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s nove estados do Nordeste representam 13,5% do Pro- duto Interno Bruto (PIB) do Brasil. E no topo da cadeia econômica regional está a Bahia, com participação de 30,4% no PIB nordestino e 46% da produção industrial na região, muito à frente do segundo e terceiro colocados, Pernambuco (17%) e Ceará (13%). Os índices comprovam a necessidade de maior investimento em uma política de desenvolvimento focada na valorização das unidades federativas do Nordeste e na ampliação do potencial econômico baiano, que precisa ampliar sua capacidade de diálogo comercial com as demais regiões brasileiras. Os dados foram apresentados pelo doutor em Economia e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Oswaldo Guerra, com base em pesquisas do Instituto Brasi- leiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Superintendên- cia de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Guerra foi um dos palestrantes do IX Encontro de Economia Baia- na, que reuniu cerca de 500 pessoas por dia, entre 19 e 20 de setembro, no Hotel Fiesta, em Salvador. O tema escolhido RUMOS - 16 – Setembro/Outubro 2013 O R REPORTAGEM PANORAMA Por Eder Luis Santana A nona edição do Encontro de Economia Baiana, promovido por diversas instituições, dentre elas a Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), fez um retrato da produção do Nordeste e indica caminhos para refletir sobre como construir um desenvolvimento conjunto e integrado entre os estados este ano foi Dinamismo e Integração Econômi- ca: Nordeste e Brasil. O evento é realizado por meio de uma parceria entre a SEI, a Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), o Curso de Mestrado em Economia da Ufba e as secretarias estaduais do Planejamento (Seplan) e Fazenda (Sefaz). O professor Oswaldo Guerra participou da mesa- redonda Integração e Desenvolvimento da Bahia, que teve também como convidado o dire- tor de estudos da SEI, Edgard Porto. Os debates giraram em torno do atual cenário da economia da Bahia e das ações que precisam ser tomadas para o estado ter alto grau de dinamismo com outras regiões brasileiras. Em 2012, o PIB da Bahia cresceu 3,1%. Já o PIB nacional subiu apenas 0,9%. No entanto, o percentual baiano está longe de fincar o principal estado do Nordeste como economia iguali- tária. A desigualdade é tamanha que 259 dos 417 municípios do estado estão no semiárido, região que é um verdadeiro bolsão de pobreza em áreas afetadas pela seca e que pouco contribuem à economia. Dados da SEI (veja mapa ao lado) mostram que 48,2% do Agnaldo Novaes Os desafios da integração econômica do Nordeste Oswaldo Guerra, da Ufba.

PIB BAHIA - 2010 Os desafios da integração econômica do ......conjunto e integrado entre os estados este ano foi Dinamismo e Integração Econômi-ca: Nordeste e Brasil. O evento

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Page 1: PIB BAHIA - 2010 Os desafios da integração econômica do ......conjunto e integrado entre os estados este ano foi Dinamismo e Integração Econômi-ca: Nordeste e Brasil. O evento

RUMOS - 17 – Setembro/Outubro 2013

s nove estados do Nordeste representam 13,5% do Pro-duto Interno Bruto (PIB) do Brasil. E no topo da cadeia econômica regional está a

Bahia, com participação de 30,4% no PIB nordestino e 46% da produção industrial na região, muito à frente do segundo e terceiro colocados, Pernambuco (17%) e Ceará (13%). Os índices comprovam a necessidade de maior investimento em uma política de desenvolvimento focada na valorização das unidades federativas do Nordeste e na ampliação do potencial econômico baiano, que precisa ampliar sua capacidade de diálogo comercial com as demais regiões brasileiras.

Os dados foram apresentados pelo doutor em Economia e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Oswaldo Guerra, com base em pesquisas do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Superintendên-cia de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Guerra foi um dos palestrantes do IX Encontro de Economia Baia-na, que reuniu cerca de 500 pessoas por dia, entre 19 e 20 de setembro, no Hotel Fiesta, em Salvador. O tema escolhido

RUMOS - 16 – Setembro/Outubro 2013

nam-se moradores de favelas e engrossam estatísticas das ocupações informais. Considerando que para alavancar a dinâmica da região Nordeste é necessário reduzir as dispari-dades sociais na Bahia, o professor Guerra lembra que as alternativas para minimizar esse quadro são a identificação das potencialidades econômicas de municípios do semiárido e o investimento em logística.

“É preciso identificar as vocações de cada município. E se nenhuma alternativa for encontrada, é fundamental a assis-tência social com a presença do Estado na economia”, com-pleta Guerra. No âmbito da logística, o professor aposta suas fichas em uma obra ainda em fase de construção, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que terá 1.527 quilômetros e sairá de Ilhéus, na Bahia, em direção a Figueirópolis, no Tocantins, onde se liga à Ferrovia Norte-Sul.

A obra é encaminhada pela Valec Engenharia, Constru-ções e Ferrovias S.A., uma empresa pública que atua baseada em diretrizes do Ministério dos Transportes. Entre suas obrigações está a administração de programas de operação da infraestrutura ferroviária. Por enquanto, a companhia cuida do trecho da Fiol que corta a Bahia entre os municípios de Ilhéus e Barreiras. Com orçamento previsto em R$ 4,3 bilhões, essa primeira etapa tem previsão de entrega anuncia-da para o final de 2014.

Ações de governo – Com o Programa de Aceleração do

O

R REPORTAGEM PANORAMA

Por Eder Luis Santana

A nona edição do Encontro de Economia Baiana, promovido por diversas instituições, dentre elas a Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), fez um retrato da produção do Nordeste e indica caminhos para refletir sobre como construir um desenvolvimento conjunto e integrado entre os estados

este ano foi Dinamismo e Integração Econômi-ca: Nordeste e Brasil.

O evento é realizado por meio de uma parceria entre a SEI, a Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), o Curso de Mestrado em Economia da Ufba e as secretarias estaduais do Planejamento (Seplan) e Fazenda (Sefaz). O professor Oswaldo Guerra participou da mesa- redonda Integração e Desenvolvimento da Bahia, que teve também como convidado o dire-tor de estudos da SEI, Edgard Porto. Os debates giraram em torno do atual cenário da economia da Bahia e das ações que precisam ser tomadas para o estado ter alto grau de dinamismo com outras regiões brasileiras.

Em 2012, o PIB da Bahia cresceu 3,1%. Já o PIB nacional subiu apenas 0,9%. No entanto, o percentual baiano está longe de

fincar o principal estado do Nordeste como economia iguali-tária. A desigualdade é tamanha que 259 dos 417 municípios do estado estão no semiárido, região que é um verdadeiro bolsão de pobreza em áreas afetadas pela seca e que pouco contribuem à economia.

Dados da SEI (veja mapa ao lado) mostram que 48,2% do

PIB baiano está concentrado nos 13 municípios da Região Metropolitana de Salvador. Outros 20,6% estão em pequenas regiões no Sul, Extremo Sul, Oeste e no Vale do São Francis-co. Isso quer dizer que os demais 31,2% do PIB estão distri-buídos em uma extensa área interna atingida pela seca e com pouca produtividade. Como a maior parte do semiárido brasileiro está na Bahia, o estado é o maior beneficiado com as ações de transferência de renda, como o programa Bolsa Família. “O grande desafio para o governo é o ‘miolo’ do estado, onde existe um deserto econômico”, comenta o pro-fessor Oswaldo Guerra.

De fato, é impossível analisar a economia da Bahia sem levar em conta que o seu crescimento econômico é caracteri-zado por três aspectos: a concentração espacial, uma vez que a produtividade está em torno da região metropolitana; a concentração econômica (ligada ao desenvolvimento inicia-do na década de 1960 com produção de bens industriais intermediários, como metalurgia, petroquímica e celulose); e a concentração empresarial, diante do peso que poucas empresas têm na dinâmica da economia, a exemplo da Ford, Brasken e Petrobras.

É desse conjunto de concentrações que brota a desigual-dade. Sem condições de sobreviver nos bolsões de pobreza, famílias migram em busca de oportunidades na região metro-politana, onde se deparam com falta de empregos formais para trabalhadores com baixa escolaridade. Resultado: tor-

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Os desafios da integraçãoeconômica do Nordeste

Oswaldo Guerra, da Ufba.

48,2%

4,9%

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5,0%

PIB BAHIA - 2010

Fonte: SEISSA (23,8%); Camaçari (8,7%); eSão Francisco do Conde (6,3%)

4,2%

DINAMISMO EINTERGRAÇÃO ECONÔMICA:NORDESTE E BRASIL

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RUMOS - 17 – Setembro/Outubro 2013

s nove estados do Nordeste representam 13,5% do Pro-duto Interno Bruto (PIB) do Brasil. E no topo da cadeia econômica regional está a

Bahia, com participação de 30,4% no PIB nordestino e 46% da produção industrial na região, muito à frente do segundo e terceiro colocados, Pernambuco (17%) e Ceará (13%). Os índices comprovam a necessidade de maior investimento em uma política de desenvolvimento focada na valorização das unidades federativas do Nordeste e na ampliação do potencial econômico baiano, que precisa ampliar sua capacidade de diálogo comercial com as demais regiões brasileiras.

Os dados foram apresentados pelo doutor em Economia e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Oswaldo Guerra, com base em pesquisas do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Superintendên-cia de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Guerra foi um dos palestrantes do IX Encontro de Economia Baia-na, que reuniu cerca de 500 pessoas por dia, entre 19 e 20 de setembro, no Hotel Fiesta, em Salvador. O tema escolhido

RUMOS - 16 – Setembro/Outubro 2013

nam-se moradores de favelas e engrossam estatísticas das ocupações informais. Considerando que para alavancar a dinâmica da região Nordeste é necessário reduzir as dispari-dades sociais na Bahia, o professor Guerra lembra que as alternativas para minimizar esse quadro são a identificação das potencialidades econômicas de municípios do semiárido e o investimento em logística.

“É preciso identificar as vocações de cada município. E se nenhuma alternativa for encontrada, é fundamental a assis-tência social com a presença do Estado na economia”, com-pleta Guerra. No âmbito da logística, o professor aposta suas fichas em uma obra ainda em fase de construção, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que terá 1.527 quilômetros e sairá de Ilhéus, na Bahia, em direção a Figueirópolis, no Tocantins, onde se liga à Ferrovia Norte-Sul.

A obra é encaminhada pela Valec Engenharia, Constru-ções e Ferrovias S.A., uma empresa pública que atua baseada em diretrizes do Ministério dos Transportes. Entre suas obrigações está a administração de programas de operação da infraestrutura ferroviária. Por enquanto, a companhia cuida do trecho da Fiol que corta a Bahia entre os municípios de Ilhéus e Barreiras. Com orçamento previsto em R$ 4,3 bilhões, essa primeira etapa tem previsão de entrega anuncia-da para o final de 2014.

Ações de governo – Com o Programa de Aceleração do

O

R REPORTAGEM PANORAMA

Por Eder Luis Santana

A nona edição do Encontro de Economia Baiana, promovido por diversas instituições, dentre elas a Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), fez um retrato da produção do Nordeste e indica caminhos para refletir sobre como construir um desenvolvimento conjunto e integrado entre os estados

este ano foi Dinamismo e Integração Econômi-ca: Nordeste e Brasil.

O evento é realizado por meio de uma parceria entre a SEI, a Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), o Curso de Mestrado em Economia da Ufba e as secretarias estaduais do Planejamento (Seplan) e Fazenda (Sefaz). O professor Oswaldo Guerra participou da mesa- redonda Integração e Desenvolvimento da Bahia, que teve também como convidado o dire-tor de estudos da SEI, Edgard Porto. Os debates giraram em torno do atual cenário da economia da Bahia e das ações que precisam ser tomadas para o estado ter alto grau de dinamismo com outras regiões brasileiras.

Em 2012, o PIB da Bahia cresceu 3,1%. Já o PIB nacional subiu apenas 0,9%. No entanto, o percentual baiano está longe de

fincar o principal estado do Nordeste como economia iguali-tária. A desigualdade é tamanha que 259 dos 417 municípios do estado estão no semiárido, região que é um verdadeiro bolsão de pobreza em áreas afetadas pela seca e que pouco contribuem à economia.

Dados da SEI (veja mapa ao lado) mostram que 48,2% do

PIB baiano está concentrado nos 13 municípios da Região Metropolitana de Salvador. Outros 20,6% estão em pequenas regiões no Sul, Extremo Sul, Oeste e no Vale do São Francis-co. Isso quer dizer que os demais 31,2% do PIB estão distri-buídos em uma extensa área interna atingida pela seca e com pouca produtividade. Como a maior parte do semiárido brasileiro está na Bahia, o estado é o maior beneficiado com as ações de transferência de renda, como o programa Bolsa Família. “O grande desafio para o governo é o ‘miolo’ do estado, onde existe um deserto econômico”, comenta o pro-fessor Oswaldo Guerra.

De fato, é impossível analisar a economia da Bahia sem levar em conta que o seu crescimento econômico é caracteri-zado por três aspectos: a concentração espacial, uma vez que a produtividade está em torno da região metropolitana; a concentração econômica (ligada ao desenvolvimento inicia-do na década de 1960 com produção de bens industriais intermediários, como metalurgia, petroquímica e celulose); e a concentração empresarial, diante do peso que poucas empresas têm na dinâmica da economia, a exemplo da Ford, Brasken e Petrobras.

É desse conjunto de concentrações que brota a desigual-dade. Sem condições de sobreviver nos bolsões de pobreza, famílias migram em busca de oportunidades na região metro-politana, onde se deparam com falta de empregos formais para trabalhadores com baixa escolaridade. Resultado: tor-

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Os desafios da integraçãoeconômica do Nordeste

Oswaldo Guerra, da Ufba.

48,2%

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PIB BAHIA - 2010

Fonte: SEISSA (23,8%); Camaçari (8,7%); eSão Francisco do Conde (6,3%)

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RUMOS - 19 – Setembro/Outubro 2013 RUMOS - 18 – Setembro/Outubro 2013

R REPORTAGEM

Crescimento (PAC) e o Progra-ma de Investimento em Logísti-ca (PIL), o governo tem dado sinais de que está atento à importância de aspectos da infraestrutura como ferrovias,

rodovias, portos e aeroportos. Porém a lentidão no andamento das obras sugere que uma rede de infraestrutura montada e arti-culada ainda é um sonho da economia brasi-leira. A Fiol, por exemplo, está em fase de licitação depois de ter enfrentado períodos de crise, como a de recomendação de parali-sação de obras pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em trechos baianos.

Outra importante saída para aquecer a economia do Nordeste é pensar que as obras de logística precisam ser acompanha-das de investimentos paralelos. Serviços como telecomunicações, energia, banda larga e armazenamento para produção têm de ser atuantes no ciclo de infraestrutura. “Busca-se um modelo de integração econômica a partir de investimentos físicos em transporte de alta capacidade de carga. E isso requer outras ações conjuntas”, assinala o dire-tor de estudos da SEI, Edgard Porto, após lembrar a necessi-dade de programas de saúde, educação e outros itens básicos que devem ser executados de modo contínuo nas cidades.

Essas ações integradas podem retirar do Nordeste o fato de que 265 municípios da região estão hoje em situação de extrema pobreza e são vizinhos de cidades que também estão em situação de extrema pobreza. O número leva em conside-ração uma análise feita em 1.794 localidades pesquisadas no estudo Análise Espacial da Extrema Pobreza na Região Nordeste: uma aplicação para os municípios, coordenado pelo professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Laércio Cerqueira. Essas áreas vulneráveis têm em comum o fato de estar em áreas rurais com problemas climáticos, baixo nível educacio-nal e de produtividade e pouca cobertura dos serviços públi-cos de infraestrutura. “Políticas públicas concentradas podem favorecer a diminuição na quantidade de cidades em situação crítica”, comenta Cerqueira.

A base de dados do trabalho levou em consideração a renda per capita, as taxas de analfabetismo e extrema pobreza, os empregos formais e a infraestrutura domiciliar. Outra variante importante é o grau de dependência dos municípios, que cor-responde ao percentual de indivíduos menores de 15 anos somado à população maior de 64 anos, dividida pelo montante em idade ativa (15 a 64 anos). A pesquisa tem o mérito de ter realizado uma verificação espacial das cidades, o que significa analisar os atributos do município com relação ao seu vizinho e se existe uma relação de dependência entre os dois.

Foram criadas quatro categorias de classificação das cidades: alto-alto, baixo-alto, alto-baixo e baixo-baixo. Os adjetivos alto e baixo representam o nível de pobreza extrema no município e em seu vizinho, respectivamente. Leva-se em conta que esse tipo de pobreza é estabelecido para as famílias

com renda per capita abaixo de R$ 70. Esses indivíduos têm dificuldade de se abastecer com itens alimentares normatiza-dos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que possu-em nutrientes básicos à sobrevivência.

Apenas a categoria alto-alto equivale à concentração de pobreza em determinada região, enquanto as demais simboli-zam concentração de riqueza. Somente no Maranhão, onde existem 217 cidades, foram identificados 84 municípios na categoria alto-alto. As duas regiões mais pobres são a do Baixo Parnaíba e os Lençóis Maranhenses. “É preciso muito mais do que transferência de renda, como o que vemos com o Bolsa Famíla. É crucial garantir rendimento proveniente do trabalho. Deve-se atuar com políticas específicas e eficientes no sentido de entender as especificidades da região”, assegura o professor Laércio Cerqueira.

Investimentos – A relação entre municípios também é alvo de análise no trabalho Investimento público, ciclos políticos e intera-ção espacial nos municípios do estado da Bahia, apresentado pelo economista formado pela Ufba João Gabriel Vieira. O estu-do, que ganhou o prêmio de Economia Baiana deste ano, identificou que é menor a despesa de um município com investimento quanto maior for a sua distância de outra cidade com 100 mil habitantes. Ou seja, quanto mais amplo for um município, maior é a sua influência nos municípios do seu entorno.

O trabalho teve o objetivo de verificar os fatores orça-mentários, políticos e espaciais que influenciam no desempe-nho do investimento público na Bahia. No setor orçamentá-rio, foi identificado elevado grau de dependência em relação às transferências de verba, o resultado fiscal e as despesas com juros e amortizações. No âmbito político, a fragmenta-ção partidária aparece como item relevante sobre o nível de investimento local. “Quanto mais vereadores de legendas diferentes, pior é a situação. Isso porque é incentivado o com-

portamento clientelista e desvirtuado do bem comum”, comenta o economista João Gabriel Vieira.

A pesquisa indica a necessidade da aplicação de uma “reforma política que privilegie um desempenho ótimo das despesas do poder público”. Outra constatação no levanta-mento é que os municípios da Bahia são os que menos desembolsam com investimentos públicos entre todas as 26 unidades da Federação e o Distrito Federal. Entre os anos de 2006 e 2010, a média da participação do investimento público municipal na despesa orçamentária foi de 7,3%.

Os demais estados do Nordeste tiveram 12,4% (Mara-nhão), 10,4% (Rio Grande do Norte e Piauí), 10,3% (Ceará), 8,5% (Paraíba), 7,9% (Pernambuco), 7,8% (Alagoas) e 7,6% (Sergipe). Os percentuais são calculados a partir da base de dados Finanças do Brasil (Finbra), fornecida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Foram utilizados também dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do IBGE. Segundo o economista João Gabriel Vieira, a situação da Bahia é prejudicial à integração da economia nordestina. “Em especial nos pequenos municípios, onde há forte participação da administração pública no PIB”, assinala.

Exemplo de integração – Criar polos de desenvolvi-mento é uma solução para dinamizar a economia regi-onal. No estudo de caso Suape: novo polo de desenvolvi-mento?, o pesquisador Luiz Carlos de Santana, do Cen-tro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), na Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), apresenta um modelo de investimento que serve como parâmetro positivo de unidade de produção de desen-volvimento no Nordeste. O trabalho é focado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, que está localizado entre dois municípios da Região Metropolitana de Recife: Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca.

O local possui estrutura de porto-indústria com mais de 100 empresas em operação e geração de 25 mil empregos diretos. Dados de 2010 mostram que a microrregião formada pelas duas cidades representam 14,3% do PIB de Pernambu-co, apesar de apenas 3% da população do estado estar ali sedia-da. Dentro do Complexo de Suape está sendo construída a Refinaria Abreu e Lima, também conhecida como Refinaria do Nordeste (Rnest), e que deve entrar em operação até o final de 2014. Números da Petrobras indicam que, somente em sua fase de construção, 30 mil postos de trabalho foram criados.

Os números são resultado da grande quantidade de inves-timento que a região tem recebido nos últimos anos. O segre-do do sucesso tem sido também atrair outras empresas forne-cedoras. A refinaria tem conquistado uma série de investi-

mentos e se tornou atraente às empresas de pequeno porte que serão fornecedoras de insumos, além do fato de a região de Suape apresentar taxa de crescimento superior à média de Pernambuco, do Nordeste e nacional (veja quadro).

A pesquisa leva em consideração o conceito do economista francês François Perroux (1903-1987), responsável pela Teoria dos Polos de Crescimento. Vem dessa perspectiva a ideia de que polos de crescimento existem à medida que há uma indús-tria motriz inserida em um meio

Caracterização de Suape como polo de crescimento

200520062007200820092010

Regiões

6.7647.1608.2579.463

10.90913.571

49.92255.49362.25670.44178.42895.187

280.545311.104347.797397.500437.720507.502

2.147.2392.369.4842.661.3453.032.2033.239.4043.770.085

Taxa de Crescimento 12,31 11,36 10,38 9,84

Suape Pernambuco Nordeste Brasil

PIB a preços correntes (R$ milhão) - regiões selecionadas

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Fonte: Apresentação/Encontro, 2013

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RUMOS - 19 – Setembro/Outubro 2013 RUMOS - 18 – Setembro/Outubro 2013

R REPORTAGEM

Crescimento (PAC) e o Progra-ma de Investimento em Logísti-ca (PIL), o governo tem dado sinais de que está atento à importância de aspectos da infraestrutura como ferrovias,

rodovias, portos e aeroportos. Porém a lentidão no andamento das obras sugere que uma rede de infraestrutura montada e arti-culada ainda é um sonho da economia brasi-leira. A Fiol, por exemplo, está em fase de licitação depois de ter enfrentado períodos de crise, como a de recomendação de parali-sação de obras pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em trechos baianos.

Outra importante saída para aquecer a economia do Nordeste é pensar que as obras de logística precisam ser acompanha-das de investimentos paralelos. Serviços como telecomunicações, energia, banda larga e armazenamento para produção têm de ser atuantes no ciclo de infraestrutura. “Busca-se um modelo de integração econômica a partir de investimentos físicos em transporte de alta capacidade de carga. E isso requer outras ações conjuntas”, assinala o dire-tor de estudos da SEI, Edgard Porto, após lembrar a necessi-dade de programas de saúde, educação e outros itens básicos que devem ser executados de modo contínuo nas cidades.

Essas ações integradas podem retirar do Nordeste o fato de que 265 municípios da região estão hoje em situação de extrema pobreza e são vizinhos de cidades que também estão em situação de extrema pobreza. O número leva em conside-ração uma análise feita em 1.794 localidades pesquisadas no estudo Análise Espacial da Extrema Pobreza na Região Nordeste: uma aplicação para os municípios, coordenado pelo professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Laércio Cerqueira. Essas áreas vulneráveis têm em comum o fato de estar em áreas rurais com problemas climáticos, baixo nível educacio-nal e de produtividade e pouca cobertura dos serviços públi-cos de infraestrutura. “Políticas públicas concentradas podem favorecer a diminuição na quantidade de cidades em situação crítica”, comenta Cerqueira.

A base de dados do trabalho levou em consideração a renda per capita, as taxas de analfabetismo e extrema pobreza, os empregos formais e a infraestrutura domiciliar. Outra variante importante é o grau de dependência dos municípios, que cor-responde ao percentual de indivíduos menores de 15 anos somado à população maior de 64 anos, dividida pelo montante em idade ativa (15 a 64 anos). A pesquisa tem o mérito de ter realizado uma verificação espacial das cidades, o que significa analisar os atributos do município com relação ao seu vizinho e se existe uma relação de dependência entre os dois.

Foram criadas quatro categorias de classificação das cidades: alto-alto, baixo-alto, alto-baixo e baixo-baixo. Os adjetivos alto e baixo representam o nível de pobreza extrema no município e em seu vizinho, respectivamente. Leva-se em conta que esse tipo de pobreza é estabelecido para as famílias

com renda per capita abaixo de R$ 70. Esses indivíduos têm dificuldade de se abastecer com itens alimentares normatiza-dos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que possu-em nutrientes básicos à sobrevivência.

Apenas a categoria alto-alto equivale à concentração de pobreza em determinada região, enquanto as demais simboli-zam concentração de riqueza. Somente no Maranhão, onde existem 217 cidades, foram identificados 84 municípios na categoria alto-alto. As duas regiões mais pobres são a do Baixo Parnaíba e os Lençóis Maranhenses. “É preciso muito mais do que transferência de renda, como o que vemos com o Bolsa Famíla. É crucial garantir rendimento proveniente do trabalho. Deve-se atuar com políticas específicas e eficientes no sentido de entender as especificidades da região”, assegura o professor Laércio Cerqueira.

Investimentos – A relação entre municípios também é alvo de análise no trabalho Investimento público, ciclos políticos e intera-ção espacial nos municípios do estado da Bahia, apresentado pelo economista formado pela Ufba João Gabriel Vieira. O estu-do, que ganhou o prêmio de Economia Baiana deste ano, identificou que é menor a despesa de um município com investimento quanto maior for a sua distância de outra cidade com 100 mil habitantes. Ou seja, quanto mais amplo for um município, maior é a sua influência nos municípios do seu entorno.

O trabalho teve o objetivo de verificar os fatores orça-mentários, políticos e espaciais que influenciam no desempe-nho do investimento público na Bahia. No setor orçamentá-rio, foi identificado elevado grau de dependência em relação às transferências de verba, o resultado fiscal e as despesas com juros e amortizações. No âmbito político, a fragmenta-ção partidária aparece como item relevante sobre o nível de investimento local. “Quanto mais vereadores de legendas diferentes, pior é a situação. Isso porque é incentivado o com-

portamento clientelista e desvirtuado do bem comum”, comenta o economista João Gabriel Vieira.

A pesquisa indica a necessidade da aplicação de uma “reforma política que privilegie um desempenho ótimo das despesas do poder público”. Outra constatação no levanta-mento é que os municípios da Bahia são os que menos desembolsam com investimentos públicos entre todas as 26 unidades da Federação e o Distrito Federal. Entre os anos de 2006 e 2010, a média da participação do investimento público municipal na despesa orçamentária foi de 7,3%.

Os demais estados do Nordeste tiveram 12,4% (Mara-nhão), 10,4% (Rio Grande do Norte e Piauí), 10,3% (Ceará), 8,5% (Paraíba), 7,9% (Pernambuco), 7,8% (Alagoas) e 7,6% (Sergipe). Os percentuais são calculados a partir da base de dados Finanças do Brasil (Finbra), fornecida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Foram utilizados também dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do IBGE. Segundo o economista João Gabriel Vieira, a situação da Bahia é prejudicial à integração da economia nordestina. “Em especial nos pequenos municípios, onde há forte participação da administração pública no PIB”, assinala.

Exemplo de integração – Criar polos de desenvolvi-mento é uma solução para dinamizar a economia regi-onal. No estudo de caso Suape: novo polo de desenvolvi-mento?, o pesquisador Luiz Carlos de Santana, do Cen-tro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), na Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), apresenta um modelo de investimento que serve como parâmetro positivo de unidade de produção de desen-volvimento no Nordeste. O trabalho é focado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, que está localizado entre dois municípios da Região Metropolitana de Recife: Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca.

O local possui estrutura de porto-indústria com mais de 100 empresas em operação e geração de 25 mil empregos diretos. Dados de 2010 mostram que a microrregião formada pelas duas cidades representam 14,3% do PIB de Pernambu-co, apesar de apenas 3% da população do estado estar ali sedia-da. Dentro do Complexo de Suape está sendo construída a Refinaria Abreu e Lima, também conhecida como Refinaria do Nordeste (Rnest), e que deve entrar em operação até o final de 2014. Números da Petrobras indicam que, somente em sua fase de construção, 30 mil postos de trabalho foram criados.

Os números são resultado da grande quantidade de inves-timento que a região tem recebido nos últimos anos. O segre-do do sucesso tem sido também atrair outras empresas forne-cedoras. A refinaria tem conquistado uma série de investi-

mentos e se tornou atraente às empresas de pequeno porte que serão fornecedoras de insumos, além do fato de a região de Suape apresentar taxa de crescimento superior à média de Pernambuco, do Nordeste e nacional (veja quadro).

A pesquisa leva em consideração o conceito do economista francês François Perroux (1903-1987), responsável pela Teoria dos Polos de Crescimento. Vem dessa perspectiva a ideia de que polos de crescimento existem à medida que há uma indús-tria motriz inserida em um meio

Caracterização de Suape como polo de crescimento

200520062007200820092010

Regiões

6.7647.1608.2579.463

10.90913.571

49.92255.49362.25670.44178.42895.187

280.545311.104347.797397.500437.720507.502

2.147.2392.369.4842.661.3453.032.2033.239.4043.770.085

Taxa de Crescimento 12,31 11,36 10,38 9,84

Suape Pernambuco Nordeste Brasil

PIB a preços correntes (R$ milhão) - regiões selecionadas

PANORAMA

Laércio Cerqueira

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João Gabriel Vieira Sidney SoaresLuiz Carlos de Santana Edgard Porto

DINAMISMO EINTERGRAÇÃO ECONÔMICA:NORDESTE E BRASIL

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Fonte: Apresentação/Encontro, 2013

Page 5: PIB BAHIA - 2010 Os desafios da integração econômica do ......conjunto e integrado entre os estados este ano foi Dinamismo e Integração Econômi-ca: Nordeste e Brasil. O evento

RUMOS - 20 – Setembro/Outubro 2013

R REPORTAGEM PANORAMA

econômico. Essa indústria tem a capacidade de atrair outras empre-sas e possui características como o porte elevado de produção, taxa de crescimento superior à média nacional e forte relação de interde-

pendência setorial com diferentes indústrias.Apenas na fase de construção, a refinaria

deve gerar aumento de 1,14% sobre o valor da produção total de Pernambuco. O problema é que apenas 3,5% da receita gerada nesse proces-so transbordará para outros estados do Nordes-te, enquanto 21,4% seguirá para outras áreas do país e 75,1% ficará em Pernambuco. “É preciso canalizar a cadeia de fornecedores dentro do Nordeste. E quando a refinaria começar a funci-onar, é interessante internacionalizar regional-mente os produtores para que o Nordeste absor-va o maior transbordamento de renda”, assinala Santana.

Exclusão financeira – O analista do Banco Central (BC) Sidney Soares, doutor em economia pela Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentou dois estudos, Características, convergências e divergências do Crediamigo e do Credi-bahia e Origem e dinâmica do programa de microcrédito Crediamigo do Banco do Nordeste, que venceu o prêmio Financiamento do Desenvolvimento. Em um dos trabalhos, o pesquisador analisa o fato de o Nordeste ser hoje a região com maior exclusão financeira do país. Um diagnóstico calculado pelo BC, com base em metodologia construída pela instituição, criou um parâmetro que vai de 0 a 40 para mensurar o Índice de Inclusão Financeira (IIF). Na região, o IIF subiu de 5 para 13,4 entre os anos de 2000 e 2010. Essa é a pior trajetória do país, atrás inclusive da Região Norte, que foi de 3,9 para 13,8 no mesmo período, seguido do Centro-Oeste (15,3 – 31,5). Os melhores indicadores estão nas regiões Sul (14,8 – 37,6) e Sudeste (16,4 – 32,5). Os dados foram elaborados com base em informações de instituições supervisionadas pelo BC, centralizadas em dados dos arquivos de Estatística Bancária por Município (Estban) e de Informações sobre Entidades de Interesse do BC (Unicad), com registros do IBGE.

Soares explica que exclusão financeira é o processo no qual os cidadãos não têm acesso ou encontram dificuldades em suas práticas financeiras. Isso impede que tenham ligação com práticas bancárias do cotidiano. Envolve desde encon-trar uma agência com máquinas à disposição e bom atendi-mento, até condições de uso com cobrança de taxas que sejam viáveis ao consumidor. “Como o sistema financeiro tem relação com o crescimento econômico, a redução da inclusão financeira dificulta o desenvolvimento regional. É preciso levar o instrumento financeiro o mais próximo das regiões, principalmente das mais pobres”, pontua.

Seca no Nordeste – Um exemplo de trabalho voltado ao desenvolvimento regional é o realizado pela Desenbahia. Números oficiais do órgão informam que entre 2011 e agos-

to de 2013, foram liberados R$ 200 milhões à região do semiárido baiano. A verba foi direcionada para investimentos na agricultura, indústria, comércio e serviços. Somente com o Programa de Microcrédito do Estado da Bahia (Credibahia), foram liberados R$ 103 milhões para microempreendores do semiárido entre 2002 e 2013.

A estiagem já dura dois anos no Nordeste e, em 2013, foi considerada pelo governo a pior dos últimos 50 anos. No trabalho Efeitos da seca sobre a produtividade agrícola dos municípios da região Nordeste, o economista da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Paulo Cirino tem buscado mostrar os efeitos da falta de chuvas sobre a produtividade agrícola dos municípios da região Nordeste. Os resultados preliminares são focados no cultivo de mandioca, cana-de-açúcar e milho, sendo observado que, além da redução da produtividade, os anos de estiagem refletem no comprometimento da segurança alimentar de produtores familiares e na redução de renda.

Feito em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), o trabalho considera o período de 1970 a 2012. São cerca de 1.700 municípios na região que concentra 40% dos agricultores familiares brasileiros. Das três culturas analisa-das, o milho apresenta os resultados mais graves. Cerca de 40,7% da média da produção é reduzida na Paraíba, índice que chega a 38,8% na Bahia e 29,3% em Alagoas.

Para o economista Paulo Cirino, uma análise de dados dessa magnitude é crucial para se formularem políticas públi-cas. Entre as alternativas está um plano de gerenciamento de recursos hídricos e a ampliação das áreas irrigadas, além de investimentos em perenização de rios e poços artesianos. Outras sugestões que podem ser debatidas são a transposição de rios, a construção de barragens e a assistência técnica aos produtores. O grupo de pesquisa do qual Paulo Cirino faz parte tem investido em temáticas que mostram o impacto do clima na economia, como ondas de calor e os efeitos dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña em relação aos municípios brasileiros.

Participantes do IX Encontro de Economia Baiana acompanham os debates sobre o futuro econômico da Região Nordeste.

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