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DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÃO À SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR 104 Norte Av. Lo 2, Lote 30 – Ed. Lauro Knoop 4º Andar CEP 77.006-022 – Palmas/TO
www.saude.to.gov.br - Fone: (63) 3218-4883
GERÊNCIA DE VIGIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÃO EXPOSTA A
AGROTÓXICOS
PLANO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES
EXPOSTAS A AGROTÓXICOS DO ESTADO DO TOCANTINS
PALMAS
MAIO – 2013
2
GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS José Wilson Siqueira Campos SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE Vanda Maria Gonçalves Paiva DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÃO À SAÚDE Ruth Mercês Lima Nogueira Paranaguá DIRETORIA DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR Sérgio Luis de Oliveira Silva COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL Adriane Feitosa Valadares GERÊNCIA DE VIGILÂNCIA DE POPULAÇÃO EXPOSTA A AGROTÓXICOS Edna Moreira Soares Equipe de Elaboração Edna Moreira Soares – Bióloga, Gerente de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos
Silene Miranda Lima – Engenheira Ambiental e Técnica da Gerência de Núcleo de Vigilância de População Exposta a Contaminantes Químicos – VIGIPEQ
Lisandra Pereira Pedro – Bióloga, Gerente do Núcleo de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
Adriana Regina Farias Pontes Lucena – Enfermeira, Executiva em Saúde e Técnica da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos
Johnathan Fernando Soares Souza – Engenheiro Ambiental, Técnico Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos
3
APRESENTAÇÃO
A dinâmica do perfil epidemiológico das doenças e agravos, o avanço do
conhecimento científico e algumas características da sociedade contemporânea têm exigido
não só constantes atualizações das normas e procedimentos técnicos de vigilância, como
também o desenvolvimento de novas estruturas e estratégias capazes de atender aos desafios
que vêm sendo colocados.
Considerando os avanços na economia nacional relacionados ao agronegócio e os
impactos causados na saúde e no meio ambiente pelo uso de novas tecnologias como o uso
cada vez mais crescente, o Ministério da Saúde elaborou documento orientador para a
implantação da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos nos estados e
municípios prioritários.
O Plano Estadual de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos do
Estado do Tocantins vem como uma estratégia para o desenvolvimento das ações de
vigilância visando adotar medidas de promoção da saúde, prevenção e atenção integral das
populações expostas a agrotóxicos, conforme preconizado pelo Sistema Único de Saúde –
SUS.
Vanda Maria Gonçalves Paiva
Secretária de Estado da Saúde
4
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................3
LISTA DE SIGLAS ...................................................................................................................5
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................7
2. CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................................8
2.1. Uso agrícola de agrotóxicos .........................................................................................8
2.2. Uso em saúde pública de agrotóxicos ........................................................................13
2.3. Perfil do uso de Agrotóxicos no estado do Tocantins.................................................14
2.4. O uso de agrotóxicos e os impactos na saúde humana e no meio ambiente...............17
2.5. Perfil Epidemiológico das intoxicações por agrotóxicos no Estado do Tocantins,
segundo o Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN) ..........................19
2.6. Ações realizadas pela Vigilância em Saúde................................................................26
2.6.1. Ações realizadas pela Gerência de Núcleo de Vigilância de Populações Expostas a
Contaminantes Químicos – VIGIPEQ...............................................................................26
2.6.2. Ações intra e intersetoriais.......................................................................................26
2.6.3. Projetos e pesquisas realizadas................................................................................30
3. OBJETIVOS ........................................................................................................................32
3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................32
3.2. Objetivos Específicos .................................................................................................32
4. METODOLOGIA ................................................................................................................33
4.1. Seleção dos municípios prioritários ...........................................................................33
4.2. Detalhamento da seleção dos municípios prioritários ...............................................34
4.3. Resultado da priorização dos municípios ..................................................................38
4.4. Estrutura dos planos municipais ................................................................................38
5. AÇÕES DE PROMOÇÃO E VIGILÂNCIA .......................................................................39
5.1. Ações Intrasetoriais ....................................................................................................39
5.2. Ações Intersetoriais ....................................................................................................39
5.3. Participação Social .....................................................................................................40
5.4. Capacitação de Profissionais de Saúde ......................................................................41
6. MONITORAMENTO DAS AÇÕES ...................................................................................41
7. CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO .......................................................................42
8. ATRIBUIÇÕES DAS DIFERENTES ESFERAS DE GESTÃO DO SUS. ........................45
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................51
10. GLOSSÁRIO .....................................................................................................................53
5
LISTA DE SIGLAS
ACE - Agentes de Controle de Endemias
ADAPEC – Agência de Defesa Agropecuária
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APA – TO – Alternativas para Pequena Agricultura no Tocantins
CIAT – Centro de Informação Toxicológica
CIB – Comissão Intergestores Bipartite
CGLAB – Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública
CONASC – Comissão Nacional de Segurança Química
CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde
COPESA – Comissão Permanente de Saúde Ambiental
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IDS – Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
INCRA – Instituto Nacional de Reforma Agrária
LACEN – Laboratório Central
LMR - Limites Máximos de Resíduos
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MS – Ministério da Saúde
NA – Não Autorizados
NOTIVISA – Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária
PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos
PAS – Programação Anual de Saúde
PAVS – Pactuação das Ações de Vigilância em Saúde
RENACIAT – Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica
RURALTINS – Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins
SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais
SIH – Sistema de Informações Hospitalares
SIM – Sistema de Informações de Mortalidade
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SINDAG – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola
SINITOX – Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
6
SISAGUA – Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano
SISSOLO – Sistema de Informação de Áreas Contaminadas
SUS – Sistema Único de Saúde
VIGIAGUA – Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
VIGIPEQ – Vigilância em Saúde de Populações Exposta a Substâncias Químicas
VISA – Vigilância Sanitária
7
1. INTRODUÇÃO
No início da sua implantação, a Vigilância em Saúde Ambiental contemplava temas
referentes aos fatores de riscos biológicos e não-biológicos por ser o modelo adotado no país.
Com a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) na estrutura do Ministério da
Saúde, as ações de vigilância em saúde, inclusive as de saúde ambiental passaram a ser de
competência desta. A partir daí com a publicação da Instrução Normativa nº 001 de 07 de
março de 2005, que regulamenta a Portaria GM/MS nº.1.172/04, atualmente substituída pela
Portaria nº 3.252/2010, no que se refere às competências da União, Estados, Municípios e
Distrito Federal na área de vigilância em saúde ambiental, o que proporcionou uma nova
condução no seu campo de atuação.
O seu foco atualmente visa o conhecimento e a detecção e prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na
saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de promoção da saúde
ambiental, prevenção e controle dos fatores de riscos relacionados às doenças e outros
agravos à saúde, em especial a água para consumo humano, o ar, o solo, os contaminantes
ambientais e as substâncias químicas, os desastres naturais, os acidentes com produtos
perigosos, os fatores físicos e os ambiente de trabalho.
A Vigilância em Saúde de Populações Exposta a Substâncias Químicas – VIGIPEQ
consiste no desenvolvimento de ações de vigilância em saúde visando adotar medidas de
promoção da saúde, prevenção e atenção integral das populações expostas a sustâncias
químicas, conforme preconizado pelo Sistema Único de Saúde – SUS. O VIGIPEQ está
estruturado em três componentes:
Exposição humana em áreas contaminadas por substâncias químicas.
Exposição humana a poluentes atmosféricos.
Exposição humana a substâncias químicas prioritárias.
Como forma de viabilizar a implantação de um Sistema de Vigilância em Saúde dos
agravos provocados pelos riscos químicos foram selecionadas cinco substâncias, classificadas
pela Comissão Permanente de Saúde Ambiental – COPESA e pela Comissão Nacional de
Segurança Química – CONASQ, como prioritárias devido aos riscos à população, são elas:
agrotóxicos, asbesto/amianto, benzeno, chumbo e mercúrio.
A vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos compreende um conjunto
de ações integradas de proteção e promoção da saúde, vigilância, prevenção e controle das
doenças e agravos à saúde, abrangendo a vigilância epidemiológica, vigilância sanitária,
8
vigilância em saúde ambiental, vigilância da saúde do trabalhador, vigilância laboratorial,
promoção da saúde e vigilância da situação de saúde. É importante considerar o ciclo de
vida/cadeia produtiva dos agrotóxicos, que abrange: o registro, produção, transporte,
armazenamento, distribuição, comercialização, utilização, dispersão, degradação e sua
disposição final.
Considerando o crescente cenário que coloca o Brasil como o líder mundial em
consumo de agrotóxicos desde 2008, o Ministério da Saúde priorizou a vigilância da
população exposta a agrotóxico, dentre as cinco substâncias que são priorizadas. Para o
desenvolvimento satisfatório dessa vigilância é fundamental o fortalecimento das ações das
vigilâncias estaduais e municipais, dotados de autonomia técnico-gerencial para enfocar os
problemas de saúde próprios de suas respectivas áreas de abrangência.
A exposição humana a agrotóxicos representa um importante problema de saúde
pública, para o qual o setor saúde vem buscando definir e implementar ações voltadas para
vigilância em saúde. As intervenções sobre o problema são, em alguns aspectos, reconhecidas
como de difícil implantação por transcender o setor saúde, devido ao seu caráter
interinstitucional.
A partir deste contexto, o Ministério de Saúde vem buscando como estratégia de
harmonização dos serviços e ações do Sistema Único de Saúde (SUS), a construção e
efetivação de um sistema de vigilância integrado que permita o monitoramento e controle de
situações de riscos à saúde humana relacionados aos agrotóxicos. Os esforços do Ministério
da Saúde resultaram na elaboração e aprovação pelo Conselho Nacional de Secretários de
Saúde – CONASS, da Vigilância de Populações Expostas a Agrotóxicos e de incentivo
financeiro para a estruturação dessa Vigilância nos estados e municípios do país.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1. Uso agrícola de agrotóxicos
O processo produtivo agrícola brasileiro está cada vez mais dependente dos
agrotóxicos e fertilizantes químicos. A lei Federal dos agrotóxicos, 7.802/89 (Brasil, 1989) e
o Decreto nº 4.074/2002, que regulamenta esta lei (Brasil, 2002) definem que essas
substâncias são: “os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos,
destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos
9
agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros
ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja
alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos
considerados nocivos”.
Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do
Observatório da Indústria dos Agrotóxicos da Universidade Federal do Paraná, divulgados
durante o 2º Seminário sobre Mercado de Agrotóxicos e Regulação, realizado em Brasília
(Distrito Federal), em abril de 2012, enquanto, nos últimos dez anos, o mercado mundial de
agrotóxicos cresceu 93%, o mercado brasileiro cresceu 190%. Em 2008, o Brasil ultrapassou
os Estados Unidos e assumiu o posto de maior mercado mundial de agrotóxicos. Na última
safra, que envolve o segundo semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2011, o mercado
nacional de venda de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de produtos, sendo 833 mil
toneladas produzidas no País, e 246 mil toneladas importadas. Os gastos mundiais com
agrotóxicos crescem continuamente.
O Brasil se destaca no cenário mundial como o maior consumidor de agrotóxicos,
respondendo na América Latina por 86% dos produtos. Do total de agrotóxicos consumidos
no Brasil, 58% são herbicidas, 21% inseticidas, 12%, fungicidas, 3% acaricidas e 7% outros.
Em 2011, os estados que mais consumiram agrotóxicos foram: São Paulo (346.079,2 t), Mato
Grosso (132.478,3 t), Paraná (112.507,5 t), Minas Gerais (86.516,3 t), Rio Grande do Sul
(71.772,9 t), Goiás (62.398,8 t) e Mato Grosso do Sul (50.609,7 t), e os que menos
consumiram foram Roraima (512,3 t), Amazonas (168,1 t) e Amapá (98,7 t).
Conforme IBAMA (2010), entre os princípios ativos mais consumidos segundo as
classes de uso, destacam-se nos herbicidas o glifosato (76%), 2,4-D ácido e a atrazina; nos
fungicidas o óleo mineral, enxofre e carbendazin; nos inseticidas a cipermetrina (57%), o
metamidofós e acefato. A comercialização destes princípios ativos corresponde a 76,45% do
consumo total de agrotóxicos no Brasil. As principais culturas em 2010 segundo dados do
IBGE foram: a soja, com 35,7% - predominando na Região Centro-Oeste (44,8%) e Região
Sul (38,3%); seguida pelo milho com 19,8%, cana-de-açúcar com 14%, feijão com 5,6%,
arroz com 4,3%, trigo e café com 3,3%, laranja e algodão com 1,3%, etc. A análise conjunta
da evolução da produção agrícola, o consumo de agrotóxicos e a incidência das intoxicações
entre 2005 e 2010 (figura 1) mostra que houve um aumento de 4% na área plantada e de
117% no uso de princípios ativos (agrotóxico), só em 2010, o consumo ultrapassou um
milhão de toneladas.
10
Em relação à área plantada, entre 2005 e 2007 ocorreu uma diminuição de 3%, mas
em 2008, além da recuperação, houve um acréscimo de 2%. Observa-se também que, apesar
da expressiva subnotificação de intoxicações por agrotóxicos, a incidência acompanha a
tendência de aumento de consumo de agrotóxicos, variando de 5,1 para 8,0 casos por 100.000
habitantes.
Figura 1 – Evolução da produção agrícola, consumo de agrotóxicos e incidência de
intoxicações por agrotóxicos. Brasil, 2005 - 2012.
Considerando as estimativas de crescimento do setor agrícola, até 2019, projetadas
pelo MAPA (2009), a produção de grãos (soja, milho, trigo, arroz e feijão) deverá passar de
139,7 milhões de toneladas, em 2007/08, para 180 milhões, em 2018/19. Quanto à área
plantada é de que para soja deve crescer 5,2 milhões de hectares em relação à 2007/08; para
milho, 1,75 milhão de hectares; para cana-de-açúcar 6 milhões de hectares; deve aumentar
para arroz e trigo e diminuir para café. No total das lavouras analisadas, o Brasil deverá ter
um acréscimo de área da ordem de 15,5 milhões de hectares nos próximos anos. Isto terá
implicação direta no consumo de agrotóxicos e, portanto, as consequências negativas na saúde
e no ambiente.
O gráfico 01 evidencia que 63%* das amostras analisadas apresentaram contaminação
por agrotóxicos, sendo que 28% apresentaram ingredientes ativos não autorizados (NA) para
aquele cultivo e/ou ultrapassaram os limites máximos de resíduos (LMR) considerados
11
aceitáveis. Outros 35%* apresentaram resíduos de agrotóxicos, porém dentro destes limites.
Se estes números já delineiam um quadro muito preocupante do ponto de vista da saúde
pública, eles podem não estar ainda refletindo adequadamente as dimensões do problema, seja
porque há muita ignorância e incerteza científicas embutidas na definição destes limites, seja
porque os 37% de amostras sem resíduos referem-se aos ingredientes ativos pesquisados, 235
em 2010, o que não permite afirmar a ausência dos demais (cerca de 400), inclusive do
glifosato, largamente utilizado (40% das vendas) e não pesquisado no Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos – PARA
Gráfico 01 – Distribuição das amostras segundo a presença ou a ausência de resíduos de agrotóxicos.
Fonte: ANVISA (2011).
Destaca-se também que o nível médio de contaminação das amostras dos 26 estados
brasileiros está distribuído pelas culturas agrícolas da seguinte maneira: pimentão (91,8%),
morango (63,4%), pepino (57,4%), alface (54,2%), cenoura (49,6%), abacaxi (32,8%),
beterraba (32,6%) e mamão (30,4%), além de outras culturas analisadas e registradas com
resíduos de agrotóxicos (ANVISA, 2011).
No que se refere à contaminação dos recursos hídricos, e consequentemente da
potencial presença destas substâncias químicas na água destinada ao consumo humano, foi
estabelecida no Brasil, desde 1990, através da publicação da Portaria MS/GM nº 36/1990, a
obrigatoriedade do monitoramento de agrotóxicos na água destinada ao consumo humano. Tal
diretriz continuou a ser disposta nas Portarias subsequentes: Portaria MS nº 1.469/2000,
Portaria MS nº 518/2004 e na atual Portaria MS nº 2.914/2011.
De acordo com a Portaria MS nº 2.914/2011, que dispõe sobre os procedimentos de
controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade, o plano de amostragem de agrotóxicos deve considerar a avaliação dos seus usos
12
na bacia hidrográfica, no manancial de contribuição, bem como a sazonalidade das culturas.
Salienta-se que o setor saúde deve realizar a vigilância da qualidade da água para consumo
humano em sua área de competência, para avaliar se a água consumida pela população
apresenta risco à saúde humana, conforme o preconizado pela Portaria MS nº 2.914/2011. No
entanto, apesar da prerrogativa de monitoramento estabelecida, referente ao parâmetro
agrotóxico na água para consumo humano, poucas iniciativas nesse sentido foram
implementadas devido uma série de dificuldades de ordem técnica, orçamentária e de gestão.
O monitoramento da vigilância da qualidade da água permite avaliar a qualidade da
água consumida pela população, bem como identificar os fatores de riscos associados ao
consumo de água fornecida fora do padrão de potabilidade estabelecido. Desta forma, de
acordo com a legislação vigente, cabe ao setor saúde, intensificar suas ações no que se refere
ao monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano, visando à prevenção de
agravos e a manutenção da saúde humana. A partir deste pressuposto, salienta-se a
necessidade de articulação entre as Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal
com os diversos setores envolvidos nessa temática, tais como: Secretarias de Agricultura, de
Recursos Hídricos, de Meio Ambiente, dentre outros, visando à efetiva implantação do
monitoramento de agrotóxicos, desencadeando assim, o direcionamento das ações e
estratégias intra e intersetoriais para a melhoria da situação existente relacionada à qualidade
da água para consumo humano fornecida à população brasileira.
Em relação aos dados de monitoramento de agrotóxicos inseridos no Sistema de
Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), as
Figuras 1 e 2 apresentam, respectivamente, a distribuição espacial dos municípios em que
realizaram as análises referentes ao monitoramento de agrotóxicos na água para consumo
humano, tanto pela Vigilância (Setor Saúde), como pelo Controle (Responsável pelo sistema
ou por solução alternativa coletiva de abastecimento de água), em 2011.
Figura 1 – Distribuição espacial dos municípios que realizaram, em 2011, o monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano: Vigilância.
13
Fonte: Sisagua, Dados de março/2012
Na Figura 1, observa-se, conforme mencionado, a necessidade de maior atuação da
Vigilância para o cumprimento do estabelecido pela legislação nacional. Quanto aos dados de
Controle, Figura 2, é demonstrada uma grande concentração de municípios que realizam
monitoramento nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto que as Regiões Norte,
com exceção do Estado do Tocantins e Nordeste possuem apenas pontos isolados de
monitoramento.
Figura 2 – Distribuição espacial dos municípios que realizaram, em 2011, o monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano: Controle.
Fonte: SISAGUA, 2012
14
Segundo a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade da
Água para Consumo Humano, a Vigilância de cada município deve coletar, no mínimo, uma
amostra de água por semestre para análise dos agrotóxicos prioritários, independente da
população total do município. Entretanto, considerando os aspectos socioambientais e as
especificidades locais, o setor saúde, pode ampliar o número e frequência de amostras a serem
analisadas (Brasil, 2006).
2.2. Uso em saúde pública de agrotóxicos
Embora a maior utilização seja na agricultura, especialmente nos sistemas de
monocultura em grandes extensões, os agrotóxicos são também utilizados em saúde pública,
na eliminação e controle de vetores transmissores de doenças endêmicas. O uso de inseticidas
em saúde pública para controle de vetores possui raízes históricas, tendo sido utilizado com
sucesso por Oswaldo Cruz na eliminação da transmissão da febre amarela, no Rio de Janeiro,
muito embora, feito com produtos primitivos, como o enxofre.
Atualmente a preconização dos inseticidas para uso em saúde pública pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), obedece a determinados princípios como baixa
toxicidade, segurança para os aplicadores e população em geral devendo, também, possuir
custos operacionais compatíveis. Os diversos princípios ativos antes de serem indicados são
submetidos a uma rigorosa revisão bibliográfica da literatura existente, onde são considerados
os aspectos relacionados à saúde humana e possíveis impactos ambientais. É importante
considerar que todos os inseticidas que se utilizam em saúde pública – por razão de mercado –
são produtos originalmente desenvolvidos para a agricultura, não havendo nenhum que tenha
sido desenvolvido exclusivamente para uso em saúde pública sendo por essa razão, muito
restritos. Dividem-se em quatro grupos: clorados, fosforados, carbamatos e piretróides.
No Tocantins os produtos mais empregados atualmente no controle aos vetores de
doenças como chagas, dengue, leishmanioses e malária, são os organofosforados (93,7%),
seguidos dos piretróides (16,3%). Os defensivos químicos para combater esses insetos são
considerados insumos estratégicos e o seu fornecimento restrito para os estados e municípios
está garantido pelo Ministério da Saúde, conforme determinado na Portaria nº 3.252 de 22 de
dezembro de 2009. Nessa mesma portaria também está estabelecido como competência,
estadual e municipal, o provimento de equipamentos de proteção individual – EPIS –
incluindo as máscaras faciais completas, vestuário, luvas e calçados.
15
Dentre os grupos da população que estão expostos aos agrotóxicos utilizados em saúde
pública, destacam-se os agentes de controle de endemias (ACE) e a população residente em
áreas endêmicas de doenças transmitidas por vetores (malária, dengue, leishmaniose, etc.).
A resistência adquirida pelos vetores, como o Aedes, aos principais agrotóxicos, exige
a mudança frequente de produtos, o que gera nos trabalhadores exposição a múltiplos
produtos com sérios prejuízos à saúde.
2.3. Perfil do uso de Agrotóxicos no Estado do Tocantins
O Tocantins é uma das 27 unidades federativas do Brasil e foi criado pela Constituição
de 1988 e sua capital é Palmas. O Estado ocupa uma área de 277.620,914 km², com 139
Municípios e com uma população de 1.383.455 habitantes (IBGE, 2010). O Estado do
Tocantins possui posição geográfica estratégica, que aliada à abundância de recursos naturais,
sobretudo a água, se torna espaço ideal para a expansão da agricultura.
Com a expansão agrícola, temos o aumento do consumo de agrotóxicos, os quais
constituem insumos considerados pelo setor agrícola, de fundamental importância no manejo
de pragas, plantas daninhas e agentes causadores de doenças. Todavia, o uso inadequado
desses produtos pode provocar efeitos indesejáveis ao meio ambiente e à saúde pública.
Assim, a legislação de agrotóxicos estabelece competências aos setores da agricultura, saúde e
meio ambiente no sentido de reduzir os problemas decorrentes de sua má utilização
(ADAPEC, 2008).
O Tocantins ocupa a primeira colocação na região Norte em terras agrossilvopastoris,
onde 33% de seu território são voltados para a produção agrícola, pecuária e silvicultura,
segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O Estado também é
líder na produção de grãos, sobretudo de soja, arroz, milho e feijão. Já nos dados do IDS -
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – de 2012, divulgados pelo Instituto, dados
parciais, o Tocantins ocupa o terceiro lugar no uso de fertilizantes da região Norte, sendo 120
quilos por hectare, perdendo somente para Roraima (150 kg/ha) e Amapá (140 kg/ha). No
volume de uso de agrotóxico, o Estado também está em terceiro lugar, com 2,2 kg/ha, ficando
atrás de AP e RR, com 2,8 kg/ha.
A partir do final da década de 1990, sucessivos governos do Estado investiram na
expansão dos Pólos de Desenvolvimento, atraindo empresas de agronegócio. Alguns desses
projetos são: Projeto Campos Lindos no Nordeste do Tocantins, Projeto Rio Formoso no
município de Formoso do Araguaia e projeto Javaés, no município de Lagoa da Confusão,
16
situados em áreas que concentram mais de 50% da monocultura de soja e arroz irrigados do
Estado.
A tabela 01 mostra que em 2010, na agricultura destacaram-se a produção de soja com
991.326 toneladas, cana-de-açúcar com 715.317 toneladas e arroz com 447.320 toneladas,
ocupando uma área de 352.875 hectares, 10.803 hectares e 137.946 hectares respectivamente
(IBGE, 2011). Outro investimento é a produção de abacaxi no Estado que vem se estendendo
há mais de 10 anos e se tornou um dos 10 maiores produtores do Brasil (EMBRAPA, 2009, in
SANTOS, 2012).
Tabela nº 01 – Principais Culturas no Estado do Tocantins, 2010.
Lavouras Temporárias Quantidade Produzida Área (ha)
Soja (em grão) 991.326 (Toneladas) 352.875
Cana-de-açúcar 715.317 (Toneladas) 10.803
Arroz (em casca) 447.320 (Toneladas) 137.946
Mandioca 337.026 (Toneladas) 20.869
Milho (em grão) 282.475 (Toneladas) 83.229
Melancia 87.224 (Toneladas) 3.416
Sorgo (em grão) 43.756 (Toneladas) 18.170
Abacaxi 41.946 (Mil frutos) 2.683
Feijão (em grão) 33.427 (Toneladas) 26.134
Algodão herbáceo (em caroço) 14.408 (Toneladas) 4.200
Amendoim (em casca) 11.137 (Toneladas) 3.870
Fonte: SIDRA-IBGE (2012).
A produção agrícola do Estado compreende quatro grandes segmentos: grãos, frutas,
pastagem e eucalipto. Na região central predomina o cultivo de frutas, horticultura, flores,
aves e peixes. Na região sudeste, o que prevalece é a produção de cana-de-açúcar, arroz,
feijão, soja, milho, mamona e suínos. Já no leste do Estado há grande predominância de soja,
milho, sorgo e mamona. O Estado possui grandes dimensões geográficas e dispõe de vasta
área agricultável, cerca de 6 milhões de hectares de áreas de pastagens (GOVERNO DO
TOCANTINS, 2008, in MARIA, 2009).
Na tabela nº 02, PIGNATI, faz um levantamento da produção agrícola e uma
estimativa do uso de agrotóxicos pelos principais municípios do estado do Tocantins.
17
PIGNATI selecionou as principais culturas e a quantidade de agrotóxicos usados por hectare
em cada cultura e fez uma média de 11 litros por ha; (ou: Algodão 20; Arroz 10; Cana 5;
feijão 5; Mandioca 1; Milho 5 e Soja 10).
Tabela 02 – Produção agrícola e estimativa de consumo de agrotóxicos em municípios do
Estado do Tocantins, 2010.
Mun
icíp
io
Alg
odão
Arr
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Can
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úcar
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Man
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iva
Agr
otóx
icos
Campos Lindos - 1.000 15 300 400 3.600 45.000 10.000 60.315 663.465 Lagoa da Confusão - 27.000 50 6.200 150 50 12.850 1.000 47.300 520.300 Pedro Afonso - 2.200 2.000 800 150 240 28.500 2.500 36.390 400.290 Mateiros 1.250 500 - - 60 4.500 27.000 - 33.310 366.410 Formoso do Araguaia - 16.270 - 160 270 350 13.950 150 31.150 342.650 Dianópolis 1.400 800 50 - 110 4.300 24.000 - 30.660 337.260 Porto Nacional - 1.600 280 770 1.000 2.200 11.000 - 16.850 185.350 Monte do Carmo - 2.100 22 - 260 1.540 11.900 - 15.822 174.042 Goiatins - 3.000 30 550 1.100 1.500 4.000 2.500 12.680 139.480 Peixe - 1.800 27 140 200 1.100 7.700 900 11.867 130.537 Santa Rosa do Tocantins - 1.200 25 - 150 800 7.000 2.500 11.675 128.425 Silvanópolis - 560 50 110 80 300 8.800 500 10.400 114.400 Darcinópolis - 1.600 70 120 300 900 4.530 2.200 9.720 106.920 Guaraí - 100 - 170 160 300 8.800 - 9.530 104.830 Bom Jesus do Tocantins - 1.000 10 2.000 40 500 4.500 500 8.550 94.050 Tupirama - 80 - - 20 60 7.000 800 7.960 87.560 Brejinho de Nazaré - 1.020 80 - 150 800 5.350 300 7.700 84.700 Dueré - 5.670 50 1.000 160 380 - - 7.260 79.860 Figueirópolis - 850 17 - 110 500 3.800 500 5.777 63.547 Araguaína - 750 17 240 1.500 1.600 - - 4.107 45.177 Pindorama do Tocantins - 1.700 60 - 210 500 - - 2.470 27.170 Total 2.650 70.800 2.853 12.560 6.580 26.020 235.680 24.350 381.493 4.196.423
Fonte: SIDRA-IBGE (2011); Estimativa de uso de agrotóxicos, média de 11 litros por há; ou: Algodão 20; Arroz 10; Cana 5; feijão 5; Mandioca 1; Milho 5 e Soja 10.
A produção de hortaliças não é destaque em volume de produção no estado, no entanto
representa uma importante atividade agrícola, principalmente para pequenos produtores nos
comércios locais. Dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos,
mostram que das 6 amostras de alface coletadas em 2010 no Tocantins, 50% delas foram
consideradas insatisfatórias, por apresentarem resíduos de agrotóxicos não autorizados para
esta cultura, conforme informação da Diretoria de Vigilância Sanitária Estadual. Esse dado
mostra a necessidade de orientação técnica e capacitação do produtor para adoção de Boas
Práticas Agrícolas.
18
2.4. O uso de agrotóxicos e os impactos na saúde humana e no meio ambiente
Os agrotóxicos estão entre os mais importantes fatores de risco para a saúde da
população em geral, especialmente para a saúde dos trabalhadores e para o meio ambiente.
Utilizados em grande escala por vários setores produtivos e mais intensamente pelo setor
agropecuário, são ainda utilizados na construção e manutenção de estradas, tratamentos de
madeiras para construção, indústria moveleira, armazenamento de grãos e sementes, produção
de flores, combate às endemias e epidemias, domissanitários etc. Enfim, os usos desses
produtos excedem em muito aquilo que comumente se reconhece. O uso abusivo de
agrotóxicos no processo produtivo da agricultura, seu impacto para a saúde e o meio ambiente
tem natureza complexa e envolvem aspectos biossociais, políticos, econômicos e sócio-
ambientais. Os agrotóxicos e afins, são produtos extremamente agressivos a que estão
expostos maciçamente os trabalhadores, principalmente no campo e a população em geral por
meio do consumo de alimentos contendo resíduos destas substâncias tóxicas ou associação de
substâncias.
A população com maior vulnerabilidade são os trabalhadores da agricultura familiar,
que são aqueles que se expõem, manipulam e aplicam os agrotóxicos, gerando assim riscos
para a sua saúde. Somado a isso, esses trabalhadores na maioria das vezes não utilizam
medidas de proteção, isso devido ao não fornecimento de informações de como devem ser
utilizados, além de muitos deles serem inviáveis ergonomicamente, o que afeta na execução
do trabalho – uso de equipamentos de segurança, aplicação de dosagem correta, consumo de
produtos autorizados, obediência às regras de armazenagem e descarte de embalagens,
facilitando ainda mais a contaminação com o produto.
A utilização dos agrotóxicos no meio rural brasileiro tem trazido uma série de
conseqüências tanto para o ambiente como para a saúde do trabalhador rural. Em geral, essas
conseqüências são condicionadas por fatores intrinsecamente relacionados, tais como o uso
inadequado dessas substâncias, a alta toxicidade de certos produtos, a falta de utilização de
equipamentos de proteção e a precariedade dos mecanismos de vigilância.
A exposição ocupacional e/ou ambiental a agrotóxicos está relacionada com diversos
efeitos sobre a saúde humana, incluindo alterações subclínicas (alterações de biomarcadores
de exposição, efeito e suscetibilidade), intoxicação aguda e/ou crônica, podendo ser fatais. A
depender do agrotóxico e da exposição, as manifestações ocorrem nos aparelhos e sistemas e
evoluem de forma específica, assim são descritos efeitos deletérios sobre os sistemas nervoso,
respiratório, cardiovascular, gastrintestinal, geniturinário, hematológico, endócrino,
19
imunológico, bem como danos na pele, olhos, entre outros. Também gerais como problemas
neurocomportamentais, genéticos e câncer. (Matos et al, 1987, Alavanja et al, 2004; Almeida,
1986; Brasil, 1999; Brasil, 1997; Colosso, 2003; Ecobichon, 2001; Grisolia, 1995; Lerda &
Masiero, 1990; Silva et al, 2005; Keifer, et al, 2005; Reigart & Roberts, 1999; WHO, 2004ª,
in BRASIL, 2012).
Outro tipo de problema bastante comum entre os agricultores é a exposição múltipla,
isto é, exposição à mistura de agentes tóxicos, de diversos grupos de agrotóxicos, de maneira
sistemática e a longo prazo, com episódios agudos de intoxicação por um dos grupos
específicos. Há equívocos em relação ao conceito de toxicidade de misturas, pois esta não é
resultante da soma das atividades tóxicas dos compostos. A mistura de diferentes agentes
pode ocorrer inadvertidamente porque alguns compostos persistem por longos períodos no
meio ambiente ou porque são aplicados repetidamente ou para melhorar a eficácia e diminuir
os custos.
É importante registrar que os dados oficiais brasileiros sobre intoxicações por
agrotóxicos não retratam a realidade do país. São insuficientes, parciais, desarticulados e
fragmentados em várias fontes de dados – por exemplo: do Sistema Nacional de Agravos de
Notificação (SINAN) desde 1994, da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência
Toxicológica (RENACIAT) consolidados desde 1984 pelo Sistema Nacional de Informações
Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). Além de outras fontes de dados, a saber: Sistema de
Informações de Mortalidade (SIM); Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS); Sistema
de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS); Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária –
(NOTIVISA); dados do Ministério do Trabalho; dados da Previdência Social, entre outros.
Outros fatores que contribuem para o conhecimento institucional fragmentado sobre as
doenças provocadas pelos agrotóxicos são: a alta rotatividade de trabalhadores no mercado de
trabalho; o reduzido número de trabalhos epidemiológicos de busca ativa de casos quer junto
aos trabalhadores, quer junto a populações exposta não ocupacional, além da pouca cobertura
dos serviços públicos de saúde para diagnóstico das doenças relacionadas ao trabalho e ao
meio ambiente, que só mais recentemente vêm se estruturando para atender a esta demanda.
A exposição humana a agrotóxicos representa um importante problema de saúde
pública, para o qual o setor saúde vem buscando definir e implementar ações voltadas para
vigilância em saúde. As intervenções sobre o problema são, em alguns aspectos, reconhecidas
como de difícil implantação por transcender o setor saúde, devido ao seu caráter
interinstitucional.
20
A difusão maciça de substâncias químicas constitui um dos principais desafios à
preservação da qualidade ambiental, sobretudo no que concerne ao impacto ambiental
causado por uma grande quantidade de substâncias lançadas no meio ambiente. Apesar dessas
substâncias serem desenvolvidas para atuar em um conjunto de organismos, são
potencialmente danosas para todos os organismos vivos expostos aos produtos.
Não se pode negar o crescimento, em termos de produtividade, proporcionado pelo
uso de agrotóxicos no campo (PERES et al., 2005). Os processos empregados no cultivo de
plantas tendem a criar um desequilíbrio biológico na natureza. Esses processos incluem a
remoção de plantas competitivas, o uso de linhagens obtidas por seleção, área para plantio de
uma única cultura, adubação, irrigação, poda e controle de pragas.
O homem foi incapaz de contrariar o desequilíbrio por meios naturais e ainda obter a
quantidade desejada e a qualidade da produção. Portanto, o uso de produtos químicos pode
ser uma ferramenta para assegurar a proteção contra a produção diminuída ou a destruição de
culturas (JEPPSON et al., 1975).
2.5. Perfil Epidemiológico das intoxicações por agrotóxicos no Estado do
Tocantins, segundo o Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN).
Os dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação – SINAN, apesar da
importante subnotificação e do grande percentual de informações ignoradas demonstra a
importância do problema das intoxicações e a necessidade de monitoramento destes eventos.
No gráfico 02, são apresentadas as informações que foram analisadas tendo como base
os dados que constam no SINAN NET, enfocando as intoxicações exógenas de interesse para
a Vigilância Ambiental referente à exposição por agrotóxicos agrícolas, domésticos, de uso
em saúde pública, raticidas e produtos veterinários no Estado do Tocantins. Vale ressaltar,
que a ficha de intoxicação exógena engloba outras formas de exposição, no entanto, foi
realizado um filtro para priorizar o que é de interesse para a vigilância em saúde ambiental.
Nota-se um aumento de notificações nos últimos anos principalmente em razão da
sensibilização das equipes de saúde dos municípios, focando a importância da notificação.
Gráfico 02 – Número de Intoxicações por agrotóxico notificadas no Estado do Tocantins, 2007 – 2011.
21
Fonte: SINAN – TO
De acordo com o gráfico 03, as notificações se concentram nos municípios que dispõem
de Unidades Sentinelas em Saúde do Trabalhador e Núcleos Hospitalares de Epidemiologia,
os quais possuem equipes para a vigilância desses agravos. Dentre todas as notificações, 64%
são originadas nos municípios de Araguaína e Palmas. Possivelmente esta expressiva
notificação deve-se a existência de serviços de saúde mais qualificados, estimulando a
migração de pacientes de outras localidades. Outra razão pode ser o fortalecimento das ações
da equipe de vigilância hospitalar nestes centros de saúde.
Gráfico 03 – Freqüência de Intoxicações por agrotóxico segundo município de notificação. Tocantins, 2007 - 2011.
41%
23%
7%4%
3%
3% 19%
0%
Araguaína Palmas Gurupi Porto Nacional
Augustinópolis Paraíso Outros
Fonte: SINAN – TO
22
O registro de intoxicações por agrotóxicos no estado do Tocantins caracterizou a
tentativa de suicídio como a principal causa das intoxicações registradas no SINAN no
período de 2007 a 2011(gráfico 04).
Este resultado se contrapõe ao que era esperado, já que em se tratando de produto
voltado para a utilização com fins de controle de pragas agrícolas, a intoxicação devido ao
acidente de trabalho deveria ser a causa mais provável. Contudo, ao analisar esses dados,
deve-se considerar que há um alto índice de subnotificação de casos de intoxicação por
agentes químicos proveniente das áreas de utilização de grande quantidade de agrotóxicos,
onde há evidência da exposição dos trabalhadores rurais. Por outro lado, o índice maior de
tentativa de suicídio pode ser em decorrência do acesso as unidades hospitalares, onde na
quase totalidade dos intentos se faz necessária a hospitalização.
Gráfico 04 – Frequência de Intoxicações por agrotóxico segundo tipo de contaminação. Tocantins, 2007 - 2011.
Fonte: SINAN – TO
O Gráfico 05, mostra que em relação à faixa etária, a maior parte das intoxicações por
agrotóxicos notificados no período de 2007 a 2011 ocorreu na faixa etária de 20 a 34 anos
(33%), seguida pela faixa etária de 35 a 49 anos (19%), mostrando um grupo de adultos
jovens em plena força produtiva. As intoxicações em crianças dos grupos etários de 1 a 4 e de
5 a 9 anos (18%), sinaliza para os acidentes com agrotóxicos de uso doméstico. A faixa de 15
a 19 anos (14%), pode indicar que estes jovens são trabalhadores e estão expostos aos
mesmos riscos que os adultos trabalhadores e também aos intentos suicidas.
23
Gráfico 05 – Frequência de Intoxicações por agrotóxico segundo faixa etária. Tocantins, 2007 - 2011.
Fonte: SINAN – TO
De acordo com o gráfico 06 observa-se que a falta de preenchimento do campo
correspondente ao tipo de agrotóxico é uma lacuna na ficha de investigação de intoxicações
exógenas, expressa por um percentual significativo de campos ignorados (59%), o que pode
levar a uma distorção na análise dos dados. O tipo de agrotóxico mais identificado é o
inseticida (24%), em seguida herbicida (8%) e fungicida (2%).
Gráfico 06 – Intoxicações segundo tipo de agrotóxico. Tocantins, 2007 a 2011.
Fonte: SINAN – TO
Quanto à área de residência, 11% das notificações de intoxicação ocorreram na zona
rural e 2% em áreas periurbanas, ao passo que a grande maioria (87%) é de moradores de área
urbana. A alta diferença no percentual pode estar associada à dificuldade do acesso às
24
unidades de saúde pelos residentes da zona rural, o que eleva as sub-notificações dos casos
(gráfico 07).
Gráfico 07 – Intoxicações por agrotóxico segundo zona de residência. Tocantins, 2007 a 2011.
Fonte: SINAN – TO
Segundo o gráfico 08, o grupo de agrotóxico mais representativo é o raticida (41%)
provavelmente devido o expressivo número de uso nas tentativas de suicídio com este
produto, possivelmente pela facilidade em adquiri-lo nos comércios, além de falta de
fiscalização. Em seguida vem o agrotóxico agrícola (23%), relacionado com trabalho
agropecuário. O gráfico mostra ainda, que o agrotóxico do grupo doméstico ocupa o 3º lugar
das intoxicações com 15%, podendo vincular ás crianças menores de 10 anos de idade.
Gráfico 08 – Intoxicações segundo grupo de agrotóxico. Tocantins, 2007 – 2011.
Fonte: SINAN – TO
25
Considerando apenas o local em que foram registrados os eventos com agrotóxicos
(Gráfico 09), observa-se que o maior número de notificações ocorreu nas residências (77%),
seguido do local de trabalho (16%) do total de notificações. O que reforça a necessidade de
divulgar os cuidados no manuseio destes produtos junto à comunidade consumidora.
Gráfico 09 – Intoxicações por agrotóxico segundo local de exposição. Tocantins, 2007 a 2011.
Fonte: SINAN – TO
No gráfico 10, evidencia-se que 83% das pessoas intoxicadas pelo agrotóxico evoluem
para a cura sem seqüela, 8% com campos ignorados, 6% evoluem para a cura com seqüela,
2% evoluem para o óbito e 1% perda de seguimento.
Gráfico 10. Intoxicações por agrotóxico segundo evolução. Tocantins, 2007 – 2011.
Fonte: SINAN – TO
26
Dados notificados no SINAN para o estado do Tocantins, no período de 2007 a junho
de 2011, mostram mais de 900 notificações de intoxicações exógenas por exposição a algum
tipo de agrotóxicos. Isso é bastante preocupante, considerando que existe uma sub-
notificação, este cenário poderia ainda ser pior. Esta situação requer uma maior atenção do
setor saúde, tanto para melhorar as notificações como para a definição de ações que venham a
minimizar os impactos na saúde da população exposta a estas substâncias.
A notificação é ferramenta para a vigilância em saúde, por constituir fator
desencadeador do processo “informação/decisão/ação”, tríade que sintetiza a dinâmica de suas
atividades, propiciando o monitoramento constante da saúde da população local. Além disto,
deve disponibilizar o suporte necessário para o planejamento, decisões e ações dos gestores,
em determinado nível decisório (municipal, estadual e federal), com embasamento em dados
concretos. A Vigilância em Saúde Ambiental através do Núcleo VIGIPEQ vem realizando
atividades para sensibilizar os gestores e profissionais de saúde dos municípios quanto à
importância da notificação e investigação das notificações de intoxicação/exposição por
agrotóxico.
Nesse sentido, além da análise sistemática dos bancos de dados com a construção de
indicadores e definição de alertas para o monitoramento da vigilância em saúde de populações
expostas a agrotóxicos, o cruzamento de dados dos mais variados sistemas possibilitará a
realização de um diagnóstico mais preciso, ou mais próximo da realidade, em cada território.
Além disto, é necessário avançar no processo de inclusão desta vigilância nas discussões com
as áreas de doenças não transmissíveis, saúde mental e da vigilância do câncer.
A notificação e a investigação das intoxicações por agrotóxicos são ainda muito
precárias em nosso país. Dificuldade de acesso dos trabalhadores rurais aos serviços de saúde
e o diagnóstico incorreto são alguns dos fatores que influem no subregistro.
A multiplicidade e complexidade de fatores envolvidos na produção de agravos
decorrentes dos processos tecnológicos, incluindo as intoxicações por agrotóxicos, somados à
gravidade e magnitude destes eventos, tornam urgente a ampliação do objeto da vigilância
epidemiológica para além do agente infeccioso.
2.6. Ações realizadas pela Vigilância em Saúde
Embora a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos no país, ainda não
tenha sido efetivamente implementada, a Secretaria da Saúde do Estado do Tocantins vem
desenvolvendo uma série de atividades intra e intersetorial, conforme relacionadas abaixo, no
27
sentido de identificar, avaliar e minimizar os riscos à saúde dos seres humanos produzidos
pelo uso crescente de agrotóxicos.
2.6.1. Ações realizadas pela Gerência de Núcleo de Vigilância de Populações
Expostas a Contaminantes Químicos – VIGIPEQ
Envio de nota da ANVISA com orientação sobre a proibição de capina química em
área urbana, aos prefeitos dos 139 municipais do Estado do Tocantins,
Levantamento e cadastramento de áreas com populações expostas a agrotóxicos em
municípios prioritários para alimentação no Sistema de Informação de Áreas
Contaminadas – SISSOLO;
Assessoria e monitoramento das intoxicações por agrotóxicos nos municípios pela
saúde ambiental e saúde do trabalhador a partir de 2010, como atividade para
cumprimento da Pactuação das Ações de Vigilância em Saúde – PAVS, biênio
2010/2011 e continuando em 2012;
Análise de situação de saúde de população exposta a agrotóxicos em 2011 e 2012;
Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA;
Elaboração do Plano Estadual de Vigilância de Populações Exposta a Agrotóxicos;
Seleção dos municípios prioritários para implantação do plano estadual.
2.6.2. Ações intra e intersetoriais
Várias atividades vêm sendo realizada pela vigilância em saúde ambiental e saúde do
trabalhador no sentido de minimizar os impactos na saúde da população relacionada com o
risco de exposição da população aos agrotóxicos nos seus diversos usos. São realizadas ações
planejadas de rotina da diretoria e ações que são demandadas por denúncias ou por demanda
judicial.
“I Seminário Tocantinense sobre Agrotóxicos – Os impactos na saúde e no ambiente”,
realizado em 2011, pela Diretoria de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador.
Criação do Comitê Estadual da “Campanha Nacional contra Agrotóxicos e pela
Vida”;
Implantação e estruturação de Unidades Sentinelas de Vigilância em Saúde do
Trabalhador, onde, entre outros agravos são notificados os casos de intoxicação por
agrotóxicos em trabalhadores;
28
Participação de representantes da Secretaria de Estado da Saúde em evento
denominado “Dia Nacional do Campo Limpo” referente ao gerenciamento de
embalagens vazias de agrotóxicos no estado organizado pela Agência de Defesa
Agropecuária – ADAPEC, da Secretaria de Estado da Agricultura. Palestra: Perfil das
intoxicações por agrotóxicos no estado do Tocantins. Agosto de 2012;
Participação em Mesa Redonda no Seminário Regional sobre os impactos dos
agrotóxicos na saúde e no ambiente em Augustinópolis. Representantes: servidoras da
Saúde Ambiental, Saúde do Trabalhador e Vigilância Sanitária, com o tema: Ações do
setor saúde, em 22 de dezembro de 2012. Organização: APA-TO (Alternativas para a
pequena agricultura no Tocantins);
Elaboração de Projeto de Monitoramento da Saúde dos Agentes de Endemias do
Estado do Tocantins, protocolo elaborado, aprovado e em fase de implantação;
As ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador – VISAT e Saúde Ambiental
incluem os seguintes ambientes e processos de trabalho em relação ao agrotóxico: locais e
formas de armazenamento de agrotóxicos e produtos químicos; formas de aplicação e suas
condições conforme legislação: costal, aérea e mecanizada; locais e formas de lavagem de
roupas e EPI dos aplicadores de agrotóxico; locais de vendas do agrotóxico quando
necessário; locais de armazenamento de embalagens vazias: análise de risco à saúde dos
trabalhadores e contaminação ambiental e tipos de agrotóxicos utilizados. A seguir
apresentamos os resultados de algumas ações de VISAT realizadas em conjunto com a VSA:
Atividade em agronegócio nas culturas de arroz e soja no município de Lagoa da Confusão
em 2007 (demanda da Procuradoria da União do Tocantins); 2008 (demanda do Ministério
Público do Trabalho); 2011 (visat e vig empreendimento); 2012 (demanda MP de
Cristalândia); 2013 (ação na Programação Anual de Saúde – PAS) totalizando 5 ações:
Fazenda Dois Rios: Aplicação aérea e mecanizada (serviço aéreo terceirizado)
armazenagens de agrotóxico fora das normas, ausência de lavanderias específicas para
roupas e EPI utilizadas em aplicação de agrotóxico; aplicação aérea próxima às
comunidades rurais e indígenas. Preocupante: alto uso de inseticida e raticida no
beneficiamento do arroz (nos Silos); não possível ver a aplicação aérea; encontradas
embalagens vazias guardadas nas lojas ao ar livre.
Fazenda Diamante: Alojamento e cozinha totalmente fora dos padrões exigidos em
normas sanitárias e trabalhistas. Preparo de alimentação sem preocupação com valor
29
nutricional ou higiene. Encontrado alimentos vencidos. Trabalhadores da fazenda
diamante e uso de agrotóxicos: Empresa de aplicação aérea de agrotóxico (Foliar
Aviação aérea) trabalhador sem nenhum tipo de proteção individual preparando calda
de agrotóxico para abastecimento de avião; escoamento abundante de agrotóxico
direto na pele do trabalhador na hora de engate da mangueira de agrotóxico no avião.
Posto de trabalho sem nenhuma estrutura para os trabalhadores (ausência de bancos ou
cadeiras para sentar, sem abrigo para chuva ou sol, inexistência de banheiro provisório
ou permanente). A alimentação é servida em marmitas pela Fazenda Diamante e ficam
expostas ao sol.
Agronegócio em produção de soja e cana no município de Pedro Afonso, 5 ações de
vigilância:
Soja em Pedro Afonso (ano 2010): diversas fazendas: armazenagens fora das
normas, ausência de lavanderias específicas para roupas e EPI; aplicação costal e
mecanizada; os trabalhadores levam a roupa para lavar em casa (mulher que lava);
situação grave: trabalhadores levam embalagens vazias para casa, usam para
armazenar água, alimentos; mulheres grávidas ou em amamentação lavando roupas
dos maridos (aplicadores de agrotóxico);
Cana em Pedro Afonso (BUNGE) ano 2010: armazenagem dentro das normas,
lavanderias específicas para roupas e EPI dentro nas normas; aplicação mecanizada; os
trabalhadores não tomam banho imediatamente após a aplicação; não é feito
acompanhamento dos aplicadores de agrotóxico quanto a sintomatologia e
adoecimento pelo uso do agrotóxico. Preocupante: uso excessivo de agrotóxicos até
para controle de crescimento da plantação conforme necessidade de produção e venda
do álcool ou do açúcar, o critério é exclusivamente comercial, depende da bolsa de
valores. Riachos e córregos que é usado pela população passam pelas plantações e nas
chuvas o agrotóxico atinge esses córregos; plantações em cima dos lençóis freáticos.
Essa situação é considerada como risco de contaminação desses compartimentos
ambientais, já que a maioria da população obtém água dos poços. Assentamento
próximo: em dois deles havia agrotóxico em garrafas pet não identificadas guardados
ao ar livre, em cima de torrefação de farinha; área externa sem proteção. (cooperativa
dos trabalhadores que dava apoio técnico, manejo, compra e devolução, mas
trabalhadores desconhecem a toxidade do produto em relação aos efeitos no ser
30
humano). Planejado uma ação devolutiva de educação popular para assentamento e
famílias localizadas em torno das plantações de soja. Não executado.
Gurupi Usina de Álcool e Açúcar e plantação de cana - 2009, 2010 e 2011,
totalizando 3 ações: armazenagem dentro das normas, não tinha lavanderias
específicas para lavar as roupas dos trabalhadores, aplicação motorizada e colheita
manual da cana. Envio de relatório ao MPT e SRTE.
Arraias – 2009, 2010 e 2011, totalizando três – usina de álcool e plantação de cana.
Situação encontrada: empresa desativa, tinha um pequeno depósito de agrotóxicos.
Central de Recebimento de Embalagens de Agrotóxicos em Pedro Afonso:
excesso de embalagens, sendo também depositadas ao ar livre, trabalhadores locais
com sobrecarga de trabalho principalmente em relação ao transporte e pesagem
(excesso de peso), sem banheiro, sem EPI adequado, trabalhadores conhecem os riscos
que estão expostos, mas desconhecem os efeitos para a saúde humana.
Agronegócio Plantação de Eucalipto Miracema-2010 – Demanda do controle
social: Averiguação das irregularidades e as condições de trabalho; verificado
trabalhadores vulneráveis à intoxicação por agrotóxicos e outros produtos; trabalho de
plantação junto ao local onde funciona o “lixão” da prefeitura.
Dueré - Plantação e indústria de eucalipto (2011): Trabalhadores vulneráveis a
intoxicação por agrotóxicos.
Projeto de irrigação – Fruticultura Manoel Alves em Porto Alegre (2010): alguns
produtores rurais com mais experiência tinham noção de organização de depósitos e
manejo de agrotóxicos, entretanto outros produtores armazenavam agrotóxicos dentro
das casas, em garrafas do tipo “pet”, não utilizavam equipamentos de proteção
individual e lavavam as roupas que usavam na aplicação junto com as roupas da
família, a proximidade da plantação da casa era de dois metros aproximadamente, e
aplicavam agrotóxico sem preocupação com manejo adequado.
Projeto de irrigação São João do Prata em Porto Nacional (2012) três ações:
Realizada em duas propriedades de produção de hortaliças (agricultura familiar), em
ambas os trabalhadores não utilizavam EPI, agrotóxicos armazenados em embalagens
sem nenhuma identificação, o manejo do agrotóxico sem utilização de EPI, queima de
embalagens de agrotóxico junto ao lixo comum (não há recolhimento pela prefeitura),
31
no ato da compra de agrotóxicos em Palmas não receberam nenhuma orientação de
aplicação, aprenderam a aplicar na tentativa e erro. Unidade Básica de Saúde sem
estruturação mínima para funcionamento, sem preparo técnico para identificar riscos
ou queixas relacionadas à intoxicação por agrotóxico, só realiza agendamento de
consultas e os agentes de saúde verificam riscos para proliferação do mosquito Aedes
aegypti e manifestação da dengue.
Ação de vigilância no CCZ 2010 e 2013- demanda Ministério Público do
Trabalho: irregularidades no armazenamento, transporte e manejo com agrotóxicos,
falta de EPI no uso de agrotóxicos, higienização de EPI e roupas feitas em casa em
desacordo com normas de saúde e segurança, não há gerenciamento de resíduos nem
tratamento de efluentes (agrotóxico escoando diretamente para o jardim), frascos
contendo agrotóxico sendo levados dentro de sacolas para casa dos agentes de
endemias (não há ponto de apoio para recolhimento de agrotóxico durante as
atividades de aplicação). A capacitação recebida sobre o uso de agrotóxicos foi
considerada não eficiente para identificação dos riscos à saúde e processos de trabalho
dentro das normas de saúde e segurança.
2.6.3. Projetos e pesquisas realizadas
Pesquisa de mestrado profissional em Saúde Coletiva com ênfase em Saúde do
Trabalhador, no assentamento União em Miracema: Armazenamento, descarte,
irregularidades no armazenamento, transporte e manejo com agrotóxicos, falta de EPI no uso
de agrotóxicos, higienização de EPI e roupas feitas em casa em desacordo com normas de
saúde e segurança, não há gerenciamento de resíduos nem tratamento de efluentes,
embalagens jogadas no lixão de Barrolândia ou na própria propriedade rural, compra de
agrotóxico sem receituário e orientação, 10 anos de uso de agrotóxicos em plantações de
abacaxi, queixas de sintomatologia de intoxicação por agrotóxico.
Inquérito de vigilância em saúde trabalhador em assentamentos 2011- Araguatins e
Tocantinopolis: Uso de agrotóxicos de forma inadequada, sem controle de descartes, não
utilização de EPI, trabalho infantil.
Participação do Projeto de gênero e reprodução sexual nos municípios de Pedro Afonso,
Aparecida do Rio Negro, Miracema, Guaraí, Novo Acordo- 2006 a 2008 e Ação de
32
educação popular em saúde do trabalhador em Novo Acordo ano 2007: identificação da
situação de saúde de trabalhadores rurais e levantamento de risco à saúde por manejo com
agrotóxicos. Realização de educação popular para os trabalhadores rurais.
Projetos de pesquisa Miracema abacaxi em 2004: identificação da situação de saúde de
trabalhadores rurais e levantamento de risco à saúde por manejo com agrotóxicos. Realizado
parcialmente. Entrega de equipamentos com finalidade de suporte de diagnóstico de agravos
relacionados ao trabalho para trabalhadores rurais para o Hospital Regional de Miracema.
33
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Fortalecer o Sistema de Gestão de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Agrotóxicos da secretaria estadual e das secretarias municipais de saúde dos municípios
prioritários de forma que tenham autonomia técnico-gerencial para identificar os problemas e
desenvolver as ações de vigilância e promoção da saúde que minimizem ou eliminem os
impactos causados pela exposição aos agrotóxicos.
3.2. Objetivos Específicos
Inserir as ações de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos no
Plano Estadual de Saúde;
Desencadear intervenções e estabelecer parcerias intra e intersetoriais no nível
estadual para a implementação das ações;
Coordenar, assessorar, supervisionar, articular e avaliar, a execução do conjunto de
ações intra e intersetoriais para prevenção das doenças e agravos decorrentes da
exposição humana a agrotóxicos;
Orientar os municípios da área de abrangência para a organização da vigilância em
saúde de populações expostas a agrotóxicos;
Realizar análise de situação de saúde da população exposta a agrotóxicos;
Estabelecer instrumentos e indicadores para acompanhamento e avaliação da
implementação;
Assessorar os Municípios prioritários na elaboração dos Planos de implantação da
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos;
Apoiar a inserção das ações nos planos municipais de saúde, atendendo às
especificidades locais;
Capacitar os técnicos das esferas estaduais e municipais, para a utilização dos sistemas
de informação em saúde (SINAN, SISSOLO, SISAGUA, etc.);
Executar ações de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos,
incluindo vigilância nos ambientes e processos de trabalho, de forma complementar e
suplementar aos municípios.
34
4. METODOLOGIA
As ações para implantação e implementação do Plano Estadual de Vigilância de
Populações Expostas a Agrotóxicos serão coordenadas pela Vigilância em Saúde Ambiental e
se dará nos três níveis de gestão do SUS de acordo com o descrito no item 8 (oito), que define
as competências para implementação deste plano.
As ações planejadas neste plano serão inseridas na Programação Anual de Saúde –
PAS de cada ano, do Departamento de Vigilância em Saúde do Estado.
4.1. Seleção dos municípios prioritários
Tendo em vista o grande número de municípios do Estado com produção agrícola,
procurou-se levar em consideração alguns dados como: o consumo de agrotóxicos, as
intoxicações por agrotóxicos notificadas no SINAN; informações sobre análise de agrotóxicos
na água para consumo humano (SISAGUA); o número de áreas agrícolas cadastradas
(SISSOLO); o número de famílias rurais (assentamentos, projetos de irrigação, pequenos
produtores individuais). A seleção dos municípios foi baseada nos seguintes critérios:
I. Cálculo da estimativa do consumo de agrotóxicos por município da seguinte forma:
Total de Área plantada (lavoura temporária e permanente), por município, registrada
no Sistema do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de Recuperação
Automática (SIDRA) multiplicado pela média de consumo de agrotóxicos (12 litros
por hectare, segundo estimativa descrita no DOSSIÊ ABRASCO, 2012, parte 1).
II. Número de famílias rurais registrada no Sistema do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010).
III. Número de casos de intoxicação por agrotóxicos notificados no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN, 2007 a 2013), do Ministério da Saúde
(MS), segundo o município de localização do estabelecimento de ocorrência do
evento.
IV. Número de municípios que possuem informação de análise de agrotóxicos em água
registrada no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano (SISAGUA, 2012) do Ministério da Saúde (MS).
35
V. Número de Áreas Agrícolas Cadastradas no Sistema de Informação de Áreas com
População Exposta a Solo Contaminado – SISSOLO, do Ministério da Saúde, por
município no período de 2006 a 2013.
4.2. Detalhamento da seleção dos municípios prioritários
Para o cálculo do Consumo de Agrotóxico, foi multiplicado o valor total de área
plantada em cada município pela média nacional de consumo de agrotóxico 12
(litros/hectares).
Para a classificação do consumo de agrotóxico por município, a pontuação variou de 1
a 10, sendo que o maior consumo foi equivalente a 10 pontos e o menor 01 ponto,
representando respectivamente, o maior e menor risco de exposição aos agrotóxicos pela
população.
Para este parâmetro dividiu-se os 139 municípios em 10 grupos, sendo que cada grupo
correspondeu a um número de pontos, conforme quadro abaixo.
CÁLCULO PARA PONTUAÇÃO SELEÇÃO MUNICÍPIOS PARA 2013
Parâmetro - Consumo de Agrotóxico (L) – 2011 Pontuação
816 a 2.412 1
2.580 a 4.920 2
5.160 a 9.360 3
9.540 a 14.688 4
15.000 a 19.980 5
20.100 a 29.940 6
30.180 a 38.784 7
45.192 a 65.820 8
73.920 a 106.644 9
117.360 a 763.300 10 Fonte: VSA/SESAU
36
Para classificação dos municípios pelo critério de famílias rurais cadastradas, foi
atribuída a pontuação de 1 a 10, onde o maior número de famílias cadastradas foi equivalente
a 10 pontos e o menor 01 ponto, representando respectivamente, o maior e menor risco de
exposição aos agrotóxicos pela população.
Os parâmetros de divisão do número de famílias foram obtidos a partir da divisão em
10 grupos, entre o menor e o maior número de cadastros nos municípios no ano de 2010, com
base nos dados do IBGE (Senso 2010), conforme quadro abaixo.
CÁLCULO PARA PONTUAÇÃO SELEÇÃO MUNICÍPIOS PARA 2013
Parâmetro – Número de Famílias Rurais Cadastradas - 2010 Pontuação
36 a 164 1
173 a 222 2
229 a 268 3
276 a341 4
356 a 413 5
421 a 465 6
469 a 581 7
603 a 710 8
722 a 1007 9
1070 a 2643 10 Fonte: VSA/SESAU
Para pontuação referente ao critério de análise de agrotóxicos em água registrada no
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
(SISAGUA) foi dividido em três parâmetros, onde:
1. 0 (zero) corresponde a não realização do cadastro no SISAGUA de
informações sobre análise de agrotóxicos na água para consumo humano
durante o ano, correspondendo a 0 (zero) pontos;
2. O cadastro no SISAGUA de informações sobre análise de agrotóxicos na água
para consumo humano, 1 (uma) vez ao ano, conferiu 5 (cinco) pontos ao
município; e,
37
3. O cadastro no SISAGUA de informações sobre análise de agrotóxicos na água
para consumo humano, 2 (duas) vezes ao ano, correspondeu a 10 pontos.
Nota: A Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância
em Saúde Ambiental relacionada à Qualidade da Água para
Consumo Humano estabelece para o parâmetro agrotóxico em água
para consumo humano, que deverão ser realizadas no mínimo 1
(uma) amostra semestral independente da população total do
município. A Portaria MS nº 2.914/2011 (Cap. VI, dos planos de
amostragem, Art. 41, § 5º), define o mesmo número mínimo para o
controle (prestador do serviço), respeitando as bacias hidrográficas
e a sazonalidade.
CÁLCULO PARA PONTUAÇÃO SELEÇÃO MUNICÍPIOS PARA 2013
Parâmetro – O cadastro no SISAGUA de informações sobre análise de agrotóxicos na água para consumo humano - 2012 Pontuação
0 0
1 5
2 10 Fonte: VSA/SESAU
Para a pontuação do critério referente ao número de áreas agrícolas cadastradas no
Sistema de Informação de Áreas com População Exposta a Solo Contaminado – SISSOLO,
do Ministério da Saúde, por município, foram divididos em três parâmetros, onde 0 (zero)
corresponde a nenhuma área cadastrada no município, correspondendo a 0 (zero) pontos; de 1
(um) a 9 (nove) áreas cadastradas, conferiu 5 (cinco) pontos ao município; e de 10 (dez) a 26
(vinte e seis) áreas cadastradas, correspondeu a 10 pontos. Sendo que o número máximo de
áreas identificadas e cadastradas no SISSOLO foi de 26.
38
CÁLCULO PARA PONTUAÇÃO E SELEÇÃO MUNICÍPIOS PARA 2013
Parâmetro - Número de Áreas Agrícolas cadastradas no SISSOLO - Jan - 2006 a Abr 2013 Pontuação
0 0
1 a 9 5
10 a 26 10 Fonte: VSA/SESAU
Para o critério de ocorrência de intoxicações por localização da empresa do Tocantins,
foram obtidos os números de notificações de intoxicações por agrotóxicos segundo o
município de localização do estabelecimento de ocorrência do evento (SINAN 2012).
Para classificação dos municípios pelo critério notificações de intoxicações por
agrotóxicos foi atribuída a pontuação de 0 a 10, onde a não notificação de casos correspondeu
a pontuação 0 (zero), sendo que, quanto maior a ocorrência de notificações maior a
pontuação, chegando a 10 (dez) pontos as notificações que ficaram entre 50 e 272 casos
notificados no SINAN.
CÁLCULO PARA PONTUAÇÃO SELEÇÃO MUNICÍPIOS PARA 2013
Parâmetro - Intoxicações por Agrotóxico por município de localização do estabelecimento de ocorrência do evento
(SINAN Jan - 2007 a Mar - 2013). Pontuação
0 0
1 2
2 4
3 6
4 7
5 a 9 8
11 a 17 9
50 a 272 10 Fonte: VSA/SESAU
39
4.2. Resultado da priorização dos municípios
Foram selecionados 10 municípios prioritários para implantação e implementação da
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos no Estado. O resultado da
priorização está demonstrado na tabela 03.
Tabela nº 03 – Municípios priorizados para implantação e implementação da Vigilância
em Saúde de Populações Exposta a Agrotóxicos/2013.
Nº Municípios
PONTUAÇÃO - CRITÉRIOS
Consumo de Agrotóxico (L) – 2011
Nº de Famílias Rurais –
IBGE 2010
Análise de Agrotóxic
os SISAGUA
- 2012
Áreas Agrícolas
Cadastradas no
SISSOLO- Jan - 2006 a Mar – 2013
Intoxicações por agrotóxicos por Localização do
estabelecimento de ocorrência do
evento - SINAN Jan - 2007 a Mar –
2013
SOMA
1 Campos Lindos 10 8 5 10 8 41
2 Porto Nacional 10 10 5 5 10 40
3 Formoso do Araguaia 10 10 5 5 8 38
4 Goiatins 10 10 5 5 8 38
5 Lagoa da Confusão 10 4 5 10 9 38
6 Miracema do Tocantins 7 8 5 10 8 38
7 Silvanópolis 10 3 5 10 9 37
8 Miranorte 6 6 5 10 9 36
9 Palmas 9 10 5 0 10 34
10 Araguaína 8 10 5 0 10 33
Fonte: VSA/SESAU
O Estado se encontra em plena expansão de sua fronteira agrícola, o que coloca o
agronegócio como uma das principais atividades econômicas local. Se a problemática é a
exposição humana devido ao uso cada vez mais crescente de agrotóxicos, todos os municípios
do Estado lidam com o problema em maior ou menor grau. Sendo assim, a inserção de
municípios no planejamento para os próximos anos identificados no decorrer do processo de
implementação das ações no Estado, dependerá da avaliação das ações realizadas em 2013,
nos municípios pilotos.
40
4.3. Requisitos para os municípios prioritários
Caberá aos municípios selecionados como prioritários para a implantação da
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos:
1. Ter na estrutura da Secretaria Municipal de Saúde a Vigilância em Saúde Ambiental;
2. Definir um profissional para responder pelas ações de vigilância em saúde de
populações expostas a agrotóxicos no município;
3. Elaborar o Plano Municipal para implantação da Vigilância em Saúde de Populações
Exposta a Agrotóxicos e inserir as ações planejadas na Programação Anual de Saúde –
PAS, do município para 2014;
4. Submeter o plano à aprovação no Conselho Municipal de Saúde.
4.4. Estrutura dos planos municipais
O Plano de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, dos
municípios prioritários deverá compreender, no mínimo:
1. Introdução;
2. Objetivos;
3. Levantamento dos principais problemas referentes aos agrotóxicos no município
(consumo, armazenamento, revenda de agrotóxicos e destinação final de embalagens
vazias;
4. Levantamento das ações de promoção e vigilância realizadas pelo município para
minimizar os impactos na saúde da população exposta a agrotóxicos, até 2013;
5. Identificar e programar as ações e estabelecer no plano municipal de saúde metas e
prioridades para o acompanhamento das ações;
6. Participação social;
7. Cronograma de implementação;
8. Monitoramento e avaliação das ações.
Os municípios selecionados receberão assessorias da equipe estadual para a
organização da vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos, desde a elaboração
dos planos municipais até a implementação das ações no que couber ao estado.
41
5. AÇÕES DE PROMOÇÃO E VIGILÂNCIA
5.1. Ações Intrasetorial
Reunião Técnica da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins com o Ministério da
Saúde para implantação da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Agrotóxicos no estado, onde o estado receberá assessoria para implantação e
implementação das ações nos municípios;
Definir critérios mínimos para que os municípios prioritários possam receber o
incremento financeiro destinado às ações de Vigilância em Saúde de Populações
Expostas a Agrotóxicos;
Apresentação do Plano Estadual de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Agrotóxicos para os municípios prioritários;
Assessorias Técnica no planejamento e elaboração dos Planos de implantação da
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos para os Municípios
prioritários;
Realizar em conjunto com os municípios prioritários, levantamento e cadastramento
sistemático de áreas agrícolas e depósitos de agrotóxicos com uso de agrotóxicos em
municípios prioritários e alimentar o Sistema de Informação de Áreas Contaminadas –
SISSOLO;
Implementar o Plano Estadual de Monitoramento de agrotóxicos na água para
consumo humano (anexo I), em conjunto com o Programa de Vigilância da Qualidade
da Água para Consumo Humano – VIGIAGUA, LACEN e com articulação com a
Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública – CGLAB e Laboratórios de
referência;
Estabelecer fluxo para investigação dos casos e surtos de intoxicação por agrotóxicos
em conjunto com a Vigilância Epidemiológica e Saúde do Trabalhador;
Aquisição de móveis (mesa, cadeira e armário) e equipamentos (microcomputadores,
nobreacks e GPSs) para os 10 municípios prioritários;
Aquisição de Kit de Equipamento de Proteção Individual (EPI) - (conjunto aplicador
de agrotóxico, luva, bota, protetor facial, avental e respirador semi-facial [máscara]) -
para utilização por trabalhadores em exposição de alto risco, identificados nas ações
de vigilância em saúde;
42
Destinação final das embalagens vazias de inseticidas utilizados na saúde pública no
controle de vetores, armazenadas no Almoxarifado de Insumos Estratégicos (logística
para transporte).
5.2. Ações Intersetoriais
Reativação do Grupo Técnico (Comissão Estadual de Agrotóxicos), intra e
intersetorial, para o monitoramento e o controle de situações de risco à saúde humana,
relacionado a agrotóxicos;
Incluir na estratégia de implementação das ações de Vigilância em Saúde de
Populações Expostas a Agrotóxicos a criação de um Centro de Informação
Toxicológica – CIAT ou órgão correlato;
Apoio da Vigilância Sanitária Estadual às VISAs Municipais, para que durante o seu
trabalho de rotina, nas ações de fiscalização e orientação seja incluído os agrotóxicos e
afins visando coibir a venda irregular dos produtos em estabelecimentos não
autorizados (supermercados, lanchonetes, lojas de variedades, etc.), locais estes que
estão no campo de atuação da Vigilância Sanitária;
Elaborar Parecer Técnico com recomendações sobre o armazenamento adequado dos
agrotóxicos para os pequenos produtores (agricultura familiar e assentamentos, entre
outros) e seus desdobramentos;
Realizar oficina de vigilância e promoção da saúde em Projetos de Assentamentos
Agrícolas, em conjunto com a Saúde do Trabalhador, Vigilância Epidemiológica,
Vigilância Sanitária, ADAPEC e RURALTINS, entre outros. Inicialmente com a
realização de projeto piloto denominado “Saúde no Campo”.
5.3. Participação Social
A participação social é de fundamental importância dentro do processo de implantação do
Plano, uma vez que os agentes sociais têm uma relação estreita com os envolvidos no tema.
Durante o processo de implantação e implementação do plano será garantido:
Participação de representantes do controle social em capacitações sobre temas de
vigilância de população exposta a agrotóxicos;
43
Participação das discussões dentro do Comitê Estadual e regionais da Campanha
Nacional contra Agrotóxicos e pela Vida e no Fórum Estadual de Agrotóxicos;
A inserção de movimentos sociais ligados ao tema, nas discussões sobre a
problemática do uso de agrotóxicos no estado e a exposição humana;
Utilizar as informações geradas pelos sistemas como instrumento de suporte ao
controle social;
Desenvolver estratégias de divulgação de informações e comunicação em saúde
referente à exposição humana a agrotóxicos;
5.4. Capacitação de Profissionais de Saúde
Viabilizar a participação de profissionais do nível estadual em capacitações sobre
temas de vigilância de Agrotóxicos;
Capacitação dos municípios em vigilância em saúde de população exposta a
substância químicas;
Capacitação para os profissionais das Unidades de Saúde dos municípios prioritários
para identificar, notificar, investigar e monitorar os casos de intoxicação por
agrotóxicos, principalmente médicos e enfermeiros;
Capacitação para implantação de Unidades Sentinelas como estratégia de vigilância de
população exposta a poluentes atmosféricos em municípios com aplicação aérea de
agrotóxicos.
6. MONITORAMENTO DAS AÇÕES
Coordenar, assessorar, supervisionar, articular e avaliar, a execução do conjunto de
ações intra e intersetoriais para prevenção das doenças e agravos decorrentes da
exposição humana a agrotóxicos;
Realizar análise de situação de saúde da população exposta a agrotóxicos;
Boletins contendo os resultados das ações;
Divulgação das informações; e,
Elaborar Relatório de Gestão contendo as ações executadas e resultados alcançados
em cada ano.
44
7. CRONOGRAMA
O Cronograma de execução das ações de vigilância e promoção da saúde de populações expostas a agrotóxicos inseridas neste plano estadual
serão planejadas e inseridas na Programação Anual de Saúde – PAS de cada ano.
7.1. Cronograma de Execução
ATIVIDADES
2012 2013
A partir
de 2014
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
AÇÕES INTRASETORIAS
Seleção dos municípios prioritários através de indicadores e critérios selecionados
x x x
Elaboração do Plano Estadual para a implantação da Vigilância de Populações Expostas a Agrotóxicos
x x x x x
Assessorias Técnica nas ações de Implantação da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos em municípios prioritários.
x x x x x x x
Aprovação do Plano Estadual na Comissão Intergestores Bipartite – CIB x Divulgação do Plano Estadual nos meios de comunicação x x Realizar levantamento e cadastramento sistemático de áreas com populações expostas a agrotóxicos em municípios prioritários e alimentar o Sistema de Informação de Áreas Contaminadas – SISSOLO, incluindo aqui as áreas agrícolas e os depósitos de agrotóxicos
x x x x x x x x x x x x x x
Reunião Técnica com o Ministério da Saúde para implantação da de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos no estado
x x x
Apresentação do Plano Estadual de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos para os municípios prioritários
x x
Definir fluxo para investigação dos casos e surtos de intoxicação por agrotóxicos em conjunto com a Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária
x x x
Elaboração do Plano Estadual de Monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano
x x x x
45
Implementar o Plano Estadual de Monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano (anexo I), em conjunto com o Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – VIGIAGUA, LACEN e com articulação com a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública – CGLAB e Laboratórios de Referência
x x x x x x
Apoio da VISA Estadual às VISAs Municipais, para que durante o seu trabalho de rotina, nas ações de fiscalização e orientação seja incluído os agrotóxicos e afins visando coibir a venda irregular produtos em estabelecimentos não autorizados (supermercados, lanchonetes, lojas de variedades, etc.)
x x x x x x x x x x x x x
Destinação final das embalagens vazias de inseticidas utilizados na saúde pública no controle de vetores, armazenadas no Almoxarifado de Insumos Estratégicos (logística para transporte).
x x x x x x x x x
Realizar coleta e preservação de amostras de água para monitoramento de agrotóxicos na água de consumo humano, conforme Plano de Amostragem
x x
AÇÕES INTERSETORIAIS
Reativação da Comissão Estadual de Agrotóxicos e do Termo de Cooperação Técnica entre órgãos de interesse para tratar dos temas relacionados a agrotóxicos (já existentes).
x x x x x
Elaborar Parecer Técnico com recomendações sobre o armazenamento adequado dos agrotóxicos para os pequenos produtores (agricultura familiar e assentamentos) e seus desdobramentos
x x x x x
Elaboração e implementar o projeto Saúde no Campo x x x x x Criaçção do Centro de Informação Toxicológica – CIAT ou órgão correlato no nível estadual
x x x
Reuniões intersetoriais para definição de estratégias de vigilância e monitoramento das ações realizadas em conjunto
x x x x x x x x x x x x
CAPACITAÇÕES
Capacitação em vigilância em saúde de população exposta a substância químicas para os municípios prioritários
x
Participação de profissionais do nível estadual em capacitações sobre temas de vigilância de Agrotóxicos
x x x x x x x x x x x
Capacitação para implantação de Unidades Sentinelas como estratégia de vigilância de população exposta a poluentes atmosféricos em municípios com aplicação aérea de agrotóxicos.
x x
46
Capacitação para profissionais de saúde das áreas de vigilância e atenção primária dos municípios prioritários para identificar, notificar, investigar e monitorar os casos de intoxicação por agrotóxicos.
x x
MONITORAMENTO DAS AÇÕES
Coordenar, assessorar, supervisionar, articular e avaliar, a execução do conjunto de ações intra e intersetoriais para prevenção das doenças e agravos decorrentes da exposição humana a agrotóxicos
x
x x x x x x x x x x x x x
Elaborar Relatório Anual de acompanhamento das ações de vigilância de populações expostas a agrotóxicos x
Realizar análise de situação de saúde da população exposta a agrotóxicos anualmente x x
Divulgação das informações através de boletins contendo os resultados das ações do ano anterior x
APARELHAMENTO
Aquisição de um veículo tipo caminhonete com tração 4x4 x x Aquisição de computadores, Notebooks, Projetor Multimídia, Câmaras fotográficas digital, Global Positioning System - GPS
x x x x x x x x
Aquisição de Kit de Equipamento de Proteção Individual (EPI) - (conjunto aplicador de agrotóxico, luva, bota, protetor facial, avental e respirador semi-facial [máscara]) - para utilização por trabalhadores em exposição de alto risco, identificados nas ações de vigilância em saúde
x x x x x x x
Aquisição de Equipamento de Proteção Individual – EPI's (máscara, óculos, botina, luvas, etc), para as ações de campo da equipe estadual
x x x x x x x
Aquisição de insumos para o LACEN para uso nas atividades de coleta, preservação e transporte de amostras de água para o monitoramento de agrotóxicos na água de consumo humano
x x x x x x x
Contratação de serviço de transporte de embalagens vazias de inseticidas do Almoxarifado de Insumos Estratégicos para destinação final adequada
x x x x x x x
Logística para processamento das embalagens e inseticidas vencidos para destinação final adequada
x x x x x x x
Aquisição de móveis (mesa, cadeira e armário) e equipamentos (microcomputadores, nobreacks e GPSs) para os 10 municípios prioritários
x x x x x x x
47
8. ATRIBUIÇÕES DAS DIFERENTES ESFERAS DE GESTÃO DO SUS
Os sistemas de saúde devem se organizar sobre uma base territorial, em que a distribuição
dos serviços siga uma lógica de delimitação de áreas de abrangência. O território em saúde
não é apenas um espaço delimitado geograficamente, mas sim um espaço onde as pessoas
vivem, estabelecem suas relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e cultura. O
propósito do processo de territorialização é permitir eleger prioridades para o enfrentamento
dos problemas identificados nos territórios de atuação, contribuindo para o planejamento e
programação local, o que refletirá na definição das ações mais adequadas. Para tal, é
necessário o reconhecimento e mapeamento do território, segundo a lógica das relações entre
condições de vida (incluindo as de trabalho), saúde e acesso às ações e serviços. Isso implica
um processo de coleta e sistematização de dados demográficos, socioeconômicos, político-
culturais, epidemiológicos e sanitários que, posteriormente, devem ser interpretados e
atualizados periodicamente pela equipe de saúde.
A vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos compreende um conjunto
de ações integradas de proteção e promoção da saúde, vigilância, prevenção e controle das
doenças e agravos à saúde, abrangendo a vigilância epidemiológica, vigilância sanitária,
vigilância em saúde ambiental, vigilância da saúde do trabalhador, vigilância laboratorial,
promoção da saúde e vigilância da situação de saúde. É importante considerar o ciclo de
vida/cadeia produtiva dos agrotóxicos, que abrange: o registro, produção, transporte,
armazenamento, distribuição, comercialização, utilização, dispersão, degradação e sua
disposição final.
ESFERA MUNICIPAL
Implementar, coordenar e executar as ações de vigilância em saúde das populações
expostas a agrotóxicos no plano municipal.
Programar as ações e estabelecer no plano municipal de saúde metas e prioridades
para o acompanhamento das ações;
Estabelecer instrumentos e indicadores para acompanhamento e avaliação da
implementação das ações de vigilância em saúde de populações expostas a
agrotóxicos;
Dimensionar os efeitos à saúde da população relacionados com o uso de agrotóxicos;
48
Mapear áreas de risco e identificar os agrotóxicos mais freqüentemente relacionados
às intoxicações;
Realizar levantamento e cadastramento sistemático de áreas com populações expostas
a agrotóxicos, em articulação com os órgãos afins;
Avaliar estratégias de controle dessas situações de alerta, entender o fenômeno e
descobrir suas principais causas;
Subsidiar o planejamento e a organização dos serviços de saúde de acordo com o
comportamento epidemiológico da doença ou agravo relacionado à exposição humana
a agrotóxicos;
Realizar levantamentos periódicos nos serviços hospitalares, com vistas à detecção de
pacientes que apresentem características clínicas compatíveis com casos de
intoxicação por agrotóxicos;
Realizar a vigilância dos ambientes e processos de trabalho, em atuação conjunta com
as instâncias regionais da secretaria estadual de saúde;
Executar as atividades relativas à informação e comunicação de risco à saúde
decorrente de contaminação ambiental por agrotóxicos;
Monitorar e analisar as informações dos sistemas de informação relacionados ao tema,
com regularidade, para desencadear ações de vigilância em saúde;
Elaborar e implementar protocolos/instrumentos para acompanhamento da saúde de
populações expostas a agrotóxicos, quando necessário;
Realizar coletas de amostras para o monitoramento de resíduos de agrotóxicos em
produtos de interesse da saúde;
Desencadear intervenções e estabelecer parcerias intra e intersetoriais no nível
municipal para a implementação das ações;
Promover a integração das ações de vigilância com as ações de atenção integral à
saúde (promoção, prevenção, assistência e reabilitação);
Apresentar no relatório de gestão as ações executadas e os resultados alcançados.
Notificação, investigação e registro nos sistemas:
Receber as notificações das unidades de saúde;
Notificar à instância regional ou estadual;
Promover a investigação dos casos notificados, analisando e estabelecendo a conduta
adequada;
49
Realizar busca ativa de casos suspeitos de exposição/intoxicação por agrotóxicos em
todos os serviços de saúde locais (hospitais, clínicas, laboratórios, serviços de
verificação de óbito, centro informação toxicológica) e Institutos Médicos Legais entre
outros;
Realizar investigações e intervenção de vigilância em saúde (epidemiológica,
sanitária, ambiental, saúde do trabalhador e laboratorial);
Detectar e notificar a ocorrência de surtos;
Realizar a coleta, análise e interpretação dos dados de notificação e divulgação de
indicadores para o monitoramento dos eventos referentes à exposição humana a
agrotóxicos;
Fortalecer a utilização do SINAN como ferramenta de notificação nos serviços de
saúde do SUS;
Estimular a utilização do SINAN nos serviços privados;
Consolidar, validar e analisar os dados municipais.
Comunicação, educação e pesquisa em Saúde e participação social:
Promover o processo de educação permanente dos profissionais de saúde;
Apoiar a participação da sociedade civil organizada, organizações não
governamentais, movimentos sociais e comunidades;
Promover e coordenar estudos e pesquisas aplicadas a temática dos agrotóxicos;
Tornar público o desenvolvimento e os resultados das ações de vigilância em Saúde.
ESFERA ESTADUAL
Inserir e implementar as ações de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Agrotóxicos no Plano Estadual de Saúde;
Incluir os centros de informação toxicológica ou órgão correlato, quando existente, na
estratégia de implementação das ações de Vigilância em Saúde de Populações
Expostas a Agrotóxicos;
Desencadear intervenções e estabelecer parcerias intra e intersetoriais no nível
estadual para a implementação das ações;
50
Coordenar, assessorar, supervisionar, articular e avaliar, a execução do conjunto de
ações intra e intersetoriais para prevenção das doenças e agravos decorrentes da
exposição humana a agrotóxicos;
Orientar os municípios da área de abrangência para a organização da vigilância em
saúde de populações expostas a agrotóxicos;
Realizar análise de situação de saúde da população exposta a agrotóxicos;
Estabelecer instrumentos e indicadores para acompanhamento e avaliação da
implementação;
Apoiar a inserção das ações nos planos municipais de saúde, atendendo às
especificidades locais;
Capacitar os técnicos das esferas estaduais e municipais, para a utilização dos sistemas
de informação em saúde (SINAN, SISSOLO, SISAGUA, etc.);
Executar ações de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos,
incluindo vigilância nos ambientes e processos de trabalho, de forma complementar e
suplementar aos municípios;
Apresentar no relatório de gestão as ações implementadas e os resultados alcançados.
Notificação e registros nos sistemas:
Receber, consolidar e analisar as notificações regionais ou municipais;
Notificar de imediato os casos graves (fluxo imediato) ao nível nacional;
Articular com os centros de informação toxicológica a realização da orientação
necessária para a investigação, acompanhamento e elucidação de doenças e agravos
associados à exposição por agrotóxicos;
Assessorar os municípios na investigação dos casos, quando necessário;
Detectar e notificar a ocorrência de surtos;
Consolidar, qualificar e analisar os dados do estado.
Comunicação, educação e pesquisa em Saúde e participação social:
Desenvolver estratégias de divulgação de informações e comunicação em saúde
decorrente de exposição humana a agrotóxicos;
Promover o intercâmbio de experiências entre os diversos municípios, para disseminar
tecnologias e conhecimentos voltados à melhoria das ações de vigilância;
Promover a participação dos trabalhadores e da comunidade nas ações de Vigilância
em Saúde;
51
Promover o processo de educação permanente de profissionais de saúde;
Apoiar a participação da sociedade civil organizada, organizações não
governamentais, movimentos sociais e comunidades no desenvolvimento das ações;
Promover e coordenar estudos e pesquisas dentro da temática da exposição humana
aos agrotóxicos.
ESFERA NACIONAL
Coordenar, assessorar, supervisionar, articular e avaliar, o conjunto de ações de
vigilância em saúde para enfrentamento e prevenção das doenças e agravos
decorrentes da exposição humana a agrotóxicos;
Desencadear intervenções e estabelecer parcerias intra e intersetoriais;
Estabelecer, em conjunto com os estados, referência laboratorial para análises de
agrotóxicos e atender às demandas relacionadas à exposição humana a agrotóxico;
Realizar em conjunto com estados e municípios, o monitoramento de resíduos de
agrotóxicos em produtos de interesse da saúde;
Realizar análise dos dados para o mapeamento de áreas de risco relacionadas aos
agrotóxicos, incluindo atividades produtivas relacionadas à exposição dos
trabalhadores;
Prestar assessoria técnica aos estados;
Promover e colaborar, com os estados, na capacitação dos recursos humanos.
Executar ações de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos, de forma
complementar e suplementar aos estados;
Fortalecer os mecanismos de regulamentação, controle e redução do uso de
agrotóxicos;
Estimular o uso de tecnologias substitutivas que diminuam/eliminem o uso de
agrotóxicos;
Contribuir para avaliação do impacto das tecnologias de produção sobre a saúde dos
trabalhadores expostos a agrotóxicos;
Contribuir para o estabelecimento de medidas de controle, no que se refere à
produção, armazenamento, transporte, distribuição, comercialização e utilização de
agrotóxicos;
Manter atualizado cadastro das empresas que produzem, transportam e comercializam
produtos agrotóxicos;
52
Propor, elaborar e revisar regulamentação de interesse à proteção da saúde de
populações expostas a agrotóxicos, incluindo trabalhadores;
Estabelecer critérios de financiamento para ações de vigilância em saúde de
intoxicação e exposição humana a agrotóxicos;
Realizar análise de situação de saúde e divulgar a informações/boletins
epidemiológicos.
Gestão dos sistemas de informação em saúde:
Receber e analisar os consolidados estaduais dos sistemas de informação;
Incluir a participação dos centros de informação toxicológica como apoio técnico aos
estados e municípios;
Universalizar a notificação de intoxicação exógena do Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN);
Aprimoramento da qualidade dos sistemas e das bases de dados e integração dos
sistemas de informação de interesse da vigilância em saúde de populações expostas a
agrotóxicos;
Comunicação, educação e pesquisa em Saúde e participação social:
Desenvolver estratégias de divulgação de informações e comunicação em saúde
decorrente de exposição humana a agrotóxicos;
Promover estratégias de educação permanente dos profissionais de saúde na
abordagem de intoxicação e exposição humana a agrotóxicos;
Articulação interministerial para o fomento de projetos de pesquisa em Toxicologia,
bem como a inserção do tema na agenda de prioridades de pesquisa do Ministério da
Saúde;
Promover e coordenar estudos e pesquisas dentro da temática da exposição humana
aos agrotóxicos;
Apoiar a participação da sociedade civil organizada, organizações não
governamentais, movimentos sociais e comunidades no desenvolvimento das ações.
53
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAPEC. Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins. Cadastramento e Inspeção do Comércio de Agrotóxicos. Disponível em: < http://www.adapec.to.gov.br/conteudo.php?id=166>. Acesso em 22 jan. 2013. ALMEIDA, W. F. Fundamentos toxicológicos de los plaguicidas. In Centro Panamericano de Ecologia y Salud Organización Panamericana de La Salud. Plaguicida, salud y ambiente: memorias de los tallers de San Cristóbal de Las Casas, Chiapas, México. México: Lilia A. Albert, p.61-78, 1986. ALAVANJA MCR, HOPPIN JÁ & KAMEL F. Health effects of chronic pesticide exposure: cancer and neurotoxity. Annu. Rev. Public Health 25:157-197, 2004. ANVISA. Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxico em Alimentos (PARA). Relatório de Atividades de 2010. Brasília: ANVISA, 2011. Disponível em: www.anvisa.gov.br. Acesso em 15 nov. de 2012. ANVISA. Seminário de mercado de agrotóxico e regulação. Brasília: ANVISA, 2012. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2012+noticias/seminario+volta+a+discutir+mercado+de+agrotoxicos+em+2012 Acesso em: 13 nov. de 2012. BRASIL, Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm>. Acesso em: 23 jan. 2013. ______. Decreto n.º 4.074 de 04 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm>. Acesso em: 23 jan. 2013. ______. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Produtos agrotóxicos e afins comercializados em 2009 no Brasil: uma abordagem ambiental / Rafaela Maciel Rebelo. [et al] - Brasília: IBAMA, 2010. ______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Gestão Estratégica. Projeções do Agronegócio – Brasil 2008/09 a 2018/19/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/ Assessoria de Gestão Estratégica. Brasília: Mapa, fev. 2009. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Ministerio/planos%20e%20programas/projecoes%20do%20agronegocio.pdf> Acessado em: 23 jan. 2013
54
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos/ Ministério da Saúde/ Secretaria de Vigilância em Saúde/ Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador/ Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. – 1. Ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde/Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, DF, 2006. ______. Ministério da Saúde. Portaria no 2.914, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 2011 ______. Ministério do Meio Ambiente. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – agenda 21 brasileira. Área temática: Agricultura Sustentável, Brasília, 125 p. (Mimeogr.), 1999. ______. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Agravos de Notificação. 2012. Banco de Dados. CARNEIRO, F F; PIGNATI, W; RIGOTTO, R M; AUGUSTO, L G S. RIZZOLO, A; MULLER, N M; ALEXANDRE, V P; FRIEDRICH, K; MELLO, MSC. Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Parte I – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Nutricional e Saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2012. COLOSSO, C., TIRAMANI, M. & MARONI, M. Neurobehavioral effects of pesticides: state of the art. Neurotoxicology 24:577-591, 2003. EMBRAPA. Mandioca e Fruticultura. Produção de Abacaxi em 2009. Disponível em: <www.cnpmf.embrapa.br/planilhas/abacaxi_brasil2009.pdf.>. Acesso em: 12 jan. 2012. GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS. Mensagem do Governador PPA – 2012 –
2015, Palmas, Nov. 2011. Disponível em:
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IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/indicadores_desenvolvimento_sustentavel/2012/ids2012.pdf>. Acesso em 03 out. de 2012. ______. Produção Agrícola Municipal 2010. Tocantins. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default.asp?t=4&z=t&o=11&u1=21&u2=1&u3=1&u5=1&u6=1&u4=21>. Acesso em 01 out. de 2012.
55
______. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=to&tema=sinopse_censodemog2010> Acesso em 22 jan. 2013. ______. Censo Agropecuário 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=to&tema=censoagro>. Acesso em: 01 out. 2012. JEPPSON, L. R.; KEIFER, H. H.; BAKER, E. W. Mites injurious to economic plants. Berkeley: UniversityofCalifornia Press, 1975. 614 p, MARIA, A. M. de. Dispositivos Legais de Registro e Controle do Uso de Agrotóxicos no Brasil: um estudo de caso no Estado do Tocantins. Manaus: UFAM, 2009.104 f. OPAS/OMS. Organização Pan-Americana da Saúde. Repartição Sanitária Pan-Americana, Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde. Representação do Brasil. Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde. Brasília, 1997. PERES, F.; ROZEMBERG, B.; LUCCA, S. R. Percepção de riscos no trabalho rural em uma região agrícola do estado do Rio de Janeiro, Brasil: agrotóxicos, saúde e meio ambiente. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1836-1844, nov./dez., 2005. SANTOS, M. I. dos. Manejo de Agrotóxicos e seus Impactos na Saúde dos Trabalhadores da Agricultura de Abacaxi de um Assentamento do Tocantins. Palmas, 2012. 92f. Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua). Relatórios gerenciais - 2011. Disponível (mediante cadastro de usuário) em <www.saude.gov.br/sisagua>. Acesso em fevereiro de 2013.
56
10. GLOSSÁRIO
Este glossário visa esclarecer a terminologia utilizada nesta publicação. Vale salientar
que, embora alguns termos aqui incluídos possam ser encontrados com significados
diferentes, as definições apresentadas são as mais freqüentemente aplicadas no contexto da
vigilância e controle de doenças e agravos a saúde pública.
ABATE: marca comercial de agrotóxico organofosforado (Temefós) utilizado no controle de
endemias.
ACEITABILIDADE: se refere à disposição de indivíduos, profissionais ou organizações,
participarem e utilizarem o sistema. Em geral, a aceitação está vinculada à importância do
problema e à interação do sistema com os órgãos de saúde e a sociedade em geral
(participação das fontes notificantes e retroalimentação).
AGENTE: entidade biológica, física ou química capaz de causar doença.
ANTIGENICIDADE: capacidade de um agente, ou de fração do mesmo, estimular a
formação de anticorpos.
ANTRÓPICO: tudo o que possa ser atribuído à atividade humana.
ÁREA CONTAMINADA: uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou
contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham
sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada,
acidental ou até mesmo natural.
ÁREAS POTENCIALMENTE CONTAMINADAS: aquelas onde estão sendo ou foram
desenvolvidas atividades potencialmente contaminadoras, isto é, onde ocorre ou ocorreu o
manejo de substâncias cujas características físico-químicas, biológicas e toxicológicas podem
causar danos e/ou riscos aos bens a proteger.
ARTICULAÇÃO INTRASETORIAL: é a articulação de órgãos e entidades do setor saúde,
cujas ações se relacionem, complementem, otimizem recursos e resultem na atenção integral à
saúde da população exposta a contaminantes químicos.
ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL: é a articulação entre sujeitos de setores sociais
diversos e, portanto, de saberes, poderes e vontades diversos, para enfrentar problemas
complexos. É uma forma de trabalhar, de governar e de construir políticas públicas que
pretende possibilitar a superação da fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais
para produzir efeitos mais significativos na saúde da população.
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA: processo de levantamento e análise de
informações ambientais e de saúde mediante técnicas específicas para subsidiar a tomada de
57
decisão e implementação, de maneira sistemática, de ações e articulação intra e intersetorial
visando à promoção e proteção da saúde, melhorando as condições sociais e de vida das
populações.
BIOTA: reunião de várias comunidades.
CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS: modos de ocorrência natural das doenças em uma
comunidade, em função da estrutura epidemiológica da mesma.
CIRCUNSTÂNCIA DA EXPOSIÇÃO: A exposição pode ser classificada segundo a
circunstância, ou seja, motivo ou razão que proporcionou o contato do paciente com o agente
tóxico, ocasionando o evento. Dentre as principais circunstâncias podem ser citadas:
ambiental, ocupacional, tentativa de suicídio, acidental, alimentos contaminados.
COMUNICAÇÃO DE RISCO: processo de interação e intercâmbio de informações (dados,
opiniões e sensações) entre os indivíduos, grupos ou instituições sobre as ameaças à saúde, à
segurança ou ao ambiente com o propósito de que a comunidade conheça os riscos aos quais
está exposta e participe na sua solução. A comunicação de risco para a saúde identifica as
preocupações da comunidade, busca respondê-las esclarecendo sobre os riscos à saúde de
maneira planejada e sensível às suas necessidades, integrando-a no processo de
gerenciamento de risco.
CONTAMINANTE QUÍMICO: é toda substância orgânica ou inorgânica, natural ou sintética
que durante a sua fabricação, manejo, transporte, armazenamento ou uso, pode incorporar no
ambiente em forma de pó, fumo ou gás ou vapor, com efeitos prejudiciais para a saúde das
populações que entrarem em contato com ela. Incluem se também produtos, agentes e
compostos químicos.
CONTAMINANTE QUÍMICO DE INTERESSE: substância química presente na área
contaminada acima de valores de referência nacionais ou internacionais. Se a substância
química for possível, provável ou comprovadamente carcinogênica; ou apresentar efeitos
tóxicos agudos e/ou crônicos à saúde conhecidos, deverá ser considerada um contaminante
químico de interesse. A seleção dos contaminantes de interesse é um processo interativo
baseado na análise dos dados sobre as concentrações dos contaminantes nos compartimentos
ambientais da área contaminada, a qualidade desses dados, as preocupações da comunidade e
o potencial de exposição da população para subsidiar a avaliação sobre os efeitos potenciais à
saúde.
DADO: é definido como “um valor quantitativo referente a um fato ou circunstância”, “o
número bruto que ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria
prima da produção de informação”.
58
DOSE LETAL 50: a dose em mg/kg de peso corporal que mata 50% da amostra populacional
em estudos por intoxicações agudas.
EXPOSIÇÃO: contato das superfícies interna ou externa do organismo com o agente
(químico, físico ou biológico). Considera também a via de introdução, a freqüência e a
duração da exposição, as propriedades físico-químicas assim como a dose ou a concentração
do agente e a susceptibilidade individual. Todos estes fatores condicionam a disponibilidade
do agente, ou seja, a fração disponível para absorção.
EDUCAÇÃO PERMANENTE: é aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho. A educação permanente baseia-se na
aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais. A
educação permanente pode ser entendida como aprendizagem- trabalho, ou seja, ela acontece
no cotidiano das pessoas e das organizações. Ela é feita a partir dos problemas enfrentados na
realidade e leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas já têm.
Propõe que os processos de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da
problematização do processo de trabalho, e considera que as necessidades de formação e
desenvolvimento dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das pessoas e
populações. Os processos de educação permanente em saúde têm como objetivos a
transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho.
EXPOSIÇÃO ACIDENTAL: qualquer caso de intoxicação e/ou exposição não intencional
por quaisquer agrotóxicos, muitas vezes inadvertida, que não se enquadre como ambiental e
ocupacional.
IDENTIFICAÇÃO DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A ÁREAS CONTAMINADAS POR
CONTAMINANTES QUÍMICOS: processo contínuo cujo objetivo é a estimativa do tamanho
e as características das populações que têm maior probabilidade de no passado, no presente e
ainda, no futuro, estarem expostas aos contaminantes químicos presentes no local e/ou em seu
entorno.
INFORMAÇÃO: é entendida como “o conhecimento obtido a partir dos dados”, “o dado
trabalhado” ou “o resultado da análise e combinação de vários dados”, o que implica em
interpretação, por parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, associada a um
referencial explicativo sistemático”.
INQUÉRITO EPIDEMIOLÓGICO: é um estudo seccional, geralmente realizado em amostras
da população, levado a efeito quando as informações existentes são inadequadas ou
insuficientes, em virtude de diversos fatores, dentre os quais se podem destacar: notificação
imprópria ou deficiente; mudança no comportamento epidemiológico de determinada doença
59
ou agravo; necessidade de avaliação da eficácia das medidas de controle; descoberta ou
detecção de agravos em determinado local com população exposta.
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO: é um estudo realizado com base nos dados
existentes nos registros dos serviços de saúde ou de outras instituições. Não é um estudo
amostral e destina-se a coletar dados para complementar informações já existentes. A
recuperação de séries históricas, para análises de tendências, e a busca ativa de casos, para
aferir a eficiência do sistema de notificação, são exemplos de levantamentos epidemiológicos.
MAGNITUDE: aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes
populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos
potenciais de vida perdidos.
MODALIDADE DE EMPREGO: forma de utilização do agrotóxico considerando a seguinte
gradação decrescente de riscos: a) fumigação de ambientes fechados para o tratamento de
grãos; b) pulverização de partes aéreas de culturas altas por via terrestre; c) pulverização de
partes de culturas altas por avião; d) pulverização de culturas baixas; e) tratamento do solo.
POPULAÇÃO POTENCIALMENTE EXPOSTA: aquelas que estão/estiveram ou estarão em
contato, por meio de uma rota completa, com os contaminantes de interesse.
PROTOCOLOS DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A
ÁREAS CONTAMINADAS POR CONTAMINANTES QUÍMICOS: são instrumentos
construídos coletivamente pela equipe de saúde para orientar a organização do setor saúde
local para identificar a população exposta e realizar o cuidado à saúde de acordo com suas
especificidades para contribuir com a melhoria da qualidade de vida e reduzir a
morbimortalidade pela exposição humana em áreas contaminadas por contaminantes
químicos.
ROTA DE EXPOSIÇÃO: processo que permite o contato dos indivíduos com as substâncias
químicas originadas em uma fonte de contaminação. A rota de exposição é composta por
cinco elementos: fonte de contaminação, compartimento ambiental e mecanismos de
transporte, ponto de exposição, via de exposição e população receptora. A rota será
considerada potencial quando um ou mais dos elementos citados abaixo não estiver definido.
A rota de exposição será completa quando apresentar todos os cinco elementos, a saber:
a) FONTE DE CONTAMINAÇÃO: é a fonte de emissão do contaminante ao ambiente.
Entretanto, no caso onde a fonte original é desconhecida, esta pode ser representada pelo
compartimento ambiental responsável pela contaminação de um ponto de exposição.
60
b) COMPARTIMENTO AMBIENTAL: os compartimentos ambientais são vários, incluindo:
materiais ou substâncias de resíduos, água subterrânea ou profunda (aqüíferos), água
superficial, ar, solo superficial, subsolo, sedimento e biota.
c) PONTO DE EXPOSIÇÃO: é o lugar onde pode ocorrer ou ocorre o contato humano com o
compartimento ambiental contaminado, por exemplo, uma residência, local de trabalho,
parque desportivo, jardim, curso de água (rio, etc.), corpo de água (lago, etc.), um manancial,
um poço ou uma fonte de alimentos.
d) VIA DE EXPOSIÇÃO: são os caminhos pelos quais o contaminante pode estabelecer
contato com o organismo, tais como: ingestão, inalação e absorção ou contato dérmico.
e) POPULAÇÃO RECEPTORA: são as pessoas que estão expostas ou potencialmente
expostas aos contaminantes de interesse em um ponto de exposição.
SURTO: elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em um determinado lugar e
período de tempo numa determinada área geográfica ou a uma população institucionalizada
(creches, quartéis, escolas, etc.) ou de trabalhadores.
TEMPORALIDADE DA EXPOSIÇÃO: critério considerado durante a análise das rotas de
exposição para se definir se é passada, presente ou futura.
TENTATIVA DE SUICÍDIO E SUICÍDIO: inclui os casos suspeitos/confirmados de
intoxicação por uso intencional de quaisquer agrotóxicos com finalidade de atentar contra a
própria vida.
TERRITÓRIO: é um espaço vivo, geograficamente delimitado e ocupado por uma população
específica, contextualizada em razão de identidades comuns, sejam elas culturais, sociais,
ambientais ou outras. O município pode ser dividido em diversos territórios para a
implementação das áreas de abrangências das equipes de unidades básicas e saúde da família.
O território pode estar contido num único município ou se referir a um conjunto de
municípios que guardam identidades comuns e constituem, entre si, modos de integração
social e de serviços numa perspectiva solidária.
TERRITORIALIZAÇÃO: é um conceito técnico que tem sido utilizado no âmbito da gestão
da saúde, consistindo na definição de territórios vivos com suas margens de responsabilização
sanitária, quais sejam: áreas de abrangência de serviços, áreas de influência etc.
TIPO DE EXPOSIÇÃO: exposição pode ser dar de duas formas: pelo contato direto com os
agrotóxicos: no preparo, aplicação ou qualquer tipo de manuseio com os agrotóxicos; pelo
contato indireto: pela contaminação da água, do solo, do ar e de alimentos contaminados.
TRANSCENDÊNCIA: expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância
especial à doença ou agravo, destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade, de
61
hospitalização e de sequelas; relevância social, avaliada, subjetivamente, pelo valor imputado
pela sociedade à ocorrência da doença, e que se manifesta pela sensação de medo, de repulsa
ou de indignação; e relevância econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições
comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e
previdenciários, entre outros.
VIAS DE ABSORÇÃO: podem ser: dérmica, oral e inalatória, ou seja, através do contato
com a pele, mucosas, pela ingestão e pela respiração.
VIOLÊNCIA/HOMICÍDIO: qualquer situação onde tenha sido administrado um agrotóxico a
crianças e idosos (maus tratos) e/ou adultos com a finalidade de castigar, torturar, provocar
aborto não consentido ou provocar a morte do indivíduo.
VULNERABILIDADE: medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de
prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre
indivíduos e coletividades.
Edna Moreira Soares
Gerente de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos