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Programa de Incentivo a Inovacao na Universidade Federal de Lavras

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Realização

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Na Era do Conhecimento, terão destaque os países e regiões que obtiverem o do-mínio da inteligência no processo produtivo. Para esse processo, é imprescindível a união de esforços. O cenário atual apresenta pequena tradição de pesquisa e desenvolvimento nas empresas, a concentração de pesquisadores nas instituições de ensino e pesquisa, o que demanda maior interatividade entre a academia e o setor produtivo. A necessidade de pro-mover a transferência do conhecimento em valor econômico levou o Governo de Minas a criar o Programa de Incentivo à Inovação (Pii), por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas (Sebrae-MG), instituições de ensino e pesquisa, e governos municipais.

O Programa é um instrumento para transformação de projetos de pesquisa aplicada em inovações tecnológicas, para obter a melhoria da cultura da inovação nas universidades. O objetivo é gerar patentes e contratos de transferência de tecnologia, investimentos em capacitação de profissionais e a geração de empresas de base tecnológica em Minas.

O Pii foi criado para acelerar a integração da academia com o setor empresarial no Estado, e hoje já demonstra o aumento das parcerias. Já são visíveis os reflexos da cultura empreendedora entre as equipes. A cidade de Lavras foi escolhida para a realização do pro-jeto-piloto no Estado, que foi criado também pela necessidade de surgimento de projetos inovadores para os parques tecnológicos e incubadoras de empresas.

O Programa de Incentivo à Inovação amplia a rede de relacionamento das universi-dades mineiras com a sociedade e o mercado. As iniciativas que se encontram nas páginas a seguir são fruto de um vigoroso trabalho empreendido pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), com a participação do Sebrae e da Prefeitura Municipal de Lavras. Além de qualifi-car as pesquisas, o Pii estimula a atração de investidores de capital semente e empreendedo-res, e a elaboração de um banco de oportunidades tecnológicas.

Os projetos de pesquisa viáveis são transformados em inovações tecnológicas por meio das atividades de chamada pública para seleção dos projetos de pesquisa da institui-ção, estudo de viabilidade técnica, econômica e comercial, desenvolvimento dos protótipos comerciais dos produtos gerados e apresentação dos projetos para investidores.

Após a seleção dos projetos, foi iniciado o Plano Tecnológico, processo inédito e o grande diferencial do Programa, com o desenvolvimento de protótipos, plano de negócios específico para empresas de base tecnológica. Este livro retrata 20 cases de projetos de pesquisa desenvolvidos nos laboratórios da Universidade Federal de Lavras que receberam apoio para serem convertidos em produtos ou processos que beneficiem a população, por meio da transferência de tecnologia. Esse é um estímulo para que as pesquisas científicas possam contribuir para o desenvolvimento, gerando mais renda e mais empregos em Minas. A iniciativa já está sendo estendida às universidades federais de Itajubá (Unifei) e Juiz de Fora (UFJF). Em breve, os Arranjos Produtivos Locais e os municípios de Belo Horizonte e Viçosa também serão beneficiados.

Alberto Duque PortugalSecretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

INTrOdUçãO

Programa de Incentivo à Inovação em Minas Gerais

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As micro e pequenas empresas precisam de inovação para aumentar a competitivi-dade e a sustentabilidade. O mercado atual exige que a sociedade, as universidades, as ins-tituições públicas e as empresas busquem a diferenciação para obter sucesso nos negócios. Neste ambiente de intensa competição, a capacidade de inovar passa a ser um fator para obter sucesso.

Entendida em seu sentido mais amplo, a inovação abrange aspectos relacionados ao desenvolvimento e à melhoria de produtos, serviços e de processos produtivos. E também da gestão, logística, distribuição e posicionamento mercadológico.

O Programa de Incentivo à Inovação, parceria entre o Sebrae-MG e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), tem como objetivo transformar projetos de pesquisa aplicada em inovações tecnológicas.

Esta publicação apresenta os 20 projetos do Programa, desenvolvidos na Universi-dade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com o Sebrae-MG, a Sectes e a Prefeitura de Lavras.

Esses projetos, na fase do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Comercial e Ambiental, foram gerados nos departamentos da UFLA e abrangem pesquisas importantes que envolvem as culturas do café, do milho, da banana, da alface, as leveduras para cacha-ça, o tratamento de efluentes e o controle de pragas.

Entre as inúmeras atividades de inovação e tecnologia desenvolvidas pelo Sebrae-MG, o Programa de Incentivo à Inovação (Pii) destaca-se pela metodologia prática e inova-dora que permite resultados surpreendentes.

Dos 64 projetos inscritos no edital, elaborados por 54 professores da UFLA, 20 foram selecionados. Ao longo deste processo até o desenvolvimento de 12 protótipos, o entusias-mo e a dedicação de todos os parceiros propiciaram o nascimento de cinco empresas de base tecnológica.

Esse resultado proporcionou a revitalização da incubadora de empresas da UFLA e, conseqüentemente, o fortalecimento do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFLA (NINTEC). O trabalho desenvolvido pelo Instituto Inovação e pelo Núcleo de Tecnologia da Qualidade e da Inovação da Universidade Federal de Minas Gerais foram fundamentais nessa etapa.

Todas estas iniciativas reforçam a importância da interação entre o conhecimento científico gerado nas universidades e as iniciativas de promoção do empreendedorismo e a geração de negócios. O Programa de Incentivo à Inovação é uma das formas menos dispen-diosas e efetivas de estimular a inovação em Minas Gerais e no Brasil. E demonstra o traba-lho competente do Sebrae-MG e das instituições parceiras para incentivar a competitividade e o crescimento das micro e pequenas empresas mineiras.

Roberto SimõesPresidente do Sebrae-MG

Conhecimento aplicado

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A Universidade Federal de Lavras (UFLA) inicia as comemorações de seu centenário (1908 – 2008) com resultados de sucesso que consolidam sua inserção no cenário regional, nacional e internacional. A UFLA é uma instituição federal que tem como objetivos promo-ver o ensino de graduação e pós-graduação, a pesquisa e a extensão universitária. Nestes 100 anos de atividade a instituição tem pautado suas ações na busca da qualidade.

A participação constante e crescente da equipe de docentes, pesquisadores, técnico-administrativos e acadêmicos da instituição no desenvolvimento de pesquisa de alta quali-dade tem sido reconhecida em diferentes esferas.

A vocação institucional de fazer ciência e prática, desenvolvida durante um século de existência, possibilitou o entendimento de que é necessário gerar conhecimento, por meio da pesquisa básica, e, a partir de então, buscar a geração de novas tecnologias, a partir de pesquisas aplicadas. desta forma, é possível contribuir com o desenvolvimento da socieda-de, disponibilizando inovações que promovam melhorias na qualidade de vida, através de geração de renda e melhoria de processos no que se refere à melhor utilização dos recursos naturais de forma sustentável.

Na busca do fortalecimento da política institucional de incentivo à pesquisa científica e inovação tecnológica, a UFLA teve o apoio decisivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O desenvolvimento natural dessa política permitiu a criação do Núcleo de Inovação Tecnoló-gica da UFLA – NINTEC, órgão responsável pela gestão da política de inovação tecnológica e proteção ao conhecimento gerado na Universidade, conforme definido na lei de inovação tecnológica.

devido à busca constante da promoção de ações visando a incentivar e capacitar os pesquisadores a desenvolver tecnologias inovadoras com aplicações práticas para a socieda-de e para o mercado, a UFLA foi escolhida pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes), para atuar como instituição-piloto no Programa de Incentivo à Inovação (Pii). Celebrou-se então um convênio entre a Sectes, o Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Prefeitura Municipal de Lavras, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Fundação de Desenvolvimento, Científico e Cultural (Fundecc), no qual esses parceiros alocaram recursos e envidaram esforços para auxiliar na construção de um programa de incentivo à inovação para apoiar projetos que já estivessem em fase adiantada de transformação do conhecimento em inovação.

A participação da UFLA nesse programa permitiu o crescimento da equipe envolvida na gestão do NINTEC e foi fundamental para o fomento da cultura de inovação na universi-dade, a qual, em conseqüência, se encontra hoje em processo de construção e consolidação de sua incubadora de empresas.

A transformação do conhecimento em inovação permitirá a criação de empresas de tecnologia, a atração de investidores e empreendedores e a criação de um banco de oportu-

UFLA investe na transformação do conhecimento em desenvolvimento

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nidades tecnológicas, possibilitando a fixação de mão-de-obra capacitada oriunda de cursos da UFLA e de outras instituições de ensino superior de Lavras, reforçando a estratégia da implantação do Parque Tecnológico de Lavras.

A participação efetiva dos pesquisadores, em resposta ao Edital do Pii, foi recebida com entusiasmo pela instituição e incentivou o trabalho da equipe do NINTEC na busca de novas oportunidades para viabilizar a transformação das pesquisas em inovações. Com essas ações, espera-se promover o desenvolvimento regional e demonstrar à sociedade que o papel da universidade vai além da formação de profissionais de qualidade, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento da região e do país.

As tecnologias apresentadas neste documento foram selecionadas entre 64 propos-tas, sendo que 20 delas foram contempladas com um Estudo de Viabilidade Técnica, Econô-mica e Ambiental e 12 receberam recursos para a finalização do protótipo e elaboração do Plano de Negócios de sua tecnologia.

É a UFLA fazendo ciência e prática para o município de Lavras, a região sul de Minas, o Estado de Minas Gerais, o Brasil e o mundo.

Prof. Dr. Antônio Nazareno Guimarães Mendesreitor

Prof. Dr. José Roberto Soares ScolforoPró-reitor de Pesquisa

Em 2005, quando assumimos a Prefeitura de Lavras, tínhamos claramente dois obje-tivos definidos para as áreas de educação e tecnologia.

Primeiro, oferecer à população uma educação de qualidade, fundamentada na com-petência e dedicação de professores e funcionários e em infra-estrutura adequada nas esco-las municipais. resultado: Lavras é hoje um dos municípios com as melhores condições de educação do país.

Buscamos, então, consolidar um segundo objetivo: promover a efetiva parceria entre a Prefeitura de Lavras e as instituições de ensino superior da cidade, para fortalecer o sistema de saúde, formar adequadamente nossos técnicos, dar a oportunidade do pré-vestibular aos estudantes carentes, implantar o meio-passe escolar, criar o Centro Vocacional Tecnológico e ampliar o parque industrial/tecnológico, gerando emprego e renda.

Assinamos um convênio para a implantação do Parque Tecnológico de Lavras (La-vrastec) e, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (Fundecc), participamos ati-vamente da criação e implementação do Programa de Incentivo à Inovação (Pii).

recursos foram investidos objetivando a promoção das tecnologias inovadoras gera-das nos laboratórios da universidade com o objetivo de criar novas empresas, atrair investi-dores de capital semente e empreendedores.

Pela primeira vez na história, a Prefeitura de Lavras e a UFLA se uniram visando à formação de empreendedores e a criação de empresas e empregos.

No Programa de Incentivo à Inovação (Pii) estão sendo trabalhados 12 novos em-preendimentos. Trata-se de um processo de transformação de conhecimento, presente na universidade, gerando empresas e empregos para a nossa população. Serão desenvolvidos protótipos e/ou finalizados produtos, processos, softwares e cultivares, todos com estudos detalhados de viabilidade técnica, econômica, comercial e ambiental.

As tecnologias apresentadas neste livro são partes integrantes do Programa Pii, iné-dito entre universidade e poder público municipal. É um trabalho que demonstra, de forma inequívoca, a determinação do município e da universidade em superar os desafios da so-ciedade, do conhecimento e da inovação.

É a cidade de LAVrAS com a UFLA, sempre à frente, construindo um novo tempo para todos.

Jussara Menicucci de OliveiraPrefeita de Lavras / MG

Lavras: educação de qualidade, ciência, tecnologia e inovação - implantação de

empresas e geração de empregos

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Combinação de produtos gera novidade no controle de pragas agroflorestais ....................................................................................... 12

Controle de doenças de plantas por meio de tecnologia limpa ......................... 15

Filtro auto-limpante para água de irrigação ..................................................... 18

Levedura selecionada aumenta a qualidade da cachaça artesanal mineira ........ 21

Laser é utilizado para avaliar a qualidade de sêmen bovino ............................. 24

Lixo agroindustrial é alternativa na produção de carvão ativado ....................... 27

Moranga japonesa pode ser produzida e cultivada com tecnologia brasileira .................................................................. 31

Novo método para clonagem do cafeeiro com lucratividade ............................ 35

Organo-minerais-marinho e ácidos orgânicos mais complexos enzimáticos formam novo nutriente de plantas ............................... 39

Pesquisa com cultivares de milho busca parceria imediata com empresas ......... 43

Pesquisa encontra destino ecologicamente correto para as sobras de couro com cromo ........................................................................ 46

Pesquisa pode gerar empresa especializada em controle biológico de pragas ........................................................................... 49

Pesquisadores desenvolvem produto pioneiro .................................................. 53

Pesquisadores testam tecnologia inédita no Brasil ............................................ 56

Primeira cultivar de alface brasileira resistente ao nematóide das galhas ..................................................................................... 60

Sistema controla quantidade de poeira mineral e orgânica ............................... 64

Sistemas de apoio ao diagnóstico de doenças em plantas ................................. 67

Técnica elimina variantes indesejadas no cultivo de banana ............................. 71

Tecnologia disponibiliza cultivares híbridas de milho para pequenos produtores .................................................................... 75

Tecnologia permite obter café de melhor qualidade ......................................... 79

ÍNdICE

FICHA TÉCNICA

2007 SEBRAE/MGNenhuma parte ou todo desta publicação poderá ser reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados, sem prévia autorização, por escrito, do SEBrAE/MG.

Gestão EditorialMargem 3 Comunicação Estratégica

EdiçãoAdriano Macedo

RedaçãoPatrícia MariuzzoMariella de Oliveira

Revisão de textoBreno Lobato

FotografiaIgnácio Costa

Projeto GráficoSandra Fujii

Criação da capae/conceito comunicação

Autores dos projetos Alcides Moino Junior, Carlos José Pimenta, Edson Ampélio Pozza, Giovanni Francisco rabelo, João Cân-dido de Souza, Joaquim Paulo da Silva, José Oswaldo Siqueira e Cláudio roberto Fonseca Sousa Soares, Luciano Vilela Paiva, Luiz Antonio Augusto Gomes, Luiz Antônio Lima, Luiz Carlos Alves de Oliveira, Maria Lúcia Bianchi, Mário Lúcio Vilela de resende, Nilton Nagib Jorge Chalfun, Paulo César de Melo, renzo Gar-cia Von Pinho, roberto Alves Braga Jr., rosane Freitas Schwan, Samuel Pereira de Carvalho e Wilson Roberto Maluf.

Comisão do PiiJosé roberto Soares Scolforo - UFLASoraya Alvarenga Botelho - UFLAElias Tadeu Fialho - UFLAMozar José de Brito - UFLAPatrícia Maria Silva - UFLAAndré Luiz Zambalde - Prefeitura Municipal de LavrasAnna Flávia Lourenço E. M. Bakô - SectesMaria Efigênia Brandão Póvoa - SectesAnízio dutra Viana - SebraeFrancine Hudson Lúcio - SebraeGustavo Mamão - Instituto Inovação

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12 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO

O conhecimento científico pode se ampliar através de anos de pesquisa con-duzidos pela curiosidade do investigador e com toques de casualidade. Foi assim que o pesquisador da UFLA, Nilton Nagib Jorge Chalfun, desenvolveu, de maneira quase informal, um composto eficiente no controle de formigas cortadeiras e cupins. Ele traba-lha há mais de 20 anos na área de fruticultura e, a partir da mistura de dois conhecidos compostos químicos, o malathion e diazinon, desenvolveu o inseticida Formil. Não foi necessário nenhum equipamento que facilitasse a reação química, já que o segredo da tecnologia está no balanceamento desses compostos. Sob a forma de pó ou líquido, o Formil já foi testado em laboratório e no campo. Há dois anos Chalfun também conta com o ajuda do pesquisador ronald Zanetti, responsável pelos testes com cupins.

O Formil foi desenvolvido para tratar o cupinzeiro, o formigueiro e tam-bém mudas das plantas que sofrem com o ataque de cupins, como eucalipto, pinus, cana-de-açúcar, mandioca e fruteiras. A ação acontece de três formas: pelo contato da praga com o composto, pela ingestão do produto ou de parte da muda que o contenha e também através de uma barreira química que é formada ao redor da planta. Nesse caso, a muda antes do plantio é mergulhada numa calda do produto (ver foto menor na página 13). de acordo com os pesquisadores a morte das pragas é constatada entre 24 e 48 horas depois da aplicação. O Formil testado em campo obteve um controle de 100% dos formigueiros em menos de 90 dias e protegeu as plantas dos cupins por mais de 180 dias após o tratamento.

Falta ainda avaliar o impacto ambiental dessa tecnologia, passo essencial para se obter o registro do produto no Ministério da Agricultura. O pedido de pa-tente está sendo encaminhado pelo escritório de propriedade intelectual da UFLA. Os pesquisadores não descartam a possibilidade de montar uma empresa para comercializar o produto e prestar assessoria aos consumidores. Outra opção seria a transferência da tecnologia e licenciamento para uma empresa que se inte-ressasse em produzir o Formil.

CUPINS E FOrMIGAS

Combinação de produtos gera novidade no controle

de pragas agroflorestais

Tecnologia controla formigas e cupins a preço baixo e manejo simples

PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 13

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PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 15

Combater formigas e cupins é atitude fundamental na agricultura, apesar desses animais serem espécies que desempenham papel benéfico. Aproximadamente 25 mil toneladas de formicidas são gastos no setor agro-florestal brasileiro, o que movimenta uma média de 100 milhões de dólares por ano. Cerca de 80% dos custos e tempo gasto no controle de pragas do reflorestamento vão para as formigas cortadeiras. Elas são a principal praga dos reflorestamentos, pois atacam as plantas em qualquer fase do desenvol-vimento e causam perdas como a mor-te de mudas, redução de crescimento das árvores, diminuição de sua resis-tência a outros insetos e agentes pre-judiciais. Os cupins provocam danos variáveis, pois só 10% das espécies são consideradas pragas. Eles podem viver exclusivamente na madeira, no solo ou em contato com ele, buscan-do alimento fora do ninho e inclusive dentro de edifícios, onde encontram abrigo e alimento.

Se a descoberta aconteceu por acaso e informalmente, não vai ser por acaso que ela vai conquistar espaço no mercado. “O preço baixo do produto, sua efetividade e a sua facilidade da aplicação serão os diferenciais para emplacá-lo”, finaliza Chalfun.

Contato: Nilton Nagib Jorge Chalfun e ronald Zanetti Bonetti Filho Fone: (35) 3829-1284 | E-mail: [email protected] e [email protected]

Necessidade do mercado

14 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO

rESISTêNCIA INdUZIdA

A resistência induzida é uma das possibilidades de manejo integrado na agricultura, sendo novidade a utilização de resíduos de outras culturas para isso. Pesquisa na UFLA mostra que é possível aumentar a resistência de determinadas plantações por meio de um composto produzido com as folhas e a casca do café. Há cinco anos, a inovação é tema de pesquisa do engenheiro agrônomo e professor associado Mário Lúcio Vilela de resende, e se baseia no uso de matéria-prima reci-clável e tecnologia limpa, sem agressão ao meio ambiente. O pesquisador justifica o seu trabalho com resíduos do café pelo abundante cultivo na região, além da planta ser rica em compostos que ativam a defesa de outros vegetais.

A formulação, produzida a partir de extratos denominados EFID 100 e ECFC, atua, sem aditivos químicos e de forma ecologicamente correta, diretamente no sistema de defesa da planta e não nos agentes causadores das doenças. Assim, os microorganismos não adquirem resistência ao composto, como acontece com a maioria dos defensivos que existe atualmente no mercado. Esta tecnologia pode ser aplicada inclusive em lavouras orgânicas.

Controle de doenças de plantas por meio de tecnologia limpa

Resíduos da cultura de café: nova alternativa para defender a lavoura

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PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 17

Sob o ponto de vista ambiental, a inovação é ainda uma alternativa para o “lixo” do cafeeiro, já que as folhas que ficam caídas na lavoura podem ser fontes de propagação de pragas e doenças.

Esta tecnologia é preventiva, pois obriga o sistema imunológico da planta a disparar várias substâncias de defesa após a pulverização do composto. A proteção ocorre não só onde o produto foi aplicado, mas se expande pelo vegetal, como uma reação em cascata. Testes foram realizados em algu-mas espécies vegetais, e a composição desenvolvida obteve sucesso no controle de vários microorganis-mos, principalmente bactérias e fungos. dentre as do-enças efetivamente controladas, incluem-se a ferrugem e a cercosporiose no próprio cafeeiro, além da mancha bacteriana no algodoeiro e tomateiro. O desempenho do composto em campo e em casa de vegetação foi igual, ou melhor, do que o dos indutores de resistência existentes no mercado. As pesquisas de campo mostraram ainda que ocorreu uma coloração verde mais intensa nas folhas do cafeeiro e o maior crescimento dos ramos tratados com o composto. de acordo com o pesquisador, porém, a formulação ainda não garante imunidade total. Novos testes estão sendo realizados nesse sentido e, também, em outras culturas como feijão e batata.

A indução de resistência, por ser uma nova for-ma de manejo agrícola, não possui ainda mercado for-malmente constituído. Porém, a tecnologia da UFLA pode atuar em toda a área agricultivável das culturas onde o produto já foi testado e obteve bons resultados. Em números, isso representa mais de 3,5 milhões de hec-tares só no Brasil.

EMPrEENdEdOrISMO E PATENTESO pesquisador pretende incubar uma empresa na UFLA, onde será fabricado

o referido composto. Além disso, já foram pedidas duas patentes nacionais. “O próximo passo é desenvolver um concentrado da fórmula. E isso definirá o preço final do produto, o qual deve ser barato, devido ao baixo custo da matéria-prima”, afirma Resende. A formulação também será melhorada e é preciso investimento para a produção em larga escala, que atualmente é limitado devido à falta de equi-pamentos de grande porte.

Contato: Mário Lúcio Vilela de Resende | Fone: (35) 38291793 | E-mail: [email protected]

16 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO

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O filtro de tela auto-limpante é um equipamento usado para filtrar a água para irrigação ou a água que será usada na indústria com limpeza automática, sem interrupção do processo de filtragem. O equipamento foi desenvolvido pelo pes-quisador do Laboratório de Hidráulica do departamento de Engenharia da UFLA, professor Luiz Antônio Lima, e os pós-graduandos Gustavo rodrigues e dílson Al-ves. O filtro auto-limpante elimina a necessidade de interrupções para reali-zação de limpeza, reduzindo custos com manutenção.

O processo de limpeza automático é acionado quando sensores detectam o diferencial de pressão pela saturação do elemento filtrante. Ele utiliza a própria

FILTrAGEM NA IrrIGAçãO

Filtro auto-limpante para água de irrigação

A limpeza automática elimina interrupções no processo produtivo e reduz custos com manutenção

18 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 19

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20 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 21

Contato: Luiz Antônio Lima |Fone: (35) 3829-1481 | E-mail: [email protected]

água filtrada para fazer a limpeza, não havendo, portanto, necessidade de outra unidade para auxiliar neste processo. Ensaios de resistência à pressão, perda de carga e capacidade de remoção de sólidos foram realizados em três protótipos de filtro de tela auto-limpante fabricados em PVC, com o objetivo de avaliar e caracterizar o desempenho dos mesmos. Os protótipos apresentaram bom de-sempenho, alta resistência à pressão e fácil manutenção, atendendo não só aos interesses do produtor rural como também aos da indústria de tratamento de água em geral.

Agregada ao produto, outra tecnologia capaz de filtrar, além de subs-tâncias sólidas, outros ele-mentos não desejados na água para irrigação, como manganês ou ferro. O be-nefício desta filtragem resi-de no fato de que, ao fazer irrigação usando água com excesso desses elementos, pode-se provocar desequi-líbrio no solo. O ferro, por exemplo, ao oxidar-se, pode servir de alimento para bac-térias. Pode ainda entupir os gotejadores do sistema de irrigação. “Os filtros comuns barram apenas elementos sólidos. Estamos introduzin-

do um composto capaz de reter também alguns compostos químicos dissolvidos. É uma tecnologia inédita na área de irrigação”, explica Lima.

Culturas como a de café, morango e algumas hortaliças utilizam a irrigação por gotejamento. Estima-se que o mercado brasileiro de irrigação por gotejamento e micro-aspersão, chamada de irrigação localizada, cresça anualmente em torno de 50 mil hectares. O produto desenvolvido tem grandes perspectivas de mercado, pois pode ser fabricado em diferentes tamanhos para atender a diferentes vazões. A escassez de água e a adoção cada vez maior de métodos de irrigação que usam mais eficientemente a água, como o gotejamento e micro-aspersão, que requerem a filtragem da água, conferem a esta tecnologia grande potencial de mercado. Os testes realizados até agora foram feitos com equipamento em PVC. Para chegar ao mercado, o produto deverá ser adaptado para utilizar material metálico, o que vai conferir maior resistência.

A cachaça produzida em Minas Gerais conta agora com uma alternativa para aumentar sua qualidade e diminuir os custos de produção. Pesquisas coordenadas pela professora da Universidade Federal de Lavras, Rosane Freitas Schwan, trazem até os pequenos produtores uma nova possibilidade para a fermentação artesanal da bebida através de uma levedura selecionada e totalmente natural. A espécie Saccharomyces cerevisiae, denominada pela pesquisadora de UFLA-CA11, foi selecionada depois de testes com mais de 1.800 leveduras devido a suas características superiores.

A levedura UFLA-CA11 é direcionada para produção em pequena escala e não produz aldeídos na mesma quantidade que as utilizadas pela indústria atual. Esses aldeídos são responsáveis pela desagradável ressaca do dia seguinte. Isso sem falar na maior resistência aos contaminantes que porventura estejam presentes

CACHAçA

Levedura selecionada aumenta a qualidade da cachaça artesanal mineira

Resultado de dez anos de pesquisa, inovação é testada por pequenos produtores

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22 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 23

na cana. O processo de fermentação é imediato. A UFLA-CA11 produz mais ca-chaça com a mesma quantidade de cana, quando comparada às disponíveis no mercado, devido a sua tolerância às altas concentrações de etanol. Ela propicia ain-da um sabor frutal e aroma diferenciado, resultantes da produção de alguns álcoois

superiores. O aproveitamento de quase 100% dos elementos resultantes da quebra da sacarose na fermentação - a glicose e a frutose - completam o rol de benefícios desta inovação, já que outras leveduras não possibilitam esse alto rendimento.

Sob a forma de líquido, a novidade já é utilizada por de-zenas de produtores mineiros. A UFLA presta assessoria a esses produtores através de cursos ao longo do ano e a meta é ven-dê-la seca e desidratada para facilitar o manuseio e aumentar o tempo de estocagem. A empresa LNF Latino Americana (Bento Gonçalves, rS) é parceira da UFLA no desenvolvimento desta tecnologia. Outra vantagem da UFLA-CA11 está em seu alto poder de sedimentação, que elimina a necessidade de cen-trífuga. Ou seja, um equipamento a menos para o alambique reduziria o custo de produção. de acordo com a pesquisadora, com tantos diferenciais, ela pode ser vendida a um preço bem lucrativo. Essa cachaça artesanal é curtida em barris de carvalho, o mesmo tipo utilizado para destilados finos. “Nosso objetivo não é tomar o mercado de outras bebidas, mas fazer com que quem gosta de destilados de qualidade, como o uísque, tam-bém aprecie o sabor da cachaça mineira”, comenta Schwan. A cachaça é o terceiro destilado mais consumido do mundo e o primeiro do Brasil. Só em Minas Gerais são mais de 8,4 mil alambiques que produzem cerca de um bilhão e trezentos milhões de litros por ano e geram mais de 400 mil empre-gos diretos e indiretos.

PróxIMOS PASSOSAs pesquisas agora são direcionadas para a análise cromatográfica com o ma-

peamento do que é produzido pela levedura, identificando os pontos referentes a um sabor mais ou menos doce, aroma acentuado ou cor diferenciada, para comercializá-la de acordo com a necessidade do produtor. Outras universidades públicas brasilei-ras têm trabalhos sobre destilação de cachaça, mas no país ainda não há nenhuma patente porque a levedura é um organismo vivo e não pode ser patenteada no Brasil. Além disso, a pesquisadora quer montar um grupo de degustação para analisar a qualidade das cachaças produzidas a partir dessa levedura. Alguém se habilita?

Contato: Rosane Freitas Schwan | Fone: (35) 3829-1614 | E-mail: [email protected]

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24 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO

O grande desenvolvimento das técnicas de reprodução animal impõe desafios à Pesquisa e desenvolvimento (P&d) de instrumentos capazes de acompanhar essa evolução, buscando atender a requisitos como robustez, eficiência, tecnologia nacio-nal de fácil acesso e baixo custo.

Os pesquisadores da UFLA desenvolveram um sistema que mede a atividade biológica do sêmen por meio do fenômeno conhecido como biospeckle laser (BSL). Com o biospeckle, é possível analisar o sêmen congelado ou in natura e des-cobrir se o material apresenta parâmetros ligados à reprodução dentro dos limites considerados aceitáveis. A técnica avalia o percentual de movimentação e velocidade dos espermatozóides, que é analisado comparativamente com padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, para que a partida de sêmen possa ser comercializada pelas Centrais de Inseminação Artificial, sendo que a atividade dos gametas é monitorada apresentando o resultado de forma automática e rápida, sem interferência humana.

Atualmente, essa análise de gametas é feita por equipamentos importados que utilizam outros princípios ópticos de análise ou visualmente através de microsco-pia óptica de luz, uma técnica relativamente rápida e prática, mas com uma grande subjetividade que pode comprometer a confiabilidade dos resultados. O objetivo principal dos métodos é analisar a motilidade, que é a relação de gametas móveis e a sua velocidade representando o vigor da amostra. O BSL faz tudo isso, porém de forma computadorizada e mais confiável, além de se apresentar como uma alterna-tiva aos equipamentos importados, que têm alto custo e necessitam de um operador com grande experiência.

de forma objetiva rápida e independente da avaliação humana, a análise é automatizada e mais confiável que as atuais técnicas de análise de gametas, e de baixo custo e robusta se comparada com os equipamentos importados.

A técnica foi desenvolvida em parceria pela UFLA e Fapemig, a partir de pesquisa básica iniciada há 10 anos, e chega ao mercado com a vantagem de ter custo menor que os equipamentos importados, maior robustez nos resultados,

ANáLISE dE SêMEN BOVINO

Laser é utilizado para avaliar a qualidade de sêmen bovino

Sistema mede a atividade biológica por meio do biospeckle laser

PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 25

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26 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO

e a possibilidade de operação por profissional com qualificação menor que a atualmente exigida. É a oportunidade para que empresas do setor consigam um maior controle de qualidade de seu material, conferindo um diferencial para seus produtos e aumentando sua competitividade, além de beneficiar os produtores que compram as doses de sêmen para a inseminação em seu rebanho.

Os resultados mais significativos são com sêmen bovino congelado, que apre-senta um mercado com grande potencial de expansão e com um volume de doses comercializadas, ultrapassando a casa de 7 milhões de doses em 2004.

A técnica do BSL para a área de reprodução animal ainda pode ser estendida para outras espécies comerciais, o que aumenta a sua potencialidade. O biospeckle pode ser também utilizado em diversas áreas da agropecuária, com re-sultados promissores em análise de sementes e fungos, além de frutas e biopolímeros.

Ou seja, é aplicação que não acaba mais, resultado de 10 anos de trabalho conjunto de um grupo multidisciplinar de pesquisadores da UFLA e do CIOp La Plata (Argentina), que será registrado no livro dynamic Laser Speckle and Ap-plications - com previsão de lançamento pela editora Taylor & Francis (EUA) para o ano de 2008.

A UFLA agora está montando um laboratório-conceito para apresen-tar a tecnologia a empresas interessadas e também para que a universidade, por meio do departamento de Medicina Veterinária, faça a prestação de serviços. Os pesquisadores também estão produzindo um dVd que fará parte de uma campanha para apresentação e inserção do produto no mercado, comparando sua viabilidade econômica e comercial diante das tecnologias concorrentes, com financiamento pelo Programa de Incentivo à Inovação da UFLA, Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais, Sebrae-MG e Prefeitura Municipal de Lavras.

SOBrE A TECNOLOGIA A técnica está protegida pelos pedidos de duas patentes nacionais, que estão

disponíveis para licenciamento por empresas interessadas em fabricar ou adquirir a tecnologia de análise de sêmen para prestação de serviços. Uma das proteções é inti-tulada “Uso do Biospeckle Laser como quantificador de atividade biológica -medidor de umidade, identificador de fungos em sementes e quantificador de atividade em sêmen animal ou humano” (PI-0301926-8) e a outra é “Método implementado em microcomputador para captura e processamento de imagem do Biospeckle laser e uso” (PI0401519-03).

Contato: Roberto Alves Braga Jr. | Fone: (35) 3829-1672 | E-mail: [email protected] João Bosco Barreto Filho | Fone (35) 3829-1718 | E-mail: [email protected]

Utilizar resíduos da agroindústria nacional para produção de carvão ativa-do. Essa é a proposta dos pesquisadores do departamento de Química da UFLA, Maria Lúcia Bianchi e Mário César Guerreiro. Materiais subutilizados como a bor-

rEAPrOVEITAMENTO dE rESÍdUOS

Lixo agroindustrial é alternativa na produção de carvão ativado

A tecnologia vai oferecer um material de alta qualidade a partir de resíduos de piaçava, mamona e borra de café

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O carvão ativado é uma forma de carbono puro, com grande porosidade que adsorve moléculas de diferentes tamanhos, sem mo-dificar a composição química das substâncias com as quais entra em contato. A remoção de poluentes ocorre como num filtro. Quando se faz tratamento de efluentes, por exemplo, o resíduo fica na superfície do carvão ativado que, ao ser removido, elimina da água as moléculas do poluente.

Entendendo o produto

ra das indústrias de café solúvel, os talos de mamona e fibras cortadas da pia-çava estão sendo testados para produzir carvão ativado diferenciado e de maior qualidade. A escolha dos talos da mamona deve-se ao crescente cultivo da planta para atender à produção de biodiesel. Em relação à piaçava, que é utilizada na fabricação de artefatos domésticos e industriais, como vassouras, cerca de 20% das fibras são rejeitadas, devido ao seu comprimento inadequado. E a borra de café solúvel também não tem destino certo, sendo um material nobre (limpo e uniforme) que não precisa de pré-tratamento para ser utilizado na produção desse carvão de qualidade.

O carvão ativado é utilizado em diferentes processos, na indústria química e na de alimentos, entre outras. Segundo a pesquisadora, o processo de produção desse carvão é simples. As plantas industriais devem ser instaladas próximas aos fornecedores de matéria-prima. Isso dá uma alternativa para os produtores em relação ao descarte, ao mesmo tempo em que diminui os custos com transpor-te e armazenamento. Essa é uma boa oportunidade para que os produtores de carvão ativado diversifiquem a sua fonte de matéria-prima e para que a indústria otimize a produção. Ainda não foram depositadas patentes referentes a esse carvão, que está sendo testado pelo grupo de pesquisa. O projeto envolve ainda a produção de carvão a partir de grãos de café, sob a responsabilidade dos pesquisadores Luiz Carlos Alves de Oliveira e Mário César Guerreiro, ambos do de-partamento de Química da UFLA, que têm uma patente, intitulada “Produção de carvão a partir de grãos de café/2005” (PI0502449-86).

O carvão ativado produzido no Brasil e exportado para outros países não é de alta qualidade e não tem nenhum diferencial. Mesmo assim, seu consumo é estimado em mais de 25 mil toneladas por ano. Com a construção de uma planta-piloto para a produção de carvão ativado a partir desses resíduos

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agroindustriais, os testes de eficiência dos carvões serão ampliados e finalizados. A partir daí, o produto já poderá fazer frente inclusive ao carvão ativado de alta qualidade, cuja importação anual ultrapassa 8 mil toneladas por ano.

TESTES E PErSPECTIVASA tecnologia é um incentivo à reciclagem dos rejeitos agroindustriais, gera

materiais de maior valor agregado e incentiva o uso dos resíduos evitando o descar-te inadequado (que promoveria a poluição de solos e águas). Além disso, o carvão produzido na UFLA está sendo testado no tratamento de efluentes. Os próximos passos para aprimoramento da tecnologia são encontrar melhores processos de ativação e testar outras aplicações, por exemplo no tratamento de água, incluindo desodorização, retirada de cloro para indústria de alimentos, purificação de insu-mos da indústria farmacêutica, recuperação de agentes químicos e ainda como su-porte para catalisadores envolvidos na degradação de poluentes (adsorvente ativo, adsorção seguida de degradação). “A partir de materiais alternativos produzimos carvões de alta qualidade e com maior valor econômico, dando destino aos resídu-os agroindustriais”, conclui Bianchi.

• Indústria alimentícia: purificação de óleos, xaropes, bebidas, vi-nhos, na remoção de cor, odor, mau gosto, retirada de cloro e com-postos indesejáveis.

• Indústria química: purificação e/ou recuperação de compostos or-gânicos líquidos e gasosos, suporte para catalisadores em processos de hidrogenação de óleos e gorduras, tratamento da gasolina e gás natural.

• Outras: purificação de insumos (indústria farmacêutica), tratamen-to de efluentes industriais (gasosos e líquidos, sendo utilizados em filtros e máscaras), no tratamento de intoxicações intestinais, na purificação de água para hemodiálise, nos filtros de cigarros entre outros.

Contato: Maria Lúcia Bianchi | Fone: (35) 3829-1888 | E-mail: [email protected]

Aplicações do carvão ativado

A moranga japonesa, conhecida como Tetsukabuto, demanda cuidados es-peciais que não se adequam às características do sistema produtivo nacional. Para substituir a sua importação, pesquisadores já desenvolveram híbridos nacionais, porém ainda não haviam conseguido produzir sementes em escala significativa para o mercado nacional. Aproveitando essa lacuna, o pesquisador da UFLA, Wil-son roberto Maluf, desenvolveu uma metodologia adequada à realidade brasileira para produção das sementes. Os novos híbridos, produzidos com material ge-nético e tecnologia nacional, são mais resistentes a doenças – inclusive a um típico vírus da moranga, conhecido como PRSV-W, que vem do nome em inglês Papaya ringspot virus-Watermelon strain ou vírus da mancha anelar do mamoeiro-estirpe melancia. Esse vírus até hoje só era controlado em cucurbitáceas utilizando as chamadas estirpes fracas, o que aumenta os custos da produção e é difícil de se implementar em moranga japonesa.

MOrANGA

Moranga japonesa pode ser produzida e cultivada com tecnologia brasileira

A inovação traz alternativa ao cultivo da moranga mais consumida no país

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Os híbridos da UFLA possibilitam ainda a produção de plantas mais com-pactas e o cultivo de mais plantas por área, aumentando a produtividade por área plantada. A tecnologia também traz um método para avaliar a pureza da semente híbrida e detectar possíveis contaminantes. A produção de sementes desses híbridos é inédita, porque como uma das linhagens genitoras tem hábi-to moita ou rama compacta, isto é, não crescem espalhadas pelo solo, mas ao redor de onde foi plantada a semente, é possível identificar e facilmente eli-minar as flores masculinas que podem ser distinguidas das femininas a olho nu na época do florescimento. Isso facilita o controle da polinização e a produção de novas sementes e frutos.

A moranga importada Tetsukabuto é um hi-brido interespecífico, ou seja, provém do cruzamen-to de duas espécies diferentes de abóbora (Cucurbita máxima x C. moschata) num processo mais trabalhoso e por isso, mais caro. A produção de sementes é feita por polinização controlada manual. Cada flor é pro-tegida individualmente por sacos de papel. Além disso, no sistema tradicional, não há uma cultivar polinizadora (necessária para a produção de frutos) com frutos semelhantes aos da Tetsukabuto. Geral-mente se utiliza a moranga Exposição para isso, po-rém, seu fruto tem baixo valor comercial, sendo por isso, descartado. Muitos produtores substituem o polinizador pela aplicação de hormônios (2,4-D) nas flores femininas. Porém, isso encarece o processo. Uma nova tecnologia desenvolvida pela UFLA torna esse procedimento dispensável: na universidade, o pesquisador desenvolveu, além dos híbridos in-terespecíficos, também híbridos intraespecíficos que podem atuar como polinizadores, com diferentes vantagens competitivas, além de boas possibi-lidades de mercado (ver quadro).

No Brasil, há 20 mil hectares de área plantada de moranga e uma deman-da de 10 mil quilos de sementes por ano. Essa cultura ocupa o 7º lugar no con-sumo de hortaliças. A Tetsukabuto domina o mercado em alguns estados, como por exemplo, em Minas Gerais. Sua forma híbrida possui várias vantagens sobre as cultivares de polinização aberta: melhor qualidade nutritiva e culinária, resis-tência ao manuseio, transporte e pós-colheita, uniformidade no tamanho e cor do fruto, com casca verde escura e polpa alaranjada, estabilidade de produção, resistência à broca e uma produção precoce, que varia de 100 a 110 dias.

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Contato: Wilson Roberto Maluf | Fone (35) 3829-1326 | E-mail: [email protected]

dO LABOrATórIO PArA O CAMPO Atualmente, a produção na UFLA ainda está em escala de testes. É preciso

purificar a linhagem paterna. Por serem híbridos, têm sua proteção naturalmente assegurada, já que é difícil a replicação desse tipo de material. A meta do pesquisador é aumentar a escala de produção para pelo menos 100 quilos de sementes em campo demonstrati-vo. Segundo ele, o principal desafio está nos curtos prazos dos órgãos de financiamento. “O tempo de produção das lavouras

é muito maior que o período de abertura e fechamento de um edital e isso prejudica a captação de recursos”, afirma Maluf, que já está em contato com uma empre-sa que poderá ser parceira na colocação das sementes híbridas no mercado.

• Os híbridos interespecíficos mesclam as características de duas espé-cies de moranga, Cucurbita maxima x C. moschata, e são compactos, o que permite aumentar a produtividade por hectare, resistentes ao PRSV-W, com frutos de tamanho e cor semelhante ao Tetsukabuto. Eles precisam de polinizadores e, por seus genitores serem de hábi-to compacto, a produção de sementes hibridas é fácil – através da eliminação de botões florais masculinos, o que viabiliza a produção em escala.

• Os híbridos intraespecíficos, produzidos pelo cruzamento da espécie

C. moschata, produzem linhagens de frutos escuros (mesma tonali-dade da Tetsukabuto) e também são resistentes ao PRSV-W. Outra função desses híbridos é de atuarem como cultivar polinizadora para si próprios ou para os interespecíficos (com a vantagem de ter frutos de valor comercial semelhante à Tetsukabuto).

Os híbridos de Tetsukabuto da UFLA têm muitas vantagens competitivas:

Imagine encontrar um cafeeiro com características superiores dentro de uma plantação e que fosse possível cultivar, em grandes áreas, plantas geneticamente idênticas àquele cafeeiro, além de ver o início da produção da lavoura na meta-de do tempo normalmente gasto, caso fossem usadas mudas comuns, obtidas de sementes. Graças ao trabalho desenvolvido por pesquisadores da UFLA, já exis-te uma metodologia para produzir clones de Coffea arabica, a espécie que produz bebida de qualidade e é responsável por mais de 80% da produção nacional de café.

A partir de uma tese de doutorado, o pesquisador do departamento de Agri-cultura, Samuel Pereira de Carvalho, desenvolveu juntamente com a aluna Adriana Madeira, hoje pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a técnica inédita para o enraizamento de estacas caulinares dessa espécie.

CLONE dE CAFÉ

Novo método para clonagem do cafeeiro com lucratividade

A técnica permite a reprodução de plantas ideais e produção em menos tempo

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Essas estacas têm entre seis e 10 centímetros e são retiradas a partir de brotos da planta matriz, enraizadas por meio de uma técnica conhecida como in vivo. Assim, é possível produzir mudas clonais de qualidade e padrão exigidos pelo mercado em apenas seis meses após a colocação das estacas para enraizar. O “clone” entra em produção mais cedo e as mudas possuem maior volume de raízes, o que aumenta a resistência no campo e evita a morte no início do plantio, além de pegamento de 100% das mudas plantadas. Ele tem mais tolerância aos primeiros períodos de seca após o plantio e maior produção de grãos nas primeiras colheitas.

Com a técnica é possível reprodu-zir, em escala comercial, cafeeiros que se destacam dos demais por possuírem constituição genética favorável e garan-tia de que os descendentes serão idênti-cos a eles. Essa técnica já é conhecida dos produtores da espécie Coffea canephora.

A espécie Coffea arabica é reproduzi-da tradicionalmente por meio de sementes, por ser uma planta autógama, ou seja, que realiza autofecundação. Porém, esse tipo de reprodução não garante a mesma cons-tituição genética dos descendentes e nem sua qualidade. Uma nova cultivar é obtida quase 30 anos após os cruzamentos iniciais e, devido ao intervalo longo entre uma ge-ração e outra, a avaliação de uma popula-ção também é demorada. Com a técnica in vivo, as mudas geradas são idênticas entre si e a produção de plantas puras ou com vigor híbrido para o comércio demora me-nos. O pesquisador calcula uma média de dois anos e meio para um cafezal formado por mudas obtidas por esta técnica produzir 30 sacas do grão por hectare, enquanto que as plantas provenientes de sementes levam de quatro a seis anos para render uma quantidade inferior, em torno de 25 sacas por hectare. O investimento em casa de vegetação também é menor, em com-paração a outras técnicas de clonagem, pela rapidez de enraizamento. Com essa metodologia há ainda uma diminuição no custo de formação da lavoura, já que devido à produção em menos tempo, é preciso menos mão-de-obra no campo. “Nossa tecnologia vai aumentar a produtividade do cafeeiro, tornando a atividade mais atrativa e gerando mais empregos”, afirma Carvalho.

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I – AS PLANTAS MATRIzES SãO CULTIVADAS EM CAMPOComo o cafeeiro dessa espécie tem só um caule, é preciso cor-

tar a haste central das plantas numa determinada altura no período de chuvas para forçar o aparecimento de brotações. São feitas aduba-ções e controle de pragas e doenças.

II - ESTACAS ENrAIZAdAS Os ramos das matrizes são coletados e mantidos na sombra e

hidratados, durante o preparo das estacas. Com o corte das estacas, elas recebem um regulador de crescimento e outros químicos. Elas ficam em casa de vegetação e depois são colocadas para enraizar em recipientes próprios em substrato específico. Elas recebem nutrientes minerais e químicos.

III - FOrMAçãO dAS MUdASAs estacas enraizadas vão para sacos plásticos com substratos

e são transferidas a viveiros comerciais. Aos 180 dias após o estaque-amento, as mudas estão prontas para serem levadas para o plantio definitivo no campo.

IV - PLANTIO NO CAMPOAs mudas são plantadas e seu crescimento avaliado. Os resulta-

dos encontrados nessa fase na pesquisa de Carvalho foram extrema-mente satisfatórios quando comparado ao plantio convencional.

Um novo conceito em nutrição de plantas mostra como é possível obter muito mais nutrientes e produtividade aliando tecnologia aos fertilizantes apli-cados nas culturas economicamente viáveis. Partindo da mistura de organo-mi-

NUTrIçãO

Organo-minerais-marinho e ácidos orgânicos mais complexos enzimáticos

formam novo nutriente de plantas

Combinação inédita de produtos naturais oferece ao agricultor um complemento para a fertilização

Contato: Samuel Pereira de Carvalho | Fone: (35) 3829-1303 | E-mail: [email protected]

MErCAdO CErTO O café é a bebida mais consumida no mundo. São cerca de 100 milhões de

sacas por ano. Considerando que o Brasil é líder na produção mundial do grão, res-ponsável por 33%, aproximadamente, das 88 milhões de sacas comercializadas no mercado internacional, a demanda por técnicas que possibilitem a otimização dos recursos genéticos disponíveis será sempre constante. O processo desenvolvido já foi depositado no INPI, mas a Universidade não vai transferir a tecnologia, e sim produzir e distribuir as mudas para empresas, viveiristas comerciais, e pro-dutores particulares, além de prestar serviços para intermediários que atendam o mercado de cafeicultores. O pesquisador não descarta também a possibilidade de instalar uma biofábrica na UFLA.

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nerais-marinho e ácidos orgânicos mais complexos de enzimas, dois produtos repletos de nutrientes para o desenvolvimento das plantas, pesquisado-res da UFLA criaram o Mix Fertilizante, que pode ser utilizado em qualquer cultura como comple-mento do método de fertilização. O Mix-Fertilizan-te possui rica composição química, ação corretiva e condicionante do solo, ou seja, atua como matéria orgânica, corrige a acidez, ativa a microbiota pre-sente no solo e ainda faz com que a planta absor-va muito mais os nutrientes ora disponíveis pela ação do composto. As conseqüências diretas para as plantas são um aumento da qualidade, cresci-mento, desenvolvimento, tamanho, folhagem e também aumento da qualidade dos frutos e grãos cultivados, quando comparado a qualquer cultura sem a aplicação do Mix-Fertilizante.

Sob o comando dos pesquisadores Paulo Cé-sar de Melo e Francisco dias Nogueira, a tecnologia aumenta a eficiência da adubação química ou or-gânica porque associa as vantagens do Biotech®, composto formado por ácidos orgânicos mais com-plexos enzimáticos obtidos da fermentação de teci-dos vegetais, e o organo-minerais-marinho, produ-zido pela secagem e moagem de uma espécie de alga marinha, o Lithothamnium sp. Essa alga contém 95% de minerais orgânicos e só 5% de parte orgânica, possui mais de 50 nutrientes e é renovável e abun-dante na plataforma continental brasileira. Ela tem efeito mobilizador, isto é, auxilia na chegada dos ma-cro e micronutrientes do solo até a raiz da planta, e protetor, prevenindo as possíveis perdas dos minerais do solo. A associação dos dois compostos é natural e não traz nenhum perigo de intoxicação para o ho-mem ou para o meio ambiente. Tanto que pode ser utilizado também nas lavouras orgânicas, obtendo um rendimento similar ao das que utilizam agrotóxi-cos inclusive nos aspectos de sabor, pois aumenta o teor de açúcar nas frutas. O Mix-Fertilizante propicia ainda uma redução do impacto ambiental causado pela lixiviação no solo de adubações anteriores.

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42 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 43

Contato: Paulo César de Melo | Fones: (35) 3829-1333 / 8451-0667 | E-mail: [email protected]

Os pesquisadores trabalham há mais de 15 anos com os produtos iso-lados e mais recentemente no desenvolvimento do Mix-Fertilizante. Segundo eles, o novo produto aumenta a eficiência da fertilização, porque é pos-sível diminuir a quantidade utilizada e aumentar a produtividade. Porém, não é possível utilizar o Mix-Fertilizante sozinho. “Ele não possui nitrogênio, fósforo e nem potássio, essenciais para o desenvolvimento da planta”, alerta Melo. Por isso, é recomendada a sua utilização como complemento da fertili-zação habitual, convencional e orgânica.

Atualmente, ambos os produtos que compõem o Mix-Fertilizante são co-mercializados isoladamente, e os benefícios para a produção agrícola têm sido relevantes com expressiva relação custo/benefício. O Biotech dá vida ao solo, e a alga dotada de propriedades corretivas de acidez está substituindo o calcário na Europa e ainda garante o suprimento de elementos químicos com diversi-dade funcional incluindo macro e micronutrientes essenciais, oligoelementos, terras raras, além de apresentar outras funções ainda pouco estudadas na agri-cultura mundial. A inovação da tecnologia consiste na fórmula balanceada dos produtos, na recomendação técnica e na forma de aplicação, que pode ser na forma pó, granulada, líquida, ou em combinações.

Só para se ter uma idéia, numa análise de mercado para o Mix-Fertili-zante, as culturas de soja, milho e café representam quase 37 milhões de hec-tares cultivados ou um consumo de 11 milhões de toneladas de fertilizantes a cada ano no Brasil.

Só FALTA A EMPrESAO Mix-fertilizante já está pronto graças a uma parceria entre a UFLA,

a empresa Nogueira & Guimarães, que fabrica o Biotech, e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig). Porém, para que o agricultor tenha acesso à tecnologia, é preciso que outra empresa produza o Mix-Fertilizante em escala industrial. O processo para solicitação de pa-tente do produto está sendo elaborado pela UFLA, onde o Mix-Fertilizante é produzido em escala-piloto. Ele poderá ser utilizado em qualquer planta e vendido em forma sólida, em pó ou granulada e na forma liquida. Isso aumenta ainda mais o raio de ação do produto, já que o agricultor poderá escolher qual forma de aplicação se adequa a sua realidade de cultivo. O Mix-Fertilizante visa também ao mercado internacional; as pesquisas agora caminham para verificar o efeito fitotônico na indução de resistência ao ata-que de pragas e doenças nas plantas. Com tantas vantagens, tudo indica que num futuro próximo o Mix-Fertilizante passará de complemento a composto essencial para qualquer lavoura.

O cultivo de milho é uma atividade centenária no Brasil. A utilização do milho híbrido permite a obtenção de uma produção superior à obtida com a utilização de variedades de polinização aberta. O engenheiro agrônomo e pesquisador da UFLA, renzo Garcia Von Pinho, trabalha desde 1999 com o desen-volvimento de cultivares híbridas de milho e já conseguiu híbridos para as mais diferentes finalidades de utili-zação, desde o milho para consumo na forma in natura, o chamado mi-lho verde, até aquele utilizado para produção de grãos e silagem. Quan-do comparado com as cultivares disponíveis no mercado e utilizadas em várias regiões do país, o resulta-do dos híbridos da UFLA é igual ou superior. A metodologia para o de-senvolvimento de híbridos de milho é reconhecida no meio acadêmico e amplamente utilizada.

Pelo menos cinco híbridos desenvolvidos na UFLA já estão prontos para o licenciamento. Três desses cultivares já têm informações suficientes de Valor de Cultivo e Uso (VCU), uma exigência a que o cultivar tem que atender para que possa ser registrado no Ministé-

PArCErIA

Pesquisa com cultivares de milho busca parceria imediata

com empresas

A inovação vai ampliar o acesso e diminuir os custos das sementes de milho híbrido

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rio da Agricultura. Os registros poderão ser feitos assim que os acordos com empresas forem formalizados. A idéia é que via licenciamento dessas cultivares, as empre-sas nacionais possam oferecer aos agricultores sementes, a um preço acessível, além das vantagens do milho híbrido, o que permitirá a redução no custo de produção. Cada cultivar tem uma finalidade específica e a empresa parceira é quem vai definir a sua necessidade, dentro das possibilidades de oferta da universidade.

Os híbridos da UFLA se agrupam em duas diferentes categorias. Alguns de-les são classificados como híbridos simples e triplos, destinados para a produção de grãos em áreas de alto investimento. Outros híbridos, denominados de híbridos duplos e também destinados para a produção de grãos, mas com a opção de serem utilizados para silagem, na agricultura familiar ou por pequenos produtores que uti-lizam pequeno investimento, também estão disponíveis.

dEMANdA rEAL NO PAÍSHá uma escassez de empresas nacionais que ofereçam sementes híbridas de

milho, ao mesmo tempo em que existe um mercado potencial abrangente, formado tanto por agricultores, que trabalham com sementes produzidas pelas multinacionais, quanto pelos que ainda utilizam variedades e podem migrar para essa modalidade de cultivo. O licenciamento de híbridos de milho é uma boa opção para empre-sas que não têm atividades de pesquisa e nem acesso a programas de melho-ramento. Atualmente no país, mais de metade dessa tecnologia está nas mãos de multinacionais. Os híbridos da UFLA podem atuar não só fazendo concorrência a es-sas empresas, mas também em nichos de mercado não atingidos por elas. “Podemos oferecer os híbridos com exclusividade para a empresa parceira, o que seria também inédito no país”, afirma Von Pinho. O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo e essa é a segunda maior lavoura do país em área plantada (24% do total). Por ano, cerca de 43 milhões de toneladas de grãos são produzidos, numa área de mais de 12 milhões de hectares. Na safra de 2005/2006, o produtor tinha a sua dis-posição 237 cultivares. Desses, 29 foram lançados para a safra e 22 deixaram de ser comercializados. O Estado de Minas Gerais é o segundo maior produtor nacional de milho, perdendo apenas para o Paraná. Em 2005, mais de 6 milhões de toneladas foram produzidas pelos agricultores mineiros.

NOVOS TESTES E EM MAIOr ESCALAA UFLA tem disponibilidade imediata para colocar os novos híbridos no mer-

cado e busca empresas interessadas na parceria via licenciamento dos cultivares. Outras metas incluem o aumento da escala de produção de sementes genéticas dos parentais dos híbridos e também a condução de novos experimentos para testá-los em outros ambientes.

Contato: Renzo Garcia Von Pinho | Fone: (35) 3829 1315 | E-mail: [email protected]

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O couro wet blue, usado na fabricação de sapatos e bolsas, entre outros ar-tigos, passa por um processo de curtimento que envolve um elemento químico tóxico, o cromo. Os resíduos dos curtumes estão repletos desse material que, em contato com o ambiente, pode se modificar e passar de Cromo 3 a Cromo 6, pe-rigoso para o meio ambiente, inclusive com potencial cancerígeno. Para resolver esse problema ambiental e ainda gerar lucro, o pesquisador do departamento de Química da UFLA, Luiz Carlos Alves de Oliveira, desenvolveu e patenteou uma tecnologia que extrai o cromo dos resíduos de curtumes de forma segura e precisa. No processo, há ainda a retirada de colágeno, outro composto químico que pode ser reaproveitado.

COUrO

Pesquisa encontra destino ecologicamente correto para as sobras de couro com cromo

A idéia é retirar o elemento químico dos resíduos sem geração de mais lixo e com possibilidade de lucro

Em quatro anos de pesquisa, conseguiu-se retirar o cromo do couro não utilizado nas indústrias, livre e limpo, para ser reutilizado pela própria fábrica de curtimento de couro, nas próximas peles. do processo de retirada do cromo resulta o colágeno puro, que também pode ser aproveitado como fertilizante por apresentar alto teor de nitrogênio. Testes em casas de vegetação mostraram a eficiência na liberação desse elemento para o crescimento de capim elefante de forma semelhante à adubação com nitrogênio mineral. Agora falta testar o material em campo e com diferentes culturas. Com o aproveitamento total do colágeno, o processo se torna auto-sustentável.

O rejeito contendo cromo é considerado Classe 1, ou seja, extremamente perigoso para natureza e para o homem. Ele deve ser depositado em aterros espe-cíficos – o que nem sempre acontece. Esta prática inclusive tende a desaparecer, já que a instalação de novos aterros Classe 1 está sendo proibida. Em Minas Gerais, existem poucos aterros desse tipo em funcionamento. Outros métodos de reutilizar o resíduo do couro são feitos com tratamentos térmicos drásticos e com grande quantidade de produtos químicos que dissolvem o couro e diminuem o valor da matéria final, tornando-o menos atraente que o couro tratado com a tecnologia desenvolvida na UFLA.

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Contato: Luiz Carlos Alves de Oliveira | Fone: (35) 3829-1626 | E-mail: [email protected]

MErCAdO POTENCIAL E PLANTA PILOTOA metodologia já está patenteada sob o nome de “Processo de reciclagem

dos resíduos sólidos de curtumes por extração do cromo e recuperação do couro descontaminado” (PI0402905-4).

Ela atende aos fornecedores de matéria-prima das indústrias de couro por oferecer uma alternativa ecologicamente correta e mais lucrativa para os resíduos, já que o cromo retirado pode ser utilizado em novos curtimentos. A empresa Verti EcoTecnologias construiu, em 2006, uma planta piloto na cidade de Divinópolis (Minas Gerais), para o processamento de farelos e aparas do couro contaminado com cromo em escala semi-industrial. Com aval da Fundação Estadual do Meio Ambiente, está sendo criado o selo verde para incentivar os curtumes a des-tinarem o resíduo diretamente para esta estação de tratamento do couro. É preciso, ainda, ampliar a escala de produção e montar a primeira planta que resolva o problema em escalas que atendam ao mercado, com capacidade para tratamento de resíduos de pelo menos 100 toneladas por dia. De acordo com o pesquisador, a preocupação ambiental é o ponto forte da pesquisa. “Se o colágeno for totalmente vendido e o cromo reaproveitado, a geração de resíduo dessa tecno-logia é praticamente zero e o lucro é certo”, conclui Oliveira.

Cerca de 70% da produção mundial de peles é de responsabi-lidade de países em desenvolvimento, com leis ambientais frágeis e pouca fiscalização para regular o destino das quase 800 mil toneladas de raspas e aparas de couro contaminadas com cromo. O Brasil possui 787 empresas de curtimento de peles, 41% delas na Região Sul e 36% no Sudeste. Entre 12% e 22% da pele curtida vira resíduo contendo cromo. Em 2004, o país produziu 36,5 milhões de peles bovinas, e cer-ca de 110 mil toneladas de resíduo. No Brasil, mais de 90% das peles são curtidas com cromo. O restante é feito com tanino, um material menos poluente, mas que origina um produto de menor qualidade. E se o mercado está cada vez mais exigente, a nova técnica de retirada e aproveitamento do cromo promete atender bem a essa necessidade e se impor como ideal para o tratamento desse tipo de resíduo.

Couro e cromo em números

A forte competitividade no mer-cado, aliada aos problemas causados pelos pesticidas tradicionais, tem au-mentando o interesse pelo Manejo In-tegrado de Pragas (MIP), que preconiza o uso integrado de métodos de con-trole de pragas nos ambientes agríco-la, florestal e urbano, respeitando suas bases ecológicas. Uma das ferramentas do MIP é o controle microbiano, que abrange o estudo e a utilização de or-ganismos que causam doenças nos in-setos que prejudicam as plantas. Esses organismos, que podem ser vírus, bac-térias, fungos e nematóides, entre ou-tros, são chamados entomopatógenos. Na Europa, América do Norte e ásia, já existem vários produtos comerciais à base de nematóides entomopatogêni-cos (NEPs), pequenos vermes capazes de estabelecer uma relação patogênica com insetos. No Brasil, embora já exis-tam estudos nessa área e demanda por parte dos produtores agrícolas, não há nenhum produto desse tipo disponível no mercado.

CONTrOLE dE PrAGAS

Pesquisa pode gerar empresa especializada em controle

biológico de pragas

UFLA tem tecnologia pronta para fabricar organismos que controlam pragas agrícolas

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Segundo o regulamento de defesa Sanitária Vegetal brasileiro, é proibido em todo o território nacional a importação, o comércio e o trânsito de nematóides. E ainda, no parágrafo 2º, ressalta que somente para fins experimentais, em estabeleci-mentos científicos do país, o Ministério da Agricultura poderá autorizar a importação de NEPs, observadas, porém, as medidas preventivas que forem prescritas em cada Conselho Nacional de Defesa Agrícola. A dificuldade para importação de produtos à base de NEPs é, portanto, muito grande, excluindo qualquer empresa estrangeira que queira introduzir os chamados nematóides exóticos no mercado brasileiro. Diante des-te cenário, a inovação proposta pelo pesquisador Alcides Moino Junior, da UFLA, é de-senvolver um produto comercial à base de NEPs para o controle biológico de pragas.

A tecnologia se destina a pragas que atacam a planta na parte subterrâ-nea, geralmente no sistema radicular. Como exemplos de nichos nos quais o pro-duto se encaixaria, pode-se citar a cultura do cafeeiro para combater cigarras, cochonilha-da-raiz, mosca-da-raiz e broca; a fruticultura, para combater pragas subterrâneas que atacam as goiabeiras e outras culturas; na jardinagem para gramados, além de diversas culturas inseridas no contexto da agricultura não-con-vencional, em sistemas naturais, orgânicos e certificados, com exigências específicas em relação à restrição do uso de insumos químicos. Todas estas pragas representam uma gama de insetos que, normalmente, demandam produtos químicos para seu controle. Esta é uma das vantagens da tecnologia: não há impacto ambien-tal. “Em sistemas de cultivo não convencionais, caso da agricultura orgânica, não é possível usar produtos químicos na cultura de alguns tipos de café destinados ao mercado externo, onde é necessário ter um nível controlado de resíduos químicos e, em alguns casos, exige-se nível zero de resíduos. Nesses casos há uma carência de produtos para controle de pragas. É um nicho importante”, acredita o pesquisador.

O controle biológico de pragas é uma tendência mundial para substituir os defensivos agrícolas. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA) de São Paulo, o mercado de inseticidas apresentou cres-cimento de vendas de 10,7% de 2004 para 2005, apesar da queda do consumo de defensivos agrícolas. O consumo desses produtos deu-se principalmente nas culturas de soja, algodão, milho, cana-de-açúcar e café, 71,4% do valor total. O consumo de inseticidas representou 27,8% do valor total das vendas de defensivos, conforme figura.

Substituição aos defensivos

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52 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 53

Contato: Alcides Moino Junior | Fone: (35) 3829-1748 | E-mail: [email protected]

Outra característica fundamental da tecnologia é a seletividade a organismos não-alvo. O espectro de hospedeiros para cada espécie de nematóide é peque-no e bem específico, por isso, sua introdução nas culturas não causa mortalidade

indiscriminada. Os nematóides são isolados a partir de amos-tras de solo vindas de diferen-tes lavouras. A UFLA já tem 18 linhagens de nematóides identificadas, cada uma de-las pode ser mais ou menos adaptada para causar uma doença em determinado in-seto-praga. Um organismo seletivo atua especificamen-te sobre um organismo-alvo, não causando nenhum dano ou efeito a outros. O organis-mo-alvo é a praga, os NEPs não atacam, por exemplo, as minhocas, que vivem no solo e que são benéficas ao próprio solo e às plantas.

PESQUISA POdE GErAr EMPrESA dE BASE TECNOLóGICAComo não há produtos

com esses entomopatógenos no mercado brasileiro, a pes-quisa da UFLA pode gerar uma empresa de base tecnológica. A produção do nematóide seria feita in vivo. Este método tem menor complexidade técnica e é mais barato que o processo in

vitro, utiliza o próprio inseto, criado no laboratório, como hospedeiro dos NEPs. O produto final poderia ser comercializado de duas formas: uma esponja de poliéter-poliuretano impregnada com NEPs para pulverização ou larvas mortas para serem colocadas diretamente no solo.

A indústria têxtil, um dos oito setores mais importantes na economia brasilei-ra, é responsável pela geração de grandes quantidades de efluentes contaminados por corantes. Quando lançados nos rios, sem tratamento adequado, eles acarretam sérios problemas ambientais. Alguns corantes são cancerígenos e podem ser absor-vidos por espécies de peixes destinados ao consumo do homem. Para solucionar esse problema um grupo de pesquisadores da UFLA criou o dispositivo Indutor de Adsorção (dIA), um aparelho que gera linhas de campo magnético que atuam sobre a superfície do carvão ativado, ocasionando aumento de sua capacidade adsortiva. Adsorção é um processo fí-sico-químico no qual um material se liga na superfície de outro. O emprego dos carvões ativados é reconhecido como uma das melhores tecnologias para remoção de compostos natu-rais e orgânicos do meio aquoso.

A tecnologia, que está em fase de patenteamento, apresenta baixo custo de investimento e manuten-ção. Pode ser aplicada em processos de tratamento de efluentes de indústrias do setor têxtil e do setor gráfico e nos tanques de decantação das Estações de Tratamento de Efluentes (ETE). “O DIA aumenta em até 50 % a capacidade do carvão ativado em remover os corantes do efluente têxtil; isto reduz o tempo de tratamento e demanda menores quantidades de carvão ativado, diferencial da tec-nologia”, explica Joaquim Paulo da Silva, coordenador do grupo de pesquisa que idealizou o dispositivo. Segundo dados do pesquisador, a utilização do dIA apre-sentou uma economia de 50% no consumo do carvão ativado.

TrATAMENTO dE EFLUENTES

Pesquisadores desenvolvem produto pioneiro

Dispositivo aumenta em até 50% a capacidade do carvão ativado em remover os corantes do efluente têxtil

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O tempo do processo de tratamento também é reduzido. Com isso, o trata-mento acontece em maior escala e em um tempo menor. Outro fator importante é o baixo investimento para aplicar a tecnologia. Segundo os pesquisadores, este custo estaria entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Entre os objetivos futuros, pretende-se utilizar um ímã permanente como fonte do campo magnético, eliminando assim a necessidade de energia elétrica para gerar este campo, o que diminuiria ainda mais o valor de manutenção do equipamento.

SOLUçãO PArA IMPACTOS AMBIENTAISO tratamento de efluentes é o processo de descontaminação dos líquidos que

saem do processo produtivo. Sua complexidade deve-se à grande diversidade de com-postos que podem ser encontrados nos efluentes e à ausência de procedimentos pa-dronizados que possam ser aplicados a uma variada gama de resíduos. O setor têxtil é um dos mais importantes da economia brasileira, com mais de 30 mil empresas. O Brasil é o sexto maior parque têxtil do mundo. Estima-se que 20% dos corantes têxteis fabricados no país são descartados em efluentes. Por causa do baixo índice de absor-ção pelas fibras do tecido, ocorrem grandes perdas de corantes durante o tingimento e a lavagem. Quando lançados nos rios sem o tratamento adequado, eles constituem sério problema ambiental devido à ameaça que representam para a vida aquática.

Além do tratamento de efluentes, outra possibilidade é a aplicação do DIA em estações de tratamento de água, onde pode ser adaptado sem modificar a estrutura já existente. Segundo o professor Joaquim, se o DIA fosse utilizado por 10% das empresas que fazem tratamento de água e efluentes, considerando uma redução de 1% nos gastos com estas atividades, o impacto da tecnologia poderia ser de r$3 milhões ao ano.

Contato: Joaquim Paulo da Silva | Fone: (35) 3829-1651 | E-mail: [email protected]

O dispositivo Indutor de Adsorção, dIA, consiste em um aparelho que gera linhas de campo magnético que atuam sobre a superfície do carvão ativado, aumentando sua capacidade adsortiva. Através do fio passa uma corrente que irá produzir campos magnéticos na superfície do reservatório de carvão ativado. Na parte aberta do núcleo foi adap-tado um reservatório, onde é realizada a adsorção dos contaminantes.

Como funciona o aparelho

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Minimizar os impactos da atividade agrícola e reduzir o consumo de insumos não renováveis é uma tendência mundial. No sistema de produção agrícola tropical brasileiro predominam solos de baixa fertilidade e elevada capacidade de retenção de fosfatos, fertilizante indispensável para a agricultu-ra. Ao mesmo tempo sabe-se que certos fungos do solo formam simbiose com as raízes das plantas. Essas associações, chamadas micorrizas, são capazes de aumentar a absorção de água e de nutrientes do solo, especialmente de fós-foro. Por um processo natural, os vegetais liberam substâncias que atraem os fungos micorrízicos. O professor da UFLA, José Oswaldo Siqueira, em conjunto com pesquisadores da Universidade de Michigan (Estados Unidos), descobriu um princípio ativo chamado formononetina que tem a capacidade de estimu-lar os fungos micorrízicos do solo. Esta substância foi identificada, extraída e sintetizada, tornando-se a base de um bioestimulante vegetal. A tecnologia foi patenteada nos Estados Unidos e licenciada para empresas que desenvolveram e comercializam o Myconate®.

Considerando a grande extensão de terras agricultáveis no Brasil e a ocorrência de solos de baixa fertilidade natural, há um grande potencial para

BIOESTIMULANTE VEGETAL

Pesquisadores testam tecnologia inédita no Brasil

Inovação pode ser alternativa sustentável para manejo de culturas como milho e soja

Figura 1. Esporos típicos de fungos simbiontes e esporo germinado crescendo na rizosfera de uma planta hospedeira preparando para penetrar e colonizar o córtex da raiz (a); segmento de raiz mostrando o aspecto microscópico da penetração e colonização radicular pelos fungos micorrízicos arbusculares (b); ilustração de corte transversal de raiz mostrando a simbiose micorrízica (c).

a b c

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58 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 59

a aplicação comercial do produto. A pesquisa da UFLA tem o objetivo de rea-lizar testes para comprovar a eficiência do Myconate em terras brasileiras para então obter registro do produto junto ao Ministério da Agricultura.

Os benefícios dos fungos micorrízicos são um dos mais importantes tó-picos dos sistemas de agricultura sustentáveis porque aumentam a eficiência da planta em absorver água e nutrientes disponíveis no solo, com conseqüente aumento de produção. A associação destes microorganismos com as raízes das plantas desempenha um papel importante devido a seu efeito bioestimulan-te, biorregulador e biocontrolador. “Plantas bem micorrizadas desenvolvem-

se mais rapidamente, são mais bem nutridas e mais tolerantes ao déficit hídrico e estresses causados por fatores tóxicos e por doenças”, aponta Siqueira.

Toda planta precisa de nutrientes para se de-senvolver. Os fertilizantes são insumos utilizados com o objetivo de fornecer estes nutrientes. O fósforo é um dos elementos que mais limita a produção agrícola, principalmente das culturas anuais. É também um dos insumos aplicados em maior quantidade no Brasil. Isto pode ser explicado por sua baixa disponibilidade no solo brasileiro. De acordo com o pesquisador, 90% das análises de terras feitas no país encontram teores bai-xos de fósforo disponível. Outro problema é que muitas vezes o fósforo aplicado na adubação reage com outros elementos presentes no solo como o ferro, alumínio e o cálcio, formando compostos de baixa solubilidade, que não podem ser absorvidos pelas raízes das plantas. daí

a aplicação de uma quantidade maior de fosfato do que seria exigida pela planta. “A tecnologia pode contribuir para reduzir esta quantidade adicional de fósforo”, explica Siqueira. “O efeito final é uma raiz com maior capacidade de absorção, o que melhora todas as funções da raiz da planta, resultando em aumento de produ-ção e maior resistência a estresses de plantio”, completa.

APLICAçãOSegundo Siqueira, o uso da tecnologia pode depender de assistência

técnica para análise do solo e definição da dosagem do produto a ser apli-cada. Ele pode ser combinado com fertilizantes líquidos para posterior aplicação por meio de sistemas de irrigação. Também pode ser usado diretamente no solo durante a semeadura. Testes mostraram que o Myconate pode ser aplicado às se-mentes, promovendo aumento na colonização das raízes pelos fungos micorrízicos nativos presentes no solo.

A tecnologia já está disponí-vel nos Estados Unidos, Espanha, Holanda, Colômbia e Índia, onde o Myconate já é comercializado como insumo agrícola biológico. Inédito no Brasil, o produto pode ser apli-cado nas culturas de algodão, fei-jão, girassol e tomate. Entretanto, foi na produção de milho e soja, ambas de grande importância na economia brasileira, que o bioes-timulante apresentou os melho-res resultados. Em testes realizados a campo na UFLA, a aplicação de 60 gramas de Myconate por hectare aumentou a produtividade do milho em 37 sacas por hectare, confirman-do as respostas já relatadas em ou-tros países. A produtividade do milho superou oito toneladas por hectare, mesmo sem adubação com fósforo. Uma característica importante a des-tacar é que seu uso não apresenta impactos ambientais. devido à com-plexidade da ação do princípio ativo com os fungos do solo e a interação destes com a planta, novos testes devem ser realizados, no entanto, para definir de modo seguro e eficaz a aplicação do Myconate no Brasil. “Acreditamos que em dois anos será possível definir métodos, dosagens e procedimentos de uso”, diz Siqueira. A partir daí uma empresa poderá ser criada para desenvolvimento e co-mercialização deste insumo biológico para a agricultura.

Contatos: José Oswaldo Siqueira e Cláudio Roberto Fonseca Sousa Soares Fone: (35) 3829-1225 / 1251 | E-mail: [email protected] e [email protected]

Figura 2. Myconate® - for-mulação comercial contendo forma solúvel da formono-netina.

Figura 3: Campo experimental de soja em Jataí (GO) após aplicação de produto estimulante da micorrização.

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A alface é a hortaliça folhosa de maior importância na alimentação do bra-sileiro, desempenhando um importante papel sócio-econômico na geração de emprego e renda. As cultivares comerciais mais importantes pertencem aos tipos crespa, lisa e americana, cultivadas por pequenos produtores em todas as regiões do país. O plantio de forma intensiva contribui para o aumento dos problemas causados por doenças relacionadas ao solo. Uma das principais é a ocorrência dos nematóides das galhas. Outro problema importante da alface, especialmente em condições de temperaturas mais elevadas, é o florescimento precoce, que causa um sabor amargo às folhas, prejudicando sua qualidade comercial. Obter novas cultivares de alface resistentes a nematóides e ainda tolerantes a altas tem-peraturas foi a tecnologia desenvolvida pelo pesquisador Luiz Antônio Augusto Gomes, da UFLA, para resolver estes problemas. As novas cultivares de alface possibilitarão o cultivo em condições de temperatura mais elevada, com re-dução de custos e do impacto ambiental causado no manejo de nematóides, além de se obter um produto final de qualidade superior.

Para obter uma cultivar de alface resistente aos nematóides e tolerante ao flo-rescimento precoce, foi feito um trabalho de melhoramento a partir do cruzamento entre duas cultivares contrastantes. Uma de folhas lisas, com excelentes característi-cas comerciais, tolerante ao florescimento precoce, porém suscetível aos nematóides das galhas, e outra de folhas crespas, resistente aos nematóides, porém suscetível ao florescimento precoce e, por isso, pouco adaptada ao cultivo comercial.

A tecnologia desenvolvida na UFLA, referência nacional e pioneira em pes-quisas na área de resistência a nematóides em alface, agrega as duas características: resistência a nematóides e tolerância ao calor. Segundo Gomes, no Brasil, muitas vezes o produtor é forçado a colher a alface antes que ela atinja o peso ideal para comercialização, para evitar a perda de qualidade devido ao sabor amargo, por causa do florescimento provocado pelo calor. “A cultivar com tolerância à alta tempera-tura é importante para que a alface possa ser plantada no Brasil durante o ano inteiro sem comprometer a qualidade do produto”, esclarece o pesquisador.

ALFACE rESISTENTE

Primeira cultivar de alface brasileira resistente ao nematóide das galhas

Tecnologia inédita é alternativa ao uso de agrotóxicos

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ALTErNATIVA SUSTENTáVELOs nematóides são endoparasitas sedentários que danificam o sistema radi-

cular e impedem a absorção de água e sais minerais, afetando, assim, características comerciais do produto. No caso da alface, podem afetar características como colo-ração das folhas, formação de cabeça, além do tamanho e peso de planta, de tal forma que, ao serem atacadas por nematóides, as plantas ficam atrofiadas e amare-lecidas, tornando-se impróprias à comercialização. O controle químico dos nematói-des é caro e nem sempre eficiente, além do resíduo do produto ser persistente no ambiente e no corpo humano, causando efeitos patológicos no longo prazo.

A utilização dessa nova cultivar deverá trazer grandes vantagens tanto para o segmento produtivo quanto para o consumidor. Para o produtor, haverá uma redução no uso de práticas de manejo do nematóide, incluindo aquelas que uti-lizam nematicidas, diminuindo assim os custos de produção. Já o consumidor se beneficiará por adquirir um produto de melhor qualidade, com menor risco de contaminação por produtos químicos e que poderá até mesmo ser comercializado por um preço menor. Outra vantagem é que, ao cultivar esta variedade resistente a nematóides, a população do patógeno no solo tende a ser reduzida. “No próximo plantio, poderá haver semeadura de outra cultivar de alface que não seja resistente a nematóide, sem grandes prejuízos para a hortaliça”, explica Gomes. Essa alface

poderá ser utilizada ainda como cultura alternativa para a rotação com outras cul-turas suscetíveis.

A idéia é vender o produto para empresas produtoras de sementes que, por sua vez, vão comercializar para os produtores. “O atrativo é muito grande pelo fato de não existir tecnologia similar em âmbito nacional”, acredita Gomes. Existem hoje cerca de 300 cultivares de alface inscritas no Registro Nacional de Cultiva-res, nenhuma do tipo lisa ou crespa com as duas características apresentadas pela cultivar desenvolvida pelo pesquisador. “O produtor vai economizar defensivos, diminuindo o risco de contaminação dele, da sua família e do meio ambiente, agregando valor ao produto comercial”, completa.

Contato: Luiz Antonio Augusto Gomes | Fone: (35) 3829-1782 | E-mail: [email protected]

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Um sensor de partículas para monitorar ambientes afetados por poeiras mi-nerais e orgânicas. Essa é a tecnologia desenvolvida pelo pesquisador da UFLA, professor Giovanni Francisco rabelo. As poeiras minerais e orgânicas, além de se-rem prejudiciais à saúde do homem, provocam contaminações ambientais do ar e da água, e ainda aumentam os riscos de acidentes como explosões e incêndios. Atividades comerciais como a mineração e o armazenamento e beneficiamento de grãos lançam partículas de poeira no ar chamadas de particulados e dispersóides. A principal estratégia de controle da poeira nas estradas das mineradoras, por exem-plo, é a aspersão de água através de sistemas de irrigação ou usando caminhões pipa, o que gera consumo significativo de água.

GESTãO dA POEIrA

Sistema controla quantidade de poeira mineral e orgânica

Equipamento evita desperdício de importante recurso natural: a água

O sensor monitora a quantidade de poeira no ambiente. Ele é capaz de perceber se a poeira está excessiva ou se representa algum tipo de risco. A partir disso, é possível definir uma estratégia de controle, acionando os sistemas que vão melhorar a qualidade do ar, reduzindo o nível de poeira. O principal benefício oferecido pela tecnologia em relação aos métodos tradicionais, é tornar o processo de aspersão de água controlado, racionalizando o consumo de água. É um processo programado que economiza água e combustível que seriam gastos em caminhões pipa. Tradicionalmente, algumas minera-doras utilizam um sistema de irrigação por aspersão ligado a temporizadores nas estra-das sem pavimentação e nas áreas de armazenamento para moagem. Para minimizar a quantidade de poeira no ar, o sistema periodicamente faz a irrigação, gerando lama nas estradas, independentemente de se ter tráfego de caminhões provocando poeira. Isto gera gasto desnecessário de água e, conseqüentemente, impacto ambiental.

AS rAZõES PArA rEMOVEr AS PArTÍCULAS dE POEIrANo processo de carregamento e descarregamento de um silo, há uma grande

quantidade de poeira orgânica ou partículas, que se desprendem de grãos como o milho, soja e outros. Essa poeira é inflamável. Basta uma fonte de calor para provo-car uma explosão. A mineração gera a poeira de sílica que provoca uma doença no homem chamada silicose – enrijecimento dos alvéolos pulmonares. Existe também o problema ambiental provocado pelo acúmulo de poeira mineral nas folhas da vegetação, que pode levar a planta à morte, e ainda a contaminação de rios ou

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outros reservatórios de água perto de atividade mineradora. Os consumidores po-tenciais da tecnologia seriam, portanto, a indústria mineradora, que tem um gasto excessivo com água, e as empresas armazenadoras de grãos.

Outra aplicação para o sensor de particulados e dispersóides é a indús-tria têxtil, para controle da poeira gerada pelo algodão. Essa poeira pode gerar a bissinose, doença que provoca o estreitamento das vias aéreas, além do risco de incêndio e explosão. Há geração de poeira também na fabricação de material elé-trico e eletrônico durante o lixamento de materiais, sendo altamente prejudicial à saúde dos trabalhadores.

O sensor desenvolvido na UFLA, que não tem similares no mercado, atua junto com um micro controlador programado para informar os níveis de poeira toleráveis. Quando o nível de partícula está acima do programado, um sistema chama-do atuador aciona um motor para exaustão da poeira ou faz funcionar um equipamento de microaspersão de água, promovendo a redução dos dispersóides no ar atmosférico. Um diferencial importante dessa tecnologia é o fato do sensor ser autolimpante, o que permite que o sistema funcione sem que seja interrompido para limpeza. Para tornar o sistema mais amigável, é utilizado um teclado e um mostrador de cristal líquido, de forma a possibilitar a alteração e a visualização dos parâmetros de ajuste, bem como do valor limite de tolerância. “É uma tecnologia relativamente simples, mas importan-tíssima se pensarmos que seu uso previne acidentes e protege trabalhadores e meio ambiente”, avalia rabelo. A pesquisa ainda vai para testes de campo com o objetivo de comprovar os bons resultados obtidos até agora em laboratório e será patenteada. “O benefício desta tecnologia é grande demais para ficar nos laboratórios da universidade. Queremos disponibilizá-la no mercado o quanto antes”, completa.

A idéia é aumentar o nível de precisão do sensor para aplicá-lo em ambientes mais limpos, que não admitem um mínimo de poeira, como é o caso das salas cirúrgicas.

Contato: Giovanni Francisco Rabelo | Fone: (35) 3829 1682 | E-mail: [email protected]

Disponibilizar um sistema que auxilie os produtores agrícolas a fazer uma correta diagnose de doenças em plantas e que possa também ser usa-do como ferramenta didática no ensino de fitopatologia. Essa é a proposta

SOFTWARE AUxILIA MANEJO

Sistemas de apoio ao diagnóstico de doenças em plantas

Tecnologia possibilita economizar recursos no manejo e diminui impacto ambiental

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do pesquisador da UFLA, Edson Ampélio Pozza. Por meio do sistema desenvolvido por ele, é possível melhorar a acurácia e precisão de diagnoses e de laudos fitossanitários, bem como treinar profissionais interessados em estudar organismos-praga nas culturas do cafeeiro, da macieira, do citrus e de doenças fúngicas de sementes. A tecnologia é baseada em um sistema de informação chamado de especialista. Ele é capaz de gerar uma decisão a partir de uma base de informações, tal qual um especialista de determinada área do conhecimento humano que analisa determinados fatos e formula hipóteses a partir de um conhecimento prévio.

Um software, instalado no computador, recebe as informações sobre os sintomas apresentados por um determinado tipo de lavoura. O sistema então compara essa informação com um banco de conheci-mento que contém grande volume de dados organizados, resultando num diagnóstico. É gerada uma lista de até cinco prováveis doenças, por ordem de probabilidade, com alto grau de confiabilidade. O índice de acerto ultrapassa os 90%. “É um sistema de apoio à decisão. Com a informação, o engenheiro agrônomo pode recomendar o sistema de manejo mais apropriado”, explica Pozza. Segundo ele, a tecnologia possibilita uso mais racional de produtos fitossanitários e conseqüente redução do impacto ambiental que eles provocam.

Os sistemas são específicos para cada tipo de doença. A equipe do professor Pozza vem desenvolvendo um portfólio de sistemas espe-cialistas em diagnose e manejo de doenças, alguns já sendo usados por produtores. A maior parte deles não tem similar nacional. Existe uma tecnologia semelhante nos Estados Unidos para cultura da maçã. En-tretanto, o software da UFLA está adaptado às condições brasileiras de plantio. O Doctor Coffee, por exemplo, é um sistema especialista para a diagnose de doenças, deficiência, pragas e nematóides no cafeeiro. Ele contém 229 regras, 182 fotos e realiza o diagnóstico de 13 doenças, oito deficiências nutricionais e nove pragas. Além disso, o sistema tem um glossário com termos técnicos, histórico, filmes e ajuda on-line. O produtor que adquire o software pode ainda baixar versões atualiza-das periodicamente.

As vantagens do produto com relação aos sistemas dispo-níveis no mercado são relacionadas à interatividade com o usu-ário, realizada por meio de perguntas associadas a fotografias e textos com descrição das características visualizadas. As perguntas e respostas são apresentadas de forma estruturada e organizada, para transmitir conhecimento relacionado ao problema de forma intuitiva.

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70 PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO PrOGrAMA dE INCENTIVO À INOVAçãO 71

Contato: Edson Ampélio Pozza | Fone: (35)3829-1791/1826 | E-mail: [email protected]

As respostas apresentam um fator de confiança ou grau de acerto relacionado à diagnose realizada pelos sistemas.

O público-alvo do software são engenheiros agrônomos, biólogos, en-genheiros agrícolas e técnicos de empresas do agronegócio. “O objetivo não é tomar o lugar do agrônomo, mas apoiar a decisão dele”, ressalta o pesquisa-dor. Um dos principais benefícios da tecnologia é tornar o conhecimento de especialistas acessível a estudantes e técnicos. “Em qualquer lugar do Brasil você pode ter acesso ao conhecimento de vários pesquisadores”, com-pleta Pozza.

Outro nicho importante é o mercado de softwares científicos agrí-colas para cursos de extensão, graduação e pós-graduação em ciências agrárias, com foco no ensino à distância. “Os estudantes utilizariam o siste-ma como ferramenta de ensino em matérias relacionadas à proteção de plan-tas”. O Sintosoft, programa que classifica doenças em plantas, já é utilizado por graduandos da UFLA. “Aumenta muito o nível de aprendizagem do aluno quando ele utiliza o software”, avalia o pesquisador, a partir da experiência como professor na Universidade. Segundo o estudo de mercado para essa tec-nologia, existem 100 escolas que oferecem cursos de ciências agrárias, 11 das quais têm cursos de ensino a distância.

Os registros de programa de computador para o software já estão em andamento no Instituto Nacional de Patentes Industriais (INPI). A intenção da equipe de pesquisadores é ampliar o portfólio de culturas cujas doenças podem ser diagnosticadas pelo sistema especialista.

O pesquisador da UFLA, Luciano Vilela Paiva, desenvolveu um produto que propicia a identificação de variantes de mudas de bananeira da variedade prata anã, geradas por micropropagação. As mudas variantes de bananeira prata anã resultam, na maioria dos casos, em reversão do nanismo, ou seja, produzem plantas com porte grande, que dão frutos sem valor comercial. A ação do produto faz as mudas varian-tes aumentarem de tamanho precocemente, possibilitando que sejam identificadas antes da comercialização.

A banana prata anã é a variedade mais cultivada no Brasil. A reversão do na-nismo é um problema grave para as empresas fornecedoras dessas mudas. Elas nor-malmente enviam para o produtor de 10% a 15% a mais de mudas para compensar a ocorrência de plantas com a mutação, também chamadas de somaclonais. Como

BANANA

Técnica elimina variantes indesejadas no cultivo de banana

Processo garante qualidade das mudas produzidas em laboratório

SISTEMAS ESPECIALISTAS dESENVOLVIdOS NA UFLA

Sementes: Doctor Seed Fungi

Café: Doctor Coffee

Maçãs: ApplES

Citrus: OrangES. O sistema é usado pelos produtores associados ao Fundo de defesa da Citricultura (Fundecitrus)

Classificação de sintomas em doenças: Sintosoft

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a ocorrência só é percebida no pós-plantio, há gastos com fertilizantes e defensivos e ocupa-ção do espaço de plantio com uma variedade que não será comercializada, gerando perdas importantes para o produtor.

A micropropação ou multiplicação vege-tativa in vitro é uma técnica utilizada para a pro-dução em larga escala de plantas. Em linhas ge-rais, consiste em retirar um fragmento do tecido vegetal, colocá-lo em meio nutritivo e provocar, graças a um equilíbrio adequado dos elementos do meio, o desenvolvimento de uma plântula, isto é, uma muda. Essas mudas produzem plan-tas uniformes, permitindo ao produtor escalo-nar sua produção ou fazer previsão de colheita. A técnica permite ainda oferecer ao produtor mudas sem doenças ou pragas. No entanto, o emprego da micropropagação para a produção de mudas em escala comercial pode ter um inconveniente. Um tipo de mutação faz com que algumas mudas originem bananeiras com características não desejadas pelo produtor. São as chamadas variantes somaclonais, plantas que apresentam constituição genética diferente das demais. Estas mudanças são herdáveis e trans-mitidas aos descendentes. A grande dificuldade enfrentada pelas empresas produtoras de mu-das em laboratório reside na identificação e eli-minação das plantas variantes dentre as milha-res de plantas geradas pela microprogação. As mudas normais não diferem morfologicamente das plantas com variação somaclonal. Este fator inesperado é indesejável tanto para o empresá-rio produtor das mudas quanto para o produtor que irá cultivar estas mudas.

IdENTIFICAçãO PrECOCEO produto desenvolvido na UFLA per-

mite a detecção precoce das plantas variantes, antes que elas sejam comercializadas, reduzindo

Segundo lugar na produção mundial

A banana é produzida em todas as regiões do mundo sob condições climáticas de altas temperaturas. Segundo a Organização das Na-ções Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil ocu-pa o segundo lugar na produção mundial de banana. São Paulo é o maior estado produtor. O maior produtor no mundo é a Índia.

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Contato: Prof. Luciano Vilela Paiva | Fone: (35) 3829-1624 | E-mail: [email protected]

nesse caso, prejuízo para o produtor e para a empresa que comercializa as mudas mi-cropropagadas. O componente principal do composto químico é um hormônio vegetal que promove o crescimento da planta, chamado ácido giberélico (GA3). Para obter o produto é adicionado ao hormônio outro composto que aumenta a eficiência de sua absorção pela planta. O produto final é uma mistura sólida para ser diluída em água e, posteriormente, ser pulverizada nas mudas. “Como sabemos que a planta variante tem essa capacidade de se destacar no campo em termos de crescimento, nós antecipamos isto, por meio da aplicação do hormônio, antes que a muda seja vendida”, explica Paiva. “Daí, a empresa produtora de mudas simplesmente retira estas plantas, aumentando a confiabilidade das mudas produzidas em laboratório”, completa.

Há que se destacar que é um produto natural, baseado em um hormônio presente na planta e responsável pelo alongamento celular. Não é tóxico, não prejudica a planta, nem altera a qualidade do fruto que chegará ao consu-midor. Além disso, o produto, de fácil aplicação, apresenta resultado rápido e com altíssima eficiência. Mediante uma simples análise visual, após aplicação do produto, é possível diferenciar as plantas variantes. Na opinião de Paiva, o produto pode beneficiar toda a cadeia produtiva da banana. A tecnologia gera mais confiabilidade para a muda de banana produzida em laboratório. A empresa poderá comercializar um produto mais puro geneticamente. Para o produtor, a vantagem é não ter custos adicionais com mudas variantes.

Hoje a pulverização do composto químico é feita em mudas com dois meses. O objetivo do pesquisador agora é antecipar a aplicação em um mês, acelerando o processo de obtenção de mudas de qualidade. Além disso, ele pretende testar a me-todologia em outras culturas que também têm problema de variantes somaclonais.

Um dos principais avanços da genética é o emprego da heterose, fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho – produtividade, altura, tama-nho e produção de grãos - do que a média dos pais. As chamadas sementes híbridas passam por esse tipo de melhoramento genético, que permite obter maior produ-tividade na plantação. Tradicionalmente apenas os médios ou grandes produtores têm acesso às sementes híbridas de milho. Agricultores de subsistência, que cultivam em pequenas áreas para consumo próprio e comercializam o excedente e que são responsáveis por boa parte do milho produzido no Brasil, não têm acesso a esse tipo de semente. Eles reutilizam os grãos colhidos como semente, fato que contribui

MILHO

Tecnologia disponibiliza cultivares híbridas de milho para

pequenos produtores

Pesquisa democratiza avanços científicos na área de melhoramento genético de sementes

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para a redução na produtividade. Somente no Sul do Estado de Minas Gerais são cultivados cerca de 350 mil hectares de milho. Em apenas 70% dessa área são utilizadas sementes melhoradas, certamente por grandes empresários rurais. O objetivo da tecnologia desenvolvida pelo pesquisador João Cândido de Souza, agrônomo da UFLA, é obter novos híbridos de milho utilizando populações diferentes ao invés de linhas puras, procurando associar produtividade e re-sistência, especialmente adaptadas às condições de agricultura familiar.

Sementes híbridas comerciais, normalmente encontradas no mercado, são aquelas obtidas pelo cruzamento de duas linhagens ou linhas puras. São sementes extremamente uniformes do ponto de vista genético que, por isso, originam plan-tas igualmente uniformes em suas proporções. Entretanto, para colocar um produto como esse no mercado, são necessários de oito a 10 anos de pesquisa e desenvol-vimento. Um novo método para obter sementes híbridas interpopulacionais é a inovação proposta pelo pesquisador da UFLA. Como estas sementes são for-madas a partir de populações com genótipos diferentes, elas vão gerar plantas com diferenças na altura, na cor do pendão e em algumas outras características. Por outro lado, o prazo de obtenção do híbrido cai para dois ou três anos apenas, o que, conseqüentemente, diminui os custos da semente, tornando-a acessí-vel ao pequeno produtor.

As sementes híbridas populacionais não estão disponíveis no mercado por-que o pequeno produtor não é público-alvo das grandes empresas que comerciali-zam sementes submetidas a processos de melhoramento genético. Essas empresas, multinacionais em sua maioria, preferem investir em sementes híbridas a partir de linhagens puras para obter maior retorno financeiro. “Por isso nosso enfoque são os pequenos produtores. Queremos dar a eles a chance de obter uma semente de alta produtividade a um preço acessível”, afirma Souza. O ponto-chave da tecnologia é que ela dispensa a necessidade de obter as linhagens puras. A população já está pronta, bastando obter os melhores pares populacionais. A única forma de obter linhagens puras de milho é a autofecundação, que deve ser feita por oito a dez gerações. “Se você imaginar que, para cada geração, você precisa de um ano, serão gastos cinco anos só para obter as linhagens. depois ainda é necessário mais três anos para cruzar as linhas puras e achar as melhores combinações de linhagens”, explica. “Não se trata de competir com as grandes empresas produtoras de semen-tes. Nossa pesquisa tem um caráter social que visa suprir uma carência do pequeno produtor”, ressalta o pesquisador.

MAIS BArATO, MAIS rESISTENTETestes em campo têm comprovado a alta produtividade das sementes. Os

resultados de vários experimentos conduzidos ao longo dos últimos cinco anos mostraram que os híbridos intervarietais são tão produtivos quanto os melhores

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híbridos comerciais. Na média geral, os híbridos intervarietais produziram em tor-no de 9 a 10 t/ha. Por exemplo, na safra 2005/2006 a média geral de dez híbri-dos simples comerciais, avaliados em quinze ambientes com três repetições, foi de 8.641 Kg/ha e do híbrido intervarietal de 7.971 Kg/ha, mostrando que o potencial produtivo deste tipo de híbrido é semelhante ao de híbridos simples comerciais. A semente da UFLA apresentou também uma qualidade maior da espiga, empalha-mento e silagem.

Os híbridos feitos com populações produzem, em termos de rendimento, maior quantidade de sementes do que na técnica com linhas puras. Também não há necessidade de manter várias áreas plantadas para obter as linhagens puras. Por estes motivos o custo da semente interpopulacional pode chegar a um terço do que o pequeno produtor encontra no mercado. Além disso, a variabilidade genética confere mais resistência para as plantações com híbridos populacionais. No caso de uma epidemia ou uma praga, por exemplo, as plantações com sementes híbridas convencionais ficam inteiramente suscetíveis, justamente por causa da uniformida-de genética, o que não acontece com os híbridos interpopulacionais. São plantas mais tolerantes a condições adversas.

O grupo de pesquisa tenta obter o registro deste cultivar junto ao Ministério da Agricultura e está em negociação com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) para ampliar a área de testes para além da região Sul mineira e também para comercializar as sementes intervarietais junto ao governo de Minas Gerais, que por sua vez as repassa para pequenos produtores de comu-nidades e de assentamentos rurais, um dos públicos-alvos da tecnologia. O grupo de pesquisa tem interesse também no licenciamento da semente para companhias produtoras de grãos, preferencialmente pequenas e médias empresas, interessadas na tecnologia.

Contato: João Cândido de Souza | Fone: (35) 3829-1368 / 1341 | E-mail: [email protected]

Estudo de mercadoO milho é o insumo para a produção de uma centena de produtos. Na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80% do milho pro-duzido no Brasil, ao lado de Estados Unidos e China. Plantado de Norte a Sul do país, o milho representa metade dos grãos produzidos aqui, além de ser a segunda lavoura em área plantada – 24% do total.

A busca incessante de qualidade, que atinge todos os produtos e serviços, não deixou escapar um dos hábitos mais arraigados entre os brasileiros – beber um cafezinho. Foi-se o tempo em que as pessoas achavam que todo café é igual. Se-gundo as pesquisas, a maioria dos consumidores brasileiros estaria disposta a pagar mais por um café de melhor qualidade.

Pesquisadores da UFLA – o professor Carlos José Pimenta e o doutorando Marcelo Cláudio Pereira -, e da Empresa Agropecuária de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig), Sara Maria Chalfoun, desenvolveram uma tecnologia que utiliza um agente biológico que, associado aos frutos e grãos de café, atua como agen-te bioprotetor contra fungos que possuem ação danosa sobre a qualidade e segurança do café. Os fungos podem influenciar a qualidade do café de duas ma-neiras bem distintas: produzindo metabólicos tóxicos ao homem, conhecidos como

CAFÉ

Tecnologia permite obter café de melhor qualidade

Uso de bioprotetor permite controlar fungos que modificam o sabor da bebida

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micotoxinas, ou agindo sobre os grãos, influenciando seu sabor, cor e odor. A tecno-logia permite otimizar o manejo das lavouras no sentido de preservar ou introduzir o agente protetor, permitindo que pelo menos um terço dos frutos presentes nos cafeeiros e que secam na planta antes da colheita não sejam comprometidos por estes fungos prejudiciais.

O fato de parte dos frutos secar na planta é particular da cafeicultura no Brasil, onde ocorrem floradas sucessivas. Os frutos resultantes das primeiras floradas que estão localizados no terço superior da planta atingem o ponto de maturação, passam desse ponto ideal e secam ainda na planta. O agente biológico, se preservado ou introduzido na área, evitará a perda de qualidade e segurança desta parcela do café pela competição com fungos. Para isso, são feitas pulverizações na fase pré-colheita, a partir do início do amadurecimento dos frutos ou no terreiro com pulverizador pré-pressurizado, a baixo volume, para não comprometer a secagem dos grãos.

TECNOLOGIA TAMBÉM GArANTE SECAGEM MAIS EFICIENTEObter uma bebida de qualidade, que pode ser vendida com preço até 30%

superior, é um fator de sobrevivência e competitividade para o produtor. Mas para chegar a obter a famosa xícara de cafezinho são necessárias várias etapas. A quali-dade final do produto depende de uma eficiente secagem, que envolve a degrada-ção da mucilagem do café. O ideal é que esta degradação seja rápida para diminuir a ação dos microorganismos. Fermentações prolongadas deterioram a qualidade da bebida. Para completar esse processo é necessária a ação de enzimas chamadas pectinolíticas. O agente biológico desenvolvido na UFLA produz estas enzimas, ace-lerando assim a digestão da mucilagem.

O Brasil possui 2,5 milhões de hectares de café cultivado. Minas Gerais é o maior produtor do país com 800 mil hectares ocupados pela cafeicultura. Um terço dos produtores, com plantações maiores que 50 hectares, possuem recur-sos para adquirir novas tecnologias para processar o café “via úmida” com despolpamento do fruto, o que diminui as possibilidades de contaminação, resultando num café de boa qualidade. Em geral, pequenos e médios produto-res, a maioria no cenário brasileiro, processam o café “via seca”. Eles serão potenciais compradores do bioprotetor. Em Minas Gerais, o percentual de pro-dutores com mais de 50 hectares representa 29% ou cerca de 500 mil hectares. Estudos de mercado estimam que o produto tenha potencial para atingir 30% do mercado total de cafeicultores em cinco anos, quando sua produção chegaria a 100 toneladas por ano.

A tecnologia pode ser um eficiente instrumento na busca de cafés com qualidade diferenciada em nosso país, conhecido pela produção em quantidade, e não pela pro-dução de qualidade. Cumpre destacar entre seus diferenciais a facilidade e baixo custo de desenvolvimento do agente bioprotetor, que utiliza resíduos agrícolas como substra-to, a facilidade de aplicação e a resistência a condições climáticas adversas.

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Contato: Carlos José Pimenta | Fone: (35) 3829-1438 | E-mail:[email protected]

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Inovação para indústria de sucosAs enzimas pectinolíticas também são utilizadas na clarificação dos su-

cos de frutas industrializados. A clarificação ou tratamento enzimático serve para estabelecer o teor final da polpa no suco, controlar a viscosidade da be-bida, aumentando assim sua qualidade final e a rentabilidade da produção.

As enzimas são catalisadores orgânicos responsáveis por milhares de reações bioquímicas envolvidas nos processos biológicos. Elas são muito usa-das na indústria alimentícia, principalmente em processos de maceração de vegetais e frutas para a produção de néctares e purês, na extração e clarifi-cação de sucos de frutas e vinho. São utilizadas também nas indústrias de papel e celulose, têxtil e na produção de ração para animais. Entretanto, essas enzimas não são produzidas no Brasil. Nosso mercado é dependente do produto importado. Em 2005, o Brasil importou US$ 100 milhões em enzimas.

A produção de enzimas por microrganismos é influenciada pelas con-dições de cultivo tais como: meio de cultura, pH e temperatura. Outro fator importante é a escolha do microorganismo e a seleção de isolados capazes de sintetizar enzimas adequadas para uso industrial. A tecnologia desenvolvida na UFLA e Epamig permite produzir enzimas pectinolíticas em larga escala, a partir de diferentes substratos agroindustriais como a casca da uva, bagaço de laranja, casca de maracujá e outros, a partir do mesmo agente biológico utilizado na cafeicultura (isolado G088). Esse agente biológico tem as vanta-gens de não produzir metabólicos tóxicos e se adaptar bem a mudanças do meio e substratos, quando comparado aos comercialmente utilizados.

A vantagem de obter enzimas a partir de microorganismos é a neces-sidade de pequeno espaço para produção em grande escala, comparado à produção a partir de vegetais. Além disso, a tecnologia reaproveita resíduos agrícolas, acarretando baixo custo da produção.

O mercado das enzimas para utilização em processos industriais cresce a cada ano. As vendas mundiais são da ordem de US$ 1 bilhão anuais, com taxa de crescimento entre 8% e 10%. O mercado brasileiro de enzimas possui uma parcela pouco representativa do mercado mundial, apesar do Brasil ter uma posição privilegiada, tanto em termos de biodiversi-dade quanto em relação à sua capacidade de gerar recursos renováveis. O pre-ço por litro de enzimas pectinolíticas importadas pode chegar a R$ 7,5 mil.

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SEBRAE – MG

Roberto SimõesPresidente do Conselho deliberativo

Afonso Maria Rochadiretor Superintendente

Luiz Márcio Haddad Pereira Santosdiretor Técnico

Matheus Cotta de Carvalhodiretor de Operações

Anízio Dutra VianaGerente da Unidade de Tecnologia

Lauro DinizAssessor de Comunicação

Marden Márcio MagalhãesGerente da Macro região Sul

Francine Hudson LúcioAnalista Macro região Sul / Mr Lavras

SECRETARIA DE ESTADO DE CIêNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR

Alberto Duque PortugalSecretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Evaldo VilelaSecretário Adjunto de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Gerente do Projeto Estruturador rede de Inovação Tecnológica

William BrandtSubsecretário de Estado de Inovação e Inclusão digital

Rubens Martins PereiraSuperintendente de Inovação

Anna Flávia Lourenço E.M. BakôGerente Adjunta do Projeto Estruturador rede de Inovação Tecnológica

Agradecimento Especialdr. Marco Antônio rodrigues da Cunha

PREFEITURA MUNICIPAL DE LAVRAS

Jussara Menicucci de OliveiraPrefeita

André Luiz ZambaldeAssessor Especial

Sílvio César de CastroAssessor Jurídico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

Antônio Nazareno Guimarães Mendesreitor

José Roberto Soares Scolforo Pró-reitor de Pesquisa e Coordenador Geral do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFLA - NINTEC

Soraya Alvarenga Botelho Coordenadora de Propriedade Intelectual do NINTEC - UFLA

AgradecimentoA Universidade Federal de Lavras, reconhecendo a importância do Programa de Incentivo à Inovação – Pii para a consolidação de suas ações de incentivo à pesquisa científica e inovação tecnológica, agradece o apoio direto da Se-cretaria de Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais – SECTES, do Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro empresas - SEBRAE – MG e da Prefeitura Municipal de Lavras.

A UFLA agradece à Fapemig, à Finep e ao CNPq pelo decisivo apoio na implantação e consolidação do seu Núcleo de Inovação Tecnológica e em suas atividades de pesquisa.