Philos, mum habitante de dois mundos

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    1/69

    "Nunca pronuncies estas palavras: "isto eu desconheço, portan-

    to é falso". Devemos estudar para conhecer; conhecer para com-

    preender; compreender para julgar".

    -Aforismo de Narada."! muito mais coisas entre o céu e a terra, or!cio, do ue

    imagina tua v# $loso$a".

    -amlet.

    %&'() *(&+&()

    A*/0%) &

    A/%1N/&DA, A (A&NA DA2 )NDA2

    "*or ue n#o3" - perguntei a mim mesmo, parando no meio da neve damontanha, l! t#o alto so4re o mar ue o (ei da /empestade imperava

    supremo, em4ora o ver#o reinasse l! em4ai5o. "*or acaso n#o sou um

    atlante, um poseidano, e n#o é este nome sin6nimo de li4erdade, honra e

    poder3 N#o é esta, minha terra natal, a mais gloriosa so4 o 2ol3 2o4

    &ncal3" Novamente me inuiri: "por ue n#o3 *or ue n#o tentar tornar-me

    um dentre os maiores de minha orgulhosa p!tria3"

    "7irme est! a (ainha do +ar, sim, rainha do mundo, pois todas as

    naç8es nos pagam tri4utos de honra e comércio, todas nos emulam.

    9overnar *oseid, ent#o, n#o signi$ca governar toda a terra3 *ois tentarei

    conuistar esse prmio, e o conseguirei tu, < p!lida e gélida %ua, s

    testemunha de minha resoluç#o" -gritei em vo= alta, levantando as m#os

    para o céu -"e tam4ém v>s, r?tilos diamantes do $rmamento".

    2e é verdade ue o esforço resoluto assegura o 5ito, o fato é ue eu

    sempre conseguia o ue me determinasse a alcançar. Ali ent#o, nauela

    grande altitude, acima do oceano e do planalto ue se estendia para oeste

    por duas mil milhas até aiphul, a idade (eal, $= meus votos. /#o

    elevado era o local ue a4ai5o de mim havia picos e cadeias de montanhas

    gigantescas, mas ue se apeuenavam diante do !pice onde eu me

    encontrava.

    @ minha volta estendia-se a neve eterna, mas eu n#o me importava. /#o

    cheia de resoluç#o estava minha mente, do desejo de tornar-me poderoso

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    2/69

    na minha terra natal, ue nem sentia o frio. Na verdade, eu mal me dava

    conta de ue o ar estava frio, gelado como as vastid8es !rticas do remoto

    Norte.

    BC+uitos o4st!culos teriam de ser superados no cumprimento do meu

    desEgnio, pois uem era eu nauele instante3 Apenas o $lho de um

    montanhs, po4re, sem pai, mas graças sejam dadas aos 7ados - n#o sem

    m#e *ensar em minha m#e - a muitas milhas de distFncia, l! onde as

    Gorestas perenes ondulam, onde raramente cai a neve, so=inha com a noite

    e com o pensamento em mim - isso 4astou para me tra=er l!grimas aos

    olhos, pois eu n#o passava de um menino ue muitas ve=es $cava tristeuando as di$culdades ue ela suportava vinham H sua lem4rança. ssas

    reGe58es eram incentivos ue se acrescentavam H minha am4iç#o de ser e

    agir.

    De novo meus pensamentos se voltaram para as di$culdades ue eu

    teria de enfrentar em minha luta pelo sucesso, pela fama e pelo poder.

    AtlFntida, ou *oseid, era um império cujos s?ditos go=avam da

    li4erdade concedida por um poder mon!ruico limitado. A lei geral de

    sucess#o o$cial oferecia a todos os cidad#os do se5o masculino a

    oportunidade de escolha para o cargo. ) pr>prio imperador tinha uma

    posiç#o eletiva, assim como os seus ministros, o onselho dos Noventa ou

    *rEncipes do (eino, cargos an!logos aos do 9overno da (ep?4lica

    Americana, ue é seu legEtimo sucessor. 2e a morte chamasse o ocupante

    do trono ou um de seus conselheiros, era acionado o sistema eletivo, mas

    n#o em outros casos, a n#o ser demiss#o por m! conduta no cargo,

    penalidade de ue nem o pr>prio imperador estava isento, caso incorresse

    nessa grave falta.

    Duas grandes divis8es sociais, a4rangendo todas as classes de pessoas

    de am4os os se5os, estavam investidas no poder eletivo. ) grande

    princEpio su4jacente H organi=aç#o polEtica de *oseid poderia ser descrito

    como "um sistema de avaliaç#o educacional de cada votante, mas o se5o

    do dono do voto n#o era da conta de ninguém".

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    3/69

    )s dois principais ramos sociais eram conhecidos pelos respectivos

    nomes de "&ncala" e "Iioua", ou seja, os sacerdotes e os cientistas.

    *erguntariam os leitores onde estaria a oportunidade ue cada s?dito

    comum teria num sistema ue e5cluEa os artes#os, os comerciantes e osmilitares ue n#o $=essem parte das classes com direitos polEticos3

    Jualuer pessoa tinha a opç#o de entrar no olégio das incias, no do

    &ncal, ou em am4os. N#o havia consideraç#o de raça, cor ou se5o; o ?nico

    pré-reuisito era ue

    KL

    candidato a admiss#o tivesse de=esseis anos de idade e uma 4oa educaç#o,

    o4tida nas escolas comuns ou em cursos de colégios menos importantescomo o Iiouithlon na capital de alguns dos estados *oseidanos, por

    e5emplo Numea, /erna, &dosa, orosa e mesmo o colégio menor de

    +ar=eus, ue era o principal centro de arte manufatureira da AtlFntida. A

    duraç#o do curso no 9rande Iiouithlon era de sete anos, de= meses a

    cada ano, divididos em dois perEodos de cinco meses dedicados ao tra4alho

    ativo, com um ms de férias ao $nal de cada perEodo. Jualuer estudante

    podia competir nos e5ercEcios relativos aos e5ames anuais, reali=ados no

    $m do ano ou nas vésperas do euin>cio de inverno. ) nosso

    reconhecimento da lei natural da limitaç#o mental $ca >4vio ante o fato de

    ue o curso de estudos era puramente opcional, $cando o estudante H

    vontade para escolher os t>picos, muitos ou poucos, ue lhe fossem mais

    agrad!veis, com a seguinte e necess!ria prescriç#o: somente os ue

    possuEssem diplomas de primeira classe poderiam se candidatar a cargos

    o$ciais, por mais modestos ue fossem. sses certi$cados comprovavam

    um grau de aprendi=ado ue a4rangia uma variedade de conhecimentos

    grande demais para ser mencionada, a n#o ser por inferncia, com o

    prosseguimento da narrativa. ) diploma de segunda classe n#o

    M onferia prestEgio polEtico, a n#o ser pelo fato de ue era acompa-

    nhado do privilégio do voto e, em4ora ocorresse de uma pessoa n#o

    desejar um cargo p?4lico nem votar, o direito H instruç#o em ualuer

    ramo do conhecimento continuava a ser um privilégio gratuito. +as

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    4/69

    aueles, entretanto, ue s> aspiravam a uma educaç#o limitada, com o

    prop>sito de e5ercer com mais 5ito determinada pro$ss#o comercial

    -como instruç#o em mineralogia por um pretendente a mineiro, em

    agricultura por um fa=endeiro, ou em 4otFnica por um jardineiro maisam4icioso - n#o tinham vo= no governo. m4ora o n?mero dos pouco

    am4iciosos n#o fosse peueno, o estEmulo da o4tenç#o de prestEgio polEtico

    era t#o grande ue um em cada do=e ha4itantes possuEa pelo menos um

    diploma de segunda classe, enuanto um terço do total o4tinha diplomas

    de primeira classe. Devido a isso, os eleitores n#o sofriam por falta de

    pessoal para preencher todos os cargos eletivos do governo.

    *ossivelmente ainda resta alguma d?vida na mente do leitor so4re ualseria a diferença entre os eleitores ou sufragistas sacerdo-lais e cientE$cos.

    *ois 4em, a ?nica diferença essencial era ue o i urrEculo no &ncalithlon, ou

    olégio dos 2acerdotes, além de todas as matérias adiantadas ministradas

    no Iiouithlon, incluEa o estudo de um grande n?mero de fen6menos

    ocultos e temas an-

    K

    tropol>gicos e sociol>gicos, para ue os formados nessas cincias tivessem

    oportunidade de se prepararem para atender ualuer necessidade ue

    homens de menos erudiç#o e menos compreens#o das grandes leis

    su4jacentes da vida pudessem vivenciar em ualuer fase ou condiç#o. )

    &ncalithlon era, na realidade, a mais elevada e completa instituiç#o de

    ensino ue o mundo de ent#o conheceu ou - perdoe o leitor pelo ue

    parece mas n#o é presunç#o atlante -ue poder! conhecer nos pr>5imos

    séculos. m uma instituiç#o acadmica t#o superior, seus estudantes

    deveriam forçosamente estar im4uEdos de e5traordin!rio =elo e

    determinada vontade para tentar e conseguir certi$cados de formatura de

    sua junta e5aminadora. Na verdade, 4em poucos tiveram um tempo de

    vida su$cientemente longo para aduirir esse diploma; possivelmente,

    nem um em cada uinhentos dos ue saEram honrosamente do

    Iiouithlon, ue, por seu mérito, n#o $cava atr!s da moderna

    0niversidade de ornell.

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    5/69

    nuanto eu assim ponderava, parado ali entre as neves da montanha,

    decidi n#o visar muito alto, mas me determinei a ser um Iioua, se

    houvesse a menor possi4ilidade. m4ora di$cilmente pudesse esperar

    alcançar a eminncia conferida pelo tEtulo de &ncala, prometi a mimmesmo ue criaria a oportunidade de competir pelo outro tEtulo, se n#o se

    apresentasse outra diferente. )4ter auela elevada distinç#o e5igiria, além

    do !rduo estudo, a posse de amplos meios pecuni!rios para co4rir as

    despesas de manutenç#o de minhas necessidades usuais e de um

    ina4al!vel prop>sito. )nde eu poderia o4ter isso3 Acreditava-se ue os

    deuses au5iliavam os necessitados. 2e eu, um rapa=inho ue ainda n#o

    completara de=essete ver8es, ue tinha uma m#e ue dependia de mimpara as necessidades da vida, com nada ue pudesse me ajudar a alcançar

    minhas aspiraç8es a n#o ser minha pr>pria energia e vontade, n#o pudesse

    ser incluEdo nauela categoria, ent#o uem seria necessitado3 *areceu-me

    ue n#o podia haver maior prova de dependncia e ue era claramente

    apropriado ue os deuses me dispensassem seu favor.

     /omado por reGe58es como esta, su4i ainda mais, para o topo do pico

    ue apontava para o céu, perto da altura onde até ent#o me encontrara,

    pois a aurora n#o estava distante e eu precisava estar na mais alta rocha

    para saudar o grande &ncal Oo 2olP uando conuistasse Nava=, para ue

    le, senhor de todos os signos manifestos do grande e ?nico verdadeiro

    Deus, cujo nome usava, cujo escudo le era, pudesse ouvir minha prece

    favoravelmente.

    KB

    2im, le devia ver ue o jovem suplicante n#o poupava esforços para

    prestar-%he homenagem, pois fora auele o ?nico prop>sito para ue eu

    ali tinha su4ido so=inho, em meio Huela solitu-de, seguindo para o alto

    pela neve sem trilhas, so4 o domo estrelado do Armamento.

    *erguntei a mim mesmo: "e5iste outra crença mais gloriosa do ue esta

    ue é a do meu povo3 N#o s#o todos os *oseidanos adoradores do 9rande

    Deus, a ?nica e verdadeira Divindade, representada pelo 4rilhante 2ol3

    N#o pode haver nada mais santo c sagrado". Assim falou o jovem cuja

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    6/69

    mente em amadurecimento havia a4sorvido a religi#o e5otérica e

    realmente inspiradora, mas ue n#o conhecia nenhuma outra mais

    profunda e su4lime, nem iria conhecer nos dias da AtlFntida.

    Juando o primeiro lampejo de lu= de tr!s de 2eu escudo irrompeuatravés do negro a4ismo da noite, atirei-me de 4ruços na neve do cume,

    onde deveria permanecer até ue o Deus de %u= se Oornasse totalmente

    vitorioso contra Nava=. A$nal o triunfo nt#o me levantei e, fa=endo

    uma profunda reverncia $nal, voltei so4re os meus passos pelo temEvel

    declive de gelo, neve e rocha nua, esta ?ltima negra e cruelmente

    pontiaguda, com suas salincias so4ressaindo da capa 4ranca e gelada,

    mostrando o dorso da montanha ue se elevava a tre=e mil pés acima donEvel do mar, formando um dos mais incompar!veis picos do glo4o.

    Durante dois dias eu envidara ingentes esforços para alcançar o frEgido

    pico e prostar-me, ual oferenda viva, em seu grandioso altar, para honrar

    meu Deus. &ndaguei-me so4re se le teria me ouvido e notado minha

    presença. m caso a$rmativo, teria le se importado3 /eria se importado

    o su$ciente para ordenar ao 2eu vice-regente, o Deus da montanha, ue

    me ajudasse3 2em sa4er por ue, olhei para este ?ltimo, esperando com o

    ue pode parecer uma cega fatuidade, ue me revelasse alguma espécie de

    tesouro ou. . .

    +as o ue é esse 4rilho met!lico na rocha, cujo coraç#o meu 4ord#o de

    alpinista com ponta de ferro havia desnudado para ser tocado pelos raios

    do 2ol matinal3 )uro < &ncal Q mesmo ouro Amarelo e precioso ouro

    "< &ncal" - gritei, repetindo 2eu nome - "louvado sejas por

    responderes t#o depressa a /eu humilde peticion!rio"

    KK

    Ajoelhei-me ali mesmo na neve, desco4rindo a ca4eça em gratid#o ao

    Deus de /odos os 2eres, o AltEssimo, cujo escudo, o 2ol derramava seus

    gloriosos raios. nt#o novamente olhei para o tesouro. Ah, ue grande

    riue=a ali se encontrava

    *artindo em pedaços o uart=o com minhas pancadas e5citadas, vi ue

    o precioso metal o mantinha coeso, t#o forte era o seu veio. As pontas

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    7/69

    agudas da pedra fr!gil cortaram minhas m#os, fa=endo o sangue escorrer

    de v!rios lugares e, uando agarrei o uart=o ue havia me ferido, minhas

    m#os ue sangravam congelaram-se so4re ela, formando uma uni#o de

    sangue e riue=a N#o importa 2eparei a m#o da pedra com força,indiferente H dor, t#o e5citado me sentia.

    "< &ncal" -e5clamei -"és 4ondoso para com /eu $lho, conce-dendo-lhe

    com tanta li4eralidade o tesouro ue lhe permitir! reali=ar seu desejo antes

    ue seu coraç#o tenha tempo para esmorecer de tanto esperar"

    nchi meus grandes 4olsos com tudo ue podia carregar, escolhendo as

    peças de uart=o aurEfero mais ricas e valiosas. omo marcar o local para

    encontr!-lo em outra oportunidade3 *ara alguém nascido na montanha isson#o era difEcil e logo estava feito. nt#o segui para 4ai5o, para a frente,

    para casa, com passo alegre, com o coraç#o leve, em4ora levasse uma

    carga pesada. *or essas montanhas, na verdade a menos de duas milhas do

    meu "pico do tesouro", serpenteava a estrada do imperador na direç#o do

    grande oceano, a centenas de milhas, do outro lado da planEcie de

    aiphalia. 0ma ve= alcançada essa estrada, a parte mais fatigante da

    viagem teria sido reali=ada, em4ora apenas uma uinta parte da distFncia

    total tivesse sido percorrida.

    *ara dar uma idéia das di$culdades encontradas na escalada e descida

    da gigantesca montanha, devo o4servar ue os ?ltimos cinco mil pés da

    ascens#o s>" podiam ser galgados por uma ?nica e tortuosa rota. 0m

    estreito des$ladeiro, uma simples $ssura vulcFnica, oferecia um apoio

    muito prec!rio para os pés, sendo todas as outras escarpas intransponEveis.

    sse apoio mEnimo e5istia nos primeiros mil pés. Acima desse ponto a

    $ssura desaparecia. Juase na sua e5tremidade superior e5istia uma

    peuena caverna, da altura de um homem e com espaço para talve= vinte

    pessoas. No outro e5tremo desse recinto rochoso havia uma a4ertura,

    KR

    uma fenda mais larga no sentido hori=ontal ue no vertical. Ao insinuar-se

    nessa fenda, arrastando-se como uma serpente, o e5plorador aventuroso

    veria ue por v!rias centenas de passos teria de descer um declive

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    8/69

    acentuado, se 4em ue a fenda se alargasse aos primeiros do=e passos,

    permitindo uma posiç#o mais ou menos vertical. Do $m de seu curso

    descendente, ela faSia uma curva e novamente se alargava formando um

    t?nel, su4indo em voltas tortuosas, com a parede oferecendo su$cienteapoio para Oornar a su4ida segura, em4ora fa=endo um Fngulo de cerca de

    uarenta graus, enuanto em algumas partes um grau ainda maior ile

    perpendicularidade marcasse a passagem. Dessa forma, uma su4ida de

    cerca de tre=entos pés era reali=ada, com as sinuosida-iles do caminho

    aumentando a distFncia ue seria percorrida no sentido vertical. sse,

    leitor, era o ?nico meio de alcançar o pico ila mais alta montanha de

    *oseid, ou AtlFntida, ue é como chamam o continente-ilha.*or mais !rdua ue fosse sua passagem, havia lugar mais ue su$ciente

    na velha e seca chaminé, ou curso de !gua, fosse o ue fosse. om certe=a

    tinha sido originalmente uma chaminé de vulc#o, em4ora tivesse sido t#o

    desgastada pela !gua a ponto de tornar a idéia de sua formaç#o Egnea mera

    conjetura. m determinado ponto, essa longa cavidade se alargava

    formando uma vasta caverna. sta se distanciava da chaminé em Fngulo

    reto para 4ai5o, cada ve= mais para 4ai5o, até ue nas entranhas da

    montanha, a milhares de pés, pareceria na medonha escurid#o, a uem se

    aventurasse t#o longe, estar na 4eira de um vasto a4ismo cujo ?nico lado

    visEvel seria auele onde se encontrasse; além desse ponto, ualuer

    progresso era impossEvel a n#o ser para entes dotados ile asas, como os

    morcegos, mas destes n#o havia nenhum nauela terrEvel profunde=a.

    Nenhum som jamais ecoou nesse assustador a4ismo, e nenhum 4rilho

    de archote j! revelou seu outro lado; nada havia sen#o um mar de eterna

    escurid#o. ontudo, ele nunca me trou5e terrores; antes, provocou minha

    fascinaç#o. m4ora outros possam ter conhecido esse lugar, nunca

    encontrei um companheiro com su$ciente temeridade para enfrentar o

    desconhecido e $car ao meu lado em sua h>rrida 4eira, onde me encontrei

    n#o uma e sim v!rias ve=es no passado. *or trs ve=es eu estivera ali,

    impelido pela curiosidade. Na terceira ve= eu me curvara por so4re a

    salincia de pedra, para tentar encontrar um possEvel meio de descer mais,

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    9/69

    uando o enorme 4loco de 4asalto se soltou, caiu, e esca-

    KTP

    pei por pouco de morrer. A pedra tom4ou e por v!rios minutos os ecos de

    sua ueda me alcançaram; minha tocha caEra tam4ém e nas profunde=assuas faEscas 4rilharam como vagalumes toda ve= ue 4ateram em

    projeç8es rochosas, até $nalmente desaparecer. 7iuei em completa

    escurid#o, trmulo de susto, para fa=er o caminho de volta para cima e para

    fora - se pudesse. 2e n#o conseguisse, ent#o era cair e morrer. +as tive

    5ito. De ent#o em diante, perdi a curiosidade de e5plorar o desconhecido

    inferno. u tinha passado muitas ve=es através da chaminé ue condu=ia

    para a e5tremidade superior da a4ismai caverna, entre a parte superior da$ssura e5terna no penhasco e a lateral do pico, uinhentos ou seiscentos

    metros a4ai5o do topo da montanha-, muitas ve=es tinha passado pelo

    ponto onde a pancada incidental com meu 4ord#o revelou o tesouro, mas

    nunca havia encontrado o precioso veio até ter feito auele pedido a &ncal,

    impelido pelo peso premente de minhas necessidades. *oderia alguém

    achar estranho eu sentir uma fé a4soluta na crença religiosa de meu povo3

    u estava no interior da escura chaminé por onde tinha de passar depois

    de dei5ar o pico nevado, saindo da lu= do 2ol e do ar fresco para as densas

    trevas e a atmosfera ligeiramente sulfurosa-, mas se dei5ei a lu= matutina,

    tam4ém dei5ei o terrEvel frio do ar e5terior, pois dentro do t?nel, em4ora

    escuro, havia calor.

    7inalmente cheguei ao peueno recinto no alto da $ssura, a mil pés, ue

    me levaria aos deçlives mais suaves das partes média e inferior da

    montanha. A $= uma pausa. Deveria voltar e tra=er mais uma carga da

    rocha aurEfera3 )u deveria tomar diretamente o caminho de casa3

    7inalmente voltei so4re meus passos. Ao meio-dia estava outra ve= ao lado

    do meu tesouro. %ogo desci de novo com minha segunda carga até o

    fatigante tra4alho estar uase no $m, pois eu estava de pé na entrada da

    grande caverna, a uatrocentos pés do peueno recinto no alto da $ssura

    e5terior -eram uatrocentos pés de su4ida 4astante difEcil. Ap>s uma pausa

    retomei a curta mas escarpada su4ida, e logo me encontrei na peuena

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    10/69

    caverna, com apenas algumas de=enas de pés, no m!5imo, entre eu e o ar

    livre. /omado como um todo, o longo t?nel era sinuoso, mas tinha algumas

    passagens t#o retas como se tivessem sido cortadas com prumo e régua. )s

    uatrocentos pés, apro5imadamente, ue separavam o recinto onde pareium pouco, na entrada, eram um trecho t#o reto e talve= por isso t#o difEcil

    de atravessar uanto ualuer outra parte de todo o t?nel. 2eria

    KU

    mesmo impossEvel a n#o ser por suas laterais !speras ue ofereciam algum

    apoio. 2e o local fosse claro, ao invés de t#o escuro, eu seria capa= de

    olhar diretamente para a caverna do local onde estava parado. ) ar

    auecido me convidou a sentar, ou melhor, a me deitar, em4ora estivesseescuro. (esolvi descansar, portanto; comi um punhado de tFmaras e 4e4i

    um pouco de neve derretida do meu cantil de couro. nt#o me estendi no

    solo e adormeci no ar tépido.

    N#o sei por uanto tempo $uei dormindo, mas ao desper-Mar -ah, o

    terror ue senti %ufadas e5plosivas de ar, uentes a ponto de uase

    ueimarem a pele, carregadas de gases sufocantes, seguidas de um rouco

    murm?rio, aGuEam velo=mente passagem acima até o pico. (uEdos como

    uivos e gemidos su4iam com o 4afo ardente do a4ismo, misturados com o

    som de e5plos8es tremendas e ensurdecedoras. +aior ue todas as outras

    causas de terror era um 4aço 4rilho vermelho reGetido das paredes da

    caverna, para dentro da ual desco4ri ue podia olhar livremente e em

    cujas profunde=as e5plodiam raios de lu= verde, vermelha, a=ul e de todas

    as outras cores e mati=es; eram Oijases em com4ust#o. *or algum tempo o

    pavor me petri$cou; sem poder mover-me continuei a $5ar o terrEvel

    inferno dos elementos em fogo. u sa4ia ue a lu= e o calor, am4os

    aumen-lando a cada momento, e os vapores sufocantes, o 4arulho e o

    tremor da montanha, prenunciavam uma s> coisa: uma erupç#o vulcFnica

    ativa $nalmente o encantamento ue havia me paralisado foi ue4rado

    uando vi um jato de lava derretida su4ir até a passagem em frente,

    projetado até ali por uma e5plos#o dentro da caverna. nt#o me levantei e

    fugi, correndo pelo ch#o do peueno recinto, arrastando-me com insana

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    11/69

    energia pela entrada hori=ontal, ue nunca me parecera t#o 4ai5a até

    auele instante u esuecera ue tinha ouro nos 4olsos, e s> me lem4rei

    disso uando senti o peso das preciosas rochas ue me retardavam a fuga.

    +as, com o esforço de fugir, veio-me uma relativa calma, e a mente uevoltava a funcionar me impediu de atirar fora o tesouro. A reGe5#o me

    convenceu de ue o perigo, em4ora iminente, provavelmente n#o era

    imediato. (esolvi arrastar-me novamente para dentro da peuena caverna

    e, pegando um saco ue ali havia dei5ado, colouei dentro dele todas as

    rochas aurEferas ue podia carregar. /irei um cord#o de couro da cintura e,

    enrolando uma e5tremidade numa ponta de pedra no lado superior da

    $ssura, 4ai5ei o saco até a outra e5tremidade da corda e desci atr!s.2acudindo o laço frou5o da rocha acima, repeti a mesma coisa v!rias ve=es

    KV

    enuanto descia. Dessa forma cheguei ao fundo da $ssura com a maior

    parte das duas cargas de minério de ouro. Desse ponto em diante, meu

    caminho seguia ao longo da crista de uma salincia de pedra, n#o muito

    larga mas su$ciente para formar uma trilha f!cil de seguir.

    Nem 4em tinha começado a andar por essa trilha uando olhei para tr!s,

    para o caminho ue tinha aca4ado de percorrer. Nauele momento, houve

    um tremor de terra ue uase me derru4ou ao ch#o, e da peuena caverna

    onde eu tinha dormido jorrou fumaça seguida de um 4rilho avermelhado:

    lava. la Guiu para 4ai5o, uma cascata de fogo e uma vis#o gloriosa na es-

    curid#o ue se adensava, pois o 2ol ainda n#o tinha se- posto de todo.

     /oda a montanha $cara a oeste da salincia onde eu estava e, como se

    fa=ia uase noite, eu me encontrava na o4scuri-dade.

    orri pela rocha, dei5ando meu saco de ouro e grande parte do ue

    tinha nos 4olsos no lugar mais seguro ue pude encontrar, 4em acima do

    fundo da ravina pela ual a lava fatalmente escorreria. Juando estava a

    uma distFncia segura, parei para descansar e perscrutei a torrente em

    e4uliç#o saltando pela ravina, a alguma distFncia H minha direita mas 4em

    visEvel. "*elo menos", pensei, "ainda tenho nos 4olsos su$ciente minério

    aurEfero -mais metal do ue ouro pelo ue parece -ue tenho condiç#o de

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    12/69

    carregar, agora ue minha força, nascida do medo, desapareceu. +esmo

    ue eu n#o possa reaver o ue dei5ei para tr!s, ainda tenho uma grande

    riue=a. *ortanto, &ncal, honra a /i" ) uanto as vinte li4ras de uart=o

    aurEfero, apro5imadamente, eram inadeuadas para pagar as despesas desete anos de colégio, o colégio na capital da naç#o, onde o custo era mais

    elevado ue em ualuer outra parte, minha ine5perincia n#o podia me

    di=er. +as ue auele era o maior tesouro ue eu j! tinha possuEdo na

    vida, ou mesmo visto, era um fato ineg!vel; portanto, eu estava contente.

    A crença numa *rovidncia poderosa é necess!ria para a maioria dos

    homens, melhor di=endo, para todos os homens, sendo a ?nica diferença a

    de ue as pessoas de mais amplo conhecimento reuerem uma Divindadede poder mais pr>5imo do in$nito do ue as de menor e5perincia; assim,

    os ue apreendem a in$nita amplitude da vida reconhecem um Deus cujo

    conceito se projeta uase H onipotncia, em comparaç#o com o conceito

    ue sa-

    KW

    &&N&.&X. a mente humana comum. *ouco importa, portanto, ue a divindade

    cultuada seja uma pedra ou um Edolo de madeira, uma li Ymia inanimada

    ualuer, ou um spErito 2upremo de nature=a andr>gina. )s 2eres ue

    ordenam o curso dos acontecimentos,

    M 5MM utando a lei c!rmica do terno Deus, en5ergam a fé no

    traç#o dos mortais e n#o imp8em ue auela lei siga seu curso

    M i YuZ uma severidade destituEda de miseric>rdia. 2e a fé no Edolo,

    no "deus" animado, ou no spErito 2upremo de Deus, fosse e5tin-i.i [Yor

    causa das destruidoras forças da dor e do desespero, ent#o . 4ondade

    humana estremeceria em temor por sua segurança e &\Yr sua continuidade.

    0ma cat!strofe dessa espécie n#o se harmoni=aria com Deus, pois, de

    acordo com a lei, nunca poderia ser &\-i mitida.

    DaE minha crença em &ncal, uma crença compartilhada por iiu-us

    compatriotas. &ncal era um conceito puramente espiritual M], afora a ausa

    terna, da ual nenhuma mente de ualuer era do mundo poderia em s#

    conscincia duvidar, s> e5istia na men-\M de seus devotos. essa era uma

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    13/69

    fé no4re, ue tendia para a mais alta moralidade, nutrindo a fé, a esperança

    e a caridade. Jue importFncia teria ent#o ue o &ncal-pessoa, sim4oli=ado

    pelo escudo rutilante do 2ol, s> e5istisse na mente dos homens3 Nosso

    conceito poseidano representava o spErito da 'ida, o *ai M0- todos, o ue4astava para assegurar a o4servFncia dos princEpios ue supostamentemais

    ) agradavam.

    ertamente os anjos do AltEssimo Deus &ncriado, ministrando i-nt#o

    como agora aos $lhos do *ai, viram minha crença, engastada em meu

    coraç#o e no coraç#o de meus irm#os e irm#s de naç#o, e disseram

    enuanto ministravam-, "ue rece4as de acordo com tua fé". )s anjos,

    contemplando minha esperança interior de tornar-me e5celente entre os

    homens, haviam me disciplinado pelo medo uando fugia da montanha em

    fogo, mas nenhum desastre havia me acontecido.

    ontinuei correndo t#o depressa uanto me permitia a nature=a do

    terreno. u tinha a vida e ouro^, e por isso louvava &ncal enuanto corria.

    o spErito da 'ida foi misericordioso, pois eu n#o sa4eria o uanto o meu

    tesouro era insu$ciente para minhas necessidades até a ferroada dodesapontamento ser removida por eu ter encontrado uma provis#o mais

    a4undante. +eu caminho se estendia por v!rias milhas ao longo da crista

    de pfedra, a$ada como uma faca. m muitos lugares a4ismos terrEveis se

    a4riam ao lado da trilha de pedra, t#o pr>5imos ue me via o4rigado a

    KC

    engatinhar. *or ve=es os penhascos se estendiam nos dois lados da trilha,

    fa=endo dela uma passarela estreita. u me sentia grato pelas peuenas4nç#os ue rece4ia e agradecia a &ncal porue o deus da montanha n#o

    havia demonstrado sua agitaç#o com um terremoto enuanto eu me

    encontrava nauela perigosa situaç#o.

    A uma distFncia de trs milhas a contar do seu inEcio, a trilha alcançava

    a 4eira de um precipEcio aterrador, e acima dela erguia-se a parede de um

    segundo penhasco. 2> a lu= da montanha incandescente agora iluminava

    meus passos. 7oi nauele ponto ue, no momento em ue eu descia

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    14/69

    cautelosamente na direç#o da pedra 4as!ltica ue formava a 4eira do

    a4ismo, um grande choue me atirou de joelhos no ch#o e eu uase caE no

    va=io. 0m instante depois, uma e5plos#o a4afada encheu o ar com uma

    insistente intensidade de som, e olhei para tr!s, assustado. 0ma grandepluma de fumaça avermelhada pelo fogo estava se levantando na direç#o

    do céu, misturada com pedras t#o grandes ue podiam ser vistas de onde

    eu me encontrava. A4ai5o de onde eu estava, ouviam-se terrEveis ruEdos; a

    terra tremia convulsivamente e choues repetidos me o4rigaram a me

    agarrar nas rochas, com um medo desesperado de ser jogado para 4ai5o.

    Na frente, o des$la-deiro ue estava aos meus pés havia ladeado outros

    penhascos e contrafortes. Até poucos instantes antes os penhascos econtrafor-tes tinham e5istido - mas n#o e5istiam mais ontemplei auela

    cena de confusa e terrEvel desordem, iluminada pelo 4rilho vulcFnico

    apenas o su$ciente para ser perceptEvel. As s>lidas rochas e colinas

    pareciam mover-se, inst!veis como as vagas marinhas, su4indo e descendo

    de um modo assustador, rangendo e rugindo num verdadeiro pandem6nio.

    *or so4re tudo isso desciam cin=as vulcFnicas numa chuva densa e

    incessante, enuanto vapores e poeira enchiam o ar e pendiam como uma

    mortalha por so4re um mundo aparentemente agoni=ante.

    7inalmente o louco 4arulho e o nauseante movimento cessaram; s> o

    4rilho constante da lava ue continuava a correr e um espasmo ocasional

    de tremor de terra continuavam sua narrativa plut6-nica. *ermaneci no

    meu lugar, sentihdo-me fraco e a4alado. 9radualmente, a lava parou de

    correr e $cou tudo escuro; os choues s> aconteciam a longos intervalos e

    uma pa= como a da morte desceu so4re a regi#o, enuanto a cin=a

    silenciosa caEa, co4rindo a terra ferida. A escurid#o passou a reinar. Acho

    ue $uei inconsciente por algum tempo, pois uando voltei a mim senti

    uma dor aguda na ca4eça; passando a m#o por ela senti uma ?mida-

    RL

    \[O uente escorrendo de um ponto ue doEa ao toue. /ateando t minha

    volta, encontrei uma pedra !spera e cheia de pontas ,,,_■ tinha caEdo de

    algum lugar e me atingido. 7a=endo outros movimentos, concluE ue o

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    15/69

    ferimento n#o era sério e sentei. A madrugada j! se anunciava e eu, fraco

    de dor, fome e frio, voltei ,i me estender na pedra, para aguardar o novo

    dia.

    Olue paisagem diferente os raios de &ncal encontraram no lugar M4 ueali e5istira na manh# anterior Juando olhei para o ma-Pf sioso pico, a lu=

    vermelha do 2ol me mostrou ue metade de-lM havia sido arrancada e

    engolira-se numa misteriosa caverna. 2im, é verdade, "as montanhas

    elevam para o céu seus penhas-.\Ys nus e enegrecidos e curvam suas

    enormes ca4eças para a pla-iiit ie".

    `crto dali, onde tinham e5istido outros contrafortes e onde tinha

    ocorrido o terrEvel retorcimento dos penhascos, 4em a meus l\-s, n#o haviamais pontas de pedra, nem pico, nem penhasco &m lugar de tudo isso

    havia um grande lago de !gua fervente, R \ijas margens estavam veladas

    pelas cin=as ue ainda pousavam M R Ym suavidade e pelas nuvens de

    vapor condensadas em $na ga-.R .a pelo ar frio, l!grimas do glo4o a4atido

    por sua recente agonia `lodo ruEdo havia se dispersado e o férvido Gu5o da

    lava tam4ém unha cessado.

    A parte da salincia onde eu tinha caEdo tinha escapado da des-m liç#o

    geral, em sua maior parte, em4ora tam4ém tivesse sido .ingida, tanto ue

    a trilha em frente, ue eu me acostumara a usar em minhas e5curs8es ao

    pico, tinha sumido; um enorme 4lo-R RY de pedra, ue provavelmente

    pesaria milhares de toneladas, unha escorregado para o a4ismo em4ai5o,

    destruindo o caminho R iii sua passagem. *rocurei uma saEda e, escalando

    as pedras na lu= mortiça, cheguei a uma parte da salincia ue se dirigia

    para R Y caminho oposto ao do 2ol e ue n#o passava de duas estreitas [5-

    dras salientes so4re o lago de !gua fervente, intransponEvel na parte de

    cima, uando de repente um p!lido raio de lu= 4rilhou cm diagonal no meu

    caminho *rocurando sua fonte, vi ue a lu= jRYrrava por uma larga fenda

    no penhasco, acima de mim. A parte inferior da fenda $cava pouco a4ai5o

    de onde eu estava e, ao invés de se estreitar, alargava-se formando um

    soalho t#o amplo R[uanto ualuer parte da $ssura, como se acima dauele

    ponto Oivesse sido empurrada para um lado -sem d?vida a ?nica e5plica-

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    16/69

    ç#o. ai5ei o corpo até esse soalho e, veri$cando ue a $ssura era

    su$cientemente larga, pisei nela, sem ligar para a possi4ilida-

    R

    de de ue a ualuer momento novas convuls8es do vulc#o pudessemfechar a a4ertura e esmagar-me. *ensei nessa possi4ilidade, mas H maneira

    poseidana, dei5ei o medo de parte reGetindo ue devia con$ar em &ncal,

    ue faria o ue fosse melhor para mim.

    ) penhasco ruEdo mostrava, aui e ali, veios de uart=o com fai5as de

    p>r$ro, formando salincias ue corriam ao longo de massas de granito.

    *erto do topo, a estreita fenda se estendia e, em4ora tivesse realmente dois

    ou trs pés de largura, sua altura a fa=ia parecer muito estreita. Juando medetive, deleitado com a idéia de ue nos dois lados meus olhos

    contemplavam rocha virgem ue jamais estivera e5posta ao olhar de

    ualuer homem desde o nascimento da /erra, notei algo ue fe= meu

    pulso se acelerar de louca alegria. em perto de mim, mas um pouco H

    frente, estava um veio de rocha amarela, de aparncia ocre, na ual vi

    muitas manchas de rocha 4ranca e mais dura, cuja aparncia se devia a

    n?cleos de uart=o partidos pelo mesmo choue ue havia formado a

    fenda. ssas manchas estavam fartamente ponti-lhadas de pepitas de ouro

    nativo e de minério de prata. A ductili-dade dos preciosos metais se e5i4ia

    em curiosos efeitos, com o ouro e a prata saindo da superfEcie fraturada em

    cord8es ue em alguns casos mediam v!rias polegadas. Novamente a

    fraue=a da fome me a4andonou e a dor do ferimento na ca4eça foi

    momentaneamente esuecida, enuanto eu cantava um hino de gratid#o ao

    meu Deus. ) majestoso pico havia sido o4literado; destruEdo fora o ?nico

    acesso ao elevado topo; mas ali, ap>s terminada a 4atalha dos fogos

    su4terrFneos, estava um tesouro ainda maior, mais pr>5imo de casa, mais

    f!cil de ser e5plorado. A e5citaç#o do j?4ilo foi e5cessiva para os meus

    nervos j! t#o enfrauecidos e desmaiei ntretanto, a juventude é el!stica e

    a sa?de dos ue n#o tm vEcios, maravilhosa. %ogo reco4rei a conscincia

    e tive a sa4edoria de tomar o caminho de casa sem parar mais e desgastar

    mais minha força, sa4endo ue meu instinto de alpinista seria um guia

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    17/69

    infalEvel num retorno su4sebente.

    Aconselhado por minha m#e, senti ue sua crença de ue eu n#o

    poderia e5plorar a mina so=inho era 4aseada na realidade. +as em uem

    poderia con$ar para me ajudar e rece4er uma justa parte da riue=a assimo4tida como recompensa3

    N#o 4astaria ue eu encontrasse a ajuda de ue precisava3 ertos

    amigos professos entraram numa sociedade comigo e, pelo privilégio de

    $carem com o restante dos lucros, deram-me um terço do apurado,

    concordando em fa=-lo sem ue eu tivesse de tra-

    RB

    4alhar na mineraç#o e, com certa indecis#o, concordando tam4ém cm uenenhuma parte do veio pertenceria a uem uer ue fosse além de mim.

    7i= com ue assinassem um documento contendo essas regras, lacrando-o

    com o mais inviol!vel sinal e5istente em *oseid, a sa4er, a assinatura deles

    com o pr>prio sangue. N>s trs assim $=emos. &nsisti em todas essas

    formalidades porue n#o consegui reprimir a suspeita de ue eles

    pudessem alegar ue eram os desco4ridores do tesouro e de ue, por

    consebncia, eu n#o tivesse ent#o nenhum direito ao mesmo. oje sei ue

    foi 4em esse o caso. 2ei ue a cl!usula do contrato declarando ue toda a

    mina ue eles, meus s>cios, e5ploraram nauele ano era propriedade

    inalien!vel de ailm Numinos, foi o ue impediu o rou4o ue eles

    tencionavam levar a ca4o. ssa estipulaç#o n#o fa=ia referncia ao

    desco4ridor da mina, mas declarava em termos ineg!veis ue o tEtulo de

    propriedade pertencia ao possuidor dauele nome. No caso de uma disputa

    entre n>s eu n#o teria necessidade de provar como me tornara dono da

    mina-, nenhuma a$rmaç#o de ue outra pessoa além de mim fosse o

    desco4ridor serviria aos defraudadores em potencial, pois fosse uem fosse

    o primeiro a encontrar o veio, permaneceria o fato de ser eu o propriet!rio,

    caso em ue todas as vantagens da lei estariam do meu lado. *elo menos,

    assim acreditei em minha ignorFncia. +eus associados n#o eram t#o

    ignorantes uanto eu. 2a4iam ue o contraio n#o tinha valor por ter sido

    e5ecutado em violaç#o H lei. 0m dia vim a sa4er de tudo. 2ou4e

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    18/69

    posteriormente ue as leis de *oseid tornam cada mina pagadora de dE=imo

    ao império e ue ualuer mina e5plorada sem o reconhecimento desse

    laço legal estava sujeita a con$sco. /am4ém era aparente ue, se meus s>-

    cios n#o se tivessem dei5ado levar pela avare=a, mantendo em segredo onosso acordo ue os tornava partEcipes numa infraç#o da lei, teriam se

    tornado propriet!rios legais simplesmente pelo fornecimento de

    informaç8es so4re meus atos ao agente do governo mais pr>5imo. +as eu

    n#o sa4ia dessas coisas na época e os outros dois julgaram melhor guardar

    silncio, pela ?nica ra=#o de ue nada sa4iam a n#o ser ue estavam

    violando ordens aparentemente sem importFncia. assim o segredo foi

    guardado para uma revelaç#o posterior. /endo conseguido os meios necess!rios, o passo seguinte foi minha

    mudança do campo para a cidade de (ai. Nosso adeus ao antigo lar nas

    montanhas e nossa instalaç#o na nova residncia em aiphul $car! em

    4ranco nestas reminiscncias.

    A A A

    RK

    A*&/0%) n

    A&*0%

    ) povo atlante vivia so4 um governo ue tinha o car!ter de uma

    monaruia limitada. 2eu sistema o$cial reconhecia um imperador Ocuja

    funç#o era eletiva e de modo algum heredit!riaP e seus ministros,

    conhecidos por um nome ue signi$cava "*rEncipes do (eino". /odos

    esses ministros eram vitalEcios, a n#o ser em casos de m! conduta, um

    termo rigorosamente de$nido com prescriç8es impostas com severidade-,

    e a operaç#o da lei a isso relativa era tal ue nenhum cargo, por mais

    e5altado ue fosse, era su$ciente para isentar os ofensores. Nenhum cargo

    governamental era eletivo, com e5ceç#o de uma funç#o eclesi!stica, ao

    passo ue cargos menores do serviço p?4lico eram o4jeto de nomeaç#o em

    todos os casos e os nomeados tinham de prestar contas estritas ao poder

    ue os indicava para a funç#o, fosse esse poder o imperador ou um

    prEncipe, ue, para usufruir do poder, era respons!vel perante o povo pela

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    19/69

    conduta dos ue havia nomeado. ntretanto, n#o é a $nalidade deste

    capEtulo discutir o sistema polEtico de *oseid, mas descrever os pal!cios

    ministeriais e mon!ruicos fornecidos pela naç#o a cada funcion!rio eleito,

    sendo um para cada prEncipe e trs para o imperador. No geral, a descriç#ode uma dessas edi$caç8es, interior e e5teriormente, tipi$ca todas as

    outras, assim como nos stados 0nidos da América e outros paEses

    modernos um edifEcio governamental é facilmente reconhecido como tal

    por suas caracterEsticas gerais de aruitetura. A descriç#o de um pal!cio,

    por conseguinte, servir! a um duplo prop>sito: o de dar uma idéia da mais

    not!vel residncia do grande império atlante, visto ue tenciono descrever

    o principal pal!cio do imperador; o segundo prop>sito é o de ilustrar oestilo ue prevalecia na aruitetura do perEodo em ue residi em *oseid.

    &magine, se assim lhe aprouver, uma elevaç#o de apro5imadamente uin=e

    pés, de= ve=es essa medida em largura, e cinbenta ve=es em

    comprimento. 5ternamente Hs dimens8es planas, em cada um dos uatro

    lados da plataforma feita de p>r$ro talhado, v!rios degraus em aclive

    suave elevavam-se do gramado até o topo da elevaç#o. Nos lados, esses

    degraus eram divididos em uin=e seç8es, ao passo ue nas e5tremidades

    as divis8es eram apenas trs, cada uma dividida em e5tens8es de uin=e

    pés. n-

    RT

    tre as duas seç8es mais pr>5imas dos cantos, cada divis#o consistia em um

    profundo recesso uadrangular, com a escadaria descendo e passando em

    volta dele em ininterrupta continuidade. A seç#o seguinte, a terceira, era

    separada das outras duas, de cada lado por uma serpente esculpida, de

    enorme tamanho, feita de arenito e t#o $el H realidade uanto a arte o

    permitisse. As ca4eças dessas serpentes im>veis descansavam no gramado

    verde em frente H escada, enuanto o corpo $cava em relevo so4re a esca-

    daria, indo até o topo da plataforma, enrolado em torno das imensas

    colunas ue suportavam os front8es das varandas do superes-truturado

    pal!cio erigido so4re a plataforma j! descrita; as colunas formavam um

    mui imponente peristilo entre as amplas varandas e os degraus. A divis#o

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    20/69

    seguinte era um uadrFngulo inserido nos degraus e, a outra, mais uma

    serpente, e assim sucessivamente, em torno de todo o edifEcio. spero ue

    esta descriç#o seja su$cientemente detalhada para dar uma idéia dauele

    tremendo paralelograma, rodeado de escadarias, guardado por formasornamentais, e tam4ém ?teis, de serpentes monstruosas, em4lemas

    religiosos signi$cando n#o s> a sa4edoria mas tam4ém o aparecimento de

    uma serpente de fogo nos céus da antiga /erra, iniciando o evento da

    separaç#o do omem de Deus. Alternados com essas formas $cavam os

    recessos, suavi=ando formas ue de outro modo seriam severamente retas

    e mon>tonas. oroando tudo isso havia o primeiro andar do pal!cio

    propriamente dito, com seu peristilo envolto em serpentes elevando ogrande teto das varandas so4re as uais descansavam enormes vasos

    cheios de terra a nutrir todos os tipos de plantas tropicais, ar4ustos e

    muitas variedades de peuenas !rvores, e um lu5uriante jardim ue per-

    fumava o ar j! refrescado por numerosas fontes ali colocadas. Acima do

    primeiro andar, com seus p>rticos cheios de Gores, erguia-se mais um

    nEvel com aposentos, cercado de galerias a4ertas, cujo piso era formado

    pelo teto ue co4ria o andar inferior. ) terceiro e mais elevado nEvel de

    aposentos n#o tinha varandas, em4ora tivesse passarelas em todos os

    lados, formadas pelo teto do p>rtico inferior. A mesma variada

    e5u4erFncia de Gores e folhagens tornava todos os andares igualmente

    atraentes. m todos eles, aves canoras e de plumagem eram h>spedes

    4em-vindos, sem gaiolas mas mansas por nunca terem sido maltratadas.

    2ervidores armados de =agaias ue projetavam Gechas silenciosas,

    destruEam discretamente todas as espécies predat>rias e tam4ém auelas

    ue, sendo desprovidas do poder de cantar, de plumagem de vividas cores

    ou de h!4itos insetEvoros para recomend!-las, eram por isso indesej!veis.

    9raciosas torres redondas ou a$ladas erguiam-se acima do telhado

    principal do pal!cio, enuanto ue os muitos

    RU

    ;i[5Ysentos com projeç8es, Fngulos e arcos a4o4adados, contrafor-Oes

    elegantes, cornijas e outros efeitos aruitet6nicos, impediam ue o

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    21/69

    conjunto parecesse pesado ou s>lido demais. m torno da maior das torres

    su4ia uma escada em espiral, condu=indo ao espaço protegido por um

    corrim#o, no alto, cem pés acima das chapas de alumEnio ue formavam o

    telhado do pal!cio. ) pal!cio de Agacoe era ?nico por causa de sua torre,ue o tornava diferen-le dos outros edifEcios ministeriais. Deve ser

    e5plicado ue a torre tinha sido erigida em mem>ria de uma 4ela princesa

    ue partira dos amorosos cuidados de seu imperial esposo para Nava==a-

    min, a som4ria terra das almas dos mortos havia muitos séculos. Assim era

    o pal!cio de Agacoe. 2eu andar superior era um grande museu

    governamental; o do meio a4rigava os ga4inetes dos principais

    funcion!rios do governo, enuanto ue o primeiro estavamagni$centemente decorado para servir como residncia particular do

    imperador. *or n#o ser um lato desprovido de interesse, anotamos ue as

    4ocas escancaradas das serpentes de pedra recentemente descritasserviam

    como portais de entrada Odo tamanho usualP para certos aposentos do

    su4solo, fato ue serve para dar uma idéia clara do enorme tamanho

    daueles s!urios lEti-cos. )s monstros haviam sido feitos levando em contaa proporç#o artEstica; seus corpos eram de arenito cin=ento, vermelho ou

    amarelo, os olhos de cornalina, jaspe, s!rdio ou outra pedra de silEcio

    colorido, enuanto as presas em suas 4ocas enormes eram de uart=o

    4ranco 4rilhante, uma em cada lado do portal.

     /antas pedras cortadas e alisadas forçam a mente moderna a indagar se

    os atlantes o4tinham o produto aca4ado por meio do incans!vel la4or de

    escravos -e nesse caso terEamos sido um povo 4!r4aro, cuja autonomiapolEtica estaria sempre ameaçada pelas forças do vulc#o social ue a

    escravatura sempre cria - ou se possuEamos m!uinas para o corte de

    pedras, de peculiar e$cincia. sta ?ltima é a resposta correta, pois nossas

    m!uinas especiais para isso, assim como uma uase in$nita variedade de

    outros implementos para todos os tipos de tra4alho, eram um motivo de

    orgulho para a nossa naç#o e nos distinguiam das demais. *ermite-me

    fa=er uma a$rmaç#o, n#o como argumentaç#o mas para ue ela possa ser

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    22/69

    compreendida H lu= dos capEtulos su4sebentes: se n>s, atlantes, n#o

    tivéssemos possuEdo esse grande n?mero de invenç8es mecFnicas nem o

    talento inventivo ue nos condu=iu a esses triunfos, ent#o v>s, ha4itantes

    modernos da /erra, tam4ém n#o terEeis essa capacidade criativa nem osresultados dela. Q possEvel ue tu, leitor, n#o compreendas a ligaç#o ue

    e5iste entre as duas eras e raças ao ler esta a$rmaç#o, mas ao chega-

    RV

    res mais perto do $nal desta hist>ria tua mente para ela se voltar! com

    plena compreens#o.

    Na esperança de ue meu esforço em descrever com palavras a

    aparncia dos edifEcios governamentais da AtlFntida tenha tido 5ito,tentemos agora aduirir uma idéia do promont>rio no ual estava

    entroni=ada aiphul, a idade (eal, a maior daueles antigos tempos, na

    ual vivia uma populaç#o de dois milh8es de almas, e ue n#o tinha

    muralhas forti$cadas. Na verdade, nenhuma cidade ou capital dauele

    tempo era cercada por muros, e neste respeito diferiam das cidades

    conhecidas em épocas hist>ricas posteriores. hamar meus registros de

    *oseid de hist>ria n#o é e5agero, pois o ue relato nestas p!ginas é a

    hist>ria derivada dos registros da lu= astral. N#o o4stante, ela precede as

    narrativas hist>ricas transmitidas por manuscritos, papiros e inscriç8es em

    pedras por tantos séculos, visto ue *oseid j! n#o era mais conhecida na

     /erra uando as primeiras p!ginas da hist>ria foram registradas em

    papiros pelos primeiros historiadores, e nem mesmo antes, uando os

    escultores dos o4eliscos egEpcios e os artistas encarregados de gravar as

    pedras dos templos imprimiram hist>rias pict>ricas no duro granito.

    *oseid estava esuecida, pois hoje fa= uase nove mil anos ue as !guas

    do oceano engolfaram nossa 4ela terra sem dei5ar sinal, como o ue

    so4rou das duas cidades ocultas so4 lava e cin=as e ue durante de=esseis

    séculos da era crist# permaneceram completamente desconhecidas. sca-

    vadores trou5eram H lu= os restos de *ompéia, mas homem algum pode

    afastar o AtlFntico e revelar o ue j! n#o mais e5iste, pois ainda ue cada

    dia fosse um século, teriam passado uase trs meses desses longos dias

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    23/69

    desde o terrEvel $at de D02:

    "Jue a terra seja co4erta, para ue o 2ol ue tudo v n#o a distinga

    mais em seu curso."

    assim se fe=.m p!ginas anteriores, o promont>rio de aiphul foi descrito como se

    estendendo pelo oceano a partir da planEcie caiphaliana, sendo visEvel de

    grande distFncia H noite por causa da lu= irradiada pela capital. A

    penEnsula se projetava por tre=entas milhas, na direç#o oeste a partir de

    Numéia, medindo cinbenta milhas de largura uase até o e5tremo, e

    erguendo-se como os penhascos de talco da &nglaterra a uase cem pés,

    até alcançar uma planEcie sem elevaç8es, uase t#o plana uanto o soalhode uma casa. Na e5tremidade dessa grande penEnsula $cava aiphul ou

    "AtlFn-

    RW

    tida, (ainha do +ar". %inda, pacE$ca, com seus amplos jardins en-

    cantadoramente tropicais:

    ")nde as folhas jamais esmaecem nos Goridos e mansos galhos,

    " as a4elhas se fartam com as Gores o ano inteiro."

    2uas largas avenidas som4readas por enormes !rvores, suas colinas

    arti$ciais, cortadas por avenidas ue se irradiavam do centro da cidade

    como os raios de uma roda. inbenta delas corriam numa direç#o,

    enuanto ue, formando Fngulos retos com elas, atravessando a largura da

    penEnsula, com uarenta milhas de comprimento, situavam-se as avenidas

    menores. Assim era a mais poderosa cidade de mundo antigo, como se

    fosse um esplndido sonho.

    m nenhum ponto aiphul se encontrava a menos de cinco milhas do

    oceano. m4ora n#o tivesse muralhas, em torno de toda a cidade estendia-

    se um imenso canal, com trs uartos de milha de largura por

    apro5imadamente sessenta pés de profundidade, alimentado pelas !guas

    do AtlFntico. No lado norte, um canal maior adentrava esse fosso circular -

    um canal no ual as !guas profusas de um grande rio, o Nomis, criavam

    uma corrente=a de consider!vel força. onsebentemente, formava-se uma

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    24/69

    corrente em todo o cErculo do fosso, e a !gua do mar entrava pelo lado sul.

    Dessa maneira, eGuEa para o mar todo o sistema de drenagem da ilha

    circular arti$cial onde $cava a cidade. &mensas 4om4as a motor forçavam

    a !gua fresca do oceano a passar por toda a cidade por meio de grandescanos e condutos de pedra, fa=endo a limpe=a dos drenos e fornecendo

    força motri= para todas as $nalidades, iluminaç#o elétrica e serviços de

    eletricidade muito variados. . . mas, um momento 2erviços de

    eletricidade3 2im, na verdade tEnhamos um grande conhecimento so4re a

    força motri= do universo: n>s a utili=!vamos em incont!veis formas ue

    ainda est#o por ser desco4ertas neste mundo moderno, além de formas ue

    a cada dia est#o voltando em grande n?mero H mem>ria de homens emulheres do passado, reencarnados nesta época.

    N#o é estranha a tua incredulidade, meu amigo, uando falo dessas

    invenç8es ue consideras uma propriedade tEpica de hoje3 ) fato é ue

    falo com o conhecimento nascido da e5perincia, posto ue vivi nauele

    tempo, e tam4ém neste de agora. 'ivi n#o s> na *oseid de do=e mil anos

    atr!s, mas tam4ém nos stados 0nidos da América antes, durante e depois

    da 9uerra de 2ecess#o.

    RC

     /ir!vamos nossa energia elétrica das ondas do mar ue se a4atiam

    so4re as praias; das torrentes das montanhas e de produtos uEmicos, mas

    principalmente do ue poderia ser adeuadamente chamado de "%ado

    Noturno da Nature=a". 5plosivos de alto poder eram conhecidos por n>s,

    mas o emprego ue deles fa=Eamos era muito mais amplo ue o de hoje.

    2e pudesses fei=er essas su4stFncias entregarem gradualmente sua enorme

    força aprisionada sem temer uma e5plos#o, imaginas ue tuas m!uinas

    seriam movidas por motores elétricos ou a vapor, t#o desajeitados por

    causa de seu peso3 2e um grande navio a vapor pudesse dispensar suas

    caldeiras e fornalhas e em seu lugar usar dinamite num recipiente

    perfeitamente seguro, possEvel de ser carregado numa 4olsa, transmitindo

    poder su$ciente para levar o navio da &nglaterra até a América, ou impelir

    um trem por seis mil milhas, por uanto tempo ainda usarias teus motores

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    25/69

    a vapor3 ontudo, essa energia foi conhecida por n>s - por ti talve=, por

    mim com certe=a - na vida atlante. ertamente ressurgir!, pois Nossa (aça

    est! novamente voltando da vida ap>s a morte para a terra.

    sse n#o era o ?nico recurso energético ue tEnhamos. As forças do%ado Noturno da Nature=a eram para n>s o ue o vapor é para teus

    motores. o ue s#o elas3 Neste ponto s> responderei fa=endo uma

    contra-pergunta: a força da Nature=a, da gravidade, do 2ol, da lu=, de onde

    vem3 2e me responde-res "vem de Deus", ent#o e5plicarei ue, da mesma

    forma, o omem é erdeiro do *ai, e tudo ue é Dele tam4ém pertence ao

    7ilho. 2e &ncal é impelido por Deus, o 7ilho desco4rir! como o *ai o fa= e

    chegar! a fa=-lo tam4ém, como o omem fe= em *oseid, no passado.+as podemos fa=er coisas ainda maiores: és hoje, foste ontem. Qs *oseid

    ue retorna, num plano mais elevado

    ) prop>sito original para o ual havia sido construEdo o grande fosso

    ou canal ue envolvia a capital tinha sido cumprido havia muitos séculos.

    sse prop>sito fora puramente marEtimo, ligado aos dias em ue navios

    eram usados como transporte, antes do uso posterior de aeronaves, e havia

    cumprido sua $nalidade t#o 4em ue dera a aiphul o tEtulo de "2o4erana

    dos +ares", um tEtulo ue continuou a e5istir mesmo depois ue os usos

    originais do fosso j! tinham se tornado coisa do passado. Juando

    melhores meios de transporte suplantaram os antigos, os navios ue por

    de= séculos tinham visitado todos os mares e rios naveg!veis do glo4o

    foram a4andonados ou convertidos para outros

    TL

    usos. 2> algumas em4arcaç8es singravam as !guas e eram 4arcos de

    recreio pertencentes a pessoas amantes de novidades e ue dessa forma

    satisfa=iam seu gosto pelo esporte.

    ssa mudança radical, entretanto, n#o fe= com ue as docas de alvenaria

    do fosso, medindo cento e uarenta milhas apro5imadamente, fossem

    a4andonadas H destruiç#o. &sto teria causado a perda de valiosas

    propriedades pela invas#o das !guas, assim como a deterioraç#o do

    sistema

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    26/69

    sanit!rio da cidade, além de ue tal desgraça teria destruEdo a 4ele=a do

    canal e suas pro5imidades. *or conseguinte, nos sete séculos decorridos

    desde ue dei5amos de usar o transporte marEtimo, n#o foi permitido ue o

    menor sinal de fraue=a ameaçasse auela grande e5tens#o de alvenaria.0ma caracterEstica marcante de aiphul era a grande variedade e rara

    4ele=a de suas !rvores e ar4ustos tropicais, ladeando as avenidas, co4rindo

    as muitas colinas coroadas por pal!cios, muitos dos uais tinham sido

    construEdos de forma a se elevarem a du=entos e até tre=entos pés acimado

    nEvel da planEcie. Arvores, folhagens, ar4ustos, trepadeiras e Gores, anuais

    e perenes, enchiam os des$ladeiros, gargantas e terraços arti$ciais ue os

    poseida-nos, amantes da arte, haviam criado. As plantas co4riam os decli-

    ves, envolviam os penhascos em miniatura, as paredes dos prédios e até,

    em grande parte, os degraus ue levavam das margens até a 4eira do

    grande canal, como se vestissem tudo com uma gloriosa roupagem verde.

     /alve= o leitor esteja se perguntando onde vivia a populaç#o. A

    pergunta vem 4em a tempo e a resposta, segundo creio, ser! interessante.

    No tra4alho de alteraç#o da con$guraç#o da superfEcie do grandepromont>rio, fa=endo da planEcie uma 4ela variaç#o de colinas e vales, o

    plano seguido tinha sido o de la=er uso de grandes suportes de rochas, de

    enorme resistncia, na forma de terraços, dei5ando passagens em arco

    onde as avenidas fa=iam interseç8es com essas elevaç8es, e preenchendo

    os va=ios remanescentes com concreto feito com argila, pedrisco e

    cimento, cuidadosamente misturados e socados. ) e5terior era ent#o

    co4erto com terra fértil para ali se plantar vida vegetal de todas asespécies. ssas elevaç8es co4riam muitas milhas uadradas do espaço

    antes e5istente, dei5ando poucas !reas planas a n#o ser as avenidas; mas

    nem todas, pois muitas ruas ascendiam as colinas ou seguiam o declive

    ascendente de algumas gargantas até alcançarem o topo. nt#o

    T

    atingiam a divisa e passavam para o outro lado por um viaduto em arco, do

    ual tu4os de cristal a v!cuo transmitiam uma lu= contEnua fornecida pelas

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    27/69

    forças do "%ado Noturno". As faces verticais e as inclinaç8es dos terraços,

    assim como os lados das gargantas, serviam para a construç#o de

    aposentos de variado e amplo tamanho. As portas e janelas dessas

    construç8es eram disfarçadas por salincias arti$ciais de rocha, co4ertasde hera e outras plantas ue crescem em pedras, dessa forma escondendo

    das vistas a deselegFncia das armaç8es met!licas e5istentes por 4ai5o.

    sses apartamentos formavam conjuntos artEsticos para acomodar as fa-

    mElias. A forraç#o de metal evitava a umidade no interior, enuanto ue

    sua locali=aç#o no interior assegurava uma temperança constante em todas

    as estaç8es do ano. omo essas residncias eram projetadas e construEdas

    pelo governo, e eram de propriedade do mesmo, os moradores asalugavam no +inistério de )4ras *?4licas. ) aluguel era m>dico,

    su$ciente apenas para manter a propriedade em 4oas condiç8es, pagar as

    despesas de iluminaç#o e auecimento, o fornecimento de !gua e os

    sal!rios dos funcion!rios ue se ocupavam em cumprir esses deveres.

     /udo isso custava n#o mais ue de= ou uin=e por cento do sal!rio de um

    mecFnico especiali=ado. A menç#o de tantos detalhes dever! ser perdoada,

    pois se eu os omitisse, s> uma concepç#o vaga e insatisfat>ria seria o4tida

    pelo leitor.

    ) grande atrativo dessas residncias era sua locali=aç#o retirada,

    evitando a triste aparncia de grandes n?meros de casas angulares, um

    efeito e5tremamente desagrad!vel muito visto em nossos dias de hoje mas

    raramente, ou nunca, nas cidades atlantes. ) resultado desse planejamento

    era ue, para uem olhasse de ualuer elevaç#o, a cidade pareceria muito

    agrad!vel em comparaç#o com nossas modernas a4erraç8es feitas de

    pedra, tijolos ou madeira, especialmente pela falta de arranha-céus

    separados por t?neis estreitos e sem !rvores, em muitos casos imundos, in-

    devidamente chamados de ruas. ) visitante veria uma colina e depois outra

    e mais outra, até incluir todas em sua vis#o -eram cento e de=enove no

    total; aui um lago, ou um penhasco ao lado de um lago, ou um parue

    co4erto de !rvores; minigargantas com ar grandioso, peuenas Gorestas,

    t#o regularmente irregulares. . . ascatas e torrentes, alimentadas pelo

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    28/69

    inesgot!vel suprimento de !gua fresca da cidade, as margens e prainhas

    co4ertas com !rvores, ar4ustos e folhagens ue amam a contigbidade da

    !gua. stas, caro amigo, teriam sido as cenas apresentadas aos teus olhos,

    se pudesses ter contemplado aiphul comigo. /alve= o $=este, uem sa4e3+as aiphul possuEa tam4ém casas cons-

    TB

    i ruEdas H maneira moderna, pois a autori=aç#o da cidade para a construç#o

    de algumas casas 4elas, em locais e estilos calculados para aumentar a

    4ele=a do cen!rio, era um privilégio ue pessoas a4astadas podiam o4ter

    o$cialmente. +uitas a haviam o4tido. +useus de arte, teatros e outras estr

    uturas n#o destinadas a moradia tam4ém e5istiam em ra=o!vel njmero.*asseando pela cidade, desco4ri cue as avenidas, em certos casos,

    pareciam interromper-se 4ruscamente diante de uma gruta, cujo interior

    geralmente estava enfeitado por estalactites pendentes do teto. *or ve=es

    um ligeiro desvio do curso acontecia, impedindo a vis#o do interior da

    gruta. Nesses locais, lFmpadas cilEndricas de alta tens#o, a v!cuo e sem

    ue4ra-lu=, enviavam um 4rilho suave ao interior, criando um efeito de luar

    muito agrad!vel para uem entrasse, vindo do e5terior 4rilhantemente

    iluminado pelo 2ol.

    m4ora os ha4itantes fossem e5celentes cavaleiros, em sua maioria,

    esse tipo de transporte n#o era usado a n#o ser como meio de cultura e

    graça fEsicas, uma ve= ue havia o transporte elétrico fornecido pelo

    governo. ertamente os reformadores deste século de=enove da era crist#

    se sentiriam na terra ideal se fossem caifalianos, isto porue o governo

    e5ercia o princEpio paternalista, t#o sistematicamente uanto o faria se

    fosse o dono da terra, de todos os meios de transporte e comunicaç8es

    p?4licas, f!4ricas, en$m, todas as propriedades. ) sistema era de nature=a

    muito 4ene$cente, e nenhum poseidano desejava ue fosse interrompido

    ou suplementado por algum outro. 2e um cidad#o desejava um vail5

    OaeronaveP para ualuer $nalidade, dirigia-se aos funcion!rios pr>prios

    ue sempre estavam de plant#o nos dep>sitos de vail5 em todo o reino. 2e

    uisesse cultivar a terra, contatava o Departamento de 2olos e Agricultura.

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    29/69

     /alve= desejasse fa4ricar um produto; as m!uinas estavam H disposiç#o

    por um aluguel m>dico necess!rio para co4rir as despesas de operaç#o e os

    sal!rios das pessoas encarregadas dauela parte da propriedade p?4lica.

    reio ue estes e5emplos s#o o su$ciente. a4e di=er ue n#o e5isteharmonia polEtica como a ue provinha do paternalismo de nossos o$ciais

    eleitos. ) paternalismo governamental é encarado com descon$ança e um

    certo alarma pelas rep?4licas modernas. Q ue hoje sua ualidade difere da

    ue e5istia ent#o. ) nosso era um paternalismo o4servado de perto e de-

    vidamente contido pelos eleitores da naç#o, e sua e5istncia era

    essencialmente um e5poente de princEpios verdadeiramente socialistas.

    TKAté aui n#o entrei em detalhes precisos a respeito dos muitos acordos

    peculiares mantidos entre os pais polEticos OgovernoP e seus $lhos, ou

    entre tra4alho e capital. N#o creio ue deva fa=-lo nestas p!ginas com

    propriedade, pois n#o é o caso de uma petiç#o de readoç#o, nesta época do

    mundo, dos métodos seguidos nauele remoto perEodo. reio ue ser!

    su$ciente di=er, o ue n#o dever! ser inadeuado nesta conjuntura, ue

    *oseid n#o era incomodada no meu tempo pelo pro4lema moderno e ao

    mesmo tempo muito antigo das greves, ue 4loueiam o capital e a

    empresa, fa=em morrer de fome o artes#o e causam mais sofrimento aos

    po4res do ue aos ricos. ) segredo dessa imunidade Hs greves n#o precisa

    ser 4uscado muito longe numa naç#o cujo governo era a vo= de um povo

    com su$ciente educaç#o para conceder o poder sem consideraç#o de se5o,

    porue estava indelevelmen-te marcado em nossa vida nacional o seguinte

    princEpio: "uma 4ase de educaç#o a cada eleitor; o se5o do eleitor n#o tem

    importFncia". Numa naç#o assim, seria muito estranho ue desarmonias

    industriais pudessem pertur4ar a polEtica social por muito tempo. ) amplo

    princEpio da igualdade entre empregador e empregado reinava em *oseid;

    n#o importava o ue uma pessoa $=esse para a outra, toda a euaç#o se

    $rmava nesta pergunta: algum serviço foi prestado por uma pessoa a

    outra3 m caso a$rmativo, o fato desse serviço ter sido prestado ou n#o

    através de um esforço fEsico n#o contava. 0m serviço devia ser

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    30/69

    compensado, fosse fEsico ou intelectual, e tam4ém n#o era importante

    sa4er se o empregador representava um ou mais indivEduos, ou o emprega-

    do uma ou mais pessoas.

    Nossas leis locais relativas H uest#o da igualdade industrial eramcompletas e 4astante volumosas. m4ora n#o pretenda dar uma vers#o

    completa do ue se poderia chamar de leis tra4alhistas, algumas partes

    merecem atenç#o. 2er! melhor prefaci!-las com uma 4reve hist>ria dessas

    regras para mostrar como, nauele tempo remoto, pro4lemas tra4alhistas

    muito semelhantes, e t#o ameaçadores para a pa= e a ordem uanto

    ualuer revolta industrial moderna, foram $nal e euanimemente

    resolvidos.Na "*edra +a5in", a cujo c>digo legal ser! feita referncia no devido

    tempo, encontramos esta semente vital de resoluç#o de uma terrEvel

    ameaça envolvendo tra4alho e capital, a sa4er:

    "Juando aueles ue tra4alham por um sal!rio estiverem oprimidos e

    se levantarem em f?ria para destruir seu opressor, ue sejam impedidos e

    ue +e o4edeçam. A eles eu digo: n#o causes

    TR

    O&a no H pessoa ou H propriedade de ualuer homem, mesmo ue ]\-jas

    oprimido por ele. *ois n#o sois todos irm#os e irm#s3 N#o sois todos $lhos

    de um s> *ai, o inominado riador3 +as isto eu ordeno: ue eles destruam

    a opress#o. *ois poder#o coisas ue sio menos ue o homem dominar e

    oprimir seus senhores3 us-ca com diligncia o signi$cado de minhas

    palavras."

    ) estudante de ética interpretava esse comando com o signi$cado de

    ue as classes tra4alhadoras oprimidas n#o deveriam prejudicar o

    capitalista opressor nem sua propriedade. As classes privilegiadas talve=

    fossem t#o vEtimas das circunstFncias uanto as mais po4res; o remédio

    estava, n#o na anaruia cega, mas na erradicaç#o das condiç8es err6neas.

    &sso seria f!cil, desde ue adeuadamente tratado. )s oprimidos eram na

    proporç#o de milhares para um, em relaç#o ao opressor. A maioria deles

    tinha o poder do voto e foi determinado ue, sendo o governo servidor do

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    31/69

    povo, o método correto era lidar com a uest#o por meio de eleiç8es e n#o

    pelo uso da violncia contra os ricos. *ortanto, fe=-se a convocaç#o para

    ue o povo em peso votasse pela adoç#o de um c>digo de regulamentos

    tra4alhistas e o su4metesse respeitosamente ao (ai. Dos muitos artigos eseç8es citarei apenas aueles ue s#o pertinentes aos tempos e pro4lemas

    modernos, de modo ue, se minha seleç#o n#o contém artigos e seç8es de

    maneira sebencial, a ra=#o é >4via.

    I(/)2 DA2 %&2 /(AA%&2/A2 D *)2&D

    "Nenhum empregador e5igir! de ualuer empregado a prestaç#o de

    serviços além dos hor!rios legais de tra4alho sem remuneraç#o e5tra."

    "2eç#o R. ssas horas n#o ser#o menos nem mais ue nove horas dela4or fEsico em cada perEodo de vinte e uatro horas; n#o ser#o mais nem

    menos ue oito horas de tra4alho sedent!rio reuerendo principalmente o

    esforço intelectual."

    ste estatuto permitiu ue as duas partes de um contrato de tra4alho

    decidissem uando o hor!rio de tra4alho começaria ou terminaria, com

    relaç#o H primeira hora do dia, isto é, a hora moderna do meio-dia. Juanto

    ao caso dos sal!rios, a lei era muito clara, e5plicando ue, como o homem

    é egoEsta por nature=a -uer di=er, em sua nature=a inferior - aplicaria com

    4ase no au-to-engrandecimento a moderna doutrina do autogoverno.

    Assim, se ele n#o fosse movido pelo senso do dever para com seu seme-

    TT

    lhante a trat!-lo com justiça, n#o sendo a justiça ditada pela força, ent#o

    ca4eria H lei compeli-lo a ser justo. Q neste ponto ue o moderno mundo

    anglo-sa5#o, ue é o mundo de *oseid Oe 2uernP ressurgindo, mostra um

    sinal do lento mas seguro progresso gerado pelo tempo-, prova ue

    em4ora o homem, como tudo o mais, dotado ou n#o de inteligncia, se

    movimente em um cErculo, esse cErculo é como a rosca de um parafuso,

    sempre progredindo para o alto, a cada volta para um plano mais elevado.

    *oseid deve ser compelida por suas mentes avançadas a fa=er o ue é justo

    pelos fracos. A América e a uropa est#o se tornando mais propensas a

    agir corretamente e com justiça, porue isso é parte do dever. 'emos

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    32/69

    ent#o empregadores modernos oferecendo de livre vontade o ue os

    antigos poseidanos fa=iam por força da lei: partilhar lucros com os

    empregados.

     /endo a lei sido entregue aos juristas, os eleitores decretaram ue ogoverno deveria esta4elecer um Departamento de &ntendn-cia, cuja

    incum4ncia seria a de coletar todos os dados estatEsticos referentes a

    produtos alimentEcios comerci!veis, todos os t5teis necess!rios ao

    vestu!rio e, em suma, todos os artigos necess!rios para a manutenç#o

    social adeuada dos cidad#os. om 4ase nesses relat>rios estatEsticos,

    seria feita uma estimativa do custo desses 4ens, entre os uais estavam os

    livros, reconhecidos como alimento mental. 7oi calculado o custo anualdesses itens e, os sal!rios, com 4ase no resultado da divis#o do custo anual

    pelo n?mero de dias. ssa ta4ela era atuali=ada a cada noventa dias, por

    causa da veri$caç#o de ue certos itens principais Gutuavam, n#o sendo o

    c!lculo totalmente est!vel, e os sal!rios de um trimestre poderiam diferir

    dos sal!rios do trimestre anterior.

    *ermite-me fa=er uma citaç#o:

    "2eç#o '&&, Art. '. )s empregadores dividir#o os lucros 4rutos das

    operaç8es comerciais da seguinte forma: ) sal!rio, ganhos ou

    emolumentos de cada empregado ser#o pagos com 4ase na soma

    trimestral estimada do custo de vida determinado pelo Departamento de

    &ntendncia. Do restante, seis partes de cada cem do capital investido

    ser#o reservadas. ste incremento ser! e representar! os lucros lEuidos do

    empregador. Da receita restante ser#o dedu=idas as despesas normais e, de

    ualuer soma remanescente, metade ser! investida para prover anuidades

    aos doentes ou incapacitados, ou como seguro aos dependentes de

    empregados falecidos. A metade restante ser! periodicamente distri4uEda

    entre os empregados com 4ase em suas diferentes compensaç8es."

    TU

    "2eç#o '&0, Art. '. 0m conjunto de empregados é apenas euivalente

    ao seu 2uperintendente. ste ebivale a todos os seus su4ordinados.

    *ortanto, os empregadores, se n#o forem eles mesmos os administradores

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    33/69

    do seu neg>cio, pagar#o aos gerentes um sal!rio igual H soma dos sal!rios

    dos su4ordinados."

    ssas e outras leis tra4alhistas realmente tm um sa4or de modernidade.

    +as a civili=aç#o de todas as eras, em todas as naç8es, unde a e5pressar-sede maneiras tais ue, se usarmos a linguagem moderna para e5primi-las,

    parecer#o uase idnticas. /anto é assim ue na antiga AtlFntida e na

    moderna América o termo "greve" pode ser apropriadamente empregado

    para designar uma revolta de tra4alhadores; o mesmo princEpio caracteri=a

    todas as outras fases-, de uma era para outra, o mundo progride com lenti-

    d#o, e hoje ainda n#o est! t#o avançado nem t#o civili=ado, em seu atual

    su4ciclo, uanto estava no tempo de *oseid. stas podem ser palavrasduras, mas logo ser#o compreendidas.

    ssas eram as principais caracterEsticas do mundo industrial de *oseid.

    As antigas greves e tumultos ue deram nascimento a essas leis

    desapareceram e a pa= tomou o seu lugar. A mudança foi 4ené$ca, mas os

    fortes sempre procuravam desco4rir um meio de 4urlar a lei e, em4ora n#o

    tivessem tido 5ito su$ciente para causar grandes danos, seu desejo foi

    adicionado H soma do arma. Assim, uando o mundo moderno da época

    crist# chegou aos séculos de=oito e de=enove, especialmente este ?ltimo,

    começou a reencarnaç#o dauele perEodo de *oseid e, por algum tempo, a

    opress#o novamente predominou. ontra essa tendncia, hoje surge

    timidamente o desejo de agir com justiça pela justiça em si, o ue,

    aplicado a assuntos industriais, manifestou-se em anos muito, muito

    recentes -um sinal do 4rilho derradeiro no crep?sculo do dia uase

    chegado H hora $nal, lem4rando uma era aca4ada. (e$ro-me

    particularmente ao desejo mais presente do homem de tratar corretamente

    os outros sem ser forçado a isso por decretos legais. Q verdade ue isso é

    feito ainda porue o homem desco4riu ue é conveniente; mas essa

    desco4erta nunca teria sido feita se o desejo reencarna-do do 4em n#o

    tivesse indu=ido e5perimentos de participaç#o nos lucros, na esperança de

    e5terminar-se a inibidade das greves e com a idéia de harmoni=ar a

    sociedade e lev!-la a agir como gostaria ue agissem com ela. 7inalmente,

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    34/69

    por mais estranho e parado5al ue pareça, essa melhoria é resultado direto

    de antigos direitos conseguidos H força em *oseid, hoje $lhos reen-

    carnados da opress#o reencarnada, assim como na AtlFntida a opres-

    TVs#o surgiu como reencarnaç#o de eras ainda mais antigas, anteriores ao

    espantoso memorial de 9i=é. +as ir além de uma simples menç#o disso

    seria invadir a seara entregue a outrem pelo +essias; portanto, s> um

    indEcio poderei dar agora e transmitirei outros mais tarde. asta di=er,

    ent#o, ue aueles foram tempos em ue os homens lutavam contra nossa

    ancestralidade caEda com uni movimento ascendente ue era praticamente

    imperceptEvel, O9l>ria seja dada ao *ai, pois 2eus $lhos, segura em4oralentamente, est#o por meios tortuosos ascendendo a 2uas alturas; muitas

    s#o suas uedas, mas eles se levantar#o de novo, n#o permitindo ue o

    inimigo triunfe.

    *ode parecer uma intrus#o inoportuna, mas devo introdu=ir neste

    ponto uma 4reve descriç#o do sistema de transporte eletro->dico de

    aiphul e das outras cidaes, grandes e peuenas, espalhadas pelo império

    e suas col6nias. 7arei somete a descriç#o dos veEculos de transporte local.

    m cada lado das amplas avenidas havia uma larga calçada de mosaico

    para os pedestres. 0ma linha de enormes e pesados vasos de pedra, sem

    fundo e onde cresciam ar4ustos ornamentais e folhagens, estavam no

    meio-$o, e de cada lado deles havia um trilho de metal, a uma altura de

    uns nove pés, apoiados em suportes semelhantes aos ue serviam para

    amarrar navios. A distFncias regulares, outros trilhos cru=avam as vias

    principais, podendo ser levantados ou a4ai5ados para formar um desviocomo os dos trens de hoje, com uma simples alavanca efetuando esse

    processo. ) espaço a4ai5o dos trilhos servia como cru=amento de ruas,

    havendo raramente uma rua pavimentada por 4ai5o, a n#o ser nas

    avenidas maiores. Nos mapas do Departamento +unicipal de /rFnsito,

    esses trilhos principais e secund!rios formavam uma espécie de teia de

    aranha. *ara cada distrito havia grande n?mero de veEculos com mecanis-

    mo aut>dico, ue permitia o transporte de seus passageiros a tremendas

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    35/69

    velocidades. N#o ocorriam colis8es, porue o sistema era formado por

    trilhos duplos.

    A A A

    TCA*/0%) &&

    A 7Q /A+Q+ Q )N&+N/)

    (+)' +)N/ANA2

    5iste um ditado cuja origem se perde na o4scuridade do tempo e ue

    di= "onhecimento é poder". Dentro de limites 4em de$nidos, isto é uma

    verdade. 2e por tr!s do conhecimento est! a energia necess!ria para

    efetivar seus 4enefEcios, ent#o e s> ent#o esse ditado é uma verdade.*ara o e5ercEcio do controle da nature=a e suas forças, o operador em

    potencial deve ter perfeita compreens#o das leis naturais pertinentes. Q o

    grau de consecuç#o inserido nesse conhecimento ue marca a maior ou

    menor capacidade desse operador, e aueles ue aduiriram a

    compreens#o mais profunda da %ei O%e5 +agnumP s#o mestres cujos

    poderes parecem maravilhosos a ponto de parecerem m!gicos. As mentes

    n#o-iniciadas $cam a4solutamente alarmadas por suas incompreensEveis

    manifestaç8es. m todos os pontos para onde eu olhasse uando me vi em

    minha morada citadina ao chegar de meu lar nas montanhas, via ine5plic!-

    veis maravilhas, mas a dignidade natural evitou ue eu parecesse um

    ignorante. *ouco a pouco eu iria me familiari=ar com meu am4iente e com

    isso aduirir o conhecimento das coisas a ue me referi uando mencionei

    pela primeira ve= a troca da vida no interior pela cidade. +as essas

    consecuç8es relativas a uma confortadora autoridade so4re a nature=a

    e5igiam um curso especial. sse curso de estudo ainda n#o tinha sido

    determinado por mim antes de minha entrada na cidade, pois parecia-me

    ue seria uma atitude inteligente concentrar minhas energias em

    especiali=aç8es, sem dispersar forças com generalidades. om 4ase nessa

    idéia, resolvi passar um perEodo mais ou menos e5tenso sem solicitar ad-

    miss#o ao Iiouithlon, perEodo esse ue seria aplicado H o4servaç#o. u

    tinha sido um !vido leitor de livros o4tidos na 4i4lioteca p?4lica do

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    36/69

    distrito onde $cava minha casa nas montanhas. om essas leituras havia

    aduirido uma compreens#o nada despre=Evel da organi=aç#o do governo.

    ) fato de haver apenas noventa e um cargos eletivos para o povo,

    enuanto havia uase tre=entos milh8es de *oseidanos na AtlFntida e suascol6nias e, segundo um censo recente ue eu tinha visto, uase trinta e oito

    milh8es de eleitores detentores de diplomas de *rimeira lasse, indu-

    U

    =iu-me a achar e5tremamente improv!vel ue t#o elevado privilégio me

    fosse concedido. )ra, como eu di$cilmente poderia esperar ter um cargo

    ministerial, ent#o seria possEvel, caso eu me candidatasse a um diploma

    2uperior, o4ter um elevado nEvel polEtico e um cargo nomeado, entre osuais v!rios eram uase t#o honrosos uanto os de conselheiro. m uais

    matérias especiais deveria eu me concentrar3 A pesuisa geol>gica me

    agradava muito e seus in?meros ramos ofereciam amplos e atraentes

    campos de oportunidades. +as a $lologia era dotada de uma atraç#o uase

    igual e minha capacidade de aprender idiomas estrangeiros n#o era

    peuena, como eu tinha constatado estudando um peueno volume

    descritivo de uma terra conhecida pelo nome de 2uernis, um paEs estranho

    de cuja lEngua muitos e5emplos ali apareciam. sses e5emplos aprendi

    sem esforço e perfeitamente com uma s> leitura.

    '!rios meses de residncia na cidade $nalmente me encontraram

    decidido a aduirir todo o conhecimento geol>gico ue pudesse, pois eu

    acreditava ue esse era um estudo ue &ncal me havia indicado, junto com

    o conhecimento de minas e mineralo-gia. omo matérias concomitantes

    resolvi me educar seriamente em literatura sintética e analEtica, n#o s>

    com relaç#o a *oseid mas tam4ém Hs lEnguas dos 2uerni e NecropFnicos.

    is ue aca4o de dar os nomes das trs maiores naç8es dos tempos pré-

    Noachios Opré-NepthianosP. 0ma dessas naç8es foi varrida da face da

     /erra mas as outras duas conseguiram so4reviver apesar de terrEveis

    vicissitudes. Destas falarei mais adiante.

    )s motivos ue me levaram a escolher o currEculo ue mencionei

    foram os de ue, como ge>logo e cientista, eu esperava fa=er novas

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    37/69

    desco4ertas de valor e coloc!-las diante do mundo em forma de livro, ou

    pelo menos diante do povo de *oseid ue se considerava o melhor do

    mundo. sse desejo di$cilmente poderia ser reali=ado sem esses estudos

    de ue falei. A inGuncia ue eu esperava conuistar através de minhaspu4licaç8es poderia me condu=ir ao cargo de 2uperintendente 9eral de

    +inas, um cargo polEtico n#o inferior a ualuer outro cargo nomeado.

    ertamente outros estudos seriam necess!rios, caso eu entrasse na disputa

    por um diploma superior, mas os ue citei eram os mais agrad!veis e

    constituiriam minha aspiraç#o principal. De passagem eu poderia o4servar

    ue os estudos ue escolhi nauela oportunidade, e ue depois dominei

    perfeitamente, $=eram minha nature=a assumir uma tendncia ue melevou, n#o fa= muitos anos, a tornar-me dono de minas no stado da

    alif>rnia; 4em-sucedido, devo

    UB

    di=er. /am4ém $5ou muito mais $rmemente minhas inclinaç8es

    lingbEsticas, tanto ue, enuanto era cidad#o dos stados 0nidos da

    América, dominei n#o s> minha lEngua nativa mas igualmente ue=e outras

    lEnguas modernas como francs, alem#o, espanhol,

    M hins, v!rios dialetos do hindustani, e sFnscrito, como uma espé-

    M ir de rela5aç#o mental. N#o tomes estas palavras como auto-en-

    giandecimento, pois n#o é este o caso. 2> as formulei para te mostrar,

    amigo, ue teus pr>prios poderes n#o s#o apenas uma uest#o de herança

    genética, mas de mem>rias de uma ou uem sa4e de todas as tuas vidas

    passadas; tam4ém tive a intenç#o de fa=er uma alus#o proveitosa, ual seja

    a de ue os estudos empreendidos hoje, n#o importa u#o pr>5imo estejas

    do ocaso de nus dias, certamente dar#o frutos, n#o s> nesta tua vidaterrena

    mas em encarnaç8es su4sebentes. 'emos com a vis#o de tudo ue vimos

    antes, agimos com 4ase em tudo ue j! $=emos antes, pensamos atravésde

    tudo ue j! pensamos no passado. 'er4um sul 2apienti.

    No pr>5imo capEtulo pretendo dedicar algumas p!ginas a consideraç8esso4re a cincia fEsica, tal como era entendida pelos pose -idanos. (eferir-

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    38/69

    me-ei mais especialmente aos princEpios superiores em ue essa cincia se

    4aseava, visto ue negligenciar essas e5plicaç8es reuereria muitas

    declaraç8es e5 cathedra posteriores ue de outra forma poderiam ser clara

    e imediatamente compreendidas.A A A

    UK

    A*&/0%) &'

    "AI/ &NA%, AI/0 +0N"

    onsiderando as leis naturais, os $l>sofos de *oseid tinham chegado H

    hip>tese $nal e H teoria pr!tica de ue o universo material n#o era uma

    entidade comple5a mas, ao contr!rio, primordialmente muito simples. Agloriosa verdade O"&ncal mali5etho"P era elara para eles, ou seja, ue "&ncal

    ODeusP é imanente na Nature=a". A isso apuseram ue "A5te &ncal, a5tuce

    mun" -"conhecer Deus é conhecer todos os mundos". Ap>s séculos de

    e5perimentaç#o, registros de fen6menos, deduç8es, an!lise e sEntese,

    aueles estudiosos haviam chegado H proposiç#o $nal de ue o universo

    em todos os seus variados fen6menos -sem contar seu e5traordin!rio

    conhecimento de astronomia -tinha sido criado e mantido em operaç#o por

    duas forças -princEpios primais. 7alando resumidamente, esses fatores

    4!sicos eram ue a matéria e a energia dinFmica Oue eram &ncal

    manifestoP, poderiam facilmente e5plicar todas as outras coisas. ssa

    concepç#o partia do princEpio de ue s> e5istia 0ma 2u4stFncia e 0ma

    nergia, sendo uma &ncal e5ternali=ado e a outra 2ua 'ida em aç#o em

    2eu orpo. ssa 2u4stFncia nica assumia muitas formas pela aç#o de

    graus vari!veis de força dinFmica. ) fato de ue esse era o princEpio 4!si-

    co de todos os fen6menos naturais e psEuicos, mas n#o espirituais,

    permite-me transmitir aui um postulado ue muitos de meus amigos

    reconhecer#o ao menos parcialmente, ou uem sa4e; na Entegra.

    omeçando com a energia dinFmica tal como primeiro se manifesta de

    forma sensEvel no e5emplo dado pela vi4raç#o simples, a posiç#o

    poseidana pode ser es4oçada da seguinte forma: uma frebncia muito

    4ai5a de vi4raç#o pode ser sentida; um aumento de frebncia pode ser

  • 8/19/2019 Philos, mum habitante de dois mundos

    39/69

    ouvido. *or e5emplo, sentimos primeiro o pulsar da corda da harpa e

    depois, se a freun-

    Nota - omo, em seu impulso de emanaç#o, o riado sempre se afasta

    do riador, ele olha para sua origem e nota seus marcos de progresso, ouseja, as multiplicadas percepç8es de sua crescente separaç#o da 7onte.

    Juanto maior essa separaç#o, maior é o campo O+atériaP em ue esses

    pontos aparecem, porue o elemento do riado ue se distancia notou mais

    pontos ou, em outras palavras, mais coisas, mais o4jetos materiais entre elee

    sua 7onte. 2> uando olhamos para tr!s, para essas coisas ue sentimos,para

    essas formas-mentais de Deus, perce4emos a matéria, pois, uandoolhamos

    para a frente, para a reuni#o com le, a matéria desaparece e d! lugar ao

    spirito.

    UT

    cia da vi4raç#o aumenta, ouvimos seu som. +as su4stFncias de outras

    espécies, capa=es de suportar impulsos vi4rat>rios maiores, manifestam-se

    por uma aç#o mais intensa, seguindo-se ao som o calor, e depois a lu=.*ois 4em, a lu= varia de cor. A primeira cor produ=ida é o vermelho e, a

    partir daE, aumentando-se constantemente a energia vi4r!til, o alaranjado,

    o amarelo, o verde, o a=ul, o Endigo, o violeta, cada fai5a do espe