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www.sindsep-sp.org.br Informativo do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Municipio de São Paulo - Outubro de 2017 Telefone (11) 2129 2999 - www.sindsep-sp.org.br São Paulo, 6 de Outubro de 2017 PL 068/2017 - Transformação de PEI em PEIF Um passo para o desmonte na rede direta? O Projeto de Lei nº 068/2017, de autoria do vereador Claudio Fonseca poderia ser um grande avanço na isonomia do tratamento de professores na rede municipal de ensino, na integração da educação infantil e na adequação à Lei Nacional do piso do Magistério (Lei nº 11.738, de 2008) que exige que as atividades com alunos não ocupem mais do que 2/3 (66,7%) da jornada do docente. Tanto o PEI (Professor de Educação Infantil) quanto o professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental I (PEIF) possuem jornadas básicas que desobedecem a lei nacional. O PEI no Centro de Educação Infantil (CEI) trabalha semanalmente 25 horas relógio (85,3%) com crianças, e apenas 5 horas atividades. O mesmo ocorre com o PEIF nas EMEIs e EMEFs quando não submetido à Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), com 25 horas aulas (62,5%) e 15 horas atividades. Nesse sentido, o projeto, se tornado lei, permitiria que a JEIF (25/15) passasse a ser a jornada principal (jornada docente) enquanto a jornada básica docente (25/5) passaria a ser opcion- al. Garantiria aos PEIFs uma estabilidade salarial não ficando condicionados à oferta de JEIF na sua unidade e cumprimento à lei. Por outro lado, os PEIs também teriam isonomia com os PEIFs em relação à jornada e ainda poderiam optar por esse cargo, alcançando a mobilidade para EMEIs e EMEFs, enquanto os atuais PEIFs poderiam se remover para CEIs. Então, qual é o problema? O projeto que poderia ser a isonomia entre docentes e a integração na educação infantil, deixa inúmeras incertezas no que de fato pode acontecer. A primeira questão que deve ser respondida é: o governo Doria tem interesse no PL? Senão, ele irá vetar o PL, e qualquer discussão que façamos será em vão. Mas se Doria pre- tende sancionar, é preciso saber se integralmente ou com vetos parciais. Os PEIs, por exem- plo, podem ser vetados do PL, justamente nos pontos que seriam vantajosos. E um veto na Jornada Docente poderia jogar o PEI na Jornada Básica Docente atual com salário 25% inferi- or. E mesmo que passe na íntegra, os PEIs transformados em PEIF perderiam seus pontos ao concorrerem com os PEIs anteriores, seja na remoção, seja na atribuição. Mas a sanção total de Doria, pode ser ainda mais preocupante.

PL 068/2017 - Transformação de PEI em PEIF Já vimos que ... · e Autarquias do Municipio de São Paulo - Outubro de 2017 Telefone (11) 2129 2999 - São Paulo, 6 de Outubro de 2017

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Page 1: PL 068/2017 - Transformação de PEI em PEIF Já vimos que ... · e Autarquias do Municipio de São Paulo - Outubro de 2017 Telefone (11) 2129 2999 - São Paulo, 6 de Outubro de 2017

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São Paulo, 6 de Outubro de 2017

PL 068/2017 - Transformação de PEI em PEIF

Um passo para o desmonte na rede direta?O Projeto de Lei nº 068/2017, de autoria do vereador Claudio Fonseca poderia ser um grande avanço na isonomia do tratamento de professores na rede municipal de ensino, na integração da educação infantil e na adequação à Lei Nacional do piso do Magistério (Lei nº 11.738, de 2008) que exige que as atividades com alunos não ocupem mais do que 2/3 (66,7%) da jornada do docente.

Tanto o PEI (Professor de Educação Infantil) quanto o professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental I (PEIF) possuem jornadas básicas que desobedecem a lei nacional. O PEI no Centro de Educação Infantil (CEI) trabalha semanalmente 25 horas relógio (85,3%) com crianças, e apenas 5 horas atividades. O mesmo ocorre com o PEIF nas EMEIs e EMEFs quando não submetido à Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), com 25 horas aulas (62,5%) e 15 horas atividades.

Nesse sentido, o projeto, se tornado lei, permitiria que a JEIF (25/15) passasse a ser a jornada principal (jornada docente) enquanto a jornada básica docente (25/5) passaria a ser opcion-al. Garantiria aos PEIFs uma estabilidade salarial não ficando condicionados à oferta de JEIF na sua unidade e cumprimento à lei.

Por outro lado, os PEIs também teriam isonomia com os PEIFs em relação à jornada e ainda poderiam optar por esse cargo, alcançando a mobilidade para EMEIs e EMEFs, enquanto os atuais PEIFs poderiam se remover para CEIs.

Então, qual é o problema?O projeto que poderia ser a isonomia entre docentes e a integração na educação infantil, deixa inúmeras incertezas no que de fato pode acontecer. A primeira questão que deve ser respondida é: o governo Doria tem interesse no PL?

Senão, ele irá vetar o PL, e qualquer discussão que façamos será em vão. Mas se Doria pre-tende sancionar, é preciso saber se integralmente ou com vetos parciais. Os PEIs, por exem-plo, podem ser vetados do PL, justamente nos pontos que seriam vantajosos. E um veto na Jornada Docente poderia jogar o PEI na Jornada Básica Docente atual com salário 25% inferi-or. E mesmo que passe na íntegra, os PEIs transformados em PEIF perderiam seus pontos ao concorrerem com os PEIs anteriores, seja na remoção, seja na atribuição. Mas a sanção total de Doria, pode ser ainda mais preocupante.

O que Doria quer para os servidores?Já vimos que Doria pretende privatizar ou terceirizar todo e qualquer serviço e ativo da Pre-feitura. Está vendendo cemitérios, parques, mercados, terrenos e patrimônios.

Na saúde, seu secretário disse que pretende reduzir os "gastos" com saúde de R$ 10 bilhões para R$ 7 bilhões. Na educação, Doria já disse que quer entregar as "creches" a uma PPP (Parceria Público Privado).

Doria irá mandar um substitutivo ao PL do Sampaprev de Haddad, anexando a previdência dos servidores do município aos servidores do Estado, e a Secretaria de Gestão já informou que não pretende ampliar o número de servidores por concurso, única forma de recompor o caixa do Iprem que perdeu 60 mil contribuintes desde 2004.

Qual é o risco para a educação?Doria já demonstrou que não pretende investir em concurso, nem na educação. Para econo-mizar em nomeações, a SME publicou a portaria 7663, com o objetivo de reduzir módulos para cobrir as vagas não preenchidas por concurso, especialmente diante da necessidade de absorção de alunos nos primeiros anos do Ensino Fundamental.

Diante da repercussão negativa nas redes sociais, Schneider recuou com uma nova portaria que reduziu o estrago pela metade. Mas o estrago pela redução da rede, além de perma- necer grande, indica o caminho que pretende o governo Doria.

O PL 068/2017 não explica como fica readequada a rede diante da nova jornada. Como os CEIs atenderiam 10 horas com dois turnos de professores cobrindo apenas 7 horas e 30 minutos?

Se Doria pretende sancionar o projeto, os PEIs transformados em PEIFs seriam para cobrir os primeiros anos do fundamental, diante da briga com o governo do Estado? Os PEIs trans-formados em PEIFs serviriam para cobrir o terceiro turno criado nos CEIs, além das vagas até hoje não preenchidas, especialmente na Zona Sul? E os CEIs que cederiam esses profes-sores, seriam disponibilizados para uma PPP, conveniamento ou outro tipo de terceirização, desmontando a rede direta.

Ao longo do tempo, nessa lógica, sem concurso, o Iprem irá quebrar. Será motivo para redu-zir ainda mais o gasto com funcionalismo, com programas de demissão voluntária, congela-mento de salários, adicionais e evoluções e aumento na contribuição. Os servidores de vários Estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e municípios, como Curitiba e Flori-anópolis, estão tendo de enfrentar essa luta.

Ou essas dúvidas e incertezas são explicadas, e então, superadas com alterações no próprio Projeto de Lei, ou podemos estar entrando em um barco à deriva, em direção ao rochedo.

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Um passo para o desmonte na rede direta?O Projeto de Lei nº 068/2017, de autoria do vereador Claudio Fonseca poderia ser um grande avanço na isonomia do tratamento de professores na rede municipal de ensino, na integração da educação infantil e na adequação à Lei Nacional do piso do Magistério (Lei nº 11.738, de 2008) que exige que as atividades com alunos não ocupem mais do que 2/3 (66,7%) da jornada do docente.

Tanto o PEI (Professor de Educação Infantil) quanto o professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental I (PEIF) possuem jornadas básicas que desobedecem a lei nacional. O PEI no Centro de Educação Infantil (CEI) trabalha semanalmente 25 horas relógio (85,3%) com crianças, e apenas 5 horas atividades. O mesmo ocorre com o PEIF nas EMEIs e EMEFs quando não submetido à Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), com 25 horas aulas (62,5%) e 15 horas atividades.

Nesse sentido, o projeto, se tornado lei, permitiria que a JEIF (25/15) passasse a ser a jornada principal (jornada docente) enquanto a jornada básica docente (25/5) passaria a ser opcion-al. Garantiria aos PEIFs uma estabilidade salarial não ficando condicionados à oferta de JEIF na sua unidade e cumprimento à lei.

Por outro lado, os PEIs também teriam isonomia com os PEIFs em relação à jornada e ainda poderiam optar por esse cargo, alcançando a mobilidade para EMEIs e EMEFs, enquanto os atuais PEIFs poderiam se remover para CEIs.

Então, qual é o problema?O projeto que poderia ser a isonomia entre docentes e a integração na educação infantil, deixa inúmeras incertezas no que de fato pode acontecer. A primeira questão que deve ser respondida é: o governo Doria tem interesse no PL?

Senão, ele irá vetar o PL, e qualquer discussão que façamos será em vão. Mas se Doria pre-tende sancionar, é preciso saber se integralmente ou com vetos parciais. Os PEIs, por exem-plo, podem ser vetados do PL, justamente nos pontos que seriam vantajosos. E um veto na Jornada Docente poderia jogar o PEI na Jornada Básica Docente atual com salário 25% inferi-or. E mesmo que passe na íntegra, os PEIs transformados em PEIF perderiam seus pontos ao concorrerem com os PEIs anteriores, seja na remoção, seja na atribuição. Mas a sanção total de Doria, pode ser ainda mais preocupante.

O que Doria quer para os servidores?Já vimos que Doria pretende privatizar ou terceirizar todo e qualquer serviço e ativo da Pre-feitura. Está vendendo cemitérios, parques, mercados, terrenos e patrimônios.

Na saúde, seu secretário disse que pretende reduzir os "gastos" com saúde de R$ 10 bilhões para R$ 7 bilhões. Na educação, Doria já disse que quer entregar as "creches" a uma PPP (Parceria Público Privado).

Doria irá mandar um substitutivo ao PL do Sampaprev de Haddad, anexando a previdência dos servidores do município aos servidores do Estado, e a Secretaria de Gestão já informou que não pretende ampliar o número de servidores por concurso, única forma de recompor o caixa do Iprem que perdeu 60 mil contribuintes desde 2004.

Qual é o risco para a educação?Doria já demonstrou que não pretende investir em concurso, nem na educação. Para econo-mizar em nomeações, a SME publicou a portaria 7663, com o objetivo de reduzir módulos para cobrir as vagas não preenchidas por concurso, especialmente diante da necessidade de absorção de alunos nos primeiros anos do Ensino Fundamental.

Diante da repercussão negativa nas redes sociais, Schneider recuou com uma nova portaria que reduziu o estrago pela metade. Mas o estrago pela redução da rede, além de perma- necer grande, indica o caminho que pretende o governo Doria.

O PL 068/2017 não explica como fica readequada a rede diante da nova jornada. Como os CEIs atenderiam 10 horas com dois turnos de professores cobrindo apenas 7 horas e 30 minutos?

Se Doria pretende sancionar o projeto, os PEIs transformados em PEIFs seriam para cobrir os primeiros anos do fundamental, diante da briga com o governo do Estado? Os PEIs trans-formados em PEIFs serviriam para cobrir o terceiro turno criado nos CEIs, além das vagas até hoje não preenchidas, especialmente na Zona Sul? E os CEIs que cederiam esses profes-sores, seriam disponibilizados para uma PPP, conveniamento ou outro tipo de terceirização, desmontando a rede direta.

Ao longo do tempo, nessa lógica, sem concurso, o Iprem irá quebrar. Será motivo para redu-zir ainda mais o gasto com funcionalismo, com programas de demissão voluntária, congela-mento de salários, adicionais e evoluções e aumento na contribuição. Os servidores de vários Estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e municípios, como Curitiba e Flori-anópolis, estão tendo de enfrentar essa luta.

Ou essas dúvidas e incertezas são explicadas, e então, superadas com alterações no próprio Projeto de Lei, ou podemos estar entrando em um barco à deriva, em direção ao rochedo.