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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE-SES PLANO DE AÇÃO DA REDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DO DISTRITO FEDERAL (RUE / DF)

PLANO DE AÇÃO DA REDE DE URGÊNCIA E ... - saude.df.gov.br · 3 Ponto de Atenção a Urgência e Emergência X Competência de Atenção ... 6 Gestão de leitos no SES/DF – HRS

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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE-SES

PLANO DE AÇÃO DA REDE DE

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DO DISTRITO FEDERAL

(RUE / DF)

Brasília, Maio de 2013

Governador do Distrito Federal

AGNELO DOS SANTOS QUEIROZ FILHO

Vice-Governador

TADEU FILLIPPELI

Secretário de Estado de Saúde

RAFAEL DE AGUIAR BARBOSA

Secretário-Adjunto

ELIAS FERNANDO MIZIARA

Subsecretário de Atenção à Saúde

ROBERTO JOSÉ BITTENCOURT

Subsecretária de Atenção Primária em Saúde

ROSALINA ARATANI SUDO

Subsecretária de Gestão de Pessoas em Saúde

MARIA NATIVIDADE GOMES

Subsecretário de Planejamento, Regulação, Avaliação e Controle

LUCAS CARDOSO VERAS

Subsecretária de Vigilância à Saúde

MARÍLIA COELHO CUNHA

Subsecretária de Logística e Infraestrutura da Saúde

PEDRO CARDOSO DE SANTANA FILHO

Subsecretario de Tecnologia da Informação em Saúde

JOSÉ CARLOS ESTEVES FRANCISCO

Diretor Executivo do Fundo de Saúde do Distrito Federal

JOSE MENEZES NETO

Subsecretario de Gestão Participativa

JOSÉ BONIFÁCIO CARREIRA ALVIM

Subsecretario de Administração Geral

JOSÉ DE MORAES FALCÃO

Diretora Executiva da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde

GISLENE REGINA DE SOUSA CAPITAN

Presidente da Fundação Hemocentro de Brasília

BEATRIZ MACDOWELL SOARES

Secretária Executiva do Conselho de Saúde do Distrito Federal

IVANDA MARTINS CARDOSO

Coordenação

MARINICE CABRAL MORAES ROBERTO JOSÉ BITTENCOURT

Revisão

ANDREA SIMONI DE ZAPPA PASSETO MARINICE CABRAL MORAES ROBERTO JOSÉ

BITTENCOURT

Editoração

ANDREA SIMONI DE ZAPPA PASSETO

Colaboração

ANDREA SIMONI DE ZAPPA PASSETO ARAMY

RUFFONI GUEDES

EDNA MARIA MARQUES DE OLIVEIRA

ELTON LUIZ BERÇA

JANAÍNA RAMOS DE MIRANDA

JOÃO MARCELO BARRETO SILVA

LUIZ GUILHERME CINTRA VIDAL REYS

MARIA LEOPOLDINA DE CASTRO VILLAS BÔAS

MARINICE MORAES CABRAL

MIRIAN CONCEIÇÃO MOURA

MÔNICA IASSANÃ REIS LOPES SANTANA

OLAVO MEDEIROS MULLER

RODRIGO CASELLI BELÉM

RUBENS ANTÔNIO BENTO RIBEIRO

SIMONE BARCELOS DOS SANTOS

TÂNIA CRISTINA WALZBERG

WALDERLEI SANT’ANNA

APRESENTAÇÃO

Desde o início da construção do SUS está colocado o desafio de se trabalhar redes

integradas de saúde. A idéia de Rede está implícita nos princípios e diretrizes do SUS, e

na Lei Nº 8.080 e implica em superar a fragmentação existente nos sistemas de atenção à

saúde por meio da instituição de sistemas integrados de serviços de saúde que configuram

um contínuo coordenado de serviços para atendimento a uma população definida.

Os serviços de saúde estruturam-se numa rede de pontos de atenção à saúde, composta

por equipamentos de diferentes densidades tecnológicas que devem ser coordenados,

geosanitariamente de forma integrada.

A atenção aos quadros agudos e principalmente às urgências constitui-se em importante

componente da assistência à saúde sendo causadora de grande impacto na população e

apresentando-se como principal porta de entrada aos serviços de saúde. Contudo, neste

sentido, acaba por apresentar baixa resolutividade tendo em vista suas limitações para

avaliação e continuidade de tratamento de casos mais complexos que necessitam

investigação e procedimentos não disponibilizados neste tipo de atendimento em unidades

de emergência. Mostra-se, portanto, como espelho desarticulado do atendimento à saúde

da população e neste sentido encontra-se no centro das atenções do Ministério da Saúde

e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

A Portaria Ministerial Nº 1.600, de 07 de julho de 2011, que reformula a Política Nacional

de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências e Emergências no

Sistema Único de Saúde (SUS) tem por objetivo ampliar e qualificar o acesso humanizado

e integral aos usuários em situação de urgência/emergência. E também promover a

melhora na articulação e na comunicação entre os diversos pontos de atenção às urgências

e emergências, tornando o atendimento mais ágil e eficaz, e desta forma reduzindo o

número de óbitos ou sequelas ao paciente.

A elaboração e efetivação da Rede de Atenção às Urgências e Emergências visam a

criação de pontos de atenção sinérgicos, complementares e cooperativos, envolvendo

todos os componentes do sistema de saúde necessários ao tratamento adequado e

resolutivo das patologias que mais acometem a população.

A centralidade nas necessidades de saúde da população e a responsabilização por uma

atenção contínua e integral utilizando-se de cuidados multiprofissionais estruturados em

pontos de atenção específicos, porém com compartilhamento de objetivos e compromissos

com resultados sanitários e econômicos formam a concepção central desta rede de

atenção.

A adoção de medidas para a resolução da superlotação das unidades de emergência

constitui-se em ponto de inflexão da RUE e para tal foram adotados os seguintes

procedimentos: (1) implantação do Acolhimento com Classificação de Risco em todas as

portas de entrada das emergências a fim de qualificar e ordenar o atendimento, (2)

direcionamento dos pacientes classificados com risco clínico azul e verde para atendimento

referenciado e resolutivo, (3) implantação da Gestão de Leitos e Vagas no intuito de otimizar

a utilização do leito hospitalar retirando os pacientes das unidades de urgência e

emergência, (4) ampliação do número de leitos de retaguarda destinados à transferência

de pacientes crônicos para continuidade de tratamento em unidades especificas para esta

finalidade, (5) transferência mais ágil dos pacientes aos leitos de UTI através da

qualificação do atendimento, (6) capacitação de equipes especializadas para o atendimento

nas salas vermelhas; (7) pactuações para o trabalho coordenado, qualificado e resolutivo

de todos os entes.

Em síntese, essas são as propostas da SES/DF para a Rede de Urgência e Emergência e

acima de tudo constitui-se no compromisso de lutar a cada dia pelo SUS dos sonhos de

todos os brasileiros.

RAFAEL DE AGUIAR BARBOSA

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FOTOS

1 Central de Regulação do SAMU 71

2 Fachada - UPA 24 Horas 82

3 Consultório de Pediatria - UPA 24 Horas 83

4 Sala de Medicação – UPA 24 Horas 83

5 Sala Amarela – UPA 24 Horas 84

6 Maca de Parada (Sala Vermelha) - UPA 24 Horas 84

7 Centro de Trauma - HBDF 92

8 Sala Amarela - HRC 92

9 Fachada do Ambulatório de Referência de Clínica Médica 93

10 Sala de Recepção do Ambulatório de Referência de Clínica Médica 93

11 Consultório de Atendimento do Ambulatório de Referência de Clínica

Médica 94

12 NEU - Fachada 96

13 NEU – Sala de Aula 96

14 Sala de Espera de Atendimento do ACCR no HBDF 113

15 Recepção do ACCR do HBDF 114

16 Paciente em atendimento na Classificação de Risco do HBDF 114

17 Posto de Triagem TRIUS – Solução de Classificação de Risco – Sala

ACCR HBDF 115

18 Paciente recebendo pulseira da Classificação de Risco - HBDF 115

19 Livro Sistema Manchester Classificação de Risco 116

20 TRIUS – Solução de Classificação de Risco 117

MAPA

1 RIDE - DF 23

FIGURAS

1 Componentes e Interfaces da Rede de Atenção às Urgências 16

2 Sistema de Saúde – SUS/DF 29 3 Componentes e Interfaces da Rede de

Urgência e Emergência do DF 70

QUADROS

1 Evolução da Distribuição Populacional por Faixa Etária 28

2 Cronograma de Implantação de EMADs e EMAPs 99

3 Ponto de Atenção a Urgência e Emergência X Competência de Atenção

frente ao Acolhimento e Classificação de Risco 117

4 Suspeição Clínica Precoce do AVC 176

5 Escala de Rankin 177

6 Índice de Barthel Modificado 178

7 Escala de NIHSS 179

FLUXOS

1 Linha do Cuidado do IAM I 166

2 Linha do Cuidado do IAM II 167

3 Linha do Cuidado do IAM III 168

4 Linha do Cuidado do AVC I 169

5 Linha do Cuidado do AVC II 170

6 Linha do Cuidado do AVC III 171

7 Linha do Cuidado do Trauma I 173

8 Linha do Cuidado do Trauma II 174

9 Linha do Cuidado do Trauma III 175

GRÁFICOS

1 Gestão de leitos no SES/DF – HBDF (Emergência) 123

2 Gestão de leitos no SES/DF – HRG (Clínica Médica e Ortopedia) 123

3 Gestão de leitos no SES/DF – HRC (Clínica Médica e Ortopedia) 124

4 Gestão de leitos no SES/DF – HRPl (Clínica Cirúrgica e Pediatria) 124

5 Gestão de leitos no SES/DF – HRAN (Clínica Médica) 125

6 Gestão de leitos no SES/DF – HRS (Clínica Médica e Ortopedia) 125

7 Gestão de leitos no SES/DF – HRT (Clínica Médica) 126

8 Gestão de leitos no SES/DF – HRBz (Clínica Médica e Pediatria) 126

LISTA DE TABELAS

TABELAS

1 Composição das Regiões de Saúde do Distrito Federal 21

2 Relação e Descrição da População dos Municípios e do Distrito Federal que

Compõem a RIDE - DF 26

3 Distribuição de Especialidade Médica por Hospital do Distrito Federal 89

4 Capacidade de EMADs e EMAPs por Região e População do DF 98

5 Cronograma de Implantação da Atenção Domiciliar - EMADs 101

6 Cronograma de Implantação da Atenção Domiciliar - EMAPs 101

7 Tabela de Situação da REDE (TABELA I-A - Atual e Tabela I-B - Metas) 148

8 Produtividade UPAs 2012 180

9 Capacidade Instalada de Leitos de UTI e Retaguarda na SES/DF 181

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

% Porcentagem

°C Graus Celsius

AB Atenção Básica

ACCR Acolhimento e Classificação de Risco

AD Atenção Domiciliar

AGL Autoridade Gestora de Leitos

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

AIH Autorização de internação hospitalar

APS Atenção Primária em Saúde

Arq. Arquivo

art. Artigo

ATLS Suporte Avançado de Vida no Trauma

AVC Acidente Vascular Cerebral

AVCI Acidente Vascular cerebral Isquêmico

Bras. Brasileiro

CAPS Centro de Atenção Psicossocial

Cardiol. Cardiologia

CCPNH Coordenação Central da Política Nacional de Humanização

CER Centro especializado em reabilitação

CERAC Central Estadual de Regulação de Alta Complexidade

CEREST Centre de Referência em Saúde do Trabalhador

CF Clínica da Família

CID X Código Internacional de Doenças, Décima Edição

CIT Centro de Informação Toxicológica

CIVS Centro de Informações Estratégicas e Respostas de Vigilância em

Saúde

CM Clínica Médica

CMCE Central de Regulação de Consultas e Exames

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CNS Conferência Nacional de Saúde

CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde

CONSEMS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

CR Classificação de Risco

CRIH Central de Regulação de Internação Hospitalar

CS Centro de Saúde

CT Centro de Trauma

DAC Doença Arterial Crônica

DANT Doenças não Transmissíveis

DAS Diretor de Atenção à Saúde

DCV Doença Cérebro Vascular

DENATRAN Departamento Nacional de Transito

DF Distrito Federal

DIAE Diretoria de Áreas Estratégicas

DICOAS Diretoria de Controle e Avaliação

DIREG Diretoria de Regulação

DIVAL Diretoria de Vigilância Ambiental

DIVEP Diretoria de Vigilância Epidemiológica

DIVISA Diretoria de Vigilância Sanitária

DM Diabetes Mellitus

DODF Diário Oficial do Distrito Federal

DST Doença Sexualmente Transmissível

ECG Eletrocardiograma

EMAD Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar

EMAP Equipe Multiprofissional de Apoio

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EPE Escritório de Projetos Estratégicos

ESF Equipe da Saúde da Família

GAB Gabinete

GCRUE Grupo Condutor da Rede de Urgência e Emergência

GDF Governo do Distrito Federal

GEPEAS Gerência de Investigação e Prevenção de Infecção e Eventos

Adversos em Serviços de Saúde

Gin-Obs Ginecologia e Obstetrícia

GM Gabinete do Ministro

GO Goiás

h Horas

HAB Hospital de Apoio

HBDF Hospital de Base do Distrito Federal

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HMIB Hospital Materno Infantil de Brasília

HRAN Hospital Regional da Asa Norte

HRBz Hospital Regional de Brazlândia

HRC Hospital Regional da Ceilândia

HRG Hospital Regional do Gama

HRGu Hospital Regional do Guará

HRPa Hospital Regional do Paranoá

HRPl Hospital Regional de Planaltina

HRS Hospital Regional de Sobradinho

HRSam Hospital Regional de Samambaia

HRSM Hospital Regional de Santa Maria

HRT Hospital Regional de Taguatinga

HSVP Hospital São Vicente de Paula

IAM Infarto Agudo do Miocárdio

IAM CST Infarto Agudo do Miocárdio com Supra Desnivelamento de ST

IAM SST Infarto Agudo do Miocárdio sem Supra Desnivelamento de ST

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICDF Instituto de Cardiologia do Distrito Federal

Jd. Botânico Jardim Botânico

LACEN Laboratório Central de Saúde Pública

LC Linha de Cuidado

mg Miligrama

MG Minas Gerais

mg/dl Miligrama por Decilitro

mg/Kg Miligrama por Quilograma

ml Mililitro

mm³ Milímetro Cúbico

mmHg Milímetro de Mercúrio

MS Ministério da Saúde

N. Bandeirante Núcleo Bandeirante

NAQH Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar

NASF Núcleo de Apoio a Saúde da Família

nc Nada Consta

NCIH Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar

Neuro Neurologia

NIHSS National Institute of Health and Stroke Scale

Nº Número

NOAS Norma Operacional de Assistência

NRAD Núcleo Regional de Atenção Domiciliar

NUVEI Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Imunização

OMS Organização Mundial da Saúde

PAVS Programa de Ações de Vigilância em Saúde

PDR Plano Diretor de Regionalização

Ped Pediatria

PNAB Política Nacional de Atenção Básica

PNH Política Nacional de Humanização

PPA Plano Plurianual

Psiq Psiquiatria

PS Pronto Socorro

PSR Posto de Saúde Rural

PSU Posto de Saúde Urbano

PTS Projeto Terapêutico Singular

PVPS Prevenção da Violência e Promoção da Saúde

R. Fundo Riacho Fundo

RA Região Administrativa

RAS Rede de Atenção à Saúde

RAU Rede de Atenção às Urgências

Rec. Das Emas Recanto das Emas

RENAVAN Registro Nacional de Veículos Automotores

RIDE Região Integrada de Desenvolvimento Econômico

RNI Razão Internacional Normalizada

rt-PA Alteplase

RUE Rede de Urgência e Emergência

SAD Serviço de Atenção Domiciliar

SAD-AC Serviço de Atenção Domiciliar de Alta Complexidade

SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SAP Suporte Avançado de Pediatria

SAPS Subsecretaria de Atenção Primária à Saúde

SAS Subsecretaria de Atenção à Saúde

SAT Suporte Avançado de Trauma

SAV Suporte Avançado de Vida

SBAIT Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado

SBP Suporte Básico de Pediatria

SBT Suporte Básico de Trauma

SBV Suporte Básico de Vida

SCA Síndrome Coronariana Aguda

SCIA Setor Complementar de Indústria e Abastecimento

SCNES Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

SEH Serviço de Emergência Hospitalar

SES Secretaria de Estado de Saúde

SIA Setor de Indústria e Abastecimento

SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade

SIS Sistema Integrado de Saúde

SISREG Sistema de Regulação

SRPA Sala de Recuperação Pós Anestésica

Suppl. Suplemento

SUPRAC Subsecretaria de Planejamento, Regulação, Avaliação e Controle

SUS Sistema Único de Saúde

SUTIS Subsecretaria de Tecnologia de Informação

SVS Subsecretaria de Vigilância Sanitária

SVS/MS Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde

TC Tomografia Computadorizada

TMP Tempo Médio de Permanência

TO Terapia Ocupacional

TTPA Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada

U/E Urgência e Emergência

UBS Unidade Básica de Saúde

UMNB Unidade Mista do Núcleo Bandeirante

UMSS Unidade Mista de São Sebastião

UPA Unidade de Pronto Atendimento

UPA NB Unidade de Pronto Atendimento do Núcleo Bandeirante

UPA RE Unidade de Pronto Atendimento do Recanto das Emas

UPA Sam Unidade de Pronto Atendimento de Samambaia

UPA SS Unidade de Pronto Atendimento de São Sebastião

USA Unidade Suporte Avançado

USB Unidade Suporte Básico

UTI Unidade de Terapia Intensiva

SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................... 14

1.1. As Redes de Atenção à Saúde ….......................................................................... 14

1.2. Atenção às Urgências e Emergências no Distrito Federal .................................... 18

1.3. Grupo Condutor da Rede de Atenção às Urgências e Emergências .................... 19

1.4. Regiões de Saúde do Distrito Federal .................................................................. 20

1.5. RIDE – Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal ...................... 22

1.6. Situação da Saúde no Distrito Federal ….............................................................. 27

1.7. Sistema Assistencial de Saúde do Distrito Federal …........................................... 29

2. Linhas de Cuidado ….............................................................................................. 36

2.1. Conceito de Linha de Cuidado ….......................................................................... 36

2.2. Linha do Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio e Síndromes Coronarianas

Agudas …...................................................................................................................... 38

2.3. Linha de Cuidado do Acidente Vascular Cerebral …............................................. 48

2.4. Linha de Cuidado do Trauma …............................................................................ 59

3. Os Componentes da Rede de Atenção as Urgências Emergências (RUE) …... 70

3.1. Serviço Móvel de Urgência – SAMU...................................................................... 71

3.2. Unidades de Pronto Atendimento – UPA ............................................................... 79

3.3. Componente Hospitalar…....................................................................................... 86

3.4. Atenção Domiciliar ….............................................................................................. 97

3.5. Atenção Básica ….................................................................................................. 102

3.6. Prevenção, Promoção e Vigilância em Saúde ….................................................. 105

4. Componentes Transversais da RUE …................................................................. 111

4.1. Acolhimento e Classificação de Risco …............................................................... 111

4.2. Gestão de Leitos ................................................................................................... 119

4.3. Regulação ….......................................................................................................... 127

4.4. Qualificação Profissional ....................................................................................... 134

4.5. Informação …......................................................................................................... 135

5. Outros Componentes …......................................................................................... 137

5.1. Transporte Sanitário Inter-hospitalar …................................................................. 137

5.2. Reabilitação …....................................................................................................... 137

6. Interfaces com outras Redes …............................................................................. 141

7. Ações Sustentáveis Relacionadas a Copa de 2014............................................. 144

8. Bibliografia ….......................................................................................................... 146

9. Anexos …................................................................................................................. 148

16

1. INTRODUÇÃO

1.1. Redes de Atenção à Saúde

As redes de atenção à saúde são respostas de políticas de saúde deliberadas às

necessidades de saúde da população e, como tal, devem operar em total coerência com a

situação de saúde dos usuários do sistema.

A situação de saúde da população brasileira vem mudando progressivamente e sendo

marcada por uma transição demográfica acelerada expressando-se por uma situação de

tripla carga de doenças: uma agenda não superada de doenças infecciosas e carênciais,

uma carga importante de doenças de causas externas e uma presença hegemônica forte

de condições crônicas. Essa situação de saúde não poderá ser respondida,

adequadamente, por um sistema de atenção à saúde fragmentado, reativo, episódico e

centrado nas dificuldades organizacionais ao invés das necessidades de saúde da

população. Neste contexto, há que se reestabelecer a coerência entre a situação de saúde

da população e o Sistema Único de Saúde - SUS, o que deverá envolver a implantação de

Redes de Atenção à Saúde (RASs). Estas RAS apresentam-se como uma nova forma de

organização do sistema de atenção à saúde baseando-se na integração de seus

componentes de forma a permitir responder, com efetividade, eficiência, segurança,

qualidade e equidade, às necessidades de saúde da população, exercendo, assim, com

toda a plenitude a integralidade da atenção à saúde.

A concepção e consequente constituição de Redes de Atenção à Saúde (RAS) incorporam

diretrizes definidas de forma tripartite pelo Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de

Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretários municipais de Saúde

(CONSEMS) conforme pactuação da Comissão Intergestores Tripartite expressa na

Portaria MS/GM Nº 4.279, de 2010 e consagrada no Decreto Nº 7.508, de 28 de junho de

2011.

Contudo, a implantação das RAS convoca mudanças radicais no modelo de atenção à

saúde praticado pelo SUS e aponta para a necessidade da implantação de novos modelos

de atenção às condições agudas e crônicas, alguns destes, experenciados com sucesso

em outros países, e que devem e podem ser adaptados à realidade de nosso sistema

público de saúde. (Mendes, 2011)

As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são definidas como arranjos organizativos de ações

e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, integrados pelo planejamento,

17

apoio técnico, logístico e de gestão; buscam garantir a integralidade do cuidado (Portaria

MS/GM N° 4.279, de 30 de dezembro de 2010). Caracterizam-se pela formação de relações

horizontais entre os pontos de atenção, pretendendo que a Atenção Básica à Saúde seja o

centro de articulação entre os serviços e reconhecendo outros pontos do sistema como

portas de entrada do paciente. (Decreto Presidência da República Nº 7508 de 28 de junho

de 2011).

Entre as redes de atenção prioritárias estabelecidas pelo Ministério da Saúde, encontra-se

a Rede de Atenção às Urgências e Emergências, constituída considerando que o

atendimento aos usuários com quadros agudos deve ser prestado por todas as

portas de entrada dos serviços de saúde do SUS, possibilitando a resolução integral

da demanda ou transferindo-a, responsavelmente, para um serviço de maior

complexidade, dentro de um sistema hierarquizado e regulado, organizado em redes

regionais de atenção às urgências enquanto elos de uma rede de manutenção da vida em

níveis crescentes de complexidade e responsabilidade (Portaria MS/GM N° 1.600, de 7 de

julho de 2011).

A organização da Rede de Atenção às Urgências tem a finalidade de articular e integrar no

âmbito do SUS todos os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e qualificar o acesso

humanizado e integral dos usuários em situação de urgência e emergência aos serviços de

saúde de forma ágil e oportuna, devendo ser implementada gradativamente, em todo o

território nacional, respeitando-se critérios epidemiológicos e de densidade populacional.

Constituem a base do processo e dos fluxos assistenciais de toda a Rede de Atenção às

Urgências o acolhimento com classificação do risco, a qualidade e a resolutividade na

atenção, requisitos estes que devem estar presentes em todos os pontos de atenção.

A Rede de Urgências e Emergências deverá ser constituída pelos componentes de

Promoção, Prevenção e Vigilância em Saúde; Atenção Básica; Serviço de Atendimento

Móvel de Urgência (SAMU) e sua Central de Regulação Médica de Urgências; salas de

estabilização; Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas; o conjunto dos serviços

hospitalares de urgência e emergência 24 horas; os CAPS; a regulação de leitos

hospitalares; consultas e exames e a Atenção Domiciliar.

18

Componentes e interfaces da Rede de Atenção às Urgências

FONTE: MS

Ainda conforme Portaria MS/GM N° 1.600, de 7 de julho de 2011, constituem-se diretrizes

da Rede de Atenção às Urgências:

I - ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos serviços

de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e

intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos;

II - garantia da universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências

clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e às relacionadas a

causas externas (traumatismos, violências e acidentes);

III - regionalização do atendimento às urgências com articulação das diversas redes de

atenção e acesso regulado aos serviços de saúde;

IV - humanização da atenção garantindo efetivação de um modelo centrado no usuário

e baseado nas suas necessidades de saúde;

V - garantia de implantação de modelo de atenção de caráter multiprofissional,

compartilhado por trabalho em equipe, instituído por meio de práticas clínicas

cuidadoras e baseado na gestão de linhas de cuidado;

VI - articulação e integração dos diversos serviços e equipamentos de saúde,

constituindo redes de saúde com conectividade entre os diferentes pontos de

atenção;

19

VII - atuação territorial, definição e organização das regiões de saúde e das redes

de atenção a partir das necessidades de saúde destas populações, seus riscos e

vulnerabilidades específicas;

VIII - atuação profissional e gestora visando o aprimoramento da qualidade da

atenção por meio do desenvolvimento de ações coordenadas, contínuas e que

busquem a integralidade e longitudinalidade do cuidado em saúde;

IX - monitoramento e avaliação da qualidade dos serviços através de indicadores de

desempenho que investiguem a efetividade e a resolutividade da atenção;

X - articulação interfederativa entre os diversos gestores desenvolvendo atuação

solidária, responsável e compartilhada;

XI - participação e controle social dos usuários sobre os serviços;

XII - fomento, coordenação e execução de projetos estratégicos de atendimento

às necessidades coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes

de situações de perigo iminente, de calamidades públicas e de acidentes com

múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de risco regionais e locais e da

adoção de protocolos de prevenção, atenção e mitigação dos eventos;

XIII - regulação articulada entre todos os componentes da Rede de Atenção às

Urgências com garantia da equidade e integralidade do cuidado; e

XIV - qualificação da assistência por meio da educação permanente das equipes

de saúde do SUS na Atenção às Urgências, em acordo com os princípios da

integralidade e humanização.

Ressaltam-se no Art. 3º, desta portaria, os parágrafos 3º e 4º que versam respectivamente

sobre o Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) como base do processo e dos

fluxos assistenciais de toda Rede de Atenção às Urgências devendo ser requisitos para

todos os pontos de atenção, e a PRIORIDADE no contexto da Rede de Atenção às

Urgências às linhas de cuidados cardiovascular, cerebrovascular e traumatológica.

Complementarmente, em 28 de junho de 2011, a Presidenta da República aprova o Decreto

Nº 7.508 de 2011 que em seu Capítulo I Das Disposições Preliminares em seu Art. 1º

regulamenta a Lei Nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispõe sobre a organização

do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a

articulação interfederativa e no Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: I - Região

de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios

20

limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de

comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a

organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde; II - Contrato

Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo de colaboração firmado entre entes

federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede

regionalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indicadores e metas de

saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros que serão

disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e demais elementos

necessários à implementação integrada das ações e serviços de saúde; III - Portas de

Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no SUS.

Assim, a Rede de Atenção às Urgências, se constitui em uma estratégia exitosa do

Ministério da Saúde que prevê como instrumento legal para a pactuação entre gestores e

prestadores de serviços sob a sua gestão, o contrato de gestão, possibilitando a garantia

do alcance das metas que buscam garantir a integralidade da assistência prestada ao

usuário do SUS.

1.2. Atenção às Urgências e Emergências no Distrito Federal

Um dos desafios presentes, no processo de organização da Rede de Urgência, se refere à

operacionalização do princípio da integralidade na atenção às urgências e emergências,

entendida neste contexto como imagem-objetivo a ser alcançada e que envolve a

participação proativa de gestores, coordenadores de área e profissionais. A identificação

dos diversos papéis e a interação dos diferentes níveis de cuidado, tanto na atenção básica

quanto na média e alta complexidade, significará avanços concretos para a reorganização

dos fluxos assistenciais dentro desta importante rede e de suas linhas de cuidado

No âmbito do Distrito Federal, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), através de seu

Colegiado Gestor, vem priorizando as estratégias de enfrentamento da fragmentação de

sua rede assistencial. Para tanto de forma a alcançar esta imprescindível mudança, vem

utilizando como ferramenta a gestão participativa na elaboração de planos de ação e fluxos

de atenção, promovendo assim um maior vínculo entre os diversos pontos de atenção, bem

como o protagonismo e a responsabilização das áreas visando uma maior governança

local.

O cenário atual da rede pública do DF, no que tange à assistência a urgências e

emergências, é composto por “ilhas de boa assistência”, a situação é complexa e os

21

desafios para enfrentamento são incontestáveis e inadiáveis para a organização dos fluxos

e integração dos pontos de atenção.

A atenção às urgências e emergências no Distrito Federal é hoje realizada em quatro

hospitais do Complexo Hospitalar Central (HBDF, HRAN, HMIB e HUB), quatro Hospitais

Regionais de Referência (HRC, HRG, HRS e HRT), quatro Hospitais Regionais Gerais

(HRBz, HRGu, HRPl e HRSam), três Hospitais Regionais de Retaguarda (HAB, HRPa e

HRSM) e três Hospitais de Especialidades (HCB, HSVP e ICDF), quatro UPAs, duas

Unidades Mistas; o SAMU e o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal na atenção

pré-hospitalar móvel.

Ampliar o potencial de resolutividade dos serviços, por intermédio da estruturação e

adequação física destas unidades, aliadas à reorganização dos fluxos assistenciais (fluxos

de referência e contra referência), à qualificação do atendimento e a estratégias de

capacitação dos servidores são aspectos que indicam a melhoria dos processos de gestão,

ampliando e qualificando o acesso nesta área considerada crítica.

Os desafios postos foram colocados na elaboração e implantação das linhas de cuidados

prioritárias: Cardiovascular com atenção à Linha de Cuidado ao Infarto Agudo do Miocárdio

(IAM) e Doenças Coronarianas Agudas; Neurovascular com atenção à Linha de Cuidado

do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo (AVC) e Doenças Cerebrovasculares

Agudas e Traumatológica com atenção à Linha de Cuidado ao TRAUMA. Estas Linhas de

Cuidado seriam elaboradas e implantadas utilizando-se da integração dos serviços

enquanto Rede de Urgência e Emergência, instrumento este potencializador de futuras

ações das especialidades afins e organizado em um sistema coordenado e contínuo, não

importando a “porta de entrada”, baseando-se para tanto na cooperação entre gestores,

prestadores e pessoas usuárias do SUS.

1.3. Grupo Condutor da Rede de Atenção às Urgências e Emergências

Para efeito de operacionalização das ações propostas pelas normativas referentes à Rede

de Atenção às Urgências, foi constituída na SES/DF, mediante a Portaria SES/DF Nº 68 de

26 de abril de 2012, o Grupo Condutor da Rede de Atenção às Urgências e Emergências

composto por representantes do Gabinete do Secretário de Estado de Saúde, das

Subsecretarias de Planejamento, Regulação, Avaliação e Controle, de Atenção à Saúde,

de Atenção Básica à Saúde e de Vigilância à Saúde.

Compete ao Grupo Condutor:

22

I. Apoiar a organização dos processos de trabalho voltados à

implantação/implementação da RUE;

II. Implantação / implementação das linhas de cuidado da Síndrome Coronariana

Aguda, Acidente Vascular Cerebral e Trauma conforme as portarias ministeriais vigentes;

III. Coordenação e apoio técnico às fases de adesão e diagnóstico, desenho regional

da Rede de Urgência, qualificação dos componentes para operacionalização da

Rede de Urgência;

IV. Identificar e apoiar a solução de possíveis pontos críticos em cada fase de

operacionalização das redes das linhas de cuidados;

V. Monitorar e avaliar o processo de implantação/implementação das linhas de

cuidado da Síndrome Coronariana Aguda, Acidente Vascular Cerebral e Trauma;

VI. Organizar oficinas de trabalho e consolidar informações técnicas;

VII. Elaborar documentos para apoio técnico;

VIII. Viabilizar estratégias de capacitação;

IX. Promover levantamento e propor adequação das práticas de gestão utilizadas e

protocolos clínicos;

X. Monitorar por intermédio de indicadores, ações e metas programadas o

andamento dos objetivos da implantação das linhas de cuidado da Síndrome

Coronariana Aguda, Acidente Vascular Cerebral e Trauma;

XI. Apresentar semestralmente ao Colegiado de Gestão da SES, relatórios de

desempenho global, tendo como parâmetro os resultados previstos pela

comissão e portaria ministerial.

O Grupo Condutor reúne-se semanalmente, de forma a viabilizar a elaboração do Plano de

Ação Regional e a proposição das estratégias necessárias para implantação da Rede de

Atenção às Urgências e Emergências na SES/DF.

1.4. Regiões de Saúde do Distrito Federal

Conforme Artigo 10, da Lei Orgânica do Distrito Federal: “O Distrito Federal organiza-se em

Regiões Administrativas, com vistas à descentralização administrativa, à utilização racional

de recursos para o desenvolvimento socioeconômico e à melhoria da qualidade de vida”.

23

Neste contexto o território do DF foi dividido em 31 Regiões Administrativas - RAs,

estabelecidas por leis distritais, aprovadas e publicadas no período de 1964 a 2012.

Em 2002 a Secretaria Estadual de Saúde do DF - SES/DF elaborou o Plano Diretor de

Regionalização da Assistência (PDR), em conformidade com o proposto pela Norma

Operacional da Assistência – NOAS/SUS. O plano deveria contemplar uma lógica de

planejamento que envolvesse as 15 (quinze) Diretorias Regionais de Saúde na redefinição

de espaços regionais. Para a elaboração do PDR a equipe técnica da SES optou por manter

a divisão territorial já definida na regionalização assistencial existente, fazendo um

reagrupamento dessas em 6 (seis) Regiões de Saúde (regiões Centro Norte, Centro Sul,

Leste, Oeste, Sul e Norte) levando em consideração para tanto, a capacidade instalada da

rede de serviços de saúde, o reconhecimento do perfil social, demográfico e epidemiológico

da população; a identificação dos problemas de saúde prioritários, dentre outros; os fluxos

de usuários; a situação geográfica e as distâncias entre as RA’s.

Em 2004, houve uma redefinição do Plano Diretor de Regionalização, baseado no

contingente populacional da região oeste, na inauguração de uma unidade hospitalar na

região administrativa de Samambaia e nos fluxos migratórios naturais (constatados nas RA

de Recanto das Emas, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo).

Estão delimitadas, portanto no território do DF sete Regiões de Saúde tendo sido

considerados para esta delimitação os limites territoriais, as identidades culturais,

econômicas e sociais, as redes de comunicação e a infraestrutura de transportes.

A organização do território do Distrito Federal e sua distribuição em Regiões de Saúde -

Região Centro Sul, Região Centro Norte, Região Oeste, Região Sudoeste, Região Norte

Região Leste e Região Sul encontra-se explicitada no quadro a seguir. Estas Regiões de

Saúde conforme podemos observar são formadas por grupos de Coordenações Gerais de

Saúde que, por sua vez, se constituem de grupamentos de Regiões Administrativas,

conforme o Plano Diretor de Regionalização.

Tabela 1: Composição das Regiões de Saúde do Distrito Federal

Região de Saúde Coordenação Geral de Saúde Região Administrativa População 2010

Centro-Sul

Asa Sul

RA 1 – Brasília (Asa Sul) 104928

RA 16 – Lago Sul 29537

RA 24 – Park Way 25000

Subtotal da Asa Sul 259465

Núcleo Bandeirante RA 8 – N. Bandeirante 36472

24

RA 17 – R. Fundo I 31729

RA 21 – R. Fundo II 40125

RA 19 - Candangolândia 15924

Subtotal da Núcleo Bandeirante 124250

Guará

RA 29 – S.I.A. NC

RA 25 – SCIA (Estrutural) 25732

RA 10 – Guará 112989

Subtotal da Guará 148721

População Total da Região Centro Sul

Centro-Norte Asa Norte

RA 1 – Brasília (Asa Norte) 104927

RA 18 – Lago Norte 29505

RA 11 – Cruzeiro 40904

RA 23 – Varjão 5321

RA 22 - Sudoeste/Octogonal 46829

População Total da Região Centro Norte 77486

Oeste

Ceilândia RA 9 – Ceilândia 402729

Brazlândia RA 4 – Brazlândia 57542

População Total da Região Oeste 460271

Sudoeste

Taguatinga

RA 3 – Taguatinga 185285

RA 20 – Águas Claras 113118

RA 30 – Vicente Pires 62660

Subtotal da Taguatinga 361063

Samambaia RA 12 – Samambaia 200874

Rec. Das Emas RA 15 – Recanto das Emas 121278

População Total da Região Sudoeste 322152

Norte

Sobradinho RA 5 – Sobradinho I 72180

RA 26 – Sobradinho II 96535

Planaltina RA 6 – Planaltina 171303

População Total da Região Norte 340018

Leste Paranoá

RA 7 – Paranoá 53618

RA 27 – Jd Botânico 22263

RA 28 – Itapoã 41404

Subtotal da Paranoá 117285

25

São Sebastião RA 14 – São Sebastião 78396

População Total da Região Leste 195681

Sul

Gama RA 2 – Gama 135723

Santa Maria RA 13 – Santa Maria 118782

População Total da Região Sul 254505

FONTE: PDR E IBGE 2010

1.5. RIDE – Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal

As Regiões Integradas de Desenvolvimento – RIDES foram criadas como mais uma forma

de construção de redes de cooperação. Em 1988 foi elaborada a Lei Complementar Nº 94,

a qual criava a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno-

RIDEDF, com intuito de reduzir as desigualdades regionais causadas pela alta

concentração urbana em volta do Distrito Federal e minimizar as pressões de demanda por

serviços públicos e a dificuldade de provisão dos mesmos pelo setor público.

Esta Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno – RIDE/DF, foi

regulamentada pelo Decreto Nº 2.710, de 04 de agosto de 1998 e alterada pelo Decreto Nº

3.445, de 04 de maio de 2000, para efeitos de articulação da ação administrativa da União,

dos Estados de Goiás e de Minas Gerais e do Distrito Federal, sendo constituída pelo

Distrito Federal, pelos municípios de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de

Goiás, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás,

Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis,

Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás e Vila Boa, no Estado de

Goiás, e de Unaí, Buritis e Cabeceira Grande, no Estado de Minas Gerais, conforme o mapa

abaixo:

MAPA 1: MUNICÍPIOS DA RIDE-DF

26

FONTE: MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO SOCIAL/SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

As RIDEs têm como objetivo articular e harmonizar as ações administrativas da União, dos

Estados e dos Municípios para a promoção de projetos que visem a dinamização

econômica de territórios de baixo desenvolvimento. Em virtude deste objetivo as RIDEs

acabam por conseguir prioridade no recebimento de recursos públicos destinados à

promoção de iniciativas e investimentos que reduzam as desigualdades sociais e estejam

de acordo com o interesse local consensuado entre os entes participantes. Esse consenso

é fundamental para a criação da RIDE, pois envolve a negociação prévia entre os estados

envolvidos sobre questões como os limites e municípios da região, os instrumentos

necessários, os objetivos e a adequação às necessidades específicas de gestão.

Consideram-se de interesse da RIDE-DF os serviços públicos comuns ao Distrito Federal,

aos Estados de Goiás e de Minas Gerais e aos municípios que a integram relacionados

com as seguintes áreas:

I - infraestrutura;

II - geração de empregos e capacitação profissional;

III - saneamento básico, em especial o abastecimento de água, a coleta e o

tratamento de esgoto e o serviço de limpeza pública;

IV - uso, parcelamento e ocupação do solo;

V - transportes e sistema viário;

VI - proteção ao meio ambiente e controle da poluição ambiental;

27

VII - aproveitamento de recursos hídricos e minerais;

VIII - saúde e assistência social;

IX - educação e cultura;

X - produção agropecuária e abastecimento alimentar;

XI - habitação popular;

XII - combate às causas de pobreza e aos fatores de marginalização;

XIII - serviços de telecomunicação;

XIV - turismo;

XV - segurança pública.

Na área de saúde os dados apresentados na Reunião Ordinária do Colegiado de Gestão

de Saúde da RIDE/DF em 2010, evidenciam que aproximadamente 30% de todos os

atendimentos realizados nos hospitais do DF são destinados aos moradores do entorno de

Brasília.

A importância da inserção da RIDE-DF na estruturação da Rede de Atenção às Urgências

e Emergências deve-se principalmente à necessidade de previsão de cobertura assistencial

hospitalar de alta complexidade para a população ampliada e o estabelecimento de fluxos

de referência e contra referência eficazes.

Em 2011, a Região Integrada para o Desenvolvimento do Entorno e Distrito Federal (RIDE)

completou 13 anos. No decorrer desses anos, várias discussões em torno do assunto foram

levadas em pauta, de forma a buscar um conjunto de ações e medidas que impactassem de

maneira proativa nos principais indicadores de saúde, revertendo o quadro diagnosticado.

Mais recentemente, o Projeto de Formação e Melhoria da Qualidade de Rede de Atenção

à Saúde – QualiSUS Rede - traz uma proposta de intervenção para apoio à organização de

redes regionalizadas de atenção à saúde no Brasil. Trata-se de um projeto de cooperação

entre o Banco Mundial e o Ministério da Saúde que visa somar-se aos esforços

permanentes de consolidação do Sistema Único de Saúde - SUS. Os recursos

disponibilizados no Qualisus Rede, embora insuficientes, são bastante relevantes para

apoiar a macro organização desta região, ainda bastante dependente da rede de saúde do

Distrito Federal.

28

Os municípios do entorno do DF, que prioritariamente compõem a RIDE, somam hoje

1.154.033 habitantes (IBGE 2010), conforme especificação em tabela abaixo. Desta forma

o total da população do Distrito Federal e da RIDE é de 3.716.966 pessoas.

29

Tabela 2: Relação e descrição da população dos Municípios e do Distrito Federal que

compõem a RIDE - DF

MUNICÍPIOS - RIDE POPULAÇÃO – IBGE/2010

Abadiânia 15.752

Água Fria de Goiás 5.095

Águas Lindas de Goiás 159.505

Alexânia 23.729

Buritis 6.453

Cabeceira Grande 7.346

Cidade Ocidental 55.883

Cocalzinho de Goiás 17.391

Corumbá de Goiás 10.344

Cristalina 49.537

Formosa 100.084

Luziânia 174.546

Mimoso de Goiás 2.685

Novo Gama 95.013

Padre Bernardo 27.689

Pirinópolis 23.065

Planaltina de Goiás 81.612

Santo Antônio do Descoberto 63.166

Unaí 77.590

Valparaízo de Goiás 132.947

Vila Boa 4.742

TOTAL (MG e GO) 1.154.033

Distrito Federal 2.562.963

TOTAL RIDE-DF 3.716.996

Fonte: IBGE/2010

Cabe ressaltar que, esses municípios, dos estados de Goiás e Minas Gerais, passaram por

um processo diferenciado de desenvolvimento, muitas vezes influenciados por fatores

históricos, econômicos, sociais, culturais e políticos. Os serviços públicos prestados pelo

conjunto desses municípios são precários ou mesmo insuficientes para suas populações,

30

perpetuando um ciclo de dependência com o DF que se expressam em diversas áreas

setoriais.

Essa relação fica ainda mais evidente na área da saúde. Há áreas de vazios assistenciais

em diversos componentes da rede - da atenção básica à especializada.

No que se refere à atenção hospitalar, das 110. 529 (100%) internações realizadas na rede,

no ano de 2010, 19.275 (17,5%) representaram as de pacientes que residem fora do DF, e

quanto aos atendimentos nos setores de emergência, neste mesmo ano houveram

2.543.648 (100%) atendimentos e destes 274.866 (11%) representaram os atendimentos

dos usuários residentes fora do DF. (SUPRAC, 2010)

Quanto às internações, os pontos de atenção que receberam maior impacto devido ao

atendimento de pacientes residentes fora do DF, citamos: Hospital Regional do Gama

(HRG), com 46% de internações, Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), com 28,3%, e o

Hospital São Vicente de Paula (HSVP), com 23,6%. Os demais pontos de atenção da rede

apresentaram entre 5 a 19% de média de internação de pacientes fora do DF. Em relação

ao impacto no setor de Emergência, citamos: HRBz, com 30,4% de atendimentos, HRG,

com 28% de atendimentos e o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), com 26% de

atendimentos. E os demais pontos de atenção da rede apresentaram entre 2 a 17% de

média de atendimentos de Emergência.

Em virtude dos municípios dos estados de Goiás e Minas Gerais que compõem a RIDE

estarem inseridos na rede de atenção à saúde da SES/DF, prioritariamente no que se refere

às referências de alta complexidade, o planejamento para ampliação de leitos de

internação, leitos de retaguarda e de UTI vem considerando a necessidade de cobertura

dessa Região.

Somente incluindo a população da Região do Entorno e do Distrito Federal, será possível

garantir a suficiência serviços, leitos de internação, retaguarda e UTI, para atender com

eficiência e efetividade as demandas da implementação das linhas de cuidados do AVC,

IAM e TRAUMA de acordo com as necessidades regionais.

1.6. Situação da Saúde no Distrito Federal

Na análise dos dados epidemiológicos do DF, pode-se constatar que a transição

epidemiológica e demográfica vem acontecendo de forma acelerada. No quadro a seguir,

observa-se um aumento proporcional significativo do grupo de pessoas com 60 anos ou

31

mais e redução do grupo de pessoas menores de 20 anos, o que reflete o aumento da taxa

de mortalidade por doenças do aparelho circulatório (116,37 por 100.000 habitantes em

2010) e o aumento da taxa de mortalidade por causas externas (72,99 por 100.000

habitantes em 2010).

Quadro 1: Evolução da Distribuição Populacional por Faixa Etária

FONTE: IBGE/2010

Assim como nos países desenvolvidos, em 2008, a maior proporção de óbitos esteve

relacionada a doenças do aparelho circulatório – DAC (27,8%), seguida de neoplasias

(18,0%) e de causas externas (17,7%). Destaque-se que a mortalidade proporcional por

grupos de causas indica a importância relativa de determinado grupo em relação aos

demais. Apesar disso, ainda são frequentes e substantivas as internações (5.785 em 2009)

e óbitos por doenças infecciosas (16,6/100.000 habitantes no DF).

Analisando-se os dados de mortalidade estratificados por grupos de causas e faixa etária,

observa-se que as causas externas, com destaque para homicídios e acidentes de

transporte, são predominantes nas faixas etárias compreendidas entre 05 a 49 anos de

idade. Os índices de criminalidade são altos, sobretudo no Entorno do DF, e principalmente

no estado de Goiás, região onde ainda há necessidade de incremento dos serviços

assistenciais em saúde. A criminalidade observada no DF e Entorno é uma herança do

crescimento desordenado, ainda que assentado em núcleos urbanos planejados. Os níveis

32

de criminalidade no DF estão entre os maiores do Brasil, chegando a uma média de até

dois assassinatos diários, conforme dados do IBGE.

Além das causas externas, também o aumento da incidência de doenças do aparelho

circulatório e oncológicas, decorrentes do próprio envelhecimento da população, onera o

sistema de atenção ao paciente crítico, exigindo maior volume de atendimentos de alta

complexidade e elevando de forma significativa a utilização de leitos de terapia intensiva.

1.7. Sistema Assistencial de Saúde do Distrito Federal

O Sistema Assistencial da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal encontra-se

esquematizada no mapa abaixo, estando distribuída em suas sete Regiões de Saúde, as

quais são compostas pelas Coordenações Gerais de Saúde.

FONTE: PDR

Para uma melhor visualização deste desenho da Rede seguem anexas tabelas (TABELAS

A e B), que retratam a organização das regiões de saúde, sua conformação em relação às

Regiões Administrativas, população de abrangência e a descrição dos serviços existentes

em cada uma delas.

33

Nestas tabelas para cada região de saúde estão descritos: as Coordenações Gerais de

Saúde da Região, as Regiões Administrativas que compõem a Região de Saúde; a

população, segundo censo IBGE/2010, da região e da região mais a projeção populacional

da RIDE; os serviços referentes a Atenção Básica, Unidades de Pronto Atendimento,

Componente Hospitalar e Componente Pré-Hospitalar (SAMU) e sinalizados os serviços de

referência para assistência especializada às Linhas de Cuidado do AVC, IAM e TRAUMA.

A Região Centro Sul é composta pelas Coordenações Gerais de Saúde da Asa Sul, do

Núcleo Bandeirante e do Guará. A Região Centro Norte, pela Coordenação Geral de

Saúde da Asa Norte. A Região Oeste, pelas Coordenações Gerais de Saúde da Ceilândia

e de Brazlândia. A Região Sudeste, pelas Coordenações Gerais de Saúde de Taguatinga,

Samambaia e Recanto das Emas. A Região Norte, pelas Coordenações Gerais de Saúde

de Sobradinho e Planaltina. A Região Leste, pelas Coordenações Gerais de Saúde do

Paranoá e de São Sebastião. E a Região Sul, pelas Coordenações Gerais de Saúde do

Gama e de Santa Maria.

A Coordenação Geral de Saúde da Asa Sul é composta pelas Regiões Administrativas

de Brasília (Asa Sul), e Lago Sul. A Coordenação Geral de Saúde do Núcleo Bandeirante

pelas Regiões Administrativas do Riacho Fundo, da Candangolândia e do Núcleo

Bandeirante. A Coordenação Geral de Saúde do Guará pela Região Administrativa do

Guará. A Coordenação Geral de Saúde da Asa Norte pelas Regiões Administrativas de

Brasília (Asa Norte), Lago Norte e Cruzeiro. A Coordenação Geral de Saúde de Ceilândia

pela Região Administrativa de Ceilândia. A Coordenação Geral de Saúde de Brazlândia

pela Região Administrativa de Brazlândia. A Coordenação Geral de Saúde de Taguatinga

pela Região Administrativa de Taguatinga. A Coordenação Geral de Saúde de

Samambaia pela Região Administrativa de Samambaia. A Coordenação Geral de Saúde

do Recanto das Emas pela Região Administrativa do Recanto das Emas. A Coordenação

Geral de Saúde de Sobradinho pela Região Administrativa de Sobradinho. A

Coordenação Geral de Saúde de Planaltina pela Região Administrativa de Planaltina. A

Coordenação Geral de Saúde do Paranoá pela Região Administrativa do Paranoá. A

Coordenação Geral de Saúde de São Sebastião pela Região Administrativa de São

Sebastião. A Coordenação Geral de Saúde do Gama pela Região Administrativa do

Gama. E a Coordenação Geral de Saúde de Santa Maria pela Região Administrativa de

Santa Maria.

Na Região Centro Sul encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

34

O Hospital Materno Infantil de Brasília – HMIB, vinculado a Coordenação Geral de Saúde

da Asa Sul, é um hospital de referência na área materno-infantil com 284 leitos

operacionais, distribuídos nas especialidades de Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria,

Cirurgia Pediátrica, Terapia Intensiva Obstétrica, Terapia Intensiva Infantil, Terapia

Intensiva Neonatal e Unidade Intermediária Neonatal. Presta atendimento de

urgência/emergência nas especialidades de Ginecologia, Obstetrícia, Cirurgia Pediátrica e

Pediatria. Sendo o Hospital de Referência Terciário da Rede de Saúde do DF no

atendimento nas áreas de Ginecologia e Obstetrícia e Neonatologia. Esta coordenação de

saúde possui cinco unidades básicas de saúde e uma unidade mista.

A UPA do Núcleo Bandeirante – UPA Núcleo Bandeirante, vinculada a Coordenação

Geral de Saúde do Núcleo Bandeirante, presta atendimento 24 horas nas especialidades

de Clinica Medica e Pediatria. Nesta coordenação de saúde não existe unidade hospitalar,

mas possui sete unidades básicas de saúde.

O Hospital Regional do Guará – HRGu, vinculado a Coordenação Geral de Saúde do Guará

é um hospital geral com 39 leitos operacionais, distribuídos nas especialidades de Pediatria

e Clínica Médica. Prestando atendimento de urgência/emergência nas especialidades de

Ginecologia, Pediatria e Clínica Médica. Esta coordenação de saúde possui cinco unidades

básicas de saúde e um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

Na Região Centro Norte encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

O Hospital Regional da Asa Norte - HRAN, vinculado a Coordenação Geral de Saúde da

Asa Norte, é um hospital geral com 358 leitos operacionais, distribuídos nas especialidades

de Cirurgia Geral, Ginecologia, Cirurgia Plástica, Obstetrícia, Pediatria, Cardiologia, Clínica

Médica, Queimados, Dermatologia, Hematologia, Pneumologia, Terapia Intensiva Adulto, e

Unidade Intermediária Neonatal. Presta atendimento de urgência/emergência nas

especialidades de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria e

Odontologia. Sendo o Hospital de Referência Terciaria para o atendimento na área de

Clinica Medica, Queimados e Cirurgia Plástica. Esta coordenação de saúde possui sete

unidades básicas de saúde.

Na Região Oeste encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

O Hospital Regional de Ceilândia - HRC, vinculado a Coordenação Geral de Saúde de

Ceilândia é um hospital Geral com 305 leitos operativos distribuídos nas especialidades de

Cirurgia Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica,

Neonatologia, Terapia Intensiva Adulto, Terapia Intensiva Neonatal e Unidade Intermediária

35

Neonatal. Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de Clínica

Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria e Odontologia. Esta

coordenação de saúde possui catorze unidades básicas de saúde.

O Hospital Regional de Brazlândia – HRBz, vinculado a Coordenação Geral de Saúde de

Brazlândia, é um hospital geral com 138 leitos operativos nas especialidades de Cirurgia

Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica e

Neonatologia. Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de Clínica

Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia, Obstetrícia e Pediatria. Esta coordenação de saúde

possui seis unidades básicas de saúde.

Na Região Sudoeste encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

Hospital Regional de Taguatinga – HRT, vinculado à Coordenação Geral de Saúde de

Taguatinga, é um hospital geral com 395 leitos operativos distribuídos nas especialidades

de Cirurgia Geral, Ginecologia, Oftalmologia, Traumato-Ortopedia, Otorrinolaringologia,

Obstetrícia, Pediatria, Cardiologia, Clínica Médica, Terapia Intensiva Adulto, Terapia

Intensiva Infantil, Terapia Intensiva Neonatal, Unidade Intermediária Adulto e Unidade

Intermediária Neonatal. Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de

Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia, Cardiologia, Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria.

Esta coordenação de saúde possui nove unidades básicas de saúde, uma unidade mista,

uma central radiológica e um CAPS.

Hospital Regional Samambaia – HRSam, vinculado a Coordenação Geral de Saúde de

Samambaia é um hospital Geral com 104 leitos operativos distribuídos nas especialidades

de Cirurgia Geral, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica e Terapia Intensiva

Adulto. Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica,

Cirurgia Geral e Pediatria. A UPA de Samambaia – UPA Samambaia, também vinculada a

Coordenação Geral de Saúde de Samambaia, é uma unidade de pronto-atendimento com

14 leitos operativos de observação nas especialidades de clínica médica e de pediatria.

Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica e

Pediatria. Esta coordenação de saúde possui cinco unidades básicas de saúde.

A UPA do Recanto das Emas – UPA Recanto, vinculada a Coordenação Geral de Saúde

do Recanto das Emas é uma unidade de pronto-atendimento com 14 leitos operativos de

observação nas especialidades de clínica médica e de pediatria. Presta atendimento de

urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica e Pediatria. Nesta coordenação

36

não há unidade hospitalar. Esta coordenação de saúde possui três unidades básicas de

saúde.

Na Região Norte encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

O Hospital Regional de Sobradinho - HRS, vinculado a Coordenação Geral de Saúde de

Sobradinho é um hospital Geral com 283 leitos operativos distribuídos nas especialidades

de Cirurgia Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica,

Berçário Patológico e Terapia Intensiva Adulto. Presta atendimento de urgência/emergência

nas especialidades de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia

e Pediatria. Esta coordenação de saúde possui sete unidades básicas de saúde e um

CAPS.

O Hospital Regional de Planaltina – HRPl, vinculado a Coordenação Geral de Saúde de

Planaltina, é um hospital geral com 167 leitos operativos nas especialidades de Cirurgia

Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica,

Neonatologia e Unidade Intermediária Neonatal. Presta atendimento de

urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia,

Obstetrícia e Pediatria. Esta coordenação de saúde possui treze unidades básicas de

saúde.

Na Região Leste encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

O Hospital Regional do Paranoá – HRPa, vinculado a Coordenação Geral de Saúde do

Paranoá, é um hospital geral com 243 leitos operativos nas especialidades de Cirurgia

Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica, Terapia

Intensiva Adulto e Unidade de Isolamento Adulto. Presta atendimento de

urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia,

Ginecologia e Obstetrícia e Pediatria. Esta coordenação de saúde possui sete unidades

básicas de saúde e um CAPS.

A Unidade Mista de São Sebastião – UMSS, vinculada a Coordenação Geral de São

Sebastião, é uma Casa de Parto e Maternidade Primária, com 8 leitos operativos de

observação nas especialidades de obstetrícia e pediatria. A UPA de São Sebastião – UPA

São Sebastião, vinculada a Coordenação Geral de Saúde de São Sebastião é uma unidade

de pronto-atendimento com 14 leitos operativos de observação nas especialidades de

clínica médica e de pediatria. Presta atendimento de urgência/emergência nas

especialidades de Clínica Médica e Pediatria. Nesta coordenação não há unidade

hospitalar. Esta coordenação de saúde possui quatro unidades básicas de saúde.

37

Na Região Sul encontram-se as seguintes Unidades de Atendimento:

O Hospital Regional do Gama – HRG, vinculado à Coordenação Geral de Saúde do Gama,

é um hospital geral com 391 leitos operativos distribuídos nas especialidades de Cirurgia

Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Cardiologia, Clínica

Médica, Neonatologia, Pneumologia, Tisiologia, Terapia Intensiva Adulto e Unidade

Intermediária Neonatal. Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de

Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cardiologia, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria.

Esta coordenação de saúde possui onze unidades básicas de saúde e uma policlínica.

O Hospital Regional de Santa Maria – HRSM, vinculado à Coordenação Geral de Saúde de

Santa Maria, é um hospital geral com 356 leitos operativos distribuídos nas especialidades

de Cirurgia Geral, Ginecologia, Traumato-Ortopedia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica,

Terapia Intensiva Adulto, Terapia Intensiva Infantil, Terapia Intensiva Neonatal, Unidade

Intermediária Adulto, Unidade Intermediária Pediátrica e Unidade Intermediária Neonatal.

Presta atendimento de urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica, Cirurgia

Geral, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria. Esta coordenação de saúde possui

cinco unidades básicas de saúde.

O Hospital de Base do Distrito Federal – HBDF, é hospital terciário de referência para as

especialidades médicas, possui 880 leitos operativos nas especialidades de Odontologia,

Angiologia, Cirurgia Cardiovascular, Cirurgia Geral, Endocrinologia, Gastroenterologia,

Mastologia, Oncologia Ginecológica, Urologia, Neurocirurgia, Oftalmologia,

TraumatoOrtopedia, Otorrinolaringologia, Cirurgia Torácica, Transplante Renal, Pediatria,

Cirurgia Pediátrica, Cardiologia, Clínica Médica, Medicina Nuclear, Medicina Tropical,

Reumatologia, Hematologia, Nefrologia, Berçário Patológico, Neurologia, Oncologia

Clínica, Radioterapia, Pneumologia, Broncoesofagologia, Psiquiatria, Terapia Intensiva

Adulto, Terapia Intensiva Infantil e Terapia Intensiva Neonatal. Presta atendimento de

urgência/emergência nas especialidades de Clínica Médica, Neurologia, Oftalmologia,

Endoscopia, Cardiologia, Otorrinolaringologia, Cirurgia Buco-Maxilo, Cirurgia Geral,

Trauma, Neurocirurgia, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Vascular, Ortopedia, Urologia, Cirurgia

Cardíaca (em escala de plantão alcançável).

O Hospital São Vicente de Paulo – HSVP é hospital de referência especializado em

atendimento à saúde mental, com 115 leitos operativos na especialidade de Psiquiatria.

Presta atendimento de urgência/emergência na especialidade de Psiquiatria.

38

O Hospital de Apoio de Brasília – HAB é hospital de referência especializado em

reabilitação com 55 leitos operativos nas especialidades de Crônicos Adulto e Reabilitação

Adulto. Não presta atendimento de urgência/emergência.

O Hospital da Criança – HCB é hospital de referência especializado em atendimento infantil

com 19 leitos operativos nas especialidades de hematologia e oncologia pediátricas, porém

seu principal foco de atendimento são as diversas subespecialidades pediátricas nas suas

modalidades ambulatoriais. Não presta atendimento de urgência/emergência.

Além da distribuição por regiões de saúde, a distribuição do atendimento das

especialidades médicas pelas unidades de urgência/emergência e pelas unidades de

internação também auxilia na estruturação do fluxo de referência e contra referência na

média e alta complexidade na rede de atenção à saúde do DF.

39

2. LINHAS DE CUIDADO

2.1. Conceito de Linhas de Cuidado

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 198, descreve a integralidade do

atendimento como um dos princípios para as ações e serviços públicos de saúde.

O conceito de Atenção Integral à Saúde é defendido na 10ª CNS, e a definição de seus

princípios romperam teórica e politicamente com os conceitos de Atenção Básica,

Secundária e Terciária em Saúde. Conceitos estes articulados no formato da tradicional

pirâmide, utilizando-se de encaminhamentos burocráticos através da rede de referencia e

contra-referencia. A partir da 10ª Conferencia Nacional de Saude o cuidado passaria a ser

articulado no formato de um círculo – através da gestão clínica e por linhas de cuidado.Esta

mudança, contudo, ainda não é verificada, tanto nas ações e serviços de saúde do Brasil,

quanto nas bases conceituais dos processos de formação e de gestão.

A Atenção Integral à Saúde baseia-se, em verdade, na superação do modelo de gestão e

de atenção à saúde, fragmentado e com organização centrada, para um modelo com foco

inarredável nas necessidades de saúde da população. Seus princípios (integralidade,

acolhimento, acessibilidade, qualidade, resolutividade, vínculo, compromisso,

responsabilização e humanização), interconectam a realidade sócio-econômica, cultural e

demográfica da população.

A integração em saúde é um processo que consiste em criar e manter uma governança

comum de atores e organizações, com o propósito de coordenar sua interdependência,

permitindo-lhes cooperar para a realização de um projeto (clínico) coletivo.Essa visão de

sistema integrado de saúde tem como representação nuclear uma rede de cuidados com

múltiplas dimensões de integração entre os diferentes pontos de atenção relacionando o

Projeto Clínico e à Governança, às representações e valores coletivos.

A integração do cuidado consiste na coordenação persistente das práticas clínicas

destinadas a atender as necessidades do individuo que sofre com problemas de saúde,

visando assegurar a continuidade e a globalidade dos serviços requeridos de diferentes

profissionais e organizações, articulados no tempo e espaço, conforme os conhecimentos

disponíveis.

Dentro deste conceito de integralidade do cuidado destacam-se as Linhas de Cuidado (LC)

como uma forma de articulação de recursos e das práticas de produção de saúde,

orientadas por diretrizes clínicas, entre as unidades de atenção de uma dada região de

40

saúde, para a condução oportuna, ágil e singular, dos usuários pelas possibilidades de

diagnóstico e terapia, em resposta às necessidades epidemiológicas de maior relevância,

visando à coordenação ao longo do contínuo assistencial,

através da pactuação/contratualização e a conectividade de papéis e de tarefas

dos diferentes pontos de atenção e profissionais.

A implantação de LC deve se dar a partir de unidades da Atenção Primária a Saúde (APS),

que têm a responsabilidade da coordenação do cuidado e ordenamento da rede. Alguns

pressupostos, como garantia dos recursos materiais e humanos necessários à sua

operacionalização; integração e co-responsabilização das unidades de saúde; interação

entre equipes; processos de educação permanente; gestão de compromissos pactuados e

de resultados, devem ser observados para a efetivação das LC.

A Linha de cuidado é definida, portanto, como um novo tipo de relação de cuidado com

vistas a indivíduos e coletivos em suas necessidades sociais de cuidado. Esta vai desde

sua entrada no sistema através de serviços de urgência, de clínicas ou de consultórios, de

centros de atenção básica passando por serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e

chegando aos serviços de especialidades e hospitalares, entre tantos outros

possíveis.Estes serviços se congregam na responsabilização por aquele individuo ou por

aqueles coletivos.Sua consecução pressupõe uma eficaz, eficiente e efetiva rede de ações

e de serviços, com profissionais suficientes, competentes e qualificados para dar-lhe

cumprimento, além de recursos compatíveis com a idéia de integralidade e de humanização

do cuidado.

Nesta perspectiva, as linhas de cuidado podem ser compreendidas enquanto modelos de

atenção matriciais que integram ações de promoção, vigilância, prevenção, assistência e

reabilitação, voltadas para as especificidades de grupos ou mesmo a necessidades

individuais, permitindo não só a condução oportuna dos pacientes pelas diversas

possibilidades de diagnóstico e terapêutica, como também, uma visão global de suas

condições de vida. Ou seja, engloba um conjunto de tecnologias e recursos a serem

utilizados, centrada no paciente ou em grupos de pacientes e perpassando pelos diversos

pontos de atenção à saúde: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação e

operando vários serviços que funcionam de forma articulada e centrada no usuário.São

eixos centrais de ações integrais de cuidadocompostos por guias, fluxos, protocolos clínicos

e de atenção, atribuição de responsabilidades sanitária e de gestão e por outros

instrumentos que viabilizem a continuidade do processo de atenção à saúde na

integralidade de cada linha de cuidado.

41

No contexto das linhas de cuidado relacionadas a quadros agudos ocorre uma alteração na

ordenação da mesma passando então a ser seu fluxo iniciado nas portas de urgência e

emergência.

Dentro deste contexto das Linhas de Cuidado oferecendo à população cuidado integral à

saúde e considerando que o atendimento aos usuários com quadros agudos deve ser

prestado por todas as portas de entrada dos serviços de saúde do SUS, possibilitando a

resolução integral da demanda ou transferindo-a, responsavelmente, para um serviço de

maior complexidade, dentro de um sistema hierarquizado e regulado, organizado em redes

regionais de atenção às urgências enquanto elos de uma rede de manutenção da vida em

níveis crescentes de complexidade e responsabilidade, e ainda que para organizar uma

rede que atenda aos principais problemas de saúde dos usuários na área de urgência e

emergência é necessário considerar o perfil epidemiológico no Brasil, onde se evidencia,

segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS),

uma alta morbimortalidade relacionada às violências e acidentes de trânsito até os 40

(quarenta) anos e acima desta faixa uma alta morbimortalidade relacionada às doenças do

aparelho circulatório, este plano, incorporando os princípios e as diretrizes da Rede de

Atenção às Urgências e Emergências do Governo do Distrito Federal, representa a proposta

da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) para qualificar e humanizar

a atenção aos usuários do SUS, prioritariamente, no que tange às Linhas de Cuidado do

Infarto Agudo do Miocardio (IAM) e sindromes Coronarianas Agudas, do Acidente Vascular

Cerebral (AVC) e do Trauma.

2.2. Linha do Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio e Síndromes Coronarianas

Agudas

O objetivo do estabelecimento da Linha de Cuidado cardiovascular, assim como no caso

das demais linhas de cuidado é articular e integrar todos os equipamentos de saúde,

objetivando ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários portadores de

doenças cardiovasculares agudas. Implica, portanto em ações que tem por finalidade

prevenir, tratar e reduzir a mortalidade por Doenças cardiovasculares no âmbito do DF,

englobando a detecção, prevenção, tratamento dos fatores de riscos, tratamento do evento

agudo na fase hospitalar (fase aguda) e o acompanhamento e reabilitação após a alta

hospitalar (fase crônica).

O infarto agudo do miocárdio é responsável por cerca de 60.080 óbitos no Brasil, sendo

considerada a principal causa isolada de morte no país. Esses dados coincidem com

42

aqueles encontrados em países desenvolvidos. Não se tem conhecimento do número exato

de infartos que ocorrem anualmente no Brasil, mas estima-se em 300 a 400 mil casos

anuais, o que levaria a um óbito para cada 5 a 7 casos, conferindo a esta doença, uma

elevada taxa de mortalidade apesar dos inúmeros avanços terapêuticos obtidos na última

década. (Arquivos Brasileiros de Cardiologia -Volume 83, Suplemento IV, Setembro

2004).

Levando em consideração estes dados o Ministério da Saúde através da Portaria MS Nº

2.994, de 13 de dezembro de 2011, aprovou a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do

Miocárdio e o Protocolo de Síndromes Coronarianas Agudas, com o intuito de assegurar o

atendimento qualificado aos pacientes e consequentemente diminuir a morbimortalidade.

Nas Unidades assistenciais de saúde da Secretaria de Estado Saúde do DF (SES/DF) são

utilizados hoje os Protocolos para o tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e

demais Síndromes Coronarianas. Protocolos estes baseados nas Diretrizes Brasileiras de

Cardiologia e em Estudos Clínicos Multicêntricos.

O infarto agudo do miocárdio por sua alta prevalência, morbidade e mortalidade torna-se

hoje um desafio para os serviços de saúde. Estudos epidemiológicos revelam taxas de

mortalidade geral ao redor de 30%, sendo que metade dos óbitos ocorre nas primeiras duas

horas do evento o que evidencia a importância do atendimento pré-hospitalar e o

diagnóstico precoce. Outros 14% dos pacientes acometidos evoluem a óbito antes de

receber atendimento médico. Contudo os pacientes admitidos nos serviços de emergência

precocemente mostraram se beneficiar enormemente com os avanços terapêuticos das

últimas décadas.

A mortalidade intra-hospitalar, que se encontrava ao redor de 30% antes de 1960, diminuiu

para 16% com o advento das unidades coronarianas. Posteriormente, com o

desenvolvimento de drogas fibrinolíticas e da angioplastia primária, as taxas declinaram até

cerca de 6 a 8% nos primeiros 30 dias após o infarto. Esses dados vêm comprovar que o

prognóstico desses pacientes depende fundamentalmente da agilidade em alcançar um

serviço médico e na eficiência desse serviço em obter a reperfusão coronariana o mais

rapidamente possível.

Segundo dados do DATASUS, morrem anualmente no Brasil cerca de 66.000 pessoas

vítimas de infarto agudo do miocárdio (IAM). Apesar dos inúmeros avanços terapêuticos

obtidos nas últimas décadas, a SCA é ainda uma das mais importantes causas de morte

da atualidade.

43

No DF no ano de 2012 segundo estatísticas da Subsecretaria de Programação, Regulação,

Avaliação e Contratualização (SUPRAC) entre as 117.693 internações clinicas nos serviços

hospitalares do sistema de saúde pública do DF, 918 foram internados para tratamento de

infarto agudo do miocárdio, correspondendo a 0,53% de todas as internações clinicas,

destes 11,76% evoluíram a óbito durante o período da internação.

A síndrome coronariana aguda (SCA) engloba um grupo de entidades que incluem o infarto

agudo do miocárdio (IAM) com supradesnivelamento do segmento ST (IAM CST), IAM sem

supradesnivelamento do segmento ST (IAM SST) e a angina instável. Esta diferenciação

possui caráter essencial na definição do tratamento imediato mais adequado do IAM CST

através de técnicas de reperfusão miocárdica.

O grande desafio é tornar o tratamento da SCA, principalmente neste primeiro momento,

do IAM com Supra Desnivelamento de ST, disponível para a população como um todo,

promovendo efetivamente a redução da letalidade da doença cardiovascular no DF e

Entorno.

A SES/DF vem adotando medidas púbicas de grande impacto para vencer este desafio,

objetivando reduzir a mortalidade cardiovascular no DF. Para tanto o primeiro objetivo é o

estabelecimento de uma FORÇA TAREFA para tratar a fase AGUDA DO IAM COM SUPRA

DESNIVELAMENTO DE ST, que é o responsável pelo maior índice de mortalidade das

doenças cardiovasculares, e para o qual o diagnóstico e tratamento precoce são a chave

para alcançar esta META.

Dentre as novas modalidades terapêuticas, destacam-se as terapias de reperfusão

miocárdica, que são a Trombólise Mecânica (ANGIOPLASTIA PRIMARIA) e a Trombólise

Química (FIBRINOLÍTICOS).

A restauração do fluxo coronariano é o principal objetivo terapêutico nas SCA,

principalmente no IAM COM SUPRA DESNIVELAMENTO DE ST, no qual a trombose

coronariana é o principal mecanismo fisiopatológico, que leva à interrupção do fluxo

coronariano. Consideram-se duas formas principais para a reperfusão coronariana: a

química, realizada através da utilização de agentes trombolíticos, e a mecânica, através da

angioplastia primaria. A revascularização miocárdica cirúrgica é reservada atualmente para

casos selecionados, de alto risco, em que não houve sucesso ou há contraindicação para

os outros dois métodos.

A possibilidade de realização de trombólise química em ambiente pré-hospitalar e a ampla

disponibilidade dos agentes trombolíticos tornam este tratamento de eleição em muitos

44

sistemas de saúde, porém o melhor tratamento encontra-se na angioplastia primária, que

oferece a vantagem de levar à revascularização completa em 90 a 95% dos pacientes,

mostrando sua maior efetividade, como também menores taxas de complicações tardias,

como insuficiência cardíaca e diminui consideravelmente a permanência hospitalar.

Os benefícios da reperfusão e, em especial, da angioplastia primaria sobre a trombólise

química, dependem em muito do tempo até o início do tratamento. Segundo as diretrizes

atuais, (III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento do infarto

agudo do miocárdio. Arq. Bras. Cardiol. 2004; 83 Suppl 4:1-86) o tempo de espera para o

início da terapia trombolítica desde o primeiro contato com o paciente (tempo porta-agulha)

deve ser inferior a 30 minutos e, para que o benefício da angioplastia primaria esteja

presente, a espera até a insuflação do balão (tempo porta-balão) deve ser inferior a 90

minutos, sendo que o atraso (tempo porta-balão menos tempo porta agulha) não seja

superior a 60 minutos. A escolha, portanto da melhor estratégia de reperfusão no IAM

depende de fatores relacionados à disponibilidade regional de recursos e pode variar de

região para região.

É prioridade da SES/DF o fornecimento do tratamento mais adequado para o IAM COM

SUPRA DESNIVELAMENTO DE ST (IAM CST) para toda população do DF e entorno.

Foram estabelecidas ações concretas e já vigentes em todo o sistema de saúde do DF de

forma a alcançar este objetivo. Como inovações as seguintes ações já se encontram

vigentes:

1- Atendimento e Tratamento pré-hospitalar (SAMU-DF);

2- TELEMEDICINA: projeto impar em todo o território nacional, com cobertura de 100% para

toda Rede SES de Saúde, com a disponibilização de realização do ECG com Laudos on

line, em todas as unidades de emergência, UPAs, hospitais, Postos e Centros de Saúde,

nas unidades de atenção domiciliar e no próprio SAMU-DF.

3- ANGIOPLASTIA PRIMARIA 24 HORAS, tendo como referência o Instituto de Cardiologia

do DF (ICDF), através de Contrato já estabelecido e vigente, trazendo para o DF o padrão

ouro para o tratamento do IAM CST.

3- Disponibilidade do Recurso de segunda opinião medica, através da telemedicina, em

parceria estabelecida pelo Contrato da SES/DF com o Hospital do Coração de SP (HCor).

4- Treinamento e habilitação técnica para toda equipe de saúde para diagnostica e tratar

precocemente o IAM CST.

45

5- Disponibilização dos marcadores laboratoriais de injuria do miocárdico (Enzimas

Cardíacas).

6- Ampliação de leitos de UTI destinados a estes pacientes.

7- Criação da primeira Unidade Coronariana da SES/DF no HBDF, a qual já se encontra em

funcionamento.

8- Criação do Centro Neurocardiovascular, já em funcionamento no HBDF, o qual é

considerado padrão ouro para o atendimento dos quadros de IAM e AVC e projeto de

expansão destes centros para todas as portas de entrada da SES/DF.

9- Contratação de novos servidores médicos e demais servidores de saúde para comporem

os quadros da SES/DF.

10- Descentralização do primeiro atendimento ao paciente com IAM CST, capacitando

os médicos das unidades de emergências no diagnóstico e tratamento inicial destes

pacientes, ampliando assim a forca tarefa e não havendo a necessidade da presença

física do especialista.

11-Estabelecimento de Metas e Critérios de avaliação (banco de dados de registros da

TELEMEDICINA).

12- Projeto da Força Tarefa para o diagnóstico e tratamento precoces do IAM CST

alcançando todas as unidades da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, como também o

aumento de publicações cientificas da SES/DF (FEPECS, Residências médicas e pós

graduação).

Análise Situacional do Distrito Federal

O tratamento do IAM, na SES/DF, visa não somente o atendimento na fase aguda (IAM),

mas a integração da rede de atenção à saúde, promovendo o exercício da linha de cuidado,

composta pelos serviços hospitalares e pré-hospitalares, atenção especializada e atenção

básica.

Atualmente o primeiro atendimento ao paciente portador de SCA é realizado em todas as

unidades de emergências hospitalares do sistema de assistência às urgências e também

pelas unidades de Pronto Atendimento (UPA) e unidades pré-hospitalares móveis. O

paciente após avaliação é referenciado aos hospitais regionais que prestam atendimento

em cardiologia, principalmente para o HBDF. O suporte para angioplastia na rede de Saúde

do DF é feito no Instituto de Cardiologia (ICDF) que possui contrato de prestação de

serviços especializados com a SES/DF.

46

Os hospitais que hoje oferecem atendimento em cardiologia são: HRT e HRG, contudo este

atendimento ainda não está disponível nas emergências destes hospitais nas 24 horas do

dia.

Fluxo de encaminhamento para atendimento ao quadro agudo

Como dito anteriormente o atendimento aos usuários com quadro de SCA deverá ser

prestado por todas as portas de entrada dos serviços de saúde da SES/DF, possibilitando

a resolução integral da demanda ou transferindo-a responsavelmente, para um serviço de

maior complexidade, que possa fornecer o tratamento mais adequado para cada caso.

Como a rede de saúde do DF, encontra-se regionalizada, da forma descrita anteriormente,

na proposta da linha de cuidado do IAM serão porta de entrada para os pacientes com SCA

as 13 portas de emergência hospitalares, as atualmente 4 UPAs, as unidades básicas de

saúde e o próprio serviço móvel de urgência (SAMU-DF).

Esta linha de cuidado possui como referencias:

1. Hospitais Regionais de Referência – HRC, HRG, HRS e HRT.

2. Hospitais do Complexo Hospitalar Central - com habilitação em cardiologia

intervencionista e leitos de Unidade Coronariana – HBDF, HRAN, HUB e ICDF.

As portas de entrada responsabilizam-se pela realização da avaliação clínica (história

clínica e exame físico) e dos exames complementares para o diagnóstico do IAM (ECG e

enzimas cardíacas) disponíveis para todas as unidades de atendimento de urgência e

emergência.

Estando o ECG disponível em todos os serviços de saúde, torna-se possível o diagnóstico

do IAM COM SUPRA DESNIVELAMENTO DE ST, através do exame do médico e do ECG

(TELEMEDICINA) na própria Residência do Paciente, via Pública e nos ambulatórios e

Postos de Saúde do DF, tornando assim possível o diagnóstico, o primeiro atendimento e

a estabilização clínica para a realização de transporte adequado ao local de referência mais

indicado para realização do tratamento definitivo a depender de cada caso. Em caso de o

primeiro atendimento se dar em unidades onde seja possível a realização pelo médico

clinico assistente da trombólise química e não havendo possibilidade de transferência do

paciente para unidade de referência em tempo hábil para realização de angioplastia

primaria, esta poderá ser realizada na própria unidade e o paciente havendo necessidade

ser posteriormente transferido para uma das unidades de referência.

Todas as transferências de pacientes com diagnostico de SCA deverão ser reguladas pela

47

Central de Regulação de Urgências (SAMU – 192) seguindo protocolos clínicos e de

regulação. Estas transferências serão realizadas pelo Serviço Móvel de Urgências (SAMU),

conforme fluxo de regulação clinica descrito abaixo.

Após o primeiro atendimento clinico o paciente deverá ser encaminhado para um dos

hospitais de referência em cardiologia (HRC, HRG, HRS e HRT), ou diretamente para

realização de angioplastia primária no HBDF, HUB ou ICDF, levando-se em conta o

Fluxograma da Linha de Cuidado do IAM – (ANEXOS II, III e IV) a regionalização.

O protocolo de atendimento ao paciente com quadro agudo, mostrado no (ANEXO II),

baseia-se na condução clinica dos casos após o primeiro atendimento e na identificação do

quadro de IAM CST baseada no diagnóstico clínico, eletrocardiográfico e laboratorial. Tem

como critério de definição a possibilidade de realização da angioplastia primaria em tempo

hábil, ou seja, a transferência do paciente ao hospital de referência em alta complexidade

– HBDF, HUB ou ICDF – com tempo porta balão de até 90 minutos.

Neste contexto pacientes com até 3 horas de início de sintomas ou entre 3 e 12 horas, com

diagnóstico de IAM CST deverão ser encaminhados à unidade hospitalar ou pré-hospitalar

mais próxima para avaliação clínica diagnostica e estabilização, ou diretamente para

atendimento especializado (HBDF, HUB e ICDF) quando da possibilidade de realização de

angioplastia primaria com tempo porta balão de até 90 minutos. Portanto logo após a

primeira avaliação clínica em unidade de emergência, identificando-se quadro agudo de

IAM CST e havendo possibilidade de chegada ao hospital de referência para angioplastia

(HBDF, HUB e ICDF) com tempo porta balão de até 90 minutos o paciente deverá ser

encaminhado diretamente para a realização da angioplastia primaria, devendo ser a

unidade receptora contatada previamente para que as medidas iniciais de preparação para

a realização da angioplastia possam ser adotadas. Após a angioplastia, estando o paciente

clinicamente estável o mesmo deverá retornar para continuidade de seus cuidados em um

dos Hospitais Regionais de Referencia – HRC, HRG, HRS e HRT ou Hospital do Complexo

Hospitalar Central – HBDF e HUB.

Em casos em que o tempo porta balão vá ser superior a 90 minutos o paciente deverá ser

encaminhado após a trombólise química, se a mesma puder já ser realizada na própria

unidade onde se deu o primeiro atendimento, ou para sua realização nos Hospitais

Regionais de Referencia – HRC, HRG, HRS e HRT ou Hospital do Complexo Hospitalar

Central – HBDF e HUB, sendo que o objetivo é tornar factível sua realização no local do

48

primeiro atendimento médico (através dos processos de capacitação das equipes) e da

disponibilização da TELEMEDICINA.

Após a reperfusão os pacientes deverão ser acompanhados nas Unidades Coronarianas

quando necessário ou encaminhados para os seus respectivos serviços de cardiologia de

referencia (HBDF, HRC, HRG, HRS e HRT) para manutenção do tratamento e deverão ter

sua estratificação de risco realizada, recebendo quando da alta medica relatório

especificando seu quadro clinico e seu acompanhamento ambulatorial nas unidades

especializadas, nas unidades de reabilitação e na atenção básica (Contra referência).

Em qualquer das situações descritas, em havendo necessidade o paciente poderá ser

reencaminhado para nova avaliação em unidade do Complexo Hospitalar Central ou

Hospital de Especialidade (HBDF, HUB e ICDF) ou ainda para realização de procedimento

como, por exemplo, a angioplastia de resgate em casos de reoclusão. Após esta avaliação

ou procedimento o paciente poderá permanecer na unidade ou deverá retornar para

continuidade do acompanhamento no hospital de referência em média complexidade,

dependendo para isto dos protocolos clínicos já estabelecidos.

Em casos onde os sintomas tiveram início a mais de 12 horas, IAM SST, ou em casos de

Doença Arterial Coronariana (DAC) Crônica Agudizada os pacientes deverão, após o

primeiro atendimento nas unidades de emergência da SES/DF, e após estabilização clinica

serem encaminhados para os Hospitais Regionais de Referência – HRC, HRG, HRS e HRT,

para avaliação especializada e definição quanto à melhor conduta terapêutica.

Os pacientes portadores de SCA, IAM SST ou DAC Agudizada deverão ser atendidos nas

salas vermelhas das unidades de emergência e após sua estabilização e definição de

conduta deverão ser transferidos para as unidades coronarianas até a alta médica.

Em qualquer caso em havendo necessidade poderá ser solicitada transferência imediata

do paciente para unidade de terapia intensiva ou unidade coronariana, via Regulação de

leitos de UTI.

Após a alta hospitalar todos os pacientes deverão ser encaminhados para a reabilitação e

para acompanhamento multiprofissional que deverá ser definido conforme a necessidade

de cada caso. A unidade em que deverá ser realizado o acompanhamento também deverá

ser definida quando da alta hospitalar, podendo ser: internação domiciliar,

acompanhamento na atenção básica, ambulatório de especialidade dos Hospitais

Regionais de Referência (HRC, HRG, HRS e HRT) ou ainda ambulatório de especialidade

do Complexo Hospitalar Central (HBDF e HUB) ou de Hospital de Especialidade (ICDF).

49

Prevenção e Acompanhamento

A proposta da linha de Cuidado do IAM e SCA tem início, contudo na identificação precoce

dos fatores de risco e na atuação direta sobre os mesmos, prevenindo desta forma os

quadros agudos de IAM. A atenção básica se constitui em importante agente de

identificação destes fatores de riscos, assim como do tratamento e acompanhamento

destes, sendo, portanto responsável pela estratificação individual dos pacientes.

Fatores de Risco

O reconhecimento e a atuação precoce sobre os fatores de risco para as doenças

vasculares são determinantes na melhoria de qualidade de vida dos pacientes e na

diminuição das taxas de prevalência destas patologias, além de reduzirem as chances de

reoclusão em pacientes já com patologia estabelecida. Estes fatores de risco para IAM e

SCA são classificados em modificáveis e não modificáveis, conforme a possibilidade de

atuação para minimiza-los ou mesmo modifica-los.

Fatores de Risco Modificáveis:

Tabagismo

Hipertensão arterial.

Dislipidemia.

Sobrepeso e obesidade.

Sedentarismo.

Diabetes Mellitus.

Fatores de risco não modificáveis:

Idade: o risco aumenta para homens acima de 45 anos ou para mulheres acima de

55 anos (ou após a menopausa).

História familiar de doença arterial coronariana (DAC): O risco aumenta se o pai ou

um irmão foi diagnosticado com DAC antes de 55 anos de idade, ou a mãe ou uma

irmã foi diagnosticada com DAC antes de 65 anos de idade.

As Rotinas e Protocolos referentes à identificação e acompanhamento dos fatores de riscos

são baseadas nas Diretrizes de Cardiologia e alinhadas com os Protocolos clínicos do

Ministério da Saúde, desde a promoção de campanhas educativas, programas de

acompanhamento (DM, Tabagismo entre outros) até a dispensação de medicações

padronizadas para o tratamento e controle dos fatores de riscos modificáveis. Tais Rotinas

e Protocolos são amplamente divulgados nos sites do Ministério da Saúde e do GDF.

50

Fluxo de encaminhamento para avaliação ambulatorial de especialidade

O direcionamento dos pacientes para atendimento ambulatorial especializado, quando

necessário é organizado através de solicitação médica via Sistema de Regulação Medica

(SISREG), respeitando critérios clínicos e de regulação. Da mesma forma a realização de

exames específicos como, ecocardiograma, Holter, cateterismo, etc. são regulados pela

Regulação Médica Assistencial.

Infraestrutura

Para implantação e estruturação desta Linha de Cuidado será necessária a integração e

pró-atividade da equipe multidisciplinar em todos os níveis de atenção, a organização dos

fluxos assistenciais e pactuação dos protocolos clínicos existentes e já disponibilizados, a

adequação e/ou redimensionamento dos recursos humanos, bem como melhorias na

infraestrutura hospitalar.

No sentido de aprimorar a assistência à linha de cuidado do IAM foi inaugurado em maio

de 2012 o primeiro Centro de Emergência Neurocardiovascular da SES/DF, no Hospital de

Base do Distrito Federal (HBDF), hospital que compõe o “SOS EMERGÊNCIA”. Nesta

unidade há integração do SAMU com a cardiologia e neurologia e o seguimento do

Fluxograma de entrada (área vermelha e área amarela) e dos protocolos aprovados para o

tratamento das SCA. Foram também criados os leitos de retaguarda da Unidade

Coronariana na área amarela para acompanhamento destes pacientes.

Encontra-se prevista a criação de duas novas unidades coronarianas, sendo uma no

Hospital Regional de Taguatinga - HRT e outra no Hospital Regional do Gama - HRG. E

posteriormente no Hospital Regional de Sobradinho – HRS.

Para atendimento à linha de cuidado foi realizada contratação de novos cardiologistas

através de contrato temporário e está sendo programada para 2013 a abertura de concurso

para contratação de novos profissionais para inauguração das novas unidades.

Foi também revisto o contrato de prestação de serviços com o Instituto de Cardiologia de

forma a ampliar os serviços executados por este, atendendo à demanda dos quadros

agudos com maior acessibilidade para os pacientes da SES/DF.

Salientamos ainda a aquisição em curto prazo de TELE-ECG, sistemas de Telemedicina on

line 24 horas, a serem instalados nas unidades de atendimento de urgência e emergência

hospitalares e pré-hospitalares e posteriormente disponibilizados às Unidades de Atenção

Básica. Além de sistema de segunda opinião que deverá ser disponibilizado em breve.

51

Processos para aquisição de equipamentos essenciais como aparelhos de

eletrocardiograma, monitores multiparamétricos, respiradores, marca-passos cardíacos,

etc. encontram-se em andamento nesta SES/DF também para utilização nestes setores.

Aponta-se ainda a necessidade de ampliação dos serviços de cardiologia na SES/DF a ser

programado após a contratação de novos médicos cardiologistas, com a criação ou

ampliação de horários de ambulatórios de cardiologia nas Regionais de Saúde da SES/DF,

a ampliação do horário (24h) do serviço de hemodinâmica do HBDF para angioplastia

primária.

2.3. Linha de Cuidado do Acidente Vascular Cerebral

As Doenças Cerebrovasculares (DCV) entre elas o Acidente Vascular Cerebral (AVC)

encontram-se entre as principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo,

sendo sua ocorrência mais frequente na população acima de 60 anos de idade. No Brasil o

AVC tem sido responsável por mais óbitos que a doença coronariana desde a década de

60, fato este que diferencia nosso país dos demais países do hemisfério ocidental. O AVC

isquêmico (AVCI) representa, segundo diferentes estatísticas, cerca de 53% a 85% dos

casos de AVC. (Linha_de_Cuidado_AVC_Rede_Urg_Emer, em http://portal.saude.gov.br)

O Acidente Vascular Cerebral - AVC é definido pela Organização Mundial de Saúde como

uma síndrome clínica que consiste no desenvolvimento súbito de distúrbios clínicos focais

da função cerebral ou global no caso do coma, que duram mais de 24 horas ou conduzem

à morte sem outra causa aparente que não uma de origem vascular. A DCV encontra-se

também como a segunda causa mais comum de demência, a causa mais frequente de

epilepsia no idoso e uma causa frequente de depressão.

Durante as últimas duas décadas, um número crescente de evidências mudou a percepção

tradicional de que o AVC seria simplesmente uma consequência do envelhecimento que

conduziria inevitavelmente à morte ou a sequelas severas e permanentes, passando então

a ser considerado como uma doença tratável. Evidências acumuladas apontam para

estratégias de prevenção primária e secundária, mais eficazes, melhor reconhecimento dos

grupos e fatores de risco e assim à necessidade de uma atuação ativa, intervenções

eficazes, e uma compreensão dos processos de cuidado que contribuem para um melhor

resultado.

O interesse geral pelo estudo da fisiopatologia das Doenças Cerebrovasculares fez com

que a mesma fosse dividida em dois grandes grupos: aquele das Doenças cardio-embólicas

e o das patologias aterotrombóticas. Neste sentido os estudos avançaram para o

52

conhecimento dos fatores de risco e das similaridades e diferenças desta patologia com as

doenças vasculares de modo geral e principalmente com as doenças cardiovasculares.

Foram então desenvolvidos protocolos clínicos para prevenção e tratamento das doenças

cerebrovasculares no intuito de diminuir a incidência de quadros agudos e principalmente

de quadros recorrentes de lesões isquêmicas cerebrais.

Os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), classificados como hemorrágicos ou

isquêmicos, tem este último como sendo mais frequente, representando em torno de 85%

dos casos segundo estudos estatísticos mundiais, sendo a aterosclerose de pequenas e

grandes artérias cerebrais responsável pela maioria dos AVCs, sejam hemorrágicos ou

isquêmicos. Cerca de 20% casos são secundários ao desprendimento de êmbolos

cardiogênicos, mais comumente associados à fibrilação atrial intermitente e nestes casos

denominados cardio-embólicos. No entanto, cerca de 30% dos AVCs permanecem como

idiopáticos após extensa investigação etiológica.

No DF no ano de 2012, segundo estatísticas da Subsecretaria de Programação, Regulação,

Avaliação e Contratualização (SUPRAC) foram internados nos serviços hospitalares do

sistema de saúde pública do DF 183.919 pacientes sendo que destes 117.693 (63,99%)

foram internações clinicas. Das internações clínicas 1.990 foram para tratamento de

acidente vascular cerebral, correspondendo a 1,69% e, destas 16,98% evoluíram a óbito

durante o período da internação.

Clinicamente, tanto o AVC hemorrágico quanto o isquêmico são caracterizados pelo

aparecimento súbito de déficits neurológicos focais característicos da região cerebral

envolvida e, portanto da circulação cerebral afetada.

Na doença isquêmica, assim como nos quadros de Doenças Isquêmicas Cardíacas, a

obstrução vascular embólica ou trombótica leva a uma isquemia das células neuronais

comprometendo o território irrigado pelo vaso obstruído e que a lesão tecidual evolui

progressivamente conforme o tempo de isquemia e o grau de oclusão vascular.

Frente a estes conceitos o AVC passou a ser tratado como uma emergência neurológica,

onde o tempo para reconhecimento dos sintomas e início da abordagem clínica, tem relação

direta com o prognostico clinico do paciente o que significa que o atraso no reconhecimento

dos sintomas clínicos e no início da abordagem terapêutica levam a uma pior evolução com

aumento significativo da morbimortalidade.

53

No contexto de uma emergência médica a mesma deve ser conduzida prontamente por

equipe médica coordenada por Neurologista, a partir de protocolos e fluxos bem definidos.

A Portaria MS Nº 665, de 12 de abril de 2012, aprova a Linha de Cuidado do Acidente

Vascular Cerebral – AVC e em seu anexo I apresenta suas Diretrizes Clínico-assistenciais.

À luz destes novos conceitos passou-se a usar o chamado geral de que “tempo é cérebro”

no intuito de contextualizar os critérios de construção dos fluxos de atendimento de urgência

aos pacientes portadores de Doenças Cerebrovasculares. Tal critério temporal torna-se

essencial no contexto desta linha de cuidado tendo em vista que a demora na identificação

dos sintomas, na suspeição clínica e início de tratamento aumentam significativamente a

taxa de mortalidade hospitalar e a incidência de sequelas definitivas e limitantes da

qualidade de vida.

A Alteplase (rt-PA) por ser uma droga que possui a capacidade de dissolver o coagulo que

encontra-se obstruindo a luz do vaso, é capaz de proporcionar o retorno da circulação e

consequentemente diminuir o tempo de isquemia e a extensão da área tecidual

comprometida. Por ter mostrado promover menor número de complicações hemorrágicas

que outras drogas fibrinolíticas como a estreptoquinase, por exemplo, tornou-se a

medicação de escolha para o tratamento da fase hiperaguda do AVC isquêmico (AVCI).

Estudos clínicos evidenciaram que os melhores resultados e a menor incidência de

complicações hemorrágicas durante e após o tratamento eram obtidos quanto menor fosse

o tempo decorrido entre o início dos sintomas até o início do tratamento trombolítico. Com

estes estudos os protocolos clínicos acabaram por definir que o tempo ideal recomendado

para início do tratamento seria de até 4 horas desde o início dos sintomas, estando

preferencialmente entre 60 minutos e 3 horas. A este critério de tratamento deu-se o nome

de Tempo porta-agulha considerado como o intervalo de tempo calculado em minutos

compreendendo o tempo entre a admissão do paciente e o início da administração da

medicação (Alteplase).

No intuito de permitir a suspeição clinica ou o diagnóstico precoces do quadro foram criadas

e implementadas rotinas e protocolos de atendimento e reconhecimento pré-hospitalares

(ANEXO XI). Estas rotinas têm sido divulgadas à população e às unidades de atendimento

em baixa complexidade e unidades pré-hospitalares para reconhecimento imediato dos

principais sinais e sintomas de AVC de modo a permitir socorro imediato e o

encaminhamento responsável e qualificado para unidades de referência no tratamento do

AVC hiperagudo.

54

A DCV possui atualmente uma incidência de 13,8% na população acima de 60 anos,

permanecendo há duas décadas como a principal causa de morte na população idosa no

Brasil.

Segundo dados do DATASUS, a idade média para ocorrência do AVC é de 65,3 anos sendo

o percentual médio de mortalidade no Brasil de 20,6% do total de casos internados.

Observa-se, no entanto um aumento da incidência de AVC em adultos jovens e não

podemos deixar de considerar sua ocorrência em crianças.

Assim como nas Doenças cardiovasculares o reconhecimento e a atuação precoce sobre

os fatores de risco para as doenças vasculares são determinantes na melhoria de vida dos

pacientes e na diminuição das taxas de prevalência destas patologias, além de reduzirem

as chances de episódios agudos e sequelas severas.

Protocolo Clínico para a Indicação de Trombólise no AVCI

O principal objetivo do atendimento emergencial ao AVC inclui a suspeição clínica, a

avaliação de fatores potencialmente agravantes, a estabilização clínica e o direcionamento

do paciente, o mais rapidamente possível para unidades hospitalares capacitadas para a

realização de avaliação diagnóstica priorizando o atendimento a pacientes potenciais

candidatos à terapia trombolítica.

O diagnóstico de AVC deve ser suspeitado sempre que o paciente apresentar início súbito

de déficit focal, com ou sem alteração dos níveis de consciência, considerando-se como

principais sinais de alerta: perda súbita de força ou parestesias em um hemicorpo, face ou

membro, dificuldade súbita para falar ou compreender o que lhe é dito, perda visual súbita,

tontura e/ou perda de equilíbrio ou de coordenação, dor de cabeça súbita e intensa sem

causa aparente. Frente a este quadro deve ser realizada avaliação clínica criteriosa e

estabilização do quadro além de realização de exames laboratoriais que possam evidenciar

a necessidade de compensação de quadros metabólicos agudos que possam comprometer

a evolução clínica do quadro neurológico. Após esta estabilização os pacientes

identificados com quadro de AVC devem ser encaminhados para centros de referência onde

será realizado o tratamento definitivo mais adequado a cada caso.

Durante o atendimento hospitalar em atenção especializada deve-se priorizar o uso da

Escala do NIHSS - National Institute of Health and Stroke Scale (ANEXO XIV), que possui

grande utilidade diagnóstica, prognóstica e para avaliação sequencial da resposta à terapia

trombolítica.

55

A Tomografia computadorizada (TC) de crânio sem contraste é o método de imagem mais

utilizado, mais disponível e de menor custo para a avaliação inicial do AVC isquêmico

agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia em até 67% dos casos nas primeiras 3

horas do início dos sintomas e em até 82% dos casos nas primeiras 6 horas do início íctus.

A detecção aumenta para aproximadamente 90% após 1semana do início do quadro. Além

disso, a TC, além de ser método diagnóstico por imagem mais acessível, fornece boa

definição para identificação de sangramentos associados (transformação hemorrágica) ou

para a diferenciação entre AVC isquêmico e hemorrágico, sendo, portanto o método de

escolha adotado nos protocolos clínicos atuais.

O diagnóstico clínico de AVC agudo possui como diagnósticos diferenciais, patologias

como: crises convulsivas com ou sem paresias pós ictais (Paresia de Todd), tumores,

hematomas sub-durais, hipoglicemia, síndromes enxaquecosas, vestibulopatias periféricas

entre outras. Em virtude desta gama de diagnósticos diferencias e para avaliação da

possibilidade de tratamento trombolítico, quando da suspeita clínica de AVCI torna-se

essencial a avaliação clínica do paciente e sua estabilização ainda no local do primeiro

atendimento.

Fazem parte do protocolo inicial de atendimento ao paciente com suspeita clínica de AVCI:

eletrocardiograma de repouso; glicemia capilar; hemograma completo (com contagem de

plaquetas); tempo de protrombina com medida do RNI (Razão Internacional Normalizada);

tempo parcial de tromboplastina ativada; níveis séricos de potássio, sódio, ureia e

creatinina. Além da avaliação clínica e da necessidade de determinação do tempo decorrido

desde o início dos sintomas, estes exames visam a identificação de arritmias cardíacas

causadoras de AVC, o grau de coagulabilidade sanguínea e situações que possam

mimetizar ou agravar um quadro de AVC agudo em curso ou que possam contraindicar o

tratamento trombolítico.

Podem ser incluídos no protocolo para tratamento trombolítico com Alteplase (rt-PA)

intravenosa todos os pacientes com diagnóstico clínico e tomográfico de AVC isquêmico

agudo segundo os seguintes critérios de inclusão:

a) AVC isquêmico comprometendo qualquer território vascular encefálico;

b) Possibilidade de início da infusão do rt- PA nas primeiras 4 horas do início dos sintomas

(para isso, o horário do início dos sintomas deve ser precisamente estabelecido. Caso os

sintomas sejam observados ao acordar, deve-se considerar o último horário no qual o

paciente foi observado sem anormalidades);

56

c) Tomografia computadorizada do crânio ou ressonância magnética sem evidência de

hemorragia;

d) Idade superior a 18 anos, por não existirem estudos clínicos realizados em indivíduos

menores que esta idade.

NOTA: o paciente ou responsável legal deverá ser esclarecido quanto aos riscos e

benefícios do tratamento trombolítico, devendo ser registrado em prontuário a realização

deste esclarecimento, assim como a concordância em utilizar o tratamento preconizado.

Deverão ser excluídos do protocolo de tratamento todos os pacientes com pelo menos uma

das condições abaixo:

- sinais e sintomas leves (com comprometimento funcional discreto) ou

de resolução completa espontânea em menos de 24 horas;

- área de hipodensidade precoce à tomografia computadorizada

(sugestiva de área isquêmica aguda), com acometimento maior do que um terço do

território da artéria cerebral média;

- qualquer cirurgia intracraniana, trauma craniano ou histórico de AVC

nos 3 meses anteriores ao tratamento trombolítico;

- conhecido aneurisma, malformações arteriovenosas ou tumores

intracranianos;

- cirurgia de grande porte nos últimos 14 dias;

- punção lombar nos últimos 7 dias;

- infarto agudo do miocárdio nos últimos 3 meses;

- histórico de hemorragia intracraniana;

-pressão arterial sistólica após tratamento anti-hipertensivo > 185 mmHg;

- pressão arterial diastólica após tratamento anti-hipertensivo > 110

mmHg;

- suspeita de hemorragia subaracnóidea ou dissecção aguda de aorta;

- hemorragia gastrointestinal ou geniturinária nos últimos 21 dias;

- punção arterial, em sitio não compressível, nos últimos 7 dias;

- glicemia < 50 mg/dl ou > 400 mg/dl;

- contagem de plaquetas < 100.000/mm3;

57

- alteração de coagulação (RNI maior que 1,7);

- uso de heparina nas últimas 48 horas com TTPA acima do valor de

referência local;

- sintomas que apresentaram melhora espontânea antes do tratamento;

- sintomas neurológicos pouco importantes e isolados (por exemplo,

hemihipoestesia pura);

- evidência de sangramento ativo em sítio não passível de compressão

mecânica ou de fratura ao exame físico;

- convulsões no início do AVC (contra indicação relativa – devido ao

diagnóstico diferencial com paralisia pós-convulsão – Paralisia de Todd);

- Evidência de endocardite ou êmbolo séptico,

- Gravidez.

Determinados fatores interferem no risco/benefício da terapia trombolítica, não sendo,

contudo, contraindicação absoluta de seu uso: NIHSS > 22, idade > 80 anos e a

combinação de AVC prévio e diabete mellitus.

São benefícios esperados com o uso da terapêutica trombolítica:

•Redução do tempo de recuperação da capacidade de deambular com ajuda e sem

ajuda.

•Redução do número de pacientes com complicações e morte associadas ao AVC.

•Redução do grau de incapacidade um ano após o tratamento.

O paciente deverá ser avaliado clinicamente e sua evolução neurológica e funcional

registrada durante todo o tratamento, aplicando-se as Escalas NIHSS antes do tratamento,

após as primeiras 24 horas e após 3 meses da ocorrência do AVC isquêmico agudo, e as

escalas de Rankin Modificada e Barthel (ANEXOS XII e XIII) após os três primeiros meses

da ocorrência do quadro agudo.

Linha de Cuidado do AVC no DF

Diante do exposto, a necessidade de construção da Linha de Cuidado do Acidente Vascular

Cerebral conforme as Diretrizes Clínicas da Sociedade Brasileira de Doenças

Cerebrovasculares e seguindo os critérios da Portaria Ministerial Nº 664 de 12 de outubro

58

de 2012 a qual institui a Linha de Cuidado do Acidente Vascular Cerebral (AVC) no âmbito

do SUS, torna-se evidente.

Esta linha de cuidado assim como as demais deve seguir os modelos assistenciais de

cuidado integral ao paciente portador de DCV, devendo para tanto incluir necessariamente:

a atenção básica, o sistema de atendimento móvel de urgências, as unidades de urgência

e emergência, as unidades hospitalares de referência, as unidades de reabilitação

hospitalar e ambulatorial, os ambulatórios especializados para egressos, leitos de

retaguarda para cuidados hospitalares crônicos complexos, programas de atenção

domiciliar e reintegração social.

A Linha de Cuidado do AVC (ANEXOS V, VI e VII) construída pelo Grupo Condutor da Rede

de Atenção às Urgências e Emergências do Distrito Federal, discutido e pactuado com as

instância envolvidas, busca traduzir o compromisso com a assistência integral a saúde.

Fluxo de encaminhamento para atendimento ao quadro agudo

O atendimento inicial aos usuários com suspeita clínica de AVC deverá ser prestado por

todas as portas de entrada dos serviços de saúde do DF, possibilitando a resolução integral

da demanda ou transferindo-a responsavelmente, para um serviço adequado ao tratamento

definitivo do quadro agudo.

O sistema de saúde do DF, encontra-se estruturado de forma regionalizada, como foi

descrito anteriormente, e na proposta da linha de cuidado do AVC constituirão as portas de

entrada para o tratamento dos pacientes com suspeita clínica de AVC as 13 portas de

emergência hospitalares, as atualmente 4 UPAs, as unidades básicas de saúde e o próprio

serviço móvel de urgência.

Serão hospitais de referência para este atendimento:

1. Hospitais Regionais de Referencia – HBDF, HRT, HRG e HRS.

2. Complexo Hospitalar Central - HBDF

Quando de sintomas e/ou sinais de suspeição de quadro agudo de AVC deverá ser

acionado o serviço de regulação medica de urgências (SAMU–192) para adequado e pronto

encaminhamento do paciente. Já no local do primeiro atendimento devem-se iniciar a

suspeição e avaliação clínica além das medidas necessárias para estabilização do quadro

compreendendo a atuação sobre patologias ou quadros concomitantes que possam

complicar ou contraindicar o tratamento trombolítico.

59

Quando os sintomas tiverem tido início em tempo inferior a 3 horas, o paciente deverá ter

seus sinais vitais avaliados e seu quadro clínico estabilizado conforme protocolos clínicos

estabelecidos, mantendo níveis glicêmicos e pressóricos dentro dos parâmetros

preconizados e sendo responsavelmente transferido para a unidade de emergência do

HBDF para avaliação quanto á elegibilidade para o tratamento trombolítico. Em casos em

que o paciente tenha sido submetido à trombólise o mesmo permanecerá no HBDF onde

deverá prosseguir seu tratamento e avaliação quanto aos prováveis fatores de risco. Em

casos de complicações como sangramento ou hipertensão intracraniana os pacientes

deverão ser encaminhados para avaliação e intervenção neurocirúrgica no próprio HBDF.

Quando da alta hospitalar deverá ser encaminhado para acompanhamento adequado,

tendo garantida sua consulta ambulatorial.

Pacientes que por algum motivo não foram candidatos à trombólise, após estabilização

clínica e avaliação adequada, deverão retornar ao hospital regional de referência de sua

região de saúde (HRT, HRG, HRS, HBDF) para manutenção de seus cuidados clínicos, sob

a supervisão da clínica medica e orientação do neurologista pertencente ao quadro do

Hospital.

Quando evidenciado início de sintomas com tempo superior a 3 horas, o paciente deverá

ter seus sinais vitais avaliados, seu quadro clinico compensado e ser então encaminhado

responsavelmente para um dos hospitais regionais de referência no tratamento das

Doenças Cerebrovasculares (HRT, HRS, HRG ou HBDF), em conformidade com os

protocolos clinico e de regulação e seguindo critérios de regionalização, onde deverá

receber o suporte clinico e tratamento necessários, complementar avaliação neurológica e

dos fatores de risco, sob orientação e supervisão do neurologista da equipe. Quando da

alta hospitalar deverá ser encaminhado para acompanhamento compatível com seu escore

de risco tendo garantida sua consulta ambulatorial de acompanhamento e orientado seu

plano de reabilitação e reintegração social.

Em casos de Ataque Isquêmico Transitório e Doença Cerebrovascular agudizada os

pacientes deverão seguir o mesmo fluxo dos pacientes com quadro de AVC com início dos

sintomas a mais de três horas.

Todas as transferências de pacientes com diagnostico de AVC deverão ser reguladas pela

Central de Regulação de Urgências (SAMU – 192) seguindo protocolos clínicos e de

regulação. Estas transferências serão realizadas pelo Serviço Móvel de Urgências (SAMU),

conforme fluxo de regulação clinica descrito.

60

Os pacientes portadores de AVC ou DCV Agudizada deverão ser atendidos nas salas

vermelhas das unidades de emergência e após sua estabilização e definição de conduta

ser transferidos para as unidades de AVC até a alta medica.

Em qualquer caso e durante qualquer momento da evolução do quadro, em havendo

necessidade, poderá ser solicitada transferência imediata do paciente para unidade de

terapia intensiva, via Regulação de leitos de UTI, ou ainda reavaliação neurológica

especializada nas unidades de referência.

Após a alta hospitalar todos os pacientes deverão ser encaminhados para a reabilitação e

para acompanhamento multiprofissional a ser definido conforme a necessidade de cada

caso. A unidade em que deverá ser realizado o acompanhamento também deverá estar

definida quando da alta hospitalar, podendo ser: internação domiciliar, acompanhamento

na atenção básica, ambulatório de especialidade na média complexidade (HRG, HRS, HRT

ou HBDF) ou ainda ambulatório de especialidade na alta complexidade (HBDF).

Análise Situacional do Distrito Federal

Atualmente, a SES-DF conta com um Centro de Alta Complexidade em Neurologia, no

HBDF, funcionando diuturnamente no atendimento às urgências e emergências

neurológicas em especial ao AVC agudo e hiperagudo. Este é conduzido por neurologista

que realiza o atendimento a pacientes encaminhados pelas demais unidades de

atendimento em urgência e emergência do sistema de saúde do DF e entorno e pelo

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) apresentando quadro compatível com

Acidente Vascular Cerebral Isquêmico. Nos demais hospitais o atendimento do paciente

neurológico portador de quadro clinico compatível com AVCI é realizado pela Clínica

Médica com suporte do médico neurologista que compõem os serviços de neurologia ou

seus quadros (HRT, HRG, HRS, HRC, HRAN, HRPa).

Com intuito de qualificar a assistência ao paciente com quadro de AVC agudo foi

padronizado em agosto de 2011 na SES/DF o medicamento Alteplase, com implementação

do tratamento trombolítico do AVCI no HBDF.

Outras ações para ampliação e qualificação da assistência à Linha de Cuidado do AVC

foram desencadeadas a partir desta data para implantação em curto prazo, citam-se: a

implementação da Unidade Vascular do HBDF com 10 leitos para atendimento ao AVCI

agudo elegível para trombólise e para o atendimento ao IAM, de forma conjunta; o

credenciamento do HBDF como Centro de atendimento de Urgência ao AVC tipo II, visto

61

que possui os recursos necessários para operar como tal segundo a Portaria do Ministério

da Saúde Nº 665/2012.

A Atenção Básica na Linha de Cuidado do AVC

Assim como nas demais linhas de cuidado a atenção básica possui uma atuação importante

no cuidado com os pacientes portadores de DCV. Sua atuação tem início na detecção

precoce dos fatores de risco envolvidos e na ação direta sobre estes, na adoção de medidas

de evitar novos ictus. Atua também na manutenção do acompanhamento pós alta hospitalar

e no acompanhamento à reabilitação e reinserção social.

Os fatores de risco conhecidos para as DCV coincidem com os fatores de risco para as

doenças cardiovasculares, sendo classificados em modificáveis e não modificáveis.

Fatores de Risco Modificáveis:

1. Tabagismo

2. Hipertensão arterial.

3. Dislipidemia.

4. Sobrepeso e obesidade.

5. Sedentarismo.

6. Diabetes Mellitus.

7. Doenças Cardiovasculares.

8. Arritmias e outras patologias cardíacas emboligênicas

Fatores de risco não modificáveis:

1. Idade: o risco aumenta para homens acima de 45 anos ou para mulheres acima de

55 anos (ou após a menopausa).

2. História familiar de doença vascular arterial.

Fluxo de encaminhamento para avaliação ambulatorial de especialidade

O direcionamento dos pacientes para atendimento ambulatorial especializado, quando

necessário deverá ser solicitado dentro do sistema de atenção integral da Rede de Saúde

do DF com as consultas ambulatoriais sendo agendadas, seguindo os critérios de

regionalização em um dos hospitais de referência em neurologia (HBDF, HRG, HRT e

HRS).

62

Da mesma forma os exames específicos para investigação dos fatores de risco devem ser

solicitados na atenção básica e agendados via regulação Ambulatorial ou diretamente nos

hospitais de referência para sua realização, até que todos estes exames estejam regulados.

Infraestrutura

Para sua implantação e implementação torna-se necessária maior integração e próatividade

entre as equipes multidisciplinares em todos os níveis de atenção, a organização dos fluxos

assistenciais e pactuação dos protocolos clínicos existentes e já disponibilizados, a

adequação e/ou redimensionamento dos recursos humanos, bem como melhorias na

infraestrutura hospitalar.

Neste sentido foi inaugurado em maio de 2012 o primeiro Centro de Emergência

Neurocardiovascular da SES-DF, no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), hospital

este que compõe o “SOS EMERGÊNCIA”. Foram também criados leitos de retaguarda da

Unidade de AVC na área amarela para acompanhamento destes pacientes na fase aguda

e ampliados os leitos de UTI que atendem ao sistema de saúde do SUS/DF possibilitando

o atendimento mais adequado aos pacientes portadores de AVC quando da necessidade

de tratamento em unidades de terapia intensiva.

A distribuição dos neurologistas nas unidades hospitalares de referência para o tratamento

das DCV e a abertura de concurso para contratação de novos profissionais tem também o

intuito de aumentar a capacidade de atendimento nas unidades de referência e futuramente

a inauguração das novas unidades.

Processos para aquisição de equipamentos essenciais como aparelhos de

eletrocardiograma, monitores multiparamétricos, respiradores, etc. encontram-se em

andamento nesta SES/DF também para utilização nestes setores.

Medidas Complementares

Medidas complementares são necessárias no intuito de prevenir e tratar adequadamente

os pacientes portadores desta patologia. Dentre estas medidas encontram-se:

Intensificação dos programas de Profilaxia primária e secundária realizados na Atenção

básica:

• Programas de detecção e controle de Hipertensão Arterial, Fibrilação Atrial,

Diabetes Mellitus, Dislipidemias e Obesidade.

63

• Programas mais eficazes e com maior abrangência de Combate ao

tabagismo.

• Ações de Promoção de saúde: ações intersetoriais para incentivo à atividade

física e adoção de hábitos alimentares saudáveis.

• Campanhas informativas na mídia, em repartições públicas, escolas e

empresas abrangendo fatores de risco e o fácil reconhecimento ou suspeição de um

quadro de IAM ou AVC, enfatizando que a conduta frente à doença deve ser rápida

e que o tratamento é sempre hospitalar.

Reabilitação

Intensificação dos programas de reabilitação com a criação dos centros especializados em

reabilitação (CER) que oferecem reabilitação multiprofissional aos pacientes em ambiente

extra hospitalar, assim como o início precoce de reabilitação intra-hospitalar

multiprofissional na fase aguda da doença e para tanto a ampliação dos serviços

intrahospitalares principalmente de fisioterapia e fonoaudiologia.

2.4. Linha de Cuidado do Trauma

Entende-se por Linha de Cuidado ao Trauma o processo integrado de atenção ao paciente

vítima de trauma, que articula os pontos de atenção da Rede de Urgências e Emergências

(RUE), com vistas à prevenção dos agravos, garantia de padrões adequados de

acessibilidade aos recursos tecnológicos, à gravidade dos casos e à continuidade do

cuidado, com atribuição prévia de responsabilidades assistenciais e mecanismos de

regulação, coordenação, comunicação e transporte sanitário entre os diversos serviços e

respectivos gestores.

O Trauma corresponde às causas externas de lesão podendo estar relacionadas ao

trânsito, afogamento, envenenamento, quedas ou queimaduras, bem como às violências

incluindo agressões/homicídios, suicídios, tentativa de suicídio, abusos físicos, sexuais e

psicológicos. Representam um problema de saúde pública de grande magnitude e

transcendência no Brasil, e que tem provocado forte impacto na morbidade e na mortalidade

da população, com profundas repercussões nas estruturas sociais, econômicas e políticas

de nossa sociedade.

Entre as causas de trauma, incluem-se os acidentes e a violência, que configuram um

conjunto de agravos à saúde, que pode ou não levar a óbito, e do qual fazem parte as

causas ditas acidentais e as intencionais.

64

Segundo dados da OMS 2008 as causas externas respondem por mais de cinco milhões

de mortes em todo o mundo em um ano, respondendo, portanto a cerca de 9% da

mortalidade mundial.

Nas últimas décadas evidencia-se um crescimento constante das causas externas como

causa de morte. Observa-se uma distribuição desigual da população atingida, acometendo

mais comumente pessoas na faixa etária de 01 a 39 anos e pessoas do sexo masculino.

No Brasil as causas externas estão em terceiro lugar entre as causas de morte, assumindo,

contudo nesta faixa estaria o primeiro lugar. (Ministério da Saúde: Secretaria de Vigilância

em Saúde - Sistema de Informação sobre Mortalidade, em:

http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10uf.def>>).

Estima-se que no mundo ocorram anualmente mais de 1,2 milhões de mortes e mais de 50

milhões de feridos decorrentes de acidentes de transito. As mortes atingem principalmente

os usuários mais vulneráveis neste ambiente: pedestres, ciclistas e motociclistas.

Outras causas de morbimortalidade são as queimaduras, quedas, afogamentos,

envenenamentos, intoxicações, dentre outras, sendo que as queimaduras atingem

principalmente crianças abaixo de cinco anos e idosos, sendo responsáveis por cerca de

240 mil mortes no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os

afogamentos e submersões causam 450 mil mortes anuais, atingindo principalmente

crianças até 14 anos de idade e as quedas cerca de 283 mil mortes anuais, atingindo

principalmente a população idosa. (Causes of death 2008 summary tables. May

2011.Health statistics and informatics Department, World Health Organization, Geneva,

Switzerland, em http://www.who.int/evidence/bod.)

No Brasil, em 2010, os óbitos por outras causas externas, excluindo os acidentes de

transporte terrestre, responderam por 17,9% do total de óbitos (13,43 óbitos/100 mil

habitantes) e as quedas por 7,3% (5,46 óbitos /100 mil habitantes). (Ministério da Saúde:

Secretaria de Vigilância em Saúde - Sistema de Informação sobre Mortalidade, em:

http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10uf.def>>).

Em relação às internações por causas externas, destaca-se que a taxa de internação

hospitalar foi de 48,5/10 mil habitantes, sendo o risco de internação entre homens 2,5 vezes

o risco estimado entre as mulheres (Ministério das Cidades, DENATRAN - Departamento

Nacional de Trânsito, RENAVAM-Registro Nacional de Veículos Automotores. Em:

http://www.vias-

65

seguras.com/content/download/2596/13649/file/Frota%20Regi%C3%B5es%20Tipo%20U

F%20Dez2010.xls)

O Ministério da Saúde juntamente com os demais órgãos governamentais vem promovendo

ações com intuito de reduzir a morbimortalidade decorrente do trauma no Brasil, estas

ações vem se desenvolvendo por meio de ações de vigilância, prevenção e promoção à

saúde e também pelo incentivo à implantação da Linha de Cuidado ao Trauma na Rede de

Urgências e Emergências, a fim de incrementar e implementar a Rede de Atendimento ao

Trauma, objetivando ampliar e qualificar o acesso eficaz, eficiente e resolutivo e a atenção

integral ao paciente politraumatizado.

São Objetivos definidos na criação da Linha de Cuidado ao Trauma:

1. Desenvolver ações voltadas à vigilância e prevenção do trauma por meio de

incentivo para implantação de núcleos de Prevenção da Violência e Promoção da

Saúde (PVPS) e projetos de prevenção relacionados ao trauma.

2. Habilitar Centros de Trauma, para realização do atendimento integrado e inclusivo

com um modelo hierarquizado e referenciado;

3. Ampliar e ordenar acesso regulado e eficiente dos pacientes vítimas de trauma aos

cuidados qualificados em todos os pontos de atenção da RUE, dirigindo-o ao

ambiente adequado à complexidade exigida;

4. Ampliar e qualificar a oferta de leitos hospitalares (adultos e pediátricos), a exemplo

de UTI, de leitos de retaguarda clínicos, cirúrgicos e de cuidados de longa

permanência aos pacientes vítimas de trauma; além dos cuidados de reabilitação;

5. Incentivar e desenvolver processos educativos (capacitações, treinamentos e

aperfeiçoamentos) para os profissionais de saúde (gestores e trabalhadores)

envolvidos na atenção ao trauma em todos os seus níveis e pontos de atenção

(Atenção Básica, Atenção Domiciliar, SAMU, UPA, Sala de Estabilização, Hospitais,

Ambulatórios de Reabilitação e Centros de Especialidade), inclusive para aqueles

que atuam diretamente nas centrais de regulação de urgência e internação;

6. Instituir adequada retaguarda ambulatorial especializada para a assistência

sequencial após a alta hospitalar, atenção domiciliar, reabilitação, reintegração social

e ao trabalho – centros especializados em reabilitação (CER);

7. Definir a Linha de Cuidado ao Trauma desde a cena até a atenção hospitalar e

reabilitação;

66

8. Garantir leitos de retaguarda de urgência para continuidade do cuidado aos

pacientes vítimas de trauma;

9. Promover a integralidade da assistência ao paciente vítima de trauma por meio de

diretrizes de atendimento regulatórias, com grades de referência entre os serviços

da RUE;

A Linha de Cuidado do TRAUMA, apresentada nos ANEXOS VIII, IX e X foi construída pelo

Grupo Condutor da Rede de Atenção às Urgências e Emergências do Distrito Federal,

discutido e pactuado com as instâncias envolvidas, buscando traduzir o compromisso com

a assistência integral à saúde.

Dentro do conceito de atenção ao paciente vítima de trauma devem estar previstas além da

educação popular em saúde e das ações da Atenção Básica, os Serviços de

Urgência/Emergência (hospitalares, componentes fixos e móveis), os Centros de Trauma,

a Reabilitação (CER), Cuidados Ambulatoriais e a Reintegração Social.

A Linha de Cuidado ao Trauma objetiva proporcionar cuidado integral e continuado,

promovendo a transferência entre os pontos de atenção à saúde, tendo como pressuposto

que todos têm fundamental relevância no fluxo da Linha de Cuidado.

Considerando-se as situações envolvidas nos mecanismos de produção do trauma

observa-se a necessidade da rápida identificação da gravidade do trauma e de seu pronto

encaminhamento para a rápida resolução de quadros clínicos que evidenciem risco de vida

e ainda a necessidade de reduzir as sequelas, para tanto evidencia-se a necessidade de

estabelecer na RUE Centros de Atendimento ao Trauma qualificados e ordenados por

complexidade, possibilitando a resolução integral da demanda ou possibilitando a

transferência segura e responsável, para um serviço de maior complexidade, dentro de um

sistema hierarquizado e regulado.

São constituintes da Linha de Cuidado ao Trauma no DF os seguintes componentes:

1. Unidades de Atenção Básica à Saúde (NASF, UBS, Clinicas da Família);

2. Componente Móvel de Urgência (Pré-hospitalar / SAMU 192);

3. Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24horas) e Prontos-socorros de hospitais

gerais (não referenciados para atendimento ao Trauma);

4. Hospitais com habilitação em Centro de Trauma (CT) Nível I, Nível II e Nível III aos

pacientes vítimas de trauma;

67

5. Atenção Domiciliar;

6. Serviços de Reabilitação Ambulatorial e Hospitalar;

7. Enfermaria de longa permanência;

8. Serviços de Reintegração Social;

9. Central de Regulação de Urgências;

10. Unidades de Atenção Especializada;

É essencial que as diretrizes de atenção ao paciente vítima de trauma sejam definidas e

pactuadas pelos diferentes componentes da Linha de Cuidado, de forma a uniformizar o

cuidado e permitir o acesso de todos os pacientes às terapias estabelecidas.

As ações da Atenção Básica na Linha de Cuidado ao Trauma vão além do evento agudo,

cabendo a esta esfera da atenção a realização de ações, no âmbito individual e coletivo,

para promoção e prevenção de acidentes e agravos. Dentre os temas para abordagem aos

pacientes vítimas de trauma, devem ser ressaltados como será e quando será necessário

acionar Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), enfatizando para que o usuário

saiba a importância de procurar os serviços de saúde nos primeiros momentos pósacidente,

possibilitando o tratamento em tempo oportuno.

Na abordagem ao evento agudo, quando procurada a unidade por paciente com queixas

sugestivas de trauma ou violência, a equipe deve realizar o acolhimento, o primeiro

atendimento com estabilização clínica, classificar o risco da urgência, avaliando os sinais

vitais, realizar exame clínico incluindo a avaliação do estado neurológico e, somente após

esta avaliação entrar em contato com a Central de Regulação de Urgência (ou Serviço de

Urgência) para encaminhamento do usuário quando indicado.

Caberá à Central de Regulação de Urgências e ao Serviço Móvel de Urgências (SAMU)

acolher as chamadas independentemente do seu local de origem, e direcionar o fluxo

regulatório da urgência, encaminhando de imediato os pacientes traumatizados aos

hospitais habilitados para o atendimento de acordo com a complexidade exigida. Neste

intuito deverá manter comunicação permanente entre o transporte e a unidade receptora;

atuando de forma articulada com os demais pontos de atenção ao trauma.

As Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 horas), e Pronto Socorros dos hospitais gerais

e são integrantes e componentes da RUE, contando com uma estrutura de complexidade

intermediária para o atendimento do usuário vítima de trauma. Sua atuação na RUE visa o

atendimento inicial ao paciente e está diretamente relacionada ao trabalho do Componente

68

Móvel de Urgência, que organiza o fluxo de atendimento e encaminha o paciente ao serviço

de saúde adequado à cada situação.

Cabe então às UPAs oferecer acolhimento e atendimento de Urgência e Emergência, com

classificação de risco, aos pacientes com quadro de trauma que derem entrada no Serviço,

proporcionando resolutividade aos casos de menor complexidade e encaminhamento

responsável após realizar os procedimentos mínimos de estabilização clínica, com garantia

de acesso aos serviços especializados (via regulação) nos casos de maior complexidade.

Os Hospitais com habilitação em Centro de Trauma níveis I, II e III, são estabelecimentos

hospitalares integrantes da RUE, que desempenham o papel de referência especializada

para atendimento aos pacientes vítimas de trauma.

Centros de Trauma Nível I (CT I): são estabelecimentos hospitalares que desempenham

o papel de referência para atendimento ao paciente politraumatizado, localizando-se em

Hospitais Gerais. Deverá possuir equipe específica na porta de urgência capacitada em

urgência e emergência para atendimento às vítimas de trauma de média complexidade;

além de possuir equipe suficiente para realização de cirurgias dos casos de trauma que são

de competência desse nível de atenção, não comprometendo desta forma o atendimento

das portas de urgência. Na Rede de Urgência e Emergência do DF são considerados

Centros de Trauma Nível I as Emergências Hospitalares que compõem a rede de saúde do

DF.

Centro de Trauma Nível II (CT II): são estabelecimentos hospitalares que desempenham

o papel de referência regional para atendimento ao paciente politraumatizado,

localizandose em Hospital Especializado.

Deverá possuir equipe específica na porta de urgência capacitada em urgência e

emergência para atendimento às vítimas de trauma de média e alta complexidade, em

regime de plantão 24 horas, além de heliporto e leitos de UTI geral. Na rede de Urgência

do DF são Centros de Trauma Nível II os Hospitais Regionais de Sobradinho, Ceilândia e

Gama.

Centro de Trauma Nível III (CT III): são estabelecimentos hospitalares que desempenham

o papel de referência especializada multidisciplinar para atendimento ao paciente

politraumatizado grave, localizando-se em Unidade Hospitalar Especializada, além disto é

responsável pela formação e capacitação de recursos humanos, com educação continuada

para atendimento ao trauma. Deve oferecer exames de ressonância magnética, tomografia

computadorizada, possuindo leitos de UTI especializados em trauma e neurocirurgia. O

69

HBDF dentro da RUE do DF foi estabelecido como Centro de Trauma Nível III, sendo

referência para todos os demais hospitais da rede.

A atenção domiciliar visa envolver as equipes de Atenção Básica e as Equipes

Multidisciplinares de Atenção Domiciliar e de Apoio (EMAD e EMAP), dando suporte

terapêutico domiciliar aos pacientes vítimas de trauma com maior dependência, maior

dificuldade de transporte e com maiores riscos de complicações.

No tratamento do paciente, equipes de reabilitação hospitalares devem ser acionadas com

o intuito de promover os cuidados necessários para a melhoria da funcionalidade, por meio

de medidas de prevenção da perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional, da

melhora ou recuperação da função; da compensação da função perdida; e da manutenção

da função atual. As ações reabilitação/habilitação devem ser executadas por equipes multi

e interdisciplinares e desenvolvidas a partir das necessidades de cada indivíduo e de acordo

com o impacto da deficiência sobre sua funcionalidade. Após a alta hospitalar a reabilitação

deverá ter continuidade nos Centros especializados em reabilitação (CER) até a completa

readaptação do paciente ao seu quotidiano de vida.

As enfermarias de longa permanência se constituem como unidades intermediárias entre

os cuidados hospitalares de caráter agudo e crônico reagudizado e a atenção básica, prévia

ao retorno do paciente ao domicílio. Têm como objetivo a recuperação clínica e funcional,

a avaliação e a reabilitação integral da pessoa com perda transitória ou permanente de

autonomia potencialmente recuperável de forma parcial ou total e que não necessite de

cuidados hospitalares intensivos e em estágio agudo. No contexto da RUE/DF estas

enfermarias encontram-se no HRSM, HRPa e no Hospital Universitário de Brasília e existe

ainda a programação de construção do Hospital do Núcleo Bandeirante o qual deverá dar

assistência integral a estes pacientes.

Os Serviços de Reintegração Social tem por objetivo contribuir efetivamente para o

processo de inserção social das pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla

e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social,

capaz de assegurar o bem estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis,

políticos e de cidadania.

A central de Regulação tem por finalidade a regulação dos chamados telefônicos que

demandam orientação e ou atendimento de urgência, por meio da classificação e

priorização das necessidades de assistência em urgência, e com isto ordenando o fluxo

efetivo das referências e contra referências dentro da rede de atenção à Saúde. A

70

Regulação de Urgência tem como objetivo inicial orientar o primeiro atendimento às vítimas

de politrauma e seu melhor cuidado, bem como ordenar os fluxos e encaminhamentos para

a porta hospitalar ou ponto de atenção mais adequado para o melhor cuidado inicial do

paciente.

Unidades de Atenção Especializada constituem-se em serviços próprio ou referenciado

para atendimento aos casos que necessitem do especialista para atenção integral dos

casos de trauma. Casos com etiologia bem definida, estáveis, que precisam apenas manter

prevenção e cuidado por tempo determinado ou podem ser encaminhados para

acompanhamento na Rede Básica (Atenção Básica), com plano terapêutico definido pelo

especialista da Unidade de Referência. São exemplos os ambulatórios ortopédicos de

cuidados aos pacientes vítimas de trauma, com seguimento ambulatorial de fraturas ou pós-

operatório geral, os serviços de cirurgia bucomaxilofacial e de cirurgia onde os

procedimentos devam ser realizados em um segundo tempo podendo ser programados

para realização eletiva.

Situação do Distrito Federal

Como pode ser visualizado no ANEXO I-A, a rede de atenção à Linha de cuidado ao Trauma

conta atualmente além das unidades básicas de saúde, com 4 unidades de Pronto

Atendimento, a Central de Regulação de Urgências, o Serviço Móvel de Urgências

(SAMU192) e 13 unidades hospitalares sendo 1 unidade de referência terciaria- alta

complexidade

(HBDF), ou Centro de Trauma nível III, 3 unidades para atendimento à média complexidade

(HRS, HRC e HRG) e 9 unidades hospitalares de atendimento à baixa e média

complexidade. Dentro ainda do contexto do atendimento qualificado e resolutivo aos

pacientes vítimas de trauma o sistema de saúde do DF possui referencias especificas para

o atendimento de pacientes vítimas de queimaduras graves, fraturas de face etc. no

Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e nos serviços especializados como o serviço de

cirurgia bucomaxilofacial do HBDF.

O Hospital de Apoio de Brasília (HAB) especializou-se na assistência ao paciente crônico

contando com leitos de longa permanência e serviço de reabilitação multidisciplinar.

Ainda neste contexto a rede de atenção ao paciente traumatizado conta hoje com salas

vermelhas especializadas no atendimento às urgências e ao trauma grave com

instabilidade clinica no Hospital de Base do DF (HBDF – sala de Trauma), Hospital Regional

de Ceilândia (HRC) e Hospital Regional do Guará (HRGu) e ainda com setor para

71

atendimento de média complexidade, ou seja para pacientes com estabilidade clinica nas

salas amarelas no HBDF e HRC e com setores para internação e continuidade do cuidado

até tratamento definitivo.

A Linha de Cuidado ao Trauma

Como nas demais linhas de cuidado esta possui seu início na porta de entrada à qual o

paciente se direciona, podendo ser a UPA, ou mesmo o próprio local do acidente. Em todos

os casos como evidenciado no fluxograma de atendimento ao trauma (ANEXOS VIII, IX e

X) o paciente deverá receber sua primeira avaliação no local seguindo o Protocolo de

Atendimento Pré-hospitalar ao Trauma (ANEXO VIII), se necessário neste mesmo local

receber os primeiros cuidados e então ser direcionado pela Central de Regulação de

Urgências ao ponto de atenção mais adequado às suas necessidades.

Em casos de pacientes com traumas leves ou moderados que necessitem de avaliação a

nível hospitalar (traumas não inclusos no Protocolo de Atendimento Pré-hospitalar ao

Trauma) estes poderão seguindo os critérios de regulação e a regionalização da rede de

saúde do DF, ser encaminhados para um dos 13 hospitais regionais da rede. Caso estes

pacientes necessitem de avaliação especializada poderão ser encaminhados segundo os

protocolos clínicos e de regulação para as unidades especializadas em trauma (HBDF,

HRC, HRS e HRG) ou ainda para o HRAN em caso de queimados, ou traumas que

necessitem de cirurgia plástica corretiva, ou para cirurgia de mão para avaliação podendo

conforme a avaliação do especialista permanecer nestes centros ou retornar ao hospital de

origem com orientações precisas para manutenção dos cuidados. Uma reavaliação

especializada poderá ser novamente solicitada em qualquer momento durante a internação

do paciente ao centro de referência especializado. Quando de pacientes com trauma

moderado ou grave (pacientes inclusos no Protocolo de Atendimento Pré-hospitalar ao

Trauma) estes deverão ser encaminhados conforme os critérios de regulação para os

Centros de Trauma (HRC, HRS, HRG e HBDF), onde irão receber a avaliação e tratamento

adequados a cada caso, podendo permanecer em tratamento na unidade, ser

encaminhados para unidade especializadas na própria rede, por exemplo HRAN no caso

de queimados, ou ainda serem transferidos para unidades de tratamento intensivo,

conforme critérios de regulação da Central de Regulação de Leitos de UTI. Quando da alta

de UTI deverão retornar ao hospital de origem conforme sua região de saúde para avaliação

e orientações quanto a continuidade do tratamento ambulatorial ou à necessidade de

internação domiciliar.

72

Quando da alta hospitalar todos os pacientes deverão ter assegurados seu

acompanhamento ambulatorial e reabilitação conforme o caso requeira.

O tratamento ao paciente vítima de trauma grave requer avaliação rápida das lesões e

instituição de medidas terapêuticas de suporte a vida. Na fase pré-hospitalar deve ser dada

ênfase às prioridades, ou seja, controle da hemorragia externa e do choque hipovolêmico,

manutenção da via aérea, imobilização do doente e transporte imediato ao hospital

apropriado mais próximo, preferencialmente a um Centro de Trauma referenciado. Todos

os traumas que ocorrem em uma área e que tem critérios indicativos de trauma maior

(ANEXO IX) devem ser encaminhados a um hospital de referência em atendimento a

vítimas de trauma, ou a um “Centro de Trauma”, de acordo com o tipo de lesão e a

necessidade de cuidados especiais, respeitando assim o princípio da hierarquização e

regionalização, isto é, transporte ao local de maior probabilidade de cura definitiva.

A triagem pré-hospitalar é a seleção e a classificação das vítimas de acordo com critérios

clínicos definindo prioridades e desta forma promovendo o transporte adequado ao local

apropriado para o tratamento definitivo.

Os princípios preconizados pela Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao

Traumatizado (SBAIT) devem ser respeitados, analisando cada fase do ABCDE dos

cuidados ao traumatizado e seguindo os protocolos clínicos padronizados por cada uma

das Sociedades de Especialidades Medicas e o Suporte Avançado de Vida no Trauma

(ATLS):

A – Airway (vias aéreas e controle da coluna cervical)

B – Breathing (ventilação e oxigenação)

C – Circulation (circulação e controle de hemorragia)

D – Disability (estado neurológico)

E – Exposure (exposição e controle do ambiente)

Infraestrutura

Visando a implantação e implementação desta Linha de Cuidado será necessária maior

integração e pró-atividade das equipes multidisciplinares em todos os níveis de atenção, a

organização dos fluxos assistenciais e pactuação dos protocolos clínicos existentes e já

disponibilizados, a adequação e/ou redimensionamento dos recursos humanos, bem como

melhorias na infraestrutura hospitalar.

73

Neste sentido foi implementada a Central de Regulação de Urgências, sendo editada a

Portaria Nº 9, de 22 de Janeiro de 2013 que institui a Central de Regulação Médica de

Urgências do Sistema Único de Saúde do Distrito Federal (SUS/DF). Foram também

criadas Salas Vermelhas e Amarelas nas portas de entrada das Emergências Hospitalares

com proposta da Secretaria de Saúde do DF de ampliar a criação destas salas de

atendimento especializado para todas as portas de urgências hospitalares do sistema de

saúde do DF, iniciando-se pelas portas dos centros de referência para atendimento ao

trauma.

Foi também ampliado o número de leitos de UTI no HBDF para atendimento ao paciente

vítima de trauma e programada a construção do Hospital do Trauma.

Processos para aquisição de equipamentos essenciais como, monitores multiparamétricos,

respiradores, etc. encontram-se em andamento nesta SES/DF para utilização nestes

setores visando implementar o atendimento em todas as portas de entrada da rede de

saúde do DF e muitos destes equipamentos já foram adquiridos e disponibilizados nas

unidades de emergências hospitalares e Centros de Trauma.

3. Os Componentes da Rede de Atenção as Urgências e Emergências (RUE)

A Rede de Urgências e Emergências do DF de forma a tornar efetiva sua missão de articular

e integrar no âmbito do SUS todos os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e

qualificar o acesso humanizado e integral dos usuários em situação de urgência e

emergência aos serviços de saúde de forma ágil e oportuna constitui-se pelos diversos

componentes que formam a rede de atenção à saúde. Neste contexto tem como ordenadora

da rede as Portas de entrada de Urgência e Emergência e como componentes a Promoção,

Prevenção e Vigilância em Saúde; o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU);

as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas; os serviços hospitalares de urgência

e emergência 24 horas e suas estruturas hospitalares de retaguarda; a atenção domiciliar

e os Centros Especializados de Reabilitação. Compõe-se ainda dos componentes

transversais os quais estando presentes em todos os pontos de atenção auxiliam na

ordenação dos fluxos. São estes componentes transversais o acolhimento com

Classificação de Risco, a Central de Regulação de Urgências e a Regulação Assistencial

responsável pela regulação de leitos hospitalares, consultas e exames; a informação e a

qualificação profissional através de programas de formação e educação continuada dos

servidores.

74

FIGURA 3: Componentes e Interfaces da Rede de Urgência e Emergência do DF

FONTE: CGRUE

3.1. Serviço Móvel de Urgência - SAMU

O Serviço de atendimento Móvel de Urgência (SAMU) constitui-se no componente

assistencial móvel da Rede de Atenção às Urgências e Emergências, que tem como

objetivo chegar precocemente à vítima após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de

natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras) que

possa levar a sofrimento, à sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto,

prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente

capacitado para a resolução adequada do quadro clinico, ou sua estabilização até que

possa ser transferido responsavelmente ao serviço mais capacitado para seu tratamento

definitivo. Tem como objetivo oferecer à população uma resposta rápida e eficiente aos

agravos de urgência e emergência ocorridos no âmbito pré-hospitalar, mediante o envio de

veículos tripulados por equipe capacitada, acessado pelo número "192" e acionado por uma

Central de Regulação de Urgências.

FOTO 1: Central de Regulação SAMU

Acolhimento

Qualifica çã o Profissional

Informa çã o

Regula çã o

Portas de entrada da RUE Ordenadores do sistema da RUE

Foco nas linhas de cuidado

Trauma

I A M

AVC

Servi ç os de Urg ê ncia e Emerg ê ncia

75

É considerado atendimento pré-hospitalar móvel primário quando a solicitação do socorro

tiver se originado de um cidadão ou de atendimento pré-hospitalar móvel secundário

quando a solicitação partir de um serviço de saúde, no qual o paciente já tenha recebido o

primeiro atendimento necessário à estabilização clínica do quadro de urgência

apresentado, mas necessite ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a

continuidade do tratamento. Deve ser entendido como uma atribuição da área da saúde,

vinculado a uma Central de Regulação de Urgências, possuindo equipe e frota de veículos

compatíveis com as necessidades de saúde da população.

Sua área de cobertura é definida, considerando-se aspectos demográficos, populacionais,

territoriais, indicadores de saúde, oferta de serviços e fluxos habitualmente utilizados. Em

sua atuação conta com a retaguarda dos serviços e sistemas de saúde, devidamente

regulados e disponibilizados conforme critérios de hierarquização e regionalização.

De forma a oferecer um adequado atendimento pré-hospitalar móvel deve estar vinculado

à Central de Regulação Medica de Urgências, onde o médico regulador, após avaliar cada

caso utilizando-se de critérios clínicos definidos e de critérios de regulação, define a

resposta mais adequada, podendo ser uma orientação médica ou o envio de equipe de

atendimento adequada ao local da ocorrência, ou ainda o acionamento de múltiplos meios.

Todos os pedidos de socorro que impliquem em atendimento à saúde, e que derem entrada

por meio de outras centrais, como a da polícia militar (190), do corpo de bombeiros (193) e

quaisquer outras existentes, devem ser imediatamente retransmitidos à Central de

76

Regulação por intermédio do sistema de comunicação, para que possam ser

adequadamente regulados e atendidos.

Durante o atendimento no local este é monitorado via rádio pelo médico regulador que

orienta a equipe de intervenção quanto aos procedimentos necessários à condução do

caso.

Os serviços de atendimento móvel de urgências são formados por equipe multidisciplinar

com funções bem definidas dentro de sua estrutura:

- Coordenador do Serviço

- Responsável Técnico

- Responsável de Enfermagem

- Médicos Reguladores responsáveis pelo gerenciamento, definição e operacionalização

dos meios disponíveis e necessários para responder às solicitações, utilizando-se de

protocolos técnicos e da faculdade de arbitrar sobre os equipamentos de saúde do

sistema necessários ao adequado atendimento do paciente;

- Médicos Intervencionistas: médicos responsáveis pelo atendimento no local do evento

e durante o transporte;

- Enfermeiros Assistenciais: enfermeiros responsáveis pelo atendimento de enfermagem

no local do evento e durante o transporte;

- Auxiliares e Técnicos de Enfermagem

- Telefonista – auxiliar de regulação

- Radio operadores: profissional de nível básico habilitado a operar sistemas de

radiocomunicação e realizar o controle operacional de uma frota de veículos de

emergência;

- Condutores de Veículos de Urgência, terrestres, aéreos ou aquáticos;

- Profissionais de outras áreas como corpo de bombeiros, polícia civil e militar que atuam

juntamente com os servidores de saúde.

Para sua atuação no atendimento pré-hospitalar os serviços do SAMU devem contar com

estrutura própria bem constituída e composta por uma Central de Regulação de urgências,

Ambulâncias bem equipadas e outras unidades de transporte, além de equipe capacitada.

77

Define-se ambulância como um veículo (terrestre, aéreo ou aquaviário) que se destine

exclusivamente ao transporte de enfermos.

As Ambulâncias e Veículos de transporte em saúde são classificados em:

TIPO A – Ambulância de Transporte: veículo destinado ao transporte em decúbito

horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para remoções simples e de

caráter eletivo.

TIPO B – Ambulância de Suporte Básico de vida (USB): veículo destinado ao transporte

inter-hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao atendimento préhospitalar

de pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado com potencial de

necessitar de intervenção médica no local e/ou durante transporte até o serviço de

destino.

TIPO C - Ambulância de Resgate: veículo de atendimento de urgências pré-hospitalares

de pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de difícil acesso, com

equipamentos de salvamento (terrestre, aquático e em alturas).

TIPO D – Ambulância de Suporte Avançado (USA): veículo destinado ao atendimento e

transporte de pacientes de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ou de transporte

inter-hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos.

TIPO E – Aeronave de Transporte Médico: aeronave de asa fixa ou rotativa utilizada para

transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave de asa rotativa para ações de

resgate, dotada de equipamentos médicos homologados pelo Departamento de Aviação

Civil - DAC.

TIPO F – Embarcação de Transporte Médico: veículo motorizado aquaviário, destinado

ao transporte por via marítima ou fluvial.

Veículo de Intervenção Rápida: também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou

veículos de ligação médica são utilizados para transporte de médicos com equipamentos

que possibilitam oferecer suporte avançado de vida nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F.

Outros Veículos: veículos habituais adaptados para transporte de pacientes de baixo risco,

sentados (ex. pacientes crônicos) que não se caracterizem como veículos tipo lotação

(ônibus, peruas, etc.). Este transporte só pode ser realizado com anuência médica.

Na estrutura dos serviços moveis de urgência poderão ainda constar as Bases

Descentralizadas sempre que se fizer necessária infraestrutura que garanta temporesposta

78

de qualidade e racionalidade na utilização dos recursos do componente SAMU 192 regional

ou sediado em Município de grande extensão territorial e/ou baixa densidade demográfica,

conforme definido no Plano de Ação Regional, com a configuração mínima necessária para

abrigo, alimentação, conforto das equipes e estacionamento da(s) ambulância( s).

São indicadores do SAMU 192:

I - número geral de ocorrências atendidas no período;

II - tempo mínimo, médio e máximo de resposta;

III - identificação dos motivos dos chamados;

IV - quantitativo de chamados, orientações médicas, saídas de Unidade de Suporte

Avançado (USA) e Unidade de Suporte Básico (USB);

V - localização das ocorrências;

VI - idade e sexo dos pacientes atendidos;

VII - identificação dos dias da semana e horários de maior pico de atendimento;

VIII - identificação dos dias da semana e horários de maior pico de atendimento; e

IX - pacientes (número absoluto e percentual) referenciados aos demais componentes

da rede, por tipo de estabelecimento.

Analise de Situação:

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do Distrito Federal SAMU 192 – DF foi

constituído pela Portaria Nº 144 de 09 de dezembro de 2003 conforme as orientações

contidas na Portaria MS/GM Nº 2048, de 05 de novembro de 2002. Foi inaugurado em 24

de agosto de 2005 e atualmente conta com a participação de mais de 850 servidores,

realizando, em média, 5.000 atendimentos “in loco” e atendendo mais de 20.000 ligações

relacionadas a emergências médicas por mês.

O SAMU deve ser entendido como uma atribuição da área da saúde, dispondo de

instalações, equipes e frota de veículos compatíveis com as necessidades de atendimento

da população a ser assistida. E neste contexto o SAMU-DF corresponde ao componente

móvel de atendimento a urgências da Diretoria de Urgências e Emergências da Secretaria

de Estado de Saúde do DF. Para a prestação dos seus serviços, dispõe atualmente de uma

Central de Regulação de Urgências e Emergências, acessível por via telefônica, em sistema

gratuito, por intermédio do número nacional de urgências médicas (192), e oferece escuta

permanente nas 24 horas do dia. Sete Núcleos de Atendimento Pré-Hospitalar (NAPH) que

79

funcionam como bases descentralizadas, e têm por finalidade a coordenação técnico-

administrativa de pessoal e equipamentos, bem como o controle e a execução das diretrizes

definidas pela coordenação do SAMU 192-DF, 30 unidades de suporte básico e 7 unidades

de suporte avançado e 1 unidade de suporte avançado neo-natal, 14 motolâncias e 2

bikelâncias, 2 unidades aéreas conveniadas com o corpo de bombeiro e polícia militar e 9

unidades de suporte.

Tendo em vista a distribuição geográfica do Distrito Federal e a sua organização em

Regiões de Saúde, a estrutura do SAMU-DF conta ainda com os Postos Avançados (PA),

localizados nas emergências hospitalares e operacionalizadas por 01 Técnico em

Enfermagem. Estes postos têm como objetivo agilizar o contato e oferecer apoio às equipes

que chegam transportando vítimas ou pacientes graves a estas unidades de emergência.

Neste sentido ainda foram estruturadas as “salas vermelhas” em quatro unidades

hospitalares (HBDF, HRGu, HRC), estas são salas destinadas ao primeiro atendimento a

pacientes graves admitidos nas unidades hospitalares sendo operacionalizadas por equipe

do SAMU em conjunto com as equipes hospitalares.

São objetivos primários do SAMU a prestação de pronta resposta à população nas

seguintes situações:

Situações de emergência ordinárias

Emergências cardiológicas

Emergências respiratórias

Emergências neurológicas

Emergências psiquiátricas

Emergências pediátricas

Emergências obstétricas

Emergências por causas externas

Situações de Emergência extraordinárias

Acidentes urbanos ou rodoviários, de qualquer natureza, com múltiplas vítimas, que

excedem a capacidade normal de resposta

Calamidades públicas

Desastres aéreos

80

Desastres metroviários e / ou ferroviários

Incêndios, desabamentos ou inundações em unidades hospitalares

Acidentes de qualquer natureza em ambientes escolares

Ações de terrorismo, distúrbios civis ou crime organizado, com presença de vítimas.

Acidentes ou incidentes na região do Entorno do Distrito Federal, que excedam a

capacidade de resposta dos órgãos locais.

Fazem parte também das atribuições do SAMU 192 - DF, em caráter secundário,

considerando suas atribuições primárias e a disponibilidade do serviço:

• Transferências inter-hospitalares de pacientes graves, quando os serviços

responsáveis não estiverem disponíveis;

• Cobertura a eventos de risco e grande aglomeração de pessoas, desde que não

haja prejuízo à cobertura da população geral;

• Cobertura médica a autoridades e missões diplomáticas, desde que não haja

prejuízo à cobertura da população geral.

No âmbito da prevenção e formação de recursos humanos:

• Participação na elaboração de planos de atendimento e realização de simulados;

• Participação na Política de Educação Permanente do SUS por intermédio dos Polos

de Educação Permanente e da estruturação dos Núcleos de Educação em

Urgência a eles integrados;

• Participação ativa na estruturação de palestras sobre primeiro atendimento a

urgências;

• Participação no desenvolvimento de estratégias promocionais junto à comunidade,

Segurança Pública, Departamento de Trânsito, Educação, Cultura e outros setores.

O SAMU 192 – DF encontra-se, portanto organizado da seguinte forma, conforme pode ser

observado no ANEXO I-A:

1 – Administração Central - Responsável por todas as atividades de coordenação e

planejamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU 192 – DF, estando

ligado diretamente à Diretoria de Urgências e Emergências e desta forma à Secretaria

de Estado de Saúde, podendo ou não se localizar junto da Central de Regulação de

Urgências – Central 192.

81

2 – Central de Regulação de Urgências – Central 192 – funciona através de um processo

de trabalho que garante a escuta permanente pelo Médico Regulador, com acolhimento

de todos os pedidos de socorro que acorrem à central e o estabelecimento de uma

estimativa inicial do grau da urgência de cada caso, desencadeando a resposta mais

adequada e equânime a cada solicitação, monitorando continuamente a estimativa

inicial do grau de urgência até a finalização do caso e assegurando a disponibilidade

dos meios necessários para a efetivação da resposta definitiva, de acordo com grades

de serviços previamente pactuadas, pautadas nos preceitos de regionalização e

hierarquização do sistema.

3 – Núcleos de Apoio Pré-Hospitalar

1. NAPH 01 – Região Norte

2. NAPH 02 – Região Sul

3. NAPH 03 – Região Sudoeste

4. NAPH 04 – Região Oeste

5. NAPH 05 – Região Leste

6. NAPH 06 – Região Centro Norte

7. NAPH 07 – Região Centro Sul

Mais 03 NAPH´s, com atribuições especificas, o Núcleo Aeromédico, Grupamento de

Motociclistas a Atendimento de Urgência – GMAU, e Grupo de Bikelâncias.

4- Postos Avançados – localizados nas Unidades Hospitalares

5 – Veículos - A distribuição da frota de veículos do SAMU 192-DF foi realizada com base

no número de habitantes de cada uma das regiões de saúde com o objetivo de buscar o

melhor tempo-resposta, esta distribuição contudo pode ser alterada conforme a demanda

de ocorrências de cada região. Atualmente o SAMU-DF dispõe de 7 Unidades de Suporte

Avançado (USA), 30 Unidades de Suporte Básico (USB), 14 motolâncias, 2 bikelâncias

além dos veículos de intervenção rápida.

A Central de Regulação Medica teve sua sede transferida em 2012 de forma a assegurar

uma infraestrutura que atenda melhor às necessidades do SAMU. Ainda em 2012 foi

inaugurado o Núcleo de Estudos em Urgência (NEU) com área própria definida para a

realização dos treinamentos e cursos de educação continuada não apenas para os

82

servidores do SAMU, mas também para os servidores de toda a rede de urgências e

emergências.

A contratação de servidores (motoristas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos)

para comporem o quadro próprio do SAMU mostra-se também como uma iniciativa da

SES/DF para melhor adequar este atendimento às necessidades da população e para

qualifica-lo para o atendimento às principais linhas de cuidado.

Outras medidas tomadas no sentido de fortalecer as atividades do SAMU foram a:

Publicação da Portaria Nº 9, DE 22 DE JANEIRO DE 2013 que Institui a Central de

Regulação Médica de Urgências do Sistema Único de Saúde do Distrito Federal (SUS/DF).

A revisão dos protocolos de regulação. O incentivo à maior aproximação para o trabalho

conjunto entre o SAMU-DF e o Corpo de Bombeiro Militar do DF (CBMDF) conforme já

trazia a Portaria Conjunta Nº 4 de 20 de agosto de 2008.

Ainda no sentido de aprimorar este serviço de atendimento pré-hospitalar no DF outras

medidas encontram-se em andamento, como: a revisão de protocolos e fluxos clínicos e de

regulação, a estruturação do atendimento a grandes eventos realizados no DF com a

estruturação do núcleo de apoio a eventos externos da diretoria de apoio às urgências e

emergências; a estruturação de protocolos de atendimento a eventos em massa e

desastres, a avaliação para aumento da frota e para estruturação dos núcleos de transporte

hospitalares além da reavaliação do atendimento de transporte sanitário e transporte

interhospitalar.

A ampliação das “salas vermelhas” para as demais unidades hospitalares em especial para

todas as portas de entrada do serviço de urgência do componente hospitalar, melhorando

assim a comunicação e trabalho em equipe destes dois componentes, assim como

padronizando os protocolos de atendimento, e a efetivação de processo de informatização

para melhora da comunicação entre estes dois setores visam também agilizar e qualificar

o atendimento às emergências no DF.

O SAMU nas Linhas de Cuidado

Como observado na descrição das linhas de cuidado o SAMU desempenha papel primordial

na organização e efetivação das linhas de cuidado primordiais. Este papel deverá se

expandir às demais linhas de cuidado.

Para todas as linhas de cuidado o SAMU aparece como organismo orientador do fluxo e

efetivador do primeiro atendimento em muitas das situações, podendo por vezes ser o

83

responsável pelo diagnostico e atendimento em tempo ideal. Em todas as situações é o

responsável pelo transporte qualificado do paciente para a unidade na qual será oferecido

o tratamento mais adequado à situação que se apresenta.

No caso especifico da linha de cuidado do IAM segundo protocolos clínicos estabelecidos,

em havendo necessidade pode já ser iniciado o tratamento por trombólise química pela

equipe de atendimento pré-hospitalar.

Em todos os casos o atendimento pré-hospitalar adequado e em tempo hábil é o que fará

a grande diferença no prognostico dos pacientes principalmente naqueles portadores de

doenças vasculares (AVC e IAM) e naqueles vítimas de traumas graves.

3.2. Unidades de Pronto Atendimento – UPA

Unidades de Pronto Atendimento são estabelecimentos de saúde de complexidade

intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde/Saúde da Família e a Rede Hospitalar,

devendo com estas compor uma rede organizada de atenção às urgências.

A implantação das Unidades de Pronto Atendimento – UPAS reforçam as estratégias

adotadas no sentido de promover maior qualidade de atendimento nos territórios integrados

de atenção à saúde, onde há a definição de papéis de cada unidade de saúde participante

visando à integração em rede.

Tem como objetivo o atendimento a casos de gravidade intermediaria, por vezes

transportados pelo SAMU ou corpo de Bombeiros e também à demanda da população

quando da necessidade de atendimento à quadros agudos ou à agudização de patologias

crônicas.

Funcionam 24 horas para o atendimento às urgências, caracterizando-se como unidades

ambulatoriais, de complexidade intermediária entre a atenção básica e a hospitalar. Além

de garantir socorro oportuno na conformação de redes regionalizadas de atenção à saúde,

deverão ser a retaguarda estruturada, qualificada e pactuada ao atendimento pré-hospitalar

móvel – SAMU 192.

Em casos graves tem a função de oferecer o primeiro atendimento no intuito de estabilizar

o quadro clinico do paciente até o transporte para o atendimento especializado adequado

a cada caso.

A proposta de implantação das Unidades de Pronto Atendimento no Distrito Federal,

integrando a estruturação primária da atenção, além de contribuir para a qualificação no

84

atendimento às urgências, colabora na organização dos fluxos de atendimento,

especialmente em locais de vazios assistenciais.

Às UPAS, componente pré-hospitalar fixo da rede de atenção integral às urgências da

Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal – SES/DF compete:

• Funcionar 24 horas, em todos os dias da semana, inclusive nos feriados;

• Acolher os pacientes e seus familiares sempre que buscarem atendimento;

• Possuir atendimento com acolhimento e classificação de risco;

• Articular-se com a estratégia de Saúde da Família, Atenção Básica, SAMU 192,

unidades hospitalares, unidades de apoio diagnóstico e terapêutico e com outros

serviços de atenção à saúde do sistema loco-regional, construindo fluxos coerentes

e efetivos, ordenando os fluxos por meio das Centrais de Regulação Médica de

Urgências e complexos reguladores instalados;

• Possuir equipe interdisciplinar compatível com seu porte;

• Prestar atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes acometidos por quadros

agudos ou agudizados de natureza médica, e prestar primeiro atendimento aos

casos de natureza cirúrgica ou de trauma, estabilizando-os e realizando a

investigação diagnóstica inicial, definindo, em todos os casos, a necessidade ou não

de encaminhamento aos serviços hospitalares de maior complexidade, atentando às

prerrogativas da Central de Regulação 192;

• Fornecer retaguarda às urgências atendidas pela Atenção Básica;

• Funcionar como referência na estabilização de pacientes graves atendidos pelo

SAMU 192;

• Realizar consulta médica em regime de pronto atendimento aos casos de menor

gravidade;

• Realizar atendimentos e procedimentos médicos e de enfermagem adequados aos

casos críticos ou de maior gravidade;

• Prestar apoio diagnóstico (realização de Raios-X, exames laboratoriais,

eletrocardiograma, entre outros) e terapêutico nas 24 horas do seu funcionamento;

• Manter pacientes em observação, por período de até 24 horas, para elucidação

diagnóstica e/ou estabilização clínica;

85

• Encaminhar para internação em serviços hospitalares os pacientes que não tiverem

suas queixas resolvidas nas 24 horas de observação acima mencionada por meio

do Complexo Regulador;

• Prover atendimento de referência adequado a um serviço de saúde coordenado,

disciplinado e hierarquizado, regulado e integrado à rede loco-regional de Urgência,

dada a complexidade clínica e traumática do cliente;

• Contra referenciar aos demais serviços de atenção integrantes da rede,

proporcionando continuidade ao acompanhamento com indicação e recomendação

prévia ao tratamento, impactando de forma positiva ao quadro de saúde individual e

coletivamente;

• Solicitar retaguarda técnica ao SAMU 192, sempre que a gravidade/complexidade

dos casos ultrapassarem a capacidade instalada da Unidade, ou em ocasião de

imprevisões diversas que ofereçam risco de vida aos clientes.

Analise de Situação

Foram programas para o Distrito Federal 14 UPAs, conforme ANEXO I-B, de Tipo III,

distribuídas pelas regiões de saúde de forma a integrar a rede de atenção às urgências e

emergências e fornecer suporte a áreas com menor densidade tecnológica.

Quatro destas UPAs, construídas em unidades modulares, já se encontram em

funcionamento, são elas: Samambaia, Recanto das Emas, São Sebastião e Núcleo

Bandeirante. Estas oferecem atendimento de qualidade nas áreas de clinica medica e

pediatria, além de observação por até 24 horas para melhor avaliação diagnostica ou

estabilização clínica do quadro, sala de atendimento de emergência (sala vermelha)

equipada para o atendimento de quadros mais graves, até sua possível remoção para uma

unidade de emergência mais qualificada para seu tipo de atendimento. Para seu adequado

funcionamento possuem suporte de unidades do Serviço Móvel de Urgência da mesma

forma que as unidades de emergência hospitalares e referencias hospitalares pactuadas

conforme a necessidade de cada caso. Como as unidades hospitalares além do serviço do

SAMU para transporte de pacientes mais graves possuem Núcleo de Remoção para

transferências de pacientes com quadros menos graves mas que necessitam de

atendimento em nível de complexidade que excede a sua competência.

FOTO 2: FACHADA - UPA 24 HORAS

86

FOTO 3: CONSULTÓRIO DE PEDIATRIA - UPA 24 HORAS

87

FOTO 4: SALA DE MEDICAÇÃO - UPA 24 HORAS

FOTO 5: SALA AMARELA - UPA 24 HORAS

88

FOTO 6: MACA DE PARADA (SALA VERMELHA) - UPA 24 HORAS

89

A distribuição das UPAs conforme as regiões de saúde do DF podem ser observadas no

quadro de Situação atual dos componentes por região de saúde (ANEXO I-A), evidenciando

sua área de cobertura e abrangência populacional.

Observam-se hoje pelas estatísticas de atendimento apresentadas pelas UPAS neste curto

período de funcionamento (ANEXO XV) o potencial destas em reduzir a demanda de

atendimento nas portas de emergências hospitalares para casos de menor complexidade,

esvaziando assim as portas das emergências o que hoje mostra=se como um dos mais

sérios problemas a impactarem no atendimento das emergências medicas clinicas e

cirúrgicas.

As UPAs nas Linhas de Cuidado

As UPAS dentro do contexto da rede de urgência e emergência do DF compõe uma das

principais portas de entrada para pacientes com quadros agudos, entre eles aqueles que

fazem parte das linhas de cuidado primordiais (IAM, AVC e Trauma).

Seguindo os fluxos de atendimento já descritos para as três linhas de cuidado, as UPAS

desempenham papel importante na identificação dos quadros agudos, avaliação clínica e

estabilização dos mesmos no sentido de agilizar o atendimento adequado a cada caso e o

encaminhamento responsável à unidade hospitalar mais adequada ao seu tratamento.

Em algumas circunstancias seguindo os protocolos clínicos definidos para os casos de IAM

pode ser iniciado o tratamento trombolítico já na própria unidade.

Metas

No intuito de efetivar o plano de ação da rede de urgência e emergência do DF e de

aprimorar o atendimento nas unidades de emergência está previsto para o DF a construção

de mais 10 UPAS também em unidades modulares e de porte III a serem distribuídas pelas

regiões de saúde conforme tabela de metas dos componentes da RUE (ANEXO I-B). Estas

deverão estar em funcionamento até o ano de 2014 e deverão seguir os mesmos padrões

das demais, oferecendo atendimento qualificado nas áreas de clínica medica e pediatria e

desta forma ampliando as ações de atenção à saúde nos casos de urgência e emergência.

Com a finalidade ainda de esvaziar as portas das Urgências hospitalares, utilizando-se de

atendimento resolutivo e de pactuações estabelecidas de referências e contra referências

para a continuidade do tratamento adequado e necessário a cada caso.

Para a UPA do Plano Piloto em virtude de sua localização próxima ao setor de diversões

está prevista a ampliação do atendimento contemplando a área de traumato-ortopedia e

90

desta forma oferecendo suporte de atendimento em baixa e média complexidade aos

pacientes com quadro de trauma ortopédico.

3.3. Componente Hospitalar

O componente hospitalar, instituído pela Portaria Ministerial Nº 2395 de 11 de outubro de

2011, compõe a assistência especializada para média e alta complexidade da rede de

atenção às Urgências e Emergências, independentemente da porta de entrada utilizada

pelo usuário no sistema de saúde, devendo sempre atender às necessidades específicas

de cada caso, mostrando-se eficaz e resolutiva.

Classicamente reconhecida pela alta procura por atendimento em suas portas de entrada,

atuando como atendimento primário aos problemas que afligem agudamente o usuário e

mesmo para problemas crônicos, mostra-se superlotada e pouco efetiva. Esta demanda

elevada expressa a necessidade de reorganização dos fluxos de atendimento deste

sistema visando otimização de recursos, e maior efetividade de respostas em todos os

níveis de atenção.

Fazem parte do componente hospitalar todas as unidades hospitalares que compõem a

rede de saúde, sendo consideradas Portas de Entrada Hospitalares de Urgência os serviços

instalados em uma unidade hospitalar para prestar atendimento ininterrupto ao conjunto de

demandas espontâneas e referenciadas de urgências clínicas, pediátricas, cirúrgicas e/ou

traumatológicas.

São objetivos do Componente Hospitalar da Rede Atenção às Urgências:

I - organizar a atenção às urgências nos hospitais, de modo que atendam à demanda

espontânea e/ou referenciada e funcionem como retaguarda para os outros pontos de

atenção às urgências de menor complexidade;

II - garantir retaguarda de atendimentos de média e alta complexidade; procedimentos

diagnósticos e leitos clínicos, cirúrgicos, de longa permanência e de terapia intensiva

para a rede de atenção às urgências; e

III - garantir a atenção hospitalar nas linhas de cuidado prioritárias, em articulação com

os demais pontos de atenção.

Com finalidade de cumprir seus objetivos na Rede de Atenção ás Urgências e

Emergências, constituem-se diretrizes do Componente Hospitalar da Rede de Atenção às

Urgências:

I - universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências;

91

II- humanização da atenção, garantindo efetivação de um modelo centrado no usuário e

baseado nas suas necessidades de saúde;

III - atendimento priorizado, mediante acolhimento com Classificação de Risco,

segundo grau de sofrimento, urgência e gravidade do caso;

IV - regionalização do atendimento às urgências, com articulação dos diversos pontos

de atenção e acesso regulado aos serviços de saúde; e

V - atenção multiprofissional, instituída por meio de práticas clínicas cuidadoras e

baseada na gestão de linhas de cuidado.

O Componente Hospitalar de Atenção às Urgências deverá garantir e organizar a

retaguarda de leitos para a Rede de Atenção às Urgências, por meio da ampliação e

qualificação de enfermarias clínicas de retaguarda, enfermarias de retaguarda de longa

permanência e leitos de terapia intensiva.

No DF, a rede hospitalar distribuída pelas regiões de saúde apresentada no PDR, foi

hierarquizada conforme o nível de complexidade de atendimento oferecido nos diversos

serviços, categorizando a rede em quatro grandes grupos:

I. Complexo Hospitalar Central: HBDF, HRAN, HMIB e HUB;

II. Hospitais Regionais de Referência: HRC, HRG, HRS e HRT;

III. Hospitais Regionais Gerais: HRBz, HRGu, HRPl e

IV. Hospitais Regionais de Retaguarda: HRPa, HRSam, HRSM e HAB.

No contexto das Redes de Urgência e Emergência estas unidades hospitalares devem,

possuir retaguarda de maior complexidade previamente pactuada, com fluxos e

mecanismos de transferência claros, mediados pela Central de Regulação, a fim de garantir

o encaminhamento dos casos que extrapolem sua complexidade. Devem também garantir

transporte para os casos mais graves, através do serviço de atendimento móvel de

urgências (SAMU), ou outra forma de transporte que venha a ser pactuada.

Também devem estar pactuados os fluxos para elucidação diagnóstica e avaliação

especializada, além de se dar ênfase especial ao redirecionamento dos pacientes para a

rede básica e Programa de Saúde da Família, para o adequado seguimento de suas

patologias de base e condições de saúde, garantindo acesso não apenas a ações curativas,

mas a todas as atividades promocionais que devem ser implementadas neste nível de

assistência.

92

Análise Situacional

A Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, em consonância com as políticas do

Ministério da Saúde adotou o Regulamento que estabelece os princípios e diretrizes dos

Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, disposto na Portaria GM/MS Nº 2.048, de

5 de novembro de 2002. Neste sentido, a organização da “Atenção às Urgências” no DF

tem como premissa a garantia da universalidade, equidade e da integralidade no

atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas

e as relacionadas às causas externas, a partir do definido pelas portarias do MS, ou seja, o

regime de vaga zero.

Atualmente a assistência aos pacientes com quadros clínicos agudos é prestada, em seu

componente móvel pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência/SAMU; pelos serviços

pré-hospitalares fixos, as Unidades de Pronto-Atendimento 24 horas - UPAs, e pelas

unidades de emergência dos hospitais regionais e especializados.

O componente hospitalar no DF é composto hoje por 13 unidades hospitalares que atuam

como porta de entrada, e uma unidade para atendimento especifica em psiquiatria.

Tipo de Atendimento de Urgência por Unidade Hospitalar

93

TABELA 3: Distribuição de Especialidade Médica por Hospital do Distrito Federal

Clínica Médica

Cirurgia

Geral

Ortopedia Ped

Gin- Obs

Reabilit

ação

Psiq Cardio Neuro Trauma

HBDF

HMIB

HRGu

HRAN

HRC

HRBz

HRT

HRSam

HRS

HRPl

HRPa

HRG

HRSM

94

HSVP

HAB

HCB

HUB

ICDF

FONTE: DICOAS/SUPRAC/SES

Como demonstrado para os demais componentes da RUE o componente hospitalar se

distribui pelas 7 regiões de saúde (ANEXO I-A), conforme o PDR e seus fluxos de referência

e conta referência baseiam-se não somente nesta distribuição por regiões de saúde mas

também podemos observar no quadro acima todas as unidades hospitalares oferecem

atendimento de urgência e emergência nas áreas de clínica médica, cirurgia geral, pediatria,

ginecologia / obstetrícia e ortopedia, à exceção dos hospitais do Complexo Hospitalar

Central (HBDF, HRAN, HMIB e HUB) que por seu nível de complexidade tecnológica

constituem-se em hospitais de referência em alta complexidade para os demais hospitais

da rede. Além disto algumas especialidades medicas possuem referência definida como,

por exemplo, o atendimento a queimados cuja referência encontra-se no HRAN.

Os fluxos de referência e contra referência no componente hospitalar do DF encontram-se

definidos pelos critérios de hierarquia de complexidade tanto para situações emergenciais

como para avaliações diagnosticas e complementação terapêutica que necessitem de um

equipamento de saúde de maior complexidade.

O componente hospitalar dispõe atualmente de uma capacidade instalada composta por

2.784 leitos totais distribuídos pelas unidades hospitalares e divididos em leitos de

retaguarda e leitos de longa permanência (ANEXO I-A) e 438 leitos de Unidade de Terapia

Intensiva – UTI, distribuídos entre leitos de UTI adulto e pediátrico. Conta ainda com um

hospital com 55 leitos – Hospital de apoio de Brasília (HAB), especializado em reabilitação.

(ANEXO XVI)

95

O Componente Hospitalar nas Linhas de Cuidado

As linhas de cuidado primordiais, como pode ser observado nos seus fluxogramas

(ANEXOS II a X) possuem suas portas de entrada definidas conforme a complexidade do

nível de atenção a ser oferecido em cada caso. São portas de entrada para a linha do

cuidado do IAM, o HBDF, o HRC, o HRG, o HRS, o HRT, o HUB e o Instituto de Cardiologia

do Distrito Federal, hospital filantrópico que possui contrato de prestação de serviço com a

SES/DF. Para a linha de cuidado do AVC são portas de entrada o HBDF, HRT, HRG e

HRS, sendo que nesta apenas o HBDF atualmente possui nível tecnológico para a

realização do tratamento trombolítico. Para a linha de cuidado do trauma foram designadas

como portas de entrada o HBDF, HRG, HRS e HRC. Contudo observamos pelos

fluxogramas que todos os hospitais regionais fazem parte das linhas de cuidado conforme

o tratamento preconizado para cada caso ou ainda através de seus leitos clínicos e

cirúrgicos de retaguarda e longa permanência.

Para adequação do componente hospitalar às necessidades de atendimento às linhas de

cuidado e no intuito de melhorar a capacidade e resolutividade do atendimento nas

unidades de emergência hospitalares, uma série de medidas, além da implantação das

Unidades de Pronto Atendimento e outras medidas mostradas anteriormente e referentes

a mudanças a serem implementadas nos demais componentes da RUE, vem sendo

tomadas pela SES/DF.

Neste contexto a SES/DF implantou política especifica para enfrentamento da superlotação

dos serviços de emergência hospitalar (SEH), em seus dois componentes: (1) a

superlotação das portas dos SEH, e (2) a superlotação das salas, boxes e corredores dos

SEH.

Observa-se através de dados do Acolhimento e Classificação de Risco que em relação a

este primeiro componente, a superlotação dos serviços de emergência, 73 % dos pacientes

classificados nos serviços de Clínica Médica das unidades de emergência são

considerados verdes e azuis, ou seja pacientes de baixa complexidade, que poderiam ser

atendidos em outros pontos de atenção que não as unidades hospitalares. Para o

atendimento desses pacientes, com situação de baixa complexidade, além da implantação

das UPAS iniciou-se a implantação de ambulatórios de Referência em Clínica Médica, com

os seguintes objetivos:

Garantir atendimento resolutivo e humanizado dos usuários classificados como verdes

e azuis nos pontos de atenção hospitalares regionais e especializados;

96

Diminuir a tensão na porta das emergências, provocada pela grande demanda de

usuários pouco ou não urgentes;

Fomentar a orientação e a organização do fluxo de atendimento da atenção primária.

Este ambulatório de Referência de CM foi montado como piloto na regional de Ceilândia,

mostrando os resultados abaixo:

97% dos usuários classificados como verdes e azuis foram atendidos no ambulatório;

37% dos usuários receberam atendimento médico pós classificação em um período

entre 30 minutos a 1 hora e 63% foram atendidos em até 2 horas;

72% dos usuários classificados como verdes e azuis eram procedentes da própria

regional, isto é pertenciam a área de abrangência de alguma unidade de saúde de

atenção básica de Ceilândia;

Possibilidade de melhorias na ambiência do ambulatório e do hospital;

Ampliação de leitos na sala amarela;

Ampliação da Classificação de Risco;

Reestruturação da Sala Vermelha no hospital

Como as modificações ocorridas foram positivas na regional de Ceilândia com a implantação

do Ambulatório de Referência em Clínica Médica, há projeto de ampliação do Ambulatório

de referência para pacientes azuis e verdes nas regionais do HRAN, HRPA, HRG, HRBz,

HRS, HRPL e HRSM.

FOTO 7: CENTRO DE TRAUMA - HBDF

97

FOTO 8: Sala Amarela - HRC

FOTO 9: Fachada do Ambulatório de Referência de Clínica Médica

98

FOTO 10: Sala de Recepção do Ambulatório de Referência de Clínica Médica

FOTO 11: Consultório de Atendimento do Ambulatório de Referência de Clínica Médica

99

Em relação à superlotação dos ambientes internos dos SEH, foi adotada a estratégia da

Gestão de Leitos, sendo monitorizada diariamente: a Taxa de Ocupação dos SEH e das

unidades de internação assim como, o Tempo Médio de Permanência dos SEH e das

unidades de internação, com objetivo de: (1) realizar a ocupação responsável do hospital e

acabar com o desequilíbrio entre a ociosidade de enfermarias do setor de internação,

enquanto o SEH encontra-se superlotado e (2) utilizar a gestão clínica dos leitos dos

pacientes que ultrapassem o tempo de permanência pactuado, para obter maior

rotatividade dos leitos hospitalares.

Com esta política observou-se uma queda na taxa de ocupação e taxa de permanência nas

unidades de emergência de 39%, além de terem sido evidenciados os principais problemas

que impactam nestes índices de forma a podermos buscar soluções mais definitivas

referentes a estes fatores impactantes, por exemplo, o tempo de espera para realização de

exames, ou a necessidade de transferência para leitos de longa permanência ou internação

domiciliar. Neste sentido outras providências tem sido tomadas como, por exemplo, a

melhor estruturação da Internação Domiciliar, a contratação de serviço de Home Care com

40 vagas para atendimento aos pacientes da rede, tendo sido estabelecidos os seguintes

critérios de inclusão:

I. Paciente em leito de UTI;

II. Traqueostomizado e gastrostomizado;

100

III. Dependente de ventilação mecânica;

IV. Morador e residente do Distrito Federal.

Além da ampliação da regulação de exames e da contratação de exames, como a

Ressonância Nuclear Magnética, realizados em outros serviços contratados pela SES/DF.

A melhor estruturação das salas de atendimento de urgência, salas vermelhas, das

unidades hospitalares foi outra medida impactante na melhoria do atendimento às urgência

e emergências nestas unidades. Atualmente estas salas estão estruturadas no HRC, HRGu

como salas de atendimento as urgências clinicas e cirúrgicas e no HBDF devido a sua

estrutura diferenciada estão estruturadas duas salas vermelhas, uma para atendimento ao

trauma (sala de trauma) e uma para atendimento clinico na unidade Neurocardiovascular.

Nestas salas forma escalados profissionais do serviço móvel de urgência – SAMU já

treinados e qualificados no atendimento a urgências e emergências. Esta mudança

promoveu não só uma melhora no atendimento, como também uma melhora na interface

entre os componentes pré-hospitalar e hospitalar. Forma implantadas também nestes

hospitais as salas amarelas que servem de retaguarda para as salas vermelhas

possibilitando a continuidade do tratamento após a estabilização clínica do paciente e

avaliação de necessidades para o tratamento definitivo.

Está prevista pela SES/DF a implantação das salas vermelhas e amarelas em todas as

portas de entrada do componente hospitalar, até 2014. Deverão ser inicialmente

implantadas estas estruturas nos hospitais de referência para as linhas de cuidado do IAM,

AVC e trauma.

Ainda no intuito de melhorar a resolutividade no componente hospitalar de urgências e

emergências está sendo oferecido pela SES/DF curso de capacitação e educação

continuada em urgências e emergências, clínicas, pediátricas e traumáticas, a todos os

servidores das unidades de emergência. Este curso está sendo oferecido regularmente pelo

Núcleo de Estudos em Urgências, vinculado à Diretoria de Urgências e Emergências

DIURE/SAS/SES/DF.

FOTO 12: NEU - Fachada

101

FOTO 13: NEU – Sala de Aula

102

Observamos ainda na Tabela de metas dos Componentes da RUE (ANEXO I-B) e na tabela

de leitos (ANEXO XVI) a programação da SES/DF para ampliação de leitos de retaguarda

hospitalares, leitos de longa permanência e leitos de UTI para atender às linhas de cuidado

e às ne3cessidades da RUE como um todo. Neste intuído observa-se a necessidade de

acréscimo de mais 2.844 leitos gerais, incluindo leitos de retaguarda e leitos de longa

permanência, distribuídos nos diversos hospitais da rede além da construção de um hospital

para pacientes crônicos (leitos de longa permanência e reabilitação). Em relação aos leitos

de UTI este prevista a abertura até 2014 de mais 368 leitos distribuídos na rede hospitalar,

alguns destes como demonstrado na tabela demonstrativa de leitos já encontram-se

abertos aguardando apenas seu registro no CNES. Este aumento no número de leitos será

efetivado também através da construção de novas estruturas hospitalares.