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Pintura I Prática e aprendizado Pintura I Prática e aprendizado Allan Cassuce Cristiane Elizabeth Kelly Mariano Ormir Regina Robson Rosemery Thaiza Valdecy Valdinia Willian Org. Fernando Augusto

Pintura - Prática e aprendizado

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Pintura IPrática e aprendizado

Pintura IPrática e aprendizado

AllanCassuce

CristianeElizabeth

KellyMariano

Ormir ReginaRobson

RosemeryThaiza

ValdecyValdineia

Willian

Org. Fernando Augusto

PINTURA I: UM BOM COMEÇO

Finalizamos mais um curso de pintura na UFES. Obser vo em sala, os últ imos trabalhos dos alunos para selecionar com eles, os exercícios, desenhos e pinturas que farão parte da avaliação final e, passo em revista o semestre de trabalho, tentando ver ificar como foi ensino e o aprendizado, se valeu a pena.

Por se tratar de um curso noturno, quando as horas são mais exíguas e, frequentado por pessoas que tra-balham durante o dia, dividi logo no início da disciplina as responsabil idades deste estudo, propondo que se exercitasse mais em casa e outros lugares por onde o aluno pudessem estar, do que simplesmente em sala. Nesta via propus questões a serem respondidas em pintura e comentei , a cada encontro, os exercícios real izados. Falamos de: cadernos de desenhos (diár ios gráficos), de mater iais pictór icos como tinta acr í l ica, aquarela, colagem, de ar tistas como, Morandi, Mondrian, Goeldi, Lucien Freud, Guig-nard, Wiliam Kentr idge e outros, de algumas técnicas ou estratégias como perspectiva, esboços (proje-to), justaposição de cores, figuras de l inguagem, e, o necessár io depoimento reflexivo sobre o processo do fazer e, da organização do trabalho de avaliação em forma de l ivro, contendo o trabalho de todos.

O desafio foi aceito, assim surge este l ivro, volume único e disponível on-line. Ele contém o depoi-mento de cada aluno que frequentou a disciplina e a reprodução de cerca de dez trabalhos de cada um, selecionados entre os que foram produzidos durante o semestre letivo 2015/1.

As aulas foram ministradas conectadas com a minha prática ar tíst ica de pintura e desenho em atel ier, assim trago também meus trabalhos a esta exposição. Estamos todos ensinando e aprendendo e corren-do r isco a cada traço, a cada folha branca. Este l ivro é portanto uma realização conjunta. Valeu a pena? ‘ Tudo vale a pena se a alma não é pequena’ .

Prof. Fernando Augusto - organizador.

V itór ia - ES 2015/1

Sumário

Allan 5

Cassuce 16

Cristiane 27

Elizabeth 38

Kelly 49

Mariano 60

Ormir Regina 71

Robson 82

Rosemery 93

Thaiza 104

Valdecy 115

Valdineia 126

Willian 137

Fernando Augusto 148

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5

Allan

A escolha do curso de artes visuais para mim foi óbvia, em nenhuma outra área de conhecimento poderia me descobrir tanto, não sinto encanto algum por me envolver com signos tipográficos, a não ser que sejam vistos de forma pictórica, talvez por isso tenha protelado tanto em desenvolver este texto. As artes cada dia mais me levam a tentar entendera linguagem que está na imagem, não só a delimitada por um plano ou por uma entidade tridimensional, mas por tudo aquilo que afeta minha retina, no decorrer do curso venho percebendo o quanto nó (humanos), apesar de nos ancorarmos no sentido visual, somos analfabetos e por vezes cegos. A todo segundo milhões de quadros, enquadramentos, frames e esculturas passam por nossos olhos e os ignoramos, não percebemos que cada forma e cada cor nos afeta e nos molda, talvez por isso artes seja tão banalizado enquanto curso, é uma forma de engenharia social, não mostrar a verdade, quem domina a imagem domina a massa cega, ou abre seus olhos, é uma opção que teremos que fazer quando formos atingidos pela epifania imagética.

Em pintura percebi certa afinidade com as obras do expressionismo alemão e austríaco além de uma paixão por obras de artistas como Goeldi, Willian Kentridge, Egon Schiele e Iberê Camargo. Seus sentimentos de certa forma estão conectados com os meus, trespassados de diferentes formas. Minha visão fatalista misantrópica me deixa à vontade experienciando, principalmente, as obras de Goeldi, creio que ele entendia muito bem a solidão.

Em meus exercícios de pinturas procurei ser bem gestual e solto, apesar do apreço pela estética do belo consegui dar um enorme salto. Eu particularmente sou preguiçoso tanto para desenho quanto pintura, mas nesse período senti potência em realizar os trabalhos, a maioria pelo menos, e consegui vislumbrar que realmente quero tornar-me um artista plástico, não apenas por esta alcunha, mas por acreditar que se algum dia eu puder me considerar um, eu entenderei a imagem como uma linguagem fluente e apartar dessa nova linguagem tentar me conhecer enquanto indivíduo, ou ter certeza que o indivíduo é apenas mais um dos equívocos do ser humano.

Allan Pinto dos Santos

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Guache e nanquin sobre tela - 160 x 100 cm

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Guache sobre canson - 30 x 40 cm

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Guache sobre canson - 30 x 40 cm

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Guache sobre canson - 30 x 40 cm

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Guache e nanquin sobre tela - 50 x 30 cm

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Guache sobre canson - 30 x 40 cm

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Guache sobre canson - 30 x 40 cm

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Guache e nanquin sobre tela - 100 x 80 cm

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Nanquim sobre papel 30 x 40 cm

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CassuceGracie la Cassuce de Andrade é com fui registrada em Magé, Rio de Janeiro.

Cassuce é como vários dos meus amigos me chamam no Espírito Santo.

A dualidade iniciou-se cedo em minha vida, dois Estados, religiões, gradua-ções. Essa é a segunda graduação que faço, a primeira foi Biblioteconomia. Sim, sou bibliotecária, e por causa disso resolvi fazer Artes, e este curso me proporcionou conhecer uma área, a qual não me sentia privilegiada a conhe-cer.

O curso de Artes Visuais está sendo um desafio, no qual eu estou passando com louvor. Pois a cada dia que consigo criar algo, venço uma batalha em me conhecer, em reconhecer minha criatividade, vejo que não sou, ordi-nariamente, comum como penso. Vejo-me de forma diferente, sinto-me capaz.

“…o que te instiga? E assim se iniciou a aula.

...o céu

O que é céu?”

Ao olhar para cima um dia me deparo com o céu e o mais incrível, eu o percebo. É um perceber algo a mais. É descobrir que alguma coisa daquela beleza supera as suas formas.

A palavra hebraica sha·má·yim (sempre no plural), traduzida “céu(s)”, parece ter o sentido básico de algo alto ou elevado. (Sal 103:11; Pr 25:3; Is 55:9) A etimologia da palavra grega para céu (ou·ra·nós) é incerta. No latim (caelum) abóbada celeste.

Os céus físicos ou céus da atmosfera terrestre têm vários significados: espaço onde estão os astros; espaço visível acima do horizonte; o infi-nito; atmosfera; etc. Já os céus espirituais que as religiões trazem, encontramos explanações como: local da morada de Deus e para onde vão os justos, depois da morte, o paraíso; providência divina. A teologia cristã reconheceu três céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo é o espaço em que gira os astros e o terceiro para além deste, é a morada do Altíssimo. 1

Os antigos acreditavam na existência de muitos céus superpostos. Seguindo a opinião mais comum, havia sete céus e daí a expressão “estar no sétimo céu”. Seguindo essa linha de senso comum temos céu definido como estado de prazer ou grande felicidade.

Os muçulmanos admitem nove céus. Em cada um dos quais se aumenta a felicidade dos crentes.

O astrônomo Ptolomeu contava onze céus e denominava ao último Empíreo (fogo) por causa da luz brilhante que nele reina.

Em geral, a palavra céu designa o espaço indefinido que circunda a terra, e mais particularmente a parte que está acima do nosso horizonte.

“Mas o que é céu para você? ...e a aula continua”

“A tua visão tornar-se-á clara apenas quando olhares para dentro do teu coração. Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta. Carl Jung”

Eu encontrei o céu dentro de mim, quero dizer, eu o reconheci.

Biblicamente podemos dizer que identifiquei a centelha divina dentro de mim. (Sal. 82:6). Cientificamente descobri que tenho bas-tante imaginação – pois é difícil imaginar como é a loucura da construção do espaço, do teto acima de nossas cabeças – para encontrar os prazeres e a graça que todas as moléculas, átomos, elétrons, fótons, o que mais estiver que compõem o céu magnifico.

Essa descoberta se deu quase no fim do semestre de Pintura I, não conseguia expor em palavras o que sentia, a pesquisa ajudou.

No início das aulas eu retratava no diário gráfico “recortes” de céu, mas pintava imagens comuns de representação. Tinha uma ideia fixa no luar, nas nuvens, acreditava que as nuvens deveriam ser fofas como algodão, uma ilusão infantil, uma ignorância na qual comecei a trabalhar.

Falhei algumas vezes, apresentei mais de uma vez clichês para o professor e, mesmo criticando o meu trabalho, o qual estava ruim mesmo, eu me sentia o máximo pois, estava caminhando, eu estava avançando. Para quem nunca tinha pintado antes, nem sequer ter segurado um pincel e tinha conseguido fazer um clichê!

No meu diário gráfico eu guardo meus recortes infantis e nas minhas telas finais eu mostro a organização de cores no meu infinito céu.

1 Em 2 Coríntios 12:2-4, o apóstolo Paulo descreve alguém que foi “foi arrebatado ...até o terceiro céu”

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Diário gráfico

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Acrílica sobre tela - 60 x 42 cm

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Acrílica sobre canson - 60 x 42 cm

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Acrílica sobre tela - 60 x 42 cm

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Pastel sobre canson - 60 x 42 cm

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Pastel sobre tela - 60 x 42 cm

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Acrílica sobre tela - 60 x 42 cm

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Tempora vinilica sobre tela - 60 x 42 cm

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Tempera vinilica sobre tela - 60 x 42 cm

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Cristiane

Sou Cristiane Reis, baiana, ruiva de farmácia, amante de felinos, radialista, pro-dutora, e aspirante a Diretora audiovisual. Com formação técnica em Radio e Tevê, escolher a Arte pareceu-me um caminho óbvio, uma vez que a universida-de não dispunha do curso de Cinema, e, sob o pretexto de uma possível troca de curso, ingressei na Universidade Federal do Espírito Santo no segundo semestre de 2011.

De certa forma, posso afirmar que meu interesse pela arte teve grande influência por causa do trabalho de designer de unhas executado pela minha mãe, que ao deixar-me escolher as cores dos esmaltes que comorava, hábito por nós ainda preservado, fez com que meus olhos se abrissem para o mundo das cores e das tintas.

Já na faculdade, após um primeiro contato meio frustrado com Pintura, deixei a mesma de lado, me concentrando em outras áreas como a fotografia e a instalação. Migrando entre linguagens, busquei soluções estéticas que satisfizessem os problemas propostos nos trabalhos.

Em meu último período, não era mais possível adiar a disciplina de Pintura I, e a inquietação para desenvolver os trabalhos não mudou nada, pelo contrário, agora a dificuldade foi maior, uma vez que essa linguagem trás uma bagagem histórica muito pesada, e de certa forma, vejo na pintura uma grande responsabilidade.

Admito que a princípio, não gostei de reproduzir obras de artistas consagrados da Historia da Arte, mas no decorrer dos exer-cícios, consegui identificar-me, ou melhor, consegui escolher um caminho. O expressionismo, tanto europeu como o alemão sempre chamaram a minha atenção. De todas as vanguardas, a meu ver, é a mais livre e mais gestual; segui buscando influên-cias de artistas do Die Brück, grupo artístico alemão inserido no movimento expressionista, sendo Ernst Ludwig Kirchner e Erich Heckel meus favoritos, e no ato de reproduzir suas obras, consegui soltar mais o pincel e me importar menos com o “erro” na verdade, passei a compreendê-lo como parte do traço.

Retratar a mulher, ou melhor, o corpo feminino, desde o começo foi a minha escolha, e, conforme recebia os temas ou as orientações, buscava sempre trabalha-las.

As telas 50x70 cm me deixavam meio apreensiva, via o suporte grande demais, e a princípio, tinha medo de enfrenta-lo, porém, com desenhos em tamanho A3, percebi que o problema não era o tamanho do suporte, mas a necessidade de reduzir o tamanho da figura para caber no suporte, voltei a pensar nas aulas de Desenho III, percebi que meus desenhos sempre san-gravam a margem, extrapolavam o suporte, então, trouxe essa característica para as minhas pinturas.

O professor Fernando sugeriu que trabalhássemos em nossas obras, duas figuras de linguagem: metáfora e metonímia. A surpresa foi perceber que esse meu recorte, tão recorrente em desenhos, era um tipo muito particular de metonímia – figura de linguagem que ocorre quando uma palavra é empregada no lugar de outra por haver entre elas uma relação lógica de pro-ximidade, conhecida pelo nome feio de Sinédoque, que nada mais é do que “a parte pelo todo” ou “o todo pela parte”.

Sem perder o traço expressivo e as pinceladas mais soltas, trouxe o trabalho para telas de 40x40 cm, o que me deixou menos espaço, mas ainda assim, espaço suficiente para mostrar apenas o que eu queria, ou o que me saltava aos olhos de uma imagem completa, sendo essa a ultima parte da pesquisa, visível em todas as pinturas escolhidas para ilustrar esse livro.

Outra parte importante a ser citada, é a experiência do Diário Gráfico, que tinha como objetivo enfatizar o estudo e o apren-dizado do desenho, como elemento básico e potencial, e também, como forma de pensamento e expressão artística e estética. Neste contexto, essa prática é entendida como trabalho de observação, disciplina técnica e artística num espaço de anotação ou de projeto, ou seja, o desenho tanto pode ser uma linguagem autônoma como maneira de pensar a arte. Meu primeiro contato com essa pratica veio do PIBID enquanto bolsista da Iniciação a Docência, e a princípio, desenvolvi certa resistência, mas como a proposta auxiliava o ensino de Arte na escola, e também era um meio de iniciar projetos e ideias, aderi de bom grado a pratica, possuindo hoje diversos cadernos e dando oficinas de fabricação do mesmo.

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Acrilica sobre tela - 40 x 40 cm

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Acrilica sobre tela - 40 x 40 cm

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Acrilica sobre tela - 40 x 40 cm

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Acrilica sobre tela - 40 x 40 cm

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Acrilica sobre tela - 50 x 70 cm

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Damas da Raiva III - Acrilica sobre tela - 30 x 20 cm

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Damas da Raiva II - Acrilica sobre tela - 30 x 20 cm

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Acrilica sobre tela - 50 x 70 cm

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Carvão sobre papel - 30 x 42 cm

Carvão sobre papel - 30 x 42 cm

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ElizabethPensar na escolha desse curso Artes Visuais, está intrinsicamente ligado a uma conquista que há tempos atrás parecia distante. Está sendo uma expe-riência provocante, porque a arte fala em cada um de nós, em nosso corpo, em nosso cotidiano, mas ao mesmo tempo exige de nós intervenções, de-safios e produções, para criar o pensar e o fazer na arte. Bom, tudo isso me inquieta e impulsiona a compreensão pela arte!

Outra situação que me levou a escolha o fato de ser professora na Educação Infantil de dois a cinco anos de idade e, pensar desde sempre que eles tam-bém são produtores de arte. Neste espaço de construção da aprendizagem, não havia a presença do profissional de artes.

Penso que educação e arte, ambas poderiam ter muitas contribuições sig-nificativas na vida das crianças. A minha intenção com o curso é dialogar sobre a arte na educação infantil. Sei que tenho muito o que aprender sobre a arte na educação infantil. Por esse motivo estou em busca desse processo de aprendizagem, ao passo que educo e me educo e neste contexto me vejo professora! Essa possibilidade me impulsiona a buscar e interagir no meu curso de Artes Visuais.

Assim, como diz Larossa: “ A experiência não é aquilo que passa por nós, mas aquilo que se passa em nós, aquilo que fica gravado em nossas entranhas”.

Elizabeth Loyola da Cruz, natural de Vitória, formação em Pedagogia, professora da Educação Infantil, cursando nova graduação em Artes Visuais. Em cada disciplina me encontro, desperta, pois, minha formação inicial pouco contribuiu com a concepção que venho tendo hoje sobre a arte!

Enfim, cabe a nós escolhermos, destacarmos intervir sem cometer os mesmos equívocos que ficaram da nossa formação, pois de fato ensinamos aquilo que aprendemos! Não concordo que Artes é entretenimento, contenção, reprodução!

Também é imprescindível trabalhar a pesquisa e a investigação para alcançarmos nossos projetos isso o professor Fernando deixou bem claro em sua disciplina de Pintura I. Lembro-me bem que em determinada aula cansada de trazer as telas pintadas para a sala de aula e serem avaliadas pelo professor e não tendo êxito disse: quando vamos aprender profundidade, técnica, fundo. Ele apenas conduziu a aula e seu discurso de forma que entendesse que a pintura tem que sentida pesquisada, com muito exercício diário e sobretudo aceitar a ideia do erro! Confesso que naquele momento odiei a aula pois já vinha dando umas pinceladas e um conceito formado da pintura que teria que abandoná-la ou deixar em stand bye. Penso que foi fundamental esse discursão e a pesquisa de novos artistas, como: Henri Toulouse Lautrec, Lucien Freud, Flavio Carvalho dentre outros.

Hoje já percebo um grande avanço em minhas telas dentro do conhecimento e prática com a justa posição cromática e o fato de praticar a pintura!

O diário gráfico foi uma proposta interessante de um caderno confeccionado pelo próprio aluno, tendo como objetivo registrar, desenhar, dando suas impressões, relatos, Bom curti muito essa proposta, gostei de aprender a confeccionar o próprio caderno, de pensar na capa personalizada.

Com esse diário gráfico pude levar para todos os lugares com o intuito de desenhar de registrar, em vários lugares, no ônibus, na praia, na rua, na praça, foi uma experiência única, pois o desenho é uma maneira de pensar o mundo, de estar no mundo, de se comunicar. Pude perceber que o desenho traz um prazer visual e motor, enquanto desenhamos dialogamos com o desenho e os traços. Aprendemos a desenhar, desenhando, essa foi o objetivo do professor no qual quanto mais desenhamos, mais possibilidades apreendemos. O desenho nos informa sobre o próprio processo de desenhar.

“A grama desenha o verdeA árvore desenha o céu

O vento desenha a nuvemA nuvem desenha o azul

A agua desenha o rioE o homem desenha o tempo

Na exatidão do sonho”

Amilcar de Castro (1999)

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Diário gráfico - desenho em nanquin - 21 x 29 cm

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Diário gráfico - desenho em nanquin - 21 x 29 cm

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Acrílica sobre tela - 42 x 60 cm

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Óleo sobre tela - 42 x 60 cm

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Óleo sobre - tela - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica e nanquin sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre tela - 42 x 60 cm

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Kelly

Nunca pensei em ser artista, mas ser professor era mais viável. Durante as aulas de artes na escola, lembro-me de ter realiza-do duas releituras da obra Cavalo na Paisagem de Franz Marc (1910). A obra tem um valor de memória e boas recordações. Na minha vida é responsável por ascender esse gosto tímido pela arte, e é motivo pelo qual escolhi o curso de artes, e que se faz presente aqui, no livro.

A disciplina de pintura fora a mais aguardada por mim duran-te esse tempo de graduação. Antes, o contato mais significante com a pintura fora na disciplina de META – Materiais e Téc-nicas Artísticas, onde o próprio professor dizia que a matéria era um curso de “pintura zero”. Durante a disciplina nos provocou a desenvolver a nossa própria linha de pesquisa, e para isso, pesquisamos artistas de referência. Dian-te da provocação, escolhi trabalhar com o artista cearense Antonio Bandeira.

Durante esses períodos, tive mais interesse por pintores abstratos, como: Gerard Richter, kandinsky e Pollock. Du-rante as aulas de pintura, tive que abandonar essa veia abstrata e partir para o figurativo, nessa mudança encontrei grande resistência de minha parte, sem saber o que fazer e que caminho seguir.

Como disse o professor Fernando em algumas aulas: “...o ato de ser artista é diário”. Nessa linha, o professor instigou a turma a desenhar diariamente, e principalmente no ônibus. Como forma mais prazerosa deste compro-metimento em desenhar todos os dias, ele nos incentivou a fazer nosso próprio caderno, o diário gráfico, onde, nos deu dicas de como fazê-lo, customizá-lo e a melhor forma de usá-lo.

Os exercícios propostos por Fernando foram de grande importância para o meu aprendizado técnico e artístico, usei quatro artistas como referência, Franz Marc, Émile Bernard, Mondigliani e Cézanne, para desenvolver as releituras e cópias, era para aprender com o artista, tanto nas cores, técnicas, forma, trabalho gráfico e, principal-mente refletir sobre sua obra. Fazer anotações no diário gráfico era um dos exercícios que proporcionou um maior entendimento da proposta de pintar e também uma forma de seguir uma linha a ser trabalhada.

No cronograma, foi proposto a realização de exercícios de observação de ambientes, fotos, naturezas mortas e etc. Com essas atividades, desenvolvi uma facilidade com natureza morta foi o que mais senti prazer em realizar.

Na primeira apresentação pintei uma moça estereotipada, quero dizer, dentro dos padrões de beleza, e fui questio-nada “O que seria esse padrão de beleza?”. Fernando foi pontual em sua crítica sobre o trabalho, mostrando que não era necessária aquela beleza da mulher que eu queria transmitir. Deu-me dicas de como realizar um trabalho mais “sujo”, “machucado” e “rápido”, sempre incentivando no uso de cores fortes e da justaposição de cores. Na segunda apresentação, trabalhei com modelos obesas, na minha concepção única forma de distanciar do padrão imposto pela mídia. Fiz uso do diário gráfico para melhor desenvolver o meu trabalho, fazendo vários esboços. Tomei como base artistas como: Lucian Freud e Bottero. Realizei trabalhos mais rápidos e expressivos. O profes-sor sempre questionou o uso do fundo, detalhe que deixei de lado várias vezes, batendo sempre na mesma tecla: trabalhe o fundo.

Fernando sempre dizia para fazermos desenhos rápidos, expressivos, gestuais e esquecer os contornos marcados. Lá para o final da matéria, desenvolvemos trabalhos com uma linhagem mais poética e filosófica, não que os demais trabalhos não foram assim, mas, ocorreu um direcionamento mais específico. As figuras de linguagem, metáfora e metonímia, estiveram presentes nos últimos dias de aula, inquietando e questionamento nossa produção indivi-dual. Um momento de grande experiência, onde ocorreram trocas de ideias entre alunos e principalmente profes-sor. As apresentações individuais eram sempre motivadoras, por ser um momento de ouvir o colega, questioná-lo e ajudá-lo em sua produção e caminhada artística.

Kelly Moraes dos Santos

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Diário gráfico - Nanquim sobre papel - 21x29,7cm

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Diário gráfico - Nanquim sobre papel - 21x29,7cm

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Aquarela sobre canson - 42 x 60 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre panamá - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre panamá - 30 x 40 cm

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Aquarela e nanquim sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre tela - 40 x 55 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Graduando em Artes Visuais pela UFES, acredito que a experiência que uma pintura proporciona pode ter amplos significados em quem observa. Há quem se fascina com a poética, quem não gosta da composição pictórica. Há, também, quem decide experimentar o fazer pintura. Este é o meu caso. Iniciei minha produção com pinturas que mesclavam furos e cortes que remetem à arte infor-mal e ao abstracionismo, com tons de cor na tela às vezes monocromático. Tais elementos vão, aos poucos, dando lugar a uma pesquisa na figuração. Contudo, o abstracionismo nunca está dissociado dos meus trabalhos, uma vez que busco representá-los na forma humana e nos elementos da natureza por meio da li-berdade da tinta aquarelada no papel e da composição do quadro.

Ao mesmo tempo em que opto pela aquarela, pela liberdade da mancha e pela mistura da casualidade com controle da tinta, a qual serve como potencializadora do trabalho, aprecio a composição do retrato clássico. Todas essas ações remetem, para mim, uma questão para a pintura contemporânea: se por um lado busco a verossimilhança nos retratos, por outro, procuro a casualidade da tinta aguada no papel. Durante a pesquisa e o desenvolvimento das obras, pensei nas pinturas da artista espanhola Paula Bonet, que em suas ilustrações nos coloca igualmente diante desse dilema da heterogeneidade do retrato inserido numa composição me-tafórica.

A meu ver, é no momento que existe a tensão entre a eventualidade da tinta sobre o suporte e o controle do gesto que é explorada a pintura, que o artista pode transitar e experimentar a versatilidade da técnica.

Entre essa produção recente e os meus primeiros trabalhos há uma preocupação significativa com o requinte do traço no papel, no qual eu busquei revelar meu estudo e domínio sobre a pintura e a capacidade narrativa desta. Sem necessariamente contar, entre-tanto, uma história óbvia. Ao contrário, examinei com sutileza elementos dissociativos.

Com o caderno de estudos na mão, fiz questão de transportar todas as ideias que poderiam servir de inspiração para elaboração das pinturas, inclusive as cores. Cheguei a fazer colagens de mais de um elemento da natureza como forma de adereço na figura humana. Com o tempo fui entusiasmando, até que parti para a dissociação desses elementos, porque percebi que dava mais agres-sividade ao tema.

Numa sequência apresento nas pinturas a representação da figura humana metamorfoseada em plantas e animais, evocando per-sonagens de uma cultura tropical. Com Tropical Dark proponho um mergulho na antítese da representação estética do tropical festivo com o crepúsculo retraído.

Sabemos que o espectador consome uma estética, de forma consciente ou subliminar, através de experiências já vivenciadas. É essa linguagem estética e formal que a população entra em contato diariamente. Sendo assim, escolhi esse tema, pois vivemos em um país predominantemente tropical e, também, para propor que essa estética visual luminosa, tão marcada pelo dia, também possui sua estética obscura, que não é muito explorada.

O ideal de belo impõe uma exigência mais intransigente sobre a maneira que as pessoas em geral encaram uma obra de arte. Na pintura do retrato feminino com uma lagosta no rosto proponho subverter essa impressão, trazendo o animal incrustado na face impedindo que o expectador se acomode com o eufemismo da obra.

O retrato da mulher com o abdomen aberto, por sua vez, é uma espécie de buraco negro, um espaço entre o corpo para o não fazer, para o nada, já que ocorre essa quebra da sexualidade que compõe a pintura. É um lugar nenhum que, com a proteção da feição sexual da mulher, promove o desligamento do espaço. O importante não é necessariamente a ambiguidade proporcionada pela composição da pintura, mas sim o caminho, a provocação. Uma provocação que se sobrepões à racionalidade humana. O caminho não é obedecer as “regras” do belo, pelo contrário, o subverte.

Por fim, analisando as obras procurei indagar: quão felizes e belos o tempo e a região podem ser? Quais outros retratos, um local pode ter? O tema das pinturas que apresento talvez seja devolver o olhar daquele ou daqueles que olhando os quadros, muitas vezes, enxergam pouca coisa da mensagem, mas que podem viver o encontro com uma outra realidade ou mesmo um detalhe que irá comovê-los para uma outra forma de pensar.

Glauston Mariano Correia

Mariano

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Diário gráfico - 30 x 40 cm

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Aquarela e nanquim sobre canson - 30 x 35 cm

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Aquarela e naquin sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela e naquin sobre canson - 42 x 60 cm

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Aquarela e naquin sobre canson - 30 x 40 cm

66

Aquarela e naquin sobre canson - 30 x 40 cm

Aquarela e naquin sobre canson - 42 x 60 cm

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Tinta acrilica sobre tela - 42 x 60 cm

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Aquarela e naquin sobre canson - 30 x 35 cm

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Aquarela e naquin sobre canson - 42 x 60 cm

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A pintura sempre esteve na minha vida, dentro de casa via minha mãe pintando os mais variados artefatos para manter nosso sustento. Por causa dessa guerreira comecei a gostar de pintar, mas somente pinturas abstratas.

Nas aulas de pintura I arrisquei a pintar figurativo, achei di-fícil, mas adentrei nessa luta comigo mesma, e fui em busca de pesquisar alguns pintores famosos como Di Cavalcante, Franz Marc, Picasso, entre outros e comecei a imitá-los e cai no gosto por figurativo, escolhendo como atividades nas aulas, pintar paisagens.

Fiz novas pesquisas sobre paisagem e descobri que não seria tão fácil assim fazer tamanha façanha em minhas pinturas. Paisagens não se atem somente em rios, cachoeiras, árvores, flores e campos, é muito mais do que isso! Existem paisagens Naturais: as montanhas, rios, mares, rochas, vegetação, animais, etc.; e as paisagens Humani-zadas: como as cidades e as aldeias, sempre que existir uma construção humana.

Resolvi por paisagens naturais, foi algo que me encantou, mesmo as que pintei vendo em imagens na internet e presencial. Nas presenciais contei com a ajuda do meu diário gráfico, no início das aulas de Pintura I foi pedido para fazermos um caderno que construí artesanalmente usando folhas de papel A4, linha, agulha e cola. Este pequeno diário foi bem útil para realizar desenhos diversos de lugares por onde andei registrando desenhos das pessoas no vai e vem dos ônibus, e entre outras imagens para posteriormente passar para a tela/pintura ou não, exercitando a prática do desenho. Representar paisagens, tem que ter um cuidado especial, mais ao mesmo tempo é livre, para mim, tem que passar harmonia e tranquilidade.

Ao todo, paisagem é paisagem, seja natural ou urbana, e pode render uma bela pintura, usando figuras de lin-guagem não formal para representa-las, principalmente se forem naturais. E é um tipo de pintura que agora está na minha mente.

Algo que gostei muito de aprender é que pode deixar certas partes de uma pintura de forma simples, e melhorar somente algumas, para dar mais destaque. Uma das coisas mais difíceis foi tentar representar o chão, por haver inúmeros materiais, como areia, terra, grama, gravetos, extremamente detalhista e cheio de elementos visuais pequenos para representar e assim muitas vezes fiquei sem saber o que capturar para passar para tela, realmente é a parte mais complicada. E foi um experiência nova para mim, pois sempre ignorei os detalhes do chão.

Posso dizer que foi mais uma das infinitas experiências da minha vida de estudante de Artes Visuais, me arriscar em pintar inúmeras figuras de paisagens, abandonando o abstrato tão amado.

Ormi Regina Drago Sinhorelli

Ormir Regina

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Diário gráfico

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Acrílica sobre panamá - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Quando fiz a inscrição para artes visuais, o foco era principalmen-te a licenciatura e a questão profissional. Sempre desenhei, mas nunca me levei a sério nesse aspecto, minhas aptidões artísticas foram direcionadas para o canto lírico e a prática dele.No decorrer dos períodos de licenciatura, os trabalhos foram aconte-cendo e aos poucos comecei a me enxergar com boas possibilidades de desenvolver alguma coisa significativa no campo das artes visuais, e o gatilho foi disparado no terceiro período na disciplina “meta” onde iniciei uma pesquisa com dois artistas de referência, Di Caval-canti e Modigliani.O resultado serviu para definir que o curso seria algo além da licen-ciatura, estava decidido e determinado a desenvolver um trabalho ar-tístico nos próximos períodos. No período seguinte iniciei as aulas de Pintura I com o professor Fer-nando, que também direcionou a turma a escolha de dois artistas de referência para o trabalho inicial da disciplina. Nesse momento con-versei com o professor e pedi para dar continuidade ao trabalho ante-rior. Fernando pediu para ver os trabalhos e chamou a atenção para os aspectos chapados e previsíveis dos meus trabalhos. O que me resultou num grande choque e que desafiou minha perspectiva de desenho e pintura. Fui desafiado a ousar experimentando, especialmente, cores novas e improváveis nos meus desenhos e nesse caso resolvi mudar a pes-quisa e os artistas de referência, focalizando para o pós-impressionismo de Paul Gauguin e para o movimento fauvista, Henry Matisse.No exercício de reprodução de duas obras desses artistas a revolução interna aconteceu. O fato de experimentar cores novas nos rostos reproduzidos abriu caminho para uma ousadia até esse momento latente e muito tímida.A possibilidade de produzir manchas de cores e tons variados no corpo dos desenhos me causou certo fascínio e despertou um desejo de produzir mais e avançar na minha pesquisa.Nos próximos trabalhos o traço já estava mais solto e gestual, a experiência com cores justapostas foi inserida aos meus trabalhos e per-cebi que esse era o caminho, incentivado pelo professor a continuar nessa direção, os próximos trabalhos já contaram com uma ousadia maior e nada tímida.O último trabalho da disciplina foi uma produção de trabalhos inspirados nas figuras de linguagem “metáfora e metonímia”. Esse exercício foi crucial para o exercício da liberdade que me faltava.Usando pela primeira vez colagem com acrílica em tela, iniciei pesquisando palavras que tivessem significado para mim e não algo aleatório.Ouço música o tempo todo e foi a partir de duas canções, um poema de Vinicius, cantado pelos secos e molhados e outra do Chico, foi onde cheguei ao meu início de trabalho.Trabalhei com metonímia ouvindo a frase “pense nas mulheres rotas alteradas”, de Rosa de Hiroshima, decidi trabalhar buscando duas situações que traduzissem para mim “rotas alteradas”. No primeiro trabalho tive a ideia de experimentar algo novo, uma colagem trabalhada com tinta acrílica. Usei a figura bastante conhe-cida da garota nua que corre após um bombardeio em sua região no Vietnã. Usei vermelha na peça toda e fiz deliberadamente um rasgo no corpo nu da garota, evidenciando sua rota infantil alterada para sempre. Ela ainda é viva, mas carrega desde aquele momento, as marcas de intensas queimaduras devido ao bombardeio.O segundo trabalho foi somente pintura em acrílica. Resolvi usar a imagem de uma cantora que admiro demais, Nina Simone, que teve sua rota interrompida como milhares de mulheres continuam tendo, vitimadas pelo câncer de mama.Em metáfora resolvi usar o título da música “Cálice” do Chico Buarque e traduzi em duas situações usando colagem, acrílica e guache nas duas obras. Usei a imagem de duas cabeças amordaçadas e abusei do vermelho numa referência óbvia ao Regime militar e suas torturas.Ao final dessa disciplina percebo que algo mudou sensivelmente na minha forma de encarar a pintura e suas possibilidades, um trabalho que foi além do ensino básico do uso de pinceis e tintas. O que me permitiu inesperadamente receber o convite para uma primeira expo-sição no Museu Capixaba do Negro, exatamente pelo trabalho com a justaposição de cores em representações de pessoas de raça negra.Importante ressaltar a criação do diário gráfico e a manutenção deste. O simples fato de olhar para ele remete automaticamente a ne-cessidade de ser criar um hábito de desenhos diários, de perceber o mundo a sua volta e retrata-lo na sua visão, pequenos esboços, que esse caderno me proporciona por estar a mão. Digo isso pois desenhar o que está à frente, nunca foi uma tarefa fácil para mim. Desenhos de objetos ao meu redor sempre foi inexistente até a confecção desse diário e pretendo continuar, pois além do meu trabalho em tela ser enriquecido, início um processo de maturidade artística quando desenho ou pinto algo que não gosto ou desvalorizo esteticamente. Descobrir as possibilidades e a poética nesse novo exercício de visão, considero um grande avanço rumo ao meu crescimento artístico.Robson Mello Pylro

Robson

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Diário gráfico

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Acrílica sobre canson - 42 x 60cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre tela - 30 x 40 cm

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RosemeryPintar, pra mim, sempre foi um prazer! Sempre pensei que deveria seguir tudo tão certinho, não esquecendo nenhum detalhe do de-senho ou figura, também, procurava dar de mim o que achava ser o meu melhor; tenho preferência pelo mar, pois este faz com que me sinta mais livre. Nunca antes havia prestado atenção às pinceladas, pintava somente pelo prazer, e isto no meu antigo ponto de vista, já valia tudo, assim, deixava a mente viajar nas cores e nos sonhos.Então, em meu curso de Artes Visuais, comecei a disciplina de Pin-tura I e qual não foi a minha surpresa e decepção no início do pe-ríodo, as expectativas que tinha murcharam, não era nada daquilo que esperava, pintar com objetivo acadêmico não era tão prazeroso quanto pensei, tive medo de não entender e consequentemente não me entregar de cabeça aos objetivos propostos pelo professor, porém, subi no meu barquinho e resolvi deixar a maré me levar.Tive e ainda tenho tropeços, mas agora com uma ideia diferente daquela que me acompanhou por tanto tempo.Sei agora que nada é feito por acaso, e se parecer que foi, que não deverá ficar para sempre neste acaso, entendi que percepção visual é coisa subjetiva, quem pinta tem uma, e quem vê quase sempre tem outra e, que pintar não é somente combinar cores é também reunir sentimentos bons ou ruins e transformá-los em mensagens, entendi que é necessário enxergar o que eu estiver pintando com os olhos da alma, buscar detalhes ainda desconhe-cidos e descobrir formas e cores que encantem e mostrem verdade, ou seja é necessário escutar a imagem para enxergar a voz. Nos meus primeiros exercícios de pintura, usei como referência algumas obras de artistas conhecidos, tais como Claude Monet, Salvador Dali, Candido Portinari, Henri Matisse e Édouard Manet, como releituras ficaram interessantes, o que na minha visão é melhor do que cópia, mas não me senti tão livre ao fazer, foi como se uma força invisível não me permitisse ousar. Os segundos foram mais soltos, pois eram feitos a partir da minha observação, então pude viajar mais. Os terceiros foram sobre o meu tema favorito, barcos no mar, cada um que pintei foi como se estivesse dentro dele dando um passeio pelas ondas, esteti-camente nem todos ficaram bons, mas foi muito prazeroso pintá-los, e na minha vida o que me dá prazer alegra a minha alma. Fiz outros usando a justaposição cromática, que é a ideia de trabalhar as cores no mesmo trabalho sem necessariamente deixar uma cor junto com outra se transformar em uma terceira cor de tinta.Veio também, aquela que chamei de “a pintura mais difícil da minha vida”, pois, fiz pinturas usando como ponto de partida as figuras de linguagem: metáfora e metonímia, entender ambas em uma história ou poesia é muito mais fácil do que explicitá-las em uma pintura, principalmente quando a mesma não deve ser figurativa, e essa foi a parte mais complicada e difícil.Falando agora especificamente dos meus exercícios de pintura publicados neste livro, a maioria é acrílica sobre tela, com exceção de dois desenhos, um que foram feitos com nanquim e lápis de cor sobre Canson e o outro que foi feito no meu diário gráfico, o qual me quebrou a cabeça, pois não tinha o hábito de registrar nem contextualizar nenhuma das minhas pinturas, tentei seguir o objetivo proposto em cada aula, pelo professor Fernando Augusto, e com isso enriquecer um pouco mais a minha visão de arte.Fazer um diário gráfico em todos os sentidos, inclusive na confecção do meu próprio caderno, foi um passo primordial para o meu desenvolvimento e crescimento como futura artista, aprendi a ter mais disciplina na elaboração dos temas escolhidos para as minhas obras e sei que levarei isso para o meu futuro, tanto como o de artista como também para o de professora. O prazer que senti ao produzir o meu diário gráfico o tornou tão íntimo que o levo para todos os lugares aonde vou, às vezes ainda me sinto um pouco intimidada, devido ao espaço físico onde eu esteja no momento, mas aos poucos estou-me soltando e desenhan-do algo que tenha chamado a minha atenção, como foi o caso do desenho da cadeira na sala da pedagoga da escola onde estou estagiando, foi um momento mágico, entrei, olhei e desenhei como se não tivesse ninguém me observando, a sensação e o prazer que senti no momento venceu toda a minha timidez. Ainda tenho muita dificuldade em assimilar e entender a arte contemporânea, mas sei que nesta fase do curso não vale mais dizer somente se gosto ou não gosto disso ou daquilo, neste contexto entendi que o belo não é tudo e que o figurativo às vezes pode empobrecer a pintura, mas, ainda não consegui me desprender totalmente disso, já tenho um olhar crítico sobre o que estou pintando, mas sinto que ainda tenho um longo caminho a percorrer, isso só me motiva cada vez mais, pois aquele medo que tive no início está cada vez ficando mais longe.Sinto-me mais preparada e aberta a novas ideias e conceitos, termino esta disciplina de pintura com as mãos sujas de tinta e o coração cheio de esperança, e que ao subir este quarto degrau rumo a minha graduação, eu encontre novos e surpreendentes obstáculos, e que eu seja capaz de transpô-los. Rosemery Casoli.

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Diário Gráfico

95Acrílica sobre tela - 40 x 65 cm

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Acrílica sobre tela - 40 x 65 cm

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Carvão sobre papelão - 49 x 34 cm

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Acrílica sobre tela - 37 x 43 cm

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Acrílica sobre tela - 40 x 65 cm

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Acrílica sobre tela - 37 x 43 cm

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Acrílica sobre tela - 37 x 43 cm

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Acrílica sobre tela - 37 x 43 cm

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Thaiza

Meu interesse por arte iniciou-se ao cursar o ensino médio, em uma escola, onde o acesso a galerias, museus e monumentos histó-ricos era facilitado pela proximidade.

Sempre me interessei pela retratação ou figurativização da figura humana. A meu ver, as pessoas são o que de melhor há para se re-tratar, pois juntamente a elas, podem-se representar sentimentos, emoções, personalidades e aspectos individuais de cada.

Ao iniciar a matéria de pintura, tive grande dificuldade em utilizar as cores de uma forma em que houvesse junção ou apropriação de uma cor no campo da outra, pois sempre pintei sem mesclar, misturar e interligar os tons.

Nos meus trabalhos, utilizei em maior parte a aquarela e nanquim e pude notar que trabalhar com tinta aquosa, torna o encontro das cores mais simplificado.

A aula de pintura me proporcionou conhecer e experimentar novas técnicas e, também a ter foco nas áreas de desenho que me despertam maior interesse.

Achei a introdução do diário gráfico essencial e criativa. O fato de confeccionarmos impulsiona a nossa criatividade e nos deixa livres para colocarmos nossa própria identidade no aspecto e na estruturação do diário. A utilização do mes-mo para dispor nossas questões, indignações e nossos desenhos, nos proporciona sempre estar em atividade e evolução.

Com o decorrer da disciplina, comecei a ter mais conhecimento e liberdade para utilizar as tintas e desenhos, fazendo com que meus trabalhos se tornassem um pouco mais com um aspecto claro e simples.

Thaiza Rezende Araujo

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Aquarela sobre canson - 42 x 60 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela e sanguine sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Valdecy

Sou Valdecy Corrêa Júnior, nasci em Vitória no Estado do Espírito Santo no dia 19 de fevereiro de 1988. Conclui o curso de Comunica-ção Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda no ano de 2008 e em seguida iniciei o curso de Licenciatura em Artes Visuais na Universidade Federal do Espírito Santo e atualmente estou no 8º período e concluindo o curso.

Meu interesse pelas Artes apareceu na infância, porém no segmento da dança. Percebi no decorrer do curso de Artes Visuais que posso utilizar meu próprio corpo para exercitar a minha criatividade, não somente nas linguagens artísticas referentes à performance e à dan-ça, mas também no desenvolvimento dos traços corporais utilizados na elaboração de desenhos e pinturas.

Nesse período cursando as aulas de Pintura I aprendi que pintar é uma arte de paciência e criatividade, os riscos dos lápis em junção com as pinceladas de tintas me transporta para um mundo mais calmo e sadio, minhas pinturas pos-suem traços de leveza e delicadeza, utilizando sempre de vários tipos de linhas e da técnica de escorrimento.

Minha inspiração para a realização das pinturas foi da artista italiana Silvia Pelissero, sua arte possui a técnica de pintura com escorrimento por meio de aquarela, suas pinceladas são fortes e marcantes, na maioria das vezes retra-tando os rostos de pessoas.

Um diferencial que usei nas minhas obras produzidas nas aulas de pintura, para que não fossem confundidas como cópias, foi misturar os desenhos de linhas feitas com nanquim com a tinta acrílica dissolvida em água e deixá-las escorrer no papel nos sentidos horizontal e vertical.

Na aula de Pintura I foi pedido para criarmos um diário gráfico, para fazermos nossos desenhos, esboços das ideias que tivéssemos para um melhor desenvolvimento dos nossos trabalhos. Em todas as pinturas que elaborei foram realizados pequenos desenhos com traços finos, relatando pessoas e personagens nesse caderno artesanal, o que con-tribuiu para meu crescimento. Por fim, aprendi muito a relacionar o movimento do corpo e personalidade na área da pintura.

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Acrílica e nanquim sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre isopor - 36 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica e nanquim sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica e nanquim sobre madeira - 60 x 35 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica e nanquim sobre tela - 40 x 40 cm

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Acrílica e nanquim sobre tela - 40 x 40 cm

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Acrílica e nanquim sobre tela - 40 x 40 cm

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Valdineia

Quando era adolescente adorava a aula de arte. O que mais me dei-xava empolgada eram os trabalhos que envolviam pintura com lápis de cor ou caneta hidrocor, não trabalhávamos com tinta nem pincel. Eu era tão perfeccionista, meus trabalhos ficavam ótimos, sempre gostei de colorir.

Optei em fazer o curso de Artes Visuais, devido ao fato de sempre ter gostado das aulas de educação artística e não tinha interesse em optar por nenhum outro curso. Já havia tentado fazer Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, não me identifiquei, não conseguia me encaixar. Ao escolher o curso de Artes Visuais não tinha noção verdadeira do que iria encontrar pela frente.

Arte para mim, sempre estava relacionada com esculturas e grandes telas. Acabei conhecendo que há vários tipos de arte, até então totalmente desconhecida, para mim, como é o caso das performances.

Ao ver na grade curricular que teria aula de Pintura, achei o máximo, pois estava por fazer algo que me identificava, mas não me sai tão bem quanto esperava. Pensava que seria tão fácil quanto com as pinturas que fazia com lápis de cor. Pintura envolve dedicação, empenho, criatividade e certa dose de talento. Honestamente, com a correria do dia-a-dia, a minha dedicação ficou muito distante ao realizar minhas pinturas. Consegui concluir todos os trabalhos sugeridos pelo professor, claro que não com muito talento, segui conselhos, tentando utilizar as técnicas ensinadas pelo mesmo.

O que aprendi na aula de Pintura? Que não é relaxante! Se eu errasse um traço qualquer, me irritava e terminava por destruir a obra, não conseguia construir algo por cima do erro, porém, no decorrer das aulas aprendi que aceitar a ideia do erro faz parte do processo de criação, que um erro pode ser o acerto em um trabalho. Ao errar ou pensar que errou no processo de produção, pare respire e análise o trabalho, sempre há novas possibilidades de criação, improviso, pois arte não é perfeição, arte é criação. Também aprendi que ao deixarmos nossas mãos soltas ao pintar, os trabalhos ficam melhores, mais naturais, mais a nossa cara, mostrando o movimento do pincel como elemento expressivo.

Um exercício me surpreendeu, a criação de um diário gráfico, uma novidade para mim. Trata-se de um pequeno caderno de folhas lisas onde o artista deve desenhar todos os dias, abordando, se quiser, diferentes materiais e técnicas, de forma a aperfeiçoar suas habilidades artísticas. Pode também utilizar para registrar ideias, escrever sobre o seu dia, desenhar pes-soas, animais, locais, personalidades de que gostem, ou seja é uma forma de dar liberalidade ao artista para exercitar a sua expressividade.

Vitória, ES

Valdinéia Matos dos Santos.

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Diário gráfico

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Acrílica sobre tela - 50 x 50 cm

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Acrílica sobre tela - 50 x 50 cm

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Acrílica sobre tela - 50 x 47 cm

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Acrílica sobre tela - 50 x 47 cm

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Acrílica sobre Canson - 42 x 60 cm

Acrílica sobre tela-50 x 47 cm

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Acrílica sobre canson - 20 x 20 cm

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Acrílica sobre tela - 50 x 47 cm

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Acrílica sobre tela - 50 x 47 cm

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Willian

Sou, extremamente, centrado no que tenho que fazer, além de muito perfec-cionista. Cada canto de uma obra deve estar no seu devido lugar. Tenho certa dificuldade em deixar a tinta passar por cima de outra, ou certo receio em imaginar que está “ultrapassando os limites” de outra cor. De fato, nunca fui muito esforçado para realizar tarefas, que nunca foram do meu interesse.

Confesso que pintura nunca foi uma das minhas paixões no Curso de Artes, jamais pensei em ficar horas na frente de um quadro, escolhendo cores e pen-sando numa composição que ficasse agradável, ou não, à vista das pessoas e menos ainda ao meu próprio gosto. Porém, o meu processo de aprendizado e desenvolvimento na matéria de Pintura I foi muito gratificante, possibilitou, que, de certa forma, descobrisse aquilo que gosto de pintar, ao mesmo tempo, me indicou para qual lado deveria caminhar. Além de tudo, ainda obtive uma nova visão sobre as coisas, sobre o cotidiano, o “bonito”, e até mesmo o processo criativo por trás de uma “boa” pintura.

Desde o início da disciplina, devido a experiências anteriores, minha intenção foi trabalhar com abstrato geométrico, baseando e pesquisando bastante as cores e formas de pintura de Piet Mondrian, que havia sido em outra oportunidade, referência de artista, ao qual deveria pesquisar. Em uma das aulas, o professor me sugeriu pesquisar também Torres García, que trabalhava com as mesmas formas geométricas e cores de Mondrian, com um diferencial: o figurativismo presente em suas obras. Logo, fui trabalhando este figurativismo com a presença, em segundo plano, de estruturas geométricas, como pergolados presentes em uma determinada paisagem, janelas em edifícios ou mesmo uma mesa no canto da sala, quase que dando mais ênfase à própria forma geométrica do objeto.

O que auxiliou na realização dos quadros foi o diário gráfico, que possibilitou estudar através do desenho, o que iria trans-por para a tela. Dessa forma, aumentou minha percepção de como iria fazer a pintura na tela, o que para todo perfeccionista é um tempo muito bem investido, planejar mais ao invés de colocar algo num quadro, que vai precisar ser “consertado” depois.

O que me inquietou, de alguma maneira, foi descobrir que se tornava interessante trabalhar também a figura, independen-temente de ser ou não geométrica, com a presença de um fundo plástico, foi a forma como decidi trabalhar em algumas das minhas obras. Utilizando de quadrados e retângulos, como uma forma de justapor primeiro e segundo plano, sem necessa-riamente utilizar as mesmas cores empregadas por ambos os artistas citados acima. Acredito, que a obra adquire uma nova dimensão, à medida que você, incorporando, ou não, formas e técnicas de outros artistas, põe um pouco de si e do que gosta de trabalhar, põe aquilo que inquieta sua alma, aquilo que, de certa forma, te mantém pintando, aquilo que você pretende mostrar, ou para si, ou para os outros.

De certa forma, o que aprendi até agora é que dificilmente fico satisfeito com algo, e não diferente disso, pretendo traba-lhar nas próximas obras, algo um pouco menos racional, menos pensado, e principalmente, menos meticuloso, talvez me libertando das linhas pretas, que servem como divisórias entre as cores, e que, no fundo, acabam por explicitar na obra um aspecto meio que preso aos formalismos do próprio Neoplasticismo.

O mais importante, de fato é trabalhar. É isso que vai fazer com que crie uma boa relação com suas obras, o momento que você descobre se deve parar e quando continuar até chegar onde se deseja. Hoje, vejo que, realmente, o que se desenvolveu durante todo esse percurso, foi justamente à vontade de chegar a algum lugar, de gostar do que se está fazendo, nesse sen-tido, que o processo de aprendizagem foi extremamente gratificante.

Willian Barros Moreira

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Diário gráfico

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40cm

Acrílica sobre canson - 30 x 40cm

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Aquarela sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 30 x 40 cm

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Acrílica sobre canson - 42 x 60 cm

Fernando Augusto

A CASA DO PASSADO

Recentemente, em fevereiro deste ano realizei uma residência artística no Vermont Studio Center (USA) e, no curso deste trabalho comecei a desenhar paisagens aquarelas com cores difusas e sombras intensas que lembram cenários distantes, vagos ou sóbrios. A idéia inicial era desenvolver e aprofundar a série: “A Casa do passado” e de entrar nesta casa. Com efeito fiz isso, abri portas, entrei nos espaços desta casa, deixando a luz entrar pela janela e iluminar seus vãos. Minha expectativa era e é, a de que, entrando na casa poderei colocar nela todo meu pensamento de arte, todas as diferentes formas e séries que faço. Mas neste movimento redescubro a paisagem, ou melhor estas paisagens. Enveredo por elas, encontrando no escuro, luz, na sombra, profundidade. A luz plena cega, o seu outro lado é o escuro, e no escuro também há vida.

Lembro-me de Fernando Pessoa, O Guardador de rebanhos:

“Nunca guardei rebanhos,

mas é como se os guardasse.

Minha alma é como um pastor,

conhece o vento e o sol,

e anda pela mão das estações

a seguir e a olhar.

Toda a paz da natureza sem gente

vem sentar-se ao meu lado”.

O resto é silêncio...e tem poesia nesse silencio...

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Livro de artista - técnica mista

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Paisagem, aquarela, carvão, pastel e nanquim sobre papel, 76 x 57cm - 2015

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Paisagem, aquarela, carvão, pastel e nanquim sobre papel, 76 x 57cm - 2015

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Pintura - óleo e carvão sobre tela - 53 x 67cm

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Pintura - óleo e carvão sobre tela - 40 x 60 cm

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Pintura - Acrílica e carvão sobre tela - 60 x 46 cm

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Pintura - Acrílica e carvão sobre tela - 60 x 40 cm

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Livro de artista - Acrílica e carvão sobre tela - 70 x 50 cm (aberto)

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Livro de artista - Acrílica e carvão sobre tela - 70 x 50 cm (aberto)

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Livro de artista - técnica mista

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Equipe de Realização

OrganizadorFernando Augusto

Fotografia Allan Pinto dos Santos

Glauston Mariano Correia

Edição de textoGraciela Cassuce de Andrade

Rosemery Casoli

Projeto gráficoDaniel Eliziario dos Santos

Impressão e AcabamentoLuan Copiadora

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