ainda assim, Royal Crown é menos lucrativa que a Coca-Cola? Porque o lucro

depende de diversos fatores como custos fixos, volume de venda, preços, etc. Embora o

lucro médio seja menor, a Coca-Cola vai gerar lucros muito maiores pelo volume de venda

muito maior.

3) Marcas de café são bem mais elásticas ao preço que refrigerantes. Por quê? Porque existe

menos lealdade à marca, a diferenciação é menos perceptível. Chock Full o’Nuts, dentre as

marcas de café moído, é menos elástica ao preço porque é mais perceptível a diferenciação

do sabor.

Observando em conjunto os dois setores, com exceção de Royal Crown e Chock Full

o’Nuts todas as marcas de refrigerantes e de cafés são elásticas ao preço (entre -4 e -9). Ser

elástica ao preço, mas não muito, é típico de competição monopolista (lembre-se do módulo

7!).

Page 64: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-6/30

Num certo sentido, oligopólio se parece com concorrência monopolista, pois existem

concorrentes. Porém,

diferentemente, o produto

pode ser ou não

diferenciado. Importa que

um pequeno número de

empresas dominem o

mercado. Então existem

barreiras à entrada além

daquelas barreiras

naturais que já

estudamos (lembrando:

economias de escala, por

exemplo AT&T;

patentes, por exemplo

remédios; acesso à

tecnologia, por exemplo indústria aeronáutica; reputação da marca, por exemplo roupas de

grife), pode haver barreiras também por ações estratégicas cautelosas levando em conta a

reação dos (poucos) concorrentes ou pode se impor controle de insumos essenciais. Trata-se,

pois, de um equilíbrio tenso e complexo, sempre levando em conta o que o concorrente pode

fazer e levando em conta que o concorrente também considera suas próprias decisões.

Page 65: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-7/30

Vários são os

exemplos de mercados

oligopolizados:

automóveis, aço,

petroquímicos,

equipamentos elétricos,

computadores, etc. À

concorrência monopolística

se aplicam modelos

baseados em escolhas de

quantidades (modelos de

Cornout, conluio, modelo

Stackelberg) ou baseados

em preços (modelos de Bertrand ou de produto diferenciado).

Importa estabelecer situações de equilíbrio em mercados deste tipo, e, como os outros

casos que já visitamos, verificar sua eficiência econômica.

O ponto de partida é o equilíbrio de Nash: “as empresas estão fazendo o melhor que

podem e não tem incentivo

para mudar suas decisões

quanto a preço e

quantidade. É suposto que

todos concorrentes estejam

fazendo o mesmo”. Esta é

a base do equilíbrio em

concorrência não

cooperativa.

Todos os modelos

que veremos a seguir, por

simplicidade, consideram

o duopólio, a

generalização é direta. O

modelo de Cournot

considera que duas empresas competem produzindo produto homogêneo, ambas conhecem a

curva de demanda de mercado e cada empresa considera fixa a quantidade produzida pela

rival ao tomar sua própria decisão de produção. Neste sentido, este modelo segue o equilíbrio

de Nash com decisões simultâneas.

Page 66: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-8/30

Na Figura 8-12 estão representadas as decisões da Empresa 1 caso ela julgue a ação de

sua concorrente (Empresa 2). No exemplo estamos supondo a demanda de

mercado: QP 120 . Pode-se provar que 211 2 QQRMg . Então Se a Empresa 1 acredita

que a concorrente não produzirá nada a curva de demanda e a )0(1RMg serão como em azul

cheio na figura. Se acreditar que a concorrente produzirá 50 unidades e 75 unidades as curvas

serão, respectivamente, como em azul tracejado e como em azul claro. Os valores de produção

para os três casos serão respectivamente 50, 25 e 12.5 unidade.

Exemplo1: Prove a afirmação feita acima: 211 2120 QQRMg .

Respostas: Possivelmente em sala de aula.

Exemplo2: Se a Empresa 1 acredita que a Empresa 2 produzirá 100 unidades, quanto

produzirá a Empresa 1?

Respostas: Como 2010021202120 11211 CMgQQQRMg , então 01 Q , ou

seja, Empresa 1 decide sair do mercado!

Page 67: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-9/30

Com os dois exemplos anteriores nós estamos encaminhando uma visão intuitiva da

essência de Cournot. A

curva de reação de uma

empresa é uma função

decrescente do nível de

produção esperado da

outra empresa, como

ilustra a Figura 8-13.

No equilíbrio, cada

empresa estima

corretamente quanto

sua rival vai produzir,

portanto, maximiza seu

lucro. Observe que o

equilíbrio de Cournot é

um equilíbrio de Nash.

Uma crítica imediata ao

modelo de Cournot é que ele nada nos diz sobre o processo de ajuste, se pressupõe que as

empresas estão imediatamente no equilíbrio.

Vejamos como

opera o modelo

analisando a curva de

reação do ponto de vista

quantitativo.

Consideremos de novo

um duopólio (Figura 8-

14) com a demanda de

mercado QP 30 .

Por simplicidade as

empresas são idênticas e

021 CMgCMg .

Para chegar à curva de

reação vamos calcular a

receita da empresa 1:

12

2

11111 30)30( QQQQQQPQR . Como 21

1

11 230 QQ

dQ

dRRMg e como

11 CMgRMg = 0, então obtemos a curva de reação da Empresa 1: 212

115 QQ (1).

Page 68: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-10/30

Para a Empresa 2: 122

115 QQ (2). Resolvendo o sistema de equações: 1021 QQ . Por

consequência, 10)1010(30 P . Ou seja, o equilíbrio de Cournot foi em

)10,10(),( 21 QQ . Observe que se não houvesse esta consideração de estratégia e as duas

empresas concorressem livremente, 01 CMgP , o que nos leva na equação de

demanda: Q 300 . Isto significa que para livre competição ).15,15(),( 21 QQ Uma terceira

alternativa seria o “conluio”, equilíbrio cooperativo. O conluio ocorre quando ambas as

empresas produzem com lucro máximo total, ou seja, Q (total) é escolhido de modo que a

receita total: PQR passa por um ponto de máximo. Assim,dQ

QQd

dQ

dRRMg

])30[( =

Q230 = 0, então 15Q . Vale dizer, no conluio, ambas as empresas produzem 7,5

unidades )5.7,5.7(),( 21 QQ . Estas três possibilidades estão ilustradas na Figura 8-15. A

tabela abaixo sumariza os dados para este exemplo das três possibilidades:

Quantidade Preço Lucro Característica

Competitivo 30 0 0 P = CMg

Cournot 20 10 200 curva de reação

Conluio 15 15 225 RMg = 0

Destacamos que do ponto de vista das empresas o conluio é melhor do que Cournot

que, por sua vez, é melhor do que competição pura. Do ponto de vista do consumidor é

exatamente o contrário. Ocorre que o conluio é, na maioria das legislações, proibido e

criminalizado.

Page 69: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-11/30

Uma variante do Cournot é o modelo de Stakelberg. Em Cournot se supõe que as

empresas tomam decisões

simultâneas, a receita

marginal leva em conta a

curva de reação do

concorrente. No modelo

de Stackelberg a empresa

toma primeiro a decisão

de quantidade (sabendo a

curva de reação da

concorrente) a ser

produzida e, então, a

anuncia. O anúncio cria

um fato consumado. O

concorrente para

maximizar os lucros pode

ter que optar por uma quantidade mais baixa, pois se decidir por uma quantidade (também)

alta pode fazer o preço cair e então ambas as empresas operarão em prejuízo. Tendo em mente

estas premissas e as condições iniciais do exemplo anterior (curva de demanda de mercado,

empresa monopolista conhece a curva de reação da concorrente: 122

115 QQ ), vamos

analisar o mecanismo deste modelo e a vantagem de ser o primeiro a escolher. A Empresa 1,

monopolista, tem a função de receita 111 )30( QQPQR 12

2

1130 QQQQ , mas ela

conhece a curva de reação da concorrente então 11

2

111 )2

115(30 QQQQR . Então

maximizando sua receita marginal 1

1

11 15 Q

dQ

dRRMg 0. Portanto 1Q 15 e a empresa

1 anuncia esta quantidade. Como a Empresa 2 também é maximizadora resta à ela seguir a

líder e produzir )15(2

1152 Q = 7,5 unidades. O conjunto do mercado produz 22,5

unidades, então o preço será 5.2230P = $7,5. A empresa monopolista lucrará (15)(7,5) =

$112,5, a concorrente seguidora de quantidade lucrará $56,25. Note que a empresa líder lucra

bastante, mas o mercado não é tão abastecido quanto se fosse competitivo, mas é mais

abastecido do que no modelo de Cournot, e muito mais que no conluio.

Fica a pergunta: qual o modelo mais adequado para concorrência não cooperativa por

quantidades? Se o setor for de produtos semelhantes parece mais realista Cournot (ex: pão

francês), se o setor tiver liderança parece mais realista Stakelberg (ex: sistemas operacionais).

Com o olhar dos consumidores obviamente o melhor resultado (maior abastecimento) seria

com a livre concorrência. Veremos futuramente que a coisa não é assim tão simples ...

Page 70: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-12/30

Até agora analisamos modelos de concorrência pela decisão de quantidade a ser

produzida. Vejamos agora modelos por concorrência de preços (modelo de Bertrand).

Vamos aproveitar o problema anterior com uma pequena diferença, ao invés de zero, o

CMg = $3 para cada

empresa do duopólio.

Se refizermos o problema

pelo modelo Cournot:

31

1

11 CMg

dQ

dRRMg ,

então 3230 21 QQ ,

que leva a:

212

15,13 QQ

122

15,13 QQ

e, portanto, 921 QQ ,

vale dizer, o preço será

$12 e o lucro da Empresa

1 será )9)(3()12)(9(1 = $81 (receita menos custo), o mesmo para a Empresa 2.

Page 71: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-13/30

E se uma empresa abaixar unilateralmente o preço para vender mais? Sabemos que se

ela fizer isto o limite é o lucro zero5, ou seja, 3$21 PP e 5,1321 QQ , que é equilíbrio

de Nash, porque se abaixar deste preço ela ganha todo mercado, mas tem prejuízo em cada

unidade. Se a empresa subir

o preço ela perderá o

mercado. Coloquemos

assim a hipótese do modelo

de Bertrand: cada firma

acredita que se diminuir o

preço em (tão pequeno

quanto se queira!) ele

ganhará todo o mercado.

Então o modelo de Bertrand

significa concorrer por

preço (e não por

quantidade) e as firmas vão

abaixando o preço até o

ponto de equilíbrio, até

CMgP e lucro zero, ou seja, o equilíbrio ocorre como em concorrência perfeita. De fato, se

tem guerra de preços.

O modelo de Bertrand tem recebido críticas: quando o produto é homogêneo é mais

natural a concorrência se dar por quantidades; mesmo que as empresas fixem e exerçam o

mesmo preço, o modelo não prevê qual a fatia de mercado para cada uma, coisa que o

próximo modelo tratará. Por outro lado, Bertrand nos mostra que o equilíbrio em oligopólio

depende da escolha da variável estratégica. Fica como desafio a concorrência com fixação

simultânea de preços na Lista 8-7.

5 Nunca é demais lembrar que lucro zero significa retornos econômicos básicos de mercado. Uma empresa pode se situar nesta situação sem que precise sair do mercado.

Page 72: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-14/30

No âmbito de

mercados oligopolistas,

quando os produtos são

diferenciados, as parcelas

de mercado de cada

empresa dependem não

apenas dos preços, mas

também da diferenciação

(em desempenho,

durabilidade, garantias,

design, etc.). Como

antecipamos, em caso de

diferenciação é mais

natural que as empresas

concorram por preço. No

exemplo da Figura 8-20 temos de novo duopólio, com as empresas se confrontado com a

mesma curva de demanda 211 212 PPQ e 122 212 PPQ , onde fica clara a

dependência reversa do preço do concorrente. Supõe-se CF $20 e CV 0 por

simplicidade. Se as duas empresas fixem simultaneamente seus preços considerando fixo o

preço do concorrente, temos um equilíbrio de Nash, agora em preços. Iniciando pela empresa

1:

20111 QP = 20212 21

2

11 PPPP . Se 2P é considerado fixo por ela, então

21

1

1 412 PPdP

d

= 0 para a empresa ser maximizadora de lucros. Conclusão: as curvas de

reação serão:

214

13 PP e 12

4

13 PP , respectivamente. Resolvendo o sistema de equações: 21 PP =

$4, com o lucro total de 12 $24 (cada empresa com lucro de $12). Nenhuma empresa tem

estímulo para alterar o preço, pelas razões já vistas (um bom exercício: quais são as razões já

vistas mesmo?).

Generalizando, o equilíbrio de Nash em concorrência com fixação simultânea de

preços em situação de duopólio e raciocinando sobre a empresa 1, implica que, dado um preço

2P da sua concorrente, o preço 1P que maximiza o lucro da empresa 1 resolve o seguinte

problema de maximização: ),(max 111

QPP

, portanto, igualando a condição de primeira ordem a

Page 73: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-15/30

zero6. Raciocínio análogo pode ser feito sobre a empresa 2. Ou seja, cada empresa resolve seu

problema de maximização.

Por outro lado, se ambas as empresas ao invés de equilíbrio de Nash optarem por agir

em conluio, com os mesmos dados do problema anterior do produto diferenciado, elas que

têm o mesmo custo cobrarão o mesmo preço a partir da maximização do lucro total das

empresas (e não mais do lucro específico da empresa como no equilíbrio de

Nash): )20212(2 22

21 PPPtotal = 40224 2 PP . As empresas em

conluio vão maximizar este lucro total (e, naturalmente, repartir entre si os

lucros!): PdP

total 4240

, que leva ao preço de conluio P $6. A quantidade produzida

por ambas as empresas será de 6 unidades. A situação dos preços está ilustrada na Figura 8-

21, onde além do equilíbrio de Nash está representado o ponto correspondente ao equilíbrio

por conluio. Ambas as empresas estarão com lucro maior no conluio ($16, contra $12 no

equilíbrio de Nash).

6 Lembrando mais uma vez, a condição de primeira ordem igual a zero equivale a achar um máximo ou um mínimo, ou seja, o ponto onde a inclinação da curva é zero significando que ela chegou a um máximo (aplicável quando o problema é de maximização, como no lucro) ou a um mínimo (quando o problema é de minimização, como no custo).

Page 74: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-16/30

Importa saber se o equilíbrio é ou não cooperativo. Um detalhe agora é relevante: se

está no equilíbrio de Nash ou em conluio em concorrência por preços, então é melhor para a

empresa que seu concorrente suba de preço primeiro, porque dá oportunidade para a empresa

que se move depois reduzir levemente o preço (em relação ao cobrado pelo concorrente), e

então, capturar parcela maior do mercado. Note que o resultado é o contrário do que acontece

com o modelo de Stackelberg, onde quem se movia primeiro tinha vantagem!

Vale dizer, o modelo mais adequado e o tipo de concorrência depende

fundamentalmente do tipo de produto, se homogêneo ou se diferenciado.

Perceba também que fica aqui uma dúvida sobre a estabilidade dos equilíbrios, o que

nos remete ao assunto a seguir.

Page 75: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-17/30

Vimos que o

equilíbrio de Nash é não

cooperativo, o conluio é

cooperativo, e o lucro é

maior. No entanto,

conluio é ilegal, pois

atenta contra a

economia popular7. O

que se coloca é um

modelo em que os

concorrentes estimam o

preço como em conluio

esperando que seu

concorrente também

assim o fizesse. O

problema deste modelo é que aquele que mantivesse o conluio poderia acabar se dando mal,

caso o concorrente “traísse” o conluio. Revisitemos o problema simples com produto

diferenciado. Lá vimos que o equilíbrio de Nash aconteceria com P = $4 e com = $12 para

7 O conluio força transferência de renda dos compradores para as empresas em conluio.

Page 76: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-18/30

ambas as empresas, onde 1,21,22,1 212 PPQ , e o equilíbrio em conluio se dá com P = $6

e com = $16 para ambas as empresas. Porém, se a Empresa 2 resolvesse unilateralmente

cobrar $4 (“traísse” o conluio) ao invés de $6:

Empresa 2: 20222 QP = (4){12 – (2)(4) + 6} – 20 = $20

Empresa 1: 20111 QP = (6){12 – (2)(6) + 4} – 20 = $4

Conclusão: Se de um lado o conluio é vantajoso para o duopólio, de outro, a instabilidade é

inerente se o conluio for rompido e se isso ocorrer o cenário é pior para quem mantiver o

conluio. Isto nos leva ao

clássico “Dilema dos

Prisioneiros”. Coloquemos os

possíveis resultados do

problema anterior em uma

matriz de payoff, como na

Figura 8-24, que representa este

jogo não cooperativo (porque

conluio é criminalizado).

Observe que cada empresa,

independentemente, faz o

melhor para si se cobrar o preço

de equilíbrio de Nash ($4). Ou

dito de outra forma, o conluio

só valeria a pena se fosse explicitamente possível, senão, entra em cena o risco de se dar

muito mal! Vamos ver isto melhor.

Na Figura 8-25 se

encontra o exemplo clássico

do “Dilema dos

Prisioneiros”, metáfora

adequada para o problema

dos mercados oligopolistas.

Na matriz de payoff estão os

anos de cadeia que cada

prisioneiro pegaria, caso

confesse ou não,

considerado ainda se o seu

cúmplice confessa ou não.

Perceba que também aqui o

prisioneiro faria melhor para

si se confessasse, pois, se o outro confessar, ele pega mais tempo de prisão se não confessar.

Page 77: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-19/30

Mapeando a visão do “Dilema dos Prisioneiros” para os mercados oligopolistas,

podemos resumir que: o conluio leva a lucros maiores, as empresas podem praticar conluios

implícitos ou explícitos

(só que este último,

cartel, é problemático

por ser criminalizado.

Veremos mais à

frente). Quando duas

empresas cooperam,

cada uma tem forte

incentivo para “trair” a

outra, cobrando preço

mais baixo que lhe

oferecerá lucros mais

elevados. O leque de

possibilidade para

mercados oligopolistas

é amplo: vai desde

mercados com histórico de interação repetida entre empresas ao longo do tempo. Elas se

observam e vão se ajustando, de modo que pode haver conluios implícitos. No outro extremo

temos mercados de concorrência agressiva, então a concorrência levará aos preços baixos do

equilíbrio de Nash. Existem ainda mercados oligopolistas onde uma empresa líder atua

sinalizando preços, como veremos.

Por ora, o conluio implícito tende a ser frágil e as empresas oligopolistas muitas vezes

apresentam rigidez de

preços. Nas Figuras 8-

27 e 8-28 se ilustra o

modelo da “curva de

demanda quebrada”,

que tenta explicar

aquela rigidez de preços

e expressa o seguinte

fato econômico

contraditório: se o

produtor reduzir o preço

ele acredita que os

competidores o seguirão

e a demanda será mais

inelástica (curva azul),

Page 78: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-20/30

mas se o produtor elevar o preço ele acredita que os competidores não o seguirão e a demanda

será mais elástica (curva vermelha). Assim sendo, a sua curva de demanda é altamente elástica

para aumentos de preços e altamente inelástica para reduções de preços.

Como mostra a Figura 8-28, supondo o equilíbrio em *)*,( PQ , enquanto o custo

marginal se encontra na região vertical da receita marginal, o preço e a quantidade produzida

serão constantes.

Embora este

modelo da “demanda

quebrada” seja simples,

pode receber críticas

como: ela não explica

como chegar ao preço de

equilíbrio *P , ou outro

preço diferente (é boa

descrição, mas não é boa

explicação!). É mais

razoável explicar a

rigidez de preços nos

mercados oligopolistas

por causa do “dilema dos

prisioneiros”, onde os oligopolistas “pagam” para não se destruírem mutuamente.

Vamos agora focar o caso de mercados onde existe uma empresa líder (por exemplo,

a empresa possui maior

fatia de venda e um grupo

de empresas abastecem o

resto do mercado) que

sinaliza um aumento de

preço. As demais

empresas do mercado,

após o anúncio, seguem a

sinalização da líder. Este

cenário é conhecido como

“Modelo da Empresa

Dominante”.

Page 79: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-21/30

Na Figura 8-30, a seguir, estão colocados graficamente todos componentes e aspectos

deste modelo e mostra como a empresa dominante estabelece o preço. As pequenas empresas

deste mercado se

confrontam com a

demanda de mercado

dada pela curva azul

claro da figura. Estas

mesmas empresas são

capazes de ofertar FS

na figura (que é, como

vimos, a curva do

custo marginal

agregado das

pequenas). A empresa

dominante se

comporta como

competidor

monopolista, ou seja,

decidirá a quantidade que produzirá no ponto de encontro de suas curvas de custo e de receita

marginal ( DD RMgCMg ). Para a empresa dominante maximizar seus próprios lucros ela

levará em conta como produz as demais empresas que complementarão o abastecimento do

mercado. Então, a curva de demanda para a empresa dominante será a diferença entre a

demanda de mercado e a oferta das empresas pequenas (no gráfico a diferença entre a curva

D e a curva FS , curva preta). Por esta forma de construir sua curva de demanda, a líder (ou

dominante) ao preço 1P nada produziria, então obviamente não escolherá este preço.

Escolhida a quantidade a produzir DQ , fica determinada na SUA curva de demanda o preço

que vai vigorar *P . A este preço resta às pequenas empresas produzir DTF QQQ na

esquerda do gráfico, pois as pequenas empresas se defrontam com Curva de Demanda de

mercado. Observe que para preços aquém de 2P apenas a empresa dominante pode operar

(vira monopolista).

Algumas observações sobre este modelo: a elasticidade de demanda da empresa

dominante é naturalmente maior que a elasticidade da demanda de mercado no trecho onde as

pequenas empresas podem operar. Poderá ser neste trecho que a empresa dominante vai

querer operar, tudo vai depender do ponto para ela, como de costume, de igualdade entre custo

e receita marginal.

Page 80: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-22/30

Conluio explícito

formam os cartéis. Tanto

preço quanto quantidade

são determinados pelos

cartéis e não incluem

necessariamente todas as

empresas daquele setor

industrial. Muito

frequentemente operam

em escala internacional.

Nesta seção

vamos nos ater em

mostrar as características

dos cartéis bem

sucedidos em algum

momento histórico, como o da OPEP (produtores de petróleo) e também dos mal sucedidos,

como o CIPEC (produtores de cobre).

Page 81: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-23/30

Em 1970 o cartel de petróleo foi utilizado para elevar os preços bem acima dos preços

competitivos. Em 1989 os preços caíram por causa dos ajustes de longo prazo na demanda e

na oferta que não as da OPEP.

Na Figura 8-33

está ilustrado o

mecanismo de ação do

cartel onde é mostrada a

demanda de mercado

DT em azul. CS é a

oferta competitiva (não

OPEP) e, como de

costume, a demanda da

OPEP é a diferença

entre as duas curvas

(como em preto). Por

sua natureza o custo

marginal da OPEP é

bem baixo, então a

quantidade ofertada do

cartel, também como de costume, é dada pela confluência OPEPOPEP RMgCMg . O preço *P

fica determinado na sua curva de demanda (da OPEP) e resta aos produtores não OPEP

produzirem a este preço em quantidade também imposta pelo cartel. Observe na figura que a

curva de demanda da OPEP ainda é relativamente inelástica, significa que a OPEP tem alto

poder de monopólio no CP.

No longo prazo as coisas

são um pouco diferentes, a

curva de demanda da OPEP

se torna mais elástica (por

que mesmo?) e, assim,

reduz o poder de

monopólio da OPEP.

Na Figura 8-34 está

mostrado o que ocorreria se

o setor de petróleo não

tivesse cartel. A curva de

oferta da OPEP seria sua

curva de custo marginal e a

quantidade produzida seria

substancialmente aumentada e o preço também substancialmente diminuído ( CC PQ , ).

Page 82: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-24/30

Um caso dual de cartel mal sucedido é o do CIPEC (Chile, Peru, Zâmbia, Congo) para

o cobre. Na Figura 8-

34 estão representados

seus elementos. A

oferta de cobre é mais

elástica (além do que

a curva de custo já

parte de um patamar

alto) por causa do

cobre secundário e a

demanda de mercado

também é elástica (por

causa de alumínio,

plástico, etc.). A curva

de demanda da CIPEC

é bastante elástica o

que reduz o poder de

monopólio deste cartel. Observe na figura que a quantidade competitiva CQ fica entre CIPECQ

e TQ , então compare com o caso do petróleo onde CQ fica na ponta. Esta é outra maneira de

dizer sobre o baixo poder de monopólio do CIPEC.

De tudo que vimos nesta seção podemos concluir que para um cartel obter sucesso ele

deve ter:

1) Demanda total inelástica ou pouco elástica;

2) Controle da produção ou ... a oferta do não-cartel não pode ser elástica.

Page 83: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-25/30

ANEXO

Page 84: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-26/30

Problemas Propostos:

8.1) Descreva em poucas palavras:

a) Concorrência monopolista e oligopólio

b) Modelo de Cournot

c) Modelo de Conluio

d) Modelo de Stalkelberg

e) Concorrência por preços

f) Curva de “demanda quebrada” e empresa dominante

g) Cartéis bem e mal sucedidos

8.2) Duas firmas, 1 e 2, produzem estofamentos de pele de carneiro para bancos de

automóveis. A função de custo de cada firma é dada por: 220)( qqqC . A demanda

de mercado para esses estofamentos é representada pela equação de

demanda: QP 2200 , onde 21 qqQ , é a quantidade total produzida.

a) Se cada firma age para maximizar seus lucros, e estima que a produção de seu

concorrente esteja determinada (isto é, as empresas se comportam como oligopolistas

de Cournot), quais serão as quantidades de equilíbrio selecionadas por cada uma das

firmas? Qual será a quantidade total produzida e qual é o preço de mercado? Quais são

os lucros de cada uma das firmas?

b) Uma forma alternativa de obter o equilíbrio de Cournot é via lucro de cada firma.

Prove que o resultado obtido assim é o mesmo.

c) Ocorre para os administradores da Firma 1 e da Firma 2 que eles podem melhorar seus

resultados fazendo conluio. Se as duas firmas fizerem conluio, qual será a quantidade

total produzida maximizadora de lucro? Qual é o preço da indústria? Qual é a

quantidade produzida e o lucro para cada uma das firmas?

d) Os administradores das firmas percebem que os conluios explícitos são ilegais. Cada

firma precisa decidir por conta própria se produz quantidade de Cournot ou a

quantidade que um cartel produziria. Para ajudar a decisão o administrador da Firma 1

construiu uma matriz de Payoff como abaixo. Preencha cada quadro com o lucro da

Firma 1 e o lucro da Firma 2. A partir desta matriz, quais quantidades que cada firma

está inclinada a produzir?

Firma 2

Produz quantidade

de Cournot

Produz quantidade

de cartel

Firm

a 1

Produz quantidade

de Cournot

Produz quantidade

de cartel

Page 85: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-27/30

e) Suponha que a Firma 1 possa determinar seu nível de produção antes que a Firma 2 o

faça. Quanto a Firma 1 produzirá? Quanto a Firma 2 produzirá? Qual é o preço de

mercado e qual o lucro de cada empresa? A Firma 1 estará obtendo melhores

resultados por determinar sua produção primeiro? Explique por quê.

8.3) Duas empresas concorrem por meio de escolha de preço. Suas funções de demanda

são: 211 20 PPQ e 212 20 PPQ , onde 1P e 2P são os preços cobrados por

cada empresa e 1Q e 2Q são as demandas resultantes. Observe que a demanda de cada

mercadoria depende apenas da diferença entre preços. Se as duas empresas entrarem

em conluio e determinarem o mesmo preço, poderão torná-lo tão alto quanto

desejarem e, assim, obter lucros infinitamente grandes. Os custos marginais são zero.

a) Suponha que as duas empresas determinaram seus preços simultaneamente. Descubra

o equilíbrio de Nash. Para cada uma das empresas, quais serão, respectivamente, o

preço, a quantidade vendida e os lucros? (Dica: faça a maximização do lucro de cada

empresa em relação ao seu preço)

b) Suponha que a Empresa 1 determine seu preço em primeiro lugar e somente depois a

Empresa 2 estabelece o seu. Qual o preço que cada uma das empresas utilizará? Qual

será a quantidade que cada empresa venderá? Qual o lucro de cada uma delas?

c) Suponha que você fosse uma dessas empresas e que houvesse três maneiras possíveis

de atuação neste jogo. (i) ambas as empresas determinam seus preços

simultaneamente; (ii) você determina seu preço em primeiro lugar; (iii) seu

concorrente determina o preço em primeiro lugar. Se você pudesse escolher entre estas

alternativas, qual seria sua opção? Explique por quê.

8.4) Se em um duopólio a curva de demanda de mercado é dada por QP 120 e as

empresas concorrem por quantidades, demonstre a expressão da receita marginal

supondo as empresas idênticas. Se a Empresa 1 acredita que a Empresa 2 produzirá

100 unidades, quanto produzirá a Empresa 1?

8.5) Considere duopólio com a demanda de mercado dada por QP 30 , empresas

idênticas e custo marginal de produção igual a zero.

a) Ache o equilíbrio de Cournot e as curvas de reação e o lucro total;

b) Ache o equilíbrio competitivo e o lucro total;

c) Ache o equilíbrio de conluio considerando quantidades e o lucro total;

d) Supondo que a empresa 1 determina seu nível de produção primeiro, ache o equilíbrio

de Stackelberg e o lucro total;

Page 86: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-28/30

8.6) Considere duopólio concorrendo por preços e com a demanda de mercado dada por

1,22,12,1 212 PPQ , CF $20 e CV 0, ache o equilíbrio de Nash, lucro total e

as curvas de reação. Qual seria o equilíbrio em conluio? Por que este equilíbrio é

instável?

8.7) (Desafio, fixação simultânea de preços com bens distintos) Suponha que duas lojas em

um mesmo shopping vendam dois produtos distintos. A competição entre elas se dá

pela fixação simultânea de seus preços. Embora as lojas vendam produtos distintos, o

preço cobrado por uma loja afeta as vendas da outra. Mais especificamente, a curva de

demanda para o bem 1 é dada por 2112

11 ppQ . Já a curva de demanda para o

bem 2 é dada por 1222

11 ppQ . Por simplicidade, suponha que os custos fixos e

marginais de ambas as lojas sejam nulos.

a) Calcule os preços que ambas as lojas cobrarão no equilíbrio. Calcule o lucro das duas

lojas neste caso.

b) Suponha agora que as duas lojas tenham o mesmo dono. Que preço elas cobrariam?

Novamente calcule o lucro das duas lojas.

c) Voltemos ao caso em que as lojas têm donos diferentes. Suponha que o administrador

do shopping ao perceber que as lojas estão praticando uma política de preços

predatória, e percebendo que ambas poderiam obter um lucro agregado maior se

agissem de forma coordenada, implemente a seguinte política: no final do mês a loja 1

tem que repassar 1/3 de seus lucros para a loja 2. De forma similar, no final do mês a

loja 2 tem que repassar uma fração t dos seus lucros para a firma 1. Encontre o valor

de t que faz com que as lojas escolham os mesmos preços da letra (b) mesmo tendo

donos diferentes.

Page 87: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-29/30

Respostas selecionadas

8.1)

a)

(slides 8-3,4,5,9,10,11)

b)

(slides 8-11,13,14,15)

c)

(slide 8-15)

d)

(slide 8-16)

e)

(slides 8-18,19,20)

f)

(slides 8-27,28)

g)

(slide 8-32,33,34,35)

8.2)

a)

(slides 8-11,12,13)

12 qq = 22,5 então Q = 45; P = $110; $1.518,75 ( 21 )

b)

(slide 8-15)

demonstração

c)

(slide 8-15)

21 qq = 18; P = $128; 21 $1.620

d)

Firma 2

Produz quantidade

de Cournot

Produz quantidade

de cartel

Firm

a 1

Produz quantidade

de Cournot $1.518,75;$1.518,75 $1.721,25;$1.458,00

Produz quantidade

de cartel $1.458,00;$1.721,25 $1.620,00;$1.620,00

(slides 8-15,24)

e)

(slide 8-16)

1q = 25,7; 2q = 21,4; P $105,80;

Lucros:

$1.544,57; $1.378,16

Page 88: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 8 – Competição Monopolista e Oligopólio PG Eng.Econômica 2018 Pg.8-30/30

8.3)

a)

(slide 8-18)

1P $20 e 2P $20; 1Q 20 e 2Q 20; 1 $400 2 $400

b)

(slide 8-20)

1P $30; 2P $25; 1Q 15; 2Q 25; 1 $450; )25)(25(2 2 $625

c)

(slide 8-21)

(iii), sua segunda escolha seria (ii)

8.4)

(slide 8-12)

1q 0 e a Empresa 1 sai do mercado!

8.5)

a)

(slides 8-6,14,15 para todos)

21 QQ 10; P $10; Lucro de cada empresa: $200.

b)

),( 21 QQ (15,15); Lucro $0.

c)

1Q $15; ),( 21 QQ (7.5,7.5); lucro total é de $225.

d)

(slide 8-16)

),( 21 QQ (15,7.5); P $7,5; Lucros: Empresa 1: $112,50. Empresa 2: $56,25.

8.6)

(slides 8-20,21)

Determinação simultânea de preços:

21 PP $4; 21 QQ 8; 21 = $12. (equilíbrio de Nash)

Conluio:

P $6; Q 6; total $32. ($16 para cada empresa)

O problema deste modelo é que ele é propenso à “traição”.

8.7) (Desafio)

Page 89: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-1/29

Módulo 9 – Porque os mercados falham

Conceitos neste módulo: poder de mercado, informação assimétrica, seleção adversa,

padronização, grupamento de riscos, reputação, sinalização de mercado, risco moral, relação

agente-principal, gratificação, participação nos lucros, teoria do salário eficiência, modelo

“dissimulação”, problema do carona, comportamento de manada, bolhas econômicas,

externalidades, padrão, imposto, permissão transferíveis de emissão, recursos de propriedade

comum, bens públicos.

Os módulos estão distribuídos assim:

1 – Preferências do consumidor

2 – Restrições orçamentárias e demanda individual

3 – Elasticidades e incertezas

4 – A oferta no curto prazo

5 – A oferta no longo prazo

6 – Equilíbrio em concorrência perfeita

7 – Monopólio e monopsônio

8 – Competição monopolista e oligopólio

9 – Porque os mercados falham

Em Anexo: problemas propostos

respostas selecionadas

Page 90: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-2/29

Os mercados competitivos falham devido a quatro razões básicas: poder de mercado,

informações incompletas (ou assimétricas), externalidades e bens públicos. Até aqui, em

diversos módulos, destacamos premissas favoráveis ao funcionamento pleno do mercado,

agora vejamos estes motivos de falha.

Vimos no

módulo 7 que o poder

de monopólio se

produz porque se fixa

um preço acima da

receita marginal. O

monopolista não

coloca qualquer

preço, e sim aquele

em que com CMg =

RMg se atende à

curva de demanda. O

nível de produção é

menor que em

mercado competitivo

resultando em

alocação ineficiente e o preço é maior. No caso do poder de monopsônio o preço é colocado

Page 91: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-3/29

abaixo da despesa marginal de modo que com DMg = VMg se atende à curva de oferta a

Figura 7-30 sintetiza estas constatações. Um exemplo específico poderia ser para o exemplo

competitivo que desenvolvemos no módulo 6 (para Alimento e Roupa) considerar a oferta de

trabalho restrita para produção de Alimento. O resultado é que o salário Aw na produção de

Alimento aumenta, na produção de Roupa Rw diminui, e se r é o preço do capital,

r

wTMgST

r

wTMgST AA

LKRR

LK , , então A

LK

R

LK TMgSTTMgST e, de novo, a alocação é

ineficiente. Resulta do monopsônio um nível de produção menor e preço também menor que

no caso competitivo. Esta modalidade de falha de mercado já foi suficientemente explorada

nos módulos imediatamente anteriores.

Uma segunda razão dos mercados falharem é a falta de informação completa, que cria

uma barreira à mobilidade dos recursos, portanto, afeta a alocação de recursos e o sistema de

preços. Na economia

este problema é

conhecido como

informações

assimétricas, situação na

qual nem todos que vão

ao mercado para

transacionar têm

informações iguais sobre

o produto.

Uma terceira

razão é a ocorrência de

externalidades, o

consumo ou a produção

de um bem cria custos ou benefícios que afetam terceiros, modificando suas decisões e

criando, mais uma vez, ineficiências.

A terceira razão de falha de mercado é a existência de bens públicos e recursos de

propriedade comum.8 Os mercados tendem a ofertar bens públicos em quantidades

insuficientes, de um lado, devido às dificuldades na medição correta do consumo destes bens

públicos, de outro, custos de recursos de propriedade comum são subestimados quando em

uso privado.

8 Estas quatro formas de falhas de mercado levam, todas elas, a alocação ineficiente de recursos, seja do ponto de vista de Pareto, seja porque afasta do mercado agentes importantes. Qualquer dentre as visões econômicas vigentes concordam no diagnóstico destas falhas, porém nem todos concordam nos “remédios” a se aplicar!

Page 92: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-4/29

Informações assimétricas são muito comuns. Você sabe mais da sua capacidade

produtiva do que aquele que vai lhe contratar, se você colocar para vender seu carro os

problemas dele serão mais conhecidos por você que o pretenso comprador, os administradores

sabem mais do custo, das questões competitivas e das oportunidades que os proprietários, e

assim por diante. São exemplos de informação assimétrica.

Vamos usar

um problema

específico do

mercado de carros

usados para concluir

sobre incertezas e

sobre o problema da

qualidade duvidosa.

Neste mercado a

informação

incompleta aumenta o

risco da aquisição e

reduz o valor do

carro. Se todos os

compradores e todos

os vendedores fossem

capazes de distinguir automóveis de alta e baixa qualidade, então haveria dois mercados

Page 93: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-5/29

diferentes com baixa dependência entre eles. Não ocorre isto na prática. Por informação

assimétrica, as incertezas positivas e negativas se entrelaçam e o comum é que o que ocorre

no mercado de baixa qualidade afeta o mercado de alta qualidade. Mercados de produto de

qualidade duvidosa levam ao problema de Seleção Adversa, com o nivelamento por baixo,

como veremos.

No exemplo da Figura 9-7 o vendedor de carros sabe muito mais que o comprador. De

início

suponhamos que os compradores estimam em 50% a chance de o carro ter alta qualidade. As

demandas de alta e baixa

qualidade estão como

em azul cheio (por

hipótese, de início,

iguais), similarmente as

ofertas de alta e de baixa

em preto cheio. Com o

processo de mercado a

qualidade média

percebida faz com que a

curva de demanda (DM

em azul claro cheio) se

desloque por causa do

preço, de modo que

aumenta a fração de

Page 94: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-6/29

venda de carros de mais baixa qualidade (diminui a fração de venda dos de maior qualidade).

Então a percepção dos consumidores é de que a maioria dos carros é de baixa qualidade e

curva de demanda abaixa mais ainda em um ajuste contínuo, até que ... os carros de alta

qualidade são “expulsos” do mercado! Este exemplo ilustra o problema da seleção adversa

mencionado. Esta é a razão de você só conseguir vender seu carro novo, que você SABE estar

em perfeitas condições, por valor muito inferior ao que você pagou por ele. Trata-se de um

problema derivado das expectativas, ou de informações assimétricas.

Na Figura 9-8 mostramos um exemplo quantitativo envolvendo Seleção Adversa. Na

figura está a tabela de preços que compradores (que acham que vale...) e vendedores (que

sabem que vale ...) admitem para carros e baixa e alta qualidade, respectivamente. O valor

esperado do preço, supondo 50% a chance de o carro ser do tipo alta qualidade:

)000.10)($5,0()000.5)($5,0()( scompradoreVE = $7.500. Observe que a este preço os

vendedores só vendem carros de baixa qualidade. Isto sintetiza o significado de seleção

adversa.

São inúmeros outros exemplos de seleção adversa. No mercado de seguros de saúde

encontramos outro exemplo clássico de seleção adversa. Se mais pessoas com problemas de

saúde procuram o

seguro saúde ...

então o preço aumenta

mais ainda ...

de modo que, no limite,

só doentes procuram

seguro ...

no limite deste

processo, as

seguradoras deixam de

oferecer o seguro!

Page 95: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-7/29

No mercado de seguros de automóveis a seguradora pode ser incapaz de distinguir alto

de baixo risco, então as pessoas de baixo risco não compram seguro, só as de alto risco. No

mercado de crédito é possível que apenas indivíduos com alto risco de inadimplência decidam

tomar empréstimos. Ainda neste mercado este comportamento explica o porquê os juros de

cartão de crédito são tão

altos. Tomadores de alta

qualidade buscam

empréstimo, tomadores de

baixa qualidade buscam

crédito9. Naturalmente os

juros de crédito abaixariam

se as empresas tivessem

acesso ao histórico de

crédito, mas existe a questão

da invasão da privacidade.

Outros remédios contra

informação assimétrica são:

padronização, grupamento

de risco e reputação.

Exemplos típicos de grupamento de risco são as ações de governo ou de empresas na área de

saúde: SUS no Brasil, Medicare nos EUA, seguro-empresa. A padronização reduz a incerteza

na qualidade. A reputação também reduz esta incerteza.

Além da seleção

adversa e da qualidade

duvidosa outras questões de

informações assimétricas se

colocam. Outra questão é a da

sinalização de mercado. Por

exemplo, por que não contratar

um trabalhador, verificar a

qualidade de sua atuação, e,

eventualmente, o demitir? A

resposta é simples: sai caro! O

melhor é SABER da qualidade

antes de contratar via

sinalização. Vejamos um modelo simples de sinalização. Considere dois grupos de

trabalhadores. Grupo I: baixa produtividade com PM e PMg = 1; Grupo II: alta produtividade

com PM e PMg = 2. Se os dois grupos for de mesmo tamanho, podemos esperar que o

Page 96: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-8/29

VE(PM) = (0,5)(1) + (0,5)(2) = 1,5.

Vamos considerar que o mercado de produto competitivo tem preço do produto de

$10.000 e contrata metade de trabalhadores de cada um dos grupos e o tempo médio de

permanência seja de 10

anos. Nestes termos, a

receita gerada por cada

grupo será:

Grupo I : $10.000 x 10

anos = $100.000

Grupo II: $20.000 x 10

anos = $200.000

Se a empresa oferece

salário igual à receita

marginal e a informação

é completa, então:

Salário do Grupo I :

$10.000/ano.

Salário do Grupo II:

$20.000/ano.

Porém, com informação assimétrica, o salário será a produtividade média para todos:

Salário dos Grupos I e II: $15.000/ano.

Agora vamos introduzir no modelo a sinalização via educação no mercado de trabalho.

Sinais de educação são considerados dos mais fortes sinais de mercado com o objetivo de

reduzir as informações assimétricas. Seja y o índice de educação que reflete os anos de

educação superior. Seja C o custo de obtenção do nível de educação y . Então podemos

modelar a sinalização assim:

Grupo I : yyCI 000.40$)( ; Grupo II: yyCII 000.20$)( ;

A característica deste modelo simples se encontra especificado na Figura 9-13, como

também a respectiva regra de decisão da empresa.

9 A tese é polêmica, mas, na prática tem frequentemente sido verificada.

Page 97: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-9/29

Estas equações do

modelo refletem um custo

mais alto para trabalhadores

de baixa qualidade, os

motivos são diversos: são

menos estudiosos, progridem

mais lentamente, etc. Por

simplicidade, vamos supor

que a educação não afeta a

produtividade do trabalhador,

seu único valor é sinalizar.

Nestes termos, podemos

derivar uma regra de decisão

da empresa, onde *y (um

valor arbitrário que reflete o índice de educação buscada pela empresa) ou superior sinaliza

que o trabalhador pertence ao Grupo II e o salário é de $20.000. Por outro lado, abaixo de *y

sinaliza que o trabalhador pertence ao Grupo I e o salário é de $10.000.

Para tornar concreto o modelo proposto vamos supor os gráficos como na Figura 9-14

onde o valor índice

arbitrário é de 4. Se

chamarmos )(yB o

aumento de salário

associado a cada nível de

educação, esta curva tem

aquele formato discreto

em azul na figura e define

a regra de decisão sobre

salários. As curvas de

custo por grupo, como já

foram definidas, estão

representadas em preto. A

questão é achar o

equilíbrio neste modelo

simples, ou seja, qual o

nível de educação que os trabalhadores escolherão?

Page 98: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-10/29

A decisão relativa ao nível de educação baseia-se na comparação de custos e

benefícios (aumento na remuneração) em cada grupo. Para ambos os grupos o benefício será

de $100.000. No Grupo I o benefício com a educação é de $100.000 e está acima dos custos

y000.40$000.100$ , o

que nos leva a 5,2* y ,

os indivíduos de Grupo I

não obterão educação se

*y > 2.5, como é! A

escolha dos indivíduos

deste grupo será 0y ,

pois qualquer nível de

educação inferior a *y

resultará no mesmo

rendimento básico de

$100.000.

A respeito do

Grupo II a coisa muda:

y000.20$000.100$ ,

ou seja, *y < 5. Os indivíduos do Grupo II concluirão que a educação se justifica e farão o

possível para obter *y = 4. Os indivíduos de alta produtividade obterão educação para poder

sinalizar sua produtividade e a eles as empresas oferecerão salários de $20.000.

Nunca é demais relembrar que além das considerações deste modelo simples de

sinalização, a educação AUMENTA a produtividade dos indivíduos. Neste caso, no entanto,

estamos a usando apenas como sinalização. Naturalmente existem outros mecanismos de

sinalização ao mercado, como garantias e certificados. Para você pensar: Quanto é custoso

oferecer um produto de baixa qualidade com garantia?

Além da qualidade duvidosa, seleção adversa e sinalização de mercado, mais outra

questão de informação assimétrica é o risco moral. Risco moral ocorre quando as ações de

uma parte não são observadas por outra parte, podendo afetar a probabilidade ou a magnitude

do pagamento associado ao evento. A Figura 9-16 a seguir contém um exemplo de seguro

contra incêndio. Existe um programa contra incêndio no valor de $50 o que reduz o risco de

incêndio para 0,005. Se não implementar o programa o risco dobra: 0,01. Se o imóvel vale

$100.000, então o prêmio com o programa será de 0,005 x $100.000 = $500, que é um

equilíbrio eficiente, mas após a contratação do seguro, o dono do imóvel não tem incentivo

para implementar o programa, então a probabilidade de incêndio sobe. O prêmio de $500

causa prejuízo à seguradora, pois sua perda esperada passa a ser 0,01 x $100.000 = $1.000!

Resultado: por causa do Risco Moral, aumenta o prêmio ou deixa de oferecer o produto...

Page 99: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-11/29

Um exemplo clássico de Risco Moral, onde é alterada a capacidade de mercados

alocarem eficientemente, é

o sistema de prêmio de

seguro para aluguel de

carros por semana. Na

Figura 9-17 se encontra a

curva de demanda

relacionando custo/Km

por Km/semana. Observe

que a curva de demanda é

o benefício marginal e é

decrescente porque muitas

famílias mudam o tipo de

transporte à medida que o

custo de utilização do

automóvel aumenta. Se a

informação fosse

completa e as seguradoras, não precisassem considerar risco moral, ou seja, se fossem capazes

de medir a quilometragem correta, então a alocação eficiente seria no ponto A na figura. Os

motoristas saberiam que usar mais aumenta o prêmio de seguro e desta maneira seu custo

total. Com risco moral, as seguradoras não são capazes de medir a quilometragem, o custo

marginal percebido é menor e a quilometragem é maior, como no ponto B e o prêmio de

seguro não varia com a quilometragem e é rateado entre muitos. Desta forma o ponto B

resulta uma alocação ineficiente e sua quantificação é denotada pela área ABC da figura.

Page 100: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-12/29

O consumo predial de água sem hidrômetros individuais vai pelo mesma lógica de

risco moral.

Um caso importante

de risco moral é a relação

agente-principal. O agente

é a pessoa que atua, por

exemplo, trabalhadores,

administradores, etc. O

principal é a pessoa que é

afetada pelas ações do

agente, por exemplo, o

proprietário, ou o(s)

acionista(s). A questão de

risco moral é que o

principal não tem

conhecimento completo

das ações do agente. Define-se assim o problema do agente-principal: os empregados

podem estar interessados em atingir seus próprios objetivos, o que pode levar a lucros

menores para os proprietários. A mesma lógica pode ocorrer dentro de uma empresa nas

relações e interesses entre administradores e acionistas.

Na Figura 9-19 se ilustra o exemplo da loja de manutenção de relógios. O agente é o

técnico relojoeiro e o

proprietário é o principal.

Vamos fazer o problema

se tornar quantitativo.

Suponha que o técnico

pode se empenhar muito

ou pouco, para

“incentivar” o problema

do agente principal vamos

supor que para o técnico se

empenhar exista um custo

para ele, enquanto não se

empenhar não tenha custo

para ele. Também vamos

supor que ele pode dar

sorte ou dar azar no

Page 101: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-13/29

conserto. Estas variáveis resultam na tabela de receita da produção (para o principal) dada na

figura. Observe primeiramente que com o payoff dado o principal não tem como saber se o

agente se empenhou ou não se a receita for de $20.000, poderia ser apenas resultado da sorte e

o principal deixaria de obter receita de $40.000! Se sorte ou azar são igualmente prováveis, a

receita esperada do principal e do agente com pouco empenho será: (0,5)($10.000) +

(0,5)($20.000) = $15.000. A receita esperada com muito empenho é diferente para o principal

e para o agente:

Principal: (0,5)($20.000) + (0,5)($40.000) = $30.000

Agente: (0,5)($10.000) + (0,5)($30.000) = $20.000, nestes termos há um “incentivo”

para o agente não se empenhar!

Para dar conta desta disparidade colocada pelo problema, existem esquemas de

incentivo: gratificação e participação nos lucros.

Com gratificação, por exemplo, se R = $10.000 ou $20.000, então é considerado

baixo empenho e o agente fica sem remuneração, w = 0. Se R = $40.000, então é considerado

alto empenho e o agente é gratificado, w = $24.000. Então a remuneração esperada é de:

(0,5)($0) + (0,5)($24.000) = $12.000

Como o custo para o técnico é de $10.000, então $12.000 - $10.000 = $2.000 é o lucro

líquido esperado.

Para o técnico, ele ganha $12.000 maior que $10.000 que é o custo sem gratificação.

Para o principal,

que com este esquema ele

pressupõe a = 1, a

receita esperada é:

(0,5)($20.000) + (0,5)($

40.000) = $30.000. Então

o lucro esperado é

$30.000 - $12.000 =

$18.000, também é

vantajoso, por ser maior

que $15.000, que é a

receita esperada sem

empenho, a = 0.

Conclusão: o esquema de

gratificação é vantajoso para ambos.

Page 102: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-14/29

Outro esquema para superar o problema agente-principal é o da participação nos

lucros.

Se R < $18.000 então w = 0.

Se R > $18.000 então 000.18$ Rw , ou seja, o técnico ganha mais quanto maior for a

receita que ele gere.

Para o agente, se agir com baixo empenho, a sua remuneração esperada será:

[(0,5)($0) + (0,5)($20.000)] – (0,5)($18.000) = $1.000. Como tem o custo do técnico, fica

evidente que ele não vai preferir esta opção, ou seja, ela vai agir com alto empenho.

Se ele agir com alto empenho:

[(0,5)($20.000) + (0,5)($40.000)] – $18.000 = $12.000. Com o custo de $10.000, então o

lucro líquido do técnico é de $2.000.

Para o principal, o lucro esperado será de $30.000 - $12.000 = $18.000, pois mais uma

vez ele vai supor que a = 1.

Conclusão: ambos os esquemas resultam na mesma vantagem para ambos!

Para combater os malefícios da informação assimétrica, além da reputação,

agrupamento de riscos,

padronização, sinalização

e esquemas de

remuneração, temos a

considerar a Teoria do

Salário Eficiência.

Mesmo em um

mercado de trabalho

competitivo existe o

desemprego. Alguns

explicam o desemprego

nestas condições pelo

“modelo de enrolação” ou

de “dissimulação no

trabalho”, que é uma

forma de informação assimétrica onde o trabalhador finge que trabalha, mas não o faz.

Como a remuneração no mercado de trabalho competitivo é igual ao seu produto

marginal, com a “dissimulação” a informação de desempenho é limitada, o que pode

provocar ineficiências.

Page 103: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-15/29

Na Figura 9-22 está representado o mecanismo do “modelo de dissimulação do

trabalho”. Sem dissimulação

o salário de mercado é de

*w e o pleno emprego

ocorre em *L . A curva de

Restrição de Ausência de

Negligência (RAN) aponta

um salário mais alto ew em

que a dissimulação deixa de

existir, porém,

implicitamente isto cria

nível de desemprego como

ilustra a figura. Com o

desestímulo dos

“enroladores”, a curva de

demanda por trabalho se

desloca como em cinza, então aumenta mais o desemprego, as diminui o salário eficiência.

Com o desemprego maior, menor a diferença eww * , o que significa estímulo para os

negligentes produzirem. Se não o fizerem, eles podem permanecer longo período

desempregados reduzindo a demanda por trabalho.

Um caso clássico da ação sobre informação assimétrica foi o que aconteceu com a

Ford a partir de 1913. Até

este ano a produção

dependia de mão de obra

especializada, depois a

linha de montagem passou

a exigir menos

especialização. Em 1913 a

rotatividade era de 380%,

subiu para 1000% em

1914 e a margem de lucro

reduziu. A remuneração

média era algo entre $2 e

$3, então a Ford aumentou

o salário para $5 em busca

de mão de obra mais

eficiente. Com isto a

produtividade cresceu 51%, o absenteísmo caiu à metade e a lucratividade aumentou de $30

milhões em 1914 para $60 milhões em 1916. Ou seja, o uso do salário eficiência mitigou o

problema de informação assimétrica.

Page 104: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-16/29

Concluímos a análise desta modalidade de falha de mercado destacando que

incertezas, seleção adversa e risco moral podem ser mitigados com mais informações. Existe,

no entanto, um problema

econômico associado à

obtenção destas

informações. É o efeito

“Carona”: se todas as

informações estiverem

disponíveis no mercado,

quem não investiu em

sua obtenção pode

beneficiar-se

indevidamente dos

esforços onerosos

aqueles que não investiu

na sua obtenção. É o

caso de direitos autorais,

de patentes, etc. O

problema associado é que pode ensejar a “ignorância racional”. Se os “ignorantes” puderem

seguir os mais bem informados pode gerar outro problema econômico conhecido como

“comportamento de manada”. No sistema financeiro, por exemplo, sob informações

assimétricas, a incerteza é difusa e inevitável, as “manadas” podem inflar preços resultando

nas chamadas “bolhas”. Na história financeira o estouro de “bolhas” resultou crises severas

com imenso custo social.

Page 105: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-17/29

Outra falha de mercado, esta não associada à informação, mas devido a influências

negativas ou positivas de outros é conhecida como externalidades. Elas são “custos (ou

benefícios) que não oneram (ou favorecem) o agente que os causa, mas sim a economia e a

sociedade como um todo”10

. Como elas não se refletem nos preços de mercado, elas podem

ser causa de ineficiência econômica. Por exemplo, quanto mais a CSN em Volta Redonda

despeja efluentes no rio Paraíba do Sul, menos peixes haverá no rio (externalidade negativa).

Outro exemplo, agora contrário, um aeroporto público perto, ou dentro, de uma fazenda,

melhor para o dono da fazenda (externalidade positiva às reversas). Uma externalidade

positiva envolve ganhos sociais que superam a soma dos ganhos privados envolvidos. Um

subtipo importante desta externalidade é a externalidade de rede, que é aquela que dá

“sustentação econômica para políticas de universalização de serviços de infraestrutura, tais

como telefonia fixa, telefonia móvel, internet banda larga ou eletrificação rural, que costumam

ser subsidiados pelo Estado.”11

10 Carvalho, L., “Valsa brasileira”, Ed. Todavia, 2018. 11 Ibidem.

Page 106: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-18/29

Observe que a

eficiência na

indústria é diferente

da eficiência social.

Na Figura 9-26 está

ilustrada a situação

em que, seja do ponto

de vista da empresa,

seja do setor, na

presença de

externalidades

negativas, o custo

social marginal

(CMgS) é maior que

o custo marginal. A

diferença é o custo

marginal externo, CMgE, também ilustrado na figura. Observe que o preço 1P é baixo, pois

reflete apenas o custo marginal privado. A empresa maximizadora de lucro produz em 1q

enquanto o nível eficiente é *q . A produção competitiva da indústria é 1Q , enquanto a

produção eficiente é *Q . Na figura, a área em amarelo representa o custo social agregado da

externalidade negativa. Perceba que o nível de produção é mais alto que o eficiente, ou seja,

externalidades negativas estimulam empresas demais no setor. Em suma, mais uma vez temos

distorções no mercado.

Para corrigir falhas de mercado existem três caminhos principais: padrão, imposto e

permissões

transferíveis de

emissão. Pensemos

em termos de

emissão de

efluentes, como no

exemplo da Figura

9-27, onde estão

representadas as

curvas de custo

marginal externo

(CMgE) e custo

marginal de

Redução de

emissão (CMgR),

Page 107: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-19/29

este último decrescente significando que se não se preocupar em conter as emissões o custo da

redução se aproxima de zero, o primeiro, CMgE, crescente com as emissões representa o custo

marginal social infligido pela empresa. Com um padrão, se adota um limite legal de emissão.

Com imposto, se taxa por unidade de emissão. Para efeito de raciocínio, considere que de

início o nível de emissão é de 0E , o CMgR é maior que o CMgS (custo muito alto para as

empresas, porém excelente para as pessoas). Inversamente, em 1E o CMgS é maior que o

CMgR das emissões (custo melhor para as empresas, porém danoso para as pessoas).

Intuitivamente isto nos leva a pensar que o nível ótimo se dá na confluência das duas curvas,

*E .

Para tentar

alcançar tal nível ótimo

se pode estabelecer

padrão ou imposto,

como mostra a Figura

9-28, o padrão impondo

nível *E diretamente,

o imposto infligindo

custo que remete ao

nível *E de emissões.

Observe que a área

cinzenta à esquerda de

*E representa o total

do imposto pago e em

qualquer ponto desta

área CMgR > imposto, vale dizer, melhor pagar o imposto. Por outro lado, a área azul à direita

de *E representa o custo total de redução de emissões, onde CMgR < CMgE ou ainda CMgR

< imposto, ou seja, vale a pena reduzir emissões (melhor não pagar imposto!). Se adotar o

padrão, o nível de emissão e seu custo ficam pré-determinados. O melhor dentre eles, imposto

ou padrão, vai depender dos formatos de CMgE e CMgR, como veremos a seguir.

Imaginemos duas empresas com CMgS idênticos. Na Figura 9-29 estão exemplificados

os casos de estabelecimento de padrão e de imposto para cada uma. O efeito de um padrão de

redução de 7 unidades para ambas as empresas é ilustrado, mostrando que padrão não é

eficiente pois CMgR1 < CMgR2. Por outro lado, com um imposto de $3, as emissões da

Empresa 1 cairiam de 14 para 8. As emissões da Empresa 2 cairiam de 14 para 6. A solução

minimizadora de custos para a Empresa 1 é uma redução de 6 unidades, e a área verde

representa o aumento relativo ao imposto da emissão para a Empresa 1. A solução

minimizadora para a Empresa 2 é de 8 unidades, e a área roxa representa a diminuição relativa

ao imposto para a Empresa 2. Veremos que o imposto é melhor que padrão quando CMgE

forma mais plano, CMgR mais inclinado.

Page 108: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-20/29

Exemplo1: Para os dados da Figura 9-29, prove quantitativamente que imposto é melhor do

que padrão.

Respostas: Possivelmente em sala de aula.

A Figura 9-30 ilustra a vantagem de padrões. Na Figura o imposto eficiente seria $8,

mas sob informação

incompleta, se o imposto

fosse $7 – com redução de

12,5% - as emissões

aumentariam muito, de 8

para 11. A área ABC

representa a ineficiência

caso haja erro de 12,5% no

estabelecimento do

imposto, quanto mais

inclinado CMgS maior esta

ineficiência. Para comparar

com a solução por padrão,

se sob informação

incompleta, o padrão for 9

unidades de nível de emissão (ampliação de 12,5%), então teríamos a ineficiência ADE <

ABC, evidenciando que, para este caso, padrão é melhor que imposto. Como já mencionamos

pelo reverso: padrão é melhor quando CMgE é muito inclinado e CMgR (ou CMgS) é mais

plano.

Page 109: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-21/29

Concluímos a comparação entre imposto/padrão observando que os impostos

propiciam maior

grau de certeza

quanto ao custo e

menor grau de

certeza quanto às

emissões. A

preferência entre as

duas políticas

depende da natureza

da incerteza e das

inclinações relativas

das curvas de custo.

A terceira

forma de corrigir

falhas de mercado

são as permissões de

emissões transferíveis. Trata-se de uma forma de desenvolver um mercado competitivo para

externalidade. O órgão regulador determina o nível de emissões e o número de permissões,

estas sendo transacionáveis. As empresas com custo elevado comprará permissões sãs

empresas de baixo custo. Retornando ao slide da Figura 9-29 são permitidas emissões até 7

unidades. A Empresa 2 poderia vender sua permissão por preço entre $2,50 a $3,75 para a

Empresa 1. Então um nível de emissões seria atingido por um custo mínimo (e estaria criado

um mercado de externalidades).

Page 110: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-22/29

Podem surgir externalidade quando se usa recursos sem ter que pagá-los (lembre-se da

externalidade positiva às reversas da pg. 9.17). É o caso de recursos de propriedade comum. É

também o caso de bens públicos.

Bem público puro é aquele onde os custos marginais de fornecê-lo a uma pessoa

adicional é zero e onde é impossível excluir pessoas de receber o bem. Alguns bens, no

entanto, não são puramente públicos, como é ilustrado na Figura 9.33 a seguir.

Reservado para Figura 9.33 nova.

Page 111: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-23/29

Bens de uso público

podem ser não rivais,

quando o custo marginal de

prover o bem para um

consumidor adicional é zero

para qualquer nível de

produção. Podem ser não

excludentes, caso em que os

indivíduos não podem ser

excluídos do consumo do

bem. Podem ser rivais ou

excludentes, por exemplo:

educação, parques, etc. Para

este caso, no entanto, o

governo pode estabelecer imposto. O problema econômico associado é que os indivíduos não

têm incentivos para pagar o valor que atribuem ao bem pelo direito de consumi-lo, surge o

problema já mencionado do “carona”, fica difícil determinar o nível ótimo de uso.

Vejamos

primeiramente a

ineficiência de recursos

de propriedade comum.

Imaginemos um lago onde

a pesca é recurso de

propriedade comum,

acessível a todos. A Figura

9-35 ilustra a situação

onde na ausência de

controle, o número de

peixes é CF e o custo

privado é igual ao

benefício marginal. Observe que o preço dos peixes para os pescadores é tido como dado

(constante), mas pode esgotar o recurso, ou seja, usar mais que o necessário para manter o

recurso disponível. Os custos privados subestimam os verdadeiros custos, o CMgS inclui além

dos custos privados o custo social do esgotamento do estoque de peixes. O nível eficiente é

*F e CMgS = BMg, ou seja, o recurso de propriedade comum deveria ter um único

administrador que imporia P = CMg (do esgotamento do recurso). Porém, nem sempre esta

solução é viável.

Page 112: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-24/29

Exemplo2: No lago, se as variáveis de interesse são F , quantidade de peixes, e

C , custo privado, são dadas a demanda: FC 0064,0401,0 , o custo marginal

social: FC 6509,0645,5 , e o custo privado: FC 0573,0357,0 .

a) Quais seriam quantidade e custo eficientes?

b) Quais seriam quantidade e custo efetivo?

c) Qual seria o excesso de custo social em relação ao custo privado?

Respostas: Possivelmente em sala de aula.

Para provisão

eficiente de bem

público, BMg = CMg,

como no caso do bem

privado. No entanto,

para bens privados BMg

é o recebido pelo

consumidor, enquanto

nos bens públicos BMg

é a soma de TODOS

consumidores. A Figura

9-36 ilustra o caso de 2

consumidores. Quando

um bem é não rival, o

benefício marginal

social do seu consumo (D) é determinado pela soma das curvas de demanda individuais pelo

bem. Observe na figura que a produção eficiente ocorre onde CMg = BMg = $1,50 + $4,00 =

$5,50. Vejamos por indução intuitiva no gráfico que Q = 2 é realmente eficiente.

- Se Q = 1 e CMg = $5,50, então vemos que BMg $7,00 o que nos mostra que BMg > CMg

então a quantidade é ineficiente.

- Se Q = 3 e CMg = $5,50, então vemos que BMg $4,00 o que nos mostra que BMg < CMg

então a quantidade é excessiva.

Page 113: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-25/29

Page 114: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-26/29

Problemas Propostos:

9.1) Descreva em poucas palavras:

a) Informação assimétrica

b) Exemplos de sinalização de mercado

c) Incentivos para redução do problema agente-principal

d) Modelo “dissimulação no trabalho”

e) Ineficiência de externalidades

f) Comparação “padrão” versus “imposto”

g) Ineficiência no uso de recursos de propriedade comum

h) Comparação de eficiências: privado versus público

9.2) Suponha que estudos científicos mostrem as seguintes informações sobre benefícios e

custos das emissões de dióxido de enxofre:

Benefícios de reduzir as emissões: ABMg 10400

Custos de reduzir as emissões: ACMg 20100

onde A é a quantidade de emissões reduzida em milhões de toneladas, e os benefícios

e custos são dados em dólares por tonelada.

a) Qual é o nível de redução de emissões socialmente eficiente?

b) Quais são os benefícios marginais e os custos marginais das emissões no nível

socialmente eficiente?

c) O que aconteceria com os benefícios sociais líquidos (benefícios menos custos) se

você reduzisse 1 milhão de toneladas a mais que o nível de eficiência? E 1 milhão a

menos?

d) Por que é eficiente em termos sociais igualar os benefícios marginais aos custos

marginais em vez de reduzir as emissões até os benefícios totais se igualarem com os

custos totais?

9.3) Para os dados da Figura 9-29, prove quantitativamente que imposto é melhor do que

padrão.

Page 115: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-27/29

9.4) No lago, se as variáveis de interesse são F , quantidade de peixes, e C , custo

privado, são dadas: a demanda FC 0064,0401,0 , o custo marginal social

FC 6509,0645,5 , e o custo privado FC 0573,0357,0 . Responda:

a) Quais seriam quantidade e custo eficientes?

b) Quais seriam quantidade e custo efetivo?

c) Qual seria o excesso de custo social em relação ao custo privado?

9.5) Um investidor está pensando em comprar um campo de petróleo. A probabilidade de

que existam 20 barris de petróleo no campo é igual a 1/3, a probabilidade de que

existam 40 é também 1/3. Por fim, novamente com probabilidade igual a 1/3 pode ser

que existam 120 barris de petróleo no campo. O dono atual do campo de petróleo

poderia obter um lucro de $1 por barril. Ou seja, se o campo tivesse 40 barris o seu

lucro seria de $40. O investidor é um produtor mais eficiente e conseguiria obter um

lucro de $1,5 por barril caso este comprasse o campo. Ou seja, se o campo tivesse 40

barris ele obteria um lucro de $60. O dono do campo fez uma pesquisa intensa e sabe

exatamente quantos barris existem lá, mas o investidor não sabe. O investidor é neutro

ao risco, ou seja, sua única preocupação é maximizar o seu lucro esperado. Seja p o

preço pelo qual o campo de petróleo está sendo vendido. Além disto, suponha que se o

dono do campo de petróleo fosse indiferente entre vender ou não vender o campo pelo

preço p , então ele venderia. Qual o máximo valor de p pelo qual um investidor

inteiramente racional aceitaria comprar o campo? Detalhe os cálculos.

9.6) A receita de curto prazo de uma empresa é dada por 210 eeR , onde e é o nível de

esforço do trabalhador (supõe-se que todos trabalhadores sejam idênticos). Um

trabalhador escolhe seu nível de esforço, ( ew ) com o custo por unidade de esforço

sendo igual a 1. Determine o nível de esforço e o nível de lucro (receita menos salário

pago) para cada uma das condições a seguir. Explique por que estas diferentes relações

agente-principal geram resultados distintos.

a) 2w para 1e ; caso contrário, 0w

b) 2

Rw

c) 5,12 Rw

Page 116: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-28/29

Respostas Selecionadas

9.1)

a) (slide 9-4,6 até 24)

b) (slides (9-11 até 15)

c) (slide 9-20)

d) (slide 9-22)

e) (slide 9-26)

f) (slides 9-28,29,30)

g) (slide 9-34)

h) (slide 9-35)

9.2)

a) A = 10 milhões de toneladas

b) 300, para ambos

c) Respectivamente: a mais, US$1.485 milhões; a menos, US$1.485 milhões.

d) Porque desejamos maximizar o benefício líquido (BT – CT), então, na margem, a

última unidade de emissão reduzida deve apresentar um custo igual ao benefício. Se

optássemos pelo ponto onde BT = CT, obteríamos uma redução excessiva das

emissões; tal escolha seria análoga a produzir no ponto em que a receita total é igual

ao custo total, ou seja, num ponto em que o lucro é zero. No caso das reduções das

emissões, maiores reduções implicam maiores custos. Dado que os recursos

financeiros são escassos, o montante de dinheiro destinado à redução de emissões deve

ser tal que o benefício da última unidade de redução seja maior ou igual ao custo a ela

associado.

9.3) Custos de redução de emissão: IMPOSTO: $42; PADRÃO: $43,75

9.4)

a) Respectivamente: 9,2 e $0,342

b) Respectivamente: 11,95 e $0,3325, custo social eleva para $2,10

c) $2,44

9.5)

O segredo aqui é perceber que o problema é uma questão de seleção adversa.

Primeiro observe que caso o dono do campo de petróleo soubesse que o número de barris ali

fosse 123, ele só aceitaria vender o campo por um preço maior ou igual a $120. Mas suponha

que o campo esteja sendo vendido por um preço maior ou igual a $120. Neste caso, o

investidor sabe que existe uma probabilidade igual a um terço de que o campo contenha 20,

40 ou 120 barris. Mas então o seu lucro esperado será:

p 303

160

3

1180

3

1 = p90 < 0. Ou seja, quando p 120 o investidor espera

ter um lucro negativo com o campo de petróleo, portanto, não o compraria. Com um preço p 120, o investidor sabe que se o dono está aceitando vender o campo de petróleo, então

Page 117: PG ENG. ECONÔMICA - MICROECONOMIA Prof. Flávio …falencar/arquivos-flavio-uerj/...disponível com os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula. Muitas vezes nestas

Módulo 9 – Porque os Mercados Falham PG Eng.Econômica 2018 Pg.9-29/29

este não tem 120 barris. Se p 40, então o dono aceitaria caso ele tivesse 20 ou 40 barris.

Como as probabilidades iniciais de haver 20 ou 40 barris eram iguais, ao aprender que não

existe mais a possibilidade da existência de 120 barris, o investidor conclui que agora as

probabilidades de haver 20 ou 40 barris são ambas iguais a 2

1. Sob tais probabilidades, o

lucro esperado pelo investidor é:

p 302

160

2

1 = p45

Portanto, para p 45 o lucro do investidor seria positivo e, de fato, 45 é o maior valor para o

qual isto ocorreria.

9.6)

a) Não há estímulo para que o trabalhador faça um esforço que exceda 1; $7

b) e = 4; salário = $12; = $12

c) e = 4,5; salário = 12,25; = $12,50