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44 www.backstage.com.br REPORTAGEM Danielli Marinho [email protected] Pirataria digital No momento em que portais de venda de música digital se multiplicam no Brasil, os internautas que baixam músicas sem autorização correm risco de enfrentar processo judicial no país. Vinte ações já foram iniciadas. na Internet fiscalização que antes se aplicava na Europa, nos Estados Unidos e no Japão também ocorrerá no Brasil, no Méxi- co e na Polônia, os maiores mercados de música da América Latina e do Leste Europeu. No fim de 2006 começaram a acontecer as primeiras ações contra usuários brasileiros das redes peer to peer (P2P), sus- peitos de fazer downloads ilegais de músicas na internet. As vinte pessoas estão entre as cem primeiras acionadas pela Jus- tiça dos três países e devem responder por violação de direitos autorais. A medida, anunciada dia 16 de outubro durante uma cole- tiva de imprensa no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Ja- neiro, faz parte de um pacote de ações que a indústria fonográfica mundial lançou contra os usuários de serviços ilíci- tos de troca de arquivos. Na ocasião, estiveram reunidos o presidente mundial da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), John Kennedy, o diretor-geral da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos), Paulo Rosa, além de representantes de institutos, gravadoras, sociedades de autores e sites oficiais de venda de música. Indústria fonográfica perde receita O motivo de se incluir o país na rota de crimes e pirataria na Internet deve-se à crescente troca de arquivos ilegais no Brasil. Segundo pesquisa do Instituto Ipsos Insight, mais de um bilhão de músicas foram baixadas sem pagamento de direitos autorais em 2005, e o mercado de CDs caiu quase 50% desde o ano 2000, quando foi registrada a receita de U$ 724,7 milhões. Somente as 20 pessoas acionadas, com base no artigo 184 do código penal brasileiro, são suspeitas de compartilhar cerca de cinco mil ar- quivos ilegais cada uma. Esta é a sexta leva de ações no mundo - a primeira teve início em 2004 -, que deverá atingir mais de oito mil usuários. Os pro- cessos, um conjunto de ações civis e criminais, são dirigidos prin- cipalmente àqueles que sobem arquivos (uploads) em grande escala na Internet. No Brasil, o vice-diretor da ABPD garante que serão apenas ações civis. A idéia é que elas sirvam de exem- plo e inibam a pirataria digital. “Não pretendemos indiciar mi- lhões, mas que as primeiras sirvam de alerta para as outras pesso- as”, falou Paulo Rosa. No caso de o usuário ser menor, os pais ou o responsável pela conta na Internet podem responder pelo crime. É o que tem A Música digital: usuário que baixar música sem autorização ou pagamento de direitos autorais pode ser processado na Justiça

Pirataria digital - Revista Backstage · Pirataria digital No momento em que portais de venda de música digital se multiplicam no Brasil, os internautas que baixam músicas sem autorização

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REPORTAGEM

Danielli Marinho

[email protected]

Pirataria digitalNo momento em que portais de venda de música digital se multiplicam noBrasil, os internautas que baixam músicas sem autorização correm riscode enfrentar processo judicial no país. Vinte ações já foram iniciadas.

na Internet

fiscalização que antes se aplicava na Europa, nos EstadosUnidos e no Japão também ocorrerá no Brasil, no Méxi-co e na Polônia, os maiores mercados de música da

América Latina e do Leste Europeu.No fim de 2006 começaram a acontecer as primeiras ações

contra usuários brasileiros das redes peer to peer (P2P), sus-peitos de fazer downloads ilegais de músicas na internet. Asvinte pessoas estão entre as cem primeiras acionadas pela Jus-tiça dos três países e devem responder por violação de direitosautorais.

A medida, anunciada dia 16 de outubro durante uma cole-tiva de imprensa no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Ja-neiro, faz parte de um pacote de ações que a indústriafonográfica mundial lançou contra os usuários de serviços ilíci-tos de troca de arquivos.

Na ocasião, estiveram reunidos o presidente mundial da IFPI(Federação Internacional da Indústria Fonográfica), JohnKennedy, o diretor-geral da ABPD (Associação Brasileira deProdutores de Discos), Paulo Rosa, além de representantes deinstitutos, gravadoras, sociedades de autores e sites oficiais devenda de música.

Indústria fonográfica perde receitaO motivo de se incluir o país na rota de crimes e pirataria na

Internet deve-se à crescente troca de arquivos ilegais no Brasil.Segundo pesquisa do Instituto Ipsos Insight, mais de um bilhãode músicas foram baixadas sem pagamento de direitos autoraisem 2005, e o mercado de CDs caiu quase 50% desde o ano 2000,quando foi registrada a receita de U$ 724,7 milhões. Somente as20 pessoas acionadas, com base no artigo 184 do código penalbrasileiro, são suspeitas de compartilhar cerca de cinco mil ar-quivos ilegais cada uma.

Esta é a sexta leva de ações no mundo - a primeira teve inícioem 2004 -, que deverá atingir mais de oito mil usuários. Os pro-cessos, um conjunto de ações civis e criminais, são dirigidos prin-cipalmente àqueles que sobem arquivos (uploads) em grandeescala na Internet. No Brasil, o vice-diretor da ABPD garanteque serão apenas ações civis. A idéia é que elas sirvam de exem-plo e inibam a pirataria digital. “Não pretendemos indiciar mi-lhões, mas que as primeiras sirvam de alerta para as outras pesso-as”, falou Paulo Rosa.

No caso de o usuário ser menor, os pais ou o responsável pelaconta na Internet podem responder pelo crime. É o que tem

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Música digital: usuário que baixar música sem autorização ou pagamento de direitos autorais pode ser processado na Justiça

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acontecido nos outros países, onde maisde 2.300 pessoas já tiveram que pagarcerca de U$ 3 mil e pais ou responsáveistêm sido processados no lugar dos filhos.

De acordo com a pesquisa apresenta-da pelo Ipsos, ao contrário da pirataria fí-sica de CDs, os usuários que comparti-lham arquivos ilícitos na Internet perten-cem às classes A e B (67%) e têm idadesentre 15 e 24 anos (59%). Segundo JohnKennedy, o preço de uma música digitalé comparado ao de uma xícara de café.O valor médio pago nos sites legais devenda de música no Brasil gira em tornode R$ 1,99 a R$ 2,99. Para baixar 14 fai-xas, a média contida em um CD, o usuá-rio gastará entre R$ 28,00 e R$ 42,00.

Campanha deconscientizaçãoAlém de ações legais, a campanha

educacional mundial é um outro passo da

ABPD e da IFPI para alertar vários setoresda sociedade sobre os riscos da troca ilegalde arquivos de música. A idéia, segundoRosa, é mudar a cultura de que baixar oucompartilhar arquivos de música naInternet sem pagamento pelos direitos au-torais é uma coisa normal e corriqueira.Para isso, a IFPI vem trabalhando em con-

junto com a instituição internacionalChildnet International, que elaborou oguia para os pais sobre compartilhamentode arquivos. O folheto educativo foi dis-tribuído para mais de 15 países em 11 idio-mas. Aqui no Brasil, o informativo podeser acessado na página da ABPD.

A campanha também prevê a dissemi-nação do DFC (Digital File Check), umprograma desenvolvido pela IFPI que,quando instalado no computador, ajuda aremover qualquer programa de troca dearquivos. O envio de mensagens instantâ-neas para usuários de P2P e a distribuiçãode um guia sobre Segurança e Proprieda-de Intelectual em Computadores são ou-tras ações educacionais. O guia é umfolder de quatro páginas e será enviadopara mais de 500 empresas do Brasil, todasas instituições de ensino superior, cyber-cafés e lan houses estabelecidas nas prin-cipais cidades do país.

Os usuáriosque compartilhamarquivos ilícitos naInternet pertencem

às classes A e B(67%) e têm idades

entre 15 e24 anos (59%)