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PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO - Comentários metodológicos - Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros Adriana Ferreira Silva Arlei Luiz Fachinello CEPEA ESALQ/USP Novembro/2014

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PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

- Comentários metodológicos -

Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros

Adriana Ferreira Silva

Arlei Luiz Fachinello

CEPEA – ESALQ/USP

Novembro/2014

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CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Página 2

1. INTRODUÇÃO

Apresenta-se nesse texto uma síntese dos procedimentos utilizados pelo CEPEA – ESALQ/USP

para o cálculo e acompanhamento do PIB do Agronegócio Brasileiro, realizados com o suporte da

Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). O objetivo é, através do PIB, medir a renda

real do setor, a qual se destina à remuneração dos fatores de produção: trabalho (salários e

equivalentes), capital físico (juros e depreciação), terra (aluguel ou juros), e lucros. Importam,

portanto, no cômputo do PIB do agronegócio as evoluções do volume produzido e dos preços reais

(descontada a inflação). Um PIB maior significa que os fatores de produção em conjunto receberão

maior remuneração; não se trata, neste contexto, o da repartição da renda entre esses fatores.

É importante salientar que o conceito de agronegócio não exclui nenhuma categoria de produtor

rural, agroindústria ou prestador de serviço, quaisquer que sejam o seu tamanho (em termos de área ou

volume produzido, renda e tipo de produção) e nível tecnológico. Ou seja, no segmento agropecuário

especificamente, agronegócio inclui o que tem sido referido como agricultura empresarial ou

comercial, pequena agricultura, agricultura familiar, etc., bem como os demais agentes das cadeias

produtivas1 onde se inserem. Sendo um conceito agregado, o PIB não distingue essas categorias, assim

como o PIB de um país não especifica sua repartição entre patrões e empregados, ou entre pequenas,

médias ou grandes empresas ou negócios.

A opção pelo conceito de negócio é proposital, no sentido de que, quaisquer que sejam as

formas e escalas de organização ou arranjo das atividades produtivas, econômica e financeiramente,

trata-se de negócios estruturados para consecução da produção de bens e serviços a partir de recursos

produtivos. Tais negócios têm de ser viáveis e sustentáveis para que propiciem condições de

manutenção do nível de vida e progresso econômico e social ao longo do tempo. O PIB é um indicador

da evolução desses negócios, isto é, da medida em que esses objetivos estão sendo atendidos

potencialmente.

1 Cadeia produtiva é aqui entendida como a sequência de atividades envolvidas a montante e a jusante da atividade

agropecuária, indo do segmento de insumos para a agropecuária até o destino final da matéria prima ou seus derivados

(consumidor ou exportação).

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1.1. Definições metodológicas básicas sobre o PIB

Existem três abordagens ao se considerar o PIB de agronegócio, sendo que essas abordagens

obrigatoriamente levam às mesmas estimativas do PIB.

1. Uma primeira alternativa seria calcular o PIB como o valor da produção de bens e serviços

finais, ou seja, que vão até o consumidor final, os estoques ou o exterior. Para se proceder tal

cálculo, seriam somados os valores de (a) consumo das famílias, (b) bens de capital novos e de

reposição, (c) as variações nos estoques, (d) as compras governamentais e (e) as exportações; de

cujo total seria subtraído o valor das importações. Este procedimento seria recomendado quando

se pretende calcular o PIB de um país ou região, sem referência às contribuições de cada

segmento ao longo das cadeias produtivas.

2. Uma segunda alternativa seria, partindo-se das Matrizes de Insumo-produto – MIPs, calcular-se

o valor adicionado por segmento de cada setor da economia. Esse valor adicionado é o PIB do

segmento referido e é obtido a partir da diferença entre o Valor Bruto da Produção (VBP,

volume produzido vezes preço de mercado) e o consumo intermediário, ou seja, de bens e

serviços que são consumidos na realização do produto final no período considerado. A economia

é vista, então, como um grande conjunto (ou feixe) de cadeias produtivas que, sequencialmente,

envolvem diversos segmentos, cada um produzindo insumos para o segmento seguinte. Por

exemplo, o segmento de insumos agrícolas (fertilizantes, por exemplo) vende sua produção (cujo

valor é VBPi) ao segmento da agropecuária. Ou seja, as compras da agropecuária constituem o

VBPi do segmento dos insumos menos os estoques de insumos mantidos no mesmo segmento,

caso haja. O PIBi dos insumos, pro sua vez, é o VBPi menos os seus próprios insumos (materiais

adquiridos para fazer fertilizante, por exemplo). Já o PIBa da agropecuária será o VBPa desse

segmento menos o valor dos insumos adquiridos do segmento a montante (segmento de

insumos), ou seja, VBP menos estoques.

3. A terceira maneira de medir o PIB seria a soma das remunerações recebidas pelos fatores de

produção de cada segmento, ou da cadeia como um todo, ou mesmo o conjunto delas, formando

o agronegócio. Assim, o PIB seria constituído pela remuneração ao trabalho (salários e

equivalentes), capital físico (juros e depreciação), terra (aluguel ou juros) e lucro. Quando o PIB

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cresce, os detentores do trabalho, capital e terra, bem como o empresário, podem repartir entre si

uma renda real maior.

A metodologia adotada pelo Cepea/USP segue a segunda estratégia. Sendo assim, o PIB do

agronegócio é medido pelo valor adicionado avaliado a preços reais de mercado, ou seja, inclui os

impostos pagos pelas atividades produtivas, bem como as margens de comercialização (custos relativos

a comércio, transporte e demais serviços). Para efeito desse trabalho utilizam-se, portanto, as

informações provenientes das Matrizes de Insumo-Produto calculadas oficialmente pelo IBGE, que

contemplam um total de 42 setores da economia brasileira (ou 43 como na Tabela A1, onde se separou

agricultura de pecuária). Utilizam-se, também, dados das Contas Nacionais e do Censo Agropecuário

do IBGE, além de informações complementares de outras fontes.

Uma Matriz de Insumo-Produto contempla o fluxo de bens e serviços e a estrutura de produção

e insumos das atividades desenvolvidas nas unidades produtivas ou estabelecimentos. Atualizações da

base de dados devem ser feitas sempre que houver o surgimento de novas fontes de informações que

surgem ao longo do tempo e que podem modificar os fluxos produtivos e de renda até então

apresentados.

A definição dos setores que se relacionam com as atividades agropecuárias é feita com base nas

Matrizes de Insumo-Produto (MIPs). Todos os setores descritos nas MIPs (separando-se, ademais, a

agropecuária em agricultura e pecuária) podem fazer parte do agronegócio; porém, sua participação no

agronegócio é proporcional ao grau de vinculação ao segmento fundamental e definidor do

agronegócio que é a agropecuária. Agronegócio é, portanto, a somatória de setores inteiros ou de partes

de setores que se relacionam com a agropecuária, sendo o peso de cada setor proporcional à sua

vinculação à agropecuária. Assim, cada setor vai entrar no PIB do agronegócio:

a) de acordo de sua importância como supridor de insumos para a produção agropecuária;

b) se pertencer à agropecuária (“dentro da porteira”): agricultura ou pecuária;

c) de acordo de sua importância como processador de produtos agropecuários; e

d) de acordo de sua importância como serviços de transporte, comércio e demais serviços

prestados ao longo da cadeia produtiva do agronegócio.

Para definição dos principais setores integrantes do agronegócio foi utilizada a classificação do

IBGE (tabela A1), que, para melhor especificação foram associados às atividades da CNAE –

Classificação Nacional das Atividades Econômicas. Foram identificadas na CNAE classes de dois até

cinco dígitos tratando de atividades ligadas diretamente ao agronegócio (Tabela 1). No caso de algumas

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atividades que utilizam matéria prima da agropecuária para alguns produtos e não a utilizam para

outros (como Têxteis, Vestuários e Acessórios, Couro e Calçados, Móveis), para determinar a fração de

seu Valor Adicionado pertencente ao agronegócio, valeu-se de dados do IBGE referentes ao VTI -

Valor de Transformação Industrial ou da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais. O setor de

serviços, conforme descrito abaixo, corresponde à parcela da demanda final doméstica de bens e

serviços que é atendida pela agropecuária e agroindústria. Especificamente para o segmento de

Insumos, além das atividades típicas listadas na tabela 1, foram acrescentados no PIB do agronegócio

todos os demais setores da economia na proporção indicada pelos seus coeficientes técnicos relativos à

agropecuária: por exemplo, a Indústria Extrativa Mineral (CNAE, 132) entra com 1,1% do seu Valor

Adicionado na composição do agronegócio.

Na tabela 1 estão indicadas atividades em cada segmento do agronegócio (insumos,

agropecuária, agroindústria e serviços) primário. Apresentam-se também as porcentagens do PIB das

atividades que foram consideradas como parte do agronegócio.

Tabela 1. Atividades e suas participações no Agronegócio

Fonte: Cepea/USP com base em dados de IBGE, CNAE, RAIS.

ATIVIDADES SEGMENTOS

% DAS ATIVIDADES ALOCADAS

NO AGRONEGÓCIO

AGRICULTURA, SILVICULTURA E PESCA AGROPECUÁRIA 100

PECUÁRIA E PESCA AGROPECUÁRIA 100

INDÚSTRIA CAFÉ AGROINDÚSTRIA 100

INDÚSTRIA FRUTAS, LEGUMES E HORTALIÇAS AGROINDÚSTRIA 100

BENEFICIAMENTO DE PRODUTOS VEGETAIS (ARROZ, TRIGO, MANDIOCA, MILHO) AGROINDÚSTRIA 100

MÓVEIS DE MADEIRA AGROINDÚSTRIA 100

ABATE E PREPARAÇÃO CARNES AGROINDÚSTRIA 100

LATICÍNIOS AGROINDÚSTRIA 100

AÇÚCAR AGROINDÚSTRIA 100

ÓLEO VEGETAL (EXCETO MILHO) E FARELO AGROINDÚSTRIA 100

PÃES, MASSAS, DOCES, BEBIDAS AGROINDÚSTRIA 100

FUMO AGROINDÚSTRIA 100

TÊXTIL AGROINDÚSTRIA 48,5

VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS AGROINDÚSTRIA 36,4

ARTIGOS COURO E CALÇADOS AGROINDÚSTRIA 62,5

PRODUTOS MADEIRA AGROINDÚSTRIA 100

PAPEL E CELULOSE AGROINDÚSTRIA 100

ETANOL AGROINDÚSTRIA 100

MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS INSUMOS 100

FERTILIZANTES INSUMOS 100

REFINO PETRÓLEO (ÓLEO DIESEL) INSUMOS 9,5

SERVIÇOS DE COMERCIALIZAÇÃO SERVIÇOS 14,5

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Os setores que compõem o agronegócio são grupados em quatro segmentos que constituem a

cadeia produtiva: Insumos, Agropecuária, Agroindústria e Serviços. O agronegócio como um todo (não

somente o segmento da agropecuária) é desagregado em dois ramos: Agricultura e Pecuária (como na

tabela A1). Para essa desagregação ponderam-se os valores de produção e de insumos pela participação

de cada produto no valor de produção total e de consumo intermediário total, de acordo com os dados

do Censo Agropecuário.

1.2. Estimativas das Matrizes de Insumo Produto do Brasil

O IBGE divulga, com periodicidade não definida, Matrizes de Insumo Produto da economia

brasileira. Tais matrizes2 descrevem os fluxos de bens e serviços na economia, bem como a estrutura de

produção e uso, segundo atividades e setores, além de geração de renda e emprego associados às

atividades. As últimas MIPs completas da economia brasileira divulgada pelo IBGE tem como base o

ano de 1996.

É possível proceder a atualização de uma MIP, mediante o desenvolvimento de algumas

matrizes (como a de usos a preço básico a partir da matriz de usos preços ao consumidor) em conjunto

com as Tabelas de Recursos e Usos (TRUs) do Sistema de Contas Nacionais, publicadas anualmente

pelo IBGE.

Com as matrizes na estrutura desejada, foram então extraídas todas as informações necessárias

para o cômputo da renda do agronegócio, segundo os segmentos que o compõe, desde a compra de

insumos, passando pela produção agropecuária e industrial, até a entrega ao consumidor final

doméstico ou a exportação. Com isso, o agronegócio ficou definido em quatro grandes segmentos (1)

insumos para a agropecuária, (b) produção agropecuária básica, ou, como também é chamada, primária

ou de “dentro da porteira”, (c) agroindústria e (c) serviços. Nas partes subsequentes são apresentados

detalhes sobre o método de estimação, e a definição desses segmentos e atividades.

2 Entre essas matrizes constam a matriz de Produção (formada por um conjunto de produtos por setores produtivos); a

de Usos (a preços básico, formada por um conjunto de produtos, usuários e fonte); a de Fatores de Produção (valores adicionados por indústria; a de Impostos, e, por último, a de Margens (de comércio e de transporte).

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2. CÁLCULO DOS PIBS DOS SEGMENTOS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O procedimento adotado para a estimativa do PIB do Agronegócio brasileiro se dá pelo enfoque

do Produto, ou seja, do cálculo do Valor Adicionado a preços de mercado de cada setor envolvido, o

qual é obtido pela soma do valor adicionado a preços básicos aos impostos indiretos líquidos de

subsídios sobre produtos, resultando na seguinte expressão:

VAPM = VAPB + IIL

onde:

VAPM = Valor Adicionado a Preços de Mercado

VAPB = Valor Adicionado a Preços Básicos

IIL = Impostos Indiretos Líquidos

a) PIB dos Insumos

No segmento de Insumos do agronegócio são computadas parcelas do valor adicionado a preços

de mercado de todos os setores (da matriz) fornecedores de insumos para a agricultura ou para a

pecuária. Essas parcelas são definidas em função da importância da agricultura ou pecuária como

comprador (usuário) de cada setor incluído no segmento de insumos. Na Tabela 1, foram apresentadas

as parcelas de produção das principais atividades agropecuária, para o ano base de 2000. As parcelas da

produção vendidas para as atividades primárias foram então multiplicadas pela renda gerada em cada

setor, formando-se, assim, a participação de cada setor fornecedor de insumos para a atividade agrícola

ou pecuária.

Assim, os PIBs do segmento Insumos para os dois grandes ramos do agronegócio será dado por:

n

iPMiij

I

j VActPIB1

em que j representa a atividade (compondo a agricultura ou a pecuária) e i I são os setores do

segmento de insumos (I); ctij são coeficientes técnicos de uso de cada insumo procedente do setor i pela

atividade (j), sendo ctij = zj / Xi, em que Xi é o valor da produção do setor de insumo i e zj é o valor total

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dos insumos do setor i usado na atividade j. Finalmente, VAi é o valor adicionado (renda) do setor de

insumos i.

Assim, o PIB do segmento de insumos fica:

b) PIB da Agropecuária

Os valores adicionados a preços de mercados da agropecuária (agricultura e pecuária), “dentro

da porteira”, são considerados integralmente nesse segmento, como explicitado abaixo. No cálculo do

PIB da agropecuária entram, separadamente, os PIBs da agricultura (agric) e da pecuária (pec).

PMagricagric VAPIB

De forma semelhante para a pecuária:

PMpecpec VAPIB

Assim, o PIB da agropecuária fica:

c) PIB da Agroindústria

No segmento indústria de base agrícola ou pecuária é incluído todo ou parte do valor

adicionado a preço de mercado pela indústria processadora que efetuam até a terceira transformação

das matérias-primas agropecuárias.

Os PIBs da indústria de base agrícola e pecuária são dados por:

).( PMjjj

PMjj

ind

agric VActVAPIB , e

pecagricagropec PIBPIBPIB

ins

pec

ins

agric

Ins

agropec PIBPIBPIB

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).( PMqqq

PMqq

ind

pec VActVAPIB

em que j representa as indústrias de base agrícola e q as indústrias de base pecuária. Do valor total

adicionado pelas indústrias, é excluída a parcela já computada dessas indústrias no segmento de

Insumos, caso houver.

O PIB da indústria do agronegócio é dado por:

ind

pec

ind

agric

ind

agron PIBPIBPIB

As indústrias de base agrícola e pecuária consideradas são apresentadas na tabela 1.

d) PIB de Serviços

No cálculo do PIB do segmento de serviços do agronegócio computa-se a parcela dos valores

adicionados a preços de mercado pelos setores de transporte, comércio e serviços. Essa parcela é

definida pela participação da demanda final do segmento do agronegócio no total da demanda final

doméstica (DFD). A demanda final dos segmentos do agronegócio inclui as demandas das atividades

“dentro da porteira” e indústrias relacionadas.

Para o cálculo do PIB do agronegócio brasileiro, tomou-se como base os setores de serviços

definido como: comunicação, instituições financeiras, serviços às famílias, serviços às empresas,

aluguéis e imóveis, administração pública e serviços privados não mercantis.

A sistemática adotada no cálculo do valor de serviços final do agronegócio pode ser

representada por:

DFDPIIILDFG DFDF

DFD

DFDF

VASPIBkq

PM

Serv

Agron

AgroindAgropec

K=agricultura, pecuária.

onde:

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DFG = demanda final global.

IILDF = impostos indiretos líquidos pagos pela demanda final.

PIDF = produtos importados pela demanda final.

DFD = demanda final doméstica.

VASPM = valor adicionado do setor serviços (inclusive comércio e transporte) a preços de

mercado.

DFAgropec = demanda final da agropecuária.

DFAgroind = demanda final dos segmento agroindustrial.

PIBServ

= PIB do agregado IV (serviços).

e as outras variáveis são como definidas anteriormente.

Logo, o PIB de Serviços do agronegócio (serv

agronPIB ) é formado pelos PIBs do ramo agrícola

(serv

agricPIB ) e do Pecuário (serv

pecPIB ):

serv

pec

serv

agric

serv

agron PIBPIBPIB

mediante consideração das demandas finais para cada ramo.

Com base nos procedimentos de cálculo acima, podemos expressar os resultados do

agronegócio das seguintes formas:

serv

agric

ind

agricagric

ins

agricagric PIBPIBPIBPIBPIB

serv

pec

ind

pecpec

ins

pecpec PIBPIBPIBPIBPIB

pecagricagron PIBPIBPIB

ou

servindagropins

agron PIBPIBPIBPIBPIB

3. ATUALIZAÇÃO MENSAL DOS DADOS

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Mensalmente o Cepea/Esalq-USP acompanha o desempenho do PIB do agronegócio brasileiro

com base na evolução da produção e do preço real das respectivas atividades de cada segmento que

compõe o setor. Consideram-se as variações reais dos preços médios dos meses decorridos do ano

corrente em relação à média do mesmo período do ano anterior. Para a produção, as variações são

calculadas a partir das estimativas anuais de safra e de produção (basicamente do IBGE, da CONAB e

de Associações ligadas aos setores do agronegócio desde a produção primária, ao processamento

industrial) para o ano civil corrente, em relação ao ano anterior.

As variações anuais de preços reais e produção são então ponderadas pela participação de cada

atividade nos PIBs dos respectivos segmentos do agronegócio e ramos (Agricultura e Pecuária) do ano

anterior. As ponderações são anualmente modificadas. Em seguida as variações anuais são ajustadas

para o período corrente, a partir das quais serão calculadas as variações mensais e acumuladas no

período.

4. DIFERENÇAS ENTRE CEPEA E IBGE

1) Agropecuária X Agronegócio: Pelo critério metodológico do Cepea, o PIB do agronegócio é

medido pela renda gerada em todas atividades que se relacionam com a agropecuária, estando estas

relações divididas em quatro segmentos: (1) insumos para a agropecuária, (2) produção agropecuária,

ou, como também é chamada, primária ou de “dentro da porteira”, (3) agroindústria e (4) distribuição

(comércio, transporte, demais serviços). O IBGE, por sua vez, considera em suas análises do PIB,

apenas o segmento da agropecuária (2).

2) Preços: O IBGE reporta seus cálculos pelo critério de preços constantes, isto é, entre dois anos

consecutivos, as produções de ambos são avaliadas a preços do primeiro ano. Trata-se de critério

mundialmente utilizado que expressa a expansão ou retração do volume produzido em cada setor ou na

economia como um todo. O Cepea, por sua vez, calcula o PIB tomando-se o desempenho dos preços

reais (ou seja, já descontada a inflação do período), norteado pelo objetivo de avaliar a renda real dos

setores envolvidos.

3) Produção: Em se tratando dos volumes da agropecuária, o IBGE considera em seus cálculos a

produção colhida no período avaliado. Por exemplo, na análise trimestral, a cesta de produtos inclusos

no cálculo refere-se aos produtos colhidos no trimestre. Diferente do IBGE, o Cepea acompanha a

produção agropecuária pelas estimativas anuais de safra, para 25 produtos, e a ajusta para o período em

análise. Desta forma, os cálculos são realizados a partir de uma mesma cesta de produtos ao longo de

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todo o ano. Para o Cepea, além de manter constante o conjunto de produtos avaliados, este método

incorpora a dinâmica de precificação dos produtos agropecuários, que se ajusta via expectativas de

safra. Ademais, as estimativas de safra para grãos e cana-de-açúcar, são acompanhadas pelas

estatísticas do levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Tabela A1- Setores Econômicos - IBGE