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Universidade Federal do Pará Pró-Reitoria de Extensão PISCICULTURA NO ESTADO DO PARÁ PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO Marcos Ferreira Brabo Galileu Crovatto Veras Daniel Abreu Vasconcelos Campelo Daércio José de Macedo Ribeiro Paixão Max Wendel Milhomem Costa Subsídios para a elaboração de projetos com foco na sustentabilidade

PISCICULTURA NO ESTADO DO PARÁ · Universidade Federal do Pará Pró-Reitoria de Extensão PISCICULTURA NO ESTADO DO PARÁ PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO Marcos Ferreira

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Universidade Federal do Pará

Pró-Reitoria de Extensão

PISCICULTURA NO ESTADO DO PARÁ

PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO

Marcos Ferreira Brabo

Galileu Crovatto Veras

Daniel Abreu Vasconcelos Campelo

Daércio José de Macedo Ribeiro Paixão

Max Wendel Milhomem Costa

Subsídios para a elaboração de projetos

com foco na sustentabilidade

Marcos Ferreira Brabo

Galileu Crovatto Veras

Daniel Abreu Vasconcelos Campelo

Daércio José de Macedo Ribeiro Paixão

Max Wendel Milhomem Costa

Piscicultura no Estado do Pará:

planejamento e estratégias de produção

1a Edição

Bragança

2016

Autores

Marcos Ferreira Brabo

Técnico em Aquicultura, Engenheiro de Pesca, Especialista em Qualidade e Segurança dos Alimentos,

Mestre e Doutor em Ciência Animal. Email: [email protected]

Galileu Crovatto Veras

Zootecnista, Mestre em Biologia Animal, Doutor em Zootecnia. Email: [email protected]

Daniel Abreu Vasconcelos Campelo

Agrônomo, Mestre em Biologia Animal, Doutor em Zootecnia. Email: [email protected]

Daércio José de Macedo Ribeiro Paixão

Técnico em Aquicultura, Acadêmico de Engenharia de Pesca. Email: daercio.paixao@bragança.ufpa.br

Max Wendel Milhomem Costa

Técnico em Aquicultura, Acadêmico de Engenharia de Pesca. Email: [email protected]

Endereço institucional

Universidade Federal do Pará Campus Universitário de Bragança

Instituto de Estudos Costeiros Faculdade de Engenharia de Pesca

Laboratório de Piscicultura Alameda Leandro Ribeiro, SN. Bairro: Aldeia

CEP: 68600-000 Bragança-Pará-Brasil

Apresentação

Caros leitores, A profissionalização da piscicultura no Estado do

Pará depende de mudanças significativas em todos os

elos de sua cadeia produtiva, desde os fornecedores de

insumos até os comerciantes varejistas, principalmente no

sentido de aumentar o nível de cooperação entre os

diferentes atores sociais. Esta situação depende de agentes

multiplicadores que possam esclarecer que o benefício é

de todos, quando um produto consegue suprir a

demanda de um dado mercado de forma contínua.

Neste contexto, esta cartilha pretende contribuir

para a formação destes agentes, sejam eles estudantes,

professores, produtores, projetistas, extensionistas rurais

ou analistas ambientais. Ajude-nos nesta árdua missão.

BOA LEITURA E BOM TRABALHO!

Os autores

Sumário

1. Planejamento..................................................................................4

1.1. Minimizando o risco do investimento.......................4

1.2. Avaliando a eficácia do planejamento.......................5

2. Tipos de projeto.............................................................................6

3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará.................................7

3.1. Panorama geral..............................................................7

3.2. Principais insumos........................................................8

3.3. Produção.......................................................................10

3.4. Distribuição..................................................................11

3.5. Comercialização..........................................................12

4. Legislação aplicada à piscicultura............................................13

5. Estratégias de produção..............................................................15

5.1. Subsistência..................................................................15

5.2. Comercial......................................................................16

6. Gestão do empreendimento......................................................17

6.1. Capacidade suporte....................................................17

6.2. Biomassa econômica...................................................19

6.3. Controle de ração........................................................21

7. Orientações para a sustentabilidade........................................23

Referências bibliográficas.............................................................24

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1. Planejamento

1.1. Minimizando o risco do investimento

Todo e qualquer investimento apresenta risco, o desafio do empreendedor é minimizá-lo. Para isso, é necessário conhecer a cadeia produtiva da atividade na qual se pretende investir, o custo de produção e a rentabilidade do negócio.

Na piscicultura, são comuns os casos em que os investidores resolvem economizar no planejamento e implantar os empreendimentos sem cumprir etapas importantes do processo de minimização do risco.

As quatro etapas a seguir são fundamentais para que o investimento seja realizado com segurança:

1 - Procure mão de obra especializada

O auxílio de profissionais é importante na escolha da área, da(s) modalidade(s) de produção e da(s) espécie(s), bem como na implantação e na operação da piscicultura. 2 - Visite empreendimentos bem e mal sucedidos As experiências exitosas ou não conferem lições que podem definir as estratégias mais adequadas para as fases de planejamento, instalação, operação e comercialização. 3 - Converse com produtores experientes É o momento de compartilhar dúvidas, conhecer as dificuldades do ramo, avaliar os conselhos e verificar as possibilidades de cooperação. 4 - Faça um plano de negócio O estudo do mercado (fornecedores, consumidores e concorrentes) e os planos operacional e financeiro são fundamentais para o êxito do empreendimento.

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1. Planejamento

1.2. Avaliando a eficácia do planejamento Após cumprir as quatro etapas do processo de minimização do risco, o investidor deve ser capaz de responder as seguintes perguntas:

O que eu irei produzir?

Espécie(s): Tambaqui? Pirarucu? Piauçu? Pirapitinga? Pintado? Peso(s) final(is): 0,5 kg? 1 kg? 1,5 kg? 2 kg? 2,5 kg? 3 kg? Comercialização: Vivo? Inteiro fresco? Eviscerado fresco?

Quanto eu irei produzir? Quantidade e frequência de produção: 100 kg por semana? 10 toneladas por mês? 100 toneladas por ano?

Como eu irei produzir?

Estrutura(s): Viveiros de barragem? Viveiros escavados? Tanques-rede? Gaiolas flutuantes? Canais de igarapé? Investimento: Custo de implantação? Equipamentos? Insumos? Fornecedores? Demanda de mão de obra? Custo de produção por kg? Capital de giro? Concorrentes?

Para quem eu irei produzir? Mercado(s): Local? Regional? Estadual? Outros estados? Comprador(es): Consumidor final? Atacadistas? Varejistas? Restaurantes? Supermercados? Entreposto de pescado? Preço(s) de primeira comercialização: R$7,00? R$8,00? R$10,00?

A qualidade do produto, a quantidade satisfatória e a regularidade no fornecimento conquistam o mercado

consumidor e fidelizam os clientes.

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2. Tipos de projeto

O plano de negócio do empreendimento não elimina a

necessidade de um projeto executivo para nortear sua instalação e operação. Os projetos podem ser classificados em:

Pré-projeto ou Anteprojeto

É um estudo preliminar que define a melhor alternativa técnica e econômica para o empreendimento, com baixo nível de detalhamento. Deve constar no plano de negócio. Informações: Sistema(s), modalidade(s) e estratégia(s) de produção, espécie(s) e análise econômica simplificada.

Projeto Básico É uma projeção dos custos e dos cronogramas de

implantação e operação do empreendimento, com razoável nível de detalhamento. Pode constar no plano de negócio. Informações: Composição dos custos de implantação e de produção, fornecedores, estimativa de receitas, indicadores de eficiência econômica e croqui(s) da(s) estrutura(s).

Projeto Executivo

É um aprofundamento do projeto básico que discrimina todos os itens necessários para a execução do projeto, com alto nível de detalhamento. É complementar ao plano de negócio. Informações: Quantificação dos itens dos custos de implantação e produção, além da(s) planta(s) da(s) estrutura(s). Lembre-se:

Projeto bom, gratuito e rápido não existe; Projeto bom, barato e rápido também não existe; Projeto bom e rápido é caro; Projeto bom e barato não pode ser rápido; Projeto bom e gratuito só se

você fizer; e Projeto rápido e gratuito ou barato não é bom.

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3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará

3.1. Panorama geral

Insumos

(Corretivos agrícolas, Adubos, Fertilizantes, Formas jovens, Rações, Produtos veterinários, Equipamentos)

↓ Produção

(Predominância dos sistemas extensivo e semi-intensivo, Empreendimentos de pequeno porte, Baixa produtividade)

↓ Distribuição

(Transporte por via rodoviária ou fluvial, Pequenos volumes - Produtores, Grandes volumes - Atacadistas)

↓ Comercialização

(Varejistas - Supermercados, Mercados municipais, Feiras livres, Feiras especializadas, Peixarias, Restaurantes)

Figura 1. Alevinos, insumo da piscicultura.

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3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará

3.2. Principais insumos Formas jovens

A qualidade genética e sanitária das pós-larvas, alevinos ou juvenis representa um fator primordial ao sucesso do

empreendimento. Fornecedores de pós-larvas e/ou alevinos no Pará: - SEDAP/Estação de Santa Rosa (Instituição governamental) Localização: Santarém/Pará Contato: (93) 3522-1991/ (93) 98207-8182 - 18 Piscicultura Localização: Igarapé-açu/Pará Contato: (91) 99247-8979 / (91) 99142-8846 / (91) 99171-9101 - Piscicultura Estrela Dalva Localização: Castanhal/Pará Contato: (91) 98167-5665 / (91) 9962-9397 - Fazenda Tataueira Localização: Peixe boi/Pará Contato: (91) 98828-4746 - Piscicultura Nova vida Localização: Altamira/Pará Contato: (93) 99142-3710

O tempo de transporte estabelece o tamanho e a quantidade dos indivíduos a serem estocados nos sacos plásticos com água limpa e oxigênio puro. Contudo, quanto menores as formas

jovens, maior será a taxa de mortalidade na fase de alevinagem.

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3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará

3.2. Principais insumos Ração A ração representa de 50% a 80% do custo de produção de uma

piscicultura comercial. Neste contexto, o preço do produto, o valor do frete e a conversão alimentar aparente influenciam

diretamente na rentabilidade do negócio. Alguns fabricantes de ração:

- Guabi (www.guabi.com.br) - Presence (www.nutrimentospresence.com.br) - Matsuda (www.matsuda.com.br) - Socil (www.ocialis.com/bresil.html) - Nutreco (www.nutreco.com) - Integral (www.integralmix.com.br)

Figura 2. Ração extrusada para peixes.

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3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará

3.3. Produção Aspectos gerais - Modalidades Piscicultura em açudes, viveiros de barragem, viveiros escavados, tanques de alvenaria ou concreto, tanques-rede, gaiolas flutuantes e canais de igarapé. - Espécies Tambaqui (Colossoma macropomum), pirapitinga (Piaractus brachypomus), tambacu (Colossoma macropomum x Piaractus mesopotamicus), tambatinga (Colossoma macropomum x Piaractus brachypomus); piauçu (Leporinus macrocephalus); pintado (Pseudoplatystoma reticulatum x Leiarius marmoratus); pirarucu (Arapaima gigas); curimatã (Prochilodus lineatus); matrinxã (Brycon amazonicus); e tilápia (Oreochromis niloticus).

Figura 3. Pirapitinga ou caranha Piaractus brachypomus.

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3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará

3.4. Distribuição

Transporte de peixe vivo É necessário ter a Guia de Trânsito Animal (GTA).

Sugestão: Indivíduos em jejum de no mínimo 24 horas devem ser transportados em caixas de polietileno de 500 litros, com água limpa e sal de cozinha na concentração de 5 a 8 gramas/litro para peixes de escamas.

Transporte de peixe fresco In natura ou conservado em gelo

É necessário ter a nota fiscal do produto. - Abate por choque térmico Sugestão: Caixas isotérmicas ou de polietileno – Proporção - 50% de gelo e 50% de água. - Conservação do produto Sugestão: Gelo em escamas – Proporção (gelo/peixe) - 2:1 (longas distâncias) ou 1:1 (curtas distâncias). Pequenos volumes

- Transporte realizado por via rodoviária ou fluvial pelos próprios produtores em caixas isotérmicas. Grandes volumes - Transporte realizado por via rodoviária por atacadistas em caminhões frigoríficos.

Não pode ocorrer nenhum tipo de beneficiamento, mesmo preliminar, em nível de propriedade ou em estabelecimentos

sem autorização do órgão responsável pela inspeção sanitária.

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3. Cadeia produtiva da piscicultura no Pará

3.5. Comercialização

Principais produtos - Peixe vivo – Propriedades e feiras especializadas. - Peixe fresco inteiro, eviscerado, em postas, filé, espalmado

ou ticado – Supermercados, mercados municipais, feiras livres, peixarias e restaurantes.

O Estado do Pará possui entrepostos de pescado capazes de beneficiar a produção piscícola, inclusive com selo de

aprovação do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Contudo, não é comum que o peixe oriundo da piscicultura passe pela

indústria, o que limita a variedade de produtos disponíveis para o consumidor final. Essa situação deve-se principalmente a

dificuldade dos piscicultores em combinar quantidade, qualidade e regularidade no fornecimento.

Figura 4. Comercialização de tambaqui inteiro fresco.

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4. Legislação aplicada à piscicultura

Legislação Federal (Piscicultura em propriedades rurais)

- Lei n° 6.938 de 31/08/1981 (Política Nacional de Meio Ambiente); - Lei n° 9.433 de 8/01/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos); - Resolução CONAMA n° 237 de 19/12/1997 (Licenciamento Ambiental); - Lei n° 9.605 de 12/02/1998 (Lei de Crimes Ambientais); - Portaria IBAMA n° 145 de 29/10/1998 (Transferência de Espécies Aquáticas); - Lei n° 9.985 de 18/07/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação); - Resolução CONAMA n° 357 de 17/03/2005 (Classificação de corpos d’água superficiais); - Resolução CONAMA n° 413 de 26/06/2009 (Licenciamento Ambiental da Aquicultura); - Lei n° 11.959 de 29/06/2009 (Política Pesqueira e Aquícola Nacional); - Resolução Normativa ANEEL n° 414 de 9/09/2010 (Desconto na tarifa de energia elétrica para a aquicultura); - Resolução CONAMA n° 430 de 13/05/2011 (Lançamento de efluentes); - Lei n° 12.651 de 25/05/2012 (Código Florestal Brasileiro).

Legislação Federal (Piscicultura em águas da União)

- Decreto n° 4.895 de 25/11/2003; - Instrução Normativa Interministerial n° 6 de 31/05/2004; - Instrução Normativa Interministerial n° 7 de 28/04/2005; - Instrução Normativa Interministerial n° 1 de 10/10/2007; - Instrução Normativa IBAMA n° 9 de 3/12/2012.

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4. Legislação aplicada à piscicultura

Legislação Estadual

- Lei n° 6.713 de 25/01/2005 (Política Pesqueira e Aquícola); - Decreto n° 2.020 de 24/01/2006 (Regulamentação da Política Pesqueira e Aquícola); - Instrução Normativa SEMAS n° 4 de 10/05/2013 (Licenciamento Ambiental da Aquicultura).

Aspectos gerais Considera-se ilegal:

- Criação de espécies exóticas em sistemas abertos; - Desvio de recursos hídricos naturais; - Empreendimentos sem tratamento de efluentes. Dispensa de Licenciamento Ambiental (DLA):

- Projetos até três hectares de lâmina d’água em viveiros escavados ou barragens; - Projetos até 500 m3 de tanques-rede ou gaiolas flutuantes.

Figura 5. Tilápia Oreochromis niloticus, espécie exótica.

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5. Estratégias de produção

5.1. Subsistência

Consumo de 0,5 kg de carne de peixe por pessoa/semana ↓

Duas refeições a base de pescado

Demanda por carne de peixe

Consumo de carne de peixe por pessoa/semana = 0,5 kg Número de semanas no ano = 52 Demanda de carne de peixe por pessoa/ano = 26 kg Demanda de carne de peixe por família (4 pessoas)/ano = 104 kg Rendimento de carne do peixe = 50% Demanda de peixe por família (4 pessoas)/ano = 208 kg

Aspectos produtivos Modalidade = Piscicultura em viveiros escavados Espécie = curimatã Prochilodus lineatus Área de lâmina d’água demandada = 520 m2 Dimensão das estruturas = 2 viveiros escavados - 26 m x 10 m Área de cada viveiro escavado = 260 m2 Densidade de estocagem = 1 indivíduo/m2 Número de indivíduos no povoamento = 676 Peso inicial = 1 grama Ciclo de produção = 1 ano Peso final = 400 gramas Produtividade estimada = 0,4 kg/m2/ano Taxa de mortalidade estimada = 30% = 156 indivíduos Produção anual = 208 kg Alimentação = subprodutos agropecuários (esporádica)

Piscicultores sem condições de adquirir ou produzir ração devem priorizar espécies detritívoras ou iliófagas.

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5. Estratégias de produção

5.2. Comercial

Receita líquida para 1 hectare de lâmina d’água ↓

Produção de 9.000 kg de peixe/ano

Características do empreendimento

Modalidade = Piscicultura em viveiros escavados Espécie = Tambaqui Colossoma macropomum Área de lâmina d’água demandada = 10.000 m2

Dimensão da estrutura = 1 viveiro escavado – 100 m x 100 m Densidade de estocagem = 0,5 indivíduo/m2

Produtividade = 1 kg/m2/ano Preço médio da ração = R$1,90/kg Participação da ração no custo de produção = 70% Conversão alimentar aparente = 2:1 Alimentação = Ração extrusada Taxa de mortalidade = 20% Ciclo de produção = 1 ano Peso final = 2 kg Preço de primeira comercialização = R$7,00 Outros custos: formas jovens, mão de obra permanente e temporária, encargos sociais, manutenção, entre outros.

Análise econômica simplificada Custo com ração = R$1,90 x 2 = R$3,80 por kg de peixe Custo de produção = R$5,42 por kg de peixe Custo de produção (total) = 9.000 kg x R$5,42 = R$48.780,00 Receita bruta = 9.000 kg x R$7,00 = R$63.000,00 Receita líquida anual = R$63.000,00 – R$48.780,00 = R$14.220,00 Receita líquida mensal = R$14.220,00/12 = R$1.185,00

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6. Gestão do empreendimento

6.1. Capacidade suporte

Viveiros escavados Produtividade - Até 1 kg/m2/ano (sem aeração artificial); - Até 1,2 kg/m2/ano (aeração emergencial);

- Até 1,5 kg/m2/ano (aeração de rotina). Características gerais

- Necessidade de adubação ou fertilização; - Demanda coluna d’água de no mínimo um metro; - Permite o uso de duas ou mais espécies de hábitos alimentares distintos e que ocupem faixas diferentes na coluna d’água; - Possibilidade de realização de vários ciclos de produção na mesma água de uso (criação em águas verdes).

Figura 6. Viveiro escavado sem aeração artificial.

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6. Gestão do empreendimento

6.1. Capacidade suporte

Tanques-rede ou gaiolas flutuantes Produtividade - Até 75 kg/m3/ano (peixes redondos em tanques-rede de pequeno volume – até 6 m3 de volume útil); - Até 100 kg/m3/ano (pirarucu ou pintado em tanques-rede de pequeno volume – até 6 m3 de volume útil). Características gerais - Velocidade da corrente de até dois metros/segundo; - Distância mínima de um metro entre o fundo da estrutura e o substrato; - Tela de contenção dos peixes com abertura da malha superior a 19 mm para prevenir a colmatação.

Figura 7. Tanques-rede de pequeno volume.

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6. Gestão do empreendimento

6.2. Biomassa econômica

Viveiros escavados Espécie: Tambaqui Colossoma macropomum

Área do viveiro escavado: 10.000 m2

Densidade de estocagem: 0,5 peixe/m2

Preço de primeira comercialização: R$6,50/kg

Preço médio da ração: R$1,70/kg

Participação da ração no custo de produção: 70%

Mês Peso

inicial (kg)

Peso final (kg)

Biomassa (kg)

CA Receita bruta (R$)

Custo de produção

(R$)

Receita líquida

(R$)

1 0,001 0,02 100 1 650,00 242,86 407,14

2 0,02 0,05 250 1,2 1.625,00 728,57 896,43

3 0,05 0,12 600 1,2 3.900,00 1.748,57 2.151,43

4 0,12 0,2 1.000 1,4 6.500,00 3.400,00 3.100,00

5 0,2 0,3 1.500 1,5 9.750,00 5.464,29 4.285,71

6 0,3 0,5 2.500 1,6 16.250,00 9.714,29 6.535,71

7 0,5 0,7 3.500 1,7 22.750,00 14.450,00 8.300,00

8 0,7 1,0 5.000 1,8 32.500,00 21.857,14 10.642,86

9 1 1,3 6.500 1,8 42.250,00 28.414,29 13.835,71

10* 1,3 1,55 8.000 1,9 52.000,00 36.914,29 15.085,71

11 1,55 1,8 9.000 2 58.500,00 43.714,29 14.785,71

12 1,8 2,0 10.000 2,1 65.000,00 51.000,00 14.000,00

*Melhor período para realização da despesca, caso haja mercado para este peso de abate.

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6. Gestão do empreendimento

6.2. Biomassa econômica

Tanques-rede ou gaiolas flutuantes Espécie: Tambaqui Colossoma macropomum

Volume útil do tanque-rede: 4 m3

Densidade de estocagem: 75 peixes/m3

Preço de primeira comercialização: R$6,50/kg

Preço médio da ração: R$1,70/kg

Participação da ração no custo de produção: 70%

Mês Peso

inicial (kg)

Peso final (kg)

Biomassa (kg)

CA Receita bruta (R$)

Custo de produção

(R$)

Receita líquida

(R$)

1 0,001 0,01 3 1 19,50 7,29 12,21

2 0,01 0,03 7,5 1 48,75 18,21 30,54

3 0,03 0,05 13,5 1,1 87,75 36,06 51,69

4 0,05 0,08 24 1,2 156,00 69,94 86,06

5 0,08 0,15 45 1,4 292,50 153,00 139,50

6 0,15 0,30 90 1,5 585,00 327,86 257,14

7 0,30 0,42 126 1,6 819,00 489,60 329,40

8 0,42 0,55 165 1,7 1.072,50 681,21 391,29

9 0,55 0,67 201 1,8 1.306,50 878,66 427,84

10 0,67 0,80 240 1,9 1.560,00 1.107,43 452,57

11* 0,80 0,90 270 1,9 1.755,00 1.245,86 509,14

12 0,90 1,00 300 2 1.950,00 1.457,14 492,86

*Melhor período para realização da despesca, caso haja mercado para este peso de abate.

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6. Gestão do empreendimento

6.3. Controle de ração

Viveiros escavados Espécie: Tambaqui Colossoma macropomum

Área do viveiro escavado: 10.000 m2

Densidade de estocagem: 0,5 peixe/m2

Mês Peso

inicial (kg)

Peso final (kg)

Biomassa (kg)

CA Quantidade

de ração (kg)

Tipo de ração

Total de ração (kg)

Número de sacos (25 kg)

1 0,001 0,02 100 1 100 56% PB/ Farelada

100 4

2 0,02 0,05 250 1,2 300 45% PB/ 2-3 mm

620 24,8 3 0,05 0,12 600 1,2 720

4 0,12 0,2 1.000 1,4 1.400 36% PB/ 3-4 mm

680 27,2

5 0,2 0,3 1.500 1,5 2.250 32% PB/ 6-8 mm

850 34

6 0,3 0,5 2.500 1,6 4.000

28% PB/ 6-8 mm

18.750 750

7 0,5 0,7 3.500 1,7 5.950

8 0,7 1 5.000 1,8 9.000

9 1 1,3 6.500 1,8 11.700

10 1,3 1,55 7.750 1,9 14.725

11 1,55 1,8 9.000 2 18.000

12 1,8 2 10.000 2,1 21.000

A aquisição de ração deve considerar o prazo de validade do

produto e a capacidade de estocagem da propriedade.

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6. Gestão do empreendimento

6.3. Controle de ração

Tanques-rede ou gaiolas flutuantes Espécie: Tambaqui Colossoma macropomum

Volume útil do tanque-rede: 4 m3

Densidade de estocagem: 75 peixes/m3

Mês Peso

inicial (kg)

Peso final (kg)

Biomassa (kg)

CA Quantidade

de ração (kg)

Tipo de ração

Total de ração (kg)

Número de sacos (25 kg)

1 0,001 0,01 3 1 3 56% PB/ Farelada

7,5 0,3 2 0,01 0,03 7,5 1 7,5

3 0,03 0,05 13,5 1,1 14,9 45% PB/ 2-3 mm

21,3 0,9 4 0,05 0,08 24 1,2 28,8

5 0,08 0,15 45 1,4 63 36% PB/ 3-4 mm

34,2 1,4

6 0,15 0,30 90 1,5 135 32% PB/ 6-8 mm

72 2,9

7 0,30 0,42 126 1,6 201,6

28% PB/ 6-8 mm

465 18,6

8 0,42 0,55 165 1,7 280,5

9 0,55 0,67 201 1,8 361,8

10 0,67 0,80 240 1,9 456

11 0,80 0,90 270 1,9 513

12 0,90 1,00 300 2 600

O acondicionamento da ração deve ocorrer em local seco,

arejado, abrigado do sol e com controle integrado de pragas.

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7. Orientações para a sustentabilidade

Aspectos ambientais - Preserve a vegetação do entorno de nascentes e as matas ciliares, bem como recupere áreas que estejam degradadas; - Construa estruturas de contenção para evitar o escape dos espécimes produzidos no empreendimento; - Evite o uso de antibióticos na prevenção ou tratamento de doenças nos peixes; - Monitore periodicamente a qualidade da água de captação, de uso e dos efluentes. Aspectos econômicos

- Realize a gestão do empreendimento com base em biometrias periódicas, no consumo de ração e no custo de produção; - Consulte profissionais especializados regularmente, a fim de analisar os índices zootécnicos e econômicos obtidos; - Analise o mercado constantemente, a fim de estabelecer uma relação de confiança com fornecedores e clientes; - Diversifique os produtos fornecidos, bem como avalie as críticas e sugestões efetuadas pelos clientes. Aspectos sociais - Evite conflitos pelo uso da água; - Crie vínculo empregatício com a mão de obra permanente; - Priorize o uso de mão de obra local, assim como a aquisição de insumos; - Seja membro de organizações sociais atuantes, em especial de cooperativas que viabilizem a compra de insumos e a comercialização em grupo; - Participe de cursos de capacitação nas áreas técnica e administrativa.

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Referências bibliográficas

BRABO, M. F.; VERAS, G. C.; PAIVA, R. S.; FUJIMOTO, R. Y. Aproveitamento aquícola dos reservatórios brasileiros. Boletim

do Instituto de Pesca, v. 40, n. 1, p. 121–134, 2014. BRABO, M. F.; FERREIRA, L. A.; VERAS, G. C.; CINTRA, I. H. A.; PAIVA, R. S.; FUJIMOTO, R. Y. Proposta de indicadores de sustentabilidade para parques aquícolas continentais: avaliação de um empreendimento na Amazônia. Agrária - Revista

Brasileira de Ciências Agrárias, v. 10, n. 2, p. 315-321, 2015. BRABO, M. F; REIS, M. H. D.; VERAS, G. C.; SILVA, M. J. M.; SOUZA, A. S. L.; SOUZA, R. A. L. Viabilidade econômica da produção de alevinos de espécies reofílicas em uma piscicultura na Amazônia Oriental. Boletim do Instituto de Pesca, v. 41, n. 3, p. 677–685, 2015. BRABO, M. F.; VILELA, M. R. P.; REIS, T. S.; DIAS, C. L.; BARBOSA, J.; VERAS, G. C. Viabilidade econômica da produção familiar de matrinxã em canais de igarapé no Estado do Pará, 2014. Informações Econômicas, No prelo. BRABO, M. F.; RABELO, L. P.; VERAS, G. C.; MACIEL, C. M. T. Software para elaboração e avaliação de projetos de piscicultura: uma ferramenta para auxiliar na profissionalização da atividade. Informações Econômicas, No prelo. BRABO, M. F.; COSTA, M. W. M.; PAIXÃO, D. J. M. R.; COSTA, J. W. P.; VERAS, G. C. Potencial invasor de tilápia (Oreochromis niloticus), em microbacias hidrográficas do Nordeste paraense, Amazônia, Brasil. Magistra, No prelo.

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“A viabilidade econômica de empreendimentos aquícolas e a permanência dos produtores na

atividade dependem de projetos bem elaborados, de uma gestão eficiente e da lucratividade do negócio.

De todo modo, a sustentabilidade econômica, capacidade de ser lucrativa de forma perene,

somente será possível com a estruturação da cadeia produtiva”.

“À medida que a demanda por pescado aumenta,

mais pressão por quantidade, qualidade e regularidade no fornecimento é posta sobre os

produtores. Isto determina grandes desafios para as organizações sociais e instituições de fomento, peças

importantíssimas no processo de integração e incremento da competitividade da cadeia

produtiva”.

LUIS ANDRÉ LUZ BARBAS Doutor em Aquicultura

Professor do IFPA/Campus Castanhal

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