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1 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS: ANÁLISE DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DA MINERAÇÃO LAGOA SECA, CHAPADA DIAMANTINA-BAHIA (BRASIL) Débora Regina de Souza Rocha 1 Juliana de Souza Rocha 2 RESUMO Uma intensa atividade econômica decorrente da mineração vem agravando os impactos ambientais na região da Chapada Diamantina (Bahia-Brasil). Este artigo visa analisar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da Mineração Lagoa Seca – município de Andaraí (BA) a partir de estudos sobre gestão ambiental, baseado no ISO 14000 e em algumas legislações ambientais vigente no Brasil. Tomou-se como base a metodologia de análise documental sobre a política ambiental da Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (COOGAN) e a estratégia utilizada pela mesma para adequar-se a política ambiental do país, através da elaboração do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da mineração Lagoa Seda. Como resultado identificou a existência de um plano para recuperação de uma área degradada com ações propostas para proteção ambiental. Conclui-se a necessidade de articulação política e social que possibilite ações efetivas e mais sensíveis para a mitigação da problemática ambiental na área degradada pela mineradora Lagoa Seca. Na gestão de sistemas ambientais a atenção com o meio ambiente merece relevância desde a escala local de maneira sistêmica. Palavras–chave: Área degradada. Responsabilidade ambiental. Gestão dos recursos naturais. 1 INTRODUÇÃO O homem sempre se relacionou com a natureza, transformando os espaços de vivência conforme as suas necessidades. Essa proporção se intensifica com a necessidade de acúmulo do capital típico da sociedade capitalista. Contudo, com a exploração dos recursos naturais cada vez mais em voga, o ambiente natural vem sendo degradado, havendo comprometimento da qualidade ambiental, a exemplo das áreas de mineração. A Chapada Diamantina região interiorana da Bahia (Brasil), possui riqueza natural amplamente explorada desde o século XVIII, período de ocupação dessas terras. A 1 Instituto Educacional Social e Tecnológico. Estudante do Curso de Especialização em Educação e Gestão Ambiental. E-mail: [email protected] 2 Universidade Estadual de Feira de Santana. Estudante do Mestrado Profissional em Planejamento Territorial. E-mail: [email protected]

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PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS: ANÁLISE DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DA MINERAÇÃO LAGOA SECA, CHAPADA

DIAMANTINA-BAHIA (BRASIL)

Débora Regina de Souza Rocha1 Juliana de Souza Rocha2

RESUMO Uma intensa atividade econômica decorrente da mineração vem agravando os impactos ambientais na região da Chapada Diamantina (Bahia-Brasil). Este artigo visa analisar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da Mineração Lagoa Seca – município de Andaraí (BA) a partir de estudos sobre gestão ambiental, baseado no ISO 14000 e em algumas legislações ambientais vigente no Brasil. Tomou-se como base a metodologia de análise documental sobre a política ambiental da Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (COOGAN) e a estratégia utilizada pela mesma para adequar-se a política ambiental do país, através da elaboração do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da mineração Lagoa Seda. Como resultado identificou a existência de um plano para recuperação de uma área degradada com ações propostas para proteção ambiental. Conclui-se a necessidade de articulação política e social que possibilite ações efetivas e mais sensíveis para a mitigação da problemática ambiental na área degradada pela mineradora Lagoa Seca. Na gestão de sistemas ambientais a atenção com o meio ambiente merece relevância desde a escala local de maneira sistêmica. Palavras–chave: Área degradada. Responsabilidade ambiental. Gestão dos recursos naturais. 1 INTRODUÇÃO

O homem sempre se relacionou com a natureza, transformando os espaços de vivência

conforme as suas necessidades. Essa proporção se intensifica com a necessidade de acúmulo

do capital típico da sociedade capitalista. Contudo, com a exploração dos recursos naturais

cada vez mais em voga, o ambiente natural vem sendo degradado, havendo comprometimento

da qualidade ambiental, a exemplo das áreas de mineração.

A Chapada Diamantina região interiorana da Bahia (Brasil), possui riqueza natural

amplamente explorada desde o século XVIII, período de ocupação dessas terras. A 1 Instituto Educacional Social e Tecnológico. Estudante do Curso de Especialização em Educação e Gestão Ambiental. E-mail: [email protected] 2 Universidade Estadual de Feira de Santana. Estudante do Mestrado Profissional em Planejamento Territorial. E-mail: [email protected]

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descoberta de pedras preciosas nessa região fez com que o garimpo de diamantes se tornasse

característica secular. A decadência desta atividade econômica se dá na segunda metade do

século XX e retomando sua intensidade com a chegada das primeiras máquinas de extração de

lavras. A partir do uso de novas técnicas de extração - o garimpo mecanizado - entre as

décadas de 1970 a 1980, intensifica-se uma atividade ora realizada de maneira artesanal em

serras, para extração em aluviões a partir de máquinas. Nesse mesmo período começa a

expandir no Brasil e no Mundo estudos e inquietações a respeito da problemática ambiental,

como exemplo têm-se as Conferências Mundiais de Meio Ambiente, os movimentos sociais e

Organizações Não Governamentais que lutam pela preservação ambiental, assim como o

surgimento de Unidades de Conservação – a exemplo do Parque Nacional da Chapada

Diamantina em 1985.

Dessa forma, nas últimas décadas a questão ambiental tem sido debatida,

principalmente por instituições governamentais sobre a relação entre exploração de recursos

naturais e o equilíbrio ambiental, importantes para o desenvolvimento da vida em nosso

planeta. O esgotamento e degradação dos recursos naturais torna-se tão intenso, que a

natureza não consegue renovar-se na mesma proporção do uso desses recursos. Decorrentes

desse processo, novas técnicas e arranjos produtivos foram comumente criados para ampliar o

lucro dos que possuem os meios de produção.

Na Chapada Diamantina essa temática tornou-se importante, pois trata-se de uma

região rica em recursos naturais e com um grande potencial para a extração de minérios, como

o diamante. Surge então uma problemática: como aliar a exploração de recursos naturais, a

preservação ambiental? O intuito desse artigo, portanto, é analisar o Plano de Recuperação de

Áreas Degradadas (PRAD) da Mineração Lagoa Seca – município de Andaraí-Bahia a partir

de estudos relevantes, referentes a gestão ambiental. A condução desse trabalho se deu a

partir de pressupostos teóricos sobre a mineração, a questão e responsabilidade ambiental, e a

gestão dos recursos naturais em uma perspectiva ampla e crítica acerca da relação com o meio

ambiente.

A metodologia utilizada é de pesquisa descritiva com caráter qualitativo a partir de

base bibliográfica e análise documental; assim, diversos elementos poderão suscitar reflexões

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acerca da relação entre acúmulo de capital, uso dos recursos naturais e a recuperação do

ambiente explorado, justificando a necessidade de implementação da política ambiental

vigente.

Assim, serão apresentados neste artigo três aspectos para compreensão da política de

responsabilidade ambiental da mineração Lagoa Seca, através do Plano de Recuperação de

Área Degradada, vinculada a Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (COOGAN) criada em

2001, a saber: o primeiro aspecto faz uma descrição do PRAD-Lagoa Seca; a segunda

abordagem trata das estratégias para a recuperação da área degradada pela mineradora e uma

última temática refere-se a avaliação da sustentabilidade prevista no plano. Ressalta-se que

este trabalho não se propõe a aprofundar reflexões sobre as relações socioambientais na

mineração Lagoa Seca, mas sim pontuar aspectos relevantes a política de responsabilidade

ambiental adotada e a sustentabilidade do plano - objeto em estudo.

2 SOCIEDADE CAPITALISTA E A QUESTÃO AMBIENTAL

A sociedade capitalista se caracteriza pelo acúmulo de capital que dá sentido ao

sistema econômico e social que vigora em nossa sociedade. Uma tendência se configura: além

do acúmulo de capital, surgimento de novas mercadorias, o avanço das técnicas fizeram com

que a produção pudesse se ampliar em menor tempo e em maior quantidade. Porém, a

“externalidade humana” em relação a natureza ainda é muito presente pois, A dinâmica de aceitação da natureza como um processo eternamente reversível como a externalidade e a fragmentação do homem em relação ao meio ambiente [ainda é frequente]. Esse conceito que habita o conceito social da natureza e que em sua dialética associou-se ao desenvolvimento do sistema capitalista, garantia e maximização do lucro. Por isso, a aceleração competitiva capitalista, garantiu a transformação do ambiente em mercadoria calçado no ideal do meio transformando-o em bem econômico (CAMARGO, 1997, p. 28)

Há dessa maneira um panorama: reprodução do capitalismo x crise ambiental.

Conforme Layrargues (apud BAHIA, 2003) O iminente esgotamento dos recursos naturais, apresenta cenário de declínio das condições de produção capitalista, materializada pela escassez de

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recursos naturais [...] num processo de expansão do capital assentada numa base limitada de recursos são desafiados pela magnitude e abrangência da crise ambiental (p. 96)

Esses dois autores ressaltam a ampliação da produção econômica concomitante a

redução dos recursos naturais não renováveis. Os tradicionais modelos de desenvolvimento

econômico caracterizada pelos fortes impactos negativos na sociedade e no meio ambiente,

entra em questão de debate e vem sendo reconhecida, conduzindo a novas práticas de

desenvolvimento econômico em todo o mundo (BRASIL, 2000). Um desafio para o século

XXI se instaura: combater “uma crise ambiental sem precedentes”; desta forma percebe-se

um interesse da sociedade no que se refere a questão ambiental e atividade produtiva.

Essa crise ambiental promoveu o interesse dos governantes em buscar os meios para

planejar os territórios com base no conhecimento dos cenários ambientais (BAHIA, 1999).

Nesse cotexto, uma estratégia metodológica adotada por diversos países do mundo foi a

promoção de Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável que discutem a questão ambiental. Com destaque para a ideia de consolidação de

uma Agenda para o século XXI, a Conferência das Nações Unidas ocorrida no Brasil – a

ECO/92 – elabora compromissos agendados que deveriam incorporar ao crescimento

econômico a garantia da qualidade de vida das populações e a conservação dos recursos

naturais (BAHIA, 1999 p10.), assim sendo

A Agenda 21, proposta pelos países participantes [...] Eco/92 representou um avanço no sentido de reforçar a ideia segundo a qual desenvolvimento e meio ambiente constituem um binômio central e indissolúvel e, como tal, deve ser incorporado as políticas públicas e as praticas sociais de todos os países do planeta (BRASIL, 2000, p. 15)

A relação sociedade e natureza se amplia para a relação mercado e Estado, ou seja, um

controle maior a partir de ações relacionadas as atividades produtivas e a degradação

ambiental. Nesse sentido, um ambiente degradado consiste naquele

Inteiramente transformado, com modificações severas e generalizadas dos sistemas naturais que implicam a descaracterização dos atributos originais, resultando da perda parcial ou total dos recursos, com repercussões que

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podem encerrar níveis de criticidade até situações irreversíveis (BRASIL, 1994 apud BAHIA, 1999, p. 17).

Nesse contexto, a negociação entre o mercado e Estado em torno da responsabilidade

ambiental inicia em 1975 e consiste em três fases: a fase de integração compulsória (1975 a

1992); a fase transitória (1992 a 1997) e fase de integração voluntária (1997 em diante) com a

tendência para as empresas assumirem a pauta ambiental (BAHIA, 2003).

O período de maior embate entre Estado e o meio empresarial, no tocante a questão

ambiental, ocorreu nos anos de 1980. Em que representaria o legítimo período de intensas

ações estatais de forma coercitiva, punitiva e compulsória: “o mercado não teria outro modo

de agir, senão curva-se ao Estado, ao observar as determinações e restrições impostas pelos

órgãos governamentais de controle ambiental (BAHIA, 2003, p 98)”. Nesse sentido, na

tentativa de solucionar esse questionamento com o governo, consolidam-se algumas

associações empresariais, cujo propósito maior estaria na tarefa de articular a pauta ambiental.

Surgi então, a necessidade de criação de um novo agente social representante do setor

empresarial – o ambientalismo empresarial, em que a responsabilidade ambiental potencializa

“normas estratégicas e prazos para a adequação do setor produtivo ao constrangimento

ambiental.” (BAHIA, 2003 p.13). Cria-se em 1992, por ocasião da Conferência do Rio, os

primeiros estudos com o objetivo de elaborar normas de gestão ambiental empresarial – o ISO

14000 (International Organization for Standardization), tais normas ambientais são

oficialmente consolidas em 1996, ou seja, uma pauta ambiental na empresa, diferente daquele

da legislação ambiental (LAYRARGUES apud BAHIA, 2003).

Ainda segundo o autor “parece sensato interpretar a criação dessas organizações

coorporativas como instâncias políticas [...] para negociação com o poder público em torno da

regulamentação das normas ambientais” (p.101). Portanto, a pauta ambiental nas empresas

tornou uma estratégia válida e reconhecida, tanto pelo mercado consumidor, quanto pelo

Estado. A lógica do marketing ecológico lança no mercado o apelo ao politicamente correto

ao sistema de gestão ambiental.

3 CARACTERIZAÇÃO DO PRAD - LAGOA SECA

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A região da Lagoa Seca compreende uma área de 801,69 hectares – propriedade

particular da Fazenda Santo Onofre II - localizada no município de Andaraí, distante 09

quilômetros da sede do município (coordenadas Latitude 12º47’32’’ S Longitude - 41º15’42”

W). Devido a intensidade na exploração de diamantes, com o garimpo de dragas (máquinas)

esta área já encontra-se degradada; fato que propiciou a necessidade de implantação do Plano

de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Por exigência legal (Política Nacional do

Meio Ambiente-Lei n º 6.938/81), a Mineração Lagoa Seca inserida na Cooperativa de

Garimpeiros de Andaraí (COOGAN), criou em 2012, o seu Plano de Recuperação de Áreas

Degradadas – PRAD Lagoa Seca.

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas está inserido no seguimento Gestão dos

Recursos Naturais enquanto subsídio à elaboração da agenda 21 brasileira (BRASIL, 2000);

consiste em uma exigência governamental definido no âmbito do Ministério do Meio

Ambiente, elaborado pelo consorcio TC/ BR/ FUNATURA - MMA / PNUD, em novembro

de 1998. Ainda neste documento, dentre as estratégias para a gestão dos recursos naturais - a

estratégia 4, apresenta medidas de controle da qualidade ambiental com vista a proteção e ao

disciplinamento do uso dos recursos naturais que implicará no desenvolvimento de atividades

de monitoramento e fiscalização, e a adoção de ações de comando e controle de instrumentos

econômicos e de mecanismos de certificação.

No âmbito de Recuperação de Áreas Degradadas as ações estão voltadas à “promoção

de recuperação de áreas degradadas no território nacional, resultante do mal uso por

atividades agrícolas, de mineração, obras de infraestrutura e assentamentos urbanos”

(BRASIL, 2000 p 114). O PRAD Lagoa Seca foi elaborado para uma área inicial de 141.8

hectares e requerida pela Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (COOGAN) ao

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a realização de pesquisa de

diamantes. A autorização ocorreu em 04 de dezembro de 2012 publicado em Diário Oficial da

União; o prazo de duração da pesquisa foi de três anos.

Este documento tem por objetivo, devolver ao meio ambiente as principais

características físico-químicas e biológicas na área da mineradora, possibilitando o

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reaparecimento das condições necessárias á regeneração do ecossistema, bem como conservar

o percentual legal de espécies nativas na área:

Com a implantação do PRAD se pretende implantar medidas de recuperação, restabelecendo a função ambiental da área como a estabilidade geológica, harmonia paisagística, conservação dos solos, preservação da fauna e flora entre outros benefícios ambientais. Adequação paisagística quando da conclusão da recuperação de área será semelhante à vegetação nativa da região e será entregue ao proprietário da fazenda para que ele defina junto aos órgãos ambientais seu uso futuro (COOGAN, 2012, p. 21-22)

E dentre suas meta: a reintegração das áreas á paisagem dominante da região; a

recuperação da flora que for suprimida; contribuir para a conservação, proteção e sustento da

fauna silvestre regional e sua preservação e utilização futura (COOGAN, 2012). O PRAD foi

elaborado por consultores contratados pela COOGAN, o qual utilizaram como a metodologia

pesquisa bibliográfica e de campo. O produto final consiste em duas partes: a primeira é a

caracterização da área e o segundo Plano de Recuperação da Área Degradada propriamente

dito.

A subdivisão utilizada no Plano são: caracterização do empreendimento; principais

elementos da dinâmica ambiental; avaliação dos impactos ambientais; ações propostas para a

proteção ambiental; monitoramento, manutenção e orçamento.

Na caracterização da área são abordados a área de localização da lavra, o processo de

deposição de estéreis (material retirado do solo); a mão de obra necessária para extração de

diamantes (103 empregados); os equipamentos utilizados para a prospecção; o período de

funcionamento do garimpo e demais informações sobre a lavra (método de extração dos

diamantes e seu beneficiamento). No item que trata da dinâmica ambiental são caracterizados

o meio físico, o meio biótico e o meio antrópico – trata-se de uma área com rica

biodiversidade, mas apresenta grande intensidade de impactos ambientais demonstrada no

item seguinte – Avaliação dos Impactos Ambientais A interferência ao meio engloba desde o decapeamento, expulsão da fauna ainda existente, mudanças no relevo, potencial de erosão, até a emissão de particulados na atmosfera, ruídos, acúmulo de resíduos sólidos, derramamento de combustíveis nas áreas de serviço, etc. [...] inerentes a atividade de lavra [...] Dentre os principais impactos ambientais causados

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pela mineração destacamos a destruição da paisagem, a modificação do relevo, os processos erosivos, e em alguns casos a poluição atmosférica. (COOGAN, 2012, p. 18-19)

O capítulo que trata das ações propostas, consta a destinação futura dos resíduos do

garimpo, as etapas de recuperação da área degradada, processo de “revegetação” e segurança

do trabalho. Finaliza com as estratégias para monitoramento e manutenção do projeto.

Identifica-se que o projeto elaborado em 2012 ainda encontrasse com informações incipientes,

requerendo um maior grau de informações e detalhamento de todo o processo previsto no

PRAD, bem como não se tem informações da aprovação deste projeto no âmbito dos órgãos

ambientais de fiscalização vigente, a exemplo do Conselho Estadual de Meio Ambiente.

4 ESTRATÉGIAS PARA RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA PELA MINERAÇÃO

A ideia de “pensar global e agir local”, é uma expressão usada em geral quando se

reflete sobre a problemática ambiental. Torna-se campo dos direitos humanos, nas suas

condições sociais, políticas, econômicas e jurídicas para a vida em sociedade (Martinez, 2006)

envolvendo vários aspectos da vida no planeta, como os aspectos ecológicos, econômicos,

históricos e sociais, reforça a proposta do desenvolvimento da sociedade pelo viés da

sustentabilidade, no exercício ampliado da cidadania.

Conforme o modelo de Recuperação de Áreas Degradadas do Ministério do Meio

Ambiente (BRASIL, 2000) o plano deve apresentar os itens abaixo, avaliados a seguir:

INDICAÇÃO DE ELEMENTOS DESCRITOS NO PRAD – LAGOA SECA

REFERENCIA DESCRIÇÃO NO PRAD - Lagoa Seca

Dimensão temporal Implementação 03 anos (processo de curto prazo)

Abrangência Nacional (área particular de 141 ha)

Obs: O PRAD Lagoa Seca na Fazenda Onofre II

Meios de implementação

a) Planejamento Ambiental: ( x )sim ( )não b) Zoneamento Ecológico Econômico: ( )sim ( x ) não

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c) Reflorestamento com espécies nativas: (x) sim ( ) não

d) Manejo de regeneração natural: ( x )sim ( )não e) Práticas mecânica e vegetativa de reconstrução de áreas

degradadas: (x) sim ( )não

Atores sociais envolvidos

Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (COOGAN) Obs: não consta no PRAD os atores sociais da cooperativa envolvidos no processo, nem da Fazenda ao qual o projeto será implementado.

Responsáveis pela Implementação e Monitoramento

Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (COOGAN): Engenheiro Agrônomo e Biólogo contratado

Monitoramento: visitas técnicas trimestrais (primeiro ano) e semestrais (segundo e terceiro ano) com produção de laudo de supervisão e acompanhamento.

Quadro 1: Unidade de referência para construção do Plano de Recuperação de Áreas Degradas – Lagoa Seca. ROCHA, 2015. Adaptado (BRASIL, 2000, p. 114)

O PRAD Lagoa Seca considera como estratégias para recuperação da área, o replantio

das espécies nativas existentes na paisagem vizinha da lavra. Estão previstas 03 operações

para recuperação da área degradada, no entorno das lavras (área de mineração) , englobando

as fases de pré-lavra, lavra e pós-lavra:

a)Fase Pré-Lavra – planejamento da frente da lavra; seleção de área para estocagem do

solo superficial;

b)Fase de Lavra – decapeamento e remoção da cobertura vegetal e da camada do solo;

estocagem do solo (orgânico); proteção para escoamento de áreas pluviais;

c) Fase Pós-Lavra - primeira etapa tratamentos de reafeiçoamento paisagístico da área

da mineração (tratamento topográfico e paisagístico); a segunda etapa compreende o

processo de revegetação da área (recobrimento dos solos expostos e viveiro de mudas e seu

plantio) com previsão para 28 espécies distintas totalizando 236.334 mudas, mais 10% por

considerar as perdas no processo de plantio.

O monitoramento segundo o Plano exposto ocorrerá durante todo o processo e em

especial na terceira fase de plantio das mudas nativas (áreas revegetadas) através de

observações diretas de forma periódica. Os principais itens a serem observados são: condições

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dos terrenos - monitorar processos erosivos nas áreas recuperadas e/ou revegetadas buscando

corrigir essas situações no início do processo observado, até que esteja estabilizado o processo

erosivo; germinação das sementes - se ocorrerem falhas na germinação, providenciar a

ressemeadura da área dentro do menor período possível e atentar para a época mais adequada

para o plantio; cobertura - nos pontos onde houver falhas de cobertura, identificar a causa e

refazer a semeadura ou o plantio (COOGAN, 2012)

Conforme o PRAD Lagoa Seca, “o grande objetivo da recuperação é reintegrar as

áreas hoje degradadas, isto é, obter a reintegração da paisagem degradada à paisagem

circundante, promovendo a restauração da área” (COOGAN, 2012, p. 25). Percebe-se na

contextualização desse mecanismo de trabalho, a aplicação da legislação em vigor no tocante

a relevância de um plano estratégico para recuperar áreas degradadas.

5 AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS NATURAIS PREVISTA NO PRAD - LAGOA SECA

A relação entre sociedade capitalista e o meio natural é fundamental para o

estabelecimento do atual modelo socioeconômico, devido ao processo de acumulação de

produtos e mercadorias. Mediante o impacto ambiental proporcionado por ações efetivas na

extração de recursos naturais, as Leis Ambientais indicam a necessidade de maior controle

ambiental.

A Gestão Integrada dos Recursos Naturais “consiste no estabelecimento de um

conjunto de ações de natureza administrativa, em um determinado espaço ou unidade de

planejamento, que consiste as inter-relações entre os recursos naturais e as atividades

socioeconômicas” (BRASIL, 2000 p. 18) a interação de variados instrumentos no processo do

uso dos recursos naturais é que garante a sua sustentabilidade. Portanto, é uma particularidade

da Gestão Ambiental que envolve dentre outros instrumentos o Plano de Recuperação de

Áreas Degradas.

Com base na Seção II à Agenda 21 nacional, mecanismos são necessárias para a

sustentabilidade estratégica nos planos ambientais, para uma abordagem integrada no

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planejamento e gerenciamento dos recursos naturais. O estabelecimento de correlações serão

instrumentos para avaliar a capacidade de sustentabilidade do Plano, considerando “a

capacidade do ambiente de adaptar-se as condições criadas pela introdução de energia externa

(forças naturais ou tecnológicas) [...] implicando na perda da estabilidade que se traduz na

degradação do ambiente” (BAHIA, 1999, p.16). Nesse sentido segue a avaliação de

mecanismo na gestão do PRAD Lagoa Seca:

ANÁLISE DOS MECANISMOS DE GESTAO AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DE MECANISMOS PARA A GESTAO INTEGRADA DOS RECURSOS NATURAIS

SIM NÃO

Fortalecimento de instrumentos legais e institucionais X Comprometimento dos recursos financeiros e humanos X Reforço ao sistema de pesquisa e informação X Quadro 2 – Mecanismo para Gestão dos Recursos Naturais no PRAD Lagoa Seca.

ROCHA, 2015. Adaptado de BRASIL, 2000 p. 43.

No quadro analítico acima, identificou-se entre os mecanismos previstos no PRAD

Lagoa Seca que este documento está em conformidade com o preconizado para a gestão

integrada dos Recursos Naturais, previstos nas estratégias do governo federal (Agenda 21

brasileira). Com o PRAD houve um fortalecimento dos instrumentos legais da Cooperativa

COOGAN, embora exista uma contradição entre as ações da mineradora e as ações da

recuperação da área degradada, confundindo em alguns momentos suas ações estratégicas, a

exemplo “A lavra obedecera a um plano de sustentabilidade para a população mineradora

deste município, associados na cooperativa” (COOGAN, 2012 p. 8), como apresentado

confunde-se os recursos humanos da mineradora com os do PRAD.

O comprometimento em relação aos recursos financeiros também está previsto, porém

o PRAD afirma inexistência de controle do lucro decorrente da atividade mineradora, assim

definida: O porte da mineração comporta escala previstas, mas nem mesmo projeções podem ser feitas no momento, pois se trata de material precioso, que por prudência deve ter sua oferta controlada até que o DNPM regularize e emissão do Certificado do Processo de (Kimberley) – CPK exportação e anuência para importação de diamantes brutos, processo que institui o

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Cadastro Nacional do Comercio de Diamantes Brutos, ou seja,; um Relatório de Transações sobre a produção e Comercialização de Diamantes Brutos do Estado da Bahia (COOGAN, 2012 p. 8-9)

E quanto ao reforço do sistema de informação e pesquisa este item é considerado

objeto deste PRAD, identificando esta como a única estratégia para existir a atividade

mineradora na Fazendo Santo Onofre II, de acordo com o seguinte registro: “no ano de 2010

foi aprovado seu relatório de pesquisa pelo DNPM e Autorizado a Lavra (em andamento);

atualmente foi aprovada a área em questão (Lagoa Seca)” (COOGAN, 2012, p.4).

Ainda para a gestão sustentável dos recursos naturais algumas premissas são

fundamentais (BRASIL, 2000), que requerem posturas mais abrangentes dos governos e da

sociedade, sendo elas:

ANÁLISE QUALITATIVA DA SUSTENTABILIDADE DO PLANO: PRAD LAGOA SECA

PREMISSAS DA GESTAO SUSTENTAVEL DOS RECURSOS NATURAIS (EMPRESA)

PRAD LAGOA SECA Favorabilidades Limitações

Participação dos atores sociais X Disseminação e acesso à informação X Descentralização de ações X Desenvolvimento da Capacidade Institucional X Interdisciplinaridade promovendo a inserção ambiental

X

Quadro 3 – Premissas da Gestão Sustentável dos Recursos Naturais no PRAD Lagoa Seca. ROCHA, 2015. Adaptado de BRASIL, 2000 p. 43 - 44.

Com a existência do PRAD Lagoa Seca faz-se necessário o envolvimento de diversos

atores sociais, deste a escala governamental a privada. Porém foi identificada a existência de

apenas 02 atores sociais (na elaboração do PRAD e na execução do plano). Recomenda-se

maior envolvimento dos próprios funcionários (garimpeiros cooperados) principalmente com

ações de Educação Ambiental para que o projeto não se torne pontual e mero instrumento de

exigência governamental, fora do contexto da Política Ambiental vigente no país. As

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parcerias tornam-se fundamentais e a disseminação e acesso a informação não devem ser

restritas, mas adaptadas para os diferentes públicos.

Na Gestão dos Recursos Ambiental a descentralização de decisões é fundamental,

como a criação de espaços de oportunidades para solução de problemas nas diversas escalas.

Não foi identificado no PRAD um plano de manejo consistente na fase de pré-lavra e pós

lavra, para a recuperação da área em questão. Assim, o diagnóstico participativo torna-se

fundamental, principalmente entre os cooperados e para possibilitar a sustentabilidade do

plano.

E por fim a Capacidade Institucional prevê recursos humanos suficientes desde a fase

de planejamento do Plano de Manejo, nas campanhas de monitoramento, procedimentos

licenciatórios dentre outros. A gestão dos recursos naturais deve priorizar a criação e

monitoramento de um Plano de Manejo essencial para condução das atividades . Assim a

elaboração de regras inseridas no plano de manejo foi organizada pensando em três

princípios, primeiro a área já estava legalizada e demarcada, outro fator foi preservar áreas de

garimpos antigos, e campos rupestres e por fim a valorização dos atrativos naturais e culturais

presentes na unidade.

Na COOGAN não há recursos humanos específicos para as funções de pesquisa;

quando da necessidade de tais instrumentos se faz necessário a contratação de pessoal

qualificado – isso é reflexo do quadro insuficiente de profissionais na região da Chapada

Diamantina.

Ainda assim a inserção da variável ambiental foi identificada, bem como a busca em

outras regiões do país – como a Cooperativa de Diamantina (MG) foi importante enquanto

modelo a ser seguido pela COOGAN. Com as premissas analisadas há mais pontos favoráveis

que limitantes no PRAD Lagoa Seca, fato que a fez pioneira no setor da indústria de

mineração da Chapada Diamantina.

Dessa forma, toda e qualquer política pública que provoque o comprometimento com

a proteção ambiental deve ser considerada na prevenção dos possíveis danos ambientais. Em

se tratando do reconhecimento e legitimação das ações ambientais na COOGAN, além do

compromisso ora identificado, o cumprimento com a legislação ambiental vigente no país

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torna-se primordial. Como condicionalidades para obtenção do ISO 14000 exige-se que “a

empresa deverá treinar seus funcionários para seguirem todas essas normas, identificando e

procurando soluções para todos os prováveis problemas que a empresa possa estar causando

para o meio ambiente, diminuindo assim o seu impacto ambiental” (www. significados.com).

Um Sistema de Gestão Ambiental que permite as empresas assumirem a redução de

riscos ambientais diante das sanções legais é essencial quando se trata da responsabilidade

ambiental, conforme as premissas de qualidade dos produtos, serviços e processos; economia

e/ou redução no consumo de matérias-primas, água e energia; mercado, com a finalidade de

captar novos clientes; melhora na imagem; melhora no processo; possibilidade de futuro e a

permanência da empresa; possibilidade de financiamentos, devido ao bom histórico ambiental

(www.universoambiental.com.br). Este poderá ser o próximo passo para divulgação e

legitimação das ações desenvolvidas pela COOGAN.

A responsabilidade ambiental das empresas tornar-se-á viável quando de fato estiver

presente o controle e implementação de modelos sustentáveis, na perspectiva de minimizar os

impactos que podem alterar o equilíbrio ambiental.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Junto com o crescimento do turismo ecológico na Chapada Diamantina e a criação de

Unidades de Conservação nesta região, a manutenção de lavras com a exploração de

diamantes se tornou secundária pelos agentes governamentais. As exigências previstas na

Legislação Ambiental foram cada vez mais fortalecidas. Há necessidade de compreensão por

parte das empresas de mineração que impactam negativamente o ambiente de tais normativas,

para que a atividade se mantenha.

Com a percepção e iniciativa de garimpeiros do município de Andaraí, foi incentivada

a criação da cooperativa COOGAN como estratégia para o enfrentamento dos problemas

ambientais decorrentes da atividade econômica garimpeira. Através do controle ambiental e

da gestão integrada dos recursos naturais – a construção do Plano de Recuperação de Áreas

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Degradada pela mineração Lagoa Seca foi o ponto de partida para as ações que pudessem

compensar os impactos vigentes.

Identificou-se que o PRAD-Lagoa Seca foi delimitado seguindo um recorte da área da

Fazenda Santo Onofre II, área do entorno das lavras, ao qual fez-se a caracterização da área

degradada, da exploração de diamantes, avaliação dos impactos ambientais e por fim as

estratégias de recuperação e monitoramento para promoção da revegetação pleiteada.

Portanto, o plano é viável e sustentável, com algumas ressalvas e recomendações,

principalmente se houvesse maior participação e envolvimento de atores sociais (cooperados)

no percurso metodológico que conduziu o PRAD.

Preconiza-se nos instrumentos interdisciplinares e socioambientais a construção de

diagnósticos com premissas ambientais, vinculadas as normativas legais, preconizadas pelos

sistemas governamentais. A participação da sociedade nas questões ambientais ainda não se

consolida neste plano, recomendando-se essencial as estratégias de educação ambiental e

efetivação de políticas públicas para minimizar os problemas causados pela extração de

diamantes na mineradora Lagoa Seca. O PRAD foi apenas o primeiro passo desse trilhar em

relação a sustentabilidade socioambiental e responsabilidade ambiental da cooperativa

COOGAN.

Em síntese, as contradições apresentadas na sociedade capitalista, insere na

contemporaneidade ações que visem a sustentabilidade, ou seja, pensar em novas formas de

utilização dos recursos naturais, da agricultura, pesca, do extrativismo, do turismo, dentre

outras atividades econômicas de forma a racionalizar, conservar ou minimizar os impactos

sociais, econômicos, culturais e ambientais.

Compreender o ambiente, os abusos e excessos da sociedade capitalista faz a

diferença. Nesse contexto demonstra-se o quão é educacional somar, agregar, valorizar e

tornar as empresas corresponsáveis, mais críticas e reflexivas diante da questão ambiental.

Uma nova proposta de sociabilidade baseada na relação integrada entre sociedade e natureza;

Estado e mercado para responder as demandas coletivas da atualidade.

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REFERÊNCIAS

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