28
REVISTA Nº4 2016

PLANEAR - Revista Nº4

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista Semestral Nº4 PLANEAR - Núcleo de Arquitetura Paisagista do Porto Landscape Architecture Magazine Porto

Citation preview

Page 1: PLANEAR - Revista Nº4

REVISTA Nº4 2016

Page 2: PLANEAR - Revista Nº4

Uma edição de:

Com o apoio de:

Idealização e Concepção gráfica:Amália Souto de Miranda e equipa PLANEAR

Imagem de capa:Castros em Citania de Sanfins por Beatriz TrutaA cultura castreja que emerge no Noroeste da Península Ibérica fica reconhecida pelo seu tipo peculiar de habitação. Habita no “monte”, local de defesa natural que lhe oferece proteção e controlo tático da envolvente próxima. Apesar da influência romana a que esta cultura esteve sujeita continuou-se a construir à maneira castreja provando a força da sua identidade que, em conjunto com a rede criada entre povoados castrejos deram origem a uma “Paisagem de Castros”.

Porto, Abril 2016

Page 3: PLANEAR - Revista Nº4

EDITORIALContinuar a construir uma PLANEAR para todospor Catarina Ferreira, Presidente PLANEAR

Estimados leitores, amigos, colegas e sócios da PLANEAR,abrimos esta edição com uma mensagem de continuidade e de renovação. Encerrou-se o ano de 2015 com a Tomada de Posse dos novos Órgãos Sociais da PLANEAR no passado dia 21 de Novembro de 2015. A equipa foi renovada e assim deu-se continuidade à motivação para levar a cabo mais dois anos de atividades em prol da comunidade de Arquitetura Paisagista do Porto.

A PLANEAR tem cada vez mais contribuído de forma decisiva para a inclusão dos estudantes de Arquitetura Paisagista em temas extracurriculares, no que diz respeito ao voluntariado, ao associativismo e à forma como olhamos para as restantes estruturas de relevo na nossa área a nível nacional. Tem sido, também, nossa preocupação o acompanhamento de antigos estudantes AP, trazendo-os de volta a “casa” para nos contarem as suas experiências, e também captando o seu interesse para os ciclos de formação da PLANEAR, enquanto formadores e enquanto formandos.

É, por isso, que a PLANEAR faz cada vez mais sentido sob os olhares de quem estuda ou já estudou Arquitectura Paisagista no Porto. Estamos de porta aberta a todos os que queiram trabalhar connosco como colaboradores, e ser nossos parceiros nestes próximos dois anos.Não podemos deixar de agradecer a todos os nossos parceiros, e autores dos artigos que continuamente nos ajudam a manter esta revista como um fiel veículo, gratuito, de informação àqueles que nos seguem e que esperam as novidades e o acompanhamento da Arquitetura Paisagista em Portugal e no Mundo.

A todos, sem excepção, o nosso muito obrigado!Contem connosco para continuarmos, juntos, a construir o futuro de uma PLANEAR mais inclusiva, responsável, e inovadora.

Page 4: PLANEAR - Revista Nº4

COLABORADORES

NAPISANúcleo de arquitectura paisagista do Instituto Superior de

Agronomia, Lisboa

MJ CuradoLicenciada em Arquitetura Paisagista pelo Instituo Superior de Agronomia (1994), Mestre em Planeamento e Desenho do Ambiente Urbano pela FEUP/FAUP (1998) e Doutorada em Ciências Aplicadas ao Ambiente pela Universidade de Aveiro (2003), após 10 anos na UA como investigadora, é desde 2003 docente na FCUP nos diversos ciclos de estudo de Arquitetura Paisagista, principalmente nas áreas do ordenamento e gestão da paisagem.

Beatriz Truta22 Anos, concluiu a licenciatura em Arquitetura Paisagista em 2014,

sendo atualmente aluna do 2º Ano do Mestrado, na mesma área. Colaboradora da PLANEAR durante o mandato 2013-2015 e Vice-

Presidente da atual direção. Como atividade extracurricular pratica Dança (Jazz Moderno).

Daniela Santos22 anos, a frequentar o estágio académico na área da investigação em Arquitetura Paisagista na FCUP. Colaboradora da PLANEAR desde 2014. Monitora no Jardim Botânico do Porto desde Janeiro 2016.

Ana Lindeza30 anos, licenciada em Arquitetura Paisagista na FCUP desde 2008. Trabalhou dois anos como Arquiteta Paisagista no Atelier do Beco da Bela Vista e como Freelancer durante um ano onde começou a

desenvolver e a projetar Sistemas de Rega. Desde 2012 trabalha na Cudell – Outdoor Solutions, onde é atualmente responsável pelo

Departamento de Projetos e Formação.

Renata FerreiraLicenciada e mestre em Arquitetura Paisagista pela FCUP em 2012. Atualmente exerce funções como Arquiteta Paisagista na empresa Regaflor - Paisagismo e Ambiente, Lda., onde desenvolve projetos de Arquitetura Paisagista (sendo sócia da APAP) e coordenada equipas de manutenção e conservação de espaços verdes. Foi Tesoureira da PLANEAR de 2013 a 2015 e atualmente é Relatora do Conselho Fiscal da PLANEAR. Pertence ainda à Direção da Associação Portuguesa das Camélias desde 2014.

Ana Luisa Paulo32 anos, Mestre em Arquitectura pela ESAP em 2009. Estudante de Arquitectura Paisagista, na FCUP

Inês Sousa21 anos. Licenciada em AP pela FCUP em 2015. 1º ano de mestrado. Colaboradora da planear no mandato 2013-2015. Coordenadora do departamento de emprego e formação no presente mandato. A frequentar estágio extra curricular no Jardim Botânico do Porto

Page 5: PLANEAR - Revista Nº4

ÍNDICE

CALENDÁRIO, p.6

PRÉMIO JOVEM ARQUITECTO PAISAGISTA, p.7

ÍLIDIO ARAUJO, p.8

Homenagem na Reitoria da Universidade do Porto

ENEAP 2016, p.9

Encontro Nacional de Estudantes de AP

HORTA DO BRITINHO, p.10

APPACDM Porto

11º FESTIVAL DE JARDINS DE PONTE DE LIMA, p.14

A água no jardim

TERESA ANDRESEN p.16

CONFERÊNCIA: EXPOSIÇÕES INTERNACIONAIS p.18

Entre o Jardim e a Paisagem Urbana - Fundação de Serralves

E DEPOIS DA FACULDADE?, p.20

Uma experiência profissional na área da rega

TOMADA DE POSSE PLANEAR, p.22

WORKSHOPS NO JARDIM BOTÂNICO, p.24

7ª JORNADAS DE ARQUITECTURA PAISAGISTA, p.26

Page 6: PLANEAR - Revista Nº4

JUNHO

4 Compostagem Caseira e Desperdício alimentar, Horta da Formiga

10, 12, 13 SketchUp – Técnicas de Modelação, ARQCOOP | 190€

JULHO

1 Compostagem Caseira e Desperdício alimentar, Horta da Formiga

25 Visita temática “As plantas arcai-cas”, Parque de Serralves | 6€

SETEMBRO

9 Compostagem Caseira e Desperdício

alimentar, Horta da Formiga

29-30 e 1 Outubro Bienal Internacional de Barcelona

MAIO

5 Data limite de submissão de trabalhos para Rosa Barba Landscape Prize

4 e 11 Formação agricultura Biológica II, Horta da Formiga | 40€

8 Há vida no Parque “Plantas Domesticadas”, Parque de Serralves | 6€

12 e 19 Etnobiologia - plantas e animais no Jardim e na coleção Gulbenkian, Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles | 50€

21 Compostagem Caseira e Desperdício alimentar, Horta da Formiga

27 Workshop “Fitossanidade no Jardim”, Jardim Botânico do Porto

28 Visita temática “As cupressáceas do parque”, Parque de Serralves | 6€

+ eventos emhttp://www.planear.fc.up.pt/facebook.com/planear.porto

17 Workshop “Arboricultura I”, Jardim Botânico do Porto

25 Visita temática “As plantas arcaicas”, Parque de Serralves | 6€

Page 7: PLANEAR - Revista Nº4

A 12ª edição do Prémio Vibeiras/Jornal Arquiteturas destacou o projeto de Matilde Cerqueira Gomes, entre todos os candidatos ao prémio Jovem Arquiteto Paisagista.Matilde Cerqueira Gomes estudou Arquitectura Paisagista na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e encontra-se actualmente a estudar em Copenhaga onde executou o projeto para o Park Kwekerij, no extremo Sul da Holanda.

Um dos principais objetivos da intervenção é transformar um espaço que atualmente apresenta um acesso limitado, num ponto focal do tecido urbano sendo ainda capaz de ligar áreas urbanas e verdes. Propõe-se assim a plantação de um viveiro florestal enquanto estratégia desenvolvimento urbano uma vez que permite ao município obter exemplares arbóreos e ainda fornecer um caráter diferente à cidade.

Do ponto de vista do desenho do espaço propõe-se a plantação de árvores em alinhamento que contrastam com as manchas verdes pré-existentes que serão mantidas, preservando assim uma estrutura verde que se relaciona com a história da fábrica e dos edifícios existentes.O caráter temporário associado à sucessiva transplantação dos exemplares arbóreos pertencentes ao viveiro darão, ao longo do tempo, origem a novos espaços.

Estando o espaço de intervenção entre cidades, o ambiente residencial e a estrutura verde relacionam-se de forma a criar oportunidades de lazer. A disposição dos edifícios e a composição dos aglomerados urbanos visa criar espaços mais privados, mas também espaços públicos abertos e capazes de promover áreas onde os moradores se podem encontram e interagir. A transição entre os aglomerados e o parque é feita através da presença de elevações no terreno.Desta forma, a experiência espacial relacionada com o conceito de criar um viveiro florestal e explorada no Parque Kwekerij pretende ser uma nova estratégia para desenvolver novas paisagens urbanas.

PRÉMIO JOVEM ARQUITECTO PAISAGISTA

por Beatriz Truta

PARK KWEKERIJ um viveiro florestal como estratégia para desenvolver novas paisagens urbanas em Groningen

Autor:Designação do projecto: Park KwekerijLocalização: Groningen, HolandaAno de conclusão: 2014Candidatura ao prémio: Vibeiras/Jornal ArquitecturasCategoria: Estudante

O projecto localiza-se no extremo Oeste de Groningen, na Holanda, numa zona industrial e os seus limites estão definidos por sólidas infra-estruturas e elemen-tos naturais, como o Canal Hoendip. A análise da área da antiga fábrica de pro-dução de açúcar revela o potencial de um espaço que actualmente tem acesso limitado, para se transformar num novo ponto focal no tecido urbano.A nova proposta de desenvolvimento urbano ‘Park Kwekerij’ combina o potencial de ambos os cenários e suporta um movimento que liga áreas urbanas e verdes existentes em Groningen. Ao mesmo tempo o espaço irá fornecer um carácter diferente para a cidade que poderá ser benéfico a longo prazo e desenvolver-se a diferentes níveis.Uma vez que o Município de Groningen não tem planos para construir na zona nos próximos 15-20 anos, torna-se possível trabalhar no sentido de uso tem-porário, de forma a melhorar os processos ecológicos e sociais existentes no espaço e incluir um programa para futuras áreas residenciais. A plantação do viveiro florestal é utilizada como estratégia de desenvolvimento urbano que, por um lado, disponibiliza ao município uma provisão arbórea para outros projectos e, por outro, contém uma identidade em evolução e ambiente urbano verde em si.Corredores de jovens árvores de espécies variadas são plantados em linhas de produção de monoculturas com variações de largura. Na fase de estabelecimen-to, as plantações criam linhas e espaços abertos que se tornarão mais visíveis à medida que as árvores crescem. Para contrastar com as linhas rectilíneas, áre-as com vegetação existente são mantidas de forma a preservar uma estrutura verde que se relaciona com a história da fábrica e dos edifícios existentes, e a assegurar elementos de vegetação consideráveis desde o início.Novos espaços vão surgir e desenvolver-se à medida que a grelha se trans-forma, através do transplante de árvores. A experiência espacial única de um viveiro florestal cria um parque urbano que existe no limiar entre a monotonia e dinâmica. Este parque torna-se numa nova tipologia na experiência de difer-entes paisagens e usos no limite do município, entre cidade, indústria e agricul-tura e, além disso, uma ferramenta estratégica para criar uma nova identidade para a área como espaço público.

CONSTRUÇÃO E PAISAGEM // MATERIAL E TEXTURAA relação entre o ambiente residencial e a estrutura verde é próxima e confere diferentes oportunidades de lazer e atividade.No interior dos aglomerados urbanos, os utilizadores têm acesso a um espaço mais priva-do para a sua vida quotidiana. Os edifícios estão dispostos em torno da estufa e criam um espaço público aberto que é o centro onde os moradores se podem encontrar e interagir perto do seu espaço privado.As espécies em mudança e diversas estruturas verdes plantadas criam espaços existentes que variam entre mais denso ou mais aberto. A memória de um local industrial reflecte-se onde a vegetação existente e não cultivada surge e concede aos utilizadores uma experiên-cia diferente que rompe a estrutura do parque e oferece volumes distintos.

PLANO GERAL // ESCALA 1:1500

PAISAGEM // explorar o limite da cidade FISSURAS // pós-produçãoUSO ANTERIOR // produção

A Espinha Verde // Define a área juntamente com o ‘Stadspark’ a Sul e a zona húmida a Oeste, grandes espaços reacreativos acessíveis de várias zonas res-idenciais e comerciais da cidade.

A Ligação Urbana // Define o potencial de uma es-trutura urbana que irá unir áreas residenciais na orla da cidade com a habitação no centro através de negócios/zonas comerciais a Norte e Sul do espaço.

Agricultura e Indústria // A antiga produção de açúcar confere ao es-paço uma identidade industrial forte.

Sucessão // Novos contextos ecológicos e sociais estão a surgir no es-paço, na antiga paisagem industrial e edíficios.

Existente // Actividades estão a tomar lugar dentro e em torno dos edífi-cios. Nova vegetação está a surgir das fissuras da antiga superfície.

Início // O novo viveiro é estabelecido nas condições existentes. A in-fra-estructura é inspirada nas fissuras presentes no pavimento. Estufas são introduzidas como ponto de partida para o futuro edificado.

Transplante // A estrutura do viveiro irá tornar-se menos rígida ao longo do tempo e novos espaço surgem por meio de diferentes estratégia de transplante.

Viver // A estrutura edificada é desenvolvida em áreas residenciais à vol-ta das estufas, que têm função comunitária.

O antigo espaço da fábrica de açúcar é agora um antigo viveiro habitada es-tudantes e famílias jovens, por exemplo. A área tem uma forte paisagem e iden-tidade residencial e constitui uma parte importante nos contextos verdes e ur-banos em Groningen.

Potencial

Início

Grelha de plantação

Transplante

Declínio

Novo Ambiente Urbano

CONCEITO // ESTRATÉGIA

Colheita de sementes de área verdes existentes em Groningen.

Quatro estufas são estabelecidas pelo município em núcleos urbanos. As est-ufas são a base do estabelecimento do viveiro.

As árvores são plantadas em linhas de monoculturas criando uma forte marca no espaço.

À medida que as árvores mais desenvolvidas são transplantadas para a ci-dade, novas qualidades espaciais surgem na estrutura. A dissolução da grel-ha cria espaços de circulação e novas possibilidades de uso recreativo.

O modo de produção do viveiro está num ponto de finalização. No-vos processos e estruturas estão a interferir com a restante es-trutura do viveiro. Ao longo do tempo, vestígios do viveiro serão encontrados mais ou menos expostos por toda a área.

As árvores são replantadas por Groningen, em parques, arruamen-tos e outros projectos urbanos em desenvovlimento. As árvores podem ser marcadas com pequenas placas que indiquem a sua origem e espécie, de forma a criar uma ligação forte entre a cidade e o espaço.

New use from year 2 // As estufas são um con-dutor para actividades e usos temporários nos aglomerados urbanos. As áreas são fortaleci-dades como espaço pú-blico.

Viver // Os aglomerados urbanos são habitados. As estufas são utilizadas como espaços comunitários.

Rep

lant

ação

na

cida

de

Visualização // O deck em madeira funciona como ponto de acesso à nova ponte e ao parque, onde os aglomerados urbanos se encontram junto aos antigos edíficos da fábrica.Visualização // A praça central dentro do aglomerado urbano industrial onde a estufa e o espaço aberto funcion-am como ponto de encontro para a comunidade.

Plano de detalhe // Escala 1:1500Corte // aA

a A

Casas flutuantes Aglomerado aquático Estrutura verde

Corte // bB

b

B

Linha-de-ferro LAAN 1940-45 Floresta Aglomerado florestal Estrutura verde

Deck de madeiraGranito

Prado floridoCoryllus avellanaLarix

PinusMalus sylvestris

AsfaltoGranito

Larix

BetulaGravilha

QuercusPinus

DesnívelPraça pública Estufa Plateau

Infraestructura local e regional Caminho Área de estacionamento Praça pública Caminho principal

VIVER NA PAISAGEM // MATERIAL E TEXTURAA nova tipologia do edificado está fixada nos aglomerados residenciais como blocos de apartamentos de 2-3 andares. Os aglomerados urbanos são enfatizadas como áreas res-idenciais, onde a elevação do terreno faz a transição entre a paisagem do parque e os aglomerados, quer a entrada seja feita a partir do caminho principal ou da estrutura verde.Através dos caminhos principais, a entrada para os aglometados é experimentada pela ligeira diferença de cota e uma mudança no material da superfície. Ao longo do parque do terreno é criado em plateaus elevados com placas de betão em pequenos muros de re-tenção de 20 centímetros.Para aumentar a contribuição dos residentes em relação ao domínio público dentro de casa aglomerado, o primeiro meio metro desde a fachada no espaço público é livre para ser equipado com pequenos elementos. Do ponto de vista da paisagem, é possível contribuir usando os plateaus como pequenas áreas de jardim.

0 10 50 m

PARK KWEKERIJ um viveiro florestal como estratégia para desenvolver novas paisagens urbanas em Groningen

Autor:Designação do projecto: Park KwekerijLocalização: Groningen, HolandaAno de conclusão: 2014Candidatura ao prémio: Vibeiras/Jornal ArquitecturasCategoria: Estudante

O projecto localiza-se no extremo Oeste de Groningen, na Holanda, numa zona industrial e os seus limites estão definidos por sólidas infra-estruturas e elemen-tos naturais, como o Canal Hoendip. A análise da área da antiga fábrica de pro-dução de açúcar revela o potencial de um espaço que actualmente tem acesso limitado, para se transformar num novo ponto focal no tecido urbano.A nova proposta de desenvolvimento urbano ‘Park Kwekerij’ combina o potencial de ambos os cenários e suporta um movimento que liga áreas urbanas e verdes existentes em Groningen. Ao mesmo tempo o espaço irá fornecer um carácter diferente para a cidade que poderá ser benéfico a longo prazo e desenvolver-se a diferentes níveis.Uma vez que o Município de Groningen não tem planos para construir na zona nos próximos 15-20 anos, torna-se possível trabalhar no sentido de uso tem-porário, de forma a melhorar os processos ecológicos e sociais existentes no espaço e incluir um programa para futuras áreas residenciais. A plantação do viveiro florestal é utilizada como estratégia de desenvolvimento urbano que, por um lado, disponibiliza ao município uma provisão arbórea para outros projectos e, por outro, contém uma identidade em evolução e ambiente urbano verde em si.Corredores de jovens árvores de espécies variadas são plantados em linhas de produção de monoculturas com variações de largura. Na fase de estabelecimen-to, as plantações criam linhas e espaços abertos que se tornarão mais visíveis à medida que as árvores crescem. Para contrastar com as linhas rectilíneas, áre-as com vegetação existente são mantidas de forma a preservar uma estrutura verde que se relaciona com a história da fábrica e dos edifícios existentes, e a assegurar elementos de vegetação consideráveis desde o início.Novos espaços vão surgir e desenvolver-se à medida que a grelha se trans-forma, através do transplante de árvores. A experiência espacial única de um viveiro florestal cria um parque urbano que existe no limiar entre a monotonia e dinâmica. Este parque torna-se numa nova tipologia na experiência de difer-entes paisagens e usos no limite do município, entre cidade, indústria e agricul-tura e, além disso, uma ferramenta estratégica para criar uma nova identidade para a área como espaço público.

CONSTRUÇÃO E PAISAGEM // MATERIAL E TEXTURAA relação entre o ambiente residencial e a estrutura verde é próxima e confere diferentes oportunidades de lazer e atividade.No interior dos aglomerados urbanos, os utilizadores têm acesso a um espaço mais priva-do para a sua vida quotidiana. Os edifícios estão dispostos em torno da estufa e criam um espaço público aberto que é o centro onde os moradores se podem encontrar e interagir perto do seu espaço privado.As espécies em mudança e diversas estruturas verdes plantadas criam espaços existentes que variam entre mais denso ou mais aberto. A memória de um local industrial reflecte-se onde a vegetação existente e não cultivada surge e concede aos utilizadores uma experiên-cia diferente que rompe a estrutura do parque e oferece volumes distintos.

PLANO GERAL // ESCALA 1:1500

PAISAGEM // explorar o limite da cidade FISSURAS // pós-produçãoUSO ANTERIOR // produção

A Espinha Verde // Define a área juntamente com o ‘Stadspark’ a Sul e a zona húmida a Oeste, grandes espaços reacreativos acessíveis de várias zonas res-idenciais e comerciais da cidade.

A Ligação Urbana // Define o potencial de uma es-trutura urbana que irá unir áreas residenciais na orla da cidade com a habitação no centro através de negócios/zonas comerciais a Norte e Sul do espaço.

Agricultura e Indústria // A antiga produção de açúcar confere ao es-paço uma identidade industrial forte.

Sucessão // Novos contextos ecológicos e sociais estão a surgir no es-paço, na antiga paisagem industrial e edíficios.

Existente // Actividades estão a tomar lugar dentro e em torno dos edífi-cios. Nova vegetação está a surgir das fissuras da antiga superfície.

Início // O novo viveiro é estabelecido nas condições existentes. A in-fra-estructura é inspirada nas fissuras presentes no pavimento. Estufas são introduzidas como ponto de partida para o futuro edificado.

Transplante // A estrutura do viveiro irá tornar-se menos rígida ao longo do tempo e novos espaço surgem por meio de diferentes estratégia de transplante.

Viver // A estrutura edificada é desenvolvida em áreas residenciais à vol-ta das estufas, que têm função comunitária.

O antigo espaço da fábrica de açúcar é agora um antigo viveiro habitada es-tudantes e famílias jovens, por exemplo. A área tem uma forte paisagem e iden-tidade residencial e constitui uma parte importante nos contextos verdes e ur-banos em Groningen.

Potencial

Início

Grelha de plantação

Transplante

Declínio

Novo Ambiente Urbano

CONCEITO // ESTRATÉGIA

Colheita de sementes de área verdes existentes em Groningen.

Quatro estufas são estabelecidas pelo município em núcleos urbanos. As est-ufas são a base do estabelecimento do viveiro.

As árvores são plantadas em linhas de monoculturas criando uma forte marca no espaço.

À medida que as árvores mais desenvolvidas são transplantadas para a ci-dade, novas qualidades espaciais surgem na estrutura. A dissolução da grel-ha cria espaços de circulação e novas possibilidades de uso recreativo.

O modo de produção do viveiro está num ponto de finalização. No-vos processos e estruturas estão a interferir com a restante es-trutura do viveiro. Ao longo do tempo, vestígios do viveiro serão encontrados mais ou menos expostos por toda a área.

As árvores são replantadas por Groningen, em parques, arruamen-tos e outros projectos urbanos em desenvovlimento. As árvores podem ser marcadas com pequenas placas que indiquem a sua origem e espécie, de forma a criar uma ligação forte entre a cidade e o espaço.

New use from year 2 // As estufas são um con-dutor para actividades e usos temporários nos aglomerados urbanos. As áreas são fortaleci-dades como espaço pú-blico.

Viver // Os aglomerados urbanos são habitados. As estufas são utilizadas como espaços comunitários.

Rep

lant

ação

na

cida

de

Visualização // O deck em madeira funciona como ponto de acesso à nova ponte e ao parque, onde os aglomerados urbanos se encontram junto aos antigos edíficos da fábrica.Visualização // A praça central dentro do aglomerado urbano industrial onde a estufa e o espaço aberto funcion-am como ponto de encontro para a comunidade.

Plano de detalhe // Escala 1:1500Corte // aA

a A

Casas flutuantes Aglomerado aquático Estrutura verde

Corte // bB

b

B

Linha-de-ferro LAAN 1940-45 Floresta Aglomerado florestal Estrutura verde

Deck de madeiraGranito

Prado floridoCoryllus avellanaLarix

PinusMalus sylvestris

AsfaltoGranito

Larix

BetulaGravilha

QuercusPinus

DesnívelPraça pública Estufa Plateau

Infraestructura local e regional Caminho Área de estacionamento Praça pública Caminho principal

VIVER NA PAISAGEM // MATERIAL E TEXTURAA nova tipologia do edificado está fixada nos aglomerados residenciais como blocos de apartamentos de 2-3 andares. Os aglomerados urbanos são enfatizadas como áreas res-idenciais, onde a elevação do terreno faz a transição entre a paisagem do parque e os aglomerados, quer a entrada seja feita a partir do caminho principal ou da estrutura verde.Através dos caminhos principais, a entrada para os aglometados é experimentada pela ligeira diferença de cota e uma mudança no material da superfície. Ao longo do parque do terreno é criado em plateaus elevados com placas de betão em pequenos muros de re-tenção de 20 centímetros.Para aumentar a contribuição dos residentes em relação ao domínio público dentro de casa aglomerado, o primeiro meio metro desde a fachada no espaço público é livre para ser equipado com pequenos elementos. Do ponto de vista da paisagem, é possível contribuir usando os plateaus como pequenas áreas de jardim.

0 10 50 m

7

Page 8: PLANEAR - Revista Nº4

8

No passado dia 14 de Janeiro, pelas 18h, na Reitoria da Universidade do Porto, decorreu uma Homenagem a Ilídio de Araújo, um ano após a sua morte. A cerimónia foi presidida pela Arquitecta Paisagista Teresa Andresen, que de uma forma afetuosa falou do arquiteto paisagista, do engenheiro agrónomo e do colega Ilídio de Araújo.

A Arquitecta Paisagista Teresa Andresen, fez questão de lançar a pergunta aos presentes de como o próprio homenageado reagiria a esta homenagem, fazendo questão de ler uma carta de agradecimento, bem-humorada, que o próprio escrevera a um amigo, ali presente na sala, por ocasião de uma outra homenagem em vida. Segundo a arquitecta Teresa Andresen, esta carta, espelha bem o seu próprio caráter.

O momento foi também de apresentação da edição não comercial da fotobiografia ”A arquitectura paisagista em Ilídio Alves de Araújo: uma fotobiografia”, feita em sua homenagem, pelo seu amigo e colega o Arquitecto Paisagista Fernando Pessoa (primeiro presidente do antigo Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagística).

Após o Arquitecto Fernando Pessoa proferir algumas palavras acerca da obra e do homem, procedeu-se à projeção de um excerto de uma entrevista a Ilídio de Araújo por Ana Sousa Dias em 2003, cedida pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Posto isto, tomou a palavra o filho, Francisco, de Ilídio de Araújo que se mostrou bastante agradado pelo ato de homenagem que ali teve lugar, e o que teria lugar no dia seguinte em Lisboa, precisamente um ano após o seu desaparecimento.

Por fim, realizou-se um “Porto de Honra” e a aquisição das Fotobiografias por parte dos interessados. Ao evento compareceram vários amigos, colegas, familiares e ilustres da Arquitetura Paisagista e do panorama nacional, como a CCRN e contando com o apoio do Centro Nacional da Cultura e da APAP.A PLANEAR também se fez representar, homenageando e demonstrando respeito e admiração pelo trabalho e pela pessoa de Ilídio Alves de Araújo.

ÍLIDIO ARAÚJOHomenagem na Reitoria da Universidade do Porto

por Daniela Santos

 

Arq.  Pais.  Fernando  Pessoa  na  Homenagem  a  Ilídio  de  Araújo.  

Capa  doa  Fotobiografia  de  Ilídio  de  Araujo  

 

Arq.  Pais.  Fernando  Pessoa  na  Homenagem  a  Ilídio  de  Araújo.  

Capa  doa  Fotobiografia  de  Ilídio  de  Araujo  

Page 9: PLANEAR - Revista Nº4

9

É com todo o prazer e entusiasmo que o Núcleo de Arquitectura Paisagista do Instituto Superior de Agronomia convida todos os estudantes de Arquitectura Paisagista e profissionais no âmbito da paisagem a participarem no Encontro Nacional de Estudantes de Arquitectura Paisagista (ENEAP), que irá decorrer entre 28 de Abril e 1 de Maio, no Instituto Superior de Agronomia.

Esta edição do ENEAP tem como tema: “Da Infraestrutura ecológica ao espaço verde urbano”.

No contexto em que vivemos, caracterizado por uma uma série de questões como a crescente pressão humana sobre os recursos naturais, crescimento populacional, escassez hídrica, perda de biodiversidade, impermeabilização excessiva do solo urbano, entre outros, torna-se evidente o potencial da infraestrutura ecológica, nomeadamente ao nível urbano, para contribuir para a resolução destas questões.

Este encontro visa abordar estes assuntos bem como o possível papel do Arquitecto paisagista neste contexto, através de palestras, visitas de campo e outras actividades, num ambiente informal que previligia o convívio e a troca de ideias entre estudantes de diferentes universidades e profissionais da área.

Ficamos à vossa espera!

A Equipa do NAPISA

Inscrições: | Atenção que as inscrições acabam dia 25 de Abril!

| Modalidade de Inscrição| 20€ Completo (Inclui: Alojamento 3 noites; Alimentação; Visitas + Transporte)| 5€ Ciclo de Conferências e Workshop| 13€ Dia de Visita (Inclui: Alimentação e Transporte)| KIT do ENEAP (T-shirt; Saco de Pano e Lápis- 5€) e/ou Sweat ENEAP (10€ )

ENEAP 2016Encontro Nacional de Estudantes de AP

por NAPISA

Page 10: PLANEAR - Revista Nº4

APPACDM Porto

por Renata Duarte

10

Em 2012, pouco depois de ter acabado o mestrado em Arquitetura Paisagista na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, recebi um telefonema e do outro lado ouvi um convite para elaborar um projeto para uma Horta urbana na cidade do Porto, com o apoio da Lipor. Prontamente respondi que SIM (era o “meu primeiro projeto a sério”) e sem perceber bem o que me esperava reuni passado uns dias com o Dono de obra e com a empresa que iria fazer a construção da obra. Durante o decorrer da reunião percebi que iria ser um desafio, uma vez que teria apenas uns dias para elaborar a conceção e a execução do projeto, pois a APPACDM-Porto não detinha os fundos necessários para a construção da horta e necessitava de ter uma estimativa orçamental o mais aproximado da realidade possível, bem como de todos os planos e “imagens bonitinhas” do projeto, para se poder candidatar a projetos de apoio social cujo prazo de envio de candidaturas estava a terminar.

Prontamente se elaborou um projeto de horta comunitária, cuja intervenção tem como objetivo incentivar e dinamizar o convívio entre a população dos bairros de Aldoar e Fonte da Moura, em Aldoar, bem como combater o isolamento da população mais envelhecida destas zonas e integrar na comunidade os utentes da instituição com deficiência mental. Tem ainda como objetivo promover a convivência e partilha de saberes entre gerações, melhorar a economia doméstica das pessoas carenciadas e colmatar dificuldades de utentes carenciados, uma vez que a produção se destina para consumo próprio. Estima-se que esta horta comunitária, de cultivo biológico, tenha um impacto direto em cerca de 300 pessoas.

O projeto foi traçado para toda a área de terreno disponibilizado pela APPACDM-Porto e posteriormente dividido em duas fases de construção. Atualmente só foi construída a parcela com maior dimensão onde foram aproveitadas as contrapartidas naturais que o terreno proporcionava, mas com algumas alterações de cotas, para que fossem compatíveis com os novos usos e garantindo assim as condições de drenagem do solo necessárias. O desenho alia-se a uma forma e traço simples, com eixos unicamente funcionais e de acessos necessários e fundamentais à estrutura do espaço, com uma preocupação no acesso às hortas das pessoas com mobilidade reduzida.

O projeto “Horta do Britinho” da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental – APPACDM Porto, foi um dos projetos vencedores da Edição EDP Solidária de 2013, na categoria Hortas Solidárias, e foi então construída em 2014 pela Verdeprospero.

Atualmente é constituída por 33 talhões com cerca de 23m2 de terreno cultivável, num espaço vedado, com um corredor arbustivo de proteção que delimita a área da Horta comunitária e preserva o estrato arbóreo existente. Os talhões estão equipados com um compostor individual, para compostagem caseira e utilização do produto final na horta e ainda com diversos pontos de água de utilização comum. A Horta do Britinho está ainda equipada com duas estufas de grandes dimensões para produção de hortícolas e armazenamento de alfaias agrícolas. Existe ainda na área um pequeno terreno com projeto aprovado para uma futura expansão da horta.

HORTA DO BRITINHO

Page 11: PLANEAR - Revista Nº4

11

Page 12: PLANEAR - Revista Nº4
Page 13: PLANEAR - Revista Nº4
Page 14: PLANEAR - Revista Nº4

14

Um espaço verde, independentemente da sua dimensão e forma, deve responder ao seu objetivo mais premente enquanto espaço para ser vivido e desfrutado. No entanto, aliado a esta premissa, o contexto em que o espaço está inserido pode e deve determinar a sua composição e narrativa. Os projetos “Make a Wish” e “Água, 1 Ano no Jardim” foram idealizados para integrar a 11a edição do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima com o tema “A Água no Jardim”, facto que determinou a narrativa de ambos os jardins.

MAKE A WISH

O Jardim Make a Wish nasceu da reflexão acerca de como o elemento água poderia ser representado no jardim, de forma a respeitá-lo e evidenciá-lo, criando um espaço atrativo e principalmente interativo. Surgiu assim, a ideia de evocar a tradição de pedir um desejo na presença de um elemento de água aliada ao ato de soprar um dente- de-leão na esperança que o mesmo se concretize. Com o intuito de criar uma perfeita harmonia com o tema, surge no espaço um traçado biomórfico e naturalista, que

retrata as linhas sinuosas da natureza, assim como evoca o movimento da água, inspirado nas ondas do mar.O espaço é composto por três principais elementos: um lago central, envolvido por um banco de madeira, e um conjunto de estruturas escultóricas que mimetizam dentes-de-leão e estão destinados à colocação de cartões, onde os utilizadores podem escrever os seus desejos e, simultaneamente, marcar a sua presença, deixando um pouco de si e levando consigo um pouco do espaço. A envolver o lago encontra- se um banco de madeira, acompanhado por estruturas de madeira que transmitem verticalidade ao espaço e embelezam-no ao sustentarem elementos de renda que, para além de criarem um reflexo na água, evocam o artesanato tradicional de Ponte de Lima. Toda a magia deste espaço começou logo na primeira ida ao terreno ainda vazio mas cheio de oportunidades. Ao longo de 5 meses de construção vimos o jardim crescer e refletir toda a nossa ideia, não era mais um terreno vazio, mas sim um espaço à espera de receber todas as pessoas, de qualquer idade com gosto pela arte dos jardins. Vimos os primeiros cartões a serem colocados e as primeiras crianças a correr e saltar pelo banco. Mas a maior surpresa ainda estava para chegar, quando, ao longo dos meses de Verão os visitantes deixaram mais do que uma marca no jardim, mas adaptaram- no à sua presença ao expandirem os seus desejos por todos os locais do jardim, ramos, grades, rendas, flores ...No final, conseguimos um espaço que apesar de ser desenhado por nós, deu liberdade aos que o visitaram de o pintarem à sua maneira.

A água no jardim

por Beatriz Truta e Ana Luisa Paulo

11º FESTIVAL DE JARDINS DE PONTE DE LIMA

Page 15: PLANEAR - Revista Nº4

4 muros desenham um quadrado posicionado no centro do lote negro e árido.O espaço interior coberto é fechado/contido entre muros - alusão histórica dos “pairidaeza”. Nas suas paredes as 4 estações do ano surgem em imagens de água. A água ganha vida pela tridimensionalidade de bolhas que rompem da superfície dos muros.No centro geométrico do espaço interior, posiciona-se uma estrutura iluminada de um cubo, simbolicamente um poço de água, alusão histórica , de onde irradiam ortogonalmente 4 canaletes de luz no sentido de cada mural. A espessura de cada canalete é determinada pela intensidade de água da estação correspondente.Na parte exterior das estruturas dos muros e segundo a mesma correspondência na estação do ano, plantam-se 4 jardins com o desenho metafórico de tapetes Persa - alusão histórica e civilizacional dos primeiros jardins conhecidos . Os Tapetes /jardim desenrolam-se e cobrem o espaço, recriando a presença da água através do cenário de cada estação.

ÁGUA, 1 ANO NO JARDIM

“ E o Senhor plantou um jardim, do lado oriental (...) E saía do Paraíso um rio para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços (...) Pison ; (...) Geon; (...) Tigre (...) Eufrates. “Gênesis 2:8-14No séc. V a. C. na região do Médio Oriente e, em particular, na a Pérsia, consolidam-se concepções de jardins.Num contexto desértico, a existência de jardins apenas é possível através da presença da água e do desenvolvimento de técnicas de captação e distribuição (rios, poços,...) e armazenamento (tanques).O deserto é um mundo morto, árido, agreste, quente e ausente de água e, por isso, o jardim representa o seu oposto. O jardim é o lugar da vida, da cor, do diverso, da densidade vegetal e do frescor pela presença da água.Os jardins contêm um elemento de água, por vezes no seu centro, e de onde partem 4 canais de irrigação . Todo o jardim, ou “pairidaeza“ é um espaço encerrado pela barreira física de um muro. A palavra “pairidaeza“ em latim, “paradisus”significa belezas do jardim persa. Genericamente a palavra evoluiu para “ Paraíso “. O Paraíso é um jardim!!! A água apresenta-se no jardim como um elemento vital, e cíclico, diverso em experiências sensoriais, demonstrando diferentes repercussões no seu espaço físico. Propõe-se viver a experiência do efeito da água num ciclo de vida de 1 ano num jardim. Subdivide-se 1 ano em 4 estações. Recriam-se 4 intensidades de água; 4 sonoridades de água; 4 cenários de vegetação ; 4 ambientes texturais e cromáticos.

15

Page 16: PLANEAR - Revista Nº4

16

Pediram-me um texto sobre Teresa Andresen. Difícil tarefa. Já lá vão mais de 20 anos de muitas vivências! E com diversos papéis ao longo destes anos: foi a Arquiteta, a Orientadora, a Investigadora, a Professora, a Catedrática, a Colega, a Amiga...

A Teresa Andresen teve um percurso profissional excecional, sempre com muita iniciativa e dinâmica. “Veste a camisola” dos projetos em que está envolvida, com uma visão invulgar sobre o futuro. Não tem medo de arriscar e da mudança.

Tendo em conta este percurso indiscutivelmente distinto, em 2015, o grupo de docentes de arquitetura paisagista da FCUP propôs o nome da Teresa Andresen para receber o prémio promovido pela ECLAS na categoria de Lifetime Achievement Award., como veio a acontecer na Conferencia Anual da ECLAS em Setembro de 2015.

Julgo que é um bom testemunho do retrato da Teresa Andresen, e por isso deixo-vos com esse texto, que foi elaborado pelos docentes.

“No início da sua carreira Teresa Andresen foi contratada como assistente de Arquitetura Paisagista no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, de 1985 a 1987. De 1987 a 2002 ensinou Planeamento Regional e Urbano na Universidade de Aveiro (professora auxiliar de 1996 -2002 ). Esteve na origem do curso de Arquitetura Paisagista na Universidade do Porto em 2001. A Teresa teve um papel fundamental na orientação e no envolvimento dos estudantes, proporcionando uma elevada qualidade de ensino, investigação e internacionalização do curso. Tornou-se Professora Catedrática em 2007 e deixou de lecionar em 2014.

Para além de Professora foi também uma Arquiteta Paisagista ligada à realidade prática, tendo estada profundamente envolvida em muitas facetas da profissão. Consciente da estreita relação entre educação e prática profissional, foi presidente da Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas (1992-1994) , presidente da EFLA (2004-2007) , vice - presidente da IFLA em 2007, membro do Conselho Científico da Agência Europeia do Ambiente (2002-2008) e vice-presidente desta Agência em 2008.

Os interesses de investigação da Teresa Andresen incluem a teoria e história da arquitetura paisagista. Foi responsável por uma investigação pioneira sobre o trabalho dos primeiros Arquitetos Paisagistas portugueses, sendo designadamente autora da LDT Monograph de Francisco Caldeira Cabral. Dedicou também uma parte significativa da sua atividade ao estudo das paisagens culturais portuguesas. Foi presidente do Instituto da Conservação da Natureza, em 1996-1997 e co-responsável pela equipe que promoveu a inscrição do Alto Douro Vinhateiro na Lista de Património Mundial da UNESCO. Atualmente é membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e perita de Portugal na Comissão Permanente do Património Mundial da UNESCO.

A Teresa Andresen tem sido muito influente, nacional e internacionalmente, ao longo de várias gerações de arquitetos paisagistas, e tem contribuído ativamente para o desenvolvimento da educação formal e da visibilidade da profissão e suas realizações.”

TERESA ANDRESEN

por Maria José Curado

Page 17: PLANEAR - Revista Nº4
Page 18: PLANEAR - Revista Nº4

Entre o Jardim e a Paisagem Urbana - Fundação de Serralves

por Daniela Santos

18

Nos passados dias 1 e 2 de Fevereiro, decorreu no Auditório da Fundação de Serralves a Conferência Internacional “Exposições Internacionais – Entre o Jardim e a Paisagem Urbana: Do Palácio de Cristal do Porto (1865) à Exposição de Paris (1937)”. Nesta estiveram presentes profissionais, investigadores, estudantes e público em geral das mais vastas áreas com interesse pelo desenho das cidades e dos jardins, bem como, pela história do Porto, do Palácio de Cristal e de Serralves.

Após uma breve abertura a cargo de Ana Pinho, Presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, e de Filipe Araújo, Vereador do Pelouro da Inovação e Ambiente, Câmara Municipal do Porto, na qualidade de comissária da conferência, a Arquitecta Paisagista Teresa Marques, efetuou uma breve apresentação da Conferência onde explicou o intuito da mesma, ou seja, abordar o contributo das Exposições Internacionais para o desenho e construção do espaço exterior, desde o jardim à cidade, a partir dos jardins do Palácio de Cristal do Porto, passando pela Exposição Internacional de Paris de 1937, planeada por Jacques Gréber, autor do projeto para o Parque de Serralves, fazendo assim a ponte entre o contributo das Exposições Internacionais e a vida contemporânea do Porto e, consequentemente, do país.

Do painel de comunicações da manhã fizeram parte Filipa Lowndes Vicente, Investigadora, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa com o tema “À procura do progresso entre o Porto e a Europa: caminhos-de-ferro, fotografia e exposições”, Marc Treib, Professor Emérito, University of California, Berkeley (USA) com “A Exposição Internacional: Plano, Pavilhão, Corolário” e por fim, Kate Colquhoun, Escritora e Historiadora (UK) com “Dos Jardins aos Palácios de Vidro: Joseph Paxton e a Inspiração da Natureza”. A manhã terminou com um debate com todos os intervenientes e moderado por João Almeida, Diretor do Parque de Serralves. Após o almoço, seguiram-se as comunicações “O Porto em meados do século XIX. Progresso e tradição entre rutura e continuidade” apresentada por Jorge Ricardo Pinto, Professor Coordenador, Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo e “Jardins do Palácio de Cristal do Porto. Inovação, experimentação e influência” por Teresa Marques, desta vez na qualidade de Professora Auxiliar, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Para finalizar o primeiro dia de conferência, realizou-se uma acesa Mesa Redonda subordinada ao tema: “E o Porto 150 anos depois?”, onde foram expostas várias questões por parte do público e

Bloco  de  Conferêncistas  da  Mesa  Redonda  repectivamente.  .    

CONFERÊNCIA: EXPOSIÇÕES INTERNACIONAIS

Page 19: PLANEAR - Revista Nº4

discutidas opiniões e preocupações. Esta contou com a moderação da Arquitecta Paisagista Teresa Andresen (ao centro na fotografia) e a participação de Filipe Araújo, Helena Madureira, Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Paulo Araújo, Professor Associado, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto (na fotografia, respetivamente da esquerda para o centro) e Nuno Grande, Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, bem como pelos oradores da tarde: Teresa Marques e Jorge Ricardo Pinto (respetivamente do centro para a direita).

O segundo dia de Conferência iniciou-se com uma comunicação intitulada de “A Exposição de 1867, um marco para as cidades e os jardins franceses” por Stéphanie de Courtois, Professora Auxiliar, École Nationale Supérieure d’architecture de Versailles (FR), seguida de “O Jardim no Planeamento Urbano no contexto das Exposições Internacionais. O trabalho de JCN Forestier em Paris, Sevilha e Barcelona” por Bénédicte Leclerc, Arquiteta e Historiadora (FR).Após uma breve pausa, retomou-se a ordem dos trabalhos com “O fim de um estilo-tipo nas Exposições Internacionais: Jacques Gréber, arquiteto-chefe da Exposição Internacional de Paris de 1937” por Danilo François Udovicki-Selb, Professor Associado, School of Architecture, University of Texas at Austin (USA) e “Os Jardins na Exposição de 1937: Entre a Horticultura e o Urbanismo. Rumo à Arquitetura Paisagista?” por Bernadette Blanchon, Professora Associada, École Nationale Supérieure de Paysage, Versailles (FR).

Teve ainda lugar um debate entre o público e os conferencistas da manhã com a moderação de Cristina Castel-Branco, Professora Associada do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e por Nuno Grande. Seguidamente, procedeu-se à cerimónia protocolar de encerramento pelo excelentíssimo João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente.

As conferências terminaram com visitas guiadas aos espaços verdes que estiveram direta e indiretamente, sobre análise ao longo destes dois dias, ao Parque de Serralves por João Almeida e aos Jardins do Palácio de Cristal por Paulo Farinha Marques, Professor Associado da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O balanço dos dois dias de conferência foi bastante positivo e com comunicações de elevada qualidade que apresentaram contributos importantíssimos para os temas em discussão e no traçado de um novo entendimento acerca dos jardins e espaços verdes públicos do Porto.

19

Page 20: PLANEAR - Revista Nº4

20

Se a vida te der limões, faz limonada, diz a sabedoria popular. Mas nos dias que correm já há quem diga que o melhor mesmo é fazer uma caipirinha. A vida é feita de opções: umas melhores, outras piores, umas menos boas e, outras, nem boas nem más. Quanto a mim esforço-me para tirar algum sumo de cada limão que me vai aparecendo pelo caminho. Terminei a minha licenciatura em Arquitetura Paisagista em 2008, fiz parte da terceira fornada de Arquitetos Paisagistas da FCUP a entrar no mercado. Comecei a trabalhar com o Arquiteto Luís Guedes de Carvalho como estagiária, e por lá continuei por mais dois anos. Nessa primeira experiência profissional fiz um pouco de tudo mas, acima de tudo, aprendi muito: trabalhei com muitos jovens paisagistas, trocando cafés, limonadas, caipirinhas, aprendizagens, ensinamentos, dúvidas e certezas... E foi nessa empresa, que hoje é o Atelier do Beco da Bela Vista, que dei o pontapé de saída para esta andança das regas. Porquê? Porque teve de ser.

A certa altura era preciso fazer um projeto de rega para uma praça em Santo Tirso e ninguém teve coragem de pegar naquela ‘maldita’ rega. São as voltas da vida: quando menos esperas há que saber espremer o sumo dos limões que te aparecem no caminho. Hoje em dia sorrio quando penso nisso. Era um projeto da ‘treta’, na realidade era mesmo um projeto de ‘caca’ (os mais sensíveis que me desculpem os termos): cinco ou seis rectângulos para colocar pulverizadores e meia dúzia de arbustos para regar com gota-a-gota. Parece que demorei meia vida para fazer aquele projeto. Chamar-lhe projeto talvez seja um exagero! Quanto muito um esboço, um esquiço... Bem, talvez apenas uns quantos rabiscos de rega. Mas bom, foi logo após essa limonada, que tinha parecido tão azeda na altura, que comecei a pensar: se ninguém faz Projetos de Rega poderia ser eu a salvadora/heroína/defensora das regas do Porto e arredores? Confesso que era um pensamento capaz de massajar qualquer ego profissional e o meu não era exceção. Por isso, arregacei as mangas e dei o peito às regas.

Comecei por uma formação específica num curso de três dias com uma das maiores marcas de material de rega; de seguida fiz uma formação de quatro dias com o meu Mestre Jedi das regas, o Eng.º Bartolomeu Perestrello. Deixei os medos de lado, e comecei a ser projetista de sistemas de

rega como freelancer para os Paisagistas do Porto. Um ano de andanças, com projetos pequenos, projetos maiores, e um belo Parque, que hoje continua a regar bem de saúde (e acima de tudo a não meter água). No final de 2011, com a angústia tão característica do freelancer e com as contas à perna – essas desgraçadas sempre certas – coloquei um termo à minha curta carreira de liberdade profissional e comecei a mandar CV’s para empresas ligadas à rega. Com alguma surpresa minha – pois não tinha concorrido a nenhuma vaga – ligaram-me da Gustavo Cudell para uma entrevista. Ao que parece, o meu portefólio de rega já era jeitoso sem que eu sequer me tivesse ainda apercebido disso.

Em Janeiro de 2012 comecei então a trabalhar com a Cudell, um grupo de empresas que celebrou no ano passado 60 anos, como projetista de Sistemas de Rega da zona norte. E, com muito orgulho e grandes olheiras, posso dizer que contabilizei 800 projetos em cerca de dois anos. Entretanto mudou a maneira como os Projetos funcionavam e se organizavam, e comecei a fazer projetos também a nível nacional. Percebemos também que os instaladores não precisavam de plantas organizadas, só queriam um projeto eficiente e que funcionasse. Eu que sempre fui tão organizada no AutoCAD, e eles que não ligavam patavina a isso… Foi uma facadinha no meu ego profissional, mas logo percebi que a adaptação é sempre o melhor remédio. Recebemos projetos com bases de trabalho verdadeiramente artísticas e incríveis: levantamentos de áreas a regar em guardanapos ou em folhas de restaurante gordurosas, fotografias de plantas com o napron a fazer o enquadramento. A verdade é que cada projeto trazia uma história para contar e eu apaixonei-me por isso.

Assim escrito e à posteriori parece sempre fácil, mas não o foi. Eu era apenas uma Arquiteta Paisagista no meio de uma força comercial de Jedis. Depois de algumas cabeçadas percebi: ser Arquiteto Paisagista neste ramo da rega é, acima de tudo, ser polivalente. Devagarinho fui construindo o meu caminho e, hoje, sinto-me perfeitamente enquadrada e como parte de um todo que trabalha em conjunto.Aprendi que a parte comercial precisa da técnica e a técnica precisa da parte comercial.O meu trabalho na Cudell é, e será sempre, um desafio.

Uma experiência profissional na área da rega

por Ana Lindeza

E DEPOIS DA FACULDADE?

Page 21: PLANEAR - Revista Nº4

21

Hoje em dia fazemos menos projetos, mas os que fazemos sabemos que saem do papel. O meu trabalho está em constante mudança, o que me desafia e faz crescer profissionalmente. Criámos um departamento de Projetos onde colaboro com todos os comerciais fazendo projectos para os que operam a nível nacional e para os que operam a nível internacional. Contribuo com a realização de catálogos das nossas cinco áreas de negócio: Rega de Espaços Verdes, Rega Agrícola, Condução de Água, Piscinas e Bombas, na elaboração de textos/tabelas técnicas e na realização de esquemas técnicos de apoio aos instaladores. Este ano, o Departamento de Projetos passou a Departamento de Projetos e Formação, com a criação da Universidade Cudell, que acreditamos que virá a ajudar muitos dos interessados em Rega (e não só), que só precisam de um pontapé de saída.Após todas as dificuldades que tive no acesso a informação que ajudasse o meu início de carreira com as regas, sinto que este é um projecto importante.

Para rematar, que este texto já está longo, no que toca a caipirinhas prefiro limões a limas, mas no que toca às opções de caminho tento fazê-las de forma divertida e apaixonada porque “Ser Arquiteto Paisagista também é meter água”.

Page 22: PLANEAR - Revista Nº4

22

No passado dia 20 de Novembro de 2015 realizou-se a tomada de posse dos novos órgãos sociais da PLANEAR – Núcleo de Arquitetura Paisagista do Porto, num dos anfiteatros da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O papel de coordenar o decorrer do evento coube a Ana Rita Lima, presidente da Mesa da Assembleia, a quem se juntou Stephane Azevedo, presidente da Associação de Estudantes e o professor e Arquiteto Paisagista Paulo Farinha Marques.

O presidente da direção cessante, Carlos Dias, relembrou a fragilidade da PLANEAR há dois anos, sendo que um dos principais objetivos desse mandato voltar a colocar a PLANEAR na linha da frente nos assuntos relacionados com a Arquitetura Paisagista em Portugal. A forte presença on-line e nas redes sociais e as diferentes atividades promovidas pela anterior direção aproximaram cada vez mais a associação do seu público-alvo cujo número de sócios tem vindo a crescer. A equipa da PLANEAR, no mandato 2013-2015 organizou a semana de Arquitetura Paisagista, dando oportunidade aos alunos da FCUP de melhorarem os seus conhecimentos acerca de Poda Fitossanidade, Rega, Sketchup e Fotografia numa sequência de Workshops. Comemorou-se o dia Internacional da Floresta com a plantação de um castanheiro nos jardins da Faculdade. Foram, ainda, publicadas 3 edições da Revista PLANEAR, onde constam artigos sobre figuras marcantes da Arquitetura Paisagista em Portugal, projetos vencedores dos alunos da FCUP, reportagens sobre diversas atividades (ECLAS, Jornadas AP-UP e ENEAP) e ainda testemunhos de colegas a estagiar no estrangeiro. Muitas outras foram as atividades e colaborações que a associação fez durante dois anos de mandato.

A nova equipa da PLANEAR, a tomar posse, conta com a presença de vários membros da direção anterior que pretendem dar continuidade ao trabalho realizado nos últimos dois anos, ainda assim, um conjunto de novos membros foram integrados na equipa. Encontram-se em diferentes fases nos seus percursos académicos, tornando a equipa mais dinâmica e diversa. Pretende-se assim aliar a experiência e conhecimentos dos colegas da anterior direção e ex-alunos da faculdade ao contributo dos novos

membros, alguns a dar os seus primeiros passos no mundo do associativismo.

Na presença dos convidados que testemunharam este momento de renovação da equipa, o segundo momento do evento contou com o contributo do Arquiteto Paisagista Paulo Marques a quem agradecemos a presença num momento importante para a vida da associação. O professor mencionou a importância das atividades que estão ao alcance da PLANEAR para a formação dos alunos enquanto fonte de conhecimento e criação de oportunidades de discussão de novas ideias.

Para apresentar a missão para o novo mandato 2015-2017 a presidente da nova direção, Catarina Ferreira, deixou o seu testemunho mencionando os novos desafios que se aproximam ao dar continuidade ao trabalho da anterior direção, procurando aproximar a PLANEAR do seu público-alvo. A associação continuará a ser um vínculo de partilha de conhecimento, tanto para os estudantes como os já profissionais que encontram na FCUP uma porta sempre aberta. A proposta para o próximo mandato é assim, dar respostas cada vez mais integradas entre as entidades relevantes tanto no contexto académico como profissional, defender os interesses dos sócios e contribuir positivamente para o mundo da Arquitetura Paisagista no Porto e em Portugal. Foi lançado o desafio aos estudantes presentes que se envolvam nas atividades associativas, porque Arquitetura Paisagista também é envolvimento, multidisciplinaridade e dinâmica.

Agradecemos aos sócios eleitores o voto de confiança nesta nova direção que assumiu este compromisso e fará tudo para chegar ao fim com sentimento de dever cumprido.

por Beatriz Truta

TOMADA DE POSSE PLANEAR

Page 23: PLANEAR - Revista Nº4

Créditos fotográficos: Beatriz Truta; Professor José Lameiras, Professora Carla Gonçalves

TOMADA DE POSSE PLANEAR

À semelhaça dos anos anteriores a Universidade do Porto organizou a 14ª edição da Mostra da UP. A atividade, que tem lugar no Palácio de Cristal do Porto pretende acima de tudo proporcionar um ponto de encontro informal entre os universitários e os estudantes do ensino básico e secundário que pretendam dar continuidade aos seus estudos. Neste evento, os participantes têm acesso a todos os cursos presentes na Universidade do Porto. Nesta sequência o curso de Arquitetura Paisagista contou novamente com o contributo dos voluntários que dedicaram o seu tempo a partilhar a sua experiência universitária. Este ano a banca de Arquitetura Paisagista contou com a presença de uma coletânea de trabalhos e várias maquetes executadas pelos alunos do curso. No exterior organizaram-se várias visitas guiadas aos Jardins do Palácio de Cristal explorando a importância dos mesmos no contexto da Arquitetura Paisagista em Portugal.

14ª MOSTRA DA UPpor Beatriz Truta

Page 24: PLANEAR - Revista Nº4

24

Na passada sexta feira, dia 29 de Janeiro teve lugar o primeiro workshop organizado pelo Jardim Botânico do Porto em colaboração com os Arquitetos Paisagistas Teresa Matos Fernandes e Ricardo Bravo.O dia começou com as palavras do Arquiteto Paisagista e diretor do Jardim Botânico, Paulo Farinha Marques que apresentou o novo conceito “Workshops no Botânico” como sendo um conjunto de conversas temáticas para partilha de experiências num ambiente informal. A “Gestão de Espaços Verdes” foi a temática abordada neste primeiro workshop, contando com o contributo de diversos oradores com experiências em jardins privados, parques públicos, jardins históricos portugueses e ainda ingleses.

O engenheiro Rui Afonso partilhou com a audiência a sua experiência ao nível da Gestão e Manutenção do Parque da Cidade do Porto. Este espaço integra a rede de espaços verdes do Porto, que partilham equipamentos permitindo assim uma gestão eficiente e económica. O engenheiro salientou a importância do corpo operacional na gestão dos espaços verdes e explicou os modos de organização do mesmo, nomeadamente a divisão das equipas de jardinagem de acordo com a proximidade entre jardins e o seu grau de complexidade. Foi feita referência à importância de conduzir o desenvolvimento de um espaço verde de acordo com o seu conceito paisagístico, facto que se reflete no tipo de manutenção aplicada. A quantidade de eventos e as grandes dimensões de alguns que tomam lugar no Parque da Cidade do Porto são indispensáveis para a o seu funcionamento no entanto são um desafio do ponto de vista da manutenção.

O segundo momento do Workshop contou com o contributo da Arquiteta Paisagista Elsa Isidro em representação da empresa de manutenção Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A. que gere um conjunto extenso de espaços verdes com características muito distintas. Criada em 2000 para reunir as principais instituições responsáveis pela proteção, restauro e conservação da paisagem cultural de Sintra, centra a sua ação no restauro patrimonial com vista a aproximar as populações do paraíso vegetal existente na região, aumentando assim o número de visitantes e consequentemente as receitas indispensáveis na gestão destes espaços. O funcionamento da empresa reflete-se numa equipa multidisciplinar

composta por um leque de equipas especializadas permitindo respostas rápidas a novas necessidades e desafios. Em espaços que recebem cerca de 2 milhões de visitantes os programas de voluntariado têm também o seu peso na gestão e manutenção dos mesmos, nomeadamente ao nível do controlo de invasoras e construção de abrigos para animais.

A Arquiteta Paisagista Ana Luísa Oliveira, terceira oradora da manhã, partilhou a sua experiência na gestão do Jardim da Fundação Serralves. Começou por salientar a importância de compreender primeiro a história do local e consequentemente adaptar as estratégias de gestão e manutenção. A equipa de manutenção do Parque de Serralves é composta por 12 pessoas que se dividem rotativamente pelas cinco zonas de manutenção do mesmo. Esta divisão reflete a complexidade ao nível da composição do parque, por incluir jardins com exigências de manutenção muito distintas, como por exemplo o roseiral e os parterres das matas. Assim, o jardim de Serralves é um exemplo claro da influência que o desenho pode ser nos modos e custos da sua manutenção. A arquiteta paisagista mencionou a importância de sensibilizar os visitantes para o facto de diferentes espaços terem diferentes objetivos e consequentemente distintas formas de manutenção e que em locais onde essa manutenção é menor essa estratégia é assumida muitas vezes com o objetivo de minimizar as perturbações e assim aumentar a biodiversidade dos espaços verdes em meio urbano. Uma vez mais foi referida a importância do voluntariado e o desejo de alguns visitantes em aprender e ocupar os seus tempos livres em experiências mais próximas do mundo natural.

O seguinte momento da manhã contou com a presença do Paisagista João Mariares de Vasconcelos da firma Labirinto – Jardins que abordou mais pormenorizadamente questões relacionadas com a manutenção de jardins privados. João Mariares começou por falar acerca do percurso de formação da firma e os desafios superados relacionados com mudanças sociais que influenciaram a procura por equipas de manutenção ao longo dos últimos anos. Na área dos jardins privados salientou-se a importância do diálogo com os clientes nomeadamente ao nível daquele que pretendem para os seus jardins e o modo como esse desejo se reflete na manutenção necessária.

por Beatriz Truta e Daniela Santos

WORKSHOPS NO JARDIM BOTÂNICO

Page 25: PLANEAR - Revista Nº4

Para terminar a sequência de apresentações, os Arquitetos Paisagistas Teresa Matos Fernandes e Ricardo Bravo falaram da sua experiência enquanto membros das equipas de manutenção de jardins históricos ingleses apresentando dois casos de estudo: Stowe Landscape Garden e Wrest Park. Em ambos os casos o sistema de organização das equipas de manutenção e o elevado grau de conhecimento dos seus membros é o fator base para a eficiência de trabalho. O dia da equipa de manutenção começa com uma reunião de 30minutos onde cada membro apresenta que tarefa pretende desenvolver nesse mesmo dia. Uma vez mais a relevância dos voluntários que integram as equipas fixas de manutenção foi mencionada, sendo que no caso destes jardins ingleses se verificam várias modalidades de voluntariado de acordo com a disponibilidade que cada um possui. A manutenção de jardins históricos ingleses tem logicamente as suas especificidades, com o objetivo máximo de preservar esse mesmo caráter histórico, como por exemplo principais políticas de conservação passam pela abertura de vistas de acordo com a lógica de jardim inglês, a recreação de tipologias de vegetação típicas da época de construção e ainda a manutenção do património genético dos exemplares vegetais.

A manhã terminou com a intervenção da Arquiteta Paisagista Joana Tinoco que apresentou o calendário dos próximos Workshops e respetivas temáticas. Conforme o programado, da parte da tarde, decorreu a “Visita guiada – abordagem crítica à manutenção do Jardim Botânico do Porto” pelo professor Paulo Farinha Marques na qualidade de diretor do Jardim Botânico do Porto. A visita teve início às 15h no lado poente da casa, com uma breve introdução histórica acerca dos jardins e seus proprietários.

Deste ponto iniciou-se a visita crítica em direção ao bosque fronteiro da casa, orla lateral, roseiral e Jardim dos Jotas. Seguiu-se a visita às Estufas onde o diretor deu a palavra aos cuidadores voluntários: Yuri Frias, nos catos e aquáticas e, João Junqueira, nas plantas tropicais e orquídeas. Por fim, prosseguiu-se pela zona do Arboreto e o Jardim do Peixe onde terminou a visita por volta das 18h.

Yuri  Frias  e  João  Junqueira  nas  estufas  dos  catos  e  das  tropicais.  repectivamente.  .    

25

Page 26: PLANEAR - Revista Nº4

26

No dia 19 de Fevereiro de 2016 realizou-se a sétima edição das Jornadas de Arquitetura Paisagista da Universidade do Porto.Este ano comemoram-se os 10 anos de ensino pós-Bolonha e foram convidados 10 antigos alunos do nosso curso (5 graduados pré-Bolonha e 5 pós-Bolonha) com o intuito de dar a conhecer aos atuais estudantes o seu percurso académico e profissional, partilhando experiências e emoções.Este ano, as Jornadas contaram com a organização dos professores José Miguel Lameiras, Isabel Martinho da Silva em colaboração com a PLANEAR. A sessão teve inicio com as palavras do Diretor do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território, professor António Guerner Dias e os dois grandes momentos que tiveram lugar ao longo da tarde contaram com ao contributo dos professores Paulo Farinha Marques e Cláudia Oliveira Fernandes enquanto moderadores.O ensino “pré-Bolonha” inicia-se em 2001 com a abertura do curso de Arquitetura Paisagista na Academia do Porto e estende-se até 2006. Este único ciclo de estudos consistia na obtenção de um grau académico após 5 anos de formação. Desde 2006 a formação divide-se em dois ciclos, a Licenciatura e o Mestrado, o que veio a permitir que um aluno se torne num profissional da área ao fim de 3 anos de formação, no fim da sua licenciatura.A conferência tem início com uma breve apresentação estatística pautada de bom humor feita pelo nosso professor e Arquiteto Paisagista José Lameiras, em que nos dá a conhecer dados factuais do curso na faculdade do período de 2006 a 2016, como por exemplo, a existência, atualmente, de 204 graduados (pós-Bolonha) dos quais 70 são do sexo masculino e 134 do sexo feminino.Para nos contar as suas histórias estiveram presentes alunos de diferentes anos letivos e com percursos bastante diversos. Graças às novas tecnologias foi possível contar com o contributo de antigos alunos que se encontram a trabalhar no estrangeiro. Pré-BolonhaNuno MouraArup, Bristol-Inglaterra; Percurso: Estágio curricular debruçado sobre a recuperação de uma pedreira; Mecanoo, Roterdão-Holanda; Arup, Bristol-Inglaterra: gabinete de engenharia e arquitetura

Ana BragançaPROAP, Luanda-AngolaPercurso: Forma-se em 2006; Erasmus em Copenhaga; Estágio Bairro do Cerco do Porto, forte componente de intervenção social; PROAP , ano e meio em LisboaDebate-se com a falta de reconhecimento e de formação na nossa área em Angola, onde não há enquadramento legal mas imensas oportunidades, e o que pode ser frustrante é também um grande desafio que a faz continuar. Deu aulas em Arquitetura e Urbanismo com consciencialização sobre a Arquitetura Paisagista e fez colaboração com uma revista sobre Arquitetura e Artes.Futuramente espera investir no reforço da gestão.

Diana FernandesBolseira de Doutoramento num projeto de requalificação fluvial de Rio TintoPercurso: Forma-se em 2007; Estágio na Câmara Municipal de Vila do Conde; Criou uma empresa de Jardins VerticaisPós-graduação em Direito do Ordenamento, Urbanismo e Ambiente; Estágio na CCDRC- Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, enquanto responsável pela gestão física e financeira de obras na região Centro.Programa Doutoral em Arquitetura Paisagista e Ecologia Urbana (FCUP + FEUP: Gestão de Recursos Hídricos e Áreas Protegidas)Entre 2012 e 2014 esteve envolvida num Projeto de Investigação do Alto Douro VinhateiroBolsa de Doutoramento atribuída em 2014

Filipe FernandesMunicípio de Caminha, Viana do CasteloPercurso: Forma-se em 2008Estágio no Instituto Nacional de ConservaçãoProfessor substituto em cursos profissionais, website da escola, blog da biblioteca e projeto de reconversão para o espaço exterior da escola, até 2012Cria uma empresa: loja de artigos em segunda mãoParceria com empresa de informática e webdesign, enquanto vendedor, programador e webdesignerFins de 2012 envolve-se na política, cria uma associação jovem onde desempenha um cargo a nível nacionalEm 2013 é diretor de campanha, o partido ganha a câmara e é convidado para o gabinete de apoio à gestão:

por Inês Sousa

7ª JORNADAS DE ARQUITECTURA PAISAGISTA

Page 27: PLANEAR - Revista Nº4

Em 2014 começa a trabalhar na associação MontisEm 2015 integra o projeto da Rota da Água e da PedraSalienta a importância do trabalho no terreno, a criação de uma rede de contactos e a procura de atividades de natureza.

Tiago Bandeira CostaX-ScapesPercurso: Forma-se em 2011Estágio na Câmara Municipal de Gaia, Agricultura Urbana, ribeira de AteãesMenção Honrosa no concurso Slant GardenPart-time na loja da BenettonConcursos (TU PLAZA; logótipo FLUP; Sardinhas de Lisboa)Em 2013 integra a empresa de Arquitetura Paisagista “Viva lá Fora”Edição gráfica para a Conferência ECLASPlano de Ação da Rede Viária Municipal no Alto Tâmega, X-ScapesRealiza atualmente trabalhos de avaliação de espaços verdes e recuperação paisagística para X-Scapes.

Amália MirandaPROAP LisboaPercurso: Forma-se em 2014Estágio na Holanda: confronto com realidades diferentes e desenvolvimento do gosto em viver no estrangeiroVoluntariado em SerralvesPlanear – RevistaEstágio de 3 meses em BerlimEstágio na VOGT, Suiça, durante 1 ano e 3 meses; Tese: Design e representação em AP. Atualmente trabalha para a PROAP em Lisboa, executando projetos a nível internacional.

Conheça uma versão alargada deste artigo no site da PLANEAR:http://www.planear.fc.up.pt/7as-jornadas-ap-up-10-anos-10-testemunhos/

7ª JORNADAS DE ARQUITECTURA PAISAGISTA

recuperação das dunas, ciclovias e candidatura da Foz do rio Minho a Paisagem Protegida, Recuperação da Serra de Arga.Na sua apresentação salienta que mesmo que não se venha a ser um Arquiteto Paisagista, no final do curso estamos dotados de muitas ferramentas para podermos ser “muitas outras coisas”.

Ana Luísa OliveiraSerralvesPercurso: Forma-se em 2009Estágio Curricular em Stowe-Inglaterra, a paixão por jardins históricos. Incidência principal do estágio na jardinagem, o que ao início lhe pareceu desmotivador veio a tornar-se numa “experiência interessante e espetacular” que a muniu de muitas capacidades para a função que exerce atualmente, e que a ajudou a perceber “como o jardim respira”.Estágio Profissional em SerralvesAtualmente, é assistente do diretor do Parque de Serralves. Pós-BolonhaMariana NetoEDP, Rede de DistribuiçãoPercurso: Forma-se em 2010Estágio curricular na Câmara Municipal de OeirasAgência Nacional de Estudos Ambientais, Randstad-HolandaEm 2012 começa a trabalhar para a EDPAtualmente trabalha na Rede de Distribuição da EDP na direção de projeto e construção de linhas e subestações. A sua função é crucial por causa da inexistência de

Filipe TeixeiraFundação Mata do BuçacoPercurso: Forma-se em História de Arte em 2001Forma-se em Arquitetura Paisagista em 2011Estágio em Stowe-Inglaterra, o qual refere como essencialEntre 2012 e 2014 trabalha na Azorina – sociedade de gestão ambiental e conservação da natureza, Açores. Na área do Ordenamento de Território e com projeto para a Lagoa da Furnas e Das 7 cidades, com direito a publicações internacionais, no Japão.Em 2014 torna-se coordenador do setor do Património Edificado e Cultural na Divisão de Administração e Planeamento na Fundação da Mata do Buçaco

João RodriguesMontis – Associação para a Gestão e Conservação da NaturezaPercurso: Forma-se em 2013Estágio na Reserva da Faia BravaResponsável pela execução do percurso da Grande Rota do Vale do CôaGuia de natureza/paisagemVoluntário no Congresso de Territórios Selvagens em Salamanca, onde conheceu profissionais muito importantes e que o influenciaramRecuperação da floresta virgem britânica: Trees for Life – Escócia

27

Page 28: PLANEAR - Revista Nº4

www.planear.fc.up.pt