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CENTRO UNIVERSITÁRIO RADIAL ENGENHARIA AMBIENTAL BÁRBARA GALLI EDEMIR ZANATTA FELIPE AGUILAR FLAVIO FERREIRA HELENA UENO ORLANDO REIMÃO PEDRO PEREZ RENATA MENEZES PEROXIDÁVEIS

PI 6° Semestre - Peroxidáveis

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Page 1: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

CENTRO UNIVERSITÁRIO RADIAL

ENGENHARIA AMBIENTAL

BÁRBARA GALLIEDEMIR ZANATTAFELIPE AGUILAR

FLAVIO FERREIRAHELENA UENO

ORLANDO REIMÃOPEDRO PEREZ

RENATA MENEZES

PEROXIDÁVEIS

São Paulo

2011

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BÁRBARA GALLIEDEMIR ZANATTAFELIPE AGUILAR

FLAVIO FERREIRAHELENA UENO

ORLANDO REIMÃOPEDRO PEREZ

RENATA MENEZES

PEROXIDÁVEIS

Trabalho de Projeto Integrado apresentado à

ESTÁCIO/ UNIRADIAL, no curso de

Engenharia Ambiental, como requisito parcial

para conclusão de semestre.

Orientador:

MSC Cristian Amaral S. Menezes

São Paulo

2011

Page 3: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

RESUMO

Quando é mencionado o termo substância química, uma diversidade se esconde sobre esta denominação. Muitas pessoas não reconhecem a necessidade de aprofundar-se sobre o termo “substância química”. Dentro da vasta lista de substâncias, existem algumas que apresentam características únicas quando relacionamos segurança dentro de laboratórios. E principalmente, quando o assunto a ser estudado é o seu descarte.Atualmente, com o crescimento da preocupação ambiental, diversas instituições, governos, ONGs e sociedade, trabalham em conjunto para a mitigação das ações negativas aos impactos no meio ambiente. O descarte de resíduos químicos, atualmente faz parte dos grandes geradores da poluição das águas e solos. Este trabalho foi elaborado com a finalidade de divulgar os cuidados no manuseio de substâncias peroxidáveis e suas características químicas e principalmente o descarte deste material, que faz com que seja considerada uma substância química mais que especial, dentre as demais existentes, e o processo de gerenciamento de resíduos dentro do Centro Universitário Estácio.

Palavras Chave: peroxidáveis, substâncias químicas, descarte, resíduos.

Page 4: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................4

1.1 SEGURANÇA EM LABORATÓRIO................................................................................................................51.1.1 A INFORMAÇÃO ALIADA A SEGURANÇA...............................................................................................51.2 TIPOS DE PERÓXIDOS E PERIGOS..............................................................................................................51.3 ARMAZENAMENTO.....................................................................................................................................71.4 IDENTIFICAÇÃO / ROTULAGEM...............................................................................................................10

2. DESCARTE DE PERÓXIDO..............................................................................12

3. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS..................................................................14

4. CONCLUSÃO.....................................................................................................21

referências BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................22

3

Page 5: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

1. INTRODUÇÃO

Peróxidos são compostos químicos que possuem ligação -O-O- na molécula.

Quase todos os peróxidos são foto e termicamente sensíveis em razão da ligação {-

O-O-} ser muito fraca e, portanto facilmente rompida. Esta característica é

responsável pelo grande risco representado por este tipo de substância química.

Alguns solventes e agentes químicos em especial, possuem a propriedade de

reagir com o oxigênio do ar dando origem a peróxidos instáveis, que podem explodir

violentamente quando são concentrados por evaporação ou destilação, submetidos

ao aquecimento, choque ou fricção. São estas as substâncias referidas neste texto

como substâncias peroxidáveis.

O objetivo deste trabalho é contribuir na prevenção de acidentes envolvendo

estas substâncias, apresentando uma proposta de programa de controle de

substâncias peroxidáveis e que inclui critérios para rotulagem, armazenagem,

controle periódico de material estocado e formas seguras de descarte, sem a

pretensão de esgotar o assunto.

As atividades desenvolvidas no laboratório de pesquisa empregam

substâncias e produtos de diversas classes. Entre eles estão os considerados

perigosos por apresentarem características como inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade estabelecidas pela norma NBR 10.004 da ABNT - Associação

Brasileira de Normas Técnicas, que oferecem risco potencial aos seres vivos e/ou ao

ambiente.

Resíduo químico: neste grupo estão incluídos diversos produtos como:

substâncias e produtos químicos rejeitados (vencidos ou em desuso), os resíduos

provenientes de aulas práticas ou projetos de pesquisa. Algumas substâncias

químicas e misturas de produtos químicos são consideradas resíduos perigosos pela

Agência de Proteção Ambiental norte-americana (Environmental Protect Agency –

EPA). Mesmo que um resíduo químico não se encontre entre os citados pela EPA,

mas possua uma ou mais das seguintes características: ignitividade, corrosividade,

reatividade ou toxicidade, deve ser considerada resíduo perigoso, segundo a NBR

10.004.

4

Page 6: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

1.1 Segurança em laboratório.

1.1.1 A informação aliada a segurança.

Toda e qualquer atividade em laboratórios, exige atenção e muitos cuidados

para a execução das tarefas pertinentes. Não deixa de ser comum a ocorrência de

acidentes e incidentes provocados pela falta de atenção/informação na execução de

um determinando experimento ou na adequação durante o armazenamento,

transporte e descarte das substâncias químicas utilizadas em laboratórios.

Segurança é o que define tudo o que podemos agregar quando falamos em

necessidade/exigência no laboratório. Todo mundo já deve ter sofrido ou deve

conhecer alguém que tenha sofrido algum tipo de acidente (leve ou grave) com

alguma substância química (seja dentro de um ambiente empresarial ou doméstico).

A segurança dentro de um laboratório, está muito além da prática do

conhecimento pelo analista/assistente. É preciso ações que auxiliem na segurança

durante a execução de uma atividade laboratorial, sendo elas: a prática correta do

armazenamento até o descarte final do resíduo gerado durante as atividades.

Quando falamos sobre peroxidáveis, os acidentes tornam-se mais graves e as

ações para a prática de segurança ficam mais exigentes. Por serem normalmente

termoinstáveis, representam risco de explosão durante a armazenagem ou

destilação. A necessidade da identificação correta dos frascos de peroxidáveis,

permite o conhecimento do tipo de risco que determinada substância apresenta.

1.2 Tipos de peróxidos e perigos

Antes de identificar o frasco como substância peroxidável, é preciso ter um

conhecimento mais detalhado sobre o tipo e o perigo associado á susbtância. Dentro

da classe peroxidável, existem diversas divisões de tipos de susbtâncias, conforme

sua “sensibilidade” em reações naturais durante o seu manuseio.

O derivado de peróxido é formado a uma reação de oxidação, que envolve a

formação de radical livre, que necessita da presença de oxigênio e catalisadores,

como: traços de metais, peróxidos, luz e calor. Veja na tabela abaixo os tipos de

estrutura química que propiciam a formação de peróxidos.

Tabela 1. Estruturas passíveis de peroxidação.

5

Page 7: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

Substâncias Orgânicas

6

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1

Éteres, com átomo de hidrogênio

em α (etílico, isopropílico).

7

Vinil acetilenos com átomo de

hidrogênio em α (diacetileno,

vinilacetileno)

2

Acetais com átomo de

hidrogênio em α (acetal,

benzilacetal)

8

Alquilacetilenos com átomo de

carbono em alfa (3-metil-1-

butino)

3

Olefinas com hidrogênio alílico

(butileno, ciclohexeno)

9

Hidrocarbonetos

alquilaromáticos, que contém

átomo de hidrogênio ligado à

carbono terciário

(isopropilbenzeno)

4

Cloro e flúorolefinas

10

Alcanos e cicloalcanos que

contém átomo de hidrogênio

ligado à carbono terciário(etil-

ciclo-hexano)

5

Haletos, ésteres e éteres

vinílicos (cloreto de vinilideno,

cloreto de vinila, acetato de

vinila)

11

Acrilatos e metacrilatos

(metilmetacrilato, acrilonitrila)

6

Dienos (butadieno, cloroprene)

12

Álcoois secundários (álcool

secbutílico, difenilmetanol)

13

Aldeídos (benzaldeído)

15

Uréias, amidas, lactamas que

tem um átomo de hidrogênio,

ligado a um carbono, por sua

vez ligado a um nitrogênio (N-

etilcetamida, N-

isopropilacetamida)

14

Cetonas contendo um hidrogênio

em α (diiso-propil cetona, MEC)

Substâncias Inorgânicas Substâncias Organometálicas

1-metais alcalinos (especialmente

potássio, rubídio e césio)

1-compostos com um metal ligado ao

carbono (iodeto de metil magnésio, butil lítio)

2-amidas metálicas (sodamida) 2-alcoóxidos metálicos (isopropóxido de

7

Page 9: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

sódio)

Todas as substâncias que possuem os tipos de estrutura apresentados na

tabela acima, devem ser consideradas como formadoras potenciais de peróxidos,

variando consideravelmente conforme os grupos químicos ligados entre si.

As estruturas orgânicas 1 a 11 da Tabela 1 indicam alta possibilidade de

explosão. As estruturas 12 a 14 representam menor possibilidade, e não se tem

notícia de explosões com as substâncias da estrutura 15, embora sejam passíveis

de formar peróxidos. Peróxidos de metais alcalinos e de alcoóxidos tem sido

responsáveis por muitas explosões. Muitos éteres, por exemplo, que tem dois

grupos alquilas ligados ao átomo de oxigênio rapidamente se peroxidam e

representam risco significativo. Em contraste, éteres tendo um grupo aromático

ligado ao átomo de oxigênio, geralmente, não peroxidam sob condições normais e

podem ser manuseados sem todas as preocupações necessárias para os

compostos peroxidáveis.

1.3 Armazenamento.

Antes mesmo de se destacar o descarte de substâncias peroxidáveis, é

preciso saber que existem algumas substâncias químicas que formam peróxidos

durante seu armazenamento, mesmo que não sejam submetidas a aquecimento ou

sejam concentradas por qualquer processo. Com isso, a necessidade de controlar e

acompanhar o processo de armazenagem destas susbtâncias é essencial para a

segurança. A formação e o consequente aumento de concentração de peróxido em

uma substância em particular, é um balanço entre suas velocidades de formação e

de decomposição, nas condições em que ela é armazenada. Veja na tabela abaixo,

uma breve relação de substâncias que formam peróxidos durante seu

armazenamento e a periodicidade de avaliações que devem ser realizadas, para

controle.

Tabela 2. Substâncias químicas que forma peróxidos durante o

armazenamento.

Lista A. Tarja Vermelha(três meses) *

Lista B. Tarja Amarela(seis meses) *

Lista C. Tarja Amarela

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Page 10: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

Risco de peroxidação na estocagem

Risco de peroxidação na evaporação ou quando

concentrado

Risco de polimerização iniciada pela formação de peróxidos¹

Amida potássica¹

Amida sódica

Cloreto de vinilideno

Divinilacetileno

Éter isopropílico

Potássio metálico

Acetal

Ciclohexeno

Ciclopenteno

Cumeno

Decahidronaftaleno (decalina)

Diacetileno

Diciplopentadieno

Dioxano

Éter dimetílico do dietileno glicol

Éter dimetílico do etileno glicol

Éteres acetatos de etileno glicol

Éter etílico

Éteres vinílicos ¹

Furano

Monoéteres do etileno glicol

(celosolve)

Metil acetileno

Metilciclopentano

Metil isobutil cetona

Tetrahidrofurano

Tetrahidronaftaleno (tretalina)

Lista C-1 normalmente líquidos²(seis meses) *

Acetato de vinila

Ácido acrílico

Acrilonitrila

Cloroprene (2-cloro-1,3 butadieno)

Estireno

Vinilpiridina

Lista C-2 normalmente gases**(doze meses) *

Butadieno³

Cloreto de vinila

Tetrafluoretileno ³

Vinilacetileno ³

1- O monômetro pode polimerizar e deve ser estocado com um inibidor de polimerização do qual o monômetro pode ser separado por destilação antes do uso.2- Embora os monômetros acrílicos comuns tais como acrilonitrila, ácido acrílico, acrilato de etila e metil metacrilato possam formar peróxidos, não têm sido registrados o desenvolvimento de níveis perigosos em condições de estocagem e uso normais.3- O risco de formação de peróxidos nestes compostos é aumentado quando são estocados na fase líquida. Se estocados dessa forma, sem inibidor, devem ser classificados na lista A.*- período de tempo, após a abertura do frasco, no qual deve ser testada a presença de peróxido.**-o risco para estes compostos aumenta quando são transferidos do frasco original para outros frascos, que podem conter ar residual.

A lista A apresenta exemplos de substâncias que formam peróxidos

explosivos mesmo que não sejam submetidas a aquecimento, ou seja, concentradas

por qualquer processo. Estas devem ser analisadas quanto ao seu teor de peróxido,

pelo menos, a cada três meses após a abertura do frasco. A lista R e constituída de

9

Page 11: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

substâncias que produzem peróxidos perigosos somente quando ocorre evaporação

ou são submetidos à destilação; nesses casos ocorre concentração dos peróxidos

eventualmente formados. A lista C refere-se a monômeros vinílicos que, com a

decomposição, podem iniciar uma polimerização explosiva. Produtos pertencentes

às duas últimas listas devem ser testados pelo menos a cada seis meses após a

abertura do frasco, com exceção dos pertencentes à lista C2, que devem ser

testados a cada doze meses.

É importante lembrar que quanto mais volátil o composto peroxidável, mais

fácil ocorre à concentração do peróxido. Outra observação importante é que

compostos puros estão mais sujeitos a acumular peróxidos porque as impurezas

podem inibir a formação ou catalisar a sua decomposição.

Todos os compostos peroxidáveis devem ser considerados como produtos

contendo peróxidos em concentrações variáveis e devem ser avaliados

rotineiramente nos períodos de tempo indicados na Tabela 2, antes do uso e de

destilação. Se não for detectada a presença de peróxidos, a substância pode ser

guardada, com o rotulo devidamente reformulado. Se for detectada visualmente a

presença de peróxidos, deve-se descartá-la como material explosivo. Em especial

as substâncias pertencentes à lista A devem ser descartadas com extremo cuidado.

Caso contrário, devem ser tratadas para remoção do peróxido, reembaladas e

rotuladas adequadamente.

Além de identificar o tipo de peróxido para determinar o controle de

armazenamento, é necessário avaliar a incompatibilidade de determinadas

substâncias químicas com os peróxidos. Desta forma, o armazenamento das

substâncias químicas é realizado com maior segurança. Veja na tabela abaixo, uma

breve relação de algumas substâncias incompatíveis com peróxidos.

Tabela 3. Incompatibilidade de produtos químicos para fins de

armazenagem.

Reagente Incompatibilidade

Ácido AcéticoÁcido Nítrico conc., Ácido Perclórico, Ac. Sulfúrico conc., Ácido

Crômico, Peróxidos, Permanganatos e Nitratos.

10

Page 12: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

Anilina Ácido nítrico, Peróxido de Hidrogênio.

Cobre (metálico) Peróxido de Hidrogênio, Acetileno.

Éter etílico Ácidos (nítrico e perclórico), Peróxido de Sódio, Cloro e Bromo.

Etileno glicolÁcido Perclórico, Ácido Crômico, Permanganato de Potássio,

Nitratos, Bases fortes e Peróxido de Sódio.

Formaldeído Peróxidos e oxidantes fortes, Bases fortes e ácidos.

Hidrocarbonetos (Hexano,

Tolueno, GLP etc.)

Ácido Crômico, Peróxidos, Flúor, Cloro, Bromo, Percloratos e

outros oxidantes fortes.

Hidróxido de Amônio Ácidos, Oxidantes fortes, Peróxidos, Cloro e Bromo.

Líquidos Inflamáveis (álcoois,

cetonas etc.)

Ácido Nítrico, Nitrato de Amônio, Peróxidos, Hidrogênio, Flúor,

Cloro, Bromo e Óxido de Cromo (VI)

Peróxido de HidrogênioAlcoóis, Anilina, Cloreto Estanhoso, Cobre, Cromo, Ferro, sais

metálicos, Nitrometano e líquidos inflamáveis.

Peróxido de SódioÁcido ou Anidrido Acético, Etanol, Metanol, Etileno glicol,

acetatos orgânicos, Benzaldeído e Furfural.

1.4 Identificação / Rotulagem

Todos os compostos peroxidáveis devem ser convenientemente rotulados tão

logo cheguem ao laboratório, ou seja, sintetizados. O rótulo deve conter a indicação

de que o composto peroxidável, a data de recebimento, a data de abertura do

frasco, data para descarte ou próximo teste de detecção de peróxidos. O "National

Safety Council" sugere, ainda, que os compostos da lista A da Tabela 2 ou outros

compostos que representam risco de estocagem recebam rótulo vermelho com

letras brancas ou amarelas. Devem conter os dizeres "descartar ou testar no prazo

de 3 meses após a abertura". Para os compostos das listas B e C ou outros

similares, usar rótulo amarelo com letras vermelhas e os dizeres "descartar ou testar

no prazo de 6 meses (ou 12 meses conforme o caso) após a abertura". As Figuras 1

e 2 apresentam sugestões de rótulos com base nas informações citadas acima e

proposta pelos autores desta publicação.11

Page 13: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

Figura 1. Rotulagem peroxidáveis para lista B e C

Figura 2. Rotulagem peroxidáveis para lista A e outros compostos

Esta proposta de rotulagem não substitui outras informações importantes que

devem constar no rótulo dos produtos e que se referem às suas outras

características, tais como ser inflamável, explosivo, tóxico, nocivo, corrosivo etc.,

assim como outras recomendações para seu uso.

Além da identificação por rótulo do tipo de substância, é necessário que

esteja disponível em local de fácil acesso, a Ficha de Informação de Segurança de

Produto Perigoso (FISPQ) de cada substância que esteja confinada em

armazenamento para futuro uso em laboratório. Este documento de caráter

individual para cada tipo de substância apresenta informações relevantes na hora de

tratar acidentes pessoais e ambientais com determinada substância. Desta forma, a

ação de contenção do acidente será de forma mais rápida e segura, já que cada

produto perigoso possui características individuais para ações contra incêndios, por

exemplo.

12

Page 14: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

2. DESCARTE DE PERÓXIDO

Assim como qualquer atividade, o laboratório gera resíduos provenientes de

restos de amostras, análises, métodos, podendo ser líquido (aquosos e orgânicos)

ou sólidos, além de gases e vapores das reações, etc. Esses resíduos devem ser

considerados como “lixos” de caráter especial, ou seja, não é qualquer procedimento

de descarte do material que é aceito ou deve ser usado para a destinação final do

resíduo, para isso, é preciso seguir rigorosamente as legislações aplicáveis ao tipo

de estado (ou forma) do resíduo.

Independente do tipo de resíduo químico, algumas regras básicas porém

fundamentais são passivas de serem aplicadas:

- Não se deve jogar fora nenhum tipo de resíduo sem antes verificar o local

adequado para faze-lo;

- Para cada tipo de resíduo, em função de sua composição química, existe

uma preocupação quanto a sua eliminação;

- A pia não deve ser fonte de descarte para resíduos corrosivos concentrados.

Só podem ser descartados depois de diluídos ou neutralizados;

- Alguns resíduos, como os inflamáveis, não devem ser descartados em

esgotos, terrenos vazios, etc.

Antes do resíduo ser estudado para um descarte adequado, é preciso que a

coleta deste material seja realizada de forma correta, para que a destinação não

seja prejudicada. Deve-se respeitar o tipo de recipiente e tamanho adequado e

aceito para o descarte. Os coletores, devem ter alta vedação, serem confeccionados

de material estável e dentro do padrão exigido. Todos os coletores devem estar

devidamente identificados com o tipo de resíduo existente ou o resíduo que pode

receber. Esta identificação deve conter as informações básicas já citadas neste

trabalho, no item Identificação/ Rotulagem.

O peróxido, por ser uma substância perigosa, não pode ser desartada em

ralos e pias, ou diretamente em esgostos, como acontece com algumas substâncias

consideradas comuns. Para seu descarte, é preciso que ele seja diluído, jamais em

sua composição pura. É indicado que seja separada pequenas quantidade de até 25

gramas, diluídas em água, para descarte em um frasco de polietileno, contendo

13

Page 15: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

concentração aquosa de um agente redutor, como sulfato ferroso ou bissulfito de

sódio. Desta forma, o resíduo pode ser manuseado com segurança, porém não pode

sofrer mistura com qualquer outra substância /resíduo que não seja usada como

agente redutor. Para as quantidades acima de 25 gramas de peróxido, requer um

manuseio especial, sendo cada caso considerado separadamente.

Para compostos cristais, pelo observação visual, apresenta formação de

cristais, liquido visgoso no fundo do frasco ou armazenado por muito tempo, podem

conter alta concentração de peróxido. Quando encontrado resíduos nestas

condições, o produto deve ser considerado perigoso e não se deve agitar ou abrir o

frasco, pois pode provocar explosão. O descarte deve obedecer os procedimento

igual ao recomentado para produtos que detonam por fricção ou choque. Uma das

formas recomendadas para descarte, nesta situação, é por detonação em campo

aberto.

Para os solventes nos quais foram identificadas a presença de baixos teores

de peróxidos, pode-se utilizar o método de incineração individual. Devem ser

mantidos em seus frascos originais e não pode sofrer mistura de outras substâncias.

Porém caso o teor de peróxido seja em alta concentração, o solvente deve ser

diluído com o mesmo solvente (livre de peróxido) ou com um solvente em ponto de

ebulição mais elevado, como o dimetilftalato.

Em todos os casos apresentados, deve-se utilizar os equipamentos de

proteção individual (EPI) e avaliar se os equipamentos de proteção coletiva (EPC)

estão disponíveis e sofreram manutenção. Somente com segurança e a informação

correta que o descarte de produtos químicos poderá ser realizado. Além disso,

treinamentos periódicos devem ser realizados para a prática segura dos

procedimentos, além de atualização periódica das legislações vigentes para o tipo

de procedimento utilizado para o descarte do resíduo.

Mesmo durante o processo de transporte dos recipientes para descarte final,

é preciso ter cuidado com as incompatibilidade das substâncias existentes em cada

frasco, pois independente de estarem dentro de recipientes seguros, um acidente no

trajeto pode ser agravado com a reação de substâncias incompatíveis.

Uma das normas regulamentadoras que pode ser indicada para a correta

ação de transporte, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos é a

NBR 7500, onde estabelece a simbologia convencional e seu dimensionamento para

14

Page 16: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

produtos perigosos, a ser aplicada nas unidades de transportes e nas embalagens, a

fim de indicar os riscos e os cuidados a serem tomados, de acordo com a carga

contida.

Podemos citar também a norma regulamentadora NBR10004, onde classifica

os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde

pública, para que possam ser gerenciados adequadamente.

Além disso, temos a Resolução CONAMA 023/1996, que dispões as

definições e o tratamento a ser dado aos resíduos perigosos, conforme as normas

adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o controle de movimentos

transfrontreiçeiros de Resíduos perigosos e seu depósito.

3. Gerenciamento de Resíduos

Programas de Gerenciamento de Resíduos Químicos Laboratoriais vêm

sendo implantados em várias universidades do país e do mundo, em

reconhecimento à necessidade de alterar a realidade de descaso para com o

ambiente, associado à responsabilidade objetiva do gerador e, principalmente, à

consciência de sustentabilidade.

A implementação e manutenção de um Programa de Gerenciamento de

Resíduos Químicos Laboratoriais demanda a adoção de três conceitos importantes,

os quais orientarão as atividades a serem desenvolvidas no desenrolar do programa.

O primeiro conceito importante é o de que gerenciar resíduos não é sinônimo de

“geração zero de resíduo”. Ou seja, o gerenciamento de resíduos busca não só

minimizar a quantidade gerada, mas também impõe um valor máximo na

concentração de substâncias notadamente tóxicas no efluente final da unidade

geradora, tendo como guia a Resolução CONAMA 20. O segundo conceito diz que

só se pode gerenciar aquilo que se conhece, e assim sendo, um inventário de todo o

resíduo produzido na rotina da unidade geradora é indispensável. O terceiro

conceito importante é o da responsabilidade objetiva na geração do resíduo, ou seja,

o gerador do resíduo é o responsável pelo mesmo, cabendo a ele sua destinação

final.

Para a implementação de PGRL é preciso de uma hierarquia de prioridades

seja seguida, ou seja, um plano de ação seja praticado de forma que todas as

15

Page 17: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

tarefas pertinentes ao programa realmente aconteçam. Abaixo, veja um quadro onde

apresenta as ordens de atividades (conforme suas prioridades dentro do programa)

e uma breve explicação sobre o objetivo desta atividade.

Tabela 4. Levantamento de prioridades nas atividades de implantação de

PGRL.

Atividade Ação Objetivo

Prevenção de geração de

resíduos

Modificação do processo ou

método analítico.

Evitar o desperdício de matéria

(substâncias químicas, água,

etc) diminuindo a geração de

resíduos

ReaproveitamentoReciclagem, recuperação ou

reutilização.

Evitar o desperdício de matéria

(substâncias químicas, água,

etc) diminuindo a geração de

resíduos

TratamentoNeutralização de resíduos para

descarte

Segurança na estocagem e

manuseio de frascos com

resíduos

Disposição Descarte corretoAdequação as normas

ambientais/laboratoriais

Muitas vezes, a escala de prioridades do programa (evitar → minimizar →

reaproveitar → tratar → dispor) é observada no sentido contrário, inviabilizando a

prática da atividade. Mesmo que importante a necessidade de se trabalhar a

disposição correto dos resíduos gerados, mais importante ainda é a diminuição da

geração deste resíduo (que poderia ter sido alcançada nas etapas anteriores),

afirmando, desta forma, a ordem correta das ações.

Na avaliação realizada no laboratório de química do Centro Universitário

Estácio Jabaquara, foi identificada a necessidade de implantação de um PGRL.

Na execução da pesquisa de campo, alguns pontos chaves foram observados

e posteriormente estudados para a implantação do programa, veja abaixo:

Tabela 4. Aspectos visuais do laboratório de química.

Registro fotográfico Problema apresentado

16

Page 18: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

Ausências de numeração e/ou

identificação dos armários,

dificultando o reconhecimento do

material armazenado.

Disposição irregular de cadeiras,

obstruindo passagens e dificultando a

movimentação no laboratório

17

Page 19: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

Capela usada como depósito de

materiais e frascos de substâncias

incompatíveis.

Banca de trabalho obstruída por

vidrarias usadas

Frascos com substâncias vencidas,

aumentando as chances de

incidentes/acidentes durante a execução

de estudos.

Além dos problemas apontados na tabela acima, também não foi identificado

o uso de bombonas para o acondicionamento dos resíduos gerados, sendo

18

Page 20: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

descartados diretamente nas pias do laboratório. E não existe identificações básicas

de sinalização de segurança na prática de atividades laboratoriais, como uso de

avental e outros EPIs considerados necessários na práticas destas atividades.

Como já apresentado neste trabalho, para que se possa realizar atividades

em segurança com o uso de substâncias peroxidáveis (e também com outras

substâncias químicas), se faz necessário a correção dos problemas apresentados e

a implantação de um PGRL atrelado a educação ambiental.

Entende-se que existem dificuldades na implementação de um programa,

sendo os principais a necessidade de investimento em infra estrutura e a educação

de alunos e docentes na necessidade de renovar as práticas realizadas. Desta

forma, as ações que serão apresentadas para correção dos problemas levantados,

não exigem um custo elevado de investimento, sendo em sua maioria o investimento

de re-educação nas práticas estabelecidas.

Tabela 5. Levantamento de ações de correção.

Problema apresentado Ação corretiva Ação preventiva

Ausências de numeração

e/ou identificação dos

armários, dificultando o

reconhecimento do material

armazenado.

Identificação visual dos

armários, conforme material

existente

-Levantamento dos ativos

existentes no local;

-Criação de identifcação

padrão;

-Correção na identificação

dos armários;

Disposição irregular de

cadeiras, obstruindo

passagens e dificultando a

movimentação no laboratório

Orientação do Docente, no

final de cada atividade, para

dispor as cadeiras de forma

enfileirada próximo aos

armários

Criação de um layout de

organização do laboratório,

para ser fixado no local de

forma a orientar a entrega

do laboratório no final de

cada atividade.

Capela usada como depósito

de materiais e frascos de

substâncias incompatíveis.

Sinalização local informando

o perigo de se “armazenar”

materiais dentro da capela

Criação de um procedimento

de laboratório para

identificação e orientação

das principais regras de

segurança

Banca de trabalho obstruída

por vidrarias usadas

Orientação aos Docentes em

instruir os alunos para a

Criação de item de práticas

de organização no

19

Page 21: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

limpeza do material usado procedimento do laboratório

Frascos com substâncias

vencidas, aumentando as

chances de

incidentes/acidentes durante

a execução de estudos.

Reconhecimento visual das

substâncias vencidas, sendo

separadas para posterior

descarte

-Controle laboratorial de

identificação de frascos de

substâncias

-padronização na rotulagem

-criação de quadro de

incompatibilidade

Não existem bombonas para

descarte- -Implementação do PGRL

Não existe sinalização de

práticas de segurança

Fixação de orientações de

uso de EPIs e práticas

báscias de segurança

Criação de item de

Segurança / sinalização no

procedimento do laboratório

As ações corretivas apresentadas, são ações de ação práticas e rápida,

apenas para controlar a situação de forma a evitar a geração de futuros

incidentes/acidentes dentro do laboratório.

A implementação de um programa de gerenciamento de resíduos de

laboratório, permitirá que a prática da educação ambiental seja desenvolvida e

realizada pelos alunos e docentes da instituição. As ações apresentadas não exigem

um investimento de infra-estrutura alto, sendo muito mais necessário a revisão das

práticas adotadas e a criação de uma gestão de controle do laboratório.

Resumindo as ações apresentadas, abaixo segue as 7 principais

recomendações para a implementação do programa:

1) É imprescindível que o responsável pelo resíduo seja o gerador.

2) Deve-se respeitar a uma hierarquia de gestão que priorize: evitar a geração

e/ou minimizá-la, reaproveitar os resíduos inevitavelmente gerados, tratar e dispor.

3) A correta segregação dos resíduos em classes de compatibilidade.

4) O armazenamento dos resíduos nos laboratórios deve ser realizado em

recipiente apropriado, hermeticamente fechado, de capacidade volumétrica

reduzida, corretamente identificado e em condições seguras.

5) A etapa de tratamento dos resíduos pode ser realizada dentro ou fora da

unidade em consonância com a legislação vigente.

6) As operações devem ser procedidas dentro de condições ideais de

segurança.

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Page 22: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

7) O treinamento de pessoal, a divulgação e a realização de qualquer tipo de

ação educacional são decisivos para o sucesso de um PGRL.

É importante reforçar, quanto às sugestões propostas, que a segregação ou

separação e rotulagem (identificação) dos resíduos, são as medidas mais

relevantes, e que sem elas toda a implementação se inviabiliza, transformando um

resíduo conhecido e de fácil destinação, em um passivo incógnito, acarretando em

misturas muitas vezes ainda mais perigosas e cujos tratamentos se tornam inviáveis.

Esta condição intensifi ca ainda mais a necessidade de que essas prá-ticas devem

ser conduzidas respeitando rígidos padrões de segurança.

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Page 23: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

4. CONCLUSÃO

Sempre quando o trabalho envolve o uso de substâncias químicas, é preciso

reconhecer suas características físico-químicas, como toxididade e reatividade, por

exemplo. Quanto ás substâncias peroxidáveis, o levantamento de estudo sobre suas

características, deve incluir ainda mais informações como a identificação dos

compostos peroxidáveis (que podem ser desde reagentes até matérias-primas).

Os peróxidos representam risco de explosão durante a armazenagem ou

destilação, pelo fato de serem normalmente termoinstáveis, podendo representar

diferentes graus de riscos quando não são devidamente reconhecidos e utilizados

em diferentes situações.

Reconhecer as condições que permite a formação de peróxido é o passo

inicial para a prevenção de acidentes, sejam eles de pequena ou grande escala, pois

existem diversas condições, normalmente não apresentadas nos procedimentos

usuais de levantamento de risco, que contribui para tal formação.

Porém, entende-se também que pouco adianta o reconhecimento das

condições favoráveis á formação de peróxido, se o laboratório ou local de trabalho

não permite que as práticas de segurança básica estejam inseridas no local.

Para o descarte de peróxidos, é preciso que o local de trabalho tenha um

princípio mínimo de Gestão de resíduos, para que a execução desta atividade seja

realizada com todos os ascpetos necessários de segurança pessoal e ambiental.

Mesmo assim, independentemente das práticas realizadas durante o

processo de descarte e manuseio, o foco principal na prevenção de formação

peróxidos está na armazenagem dos frascos de substâncias químicas que são

favoráveis na formação de peroxidáveis.

Portanto, entende-se que comparando com um programa de gestão de

resíduos, a ordem para a prevensão da formação de peróxidos segue a mesma linha

de objetivos e ações: antes de se trabalhar o seu descarte, é preciso minimizar a

geração de resíduos. Neste caso, minimizar a formação de peróxidos, trabalhando

corretamente a disposição dos frascos durante o armazenamento.

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Page 24: PI 6° Semestre - Peroxidáveis

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. FUNDACENTRO Ministério do Trabalho e Emprego: Substâncias Peroxidáveis. 1999. São Paulo 62p.

Conselho Regional de Química – IV Região. Minicursos 2008: Segurança em Laboratório Químico. 2009. Campinas 83p.

UNESP. Manual de Segurança em laboratórios: Manual de Segurança do Instituto de Química 2008. Araraquara.

UNICAMP. Comissão de Segurança e Ética Ambiental Instituto de Química Gerenciamento de Resíduos Sólidos: Normas de Gerenciamento de Resíduos Químicos do Instituto de Química da UNICAMP. 2005. Campinas

Universidade Estadual de Maringá. Manual de segurança para usuários de produtos químicos perigosos: Proresiduos UEM 2006. Maringá

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Coleta de Resíduos de Laboratóriosdo IMA-UFRJ: Manual de informações sobre segurança, recolhimento e descarte de resíduos químicos nos laboratórios de pesquisas. Rio de Janeiro

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500; Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro, 2004. 59p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004; Resíduos Sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 77p.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CONAMA 23; Definições e tratamentos a ser dados aos resíduos perigosos, conforme Convenção da Basiléia.. 1996. 28p.