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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA PLANO DIRETOR: IMPOSIÇÃO LEGAL OU INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA NA ORGANIZAÇÃO SÓCIO- AMBIENTAL DE COLINAS DO TOCANTINS FABIANE RIBEIRO VIEIRA DE ANDRADE LOPES MANAUS 2009

Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA

PLANO DIRETOR: IMPOSIÇÃO LEGAL OU INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA NA ORGANIZAÇÃO SÓCIO-

AMBIENTAL DE COLINAS DO TOCANTINS

FABIANE RIBEIRO VIEIRA DE ANDRADE LOPES

MANAUS 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA

FABIANE RIBEIRO VIEIRA DE ANDRADE LOPES

PLANO DIRETOR: IMPOSIÇÃO LEGAL OU INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA NA ORGANIZAÇÃO SÓCIO-

AMBIENTAL DE COLINAS DO TOCANTINS

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente; área de concentração Política e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Cézar Teixeira Honorato

Manaus 2009

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Ficha Catalográfica

L864p

Lopes, Fabiane Ribeiro Vieira de Andrade

Plano Diretor: Imposição legal ou instrumkento de politica publica na organização sócio-ambiental de Colinas do Tocantins. / Fabiane Ribeiro Vieira de Andrade Lopes - Manaus: UFAM, 2009.

137f.; il. color

Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia) –– Universidade Federal do Amazonas, 2009.

Orientador: Prof. Dr. Cézar Teixeira Honorato

1. Plano Diretor 2. Gestão Urbana 3. Gestão Participativa I. Honorato, Cézar Teixeira II. Universidade Federal do Amazonas III. Título

CDU 338.98117

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FABIANE RIBEIRO VIEIRA DE ANDRADE LOPES

PLANO DIRETOR: IMPOSIÇÃO LEGAL OU INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA NA ORGANIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DE

COLINAS DO TOCANTINS

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente; área de concentração Política e Gestão Ambiental.

Aprovada em 23 de outubro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Profa. Dra. Sandra do Nascimento Noda - Presidente

Universidade Federal do Amazonas

________________________________________ Prof. PhD.Henrique dos Santos Pereira - Membro

Universidade Federal do Amazonas

________________________________________ Prof. Dr. Serguei Aily Franco de Camargo - Membro

Universidade Federal do Amazonas

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AGRADECIMENTOS

A DEUS pela oportunidade e pelo privilégio que me foram dados em compartilhar tamanha

experiência e, ao freqüentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas que não

faziam parte, em profundidade, da minha vida.

Ao meu esposo pelo amor e companheirismo em todas as horas. Ao meu filho André, pelo

carinho e sorriso no dia a dia. Aos meus pais pelo exemplo.

Aos idealizadores e funcionários da FECOLINAS e FIESC

Ao meu Orientador Prof. Dr. César Teixeira Honorato pelo incentivo, simpatia e presteza no

auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização desta dissertação.

A todos os professores pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do curso.

Aos colegas de classe pela espontaneidade e alegria na troca de informações e materiais numa

rara demonstração de amizade e solidariedade.

Page 6: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

RESUMO

Grandes problemas do desenvolvimento sócio-ambiental das cidades brasileiras são a falta de planejamento e controle do território municipal. O crescimento de Colinas do Tocantins, de forma desorganizada e rápida, vem causando problemas de ordem social e ambiental, que diminuem a qualidade de vida de seus habitantes. Por isso, vêm demandando atenção os estudos sobre o espaço construído, capazes de subsidiar critérios e estratégias para (re)elaboração dos instrumentos de políticas públicas que proporcionem uma vida digna nas cidades, com um meio ambiente ecologicamente equilibrado. No entanto, nota-se uma dificuldade de se fazer uma interface da política urbana com a gestão ambiental. Mas acredita-se que a implementação do plano diretor pode contribuir para a minimização dos problemas urbanos e favorecer a estruturação de um ambiente mais eficiente e sustentável, dos pontos de vista ambiental, territorial, econômico, cultural e social. Crê-se que a estruturação de um plano diretor atenderá melhor aos seus objetivos quanto mais foram abertos à produção coletiva, isto é, quanto mais houver participação efetiva dos cidadãos. Enfim, percebe-se que o Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins é sim um instrumento potencial em prol da construção de cidade sustentável.

Palavras Chaves: Plano Diretor, Gestão Urbana e Gestão Participativa.

Page 7: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

ABSTRACT

Whereas major problems of development socio-environmental performance of Brazilian cities are the lack of planning and control of the municipal territory. The Colinas de Tocantins of growth, so disorganized and fast, has been causing problems in the social and environmental, that decrease the quality of life of its inhabitants. So, are demanding the attention studies on the built-able to subsidize criteria and strategies to (re) development of instruments of public policies that provide an decent life in cities, with an environment ecologically balanced. However, there is a difficulty of making an interface of urban policy with environmental management. But it is believed that implementation of the master plan can help to minimization of urban problems and to encourage structuring of a more efficient and sustainable, the views environmental, territorial, economic, cultural and social. It is believed that the structuring of a plan director to better meet their goals as more were open to collective production, this is the more there effective participation of citizens. Finally, understand - if the Master Plan for Participatory hills of Tocantins but is a potential for the construction of sustainable city. Keywords: Master Plan, Management and Urban Management Participatory.

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LISTA DE ILUSTRÇÕES

Figura 1- Slogan do Plano Diretor de Colinas do Tocantins ......................................................................... 49

Figura 2 – Foto da abertura da Belém-Brasília............................................................................................... 53

Figura 3 - Entorno do Mercado Municipal ..................................................................................................... 55

Figura 4 - Vista Parcial de Colinas do Tocantins - TO................................................................................... 59

Figura 5 - Cruzamentos das Av. Bernardo Sayão e Pedro L. Teixeira ........................................................... 60

Figuras 6 - Represa do Córrego Bacabinha ................................................................................................... 61

Figuras 7 - Represa do Córrego Bacabinha ................................................................................................... 62

Figura 8 - Erosão no Bairro Santa Rosa I ...................................................................................................... 63

Figura 9 - Erosão no Bairro Santa Rosa II ..................................................................................................... 63

Figura 10 - Reunião comunitária com moradores da Vila São João............................................................... 66

Figura 11 - Reunião comunitária com moradores da Vila São João............................................................... 66

Figura 12 - Posto de Saúde da Vila São João ................................................................................................. 67

Figura 13 - Igreja localizada na Vila São João............................................................................................... 67

Figura 14 – Escola Municipal – Vila São João .............................................................................................. 68

Figura 15- Estabelecimento comercial na Vila............................................................................................... 68

Figura 16 – Residência Vila São João ............................................................................................................ 68

Figura 17 - Unidade habitacional do Programa PSH construída na Vila São João ....................................... 68

Figura 18 - Reunião comunitária representando os bairros Santo Antonio I e II ........................................... 68

Figura 19 - Reunião comunitária representando Bela Vista I e II e São Cristovão ....................................... 68

Figura 20 - Barracas de alimentação as margens da BR 153, Bairro Santo Antônio...................................... 69

Figura 21 - Posto Mil, localizado as margens da BR 153 no Bairro Santo Antônio ...................................... 69

Figura 22 - Conjunto habitacional construído através do Habitat Brasil Bairro Bela Vista ........................... 70

Figura 23 - Creche Municipal Estrelinha ....................................................................................................... 70

Figura 24 - Reunião comunitária no Setor Sul ............................................................................................... 70

Figura 25 - Reunião comunitária no Setor Sul ............................................................................................... 70

Figura 26 - Rua pavimentada localizada no Setor Sul.................................................................................... 71

Figura 27 - Ponto comercial localizado no Setor Sul..................................................................................... 71

Figura 28 - Reunião comunitária com moradores dos Setores Santa Rosa I e II e Santa Maria..................... 71

Figura 29 – Grupo de Discussão na reunião com moradores dos Setores Santa Rosa I e II e Santa Maria.... 71

Figura 30 – Reunião comunitária com moradores do Setor Campinas........................................................... 72

Figura 31 - Reunião comunitária com moradores do Setor Campinas ........................................................... 72

Figura 32 – Hospital Municipal...................................................................................................................... 73

Figura 33 – Academia no Setor Campinas ..................................................................................................... 73

Figura 34 – Coletoria Estadual ....................................................................................................................... 73

Figura 35 - Igreja Presbiteriana ...................................................................................................................... 73

Figura 36 - Reunião comunitária nos Setores Sol Nascente, Alvorada, Doirado e Norte .............................. 74

Figura 37- Reunião comunitária nos Setores Sol Nascente, Alvorada, Doirado e Norte ............................... 74

Page 9: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

Figura 38 - Creche municipal localizada no Setor Sol Nascente.................................................................... 75

Figura 39 – Igreja Sol Nascente ..................................................................................................................... 75

Figura 40- Reunião comunitária nos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte...................... 75

Figura 41 - Reunião comunitária nos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte..................... 75

Figura 42 - Falta de pavimentação das ruas dos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte .... 76

Figura 43 - Prédio da FIESC .......................................................................................................................... 76

Figura 44 - Escola Municipal Pedro Ludovico............................................................................................... 77

Figura 45 - 3º CIPM – atende o município de Colinas e cidades circunvizinhas ........................................... 77

Figura 46 Reunião comunitária com moradores do Setor Rodoviário............................................................ 77

Figura 47 - Reunião comunitária com moradores do Setor Rodoviário ......................................................... 77

Figura 48 - Reunião comunitária com moradores do Núcleo de Produção Agrícola - NPA .......................... 78

Figura 49 - Reunião comunitária com moradores do Núcleo de Produção Agrícola ..................................... 78

Figura 50 – Igreja NPA .................................................................................................................................. 79

Figura 51 - Banheiro e rede de alta tensão no NPA........................................................................................ 79

Figura 52 - Reunião comunitária com moradores do Assentamento PA – Real............................................. 79

Figura 53 - Associação de Moradores do Assentamento PA – Real ............................................................. 79

Figura 54 - Escola utilizada por alunos Moradores do Assentamento PA – Real ......................................... 79

Figura 55 – CREAS de Colinas do Tocantins – TO ...................................................................................... 96

Figura 56 - CRAS de Colinas do Tocantins – TO.......................................................................................... 96

Figura 57 - Unidades Sanitárias – Setor Santa Rosa I e II............................................................................. 97

Figura 58 - Interior do caminhão antes da reforma...................................................................................... 98

Figura 59. – Interior do caminhão depois da reforma..................................................................................... 98

Figura 60 - Mercado Municipal antes da reforma ......................................................................................... 99

Figura 61 - Mercado Municipal depois da reforma ....................................................................................... 99

Figura 62 – Lateral Mercado Municipal......................................................................................................... 100

Figura 63 – Pavimentação asfáltica Bairro Santo Antonio............................................................................. 100

Figura 64 - Cemitério antes da reforma.......................................................................................................... 101

Figura 65 - Cemitério depois da reforma........................................................................................................ 101

Figura 66 – Habitat – Setor São Cristóvão ................................................................................................... 102

Page 10: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Região de influência ............................................................................................56 Tabela 2: Grau de urbanização ............................................................................................58

Tabela 3: Prioridades e visão de futuro – Vila São João ....................................................67

Tabela 4: Prioridades e visão de futuro – Santo Antônio I e II ...........................................69

Tabela 5: Prioridades e visão de futuro – Bela Vista I e II..................................................70

Tabela 6: Prioridades e visão de futuro – São Cristóvão.....................................................72

Tabela 7: Prioridades e visão de futuro – Setor Sul............................................................73

Tabela 8: Prioridades e visão de futuro – Sol Nascente, Alvorada, Doirado e Norte .........74

Tabela 9: Prioridades e visão de futuro – Novo Planalto, Araguaia I e II...........................75

Tabela 10: Prioridades e visão de futuro – Novo Horizonte ...............................................77

Tabela 11: Prioridades e visão de futuro – Setor Rodoviário..............................................78

Tabela 12: Prioridades e visão de futuro – NPA .................................................................80

Tabela 13: Sistematização dos dados: Problemas ..............................................................81

Tabela 14: Sistematização dos dados: Potencialidades ......................................................82

Tabela 15: Sistematização dos dados: Ameaças e Oportunidades ......................................83

Tabela 16 – Programas Habitacionais ................................................................................102

Page 11: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

LISTA DE ABREVIATURAS

CPDS Comissão da Política de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 21

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

FECOLINAS Fundação Municipal de Ensino Superior de colinas do Tocantins

BNH Banco Nacional de Habitação

FIESC Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas do Tocantins

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SEPLAN Secretaria do Estado de Planejamento e Desenvolvimento

SERFHAU Serviço Federal de Habitação Urbanismo

Page 12: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................14

CAPÍTULO I .....................................................................................................................17

1. DIREITO AMBIENTAL ..............................................................................................17

1.1 Breve Intróito do Direito Ambiental .............................................................................17

1.2 Tutela Constitucional do Direito Ambiental ................................................................20

1.3 Princípios Constitucionais do Direito Ambiental enfocando as funções sociais e

ambientais da cidade ...................................................................................................22

CAPÍTULO II ....................................................................................................................24

2. POLÍTICA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO E

GESTÃO AMBIENTAL ...................................................................................................24

2.1 Políticas Públicas...........................................................................................................25

2.2 Correlação entre Política Pública Urbana e Gestão Ambiental.....................................28

2.3 Planejamento Urbano ....................................................................................................30

CAPÍTULO III ..................................................................................................................34

3. ESTATUTO DA CIDADE ............................................................................................34

3.1 Diretrizes Gerais para elaboração do Plano Diretor ......................................................34

3.2 Gestão Democrática na Promoção de Cidades Sustentáveis .........................................37

CAPÍTULO IV ..................................................................................................................40

4. PLANO DIRETOR .......................................................................................................40

4.1 Plano Diretor: um breve histórico ................................................................................40

4.2 Os Planos Diretores no Brasil........................................................................................43

4.3 Plano Diretor e Meio Ambiente.....................................................................................44

4.4 Plano Diretor: Instrumento de Política Pública inserido na Constituição Federal ........44

CAPÍTULO V ....................................................................................................................49

5. ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE COLINAS DO TOCANT INS .........49

5.1 Processo de Criação.......................................................................................................50

5.2 Etapas de Criação ..........................................................................................................51

Page 13: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

5.2.1 Primeira Etapa – Sensibilização e Mobilização da Comunidade ...................51

5.2.2 Segunda Etapa – Leitura Técnica e Comunitária da Realidade

Municipal .........................................................................................52

5.2.2.1 Leitura Técnica ....................................................................53

I Aspectos Históricos ..........................................................53

II Aspectos Geográficos ......................................................56

III Aspectos Sociais .............................................................57

IV Ocupação e Uso do Solo .............................................. 58

V Meio Ambiente .............................................................. 61

5.2.2.2 Leitura Comunitária.............................................................62

I Primeira Instância .............................................................64

II Segunda Instância ............................................................65

5.2.3 Terceira Etapa.....................................................................................80

5.2.4 Quarta Etapa .......................................................................................83

CAPÍTULO VI ...................................................................................................................88

6. PLANO DIRETOR: SUA APLICABILIDADE .........................................................88

6.1 Análise da Aplicabilidade do Plano Diretor de Colinas do Tocantins na

Organização Sócio-Ambiental do Município...............................................................90

CONCLUSÃO....................................................................................................................104

RECOMENDAÇÕES........................................................................................................106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................107

ANEXOS ............................................................................................................................110

Lei Complementar n° 960/06 ..............................................................................111

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa, precipuamente, discutir a normatização jurídica como

imposição legal ou instrumento hábil/eficaz na produção e organização do espaço sócio-

ambiental do Município de Colinas do Tocantins. O objetivo geral será analisar o Plano

Diretor do Município de Colinas do Tocantins, estabelecendo um paralelo entre o ideal e o

real em dois momentos:

• Em seu processo de criação – verificando o cumprimento das etapas e a

abordagem da realidade do Município de Colinas do Tocantins;

• E a sua aplicabilidade no tocante a garantir o bem coletivo, a segurança e o

bem-estar dos cidadãos.

O advento da Constituição Federal de 1988 trouxe consigo uma série de inovações

jurídicas; no bojo dessas mudanças, destaque é dado ao papel do “plano diretor” como

principal instrumento jurídico e político urbanístico do município.

A Carta Magna brasileira definiu o município como ente federativo com competência

para gerir as políticas de interesse local, dentre as quais se destaca a política urbana.

A complexidade e dimensão que os problemas sócio-ambientais assumiram nas

últimas décadas, têm exigido muitos esforços de conhecimento, no sentido de se poder avaliar

como o poder público e a população vêm se comportando em relação ao planejamento urbano.

A proposta metodológico-conceitual que orienta o processo de planejamento urbano

é aquela que coloca a simultaneidade das dimensões política e técnica como elementos

constitutivos deste processo. Tal qual as faces de uma mesma moeda, a dimensão política é a

que pretende explicitar o objeto da intervenção pública, enquanto a dimensão técnica

procurará responder pela operacionalização de uma proposta que foi politicamente definida.

Page 15: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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De maneira esquemática, essas dimensões expressam o que e como será proposta e executada

a política de planejamento.

Pelo histórico político-social brasileiro, a sociedade espera que o poder público

intervenha na organização das cidades. A urbanização crescente da população, tornou

necessário a implementação de políticas públicas, o que tem despertado preocupações de

políticos, da sociedade e de cientistas, acerca dos mecanismos de proteção e defesa do bem-

estar dos habitantes da cidade.

O Estatuto da Cidade é uma lei federal de desenvolvimento urbano, que é exigida

constitucionalmente, e que regulamenta os instrumentos de política urbana que devem ser

aplicados pela União, Estados e, principalmente, pelos Municípios.

O referendado diploma legal reafirma os princípios básicos estabelecidos pela

Constituição Federal, preservando o caráter municipalista, a centralidade do plano diretor

como instrumento básico da política urbana e a ênfase na gestão democrática. Os institutos

jurídicos e urbanísticos regulamentados são as condições institucionais necessárias sem que

sejam, obrigatoriamente suficientes, ao poder público municipal para a produção de um

ambiente sócio-ambiental sustentável.

A lei federal inova ao englobar no planejamento todo o território municipal, na

obrigatoriedade das audiências e consultas públicas, na gestão democrática do plano e de sua

aplicação e no acesso público a todas as informações. Possui também instrumentos inovadores

de indução ao desenvolvimento social, que condicionam e/ou instrumentalizam as políticas

públicas municipais.

Na prática, estes dispositivos forçam a implementação de processos democráticos e

participativos de gestão e organização do território.

O princípio da democracia participativa está inserido no artigo 1°, parágrafo único da

Constituição brasileira que acolhe os postulados da democracia representativa e participativa.

Page 16: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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Em que pese o sistema representativo ser o elemento nuclear do conceito de democracia –

expressão do princípio da maioria. O texto constitucional acabou por estabelecer a

compatibilidade entre democracia representativa e democracia participativa, de forma que

estas não se excluem ou concorrem, mas se complementam.

Neste trabalho procuraremos responder algumas questões:

� Poderá esse Estado que vem sucedendo o Estado de Bem-Estar Social planejar

as cidades buscando a integração sócio-ambiental?

� O Estado tem condições de tornar efetiva a participação popular prevista na

legislação urbanística?

� O planejamento urbano tem recursos para enfrentar o agravamento da

depredação sócio-ambiental?

� O Plano Diretor é instrumento de política pública na organização do espaço

urbano ou mera imposição legal?

Procuraremos responder estas questões no contexto do Município de Colinas do

Tocantins, por conhecer a sua realidade e ter participado da elaboração do seu Plano Diretor

Participativo, como Procuradora Jurídica deste Município.

No entanto, podemos afirmar que a normatização jurídica não funciona se a realidade

for algo distante ou ignorado, se não levar em conta os fatores materiais da sociedade.

Page 17: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

17

CAPÍTULO I

1 DIREITO AMBIENTAL

A reivindicação de um Estado de Direito ambiental que, há tempos atrás, era tratada

com indiferença, já é uma realidade nos países de primeiro mundo e vem se tornando uma

necessidade em países como o Brasil. O Estado de Direito Ambiental exige não só uma

intervenção estatal, mas também uma intervenção da própria sociedade civil nos interesses

ambientais.

11..11 BBRREEVVEE II NNTTRRÓÓII TTOO DDOO DDII RREEII TTOO AAMM BBII EENNTTAALL

Observando a história das sociedades conclui-se que o sistema capitalista é baseado

na propriedade privada dos meios de produção, na exploração da mão de obra humana e dos

recursos naturais. O ser humano desde os primórdios de sua existência utiliza-se da natureza

como instrumento de recursos inesgotáveis para atender suas necessidades de sobrevivência,

buscando subsídios nas diversas fontes naturais existentes no planeta. Porém, é de suma

importância ressaltar, que o homem primitivo fazia uso dos recursos naturais, somente com

objetivo de atender suas necessidades de subsistência.

Após esta fase primitiva do ser humano, vislumbra-se o crescente interesse de todos

os povos na conquista de territórios. Com essa idéia em mente, o homem sempre reuniu suas

forças para a conquista de novas terras e a defesa de sua propriedade, como forma de

aquisição de poder político e econômico.

Durante toda a sua história o capitalismo sofreu crises, mas renascia mais forte do

que nunca, mas fazendo-se constatar que a crise hoje enfrentada pelo sistema capitalista

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atinge diretamente a sobrevivência do ser humano na face da terra. Não se trata, apenas, de

ameaças de bombas atômicas e nucleares a serem lançadas no espaço, mas da própria ação

humana perante a vida dos vegetais e dos animais, à terra, ao ar e às águas existentes. Mudar a

atitude frente a essas coisas é pensar no próprio futuro da humanidade.

A Teoria do Estado demonstra que o Estado Moderno se formou de uma aliança

entre o rei e a burguesia. Formaram inicialmente um Estado absoluto, autoritário, onde

cidadãos não tinham direitos nenhum. Depois, a burguesia se juntou com o povo e derrubou

este regime autoritário, criando o Estado de Direito. Nessa época surgiram o direito ao nome,

à personalidade jurídica, o habeas corpus, o direito de voto, dentre outros direitos civis e

políticos. O povo, quer dizer, os trabalhadores passaram a reivindicar melhores condições de

trabalho, fazendo surgir o Estado Social, com o direito do trabalho e previdenciário.

Mas fala-se, por outro lado, do surgimento de um Estado Ecológico, constituinte de

um direito ecológico, como mecanismo de barrar o poder destrutivo do capitalismo, que fez

surgir um imenso desequilíbrio social e conseqüentemente, ambiental, no planeta Terra, onde

as populações ricas poluem por sua ganância, e as pobres, por necessidade de sobrevivência.

Por isso a necessidade da criação de normas que viessem a tutelar o meio ambiente.

Toda norma surge da necessidade de se impor certos limites à conduta humana, de se tentar

organizar uma sociedade, para que esta não chegue ao caos. Com o Direito Ambiental ou

Direito do Ambiente, como preferem alguns doutrinadores, não foi diferente, as normas sobre

o meio ambiente surgiram justamente da necessidade de se regulamentar a conduta do homem

sobre a utilização dos recursos que a natureza dispõe.

O meio ambiente como um bem a ser tutelado pelo Direito, em verdade, é uma

tomada de posição que se desenha em todos os ramos científicos, de se formular uma relação

homem/natureza diversa de como tem se dado na sociedade pós-industrial.

Page 19: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

19

Para efeitos jurídicos, a lei que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei

nº 6.938/81, em seu art. 3º, I, conceitua o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis,

influência e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida

em todas as suas formas”.

Esse conceito legal, entretanto, restringe-se ao chamado ambiente natural. Outros

tipos de ambiente, todavia, já são estudados pelos ambientalistas, tais como o ambiente

artificial (as cidades, por exemplo), o ambiente cultural (as tradições culturais) e o ambiente

do trabalho.

J. Timmon Roberts e Melissa Toffolon-Weiss (2002 apud MADEIRA FILHO, 2002)

apontam que o conceito de meio ambiente não se limita a tratar apenas de preservação ou

conservação do mesmo, mas abrange o ambiente entendido como um todo: seus aspectos

físicos, econômicos, culturais e sociais.

Estabelecendo como foco a realidade urbana, onde os extremos da existência humana

contradizem diuturnamente, o Estatuto da Cidade estabelece que o fim do Estado de Direito

Ambiental será garantir o direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra

urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos

serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações, art. 2º, I da Lei

10.257/01 (Estatuto da Cidade).

Conforme Vilani (2006), na cidade se entrelaçam as relações sociais, a apropriação e

transformação do meio ambiente pelo homem, o jogo político e o interesse econômico.

Page 20: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

20

1.2 TUTELA CONSTITUCIONAL DO DIREITO AMBIENTAL

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar do meio ambiente,

anteriormente a sua promulgação, o tema estava abordado somente de forma indireta,

mencionado em normas hierarquicamente inferiores.

Edis Milaré (2001, p. 183) registra:

“A Constituição do Império, de 1824, não fez qualquer referência à matéria, apenas cuidando da proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão (art. 179, n. 24). Sem embargo, a medida já traduzia certo avanço no contexto da época. O Texto Republicano de 1891 atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as suas minas e terras (art. 34, n. 29). A Constituição de 1934 dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural (arts. 10, III, e 148); conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 5º, XIX, j). A Carta de 1937 também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, artísticos e naturais, bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza (art. 134); incluiu entre as matérias de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 16, XIV); cuidou ainda da competência legislativa sobre subsolo, águas e florestas no art. 18, ‘a’ e ‘e’, onde igualmente tratou da proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos. A Constituição de 1967 insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico (art. 172, parágrafo único); disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da saúde, sobre jazidas, florestas, caça, pesca e águas (art. 8º, XVII, ‘h’). A Carta de 1969, emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico (art. 180, parágrafo único). No tocante à divisão de competência, manteve as disposições da Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que ‘a lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades’ e que o ‘mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do Governo’. Cabe observar a introdução, aqui, do vocábulo ecológico em textos legais.

A partir da Constituição Federal de 1988 o meio ambiente passou a ser tido como um

bem tutelado juridicamente. Como bem coloca José Afonso da Silva (2004, p. 46), “a

Constituição de 1988 foi, portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental”,

trazendo mecanismos para sua proteção e controle, sendo tratada por alguns como

“Constituição Verde”. A matéria é tratada em diversos títulos e capítulos, o Título VIII (Da

Ordem Social), em seu Capítulo VI, no art. 225, caput, preceitua que “todos têm direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

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21

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Dessa forma, o Direito Constitucional brasileiro criou uma nova categoria de bem: o

bem ambiental, portanto, um bem de uso comum do povo, e, ainda, um bem essencial à sadia

qualidade de vida.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2003, p. 545) leciona que “consideram-se bens de

uso comum do povo aqueles que, por determinação legal ou por sua própria natureza, podem

ser utilizados por todos em igualdade de condições”.

Ou seja, são aqueles de que o povo se utiliza, sem restrição, gratuita ou

onerosamente, sem necessidade de permissão especial. “Não cabe, portanto, exclusivamente a

uma pessoa ou grupo, tampouco se atribui a quem quer que seja sua titularidade” (FIORILLO,

2007, p. 67).

Assim, nenhum de nós tem o direito de causar danos ao meio ambiente, pois

estaríamos agredindo a um bem de todos, causando, portanto, danos não só a nós mesmos,

mas aos nossos semelhantes.

O meio ambiente oferece aos seres vivos as condições essenciais para a sua

sobrevivência e evolução. Essas condições, por sua vez, influem sobre a saúde humana

podendo causar graves conseqüências para a qualidade de vida e para o desenvolvimento dos

indivíduos. Para o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira (2000, p. 15), “a degradação

ambiental coloca em risco direto a vida e a saúde das pessoas, individual e coletivamente

consideradas, bem como a própria perpetuação da espécie humana”. Daí a importância de

termos um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Ainda em sua obra, Direito Ambiental Constitucional, José Afonso da Silva (2004, p.

74) com propriedade elucida que a Constituição de 1988, no art. 225, declara que todos têm

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, mas o objeto do direito de todos não é o

Page 22: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

22

meio ambiente em si, não é qualquer meio ambiente. O que é objeto de direito é o meio

ambiente qualificado. O direito que todos temos é à qualidade satisfatória, o equilíbrio

ecológico do meio ambiente. Essa qualidade é que se converteu em um bem jurídico. A isso é

que a Constituição define como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida.

O bem ambiental classificado como bem de uso comum do povo, direito coletivo

difuso de titularidade indeterminada, confirma o Poder Público como mero gestor desses

bens, devendo, conjuntamente com a coletividade, preservá-lo e defendê-lo.

No mesmo sentido é o entendimento do Min. Celso de Mello (MS 22.164, Rel. Min.

Celso de Mello, DJ 17/11/95)

O direito a integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração _ constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, a própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) ___ que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais ___ realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) ___ que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas ____ acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.

1.3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO AMBIENTAL ENFOCANDO AS FUNÇÕES SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CIDADE

A Carta Magna comporta princípios essenciais de política urbana das funções sócio-

ambientais da cidade, dentre eles destacam-se:

I - Princípio da Legalidade (art. 5º, II, e 37, caput, da C F/88) observância obrigatória

aos ditames expressos no Plano Diretor.

Page 23: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

23

II - Princípio da Informação Ambiental (art. 5º, XIV, XXXIII e artigos

220, 221e 225, § 1º, VI, todos da CF/88) é, portanto, corolário lógico do direito de ser informado fazendo parte do que determina-se como um dos pilares mestres do Direito Ambiental.

III – Princípio da Participação (art. 225, caput da CF/88) o dever de toda

a coletividade e do Poder Público atuar na defesa e proteção do meio ambiente. O princípio da participação implica não um aconselhamento, mas um dever da coletividade, justamente porque o que resulta dessa omissão participativa é um prejuízo a ser suportado pela própria coletividade.

IV – Princípio da Publicidade (art. 37, caput da CF/88) é corolário do

princípio da participação, visa assegurar sua eficácia com a publicidade dos atos emanados do Estado.

V – Princípio da Educação Ambiental (art. 225, § 1º da CF/88) forma de

trazer a consciência ecológica ao povo e, assim, permitir a efetivação do princípio da participação na salvaguarda desse direito.

VI - Princípio da Função Sócio-ambiental da Propriedade (art. 188, § 2º

da CF/88) é cumprido quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor. Destarte, o uso da propriedade pode e deve ser controlado, impondo as restrições que forem necessárias para a salva guarda dos bens maiores da coletividade.

VII – Princípio da Reparabilidade do Dano Ambiental (art. 225, § 3º da

CF/88) conforme estatuído no mencionado artigo as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e administrativa, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

VIII – Princípio da obrigatoriedade do estudo prévio de impacto (art.

225, § 1º, IV da CF/88) se externa através dos trabalhos técnicos multidisciplinares – Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

Page 24: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

24

CCAAPPÍÍ TTUULL OO II II

22.. PPOOLL ÍÍ TTII CCAA MM UUNNII CCII PPAALL DDEE DDEESSEENNVVOOLL VVII MM EENNTTOO UURRBBAANNOO EE GGEESSTTÃÃOO AAMM BBII EENNTTAALL

O crescimento vertiginoso e descontrolado das cidades tem despertado grandes

preocupações de políticos, da sociedade e de cientistas, acerca dos mecanismos de proteção e

defesa do bem-estar dos habitantes da cidade, em meio a um mundo globalizado

economicamente.

O advento da Constituição Federal de 1988 trouxe consigo uma série de inovações

jurídicas; no bojo dessas mudanças, destaque é dado ao papel do “plano diretor” como

principal instrumento jurídico e político urbanístico do município, regulamentado no Estatuto

da Cidade.

A Carta Magna brasileira definiu o município como ente federativo com competência

para gerir as políticas de interesse local, dentre as quais se destaca a política urbana. O

município foi elevado a essa condição, gozando de autonomia política, administrativa,

financeira e até legislativa, o que estimulou a fragmentação do território, aumentando o

número de municípios em aproximadamente 1.500. Hoje são mais de 5.560 municípios, todos

responsáveis pela política urbana em seu território.

O Brasil é um país com uma urbanização recente, sabe-se que até meados da década

de 40 sua população era muito mais localizada na área rural do que na urbana.

As cidades brasileiras abrigavam, há menos de um século, 10% da população nacional. Atualmente são 82%. Incharam, num processo perverso de exclusão e de desigualdade. Como resultado, 6,6 milhões de famílias não possuem moradia, 11% dos domicílios urbanos não tem acesso ao sistema de água potável e quase 50% não estão ligados às redes coletoras de esgotamento sanitário. Em municípios de todos os portes, mutiplicam-se favelas. A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de tráfego e em prejuízos estimados em centenas de milhões de reais. (Site Ministério das Cidades, acesso 23/10/2007).

Page 25: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

25

Surge, assim, a necessidade de convergência e integração das políticas públicas

setoriais, através da gestão ambiental urbana, isto é, do conjunto de atividades e

responsabilidades voltadas para uma série de intervenções sociais com vistas ao manejo

adequado do uso do solo e dos recursos naturais e humanos, para construção da qualidade de

vida urbana. Em outras palavras, para buscar a sustentabilidade das cidades.

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS

A ocupação desordenada e em áreas de riscos pela população, a falta de todas as

infra-estruturas sociais, a exemplo de saneamento básico, saúde e transporte, aliada à falta de

planejamento público, o consumismo exagerado das populações, a poluição da água, do ar e

das paisagens, a ausência de áreas verdes nas cidades e outras mazelas, frutos do caráter

predatório da expansão econômica capitalista, vêm corroborando para deterioração da

qualidade de vida do homem nas cidades.

As políticas públicas consistem em um conjunto de instrumentos de ação, tomados

no interior do Estado, que visam apresentar as diretrizes e as estratégias de concretização de

interesses públicos e de alteração de relações sociais estabelecidas. Dessa forma, políticas

públicas são entendidas como programas de ação governamental visando coordenar os meios

à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos socialmente

relevantes e politicamente determinados.

Algumas políticas têm um espaço geográfico de atuação de políticas públicas

específicos, como as políticas urbanas, voltadas a um ambiente específico: o espaço urbano

construído. Como diz José Afonso da Silva (2004), esse espaço urbano constitui o que se

denomina de meio ambiente artificial ou meio ambiente urbano, que pode ser subdividido em

Page 26: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

26

espaço urbano fechado, como as edificações, ou espaço urbano aberto, a exemplo das ruas,

praças e áreas verdes.

Neli Aparecida Mello (2003, p. 219), com base nos ensinamentos de Peltre e

Metzger, apresenta uma visão ampla do meio ambiente urbano, concebendo-o como todo o

conjunto de fatores que se interagem no espaço construído:

O meio ambiente urbano envolve um sistema de objetos que evoluem no tempo e no espaço, de políticas de gerenciamento, de consumos e usos e de funcionamento de sistemas materiais (naturais, artificiais ou técnicos) e de noções de um espaço que é resultado de processo histórico territorial, resultantes tanto das maneiras de produzir (fabricar, tornar consumível) e de consumir (utilizar, transformar, degradar) as ‘coisas’ (os recursos naturais, mas também técnicos, sociais, jurídicos e culturais).

Assim, as políticas urbanas, segundo Fernandes (1998), devem ser norteadas pelo

direito à uma vida digna nas cidades; pelo direito de viver com qualidade de vida se

sobressaindo ao mero direito de sobrevivência.

No ordenamento jurídico brasileiro, as normas de política urbana são tratadas na

Carta de 1988, no Capítulo II, inserido no Título VII da Ordem Econômica e Financeira.

Prevê o art. 182, caput, que “a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder

Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem – estar de seus

habitantes”, CF/88.

Em 10 de julho de 2001, a Lei 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade, foi

promulgada, vindo a regulamentar esses dispositivos constitucionais. Dispõe a lei federal que

o objetivo da política urbana é “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da

cidade e da propriedade urbana” (art. 2º, caput). Para alcançar esse desiderato, estabelece

diversas diretrizes, como o planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição

espacial da população e das atividades econômicas do Município; a ordenação e controle do

Page 27: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

27

uso do solo; a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do

patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; e a garantia do direito a

cidades sustentáveis.

Vislumbra-se, pois, que o Estatuto da Cidade coloca a sustentabilidade do meio

ambiente urbano como um direito, concebido como “o direito à terra urbana, à moradia, ao

saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao

trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações” (art. 2º, inc. I).

A preocupação com a qualidade de vida no espaço urbano não é inovação desse

diploma legal. Na verdade, esse debate vem desde a Declaração sobre Assentamentos

Humanos, adotada pela primeira Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos

Humanos (Habitat I), ocorrida em Vancouver em 1976. Durante a Rio 92, com a elaboração

da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Agenda 21, 2000), cresceu o

debate em torno da sustentabilidade do meio ambiente urbano, apresentando o referido

documento compromissos acordados pela comunidade internacional signatária, de

incorporação de ações e metas para promoção da qualidade de vida e equidade social nas

cidades.

As discussões sobre a sustentabilidade também constaram da Declaração e Programa

de Ação de Viena sobre Direitos Humanos (1993), e continuaram durante a Conferência

Habitat II, realizada em Istambul (1996), que aprovou um documento denominado Agenda

Habitat II, que apresenta princípios, compromissos e estratégias a serem adotados pelo poder

público e pela sociedade, com vistas ao desenvolvimento sustentável na área urbana.

No Brasil, o fervilhar dessas idéias levou à elaboração da Agenda 21 Brasileira –

Bases para Discussão, realizada de forma participativa, sob coordenação da Comissão de

Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional – CPDS.

Page 28: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

28

Dentre diversas ações, a agenda estabelece os desafios, os alicerces e as estratégias

para a sustentabilidade nas cidades. Prevê esse documento que a sustentabilidade urbana pode

ser concebida como uma (Senado Federal, 2000):

“Qualidade que passa a identificar e exigir dos distintos processos sociais, desde aqueles que se dão na esfera privada – reduzir o consumo individual e reciclar produtos no espaço doméstico, por exemplo – até os que se desenvolvem na esfera pública, no terreno da implantação e gestão de políticas públicas”.

Odete Medauar (2002, p.18), comentando a inserção do direito a cidades sustentáveis

no diploma legal, explica que esse direito concretiza-se à medida que “[...] o desenvolvimento

urbano ocorre com ordenação, sem caos e destruição, sem degradação, possibilitando uma

vida urbana digna para todos”.

Dessa forma, a noção da sustentabilidade das cidades vai além do mero conteúdo

urbanístico, para abranger também o atendimento aos parâmetros de equidade social,

prudência ecológica, e eficiência econômica. Isso significa que as políticas públicas que

intervenham na área urbana devem conferir planejamento estratégico ao desenvolvimento

local, de modo a promover sustentabilidade da realidade urbana.

2.2 CORRELAÇÃO ENTRE A POLÍTICA PÚBLICA URBANA E A GESTÃO AMBIENTAL

O ecossistema urbano, consoante assegura Morin (2001) deixou de ser visto

isoladamente e tratado como fenômeno exclusivamente urbano e passou a demandar uma

visão holística e integradora, à medida que é reflexo também de um conjunto de fenômenos

sociais e biogeoclimáticos que lá se localizam.

Alerta Medauar (2002, p.16) que “A implementação de uma política urbana hoje não

pode ignorar a questão ambiental”. Estabelecer uma relação entre a matéria urbana e a

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29

ambiental não é uma tarefa nada fácil. Analisando o texto dos artigos da Constituição Federal,

nota-se que enquanto a política urbana, como anteriormente demonstrado, está inserida na

Ordem Econômica e Financeira, visando, sobretudo, à regulação da propriedade privada, a

temática ambiental está disposta na Ordem Social, focalizando os bens comuns, que são

direitos difusos, tendo titulares indetermináveis.

Além disso, enquanto a competência material no campo urbanístico apresenta como

lócus mais concreto de atuação o nível municipal, a competência executiva da função

ambiental é comum entre os entes federados, sendo que a competência legislativa é

concorrente, cabendo à União estabelecer normas gerais, ao Estado suplementá-las, e aos

Municípios, observado o que dispõe os demais entes, legislar sobre assuntos de interesse

local. Observa-se, pois, a descentralização da regulação urbana e a centralização da regulação

ambiental.

No âmbito municipal, conforme Junqueira e Leite (1994), a proposta de uma política

municipal de meio ambiente deve basear-se em ampla análise das potencialidades dos

recursos locais e considerar a situação da administração pública, os problemas vividos pelo

município, as aspirações da população, e principalmente, trazer uma visão abrangente de

como tratar o desenvolvimento local a partir de caminhos socialmente mais justos e mais

humanos. Trata-se de colocar o meio ambiente não como tema das ações setorizadas, mas

referenciá-lo como condição básica para o desenvolvimento do município.

Nasce, com isso, a necessidade de se selecionar critérios e estratégias para

elaboração dos instrumentos de planejamento local sustentável. E, se se dispõe de uma análise

ambiental, pode-se ter uma base para o ordenamento territorial e assim melhorar a formulação

e aplicação de tais documentos de planejamento (PNUD, 1996).

Matos (2001), afirma que, o fortalecimento do município deve ser incentivado, pois

se traduz em potencial de atendimento mais democrático e de melhor qualidade às demandas

Page 30: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

30

da sociedade, passando a partir desse ponto a existir um novo direito coletivo, o direito ao

planejamento urbano.

2.3 PLANEJAMENTO URBANO

O planejamento urbano, instrumentalizado pelo Poder Público Municipal, não pode

ser somente um mecanismo de gestão territorial urbana, mas também de gestão ambiental.

A proposta metodológico-conceitual que orienta o processo de planejamento urbano

é aquela que coloca a simultaneidade das dimensões política e técnica como elementos

constitutivos deste processo. Tal qual as faces de uma mesma moeda, a dimensão política é a

que pretende explicitar o objeto da intervenção pública, enquanto a dimensão técnica

procurará responder pela operacionalização de uma proposta que foi politicamente definida.

De maneira esquemática, essas dimensões expressam o que é, e como será proposta e

executada a política de planejamento.

Com precisão, Ângela Moulin S. Penalva (2006, p. 156) interpreta as diferentes

abordagens sobre o planejamento urbano:

Desde sua emergência, o planejamento urbano vem sendo reinterpretado. Inicialmente, foi identificado como um instrumento de política higienista, que visava combater a disseminação de doenças infecto-contagiosas por meio de obras-públicas; mais tarde, foi utilizado para difundir o urbanismo tecnocrático-modernista, caracterizado pela magnificação do poder da tecnologia e de um paradigma replicável em qualquer cidade; a intensificação do crescimento da população urbana suscitou, por sua vez, o surgimento de movimentos sociais urbanos que colocaram em xeque a atuação do Estado e do planejamento tecnocrático, passando a defender que o poder público se tornasse um instrumento de garantia do acesso à cidade pela população de baixa renda; mas a incapacidade financeira do Estado em responder positivamente a este desafio suscitou a defesa de parcerias com o empresariado para promover projetos que ficaram associados à visão do planejamento com empreendedorismo urbano.”

Pelo histórico político-social brasileiro, a sociedade espera que o poder público

intervenha na organização das cidades e melhore as condições de sua reprodução, mas com o

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31

desenvolvimento da concepção socialista do Estado, o planejamento urbano está deixando de

ser uma política tecnocrática, de responsabilidade exclusiva do Estado, para se identificar com

um processo político no qual participam os atores sociais.

O planejamento pode ser conceituado como um processo técnico instrumentado

capaz de transformar a realidade existente, capacitando-a a atingir objetivos previamente

estabelecidos, ou seja, um conjunto de operações, metodologicamente direcionadas, com a

finalidade última de traçar um projeto, um programa ou esquema, onde se tem pré-

determinada uma atuação futura.

A urbanização crescente da população, tornou necessário a implementação de

políticas públicas, e o planejamento urbano surgiu como instrumento de ordenamento das

cidades. Conforme Jean-Paul Lacaze (1995, p. 07):

“as cidades testemunham com uma força expressiva rara o que foram as etapas anteriores das civilizações humanas. [...]”. Relata o autor que as cidades de hoje estão perdendo pouco a pouco o que “fazia a sua força e originalidade: a capacidade para agregar os homens em torno de seus ideais comuns, para produzir convivência, sociabilidade, tolerância, para permitir a coexistência tranqüila de destinos individuais contrastados, [...]”.

De acordo com Campos (2004) cidade se tornou uma forma de organização social,

de especialização do trabalho e de atividades econômicas. Desses fatores, sofreu constantes

influências e adaptações, principalmente no mundo capitalista, num determinado momento, e

posteriormente pela economia globalizada. Transformou-se, também, num centro de negócios

onde se defrontam vorazes comerciantes, assim como se tornou, também, uma forte geradora

de empregos e, conseqüentemente, passou a ser reconhecida como um pólo de atração de mão

de obra.

Em decorrência desses fatos, a cidade passou a gerar uma considerável procura por

moradias, fazendo surgir assim a especulação imobiliária, que é um fator relevante nas

relações sociais urbanas e na interação do homem com a natureza. A habitação, além de ser

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32

uma das funções da cidade, conforme Le Corbusier (2000), e uma necessidade básica do

homem, é, também, uma das atividades humanas que mais causa impactos ao meio ambiente.

(CAMPOS, 2004).

Até a Constituição Cidadã, a articulação em termos de planejamento urbano,

conforme Bayer (1977) consistia em programas aos quais somente os estados e municípios

que tivessem condições de obter financiamentos para projetos específicos poderiam participar.

De acordo com Bayer (1977, p.34), a Constituição de 1967 e a de 1969 não se preocupavam

com um dos mais significativos e aflitivos problemas do século XX, o urbanismo e sua devida

legislação. Ainda conforme o autor citado, a competência para a atuação estatal era

assistemática e apenas em dispositivos esparsos encontrava-se algo referente ao assunto,

como o artigo 160, inciso III da CF de 1967, que estabelecia a função social da propriedade.

Desde meados da década de 30, até o fim da década de 80, a legislação federal havia

criado alguns instrumentos de ordenação das áreas urbanas, porém sempre com uma visão

limitada de planejamento e meio ambiente. De modo geral, a ação legislativa municipal se

restringia à delimitação dos perímetros urbanos e a aprovação do código de obras e postura.

Um dos maiores avanços nessa área, como bem relata Fernandes (2000, p.23), antes

de 1988, foi à aprovação da Lei Federal nº 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo

urbano. Ainda orientava ações dessa natureza a Legislação de proteção ao patrimônio cultural

e a Legislação Ambiental, essa última com uma visão muito mais voltada para a flora e fauna

que para os ecossistemas urbanos, fonte dos maiores impactos ao ambiente.

Afirma o referido autor que as questões urbanas e ambientais requerem uma ampla

compreensão dos vários fatores envolvidos, principalmente através de um enfoque

interdisciplinar que articule e integre os diversos processos, agentes e mecanismos que

determinam o processo de crescimento urbano e de exclusão sócio-espacial. Assevera ainda

que:

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33

Juntamente com o avanço da legislação urbanística, o avanço da legislação ambiental tem sido contínuo desde os anos 30, embora até a década de 1980 a ordem jurídica ambiental tenha se caracterizado pelo tratamento fragmentado de aspectos parciais do processo amplo que hoje se chama ‘meio ambiente’. (FERNANDES, 2000, p. 26).

Já, para José Afonso da Silva (2004), o Direito Urbanístico ainda está em formação e

é produto das transformações sociais que vêm ocorrendo nos últimos tempos, encontra-se

ainda em formação e em processo de afirmação, decorre de uma nova função do Direito, pois,

consiste em oferecer instrumentos normativos ao poder público a fim de que possa,

respeitando o princípio da legalidade, atuar no meio social e no domínio privado, para ordenar

os interesses da coletividade urbana, tendo como principal instrumento o Plano Diretor.

No município, um dos pontos mais importantes e decisivos nos caminhos que a

cidade poderá tomar na questão ambiental urbana é em relação ao Plano Diretor. Na

atualidade, sob obrigação legal, a elaboração do Plano Diretor propicia, quando desenvolvido

com a preocupação sustentável, além das tarefas de intervenção fiscalizadora, normativa ou

de fomento, também a fixação de objetivos e prioridades visionado o plano de

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantindo o bem estar de seus habitantes.

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34

CAPÍTULO III

3. ESTATUTO DA CIDADE

3.1 DIRETRIZES GERAIS PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO D IRETOR

Reivindicações populares visando uma reforma urbana apresentaram-se na

elaboração da Constituição Federal de 1988. Foi a primeira vez que a cidade foi tratada na

Constituição Federal com o objetivo de assegurar justiça social a população, nos seguintes

termos:

O artigo 182 : A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder publico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Page 35: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

35

Conforme preceitua o caput do artigo 182 da Constituição Federal a política de

desenvolvimento urbano a cargo do poder publico municipal, deverá ser executada em

conformidade com as diretrizes gerais fixadas no Estatuto da Cidade – Lei nº 10.257, que só

foi aprovada em 2001, após 11 anos de tramitação.

O Estatuto da Cidade tem como objetivo a democratização do espaço no país através

de instrumentos urbanísticos, tributários e jurídicos, que auxiliarão na reforma urbana e que

podem garantir efetividade ao Plano Diretor.

Além disso, o Estatuto da Cidade estabelece, em seu artigo 2º, as diretrizes gerais da

política urbana, tais como: garantia do direito a cidades sustentáveis; gestão democrática;

ordenação e controle do uso do solo; justa distribuição dos benefícios e recuperação dos

investimentos do Poder Público.

Segundo Rolnik (2001), as inovações contidas no Estatuto situam-se em três campos:

I - Conjunto de novos instrumentos de natureza urbanística voltada para induzir, mais do que normatizar, as formas de uso ocupação do solo; II - Uma nova estratégia de gestão que incorpora a idéia de participação direta do cidadão em processos decisórios sobre o destino da cidade; III - E a ampliação das possibilidades de regularização das posses urbanas, até hoje situadas na ambígua fronteira entre o legal e o ilegal.

O Estatuto da Cidade é uma lei federal de desenvolvimento urbano, que é exigida

constitucionalmente, e que regulamenta os instrumentos de política urbana que devem ser

aplicados pela União, Estados e, principalmente, pelos Municípios.

Discrimina ainda, aspectos relativos à integração do Plano Diretor dentro do

processo de planejamento municipal, à sua abrangência, a necessidade de revisões periódicas

e ao papel dos Poderes Legislativo e Executivo na sua implementação e fiscalização; amplia,

ainda, sua obrigatoriedade, além do já determinado pela Constituição Federal de 1988 -

municípios com mais de vinte mil habitantes – passa a contemplar, também, todas as cidades

Page 36: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

36

“ integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas”; “ onde o Poder Público

municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no parágrafo 4º do artigo 182 da

Constituição Federal”; “ integrantes de áreas de especial interesse turístico”; e “inseridas na

área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de

âmbito regional ou nacional” (respectivamente incisos II, III, IV e V do artigo 41 do Estatuto

da Cidade).

O Estatuto apresenta como princípios constitucionais fundamentais norteadores dos

Planos Diretores, os seguintes:

a) Princípio da função social da propriedade; b) Princípio do desenvolvimento sustentável; c) Princípio das funções sociais da cidade; d) Princípio da igualdade e da justiça social; e, e) Princípio da participação popular.

A Lei Federal, como demonstrado anteriormente, inova ao englobar no planejamento

todo o território municipal, na obrigatoriedade das audiências e consultas públicas, na gestão

democrática do plano e de sua aplicação e no acesso público a todas as informações. Possui

também instrumentos inovadores de indução ao desenvolvimento social, que condicionam

e/ou instrumentalizam as políticas públicas municipais no combate aos vazios urbanos, a má

distribuição da terra, ao mau uso ou ao uso indevido do direito de propriedade.

Na prática, estes dispositivos forçam a implementação de processos democráticos e

participativos de gestão e organização do território, mas naturalmente a lei individualmente

não resolverá todos os problemas urbanos.

Page 37: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

37

3.2 GESTÃO DEMOCRÁTICA NA PROMOÇÃO DE CIDADES SUSTENTÁVEIS

O Estatuto da Cidade promoveu um considerável avanço ao prever a gestão

democrática da cidade, ou seja, ao garantir a oitiva dos atores sociais interessados nos

rearranjos espaciais da cidade, como no caso do processo de elaboração do plano diretor.

Referindo-se a gestão democrática, a Lei 10.257/01 reza o seguinte texto:

Art. 40. .............. § 4º. No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão: I. a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade; II. a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; III. o acesso a qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

Vislumbra-se, pois, que o Estatuto da Cidade dispôs sobre o poder-dever dos

cidadãos participarem diretamente das deliberações que planejam o desenvolvimento da

realidade urbana, através de audiências públicas e debates. Mas, a participação pode ocorrer

também em outras fases do processo de elaboração do plano diretor, quer seja no direito de

iniciativa popular, de apresentação de propostas e emendas no plano ou consultas públicas.

E para possibilitar ao cidadão condições de tomar decisões sobre as políticas e

medidas que devem ser implementadas e viabilizar sua plena participação no processo de

planejamento da cidade, o legislador previu o direito à publicidade e o acesso a informações e

documentos correlatos ao assunto.

E não poderia ser diferente, pois o planejamento da cidade é uma função pública,

cujo ônus incumbe não somente ao Poder Público, mas também à sociedade, haja vista que

ambos são co-responsáveis pela sustentabilidade das cidades. E como toda política pública,

Page 38: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

38

assevera Carvalho (2003, p. 281), a elaboração do plano diretor “deve ser expressão de um

processo público, no sentido de ser aberto à participação de todos os interessados, diretos e

indiretos, para a manifestação clara e transparente das posições em jogo”.

O Plano Diretor deve ser elaborado e implementado com a participação efetiva de

todos os cidadãos. O processo deve ser conduzido pelo poder Executivo, articulado com os

representantes no poder Legislativo e com a sociedade civil. É importante que todas as etapas

do Plano Diretor sejam conduzidas, elaboradas e acompanhadas pelas equipes técnicas do

Poder Público Municipal e por moradores do município. A participação da sociedade não

deve estar limitada apenas à solenidade de apresentação do Plano Diretor, em Audiência

Pública.

Assim sendo, no processo de planejamento urbano, o Poder Público não pode ser o

único agente. Observam Souza e Rodrigues (2004), que outros autores, que são identicamente

protagonistas do espaço urbano, devem participar desse ato quer seja apresentando críticas ou

estratégias e planejamentos alternativos. Enfim, os próprios cidadãos devem corroborar na

decisão sobre os destinos dos espaços onde vivem.

Defensor da gestão participativa, Sachs (1993, p. 33) adverte que “As estratégias do

eco-desenvolvimento urbano não podem ser impostas de cima para baixo: elas devem ser

desenhadas e implementadas com a participação popular e complementadas por eficientes

políticas de capacitação”.

Não resta dúvida que os planos diretores atenderão melhor aos seus objetivos quanto

mais forem abertos à produção coletiva. A efetiva participação dos cidadãos nas políticas

públicas no espaço urbano, através da formulação de suas demandas e exigências, é

imprescindível para criar um ambiente propício à ampliação da democracia e da cidadania.

Page 39: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

39

Os Planos Diretores atenderão sempre mais diretamente aos seus objetivos, quanto

mais forem abertos à inovação e à criatividade, e quanto mais estimulem a participação dos

cidadãos e a produção coletiva.

Planejar o futuro da cidade, incorporando todos os setores sociais, ambientais,

econômicos e políticos que a compõe, de forma a construir um compromisso entre cidadãos e

governos na direção de um projeto que inclua todos, é o desafio que o Estatuto da Cidade

impõe ao Plano Diretor, obrigatório, conforme preceitua o art. 50 do Estatuto, para uma

parcela dos Municípios até outubro de 2006, sob pena de responder por improbidade

administrativa.

Page 40: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

40

CAPÍTULO IV

4 PLANO DIRETOR

4.1 PLANO DIRETOR: UM BREVE HISTÓRICO

A organização do espaço urbano é um fenômeno social e cultural amplo que alcança

todas as regiões do planeta, com meios de formação específicos, mas com problemas

similares em quase todos os países. Poder-se-ia até mesmo afirmar que a maioria das questões

relativas à urbanização são anteriores à modernidade, sendo que muitos historiadores já

constataram marginalização, falta de infra-estrutura e má distribuição demográfica em cidades

antigas, como Roma e Atenas, são dois exemplos sempre lembrados por serem símbolos de

civilizações que influenciaram hegemonicamente outras civilizações de sua época.

Os primeiros Planos Diretores, segundo Jean-Pierre Lecoin (2002), foram concebidos

no final do século XIX e no início do século XX, tendo em vista as necessidades provenientes

da industrialização e do desenvolvimento econômico de grandes centros europeus, como na

cidade de Roma (1908 / Plano SaintJuste), de Madri (1910-1931), de Copenhague (1936), de

Praga, Berlim, Moscou (1935), Rio de Janeiro(Agache / 1928), e de Paris (1939 / Plano

Prost), entre outros.

Esses planos diretores, alguns concebidos, no final do século XIX, tinham em vista

as necessidades provenientes da industrialização e do desenvolvimento econômico dos

grandes centros europeus, como no caso da cidade de Roma (Plano Saint Juste, 1908).

O conteúdo predominante de tais planos referia-se a projetar e desenvolver a imagem

da cidade futura, tais como a construção de vias e avenidas com capacidade de tráfego muito

superior às necessidades de seu tempo, mas que se projetavam para uma época em que cada

família teria um carro, segundo anúncios das montadoras da época.

Page 41: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

41

O segundo ciclo dos Planos Diretores, conforme Lecoin (2002), compreendido entre

as décadas de 50 e 70, foi marcado pelo acentuado crescimento demográfico do período, o

que obrigava a estabelecer um horizonte temporal, como um “prazo de validade”, de 25 a 30

anos, considerado, então, como de “longo prazo”, em contraposição aos prazos de 5 e 10

anos, considerados, respectivamente, como curtos e médios.

No entanto, o prazo de 25 a 30 anos, paradoxalmente, é curto, se forem consideradas

mudanças profundas na estrutura social, tais como construção de redes de infra-estrutura de

grande porte, ou a despoluição do ambiente urbanizado, criação de políticas duradouras que se

insiram na cultura popular, etc.

Os Planos Diretores desse período consideram, no seu planejamento o conceito de

dinâmica urbana, com destaque ao número de habitantes e sua previsão de crescimento,

considerando, inclusive, o êxodo rural, calculando necessidades presentes e futuras em curto

prazo, de moradia, saneamento, transporte, emprego, etc. Apoiados nas novas tecnologias

informáticas e operacionais, como a fotografia aérea, por exemplo, esses planos ofereciam

uma detalhada representação cartográfica do ambiente urbano, permitindo definir prioridades

de zoneamento, com base nas necessidades da população e nas características originais do

terreno.

Afirma, ainda, Lecoin (2002), que o terceiro ciclo dos Planos Diretores refere-se ao

período compreendido entre os anos 80 e 90, marcado pela desaceleração do crescimento

econômico e do ritmo do crescimento demográfico. Outros fatores de influência vieram da

política internacional, tais como: o advento da consciência ambiental, do fenômeno da

globalização, da expansão das multinacionais e do acelerado desenvolvimento tecnológico,

com reflexos no mercado e nas condições de emprego, nas relações sociais, e,

conseqüentemente, na utilização do espaço urbano.

Page 42: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

42

Dada a dinamização das relações sociais e econômicas do período e a instabilidade

do mercado financeiro, os Planos Diretores buscaram privilegiar as metas de curto e médio

prazo (5 a 10 anos), buscando uma realização mais realista e verificável, sujeita a menos

variantes. Esses planos, no entanto, não descartaram os objetivos a longo prazo, mas criaram

políticas de diferenciação quanto às expectativas de suas próprias ações, entendendo como

alcançáveis num breve espaço de tempo metas relativas, por exemplo, a construção de um

conjunto habitacional, e num longo espaço de tempo, a resolução do problema da moradia

para todos os cidadãos.

Os planos diretores das décadas de 80 e 90 tornaram-se muito mais dinâmicos,

quando comparados com seus precedentes, priorizando metas de menor impacto para

conseguir maleabilidade e adaptabilidade suficiente para alcançar seus objetivos mais

profundos e duradouros.

Progressivamente, ao longo dos últimos 10 a 15 anos, o conteúdo dos Planos

Diretores evoluiu sensivelmente, incorporando preocupações e temáticas novas que refletem

as transformações progressivas das conjunturas e da problemática do desenvolvimento

urbano. (LECOIN, 2002)

De acordo com o mesmo autor o conteúdo dos planos diretores se orienta no seguinte

sentido:

a) organização do espaço voltada para facilitar o desenvolvimento econômico, fazendo do espaço urbano o ambiente central da economia; b) recuperação das zonas centrais por meio de projetos e processos de interação, variando de acordo com as políticas urbanas de cada país; c) criação e organização de “sub-centros estruturadores” nas regiões periféricas e subúrbios existentes, visando capacitá-los para atender as necessidades dos moradores, aumentando-lhes a autonomia; d) criação de identidades específicas para a cidade, por meio de criação de uma imagem ou marca que atendam a políticas de marketing territorial; e) projetos destinados à otimização do espaço e redução do consumo de energia; e, f) programas criados para a preservação ambiental e para a criação de uma consciência ecológica urbana, tais como: tratamento de cursos d’água e

Page 43: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

43

desmatamentos, preservação de áreas verdes, redução da poluição sonora e atmosférica, coleta e tratamento de resíduos urbanos, etc.

4.2 OS PLANOS DIRETORES NO BRASIL

As primeiras práticas de planejamento urbano, no Brasil, foram isoladas e, de

maneira geral, refletiram a iniciativa de governos locais. Assim, no conjunto, nunca chegaram

a configurar uma política urbana para o país. Inicialmente, foram desenvolvidos apenas para

as grandes cidades, e, depois, reproduzidos nos outros núcleos. Essa adaptação, muitas vezes,

se fazia de forma inapropriada aos propósitos estabelecidos, não sendo consideradas as

particularidades de cada núcleo.

Sendo assim, o planejamento urbano, no período que antecede 1964, caracterizava-se

pela abordagem do espaço como uma variável autônoma e isolada, tendendo a promover a

segregação do espaço urbano e a concentração de investimentos nos setores espaciais,

destinados ao uso da burguesia urbana.

A partir de 1964, com o governo militar, o Governo Federal toma para si a atribuição

de planejar as cidades. Para tanto, cria o Banco Nacional de Habitação (BNH) e o Serviço

Federal de Habitação Urbanismo (SERFHAU). Entretanto, a política de planejamento urbano

não mudou muito, continuando a cometer os mesmos erros do período anterior, como

desconsiderar fatores, tipo a localização da cidade no território brasileiro, escalas

demográficas, recursos financeiros ou humanos, etc.

De acordo com Campos (2004), foi somente em meados da década de 70, que o

governo central devolveu às municipalidades a iniciativa pela elaboração dos Planos

Diretores, devido à extinção do SERFHAU. Ao longo das décadas de 70 e 80, poucas

prefeituras tomaram a iniciativa de elaborar seus Planos Diretores.

Page 44: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

44

4.3 PLANO DIRETOR E MEIO AMBIENTE

Em 1986, com a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), as

autoridades encarregadas de elaborar o planejamento das cidades passaram a atentar para o

problema ambiental, e, a partir da Constituição de 1988, passou a vigorar o estudo ambiental

para a elaboração dos planos.

O Plano Diretor, na medida em que define como será o crescimento da cidade e

determina usos e formas de ocupação, acaba por promover intervenções sobre o território que

afetam diretamente as condições ambientais.

Por isso, o município deve adotar um Plano Diretor que compatibilize a ocupação

humana e a promoção do desenvolvimento sustentável, construindo um modelo de

desenvolvimento baseado na garantia do meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado

para as presentes e futuras gerações, e por meio do plano que se define o melhor modo de

ocupar um município ou região.

É claramente perceptível o conteúdo ambiental do plano diretor, haja vista que, com

esse instrumento de planejamento, pode-se tutelar o meio ambiente natural e cultural, é dentro

dessa perspectiva que se pode dizer que o Plano Diretor é mais que um mero instrumento de

controle do uso do solo. É também um instrumento de implantação do desenvolvimento

sustentável das cidades brasileiras (Ministério das Cidades, 2004).

4.4 PLANO DIRETOR: INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA INSERIDO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

O ativismo dos movimentos sociais urbanos tornou a luta pelo acesso à cidade um

importante veículo de reconhecimento da cidadania dessa população vulnerável, suscitando

no Brasil o movimento pela reforma urbana. Este importante mecanismo conseguiu

Page 45: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

45

introduzir, através de emenda popular, dois artigos na CF de 1988 (182 e 183), propulsores de

inovações jurídicas que propiciariam avaliar a cidade como um bem público, cuja gestão

deveria ser submetida ao interesse coletivo, garantindo ainda o direito à participação popular

nessa gestão.

No cerne dessas mudanças, destaque é dado ao papel do “plano diretor” como

principal instrumento jurídico e político urbanístico do município e garantidor das funções

sociais da cidade e da propriedade urbana, como outorgado pela Lei Federal nº 10.257, de 10

de julho de 2001, o Estatuto da Cidade, como mencionada anteriormente.

A expressão, plano diretor não tem definição legal em nosso ordenamento jurídico,

sua conceituação é doutrinária, tendo sido o mesmo consagrado como norma jurídica, pela

primeira vez, pela Carta de 1988, que deu os contornos constitucionais de seu regime jurídico

e prescreveu sua principal finalidade.

Sob a ótica do Direito Administrativo, Hely Lopes Meirelles (1998) define Plano

Diretor como (...) o complexo de normas legais e diretrizes técnicas para o desenvolvimento

global e constante do Município, sob os aspectos físico, sócio-ambiental, econômico e

administrativo, desejado pela comunidade local.

No plano do Direito Urbanístico, José Afonso da Silva (2004) definiu-o como:

(...)“plano” porque estabelece “objetivos e prazos para o alcançe das metas e resultados”, assim como estabelece as atividades urbanísticas a serem executadas e os seus responsáveis. Esse autor afirmou ser “diretor”, pois fixa as diretrizes e os princípios do desenvolvimento urbano municipal.

Nesse sentido o Plano Diretor é visto, por parte da doutrina, também como condição

para implementação de vários outros instrumentos de política urbana e de outras leis

ordinárias e regulamentos, assumindo uma posição dominante na hierarquia normativa

municipal, abaixo apenas da Lei Orgânica Municipal.

Page 46: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

46

Ele consiste em um documento de planejamento que visa balizar o desenvolvimento

e a expansão do espaço construído, de modo a mudar a realidade urbana, trazendo melhor

qualidade de vida à população. É considerado o instrumento básico de política urbana,

devendo englobar o território total do Município, isto é, compreender tanto a área urbana,

como a rural.

Como plano urbanístico e lei municipal, o Plano Diretor torna-se instrumento

obrigatório a todas as cidades com mais de vinte mil habitantes, municípios integrantes das

regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, áreas de interesse turístico e de

empreendimentos de impacto ambiental, conforme preceitua o artigo 41 da Lei 10.257/2001 –

Estatuto da Cidade.

O art. 182 e seu §1º, da Constituição Federal preceitua que a competência para

elaborar o Plano Diretor é do Município, a quem cabe planejar e executar a política urbana,

cujo principal instrumento é o Plano Diretor. Mas a política urbana retratada no plano deve

ser viável e adequada à realidade.

Leciona José Afonso da Silva, nesse sentido que: “A principal virtude de qualquer

plano está na sua exeqüibilidade e viabilidade. Um plano que não seja exeqüível é pior do

que a falta de plano, porque gera custos sem resultados.”

Embora a regulamentação das disposições constitucionais da política urbana (artigos

182 e 183) só tenha ocorrido após onze de tramitação no Congresso Nacional, o Ministério

das Cidades teve o condão de criar mecanismos técnicos e financeiro que propiciassem aos

municípios a possibilidade de trilharem um novo caminho deixando para traz nos Planos

Diretores tecnocráticos, que eram feitos, em sua maior parte, por empresas de consultoria que

“vendiam” seus produtos para prefeitos que não usavam os serviços contratados para planejar

o futuro das cidades. Muitos desses Planos Diretores não refletiam as realidades locais onde

deveriam incidir.

Page 47: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

47

Quem nunca teve notícias de um Plano Diretor com o nome de um município na capa

e o nome de outra cidade esquecido nas suas páginas internas? Ou, ainda, das peripécias (atas

falsificadas, reuniões que não aconteciam, audiências pouco divulgadas) usadas para simular a

participação social? Ou Planos Diretores feitos somente para favorecer poucos interesses

privados em detrimento do coletivo?

Com efeito, a obrigatoriedade legal estabelecida pelo Estatuto da Cidade, se não

estivesse associada a uma campanha que ajudasse a disseminar as concepções democráticas

de planejamento e gestão territorial comprometidas com os direitos sociais, poderia resgatar

as antigas experiências de planejamento urbano excludentes e tecnocráticas.

Um Plano Diretor pode ser definido, então, como um conjunto de medidas que

concilia o desenvolvimento econômico-social de um município, com preservação e proteção

ambiental.

Segundo Monteiro (1990), o rumo que se pretende dar para seu futuro é ditado por

“objetivos, prioridades e diretrizes estratégicas globais, que orientam a adoção de

providências concretas” para a obtenção das transformações desejadas. O Plano Diretor,

muito mais que um mero ordenamento espacial das funções e atividades, precisa delinear

caminhos e catalisar procedimentos de âmbito local, regional e até nacional, que possam

repercutir positivamente sobre a área de domínio e seu povo. O Plano Diretor é, assim, o

“principal guia” que as administrações municipais dispõem para garantir uma tomada de

decisões “integrada e sinérgica” frente aos diferentes problemas que se manifestam nas

cidades, reflexo do seu contínuo processo de transformação. Como essas decisões têm

implicações tanto a curto quanto a longo prazo, as metas estipuladas devem estar

adequadamente ajustadas aos investimentos e disponibilidade de orçamento, para que o plano

funcione como “instrumento adequado para consubstanciar os objetivos dessas mudanças e

os meios para consegui-las”.

Page 48: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

48

Dado o fator ‘continuidade’ que o processo de planejamento pressupõe, o Plano

Diretor precisa primeiro, conforme diz Lopes (1998), estar fundamentado em constatações

reais da situação da cidade, para que haja mobilização tanto da administração como da

opinião pública, e, segundo, necessita periódicas avaliações dos resultados alcançados e

reelaborações. “Somente através desta reflexão e mobilização, o Plano poderá constituir

instrumento que possibilite ao Governo Municipal atingir, de forma integrada e com maior

eficácia, os objetivos a que se propuser” (LOPES, 1998, p. 15)

Page 49: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

49

CAPÍTULO V

5 ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE COLINAS DO TOCANTINS

Figura 01: Slogan do Plano Diretor da cidade de Colinas do Tocantins Fonte: Prefeitura Municipal de Colinas do Tocantins

Page 50: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

50

5.1 PROCESSO DE CRIAÇÃO

Conforme o Guia para Implementação pelos Municípios e pelos Cidadãos, elaborado

pela Câmara dos Deputados, o Plano Diretor pode ser definido como,

“[...] um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. O Plano Diretor parte de uma leitura da cidade real, envolvendo temas e questões relativos aos aspectos urbanos, sociais, econômicos e ambientais, que embasa a formulação de hipóteses realistas sobre as opções de desenvolvimento e modelos de territorialização. O objetivo do Plano Diretor não é resolver todos os problemas da cidade, mas sim ser um instrumento para a definição de uma estratégia para a intervenção imediata, estabelecendo poucos e claros princípios de ação para o conjunto dos agentes envolvidos na construção da cidade, servindo também de base para a gestão pactuada da cidade” (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2001, p. 40).

No guia para a elaboração do Plano Diretor Participativo pelos municípios e

cidadãos, é clara a preocupação do Ministério das Cidades com que o Estatuto da Cidade se

tornasse uma imposição meramente formal. O que o ministério visionou quando da

elaboração do mencionado guia foi repassar para os municípios a real possibilidade destes

através dos instrumentos inseridos no Estatuto da Cidade propiciar que o governo e cidadãos

repensem as cidades onde vivem e trabalham, tornando este diploma legal um meio e uma

oportunidade para que se construam e reconstruam espaços urbanos humanizados, integrados

ao ecossistema onde se implantam, respeitando a identidade e a diversidade cultural nas

cidades brasileiras.

O Governo Federal através do Ministério das Cidades, o Governo do Estado do

Tocantins através da Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente e do Núcleo de Políticas

para o Desenvolvimento Sustentável e a Caixa Econômica Federal propiciaram ao Município

de Colinas do Tocantins acesso a recursos financeiros, à capacitação e à assistência técnica.

Para à elaboração do plano diretor, o Município de Colinas do Tocantins contou com

um conjunto de instrumentos e técnicas que auxiliaram na organização e sistematização das

informações e no processo de negociação e reflexão para a tomada de decisões.

Page 51: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

51

O processo de criação do Plano Diretor de Colinas do Tocantins dividiu-se em quatro

etapas, as ações detalhadas de cada etapa de planejamento permitiram o conhecimento da

realidade e necessidades do município para a implementação de uma política municipal de

desenvolvimento e expansão urbana.

A metodologia para elaboração do plano de diretor participativo de desenvolvimento

sustentável de Colinas do Tocantins foi a sistematização dos procedimentos de construção das

etapas que compuseram o anteprojeto do Plano Diretor. Tendo sido uma importante

ferramenta para nortear as diretrizes e estratégias necessárias ao cumprimento da Lei Federal

nº 10.257 de 10 de julho de 2001.

A elaboração da Metodologia do Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento

Sustentável de Colinas do Tocantins visou garantir a sistematização para construção de um

planejamento municipal, estabelecendo objetivos, estratégias e procedimentos das etapas que

compõem o plano de trabalho. Todas as etapas de elaboração foram conduzidas, elaboradas e

acompanhadas pela Equipe Técnica da Prefeitura com a participação efetiva da Comunidade e

do Poder Legislativo.

5.2 ETAPAS DE CRIAÇÃO

5.2.1 – Primeira Etapa - Sensibilização e Mobilização da Comunidade

A primeira etapa destinou-se à preparação para o desenvolvimento do Plano Diretor de

forma participativa. Consistindo na sensibilização e mobilização da comunidade segundo uma

metodologia de trabalho participativo, também construída a partir do envolvimento e o

comprometimento dos diversos segmentos da sociedade com o processo de elaboração coletiva do

Plano Diretor.

Page 52: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

52

Em se tratando de planejamento participativo, o governo municipal mobilizou,

sensibilizou e articulou a sociedade política e civil em torno do entendimento geral de que há

necessidade de promover mudanças no município e na cidade, construindo um clima de

credibilidade, transparência e otimismo nas reais possibilidades de transformação.

Os mecanismos de diálogo e participação da sociedade foram (Conselhos, Comitês,

Grupos de Trabalho, Mesas de Negociação, Audiências Públicas, etc.) todos institucionalizados.

Observou-se que quando da utilização dos mecanismos de diálogo houve uma constante

reafirmação pelo corpo técnico de que participar significa tomar parte nas decisões e não apenas

ser informado, ou consultado.

Foi formado um corpo técnico com estrutura mínima para atuar como catalisador do

planejamento participativo, organizando o processo, preparando relatórios, programando os

fóruns, o levantamento e a análise das informações.

A sociedade foi sensibilizada e mobilizada com a promoção de audiências públicas e

debates com a participação da população e de associações representativas dos vários

segmentos da comunidade.

Nesta primeira etapa foi dada a devida publicidade aos documentos e informações

produzidos possibilitando o acesso de qualquer interessado aos mesmos.

5.2.2 – Segunda Etapa – Leitura Técnica e Comunitária da Realidade Municipal

A segunda etapa correspondeu ao diagnóstico compreendendo o levantamento e

estruturação de todos os dados necessários à perfeita compreensão da realidade municipal.

Resulta da síntese entre a leitura técnica feita pelos diversos especialistas envolvidos no

processo e a leitura comunitária elaborada a partir das oficinas participativas, detalhadas neste

Page 53: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

53

documento, com identificação dos pontos negativos, ou problemas, e dos pontos positivos, ou

potenciais relacionados com o desenvolvimento municipal.

5.2.2.1 – Leitura técnica

Foram retirados do Relatório da Leitura Técnica apenas as informações relacionados

aos fatores sócio-ambientais do Município de Colinas do Tocantins.

I – Aspectos Históricos do Município de Colinas do Tocantins

O Município de Colinas do Tocantins localiza-se na 5ª Meso-região Ocidental do

Tocantins e a cidade é sede da 6ª Região Administrativa do Estado. Com a abertura da BR-14

Belém-Brasília (hoje BR-153) houve grande afluência de pessoas, vinda de diversas partes do

país para o recém iniciado povoado de Colinas de Goiás, popularmente denominada de “Nova

Colina”, á procura das boas e baratas terras da região, também, de espaço comercial e

empregos.

.

Figura 02: Foto da abertura da Belém-Brasília. s/d Foto: Cortesia de Léa Sayão.

Page 54: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

54

Marcada a data de 21 de abril de 1960 para a inauguração de Brasília, já em janeiro

do mesmo ano o Prefeito José Cirilo de Araújo, de Tupiratins, sede do município do qual

Colinas se desmembraria mais tarde, acertou com a liderança política a fundação, naquele

mesmo dia, de uma nova cidade nas planícies elevada à margem do Ribeirão Capivara.

O local foi escolhido pelo Senhor Martinho Pereira Rodrigues, que apresentou as

reais vantagens da criação de um povoado naquele planalto com amplas possibilidades de

planejar uma cidade moderna.

Em 21 de abril de 1960, quando o país festejava a inauguração de Brasília como a

nova capital do país, José Cirilo começava a distribuição de lotes urbanos da então Colinas de

Goiás, que o povo passou a chamar de “Nova Colina”.

Aproveitando a rodovia Belém-Brasília como sua avenida principal, denominada de

Bernardo Sayão, José Cirilo de Araújo traçou, em largas avenidas e grandes praças, o Plano

Diretor de uma grande e moderna cidade, situada à margem direita do rio Capivara, entre os

seus afluentes Capivarinha e Marajá, ao sul, e Gameleira, ao norte. A partir da inauguração, a

irmã-gêmea de Brasília, não parou de receber novos moradores, que passavam a ocupar,

desordenadamente, suas terras rurais e seus lotes urbanos.

Em 02 de abril de 1962, a Lei Municipal nº 26, do Município de Tupiratins, Estado

de Goiás, elevou o povoado de Nova Colina à categoria de Vila/ Distrito, com o nome de

Colinas de Goiás. Em seguida, foi realizado um Plebiscito na comunidade com objetivo de

emancipar o Município, com contribuição significativa de Raul do Espírito Santo e Raimundo

Doirado. Por força de Lei nº 4.707, de 23 de outubro de 1963, Colinas de Goiás é elevada a

município autônomo.

Em 01 janeiro de 1964 é então instalado o Município de Colinas de Goiás e o Senhor

Raul do Espírito Santo foi nomeado primeiro Prefeito da cidade. O primeiro Prefeito eleito foi

Page 55: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

55

o Senhor José Cirilo de Araújo nas eleições de 1965. Em 1969, foram realizadas novas

eleições, sendo o segundo Prefeito eleito de Colinas de Goiás o Senhor Pedro Ferreira Neto.

José Wilson Siqueira Campos, industrial de porte médio em Capinas, Estado de São

Paulo, comprara 22 mil alqueires de terras de José da Silva Araújo, João Afonso Borges e

outros proprietários da fazenda Vale das Cunhãs e naquele ano, iniciou a abertura de sua

fazenda e passou por amizade a José Cirilo de Araújo a participar da vida da comunidade.

Elegendo-se Vereador mais votado, em 03 de outubro de 1965 e, empossado, eleito Presidente

da Câmara de Vereadores a 1º de fevereiro de 1966. Naquele dia fez, de forma solene, o

histórico compromisso de lutar pela criação do Estado do Tocantins.

Com a sua luta, Siqueira Campos contribuiu, de forma decisiva, para o progresso de

Colinas de Goiás, que passou a ter destacada presença dentre os Municípios da região. Em

1970 é levado à Câmara Federal, como 2º mais votado da Arena de Goiás. De fato, graças à

determinação e competência do Constituinte nortense, antigo Vereador de Colinas de Goiás, o

Estado do Tocantins foi criado, com a promulgação da Carta Magna de 05 de outubro de

Figura 03: Entorno do Mercado Municipal Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Colinas do Tocantins

Page 56: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

56

1988. Com a criação do Estado do Tocantins, a Assembléia Legislativa, por Decreto

Legislativo nº 01/89, de 01 de janeiro de 1989, no Artigo 4º, alterou o nome do Município de

Colinas de Goiás para Colinas do Tocantins.

II – Aspectos Geográficos do Município de Colinas do Tocantins

O Município de Colinas do Tocantins, com 843,84 km² e densidade demográfica de

30 hab/km², situa-se na Meso-região Ocidental do Tocantins, Micro-região de Araguaína, de

acordo com a regionalização do Brasil realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE.

A região de Colinas do Tocantins possui uma densidade demográfica maior do que a

média estadual, 5,30 hab/km² e regional 4,70 hab/km², respectivamente. A densidade

demográfica do município, 33,16 hab/km².

Limita-se ao norte com Nova Olinda e Bandeirantes do Tocantins; a leste com

Palmeirante e Tupiratins; ao sul com Presidente Kennedy e, a oeste, com Bandeirantes do

Tocantins. A distância rodoviária até Palmas, capital do Estado, é de 274 km.

Tabela 1: Região de Influência de Colinas do Tocantins/ População, Área Territorial e Densidade Demográfica, por Município, Região e Estado

Municípios População 2005*

População 2007**

População 2008***

Área ( km²) ****

Densidade Demográfica

(hab/km²)

Arapoema 6.699 6.839 7.034 1.552,21 4,32 Bandeirantes do Tocantins

2.636 2.711 2.791 1.672,32 1,58

Bernardo Sayão

4.699 4.518 4.648 926,884 5,07

Brasilândia do Tocantins

2.058 2.119 2.183 641,464 3,21

Colinas do Tocantins

27.984 29.298 30.190 843,84 33,16

Couto de 3.960 4.887 5.035 1.585,77 2,5

Page 57: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

57

Magalhães Itaporã do Tocantins

1.814 2.989 3.080 918,916 1,97

Juarina 2.617 2.141 2.200 481,046 5,44 Pau D’Arco 4.635 4.767 4.909 1.300,97 3,56 Pequizeiro 5.407 4.799 4.940 1.209,80 4,47 Presidente Kennedy

3.878 3.680 3.785 770,418 5,03

Tupiratins 1.455 2.007 2.072 895,302 1,63

Região 12.798,94 5,3

Tocantins 277.620,91 4,7 Fonte: Dados Básicos do IBGE - Censo 2000 * IBGE – Estimativa de População 2005; ** IBGE – Estimativa de População 2007; *** IBGE – Estimativa de População 2008 **** IBGE - Resolução nº 05 de 10/10/2002 DOU nº 198

Pela regionalização do Estado, realizada pela Secretaria do Planejamento e Meio

Ambiente – SEPLAN, visando o planejamento regional, o município de Colinas foi inserido

na Área-Programa Noroeste e Região Administrativa VI – onde se situam, ainda, os

municípios de Arapoema, Bandeirantes do Tocantins, Bernardo Sayão, Brasilândia do

Tocantins, Couto de Magalhães, Itaporã do Tocantins, Juarina, Pau D’Arco, Pequizeiro,

Presidente Kennedy e Tupiratins.

A economia da região é tradicionalmente voltada para a pecuária, principalmente

para a cria e engorda de gado de corte.

III – Aspectos Sociais

Colinas do Tocantins encontra-se em 9º lugar entre os municípios do Tocantins no

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, elaborado pelo Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento - PNUD, constantes do Atlas do Desenvolvimento Humano no

Brasil, que é a melhor colocação dos municípios da região, enquanto que no total do Estado,

Palmas ocupa a 1ª colocação e Carrasco Bonito a última 139ª.

Page 58: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

58

Segundo a classificação do PNUD, o município de Colinas do Tocantins com o IDH-

M de 0,739, está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH entre

0,5 e 0,8).

Colinas do Tocantins é a 6ª maior cidade do estado, teoricamente com melhores

condições de orçamento para enfrentar os seus problemas sociais. O município apresenta o

maior grau de urbanização da região com 95% de sua população residindo na zona urbana

contra 74% na média regional e 74% do Estado. Trata-se, portanto, de um município

eminentemente urbano.

Tabela 2 – Grau de Urbanização - Município, Região e Estado, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000

Fonte: Dados Básicos do IBGE. - Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000; Contagem Populacional 1996

IV - Ocupação e Uso do Território

A área urbana do município foi parcelada pelo poder público na fundação da cidade e

nas primeiras expansões, quando a cidade passa a expandir-se através dos loteamentos

Grau de Urbanização (%) Municípios 1970 1980 1991 1996 2000

Arapoema 17 17 49 59 78 Bandeirantes do Tocantins - - - - 54 Bernardo Sayão - - 32 43 44 Brasilândia do Tocantins - - 45 52 63 Colinas do Tocantins 54 78 91 93 95 Couto de Magalhães 22 24 32 46 42 Itaporã do Tocantins 29 31 36 49 61 Juarina - - - 39 49 Pau D’Arco - - 54 53 63 Pequizeiro - - 53 63 50 Presidente Kennedy 18 17 39 80 83 Tupiratins - - 32 58 53 Região 31 39 60 70 74 Tocantins 25 40 60 70 74

Page 59: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

59

particulares. Nos anos recentes o poder público passa a parcelar o solo visando o

assentamento de população de baixa renda.

Dos loteamentos particulares somente o Setor Campinas é que não está regularizado.

Os parcelamentos públicos não regularizados são: Santa Rosa II, Vila São João, Araguaia II,

Sol Nascente, Santo Antônio II e o Bela Vista.

Como foi visto, no processo histórico de fundação da cidade, ela nasceu da iniciativa

de lideranças regionais, mais precisamente do município de Tupiratins, que providenciaram o

projeto de parcelamento de uma gleba às margens da Rodovia Belém-Brasília, na época em

implantação.

O sítio escolhido é plano, situado entre os córregos Sinhá e Marajá, já transpostos

com a expansão urbana mais recente, e próximo ao rio Capivara, hoje divisa do município

com Palmeirante.

Toda a malha urbana decorrente da expansão do núcleo original é constituída de

quadras retangulares e simétricas, com um sistema viário em xadrez bem regular.

Surpreendentemente, os vários loteamentos implantados no final da década de 70 e após anos

80 não se preocuparam com a conexão com a malha existente, criando alguns pontos de

estrangulamento e dificuldades de ligação dos bairros ao centro da cidade.

Page 60: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

60

Figura 04: Vista Parcial de Colinas do Tocantins Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 05: Cruzamento das Av. Bernardo Sayão e Pedro Ludovico Teixeira Foto: Cortesia de Waisten Batista

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V - Meio Ambiente

Os problemas ambientais existentes no município de Colinas do Tocantins é fruto da

ocupação que ocorreu desde o inicio de sua criação. Com o crescimento a cidade avançou

sobre as Áreas de Preservação Permanente (APP) ocorrendo assim um processo crescente de

degradação. A urbanização ao transpor os córregos Bacabinha e Marajá causou sérios

problemas a essas duas Bacias Hidrográficas.

A microbaçia do Córrego Bacabinha tem sofrido seguidas agressões como nascente

totalmente desmatada, assoreamento, constante presença de lixo em suas margens, esgotos

lançados em seu leito, constantes queimadas no que restou de sua mata ciliar e além de todos

esses problemas um se torna mais agravante que é o avanço das residências do setor oeste sob

a nascente do córrego.

Figura 06: Regressa do Córrego Bacabinha Foto: Acervo da Autora

Page 62: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

62

A bacia do Córrego Sinhá talvez seja a que possua uma degradação ambiental mais

difícil de reverter, pois sua nascente esta totalmente comprometida, além do desmatamento, o

córrego sofre forte agressão devido o lixão estar localizado muito próximo a sua jusante,

comprometendo de certa forma o lençol freático, no seu percurso o Sinhá enfrenta várias

ações antrópicas, represas são construídas alterando seu curso, ausência de mata ciliar,

assoriamento e descarga de resíduos vindos do matadouro municipal, curtume e laticínio,

esses últimos, lançam no seu leito vários tipos de efluentes nocivos á saúde humana, como

também a fauna e a flora.

A bacia do Córrego Marajá é a que está com setenta por cento de sua fauna e flora

preservadas, ou seja, há uma constante presença de mata ciliar e nascente preservada.

A ausência de uma de rede de drenagem pluvial causa sérios problemas que vão

desde erosões em ruas e avenidas ao assoreamento de córregos e lagos.

Figura 07: Regressa do Córrego Bacabinha Foto: Acervo da Autora

Page 63: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

63

Localizado em uma área inadequada e distante aproximadamente três quilômetros da

cidade o lixão tornou-se um problema sério ao meio ambiente local, devido proximidade ao

córrego Sinhá. O lixão recebe resíduos de toda cidade, essa forma de condicionamento de

Figura 08: Erosão no Bairro Santa Rosa I Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 09: Erosão no Bairro Santa Rosa II Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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resíduos sólidos provavelmente deve estar contaminando o solo, subsolo, lençol freático e

nascente próximas ao local. Outro agravante ambiental é a qualidade do ar, devido a

localização de indústrias no lado leste da cidade.

5.2.2.2 Leitura comunitária

De acordo com a metodologia proposta para a elaboração do Plano Diretor Participativo

de Colinas do Tocantins, a etapa de Leitura Comunitária do Município deu-se a partir de duas

instâncias de abordagem e com dois níveis de participação da sociedade.

A primeira instância tratou-se da identificação das questões estratégicas do

desenvolvimento municipal: as oportunidades e as ameaças existentes no contexto e os

problemas e as potencialidades verificados na realidade local. A segunda instância tratou-se

do levantamento das demandas sociais existentes na área urbana e rural, bem como da

expectativa sobre o futuro da comunidade local: bairro, vila, assentamento rural, etc.

PRIMEIRA INSTÂNCIA

Os trabalhos foram desenvolvidos sob a coordenação das equipes da Prefeitura e da

SEPLAN, utilizando a técnica de oficina de planejamento, com atores representativos de toda

a sociedade, constituindo o Conselho de Acompanhamento e Avaliação do Plano, previsto na

metodologia utilizada. A participação nas oficinas, entretanto, foi aberta a todos os cidadãos

interessados.

Page 65: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

65

O Conselho de Acompanhamento e Avaliação do Plano foi composto por

representantes da sociedade organizada e foram realizadas três etapas de oficinas de

planejamento:

o Uma para identificar e discutir as oportunidades e as ameaças existentes

no contexto e as potencialidades e os problemas verificados na realidade local;

o Uma para discutir os cenários alternativos do contexto e construir o

cenário desejado para o município e a cidade;

o Uma para trabalhar as linhas estratégicas, os programas e as ações a

serem desenvolvidas.

Foram realizadas duas audiências públicas:

o Uma para discutir e aprovar o resultado da leitura comunitária sobre o

levantamento dos problemas e potencialidades;

o Uma para discutir e aprovar as proposta elaboradas nas oficinas de

planejamento sobre as propostas da cidade desejada.

SEGUNDA INSTÂNCIA

A segunda instância tratou-se do levantamento das demandas sociais existentes na

área urbana e rural, bem como da expectativa sobre o futuro da comunidade local: bairro, vila,

assentamento rural, etc.

Os trabalhos foram desenvolvidos utilizando a técnica de reuniões comunitárias,

dirigidas e coordenadas pelas equipes técnicas da Prefeitura e SEPLAN, com representantes

Page 66: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

66

dos moradores de bairros, vilas, assentamentos rurais, etc. O convite foi feito de forma ampla,

com participação garantida a todos os moradores da área geográfica delimitada.

Cada grupo discutiu e levantou os aspectos positivos e negativos do bairro, ou seja,

os problemas e potencialidades em todas as dimensões: sociais, culturais, ambientais,

territoriais, econômicas e infra-estruturais. Discutiram e refletiram também sobre as

expectativas de futuro (visão de futuro) e fizeram as priorizações das questões levantadas. A

participação foi de forma espontânea e livre.

Foram realizadas reuniões comunitárias na zona urbana (englobando todos os

bairros) e zona rural. Será demonstrada a sistematização dos relatórios das discussões em

grupo dos bairros: Vila São João, Bairros Santo Antonio I e II, Bela Vista I e II, São

Cristóvão, Setor Sul, Santa Rosa I e II, Santa Maria, Setor Campinas, Sol Nascente, Novo

Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte e nos assentamentos: NPA Real I e II.

REUNIÃO COMUNITÁRIA NA VILA SÃO JOÃO

Figura 10 - Reunião comunitária com moradores da Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 11 - Reunião comunitária com moradores da Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Page 67: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Melhoria do acesso à vila União – pavimentação, arborização e iluminação

Mudança do nome do bairro

Iluminação pública Pavimentação de vias, meio fio e calçadas Substituição das habitações de risco Regularização fundiária

Todas as vias pavimentas e sinalizadas Transporte coletivo Moradia digna para todos Rede de coleta de águas pluviais Rede de coleta e tratamento de esgoto Ocupação dos espaços vazios

Implantação do EJA Cursos profissionalizantes

Melhoria física e de equipamentos do Posto de Saúde – ambulância e atendimento odontológico

Quadra de esporte polivalente Espaços para a prática do esporte e lazer

Programa social voltado para as crianças de rua e infratoras Apoio à 3ª idade

Segurança pública – posto policial

Ampliação da horta comunitária Ampliação das oportunidades de emprego

Maior presença do poder público e valorização do processo participativo

Tabela 3 – Prioridades e Visão de Futuro – Vila São João Fonte: Prefeitura Municipal

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 12 - Posto de Saúde da Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 13 - Igreja localizada na Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Page 68: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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REUNIÃO COMUNITÁRIA NOS BAIRROS SANTO ANTÔNIO I e I I, BELA VISTA I e II e SÃO CRISTOVÃO

Figura 14 – Escola Municipal - VSJ Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 16 – Residência Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 18 - Reunião comunitária representando os bairros Santo Antonio I e II Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 19 - Reunião comunitária representando Bela Vista I e II e São Cristovão Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 15- Estabelecimento comercial na Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 17 - Unidade habitacional do Programa PSH construída na Vila São João Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Page 69: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Energia Elétrica no Santo Antônio II Iluminação pública Pavimentação das ruas principais Travessia com segurança da BR-153 – faixa de segurança, passarela Abastecimento com água tratada Melhoria dos serviços de coleta do lixo Melhoria das habitações Regularização fundiária Espaço apropriado para a comercialização de comidas típicas e artesanatos no Posto 1000

Todas as ruas e avenidas pavimentadas com meio fio e calçadas Ciclovia Saneamento básico Transporte coletivo Ocupação dos espaços vazios, públicos e privados Ampliação das oportunidades de emprego e renda Habitação digna para todos Feira coberta

Programa social para atender crianças e adolescentes de rua e os idosos Segurança pública – posto policial Prostituição e drogas no Posto 1000 Melhoria no atendimento médico Atendimento odontológico Ampliação das vagas na creche

Áreas de lazer com parque infantil, quadras de esportes e campo de futebol Cursos profissionalizantes e de informática

Eliminação dos odores do curtume Maior presença do poder público Tabela: 4 – Prioridades e Visão de Futuro – Santo Antônio I e II, Bela Vista I e II e São Cristóvão Fonte: Prefeitura Municipal

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 20 - Barracas de alimentação as margens da BR 153, Bairro Santo Antônio Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 21 - Posto Mil, localizado as margens da BR 153 no Bairro Santo Antônio Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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REUNIÃO COMUNITÁRIA NO SETOR SUL

PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Concluir a implantação da rede de energia elétrica Iluminação pública Melhoria e ampliação dos acessos ao bairro Pavimentação de ruas Melhoria das habitações Telefonia pública Degradação do córrego Marajá

Transporte coletivo Todas as ruas do bairro pavimentadas, meio fio e calçadas e sinalizadas Ciclovia Rede de captação de águas pluviais Rede de coleta e tratamento de Esgotos Ocupar os espaços vazios Ampliação das oportunidades de emprego e renda

Melhoria dos serviços de saúde e odontológico – prédio do posto de saúde Consumo de bebida alcoólica por jovens Segurança pública

Ensino de 2º Grau Equipamentos de esportes, lazer e parque para as crianças

Figura 22 - Conjunto habitacional construído através do Habitat Brasil Bairro Bela Vista Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 23 - Creche Municipal Estrelinha – que atendo aos bairros Santo Antônio I e II e Bela Vista Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 24: Reunião Comunitária. Setor Sul Fonte: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 25: Reunião Comunitária. Setor Sul Fonte: Cortesia de Erivelton S. Costa

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Capacitação dos professores Ampliação da escola Construção de uma creche Biblioteca pública municipal Inclusão digital para os jovens Tabela: 5 – Prioridades e Visão de Futuro – Setor Sul Fonte: Prefeitura Municipal

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

REUNIÃO COMUNITÁRIA NOS SETORES SANTA ROSA I e II e SANTA MARIA

Figura 26 - Rua pavimentada localizada no Setor Sul Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 27 - Ponto comercial localizado no Setor Sul Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Terreno baldio localizado no Setor Sul Fonte: Erivelton

Ponte sobre canalização do córrego Bacabinha Fonte: Erivelton

Figura 28 - Reunião comunitária com moradores dos Setores Santa Rosa I e II e Santa Maria Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 29 – Grupo de Discussão na reunião comunitária com moradores dos Setores Santa Rosa I e II e Santa Maria Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Page 72: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Pavimentação de ruas Melhoria e ampliação dos acessos aos bairros Iluminação pública Energia elétrica no Santa Rosa II Regularização fundiária Limpeza urbana Melhoria nos serviços de coleta do lixo Poluição e assoreamento dos córregos Bacabinha e Marajá Implantação de uma horta comunitária

Ciclovia Rede de captação de águas pluviais Rede ce coleta e tratamento de esgotos Todas as avenidas e ruas pavimentas, com meio fio, calçadas, iluminação pública e sinalização Moradias dignas para todos Lavanderia pública Preservação ambiental

Melhoramento e ampliação do atendimento médico – qualificação dos profissionais de saúde Atendimento odontológico Segurança pública Programa social voltado para crianças e adolescentes – prostituição, furtos e uso de drogas Aplicação do código de posturas Transporte escolar Inclusão digital Melhorar a biblioteca

Ensino médio Instalação de farmácia popular Equipamentos de esportes, lazer e recreação Maior presença do poder público

Tabela: 6 – Prioridades e Visão de Futuro – Setor Rosa I e II e Santa Maria Fonte: Prefeitura Municipal

Reunião Comunitária Setor Campinas

Figura 30 - Reunião comunitária com moradores dos Setores Campinas Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 31 - Reunião comunitária com moradores dos Setores Campinas Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Pavimentação de ruas Iluminação pública Melhorar os serviços de limpeza pública Arborização do bairro Conclusão da praça São Lucas Resolver o problema do odor do curtume Melhorara as condições de mobilidade dos portadores de necessidades especiais Melhorar as habitações

Rede de drenagem das águas pluviais Pavimentação de todas as ruas, com meio fio e calçadas, iluminação pública e sinalização Vias marginais à BR-153 Equipamentos de esportes, lazer e recreação Resolver o problema das nascentes dentro das quadras, preservando o meio ambiente Habitação digna para todos Ocupação dos vazios urbanos Programas de preservação ambiental

Programas sociais voltados para as crianças e adolescentes Ampliação das escolas municipais Melhoria dos serviços de saúde Melhorara a pista de motocross Aplicação do código de posturas

Tabela: 7 – Prioridades e Visão de Futuro – Setor Campinas Fonte: Prefeitura Municipal

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 32 – Hospital Municipal Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 34 – Coletoria Estadual Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 35 - Igreja Presbiteriana Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 33 - O Setor Campinas conta também com uma academia Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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REUNIÃO COMUNITÁRIA NOS SETORES SOL NASCENE, NORTE E DOIRADO

PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Pavimentação de ruas Iluminação pública Melhoria das habitações e instalações sanitárias Regularização fundiária Melhorar os serviços de limpeza urbana – programa de conscientização da população

Habitação digna para todos Todas as avenidas e ruas pavimentadas, calçadas, meio fio e iluminação pública Rede de captação de águas pluviais Ocupação dos vazios urbanos Ampliação das oportunidades de trabalho e renda Recuperação e preservação do córrego Sinhá

Melhorar os serviços dos agentes de saúde Mudança do posto de saúde Melhorar a estrutura do CCI Profissionais de apoio social Ampliação de vagas na creche Fortalecimento da Rede de Apoio à Criança e ao Adolescente – RACA Segurança pública

Ensino médio Cursos profissionalizantes Colégio Integral Equipamentos de esporte, lazer e recreação

Melhorar os serviços de fiscalização Tabela: 8 – Prioridades e Visão de Futuro – Setores Sol Nascente, Alvorada, Doirado e Norte Fonte: Prefeitura Municipal

Figura 36 - Reunião comunitária com moradores dos Setores Sol Nascente, Alvorada, Doirado e Norte Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 37- Reunião comunitária com moradores dos Setores Sol Nascente, Alvorada, Doirado e Norte Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

REUNIÃO COMUNITÁRIA NOS BAIRROS NOVO PLANALTO, ARAG UAIA I e II E NOVO HORIZONTE

PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Pavimentação de ruas Iluminação pública Melhoria das habitações e unidades sanitárias Regularização fundiária Resolver o problema das famílias que moram debaixo do linhão

Todas as ruas pavimentadas, com meio fio, calçadas, sinalizadas e arborizadas Rede de captação de águas fluviais Saneamento básico Implantar coleta seletiva e reciclagem do lixo Transporte coletivo

Figura 38 - Creche municipal localizada no Setor Sol Nascente Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 39 – Igreja Sol Nascente Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 40 - Reunião comunitária com moradores dos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 41 - Reunião comunitária com moradores dos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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Limpeza urbana Eliminação do lixão e implantação do aterro sanitário Ampliar a oferta de telefones públicos Sinalização das avenidas e endereçamento

Habitação digna para todos Ocupação dos vazios urbanos Criar praças e áreas verdes Recuperação do córrego Sinhá Resolver o problema das nascentes existente nas quadras, preservando o meio ambiente

Construir creches Segurança pública – posto policial e ronda Melhorar e ampliar o atendimento médico no posto de saúde Assistência odontológica Programas sociais voltados para as crianças e adolescentes Centro de apoio às mulheres para o trabalho

Ampliar as possibilidades de trabalho e renda Ampliação dos cursos e melhoria na infra-estrutura da FECOLINAS Ensino médio Equipamentos de esporte, lazer e recreação

Aplicação do código de posturas Resolver o problema do mau cheiro do curtume

Aumentar a presença e a atuação do poder público Fortalecer o processo participativo Implantar unidade do corpo de bombeiros

Tabela: 9 – Prioridades e Visão de Futuro – Setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte Fonte: Prefeitura Municipal

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 42 - Prédio da Fiesc Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 43 - Falta de pavimentação das ruas dos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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REUNIÃO COMUNITÁRIA NO SETOR RODOVIÁRIO

PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Pavimentação e manutenção de ruas Rede elétrica em residências e na rua Juiz de Fora Construção de meio fio em ruas já pavimentadas Nomenclatura de ruas e endereçamento Telefones públicos Limpeza urbana

Integração com o bairro Santa Rosa, transposição do córrego Marajá Pavimentação, meio fio, calçadas, arborização e iluminação pública Rede de coleta e tratamento de esgotos Revitalização do córrego Marajá Trevo de acesso sul à cidade

Segurança pública Construção de creche Melhorar e ampliar o atendimento médico e

Equipamentos de esportes, lazer e recreação Quadra de esportes na escola Cursos Profissionalizantes

Figura 44 - Escola Municipal Pedro Ludovico, que atende alunos dos setores Novo Planalto, Araguaia I e II, Novo Horizonte Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 45 - 3º CIPM – atende o município de Colinas e cidades circunvizinhas Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figuras 46: Reunião comunitária com moradores do Setor Rodoviário: Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figuras 47: Reunião comunitária com moradores do Setor Rodoviário: Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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odontológico no posto de saúde Melhorar o fornecimento de medicamentos Centro de inclusão digital Ampliar o programa de horta comunitária Programa e casa de apoio ao idoso Programa e casa de apoio à mulher Programas sociais voltados para as crianças e adolescentes

Ampliação das oportunidades de trabalho e renda

Maior presença do poder público Processo participativo reforçado Tabela: 10 – Prioridades e Visão de Futuro – Setores Rodoviário Fonte: Prefeitura Municipal

REUNIÃO COMUNITÁRIA NPAII - RURAL

PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO Assistência técnica continuada Melhoria das habitações Energia elétrica em todos os lotes Abrir novos acessos e manutenção das vicinais Acesso aos financiamentos agrícolas Maior presença do poder público municipal Apoio para realizar a correção de solo Apoio para a mecanização Regularização fundiária Telefone público

Fortalecimento de bacia leiteira Realizar plano de desenvolvimento agrícola do assentamento – zoneamento da área Diversificação da produção – lavouras, piscicultura, apicultura e agroindústrias Pavimentação do acesso à rodovia Assistência e apoio para a criação de uma cooperativa Transporte regular para a cidade

Cursos profissionalizantes Melhoria do transporte escolar Implantar atendimento médico no PA

Equipamentos de esporte e lazer

Tabela: 11 – Prioridades e Visão de Futuro – Núcleo de Produção Agrícola Fonte: Prefeitura Municipal

Figuras 48: Reunião comunitária com moradores Núcleo de Produção Agrícola Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figuras 49: Reunião comunitária com moradores Núcleo de Produção Agrícola Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 50 – Igreja NPA Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 52 - Reunião comunitária com moradores do Assentamento PA - Real Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 53 - Associação de Moradores do Assentamento PA - Real Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 54 - Escola utilizada por alunos Moradores do Assentamento PA - Real Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figura 51 - Banheiro utilizado pelos alunos do NPA e rede de alta tensão que passa por cima de parte do NPA Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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REUNIÃO COMUNITÁRIA PROJETO REAL I E II

PRIORIDADES VISÃO DE FUTURO

Projeto para a destinação do lixo no Assentamento Assistência técnica mais presente e contínua Manutenção das estradas vicinais Banheiros sanitários e fossas sépticas Telefone público Rede de abastecimento de água Regularização fundiária Horta comunitária

Apoio para a aquisição de máquinas e implementos agrícolas Pavimentação da via principal Pontes e bueiros nas estradas de acesso (córrego Macaco) Estradas de acesso aos lotes Ampliação da rede de energia elétrica Construção do centro comunitário Transporte de mercadorias e pessoas para a cidade Diversificação da produção – apicultura e piscicultura e hortifrutigranjeiro

Crianças fora da escola Implantar o atendimento médico periódico Melhorar e equipar a escola Família Agrícola Assistência aos idosos Cursos de corte e costura e cozinha alternativa

Construção de sala para a biblioteca e informática Posto de saúde Áreas de lazer e esportes – campo de futebol Escola no assentamento EJA

Tabela: 12 – Prioridades e Visão de Futuro – Real I e II Fonte: Prefeitura Municipal

5.2.3 Terceira Etapa

A terceira etapa cuidou da elaboração de propostas visando à correção dos problemas

e o desenvolvimento dos potenciais do município. Parte da seleção e pactuação de temas

prioritários foram acordados entre os diversos agentes e segmentos da sociedade local que

participaram do processo e teve como produto diretrizes e propostas de intervenção,

espacializadas no território municipal e traduzidas nos instrumentos de política urbana

previstos no Estatuto da Cidade.

Para um melhor entendimento acerca dos problemas levantados quando do processo

de planejamento do Plano Diretor, ainda na primeira oficina, optamos por sistematizar os

dados em categorias, a saber, com relação ao município, foi subdividido em problemas e

potencialidades, e em relação ao contexto subdivididos em ameaças e oportunidades,

conforme listados a seguir.

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MUNICÍPIO PROBLEMAS SOCIAIS

o Dificuldades de acesso das pessoas de baixa renda ao ensino superior; o Falta formação profissional de nível técnico; o Quadro docente do 3º Grau sem pós-graduação - doutorado e PHD; o Faculdade paga; o Falta de estrutura na educação da zona rural; o Famílias nos bairros sem acesso ao ensino infantil e creches; o Creches existentes mal equipadas; o Pouco investimento no esporte amador - escolinha municipal para formação de base esportiva

(natação, vôlei, basquete, futebol, etc); o Falta de espaço cultural; o Faltam oportunidades de lazer e recreação nos bairros e na zona rural; o Prostituição em grande escala e incidência doenças sexualmente transmissíveis; o Estrutura precária na área de saúde e baixa oferta de especialidades médicas; o Crianças e adolescentes fora da rede de proteção e sem atendimento social; o Apoio e acompanhamento insuficientes às crianças necessitadas em todas as classes sociais; o Falta de estrutura física e apoio das Secretarias Municipais para os Conselheiros Tutelares; o Falta de fiscalização por parte da vigilância sanitária no controle dos produtos alimentícios; o Falta de efetivo nas polícias e maior compromisso com a segurança pública; o Violência urbana; o Falta de conhecimento da comunidade para lutar por melhores condições de vida, resultando em

pouca atuação das entidades organizadas; o Falta de espaço para acolher a população flutuante (casa de passagem); o Falta do PROCOM;

PROBLEMAS AMBIENTAIS o Meio ambiente pede “socorro” - matas, córregos, rios e suas nascentes não estão sendo

protegidas; o Falta de cumprimento das Leis ambientais (fazendas, Indústrias, postos de combustíveis, etc.); o Pouco aproveitamento dos recursos naturais; o Falta de galerias para captação de águas pluviais; o Falta de rede de coleta de esgoto sanitário em grande parte da cidade; o Falta de banheiros e sanitários adequados nos bairros de baixa renda; o Falta de coleta seletiva do lixo e de aterro sanitário; o Falta de local e ações para a seleção e reaproveitamento do lixo; o Queimadas, desde o lixo doméstico, lotes baldios até em grande escala; o Pouca arborização na cidade; o Problemas ambientais no lixão, matadouro, curtume e fábrica de queijo.

PROBLEMAS ECONÔMICOS o Desemprego; o Falta de política e incentivos para atrair indústrias e geração de emprego e renda; o Falta de incentivo ao comércio - comércio insuficiente; o Atendentes e funcionários do comércio mal qualificados; o Informalidade dos camelôs; o Falta de apoio aos feirantes da Rua 3; o Alto índice de mortalidade das empresas devido à falta de capacitação dos empreendedores; o Artesanato sem apoio e espaço apropriado; o Calendário de feiras-livres inadequado e sem a inclusão do artesanato e produção artística; feira

do produtor; o Abandono da produção de frutas (o município já foi grande produtor de banana na década de

70); o Mercado da pecuária de corte monopolizado por um único frigorífico; o Monocultura da pecuária bovina; o Baixa produção da agricultura (de subsistência); o Faltam alternativas de produção; o Deficiência no acompanhamento e assistência técnica ao produtor rural; o Falta de divulgação da Escola Família Agrícola – EFA; o Falta de um centro de formação profissional;

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o Produtor rural sem qualificação profissional; o Ausência de mão-de-obra qualificada, principalmente na área da agropecuária e com cursos

profissionalizantes, como pedreiro, encanador, eletricista, etc; o Desinteresse e dificuldades de locomoção da comunidade rural para se capacitar; o Ausência de órgão do Ministério do Trabalho e centro de apoio para resolver problemas

trabalhistas; o Falta de oportunidades de inclusão (trabalho) para as pessoas portadoras de necessidade

especiais; o Falta abertura e conservação de estradas vicinais, construção de pontes e estradas de acesso aos

lotes rurais.

PROBLEMAS DE USO DA TERRA E INFRA-ESTRUTURA o Uso intensivo das avenidas Pedro Ludovico e Bernardo Sayão devido à falta de anel viário; o Degradação do centro da cidade (patrimônio histórico, poluição visual e sonora); o Ocupação e usos inadequados de terrenos (curtume, Setor Sol Nascente, trevo do posto 1000); o Localização inadequada de indústrias, camelôs e feira; o Impermeabilização excessiva dos solos; o Falta local adequado para a comercialização de produtos agrícolas e artesanatos; o Falta área para a localização de indústrias e equipamentos de grande porte; o Falta de aeroporto homologado pelo DAC; o Especulação imobiliária; o Cemitério em local inadequado, em saturação e sem locais para velórios; o Falta pavimentação e manutenção com qualidade nas ruas e avenidas da cidade; o Dificuldade de mobilidade na Av. Pedro Ludovico Teixeira; o Falta de acessibilidade urbana para os portadores de necessidades especiais; o Trânsito desordenado e sem sinalização vertical e horizontal; o Acessos à cidade (na BR-153) não sinalizados, inadequados, mal dimensionados e inseguros; o Grande déficit habitacional, quantitativo e qualitativo; o Segregação espacial e desigualdade social (formação de bairros com população de baixa renda); o Falta de rede de energia elétrica em bairros periféricos.

PROBLEMAS INSTITUCIONAIS o Falta de planejamento; o Falta de continuidade administrativa – interrupção de programas e projetos de gestões

anteriores; o Falta de municipalização do trânsito; o Falta de regularização dos lotes urbanos e rurais (taxas altas); o Falta de consolidação de bairros através de leis.

Tabela 13: Sistematização dos dados obtidos: problemas apontados no município de Colinas do Tocantins. Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

O MUNICÍPIO POTENCIALIDADES

o Ampliação dos cursos universitários - centro de ensino e referência educacional; o Serviços de saúde (pólo regional de saúde); o Existência do poder judiciário; o Existência de órgãos estaduais; o Eventos de negócio e culturais (Festejos, Boi no rolete, Festas juninas e Religiosas, Fecoart,

Fenecol e Feira Agropecuária); o Existência de rádios (AM e FM); o Condições favoráveis para a produção de grãos, frutas, mandioca, pecuária de corte e bacia

leiteira; o Localização estratégica na malha viária estadual e nacional – entroncamento da TO-335 com a

BR-153 e próximo à ferrovia Norte Sul (futuro porto seco); o Localização futura de agroindústrias e grandes armazéns produzindo, beneficiando e exportando

através da ferrovia Norte Sul; o Forte tendência de ser uma cidade prestadora de serviços (comércio atacadista e de varejo,

feiras culturais, lazer, esportes, educação e saúde). Tabela 14: Sistematização dos dados obtidos: potencialidades apontados no município de Colinas do Tocantins. Fonte: Dados da pesquisa, 2008

Page 83: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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O CONTEXTO AMEAÇAS

o Retração do mercado externo – Febre aftosa e febre aviária; o Câmbio (valorização do real em relação ao dólar); o Sul do Pará – integração e criação do Estado de Carajás; o Expansão da soja, pastagens degradadas; o Serviços de Saúde do Pará é deficiente sobrecarregando Colinas e o Estado; o Falta ou ineficiência das Barreiras sanitárias; o Perca da Biodiversidade; o Sistema rodoviário estadual e regional sem alternativas; o Ausência de política agrícola com garantia de preços mínimos adequados; o Altas taxas tributárias; o Falta de subsídios para a agricultura.

O CONTEXTO OPORTUNIDADES

o Sistema viário - Ferrovia Norte Sul, BR-153, TO-335, porto seco; o Municípios vizinhos (região); o Sul do Pará (integração); o Potencial hídrico (UEH –Hidrovias); o Agricultura comercial – agronegócio (soja, milho, mandioca); o Recursos naturais -região ainda com muitos córregos, matas e rios.

Tabela 15: Sistematização dos dados obtidos: Ameaças e oportunidades. Fonte: Dados da pesquisa, 2008

5.2.4. Quarta Etapa

A quarta e última etapa correspondeu à tradução das diretrizes e propostas

desenvolvidas na etapa anterior em texto legal, acompanhado dos respectivos anexos (tabelas

e mapas), constituindo o Projeto de Lei do Plano Diretor a ser aprovado em Audiência Pública

e encaminhado à Câmara Municipal.

O conteúdo mínimo um Plano Diretor Municipal foi previsto na Resolução nº 34, de

01 de julho 2005, conforme o Decreto nº 5.031, de 2 de abril de 2004, deliberado pelo

Conselho das Cidades.

De acordo com esta Resolução 034/2005:

“Art.1º O Plano Diretor deve prever, no mínimo: I – as ações e medidas para assegurar o cumprimento das funções sociais da cidade, considerando o território rural e urbano; II- as ações e medidas para assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana, tanto privada como pública;

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III- os objetivos, temas prioritários e estratégias para o desenvolvimento da cidade e para a reorganização territorial do município, considerando sua adequação aos espaços territoriais adjacentes; IV- os instrumentos da política urbana previstos pelo art. 42 do Estatuto da Cidade,vinculando -os aos objetivos e estratégias estabelecidos no Plano Diretor.”

Como acima demonstrado o Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins foi

conduzido pela Prefeitura, aprovado pelo Poder Legislativo Municipal e contou com o

envolvimento de toda a sociedade em sua elaboração e implementação, obedecendo as quatro

etapas conforme orientação do Ministério das Cidades.

O Plano Diretor do Município de Colinas do Tocantins – Lei Complementar nº

960/06 foi sancionado em 28 de dezembro de 2006. Tendo atendido o conteúdo mínimo

exigido na Resolução nº 034/2005 do Ministério das Cidades.

As ações e medidas para assegurar o cumprimento das funções sociais da cidade,

considerando o território rural e urbano foram contempladas no Capítulo III da Lei

Complementar nº 960/06 - Plano Diretor - através das linhas estratégicas:

• Do Desenvolvimento Econômico (artigos. 9º, 10, 11, 12 e 13),

• Da Preservação Ambiental ( artigos 14 e 15),

• Do Saneamento Ambiental (artigo 16),

• Da Estruturação e Valorização do Espaço Urbano (artigo 17),

• Da Política Habitacional (artigo 18),

• Da Mobilidade Urbana (artigo 19),

• Da Energia Elétrica, Iluminação Pública e Comunicação (artigo 20),

• Da Educação e da Saúde (artigos 21 e 22),

• Da Assistência Social (artigo 23)

• Da Segurança Pública (artigo 24)

Page 85: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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• Da Gestão Municipal e Urbana ( artigo 25 e 26)

Ressalta-se que as linhas estratégicas e as ações são vinculantes para o setor público

e indicativas para os setores privado e comunitário.

As ações e medidas para assegurar o cumprimento da função social da propriedade

urbana, tanto privada como pública foram contempladas no artigo 6º, ao preceituar que:

“A propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende prioritariamente ao interesse coletivo da sociedade, expresso nesta Lei e na legislação urbanística complementar, como a Lei da Ocupação e Uso do Solo Urbano, Código de Posturas, Código de Obras e Código Tributário”.

A Lei de Uso e Ocupação do Solo e o Código Tributário já foram aprovados e o

Código de Obras e o Código de Postura encontram-se em tramitação na Câmara Municipal.

Os objetivos, temas prioritários e estratégias para o desenvolvimento da cidade e para

a reorganização territorial do município, considerando sua adequação aos espaços territoriais

adjacentes foram inseridos ao longo do texto legal o qual retrata o desenvolvimento urbano

como um processo contínuo de aumento da qualidade de vida e da equidade social, com base

numa economia eficiente e competitiva, aliada à conservação dos recursos naturais e meio

ambiente – § 2º, do artigo 1º, Lei Complementar nº 960/06.

Quanto à reorganização territorial do município os artigos 27 e 28 do Plano Diretor

retratam com clareza e objetividade que:

“ O território municipal será ordenado para atender às funções econômicas e sociais do município, de forma a compatibilizar o desenvolvimento rural e urbano com o uso e a ocupação do solo, os recursos ambientais, a oferta de equipamentos e a circulação de pessoas e bens. Parágrafo único. Para os fins do disposto neste Artigo, o ordenamento do território será efetivado mediante processo de planejamento permanente, do controle e fiscalização da ocupação e uso do solo.

O ordenamento territorial do Município será efetivado mediante:

I - Macrozoneamento;

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86

II - A estruturação das vias de circulação de veículos e pedestres;

III - A preservação do patrimônio histórico, cultural e natural.”

E por fim, os instrumentos da política urbana previstos pelo art. 42 do Estatuto da

Cidade, foram vinculados aos objetivos e estratégias estabelecidos no Plano Diretor conforme

preceitua o artigo 49 deste diploma legal.

“O Poder Público Municipal, de acordo com a legislação federal, estadual e municipal, utilizar-se-á dos seguintes instrumentos para a implementação da política de desenvolvimento sustentável:

I - Instrumentos de planejamento:

a) Plano Plurianual;

b) Lei de Diretrizes Orçamentárias;

c) Lei do Orçamento Anual;

d) Planos, programas e projetos setoriais;

e) Lei de parcelamento do solo urbano;

f) Lei de uso e ocupação do solo urbano;

g) Zoneamento agro-econômico-ecológico.

II - Instrumentos jurídicos e urbanísticos:

a) Servidão Administrativa;

b) Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

c) Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana – IPTU progressivo no tempo;

d) Desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública;

e) Tombamento;

f) Usucapião especial de imóvel urbano;

g) Direito de superfície;

h) Outorga onerosa do direito de construir;

i) Instituição de unidades de conservação;

j) Direito de preferência;

k) Estudos de impacto ambiental.

III - Instrumentos de regularização fundiária:

a) Concessão de uso e direito real de uso;

b) Concessão especial de uso para fins de moradia;

c) Instituição de zonas especiais de interesse social;

d) Assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades menos favorecidas.

IV - Instrumentos Tributários

a) Contribuição de melhoria;

b) Taxas e tarifas públicas.

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V - Instrumentos de democratização da gestão:

a) Conselhos municipais;

b) Gestão orçamentária participativa

§ 1º Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei Complementar e no Estatuto da Cidade - Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001.

§ 2º A implementação da política de desenvolvimento será feita por meio da utilização isolada ou combinada dos instrumentos previstos nesta Lei Complementar..”

O Município de Colinas do Tocantins utilizou os procedimentos e diretrizes

constantes no guia ofertado pelo Ministério das Cidades para construir democraticamente o

seu Plano Diretor. O resultado, formalizado como Lei Municipal, é a expressão do pacto

firmado entre a sociedade e os poderes Executivo e Legislativo.

Page 88: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

88

CAPÍTULO VI

6. PLANO DIRETOR: SUA APLICABILIDADE

Sabe-se que a interpretação de uma norma não deriva apenas da leitura do seu texto,

fazendo-se necessário considerar o contexto no qual se insere a realidade sobre a qual a norma

irá incidir. A experiência brasileira em planejamento urbano demonstrou a ineficácia dos

planos diretores produzidos em gabinetes e sujeitos apenas à influência do mercado

imobiliário.

Não pode ainda deixar de considerar que muitos municípios, por temerem ser

penalizados em razão do não-cumprimento dos prazos previstos em lei, optaram pela adoção

de planos diretores pró-forma, desconsiderando requisitos técnicos mínimos do seu território,

ou até mesmo, chegando ao absurdo de copiar instrumentos de cidades vizinhas,

desconsiderando toda expectativa e avanço institucional no planejamento estratégico das

cidades.

Assim, entendemos que a elaboração do Plano Diretor Municipal deve ser conduzida

em processo permanente de monitoramento, com avaliações e atualizações periódicas, não

podendo ser entendido como apenas um produto pronto e acabado, pois se trata do reflexo dos

problemas e potencialidades de cada município, estando sujeito às transformações do

panorama sócio-econômico, político e ambiental.

À margem da cidade legal, em que se pretende ver cumpridas as regras do

planejamento urbano, cresce de forma acentuada a cidade ilegal, em que não se asseguram aos

seus habitantes condições dignas de vida. Esse crescimento desordenado provoca sérios

impactos sobre a qualidade de vida de todos na cidade, pois com freqüência ocorre em áreas

de preservação ambiental. Nesse sentido, a participação da sociedade na elaboração dos

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89

planos diretores, antes de ser uma obrigação legal estabelecida pelo Estatuto da Cidade, é uma

condição para que o plano diretor atenda às necessidades da população.

No entanto, participação não é tarefa fácil e requer conhecimento e interesse das

pessoas envolvidas no assunto a ser tratado. O discurso da sua importância é brilhante, mas a

prática apresenta dificuldades. Como elaborar o chamado plano participativo e condizente

com a realidade com uma população pouco habituada a essas práticas? Sabe-se que a baixa

escolaridade e precária formação dos muitos tidos como alfabetizados, entre outros

problemas, são entraves significativos para que se efetive a participação. O papel pedagógico

das escolas poderá ser fundamental para um envolvimento inicial, introduzir no ensino

fundamental e médio conteúdos referentes ao município, levando seus desenhos (mapas

locais, regionais e outros), maquetes (executadas pelos próprios alunos), dados históricos

(origem e outros), compreensão dos aspectos sociais, das atividades econômicas, do meio

ambiente, da infra-estrutura e transporte, das legislações existentes que regulam o município,

seria a forma mais lúcida de aproximar os jovens e, com o tempo, a população em geral, e

fazê-los participar de um projeto para o lugar onde se vive.

O processo de planejamento de desenvolvimento e expansão urbana pode ser

dividido em três fases: a iniciativa de planejar, o plano em si e a implementação desse plano

(SÉGUIN, 2002, p.52).

Frequentemente o plano diretor é apresentado como o guardião do futuro da cidade,

mas a sua eficácia é condicionante. Não há que se falar em instrumento milagroso, a lei em si

é estática, para se tornar viva depende da competência e vontade política dos vários parceiros

envolvidos, a exemplo da sociedade civil organizada, administração municipal e demais

segmentos interessados.

O Plano Diretor é, portanto, uma diretriz do Poder Público e da própria sociedade.

Neste sentido afirma Alaor Caffé Alves (apud MUKAI, 2002, p. 36):

Page 90: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

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Justamente por estar formalizado como modelo e como pauta, serve perfeitamente como conduta e, portanto, como direito e base de um juízo sobre seu cumprimento. O plano é uma pauta de conduta que cria diretrizes e deveres para o Governo e que dá lugar a responsabilidades políticas e jurídicas.

6.1 ANÁLISE DA APLICABILIDADE DO PLANO DIRETOR DE COLINAS DO TOCANTINS NA ORGANIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO MUNICÍP IO

Neste item analizar-se-á a Lei Complementar nº 960, de 28 de dezembro de 2006,

que instituiu o plano diretor participativo de Colinas do Tocantins. A verificação dessas

normas se dará de modo a averiguar se a referida é mera imposição legal ou instrumento de

política pública na organização sócio-ambiental de Colinas do Tocantins

Como demonstrado no capítulo anterior o Município de Colinas do Tocantins

cumpriu as exigências formais necessárias ao processo de confecção do Plano Diretor

Participativo, o corpo técnico responsável pela sua criação procurou envolver os atores sociais

(sociedade organizada e população) para a sua elaboração.

Embora a participação tenha sido acanhada, menor do que se esperava, pode ser

afirmar que o Município de Colinas do Tocantins passou a conhecer sua realidade sócio-

ambiental, e só foi possível porque parcela da população contribuiu. A leitura técnica e

comunitária foi realizada com rigor se tornando um produto valioso para o gestor

comprometido.

A legislação do Plano Diretor de Colinas do Tocantins não foi importada de outro

município, foram considerados em sua criação requisitos técnicos mínimos de seu território,

contemplando os aspectos econômicos, sociais, culturais, patrimoniais, ambientais e

institucionais e, em especial, o de ordenamento territorial e urbano.

O Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins foi denominado o instrumento

básico da política de desenvolvimento e expansão urbana do município, devendo ser

observado pelos agentes públicos e privados, com vistas a promover uma atuação integrada

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91

desses agentes em prol do desenvolvimento municipal (Art. 2º da Lei Complementar nº

960/2006).

O Plano Diretor de Colinas do Tocantins, em seu artigo 3º, informa que tem por

objetivo ordenar o pleno atendimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana.

O artigo 5º preceitua que a função social da cidade corresponde o direito a terra e á moradia,

ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana e aos serviços públicos, ao transporte, ao

trabalho, à cultura e ao lazer para a presente e futuras gerações.

Para a efetivação das premissas do artigo anterior, o Plano Diretor de Colinas do

Tocantins dá algumas diretrizes urbanísticas, que são (art. 7º):

• Integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do município e de sua região de influência;

• Gestão participativa e democrática, fundamentada na cooperação entre governo, população, iniciativa privada e terceiro setor;

• Cooperação entre governo, população, iniciativa privada e setores organizados da sociedade no controle do processo de ocupação e uso do solo urbano e da urbanização;

• Oferta de equipamentos urbanos e comunitários, serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população;

• Regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda;

• Recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;

• Proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído;

• Observância das normas urbanísticas, de segurança, higiene e qualidade de vida.

Tais diretrizes visam planejar o espaço sócio-ambiental do município com a intenção

de promover a qualidade de vida da população, com a adoção das seguintes linhas

estratégicas, (artigo 9º):

• Fortalecimento, diversificação e modernização da agropecuária municipal;

• Fortalecimento da agricultura familiar, e apoio aos demais produtores, através da consolidação de associações e cooperativas de produção e comercialização;

• Fortalecimento da economia urbana municipal, centrada no comércio atacadista e varejista, na prestação de serviços e nas indústrias e agroindústrias;

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• Garantir o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente;

• Melhoria do saneamento ambiental;

• Educação pública continuada e de qualidade, acessível a toda população urbana e rural, ampliando os cursos de nível superior, ensino profissionalizante em nível médio voltado para as demandas regionais;

• Ampliar, melhorar e universalizar os serviços de saúde municipais;

• Estruturação e valorização do espaço urbano e eliminação da segregação sócio-espacial existente;

• Implementação de política habitacional efetiva;

• Melhoria dos serviços de energia elétrica, iluminação pública e comunicações;

• Implantação de sistema de circulação e transporte eficiente e moderno;

• Melhoria da Segurança pública;

• Implementar sistema de gestão municipal e urbana participativo e eficaz;

• Valorização da participação da sociedade no processo de planejamento e gestão.

Analisando o Plano Diretor Participativo do Município de Colinas do Tocantins,

pode-se dizer que no geral, é uma norma que atende aos requisitos mínimos de proteção

ambiental.

Pela leitura do artigo 14, observa-se que a recuperação das áreas degradadas nas

zonas urbana e rural, será assegurada mediante:

• Programas em parcerias com a sociedade, a iniciativa privada, o terceiro setor e os órgãos ambientais do estado e da união;

• Institucionalização de atividades de educação ambiental, desenvolvidas nas escolas, associações, assentamentos e comunidades rurais;

• Estabelecimento de legislação ambiental básica para o município, promovendo e estimulando iniciativas e ações particulares ou comunitárias de preservação ambiental;

• Estabelecimento de programa de recuperação e revegetação das Áreas de Proteção Permanente – APP degradadas do Município, valendo-se de parcerias para a sua implementação, em especial as APP existentes na área urbana.

Foi ainda garantido pelo artigo 44 a criação do sistema de áreas verdes formado por

corredores de interligação dos espaços verdes que permeiam a Cidade, compostos por faixas

ao longo das rodovias, por parque urbano, pelas áreas de preservação permanente dos

Page 93: Plano Diretor: Imposição Legal ou Instrumento de Política Pública

93

córregos Bacabinha, Marajá e Sinhá, e pelas praças e espaços arborizados e ajardinados, de

propriedade pública e privada. O sistema de áreas verdes terá como meta atingir o índice igual

ou maior que 20,00m² (vinte metros quadrados) de área verde por habitante.

É importante a disposição do artigo 27 que disciplinou o ordenamento territorial para

atender às funções econômicas e sociais do município, de forma a compatibilizar o

desenvolvimento rural e urbano com o uso e ocupação do solo, os recursos ambientais, a

oferta de equipamentos e a circulação de pessoas e bens. Para os fins do disposto neste artigo,

o ordenamento do território será efetivado mediante processo de planejamento permanente, do

controle e fiscalização da ocupação e uso do solo.

O Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins contempla a criação de Zonas

para a produção e manutenção de habitação de interesse social, regularização dos terrenos

públicos e privados ocupados por habitações sub-normais por populações de baixa renda.

Esse plano foi e ainda deverá ser regulamentado por uma série de outras leis que

servem de instrumentos auxiliares a implementação da política de desenvolvimento sócio-

ambiental sustentável de Colinas do Tocantins. Estes instrumentos foram divididos em (artigo

49):

I. Instrumentos de planejamento: • Plano Plurianual;

• Lei de Diretrizes Orçamentárias;

• Lei do Orçamento Anual;

• Planos, programas e projetos setoriais;

• Lei de parcelamento do solo urbano;

• Lei de uso e ocupação do solo urbano;

• Zoneamento agro-econômico-ecológico.

II. Instrumentos jurídicos e urbanísticos:

• Servidão Administrativa;

• Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

• Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana – IPTU progressivo no tempo;

• Desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública;

• Tombamento;

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• Usucapião especial de imóvel urbano;

• Direito de superfície;

• Outorga onerosa do direito de construir;

• Instituição de unidades de conservação;

• Direito de preferência;

• Estudos de impacto ambiental;

• Doações.

III. Instrumentos de regularização fundiária:

• Concessão de uso e direito real de uso;

• Concessão especial de uso para fins de moradia;

• Instituição de zonas especiais de interesse social;

• Assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades menos favorecidas.

IV. Instrumentos Tributários:

• Contribuição de melhoria;

• Taxas e tarifas públicas.

V. Instrumentos de democratização da gestão:

• Conselhos municipais;

• Gestão orçamentária participativa

Além dos instrumentos acima relacionados foi aprovada a Lei Complementar nº

999, de 22 de fevereiro de 2008 que Instituiu o Código Municipal de Meio Ambiente do

Município de Colinas do Tocantins. Este código, fundamentado na legislação e nas

necessidades locais, regula a ação pública do Município de Colinas do Tocantins,

estabelecendo normas de gestão ambiental, para preservação, conservação, defesa, melhoria,

recuperação, proteção dos recursos ambientais, controle das fontes poluidoras e do meio

ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, de forma a

garantir o desenvolvimento sustentável.

Pode-se afirmar que o primeiro passo foi dado pelo Município de Colinas: o plano

diretor foi elaborado pela própria municipalidade, com a participação da população. Mas a

condição fundamental para a efetiva implementação deste instrumento básico de

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desenvolvimento e expansão urbana é o interesse legítimo da administração pública municipal

de enxergá-lo como um instrumento dentro de um processo de planejamento democrático

mais amplo, que possibilite um aprimoramento na gestão territorial do município e não

somente como uma imposição legal ou modismo.

O próprio plano diretor de Colinas do Tocantins coaduna a necessidade de se

implantar o sistema de planejamento e gestão municipal como forma de garantir o processo

contínuo e permanente de sua implementação, acompanhamento, monitoramento e avaliação

– artigo 72. Este sistema, uma vez implantado, assegurará a necessária transparência e a

participação dos agentes econômicos, da sociedade civil e dos cidadãos interessados.

Não resta dúvida que uma característica marcante do plano diretor participativo de

Colinas do Tocantins foi a previsão de mecanismos democráticos que permitem, se esta for a

vontade política, a prática da cidadania ativa, conduzindo à participação efetiva dos agentes

sociais do município na elaboração do planejamento urbano.

É importante ressaltar que a eficácia efetiva do Plano Diretor Participativo de

Colinas do Tocantins dependerá ainda de uma metodologia própria para que esse instrumento-

orientador possa atender às diversificadas situações político-organizacionais, sócio-ambientais

e econômicas existentes dentro do território. Evidentemente, não acreditamos que a simples

criação do plano diretor seja capaz de consertar falhas e erros, mas pensamos que se prestará

como instrumento fundamental ao desenvolvimento sustentável.

Algo de positivo já ocorreu no Município de Colinas do Tocantins após a aprovação

do Plano Diretor Participativo, basta constatar a execução de alguns pontos da sistematização

dos problemas e potencialidades do município levantadas na primeira oficina de planejamento

do plano diretor participativo.

I – Problemas da área social solucionados:

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� A FIESC – Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas mantida por uma

fundação municipal, passou a ofertar a comunidade o curso de Tecnologia em Logística.

� A FIESC - Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas ofertou à população o

curso de Pós-graduação, Lato Sensu, MBA - Gestão de Sistemas Municipais.

� A FIESC - Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas ofertou aos

professores concursados por intermédio da UFAM – Universidade Federal do Amazonas o

curso de Pós-graduação, stricto sensu, Mestrado Profissional em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia.

� O Município criou o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e o Centro de

Referência Especializado de Assistência Social – CREAS – possibilitando a inserção das

crianças e adolescentes na rede de proteção.

� O Município firmou convênio com o Ministério da Justiça para a implantação do

PROCON – os móveis já foram adquiridos.

� Regulamentação das Feiras-livres,

� Regulamentação dos camelôs e devida localização do mesmos.

Figuras 55: CREAS de Colinas do Tocantins – TO Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

Figuras 56: CRAS de Colinas do Tocantins – TO Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa.

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I I - Problemas da área ambiental solucionado em parte:

� Várias unidades sanitárias foram construídas nos bairros de baixa renda.

Figura 57: Unidade Sanitária utilizada nos setores Setor Santa Rosa I e II Foto: Cortesia de Erivelton S. Costa

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98

� Reforma do caminhão que transporta a carne do matadouro municipal para os

comércios de Colinas:

Figuras 58: Interior do caminhão antes da reforma Foto: Prefeitura Municipal.

Figuras 59: Interior do caminhão após a reforma Foto: Prefeitura Municipal.

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III – Problemas no uso do solo, infra-estrutura e habitação solucionados em parte:

� Degradação do centro da cidade (patrimônio histórico, poluição visual) em parte

solucionada com a reforma do mercado municipal.

Figuras 60: Mercado Municipal antes da reforma Foto: Prefeitura Municipal.

Figuras 61: Mercado Municipal após a reforma Foto: Prefeitura Municipal.

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100

� Adequação da localização de camelôs e feiras. (foto)

� Construção do novo aeroporto – em processo de homologação.

� Mais de 43 mil metros quadrados de pavimentação asfáltica com meio fio construída

em vários bairros da cidade.

Figuras 62:Lateral do Mercado Municipal Foto: Prefeitura Municipal.

Figuras 63: Pavimentação asfáltica. Bairro Santo Antonio. Foto: Prefeitura Municipal.

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� 722 desapropriações como o fim de regularização fundiária no Bairro Santa Rosa II.

� Aproximadamente 400 regularizações fundiárias no Bairro Araguaia II.

� Reforma do cemitério e construção de uma capela.

Figuras 64: Cemitério Municipal antes da reforma. Foto: Prefeitura Municipal.

Figuras 65: Cemitério Municipal após a reforma. Foto: Prefeitura Municipal.

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� Várias casas populares foram construídas:

Programas Habitacionais Quantidade Habitar Brasil 72 Habitat para Humanidade 232 Morar Bem 28 Morar Melhor 75 Morar Melhor (AD-TOCANTINS) 21 Mutirão da Casa Própria 141 INCRA/Assentamento Projeto Real 35 Morar Melhor 50 Total 654

Tabela 16 – Programas Habitacionais Fonte: Prefeitura Municipal

Figuras 66: Habitat – Setor São Cristovão Foto: Prefeitura Municipal.

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Todas essas ações foram implementadas na vigência do Plano Diretor Participativo

de Colinas do Tocantins e todas elas, sem exceção, estão inseridas na sistematização dos

problemas e potencialidades do Município e contempladas no texto legal, mas indaga-se:

• As ações foram implementadas por integraram as linhas estratégicas as quais

visam alcançar o objetivo central do Plano Diretor, ou,

• As ações foram implementadas por fazerem parte do plano de gorveno do

então gestor?

Dentro deste contexto, pode-se afirmar que a implementação do Plano Diretor

Participativo de Colinas do Tocantins só será efetivada se o plano de governo contemplar as

linhas estratégicas inseridas no texto legal, sem se esquecer que algumas vozes vem nos

alertando sobre a incapacidade do direito (Estado) de resolver todos os problemas sócio-

ambiental, sem o envolvimento efetivo, consciente dos administrado (povo, cidadão).

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CONCLUSÃO

O Plano Diretor Municipal pode ser uma poderosa ferramenta para provocar uma

mudança efetiva de trajetória, no sentido de se rever os padrões de apropriação do solo urbano

até então adotados.

Mas como qualquer outro plano de ação, demanda ações integradas e estratégicas,

sobretudo para agregar a participação da população, inclusive na formulação das propostas e

cobrança de sua implementação.

Nesse sentido, muito mais que fundamentos quantitativos, há que se incutir razões

qualitativas nas discussões. O planejamento urbano necessita incorporar o fundamento da

sustentabilidade em suas propostas.

Em especial, a da sustentabilidade ambiental, porque mais que orientar o

desenvolvimento das cidades, o planejamento urbano deve construir um futuro possível.

O processo de implementação dos Planos Diretores Participativos seria mais

eficiente se a liberação dos recursos estivesse atrelada ao cumprimento de metas elaboradas

pelo sistema municipal de planejamento e gestão, devendo o Ministério das Cidades realizar o

monitoramento, haja vista ser o ministério que mais libera verbas necessárias ao

desenvolvimento e expansão urbana.

O Estatuto da Cidade é um caminho, não a solução, para uma cidade mais justa para

todos. Diante de falhas como a falta de punição e falta de cobrança com relação a efetividade

dos planos diretores todo o processo poderá cair no esquecimento e perder credibilidade.

No momento em que o Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins for uma

realidade para a sociedade, certamente os interesses públicos, sociais e ambientais estarão

acima de qualquer interesse particular. Para tanto se deve mudar a mentalidade da sociedade e

fazer com que se entenda que a lei foi feita par ser cumprida. No momento que ela ficar

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arcaica ou com questões muito abertas, deve ser questionada e alterada para auxiliar no

desenvolvimento de uma gestão democrática.

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RECOMENDAÇÕES

Recomendamos que o Poder Público Municipal implante o Sistema de Planejamento

e Gestão Municipal, composto por profissionais habilitados, garantindo processo contínuo e

permanente de implementação, acompanhamento, monitoramento e avaliação do Plano

Diretor de Colinas do Tocantins, bem como dos programas, ações e projetos dele decorrentes.

O Sistema de Planejamento e Gestão Municipal deverá assegurar a necessária transparência,

publicidade e a participação da sociedade civil e dos cidadãos interessados.

Liberação dos recursos federais e estaduais vinculada ao cumprimento de metas

elaboradas pelo sistema municipal de planejamento e gestão, devendo o Ministério das

Cidades realizar o monitoramento, haja vista ser o ministério que mais libera verbas

necessárias ao desenvolvimento e expansão urbana.

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ANEXOS

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LEI COMPLEMENTAR Nº 960/06

Dispõe sobre o Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins e dá outras providencias.

CAPÍTULO I

DA POLÍTICA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO E DE EXPAN SÃO URBANA

Art. 1º Esta Lei Complementar institui o Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins e estabelece os objetivos, diretrizes e estratégias da política municipal de desenvolvimento e de expansão urbana, de acordo com o disposto nas Constituições Estadual e Federal, na Lei Orgânica Municipal e na Lei Federal n.º 10.257, de 10 de julho de 2001.

§1º. A política municipal de desenvolvimento e expansão urbana contemplará os aspectos econômicos, sociais, culturais, patrimoniais, ambientais, institucionais e, em especial, o de ordenamento territorial e urbano.

§2º. Entende-se por desenvolvimento municipal um processo contínuo de aumento da qualidade de vida e da eqüidade social, com base numa economia eficiente e competitiva, aliada à conservação dos recursos naturais e do meio ambiente.

Art. 2º O Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana do Município, deve ser observado pelos agentes públicos e privados, com vistas a promover uma atuação integrada desses agentes em prol do desenvolvimento municipal.

Parágrafo único. O Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins é parte integrante do processo de planejamento municipal, sendo que as diretrizes e as prioridades nele contidas deverão ser incorporadas pelo Plano Plurianual, pelas Diretrizes Orçamentárias e pelo Orçamento Anual.

Art. 3º A política municipal de desenvolvimento e expansão urbana, formulada em consonância com o que estabelece a Lei Orgânica do Município de Colinas do Tocantins e o Estatuto da Cidade e em consonância com as demais políticas municipais, tem por objetivo ordenar o pleno atendimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana e será implementada de acordo com o disposto nesta Lei e na legislação federal e estadual pertinentes.

Art. 4º A política municipal de desenvolvimento e expansão urbana observará os seguintes princípios:

I. Ordenamento do pleno desenvolvimento das funções sociais da Cidade;

II. Direito à cidade para todos, compreendendo o direito a terra e à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, aos serviços públicos, ao transporte, ao trabalho e ao lazer;

III. Cumprimento da função social da propriedade urbana, a ser determinada de acordo com o disposto nesta Lei;

IV. Exercício do direito de propriedade e do direito de construir, com observância do disposto nesta Lei e na legislação urbanística e edilícia aplicável;

V. Promoção do desenvolvimento sustentável, de forma a compatibilizar a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico e a eqüidade social.

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Art. 5º A função social da cidade de Colinas do Tocantins corresponde o direito a terra e à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana e aos serviços públicos, ao transporte, ao trabalho, à cultura e ao lazer para a presente e futuras gerações.

Art. 6º A propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende prioritariamente ao interesse coletivo da sociedade, expresso nesta Lei e na legislação urbanística complementar, como a lei da ocupação e uso do solo urbano, Código de Posturas, Código de Obras e Código Tributário, conforme art. 39 do Estatuto da Cidade.

Art. 7º. A política municipal de desenvolvimento e expansão urbana observará as seguintes diretrizes gerais:

a. Garantia do direito à cidade sustentável;

b. Integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do município e de sua região de influência;

c. Gestão participativa e democrática, fundamentada na cooperação entre governo, população, iniciativa privada e terceiro setor;

d. Cooperação entre governo, população, iniciativa privada e setores organizados da sociedade no controle do processo de ocupação e uso do solo urbano e da urbanização;

e. Oferta de equipamentos urbanos e comunitários, serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população;

f. Regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda;

g. Recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;

h. Proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído;

i. Observância das normas urbanísticas, de segurança, higiene e qualidade de vida;

j. Restrição à utilização de áreas de risco geológico.

CAPÍTULO II

DO OBJETIVO CENTRAL DO PLANO DIRETOR

Art. 8º O objetivo central do Plano Diretor é a consolidação da cidade de Colinas do Tocantins como pólo de desenvolvimento regional, através:

I. Do fortalecimento das relações intermunicipais da região, de sua economia infra-estrutura e serviços urbanos como suporte do agronegócio regional, com a ampliação da cadeia produtiva da agropecuária, da agricultura familiar de produção de alimentos, apoiada por agroindústrias;

II. Da implementação de política e ações, aproveitando as vantagens comparativas do importante entroncamento viário, para criar infra-estrutura e atrair a instalação de agroindústrias no município;

III. Do entreposto comercial consolidado e fortalecido, com a organização e união do setor, a melhoria, expansão e diversificação do comércio varejista e atacadista;

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IV. Do fortalecimento do setor educacional, funcionando como pólo de referência regional - educação pública continuada de qualidade acessível a toda população urbana e rural (do maternal ao ensino superior); ampliação dos cursos de nível superior; ensino profissionalizante em nível médio, voltado para as demandas regionais;

V. De centro de referência regional na área de saúde, com a ampliação e melhoria do sistema de saúde municipal, estrutura física e profissional, atendendo a toda a população urbana e rural, bem como de outros municípios da região;

VI. Da promoção do uso sustentável de seus recursos naturais, garantindo a preservação do patrimônio natural e a recuperação de áreas degradadas, estabelecendo incentivos e restrições de uso e ocupação do território;

VII. Da melhoria dos índices de desenvolvimento humano, procurando formar capital humano e social necessários para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento.

CAPÍTULO III

DAS LINHAS ESTRATÉGICAS

SEÇÃO I DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Art. 9º Visando alcançar o objetivo central do Plano Diretor, em consonância com os princípios e as diretrizes da política de desenvolvimento e expansão urbana, serão adotadas as seguintes linhas estratégicas:

I. Fortalecimento, diversificação e modernização da agropecuária municipal;

II. Fortalecimento da agricultura familiar, e apoio aos demais produtores, através da consolidação de associações e cooperativas de produção e comercialização;

III. Fortalecimento da economia urbana municipal, centrada no comércio atacadista e varejista, na prestação de serviços e nas indústrias e agroindústrias;

IV. Garantir o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente;

V. Melhoria do saneamento ambiental;

VI. Educação pública continuada e de qualidade, acessível a toda população urbana e rural, ampliando os cursos de nível superior, ensino profissionalizante em nível médio voltado para as demandas regionais;

VII. Ampliar, melhorar e universalizar os serviços de saúde municipais;

VIII. Estruturação e valorização do espaço urbano e eliminação da segregação sócio-espacial existente;

IX. Implementação de política habitacional efetiva;

X. Melhoria dos serviços de energia elétrica, iluminação pública e comunicações;

XI. Implantação de sistema de circulação e transporte eficiente e moderno;

XII. Melhoria da Segurança pública;

XIII. Implementar sistema de gestão municipal e urbana participativo e eficaz;

XIV. Valorização da participação da sociedade no processo de planejamento e gestão.

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§ 1º As linhas estratégicas previstas neste Artigo serão implementadas por meio de programas de ações, projetos e atividades específicas.

§ 2º Para efeito desta Lei Complementar, área verde é aqui entendida como os espaços onde há o predomínio de vegetação arbórea, englobando as praças, os jardins públicos e os parques urbanos, os canteiros centrais de avenidas e os trevos e rotatórias de vias públicas.

Art. 10 As linhas estratégicas e as ações são vinculantes para o setor público e indicativas para os setores privado e comunitário.

Art. 11 O desenvolvimento econômico voltado para aproveitar a vocação pecuária e a localização estratégica do Município deve dar-se mediante:

a) Do fortalecimento das relações intermunicipais da região, integrando e articulando ações complementares, ampliando a capacidade competitiva da pecuária regional e evitando a competição improdutiva entre os municípios;

b) Da universalização de práticas modernas para a melhoria das pastagens e do rebanho, ampliando o aproveitamento das potencialidades de exploração das propriedades, com ganhos na produtividade e competitividade da pecuária municipal;

c) Da diversificação da pecuária municipal com o fortalecimento da bacia leiteira em bases cooperativas de pequenos e médios produtores, integrada e associada com os demais municípios da região;

d) Da diversificação da pecuária com a introdução de novas atividades como a caprinocultura, ovinocultura, avicultura, piscicultura, apicultura etc;

e) Da melhoria do sistema de assistência técnica e extensão rural, ampliando a capacidade dos pequenos e médios produtores de acessar o crédito;

f) Da ampliação da capacidade regional de agregar valor aos seus produtos, através da verticalização do setor;

g) Da integração das cadeias produtivas;

h) Da capacitação dos produtores rurais para o desenvolvimento de suas atividades, inclusive com parcerias com as associações e cooperativas;

Art. 12 A ampliação da base produtiva do município e da região, do emprego e da renda rural, principalmente através da agricultura familiar, do pequeno e médio produtor, deve dar-se mediante:

a) Implantação e manutenção de malha viária de vicinais de boa qualidade, integrando as regiões produtoras com o sistema viário estadual, facilitando o acesso à cidade e aos mercados consumidores;

b) Gestões e parcerias com os órgãos de assistência técnica e pesquisa e os agricultores para reintroduzir a produção de frutas no município e região, principalmente da banana e do abacaxi;

c) Fortalecimento da agricultura familiar na produção de alimentos para o abastecimento local e para outras regiões;

d) Gestões junto aos organismos de assistência técnica e extensão rural para ampliar e melhorar o assessoramento aos pequenos produtores, focando o crédito, a produção e a comercialização;

e) Fortalecimento e apoio da agricultura municipal e regional.

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Art. 13 O fortalecimento e a consolidação da cidade como entreposto comercial e de prestação de serviços e pólo agroindustrial, aproveitando as vantagens comparativas da localização na malha modal do estado, deve dar-se mediante:

a) Implementação de política e ações visando criar infra-estrutura e atrair a instalação de indústrias e agroindústrias no município;

b) Gestões junto aos organismos competentes para a implantação do pátio de carregamento da Ferrovia Norte-Sul na região;

c) Fortalecimento das relações intermunicipais da região, de sua economia e da ampliação e melhoria dos serviços urbanos como suporte do agronegócio regional;

d) Fortalecimento e organização do setor comércio, visando sua expansão e diversificação, melhorando a qualidade dos serviços prestados e ampliando a sua capacidade competitiva;

e) Implementação de ações do plano diretor relativas à criação de áreas e infra-estrutura para a localização de atividades comerciais, industriais e de serviços de maior porte;

f) Da elaboração de estudos, em conjunto com o setor produtivo local e regional, visando definir ações específicas para a ampliação da base produtiva local e regional;

g) Incentivar o turismo, inclusive do agronegócio.

SEÇÃO II

DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14 A proteção adequada dos recursos ambientais no município, garantindo a recuperação das áreas degradadas nas zonas urbana e rural, será assegurada mediante:

a) Programas em parcerias com a sociedade, a iniciativa privada, o terceiro setor e os órgãos ambientais do estado e da união;

b) Institucionalização de atividades de educação ambiental, desenvolvidas nas escolas, associações, assentamentos e comunidades rurais;

c) Estabelecimento de legislação ambiental básica para o município, promovendo e estimulando iniciativas e ações particulares ou comunitárias de preservação ambiental;

d) Estabelecimento de programa de recuperação e revegetação das Áreas de Proteção Permanente – APP degradadas do Município, valendo-se de parcerias para a sua implementação, em especial as APP existentes na área urbana.

Art. 15 O Poder Público municipal deverá formular Política Municipal de Meio Ambiente, buscando parcerias com os órgãos ambientais do estado e união.

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SEÇÃO III DO SANEAMENTO AMBIENTAL

Art. 16 A cidade deverá assegurar o fornecimento dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, limpeza urbana e coleta do lixo para toda a população, mediante:

a) Oferta de água tratada a todos os domicílios;

b) Ampliação da rede coletora e do tratamento do esgoto sanitário a toda a cidade;

c) Estudar em conjunto com as comunidades rurais formas ambientalmente seguras de disporem o lixo e o esgoto sanitário;

d) Implantação da coleta seletiva do lixo e do aterro sanitário;

e) Incentivar a implantação de indústrias de reciclagem.

SEÇÃO IV DA ESTRUTURAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO

Art. 17 O ordenamento territorial e urbanístico da cidade, a regulamentação do uso e ocupação do solo urbano, a estruturação do sistema viário e o tratamento paisagístico, com o objetivo de criar espaços que contribuam para elevar a qualidade de vida de sua população, serão buscados mediante:

a) Eliminação da segregação sócio – espacial dos bairros e vilas;

b) Prioridade para a ocupação e uso dos lotes e espaços vazios na cidade, antes de abrir novas áreas de expansão urbana;

c) Proibição da ocupação de áreas de interesse ambiental ou que ofereçam risco aos ocupantes;

d) Valorização das áreas urbanas já consolidadas, em especial das avenidas Pedro Ludovico Teixeira e Bernardo Sayão;

e) Qualificação dos bairros e vilas periféricos;

f) Ampliar a oferta de espaços esportivos e para o lazer nos diferentes bairros e comunidades rurais;

g) Ações para promover a instalação de equipamentos institucionais, culturais, de comércio e serviços nos bairros para criar novas centralidades e reduzir a dependência em relação ao Centro da Cidade;

h) Pavimentação das ruas e avenidas da cidade, obedecendo as características de cada uma definidas na hierarquização do sistema viário, priorizando aquelas de acesso e internas aos bairros;

i) Gestões junto ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT para viabilizar a duplicação da BR – 153 no trecho em que atravessa a Zona Urbana, e da implantação das marginais leste e oeste;

j) Expansão do comércio e serviços através da avenida Bernardo Sayão e dos eixos de ligação com os bairros;

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k) Implantação de anel viário, desviando o trânsito pesado do centro da cidade;

l) Criação de um sistema de áreas verdes, bosques, parques, praças, jardins e arborização de ruas para a interligação entre os bairros e as Áreas de Preservação Permanente dos córregos Bacabinha, Sinhá e Marajá.

m) Tratamento especial para os córregos Bacabinha, Sinhá e Marajá e suas APP, criando espaços de contemplação, entretenimento e lazer, áreas para caminhada e esportes, ampliando a área da represa já existente;

n) Definir área para a implantação de um aeroporto fora do perímetro urbano;

SEÇÃO V DA POLÍTICA HABITACIONAL

Art. 18 O município implementará sua Política Habitacional, garantindo a toda a população condições adequadas e dignas de habitabilidade, mediante:

a) Regularização fundiária dos loteamentos urbanos;

b) Integração e articulação dos programas habitacionais do estado, união e município;

c) Orientação e apoio aos moradores para a construção e ou melhoria de suas residências;

d) Ampliação da oferta de habitação para a população de baixa e média renda;

e) Implementação de normas edilícias e de fiscalização, inclusive sobre a inalienabilidade das habitações cedidas/doadas pelo município através de programas habitacionais;

f) Definição e reserva de áreas para construção de habitações de interesse social;

g) Prioridade de investimento em infra-estrutura aos bairros periféricos;

h) Instituição de Zonas de Especial Interesse Social – ZEIS para possibilitar a regularização fundiária e a substituição de moradias subnormais nos bairros Santa Rosa I e II, Vila São João e Santo Antônio;

SEÇÃO VI DA MOBILIDADE URBANA

Art. 19 A cidade deverá garantir condições seguras e confortáveis de circulação de pessoas, bens e veículos, mediante:

a) Melhoria das condições da circulação de pedestres;

b) Implantação de infra-estrutura adequada, calçamento, sinalização, iluminação ao longo das ruas e avenidas, atendendo as normas e legislação específicas de acessibilidade;

c) Implantação de ciclovias interligando os bairros ao centro;

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d) Regulamentação de áreas para o estacionamento de veículos ao longo das vias públicas;

e) Criação de eixos de ligação dos bairros com o centro e entre eles;

f) Estudo de viabilidade para a implantação de transporte coletivo que atenda os bairros mais distantes;

g) Estudar a possibilidade de implantar transporte público de áreas da zona rural para a cidade;

h) Melhoria da circulação e acesso aos transportes públicos para as pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade;

i) Implantar formas seguras de travessia da BR-153, com prioridade para a travessia para o bairro Santo Antônio.

SEÇÃO VII DA ENERGIA ELÉTRICA, ILUMINAÇÃO PÚBLICA E COMUNICAÇ ÃO

Art. 20 O município deverá assegurar o fornecimento dos serviços de energia elétrica, iluminação pública, telefonia e de correspondência postal a toda a população, mediante:

a) Garantia do fornecimento regular e estável de energia elétrica;

b) Manutenção de iluminação pública permanente em toda a cidade;

c) Ampliação da rede de telefones e de telefones públicos, com prioridade para os bairros e assentamentos e comunidades rurais;

d) Ampliação da rede de agências postais.

SEÇÃO VIII DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE

Art. 21 Fortalecimento do setor educacional com o objetivo de transformar Colinas do Tocantins em um pólo de referência regional em educação, mediante:

a) Implantação de escolas de alta qualidade nos diferentes níveis de ensino e áreas de conhecimento, particularmente aquelas voltadas para a vocação econômica da região;

b) Escolas públicas funcionando em tempo integral;

c) Valorização e capacitação continuada e permanente dos profissionais de educação;

d) Participação da sociedade nas discussões sobre a política educacional do Município;

e) Estabelecimento de parcerias e cooperação com entidades educacionais de referência.

Art. 22 As condições necessárias para que Colinas do Tocantins assuma a condição de centro de referência regional na área de saúde serão criadas mediante:

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a) A criação e ampliação das especialidades oferecidas e melhoria dos serviços prestados;

b) Ampliação e melhoria da estrutura física e profissional do sistema de saúde;

c) Ampliação e fortalecimento das ações de saúde preventiva, saúde pública e no combate a endemias;

d) Programa continuado e permanente de formação e capacitação dos profissionais da saúde.

SEÇÃO IX DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 23 Implementar a Política Municipal de Assistência Social, elaborada em consonância com a Política Nacional e Estadual de Assistência Social na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e as diretrizes estabelecidas pelas Conferências de Assistência Social.

a) Destinar no Orçamento Municipal recursos para os serviços, projetos e programas de Assistência Social.

b) Garantir condições para a execução do plano de aplicação do Fundo Municipal de Assistência Social – FMAS.

SEÇÃO X DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 24 A tranqüilidade da população quanto à segurança pessoal e patrimonial será garantida mediante:

a) Combate à criminalidade;

b) Gestões para aumento e capacitação dos policiais;

c) Campanhas educativas;

d) Parcerias com os órgãos estaduais para que o município participe dos assuntos e decisões de segurança pública;

e) Municipalização do trânsito.

SEÇÃO XI DA GESTÃO MUNICIPAL E URBANA

Art. 25 A Ampliação da capacidade de planejamento e gestão da Administração Municipal, da participação efetiva da iniciativa privada e da sociedade organizada, conforme determina o Estatuto da Cidade, será conseguida através:

a) Implementação do Plano Diretor Participativo, estruturação de um Sistema de Planejamento e Gestão e de um Sistema de Informações Municipais, a partir da

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integração de um conjunto de órgãos, normas, recursos humanos e técnicos para a coordenação das ações de desenvolvimento;

b) Estruturação e efetivo funcionamento do processo participativo, através de um fórum qualificado, com participação do poder público, da iniciativa privada e da sociedade, com estímulo e fortalecimento do papel das associações de bairro, para orientar e monitorar o processo de planejamento e gestão municipal e urbana;

c) Adequação da estrutura organizacional e capacitação de pessoal para à implementação das ações propostas pelo Plano Diretor Participativo, ampliando a capacidade de planejamento e gestão do Executivo Municipal;

d) Articulação com os municípios vizinhos para o estabelecimento de parcerias para a superação de problemas comuns, principalmente nas áreas de saúde, educação, segurança pública, resíduos sólidos e estradas vicinais e, principalmente, para a busca do desenvolvimento sustentável da região;

e) Capacitação das equipes técnicas das diferentes áreas da Administração Municipal;

f) Promoção de parcerias, da descentralização e da convergência de ações;

g) Parcerias com o setor privado para a implementação de ações de desenvolvimento, particularmente com os produtores das áreas rurais e com micro e pequenas empresas urbanas;

h) Programa de marketing para divulgação do município e suas potencialidades no contexto estadual e nacional;

Art. 26 O fortalecimento da participação da iniciativa privada, do terceiro setor e dos diferentes segmentos da sociedade civil no processo de planejamento e gestão municipal e urbana, a ser instaurado a partir da aprovação do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, dar-se-á mediante:

a) Estímulo e fortalecimento das iniciativas de organização da sociedade e criação de entidades representativas;

b) Ampliação dos canais de comunicação com a população;

c) Adoção do processo participativo permanente;

d) Continuidade ao debate, iniciado com o plano diretor, no desdobramento do processo de planejamento e gestão;

e) Fortalecimento da prática do planejamento e do orçamento participativo;

f) Envolvimento de instituições de ensino, igrejas, associações de bairros, grupos de jovens e demais movimentos sociais no convencimento da população quanto à importância da participação no processo de governar.

CAPÍTULO IV DO ORDENAMENTO TERRITORIAL

Art. 27 O território municipal será ordenado para atender às funções econômicas e sociais do município, de forma a compatibilizar o desenvolvimento rural e urbano com o uso e a

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ocupação do solo, os recursos ambientais, a oferta de equipamentos e a circulação de pessoas e bens.

Parágrafo único. Para os fins do disposto neste Artigo, o ordenamento do território será efetivado mediante processo de planejamento permanente, do controle e fiscalização da ocupação e uso do solo.

Art. 28 O ordenamento territorial do Município será efetivado mediante:

I. O Macrozoneamento;

II. A estruturação das vias de circulação de veículos e pedestres;

III. A preservação do patrimônio histórico, cultural e natural.

SEÇÃO I DO MACROZONEAMENTO

Art. 29 O macrozoneamento é a divisão do território municipal em áreas que exigem usos e manejos diferenciados, tendo em vista as suas características específicas de solo, declividade, recursos naturais, etc. Desta forma, o macrozoneamento é um instrumento de planejamento da ocupação e uso da terra e dos recursos naturais, objetivando a adequada implementação das estratégias e ações definidas pelo Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins.

Art. 30 Ficam instituídas as seguintes macrozonas:

I. Macrozona Urbana (MZU);

II. Macrozona Rural (MZR).

Art. 31 A Macrozona Urbana é constituída por áreas utilizadas para fins urbanos, loteadas e aquelas destinadas ao crescimento normal da cidade, ainda não loteadas.

§1º Nos termos estabelecidos no caput deste artigo é Macrozona Urbana a sede do Município, conforme mapa de zoneamento, contido no documento Leitura Técnica e Comunitária do Município e Cidade do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, anexo único desta lei, cuja descrição de seu perímetro será matéria de lei específica.

§2º A transformação do solo rural em urbano, na definição da Macrozona Urbana, dependerá de prévia audiência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, nos termos estabelecidos pelo Art. 53 da Lei Federal n.º 6.766 de 19 de dezembro de 1979.

§ 3º Na Macrozona Urbana serão permitidos:

I. Habitações, comércio e serviços;

II. Instalações industriais, silos e armazéns;

III. Terminais rodoviários e aeroportuários, infra-estrutura de transporte, energia, comunicação, saneamento ambiental e edificações para usos institucionais.

Art. 32 A Macrozona Urbana é área efetivamente destinada a concentrar as funções urbanas com o objetivo de:

I. Otimizar os equipamentos urbanos e comunitários instalados;

II. Orientar o processo de expansão urbana;

III. Condicionar o crescimento urbano à capacidade dos equipamentos urbanos e comunitários.

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Art. 33 Na Macrozona Urbana o coeficiente de aproveitamento básico, para todos os lotes, é igual a 0,7 (sete décimos).

Parágrafo único. Coeficiente de aproveitamento é o índice pelo qual se deve multiplicar a área do lote a fim de se obter a área máxima de construção permitida no mesmo.

Art. 34 A macrozona urbana sede do município será definida na lei de uso e ocupação do solo na macrozona urbana, a ser elaborada conforme diretrizes estabelecidas nesta lei e no documento Leitura Técnica e Comunitária do Município e Cidade, anexo único desta lei.

§1º. O perímetro urbano deverá prever áreas para abrigar todo o crescimento da população urbana nos próximos dez anos.

§2º. O incremento populacional foi quantificado pelo cenário demográfico contido no documento Leitura Técnica e Comunitária do Município e Cidade do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, anexo único desta lei, devendo ser monitorado a partir das estimativas calculadas pelo IBGE.

§ 3º. O perímetro urbano não poderá ser alterado enquanto o crescimento populacional não exceder a capacidade instalada de lotes ou glebas não ocupados.

Art. 35 Nenhum loteamento para fins urbanos poderá ser aprovado fora dos limites do perímetro urbano.

Art. 36 A Macrozona Rural, constituída pelas demais terras do município, fora da Macrozona Urbana, é destinada às atividades agrícolas e pastoris, em especial de agricultura familiar e de pequenas propriedades. Compreende, ainda, áreas onde os ecossistemas originais foram alterados pelas atividades agropecuárias e extrativistas, e aquelas onde os ecossistemas ainda não foram alterados.

Parágrafo único. O Poder Executivo promoverá o zoneamento ecológico-econômico da Macrozona Rural com o fim de promover a conservação dos recursos naturais e orientar o seu uso e ocupação.

SEÇÃO II DO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO MUNICIPAL

Art. 37 O sistema viário municipal é composto pelo sistema rodoviário e pelo sistema viário urbano.

Art. 38 O sistema rodoviário municipal é constituído pelas estradas municipais localizadas na Macrozona Rural.

Parágrafo único. O sistema rodoviário municipal será planejado e implantado de modo a atender a todos os distritos, povoados, agrovilas e comunidades rurais, assegurando o acesso para todas as propriedades rurais isoladas, com forma e características de malha interligada ao sistema viário urbano e aos sistemas rodoviários estadual e federal.

Art. 39 O planejamento e a implantação das rodovias municipais observarão as seguintes diretrizes gerais:

I. Assegurar o livre trânsito nas diferentes Macrozonas do Município;

II. Facilitar o escoamento da produção em geral;

III. Promover a acessibilidade às propriedades rurais e às rodovias estaduais e federais.

§ 1º. A faixa das estradas municipais terá largura mínima de 10,00m (dez metros).

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§ 2º. As pistas de rolamento deverão ter a largura mínima de 4,00m (quatro metros) e máxima de 7,00m (sete metros).

§ 3º. Quando a pista de rolamento e o acostamento não ocuparem, inicialmente, os 10,00m (dez metros) a que se refere este artigo, a faixa livre restante, em cada um dos lados do leito da estrada, ficará reservada para futuros alargamentos.

§ 4º. A nomenclatura das estradas conterá a sigla CT, correspondente ao nome do Município, justapondo-se um número para efeito de identificação, nos termos estabelecidos pelo Plano Nacional de Viação.

§5º. O Poder Executivo regulamentará o que dispões este artigo.

SUB SEÇÃO I DO SISTEMA VIÁRIO URBANO

Art. 40 São diretrizes de mobilidade urbana sustentável:

I. Diminuir o número de viagens motorizadas, com a criação de subcentros nos bairros;

II. Facilitar a circulação de bicicletas nos deslocamentos urbanos;

III. Priorizar o deslocamento de pedestres;

IV. Adequar o sistema viário para as pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade;

V. Priorizar o transporte coletivo.

Art. 41 O sistema viário urbano é um dos elementos estruturadores do espaço urbano e tem por objetivo:

I. Garantir a circulação de pessoas e bens no espaço urbano, de forma cômoda e segura;

II. Possibilitar a fluidez adequada do tráfego;

III. Garantir o transporte, em condições adequadas de conforto;

IV. Atender às demandas do uso e ocupação do solo;

V. Permitir a adequada instalação das redes aéreas e subterrâneas dos serviços públicos.

Art. 42 O sistema viário urbano, constituído pelas vias existentes e por aquelas provenientes de parcelamentos futuros, será estruturado em:

I. Vias Arteriais, de interligação das vias coletoras ao sistema rodoviário regional, em condições de tráfego direto e contínuo, garantindo a fluidez do tráfego;

II. Vias coletoras, destinadas a coletar e distribuir o tráfego entre as vias arteriais e locais;

III. Vias locais, destinadas a permitir ao tráfego atingir e sair de áreas restritas;

IV. Ciclovias, vias públicas destinadas ao uso exclusivo de ciclistas;

V. Vias de pedestres, destinadas ao uso exclusivo de pedestres.

§ 1°. A classificação das vias arteriais e coletoras da Macrozona Urbana obedecerá aos critérios estabelecidos no Documento Leitura Técnica e Comunitário do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, constante do Anexo Único a esta Lei.

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§ 2°. Cabe ao Poder Executivo Municipal elaborar plano setorial de estruturação do sistema viário urbano, observadas as seguintes normas gerais:

I. Ao longo das vias arteriais deverão ser construídas ciclovias;

II. Nas vias locais será permitido tráfego misto de bicicletas e de veículos motorizados;

III. As vias de pedestres serão objeto de tratamento específico, devendo ser projetadas de modo a atender aos requisitos de segurança e de conforto físico e visual;

IV. Serão respeitadas as disposições da NBR-9050/1994, referentes à acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência.

Art. 43 Nos novos parcelamentos do solo urbano e naqueles ainda não regularizados, as especificações técnicas das vias urbanas e dos estacionamentos deverão respeitar as normas viárias estabelecidas na Lei Municipal de Parcelamento do Solo Urbano do Município de Colinas do Tocantins.

SEÇÃO III DO SISTEMA DE ÁREAS VERDES

Art. 44 O sistema de áreas verdes será formado por corredores de interligação dos espaços verdes que permeiam a Cidade, compostos por faixas ao longo das rodovias, por Parque Urbano, pelas Áreas de Preservação Permanente dos córregos Bacabinha, Marajá e Sinhá, e pelas praças e espaços arborizados e ajardinados, de propriedade pública e privada. Art. 45 O sistema de áreas verdes terá como meta atingir o índice igual ou maior que 20,00m² (vinte metros quadrados) de área verde por habitante.

SEÇÃO IV

DO PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL

Art. 46 Constitui o Patrimônio Cultural do município de Colinas do Tocantins:

I – a Avenida Bernardo Sayão

II – As praças 21 de Abril e 7 de Setembro

III _ O conjunto Arquitetônico da Praça do Mercado Municipal.

IV – Os costumes, as tradições e manifestações populares: Comidas Típicas, dança, música, artesanato, dentre outros.

Art. 47 Constitui o Patrimônio Natural do Município de Colinas do Tocantins:

I – A represa do Córrego Bacabinha;

II – Os Mananciais Hídricos de caráter permanente ou temporário;

III – os recursos naturais e a biodiversidade contida neles;

IV – as áreas de Preservação Permanente –APP

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V – O Sistema de Áreas Verdes Urbanas.

CAPÍTULO V

DO ABAIRRAMENTO

Art. 48 A Macrozona Urbana será constituída pelos seguintes bairros:

1. Centro;

2. Doirado;

3. Campinas;

4. Rodoviário;

5. Sul;

6. Campo Clube;

7. Novo Planalto;

8. São João;

9. Santa Maria;

10. Santa Rosa;

11. Santo Antônio.

CAPÍTULO VI DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

Art. 49 O Poder Público Municipal, de acordo com a legislação federal, estadual e municipal, utilizar-se-á dos seguintes instrumentos para a implementação da política de desenvolvimento sustentável:

VI. Instrumentos de planejamento:

h) Plano Plurianual;

i) Lei de Diretrizes Orçamentárias;

j) Lei do Orçamento Anual;

k) Planos, programas e projetos setoriais;

l) Lei de parcelamento do solo urbano;

m) Lei de uso e ocupação do solo urbano;

n) Zoneamento agro-econômico-ecológico.

VII. Instrumentos jurídicos e urbanísticos:

l) Servidão Administrativa;

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m) Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

n) Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana – IPTU progressivo no tempo;

o) Desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública;

p) Tombamento;

q) Usucapião especial de imóvel urbano;

r) Direito de superfície;

s) Outorga onerosa do direito de construir;

t) Instituição de unidades de conservação;

u) Direito de preferência;

v) Estudos de impacto ambiental;

w) Doações.

VIII. Instrumentos de regularização fundiária:

e) Concessão de uso e direito real de uso;

f) Concessão especial de uso para fins de moradia;

g) Instituição de zonas especiais de interesse social;

h) Assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades menos favorecidas.

IX. Instrumentos Tributários

c) Contribuição de melhoria;

d) Taxas e tarifas públicas.

X. Instrumentos de democratização da gestão:

a) Conselhos municipais;

b) Gestão orçamentária participativa

§ 1º Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei Complementar e no Estatuto da Cidade - Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001.

§ 2º A implementação da política de desenvolvimento será feita por meio da utilização isolada ou combinada dos instrumentos previstos nesta Lei Complementar.

Art. 50 O Plano Plurianual e as Leis de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento Anual deverão observar as linhas estratégicas e ações estabelecidas pelo Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins e pela legislação dele decorrente.

Art. 51 O Poder Executivo Municipal submeterá os projetos de lei do Plano Plurianual e do Orçamento Anual à apreciação da sociedade organizada através de entidades representativas, antes de encaminhá-los à Câmara Municipal, a fim de receber sugestões quanto à oportunidade e ao estabelecimento de prioridades das medidas propostas.

§ 1º Entende-se por entidade representativa qualquer grupo organizado, de fins lícitos, que tenha legitimidade para representar seus filiados, independentemente de seus objetivos ou natureza jurídica.

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§ 2º Os projetos lei de que tratam o caput deste artigo ficarão à disposição das entidades representativas durante 30 (trinta) dias, antes das datas fixadas para a sua remessa à Câmara Municipal.

SEÇÃO I DO PARCELAMENTO OU EDIFICAÇÃO COMPULSÓRIA, IPTU PRO GRESSIVO

NO TEMPO E DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA

Art. 52 Para promover o adequado aproveitamento dos lotes não edificados, subutilizados ou não utilizados, conforme estabelece o Estatuto da Cidade, o Poder Executivo Municipal poderá delimitar os terrenos ou glebas não edificados, subutilizados ou não utilizados para promover seu adequado aproveitamento, sob pena de sucessivamente:

I. Parcelamento ou edificação compulsória;

II. Imposto predial e territorial urbano progressivo no tempo;

III. Desapropriação com pagamento mediante título da dívida pública.

§1º. Considera-se solo urbano não edificado os terrenos com área igual ou superior a 360 m² (trezentos e sessenta metros quadrados) sem edificação, localizados na Macrozona Urbana.

§2º. Considera-se solo urbano subutilizado os terrenos e glebas com área igual ou superior a 700 m² (setecentos metros quadrados), situados nas Macrozona Urbana, quando o coeficiente de aproveitamento não atingir o mínimo definido para a zona onde se situam.

§3º. Considera-se solo urbano não utilizado todo tipo de edificação que esteja comprovadamente desocupada há mais de dois anos, ressalvados os casos dos imóveis integrantes de massa falida.

§4º. Ficam excluídos da obrigação estabelecida no caput os imóveis:

I. Utilizados para instalação de atividades econômicas que não necessitem de edificações para exercer suas finalidades;

II. Exercendo função ambiental essencial, tecnicamente comprovada pelo órgão municipal competente;

III. De interesse do patrimônio cultural ou ambiental;

IV. Ocupados por clubes ou associações de classe;

V. De propriedade de cooperativas habitacionais.

Art. 53 Lei Municipal específica estabelecerá as condições para aplicação destes instrumentos.

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SEÇÃO II ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL

Art. 54 Serão criadas Zonas Especiais de Interesse Social para a produção e manutenção de habitação de interesse social, regularização dos terrenos públicos e privados ocupados por habitações sub-normais por populações de baixa renda.

Art. 55 São reconhecidas como Zonas Especiais de Interesse Social:

I. ZEIS 1 localizada na Vila São João;

II. ZEIS 2 localizada nos Setores Santa Rosa I e II;

III. ZEIS 3 localizada no bairro Santo Antônio.

Parágrafo único. O Executivo Municipal, mediante Decreto, deverá delimitar as áreas a serem integrantes das Zonas Especiais de Interesse Social e elaborar os programas de intervenção, nos termos estabelecidos na legislação federal pertinente.

Art. 56 As Zonas Especiais de Interesse Social terão planos urbanísticos e de regularização fundiária específicos, observando-se para sua execução as seguintes diretrizes:

I. Adequar a propriedade e sua função social, priorizando o direito de moradia sobre o direito de propriedade;

II. Exercer efetivamente o controle do uso e ocupação do solo;

III. Destinar os investimentos públicos ao atendimento das necessidades locais, notadamente as de habitação, equipamentos urbanos e comunitários, sistema viário e meio ambiente;

IV. Criar instrumentos que restrinjam a especulação imobiliária e evitem a expulsão indireta dos moradores;

V. Incentivar e garantir a participação comunitária, bem como das entidades organizadas da sociedade civil, no processo de regularização fundiária e urbanização das áreas;

VI. Implementar a instalação de equipamentos urbanos e comunitários, consentâneos com a necessidade e características socioeconômicas e culturais dos moradores das ZEIS;

VII. Priorizar a utilização de mão-de-obra local;

VIII. Preservar e fortalecer as atividades produtivas existentes na área;

IX. Elaborar normas urbanísticas e edilícias específicas.

Art. 57 A regulamentação das ZEIS deverá contemplar, para cada uma delas, uma Comissão de Urbanização e Legalização, que será competente para:

I. Coordenar e fiscalizar a elaboração e execução do Plano Urbanístico e de Regularização Jurídica da ZEIS respectiva;

II. Intermediar assuntos de interesse da ZEIS, junto aos órgãos da administração direta ou indireta;

III. Elaborar relatórios trimestrais sobre o andamento do Plano Urbanístico e de Regularização Jurídica específico;

IV. Elaborar cadastro das pessoas a serem removidas para lotes ou casas constantes do projeto específico, obedecendo a critérios de prioridade estabelecidos entre o Poder Executivo Municipal e a comunidade;

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V. Dirimir questões não contempladas nesta Lei Complementar, assim como dúvidas resultantes de sua aplicação, no que diz respeito ao projeto específico;

VI. Fiscalizar a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros alocados;

VII. Elaborar termo de encerramento do Plano específico que, submetido ao poder executivo, extinguirá a Comissão de Urbanização e Legalização.

Parágrafo único. Cada Comissão de Urbanização e Legalização será composta por representantes do Governo Municipal, da entidade representativa dos moradores, do setor técnico e do Poder Legislativo Municipal.

SEÇÃO III ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

Art. 58 Fica instituído o Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV e seu respectivo Relatório de Impacto de Vizinhança – RIV como instrumentos de análise dos efeitos positivos e negativos decorrentes dos impactos de empreendimentos no meio urbano.

Art. 59 O projeto de implantação de obras ou equipamentos que tenham que apresentar o EIV, nos termos da lei, deverá vir acompanhado de RIV.

§1º. Todo RIV terá ampla divulgação, devendo ficar à disposição da comunidade para consulta;

§2º. Fica assegurada ao órgão público competente a realização de audiência pública, antes da decisão final sobre o projeto, sempre que requerida, na forma da lei.

Art. 60 O estudo de impacto de vizinhança será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, inclusive a análise, no mínimo, das seguintes questões:

I. Adensamento populacional;

II. Equipamentos urbanos e comunitários;

III. Uso e ocupação do solo;

IV. Valorização imobiliária;

V. Geração de tráfego e demanda por transporte público;

VI. Ventilação e iluminação;

VII. Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural;

VIII. Geração de resíduos sólidos;

IX. Impacto socioeconômico na população residente ou atuante no entorno;

X. Poluição sonora, visual e do ar com odores.

Art. 61 Norma específica definirá os empreendimentos e atividades em área urbana que dependerão da elaboração de Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança – EIV e do Relatório de Impacto de Vizinhança – RIV para obter licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal.

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Art. 62 O Município poderá exigir a adoção de medidas compensatórias e mitigadoras, ou mesmo alterações e complementações no mesmo, bem como a execução de melhorias na infra-estrutura urbana e de equipamentos comunitários, como condição para a expedição da licença ou autorização, tais como:

I. Ampliação das redes dos equipamentos urbanos;

II. Área de terreno ou área edificada para instalação de equipamentos comunitários em percentual compatível com o necessário para o atendimento da demanda a ser gerada pelo empreendimento;

III. Ampliação e adequação do sistema viário, pontos de ônibus, faixas de pedestres, semaforização;

IV. Proteção acústica, uso de filtros e outros procedimentos que minimizem incômodos da atividade;

V. Cotas de emprego e cursos de capacitação profissional, entre outros;

VI. Percentual de habitação de interesse social no empreendimento;

VII. Possibilidade de construção de equipamentos sociais em outras áreas da cidade;

VIII. Manutenção de áreas verdes.

§ 1º. A aprovação do empreendimento ficará condicionada à assinatura de Termo de Compromisso pelo interessado, em que este se compromete a arcar integralmente com as despesas decorrentes das obras e serviços necessários à minimização dos impactos decorrentes da implantação do empreendimento e demais exigências apontadas pelo Poder Executivo municipal, antes da finalização do empreendimento.

§ 2º. O Certificado de Conclusão da Obra ou o Alvará de Funcionamento só serão emitidos mediante comprovação da conclusão das obras previstas no parágrafo anterior.

Art. 63 A elaboração do EIV não substitui o licenciamento ambiental requerido nos termos da legislação ambiental.

CAPÍTULO VI DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO

Art. 64 O ordenamento e o controle do solo na Macrozona Urbana será efetivado através da definição de ocupações e usos, segundo os interesses de estruturação e desenvolvimento da cidade.

Art. 65 São diretrizes de ocupação e uso do solo na Macrozona Urbana:

I. Estabelecimento de zonas homogêneas de uso;

II. Nível da ocupação atual;

III. Espacialização dos usos, segundo critérios de reorganização dos usos atuais;

IV. Distribuição dos adensamentos e funções da Cidade

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Art. 66 A Macrozona Urbana divide-se em zonas de uso e ocupação do solo, de acordo com as diretrizes constantes do documento Leitura Técnica e Comunitária do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, anexo único desta Lei Complementar.

Art. 67 As zonas de uso e ocupação do solo, diferenciadas segundo seus usos e as demandas de preservação e proteção ambiental e paisagística, de otimização dos equipamentos urbanos e comunitários e do interesse de ocupação dos espaços urbanos ociosos, terão as seguintes características:

I. Zonas Habitacionais, pela predominância do uso habitacional e se dividem de acordo com as características de adensamento e ocupação;

II. Zonas Comerciais, pela predominância de uso comercial e de apoio às rodovias;

III. Zonas Industriais, pela predominância de uso industrial;

IV. Zonas de Interesse Ambiental e Paisagístico compreendendo:

a) Áreas de Preservação Permanente destinadas à preservação das áreas naturais, compreendendo uma faixa de 60,00m (sessenta metros) do talvegue dos córregos existentes no perímetro urbano;

b) A área da nascente do córrego Bacabinha até a foz com o córrego Marajá e até a BR-153.

Art. 68 São permitidos os seguintes usos na Macrozona Urbanas:

I. Habitações;

II. Comércio e serviços;

III. Área de uso misto de habitação, comércio e serviços em edificações de até quatro andares;

IV. Área comercial e de serviço em edifícios de até quatro pavimentos, sendo admitido o uso habitacional;

V. Áreas de abastecimento e serviços, oficinas mecânicas, postos de abastecimento de combustíveis, borracharias, estabelecimentos comerciais atacadistas de grande porte, restaurantes e lanchonetes, estabelecimentos de serviços industriais e atividades especiais;

VI. Equipamentos comunitários, de transportes, comunicação, saneamento, energia e administração;

VII. Áreas de chácaras de recreio lindeiras aos córregos Sinhá, Marajá e do rio Capivara.

§ 1º. São consideradas atividades especiais aquelas que demandam grandes áreas e implicam em grande concentração de pessoas ou veículo, exigindo preservação e controle específicos.

Art. 69 As áreas objeto deste Capítulo são indicadas no Anexo Único desta Lei Complementar.

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CPÍTULO VII DO PARCELAMENTO DO SOLO URBANO

Art. 70 O parcelamento do solo urbano obedecerá ao disposto nesta Lei Complementar, na Lei de Uso e Ocupação do Solo da Macrozona Urbana e na Lei de Parcelamento do Solo Urbano do Município de Colinas do Tocantins, respeitado o que dispõem a legislação federal e a estadual pertinente.

Art. 71 Qualquer parcelamento do solo urbano no Município terá que ser aprovado pela Prefeitura Municipal, nos termos das leis federal e municipal de parcelamento do solo urbano.

CAPÍTULO VIII DO PLANEJAMENTO MUNICIPAL

Art. 72 A política de desenvolvimento do Município será promovida pelo Sistema Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, que estabelecerá as ações a serem executadas pelo Poder Público, bem como as parcerias a serem firmadas com a iniciativa privada e com a sociedade organizada.

SEÇÃO I DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

Art. 73 O Poder Executivo Municipal implantará o Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e urbana, por profissionais habilitados, garantindo processo contínuo e permanente de implementação, acompanhamento, monitoramento e avaliação do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, bem como dos programas, ações e projetos dele decorrentes.

§ 1º. O Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana compreende o conjunto de órgãos, diretrizes, normas, mecanismos e processos que visam promover a coordenação das ações dos setores público, privado e da sociedade civil organizada, a integração entre os diversos programas setoriais e a dinamização da ação governamental.

§ 2º. O Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana assegurará a necessária transparência e a participação dos agentes econômicos, da sociedade civil e dos cidadãos interessados.

Art. 74 Compete ao Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana articular as ações dos órgãos da Administração Direta, Indireta ou Fundacional do Município, bem como da iniciativa privada e da sociedade civil organizada, para a implementação do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins.

Art. 75 Compõem o Sistema de Planejamento e Gestão, a Conferência da Cidade, o Conselho Municipal da Cidade, o órgão central de planejamento, as Secretarias Municipais e as entidades da administração indireta ou fundacional.

Parágrafo único. Todos os órgãos e entidades, da administração direta, indireta ou fundacional deverão participar da implementação do Plano Diretor Participativo de Colinas do

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Tocantins, elaborando os planos de ação e os projetos nas áreas de sua competência, nos termos estabelecidos por esta Lei Complementar.

Art. 76 A Conferência da Cidade é um fórum constituído pelo executivo e o legislativo municipal, pelos agentes econômicos e atores sociais, e se traduz no espaço político onde são debatidos os projetos estratégicos para o desenvolvimento sustentável do município.

§ 1º. A Conferência da Cidade reúne-se-a de dois em dois anos e elege seus representantes para o Conselho Municipal da Cidade.

§ 2º. A Conferência da Cidade têm por finalidade a tomada de decisões políticas de caráter estratégico, a formulação de políticas de sustentabilidade e a definição dos instrumentos para sua implementação.

Art. 77 O Conselho Municipal da Cidade é o órgão de deliberação superior do Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana, atuando como:

I. Colegiado representativo do poder público e dos vários segmentos sociais;

II. Espaço onde são debatidos e definidos as prioridades e os projetos estratégicos do Município.

Art. 78 O Conselho Municipal da Cidade tem como competência deliberar, no âmbito do Poder Executivo, quanto aos processos de implementação, atualização, monitoramento e avaliação do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei do Orçamento Anual, antes do seu encaminhamento à Câmara Municipal.

Parágrafo único. O Conselho Municipal da Cidade deve reunir-se, no mínimo, bimestralmente.

Art. 79 O Conselho Municipal da Cidade é composto pelo Prefeito e outros 19 (dezenove) membros efetivos, além dos seus respectivos suplentes, com mandato de 2 (dois) anos, da seguinte forma:

I. Sete representantes do Poder Executivo municipal;

II. Dois representantes do Poder Legislativo municipal;

III. Três representantes do setor empresarial, compreendendo entidades patronais da indústria, do comércio e de prestação de serviços;

IV. Sete representantes do Terceiro Setor, compreendendo Organizações não Governamentais, Fundações Privadas, Associações, Sindicatos, Entidades Confessionais e outras entidades representativas da sociedade local.

§ 1º Os membros titulares e suplentes do Conselho Municipal da Cidade serão indicados pelos respectivos setores e nomeados pelo Prefeito.

§ 2º Os membros do Conselho Municipal da Cidade exercerão seus mandatos de forma gratuita, vedada a percepção de qualquer vantagem de natureza pecuniária.

§ 3º São públicas as reuniões do Conselho Municipal da Cidade.

§ 4º O Conselho Municipal da Cidade será presidido pelo representante do Poder Executivo Municipal de Colinas do Tocantins.

Art. 80 O Conselho Municipal da Cidade terá, entre suas atribuições:

I. Promover a participação da sociedade na definição das prioridades e projetos estratégicos do Município;

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II. Deliberar sobre planos e programas de ações de desenvolvimento para o Município;

III. Acompanhar a implementação dos instrumentos da política de desenvolvimento e de expansão urbana;

IV. Elaborar seu Regimento Interno.

V. Implementar a divulgação das ações desenvolvidas pelo Conselho.

Art. 81 O Conselho Municipal da Cidade constituirá Câmaras Temáticas, quando necessário, para subsidiar com estudos, pesquisas, pareceres e outros procedimentos técnicos, suas discussões e deliberações.

Parágrafo único. As Câmaras Temáticas deverão estar voltadas, em especial, para questões relativas às políticas setoriais do Município, como as políticas de habitação, meio ambiente, uso e ocupação do solo, dentre outras.

Art. 82 A Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão é o órgão central do Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana.

Parágrafo único. A Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão assumirá as seguintes competências:

I - Coordenar o Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana de Colinas do Tocantins;

II - Promover a articulação entre os organismos componentes do Sistema na definição das diretrizes e ações estratégicas para desenvolvimento sustentável do Município;

III - Coordenar a elaboração de projetos inter e multissetoriais relativos às linhas estratégicas do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins;

IV - Coordenar, orientar e consolidar, de forma integrada com os organismos componentes do Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana, em especial com a Secretaria Municipal de Administração, a elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei de Orçamento Anual;

V - Acompanhar, monitorar e avaliar a implementação das linhas estratégicas e programas de ações, utilizando um conjunto de procedimentos e indicadores de resultados e de impacto;

VI - Estruturar, manter e operar o Sistema de Informações Municipais;

VII - Prestar o suporte técnico e administrativo necessário ao funcionamento do Conselho Municipal da Cidade.

Art. 83 O Poder Executivo regulamentará o Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana, nos termos estabelecidos por esta Lei Complementar.

SEÇÃO II DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES MUNICIPAIS

Art. 84 O Executivo Municipal providenciará a criação do Sistema de Informações Municipais, no âmbito do Sistema de Planejamento e Gestão, Municipal e Urbana vinculado ao órgão central de planejamento com o objetivo de coletar, armazenar, processar e atualizar

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dados e informações para atender ao processo de planejamento e gestão municipal, em todas as suas instâncias, principalmente no acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações inerentes à política de desenvolvimento e expansão urbana do Município.

§ 1º O Sistema de Informações Municipais abrigará um cadastro multifinalitário único e reunirá informações sobre aspectos físico-territoriais, ambientais, sócio-culturais, econômicos, urbanísticos e institucionais, com destaque para:

I. Os aspectos demográficos;

II. As atividades econômicas e o mercado de trabalho;

III. O uso e a ocupação do solo;

IV. As edificações;

V. Os equipamentos urbanos e comunitários;

VI. O sistema viário e de pedestres;

VII. Os serviços públicos;

VIII. A qualidade ambiental;

IX. As áreas de preservação permanente e as ambientalmente protegidas;

X. A saúde pública;

XI. A educação e a cultura;

XII. Os esportes e o lazer;

XIII. As informações cartográficas do município;

XIV. As informações de natureza imobiliária, tributária e patrimonial;

§ 2º. O poder Executivo Municipal regulamentará o funcionamento do Sistema de Informações Municipais.

§ 3º. Fica assegurado a todo cidadão o acesso às informações constantes do Sistema de Informações Municipais.

CAPÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 85 O encaminhamento de qualquer proposta de alteração do disposto no Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins fica condicionado à prévia apreciação do Conselho Municipal da Cidade.

Art. 86 O Executivo Municipal deverá proceder a implementação do levantamento topográfico plani-altimétrico cadastral da Macrozona Urbana, instrumento de referência básica para o Sistema de Informações Municipais.

§ 1º Com base no levantamento topográfico plani-altimétrico definido no caput deste Artigo, o Poder Executivo municipal promoverá a delimitação topográfica do perímetro da Macrozona Urbana.

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§ 2º O limite da Macrozona Urbana será demarcado em conformidade com o que estabelece o Anexo Único desta Lei Complementar.

Art. 87 O Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins deverá ser revisto no prazo máximo de 10 (dez) anos, a partir de sua publicação, conforme estabelece a Lei Federal n.º 10.257, de 10 de julho de 2001 - Estatuto da Cidade.

§ 1º O Poder Executivo, por meio do órgão central do Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana coordenará e promoverá os estudos necessários para a revisão do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins.

§ 2º Qualquer proposta de modificação, total ou parcial, do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins será objeto de debate prévio no Conselho Municipal da Cidade, antes de sua apreciação pela Câmara Municipal.

Art. 88 O Poder Executivo Municipal, com base nesta Lei Complementar, elaborará os projetos de Leis Complementares regulamentando o Uso e Ocupação do Solo na Macrozona Urbana e o Parcelamento do Solo Urbano.

Art. 89 O Poder Executivo regulamentará o órgão central do Sistema de Planejamento e Gestão Municipal e Urbana nos termos estabelecidos por esta Lei Complementar.

Art. 90 Os loteamentos urbanos existentes na Macrozona Urbana, ainda não aprovados e registrados no Cartório de Registro de Imóveis, para sua regularização deverão atender ao que dispõe esta Lei Complementar e a Lei Complementar de Parcelamento do Solo Urbano do Município de Colinas do Tocantins.

Parágrafo único. As ocupações sob forma de loteamentos existentes nas Macrozona Urbana deverão ser regularizadas atendendo o que dispõe o caput deste Artigo.

Art. 91 O Poder Executivo deverá promover a revisão da legislação edilícia e de posturas, de forma a atender o que estabelece o Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins.

Art. 92 Integra esta Lei Complementar o Documento Leitura Técnica e Comunitária do Plano Diretor Participativo de Colinas do Tocantins, constante do Anexo Único.

Art. 93 Esta Lei Complementar entra em vigor na data da publicação.

Gabinete da Prefeita Municipal de Colinas do Tocantins, Estado do Tocantins, aos 28 dias do mês de Dezembro de 2006.

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Maria Helena Defavari das Dores