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Planejamento Urbano x Mercantilização da cidade: os dilemas da
gestão urbana entre a reestruturação produtiva e o Estatuto da Cidade
Documento para su presentación en el IX Congreso Internacional en Gobierno,
Administración y Políticas Públicas GIGAPP. (Madrid, España) del 24 al 27 de septiembre
de 2018.
Autor:
Terci, Eliana T. - Universidade de São Paulo (USP) Brasil - [email protected]
Resumen/abstract:
El trabajo analiza los Planes Directores de Desarrollo Urbano en dos ciudades del interior del
estado de São Paulo, Piracicaba y Ribeirão Preto a partir de la vigencia del Estatuto de la Ciudad
(Ley 10.257/2001, que regula los art.182 y 183 de la Constitución Federal de 1988), cuya
normativa subordina la dinámica urbana a las funciones sociales de la propiedad. El EC entró
en vigor en la coyuntura adversa de la financierización de la economía mundial que desde 1990
ha impulsado la reducción del Estado, la liberalización y desregulación de los mercados;
reorientó la relación entre los sectores público y privado y las ciudades alzaron la condición de
actores políticos. Los estudios he demuéstralo que los gobernantes han impulsado los
emprendimientos económicos caracterizando el empresariamiento urbano, contrastando con la
política urbana que determina mayor atención a las políticas de promoción a la inclusión social.
Palabras claves: Estatuto de la Ciudad, empresariamiento urbano, Planes Directores,
expansión urbana, gestión urbana
Introdução
O artigo apresenta os resultados de estudo comparativo de processos urbanos no período
recente1. Buscou-se compreender a urbanização do interior paulista relacionada ao processo de
desenvolvimento econômico e às mudanças sociais que emergem do conflito de interesses
empresariais, dos movimentos sociais e migratórios, das políticas públicas e sintetizam os
dilemas do planejamento e da gestão urbana.
Tomou-se como base empírica, as cidades de Ribeirão Preto e Piracicaba, sedes de duas
aglomerações urbanas Paulistas – a Região Metropolitana de Ribeirão Preto (2016) e a
Aglomeração Urbana de Piracicaba (2012) –, marcadas pela presença da agroindústria
canavieira: extensos canaviais, complexo metalomecânico e os gigantes do ramo
sucroalcooleiro.
1 Processo CNPq 444106-2015-4.
1
Para o recorte temporal elegeu-se o período 2001-2018, a partir da vigência do Estatuto
da Cidade, marco regulatório da política urbana brasileira (arts. 182 e 183 da Constituição
Federal de 1988), que “estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o
uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos,
bem como do equilíbrio ambiental” (Estatuto da Cidade, 2001).
Promulgado treze anos após a vigência da Constituição de 1988, essa normativa
representa um grande desafio enquanto proposta de construção de um projeto inclusivo para a
cidade, numa conjuntura em que prevalece “a lógica da urgência da crise e o não respeito à
altercação e ao timing dos sujeitos políticos e sociais” (Brandão, 2004). Entra em contradição
com o denominado planejamento estratégico, que surge nos anos 1990 e busca preparar a cidade
para enfrentar a competição interurbana, criar um ambiente favorável aos negócios e, na
conjuntura internacional marcada pela abertura, desregulamentação dos mercados e
reestruturação produtiva, ser capaz de atrair os capitais em busca de oportunidades de
investimento e valorização. Na perspectiva do planejamento estratégico, as cidades alçam a
condição de atores políticos, promovendo arranjos produtivos, atraindo investimentos, gerando
empregos, enfim, promovendo a articulação entre a sociedade civil, a iniciativa privada e as
instituições políticas (Castells; Borja, 1996).
Quanto aos procedimentos metodológicos o trabalho compreendeu levantamento,
classificação e análise de dados secundários sobre as dinâmicas do desenvolvimento urbano e
regional e das finanças públicas de ambas as cidades a partir de diversas fontes – Banco de
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEADATA), Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), Sindicato da
Habitação do Estado de São Paulo (SECOVI) e prefeituras municipais. Para a análise dos
processos dos Planos Diretores valeu-se dos acervos disponíveis nos sites da Prefeitura
Municipal de Ribeirão Preto e do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (IPPLAP),
órgão ligado à prefeitura municipal, responsável pela gestão do Plano Diretor de Piracicaba2,
além de matérias publicadas na imprensa local e regional. Recorreu-se, ainda, à revisão da
literatura sobre a interiorização do desenvolvimento e da reestruturação produtiva no contexto
da financeirização da economia, acervo que incorpora estudos acadêmicos de diferentes áreas
do conhecimento (urbanismo, economia, ciência política, geografia, sociologia).
2 Em ambos os sites é possível consultar a relatoria e documentação de todo o processo dos planos diretores, desde
suas primeiras versões: <http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/splan/planod/i28planod.php>, para Ribeirão Preto; e
<http://ipplap.com.br/site/plano-diretor/>, para Piracicaba.
2
O texto está estruturado sequencialmente da seguinte forma: i) análise dos termos em
que transcorreram as mudanças da dinâmica urbana, especialmente o processo de reestruturação
e internacionalização do agronegócio com o boom das commodities; as políticas de liberalização
econômica e a mudança de papel das cidades; ii) caracterização da base empírica, de suas
trajetórias à luz do referencial teórico metodológico adotado; iii) análise comparada dos
processos de planejamento urbano das cidades, com especial atenção para os Planos Diretores
de Desenvolvimento; e, finalmente, iv) são esboçadas algumas hipóteses conclusivas, com base
nessa análise.
As dinâmicas regionais e locais no contexto da reestruturação produtiva:
competividade interurbana e empresariamento da cidade
A dinâmica urbana brasileira, desde o início do novo milênio, tem apresentado
características diversas das décadas anteriores. Os dados do senso demográfico de 2010
demonstraram mudanças significativas: além do arrefecimento do movimento demográfico,
destaca-se a inversão da histórica performance do Estado de São Paulo, cuja taxa de
crescimento registra índice inferior à média nacional. Essa nova dinâmica demográfica reflete
os fenômenos de polarização e recomposições determinados...
...pela ação de processos globalizantes e/ou fragmentários. Estes processos
estruturaram redes de relações e de interações funcionais entre centros
urbanos de mesma escala ou de escalas distintas, tendendo a gerar
polarizações múltiplas – algumas competitivas e outras complementares –
, que tornam os espaços regionais cada vez mais complexos e fluídos e,
assim, capazes de se rearticularem com agilidade e segundo variáveis e
dimensões diversas. (EMPLASA, 2011, p. 18)
Esse quadro resulta da reestruturação produtiva que ocorreu no Brasil de forma
desordenada e reflete a ausência do Estado planejador, cujo paradigma seguiu o padrão
internacional e atende ao avanço da globalização, abertura e desregulamentação dos mercados:
o Programa de Reestruturação e Racionalização Empresarial submeteu a indústria ao
mandamento “mudar para ficar” e, como decorrência, alterou a geografia dos negócios no país,
formando-se verdadeiras ilhas de produtividade, muitas voltadas ao comércio exterior, cujo
desfecho foi o aprofundamento da heterogeneidade da estrutura produtiva e das desigualdades
(Ipea, Ibge, Unicamp/IE/Nesur, 2001).
Com relação a interiorização ou desmetropolização da economia paulista, também
observa-se que seguiu o mesmo curso em virtude do bom desempenho relativo das
commodities: cresceram as áreas de fronteira e os municípios foram incorporados às redes
3
produtivas agrícolas, "o crescimento da agroindústria, a urbanização na fronteira, a agricultura
irrigada, os empreendimentos voltados para a exploração de recursos naturais criaram
alternativas novas, ante a crise das metrópoles industrializadas” (idem, p. 24).
A verdade é que o agronegócio brasileiro tornou-se atraente aos investidores
internacionais, em particular a agroindústria canavieira. O setor que tradicionalmente se
caracterizara pela presença de grupos nacionais familiares, foi deixando “para trás,
sucessivamente, as eras dos senhores de engenho do Nordeste, dos barões do açúcar do Sudeste
e dos usineiros estabelecidos em latifúndios familiares no interior” (Biaggi Filho, 2009) e se
internacionalizou em ritmo acelerado com os aglomerados multinacionais, adquirindo empresas
ou realizando fusões e incorporações: Bunge, Dreyfus, Arion Capital e Clean Energy, Cargil,
Tereos Internacional, UMEO Bioenergy, ETH Bioenergia, dentre outros 179 grupos atuantes
nos segmentos de grãos e energia, passaram a controlar 457 usinas no País em 20133.
Assim, na nova divisão internacional do trabalho o Brasil ampliou sua inserção nas
cadeias produtivas do agronegócio globalizado, verificando-se profundas transformações no
processo produtivo da agropecuária mediante incremento científico, tecnológico, informacional
e de diferentes capitais; o território sofreu intensa reorganização atendendo a formação das
redes produtivas agrícolas – RPA (Elias, 2011).
De acordo com a autora, as RPAs representam configuração regional de novo tipo,
diferem das tradicionais porções territoriais historicamente determinadas “e devem ser
estudadas como lugares funcionais de circuitos espaciais da produção e círculos de cooperação
da produção de importantes commodities” (Elias, 2011: 156). Ou seja, são as corporações que
articulam os espaços urbano e rural, a relação campo-cidade e a urbanização, de modo a atender
as demandas das cadeias produtivas e às funções específicas do agronegócio, como provisão de
logística de distribuição dos subprodutos, gestão e reprodução da força de trabalho, formulação
e implementação de políticas públicas etc.
O impacto no crescimento das cidades foi avassalador e segue interferindo e
transformando trajetórias consolidadas, identidades, costumes, modos de vida, reeditando
velhos e novos desafios. Desta forma, a partir do agronegócio globalizado, processa-se a
dialética entre o local e o global, conectando diretamente as RPAs, aos centros de poder e
consumo mundial (Elias, 2013).
3 Ver: Temp, Luiz Hilton. Os Gringos invadem o campo. 07/06/2010. Disponível em http://www.luiztemp.com.br/index.php?idmateria=1841. Acesso em 10/06/2015.
4
Nesses termos, o protagonismo das cidades determina que todos os esforços convirjam
para a construção de um ambiente funcional, harmônico e consensual de modo a equacionar os
conflitos de interesses e da política para evidenciar “os espaços urbanos e regionais aptos a
saltarem escalas (do local diretamente ao mundo), inserindo-se e articulando-se às redes e
fluxos globalizados” (Brandão, s/d: 39). Essa diretriz ressignifica a temática urbana: os
recorrentes problemas do crescimento desordenado, bens coletivos, moradia, especulação
imobiliária, dão lugar à preocupação com o marketing urbano, principal instrumento de
planejamento, pois “o mercado externo e, muito particularmente, o mercado constituído pela
demanda de localizações pelo grande capital é o que qualifica a cidade como mercadoria”
(Vainer, 2000: 76). Assim, “a nova questão urbana teria, agora, como nexo central a
problemática da competitividade urbana” (Idem, p. 80).
Analisando esse contexto de forma mais ampla, Harvey (1996)4 identifica o surgimento
de uma nova abordagem na administração urbana com o avanço de práticas relativas ao que
denomina empresariamento das cidades, as quais passam a ser valorizadas pelo seu perfil
empresarial. Tais práticas têm sido disseminadas em virtude da ausência de uma coordenação
centralizada, o que permite ao setor privado e ao poder público reunirem esforços no sentido de
reposicionar a economia local de acordo com os novos padrões de competitividade
internacional e dos programas públicos federais. Abriu-se dessa maneira, intenso processo de
competição entre as cidades na atração dos investimentos, principalmente das corporações
transnacionais, promovendo-se um “verdadeiro leilão de localização” (Cano, et. al., 2007).
Assim, a nova divisão do trabalho, reorganiza as atividades econômicas e laborais,
mercado e poder público, produzindo arranjos produtivos e populacionais diversificados.
Tais arranjos se apoiam em uma base econômica que internalizou novos
elementos ao território, como a presença de atributos tecnológicos e
trabalhadores com alta qualificação, com a importância crescente do
terciário avançado, com a fragmentação crescente entre local de moradia e
local de trabalho acirrando a mobilidade populacional, e, em contrapartida,
mantendo ou aprofundando as desigualdades do País (IBGE, 2015, p. 13).
Considerando-se as particularidades multi-escalares do Complexo Agroindustrial (CAI)
canavieiro tem-se as configurações regionais das cadeias produtivas que agregam as plantações
de cana-de-açúcar, as usinas processadoras, as indústrias de equipamentos, as redes de consumo
e os locais de moradia dos trabalhadores empregados em todos os segmentos da cadeia. Do
ponto de vista da territorialização, a cadeia produtiva se instala conectando e posicionando as
4 Ainda que o autor se refere ao ocorrido nos países centrais, é possível identificar grande semelhança no caso brasileiro.
5
diversas localidades na divisão regional do trabalho, “fundada na ideia de que todas elas
articulam territórios, mesmo que apenas o rural do próprio município” (Oliveira, 2013, p. 92).
Estudo realizado pelo IPEA (Ipea, Ibge, Unicamp/Ie/Nesur, 2001), considera a hipótese
desse processo ter redefinido o curso das migrações internas, que se intensificaram mais entre
curtas distâncias, retendo populações nas pequenas cidades, principalmente na região sudeste,
onde se observa um crescimento relativo das metrópoles, menor do que dos pequenos
municípios. Esse movimento reforçou a importância socioeconômica dos aglomerados urbanos,
destacadamente os do interior do estado de São Paulo. Vejamos como essa dinâmica se
processa em duas regiões canavieiras distintas.
Reestruturação Produtiva e o papel das cidades na materialização das articulações
multi-escalares do agronegócio: as regiões açucareiras de Ribeirão Preto e Piracicaba
Ribeirão Preto e Piracicaba são sedes de regiões canavieiras, apresentam taxas de
urbanização elevadíssimas, em torno de 98%. Ribeirão Preto, com população estimada de
669.180 habitantes (2018), sedia a maior região produtora mundial de açúcar e álcool, tendo
suas 21 usinas dentre as principais atividades econômicas da região, fortalecendo o complexo
regional formado pelas empresas de máquinas e equipamentos e ocupa uma área territorial
651mil km². A localização privilegiada e estrutura urbana moderna tornaram Ribeirão Preto um
pujante centro de negócios prestador de serviços, beneficiando-se da condição de sede regional.
Piracicaba, um dos maiores municípios paulistas em extensão territorial (1,47 mil km²), sedia a
mais antiga região canavieira do estado, conta uma população estimada de 385.155 habitantes
(2018) e abriga expressivo parque metalomecânico. (SEADE, 2018).
O quadro de referência da rede urbana brasileira (REGIG, 2007) permite dimensionar o
papel dessas cidades: Ribeirão Preto é definida como uma Capital Regional B, estabelecendo a
relação do entorno diretamente com São Paulo (“grande metrópole nacional”); Piracicaba
classifica-se como Capital Regional C, está subordinada a Campinas (Capital Regional A), que
se interpõe entre ela e a capital paulista. A condição de capital regional, evidencia a capacidade
de influência na região, sendo referência para um conjunto de atividades de serviços
diversificados para os municípios do entorno; distinguem-se por sua grande centralidade
regional e conexões com escalas espaciais mais amplas em termos de seu papel nas redes
urbanas estadual e nacional, assim como em suas articulações a redes globais. (IBGE, 2008).
Diversidade demográfica, temporalidades distintas e políticas públicas explicam as
diferentes configurações dessas regiões: Piracicaba de tradicional perfil canavieiro que remonta
6
ao Ciclo Canavieiro Paulista do século XVIII (Petrone, 1968) e se consolida com a constituição
de um complexo metalomecânico ligado a agroindústria canavieira nos anos 1920, ao passo que
Ribeirão Preto entra na era do açúcar após a crise do café na década de 1930, graças às políticas
públicas do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) criado em 1933 e do Programa Nacional do
Álcool (Proálcool) criado em 1975, políticas que beneficiaram igualmente a região de
Piracicaba, assim como o boom do setor em todo o estado de São Paulo.
A localização geográfica e as diferentes articulações multi-escalares que desenvolveram
entre os municípios que compõe as distintas regiões, são outros ingredientes que explicam as
diferenças regionais e os papeis que essas cidades desenvolveram no aglomerado urbano que
representam: enquanto Piracicaba concentra as diversas atividades do complexo canavieiro,
desde as plantações de cana, as usinas e fábricas de equipamentos, na região de Ribeirão Preto,
o complexo desenvolveria uma situação peculiar que Pires (1996) qualificou como satelização,
organização a partir da qual os diversos municípios passaram a desempenhar funções e
atividades diferenciadas, polarizadas por Ribeirão Preto (sede regional e centro de negócios e
serviços) e Sertãozinho (centro metalomecânico, produtor de equipamentos).
O processo de reestruturação recente do agronegócio reforçou o papel dessas cidades;
no âmbito do Complexo agroindustrial Canavieiro, Ribeirão Preto consolidou-se como sede de
serviços técnicos, financeiros e comerciais da região mais moderna do agronegócio. Nela se
localizam as sedes de instituições de operação e gestão estratégicas para o setor como o
Terminal Multimodal da COPERSUCAR e da ÚNICA; acentuando “o seu caráter de centro
urbano articulador do território fundamental da cana” (Oliveira, 2013: 93). O segmento
industrial de apoio ao CAI canavieiro localiza-se em Sertãozinho, município limítrofe com
Ribeirão Preto, sedia seis usinas, além de diversas indústrias de fabricação de máquinas e
equipamentos para o setor canavieiro como a CALDEMA, Fundição Moreno, CAMAQ, entre
outras (idem).
O papel polarizador de Ribeirão Preto e sua condição de Centro Regional B, com
“capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência
de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande
número de municípios” (IBGE, 2008, p. 11), foi razão fundamental para a criação em 2016 da
Região Metropolitana da Ribeirão Preto, a primeira região metropolitana criada fora dos limites
da Macrometrópole paulista e tem por finalidade constituir um órgão de gestão do território
com vistas a promover o planejamento regional para o desenvolvimento socioeconômico e a
melhoria da qualidade de vida (Art. 2º, § I da LC nº 1.290/2017 - governo de São Paulo).
7
Piracicaba por sua vez, compõe a denominada Macrometrópole Paulista, a mais extensa
“região urbana”, composta por 153 municípios em uma rede que desenha um processo
articulado de relações econômicas e sociais, contemplando as Regiões Metropolitanas de São
Paulo (RMSP), da Baixada Santista (RMBS) e de Campinas (RMC), as Aglomerações Urbanas
de Jundiaí, Piracicaba, São José dos Campos e Sorocaba, além de um conjunto de centros
urbanos com status de centros regionais (EMPLASA, 2011).
Diferente de Ribeirão Preto, ainda que represente a região tradicional e mais antiga,
Piracicaba não pode ser considerada velha ou atrasada: constitui importante centro de pesquisas,
serviços técnicos, comerciais e financeiros, além de sediar várias das principais indústrias de
máquinas e equipamentos constituído “sob o guarda-chuva de uma grande empresa nacional
(Dedini S/A Indústria de Base), por diversas outras médias e pequenas (Mausa, NG, Conger,
CSj Metalúrgica) e pela presença de empresas estrangeiras (Ethanol Systems, Bosch
Engenharia)” (Oliveira Filho; Silveira, 2013, p. 278). Abriga uma das maiores usinas
processadoras a COSAN e detém uma larga lavoura de cana-de-açúcar em seu vasto território
rural (cerca de 50 mil há área plantada de cana).
Em 2012 a Lei Complementar Estadual 1.178 de 26 de junho constituiu a Aglomeração
Urbana de Piracicaba – AU-Piracicaba – composta por 22 municípios, destaca-se por seu
diversificado parque industrial que concentra empresas nacionais e multinacionais operantes
nos setores sucroalcooleiro e metalomecânico; indústrias de alimentos, bens de capital,
cerâmica, agroindústria e metalurgia. Essa diversidade se deve a que a AU-Piracicaba passou a
incorporar as duas antigas AUs – Limeira e Rio Claro, assim definidas pela divisão regional
realizada em 1999 e confirmada pela Regig 2007 (IBGE, 2008).
Vale destacar que o desempenho econômico de Ribeirão Preto e Piracicaba nesses anos
de baixo crescimento para o que corroboraram em sentido vertical e horizontal, as ações das
várias esferas de governo e das empresas do setor e suas articulações, seja através da criação de
novos arranjos produtivos como as APLs, articulando poder público, poder privado,
universidades e demais institutos de ensino e pesquisa, seja participando das parcerias público-
privadas para viabilizar os empreendimentos.
Em Piracicaba a criação do Arranjo Produtivo do Álcool (APLA) é ilustrativo.
Viabilizado em uma parceria entre Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, governo do Estado e Prefeitura de Piracicaba, reúne destilarias, indústrias, instituições
8
e centros de pesquisa5. Oficializado em abril de 2007, o Apla abrange 25 municípios visa
encontrar alternativas para alavancar a cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro, possibilitando
a redução de custos de produção e o incremento da competitividade das empresas da região.
(Masquietto; Sacomano Neto e Giuliani, 2010).
Ribeirão Preto também inaugurou o seu parque tecnológico em março de 2014, o Supera
Parque, empreendimento resultante de uma parceria entre a Fundação Instituto Polo Avançado
de Saúde (Fipase), a USP, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e a Secretaria de
Desenvolvimento do Estado de São Paulo e reúne a Supera Incubadora de Empresas, o Supera
Centro de Tecnologia e o Centro de Negócios. Localizado no compus da USP-Ribeirão Preto,
o Supera Parque objetiva “atrair empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento (P&D) e
que investem em produtos e processos inovadores, nas áreas do Complexo Industrial da Saúde
(CIS), biotecnologia, tecnologia da informação e bioenergia”6. A unidade gestora do Supera
está a cargo da Fundação Instituto Polo Avançado de Saúde (Fipase), criada em 2001 pela
Prefeitura Municipal7.
O processo de interiorização da indústria foi outro fenômeno que contribuiu
sobremaneira para as transformações que essas cidades atravessaram a partir dos anos 1970:
localizadas nos principais corredores de transporte do estado formados pelas mais modernas
rodovias ligados à capital (Piracicaba através das Rodovias Luiz de Queiroz e sistema
Anhanguera-Bandeirantes e Ribeirão Preto através da Rodovia Anhanguera), esses municípios
tornaram-se destinos preferenciais das indústrias em busca de custos competitivos. Desde
meados dos anos 1970, a destinação de áreas urbanizadas e dotadas de infraestrutura às margens
das rodovias tornaram-se a principal política pública para a atração de empresas, além da
concessão de incentivos fiscais e financeiros. Era a “febre dos distritos industriais” que chegava
com o processo de interiorização da indústria: governo estadual se ocupava de melhorar as
rodovias e acessos e governos municipais em contrapartida facilitavam a vinda das empresas,
muitas vezes valendo-se da guerra fiscal.
Ribeirão Preto criou seu Distrito Industrial logo em 1971, através da lei 2.654
(08/12/1971) em uma área privilegiada, situada às margens da Rodovia Anhanguera e do Anel
5 APL do álcool será assinado amanhã. http://www.piracicaba.sp.gov.br/imprimir/apl+do+alcool+sera+assinado+amanha.aspx. Acesso em 09/07/2016. 6 Supera Parque é inaugurado em Ribeirão Preto e deve impulsionar desenvolvimento tecnológico. Disponível em: http://www5.usp.br/41904/supera-parque-e-inaugurado-em-ribeirao-preto-e-deve-impulsionar-desenvolvimento-tecnologico/. Acesso em 09/072016. 7 Fipase. Disponível em : http://superaparque.com.br/fipase/. Acesso em 09/07/2016.
9
Viário, possibilitando fácil acesso às empresas. A área tornou-se insuficiente e dez anos depois,
a Câmara Municipal promulgou a Lei de Zoneamento Industrial do Município e criou o
Conselho de Desenvolvimento Industrial (Lei 3.928 de 27/05/1981)8. O instrumento regulatório
considera 4 tipos de zonas industriais: Zonas industriais mistas (internas ao perímetro urbano),
Zonas industriais existentes (já implantada e com destinação exclusiva a industrialização),
Zonas industriais marginais (situadas ás margens das rodovias) e o Distrito Industrial, área
adequada as demandas ambientais e por isso objeto de políticas de incentivo. Rebatizado por
Distrito Empresarial “Prefeito Luiz Roberto Jábali” sofreu grande expansão desde sua criação
e atualmente encontra-se na terceira fase de ampliação, iniciada em 2013 e viabilizada por uma
parceria público privada (PPP).
Piracicaba criou o Distrito Industrial Leste - UNILESTE - em 1973 através da lei nº
2.039 de 06 /09/1973. Situado na Rodovia Luiz de Queiroz, permaneceu até os anos 1990 como
área privilegiada para a localização das plantas industriais, quando novo Distrito foi criado com
acesso pela Rodovia Fausto Santomauro (SP 127). Em 2001, a guerra de localização que passou
a mover os governos locais, estimulou a identificação de novas áreas, viabilizadas pelo Anel
Viário “Ernesto Paterniani” (que liga as rodovias Luiz de Queiroz - SP 304) e Deputado Laércio
Corte - SP 147), criando-se o Distrito Industrial Norte, inaugurado em junho de 2016. Além deste, a
cidade conta ainda com o Distrito Industrial Uninoroeste, criado em 2005 em área particular,
mas que também recebe os incentivos fiscais do município. Ainda um quarto distrito industrial
– o UNISUL - está em fase de estudos e deverá ser implantado entre a Rodovia do Açúcar (SP
308) e a Rodocvia Cornélio Pires (SP 127), nas proximidades do Ceasa9. Vale lembrar ainda, a
criação do Centro Automotivo de Piracicaba numa área desapropriada de 184 mil m² para
abrigar a empresa coreana Hyundai e associadas, o que representou um dispêndio total em torno
de R$47 milhões, dos quais R$5,5 de investimento público. (Goulart; Terci; Otero, 2017).
Ademais, como se pode observar nos mapas abaixo, a expansão urbana por força dos distritos
industriais, já avança na zona rural.
8 Disponível em <http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/J321/pesquisa.xhtml?lei=20625>. Acesso em 11/08/2017. 9 Disponível em <http://semdec.piracicaba.sp.gov.br/2015/09/10/informacoes/>. Acesso em 11/08/2017
10
Figura 1 – Piracicaba: Macrozoneamento Industrial LC 186/2006 e 2017
atualizado.
Ribeirão Preto e Piracicaba: Planejamento Urbano, empresariamento e Estatuto
da Cidade.
Cabe analisar nesta sessão em que medida o desenvolvimento econômico e territorial
foi capaz de promover uma cidade inclusiva e acessível a todos. O parâmetro de análise é o
Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.254/2001, marco regulatório da política urbana: artigos 182
e 183 da Constituição Federal de 1988), cuja diretriz ampliou as prerrogativas dos municípios,
subordinou o desenvolvimento econômico à função social da propriedade e à inclusão urbana
e impôs mecanismos participativos na tomada de decisões de políticas públicas. Para
implementar esse novo arcabouço legal urbano, os municípios necessitariam elaborar e/ou
revisar seus Planos Diretores com objetivos centrados nas questões efetivamente relacionadas
à produção do espaço urbano, respeitando a função social da cidade. Esta normativa está na
contramão do empresariamento que preside as ações público-privadas em favor da
reestruturação produtiva. Resta verificar empiricamente como tais contradições se manifestam
nos processos dos Planos Diretores de Ribeirão Preto e Piracicaba.
Ribeirão Preto
O município de Ribeirão Preto, com uma área territorial de 650,16 m², tem seu núcleo
urbano consolidado “inseridos dentro de um Anel Viário composto pelas Rodovias
11
Anhanguera, Alexandre Balbo – conhecido como o Contorno Norte do anel – e Prefeito Antônio
Duarte Nogueira, o Contorno Sul do anel” (Gonçalves, 2018, p. 21).
Figura 2 - Ribeirão Preto: Mapa com a composição do Anel Viário
Fonte: Gonçalves, 2018, p. 22
De acordo com Gonçalves (2018) a Companhia Habitacional de Ribeirão Preto
(COHAB-RP) tem sido a maior responsável pela intensa produção do solo urbano desde a
década de 1970, quando implantou o primeiro conjunto habitacional no município – o Jardim
San Leandro (1976), inaugurando assim o processo de apartação socioterritorial com a
constituição dos bairros periféricos a oeste e, principalmente, a norte. Ao longo de sua atuação,
a COHAB-RP produziu um total de 36.467 unidades em Ribeirão Preto, o município com maior
densidade populacional na área de abrangência da Companhia.
O crescimento descontrolado da população vivendo em domicílios precários é
alarmante: o número de favelas que em 2010 era 44 e somava 26.077 habitantes de acordo com
o Plano de Habitação de Interesse Social de Ribeirão Preto e representava 3,98% da população
(KLINK, 2010), elevou-se a 50 núcleos em 2015, ano em que estima-se ter chegado sete mil
novos moradores e formar oito novas favelas no município e em 2017, esse número de favelas
havia se elevado a 70 (COHAB-PR). Aliás, o tema é recorrente e indica a dificuldade que o
poder público enfrenta para conter a produção da “cidade ilegal”10
Essa população fluida chega principalmente dos municípios vizinhos, em busca de
emprego e melhores oportunidades na grande cidade. Neste quadro registra-se, mais uma vez a
manifestação dos efeitos dinâmicos do complexo agroindustrial canavieiro em suas demandas
e articulações multi-escalares: o movimento populacional promovido pelo processamento da
10 Termo cunhado por Ermínia Maricato para demarcar a exclusão urbanística, ou seja, o descaso com a cidade real, produzida pela população pobre.
12
cana-de-açúcar. Segundo diagnóstico presente no PLHIS de Ribeirão Preto, a maior
responsabilidade na formação das favelas no município é de tipo migratório:
Como sede do maior pólo sucroalcooleiro do mundo, a região de Ribeirão
Preto atraiu, nas últimas décadas, milhares de trabalhadores pouco
qualificados que viriam a ser empregados no corte da cana-de-açúcar.
Além dos problemas sociais decorrentes do caráter sazonal deste tipo de
ocupação, esta migração contribuiu sensivelmente para o aumento do
déficit habitacional e para o aumento dos existentes, além de contribuir
para o surgimento de novos assentamentos precários na cidade de Ribeirão
Preto. Isto porque, apesar das lavouras estarem espalhadas por toda a
região, os locais onde ocorre o corte da cana se alternam durante o período
da safra. Este fato, e também a dinâmica econômica do município,
associada a outras possibilidades em termos de oferta de empregos e à
presença de serviços e equipamentos públicos, fazem com que a maioria
destes trabalhadores prefira fixar residência em Ribeirão Preto (KLINK,
2010, p. 10-11).
Além do agronegócio, a expansão imobiliária, o aquecimento da construção civil, bem
como projetos de investimento foram considerados corresponsáveis pelo crescimentos
demográfico, gerando um déficit habitacional calculado em 17.183 domicílios. Destes o
componente coabitação (famílias conviventes) era o mais expressivo, seguido do segmento com
renda em torno de três salários mínimos, que se revelava insuficiente para cobrir as despesas
com aluguel. A composição do déficit e/ou demanda demográfica prioritária (0 a 3 salários
mínimos) está classificava como quantitativa no PLHIS, sendo 3.287 domicílios dentro dos
assentamentos precários e 15.286 domicílios fora deles (KLINK, 2010).
Os denominados “domicílios precários” localizam-se nas áreas periféricas, cuja
precariedade se manifesta em todos os aspectos: obtenção de água e energia elétrica através de
“gatos” na rede pública, presença de animais peçonhentos como cobras e escorpiões nos
barracos e despejo de esgoto a céu aberto11. A ilustração abaixo nos dá uma ideia da localização
das principais favelas do município no ano de 2015.
11 Quadro apurado pela imprensa local a partir de relatos de moradores https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/cotidiano/NOT,2,2,1164914,Em+um+ano++Ribeirao+Preto+ganhou+8+novas+favelas+com+5+mil+moradores.aspx Acesso em 25/05/2018.
13
Figura 3 – Raio-X das Favelas de Ribeirão Preto
Fonte: Jornal A Cidade On Ribeirão Preto.
(Obs: o número de moradores em domicílios precários está subestimado, haja vista que o PLHIS
registrou mais de 26 mil habitantes em 2010).
Observa-se que, tanto a norte, leste, como a sudoeste, a expansão do perímetro urbano
extrapola o contorno do Anel Viário e se reserva a essa população de baixa renda. Em
contrapartida, o setor sul da cidade teve a expansão determinada pelas atividades econômicas,
principalmente comércio e serviços, que desde 1981 vai se deslocando do antigo centro para
essa região a partir da implantação do Ribeirão Shopping e do Novo Shopping (inaugurado em
1999. Segundo Gonçalves (2018) essa expansão atraiu a população de mais alta renda para essa
região que se tornou alvo privilegiado das implementadoras de condomínios de alto padrão:
enclaves fortificados residenciais, comerciais como o Ribeirão Shopping e o Shopping
Iguatemi, inaugurado em 2013, primeiro shopping a se localizar fora do Anel Viário.
Assim, a configuração urbana evidencia a apartação que distribui a população
territorialmente de acordo com as faixas de renda, apartação que, de acordo com Gonçalves
(2018), foi oportunizada pelo próprio Plano Diretor de Ribeirão Preto (Lei Municipal 501 de
31/10/1995). A autora destaca que, apesar da declaração de intenções do documento no sentido
de instituir um plano democrático e participativo, com vistas a assegurar a inclusão social,
atendendo às diretrizes do EC, paradoxalmente definiu, em seu artigo 8º o setor sul, como vetor
de crescimento urbano do município, de forma a “orientar e estimular investimentos públicos e
privados em uma área da cidade que já havia iniciado um intenso processo de valorização e
especulação imobiliária com a inauguração do primeiro shopping center da cidade, o Ribeirão
Shopping, em 1981 privilegiando esse segmento do perímetro urbano” (idem, p. 41).
Em 2003 o PD de Ribeirão Preto entra em processo de revisão, conforme reza o Estatuto
da Cidade. As mudanças mais importantes implementadas pela versão de 2003, foram a
14
implementação de mecanismos participativos (sociedade civil organizada) nos processos
político decisórios de elaboração e implementação das políticas públicas sociais12. A Lei de
Parcelamento, uso e Ocupação do Solo, apenas foi promulgada em 2007 e dentre seus objetivos
destacam-se os de número V a VII que visam garantir que o parcelamento do solo urbano ao
mesmo tempo em que atenda ao aumento populacional, priorize a continuidade da malha
urbana, evitando a formação de vazios; atenda aos diversos segmentos sociais de forma
equilibrada no território do município, priorizando que a população de baixa renda tenha acesso
facilitado aos equipamentos comunitários e ao transporte público; e compatibilizar o
parcelamento do solo com as condições ambientais, com a infraestrutura básica e com a
capacidade de ampliação dos serviços públicos.
Em 2012, nova Lei Complementar (LC 2505/2012) foi submetida à Câmara Municipal
e visava rever a lei de 2007, mas foi “arguida de inconstitucionalidade”, fundamentalmente
porque a norma arrazoada pela lei não observou “a exigência constitucional de participação
popular, bem como da necessidade de estudo prévio do uso e ocupação do solo no município e,
assim, ferindo de morte os artigos 180, II, e 191 da Constituição do Estado e, por força do artigo
144 da citada Carta, fere também o princípio contido no artigo 182, caput, da Constituição
Federal” (Tribunal de Justiça de São Paulo, 2014).
Em 2013 o poder executivo, através da Secretaria de Planejamento e Gestão Urbana,
iniciou novo processo de revisão do PD de Ribeirão Preto, conforme determinação do Estatuto
da Cidade. Seguindo as determinações da revisão participativa, foi enviado à Câmara Municipal
em novembro de 2014 como proposta preliminar, porém “seguia na gaveta” da Comissão de
Justiça ainda em 2015, pois foi objeto de ação do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio
Ambiente) do Ministério Público, uma vez que liberava uma área de 7,2 km² no setor leste para
a construção de empreendimentos imobiliários, área de recarga do Aquífero Guarani e que havia
sido restrita para construções.
O trabalho de Gonçalves (2018) ajuda a esclarecer os revezes: interesses de grupos
imobiliários distintos articulados pelo Sindicato da Construção Civil do estado de São Paulo
(SindusCon-SP) e de empreiteiras atuaram em lobby para reduzir as restrições aos empreendimentos
imobiliários no setor leste do município. O fator de maior conflito, esclarece a autora, tem se
originado das tentativas de legalizar a figura urbanística do loteamento fechado em Ribeirão Preto.
Fruto da urbanização desordenada, os loteamentos fechados, também conhecidos por “condomínios
12 LC 1573/2003, art. 27; disponível em http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/J321/pesquisa.xhtml?lei=6494. Acesso em 25/05/2018.
15
horizontais”, são as manifestações mais recentes da segregação territorial e responsáveis pela
intensificação da tendência de periferização da cidades. A dificuldade em legalizar tal fenômeno
urbanístico reside justamente no fato da reincidente prática ilegal (Lei Federal 6766/79) de
privatização dos espaços públicos, além de contribuir para a expansão da cidade, principalmente
a leste, com residências de alto padrão, distantes portanto, das Áreas Especiais de Interesse
Social, situadas a Norte e a Oeste do município.
Em outubro de 2017 nova proposta foi enviada à Câmara Municipal pelo Executivo (LC
68/2017) sob o comando de Duarte Nogueira (PSDB), na expectativa de que o PD revisado
fosse aprovado até o final do ano. Simultaneamente a Prefeitura autorizou o início das audiências
públicas para elaborar os projetos de lei que devem regulamentar o Plano Diretor: são 12 projetos, dentre
eles a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo.
A polêmica em torno da expansão urbana na área de recarga do Aquífero Guarani segue fazendo
água. A saída encontrada pelo governo foi retirar do plano a regra sobre a proteção e submetê-la a
legislação específica (Lei de Uso e Ocupação do Solo), o que não passa de uma tentativa de promover o
consenso ainda que torne o Plano Diretor um instrumento meramente decorativo, perdendo sua função
precípua de regulamentar a produção do solo urbano.
Outra questão a se considerar diz respeito a evolução do déficit habitacional. A atualização revela
que desde a elaboração do PLHIS em 2010, o número de favelas só fez aumentar, eram 70 e atualmente
já somam 96 ocupações irregulares de dimensões diversas, estimada em 11 mil famílias. O projeto do
Plano Diretor prevê a atualização da PLHIS, pois as estimativas sobre o tamanho do déficit habitacional
são desanimadoras: além das ocupações irregulares, o cadastro de interesse mantido pela COHAB-RP
(dados de julho 2017), consta de “63.299 pessoas inscritas, sendo 39.700 com renda até R$
1.800,00, outros 6.695 inscritos com renda de R$ 1.801,00 até R$ 2.350,00 e outros 6.358 com
renda acima de R$ 2.350,00” (Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, 2017, p. 65).
Piracicaba
Piracicaba ainda nos anos 1970 e atendendo a legislação, teve seu primeiro Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDDI), elaborado com o auxílio técnico do
Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU). O diagnóstico realizado, comum à
época, seguia orientações técnicas e pouco levavam em consideração as condições reais da
cidade: tendo como referência o município de Campinas, projetou-se uma população de
744.053 habitantes para Piracicaba em 1990 (em 1990 havia 278.715 habitantes)!
16
Em 1991, uma das prioridades estabelecidas pela prefeitura municipal13, foi retomar o
planejamento da cidade em bases reais. Foi criada a Empresa Municipal de Desenvolvimento
Habitacional de Piracicaba (EMDHAP – Lei Municipal 3232/90), cuja primeira iniciativa foi
diagnosticar a situação da moradia irregular no município e a criação do cadastro de famílias
interessadas em adquirir a casa própria.
Em 1991 teve início a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento, adotando como
estratégia metodológica mecanismos de participação popular em seu processo e os preceitos da
política urbana inscritos nos capítulos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988. A principal
inconsistência urbana detectada pelo planejamento foi a existência de graves vazios urbanos,
parte ocupados com plantação de cana de açúcar, além de terrenos desocupados, localizados
em área dotada de boa infraestrutura. Porém, de acordo com o Polis (2003)
apesar de aprovado, na prática, apenas a adoção do abairramento foi
incorporada. As gestões políticas que sucederam este processo não deram
continuidade a prática de planejamento e tampouco adotaram as diretrizes
do PDD. A não revisão da legislação urbanística potencializou as
dificuldades do corpo técnico da Prefeitura em aplicar efetivamente o
plano. (Polis, 2003 p. 13)
Assim, em 200214 tem lugar novo processo de revisão do PDD, objetivando adequar a
política urbana municipal às premissas do Estatuto da Cidade. Para efeito de planejamento,
criou-se o Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba – IPPLAP (Lei Municipal
5288/03), com vistas a promover o desenvolvimento sustentável, combinando crescimento
econômico, equidade social e preservação dos recursos naturais. Adotou-se como princípios
norteadores: o direito à cidade sustentável; o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e da propriedade; o combate à especulação imobiliária; a justa distribuição dos
benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; e a gestão democrática da cidade
(Pólis, 2003, p.15).
Durante a etapa de diagnóstico constatou-se que o processo histórico de expansão
urbana produziu um tecido fragmentado, com bairros distantes e descontínuos, habitados,
sobretudo, pelas camadas mais pobres da população, e onde se via instalada uma dinâmica de
exclusão socioespacial reforçada pela presença de inúmeros vazios urbanos que perfaziam
quase 50% da área compreendida no perímetro urbano. Para tanto ficou estabelecido o
congelamento do perímetro, priorizando a ocupação dos vazios existentes.
13 Trata-se da gestão petista de José Machado (1989-1992). 14 Trata-se da segunda gestão do petista José Machado (2001-2004).
17
Figura 4 – Piracicaba: Vetores preferenciais de expansão urbana
Fonte: Polis, 2003, p. 27
A tramitação do novo Plano Diretor foi morosa: elaborado entre 2002 e 2003, foi
alterado pelo novo prefeito15 e encaminhado à Câmara Municipal em 2005 para ser finalmente
aprovado em 2006 (Lei Complementar nº 186). Goulart (2008) observa que a despeito do
diagnóstico da situação e da existência de instrumentos adequados ao enfrentamento dos
problemas urbanos, sua eficácia não estava assegurada: “mister considerar duas variáveis
fundamentais para aferir as possibilidades práticas do potencial transformador do Estatuto da
Cidade: capacidade de mobilização social para fazer valer interesses e orientação política do
governo de turno” (Goulart, 2008, p.111-112).
O mais grave é que a municipalidade adota legislação flexível para a execução de
empreendimentos habitacionais de interesse social (LC 206/07) e mesmo para loteamento dessa
natureza (LC 207/07), possibilitando dimensões inferiores às regulamentadas para a Zona.
Exemplo mais flagrante dessa prática e que foi fruto de ação judicial do Ministério Público é o
Projeto de Lei Complementar 15/2017, através do qual cria-se o Bairro Corumbataí, localizado
no extremo norte do município. O projeto prevê sua execução em cinco etapas, como Operação
Urbana Consorciada e visa a construção de 3.498 residências, para atender a 13.992 pessoas
num prazo de 14 anos, o que praticamente cobre todo o déficit habitacional calculado para a
cidade16. O processo está eivado de irregularidades, pois as únicas providências legais tomadas
para sua instalação foram transformar a área de rural para urbana (LC 367/2016) e constituir
uma ZEIS 2 no local (LC 368/2016). Mais grave é o fato de que a ZEIS 2AA (LC 368/2016)
foi constituída numa Zona de Ocupação Controlada por Fragilidade Ambiental (ZOCFA),
15 Primeira gestão do tucano Barjas Negri (2005-2008). 16 Segundo a EMDHAP, o déficit habitacional em 2011 era de 14.845 habitante (3,97%), vivendo em 3.758 domicílios subnormais (3,34%), déficit que se mantinha em 2017.
18
inadequada para adensamento populacional devido a predominância de solo arenoso sujeito a
erosão. Ademais, a área está muito próxima do leito do Rio Corumbataí que abastece Piracicaba
e sequer foi realizado estudo de impacto ambiental pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente (CONDEMA).
A afronta às diretrizes do PDDP são evidentes, a começar pelo fato da ampliação
desnecessária do perímetro urbano numa direção não recomendada, mediante existência de
vazios e irregularidades urbanas prioritárias. Fere ainda o Estatuto da Cidade ao contribuir para
a flagrante segregação territorial, mantendo e ampliando os bolsões de miséria no setor norte
da cidade. E mais, a segregação evidencia-se ao se observar a localização dos empreendimentos
de alto padrão como o Reserva do Jequitibá, patrocinado pela marca Alphaville: complexo que
agrega espaços residenciais, instituições públicas de ensino, uma incubadora municipal de
empresas, escola particular bilíngue, hotel e torres para escritórios em área compartilhada pela
sede da Raízen, “gigante do setor de açúcar e álcool da qual um dos sócios é proprietário de
terras na região(...); constitui uma nova centralidade ao agregar aos produtos imobiliários de
parcelamento do solo Alphaville, Villa D’Áquila e Villa Bela Vista, toda uma complexa gama
de equipamentos e serviços. (Otero, 2017, p. 230).
Ademais das alterações de índices urbanísticos e mudanças nos parâmetros de uso e
ocupação do solo, as decisões de investimento de grandes corporações multinacionais (para o
que o poder público municipal concorreu decisivamente), produziram alterações na dinâmica
urbana, constituindo e/ou reforçando tendências espaciais já constatadas no período de revisão
do Plano Diretor, impactando negativamente sua capacidade de promover as adequadas funções
sociais da cidade e da propriedade urbanas.
Outro ponto importante a ser considerado devido às contradições que interpõe à política
urbana expressa no Plano Diretor diz respeito à política de atração de investimentos industriais
que resultaram na reformulação da legislação urbana municipal, conforme comentamos em
sessão anterior.
A partir de agosto de 2013 o IPPLAP deu início a uma série de fóruns de debate para a
revisão do PD de Piracicaba, prevendo a conclusão no primeiro semestre de 2014. O processo
caminhou de forma lenta entretanto e apenas foi retomado em 2017. O diagnóstico realizado
pelo IPPLAP aponta expansão de 21% do perímetro desde a versão do PDDP de 2006,
contribuindo para o espraiamento da malha da cidade, como se pode verificar na tabela abaixo:
19
Tabela 1: Piracicaba: densidade média urbana (hab./ha) por região – IBGE/2000
e 2010 – Piracicaba
Região hab./ha – 2000 hab./ha - 2010
Centro 50,44 46,62
Norte 22,75 19,52
Sul 50,40 56,06
Leste 26,02 26,73
Oeste 41,85 46,09
Fonte: IBGE – elaboração: Ipplap. IPPLAP, 2018, p. 4.
Os dados são reveladores do desrespeito às diretrizes do Plano Diretor: primeiramente
registre-se a vertiginosa expansão do perímetro urbano que avançou inclusive na área rural do
município; observe-se ainda que os adensamentos de população se deram a sul e oeste do
território, e não a noroeste e sudoeste como indicava o estudo do Polis de 2003 (ver figura 4).
Pior, o adensamento de população na área Central, se reduziu na década, contrariando
frontalmente as diretrizes do Plano de Revitalização da Área Central. A partir dos mapas
atualizados sobre a irregularidade urbana no município constata-se que ainda existem 56
núcleos e favelas na Zona Especial de Interesse Social 1 (ZEIS-1) para serem regularizadas.
“O que se observa é que nestas regiões estão concentrados, também, os núcleos de
empreendimentos de produção de habitação de interesse social (ZEIS-2), tornando a carência
social cumulativa no território” (IPPLAP, 2018, p. 33).
Considerações Finais
Buscou-se explorar neste artigo a peculiaridade determinante do desenvolvimento
dessas cidades que reside no fato de desempenharem o papel chave de sede de duas grandes
regiões do complexo agroindustrial canavieiro, e portanto, nas redes de produção e distribuição
do agronegócio globalizado. Foi possível verificar as evidências da presença da agroindústria
canavieiro na determinação dinâmica das atividades econômicas e como impacta na produção
da cidade, tanto no que se refere ao empreendimento de grandes negócios, como na proliferação
da pobreza nas periferias urbanas, principais territórios da reprodução da força de trabalho não
qualificado desse segmento. Exemplo emblemático foi o diagnóstico demográfico realizado
para efeito do Plano Habitacional de Interesse Social de Ribeirão Preto que identifica o corte
de cana-de-açúcar como o gerador do maior volume de empregos masculinos na região, maior
fator de integração dos espaços intra-urbanos desses municípios (KLINK, 2010).
Na dimensão urbanística chama a atenção a dramaticidade da questão urbana mais
premente e sempre não resolvida: a exclusão e a segregação patrocinadas pela nova agenda do
empresariamento urbano e as brechas abertas na legislação para legalizar ações e interesses
20
econômicos. São deveras evidentes as consequências dos rumos que tem tomado a expansão e
produção do solo urbano desde 1990, com o boom da construção civil na proliferação dos
condomínios residenciais, industriais, shopping centers, arranjos produtivos, patrocinados pelas
corporações imobiliárias. Saltam aos olhos o crescimento das cidades e sua periferização e as
flagrantes contradições (a exemplo de Piracicaba), e conflitos ambientais (a exemplo de
Ribeirão Preto) com os planos diretores de desenvolvimento urbano, cujos processos ainda em
curso, não tem impedido a avassaladora produção da cidade de forma a atender aos imperativos
do setor imobiliário e da atividade econômica. Da mesma forma a segregação territorial segue
sendo a tendência do desenho urbano com a proliferação dos condomínios fechados, sendo
possível em ambas as cidades distinguir os lugares da pobreza e da riqueza quando se observa
os mapas da distribuição territorial de acordo com os níveis de renda.
Nesse sentido ainda, observou-se que ambas as cidades apresentam vazios urbanos na
melhor área de seus perímetros e que, na prática, sua ocupação não passa de declaração de
intenções, pois a produção da cidade real segue produzindo-os nas áreas dotadas da melhor
infraestrutura e equipamentos urbanos, ao mesmo tempo em que se expande o perímetro para
regiões ausentes dessa infraestrutura e com fragilidades ambientais graves, como exemplificam
os Bairros Corumbataí no extremo norte de Piracicaba e a área do Aquífero Guarani, na zona
leste de Ribeirão Preto: é a produção da cidade mercadoria. Paradoxalmente, todos esses
problemas ocorrem quando se instituíram os instrumentos legais com as mais progressistas
normas e ferramentas urbanísticas e as cidades foram submetidas pela lógica do lucro
imobiliário e dos interesses das corporações a despeito do interesse público, e da efetivação da
função social da cidade e da propriedade.
Ao revisitar os processos dos planos diretores dessas cidades foi possível constatar o
quanto eles tem sido peças meramente decorativas (Villaça, 2004), haja vista o descompromisso
dos gestores públicos com suas metas e diretrizes. O caso de Piracicaba é emblemático se
considerarmos que a gestão urbana está em mãos do mesmo partido desde 2005 e quando se
examina o PD aprovado em 2006 e a evolução urbana do mesmo período, observa-se uma
verdadeira apartação entre ambos. Aos gestores públicos não causa qualquer constrangimento
assinar os diagnósticos em que se evidencia a contradição flagrante entre arcabouço urbanístico
e cidade que se desenhou nas suas gestões. Em Ribeirão Preto o processo não foi muito
diferente, apesar de não se contar com um alinhamento político tão hegemônico como em
Piracicaba. Fica claro, portanto, que o empresariamento urbano enquanto padrão de gestão
urbana se estabeleceu nesses municípios, nas práticas de mercantilização viabilizados pelos
mais diversos arranjos entre os setores público e privado e pela flexibilização da legislação
21
urbanística. Como garantir o compromisso dos gestores públicos com as diretrizes
constitucionais da política urbana ainda é uma questão em aberto.
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