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Anlise da Regio da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma
Encarte 2
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
2
Plano de Manejo Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma
Encarte 2
Elaborao do Encarte 2 Meio Fsico Laerte Guimares, Gelogo Pedro Vieira, Gelogo Fanuel Nogueira, Gegrafo Meio Bitico Flora: Mariana Siqueira, Biloga Fauna: Juliana Bragana, Biloga Meio Socioeconmico Fabiano Souza Vargas, Engenheiro Agrnomo Patrcia de Oliveira Mousinho, Biloga Rodrigo Borges Santana, Gegrafo Glucia Thas Peclat, Historiadora Socioeconomia do Municpio de Nova Roma Mara Cristina Moscoso, Gegrafa Geoprocessamento Laerte Guimares, Gelogo Fanuel Nogueira, Gegrafo Superviso e Acompanhamento Tcnico SEMARH Roberto Gonalves Freire - Secretrio Greide Ribeiro Junior Superintendente de Biodiversidade e Florestas Claudio Adriano Costa Gerente de reas Protegidas Marcelo Pacheco Gestor de Recursos Naturais Coordenao Operacional Vitalle Consultoria e Eventos Rodrigo Borges Santana Gegrafo, Esp. Gonzaga Antnio de Oliveira Administrador Formatao do Encarte 2 Mara Cristina Moscoso, Gegrafa
Este Plano de Manejo foi elaborado com recursos do Sindicato da Indstria do Ferro do Estado de Minas Gerais
Novembro de 2010.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
3
Sumrio
2. ANLISE DA REGIO DA UNIDADE DE CONSERVAO ......................................................................... 72.1. DESCRIO DA ZONA DE AMORTECIMENTO ................................................................................. 72.2. CARACTERIZAO AMBIENTAL ...................................................................................................... 14
2.2.1. Meio Fsico .............................................................................................................................. 142.2.2. Meio Bitico ............................................................................................................................. 45
2.2.2.1. Vegetao ............................................................................................................... 452.2.2.2. Fauna ...................................................................................................................... 55
2.3. ASPECTOS HISTRICOS E CULTURAIS ......................................................................................... 73 2.3.1. O contexto etnogrfico e histrico regional ............................................................................. 73
2.3.1.1. Os grupos de lngua J ........................................................................................... 74 2.3.1.2. Os grupos de lngua Tupi-guarani ........................................................................... 76 2.3.1.3. Os Av-canoeiro ...................................................................................................... 77
2.3.2. A Colonizao ......................................................................................................................... 81 2.3.3. A Ocupao da Regio no Sculo XX ..................................................................................... 84 2.3.4. Manifestaes Culturais do Municpio de Nova Roma ............................................................ 85 2.3.5. Patrimnio Mundial .................................................................................................................. 87 2.3.6. Stio Arqueolgico ................................................................................................................... 87
2.4. CARACTERSTICAS SOCIOECONMICAS DO MUNICPIO DE NOVA ROMA .............................. 89 2.4.1. Informaes Gerais ................................................................................................................. 89
2.4.1.1. Localizao e Acessos ............................................................................................ 89 2.4.1.2. Histrico do Municpio ............................................................................................. 93
2.4.2. Aspectos Populacionais .......................................................................................................... 94 2.4.3. Aspectos Sociais ..................................................................................................................... 97 2.4.4. Infraestrutura e Servios ....................................................................................................... 101 2.4.5. Aspectos Econmicos ........................................................................................................... 103 2.4.6. Aspectos Ambientais e Tursticos.......................................................................................... 106
2.5. VISO DAS COMUNIDADES SOBRE A UNIDADE DE CONSERVAO ...................................... 110 2.6. ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO SUSTENTVEL .................................. 113 2.7. ATIVIDADES OU SITUAES CONFLITANTES ............................................................................ 122
2.7.1. Pecuria e Queimadas .......................................................................................................... 122 2.7.2. Caa ...................................................................................................................................... 126 2.7.3. Minerao .............................................................................................................................. 126 2.7.4. Introduo de Espcies ......................................................................................................... 128 2.7.5. Desmatamento para Produo de Carvo Vegetal ............................................................... 129
2.8. POTENCIAL DE APOIO UNIDADE DE CONSERVAO ............................................................ 130 2.8.1. Infraestrutura de Apoio .......................................................................................................... 130
2.9. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 135
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Sumrio de Tabelas Tabela 1. Critrios de incluso e excluso de reas para definio da Zona de Amortecimento ................................ 9Tabela 2. Temperatura mdia mensal nas estaes integrantes da regio de Colinas-Alto Paraso (1990 a 1995) . 35Tabela 3. Histrico de chuvas na regio da Chapada dos Veadeiros e entorno.. ...................................................... 36Tabela 4. Variao das vazes mdias mensais na bacia do rio Tocantins ............................................................... 42Tabela 5. Registro das principais festas realizadas em Nova Roma ......................................................................... 86Tabela 6. Stios Arqueolgicos de Nova Roma .......................................................................................................... 88Tabela 7. Informaes gerais sobre os municpios da microrregio Chapada dos Veadeiros .................................. 92Tabela 8. Distncia da Capital e dos municpios limtrofes de Nova Roma ................................................................ 93Tabela 9. Populao residente por sexo e situao de domiclio ............................................................................... 94Tabela 10. Populao residente por regio de nascimento ........................................................................................ 95Tabela 11. Habitantes por faixa etria ........................................................................................................................ 96Tabela 12. Taxa Geomtrica de Crescimento Populacional ....................................................................................... 97Tabela 13. IDH-M de Nova Roma ............................................................................................................................... 98Tabela 14. IDH Nacional, do Estado de Gois e Municpios da Microrregio Chapada dos Veadeiros ..................... 99Tabela 15. Nvel de escolaridade de Nova Roma ..................................................................................................... 100Tabela 16. Estabelecimentos de Ensino Pr-escolar, Fundamental e Mdio ........................................................... 101Tabela 17. Consumidores de Energia Eltrica .......................................................................................................... 101Tabela 18. Abastecimento de gua .......................................................................................................................... 102Tabela 19. Esgoto ..................................................................................................................................................... 102Tabela 20. Destino do Lixo ....................................................................................................................................... 102Tabela 21. Renda Per Capita dos municpios da Microrregio Chapada dos Veadeiros ........................................ 104Tabela 22. Lavouras Temporrias ............................................................................................................................ 105Tabela 23. Lavouras Permanentes ........................................................................................................................... 105Tabela 24. Efetivo dos Rebanhos ............................................................................................................................. 105
Sumrio de Figuras Figura 1. Zona de Amortecimento ................................................................................................................................. 8Figura 2. Crtons do Brasil ......................................................................................................................................... 15Figura 3. Mapa Geolgico da Regio da Chapada dos Veadeiros ............................................................................. 20Figura 4. Mapa de Recursos Hdricos da Regio da Chapada dos Veadeiros ........................................................... 42Figura 5. Mapa de Cobertura e Uso da Terra ............................................................................................................. 44Figura 6. Mesorregio Norte de Gois ........................................................................................................................ 90Figura 7. Microrregio Chapada dos Veadeiros ......................................................................................................... 90Figura 8. Localizao do municpio de Nova Roma no Estado de Gois ................................................................... 91Figura 9. Populao Rural e Urbana - perodo 1970 a 2000 ...................................................................................... 95Figura 10. Habitantes por faixa etria nos perodos 1980-1991-2000-2007 ............................................................... 96Figura 11. Nvel de Escolaridade .............................................................................................................................. 100Figura 12. reas prioritrias para conservao da biodiversidade - regio de entorno da Esec- CNR. ................... 113Figura 13. Mapa de vias de acesso com demarcao da estrada cavaleira. ........................................................... 123Figura 14. Licenciamento minerrio no municpio de Nova Roma ........................................................................... 127
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Sumrio de Fotografias
Foto 1. Limite leste Fazenda Faveira ....................................................................................................................... 10Foto 2. Cnion da cachoeira do crrego Forquilha Sudeste da Esec-CNR ............................................................. 10Foto 3. Cachoeira do crrego Forquilha - Sudeste da Esec-CNR .............................................................................. 11Foto 4. Aspectos da vegetao e relevo da regio norte e nordeste da UC .............................................................. 11Foto 5. Desmatamento ................................................................................................................................................ 12Foto 6. Carvoaria ........................................................................................................................................................ 12Foto 7. Queimada nos povoados de gua Doce e Cantinho. Ao fundo, limite da UC na parte alta. .......................... 13Foto 8. Evidncia de queimada s margens do crrego Forquilha (sul) ..................................................................... 13Foto 9. Manifestao cultural Dana da Sussa, em Nova Roma. .......................................................................... 106Foto 10. Cerimnia religiosa na Igreja de So Sebastio, em Nova Roma. ............................................................. 106Foto 11. Placa na rodovia GO-112 ........................................................................................................................... 107Foto 12. Lago com pista de caminhada e rea de lazer ........................................................................................... 107Foto 13. Cachoeira do Forquilha nas proximidades do Povoado do Amendoim ...................................................... 108Foto 14. Gruta do Buraco, em regio calcria prxima ao Povoado do Amendoim ............................................... 109Foto 15. Nascente do Buraco, em regio calcria prxima ao Povoado do Amendoim ........................................ 109Foto 16. Reunio com lideranas comunitrias em Nova Roma .............................................................................. 111Foto 17. Visita a produtores do povoado do Brejo .................................................................................................. 111Foto 18. Pequena propriedade nas proximidades da Esec-CNR ............................................................................. 114Foto 19. Pequeno produtor rural, nas proximidades da Esec-CNR .......................................................................... 114Foto 20. Cerimnia religiosa em comemorao a So Sebastio, padroeiro de Nova Roma ................................. 115Foto 21. Festa de Santo Reis em Nova Roma ......................................................................................................... 115Foto 22. Cachoeira do crrego Forquilha ................................................................................................................. 116Foto 23. Cajueiro Anacardium occidentale L. ........................................................................................................ 116Foto 24. Sitio Arqueolgico da Pedra Escrita na regio de Entorno da Esec-CNR ................................................. 117Foto 25. Artes no povoado de Amendoim ............................................................................................................... 118Foto 26. Artes no povoado de Amendoim ............................................................................................................... 118Foto 27. Registro do estado das estradas no perodo de chuva .............................................................................. 119Foto 28. Registro da falta de saneamento ambiental. .............................................................................................. 119Foto 29. Campo com gramnea nativa utilizada para o pastejo do gado na Esec-CNR e entorno. .......................... 123Foto 30. Processo erosivo desencadeado pelo pisoteio do gado em ponto de travessia na Esec-CNR. ................ 124Foto 31. Queimada registrada na regio sul da UC, margem direita do crrego Forquilha, em agosto de 2009. .... 125Foto 32. Queimada registrada na regio leste da UC, prxima ao povoado do Cantinho. ...................................... 125Foto 33. Frente de lavra de rochas para revestimento na borda da encosta da Serra do Forte. ............................. 127Foto 34. Imagem de um pequeno trecho infestado por gramnea extica (capim meloso). .................................... 128Foto 35. Imagem de um pequeno trecho infestado por ervas daninhas. .................................................................. 128Foto 36. Carvoaria na zona de entorno da Esec-CNR. ............................................................................................ 129Foto 37. Desmatamento para explorao de madeira e formao de pastagem. .................................................... 130Foto 38. Poo artesiano para abastecimento da sede da Esec-CNR. ...................................................................... 132Foto 39. Telefone pblico no povoado do Amendoim. .............................................................................................. 134Foto 40. Hotel e Restaurante em Nova Roma. ......................................................................................................... 134
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AGIM Agncia Goiana de Desenvolvimento Industrial e Mineral AIDS Sndrome da Imunodeficincia Adquirida ANA Agncia Nacional de guas ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica APA rea de Proteo Ambiental APP rea de Preservao Permanente CDB Conveno sobre Diversidade Biolgica CITES Comrcio Internacional das Espcies Ameaadas de Fauna e Flora
Silvestres CNR Chapada de Nova Roma CNRH Conselho Nacional dos Recursos Hdricos CNSA Cadastro Nacional de Stios Arqueolgicos CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral DST Doenas Sexualmente Transmissveis ESEC Estao Ecolgica ESEC-CNR Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma FUNAI Fundao Nacional do ndio FUNATURA Fundao Pr-Natureza IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renovveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade IDH-M ndice de Desenvolvimento Humano Municipal MDA Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDS Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate a Fome MMA Ministrio do Meio Ambiente ONG Organizao No-governamental PAA Programa de Aquisio de Alimentos PAC Programa de Atendimento a Criana PARNA Parque Nacional PETI Programa de Erradicao do Trabalho Infantil PI Proteo Integral PIB produto interno bruto PM Plano de Manejo PNMA Poltica Nacional do Meio Ambiente PSF Programa Sade da Famlia SANEAGO Empresa de Saneamento de Gois SGPA Sistema de Gerenciamento do Patrimnio Arqueolgico TI Terra Indgena UC Unidade de Conservao UICN Union for Conservation of Nature UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Cincia e a Cultura ZA Zona de Amortecimento
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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2. ANLISE DA REGIO DA UNIDADE DE CONSERVAO
O Encarte 2 traz a descrio e anlise da regio da Estao Ecolgica
Chapada de Nova Roma (Esec-CNR) e da sua Zona de Amortecimento (ZA),
ambos inseridos no municpio de Nova Roma, Microrregio da Chapada dos
Veadeiros, no Nordeste do estado de Gois. O Nordeste a regio mais
preservada do Estado e possui um conjunto de Unidades de conservao de
proteo integral e de uso sustentvel que, juntas com uma terra indgena e
um territrio quilombola, formam um mosaico de reas protegidas, porm ainda
no oficialmente reconhecido.
2.1. DESCRIO DA ZONA DE AMORTECIMENTO
Os critrios para delimitao dos limites da Zona de Amortecimento (ZA) foram
definidos por meio de orientaes dos resultados das pesquisas de campo,
oficina com a comunidade e em reunies com a equipe tcnica de elaborao
do Plano de Manejo.
A delimitao espacial, inicialmente, considerou um raio de 10 km da Esec-
CNR, conforme a Resoluo CONAMA no 13 (1990), sendo ajustado conforme
os critrios de incluso e de excluso, conforme a Tabela 1.
Os contornos da ZA podem ser vistos na Figura 1
A Zona de Amortecimento da Esec-CNR possui uma rea de 36.377,73 ha
(subtraindo a rea da UC. Engloba importantes reas de nascentes e de
preservao permanente ao longo das drenagens, acidentes geogrficos e
geolgicos e vegetao com alto grau de preservao (ver Memorial Descritivo
Anexo 1).
Nas pores oeste e norte esto indicativos para formao de corredores
ecolgicos, que devem conectar a Esec-CNR com o Vale do Rio Paran (Bacia
do Rio Tocantins) e outras UCs, tais como: APA do Pouso Alto e Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Nas reas leste e sul, a ZA abriga as nascentes de importantes fontes de gua,
tais como: crrego Forquilha, rio Corrente, Salobro e ribeiro Areias,
responsveis pelo abastecimento dos povoados e das atividades produtivas
rurais da regio.
A principal atividade produtiva desenvolvida na ZA a pecuria. Em grandes
reas, ao norte, e noroeste no so desenvolvidas atividades produtivas em
funo do relevo acidentado que compromete a mecanizao no uso da terra.
Os recursos naturais nessas regies encontram-se preservados.
As fotos 1, 2, 3 e 4 apresentam uma viso geral das diversas regies da UC.
Figura 1. Zona de Amortecimento
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Tabela 1. Critrios de incluso e excluso de reas para definio da zona de amortecimento
CRITRIOS DE INCLUSO E EXCLUSO DE REAS PARA DEFINIO DA ZONA DE AMORTECIMENTO
Regio Incluso Excluso
NORTE E NORDESTE
1. Incluso de importantes variaes no relevo, ao norte da Unidade de Conservao, que ocasionam modificaes na vegetao e provavelmente mudanas na fauna.
2. Incluso da nascente do crrego Faveira e das nascentes do ribeiro Areias, que abrigam quedas dgua de grande beleza cnica.
3. Ocorrncia de acidentes geogrficos e geolgicos notveis e aspectos cnicos.
4. Incluso de reas de preservao permanente com alto grau de preservao da paisagem.
5. Inexistncia de atividades produtivas pelas comunidades locais em funo do relevo e constituio geolgica.
6. Incluso de rea com grande presso para o desenvolvimento de projetos de minerao que podem afetar a integridade da UC.
----------------
OESTE
1. Incluso do sistema de drenagem e reas naturais preservadas, com potencial de conectividade do fluxo gnico com a Unidade de Conservao, conforme pode ser observado na regio oeste da UC, entre o rio Corrente e o rio das Pedras.
2. Corredor de Biodiversidade, conectando a regio compreendida entre as bacias dos rios das Pedras e Corrente com o Vale do rio Paran.
----------------
LESTE
1. Incluso de reas com risco de expanso urbana e para pastagens que afetam a paisagem e os recursos hdricos prximos aos limites da UC. Caso observado na regio leste, prximo das comunidades do Brejo, gua Doce, Cantinho e Amendoim.
2. Incluso de reas sujeitas a processos de eroso, de escorregamento de massa, que podem vir a afetar os recursos hdricos e a integridade da paisagem em sua poro leste.
Excluso de reas dos ncleos urbanos.
SUL E SUDOESTE
1. Incluso das nascentes e reas de recarga que alimentam as microbacias do crrego forquilha e rio Corrente.
2. Ocorrncia de reas midas e nascentes com importncia ecolgica para a UC.
3. Incluso de importantes reas de vegetao com baixo grau de interveno, conferindo conectividade do fluxo gnico flora e fauna local e regional.
4. Incluso de reas de preservao 5. Permanentes com cobertura vegetal com alto grau de preservao
funcionando como corredor de biodiversidade.
----------------
SUDESTE
1. Ocorrncia de acidentes geogrficos e geolgicos notveis e aspectos cnicos.
2. Incluso de reas sujeitas a processos de eroso, de escorregamento de massa, que podem vir a afetar os recursos hdricos e a integridade da paisagem.
3. Incluso de reas de Preservao Permanentes com cobertura vegetal com alto grau de preservao funcionando como corredor de biodiversidade.
----------------
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Foto: Rodrigo Santana
Foto 1. Limite leste Fazenda Faveira
Foto: Rodrigo Santana
Foto 2. Cnion da cachoeira do crrego Forquilha Sudeste da Esec-CNR
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Foto: Rodrigo Santana
Foto 3. Cachoeira do crrego Forquilha - Sudeste da Esec-CNR
Foto: Rodrigo Santana
Foto 4. Aspectos da vegetao e relevo da regio norte e nordeste da UC
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Os principais impactos esto relacionados com as queimadas utilizadas para
manuteno das pastagens nos perodos de estiagem, a caa, a ocupao de
encostas para formao de pastagens e o desenvolvimento de pesquisas para
atividades de minerao. Outra ameaa o avano do desmatamento para
produo de carvo vegetal e posterior formao de pastagem (fotos 5 e 6).
Foto: Fanuel Nogueira
Foto 5. Desmatamento
Foto: Fanuel Nogueira
Foto 6. Carvoaria
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Os principais focos de queimadas so provenientes do limite sul, nas reas de
campos midos prximas s nascentes do crrego Forquilha e rio Corrente.
Porm, nos levantamentos de campo foram observadas focos de queimadas
ocorridas nas propriedades prximas aos povoados de gua Doce e Cantinho,
a Leste da UC. Tambm foram observadas evidncias de queimadas na
vegetao na regio oeste e dentro da UC (Foto 8).
Foto: Rodrigo Santana
Foto 7. Queimada nos povoados de gua Doce e Cantinho. Ao fundo, limite da UC na parte alta.
Foto: Rodrigo Santana
Foto 8. Evidncia de queimada s margens do crrego Forquilha (sul)
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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2.2. CARACTERIZAO AMBIENTAL
Neste item, sero caracterizados o meio fsico, bitico e socioeconmico da
zona de amortecimento e da regio da Estao Ecolgica Chapada de Nova
Roma.
2.2.1. Meio Fsico
A regio denota a geodiversidade do Brasil Central, definida por Veiga (1999 e
2002) como a expresso das particularidades do meio fsico, compreendendo
as rochas, o relevo, o clima, os solos e as guas, subterrneas e superficiais.
Tais atributos resultam da ao cumulativa de processos geolgicos e
climticos mltiplos e, por sua vez, condicionam a paisagem e propiciam a
diversidade biolgica e cultural nela desenvolvidas, em permanente interao
ao longo da evoluo do planeta.
2.2.1.1. Geologia
A compreenso do contexto regional demanda a reconstituio de sua
evoluo geolgica, seguida por uma breve caracterizao das rochas e das
estruturas presentes, com nfase no seu potencial econmico e nas
implicaes sobre o relevo, os solos e as guas.
a) Breve Histrico do Cho Goiano
O Brasil Central uma vasta regio de paisagens variadas, resultantes da
evoluo de um arcabouo geolgico complexo (Veiga, 2002). Embora ainda
pouco conhecida, essa geologia abriga recursos minerais importantes, que tm
sido determinantes no processo de ocupao humana do territrio.
A conformao geolgica de Gois, que se destaca pela variedade de
formaes e estruturas, ilustra boa parte da evoluo geolgica do planeta.
Sucedem-se rochas muito antigas, formadas sob climas variados nos mares e
continentes primordiais, at sedimentos recentes, ainda ativos nas calhas dos
rios. A regio situa-se entre duas antigas massas continentais, denominadas
crtons ou protocontinentes. So pores relativamente rgidas da crosta
terrestre, precursoras dos continentes atuais. Um desses crtons posicionava-
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
15
se a noroeste, correspondendo hoje Amaznia. O outro existia a leste
ocupando parte do Tocantins, oeste de Minas Gerais e da Bahia e estendendo-
se para o Nordeste e para o Sul do Brasil (Figura 2).
Figura 2. Crtons do Brasil
Sua evoluo pode ser assim reconstituda:
Os terrenos mais antigos tm idade arqueana, ou mais de 2.500 milhes de
anos (Ma). Correspondem ao embasamento granito-gnissico, onde se
desenvolveram sequncias vulcano-sedimentares do tipo greenstone belts,
reconhecidas em todo o mundo, por seu potencial para ouro e metais
bsicos (especialmente cobre, nquel, zinco).
Esses terrenos antigos so remanescentes de um pequeno ncleo
continental, hoje denominado macio mediano de Gois, que permaneceu
relativamente estvel e preservado da evoluo geolgica ocorrida no
entorno. Os greenstone belts esto bem representados na regio das
cidades de Gois e de Crixs.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Entre os dois crtons, sucederam-se, ao longo do Proterozico (2.500 a 570
Ma.), deposies intercaladas de sedimentos marinhos e rochas vulcnicas.
Foram progressivamente depositadas, deformadas, metamorfizadas e
intrudidas por corpos gneos variados.
Tais rochas integram extensas faixas de dobramentos, responsveis, ao
final de sua complexa evoluo, pela sutura das antigas massas
continentais o crton Amaznico, que se estende hoje a oeste do rio
Araguaia, e o crton do So Francisco, a leste da serra Geral de Gois.
Os processos atuantes na evoluo das faixas dobradas e de seu substrato
favoreceram a acumulao de metais bsicos e ouro, bem como gemas (p.
ex. diamantes, esmeraldas e ametistas) e outros metais (estanho, tntalo,
ndio, etc.), estes associados a rochas gneas.
As faixas dobradas do Brasil Central dispem-se em direo N-S,
compondo dois segmentos distintos. Na poro sul de Gois, englobando a
regio de Goinia e o Distrito Federal, prevalece orientao NW-SE.
Logo ao norte da Chapada dos Veadeiros, constata-se uma extensa ruptura
segundo NE-SW: Corresponde a antiga fossa ocupada por sedimentos
marinhos arenosos, que hoje constituem a Chapada dos Veadeiros, a Serra
dos Pireneus e a Serra Dourada de Gois divisoras de guas entre as
grandes bacias hidrogrficas do continente.
No centro-norte de Gois, as faixas dobradas alojam grandes complexos
mfico-ultramficos (Barro Alto, Niquelndia e Canabrava), formados pelo
soerguimento de rochas originalmente situadas nas profundezas da crosta.
As faixas estendem-se para norte, aproximando-se da direo N-S no
interflvio dos rios Tocantins e Araguaia.
Nas pores oeste de Minas Gerais e leste de Gois, abrangendo o Distrito
Federal, afloram sedimentos marinhos do Proterozico Mdio a Superior.
Compreendem rochas carbonticas e sedimentos detrticos (areias, argilas),
pouco metamorfizados, que integram a Faixa de Dobramentos Braslia,
grande estrutura consolidada ao final do Proterozico, h cerca de 600 Ma.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Mais a leste, essas rochas permaneceram estveis, ao final emergindo, em
dobramentos, do grande mar que cobria o crton do So Francisco. Contm
fsseis de algas, caractersticos da vida marinha primitiva.
A partir do final do Proterozico (ou Pr-Cambriano), toda essa regio
passou a ter evoluo relativamente estvel, tipicamente continental. Os
terrenos foram soerguidos em bloco, o mar recuou e a eroso tornou-se o
processo dominante em sua histria geolgica. Quando o antigo mar secou,
h cerca de 600 Ma, essa poro emersa passou a fornecer os sedimentos
depositados no entorno.
No Tringulo Mineiro e sul de Gois, as rochas pr-cambrianas atuaram
como o embasamento de sedimentos e derrames continentais baslticos da
bacia do Paran, formados durante o Fanerozico (entre 500 e 65 Ma).
No oeste de Minas Gerais e da Bahia, representaram o substrato de
sedimentos continentais, depositados em ambientes desrticos instalados
na regio do So Francisco durante o Cretceo (entre 145 e 65 Ma). Os
arenitos que cobrem aquelas chapadas formam aqferos importantes.
Desde o incio da abertura do oceano Atlntico, no Cretceo, o arcabouo
antigo, situado no interior do novo continente, sustenta amplos planaltos, de
onde se irradiam guas formadoras das principais bacias hidrogrficas sul-
americanas, preferencialmente instaladas sobre os sedimentos que
cobriram os crtons. Como exceo, destacam-se os rios Araguaia e
Tocantins, condicionados s faixas dobradas do Brasil Central.
Esses planaltos representam, desde ento, espao de convergncia entre
inmeras espcies vegetais e animais. Seu relevo vem sendo esculpido h
mais de 65 Ma, sob climas tipicamente tropicais mais ridos ou mais
midos, porm sempre caracterizados pela alternncia anual de estaes
secas e chuvosas.
Nessas condies, prevalecem coberturas vegetais ralas, campos gerais
que favorecem a eroso dos depsitos mais jovens e a exposio das
rochas subjacentes, mais antigas e variadas. Os terrenos so aplanados,
predominando chapadas e superfcies suavemente onduladas.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Nelas sobressaem-se serras e elevaes isoladas, constitudas por rochas
mais resistentes eroso sobretudo quartzitos e rochas intrusivas.
Rochas carbonticas resultam em paisagens crsticas peculiares,
esculpidas pelas guas pluviais e fluviais.
O relevo arrasado propicia o desenvolvimento de solos laterticos profundamente
lixiviados, empobrecidos em seus componentes solveis e enriquecidos em fases
inertes, comumente com concrees ferruginosas (cangas).
Nas pores mais planas, o processo de laterizao tende a formar solos
espessos, mascarando concentraes de metais mais solveis porventura
presentes no substrato (cobre, zinco e chumbo, principalmente). Ao mesmo
tempo, favorece a acumulao residual, junto superfcie, dos metais
menos solveis (ouro, nquel e mangans, por exemplo).
Os rios e crregos do planalto so rpidos e encaixados, sobretudo perto
das nascentes, formando corredeiras e cachoeiras onde atravessam rochas
mais resistentes eroso. Nas rochas propcias dissoluo, como os
calcrios e dolomitos, formam-se grutas e cavernas.
O material erodido acumula-se nas pores rebaixadas, formando plancies
aluviais arenosas ou argilosas, onde se concentram os minerais pesados
porventura presentes (ouro, cassiterita e diamante, por exemplo).
Os aluvies mais jovens tm idade holocnica (menos de 10.000 anos), poca em que os primeiros colonizadores humanos j estavam estabelecidos nessa regio de boas nascentes, clima saudvel e alimentos variados. Foram os jazimentos aurferos que, mais tarde, atraram colonizadores de origem europia, j no incio do sculo XVIII. Trouxeram escravos de origem africana e um sem nmero de espcies de plantas e animais para o seu uso, bem como pragas e doenas antes inexistentes nessas terras. Esse vasto cho goiano abriga assim inmeros domnios geolgicos peculiares, cuja reconstituio fundamental compreenso da evoluo do prprio continente. Sua importncia marcada pela variedade de paisagens e habitats nele instalados, configurando um rico mosaico do bioma Cerrado, por certo merecedor de proteo e investigao adequadas. Tal diversidade biolgica decorre, como visto, da sua geodiversidade primordial, desenvolvida durante longa e complexa evoluo.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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b) Unidades Geolgicas
A diversidade e a complexidade da geologia de Gois resultam da interao
e superposio de inmeros processos, ao final, responsveis pela variada
composio dos terrenos e pela modelagem de suas paisagens
diferenciadas.
A regio da Chapada dos Veadeiros e entorno se insere na poro nordeste da
zona externa da Faixa Braslia e de seu embasamento, regio de evoluo
polifsica desde o arqueano at o neoproterozico. Os componentes
litoestratigrficos mapeados nesta regio so, do mais antigo para o mais
recente: i) Complexo Granito-gnissico; ii) Formao Ticunzal e granitos
intrusivos da Sute Aurumina; iii) Seqncias de rifte intracontinental,
compostas de granitos intraplaca, metassedimentos e rochas vulcnicas
bimodais do Grupo Ara; iv) Grupo Parano e Grupo Bambu.
O termo Complexo Granito-Gnissico est cada vez mais em desuso para a
regio e, se existe mesmo um embasamento grantico da Formao Ticunzal
aflorante, seus domnios devem ser muito restritos. A Faixa de Dobramentos
Braslia, que tem orientao geral em torno de N-S, truncada na poro de
interesse por uma estrutura transversal, E-W a NESW. Essa estrutura
condiciona a Chapada dos Veadeiros e a poro arrasada ao norte, onde se
situa a cidade de Cavalcante.
Na Chapada destacam-se os metassedimentos (sedimentos submetidos a
metamorfismo) de baixo grau do Grupo Ara, depositados em ambiente de rifte
(bacia sedimentar interna alongada), orientado segundo NE-SW. Tm idade
mesoproterozica e constituem as feies de relevo mais elevadas, que
notabilizam a regio. A poro arrasada ao norte expe rochas antigas,
correspondentes ao embasamento arqueano (Complexo Granito-Gnissico) a
paleoproterozico (Formao Ticunzal), nas quais se instalaram granitos com
idade paleo a mesoproterozica.
A Figura 3 mostra a geologia da regio da Chapada dos Veadeiros.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Figura 3. Mapa Geolgico da Regio da Chapada dos Veadeiros
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Ao norte de Cavalcante, o Grupo Ara reaparece sobre o embasamento em
estreitas faixas, definindo elevaes escarpadas. Assume direo geral N-S,
segundo a orientao da Faixa Braslia. Ao sul e oeste da Chapada, as rochas
deste Grupo so recobertas por metassedimentos do Grupo Parano, de idade
meso a neoproterozica.
A oeste, na regio de Colinas, assinala-se o extremo oriental da Faixa Braslia.
As rochas proterozicas dos grupos Ara e Parano so truncadas por rochas
mais antigas, cavalgadas (empurradas sobre elas) de oeste para leste, ao
longo de importantes falhas. A leste e ao sul da Chapada dos Veadeiros, as
unidades precedentes esto empurradas sobre metassedimentos
neoproterozicos do Grupo Bambu.
Como formaes recentes, ocorrem coberturas detrito-laterticas, bem
desenvolvidas ao sul e a leste sobre os grupos Parano e Bambu. Ao longo
dos maiores cursos dgua, constatam-se aluvies quaternrias, formadas por
depsitos inconsolidados de argilas, areias e cascalhos.
Descrevem-se a seguir as principais unidades geolgicas presentes na regio.
- Complexo granito-gnissico
Representa o embasamento da poro norte da Faixa Braslia. Aflora nos
terrenos arrasados ao norte e oeste de Cavalcante, abrangendo os vales dos
rios das Almas, Claro e seus principais afluentes, formando uma estrutura
alongada, circundada por metassedimentos Ara.
Predominam ortognisses (derivados de rochas gneas) de composio
tonaltica a granodiortica que alojam corpos granticos intrusivos. So rochas
antigas, de idade arqueana (mais que 2.500 Ma), submetidas a intensas
transformaes ao longo de sua evoluo. Em geral, apresentam bandas
paralelas, compostas respectivamente por minerais claros e escuros. As
pores afetadas por falhas exibem estruturas e texturas caractersticas,
podendo alojar jazimentos de ouro, a exemplo da mina Buraco do Ouro, em
Cavalcante.
Os corpos granticos constituem intruses anorognicas (instaladas em
terrenos relativamente estveis), com idades em torno de 1.700 Ma. Esto
enquadrados na Subprovncia Estanfera do Paran (Pimentel et al., 1991) e
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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destacam-se por seu potencial para estanho e outros metais associados, alm
do possvel uso como rochas ornamentais e para a produo de insumos para
a construo civil.
- Grupo Arai
Compreende um conjunto de sedimentos, metamorfizados em grau baixo a
incipiente, depositados em ambientes plataformais (na poro submersa de um
continente) e relacionados a um rifte cuja evoluo teve incio no
Mesoproterozico.
Definido por Barbosa et al. (1969) e Dyer (1970), foi subdividido nas formaes
Arraias e Traras. A primeira representa o conjunto basal psamtico (arenoso),
depositado em discordncia sobre os gnaisses e granitos do embasamento. A
segunda corresponde a um conjunto dominantemente peltico (argiloso), com
menor proporo de rochas arenosas e presena de rochas carbonticas no
topo.
Arajo & Alves (1979) propuseram um refinamento da estratigrafia do Ara,
atribuindo 1.140m de espessura para todo o conjunto. Definiram duas grandes
seqncias, uma continental e outra marinha, subdivididas em seis unidades:
as trs primeiras constituem a Formao Arraias e as trs ltimas a Formao
Traras.
Na regio da Chapada predominam as pores inferiores do Grupo Ara,
correspondentes aos seguintes conjuntos de rochas: Quartzitos basais:
quartzitos de origem elica (formados por ao dos ventos) e fluvial;
conglomerados (sedimentos grosseiros de seixos arredondados) depositados
em leques aluviais; metassiltitos (sedimentos argilosos com areia fina) de
origem marinha; e rochas vulcnicas cidas a intermedirias. Os quartzitos
sustentam o relevo da Chapada dos Veadeiros e formam serras importantes.
Em pores nos conglomerados foram encontrados diamantes (ex. ribeiro do
Padre, em Colinas).
Metarritmitos (sedimentos variados, formados por camadas ciclicamente
alternadas), compreendendo metassiltitos, quartzitos e lentes carbonticas,
tpicos de ambiente costeiro de inundao.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Quartzitos intermedirios: espesso pacote de quartzitos, com intercalaes de
metassiltitos e conglomerados, depositados em ambientes marinhos
plataformais.
Metassiltitos intermedirios: seqncia peltica marinha, com bancos de
quartzito e lentes de mrmores e metassiltitos carbonticos intercalados. Os
metassiltitos intemperizados (transformados por processos qumicos e fsicos
superficiais) podem conter concentraes econmicas de mangans.
A presena de estruturas sedimentares preservadas facilita a reconstituio da
paleogeografia (antiga situao da bacia) do Grupo Ara. Dardenne et al.
(1997) consideram uma evoluo em rifte intracratnico (bacia interna
desenvolvida em substrato relativamente estvel), preenchida inicialmente por
sedimentos continentais e, posteriormente, por sedimentos marinhos.
Assinalam trs ciclos de deposio de sedimentos marinhos, progressivamente
mais finos, passando de areias na base a argilas no topo.
Ao norte da Chapada, na altura da serra Santana, constatam-se fcies elicas
e fluviais, indicativas do limite setentrional da bacia marinha. As mesmas
feies parecem se estender para leste, circundando o ncleo do
embasamento granito-gnissico.
- Grupo Parano
Sobrepe-se ao Grupo Arai, em discordncia angular (indicativa de evoluo
distinta). Ocorre ao sul e oeste da Chapada dos Veadeiros, e no extremo norte
da rea aqui relatada. Compreende uma seqncia de sedimentos psamticos
(arenosos), na poro basal, e psamo-pelito-carbonticos (areias, argilas e
carbonatos) no topo.
Faria & Evangelista (1995) propuseram uma coluna estratigrfica integrada de
abrangncia regional, correspondente poro mais externa da Faixa Braslia.
As camadas inferiores da seqncia afloram na regio de interesse, em contato
com as rochas do Grupo Ara. Abrangem as seguintes unidades, da base para
o topo:
Rochas psamticas: conglomerados; ritmitos pelito-carbonticos com
intercalaes de quartzitos; quartzitos brancos finos a mdios (responsveis
pelos altos topogrficos mais elevados na regio de Colinas, como as serras
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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dos Bois, dos Rosados e outras); filitos carbonosos com magnetita e pirita, na
regio do povoado Vermelho; quartzitos amarelados mdios, com intercalaes
de filitos carbonosos e microconglomerados.
Rochas psamo-pelticas carbonatadas: filitos carbonticos com lentes de
mrmores (responsveis pelas manchas de solos frteis cobertos por
vegetao mais densa, do tipo mata seca); metarritmitos arenosos; ardsias,
metassiltitos e lentes de mrmores com estruturas algais (produzidas por
algas) do tipo estromatlito.
A idade de sedimentao atribuda ao Meso-Neoproterozico, em funo de
suas relaes estratigrficas com os grupos Ara e Bambu, posicionados
respectivamente na base e no topo do pacote. A presena de estromatlitos do
gnero Conophyton corrobora esse enquadramento, reiterado por Dardenne et
al. (1997).
O grau de metamorfismo muito baixo a insipiente, permitindo a preservao
de estruturas sedimentares indicativas de deposio marinha epicontinental (
margem do continente). A variao na proporo de materiais psamticos e
pelticos relacionada a diferenas na profundidade da lmina dgua, em
resposta a episdios de transgresso e regresso (avanos e recuos do mar
sobre o continente, respectivamente).
- Geologia estrutural
Campos & Dardenne (1999) explicam a evoluo estrutural da regio como
uma sucesso de dois grandes eventos de deformao, o primeiro ocorrido no
Paleoproterozico (relacionado ao Ciclo Transamaznico) e o segundo no
Neoproterozico (Ciclo Brasiliano). Cronologicamente, so separados pela
evoluo do rifte que permitiu a sedimentao Ara, ocorrida durante o
Mesoproterozico.
A ntida foliao (estruturao dos minerais em planos paralelos), presente nos
granitos do embasamento e nas rochas da Formao Ticunzal relacionada ao
primeiro ciclo. Se expressa no aspecto gnissico (orientado) dessas rochas,
direcionadas em torno de N50E. O rifte instalado nesse embasamento resultou
de rupturas oblquas, dispostas posteriormente, segundo NE-SW e direes
conjugadas.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
25
O Ciclo Brasiliano reativou as falhas antigas, sendo responsvel pela
estruturao geral da rea. Evoluiu em dois estgios distintos:
O primeiro consistiu de esforos compressivos E-W, responsveis por
dobramentos importantes e pela gerao de uma segunda foliao nas
rochas j deformadas do complexo granito-gnissico e da Formao
Ticunzal e de uma primeira foliao nas rochas do Grupo Ara;
A segunda fase correspondeu a um alvio de tenses, no final do Ciclo
Brasiliano, gerando uma nova foliao, sobreposta s anteriores.
Prevalece metamorfismo de baixo grau, acompanhado pelo desenvolvimento
de grandes dobras e foliaes proeminentes. As pores mais deformadas por
cisalhamento propiciaram a circulao de fluidos aquecidos, gerando cristas de
milonitos (rochas modas) potencialmente aurferos.
- Potencial econmico
O potencial mineral na regio no relevante, embora atividades de produo
mineral tenham relao intrnseca com a ocupao humana nesta poro do
territrio goiano. As atividades pioneiras remontam ao primeiro ciclo do ouro
(sculo 18), quando bandeirantes fomentados pela Coroa Portuguesa fizeram
descobrimentos e instalaram os primeiros povoados na regio do rio So Flix
e em Cavalcante.
A decadncia na produo aurfera resultou na estagnao do
desenvolvimento socioeconmico regional. Somente durante as dcadas de
1970 e 1980 que a regio voltou a ser explorada, principalmente os minerais
estanho e urnio. A partir da dcada de 1990 at o incio do novo milnio,
diversas reas foram submetidas extrao de minrio de mangans.
Apesar do potencial mineral pouco expressivo, os trabalhos desenvolvidos a
partir da dcada de 1970 revelaram a ocorrncia de platinides junto com o
ouro (Marchetto et al., 1993), tntalo associado ao estanho (Arajo e Alves,
1979) e ndio com o estanho (Botelho e Roger, 1990). No caso dos platinides,
a associao em ambientes francamente granticos rara.
Veiga (2000 e 2001) chama a ateno para jazimentos e possibilidades
econmicas presentes nos municpios de Cavalcante e Colinas do Sul,
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
26
ressaltando a importncia histrica da minerao na ocupao da regio.
Apesar das vrias ocorrncias e das pequenas minas de ouro, a geologia
regional destaca o nordeste de Gois por abrigar a poro mais importante da
Provncia Estanfera de Gois. Atualmente toda explorao de estanho
encontra-se paralisada.
No passado, muitas concentraes de ouro, cassiterita, gemas e cristais de
quartzo foram parcialmente explorados, em geral pela extrao informal em
escala artesanal. A garimpagem hoje pouco expressiva, restando desta
atividade diversas reas degradadas, muitas delas com recursos
remanescentes. Poucas jazidas esto em uso regular e muitos permanecem
como meras expectativas.
Embora os requerimentos de pesquisa indiquem que a atividade de explorao
est focada nas ocorrncias de ouro e mangans, o contexto geolgico indica
outras possibilidades, que so listadas a seguir.
No contexto do Complexo granito-gnissico e rochas intrusivas associadas,
destacam-se:
I) Estanho e metais associados
A Provncia Estanfera de Gois, como definida por Marini e Botelho (1986),
seria constituda de quatro subprovncias, todas de idade mesoproterozica.
Entretanto, dados geocronolgicos mais recentes (Pimentel et al., 1991;
Botelho e Pimentel, 1993; Pimentel et. al. 1997; Sparrenberger e Tassinari,
1998) indicam que os granitos estanferos de Gois foram gerados em pocas
distintas: paleoproterozica (subprovncia do Paran), mesoproterozica
(subprovncia do Tocantins) e neoproterozica (PirenpolisGoiansia e
Ipameri).
As subprovncias Tocantins e Paran apresentam maior importncia para
cassiterita, tendo sido palcos de intensa atividade garimpeira durante as
dcadas de 70 e 80 (Marini e Botelho 1986). Entretanto, com a queda no preo
do metal, todos os prospectos, minas e garimpos foram sendo gradualmente
abandonados e, mesmo com a recuperao dos preos internacionais do
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
27
metal, no resta, atualmente, nenhuma frente de produo de estanho na
regio.
Na Subprovncia Paran, os depsitos de estanho esto associados a duas
sutes granticas:
Sute Aurumina, de idade em torno de 2,12,2 Ga, constituda de granitos
peraluminosos, provavelmente do tipo LCT (Botelho et al., 1999);
Sute Intraplaca, com duas famlias de granitos: o g1, de idade 1.77 Ga,
tendncia alcalina, tipo NYF, fracamente mineralizada e; o g2, de idade 1.74
Ga, metaluminosa a peraluminosa nas fcies mais evoludas, tipo NYF,
fortemente mineralizada.
A granitognese intraplaca est associada abertura e estruturao do rifte
Ara, sendo que a famlia g1 possui correspondentes vulcnicos intercalados
nos sedimentos da base do Grupo Ara. As principais caractersticas dos
granitos g1 e g2 e de suas reas mineralizadas so descritas por Botelho e
Moura (1998).
II) Ouro
No mesmo contexto geolgico da Provncia Estanfera, ocorrem pequenos
depsitos de ouro, relacionados s zonas de cisalhamento associadas aos
granitos da Sute Aurumina, hospedados em veios de quartzo ou em quartzo-
sericita milonitos. Essa relao ainda controversa, o papel das litologias na
gerao das concentraes aurferas no est bem definido, mas as
mineralizaes ocorrem na zona de contato dos granitos com os xistos e
paragnaisses grafitosos da Formao Ticunzal. Os principais exemplos desses
depsitos so as minas Buraco do Ouro, em Cavalcante, e Aurumina, no
municpio de Nova Roma, descritos a seguir:
A primeira etapa de produo nesta mina, localizada na rea urbana de
Cavalcante, teve incio em 1750 e se estendeu at o final do sculo 19. Supe-
se, pela profundidade da mina, que grande volume de minrio foi retirado nesta
etapa, embora no existam dados oficiais que confirmem esta hiptese. A
produo esteve paralisada a partir do incio do sculo 20 at o final da dcada
Buraco do Ouro
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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de 1970, relatando-se eventos espordicos de garimpagem neste intervalo. A
partir do incio da dcada de 1980, as atividades de pesquisa e lavra da mina
foram retomadas pela empresa Penery Minerao Ltda, que detm os direitos
minerrios at o presente. As atividades de produo, no entanto, no tm sido
contnuas, e hoje a mina encontra-se paralisada.
Estudos realizados por DEl Rey Silva & Senna mostram que a mineralizao
hospeda-se em veios de quartzo e em sericita-quartzo milonitos (em verdade
hidrotermalitos), originados por intensa percolao de fluidos na zona de
cisalhamento. O controle estrutural mostra que os corpos mineralizados, de
dezenas de metros, so sigmoidais, acompanhando a foliao S dos milonitos
(DEl Rey Silva &Senna,1998). Estes estudos inferem que a regio cisalhada j
apresentava intensa alterao hidrotermal, provavelmente relacionada a
intruses granticas, indicando que a concentrao de ouro e platinides ,
possivelmente, pr-tectnica.
O padro de deformao da zona mineralizada pode ser observado na entrada
da mina, com restos da rocha grantica preservando lamelas da muscovita
magmtica do granito hospedeiro. um dos raros locais onde se podem medir
as foliaes C (N60-70E; NW) e S (N10-30E; SE).
A idade da mineralizao ainda no est bem estabelecida, mas dados
recentes apontam 2.1 Ga para a muscovita pr- a sin-tectnica dos milonitos
mineralizados (Massucatto, 2003). O ouro ocorre disseminado na ganga de
quartzo e sericita como palhetas ou gros achatados, concordantes com os
planos S da foliao milontica, apresentando teores at maiores que 100
gAu/t. (DEl Rey Silva & Senna, 1998; Botelho e Silva, 2005). O teor mdio da
mina 8 gAu/t, mas no corpo W1, mais rico, o teor mdio atinge 20 gAu/t.
Ocorre, tambm, associado a minerais do grupo da platina, identificados
originalmente na regio por Marchetto et al. (1993). Entre os minerais-minrio
mais abundantes encontram-se paraguanajuatita argentfera (Bi3AgSe5S2) e
claustalita. Os platinides mais abundantes esto presentes na forma de
estibiopaladinita rica em arsnio (Pd9As3Sb2) e kalungata (PdAsSe), seguidos
de esperrilita (PtAs2) e outros selenetos mais raros. Em menor quantidade,
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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ocorrem pirita e calcopirita. A kalungata um novo mineral, definido
recentemente em Cavalcante (Botelho et al., 2005).
Esta mina de ouro foi descoberta e posta em produo no incio da dcada de
1960 e, logo em seguida, paralisada. No final de 1983 os trabalhos de pesquisa
e lavra foram retomados pela Mineradora Barro Alto, que manteve a mina em
atividade at 1992.
A mineralizao neste depsito est relacionada a uma zona de cisalhamento
de direo NNE, no contato entre um biotita-muscovita granito da Sute
Aurumina e xistos grafitosos da Formao Ticunzal. O granito tem composio
peraluminosa e foi mapeado a partir do processamento de dados
aerocintilomtricos obtidos do levantamento realizado na regio no final da
dcada de 1970. Dados geoqumicos demonstram contedo anmalo de trio,
com teores de at 200 ppm. A zona de cisalhamento desenvolve extensa faixa
de milonitos e filonitos, com hidrotermalismo marcado por processos de
sericitizao e silicificao, onde ocorrem veios de quartzo mineralizados a
ouro com prata subordinada, esta associada a concentraes importantes de
esfalerita, galena e calcopirita.
A rocha hospedeira dos veios de quartzo mineralizados muito semelhante a
mina Buraco do Ouro de Cavalcante, com as mesmas anomalias
aerocintilomtricas. Entretanto, em Aurumina, no foram detectadas minerais
de platinides, como os descritos em Cavalcante (Botelho e Silva, 2005).
Outras possibilidades de produo mineral no contexto do Complexo granito-
gnissico e rochas intrusivas associadas so:
Aurumina
Ouro no crrego Lava-ps (aluvies e antigos rejeitos contaminados com
mercrio, no entorno da mina Buraco do Ouro, zona urbana de Cavalcante),
e em pegmatitos e aluvies no entorno de granitos.
Gemas (berilos, turmalinas e outras) em pegmatitos, granitos intrusivos e
aluvies derivadas.
Materiais de uso na construo civil (argila, areia e brita) nos gnaisses,
granitos intrusivos e em aluvies ao longo dos principais cursos dgua, em
especial nos municpios de Teresina de Gois e Cavalcante.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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H notcias da descoberta de hematita compacta na regio ao norte de Ara.
Recentemente foi requerido um grupo de reas para pesquisa deste mineral no
local denominado Vo do Moleque, em territrio Kalunga, em rea cujo
mapeamento geolgico regional reporta a ocorrncia do Complexo granito-
gnissico, mas estudos recentes e trabalhos de mapeamento efetuados pelo
Instituto de Geocincias da Universidade de Braslia tm caracterizado
ambientes vulcano-sedimentares.
No contexto do Grupo Ara, ressaltam-se:
Diamante, em conglomerados basais e aluvies decorrentes, garimpados
no ribeiro do Padre e no rio Tocantinzinho, em Colinas do Sul.
Ouro, em files e aluvies derivados no baixo rio So Felix e em veios de
quartzo em filitos carbonosos, como os que ocorrem prximos localidade
de Vermelho, ao sul do granito Serra Branca, e na bacia do rio das Pedras.
Quartzo (cristal de rocha) e ametista, em ocorrncias garimpadas nos
municpios de Cavalcante (Ara e Serrinha), Colinas do Sul e Alto Paraso
de Gois.
Mangans, em depsitos superficiais lavrados em pequena escala no
municpio de Cavalcante, a sudoeste do distrito de Ara.
Talco, em rochas bsicas ao norte do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros.
Materiais de uso na construo civil (argila, areia, cascalho e brita) ao longo
dos principais cursos dgua, com destaque para as aluvies do rio das
Almas prximo a Cavalcante.
Quartzitos ornamentais: ocorrncias diversas, ainda pouco aproveitadas.
gua mineral e fontes termais: ocorrncias prximas a Colinas do Sul (serra
Santana) e Cavalcante (serra de Caldas).
No contexto dos grupos Parano e Bambu, destacam-se:
Calcrio, aproveitvel como corretivo agrcola, nas bacias dos rios So Felix
e Tocantinzinho.
Argila: ocorrncias na poro basal do Grupo Parano, potencialmente
aproveitveis para a indstria cermica e de refratrios.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
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Mangans: ocorrncias lavradas em pequena escala na bacia do rio
Tocantinzinho.
Ouro e quartzo (cristal de rocha): ocorrncias garimpadas na bacia do rio
So Felix.
Por outro lado, a geologia da regio proporciona notvel potencial turstico
resultante, sobretudo, do relevo acidentado, marcado por inmeras cachoeiras
e quedas dgua, no domnio do Grupo Ara. A integridade da cobertura vegetal
favorece a recreao, a educao ambiental e a utilizao sustentvel dos
recursos naturais do Cerrado. Os rios de maior porte tambm propiciam bons
locais para lazer e prtica de esportes radicais, a exemplo do rio das Almas,
em Cavalcante, e dos rios Preto e Tocantinzinho, em Colinas do Sul. O
reservatrio da Usina Hidreltrica Serra da Mesa representa um grande atrativo
para a pesca esportiva.
2.2.1.2. Geomorfologia
A regio insere-se no Planalto Central Goiano. A altimetria da regio varia entre
pouco mais de 300m e 1691m. Os pontos mais elevados encontram-se na
Chapada dos Veadeiros, correspondendo aos relevos residuais que formam a
serra de Santana e dividem as bacias dos rios Claro e das Almas. As maiores
cotas ocorrem no chamado Pouso Alto. Na poro sul da chapada, destacam-
se relevos do tipo inselberg elevaes isoladas, sustentadas por quartzitos,
em meio a terrenos arrasados.
a) Unidades geomorfolgicas
Destaca-se no planalto o Complexo Montanhoso Veadeiros-Ara, constitudo
por dois grandes blocos limitados por escarpas ou serras, dispostas segundo a
orientao dos dobramentos. No bloco meridional, onde se situa a chapada dos
Veadeiros, a orientao geral SW-NE. No compartimento norte, predomina a
orientao N-S do planalto do Ara, limitado a leste pela grande dobra sinclinal
que forma a serra da Boa Vista.
A hierarquizao do relevo mostra um forte controle das rochas e estruturas
presentes no substrato. A rigidez das rochas marcante, condicionando a
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
32
predominncia de patamares estruturais, escarpas de falha, cristas
assimtricas e vales de paredes ngremes. Os solos rasos e a expressiva
presena de cristas alinhadas, com relevos residuais, denunciam a
organizao do substrato caracterstica importante da geomorfologia do
Centro-Oeste.
Ao sul da Chapada dos Veadeiros, no contato entre as rochas Ara e a base do
Grupo Parano, desenvolve-se a Depresso Intraplanltica do So Miguel,
caracterizada por incises profundas da drenagem. A oeste de Cavalcante,
estendendo-se por todo o vale dos rios Claro e Preto, ocorre a Superfcie
Intermontana Uruau-Ceres, desenvolvida sobre rochas atribudas ao
embasamento granito-gnissico. A oeste de Colinas, no vale do rio
Tocantinzinho, encontra-se a Depresso do Tocantins, escavada sobre o
Grupo Parano. A leste e ao norte da Chapada, na regio de Cavalcante,
reaparece a Depresso do Tocantins e encontra-se a Depresso do Paran,
instalada sobre os terrenos arrasados do embasamento gnissico.
No Complexo Montanhoso da regio de Cavalcante, destacam-se os
geossistemas das serras da Boa Vista, Santana e das Araras. Englobam
relevos resultantes da dissecao de bordas sinclinais, com altitudes de 800 a
1.300m, na forma de topos convexos e aguados sobre as rochas Ara. Os
processos de pediplanao, favorecidos por intenso fraturamento e falhamento,
permitiram o desenvolvimento de reas deprimidas de dissecao, sendo
maisexpressiva a do vo do rio das Almas, onde a altitude cai a 400m.
Na Depresso do Tocantins, sobressai-se o pediplano constitudo pelos
geossistemas denominados vales de Cavalcante, do rio Paran e de Auromina.
Suas altitudes variam de 800m, no sop das serras prximas a Cavalcante e
Teresina de Gois, at 400m em seu limite norte, junto ao rio Paran, que o
nvel de base regional. O substrato formado por rochas do Complexo granito-
gnissico e intruses associadas. A cidade de Cavalcante encontra-se em uma
poro deprimida drenada pelo rio das Almas, com relevos dissecados em
topos tabulares.
A regio de So Jorge e ao Sul de Alto Paraso dominada pelo Planalto do
Alto Tocantins-Paranaba. Compreende o geossistema da Serra do Bois,
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
33
caracterizado por relevo pronunciado, com formas relativamente aguadas a
sub-arredondadas, com cotas acima de 700m. Ocorrem algumas variaes
com altos aplanados, preservados por quartzitos do Grupo Parano, sendo as
encostas instaladas sobre filitos Ara. Outras variaes so dadas por morros
alinhados segundo N-S, instalados sobre quartzitos e filitos Parano. Possuem
formas aguadas e so entremeados por vales alargados, com a mesma
direo.
A Chapada dos Veadeiros o centro dispersor da rede de drenagem que inclui
os rios Maranho, Tocantinzinho e Paran, formadores do Tocantins. Os
cursos dgua so nitidamente controlados por falhas ou rupturas geolgicas.
Apresentam importantes desnveis e tm alto poder erosivo, escavando vales
em V com aprofundamentos de 50m a mais de 150m.
b) Evoluo regional
Alguns autores ainda aceitam a hiptese de que os residuais mais elevados
relacionam-se ao ciclo de eroso do Cretceo Superior (Novaes-Pinto, 1986).
Todavia, h evidncias geofsicas de atividade tectnica ps-Cretceo na
Chapada dos Veadeiros, na forma de anomalia gravimtrica negativa,
indicando soerguimento diferencial dessa poro em relao s reas
adjacentes. Essa anomalia negativa acompanhada de outra positiva na
depresso do Tocantins, indicando movimento descendente em relao
Chapada.
Martins (1998) postula que a geomorfologia da regio do planalto evoluiu em
funo desse importante soerguimento, manifestado nas feies erosivas das
vertentes da Chapada. Observam-se vrios eventos de mudana do nvel de
base, preservados em cinco patamares de terraos na regio da APA de Pouso
Alto. Considera-se que a elevao ocorreu em vrias etapas, principalmente
durante o Tercirio. Todo o relevo formado posteriormente resultou de eroso
diferencial, refletindo a menor ou maior resistncia dos tipos de rocha.
As principais depresses intraplanlticas teriam sido desenvolvidas durante o
Quaternrio. Na poro montante do rio Preto, observa-se que a evoluo da
plancie foi controlada pelo encouraamento, ou seja, pela presena de
capeamento latertico nas vertentes adjacentes. Seu progressivo recuo
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
34
propiciou a expanso da rea de inundao. O estudo dos restos de couraas
na plancie atual pode fornecer importantes informaes paleoclimticas e
morfolgicas sobre a evoluo do rio (Martins, 1998).
Isso refora a importncia da regio no entendimento da evoluo
geomorfolgica de todo o Planalto Central Goiano (Veiga, 2000). Por outro
lado, h afloramentos de quartzitos com feies de ablao (produzidas por
eroso elica), indicando a vigncia, durante o Quaternrio, de fases mais
secas que a presente. Isso corroborado por estudos paleoclimticos que
revelam, nessa regio, condies de clima semi-rido entre 20.000 e 8.000
anos antes do presente (Salgado-Laboriau et al., 1997).
Como em outras regies de planalto, a eroso o processo dominante no
modelamento da paisagem na Chapada dos Veadeiros e entorno. Sua
acelerao costuma se manifestar em ravinamentos e voorocas profundas, de
difcil controle e recuperao. Isso visvel em locais onde a cobertura vegetal
original foi indiscriminadamente removida, seja para uso agrcola, para
garimpagem ou para abertura de estradas.
Como conseqncia, so assoreados os cursos dgua a jusante, em prejuzo
de suas vazes e dos volumes armazenados em reservatrios. De fato, as
elevaes encontram-se em equilbrio metaestvel, decorrncia da grande
suscetibilidade eroso de suas vertentes. Os solos rasos contribuem pouco
para a estabilidade do sistema, sobretudo nas encostas mais ngremes, sendo
a vegetao a nica proteo ao erosiva.
Os campos rupestres sugerem um mecanismo de diminuio da velocidade de
denudao os relevos mais movimentados ou acidentados. Entretanto, sabe-se
que as coberturas vegetais ralas das vertentes das serras so bastante
sensveis a qualquer modificao.
2.2.1.3. Clima
O clima dominante na regio do Brasil Central quente semi-mido,
caracterstico das savanas tropicais, sendo o relevo responsvel pelo
decrscimo de temperaturas. Na classificao de Kppen, enquadra-se no tipo
AW. O perodo mais quente, de setembro a outubro, assinala mdias de 24C a
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
35
26C nas pores mais baixas, contra mdias inferiores a 24C nas mais
elevadas (acima de 1000m). A mdia das mximas varia entre 32C e 36C. A
mdia das mnimas pode atingir 8 a 10C, nas superfcies elevadas, e 12C a
14C, nas mais baixas (Radambrasil, 1984).
Analisando-se os dados de temperatura (Tabela 2), coletados na regio entre
1990 e 1995 pela empresa CONFLORA, observa-se que os meses mais frios
so junho e julho. As estaes localizadas nos municpios de Alto Paraso de
Gois e Cavalcante destacam-se como as menores temperaturas mdias
anuais: 19,63 C e 19,96 C respectivamente.
O regime de chuvas tropical, com duas estaes bem definidas. A Agncia
Nacional de guas (ANA) possui registros pluviomtricos na regio em sete
estaes meteorolgicas. As mdias mensais destas estaes, para o perodo
de 1969 a 2003, esto apresentadas na Tabela 3. O processamento dos dados
indica mdia histrica de 1.491 mm anuais, concentradas no vero (80%
ocorrem de outubro a maro). As mdias mensais oscilam entre 2mm (julho) a
267,7mm (dezembro). O declnio da umidade relativa do ar, entre maio e
setembro, um dos aspectos climticos mais marcantes na regio,
permanecendo abaixo de 70% e, muitas vezes, abaixo dos 35%.
Tabela 2. Temperatura mdia mensal (C) nas estaes integrantes da regio de Colinas-Alto Paraso (1990 a 1995)
MS MINAU CAMPINAU COLINAS DO SUL ALTO PARASO
DE GOIS NIQUELNDIA MUQUEM CAVALCANTE MDIA
JANEIRO 23,70 23,80 23,40 20,40 23,60 23,20 20,60 22,67 FEVEREIRO 23,40 23,90 23,40 20,20 23,70 23,30 20,40 22,61 MARO 23,40 24,10 23,40 20,00 23,60 23,20 20,50 22,60 ABRIL 23,50 23,90 23,30 19,90 23,50 23,10 20,20 22,49 MAIO 22,60 22,90 22,30 18,80 22,40 22,00 19,20 21,46 JUNHO 21,60 21,90 21,20 18,20 21,50 20,90 18,60 20,56 JULHO 21,40 21,80 21,10 17,70 21,20 20,60 18,10 20,27 AGOSTO 23,20 23,70 23,00 18,80 23,20 22,70 19,10 21,96 SETEMBRO 25,00 25,40 24,80 21,20 25,00 24,50 21,60 23,93 OUTUBRO 24,70 25,10 24,60 21,20 24,80 24,40 21,50 23,76 NOVEMBRO 23,70 24,20 23,70 19,80 24,00 23,50 20,10 22,71 DEZEMBRO 23,20 23,80 23,20 19,40 23,60 23,10 19,60 22,27 MDIA 23,28 23,71 23,12 19,63 23,34 22,88 19,96
Fonte: CONFLORA Consultoria, Planejamento e Assessoria Florestal Ltda.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
36
Tabela 3. Histrico de chuvas na regio da Chapada dos Veadeiros e entorno. Mdias mensais do perodo entre 1969 e 2003 (em mm).
MS SO JOO DA ALIANA ALTO PARASO
DE GOIS CAVALCANTE COLINAS DO SUL
PONTE PARAN
PONTE RIO PRETO SAMA MDIA
JANEIRO 243,1 228,9 345,3 269,8 232,3 125,4 252,0 242,4 FEVEREIRO 212,8 180,5 257,8 236,8 177,7 101,6 211,0 196,9 MARO 197,6 197,7 261,3 210,1 175,7 105,7 190,4 191,2 ABRIL 96,5 95,8 101,0 98,1 64,3 46,0 77,9 82,8 MAIO 24,4 34,7 22,3 26,3 17,2 8,9 17,8 21,7 JUNHO 4,2 4,2 7,2 3,7 2,6 1,8 3,0 4,1 JULHO 3,1 3,1 3,2 2,4 1,5 0,2 1,1 2,0 AGOSTO 7,9 7,9 6,9 5,4 3,9 1,7 6,5 5,7 SETEMBRO 34,6 34,6 32,9 34,6 28,8 19,7 41,7 35,0 OUTUBRO 153,3 153,3 164,6 128,9 114,2 50,3 127,9 128,3 NOVEMBRO 231,3 231,3 262,8 222,5 185,5 108,0 213,5 208,2 DEZEMBRO 264,2 264,2 347,9 193,8 250,2 161,0 265,7 267,7
Fonte: Agncia Nacional de guas
2.2.1.4. Solos
O solo uma coleo de corpos naturais, constitudos por partes slidas,
lquidas e gasosas. Esses corpos so tridimensionais, dinmicos, formados por
materiais minerais e orgnicos, contm matria viva e ocupam a maior parcela
superficial das extenses continentais do planeta (Embrapa, 1999).
Existe uma grande diversidade de tipos de solos, resultantes, diretamente, da
intensidade de interao das diferentes formas e tipos de relevo, clima,
materiais de origem, vegetao e organismos associados, os quais, por sua
vez, condicionam os diferentes processos formadores de solos.
Diferentemente do que ocorre na vasta superfcie aplainada que compreende o
Planalto Central Brasileiro, em que se destacam grandes extenses de solos
profundos, bem drenados, de baixa fertilidade natural e facilmente corrigveis
por adubao e calagem, na regio predominam solos pouco evoludos, com
pequena expresso dos processos responsveis pela sua formao, reflexo do
processo natural de intensa denudao a que a regio se encontra submetida.
Poucos trabalhos de investigao cientfica dos solos foram ou vm sendo
desenvolvidos na regio. Os primeiros levantamentos sistemticos foram
realizados no incio da dcada de 1980 por tcnicos vinculados ao Projeto
Radambrasil, sendo os resultados publicados em 1984. Martins (1998) realizou
novas amostragens na regio do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
37
e,em 2001, tcnicos da Agncia Goiana de Desenvolvimento Industrial e
Mineral (AGIM), compilaram os dados disponveis e enquadraram os solos da
regio segundo o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (Embrapa,
op.cit.), trabalho inserido no SIG Gois. Em termos regionais, a distribuio dos
diferentes tipos de solo correlacionvel com a forma do relevo e ao tipo de
cobertura vegetal presente (Radambrasil, 1984). Neste contexto, na regio da
APA do Pouso Alto amplo o domnio dos Neossolos, que cobrem as pores
sul, leste e norte da rea ora em estudo (grandes pores dos municpios de
Alto Paraso, Cavalcante e Teresina de Gois, aproximadamente 55% da
superfcie estudada).
Os Neossolos da regio desenvolvem-se sobre quartzitos metassedimentos
atribudos ao Grupo Arai, depositados em ambiente de rifte durante o
Mesoproterozico que apresentam relevo acidentado e constituem os
terrenos mais elevados do estado de Gois. Predomina o Neossolo
Quartzarnico, com espessura superior a 50cm, textura essencialmente
arenosa e, praticamente, ausncia de minerais primrios alterveis (sem
reserva de nutrientes). Pores de Neossolo Litlico, com espessura inferior a
50cm e possuindo, em geral, uma estreita camada de material terroso sobre a
rocha, so freqentes, associadas aos afloramentos de rocha que marcam as
cristas e partes mais instveis da paisagem regional.
Quimicamente, so muito pobres, com caractersticas fsicas e morfolgicas
restritivas ao uso agrcola, encontrando-se a vegetao original praticamente
preservada. caracterizada por feies tpicas do Cerrado, com predomnio de
Savana Parque ou Savana Arborizada, ambas com Floresta de Galeria. A rea
que compreende o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros est inserida
neste contexto.
No restante, a ocupao antrpica marcada pela atividade de pecuria
extensiva nas reas menos inclinadas (onde o relevo permite) sobre campos
naturais, suportando tambm, quando corrigidas suas limitaes qumicas,
pequenas lavouras de arroz de sequeiro e milho, utilizadas para subsistncia.
As reas de relevo mais movimentado geralmente continuam em seu estado
natural, porm so muito suscetveis eroso. A susceptibilidade erosiva
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
38
desses solos resultado da falta de coeso prpria das areias , limita a
possibilidade de intensificar o atual uso. Utilizar sistemas inadequados de
manejo, desmatar incorretamente ou explorar o solo acima de sua capacidade,
certamente promovero a acelerao do processo de degradao,
naturalmente intenso em regies de relevo acidentado.
Na seqncia de importncia, em termos de rea ocupada, aparecem
Latossolos e Argissolos (cada um com aproximadamente de 15% da rea
estudada). Ocorrem na poro de relevo mais arrasado, que compreende as
regies centro e oeste da rea da APA do Pouso alto (no vo do Rio Preto, nas
cercanias das localidades de Rio Preto e Capela, municpio de Cavalcante, e a
Nordeste de Colinas do Sul) e em pequenas manchas no municpio de Alto
Paraso.
Os Latossolos so resultantes de intensas transformaes do material
originrio ou oriundos de sedimentos pr-intemperizados, onde predominam,
na frao argila, minerais nos ltimos estdios de intemperismo (caulinitas e
xidos de ferro e alumnio), sendo a frao areia constituda por minerais
altamente resistentes ao intemperismo (quartzo, p ex.). So de textura varivel
de mdia a muito argilosa, geralmente profundos, porosos, macios e
permeveis, apresentando pequena diferena no teor de argila em
profundidade e, comumente, so de baixa fertilidade natural.
Em geral, a macroestrutura fraca ou moderada. No entanto, o horizonte
latosslico tpico apresenta forte microestruturao (pseudoareia),
caracterstica comum nos latossolos vermelhos frricos, normalmente em
relevo suavemente ondulado e plano. Existem variados tipos de Latossolos,
que se diferenciam, dentre vrios outros atributos, pela sua cor, fertilidade
natural, teor de xidos de ferro e textura.
Na regio de ocorrncia dos Latossolos predomina a explorao pecuria, mas
comum o plantio de roas de milho, feijo, arroz, mandioca e cana, utilizados
para alimentao humana e animal, com pequenos excedentes
comercializveis. Nas manchas no Sul do municpio de Alto Paraso de Gois,
no limite da fronteira agrcola dos Cerrados, representada na regio pela
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
39
agricultura mecanizada nas chapadas dos municpios de So Joo DAliana e
Flores de Gois, so produzidos soja e milho.
Os Argissolos, que ocorrem na poro extremo-oeste da APA do Pouso Alto,
formam uma classe de solos bastante heterognea que, em geral, tm em
comum um aumento substancial no teor de argila medida que aumenta a
profundidade. So bem estruturados, apresentam espessura varivel, cores
predominantemente avermelhadas ou amareladas, textura variando de arenosa
a argilosa nos horizontes superficiais e de mdia a muito argilosa nos
subsuperficiais. Sua fertilidade variada e a mineralogia, predominantemente
caulintica. Nesta regio predomina a atividade pecuria em pastagens
introduzidas, sendo o capim braquiria a variedade mais comum. Os
remanescentes de vegetao natural so constitudos por espcies de porte
mais elevado, compondo fragmentos de Mata Galeria e Savana Arborizada.
Apesar da estreita relao com o substrato rochoso, a ocorrncia de Latossolos
e Argissolos na regio tem mais correlao com o tipo de relevo do que com a
rocha originria, ocupando as pores mais dissecadas da regio.
Na seqncia de importncia, em termos de rea de ocorrncia, ocorrem
Plintossolos ao Leste do povoado de Capela e nas proximidades de Arai, sobre
rochas de composio grantica atribudas ao Complexo Grantico-Gnissico.
Os Plintossolos apresentam grande diversificao morfolgica e analtica, mas
a caracterstica mais importante desses solos a presena de manchas ou
mosqueados avermelhados (plintita), geralmente compondo um emaranhado
de cores bem contrastante com a matriz do solo e com concrees,
constitudas por uma mistura de argilas, pobres em carbono orgnico e ricas
em ferro, com quartzo e outros materiais. Freqentemente so cidos e com
baixa reserva de nutrientes, ocorrendo em relevos planos a suavemente
ondulados, em regies deprimidas, plancies aluviais e teros inferiores de
encostas, situaes que impliquem no escoamento lento da gua do solo.
Em termos de ocupao antrpica, a regio de ocorrncia de Plintossolos
caracteriza-se pela atividade de pecuria extensiva e agricultura de
subsistncia, muito mais em decorrncia das limitaes de acesso do que das
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
40
limitaes agrcolas. Os remanescentes de vegetao natural so extensos e
caracterizados pela fisionomia Savana Parque com Floresta de Galeria.
Ainda com representatividade em rea, ocorrem manchas de Cambissolos na
poro Sul da APA do Pouso Alto, nos limites dos municpios de Colinas do Sul
com So Luiz do Tocantins, e Alto Paraso de Gois com So Joo DAliana.
As caractersticas distintivas dos Cambissolos variam de local para local, em
funo da heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das
condies climticas em que so formados. No entanto, uma caracterstica
comum o insipiente estgio de desenvolvimento do horizonte sub-superficial,
que apresenta, em geral, fragmentos de rochas permeando a massa de solo
e/ou minerais primrios facilmente alterveis (reserva de nutrientes), alm de
pequeno ou nulo incremento de argila entre os horizontes superficial e sub-
superficial.
Na regio da Chapada dos Veadeiros, Cambissolos ocorrem nos vales
entalhados no mdio curso do Rio dos Couros, na calha do rio Tocantinzinho a
montante de Colinas de Gois e na quebra de relevo a Leste de Alto Paraso,
na bacia do Rio Paran. Nessas regies, prevalece a cobertura vegetal original,
composta essencialmente por estratos arbreos tpicos de Floresta de Galeria
e Ciliar.
So descritos, em pores restritas do territrio, Chernossolos e Gleissolos. Os
Chernossolos so solos que apresentam atividade da frao argila bastante
elevada no horizonte subsuperficial, sendo o superficial do tipo A chernoznico
(espesso, escuro, bem estruturado, rico em matria orgnica e com alta
saturao por bases).
Os Gleissolos so descritos em pequenas manchas ao longo dos principais
cursos de drenagem, em especial na bacia do Rio Tocantinzinho.
Compreendem solos que ocupam as partes depressionais da paisagem e,
como tal, esto permanente ou periodicamente encharcados, salvo se
artificialmente drenados. Comumente, desenvolvem-se em sedimentos
recentes, nas proximidades dos cursos de gua, e em materiais colvio-aluviais
sujeitos a condies de hidromorfismo, como em vrzeas e baixadas.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
41
Como visto, a possibilidade de desenvolver atividades intensivas de uso do
solo restrita na regio. Alm das limitaes de fertilidade, caractersticas dos
Neossolos predominantes, as caractersticas do relevo ampliam as restries
para o uso regular dos solos da regio. Escavaes para implantao de
estradas, produo de cascalho ou para garimpagem, por exemplo, tem
implicado em acelerada degradao e comprometimento dos solos, dando
incio a processos de ravinamento e originando voorocas que transcendem os
limites locais.
2.2.1.5. Recursos Hdricos
A regio da Chapada dos Veadeiros insere-se na bacia hidrogrfica do
Tocantins (Figura 4). As nascentes situam-se em altitudes superiores a 1000 m
(MMA, 2000) e so alimentadas por aquferos de pequeno porte que ocorrem
nas pores fraturadas do substrato. Em seu curso, drenam solos rasos
estabelecidos em terrenos relativamente impermeveis e, conseqentemente,
suas vazes so muito dependentes das chuvas incidentes nas bacias de
captao.
As maiores chuvas se concentram no perodo entre novembro e maro, o que
se reflete em grandes variaes nas vazes dos rios. No perodo seco, a
reduo do volume de gua normalmente supera 80% da vazo registrada
durante as chuvas. Por outro lado, na estao chuvosa podem ocorrer
enchentes.
A variao das vazes mdias mensais na bacia do rio Tocantins, no perodo
de 1972 a 1984, segundo dados do DNAEE / CPRM, pode ser vista na
Tabela 4. Os registros atestam a limitada disponibilidade hdrica superficial da
regio, resultado da sua conformao hidrogeolgica e da sazonalidade das
chuvas, reforando a necessidade de conservao das nascentes.
O Rio das Almas escoa sobre os granitos do embasamento com padro semi-
mendrico, formando depsitos aluvionares de areia e cascalho, contrastando
com seus afluentes, que costumam apresentar traados retilneos
condicionados por falhas e fraturas, raramente desenvolvendo aluvies.
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
42
Figura 4. Mapa de Recursos Hdricos da Regio da Chapada dos Veadeiros
Tabela 4. Variao das vazes mdias mensais na bacia do rio Tocantins
RIOS VAZO MXIMA (A) VAZO MNIMA (B)
B/A % m3/s MESES m3/s MESES
Claro 276,0 maro 36,7 setembro 13,3
Paran 877,0 fevereiro 101,1 setembro 11,5
Almas 632,0 Janeiro 128,0 setembro 20,2
Tocantinzinho 204,0 Janeiro 23,9 setembro 11,7 Fonte: DNAEE / CPRM
Plano de Manejo da Estao Ecolgica Chapada de Nova Roma ENCARTE 2
43
Ressalta-se que os dados de disponibilidade hdrica e de qualidade de gua
nas bacias dos rios das Almas e Tocantinzinho so escassos. As poucas
estaes de monitoramento restringem-se aos locais de interesse para a
gerao hidreltrica e aos pontos de captao de gua para abastecimento das
comunidades, estes operados pela Empresa de Saneamento de Gois
(Saneago).
De qualquer modo, sabe-se que predominam cursos dgua de pequeno a
mdio porte. Correm encaixados em leitos pedregosos, parcialmente
recobertos por sedimentos ativos. Os usos atuais preponderantes so o
abastecimento humano e a dessedentao de animais. Em geral, os
mananciais encontram-se em bom estado. Compreendem nascentes de
encosta, pouco suscetveis a contaminaes.
Em Colinas do Sul, o rio Tocantinzinho apresenta leito relativamente
acidentado, com destaque para a cachoeira das Pedras Bonitas. O curso de
gua escoa sobre leito de metassedimentos dos grupos Parano e Ara,
fortemente estruturados segundo a direo NS. Seu curso varia de mendrico
a semi-retilneo, medianamente encaixado, formando pequenos depsitos
aluvionares. De modo geral, os afluentes que drenam filitos so intermitentes,
enquanto os que correm sobre quartzitos so perenes.
As caractersticas qumicas das guas refletem a natureza das rochas do
substrato. Em terrenos constitudos por quartzitos, as guas apresentam boa
qualidade,