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Instituto de Estudos Pró-Cidadania PRÓ-CITTÀ REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE PEDRO LEOPOLDO DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO PLANO DIRETOR DE PEDRO LEOPOLDO DIMENSÃOGEOAMBIENTAL E URBANÍSTICA VERSÃO FINAL SETEMBRO/2014

Plano Diretor Pedro Leopoldo 2014

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Pedro Leopoldo

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  • Instituto de Estudos Pr-Cidadania PR-CITT REVISO DO PLANO DIRETOR DE PEDRO LEOPOLDO

    DIAGNSTICO SITUACIONAL DO PLANO

    DIRETOR DE PEDRO LEOPOLDO

    DIMENSOGEOAMBIENTAL E URBANSTICA VERSO FINAL

    SETEMBRO/2014

  • ii

    APRESENTAO

    Este documento consiste no Diagnstico Situacional do Plano Diretor de Pedro Leopoldo, formado

    por um volume relativo s dimenses socioeconmico e produtiva e por um segundo volume relativo

    dimenso urbanstica e geoambiental, alm de um documento institucional de suporte anlise da dimenso

    administrativa e gerencial da prefeitura.

    Este Diagnstico Situacional contm as anlises tcnicas elaboradas pela equipe do Instituto de

    Estudos Pr-Cidadania PR-CITT, a partir do levantamento, sistematizao e anlise de dados

    secundrios, da realizao de entrevistas e de visitas e atividades de campo. Em consonncia com a

    metodologia de elaborao de Planos Diretores, trata-se da viso tcnica do municpio, debatida com a

    comunidade de Pedro Leopoldo no Seminrio do Plano Diretor, realizado no dia 26 de agosto de 2014, e ser

    utilizado como insumo para as Oficinas de Planejamento Participativo, que acontecero ao longo das

    primeiras semanas do ms de setembro.

    O Plano Diretor de Pedro Leopoldo obedece aos dispositivos da legislao federal, especialmente o

    Estatuto das Cidades, Lei Federal n. 10.257/2001, bem como as resolues do Conselho Nacional das

    Cidades.

    A promoo do desenvolvimento em bases sustentveis atravs do planejamento, necessariamente

    processual e participativo, configura um processo contnuo e permanente que demanda a observao da

    solidariedade entre as geraes atual e futuras, adotando uma compreenso sistmica e interdependente da

    realidade social, atravs do estudo de elementos temticos que abarcam um conjunto de aspectos da vida

    social: as dimenses.

    O planejamento do processo de desenvolvimento, segundo essa abordagem, considera que o

    conjunto da realidade social pode ser compreendido, para fins de anlise e/ou interveno, como composto

    por dimenses interdependentes.

    No caso do Plano Diretor de Pedro Leopoldo, considerando as caractersticas e o perfil da realidade

    municipal, foram utilizadas quatro dimenses de sustentabilidade: (1) socioeconmica, (2) produtiva, (3)

    urbanstica e geoambiental e (4) poltico-institucional, respondendo cada dimenso por um conjunto de

    aspectos da dinmica social local, os quais se refletem e interagem com elementos, foras e atores da

    realidade metropolitana, estadual, nacional e global.

    No processo de elaborao do Plano Diretor, conforme informado anteriormente, sero realizadas

    Oficinas de Planejamento Participativo, nas quais devero ser produzidos diagnsticos comunitrios da

    realidade local, em conformidade com a metodologia proposta pelo PR-CITT e aprovada pela prefeitura.

    Sero realizadas Oficinas de Planejamento Participativo nos diversos distritos de Pedro Leopoldo, buscando

    abranger toda a diversidade social, econmica e ambiental das diferentes pores do territrio municipal.

  • iii

    A equipe do PR-CITT espera contar com a interlocuo tcnica com a prefeitura e com o

    envolvimento da sociedade local para que este Diagnstico subsidie, da melhor forma possvel, o processo de

    reviso do Plano Diretor do Municpio de Pedro Leopoldo.

  • iv

    LISTAS DE QUADROS

    QUADROS:

    Quadro 2.1 Sntese da anlise ambiental

    Quadro 3.2.1. Domiclios particulares permanentes por tipo Pedro Leopoldo 2010

    Quadro 3.2.2. Evoluo dos indicadores de habitao de Pedro Leopoldo 1991/2010

    Quadro 3.2.3. Dficit habitacional bsico Pedro Leopoldo 2000/2010

    Quadro 3.4.1. Sntese dos conflitos de uso e ocupao do solo por localidade

    Quadro 3.5.1. reas de proteo ambiental, Patrimnio Cultural de Pedro Leopoldo

    Quadro 3.5.2. Patrimnio mvel e imvel protegido no Municpio de Pedro Leopoldo

    Quadro 3.5.3. Calendrio das principais festas e eventos de Pedro Leopoldo

  • v

    LISTAS DE MAPAS

    MAPAS:

    Mapa 1.1. Insero regional do Municpio de Pedro Leopoldo

    Mapa 1.2. Distritos do Municpio de Pedro Leopoldo

    Mapa.1.3. Unidades de Conservao no Municpio de Pedro Leopoldo

    Mapa 2.1. Microbacias do Municpio de Pedro Leopoldo

    Mapa 2.2. Principais reas impactadas na microbaciado ribeiro da Mata

    Mapa 2.3. Principais reas impactadas na microbacia do ribeiro Urubu

    Mapa 2.4. Principais reas impactadas nas microbacias

    dos ribeires das Neves e Areias

    Mapa 2.5. Principais reas impactadas na regio crstica

    Mapa 2.6. Principais reas impactadas nas microbacias de Pedro Leopoldo

    Mapa 3.2.1. Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Fidalgo

    Mapa 3.2.2. Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Central

    Mapa 3.2.3. Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Sul

    Mapa 3.2.4. Verticalizao

    Mapa 3.2.5. Percentual de domiclios particulares permanentes com lixo coletado por setor censitrio Pedro Leopoldo 2010

    Mapa 3.2.6. Percentual de domiclios particulares permanentes com abastecimento

    de gua Pedro Leopoldo 2010

    Mapa 3.2.7. Percentual de domiclios particulares permanentes com sanitrio e

    esgotamento sanitrio via rede geral de esgoto ou pluvial nos setores

    censitrios Pedro Leopoldo 2010

    Mapa 3.2.8. reas de interesse social em Pedro Leopoldo 2014

    Mapa 3.2.9. reas irregulares em Pedro Leopoldo 2014

    Mapa 3.3.1. Principais eixos virios e hidrografia

    Mapa 3.4.1. Distritos do Municpio de Pedro Leopoldo

    Mapa 3.4.2. Conflitos entre reas de proteo ambiental e o macrozoneamento municipal

    Mapa 3.4.3. Conflitos entre reas de proteo ambiental e o zoneamento municipal

  • vi

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENES

    AABB Associao Atltica do Banco do Brasil

    ACS Agente comunitrio da Sade

    AIDS Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    APA rea de Proteo Ambiental

    APAE Associao de Apoio aos Pais e Amigos dos Excepcionais

    APE rea de Proteo Especial

    APIWEB Sistema de Informaes do Programa de Imunizaes na WEB

    APP rea de Proteo Permanente

    ASSER Associao de Escolas Reunidas

    BCG Bacillus Calmette-Gurin

    BPC Benefcio de Prestao Continuada

    CAPS Centro de Ateno Psicossocial

    CAMG Cidade Administrativa de Minas Gerais

    CBH Conselho de Bacia Hidrogrfica

    CEI Centro de Estudos de Imagem

    CEM Centro de Especialidades Mdicas

    CEMAI Centro Municipal de Apoio Infantil

    CEMIG Companhia Energtica de Minas Gerais

    CEO Centro de Especialidades Odontolgicas

    CEPEL Centro Esportivo de Pedro Leopoldo

    CEPPEL Centro Poliesportivo de Pedro Leopoldo

    CEPEX Centro de Pesquisa e Extenso

    CIAS Consrcio Intermunicipal Aliana para a Sade

    CISREC Consrcio Intermunicipal de Sade da Regio do Calcrio

    CMMDA Comisin Mundial del Medio Ambiente y el Desarrollo

    CMS Conselho Municipal de Sade

    CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sade

    COMTUR Conselho Municipal de Turismo

    CONSEP Conselho Comunitrio de Segurana Pblica

  • vii

    COPAM Conselho de Poltica Ambiental

    COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

    CRAS Centro de Referncia de Assistncia Social

    CREA-MG Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais

    CREAS Centro de referncia Especializado de Assistncia Social

    CTI Centro de Tratamento Intensivo

    DATASUS Departamento de Informtica do SUS / MG

    DEED Diretoria de Estatsticas Educacionais

    DOPEAD Delegacia Especializada em Orientao e Proteo Criana e ao

    Adolescente

    DST Doenas Sexualmente Transmissveis

    EJA Educao de Jovens e Adultos

    EMATER-MG Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Estado de

    Minas Gerais

    ESF Estratgia de Sade da Famlia

    ETE Estao de Tratamento de Esgoto

    FAPEMIG Fundo de Apoio Pesquisa do Estado de Minas Gerais

    FIFA Fdration Internationale de Football Association

    FIEMG Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais

    FJP Fundao Joo Pinheiro

    FUMTUR Fundo Municipal de Turismo

    FUNDEB Fundo Nacional de Desenvolvimento e apoio Educao Bsica

    HPV Vrus do Papiloma Humano

    IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ICMS Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e

    Sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual,

    Intermunicipal e de Comunicao

    IDEB ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica

    IDHM ndice de Desenvolvimento Humano Municipal

    IEF Instituto Estadual de Florestas

    IEPHA Instituto Estadual do Patrimnio Histrico e Artstico de Minas

    Gerais

    INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

  • viii

    IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    IPTU Imposto Predial Territorial Urbano

    FPIC Funo Pblica de Interesse Comum

    LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    LOAS Lei Orgnica da Assistncia Social

    LUB Legislao Urbanstica Bsica

    MEC Ministrio da Educao

    MBA Master in Business Administration

    MONA Monumento Natural

    NASF Ncleo de Apoio Sade da Famlia

    OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico

    PA Pronto Atendimento

    PACS Programa de Agentes Comunitrios de Sade

    PAIF Programa de Ateno Integral Famlia

    PAIFI Programa de Ateno Integral Famlia e Indivduos

    PEA Populao Economicamente Ativa

    PIB Produto Interno Bruto

    PAM Pronto Atendimento Mdico

    PMMG Polcia Militar de Minas Gerais

    PNAS Programa Nacional de Assistncia Social

    PNH Programa Nacional de Humanizao

    PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    PPI Programao Pactuada Integrada

    PR-CITT Instituto de Estudos Pr Cidadania

    PRONASCI Programa Nacional de Segurana Pblica

    PSF Programa de Sade da Famlia

    PUC Pontifcia Universidade Catlica

    RAIS Relao Anual de Informaes Sociais

    RFFSA Rede Ferroviria Federal / Sociedade Annima

    RMBH Regio Metropolitana de Belo Horizonte

    RPPN Reserva Particular de Proteo Natural

    RVS Reserva da Vida Silvestre

    SAMU Sistema de Atendimento Mvel de Urgncia

  • ix

    SAP Sistema de reas Protegidas

    SBM Sistema Brasileiro de Museus

    SEBRAE-MG Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas de

    Minas Gerais

    SETES Subsecretaria de Esportes do Estado de Minas Gerais

    SETS Sistema Estadual de Transportes Sanitrios

    SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais

    SAI Sistemas de Informaes Ambulatoriais

    SIM Sistema de Informao de Mortalidade

    SINASC Sistema de Informao sobre Nascidos Vivos

    SMAS Secretaria Municipal de Assistncia Social

    SMDS Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social

    SME Secretaria Municipal de Educao

    SMS Secretaria Municipal de Sade

    SNC Sistema Nacional de Cultura

    SUAS Sistema nico da Assistncia Social

    SUS Sistema nico de Sade

    TAC Termo de Ajuste de Conduta

    TFD Tratamento Fora do Domiclio

    UAE Unidade de Atendimento Especial

    UDH Unidade de Desenvolvimento Humano

    UC Unidade de Conservao

    UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia

    UTI Unidade de Terapia Intensiva

    UTM Universal Transversa de Mercator

    TFD Tratamento Fora do Domiclio

    ZAM Zona de Adensamento Mdio

    ZAR Zona de Adensamento Restrito

    ZC Zona Central

  • SUMRIO

    1. CARACTERIZAO DO MUNICPIO DE PEDRO LEOPOLDO

    E SUA INSERO METROPOLITANA ...................................................................... 11 1.1. CARACTERSTICAS DO MEIO NATURAL DE PEDRO LEOPOLDO ................. 13

    2. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS ............................................................. 18 2.1. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS DAS

    BACIAS HIDROGRFICAS DE PEDRO LEOPOLDO ........................................... 18 2.1.1. Caracterizao da microbacia do curso principal do ribeiro da Mata ...................... 21 2.1.2. Microbacia do ribeiro Urubu ................................................................................... 24 2.1.3. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Neves ................................................ 26 2.1.4. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Areias ................................................ 26 2.1.5. Microbacias da drenagem subterrnea do sistema hdrico da rea crstica .............. 28 2.2. ASPECTOS RELATIVOS GESTO AMBIENTAL .............................................. 33

    3. DESENVOLVIMENTO E POLTICA URBANA ......................................................... 34 3.1. EVOLUO DA OCUPAO URBANA EM PEDRO LEOPOLDO ..................... 34 3.2. USO E PADRO DE OCUPAO DO SOLO URBANO ........................................ 37 3.2.1. Condies De Moradia: Caractersticas dos Domiclios ........................................... 47 3.3. INFRAESTRUTURA SOCIAL E URBANA .............................................................. 58 3.3.1. Sistemas virio e de transporte pblico ..................................................................... 58 3.3.2. Infraestrutura de saneamento bsico.......................................................................... 65 3.4. ANLISE DA LEGISLAO URBANSTICA BSICA ......................................... 70 3.4.1. Permetros urbanos .................................................................................................... 71 3.4.2. Legislao relativa ao parcelamento do solo ............................................................. 75 3.4.3. Legislao sobe uso e ocupao do solo ................................................................... 77 3.4.4. Cdigo de Obras ........................................................................................................ 84 3.4.5. Cdigo de Posturas .................................................................................................... 86 3.5. PATRIMNIO CULTURAL DE PEDRO LEOPOLDO ............................................ 91

  • 11

    1. CARACTERIZAO DO MUNICPIO DE PEDRO

    LEOPOLDO ESUA INSERO METROPOLITANA

    O Municpio de Pedro Leopoldo, segundo a regionalizao do Instituto Brasileiro

    de Geografia e Estatstica (IBGE), localiza-se na Mesorregio Metropolitana de Belo

    Horizonte, na Microrregio de Belo Horizonte, integrando a Regio Metropolitana de Belo

    Horizonte (RMBH). Apresenta uma diviso territorial constituda de 5 distritos: sede,

    Doutor Lund, Fidalgo, Lagoa de Santo Antnio e Vera Cruz de Minas. O Mapa 1.1 ilustra

    a insero regional de Pedro Leopoldo, situado no Vetor Norte da RMBH.

    Mapa 1.1 Insero regional do Municpio de Pedro Leopoldo

    O municpio ocupa uma rea de 292,947km, fazendo limites com os municpios de

    Matozinhos, So Jos da Lapa, Confins, Lagoa Santa, Ribeiro das Neves, Esmeraldas e

    Jaboticatubas.O Mapa 1.2, na pgina seguinte, situa os distritos de Pedro Leopoldo no

    municpio.

  • 12

    Mapa 1.2 Distritos do Municpio de Pedro Leopoldo

  • 13

    O Municpio de Pedro Leopoldo possui uma localizao espacial economicamente

    estratgica no Vetor Norte da RMBH. Distante 46 km da capital, tem acesso atravs das

    rodovias MG-010 e MG-424, e est a 15 minutos do Aeroporto de Internacional Tancredo

    Neves, no municpio vizinho de Confins, por meio de estrada duplicada.

    Todo este setor da regio metropolitana vem sofrendo o impacto de grandes obras do governo

    estadual a implantadas, como o Centro Administrativo, obras virias de interligao metropolitana como a

    Linha Verde, o programado Rodoanel de Contorno Metropolitano Norte, distrito industrial do aeroporto

    metropolitano, dentre outras.

    Em 2007, o governo estadual instituiu o Plano de Governana Ambiental Metropolitano, o qual

    previa priorizar o Vetor Norte e a rea de influncia do Anel de Contorno Norte da RMBH. Foi ento criado

    o Sistema de reas Protegidas do Vetor Norte da RMBH (SAP Vetor Norte). Este sistema consiste em uma

    rede de reas protegidas e seus corredores ecolgicos, idealizados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente

    e Desenvolvimento Sustentvel, que visa garantir a conservao do patrimnio natural, histrico e cultural da

    regio.

    A implementao do SAP Vetor Norte constitui uma das condicionantes das obras pblicas do

    governo do estado. O Municpio de Pedro Leopoldo, assim como todos os municpios que integram a sub-

    bacia do ribeiro da Mata e a APA Carste de Lagoa Santa, esto inseridos na rea territorial do Vetor Norte

    da RMBH.

    1.1. CARACTERSTICAS DO MEIO NATURAL DE PEDRO LEOPOLDO

    Geologicamente, o Municpio de Pedro Leopoldo compartimentado por dois

    domnios: um associado ao complexo gnissico do embasamento cristalino, que abrange a

    rea central e sul do municpio, domnio da bacia do ribeiro da Mata; outro, a Leste-

    Nordeste, integra o domnio da rea Crstica de Lagoa Santa. Esta rea constituda de

    rochas calcrias, pertencentes ao grupo Bambu, componente da Formao Sete Lagoas,

    que afloram nesta regio, correspondendo ao extremo Sudeste da extensa bacia sedimentar

    do rio So Francisco.

    O efeito corrosivo da gua sobre as rochas calcrias propiciou o aparecimento do

    relevo crstico nesta regio, com suas caractersticas fsicas peculiares, constituindo uma

    das principais reas desse tipo de relevo no Brasil. Diversos tipos de formaes so

    encontradas, sendo umas subterrneas, formando o endocarte, cujas principais feies so

    as cavernas. Outras so visveis em superfcie, constituindo o que chamado de exocarte,

    sendo comuns as seguintes formaes:

  • 14

    Lapis sulcos formados na superfcie das rochas calcrias, pela ao corrosiva das

    guas. Esses sulcos funcionam como fonte de abastecimento do aqufero crstico,

    pois a gua das chuvas que neles penetra chega at as guas subterrneas;

    Dolinas depresses de formato elptico ou circular, formadas em terrenos

    calcrios pela ao solvente da gua sobre a rocha ou pelo desmoronamento do teto

    de cavidades. Geralmente, ocorrem em pontos onde a rocha apresenta uma juno

    de fraturas. As dolinas podem formar lagoas temporrias;

    Uvalas depresses constitudas pela juno de duas ou mais dolinas;

    Polis depresses de grande extenso, caracterizadas por fundo plano,

    atravessadas, geralmente, por um fluxo contnuo de gua e rodeadas por paredes

    rochosos. Alguns polis tambm podem se transformar em lagoas temporrias;

    Vales Cegos so vales onde a gua subterrnea aparece na superfcie por uma

    surgncia e termina de forma repentina em um sumidouro;

    Macios grandes planaltos crsticos, limitados por paredes rochosos escarpados

    com lapis, que alojam vales cegos, sumidouros, cavernas e ressurgncias.

    No Carste, essas formaes possuem um sistema de circulao e transmisso das

    guas subterrneas que possibilitam uma maior influncia dos fatores externos, pois h

    comunicao entre os aquferos e a superfcie, tornando-os mais frgeis s vrias fontes de

    poluio.

    Os solos do municpio so, de modo geral, no compartimento de rochas do

    cristalino, argissolo vermelho-amarelo distrfico e, no compartimento de rochas calcrias,

    o argissolo vermelho autrfico.

    A vegetao do Municpio de Pedro Leopoldo se insere na rea de contato entre os

    biomas do cerrado, com suas diversas fisionomias, e da Mata Atlntica, representada pelas

    florestas estacionais semideciduais. A vegetao original foi em grande parte substituda

    por pastagens, ocupao urbana, explorao mineraria (calcrio, argila e areia) e atividade

    industrial. A vegetao predominante na rea crstica do municpio o Cerrado. A Mata

    Seca est presente sobre os macios calcrios, e nos locais mais midos, como nas dolinas

    e ao redor dos afloramentos calcrios, onde desenvolve-se uma mata mais densa. Ao longo

    dos cursos de gua, a mata ciliar apresenta-se reduzida e inexistente em vrios trechos.

  • 15

    O clima do municpio conforme a classificao de Kppen tropical de altitude

    Cwb, chuvas de vero e seca no inverno.

    Os recursos hdricos do municpio esto inseridos na bacia hidrogrfica do rio das

    Velhas, bacia do rio So Francisco, atravs de seu afluente, o ribeiro da Mata. A sua bacia

    hidrogrfica abrange a rea de dez municpios, sendo que 28% esto no Municpio de

    Pedro Leopoldo, ocupando toda a sua poro central e Sudoeste. A Nordeste do municpio,

    predomina o sistema hdrico do relevo crstico, com drenagens com descarga final no

    ribeiro da Mata a Sudoeste, ou diretamente no rio das Velhas, a Nordeste.

    Considerando as caractersticas do meio fsico do municpio e de sua insero no

    Vetor Norte da RMBH ele est inserido ambientalmente em uma rede de Unidades de

    Conservao, que sero mencionadas por compartimento geolgico em que esto situadas.

    Unidades de Conservao do compartimento de rochas calcrias do relevo crstico

    do municpio:

    rea de Proteo Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa: foi criada em

    1990, pelo Decreto Federal n 98.881, de janeiro de 1990, com o objetivo de

    garantir a conservao do conjunto paisagstico e da cultura regional,

    proteger as cavernas e demais formaes crsticas, stios arqueolgicos e

    paleontolgicos, a vegetao e a fauna. A APA, que ocupa rea de 39.000ha,

    possui um Plano de Manejo aprovado em 1966 e abrange os municpios de

    Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Confins, Matozinhos, Funilndia, Vespasiano

    e Prudente de Morais;

    Parque Estadual do Sumidouro: foi criado em 1980, pelo Decreto Estadual n

    20.375, tendo como objetivo preservar o patrimnio cultural e natural

    existente nessa regio, como as grutas e as pinturas rupestres, a fauna e a

    vegetao do Cerrado. Essa Unidade de Conservao (UC), localizada nos

    municpios de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, ocupa uma rea de 2.003,57

    hectares e nela est inserida, dentre outros tesouros arqueolgicos e belezas

    naturais, a Gruta da Lapinha. No total, o Parque abriga 52 cavernas e 174

    stios histricos e pr-histricos. Circunscrito pela APA Carste de Lagoa

    Santa e integrante do SAP do Vetor Norte, o Parque Estadual do Sumidouro

    tem a maior extenso de sua rea considerada como sendo de muito alta

    prioridade de conservao;

    rea de Proteo Especial (APE) do Entorno do Aeroporto: foi criada em

    1980, pelo Decreto Estadual n 20.597, com o objetivo de preservar os

    mananciais, patrimnio cultural, histrico, e arqueolgico paisagstico e para

    evitar tambm a ocupao urbana descontrolada no entorno do aeroporto

  • 16

    metropolitano. A APE ocupa uma rea de 37.631ha, abrangendo os

    municpios de Lagoa Santa, Matozinhos, Confins, Funilndia e Prudente de

    Morais;

    Monumento Natural Lapa Vermelha: localizado na rea da Minerao Lapa

    Vermelha, no limite com o Municpio de Confins, consiste num macio

    calcrio com quatro grutas, sendo que em uma delas foi encontrado o crnio

    de Luzia, o fssil humano mais antigo encontrado nas Amricas. Vale

    salientar que nessa regio ainda esto previstas, em fase de estudos, mais

    duas UCs, a Fazenda Samambaia e o Planalto das Dolinas, previstas pelo

    SAP Vetor Norte;

    Duas RPPNs esto localizadas nesta rea crstica; a Sol Nascente que est

    situada ao lado da extrao de calcrio da Intercement, antiga Cau, com

    uma rea de 60.28ha; e outra denominada Fazenda Campinho, localizada a

    Sudoeste da Fazenda Samambaia, com uma rea de 43ha.

    No compartimento de rochas cristalinas, na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata,

    h ainda duas UCs:

    1. rea de Proteo Especial do Ribeiro Urubu (APE Urubu): foi criada em

    1981, abrangendo toda a bacia do ribeiro Urubu, um dos afluentes do

    ribeiro da Mata, abrangendo os municpios de Pedro Leopoldo e

    Esmeraldas. A APE visa a proteo das suas nascentes representadas pelo

    ribeiro Vau do Palmital e crrego do Tijuco. A APE foi implementada aps

    2007, conforme previsto no SAP do Vetor Norte;

    2. Refgio da Vida Silvestre Serra das Aroeiras: criado em 2014, vinculado ao

    SAP Vetor Norte, possui 93% de sua rea no Municpio de Pedro Leopoldo,

    e 7% no Municpio de So Jos da Lapa. A Serra das Aroeiras o divisor de

    guas das bacias do ribeiro das Neves e ribeiro Areias, no Sudeste do

    Municpio de Pedro Leopoldo.

    O Mapa 1.3 apresenta o conjunto de Unidades de Conservao do municpio.

  • Mapa 1.3 Unidades de Conservao no Municpio de Pedro Leopoldo

  • 18

    2. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS

    2.1. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS DAS

    BACIAS HIDROGRFICAS DE PEDRO LEOPOLDO

    A caracterizao ambiental do Municpio de Pedro Leopoldo, apresentada no captulo inicial deste

    documento aprofundada, neste captulo, a partir da caracterizao e da localizao espacial dos recursos

    ambientais locais, seguida da avaliao das principais interaes s quais esses se encontram submetidos.

    Para uma compreenso mais objetiva da questo ambiental municipal, definiu-se como unidade

    bsica de trabalho as bacias e sub-bacias hidrogrficas que drenam o municpio, as quais configuram

    unidades territoriais de planejamento e gesto.

    O planejamento e a gesto de bacias hidrogrficas consistem em instrumentos que, a mdio e longo

    prazo, orientam o poder pblico e a sociedade na utilizao e monitoramento dos recursos ambientais

    naturais, econmicos e socioculturais da rea de abrangncia da bacia, contribuindo para a promoo do

    desenvolvimento sustentvel.

    Assim sendo, buscou-se, na anlise geoambiental das bacias existentes no municpio, identificar os

    principais conflitos que comprometem e/ou podem vir a comprometer a qualidade dos ecossistemas e a

    sustentabilidade do uso dos recursos ambientais locais. Este foi o conceito que norteou as discusses na

    dcada passada na bacia do Rio das Velhas, e que resultou na criao dos subcomits das bacias

    hidrogrficas de seus afluentes. Em 2006 foi criado o Subcomit da bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata,

    abrangendo os dez municpios de sua bacia. Mais de 50% do territrio do municpio de Pedro Leopoldo est

    inserido na bacia do ribeiro da Mata.

    A rede hidrogrfica do municpio de Pedro Leopoldo possui feies distintas de drenagem conforme

    o compartimento geolgico em que est inserida. Na parte central, norte e sul sistema hdrico de guas

    superficiais domnio da bacia hidrografia do ribeiro da Mata, a nordeste, a regio crstica de Lagoa Santa,

    onde o sistema hdrico frgil, constitudo de guas superficiais e principalmente subterrneas que drenam

    para o ribeiro da Mata, com exceo do crrego Samambaia, que desgua na Lagoa do Sumidouro,

    desaparece no paredo calcrio e reaparece numa ressurgncia desaguando diretamente no rio das Velhas.

    O Mapa 2.1, na sequncia, apresenta a rede hidrogrfica do municpio, a partir das 5 microbacias do

    ribeiro da Mata, que configuram unidades de anlise ambiental: curso principal do ribeiro da Mata, ribeiro

    Urubu , ribeiro das Neves, ribeiro Areias, e as microbacias da drenagem subterrnea do sistema hdrico do

    relevo crstico.

    A anlise ambiental do municpio, feita por bacia hidrogrfica, nas pginas seguintes, ilustrada

    pelos Mapa 2.2 a 2.6, que apresentam os principais vetores de degradao ambiental do territrio municipal.

    O ribeiro da Mata nasce em Matozinhos no pico da Roseira, afluente da margem

    direita do rio das Velhas no qual desgua no municpio de Santa Luzia. Recebe a

    contribuio de seis afluentes; crrego Boa Vista, ribeiro Urubu, crrego Branas,

  • 19

    ribeiro das Neves, crrego Areias e crrego Carrancas. A vazo mdia da nascente a foz

    de 10.3m/s A bacia possui uma rea de drenagem de 789km e abrange 10 municpios:

    Capim Branco, Confins, Esmeraldas, Lagoa Santa, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Ribeiro

    das Neves, Santa Luzia, So Jos da Lapa e Vespasiano.

    A bacia do ribeiro da Mata est inserida numa rea de contato do Bioma do

    Cerrado e o Bioma da Mata Atlntica, o tipo de solo o argissolo vermelho-amarelo

    distrfico e o clima, segundo a classificao de Kppen, o Cwb tropical de altitude.

    O Municpio de Pedro Leopoldo possui 218,9km de sua rea inserida na bacia

    hidrogrfica do ribeiro da Mata, o que corresponde a 28% da rea total da bacia, e os

    principaisafluentes do ribeiro da Mata no municpio so: ribeiro Urubu, ribeiro das

    Neves e ribeiro Areias, todos da margem direita.

  • Mapa 2.1 Microbacias do Municpio de Pedro Leopoldo

  • 21

    Em termos de uso e ocupao do solo, a bacia do ribeiro da Mata, no Municpio de

    Pedro Leopoldo, apresenta usos mltiplos, destacando-se os seguintes usos: (1) extrao

    mineral; (2) uso agrcola; (3) ocupao urbana e; (4) uso industrial.

    A bacia enfrenta problemas decorrentes desses usos como o assoreamento dos

    cursos de gua, remoo da vegetao, eroso, parcelamento desordenado do solo urbano,

    impermeabilizao do solo, contaminao do solo e das guas dos cursos de gua pelo

    lanamento de esgoto industrial, domstico e lixo. Esses impactos vem ocorrendo h muito

    tempo e reduziram o volume de a gua do ribeiro da Mata a 1/3 nos ltimos 30 anos.

    A reduo de todos esses problemas ambientais na bacia decorrentes dos vetores

    de poluio existentes de fundamental importncia para a qualidade de vida da populao

    dos dez municpios que esto inseridos na bacia. Vrios programas vm sendo

    desenvolvidos visando a recuperao ambiental da bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata.

    O mais importante o Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Ribeiro da Mata

    finalizado em 2009, realizado pela Concremat com financiamento da COPASA como

    condicionante da construo do Centro Administrativo do Estado. Outro evento importante

    a assinatura do convnio PAC do Saneamento com as duas entidades com o Governo

    Federal para a construo de 7 ETEs na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata.

    As microbacias hidrogrficas do ribeiro da Mata que sero analisadas no

    municpio so: do curso principal do ribeiro da Mata, do ribeiro Urubu, do ribeiro das

    Neves, do ribeiro Areias e do sistema hdrico da rea crstica da margem esquerda.

    2.1.1. Caracterizao da microbacia do curso principal do ribeiro da Mata

    O curso principal do ribeiro da Mata percorre o municpio de Pedro Leopoldo na

    direo noroeste-sudeste, na rea de contato entre a rea crstica na poro nordeste do

    municpio e os terrenos cristalinos a sudoeste. Atravessa a rea urbana da sede, onde

    ocorre a confluncia com seus dois principais contribuintes da margem direita, os ribeires

    Urubu e das Neves. A margem esquerda os terrenos so mais elevados em direo MG-

    424, que corta este trecho da microbacia, e esto inseridos na rea de drenagem

    caracterstica do sistema hdrico do relevo crstico.

  • 22

    2.1.1.1. Anlise geoambiental da microbacia do curso principal

    do ribeiro da Mata

    Em termos de uso e ocupao do solo, a bacia do ribeiro da Mata apresenta usos

    mltiplos: extrao mineral, ocupao urbana, indstrias.

    Inmeros problemas ambientais ocorrem, sendo os principais vetores de

    degradao: alto ndice de contaminao das guas pelo lanamento do esgoto domstico,

    o municpio no possuem estao de tratamento de Esgoto ETE ( est em fase de

    implantao pela COPASA ) e as indstrias instaladas na rea urbana, produzindo resduos

    e poluio atmosfrica.

    Outro problema srio de poluio o lanamento de lixo, resto de materiais de

    construo, pneus, etc., nos cursos de gua desta microbacia.

    Todos esses problemas ambientais provocam o assoreamento no leito dos cursos de

    gua, dificultando a drenagem das guas. E este um problema srio na rea urbana de

    Pedro Leopoldo, sujeita a inundaes no terrao fluvial entre a calha do rio e os trilhos da

    estrada de ferro. Problema este agravado, j que os ribeires do Urubu e das Neves

    desguam no ribeiro da Mata na rea urbana, tornado as reas de seus baixos cursos

    tambm sujeitas a inundaes no perodo das chuvas. Esta situao tambm se estende

    pela calha do rio em direo ao distrito de Dr. Lund. Na margem esquerda, j nos terrenos

    tpicos do carste, as enchentes no ocorrem por serem os terrenos mais elevados em

    relao a calha do ribeiro da Mata, mas outros ocorrem como os riscos geolgicos nos

    terrenos calcrios, com suas fragilidades. A drenagem subterrnea da rea est sujeita a

    contaminao pelo lixo, e esgoto.

  • 23

    Mapa 2.2 Principais reas impactadas na microbacia do ribeiro da Mata

  • 24

    2.1.2. Microbacia do ribeiro Urubu

    O ribeiro Urubu tem suas nascentes no municpio de Esmeraldas e ocupa toda a

    poro oeste do municpio de Pedro Leopoldo. O ribeiro do Urubu formado pela juno

    do ribeiro Vau do Palmital e o crrego Tijuco que constituem o limite do municpio de

    Pedro Leopoldo com Esmeraldas. Esses dois cursos de gua desguam no ribeiro Urubu

    j no municpio de Pedro Leopoldo. Todo o alto curso do ribeiro Urubu cortado pela

    BR-040 no distrito de Melo Viana, em Esmeraldas. Esta era uma antiga rea de stios, que

    passou pelo processo de reparcelamento de reas transformando-se em um aglomerado em

    torno de 29 de bairros de baixa renda, sem infraestrutura urbana, saneamento bsico o que

    significa uma grande ameaa na qualidade e quantidade da gua da microbacia do ribeiro

    Urubu, assim como da bacia do ribeiro da Mata. O ribeiro Urubu desgua no ribeiro da

    Mata na rea urbana do municpio de Pedro Leopoldo depois de percorrer um trecho com

    caractersticas rurais no seu mdio curso. J prximo a sua foz est instalada a fabrica de

    cimento da Holcim que possui nas proximidades uma jazida de explorao de argila.

    Visando proteger as nascentes do ribeiro Urubu pela importncia desse afluente do

    ribeiro da Mata foi criada em 1980 a APE do ribeiro Urubu que abrange os municpios

    de Esmeraldas e Pedro Leopoldo.

    2.1.2.1. Anlise geoambiental na microbacia hidrogrfica do ribeiro Urubu

    O uso predominante nesta microbacia o urbano no seu alto curso, com o forte

    adensamento na rea das nascentes no distrito de Melo Viana em Esmeraldas, mas com

    forte impacto no restante da bacia provocando srios problemas ambientais, devido a falta

    de saneamento bsico, com o lanamento de esgoto domiciliar e lixo, com consequncias

    para toda a microbacia do ribeiro Urubu, assim como tambm no ribeiro da Mata.

    Prximo a confluncia com o ribeiro da Mata, em bairros da rea urbana de Pedro

    Leopoldo tambm os principais vetores de degradao so; o lanamento de esgoto

    domiciliar e industrial, lixo e restos de construo, contaminando as guas e obstruindo a

    calha do ribeiro. Esta rea est sujeita inundaes peridicas.

  • 25

    Mapa 2.3 Principais reas impactadas na microbacia ribeiro Urubu

  • 26

    2.1.3. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Neves

    Este afluente do ribeiro da Mata nasce no municpio de Ribeiro das Neves,

    possui uma densa rea de drenagem, e ocupa toda a rea central da poro sudoeste do

    municpio de Pedro Leopoldo. Sua foz fica na rea urbana de Pedro Leopoldo, o que

    mais um agravante para as condies ambientais neste trecho do ribeiro da Mata. No

    limite com o municpio de Ribeiro das Neves nas proximidades da sede do distrito de

    Vera Cruz e regio de Manuel Brando h uma densa ocupao urbana, agravada com a

    proximidade com os bairros de Ribeiro das Neves, que geram inmeros problemas

    ambientais para a microbacia. A atividade de extrao de areia intensa ao longo do

    ribeiro desde o sul da bacia at as proximidades de distrito de Vera Cruz. Alguns

    pequenos afluentes da margem esquerda, j no baixo curso mantm ainda algumas

    caractersticas de atividade agrcola, como na bacia do crrego do Caf, nas proximidades

    da Fazenda Modelo.

    2.1.3.1. Anlise geoambiental da microbacia do ribeiro das Neves

    O uso do solo urbano na sede e entorno, e a proximidade com os bairros de Neves

    na proximidade provocam inmeros problemas ambientais, sendo os principais vetores de

    degradao das guas pelo lanamento de esgoto domestico e lixo. Ao longo do curso do

    ribeiro das Neves e em alguns afluentes srios danos ambientais ocorrem com a extrao

    de areia, tanto de empresas de maior porte quanto de pequenos exploradores muitas vezes

    clandestinos, que exploram diretamente do curso de gua, com pequenas dragas que so

    facilmente escondidas nos matagais. A explorao de areia nas margens desses cursos de

    gua provocam a retirada a vegetao das APPs .A grande movimentao para a retirada

    da areia, gera inmeras lagoas e grandes cavidades, que no so recuperadas pelas

    mineradoras. um passivo ambiental srio para o municpio que por enquanto no tem

    sido solucionado. Uma das consequncias o assoreamento do leito do ribeiro e

    afluentes, tornando todo seu baixo curso sujeito a inundaes.

    2.1.4. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Areias

    O ribeiro das Areiasocupa uma rea bem restrita no municpio de Pedro Leopoldo

    tendo suas nascentes na margem esquerda na Serra das Aroeiras divisor com a bacia do

    ribeiro das Neves, na qual foi implantada uma Unidade de Conservao do tipo Refgio

    de Vida Silvestre. Na margem direita h algumas nascentes no municpio de Ribeiro das

  • 27

    Neves. Todo o limite norte da bacia do ribeiro Areias est junto a vrios bairros de baixa

    renda de Ribeiro das Neves. A foz do ribeiro das Areias no ribeiro da Mata localiza-se

    no municpio de So Jos da Lapa.

    Mapa 2.4 Principais reas impactadas nas microbacias dos ribeires das Neves e Areias

    2.1.4.1. Anlise geoambiental da microbacia do ribeiro das Areias

    O uso urbano nesta microbacia est concentrado nos bairros de baixa renda de

    Pedro Leopoldo, praticamente conurbados com Neves e que na maior parte no possuem

    saneamento bsico, o que significa inmeros problemas ambientais. Os principais vetores

    de degradao so: o alto ndice de contaminao da gua pelo lanamento de esgoto

    domstico e lixo. Nesse ribeiro acontece tambm com grande intensidade, a explorao

    de areias nas suas margens, o que provoca a retirada de vegetao e gera grande passivo

    ambiental pela no recuperao das margens.

  • 28

    2.1.5. Microbacias da drenagem subterrnea do sistema hdrico da rea crstica

    Toda a poro nordeste do municpio de Pedro Leopoldo est inserida no

    compartimento das rochas calcarias, que pelo efeito corrosivo da gua sobre a rocha

    originou o relevo crstico com suas formas peculiares caracterstico de toda esta rea do

    Vetor Norte da RMBH em que se destacam as cavernas. Nos perodos pr-histricos

    abrigaram vida, da o reconhecimento, no s da sua riqueza natural, mas de sua

    importncia para a Arqueologia e Paleontologia nacional e mundial. Toda esta rea de

    relevo crstico est inserida na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata. Os recursos hdricos

    do carste apresentam alta fragilidade e necessitam de monitoramento, j que o carste na

    maioria dos casos contm sistemas de transmisso e comunicao como condutos, fissuras,

    dolinas, cavernas e sumidouros por onde circulam as guas. Esses sistemas de transmisso,

    no entanto possibilitam uma maior influncia dos fatores externos, pois h comunicao

    entre os aquferos e a superfcie, tornando-os mais sensveis s vrias fontes de poluio.

    Os sistemas fluviais dessa rea combinam sistemas superficiais e subterrneos, tm

    descarga final no ribeiro da Mata a sudoeste ou diretamente no rio das Velhas a nordeste,

    com exceo do crrego Samambaia, que desgua na lagoa do Sumidouro, desaparece no

    seu paredo e reaparece numa ressurgncia nas proximidades do rio das Velhas sua

    descarga final. Para proteger todo este conjunto de formaes to relevantes no mbito

    regional e nacional, foram criadas vrias unidades de Conservao para Preservao, com

    extenso e tipologia diversas.

    2.1.5.1. Anlise geoambiental da microbacia da drenagem subterrnea

    do relevo crstico

    Diversas atividades geradoras de impactos ambientais so frequentes no carste da

    regio. As mais comuns envolvem depredao das cavernas, pichaes e acumulo de lixo

    por visitantes. A atividade mineraria tambm responsvel por impactos, uma vez que

    remove a vegetao, alteram as caractersticas do solo, modifica condies de fluxo de

    gua, geram depsitos de sedimentos, movimentao de mquinas pesadas, emisses

    atmosfricas e detonaes. Existem problemas relacionados quantidade de gua com

    bombeamento de gua sem controle que podem provocar desabamento das cavidades,

    antes sustentadas pela presso da gua, resultando na formao de dolinas de abatimento

    nas reas urbanas, o que pode colocar em risco a populao. A presena de fossas negras

    outro fator que compromete de forma significativa a qualidade da gua subterrnea da

    regio como acontece no distrito de Fidalgo assim como em outras aglomeraes urbanas.

  • 29

    Para garantir a preservao do carste necessrio que sejam implantadas medidas

    que minimizem os impactos negativos abrangendo todos os agentes envolvidos como

    rgos pblicos federais e estaduais que gerenciam as Unidades de Conservao, o poder

    pblico municipal, as instituies de pesquisa e as Organizaes No Governamentais

    municipais, para uma fiscalizao permanente e eficiente do patrimnio arqueolgico,

    paleontolgico, sistema hdrico, fauna e flora, saneamento ambiental.

    (As informaes referentes ao relevo crstico foram retiradas da cartilha; Regio

    Crstica de Lagoa Santa: Potencialidades, Impactos Ambientais e Principais Desafios-

    Publicado em 2011- pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

    Sustentvel).

    Mapa 2.5 Principais reas impactadas na regio crstica

  • 30

    Quadro 2.1 Sntese da anlise ambiental (continua)

    Rede Hidrogrfica Principais atividades Principais Impactos

    Microbacia do curso

    principal do ribeiro da Mata

    Corta o permetro urbano e o distrito de

    Doutor Lund. Usos

    mltiplos (residencial,

    comercial e industrial)

    Assoreamento;

    Lanamento de esgoto residencial, industrial, restos de

    construo;

    Assoreamento do leito do ribeiro na rea urbana;

    Retirada de vegetao da APP;

    rea de risco de inundao na rea urbana desde a foz do ribeiro

    Urubu at o distrito de Doutor

    Lund.

    Microbacia do ribeiro

    Urubu

    Extrao de areia, argila

    Uso residencial e industrial

    Destruio da vegetao mata ciliar, assoreamento do leito do

    ribeiro.

    Lanamento de esgoto residencial, industrial, lixo,

    poluio atmosfrica.

    Microbacia do ribeiro das

    Neves

    Extrao de areia

    Uso residencial na rea do Distrito de

    Vera Cruz e no bairro

    Manuel Brando

    Assoreamento;

    Retirada de vegetao;

    da APP;

    Desestabilizao das margens para depsito da areia, formao

    de lagoas, depresses;

    Movimentao de caminhes de transporte do material retirado;

    Passivo ambiental abandona sem recuperao.

    Lanamento de esgoto residencial, lixo, restos de material

    de construo.

    Elaborao: PR-CITT, 2014.

  • 31

    Quadro 2.1 Sntese da anlise ambiental (continuao)

    Rede Hidrogrfica Principais atividades Principais Impactos

    Microbacia do ribeiro das

    Areias

    Extrao de areia

    Uso residencial

    Assoreamento;

    Alterao de vegetao da APP;

    Passivo ambiental deixado pela extrao de areia nas margens.

    Lanamento de esgoto, lixo.

    Microbacias de drenagens

    subterrneas do relevo

    crstico

    Extrao mineral, calcrio, pedra Lagoa

    Santa

    Turismo

    Agricultura e pecuria

    Uso residencial

    Remoo de vegetao;

    Alterao das caractersticas do solo;

    Modificao das condies do fluxo das guas;

    Promoo de detritos;

    Depsito de sedimentos;

    Promove detonaes;

    Emisses atmosfricas;

    Explorao de Pedra Lagoa Santa no Distrito de Fidalgo.

    Depredao de cavernas;

    Pichaes;

    Acmulo de lixo;

    Queima de vegetao.

    Retirada de vegetao do entorno de dolinas para

    agricultura ou formao de

    pastagens;

    Queimadas anuais no perodo da seca.

    Lanamento de esgoto, lixo em bairros da rea urbana na sede do

    municpio e na rea urbana do

    Distrito de Fidalgo;

    Bombeamento de gua para realizao de atividades

    humanas;

    Presena de fossas negras;

    Compromete a qualidade de gua subterrnea.

  • Mapa 2.6 Principais reas impactadas nas microbacias de Pedro Leopoldo

  • 33

    2.2. ASPECTOS RELATIVOS GESTO AMBIENTAL

    Em Pedro Leopoldo a gesto ambiental do territrio feita pela Secretaria de Meio Ambiente e

    pelas Unidades de Conservao presentes no municpio.

    A Secretaria de Meio Ambiente foi criada em 2011. A prioridade da atual administrao elaborar o

    Programa de Saneamento e Gesto Integrada de Resduos Slidos do municpio, com orientao tcnica e

    metodolgica do Comit da bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas, CBH-Velhas.

    Na estrutura da Secretaria de Meio Ambiente est a Diviso de Desenvolvimento Rural, que

    desenvolve aes de fomento, produo e abastecimento, integrando as cadeias produtivas para o

    desenvolvimento rural. Possui convnio com a EMATER-MG, e desenvolve alguns projetos no municpio:

    projeto Barraginha; Programa Merenda Escolar em que 30% dos produtos para a merenda escolar em da

    produo de pequeno produtor familiar e o Programa Hortifeira, que promove apoio a comercializao de

    pequeno produtor rural , com feira de produtos rurais todo sbado no centro da cidade.

    O municpio possui o Conselho Municipal de Meio Ambiente, que consultivo e deliberativo, tendo

    sido reativado em 2003, e o Fundo de Meio Ambiente.

    O ICMS Ecolgico do municpio, provm das Unidades de Conservao do municpio, e pela

    destinao adequada do lixo. A outra fonte vem da Promotoria do Meio Ambiente de Pedro Leopoldo,

    atravs de multas e TACs aplicados no municpio.

    As Unidades de Conservao - UC's, outro instrumento de gesto territorial no municpio, ocupam

    uma extensas reas e tm um importante papel na gesto do meio ambiente de Pedro Leopoldo, tanto para a

    preservao do relevo crstico a nordeste, quanto na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata a sudoeste.

    Criadas por decreto, as Unidades de Conservao possuem rea de atuao definida, restries de uso do solo

    e fiscalizao, sob a jurisdio do Governo Federal como na APA Carste Lagoa Santa, e do Governo Estado,

    em relao as Unidades Estaduais: Parque do Sumidouro, APE do Entorno do Aeroporto Tancredo Neves,

    APE do ribeiro Urubu, Monumento Natural Lapa Vermelha, Refgio da Vida Silvestre Serra das Aroeiras e

    quatro RPPNs estaduais.

    Para o licenciamento ambiental de qualquer atividade na rea das Unidades de Conservao se faz

    necessrio a anuncia dos Conselhos da APA Carste - Lagoa Santa e do Parque do Sumidouro, ou do rgo

    gestor das outras Unidades de Conservao do municpio que o Instituto Estadual de Florestas IEF.

    O gerenciamento das bacias hidrogrficas do municpio feito peloSubcomit da Bacia da Mata

    vinculado ao CBH Velhas.

    O municpio atravs da Secretaria de Meio Ambiente participa dos Conselhos da APA-Carste, do

    Parque do Sumidouro, e do Subcomit do ribeiro da Mata.

  • 34

    3. DESENVOLVIMENTO E POLTICA URBANA

    3.1.EVOLUO DA OCUPAO URBANA EM PEDRO LEOPOLDO

    A mancha urbana de Pedro Leopoldo cresceu ocupando lentamente reas situadas

    s margens do ribeiro da Mata, entre a altura da Cachoeira Grande (Cachoeira das Trs

    Moas) e a barra do ribeiro das Neves. Eram terrenos que poca das chuvas e das

    enchentes peridicas do ribeiro da Mata ficavam em grande parte inundados1.

    Devido impreciso territorial das informaes obtidas no foi possvel produzir

    um mapa de evoluo da ocupao urbana do municpio. No entanto, sabe-se que a

    abertura de ruas e a construo das primeiras casas de Pedro Leopoldo dependeram da

    doao de terrenos por parte da Companhia Fabril Cachoeira Grande. Em 1923, Pedro

    Leopoldo foi elevado condio de municpio, emancipado de Santa Luzia e, ao longo da

    dcada seguinte, a prefeitura passou a desapropriar terrenos necessrios abertura de

    novas ruas e a vender lotes para a construo de edificaes. As ruas da cidade eram

    ocupadas por casas modestas, de um s pavimento, feitas predominantemente em

    alvenaria, muitas em estilo ecltico marcadas pela presena de alpendres laterais.

    Na dcada de 1940, iniciou-se o processo de expanso da cidade. No ps-guerra, a

    rea correspondente Vila So Geraldo comeou a ser ocupada. Logo em seguida, foi a

    vez da Vila Magalhes, situada nos morros acima do ptio da estao ferroviria. A Vila

    Magalhes abrigou muitas famlias de ferrovirios e operrios da fbrica de tecidos e, mais

    tarde, da cimenteira Cau. Esta ltima indstria induziu o crescimento da cidade em sua

    direo, provocando o loteamento da ampla vrzea situada nas proximidades da juno dos

    ribeires das Neves e da Mata2.

    At a dcada de 50, havia em Pedro Leopoldo trs praas: a praa Dr. Senra, a

    praa da Estao e a praa da Igreja. Eram na verdade largos, sem maiores servios de

    urbanizao. Nesta dcada, foi construda a praa Getlio Vargas, local onde pousavam

    circos e parques que visitavam a cidade. Consta que, na dcada de 1930, havia um parque

    municipal, em um amplo terreno situado ao lado do Moinho Campestre. Este parque

    desapareceu quando o grupo escolar So Jos teve sua sede construda exatamente no

    1 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.

    2 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.

  • 35

    terreno por ele ocupado3.Atualmente, a cidade possui diversos espaos livres de uso

    pblicode propores variadas, distribudas pela regio central e distritos, que sero

    tratados mais adiante.

    Unindo as duas margens do ribeiro da Mata, havia at a dcada de 1960 uma nica

    ponte de construo antiga, localizada poucos metros abaixo da Cachoeira Grande, ao

    fundo da praa Dr. Senra4. Hoje, so seis as opes de transposio dos cursos dgua na

    regio central. As transposies so essenciais conexes com a os demais bairros e regies

    do municpio.

    O processo de ocupao dasmargensdos cursos dgua em Pedro Leopoldo se

    assemelha quele encontrado em muitas outras cidades no pas, onde os fundos de lote se

    voltam para as guas e as mesmas so utilizadas para lanamentos de esgotos, prtica ainda

    existente em diversos pontos da cidade. Mesmo o esgoto coletado no municpio segue,

    ainda hoje, sem tratamento para os cursos dgua, assunto que ser tratado junto ao

    Diagnstico Ambiental. Justifica-se, por estas prticas, a ocorrncia de uma ocupao

    urbana que no leva em conta todo o potencial paisagstico-ambiental de seus cursos

    dgua. O projeto existente para a implantao de um parque linear no trecho em que os

    cursos dgua percorrem a mancha urbana na rea central, foi apenas parcialmente

    implantado.

    No incio do sculo XXI, dois fenmenos, que sero tratados tambm junto ao

    Diagnstico Socioeconmico e Produtivo, impactaram de forma significativa a estrutura

    socioespacial do municpio de Pedro Leopoldo, bem como sua dinmica de produo de

    moradias. Em primeiro lugar, um conjunto de importantes investimentos pblicos no vetor

    Norte da Regio Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), resultou na atrao por novos

    empreendimentos imobilirios privados e gerou grande valorizao especulativa no preo

    da terra. Destacam-se: a via expressa que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional

    Tancredo Neves, em Confins, conhecida como Linha Verde; a implantao do Aeroporto

    Industrial de Confins; a nova sede administrativa do governo do estado, a Cidade

    Administrativa (CAMG), na divisa entre Belo Horizonte, Vespasiano e Santa Luzia; o

    Parque Tecnolgico situado no Campus da UFMG, na Pampulha; projetos de atrao de

    3 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.

    4 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.

  • 36

    investimentos em indstria tecnolgica; e, mais recentemente a aprovao do megaprojeto

    Fashion City, no municpio de Pedro Leopoldo, como parte da implantao de uma

    Aerotrpolis5, nas imediaes do Aeroporto de Confins, que impactar diretamente o

    municpio.

    Em segundo lugar, a conjuntura favorvel intensificao de empreendimentos

    imobilirios alimentada pelo grande aumento do crdito imobilirio intensificado, no

    final da dcada de 2000, com a implantao do Programa Minha Casa Minha Vida

    produziu um boom imobilirio, caracterizado pela expanso territorial, intensa

    incorporao de novos segmentos de mercado e disseminao da tipologia apartamentono

    municpio, antes caracterizado quase exclusivamente pela moradia do tipo casa6.

    Segundo dados do censo IBGE, o municpio de Pedro Leopoldo possua, em

    2010,17.510 domiclios particulares permanentes, dos quais 85,4% se encontravam em

    rea urbana. Em 2000, o total de domiclios no municpio era ainda de 13.939,

    representando um crescimento equivalente 25,6%, no perodo intercensitrio.

    No mesmo perodo, a RMBH como um todo registrou um crescimento de 29,5%. A

    taxa municipal, comparativamente baixa, se deve acelerao recente do processo de

    crescimento do municpio, cujos efeitos sero mais claramente observados nesta dcada e

    detectados no Censo Demogrfico 2020.

    Atualmente, o municpio de Pedro Leopoldo considerado uma centralidade

    regional, exercendo influncia sobre seus municpios vizinhos no sentido de atrao de

    investimentos e populao. Esta circunstncia de deve, especialmente sua conexo com o

    colar metropolitano e a regio de Sete Lagoas, atravs da rodovia MG-424 que corta a

    cidade; a facilidade de acesso e proximidade com os municpios de Lagoa Santa, Confins e

    So Jos da Lapa; e especialmente a proximidade com o aeroporto de Confins.

    5Aerotrpolis: termo definido pelo acadmico norte-americano John D. Kasarda, autor de Aerotropolis:

    Airport-Driven Urban Development, livro que descreve como a riqueza da segmentao de servios permite que um aeroporto tenha uma dinmica tal que possa ser considerada como uma prefeitura de servios, uma

    verdadeira cidade na qual, alm da atividade aeroporturia, englobe outro conjunto de servios a funcionar de

    maneira integrada, como, por exemplo, zonas de desenvolvimento aeroporto/indstria, hotel, catering,

    logstica, entre outros. Fonte: Aerotrpolis opo para aeroportos brasileiros, REDBARON. 6 Texto elaborado a partir da compilao de dados retirados de Costa; Mendona (2012) e Mendona; Costa;

    Borges (no prelo).

  • 37

    3.2. USO E PADRO DE OCUPAO DO SOLO URBANO

    Os Mapas 3.2.1 a 3.2.3, a seguir, apresentam as caractersticas predominantes do

    uso e da ocupao do solo urbano atual da sede municipal de Pedro Leopoldo e de seus

    distritos. A este respeito, cabe destacar que o padro de ocupao no municpio continua

    sendo predominantemente residencial unifamiliar horizontal, com uma diversidade de

    padres construtivos, que refletem o padro de renda dos diferentes bairros, apontado junto

    ao Diagnstico Socioeconmico e Produtivo. Destaca-se o padro mais alto concentrado

    especialmente na rea central e mais baixo nas reas de ocupao irregular de interesse

    social, tambm mapeadas,que sero detalhadas na seo de Condies de Moradia.

    Em alguns eixos virios que compem o sistema virio urbano principal, assim

    como em concentraes pontuais, observa-se a ocorrncia de usos comercial e de servios,

    configurando centralidades em diferentes escalas.No centro da cidade, especialmente ao

    longo da rua Comendador Antnio Alves, observa-se uma expressiva concentrao, em

    forma de eixo, de atividades comerciais, de servios e institucionais mais especializados.

    Uma descrio mais aprofundada da especificidade deste usos tambm pode ser verificada

    junto ao Diagnstico Socioeconmico e Produtivo. As Imagens 3.1, a seguir, so fotos de

    algumas das centralidades identificadas no municpio a ttulo de exemplo.

    Entre os espaos livres de uso pblico mapeados, destaca-se a importncia das

    praas, principalmente, nos distritos, onde, ainda que de dimenses reduzidas, funcionam

    como ponto de concentrao de pequenos comrcios e equipamentos pblicos, trazendo

    vida s comunidades. Aponta-se tambm para a presena de reas reservadas, mas em que

    as praas ainda no teriam sido implantadas, especialmente nos novos loteamentos da

    regio Norte.

    Optou-se por incluir junto aos espaos livres de uso pblico o mapeamento dos

    espaos de lazer configurados pelos campinhos de futebol, tradio municipal, que, como

    pode ser observado nos Mapas 3.2.1 a 3.2.3, se multiplicam pela malha urbana. Ainda que

    em sua maioria os campinhos sejam de propriedade privada, geridos por associaes de

    bairro ou clubes de vrzea, estes espaos representam uma opo relevante de acesso ao

    lazer pela populao do municpio.

  • 38

    Av. Heitor Cludio Sales Av. Carmelinda Pereira Costa

    Esquina Rua Pacifico Gonalves Filho com

    Suzana Passos

    Rua Joo Teodoro Silva

    Rua Contorno Lagoa de Santo Antnio Rua Vereador Magno Claret Vieira

    Praa Santo Antnio Ferreira/Tapera Rua Comendador Antnio Alves

    Imagens 3.1: Centralidades do Municpio de Pedro Leopoldo, agosto de 1014. Fonte: Equipe PR-CITT e Google Maps.

  • 39

    Destaca-se tambm a relevncia do uso industrial junto mancha edificada do

    municpio, especialmente marcada pela presena das cimenteiras a leste (Holcim) e a oeste

    (InterCement, antiga Camargo Correa) da rea central. Estas indstrias possuem grande

    parcelas de terreno nestas regies, no entanto, o uso industrial no municpio, tambm

    abrange outros setores e se espalha por outros pontos da mancha edificada, como pode ser

    observado nos Mapas 3.2.1 a 3.2.3, sendo importante fonte de gerao de emprego e renda

    do municpio. As caractersticas do setor sero aprofundadas junto ao Diagnstico

    Socioeconmico e Produtivo.

    O processo de verticalizao j se encontra presente no municpio e se concentra,

    sobretudo, na regio central de Pedro Leopoldo, ainda com ocorrncias consideradas

    pontuais na mancha urbana, como pode ser observado em destaque no Mapa 3.2.4, a

    seguir. O critrio utilizado para mapeamento das edificaes verticalizadas no foi o

    nmero de pavimentos, mas o destaque em relao ao seu entorno. Assim, na rea central,

    edificaes com quatro ou mais pavimentos foram mapeadas, enquanto no distrito de

    Lagoa da Santo Antnio e regio norte, optou-se por mapeadas edificaes com trs ou

    mais pavimentos. Os demais bairros e distritos no possuem edificaes com mais de dois

    pavimentos.

    Ainda que concentrado na regio central, o processo de verticalizao parece

    ocorrer de forma aleatria, especialmente sem que seja considerada a capacidade das vias

    ou mesmo a declividade do terreno para sua implantao. Fica claro que o zoneamento

    atual no capaz de direcionar o adensamento para as reas onde o mesmo seria mais

    adequado. As Imagens 3.2, a seguir, ilustram o processo heterogneo de verticalizao na

    rea central.

    Nos demais bairros, especialmente na regio Norte e tambm no distrito de Lagoa

    de Santo Antnio, os empreendimentos viabilizados pelo Programa Minha Casa Minha

    Vida marcadamente, da Construtora Probase, muito atuante no municpio para as faixas

    de renda acima de 3 salrios mnimos ainda que no necessariamente verticalizados,

    tambm passam a marcar a paisagem do municpio, alterando seu carter original, em

    decorrncia do porte e tipologia dos empreendimentos.

  • 40

    Imagens 3.2: Verticalizao na regio central de Pedro Leopoldo. Fonte: Equipe PR-CITT, agosto de 1014.

    A descontinuidade da mancha urbana faz com que a cidade seja permeada por reas

    vazias, reas ainda no parceladas, ou reas de proteo, que poderiam ter papel

    importante na melhoria da qualidade de vida urbana ou nas condies mobilidade do

    municpio. H tambm um elevado registro de ocupaes em reas verdes e certa

    dubiedade em relao aos permetros atualmente definidos como urbano e rural.

    O processo mais intenso de crescimento do municpio est concentrado na regio

    Norte, onde tambm se observa o surgimento de vrios novos loteamentos, alm dos

    muitos outros em processo de aprovao, segundo a Prefeitura Municipal. Apenas um

  • 41

    novo loteamento se encontra em implantao fora da regio norte, no distrito de Dr. Lund.

    Este crescimento direcionado especialmente para o norte se deve, em grande parte, ao

    enclausuramento da regio central do municpio, isolada pelos cursos dgua, pela rodovia

    MG-424 e pela linha frrea; e pela grande parcela de terreno de propriedade da Unio, ao

    sul, que inclui a regio da Fazenda Modelo e do Ministrio da Agricultura; assim como

    pelas j mencionadas grandes parcelas de terreno de propriedade das empresas cimenteiras,

    Leste e Oeste.

    Estes novos loteamentos so predominantemente voltados para classes mais altas

    com lotes de dimenses superiores a 600m. Em geral, temos alguns novos loteamentos

    bem localizados, no sentido de preenchimento dos vazios da mancha urbana, enquanto

    outros seguem provocando o espraiamento da ocupao. O principal impacto destes novos

    empreendimentos est relacionado a predominncia massiva do uso exclusivamente

    residencial, caracterstica que preocupante em termos de oferta de emprego e demanda

    por servios e equipamentos pblicos. Alguns destes novos loteamentos, que se

    encontravam implantados ou em processo de implantao, mas ainda no ocupados

    tambm podem ser observados nos mapas 3.2.2 a 3.2.4, atravs da legenda reas

    urbanizadas no ocupadas.

    O padro de ocupao do solo caracteriza-se pelo uso intensivo dos lotes em bairros

    de ocupao mais antiga das regies Central e Norte. Isso pode ser visto, em especial, no

    bairro Teotnio Batista de Freitas (conhecido como bairro da Lua), na regio norte, onde

    tal padro se faz mais marcante devido dimenso reduzida de seus lotes.

    No incomum observar altas taxas de ocupao do solo nessas reas, o que lhes

    confere uma maior densidade de ocupao. Em contraponto, diversos bairros, tambm na

    regio norte, ainda apresentam baixa densidade, com grande nmero de lotes vagos,

    inclusive novos loteamentos ainda no habitados.

    Observa-se que os ndices urbansticos de parcelamento atuais estipulam, de acordo

    com o zoneamento urbano, as reas mnimas dos lotes. No so estipuladas reas mximas

    ou testadas mximas. A testada mnima dos lotes no prevista na legislao, a no ser

    para os parcelamentos de interesse social, onde a frente mnima permitida de 10 (dez)

    metros.

  • 42

    Nos distritos de Lagoa da Santo Antnio e Fidalgo, o parcelamento em pores

    maiores de terra, tipo chcaras, teria se subdividido informalmente, especialmente atravs

    de heranas familiares, representando atualmente um difcil problema de regularizao

    fundiria para o municpio.

    De fato a diversidade de zoneamentos determinados pelo atual Plano Diretor no

    parece refletir a heterogeneidade intrnseca prpria mancha urbana do municpio. Talvez

    devido aos diversos problemas de irregularidade fundiria, relatados pela Prefeitura, que

    refletem tambm na irregularidade das edificaes.

    Cabe pontuar tambm que, os distritos de Fidalgo e Vera Cruz de Minas, ainda

    apresentam um certo carter de ruralidade. Em Fidalgo a ocupao predominantemente

    caracterizada por chcaras e stios de fim-de-semana, se mesclatambm com ocupao de

    baixa renda. Em Vera Cruz de Minas e localidades do entorno a ocupao esparsa,

    marcadamente de baixa renda, com pequenas propriedades familiares rururbanas.

    preciso destacar ainda a ausncia de parcelamento aprovado nas reas onde esto

    localizados os atuais distritos industriais, em terrenos de propriedade pblica, que

    desconsiderariam tambm as delimitaes entre reas urbanas e rurais. Apesar da

    irregularidade do parcelamento e, consequentemente, tambm das edificaes, os distritos

    esto operantes e, segundo a Prefeitura, existe demanda para a instalao de novas

    indstrias, pendentes devido a tais problemas de regularizao. A proximidade destes

    distritos industriais com a ocupao urbana tambm motivo de reclamaes por parte da

    populao, destacado em Seminrio Participativo deste Plano Diretor, no que tange

    poluio do ar e sonora. As reas em que apresentam uso industrial podem ser observadas

    tambm foram mapeadas a seguir (Mapas 3.2.1 a 3.2.3).

    Especialmente no distrito de Fidalgo, existe a inteno de implantao de um

    distrito industrial voltado para o beneficiamento da pedra lagoa santa, atividade

    caracterstica na regio, que foi recentemente barrada pelo meio ambiente, deixando boa

    parte da populao sem alternativa de gerao de renda. Tambm no distrito de Fidalgo,

    foram destacados pela prefeitura, a irregularidade de edificaes e problemas para a

    definio das reas em que permitida a construo em relao aos limites do Parque do

    Sumidouro e sua rea de amortecimento.

  • 43

    Mapa 3.2.1 Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Fidalgo

  • 44

    Mapa 3.2.2 Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Central

  • 45

    Mapa 3.2.3 Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Sul

  • 46

    Mapa 3.2.4 Verticalizao

  • 47

    3.2.1. Condies De Moradia: Caractersticas dos Domiclios

    Em consonncia com o conceito mais amplo de necessidades habitacionais,

    odiagnstico das condies de moradia do municpio de Pedro Leopoldo se estrutura

    atravs da anlise de duas dimenses: a inadequao de moradias e o dficit habitacional.

    O conceito de inadequao de moradias diz respeito a domiclios onde haja

    necessidade de melhorias devido a determinados tipos de precarizao que afetam a

    qualidade de vida dos moradores. A identificao de moradias inadequadas busca,

    portanto, implementar polticas e projetos voltados melhoria do estoque habitacional

    existente.

    O dficit habitacional leva em conta o total de famlias sem condies de moradia

    adequada. So classificados como inadequados os domiclios com adensamento excessivo

    de moradores, carncia de infraestrutura, problemas de natureza fundiria, alto grau de

    depreciao ou sem unidade domiciliar exclusiva. Consideram-se como carentes de

    infraestrutura todos os domiclios que no disponham de pelo menos um dos seguintes

    servios bsicos: iluminao eltrica, abastecimento com redes de gua e esgoto, coleta de

    lixo.

    Conforme o ltimo Censo Demogrfico, Pedro Leopoldo dispunha, em 2010,de

    17.510 domiclios, dos quais 14.947 esto localizados em rea urbana, totalizando um

    percentual de 85,4% (IBGE 2010).

    A partir da anlise da Quadro 3.2.1, observa-se que no municpio h um grande

    predomnio de domiclios unifamiliares, representando 93% do total de domiclios

    particulares permanentes. A existncia de residncias multifamiliares (apartamentos) ainda

    reduzida e corresponde a pouco mais de 6% do total de domiclios, ainda que j

    represente a segunda maior ocorrncia de tipo domiciliar na cidade.

  • 48

    Quadro 3.2.1 Domiclios particulares permanentes por tipo Pedro Leopoldo 2010 Domiclios particulares permanentes Pedro Leopoldo 2010

    Total Casa % Apartamento % Casa de vila ou

    em condomnio

    %

    Cmodos

    ou cortios %

    17510 16287 93,0% 1114 6,36% 69 0,39% 40 0,23% Fonte: IBGE, Resultados do Universo Censo Demogrfico 2010.

    Como j destacado na seo anterior, verifica-se uma maior concentrao de

    apartamentos na rea central do municpio. Tambm se pode observar uma concentrao

    expressiva de residncias multifamiliares na regio ao norte do centro, tais como So

    Geraldo e Campinho, alm de algumas ocorrncias no distrito de Lagoa de Santo Antnio.

    No que se refere infraestrutura e adequao das moradias, Pedro Leopoldo

    apresenta uma realidade relativamente satisfatria, especialmente na sede urbana. De

    acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, que relaciona dados

    extrados dos Censos Demogrficos de 1991, 2000 e 2010, os indicadores de habitao de

    Pedro Leopoldo mostraram melhoras significativas ao longo dos anos, como pode ser

    observado na Quadro 3.1.2, percebe-se uma evoluo considervel especialmente no que

    se refere coleta de resduos slidos, que em 2010 apresentava uma taxa de 99% de

    domiclios com coleta de lixo por companhia de limpeza, enquanto em 1991 apenas

    57,02% dos domiclios eram atendidos por esse servio.

    Importante ressaltar que os dados de coleta de lixo discriminados na Quadro 3.2.2

    se referem apenas aos domiclios urbanos. Ao considerarmos tambm os domiclios rurais,

    localizados em territrios mais distantes da sede, o percentual de moradias contempladas

    pelo servio reduz consideravelmente, como pode ser observado no Mapa 3.2.5.

    Quadro 3.2.2 Evoluo dos indicadores de habitao de Pedro Leopoldo 1991/2010

    Indicadores de Habitao Pedro Leopoldo - MG 1991 2000 2010

    % da populao em domiclios com gua encanada 88,00 94,96 98,42

    % da populao em domiclios com energia eltrica 97,70 99,61 99,90

    % da populao em domiclios com coleta de lixo *Populao urbana 57,02 93,99 99,00 Fonte: Pnud, IPEA e FJP

  • 49

    Mapa 3.2.5 Percentual de domiclios particulares permanentes com lixo coletado por setor censitrio Pedro Leopoldo 2010

    Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).

  • 50

    OMapa3.2.6 ilustra os dados do Censo Demogrfico 2010 relativos cobertura do

    servio de abastecimento de gua no municpio de Pedro Leopoldo por setor censitrio.

    Percebe-se um percentual satisfatrio de domiclios atendidos pela rede em Fidalgo,

    Quintas do Sumidouro, Lagoa de Santo Antnio, bem como na rea central e suas

    imediaes. Nas demais localidades, a cobertura do servio de gua se mostra ainda

    deficiente, especialmente nos territrios localizados ao sul da sede, como Dr. Lund e

    Tapera, com destaque para o bairro Quintas das Palmeiras, que apresenta entre 0% e 20%

    apenas de domiclios atendidos pela rede de abastecimento de gua.

    Os dados relativos ao esgotamento sanitrio domstico so os que apresentam os

    piores indicadores se comparados aos demais servios bsicos. A insuficincia de

    esgotamento sanitrio se mantm como o principal problema de carncia de infraestrutura

    do municpio.

    Segundo dados do Plano de Regularizao Fundiria de Pedro Leopoldo, em 2000

    havia no municpio 4.105 domiclios sem esgoto sanitrio, enquanto no ano de 2010 este

    nmero subiu para 6.715 domiclios. Considerando o numero total de domiclios

    particulares permanentes em cada ano, os dados apontam que, no ano de 2000, 29,44% do

    total de moradias no apresentava esgotamento sanitrio, enquanto em 2010 este ndice

    chega a 38,35%. O Mapa 3.2.7 ilustra mais uma vez a disparidade presente entre a

    cobertura do servio de esgotamento sanitrio na rea central e arredores e nas demais

    localidades. Destaca-se que, apesar da existncia da rede de esgoto em alguns locais,

    apenas recentemente uma Estao de Tratamento de Esgoto (ETE) se encontra em

    processo de implantao no municpio, ou seja, mesmo quando coletado, a destinao do

    esgoto at ento permanecia inadequada. Estes dados se relacionam diretamente anlise

    das condies dos cursos dgua, especialmente das microbacias do ribeiro da Mata, do

    Urubu, das Neves e das Areias, junto ao Diagnstico Ambiental.

    J os servios de iluminao eltrica na cidade se mostram muito satisfatrios. A

    quase totalidade dos domiclios particulares permanentes, 17.401 do total de 17.510

    domiclios, apresentava energia eltrica fornecida por companhia distribuidora em 2010.

  • 51

    Mapa 3.2.6 Percentual de domiclios particulares permanentes com abastecimento de gua da rede geral nos setores censitrios Pedro Leopoldo 2010

    Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).

  • 52

    Mapa 3.2.7 Percentual de domiclios particulares permanentes com sanitrio e esgotamento sanitrio via rede geral de esgoto ou pluvial nos setores censitrios Pedro Leopoldo 2010

    Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).

  • 53

    OQuadro3.2.3, a seguir, relaciona os dados do dficit habitacional de Pedro

    Leopoldo em dois momentos: em 2000 e em 2010. Seguindo as tendncias das capitais do

    pas, pode-se observar que a maior parte do dficit do municpio urbano.

    Quadro3.2.3 Dficit habitacional bsico Pedro Leopoldo 2000/2010

    Dficit habitacional bsico Pedro Leopoldo

    2000 2010

    Absoluto % total de domiclios absoluto % total de domiclios

    Total 1.601 11,49% 1.822 10,40%

    Urbano 1.329 11,75% 1.645 11%

    Rural 272 10,37% 176 6,86% Fonte: Fundao Joo Pinheiro (FJP), Centro de Estatstica e Informaes (CEI), Dficit Habitacional no

    Brasil Municpios Selecionados e Microrregies Geogrficas 2004, IBGE: Resultados do Universo do Censo Demogrfico 2010.

    Em termos absolutos, observa-se um aumento do total de famlias sem condies de

    moradia adequada no perodo. Entretanto, percentualmente, verifica-se uma melhora de um

    ano para o outro, especialmente nos indicadores do dficit habitacional para a zona rural.

    Embora o municpio tenha apresentado uma ligeira melhora ao longo dos anos em

    termos relativos, o dficit habitacional de Pedro Leopoldo se v hoje prximo ao

    verificado na capital, Belo Horizonte. Belo Horizonte apresentava em 2010 um percentual

    de 10,30% de moradias inadequadas, enquanto os dados de Pedro Leopoldo indicaram

    10,40% para o mesmo perodo (Dficit Habitacional Municipal no Brasil 2010).

    Especificamente foram identificadas em campo doze reas de interesse social, entre

    elas apenas uma atualmente reconhecida pela legislao municipal, a Vila Aparecida,

    localizada na Rua Rivadavia, que d acesso ao distrito de Dr. Lund. Entre as demais reas

    identificadas esto: o bairro Periquitos, localizado no distrito de Fidalgo; as vilas

    Felicidade e Lico Diniz, localizadas no distrito de Lagoa de Santo Antnio;uma ocupao

    na rea verde do loteamento Teotnio Batista de Freitas (conhecido como Bairro da Lua);

    os conjuntos habitacionais Lico Diniz e uma rea no Bairro Campinho, ambos na regio

    norte do municpio; avila So Joo Batista prxima ao local de implantao da ETE,

    nodistrito de Dr. Lund; a Vila Horta Municipal, localizada nos limites do Bairro Santo

    Antnio da Barra; uma pequena ocupao na regio de Ferreira/Tapera, prxima a uma

    rea degradada pela extrao de areia; uma rea no bairro Quinta das Palmeiras, tambm

    prxima rea degradada pela extrao de areia; a totalidade do bairro Manuel Brando; e,

    finalmente, uma comunidade quilombola na rea rural, regiosudoeste do municpio, o

  • 54

    Quilombo do Pimentel, que estaria em conflitocom os proprietrios de terras de seu

    entorno.

    Estas reas tem como caracterstica comum a autoconstruo e podem ser

    observadas no Mapa 3.2.8 a seguir. Destaca-se em especial a grande dimenso e

    precariedade observada na rea de Manuel Brando, ilustrada pelas Imagens 3.3, a seguir.

    Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, a premissa inicial da atual

    gesto no de remoo, mas de regularizao e urbanizao destas reas.

    Imagens 3.3: Bairro Manuel Brando Fonte: Equipe PR-CITT, julho de 1014.

  • 55

    Mapa 3.2.8 reas de interesse social em Pedro Leopoldo 2014

    Fonte: Plano Municipal de Regularizao Fundiria e levantamento Equipe PR-CITT, julho de 1014.

  • 56

    O Municpio de Pedro Leopoldo no dispe de Plano Local de Habitao de

    Interesse Social (PLHIS). Tampouco existem polticas de proviso habitacional ou

    assistncia tcnica no setor. Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano,

    apesar dos indicadores do dficit habitacional da cidade, no existe previso para a

    elaborao de um PLHIS para o municpio, o foco da poltica habitacional estaria

    atualmente na aplicao do Plano Municipal de Regularizao Fundiria existente e nesta

    reviso do Plano Diretor, para diagnosticar e conferir orientaes e diretrizes para o

    planejamento habitacional local.

    O Plano Municipal de Regularizao Fundiria, de 2009, j apontava para as reas

    de interesse social destacadas anteriormente, assim como para um total de43 reas que

    apresentavam diversos tipos de irregularidades no municpio, como apresentado no Mapa

    3.2.9, a seguir. Desde a aprovao do PMRF nenhuma das reas identificadas como

    irregulares foi regularizada.

  • 57

    Mapa 3.2.9 reas irregulares em Pedro Leopoldo 2014

    Fonte: Plano Municipal de Regularizao Fundiria.

  • 58

    3.3. INFRAESTRUTURA SOCIAL E URBANA

    3.3.1. Sistemas virio e de transporte pblico

    Assim como sua mancha urbana, a rede viria de Pedro Leopoldo particularmente

    descontnua, marcada pelas barreiras que representam os seus cursos dgua, em especial,

    o ribeiro da Mata e seus afluentes, ribeires do Urubu e das Neves, tratados junto ao

    Diagnstico Ambiental, pela ferrovia e pela rodovia MG-424, que corta a cidade no

    sentido Sudeste-Noroeste e conecta o municpio capital, Belo Horizonte, e regio de

    Sete Lagoas.

    Alm da rodovia MG-424, destacam-se rodovias municipais, descontnuas em

    denominao, mas cuja rede permite a conexo da sede do municpio com seus distritos e

    alguns municpios vizinhos. A descontinuidade de nomenclatura das vias est relacionada

    forma de crescimento caracterstica do municpio, em que estradas vicinais tinham suas

    margens gradualmente ocupadas, se transformando em logradouros. Destaca-se tambm

    um pequeno trecho, no extremo sudoeste do municpio, em que os limites do municpio

    fazem fronteira com a BR-040.

    Ao Sul, a continuidade das vias avenida Rmulo Joviano, rua Suzana Passos, rua

    So Vicente e rua Nossa Senhora do Rosrio do acesso ao distrito Vera Cruz de Minas e

    conectam o municpio Ribeiro das Neves.

    A Leste, a continuidade das vias rua Rivadavia, avenida Dr. Otvio Costa, rua

    Cristvo de Assis e rua Antnio Elias do acesso ao distrito de Dr. Lund e conectam o

    municpio So Jos da Lapa; e a continuidade das vias rua Anhanguera e estrada para

    Confins e Pedro Leopoldo, conectam a regio do bairro Parque Andyara ao local onde ser

    instalado o complexo Cidade da Moda e ao municpio de Confins.

    Ao Norte, a Estrada da Ciminas conecta a MG-424 ao distrito de Lagoa do Santa

    Antnio; assim como a continuidade das vias rua Agenor Teixeira da Costa, rua Borors,

    avenida Araguaia, avenida Heitor Cludio Sales e rua Contorno. Finalmente, a

    continuidade das vias rua Jos Anacleto e rua Pacfico Rodrigues conectam o distrito de

    Lagoa de Santo Antnio ao distrito de Fidalgo, que por sua vez se conectam ao municpio

    de Lagoa Santa pela estrada para Lagoa Santa. H ainda vrias ramificaes e interligaes

    desses corredores, alm de outros corredores e interligaes secundrios, marcadamente na

    fronteira entre o distrito de Lagoa de Santo Antnio e o municpio de Matozinhos.

  • 59

    Este sistema virio de conexo intraurbano e intermunicipal se encontra

    representada no mapa 3.3.1, a seguir.

    A rea central do municpio de Pedro Leopoldo, que concentra a maioria das

    atividades de comrcios e servios, atraindo grande volume de pessoas, encontra-se ilhada

    pela rodovia MG-424, pelo ribeiro da Mata e seus afluentes e pela ferrovia, o que limitou

    sua expanso e possivelmente contribuiu para o crescimento descontnuo do municpio.

    Na rea central, a demanda por estacionamento compete com o trfego de

    automveis e de bicicletas, com os espaos de carga e descarga (atualmente permitida em

    horrio comercial e sem limitao de tempo ou tonelagem) e com os prprios pedestres

    que muitas vezes so forados a caminhar pelo leito carrovel devido ao

    subdimensionamento dos passeios.

    O subdimensionamento dos passeios constatado em todo o municpio, trazendo

    insegurana e desconforto aos pedestres. Cumpre observar as restries causadas aos

    portadores de deficincia fsica, impossibilitados de trafegar com segurana nas vias

    pblicas. Esta caracterstica implica tambm na falta de visibilidade nos cruzamentos e na

    dificuldade de implantao de arborizao e mobilirio urbano no municpio.

    A TransPL, responsvel pela gesto do transporte e trnsito no municpio, afirmou

    que, atualmente, no existe um padro municipal para execuo de passeios, o que

    dificulta a fiscalizao.

    A rodovia MG-424, eixo de acesso principal da cidade, assim como suas principais

    vias vicinais, apresentam boas condies de trafegabilidade. Destaca-se uma intercesso

    perigosa na sada do bairro Maria Cndida para a MG-424, sentido Belo Horizonte,

    prxima ao posto de gasolina. Um controlador eletrnico de velocidade foi instalado no

    ponto e, apesar da existncia de uma transposio em desnvel que d acesso rua So

    Paulo e rua Lateral que retorna rodovia mais adiante, muitos motoristas optam pelo

    acesso direto potencialmente perigoso devido ao grande fluxo de veculos, inclusive de

    transporte de carga. A duplicao da avenida So Paulo foi colocada por representantes do

    Conselho de Poltica Urbana como uma proposta de interveno viria para facilitar a

    conexo regio Norte do municpio. No entanto, supostamente, esta obra teria

    intervenes com imveis de interesse histricos tombados pelo municpio na mesma via.

  • 60

    Mapa 3.3.1 Principais eixos virios e hidrografia Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).

  • 61

    Destacam-se, alm do trecho de fronteira com a BR-040, dois outros bairros que

    apresentam acesso mais fcil pelos municpios vizinhos, com os quais se encontram

    conurbados, do que a partir da rea central de Pedro Leopoldo, ambos na regio Sul do

    municpio a aproximadamente 18km de distncia do centro da cidade: o bairro Manoel

    Brando, conurbado e absolutamente dependente da infraestrutura de comrcio e servios

    do municpio de Ribeiro das Neves, cujo acesso interno ao municpio de Pedro Leopoldo

    ocorre apenas por estrada no pavimentada; e o bairro Quintas das Palmeiras, situado na

    fronteira trplice entre Pedro Leopoldo, Vespasiano e Ribeiro das Neves, conurbado ao

    bairro Areias, tambm em Ribeiro das Neves, menos dependente de sua infraestrutura por

    apresentar uma ocupao caracterizada por casas de fim-de-semana, mesclada a uma

    ocupao de baixa renda.

    A ferrovia que corta a cidade permanece ativa apenas para o transporte de cargas e

    transposta pelo sistema virio em seis pontos: quatro na rea central um em nvel, um

    em desnvel com passagem superior e dois em desnvel com passagem inferior e dois

    outros pontos de transposio em nvel no distrito de Dr. Lund. O trecho da linha frrea

    que corta o municpio operado pela Ferrovia Centro Atlntica (FCA), e transporta cargas

    oriundas principalmente das cimenteiras Holcim e InterCement (antiga Camargo Corra

    Cimentos) e da mineradora Vale. No entanto, seu funcionamento pouco frequente e no

    chega a interferir na circulao interna do municpio.

    Em 2011, o Ministrio dos Transportes teria anunciado um plano para revitalizao

    de mais de 2 mil quilmetros de linhas frreas no pas para a reintroduo do transporte de

    passageiros, entre eles o trecho que conecta Belo Horizonte ao Norte do estado, passando

    por Pedro Leopoldo. No foram obtidas maiores informaes a respeito deste plano ou de

    sua efetivao.

    Como o relevo no municpio caracteristicamente plano, especialmente na regio

    central, poucas vias foram implantadas em locais de maior declividade. Destaca-se o

    potencial desta caracterstica natural para o transporte por bicicletas, tradicionalmente

    utilizado pela populao, apesar da ausncia ou ms condies da infraestrutura de

    ciclovias e bicicletrios. Atualmente, existem duas ciclovias implantadas curiosamente em

    vias de ligao, externas ao permetro urbano. Mais especificamente na via de acesso ao

    distrito de Dr. Lund e ao bairro Santo Antnio da Barra (que tem parte de seu trajeto

    utilizado tambm para caminhadas).

  • 62

    Por se tratarem de vias que permitem certa velocidade, os separadores fsicos so

    de especial importncia e, nesse quesito, cabe destacar que a ciclovia de acesso ao bairro

    Santo Antnio da Barra apresenta trechos potencialmente perigosos.

    Segundo a TransPL, a opo pela bicicleta j foi muito mais expressiva no

    municpio e no existem, atualmente, aes para benefcio do ciclista. O trnsito de

    bicicletas na regio central estaria concentrado especialmente na rua Comendador Antnio

    Alves, principal centralidade de comrcio e servios no municpio. Atualmente, a rua

    Comendador Antnio Alves funciona como mo nica e apresenta duas faixas carroveis,

    com estacionamento dos dois lados. A via no possui demarcao de ciclovia ou

    ciclofaixa, alm de apresentar passeios (apesar de maiores que a mdia no municpio)

    estreitos para o fluxo intenso de pedestres.

    Ainda segundo a TransPL, h um grande nmero de acidentes, envolvendo

    bicicletas, que no registrado, pois os ciclistas estariam circulando na contramo e,

    especialmente nesses casos, optariam por no prestar queixa. Isso um indicador de que

    preciso uma poltica de conscientizao generalizada e adequao da infraestrutura

    necessria para