9
ESPECIAL : 0 DIA EM QUE A GLOBO NASCE U - Pi °» jornalismo ecomunicação Paulo Francis, o maio r polemista do Brasil, enfrent a uma avalanche d e críticas de suas vítima s Empresa s O BOM NEGOCI O DO VIDEO Economia O GOVERNO ENROLA

- Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

ESPECIAL : 0 DIA EM QUE A GLOBO NASCE U

- Pi °» jornalismo ecomunicação

Paulo Francis, o maiorpolemista do Brasil, enfrenta

uma avalanche d ecríticas de suas vítimas

EmpresasO BOM NEGOCIO

DO VIDEO

EconomiaO GOVERNO

ENROLA

Page 2: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

Brasil

Lord Francis nocaldeirão dos nativos

O maior polemista do Brasil enfrenta uma fort eonda de críticas e, depois de ano s

no estilingue, descobre a dureza de ser vidraç a

28

esponda sem pensar : o que vocêdiria de um homem de temperament oameno, gentil e refinado, que abre a portade automóveis para senhoras e tem gati-nhos de estimação, e que, quando exerceseu ofício de jornalista, se transforma -na visão de muita gente - num monstrocruel, uma personalidade satânica, umnarcisista cínico que não hesita em emiti ros piores juízos sobre pessoas sérias e quefaz picadinho delas com as palavras mai sagressivas que encontra? Você diria qu ese trata de um louco com dupla personali -dade? Apenas um comentarista usufru-indo de seu direito à livre expressão? Ou ,talvez, um gozador incorrigível ?

Qualquer que seja a sua opinião, ocidadão carioca Franz Paul Trannin daMatta Heilborn - ou Paulo Francis, comose autobatizou para a vida pública - jáouviu coisa parecida . Ou ainda pior .Estrela de primeiríssima grandeza daImprensa brasileira dos anos 60, habi-tante de um Olimpo particular que crio upara si em Nova York, onde se "exilou "em 1971, Francis acostomou-se a ser u mmito do qual se diz quase tudo e ele já nã ovê nenhuma novidade nisso . Novomesmo, em sua vida, é o fato de que omito, antes intocável, agora parece jáestar ao alcance dos críticos . E seus ad-versários, que ele sempre esmagou co mdesdém, agora parecem ter força para lhecausar embaraços.

"Pena venenosa" - Nos último stempos, de fato, aumentou consideravel-mente a lista de inimigos de Paulo Francis .Nos setores de esquerda brasileiros, ondeele foi idolatrado até o início da década,hoje é odiado e, pior, raramente lido.Embora ele mantenha o segundo índicede preferência entre os leitores da Folha

de S. Paulo, perdeu a liderança paraJoelmir Beting e cresce notavelmente onúmero de pessoas que dizem ter abando-nado a leitura de seus textos . Mas os quelêem não necessariamente gostam e écada vez maior o volume de cartas con-trárias a Paulo Francis que abarrota ascaixas de correio da Folha . No meio jor-nalístico, para complicar, a palavr a"decadência" já circula com insistênci acada vez que o assunto é Francis .

Mas o pior são os ataques que ele

vem recebendo desde o final do ano pas-sado . A edição de dezembro do LatinAmerican Report, boletim do InstitutoJarkow para a América Latina, da Lig aAntiDifamação do B'Nai B'Rith - umarespeitada instituição sionista, ligada a opoderoso lobby judaico dos EstadosUnidos - circulou com um libelo vio-lento contra " a pena venenosa de Paul oFrancis", acusando-o de, "por mais deuma década, disseminar propaganda a n ti-semita, contra Israel e antiamericana" .Foi a primeira manifestação pública a n ti -Francis, fora do Brasil, de que se te mnotícia Aqui, por outro lado, o seu própriojornal encarregou-se de arranhara intoca -bilidade do mito, fazendo-o amargar doi sdissabores inéditos : teve trechos de u martigo censurados sem explicação préviae foi criticado duramente pelo ombudsma nCaio Túlio Costa, com o qual se engalfi-nhou num bate-boca que freqüentementedesceu a níveis abissais .

"Cronista dos tempos" - Apendenga começou logo após o primeiroturno da eleição presidencial, quando Cai oTúlio se propôs a explicar aos indignado sleitores petistas da Folha por que Franci steve tanto espaço no jornal para combate ra candidatura Lula - incluindo chamadasde capa para suas crônicas rotineiras d aFolha Ilustrada . Em artigo de 26 denovembro, o ombudsman enveredou po rconsiderações sobre o estilo de PauloFrancis, fazendo distinção entre seus arti -gos das páginas de economia ou inter-nacional, e as colunas da Ilustrada, qneressalvou . "Não se deve cobrar jorna-lismo nesse tipo de artigo que o Francisfaz", alertou Caio Túlio. "Ali ele é maiso Francis ficcionista, o cronista dos tem-pos. Diz besteiras e coisas sábias. Escrev e

APRRóA - MARÇO 1990

Page 3: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

o que muitos pensam e não ousam falarem voz alta . E preconceituoso, vulgar ,chuta alguns dados, é o Paulo Francis desempre - irreverente e destemido" .

A resposta de Francis não teve o spanos quentes que Caio Túlio procuro ucolocar em sua crítica . Em artigo na Ilus-trada de 30 de novembro, ele acusou Cai oTúlio de "ensinar jornalismo mal ao sjovens da Folha", de agir como caboeleitoral de Lula e de não ter "currículoou gabarito" para criticá-lo. "Mais umavez lustro uma obscuridade responden-do a um ataque, o que havia jurado nã omais fazer há anos " , lamentou Francis ."Mas não me incomodo de confessar qu eacho uma grande vileza, no meu própri ojornal, eu ser atacado de maneira tãofuleira e insolente por um colega e supostoamigo" .

"Ficcionista de jornal" - Os arti-gos seguintes, que liquidaram uma ami-zade de anos entre os dois contendores ,seguiram no mesmo tom. Numa fieira im-pressionante de insultos, Francis quali-ficou Caio Túlio de "canalha menor" ,"lagartixa pré-histórica", "bedel de jor-nal", "puxa-sacode Cláudio Abramo" egentilezas afins . Mais contido, mas nãomenos duro, Caio Túlio acusou Francisde "infantilismo tardio", insinuou suasemelhança com uma "barata descas-cada" e desfiou um rosário de defeitostécnicos no principal correspondentebrasileiro no exterior, a saber: 1) distorceos fatos; 2) não checa as informações queconsegue; 3) torce citações "até deShakespeare" ; 4) não consegue escreve rcerto palavras em francês ; 5) se mete afalar de assuntos que não domina ; 6) solta"teorias apocalípticas" na Folha paradesdizê-las nos comentários para a RedeGlobo; 7) pratica um "opinionismo "desenfreado . Por tudo isso, Caio Túli onão hesita em desqualificar Francis comojornalista, preferindo considerá-lo um"ficcionista de jornal" - por absurdoque isso possa parecer .

"Não acho exagerado dizer que elenão é jornalista", argumenta Caio Túlio ,35 anos, 12 de profissão . "Como om-budsman do jornal, tenho a obrigação deser rigoroso ; é a minha função . E se elenão tem os cuidados mínimos que um jor-nalista deve ter com a informação, nã opode ser considerado como tal . "Dentrodessa lógica, ele acredita que o episódio ,apesar de tudo, foi importante para aFolha . "Mais cedo ou mais tarde, alguémiria desmascarar o Francis e foi muito im -

ONRlrõA - MAItQD 1990

Page 4: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

portante que esse processo tenh acomeçado no próprio jornal", diz ele .

Suposta autonomia - Mas é poucoprovável que a direção da Folha endoss eessa avaliação . Ao contrário, o que s epôde captar em meio ao mutismo genera-lizado dos diretores foi uma grande preo-cupação com os danos da polêmica sobrea imagem do jornal . Além de nota ssarcásticas no jornal concorrente O Es-tado de S . Paulo, uma reportagem nega-tiva em Veja e a gozação num cartum dePaulo Caruso em Isto É/Senhor, a Folharecebeu uma bateria de cartas de seusleitores, a maioria protestando contra ostermos da briga. De 224 cartas recebidaspela sessão Painel do Leitor entre 12 defevereiro e 4 de março, 81 tratavam doassunto (71 contra Francis) . No mesmoperíodo, chegaram ao ombudsman 220cartas, das quais 52 sobre a polêmica(aqui, Francis também foi atacado pelamaioria: 44) .

Não é de estranhar, portanto, que adireção da Folha tenha decidido intervirno tiroteio, quando a temperatura subiudemais . Mas para isso precisou tomarmedidas bastante incômodas . CensurouPaulo Francis, cortando o trecho de u martigo onde ele ironizava o jornal por

"não ter um crítico interno" - exata -mente a função de Caio Túlio -, sob oargumento de manter a autoridade . Eagrediu a suposta autonomia de se uombudsman, ao obrigá-lo a parar apolêmica. A intervenção, aliás, pode te rgerado ela própria um conflito . Segundocomentários insistentes nos meios jor-nalísticos de São Paulo, o problema teri alevado os dois Otávio Frias - o pai, dire-tor-proprietário, e o filho, diretor de re-dação do jornal - a discutirem candente -mente a sua solução, com visões diferen-tes sobre o papel do ombudsman .

"Idealista brasileiro" - O que querque tenha acontecido na Folha, o fato éque uma briga tão barulhenta como essanão poderia deixar de ter, entre os prota-gonistas, Paulo Francis . Ultimo polemistade uma Imprensa cada vez mais acomo-dada e avessa ao legítimo debate, ele te mo mérito de soprar tempestades onde rei -na a calmaria - e aí reside a sua im-portância . Por isso ele é lido diariamente ,na Folha de S. Paulo e em mais dezjornais que republicam sua coluna, e évisto pelos mais de seis milhões de teles-pectadores do Jornal da Globo . Por isso ,ele faz sucesso até mesmo entre acomunidade portuguesa da costa leste do s

Um provocador insaciáve lNa década de 80, Francis travou polêmicas barulhentas e divertidas

Certa vez, Paulo Francis disseem um artigo da Folha Ilustrada queconstruía um "caderninho (alentado)de ridículos" com as polêmicas d esua vida. Provavelmente, a lista d eintegrantes deste caderninho iria deA a Z .

José Guilherme Merquior é umdos que entraram na lista, em junho d e1980. A história começou quando oentão adido cultural em Montevidéu ,em uma entrevista para o jornal O Es-tado de S . Paulo, citou Francis como"um exemplo típico do pseudo- in-telectual que conseguiu promoção àcusta de agressões e ataques pessoaise que jamais se propôs a um debateamplo e democrático" . Dias depois ,Francis dedicou um artigo a Merquior,dizendo, entre várias coisasnãomuitolisonjeiras, que ele era burro .

Outra polêmica de Francis que

ficou famosa foi com Caetano Veloso,em 1983 . Francis criticou a postura"reverente" e "submissa" que Caetan oteria assumido quando entrevistou o stoneMick Jagger, para o programa da RedeManchete, Conexão Internacional . Cae-tano destemperou-se na resposta : em en-trevista coletiva, disse que Francis erauma "bicha amarga" e uma "bonecatravada" . Francis retrucou na mesm amoeda: "O que ele está querendo dizer éque, sexualmente, sou igual a ele" .

"Obliquidade intelectual" -Algumas vezes, entretanto, Francis entrade leve em debates . Em outubro de 1986,discordou "com todo o respeito", de umartigo do articulista da Folha, RogérioCerqueira Leite, sobre a Lei da In-formática . Francis perguntou "ao colegacientista" como o Brasil conseguiri arecursos e Know-how para competir com

os EUA em informática . CerqueiraLeite abriu o artigo de resposta dizendoque "o debate com Francis não é fácil ,principalmente pela sintuosidade deseu raciocínio e obliquidade intelec-tual" . E atirou com chumbo grosso :"Francis abusa da inteligência de seu sleitores com os surtos de sua megalo-mania" .

Em junho do ano passado, se ualvo foi o cinema brasileiro . Franci sdisse que os cineastas brasileiros"eram um bando de idiotas baband onas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal" . Arnaldo Jabor, emnome de sua categoria profissional ,respondeu com um artigo de um apágina para a Folha defendendo ocinema brasileiro e dizendo que est enão fazia sucesso lá fora por que issoé "um pouco mais complicado do qu eescrever para a Folha de S. Paulo" .

30 IMPRENSA - MARÇO 1990

Page 5: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

Estados Unidos, que acompanha seu scomentários em imagens pirateadas dosatélite utilizado pela Globo por estaçõe sde New Jersey e Massachusets . Os luso-americanos gostam tanto dele - "est eidealista brasileiro" - que às vezes lh emandam bacalhau de presente .

Francis sabe perfeitamente quant ovale num cenário jornalístico marcadopela modorra e a mediocridade. Por issoconquistou o direito, raro na Imprensabrasileira, de escrever na primeira pessoae de tratar dos assuntos que acha impor -tantes, sem interferência de editores . Issovale para a Folha, para a qual envia seteartigos por semana - dois deles de págin ainteira, para a Folha Ilustrada - ou paraa Globo, que recebe diariamente del euma matéria com duração média de u mminuto, mas que pode chegar até três, setiver boas imagens . Ele tem o espaço qu equer e só reclama de ganhar menos do qu emerece - embora um salário mensal d ecerca de 12 mil dólares, que ele recebe d eseus dois empregos, não seja exatamenteuma ninharia, mesmo para padrões ameri -canos .

Torrente verbal - Mas quem fala oque quer às vezes diz o que não deve, e éprecisamente esse o problema que os ini -migos de Paulo Francis apontam nele .Não lhe perdoam, especialmente, os pre -conceitos e as "opiniões reacionárias"que freqüentemente dispara em meio àsua caudalosa torrente verbal . Racismo,machismo, anti-semitismo, direitismo ,leviandade, esnobismo, crueldade, ci-nismo são características apontadas nel ecom freqüência - e ele mais se diverte e mprovocar seus críticos do que em res-

pondê-los com seriedade (veja quadro napágina 36) .

Num dos artigos da polêmica, Cai oTúlio Costa revelou, por exemplo, qu efoi procurado certa vez por uma dele-gação de negros, pedindo a cabeça deFrancis por racismo . Francis respondeuque riu muito da cena e perguntou,sarcástico, se ao menos os seus acusa -dores haviam "cantado ou dançado umpouco" , enquanto lhe esculhambavam.Por aí se vê que tipo de sentimento el edesperta na comunidade negra . "Eu nãoconsigo nem ter ódio do Paulo Francis,eu tenho é pena mesmo", diz TerezaSantos, 46 anos, assessora de assunto safro-brasileiros da Secretaria de Cultura

do Estado de São Paulo . "Fico muitomagoada com o que ele diz . Nós negrosjá temos as costas muito malhadas, ma smesmo calejados não ficamos imunes" .

Hitler de papel - Reação mai sviolenta vem dos setores feministas, outroalvo habitual das ironias de Francis . Asocióloga Moema Viezzer, 51 anos, fun -dadora da Rede Mulher, entidade femi -nista voltada para a educação popular ,não hesita em qualificá-lo como "o ma -chista mais macabro" que já conheceu ."Para ele, a mulher não existe, a figuramasculina é o centro da humanidade" ,reclama Moema, que prega uma soluçã ofinal para o incômodo de seus textos ."Ele deveria ser eliminado da Imprensabrasileira", propõe, sem maiore ssutilezas .

Caso fosse viabilizada, a idéiaprovavelmente agradaria a um contin-gente nada desprezível da comunidadejudaica brasileira, que vê em Franci salgo como um Hitler de papel . "Ele épreconceituoso e anti-semita, o que temdemonstrado de forma grotesca", as-segura o presidente da Federação Isra-elita do Rio de Janeiro, Milton Nahoum,40 anos . "O preconceito, qualquer qu eseja ele, é sempre uma forma irraciona lde pensamento e o que se espera de u mprofissional de mídia, que influencia aopinião dos leitores, é que trabalhe paraabolir os preconceitos, não para incen-tivá-los . "

Também o rabino Henry Sobel, d aCongregação Israelita Paulista - a maiorsinagoga da América Latina - apontaanti-semitismo e anti-sionismo nos tex -tos de Francis, que ele lê e arquiva ,minuciosamente. Mas diz que ficou bas -tante surpreso com um artigo na Folhade 20 de fevereiro, no qual Francis pregauma reordenação das relações do Brasi lcom Israel, num tom francamentesimpático ao Estado judeu. "Espero qu eseja esta a sua verdadeira face, porque daoutra eu não gostava", diz Sobel, 46anos. De qualquer forma, não são todo sos filhos de Judá que vêem em Paul oFrancis o pregador de pogroms. O em-presário Abram Szajamn, 50 anos ,presidente da Federação do Comércio d oEstado de São Paulo, prefere vê-lo ape -nas como o provocador profissional, quefaz alarde para dar vazão ao próprio egoe ganhar dinheiro com isso . "B isso queele pretende : provocar, promover o de -bate cultural antes de pensar em pro -mover um debate religioso, ideológico ,ou seja lá o que for", acredita .Moema: "ele é o machista mais macabro que já conheci"

32

maim - ra¢ogo 1990'-

Page 6: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

"Reaganista do jornalismo" -Mas de todos os inimigos de Paulo Francis ,os mais entrincheirados estão nas fileira sda esquerda, à qual ele mesmo pertence uaté há poucos anos, como um trotskist aindependente assumido . Ali onde tremulaa bandeira vermelha, os tons são negro spara analisar Francis . "Ele é um exempl osignificativo da passagem da consciênciacética para a cínica, em que, por trás daidéia de que já não acredita em nada, n averdade passa a acreditar em tudo e já nãoquestiona a miséria, a injustiça social e ,muito menos, o monopólio dos meios decomunicação" , diz, por exemplo, o so-ciólogo Emir Sader, 45 anos, articulistade diversas publicações do Rio e de SãoPaulo .

O deputado paulista José Dirceu, 4 3anos, secretário-geral nacional do PT, émais direto na critica . "Tudo o que eleescreve é superficial e irresponsável . Elenão é um polemista, porque não respeitaos seus adversários . E essencialmente

autoritário, um totalitarista . Ser polêmic oé ser democrático" , diz ele. Na mesmalinha, o secretário Municipal de Culturade Porto Alegre, jornalista Luiz PillaVares, 48 anos, classifica Francis sumaria -mente como um "reaganista do jorna-lismo" e confessa que seus artigos lh edão " náusea" .

O físico Luiz Pinguelli Rosa, 44anos, colaborador do programa de polític anuclear do PT, por sua vez, deplora a mu-dança política de Francis e separa "o re-sistente à ditadura e divulgador dos filó-sofos da Escola de Frankfurt do jornalistareacionário de hoje, que metralha desde asocial-democracia até os liberais mai savançados" . Já o presidente da CâmaraMunicipal de São Paulo, vereadorEduar-do Suplicy - alias, Eduardo MogadonSuplicy, na pena maldosa de Francis -reconhece seu brilhantismo, mas lamentasua visão sobre Lula e a proposta do PT."Ele procura subestimar a importânci ado Lula na vida política brasileira e fazisso de maneira consciente . "

Sangue azul - Um pouco de in-dulgência à esquerda do espectro político ,Paulo Francis só recebe de antigos mili-tantes do Partido Comunista Brasileiro. Oescritor Ferreira Gullar, 59 anos, porexemplo, não acha que ele tenha "endi-reitado", porque nunca o considero umarxista. Acha apenas que, muitas vezes ,Francis é injusto com o socialismo . "Elenão enxerga as conquistas, no meio doserros socialistas ." Mas para o jornalistaRodolfo Konder,51 anos, editor-chefe d oJornal da Cultura, da TV Cultura de SãoPaulo, Francis é um arguto analista daesquerda . "As acusações que são feitasao Francis não consideram seu papel com oanalista, desbravador de caminhos", dizele . "Até hoje, ele ainda tem o papelimportante de desvendar dogmas, comoaditadura do proletariado, o unipartidaris-mo, a luta de classes e a estatização daeconomia . "

Seja como for, o que a esquerda nãotolera em Paulo Francis é a sua posturaelitista, superior, que só poderia desagua rno conservadorismo político . Alias, to -dos os seus contemporâneos dos temposdo Pasquim, no final da décadade 60, co-lecionam histórias de esnobismo, em queFrancis derramou uns bons litros de seusangue azul . A jornalista Marta Alencar ,50 anos, lembra do dia em que, num al -moço, um garçom folgado perguntou aFrancis "o que nós vamos comer", de-monstrando intimidade . "Por trás daque-las lentes grossas, ele disparou : 'Em pri -

Suplicy : "injusto com Lula "

Como o diabo gostaAs cruéis definições de Francis para gente famosa

Ninguém está a salvo da virulênciade Paulo Francis, a menos que seja com-pletamente desconhecido . Políticos, in-telectuais e artistas são os seus alvo spreferenciais e recebem um tratamentoimpiedoso em seus textos . Aqui, umapequena coletânea de desaforos queFrancis endereçou a personalidades :

Sarney - "Ribamar é o retrato es-carrado de tudo que há de ruim, re-trógado e obtuso no Brasil" (8/2/90) ;"E o pior presidente-ditador que o paísjá teve desde que Pedro dos Tamanco spensou que éramos a India" (15/3/90 )

Ulysses - "Para ser franco, nãonoto lá essas diferenças entre UlyssesGuimarães `normal' e com está estafaaguda"' (17/6/88) .

Lula - "Lula nos coloca 'auniveau' de Cuba e Nicarágua. E umabesta quadrada, não sabe nada do qu eestá falando . Arruinaria o país, nos trans-formaria em Sudão, numa grande bosta"(23/11/89) .

Roberto Campos - "Se você leuurn discurso de Campos,você leu todos .

Duvido que hoje o convidem paraadministrar um botequim" (23/6/83) .

Maria da Conceição Tavares -"E uma pessoa que vive de aplausode grupos . Ela representa ideologi aexpressa nesse festival da Sunab, qu eassocia comerciante com bandido elucro com pecado" (3/5/86) .

Cacá Diegues - "Há 30 anos,mais ou menos, estamos esperandoque Cacá faça um filme à altura d esua inteligência e cultura, e que jus-tifique o apartamento-quarteirão qu eme disseram que tem na avenid aVieira Souto" (20/1/'90) .

Fidel Castro - "Amigos aqu inos reunimos outro dia imaginando oque fazer de Fidel Castro . Minha su-gestão parece humana e glamurosa.Ele poderia arrumar um emprego d ePapai Noel . Que criança não quere-ria puxar aquela barba famosa?" (10/3/90) .

Antonio Cândido - "AntonioCândido não é analfabeto, mas trans -forma tudo em atestado ou certifi-cado de óbito" (16/6/79) .

IMPRENSA - MARÇO 1990 SS

Page 7: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

meiro lugar, nós não vamos comer . Euvou comer e você vai me servir. Em se-gundo lugar, tira a mão do meu ombro' .Isso é o Francis : um ego enorme, uma ca -ra de pau imensa, mas um cara que diz oque muita gente não tem coragem", dizMarta .

"Nativos africanos" - A históri ado cartunista Jaguar, 58 anos, 34 de profis-são, é semelhante. "Um dia, no restau-ranteFlag, do Rio, ele devolveu ao maitreuma garrafa caríssima do vinho Chate-neuf du Pape, depois de provar, co maquela cara de connaiseeur, e dizer queestava uma droga. Ele pagou, mas nãobebeu . E o vinho estava ótimo" . Já ojornalista Luis Carlos Maciel, 52 anos, 3 0de profissão, que além do Pasquim di-vidiu com Francis uma cela de cadeia, e m1971, experimentou o seu esnobismo numcenário propício . "O Francis se compor-tava na cadeia como um lord inglês apri -sionado por nativos africanos . Quandoele acordava, esfregava os olhos e ouvia obarulho dos soldados fazendo orde munida, ele dizia : `Puxa, os nativos já estãose movimentando!"' .

Os velhos companheiros de Franciscontam essas histórias com bom humor esimpatia por ele, mas não deixam de faze rcríticas . Luiz Carlos Maciel, por exem-plo, acha suas colunas para Folha"horríveis", diz que ele ataca Lula porque r"não gosta de pobre" e que guinou à ádireita porque "está na moda ser libe - zral". "Eu admiro o jovem Francis . 0velho entrou em decadência completa . ZSua cabeça está esfarelando", sintetiza .Jaguar também vai por aí . "O Francisnunca me enganou . Ele sempre foi muitoegoísta, só pensa nele e detesta o povo .Sempre foi pedante, pernóstico. Era inca-

paz de escrever um parágrafo que nã otivesse umas três citações em inglês . "

Ponto focal - Toda essa avalanch ade críticas, de amigos, ex-amigos e inimi -gos de hoje, de ontem e de sempre, pod elevar à idéia de que Francis é um homeminsensível, desprovido de virtudes, e umjornalista a serviço dos piores interesses- o que, além de exagerado, é incorreto .Se há aspectos discutíveis em suasposições, é indiscutível que Francis é im -portantíssimo para o debate político e cul-tural brasileiro, além de ser um pontofocal de referência para a Imprensa. Fala mmal, mas falam dele e é impossível admi -tir decadência num jornalista que brilh atanto como as próprias notícias que co-menta . A floresta de mitos que cresce e mtomo do mito Francis oculta a compreen-são de seus méritos .

Um de seus amigos mais íntimos, o

editor Jorge Zahar, 70 anos, garante queFrancis é "um ser frágil e delicado" , queagride só para se defender . "Ele sentemais profundamente que as pessoas co-muns as provocações e os golpes que a vi -da costuma desferir e é por isso que el ereage com violência", explica. Outro ami -go, o jornalista Luís Fernando Mercadan -te, 54 anos e 34 de profissão, diz que o se uúnico problema é a inveja alheia . "PauloFrancis não é inocente nem culpado . Seuúnico crime é imperdoável, mas nãopunível : ser um jornalista de sucesso . "

Duas caras - Esse sucesso vem ,inquestionavelmente, de algumas carac-terísticas que o jornalista Francis tem eque a Imprensa brasileira não tem . Porexemplo, a iconoclastia, a compulsão d epôr abaixo os mitos que o jornalismo cri acom tanta sofreguidão. Ou a visão cos-mopolita, num país que se aferra ao provin -cianismo e desconfia da abertura para oexterior, como se outros países quisessemapenas vir deitar em nosso berçoesplêndido e comprometer nossa con -dição de "país do futuro" . Ou ainda acoragem de afirmar com todas as letras oque quer dizer, num país marcado pelatradição das duas caras .

"O Francis tem caráter, assina eassume o que diz", elogia o teatrólog oAntunes Filho, 60 anos . "Se nóstivéssemos mais pessoas assim, o Brasi lseria diferente ." Para a escritora LygiaFagundes Telles, "ele tem qualidadesimportantíssimas para quem exerce oofício de escrever : a coragem e a inten-sidade" . E o jornalista Marcos Sá Correa ,43 anos, 23 de profissão, editor-chefe doJornal do Brasil, admira a inteligência :"Só acompanho polêmicas quando oassunto e o autor são provocativos e inte -ligentes, como é o caso Francis . Prefirodiscordar dele a concordar com umchato" .

"Maneira expressionista" - AImprensa brasileira deve também a Paul oFrancis - certamente entre outros, mascom destaque para o seu papel - a dessa -cralização do texto, a introdução da colo -quialidade e da gíria, a ousadia do uso d aprimeira pessoa, o humor bem casad ocom a ironia e o ceticismo . Ele avançoutanto na busca de um texto pessoal, qu epode ter criado até uma nova escola d eestilo, segundo o repórter Luis AntônioGiron, 30 anos, da Folha de S. Paulo, umjovem aspirante ao grupo dos polemistas ,que se bateu recentemente com o vetera -no Ivan Lessa por causa dos monstros sa-Maciel: "está decadente, sua cabeça está esfarelando "

34

IlvIPRFNóA - MARÇO 1990

Page 8: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

Boris: "Carter reclamou"grados da música popular brasileira. "OPaulo Francis, na verdade, tem umamaneira expressipnista de ver os fatos" ,analisa Giron . "E um indivíduo que pro-jeta todas as suas idiossincrasias em suasanálises e, coin isso; ele não é fiel aosfatos, ele os altera. Seus textos têm amesma difusão, deturpação e fragmen-tação de qualquer quadro expressionista . "

Com esta e todas as outras carac-terísticas, boas ou más, mas sempre gera-dora de polêmicas - e, por extensão, ex-citadoras do público - qual o editor qu enão quer ter um Paulo Francis em suasfileiras? A Folha de S. Paulo certamentenão abre mão dele, cause os estragos qu ecausar . O hoje apresentador de TV Bóri sCasoy, 49 anos, 34 de profissão, que pormuitos anos foi editor-chefe da Folha,recorda, divertido, o dia em que o em-baixador americano no Brasil, Robert M .Sayre, pediu uma reunião com ele e Otávi oFrias, com ar preocupado e sem dizer oassunto . "Nós ficamos muito intrigados equandoo embaixador chegou, disse que oentão presidente Carter andava absolu-tamente indignado com os termos queFrancis estava utilizando contra ele. ODepartamento de Estado tinha encarre-gado o embaixador de pedir A gente parafazer o Francis parar . Ouvimos tudo edepois ligamos ao Francis para parabe-nizá-lo . Foi um incentivo para que el econtinuasse a fazer exatamente o que vinh afazendo . "

A atitude da Folha nesse episódio éo que se espera da Imprensa brasileirasempre - aí incluídos empresários, jor-nalistas e os próprios leitores . Afinal, pre-cisamos da polêmica para tirar a poeiradas idéias que se cristalizam . E até prov aem contrário, ou até que outro suba aotrono, o nome da polêmica, no Brasil, éum só : Paulo Francis .

Participaram desta reportogem Higino Barros (Port oAlegre) . Beatr¢ Horta (Rio) . Gerson Sntoni e RenataSoares Netto (São Paulo) . Texto find: Gabriel Priolli

--to

IMPRENSA - MAi090 1990

O analista no divãPsicanalistas interpretam as neuroses de Francis

Um dos recursos clássicos d ePaulo Francis é buscar interpretaçõe spsicanalísticas para as idéias daspessoas que comenta - especialmentese estiverem polemizando com ele.Mas o que ocorre no pólo inverso,quando os psicanalistas interpretamFrancis a partir de seus escritos? Quetipo de personalidade aparece, numdiagnóstico técnico ?

A psicóloga e jornalista MariaRita Kehl, 38 anos, que polemizo urecentemente com Francis, diz queele lhe dá a impressão de uma pessoaconstantemente ameaçada. "Comotoda pessoa assim, ele adota um tomameaçador, intimidatório . Nenhumpensamento, nenhuma polêmica in-teligente sobrevive diante das res-postas de Francis" ele atira para ma-tar". Maria Ritadiz também que"ele usa o conhe-cimento de ma-neira paranóica,tentando controlaro mundo, aHistória, tudo en -fim" . Como, evi-dentemente, isso éimpossível, ela dizque Francis tentaeliminar o que nãoconseguiu contra-lar", de Lula a =Foucault" . "Seus 8textos impõem aoleitor o gosto porum mundo morto, Maria Rita vê um "frenes isem movimento paranóico"nem contradição ,disfarçado de vivacidade pelo frenes iparanóico de sua escrita", acusa .

"Gênio ou louco?" - O psica-nalista argentino Alberto Goldin, 43anos, radicado no Rio e autor dobest -seller "Freud Explica", diz por suavez que a neurose de Francis trans -formou-se em estilo. "Se devemosao Marquês de Sade o sadismo, deve-mos a Francis uma fértil prática d egozo, um francismo : irritado, vio-lento na maior parte das vezes, por

momentos também sensível e afetuo-so" . Goldin lembra um axioma da psi-canálise segundo o qual só os loucostêm certeza absoluta de suas con-vicções . Como Francis jamais duvida ,ele pergunta: "E gênio ou é louco?" .Não responde, mas garante que é nar-cisista e um encantador de multidões ."Francis é um sujeito que excita amídia e o método de excitá-la é aqueleque demonstrou sua eficácia desde queo mundo é mundo: sangue. Seu estilo ,então, é uma mistura agradável decrueldade e neolog ismos, sempre comuma vítima que ele liquida em praç apública . "

"Personalidade narcísica" - Jáo psicanalista Oscar Cesarotto, 38 anos,diz que Francis é o único "jornalista

freudiano" que eleconhece : um ver-dadeiro conhecedorde Freud, apesar de"alguns chutes" .Cesarotto també mobserva narci-sismo em Francis ."Ele tem umagrande personali-dade narcísica .Mas como o narci-sismo se sustentasempre em funçãodos outros, me per-gunto se ele seriaassim se não ti-vesse uma págin ainteira de jornal ,como tem . Talve znão fosse tão

conhecido. Então, a questão não éexatamente o que ele diz, mas o fato d eele encontrar eco no jornal que o em -prega e nos leitores que sustentam se uibope".

Cesarotto não é muito otimistaem relação ao futuro de Francis . "Elechegou aos 60 anos se sentindo umvencedor em tudo . Mas acontece qu etoda personalidade narcísica esbarra ,mais cedo ou mais tarde, nos limitesde seu ego . A briga com o Caio Túliopode ser um indício desses limites ."

95

Page 9: - Pi jornalismo · 2012. 11. 29. · "eram um bando de idiotas baband o nas cameras" e que "o cinema brasi-leiro vai mal". Arnaldo Jabor, em nome de sua categoria profissional , respondeu

Demolidor de certezasFrancis diz que seu papel é de lançar dúvidas

Paulo Franci sacredita que há umnome por trás da celeu-ma que se criou emtorno dele, espe-cialmente depois dascríticas de Caio TúlioCosta . Esse nome é .Luís Inácio Lula daSilva. "Tem muitagente querendo pegarno meu calcanhar wporque eu tirei algumas ácentenas de votos dess esenhor, com os meus 0artigos ", diz Francis, wsem achar que super-estima seu papel naeleição presidencial . antiburric eEle diz que sua objeçãoa Lula é "estritamente impessoal" eque, pessoalmente, até o considera de-cente e simpático. Mas acredita que oBrasil se salvou do inferno, com a vitóri ade Collor .

"Collor para mim não fede ne mcheira", garante . "Eu só não queria queo Lula fosse eleito . Parece que Deusprotege mesmo os desmiolados . Lulanão ter sido eleito foi uma bênção . Se el eganhasse, provavelmente haveria umaguerra civil no Brasil . "

Francis não dá muita importânci aàs críticas de anti-semitismo e racism oque lhe dirigem . "Não sou antinada, sóantiburrice", argumenta . Para ele, essascríticas se inscrevem no quadro demediocridade geral do país . Dos judeu sbrasileiros, por exemplo, ele diz qu e"infelizmente, são como os outros brasi-leiros : não sabem de nada do que acon-tece no mundo . Nos jornais de Israe lsaem coisas que, se saíssem aqui, osautores seriam certamente acusados d eanti-semitas " . Para os negros, sua res-posta é pura provocação . "Digo que osnegros vivem com mais liberdade n aAfrica do Sul do que em qualquer paísafricano. Lá, pelo menos, eles têm tra-balho e comida . "

"Goela abaixo" - Sobre a suaconversão política ao capitalismo ,Francis diz que foi um processo natural ,que veio com o "acúmulo dos fatos "que observou . "Eu não sou de direita ,nesse sentido carrasco de querer prender

as pessoas, torturar.Mas também nã osou mais de es-querda . Conclu ique o Estado só obs-trui o caminho doprogresso. A cons-tatação disso me foiempurrado goel aabaixo, pelos fatos "Francis nega aindaque tenha precon-ceitos contra o spaíses do Terceir oMundo. "Não te -nho desprezo pel oTerceiro Mundo . Oque eu desprezo éa inteligência da spessoas que querem

continuar a viver no Terceiro Mundo" .Francis acredita que a polêmicaem

tomo de seu trabalho vem do fato de eleser anticonvencional . "Eu não trabalh oem grupo, não funciono em horda .Sempre que há certezas no Brasil, eu so uo primeiro que lança a dúvida . Não so uum polemista: sou um demolidor decerteza s " . Ele também garante que nãoaspira à divindade . "Não tenho a pre -tensão de ser infalível, de ser a palavr ade Deus. Mas dou a minha opinião, nã ofujo disso . "

"Papel ridículo" - Já a Imprens abrasileira, na sua visão, está fugindo desuas responsabilidades . "Ela tem amesma característica do povo brasileiro :não quer enfrentar os problemas, que rficar bem com todo mundo . E umaimprensa generosa, tem altos e baixos ,mas acho que falta uma certa direção .Nós vivemos muito ensimesmados,muito voltados para nós mesmos . Epreciso acabar com isso . "

Mas o ombudsman da Folha nãoestá fazendo criticas como essa? Nãotem, portanto, os seus méritos? Francisdiscorda completamente. "Ele querimitar o Cláudio Abramo e ser um árbi -tro das grandes discussões . Só que nãotem a mesma autoridade moral e a mesm acompetência do Cláudio . Caio Túlio éum palhaço da Imprensa . Já é chamad ode bundsman . Está fazendo um pape lridículo e o triste é que não quer enxer-gar isso", fulmina, bem a seu estilo .

"Não sou antinada. Sou é

X

UM PROGRAMA SAUDÁVE LPARA QUEM ACH A

QUE DOMINGO NÃO E SO DIADE FUTEBOL .Imprensa na TV.

O programa de domingo maisfantástico, não é Lombardi?

Todo domingo, a parti rdas 23 :OOh, na TV Record .

IMPRENSA - MARCO 1990