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PREFEITURA MUNICIPAL DE VARGINHA SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE VARGINHA MG 2017-2027 Varginha, MG 2017

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PREFEITURA MUNICIPAL DE VARGINHA

SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO DE VARGINHA – MG

2017-2027

Varginha, MG

2017

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PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

VARGINHA, MINAS GERAIS

2017 – 2027

Prefeito

Antônio Silva

Vice Prefeito

Verdi Lúcio Melo

Secretário Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social (SEHAD)

Francisco Graça de Moura

Coordenadora da Proteção Social Especial de Alta Complexidade

Mairtes Bregalda

Coordenadora da Proteção Social Especial de Média Complexidade

Viviane Capitani Ferreira

Coordenadora da Proteção Social Básica

Maria Efigênia Neves de Souza

Coordenadora do Setor de Vigilância Socioassistencial

Thais Mendes Pereira

Coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)

Viviane Capitani Ferreira

Presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente

(COMDEDICA)

Maria Fernanda Thiago da Cunha

Referência Técnica de execução das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto

Aparecida Nêfagi Curi Rodrigues

Orientadora Social das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto

Tayrini Aparecida dos Santos Lima

Orientador Social do CREAS

Adriano de Castro Sarto

Assistente Técnica do CREAS

Cyntia Rodrigues Zati

Elaboração: Comissão Intersetorial para Elaboração do Plano Municipal Decenal de

Atendimento Socioeducativo de Varginha: 2017 – 2027 (Portaria nº. 001/2016).

Coordenação da Comissão:

Aparecida Nêfagi Curi Rodrigues

Maria Fernanda Thiago da Cunha

Viviane Capitani Ferreira

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Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social de Varginha.

PLANO DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE

VARGINHA: 2017 – 2027. Comissão Intersetorial para elaboração do Plano

Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo. Varginha, 2017.

50p.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01: Cronograma das etapas de elaboração do Plano ......................................... 12

TABELA 02: Dados gerais do município de Varginha ..................................................... 19

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância

CDCA - Centro de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente

CEDCA - Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente

CEMEI - Centro Municipal de Educação Infantil

CMAS - Conselho Municipal de Assistência Social

CMDM - Conselho Municipal dos Direitos da Mulher

CMS - Conselho Municipal de Saúde

CODEVA - Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Varginha

COMDEDICA - Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes

CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CONJUVE - Conselho Municipal da Juventude

CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social

CSE - Centro Socioeducativo

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

ET – Extraterrestre

FEBEM - Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor

FUNABEM - Fundação Nacional de Bem Estar do Menor

LA - Liberdade Assistida

MG - Minas Gerais

ML - Marco Lógico

ONU - Organização das Nações Unidas

PE - Padre

PSC - Prestação de Serviços à Comunidade

RBS - Rede Salesianas do Brasil

SEDESE - Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social

SEDUC - Secretaria Municipal de Educação

SEGOV - Secretaria Municipal de Governo

SEHAD - Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social

SEMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer

SEMFA - Secretaria Municipal de Fazenda

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SEMUS - Secretaria Municipal de Saúde

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SEPLA - Secretaria Municipal de Planejamento

SGD - Sistema de Garantia de Direitos

SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

ZOOP - Planejamento de Projeto Orientado por Objetivo

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Sexo dos adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa ............ 23

Gráfico 02: Faixa etária dos adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa .. 23

Gráfico 03: Etnia dos adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa ............ 24

Gráfico 04: Distribuição dos adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa por

bairro ................................................................................................................................... 25

Gráfico 05: Área de cobertura dos CRAS x Atos Infracionais ......................................... 26

Gráfico 06: Situação escolar dos adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa

............................................................................................................................................. 27

Gráfico 07: Relação de atos infracionais cometidos ......................................................... 28

Gráfico 08: Taxa de reiteração de atos infracionais .......................................................... 29

Gráfico 09: Cumprimento x Descumprimento de Medida Socioeducativa ....................... 30

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 09

2. BREVE TRAJETÓRIA DO DIREITO À INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

NO BRASIL: Do Código de Menor ao Estatuto da Criança e do Adolescente

................................................................................................................................. 14

2.1 Da Doutrina de Proteção Integral ....................................................................... 16

2.2 O município de Varginha/MG ............................................................................. 18

2.3 Trajetória das Medidas Socioeducativas em Varginha .................................... 20

3. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SISTEMA MUNICIPAL DE

ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO ........................................................... 21

3.1 Princípios ............................................................................................................... 21

3.2 Diretrizes ............................................................................................................... 21

4 GRÁFICOS .......................................................................................................... 23

5 TABELAS COM AÇÕES E ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS .

................................................................................................................................. 31

5.1 Gestão do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo (SIMASE) .... 32

5.2 Articulação com a rede do Sistema de Garantia de Direitos e Convivência

Familiar e Comunitária ....................................................................................... 33

5.3 Sistema de Proteção e Segurança Pública .......................................................... 35

5.4 Sistema de Saúde e o Atendimento Socioeducativo ........................................... 36

5.5 Esporte, Lazer e Cultura e o Atendimento Socioeducativo .............................. 37

5.6 Sistema de Educação e o Atendimento Socioeducativo ..................................... 38

5.7 Profissionalização, Trabalho e Renda e o Atendimento Socioeducativo ......... 40

5.8 Capacitação Dos Profissionais ............................................................................. 41

6. MONITORAMENTEO E AVALIAÇÃO .......................................................... 39

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44

ANEXO ........................................................................................................................ 46

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1. APRESENTAÇÃO

“Por causa de um ato infracional tive que ser internado em um Socioeducativo por

aí. Lá tive diversas experiências, tanto positiva, quanto negativa. Vocês devem estar

achando estranho ter coisas positivas num lugar daqueles que é uma cadeia, só que

para ‘de menores’, mas, sim, porque tanto lá, quanto aqui, eu conheci pessoas que se

importavam realmente com a gente, que nos enxergava como jovens, que poderiam

se reabilitar e voltar à sociedade” (L.E.F, 2016).

O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) foi elaborado a partir

do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº. 8.069/1990, com base nos

artigos referentes à socioeducação. Sua criação também foi orientada pela Resolução nº.

119/2006 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) que

instituiu o SINASE; e, qualificada pelo Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo

(Resolução nº. 160/2013 do CONANDA)1 cujo objetivo é orientar o atendimento

socioeducativo em todo o território nacional por meio dos respectivos Planos Estaduais e

Municipais. No estado de Minas Gerais, o Plano Estadual foi aprovado pelo Conselho

Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) através da Resolução nº.

96/2016 em 28 de janeiro de 2016.

Nesta perspectiva, o município de Varginha organizou-se para a construção de uma

Política de Socioeducação, através da elaboração do PLANO MUNICIPAL DECENAL DE

ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DO MUNICÍPIO DE VARGINHA/MG. A

construção conjunta deste documento, com participação efetiva dos mais diversos setores que

atuam na Defesa, Proteção e Promoção dos Direitos Infantojuvenis em nosso município, visa

garantir a integralidade e eficácia no atendimento socioeducativo.

Assim, o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes

(COMDEDICA) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de

Varginha/MG, articularam a construção do referido documento com a participação efetiva da

Comissão Intersetorial para a elaboração do Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo,

sendo ela composta pelos diversos atores sociais das Políticas de Garantia de Direitos.

Foi utilizado o Método ZOOP/ML2, como metodologia norteadora deste trabalho. Tal

metodologia possibilitou levantar problemas, causas, efeitos e soluções de cada eixo

1 Aprova o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo. Para consulta acesse:

<http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1556>. 2 ZOOP é uma sigla em alemão para “Planejamento de Projeto Orientado por Objetivo” e a sigla ML quer dizer

“Marco Lógico”. O ZOOP e o ML são duas partes de um modelo de planejamento de projetos orientado a

objetivos. O ZOOP é útil para três grandes etapas de elaboração de um projeto:

a) Análise de participantes (diretos e indiretos pessoas e organizações);

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preconizado neste documento, com proposições de metas e ações a serem realizadas durante o

período de 10 anos de vigência deste Plano3.

A primeira etapa deste Plano teve início em Junho de 2016, com a equipe de referência

do CREAS realizando o levantamento de dados históricos sobre o desenvolvimento e a

execução da MSE no município de Varginha. Paralelamente a esta ação, houve a coleta de

dados sobre os adolescentes em cumprimento de MSE de Prestação de Serviços à

Comunidade (PSC) e Liberdade Assistida (LA), que culminou na construção do Diagnóstico

da MSE, bem como, no estudo e embasamento teórico sobre o referido tema e contato com os

locais que são considerados referência no atendimento ao adolescente em conflito com a lei.

A referida coleta de dados subsidiou a construção do Diagnóstico desta Política,

possibilitando a visualização do perfil e da realidade varginhense, no que diz respeito ao ato

infracional no município, com a esquematização de tais informações através da elaboração e

análise de gráficos.

A segunda etapa consistiu na formação da Comissão Intersetorial de elaboração do

Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo. Os integrantes que compõem a Comissão são

profissionais das áreas de Saúde; Educação; Segurança Pública; Esporte e Lazer; Cultura;

Assistência Social; representantes do terceiro setor4; gestores municipais; representantes da

sociedade civil e do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), que fora constituída através da

Portaria nº. 001/2016, expedida pelo COMDEDICA. Cada segmento indicou dois

representantes, estando listados abaixo:

Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social (SEHAD): 02

representantes da Proteção Social Básica, 02 (dois) representantes da Proteção Social

Especial de Média Complexidade e 02 da Alta Complexidade;

Secretaria Municipal de Educação (SEDUC);

Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMEL);

Secretaria Municipal de Fazenda (SEMFA);

Secretaria Municipal de Governo (SEGOV);

b) Análise de contexto que motiva o projeto e delimitação do problema que ele vai abordar;

c) Prospecção do trabalho que o projeto desenvolverá em resposta ao problema que o mobilizou (REDE

SALESIANA, 2016, p. 11,12). 3 Importante ressaltar que a Comissão Intersetorial definiu que o documento será revisado, pelo menos, três

vezes, sendo que a primeira revisão acontecerá em dois anos a contar da data de implantação do Plano; a

segunda em dois anos após a primeira revisão; e a terceira ao final de sete anos de vigência do Plano. 4 Além dos representantes que foram nomeados para a Comissão pela Portaria do COMDEDICA, é importante

frisar a participação das instituições convidadas: Associação Beneficente Levanta-te-e-Anda /Projeto CRESCER

e Núcleo de Capacitação para Paz (NUCAP), que têm participado e contribuído positivamente na elaboração do

referido Plano e que atuam na Promoção e Defesa dos Direitos Infantojuvenis.

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Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLA);

Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS);

Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (SEDESE);

Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Varginha

(COMDEDICA);

Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS);

Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM);

Conselho Municipal da Juventude (CONJUVE);

Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Varginha (CODEVA);

Conselho Municipal de Saúde (CMS);

Conselho Tutelar;

Centro de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (CDCA);

Câmara de Vereadores;

Superintendência Regional de Ensino;

Superintendência Regional de Saúde;

Poder Judiciário;

Ministério Público Estadual (7ª Promotoria);

Defensoria Pública;

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI);

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC);

Fundação Cultural do Município de Varginha;

Guarda Civil Municipal;

Polícia Militar;

Polícia Civil;

Levante Popular da Juventude de Varginha;

Frente Municipal Contra a Redução da Maioridade Penal de Varginha.

A consolidação desta Comissão viabilizou a discussão e a reflexão acerca desta

temática, bem como, a integração das políticas e o fortalecimento da rede, entre os diversos

profissionais envolvidos neste contexto, que atuam com a Defesa e Garantia de Direitos das

crianças e adolescentes no município.

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A terceira etapa deu-se através da organização e da mobilização desta Comissão, em

reuniões temáticas, para a construção das Árvores de Problemas5 que foram elaboradas por

eixos contemplados no SINASE, sendo eles: Saúde, Esporte, Cultura e Lazer, Segurança

Pública, Convivência Familiar e Comunitária, Educação, Trabalho e Profissionalização e

Gestão da Política Socioeducativa. Para cada eixo definiu-se ações e metas, conforme o

cronograma abaixo:

TABELA 1: CRONOGRAMA DAS ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO

CRONOGRAMA DE ELABORAÇÃO DO PLANO DECENAL DE ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO

DATA EIXO TRABALHADO

15/08/2016

Palestra sobre o “Adolescente e o Ato Infracional” para sensibilização

da rede, ministrada pelo Pe. Agnaldo Soares de Lima, da Rede

Salesiana do Brasil (RSB), referência nacional em Medidas

Socioeducativas (MSE).

31/08/2016

Reunião de alinhamento conceitual sobre a MSE, seu desenvolvimento

e apresentação do Diagnóstico, de acordo com a realidade do

município.

14/09/2016 Elaboração da Árvore de Problemas: “Eixo Saúde”.

28/09/2016 Elaboração da Árvore de Problemas: “Eixo Esporte, Cultura e Lazer”.

19/10/2016 Elaboração da Árvore de Problemas: “Eixo Segurança Pública”.

09/11/2016

Elaboração da Árvore de Problemas: “Eixo Assistência Social, Rede,

Articulação e Atendimento à Família – Convivência Familiar e

Comunitária”.

23/11/2016 Elaboração da Árvore de Problemas: “Eixo Educação”.

30/11/2016 Elaboração da Árvore de Problemas: “Eixo Profissionalização,

Trabalho e Renda”.

13/12/2016 Construção da Árvore de Soluções.

02/01/2017 a 31/01/2017 Revisão do documento e padronização de acordo com as normas da

ABNT.

08/02/2017 a 10/03/2017 Revisão Ortográfica

15/03/2017 Apresentação do documento final à Comissão Intersetorial

20/04/2017 Apresentação do Plano em Audiência Pública.

20/04/2017 a 10/05/2017 Abertura para Consulta Pública.

Maio de 2017 Aprovação do Plano pelo COMDEDICA.

Fonte: CREAS Varginha/MG – MSE, 2016.

A árvore de problemas é uma importante ferramenta metodológica utilizada na

construção do Plano, uma vez que o método ZOOP/ML possibilita a análise e um maior

aprofundamento dos problemas, viabilizando projetar ações e metas para resolvê-los. Este

5 A Árvore de Problemas possibilita aos envolvidos realizar a análise do problema (ou dos problemas) que o

projeto se propõe a resolver. É o primeiro passo da concepção de projetos a partir do Método ZOOP/ML. Ela

serve para: Mobilizar a análise situacional e a concepção do projeto em grupo, descrever/analisar uma situação

existente a partir de problemas que o projeto queira enfrentar/resolver, identificar os problemas importantes da

situação percebida pelo projeto e as relações entre eles e visualizar/analisar as relações de causa e efeito

hierarquizando os problemas em uma árvore (RSB, 2016, p. 14).

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instrumento ilustra o formato de uma árvore, onde: as raízes correspondem às causas do

Problema, o tronco representa o Problema Central, a copa representa os Efeitos e o Topo da

copa representa o Impacto (RSB, 2016), que posteriormente é descrita por meio de síntese e

paralelamente as soluções e ações planejadas coletivamente pela Comissão Intersetorial.

A quarta etapa compreendeu na abertura de Audiência Pública para apresentação do

Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo para a comunidade varginhense, e

posteriormente disponibilizada para Consulta Pública. A Audiência Pública aconteceu no dia

20/04/2017 na Câmara Municipal de Varginha e o documento permaneceu disponível para

Consulta Pública entre os dias 20/04/2017 a 10/05/2017 no site institucional da Prefeitura6 e

no Blog do CREAS7. Finalmente, o Plano será submetido à aprovação do COMDEDICA em

maio/2017.

É sobremodo importante assinalar a participação dos adolescentes em cumprimento da

MSE de PSC e LA e suas famílias8 na construção deste documento, através de discussões e

reflexões durante as oficinas temáticas desenvolvidas no CREAS. Tais apontamentos foram

apresentados para a Comissão Intersetorial durante as reuniões temáticas.

Salientamos que, durante todo o ano de 2016, os profissionais e sociedade civil

envolvidos neste árduo e desafiador processo de elaboração do Plano Decenal, dedicaram-se

entusiasmadamente para que este documento fosse finalizado, de modo que as ações previstas

num prazo de dez anos sejam contempladas e efetivadas. Afinal, estabelecer ações, soluções e

metas direcionadas aos eixos essenciais previstos são imprescindíveis para a construção de

uma Política de Atendimento Socioeducativo mais eficaz, pautada nos direitos da infância e

juventude. Portanto, agora cabe aos diferentes agentes sociais, nos seus diferentes espaços e

papéis, fazer com que este plano seja concretizado, para que os nossos adolescentes possam

ressignificar seus atos e realmente fazer suas escolhas.

Centro de Referência Especializado de Assistência Social

Equipe de execução das Medidas Socioeducativas

6 Para acessar o site institucional da Prefeitura de Varginha: http://www.varginha.mg.gov.br/

7 Para acessar o Blog do CREAS: http://creasvarginha.blogspot.com.br/

8 Mensalmente a equipe de referência do CREAS que executa a MSE realiza o encontro das famílias dos

adolescentes. Para abarcar os familiares neste processo de elaboração do Plano, buscamos também envolver as

famílias durante o Grupo de Pais, onde cada um pôde discutir refletir e expor suas visões e contribuições acerca

da MSE e dos adolescentes, a partir das experiências vivenciadas.

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2. BREVE TRAJETÓRIA DO DIREITO À INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NO

BRASIL: Do Código de Menor ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Ao refletirmos sobre a história da Infância e Adolescência no Brasil observamos que

até a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, a cultura de

exclusão, arbitrariedade, assistencialismo e, principalmente, de repressão, sempre se mostrou

presente no contexto das Políticas Públicas e das relações sociais com aquelas crianças e

adolescentes pertencentes à chamada “população economicamente carente”. Somente com a

publicação do ECA, crianças e adolescentes passaram a reconhecidos como sujeitos

detentores de direitos e em condição peculiar de desenvolvimento tendo, portanto, a

necessidade de serem protegidos pelo Estado e por toda a sociedade.

De acordo com Lorenzi (2016), coordenadora do portal pró-menino, até o início do

Século XX não se tinha registros de Políticas Públicas voltadas para a população

infantojuvenil. As “mazelas sociais” ficavam a cargo da Igreja, que as administrava por meio

da caridade dos seus membros. Neste período, iniciaram-se diversas lutas sociais que

impeliram o Estado a exercer seu papel regulador e protetor.

Em 1927 foi conquistada a primeira lei brasileira dedicada à proteção da Infância e

Adolescência: o primeiro Código de Menores (Decreto nº. 17943, de 12/10/1927), também

conhecido como código Mello de Matos, marco legislativo de proteção à infância em nosso

país. A referida Lei foi promulgada após a divulgação do caso do menino Bernardino9. Fato

esse, que promoveu discussão sobre a necessidade de criação de lei específica para a infância,

pois até então os atos infracionais (nesta época, entendidos como crimes e/ou delitos) que

envolviam crianças e adolescentes eram julgados com base nos Códigos Penais de 1890 e

1922, respectivamente (RIZZINI, 2002).

Em 1964, período de Ditadura Militar, foi instituído, através do da Lei nº. 4513/1964,

a Fundação Nacional de Bem Estar do Menor (FUNABEM) que se ramificava para os estados

como Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM). Apesar de se propor a ser a

9 Bernardino era um menino negro e pobre. Vivia na extrema miséria como a maioria da população negra após a

abolição da escravatura. Aos 12 anos trabalhava como engraxate nas ruas do Rio de Janeiro. “Certo dia, após

terminar de engraxar os sapatos de um cliente, foi surpreendido com a recusa do mesmo em pagar pelo

serviço. Irritado, Bernardino jogou tinta na roupa do indivíduo, que chamou a polícia. Quando os policiais

chegaram, o menino não soube explicar o que aconteceu e foi levado para a cadeia, sendo colocado numa cela

com 20 homens. Na cadeia, Bernardino foi estuprado e espancado. Após soltura, foi hospitalizado e os médicos

que lhe atenderam ficaram revoltados com o ocorrido e denunciaram o caso ao Jornal do Brasil. Segundo a

matéria, o menino encontrava-se "em lastimável estado" e "no meio da mais viva indignação dos seus

médicos". Apesar da violência contra os jovens pobres ser generalizada, a sociedade fluminense se escandalizou

com a matéria do jornal e exigiu medidas de proteção à juventude” (WIKIPEDIA, 2015, apud GALINDO, 2015;

SERAFINI, 2015).

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grande instituição de assistência à infância, as FEBEMs reproduziram os modelos anteriores

de exclusão e repressão aos “abandonados e infratores” (ITO JUNIOR, 2014).

Em 1979, auge da Ditadura Militar no país, através da Lei Federal nº. 6697/1979,

ocorre alteração no Código de Menores. Todavia, esta alteração não significou avanços do

ponto de vista de direitos infantojuvenis, pelo contrário, Pereira (1998) nos demonstra em sua

pesquisa de mestrado que as ações do Estado se mostraram mais violentas, desconsiderando a

participação da sociedade civil e enfatizando a criança e adolescente como menor em situação

irregular, objeto passivo de intervenção judicial.

Vale ressaltar que, enquanto o Brasil instituía a FUNABEM, em 1979 comemorava-se

o ano internacional da criança, quando a Organização das Nações Unidas (ONU), através da

Comissão de Direitos Humanos, elaborou a Convenção Internacional dos Direitos da Criança.

Esta foi aprovada pela Assembleia Geral somente em 1989 e oficializada como Lei

Internacional em 1990. Trata-se do documento de Direitos Humanos mais respeitado em todo

o mundo, pois foi ratificado por 193 países, inclusive o Brasil. De acordo com o Fundo das

Nações Unidas para a Infância (UNICEF), negaram-se a assinar somente Estados Unidos e

Somália.

O Brasil tornou-se signatário da Convenção no mesmo ano que promulgou o Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA), o qual, ao regulamentar os artigos 22710

e 22811

da

Constituição Federal de 1988, alterando o paradigma do direito à infância e adolescência em

nosso país.

O ECA provocou uma mudança no panorama legal, exigindo, inclusive, que os

municípios se organizassem de acordo com a nova realidade e assegurassem “com absoluta

prioridade” direitos fundamentais às crianças e adolescentes; estabeleceu novas instituições

como os Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares, como também, a necessidade de

legislação específica para a condução de sanção de Ato Infracional envolvendo criança e

adolescente inserido no art. 228 do mesmo diploma legal (RIZZINI, 2002).

Verifica-se, assim, que passamos dos pressupostos estabelecidos pela doutrina de

menor em situação irregular, pautada no código de menores, para a doutrina dos sujeitos de

direitos e da proteção integral pautada no ECA.

10

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com

absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,

à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda

forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda

Constitucional nº 65, de 2010). 11

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

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16

2.1 Da Doutrina de Proteção Integral

A base da Doutrina de Proteção Integral parte do pressuposto e da compreensão de que

as normativas que cuidam e zelam pelos direitos e deveres das crianças e dos adolescentes

devem prioritariamente concebê-los como cidadãos plenos. Contudo, sujeitos à proteção

absoluta e prioritária, visto que, são pessoas ainda em desenvolvimento físico e psicossocial.

Como bem sabemos, tal doutrina representa um avanço significativo em termos de

proteção aos direitos fundamentais, sendo introduzido no ordenamento jurídico brasileiro

através da Constituição Federal (1988).

Essa doutrina interviu na trajetória de exclusão e violação de direitos vivenciada,

desde os primórdios, na história da infância e juventude brasileira. Trazendo à tona garantias a

essas crianças até então reconhecidas como meros objetos de intervenção, tanto da família

quanto do Estado, passando a ser consideradas e vistas como sujeitos detentores de direitos

individuais e coletivos.

A Doutrina de Proteção Integral também impõe a responsabilidade para o

desenvolvimento de Políticas de Atendimento à Infância e Juventude, pautadas nos princípios

constitucionais, na descentralização político administrativa, bem como, na municipalização

das ações, enfatizando a importância da participação da sociedade civil como um todo

(MACHADO, 2003).

Cabe ressaltar que, uma das formas de participação da sociedade civil, dar-se-á pelas

instâncias democráticas, através dos Conselhos de Direitos das Crianças e Adolescentes nas

três esferas governamentais, como também, dos Conselhos Tutelares. A essas

representatividades, juntamente com os demais órgãos e atores do Sistema de Garantia de

Direitos (SGD) que atuam nesta instância, compartilhando dessa mesma responsabilidade,

incumbem ainda, a fiscalização do adequado funcionamento de todo sistema de atendimento à

infância e adolescência, fazendo valer o princípio da prioridade absoluta, conforme

estabelecido no Artigo 4º, parágrafo único do ECA (1990):

Art. 4 º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder

público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à

vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

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17

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a

proteção à infância e à juventude (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE, p. 13-14, 2015).

O artigo supracitado nos traz a concepção sobre a importância e a necessidade da

corresponsabilização entre a família, a comunidade e o Poder Público em geral, ao se tratar

das questões pertinentes aos direitos e deveres das crianças e adolescentes. Um trabalho eficaz

só é possível, a partir do momento em que cada um desses agentes assume sua

responsabilidade no processo do desenvolvimento de nossa infância e juventude. Para que o

Princípio da Prioridade Absoluta possa ser assegurado conforme prevê a legislação vigente, é

indispensável que o trabalho seja conjunto, no qual, cada ator tem um papel de extrema

importância neste processo.

Embora os dispositivos constitucionais, como o ECA, o SINASE e as demais

normativas tragam em sua essência a concepção da Proteção Integral, e com isso um

significativo avanço para a infância e juventude brasileira, infelizmente, ainda há, uma

disparidade muito grande entre o que se prega teoricamente e a execução das ações de forma

efetiva pelas instâncias e atores sociais. Para diminuir essa diferença é de suma importância

que, não somente o Estado desenvolva com eficiência suas ações, mas que a sociedade e a

família cumpram seu papel e responsabilizem-se para materializar ações concretas, pois assim

a lei poderá de fato ser instrumento real de transformações palpáveis.

Além disso, precisamos considerar que:

Não há mais uma dualidade no ordenamento jurídico envolvendo a coletividade

crianças e adolescentes ou a categoria crianças e adolescentes: a categoria é uma e

detentora do mesmo conjunto de direitos fundamentais; o que não impede, nem

impediu, o ordenamento de reconhecer situações jurídicas especificas e criar

instrumentos para o tratamento delas, como, aliás, ocorre em qualquer ramo do

direito (FERREIRA; DÓI, 2013, p. 03 apud MANOLE, 2003, p. 146).

Sendo assim, independentemente de qualquer situação de risco e ou vulnerabilidade

social, de violação de direitos e ou ruptura dos vínculos, a doutrina da Proteção Integral

estabelece que crianças e adolescentes que estejam vivenciando tais situações de violações,

autores de atos infracionais e outros, devem receber o mesmo tratamento legal, sem vexação

e/ou discriminação (MACHADO, 2003).

Entretanto, apesar de ter todo um aparato que garanta tal proteção às crianças e

adolescentes, independente da situação a qual demandam intervenções, quando se trata de

adolescente em conflito com a lei, os atores que lidam com esta Política enfrentam uma série

de desafios e preconceitos do senso comum que inviabilizam a efetivação de ações eficazes.

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18

Face ao exposto, é necessário compreender a complexidade das questões em torno da

prática infracional para que não fixemos estes adolescentes numa posição apenas de sujeitos

em conflito com a lei. Trata-se de entender que a possibilidade de transformação é inerente à

condição humana. Além disso, estes meninos e meninas estão vivendo a adolescência e,

consequentemente, todas as questões referentes a esta etapa da vida (ARPINI, 2003). Não se

deve desconsiderar as questões da adolescência, torna-se imprescindível, portanto,

responsabilizar este adolescente pelo ato praticado, pois assim proporcionamos-lhe a

possibilidade de se implicar com as consequências de suas ações e poder criar mecanismos de

ruptura com a prática infracional (RIZZINI, 2002).

2.2 O município de Varginha/MG

De acordo com dados extraídos do site oficial da Prefeitura de Varginha/MG, a origem

do município data do Século XVIII quando o bairro de Vargem Pequena foi povoado por

tropeiros que vinham de São Paulo trazendo mercadorias para vender em todo o estado de

Minas Gerais. Os tropeiros que passavam constantemente pelo município construíram a Igreja

Matriz do Divino Espírito Santo, dando origem à cidade de Varginha/MG.

A cafeicultura e a produção de leite eram as principais atividades econômicas deste

período e eram cultivados em grandes fazendas, que concentravam grande quantidade de

escravos. (VARGINHA, [199-?], apud MADEIRA, [199-?]).

Assim como em todo país, com a promulgação da Lei Áurea em 1888, a escravatura

foi abolida e a mão de obra escrava foi sendo substituída gradualmente pela mão de obra de

imigrantes, sobretudo de italianos, que vieram para esta região. Esses imigrantes, que já

possuíam conhecimentos relativos à lavoura, contribuíram consideravelmente para o

desenvolvimento da cidade de Varginha/MG, transformando-a na principal produtora de café

na região do Sul de Minas. A contribuição dos imigrantes, e seus descendentes, se deram

também no crescimento da indústria e do comércio local (Id., [199-?]).

No decorrer do Século XX Varginha foi se expandindo e fortalecendo-se. Sua vocação

agrícola foi sendo substituída pela indústria e pela prestação de serviços. Assim, o comércio

do café se voltou mais para a torrefação e exportação do que para a lavoura do grão.

Atualmente, Varginha é a segunda praça de comércio de café do mundo, só perdendo para

Santos, no litoral de São Paulo (Id., [199-?]).

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19

Um fato marcante na história de Varginha foi o “suposto” aparecimento de um

extraterrestre no ano de 1996. Os relatos trazem que ao passarem por um terreno baldio, três

meninas afirmaram ter visto uma criatura estranha que “não era homem, nem animal”.

Conforme a descrição feita por elas, ele possuía: enormes olhos vermelhos, pele marrom de

aspecto viscoso, braços compridos, pés grandes e três protuberâncias na parte superior da

cabeça (Id., [199-?]). As meninas, muito assustadas, saíram correndo e o fato veio a

conhecimento de todos. A imprensa local, nacional e até mesmo internacional, fez inúmeras

matérias sobre o ocorrido. O caso ficou conhecido como o “Caso ET de Varginha”.

Mesmo após 21 anos do suposto aparecimento do ET, Varginha continua atraindo a

atenção de ufólogos, estudiosos e curiosos de toda parte.

Aproveitando-se a grande repercussão do caso, a Prefeitura investiu no turismo e na

construção de estátuas do ET pelas praças da cidade, pontos de ônibus com formato de nave

espacial, uma caixa d’água no centro da cidade e está concluindo a construção do memorial

do ET.

TABELA 02: Dados Gerais do Município de Varginha.

Localização

Figura 01:

Varginha encontra-se situada na Região Sudeste

do Brasil, especificamente no Estado de Minas

Gerais, cuja capital é Belo Horizonte, na parte

Sul deste. Geograficamente a cidade encontra-

se localizada entre os centros econômicos mais

importantes do país: São Paulo, Rio de Janeiro e

Belo Horizonte.

Área da unidade territorial (km²) 395,396 km

População 123.081 habitantes aproximadamente, segundo

dados do IBGE.

Principal via de acesso BR 381

Infraestrutura Varginha possui cerca de 95% da sua área

urbanizada com serviços de infraestrutura como

: água, energia elétrica e rede de esgoto.

IDHM 0,778

Número médio de anos de estudo 6,15 anos

Renda per capta

R$ 4.005,39, sendo que, somente 10% da

população varginhense sobrevive com menos de

um salário mínimo. Nesses dados encontram-se

incluídos também, aqueles que não possuem

nenhum tipo de renda e 9,7% possui renda

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20

superior a 15 salários mínimos por mês.

Fonte: Plano Plurianual de Prefeitura de Varginha, Secretaria de Habitação e Promoção Social, vigência:

2002/2005.

2.3 Trajetória das Medidas Socioeducativas em Varginha

A Prefeitura de Varginha iniciou o atendimento aos adolescentes em conflito com a lei

no ano de 2006, quando, através do Convênio n°. 018/2006, o Centro de Desenvolvimento da

Criança e do Adolescente (CDCA) iniciou a prestação do serviço socioeducativo de

Liberdade Assistida (LA). Instituído pela Lei nº. 4.724/2007 o Programa de Atenção ao

Adolescente Integrado no Município de Varginha-MG (PAAI) atendeu adolescentes em

cumprimento de LA até o início de 2012 e ofertava, além do acompanhamento escolar,

oficinas manuais e socioeducativas diversificadas (artes, leitura, esporte, cidadania e ética,

marcenaria, dentre outras).

Em 2012, pautados no ECA (Lei n°. 8069/1990) e com a recente promulgação do

SINASE (Lei Federal nº. 12.594/2011) o município elaborou o Sistema Municipal de

Atendimento Socioeducativo (SIMASE) (Lei Municipal n°. 5.563/2012). E, em consonância

com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e com a Resolução n°. 109/2009 que

aprovou a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e a implantação e/ou

implementação do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) a

Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social (SEHAD) propôs a reorganização deste

serviço no município de Varginha.

Nesta perspectiva, o CREAS passou a ofertar o Serviço de Proteção Social aos

Adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de

Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), com a finalidade de prover a atenção

socioassistencial e o acompanhamento sistemático a estes adolescentes e jovens buscando

contribuir para o acesso a direitos e a resignificação de valores pessoais e sociais que

possibilitem o rompimento com a prática infracional.

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21

3. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SISTEMA MUNICIPAL DE ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO

3.1 Princípios

Os princípios norteadores das ações de elaboração, execução e avaliação do presente

Plano, ou seja, os valores que fundamentam cada uma das ações nele contidas são pautados na

Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n°. 8069/1990) e

no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Lei Federal n°. 12.594/2012), sendo

eles:

A superação da doutrina do menor em situação irregular nas Políticas de Atendimento

Socioeducativo e a efetivação da doutrina da Proteção Integral;

O reconhecimento do adolescente como sujeito de direitos;

A obrigatoriedade da Proteção Integral por meio da garantia dos direitos à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,

ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária;

O reconhecimento do tripé de responsabilidade na garantia integral de direitos dos

adolescentes: Família, Poder Público e Sociedade em geral (art. 4° do ECA);

A garantia da absoluta prioridade na formulação, execução e destinação de recursos

aos programas e serviços de atendimento aos adolescentes;

O Reconhecimento da singularidade e individualidade subjetiva de todo e qualquer

sujeito.

3.2 Diretrizes

As diretrizes trazidas neste documento são subordinadas ao Sistema Nacional de

Atendimento Socioeducativo (Lei Federal n°. 12.594/2012) e conduzirão a elaboração,

execução e avaliação do Plano, sendo elas:

Qualificar o Atendimento Socioeducativo no município de Varginha, de acordo com

os parâmetros do SINASE;

Efetivar as Medidas Socioeducativas por meio da articulação das Políticas Setoriais

de atendimento direto e indireto ao adolescente e sua família;

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22

Viabilizar e garantir a participação de adolescentes em cumprimento de Medidas

Socioeducativas ou não, e de suas famílias, durante todo o processo de elaboração e

implementação deste Plano;

Garantir o acesso do adolescente à Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e

Defensoria Pública) e o direito de ser ouvido sempre que requerer;

Garantir, por meio da articulação intersetorial e em consonância com a Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei

(Portaria do Ministério da Saúde n°. 1.082, de 23 de maio de 2014), o direito à

integralidade no atendimento nos três níveis de Proteção (Primária, Secundária e

Terciária);

Garantir, por meio da articulação intersetorial e em consonância com a Resolução nº.

3, de 13 de maio de 2016 do Ministério da Educação e Cultura, a oferta e acesso à

educação de qualidade, considerando sua condição singular como estudantes e

reconhecendo a escolarização como elemento estruturante do sistema socioeducativo;

Garantir o acesso à profissionalização, ao trabalho, às atividades esportivas, de lazer e

de cultura através da articulação com a rede municipal;

Garantir ao adolescente o direito de reavaliação da Medida Socioeducativa;

Promover a formação continuada aos profissionais que atuam na Política de

Socioeducação;

Garantir articulação entre as Medidas Socioeducativas, tanto dos egressos dos Centros

Socioeducativos cujas medidas foram progredidas, quanto após encaminhamento de

adolescente que já cumpria MSE no município e foi acautelado;

Assegurar que os direitos dos adolescentes privados de liberdade sejam garantidos,

através da efetivação do artigo 12412

do ECA.

12

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: I - entrevistar-se

pessoalmente com o representante do Ministério Público; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III -

avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situação processual, sempre que

solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela

mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; VIII -

corresponder-se com seus familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;

X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; XI - receber escolarização e

profissionalização; XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: XIII - ter acesso aos meios de

comunicação social; XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje; XV -

manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante

daqueles porventura depositados em poder da entidade; XVI - receber, quando de sua desinternação, os

documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.§

2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se

existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

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23

4. GRÁFICOS

Os gráficos trazidos neste documento foram construídos a partir de consulta aos

cadastros dos adolescentes com aplicação de Medidas Socioeducativas de PSC e LA no

CREAS de Varginha/MG, durante o ano de 2016.

GRÁFICO 01:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

O gráfico acima demonstra a predominância de adolescentes do sexo masculino em

cumprimento de MSE. Ressaltando, porém, que o número de meninas com aplicação de MSE

vem crescendo consideravelmente nos últimos anos.

GRÁFICO 02:

9

40

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

FEMININO

MASCULINO

3

11

17

12

6

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

FAIXA ETÁRIA DOS ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO

DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

15 ANOS

16 ANOS

17 ANOS

18 ANOS

19 ANOS

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24

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

Ao analisarmos a faixa etária dos adolescentes, verificamos que a mesma está entre 15

e 19 anos, sendo que há predominância daqueles com 17 anos, correspondendo a 19,30%, ou

seja, a maioria está prestes a completar a maioridade, conforme verificamos acima, isso

aponta para uma possível morosidade no andamento processual. Fato que muito prejudica na

responsabilização do adolescente.

GRÁFICO 03:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

Através dos dados coletados observa-se no Gráfico 03 um número maior de

adolescentes brancos, com 7,11% a mais que a etnia negra. Todavia, se forem considerados

negros e pardos temos um total de 33,52% que superam o número de brancos. Essa parcela

considerável de pardos e negros vem ao encontro do contexto histórico de segregação e falta

de oportunidades das minorias sociais em nosso país. Sobretudo quando verificamos que

predominantemente residem em bairros periféricos, conforme demonstra o gráfico a seguir.

23

16

9

1

0

5

10

15

20

25

ETNIA DOS ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE

MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

BRANCA

NEGRA

PARDA

NÃO INFORMADO

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GRÁFICO 04:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

No que se refere aos territórios com maior incidência de adolescentes com aplicação

de MSE, os bairros apontados são: Carvalhos, Damasco, Fátima e Sion. Tais bairros são

considerados como periféricos, tendo em vista suas peculiaridades e o alto índice de risco e

vulnerabilidade social existente. Cabe ressaltar que os referidos bairros encontram-se

afastados da região central do município, exceto o bairro de Fátima, sendo que Sion e Fátima

são considerados os bairros mais populosos de Varginha entre os demais (PLANO

QUADRIENAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE VARGINHA/MG, 2017).

Outro elemento importante a ser assinalado diz respeito à incidência de atos

infracionais cometidos nestas regiões, que podem estar relacionados ao número de domicílios

com renda per capta considerada baixa. Ressalta-se que o bairro Sion possui o maior número

de domicílios com renda per capta inferior a 1/8 do salário mínimo, seguido pelos bairros

Bom Pastor, Fátima e Jardim Corcetti (empatados) e Vila Barcelona. Com a característica de

número de domicílios com renda per capta de 1/8 a 1/4 do salário mínimo, novamente o bairro

Sion aparece em primeiro lugar decrescente, seguido pelos bairros Vila Barcelona, Fátima e

Centenário (Id., 2017).

No que tange a cobertura destes territórios pelos equipamentos públicos da Política de

Assistência Social que trabalham na prevenção das situações de risco, temos o gráfico a

seguir:

1

2

1

3

5

2 2

3

5

1

5

3

1 1 1 1 1 1 1

4

1 1

2

0

1

2

3

4

5

6

DISTRIBUÇÃO DOS ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS PORBAIRROS

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GRÁFICO 05:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

O alto número de adolescentes residentes nas regiões dos CRAS I e II,

respectivamente regiões do Sion e Centro, pode ser explicado uma vez que estes

equipamentos públicos são responsáveis por 31 (trinta e um) e 40 (quarenta) bairros

respectivamente e zona rural.

À primeira vista, o CRAS V, região do bairro Carvalhos, não apresenta um número

significativo de adolescentes com MSE, portanto, se avaliarmos sua área de abrangência,

verifica-se proporcionalmente, um alto índice de adolescentes em conflito com a lei, pois, o

CRAS V compreende apenas 5 (cinco) bairros o que aponta para uma maior vulnerabilidade

desta região.

Vale lembrar que este território é formado por 03 bairros muito novos, construídos

através de conjuntos habitacionais populares do Programa Minha Casa, Minha Vida e ainda

não contam com equipamentos públicos básicos que atendam adequadamente a população,

como: escolas, postos de saúde, locais de lazer e esporte, dentre outros. Em 2016 foi

inaugurada um Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) que atende as crianças destes

bairros.

14

17

6

3

9

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

ÁREA DE COBERTURA DOS CRAS X ATOS INFRACIONAIS

CRAS 1

CRAS 2

CRAS 3

CRAS 4

CRAS 5

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GRÁFICO 06:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

Ao observar as informações cadastrais dos adolescentes, verifica-se que a maioria

deles encontra-se fora da escola. De acordo com relatos da equipe do CREAS, a maioria dos

adolescentes, ao ingressarem na MSE, encontra-se fora do ensino regular há mais de 01 (um)

ano. Sabemos que a escola é um espaço de extrema relevância na vida da criança e do

adolescente, sendo uma importante instituição no processo de socialização, desenvolvimento

cognitivo, capacidade de criticidade e autonomia do indivíduo. Ao permanecerem fora deste

espaço, ficam mais vulneráveis aos riscos sociais dos territórios, inclusive ao cometimento de

atos infracionais.

Constatamos que grande parte dos adolescentes abandonam as escolas ao progredir

para a 6ª série / 7º ano.

Além disso, nota-se que apesar de estarem matriculados no ensino regular ou já terem

frequentado alguns anos de escola, uma parcela significativa dos adolescentes acompanhados

na MSE, durante os anos de 2012 a 2016, apresentaram dificuldades consideráveis de

conceitos básicos de leitura, escrita e operações matemáticas primárias, podendo ser

considerados analfabetos funcionais. Como também, grande distorção entre idade e série.

17

29

3 0

5

10

15

20

25

30

35

SITUAÇÃO ESCOLAR

MATRICULADO

FORA DO ENSINO

REGULAR NÃO ALFABETIZADO

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GRÁFICO 7:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

Conforme podemos visualizar, o panorama dos atos infracionais está evidenciado

análogo aos crimes do Código Penal e de Trânsito Brasileiro, de acordo com a legenda

abaixo:

ARTIGOS REFERENTES AO CÓDIGO

PENAL BRASILEIRO

DESCRIÇÃO DOS ARTIGOS

ART. 19 Contravenção penal.

ART. 28 Posse de droga para consumo.

ART. 33 Tráfico de entorpecentes.

ART. 121 Homicídio.

ART. 121 Tentativa de homicídio.

ART.129 Lesão corporal.

ART. 147 Ameaça.

ART. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a

vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou

em suas dependências.

ART. 155 Furto.

ART. 157 Roubo.

ART. 217 Estupro de vulnerável.

ART. 162 Código de Trânsito

Brasileiro*

Dirigir sem habilitação.

Fonte: BRASIL, 1940; BRASIL, 1997.

Conforme exposto, os atos infracionais mais comuns são análogos aos crimes de

tráfico de drogas e roubo. Com base nos relatos e acompanhamento dos adolescentes, o

envolvimento na prática de tráfico de drogas se dá como alternativa rápida de renda. Já o

roubo está muitas vezes relacionado à necessidade de pagamento de dívidas, sobretudo de

drogas.

1

4

24

2 1

2 3

19

1 1 2

0

5

10

15

20

25

30

RELAÇÃO DE ATOS INFRACIONAIS COMETIDOS

ART. 19

Art. 28

ART. 33

ART. 121

ART.129

ART. 147

ART. 155

ART. 157

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29

É importante ressaltar que o envolvimento de um adolescente com a prática infracional

é multifatorial e devem ser consideradas questões intrínsecas e extrínsecas. Durante o

cumprimento da Medida Socioeducativa, a equipe busca responsabilizar o adolescente pelo

ato cometido, e concomitante assegurar que seus direitos sejam garantidos, processo este que

almeja a ressignificação do adolescente, aliado a construção de um projeto de vida alicerçado

ao desejo de mudança e rompimento com a prática infracional.

GRÁFICO 8:

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

Os dados obtidos de reiteração referem-se aos processos oficiados no CREAS. No

entanto, não podemos considerar nestes dados, as apreensões e medidas menos gravosas

(advertência e obrigação de reparar o dano) aplicadas, tendo em vista que estes não chegam

até o conhecimento da equipe de execução da MSE, como também os processos em

andamento.

Ao analisar o índice de reiteração dos adolescentes em ato infracional, somos levados

a refletir sobre as diversas tangências que corroboram para a não efetividade das medidas

socioeducativas aplicadas. Esta ineficácia abrange a desimplicação da família no

acompanhamento do adolescente; a desresponsabilização deste adolescente; a resistência de

retorno e/ou permanência na escola; a dificuldade de profissionalização devido ao não

28

21

0

5

10

15

20

25

30

TAXA DE REITERAÇÃO DOS ATOS INFRACIONAIS

SIM

NÃO

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preenchimento dos requisitos exigidos; a morosidade processual que gera uma sensação de

impunidade, dentre muitos outros que inviabilizam a (re) inserção social deste adolescente.

Gostaríamos de destacar que dentre as dificuldades elencadas acima, a não inclusão

em programas profissionalizantes e no mercado de trabalho apresentam-se como um dos

fatores mais relevantes ao não rompimento com a prática infracional, pois, considerando que a

vinculação dos adolescentes com o tráfico de drogas se dá, majoritariamente, como alternativa

de renda, a não absorção deste adolescente ao mercado de trabalho favorece sua permanência

e sedimentação na prática infracional.

Vale ressaltar, conforme observado no gráfico, que um número significativo de

adolescentes consegue romper com o ato infracional. Avaliamos que isso se dá,

principalmente por questões subjetivas deste sujeito e quando consubstanciado ao apoio

sociofamiliar obtém maior êxito. Contudo, mesmo o adolescente apresentando desejo de

mudança fica praticamente insustentável com a inexistência deste apoio.

GRÁFICO 9.

Fonte: Registro Mensal de Atendimento do CREAS – Agosto/2016

Neste gráfico não podemos desconsiderar a quantidade significativa de adolescentes

em descumprimento da MSE, sobretudo quando analisamos a situação dos 28 adolescentes.

Neste caso, verificamos que estes encontram-se em maior risco social e pessoal do que

aqueles que estão cumprindo a MSE corretamente. Estes riscos apresentam-se através do nível

21

28

0

5

10

15

20

25

30

CUMPRIMENTO X DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS

SOCIOEDUCATIVAS

SIM

NÃO

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de envolvimento com a prática infracional, sendo por ameaças de morte, situação de rua e

algumas vezes, vitimizados por morte violenta. Deste modo, devemos criar coletivamente

estratégias que busquem acessar esses adolescentes e garantir o cumprimento da MSE.

No que se refere àqueles que estão cumprindo a medida aplicada, importante destacar

o papel da família neste processo. Os adolescentes cujas famílias permanecem presentes na

construção e execução do PIA apresentam mais condições de rompimento com a prática

infracional, conforme já mencionado no gráfico que trata da reiteração desta prática.

A partir da referida análise de dados foi possível ilustrar o panorama situacional da

Medida Socioeducativa em Varginha/MG, através do seu diagnóstico já mencionado

anteriormente. Tais informações possibilitaram a Comissão Intersetorial de elaboração do

Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo conhecer a realidade do seu objeto de estudo,

a MSE de nosso município.

Deste modo, nesta próxima etapa a Comissão elaborou as tabelas, as quais constam

metas e ações a serem desenvolvidas por cada política pública, conforme preconiza os eixos

do SINASE.

5. TABELAS COM AS AÇÕES E ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

A elaboração das tabelas com as ações, atividades, prazos, responsáveis e

corresponsáveis é fruto de um exercício reflexivo realizado pela Comissão Intersetorial de

produção deste Plano.

Com relação aos prazos definidos nas tabelas, temos 1º período: refere-se aos anos de

2017 a 2019; 2º período: refere-se aos anos de 2020 a 2022; e o 3º período aos anos de 2023 a

2027. Importante ressaltar que, as ações devem ser concretizadas gradativamente de modo

que não se acumulem ao final dos prazos e metas.

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32

5.1 GESTÃO DO SISTEMA MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

ADEQUAÇÃO DO

QUADRO DE

PROFISSIONAIS DE

ACORDO COM AS

DIRETRIZES DO

SINASE.

Ampliação do quadro de profissionais do CREAS, através de

Concurso Público e/ou Processo Seletivo. X

Secretário da

SEHAD. Secretário da SEMAD.

Adequação da equipe de referência da MSE proporcional ao número

máximo de adolescentes atendidos, conforme as diretrizes do

SINASE (itens 5.2.1.1 e 5.2.1.2 do SINASE) que prevê na execução

da PSC 01 técnico para cada vinte adolescentes • 01 Referência

socioeducativo para cada grupo de até dez adolescentes e um

orientador socioeducativo para até dois adolescentes

simultaneamente. E para a execução da LA 01 orientador social para

cada 20 adolescentes.

X

Secretário da

SEHAD.

Secretário da SEMAD

&

Secretário da SEMFA.

Contratação de um pedagogo para compor a equipe de referência da

MSE. X

Secretário da

SEHAD. Secretário SEMFA.

ATUALIZAÇÃO DE

LEIS E CONVÊNIOS

MUNICIPAIS,

REFERENTE AO

SIMASE.

Adequação da Lei Municipal nº 5.563/2012 do Sistema Municipal de

Atendimento Socioeducativo (SIMASE), conforme as ações

previstas neste Plano.

X Presidente do

COMDEDICA.

Secretário da SEHAD

&

Executivo da Câmara

Municipal de Varginha.

GARANTIR A

INTEGRALIDADE

DO ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO

PELA REDE

SOCIOASSISTEN-

CIAL E PELO

SISTEMA DE

GARANTIA DE

DIREITOS

Garantir a elaboração do PIA com máxima urgência, privilegiando

sua construção interdisciplinar. X

Técnicos de

referência da

MSE.

Demais Técnicos

&

Orientadores Sociais da

MSE.

Realização de diagnóstico situacional semestral da MSE, contendo

informações referentes aos eixos do SINASE. X

Coordenação do

CREAS.

Secretário da SEHAD.

Articular com a SEDESE um fluxo entre a MSE/Meio Aberto com

os Centros Socioeducativos, proporcionando o acompanhamento dos

casos de adolescentes que cumprem MSE em meio aberto e com

privação de liberdade, como também os egressos dos Centros

Socioeducativos que cumprirão Liberdade Assistida ou não.

X Coordenação do

CREAS.

Superintendente da

SEDESE.

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33

5.2 ARTICULAÇÃO COM A REDE DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS E CONVIVÊNCIA FAMILIAR E

COMUNITÁRIA.

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

FORTALECER A

ARTICULAÇÃO

COM A REDE

SOCIOASSISTEN-

CIAL E COM O

SISTEMA DE

GARANTIA DE

DIREITOS (SGD).

Fomentar a articulação e integração entre PSF, casa da gestante e

CRAS, por meio de protocolos e definição de responsáveis, para

trabalhar o tema: planejamento familiar, gravidez precoce, dentre

outros.

X

Coordenação

Proteção Social

Básica.

Equipe dos CRAS,

CREAS

&

Equipes dos PSFs.

Realizar eventos municipais sobre a Função Familiar, organizado

pela Comissão Intersetorial Permanente de Atendimento

Socioeducativo.

X

Comissão

Intersetorial

Permanente.

Secretário da SEHAD;

Secretário da SEMUS &

Coordenação da Proteção

Social Básica.

Elaboração de nota de repúdio referente às matérias jornalísticas

violadoras dos direito infantojuvenis. X

Presidente do

COMDEDICA

Secretário da SEHAD.

Contactar a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI)

para promovermos um debate com os representantes da mídia local. X

Presidente do

COMDEDICA

Equipe de referência da

MSE.

13

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:

V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito

de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional (ECA, p. 48, 2015).

Articular junto ao Poder Judiciário e ao Ministério Público a

implantação do Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), conforme

preconizado no artigo 88, inciso V do ECA13

.

X Presidente do

COMDEDICA.

Secretário da SEHAD;

Superintendente da

SEDESE;

Juiz da Infância;

Promotor da Infância &

Secretário SEMFA.

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Fomento de ações de inclusão produtiva para adolescentes da MSE e

suas famílias. X

Coordenação do

CREAS.

Coordenação Proteção

Social Básica;

Parceiros Estatais &

Privados.

Elaborar protocolos e promover articulação entre os Serviços de

Proteção Social Básica e Proteção Social Especial a fim de garantir e

priorizar o acompanhamento do adolescente em cumprimento de

MSE, encaminhados para o SCFV dos CRAS.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação da Proteção

Social Básica &

Especial.

Promover atendimento e o acompanhamento das famílias de

adolescentes privados de liberdade, em MSE de internação. X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação dos CRAS.

Garantir que as famílias dos adolescentes da MSE se inscrevam em

serviços, programas, projetos, benefícios do Cadastro Único do

governo federal e do poder público municipal.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação do

CADÚNICO &

Coordenação Proteção

Social Básica.

Continuar promovendo a participação dos adolescentes da MSE em

conferências, fóruns e seminários, como meio de fortalecer sua

autonomia e pertencimento.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Comissão Permanente.

ESTIMULAR E

REFORÇAR AS

AÇÕES DE

CONVIVÊNCIA

FAMILIAR E

COMUNITÁRIA.

Dar continuidade e ampliar ações de SCFV nos espaços públicos e

comunitários. X

Coordenador da

Proteção Social

Básica.

Técnicos da Proteção

Social Especial de Média

Complexidade.

Sensibilizar as famílias dos adolescentes da MSE, a respeito da

importância da sua participação em todo o processo de execução da

MSE.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação da Proteção

Social Básica

Trabalhar temáticas que busquem reforçar a importância da

convivência familiar e comunitária com adolescentes e famílias X

Coordenação da

Proteção Social

Básica.

Técnica de referência do

PAEFI &

Técnicos de referência da

MSE.

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35

5.3 SISTEMA DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

DAR AGILIDADE

AS AÇÕES DO

SIMASE.

Articular a criação de uma Vara específica para a Infância e

Juventude. X TJMG.

Promotor da Infância &

Defensoria da Infância.

Buscar junto ao Poder Judiciário, através de reuniões de fomento, a

implantação do Núcleo de Atendimento Integrado (NAI). X

Coordenação do

CREAS

Superintendente da

SEDESE.

Promover discussões sobre a necessidade da implantação de uma

Delegacia específica para atendimento de Adolescente em Conflito

com a Lei (ACL).

X Coordenação do

CREAS

Delegado Regional da

Polícia Civil.

Articular com o Judiciário sobre a necessidade em priorizar

Audiência de Justificação para os adolescentes que estiverem em

descumprimento com a MSE determinada judicialmente.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação do CREAS.

Articular com o Sistema de Justiça a responsabilização dos genitores

e/ou responsáveis legais que não se implicam com o

acompanhamento do adolescente na MSE.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Vara da Infância e

Juventude.

INTERLOCUÇÃO

COM O SISTEMA

DE JUSTIÇA E COM

A SEGURANÇA

PÚBLICA DE

VARGINHA/MG.

Estabelecer um fluxo de atendimento e encaminhamento, desde a

apreensão do ACL até a aplicação da MSE, a fim de agilizar o

SIMASE, enquanto o NAI não é estruturado.

X

Equipe de

referência da

MSE.

Coordenação CREAS;

Polícia Militar;

Polícia Civil;

Poder Judiciário &

SGD.

Realizar reuniões mensais com a equipe da VIJ, incluído o Juiz, para

a discussão dos casos que forem ter audiências. X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação do CREAS.

Articular com o MP ações que possibilitem a apuração com urgência

de denúncias sobre práticas abusivas e violentas da Polícia Militar,

Civil e/ou Guarda Civil Municipal.

X Presidente do

COMDEDICA

Promotoria da Infância e

Juventude.

Fortalecer os encaminhamentos dos adolescentes da MSE e suas

famílias para Defensoria Pública, principalmente, daqueles que não

possuírem advogados particulares.

X

Equipe de

referência da

MSE.

Defensoria Pública.

Acionar o Ministério Público, para tomar providências, com relação

aos adolescentes que forem expostos pela mídia local de maneira

negativa, que os coloquem ou reforcem possível situação de risco,

X

Presidente do

COMDEDICA &

Conselho Tutelar

Promotoria da Infância e

Juventude.

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sobretudo, de morte.

ESTABELECER

ESTRATÉGIAS QUE

COÍBAM E/OU

INIBAM A

REITERAÇÃO DA

PRÁTICA

INFRACIONAL.

Articular com os representantes da Guarda C. Municipal e da PM a

presença de guardas e policiais nas imediações das escolas,

preferencialmente nos horários de entrada e saída de alunos, com

intuito de prevenir eventuais situações de risco.

X Secretária da

SEDUC.

Secretário da SEHAD &

Presidente do

COMDEDICA.

Solicitar à Polícia Civil o encaminhamento dos adolescentes

apreendidos para o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado

a Famílias e Indivíduos (PAEFI).

X

Técnicos de

Referência do

PAEFI.

Técnicos de Referência

da MSE &

Delegado da Polícia

Civil.

5.4 SISTEMA DE SAÚDE E O ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

CONSTRUÇÃO DE

PROTOCOLOS QUE

GARANTAM OS

DIREITOS

INFANTOJUVENIS

NA SAÚDE

Elaboração de um protocolo de atendimento e acompanhamento

clínico e psicológico do Adolescente. X

Secretário da

SEMUS.

Coordenação da Saúde

Mental &

Coordenação da Atenção

Básica em Saúde.

Elaborar e implantar um protocolo específico de atendimento na

UPA e Hospital Bom Pastor, para os adolescentes que chegam com

sinais de violência, tendo em vista a necessidade de realizar o

exame de Corpo de Delito para apuração de possível violência

policial.

X Secretário da

SEMUS.

Diretor da UPA e do

Hospital Bom Pastor &

Polícia Civil.

Estimular nos PSF e UBS a Busca Ativa dos adolescentes,

principalmente os da MSE, pelos Agentes Comunitários de Saúde

para que possam receber os cuidados básicos de saúde.

X Secretario da

SEMUS. Equipes PSFs.

Propor à Secretaria Municipal de Saúde a adesão à Política

Nacional de Atenção Integral a Saúde do Adolescente em Conflito

com a Lei, mediante a realidade do município de Varginha.

X Secretário da

SEMUS. Coordenadores de Saúde.

Garantir o acesso dos adolescentes aos serviços da Atenção

Primária de Saúde (APS) e de Saúde Bucal. X

Coordenação da

Atenção Primária

de Saúde.

UBS.

Implementar e estabelecer um fluxo ou protocolo de atendimento X Secretário da Coordenador do CAPS’i.

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37

aos adolescentes que estão em uso abusivo do álcool e da droga. SEMUS.

ELABORAÇÃO DE

CONVÊNIOS

Viabilizar meio de transporte aos adolescentes em cumprimento de

MSE que estão em acompanhamento pelo CAPS i, CAPS II e

CAPS ad e que não possuem meios para ir até o local.

X Secretário da

SEMUS

Chefe Departamento de

Trânsito &

Auto Trans.

Implantar o Consultório na Rua. X Secretário da

SEMUS Secretário da SEMFA

FORTALECIMENTO

DA REDE DE SAÚDE

NO ATENDIMENTO

AO ADOLESCENTE

EM CONFLITO COM

A LEI.

Realizar reuniões e discussões para alinhar o conceito sobre a

política de saúde para o adolescente em conflito com a lei, e a

execução de tal política.

X Secretário da

SEMUS

Coordenação dos

Serviços de Saúde &

Coordenação da Proteção

Social Especial de Média

Complexidade.

5.5 ESPORTE, LAZER E CULTURA E O ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

AMPLIAR A

OFERTA DE

ESPORTE, LAZER E

CULTURA.

Mapear as ações já executadas pela SEMEL X Secretário da

SEMEL.

Técnicos Desportivos da

SEMEL.

Prever novos investimentos de Esporte, Lazer e cultuta nos territórios

descobertos, de modo a ampliar (democratizar) o número de vagas

em mais bairros priorizando os bairros de residência dos adolescentes

da MSE.

X

Secretário da

SEMEL &

Superintendente

da FUNDAÇÃO

CULTURAL.

Secretário da SEMFA.

Fornecer vale transporte para os adolescentes que praticam esportes e

participam de atividades culturais. X

Secretário da

SEMEL &

Superintendente

da FUNDAÇÃO

CULTURAL.

--

FORTALECER A

AÇÃO

INTERSETORIAL E

DA INICIATIVA

PRIVADA

Desenvolver em conjunto com a SEMEL e FUNDAÇÃO

CULTURAL projetos e oficinas que possam atender os adolescentes

em MSE.

X

Equipe de

execução da

MSE.

Secretário da SEMEL &

Superintendente da

Fundação Cultural.

Realizar campanhas para fomentar a participação de empresas e da

sociedade civil no apadrinhamento de adolescentes inseridos em X

Equipe de

execução da

Coordenação do

CREAS;

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38

projetos de Esporte, Lazer e Cultura. MSE. Secretário da SEMEL &

Superintendente da

Fundação Cultural.

DEMOCRATIZAR O

ACESSO A

CULTURA

Estabelecer parceria de modo a oportunizar a participação dos

adolescentes em cumprimento da MSE nas atividades culturais do

município.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Secretário da SEMEL &

Superintendente da

Fundação Cultural.

Articular com a agenda cultural de modo a contemplar os interesses

dos adolescentes que cumprem MSE, sobretudo, no que se refere à

cultura de periferia.

X

FUNDAÇÃO

CULTURAL.

Equipes CRAS &

CREAS.

Ampliar a divulgação das ações culturais. X FUNDAÇÃO

CULTURAL. Casa da Cultura.

5.6 SISTEMA DE EDUCAÇÃO E O ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

PROMOÇÃO DA

INCLUSÃO DO

ADOLESCENTE DA

MSE NA ESCOLA

Sensibilizar os profissionais da educação para aceitação do

adolescente em cumprimento de MSE. X

Secretária da

SEDUC &

Superintendente

da SRE.

Equipe de execução da

MSE.

Dialogar com os profissionais da educação sobre o atendimento ao

adolescente da MSE. X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenadores &

supervisores

pedagógicos.

Incentivar a participação dos adolescentes em exames de certificação

do ensino fundamental e médio, como por exemplo, (CESEC,

ENEM, etc).

X

Equipe de

referência da

MSE.

Secretaria SEDUC &

Superintendente SRE.

Garantir vaga para os adolescentes que estão fora da escola, a

qualquer período do ano, conforme preconizado nas Diretrizes

Nacionais para o atendimento escolar de adolescentes e jovens em

cumprimento de medidas socioeducativas.

X

Secretária da

SEDUC &

Superintendente

da SRE.

Conselho Tutelar.

Criar mecanismos para agilizar o encaminhamento do histórico

escolar do Centro Socioeducativo para o CREAS dos adolescentes

que progridem do regime fechado.

X

Técnicos de

referência da

MSE.

Equipe Técnica CSE &

Superintendente da

SEDESE.

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Garantir a escolarização dos adolescentes da MSE que são

analfabetos. X

Secretária da

SEDUC &

Superintendente

da SRE.

Setores da Educação.

FOMENTAR

ARTICULAÇÃO DA

EDUCAÇÃO E

REDE DE

GARANTIA DE

DIREITOS

Articular a aproximação entre Superintendência Regional de Ensino

com toda rede de Garantia de Direitos. X

Técnicos de

referência da

MSE.

Coordenação do CREAS.

ESTRUTURAÇÃO

DA REDE DE

APOIO ÀS

ESCOLAS NA LIDA

COM O

ADOLESCENTE EM

CONFLITO COM A

LEI

Garantir o cumprimento da lei Estadual nº 16.683/06, que dispõe

sobre a atuação do Assistente Social nas Escolas. X

Secretário de

Governo &

Secretário da

SEMFA.

Secretária da SEDUC &

Superintendente da SRE.

Aproximar a relação dos profissionais da rede estadual e municipal

com o CREAS, para garantir a permanência dos ACL nas escolas. X

Coordenação do

CREAS &

Superintendente

da SEDESE.

Secretária da SEDUC &

Superintendente da SRE.

Fortalecer o trabalho intersetorial das equipes de educação. X

Secretária da

SEDUC &

Superintendente

da SRE.

Coordenação da

educação especial;

Coordenação de

orientação educacional &

Orientadores e diretores

de escola.

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40

5.7 PROFISSIONALIZAÇÃO, TRABALHO E RENDA E O ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

ESTABELECER

PARCERIAS,

DOCUMENTOS, E

FLUXO DE

REFERÊNCIA E

CONTRA

REFERÊNCIA COM

AS INSTITUIÇÕES

QUE OFERECEM

OS CURSOS.

Articular com vistas a garantir a inclusão do adolescente em

cumprimento da MSE em programas de profissionalização existentes

no município em caráter de prioridade.

X Coordenação do

CREAS.

CDCA &

Equipe de execução da

MSE.

Buscar novos parceiros para oferecer capacitação de curta duração

para os adolescentes em cumprimento de MSE. X

Coordenação do

CREAS.

Equipe de execução da

MSE.

CAPTAÇÃO DE

RECURSOS

Financiar cursos profissionalizantes para adolescentes da MSE. X Secretário da

SEHAD.

Presidente do

COMDEDICA.

Destinação de recursos para o custeio de passagem de ônibus para os

adolescentes da MSE, que não dispõem de recursos próprios para

arcar com tal despesa, de modo a garantir o acesso e permanência do

mesmo.

X Coordenação do

CREAS.

Presidente do

COMDEDICA.

ESTABELECER

PARCERIAS PARA

DIVULGAÇÃO DAS

AÇÕES.

Promover reuniões ampliadas com os membros da ACIV;

empresários; CDL; SINDCOMERCIÁRIOS; SINE; CTV, SEBRAE,

Secretaria de Indústria e Comércio e universidades.

X

Equipe de

execução da

MSE.

Secretário da SEHAD.

Realização de campanhas informativas que conscientizem os

empresários e sociedade da necessidade de profissionalização do

adolescente em cumprimento de MSE

X Secretário da

SEHAD. Coordenação do CREAS.

Incentivar empresas para a contração de adolescente em

cumprimento de MSE (Incentivo fiscal, responsabilidade social, etc.). X

Secretário da

SEMFA. Equipe de execução da

MSE.

ESTABELECER

PARCERIAS PARA

COFINANCIAR

CURSOS.

Incluir os adolescentes em cumprimento de MSE nos cursos

profissionalizantes. X

Coordenação do

CREAS.

Presidente do

COMDEDICA &

Coordenação do CDCA.

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41

5.8 DA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS

AÇÕES DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES PRAZO

RESPONSÁVEL CORRESPONSÁVEL 1º 2º 3º

CAPACITAR OS

PROFISSIONAIS DO

SIMASE

Promover um Programa de Capacitação continuada da equipe de

referência da Medida Socioeducativa em Meio Aberto. X

Secretário da

SEHAD.

Superintendente da

SEDESE.

ESCLARECER O

PAPEL DO

CONSELHO

TUTELAR.

Promover e assegurar a capacitação do Conselho Tutelar com relação

à MSE. X

Presidente do

COMDEDICA. Secretário da SEHAD.

Esclarecer os diversos órgãos de segurança pública do município

sobre o papel do Conselho Tutelar no processo de apreensão do

adolescente em conflito com a lei.

X Presidente do

COMDEDICA.

Coordenação do CREAS

&

Conselho Tutelar.

CAPTAÇÃO DE

RECURSOS

Destinar recursos para o custeio das atividades inerentes à política

municipal de atendimento socioeducativo. X

Secretário da

SEHAD. Secretário da SEMFA.

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6. MONITORAMENTO E EVALIAÇÃO

De acordo com as prerrogativas expressas nos artigos 18 a 2714

da Lei Federal nº.

12.594/2012 do SINASE, a qual determina que a reavaliação desse plano deve ser periódica,

ressaltamos que as ações contidas neste Plano deverão ser monitoradas e avaliadas por meio

da Comissão Intersetorial Permanente, a qual foi formada através dos integrantes que

participaram da elaboração do referido documento.

A proposta de monitorar e avaliar o Plano consiste em acompanhar o processo de

cumprimento e ou descumprimento das metas e ações estabelecidas, conforme definido os

prazos para serem executados. Para um monitoramento mais efetivo, a Comissão Permanente

deverá analisar as ações propostas, bem como o diagnóstico situacional da Medida

Socioeducativa de Varginha/MG.

É importante ressaltar que este Plano deverá ser revisto anualmente e acompanhado

sistematicamente pela comissão intersetorial, a qual se reunirá semestralmente para monitorar

e avaliar o andamento dos trabalhos, sendo fiscalizada pelo COMDEDICA, Ministério

Público e Poder Legislativo.

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Para consulta <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm>

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

“É preciso uma aldeia inteira, para educar uma criança”.

(Provérbios Africanos, grifo nosso).

A construção conjunta das ações, atividades e metas estabelecidas no Plano Decenal

de Atendimento Socioeducativo de Varginha, MG, para o período de 2017 a 2027, deverá ser

garantida pela equipe de execução das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, pela

Comissão Intersetorial Permanente, através da intersetorialidade entre as Políticas Públicas;

pelo Poder Executivo, SGD e, principalmente, pelos adolescentes e suas famílias.

Todos deverão trabalhar coletivamente para garantir que os objetivos sejam

alcançados para a melhoria das condições de vida dos adolescentes e familiares, vislumbrando

a proteção social e a possibilidade da não reiteração do ato infracional.

Ao Estado cabe garantir que a Política de Atendimento Socioeducativo seja ofertada

da melhor forma possível, conforme preconiza as prerrogativas e normativas da Política da

Infância e Adolescência.

Incube a família o papel de apoiar, cuidar e responsabilizar o adolescente,

principalmente para auxiliá-los no rompimento da prática infracional, pois consideramos que

o apoio familiar é um dos alicerces para tal mudança.

Ao adolescente compete refletir suas ações, ressignificar seus atos, ser

responsabilizado e ter seus direitos assegurados, para que possam ter possibilidades de

construir projetos de vida.

Da sociedade esperamos a ruptura com os preconceitos e limitações que dificultam e

até mesmo inviabilizam a (re) inserção social do adolescente em conflito com a lei, que em

algum período do seu desenvolvimento pleno como cidadão, envolveu-se com o ato

infracional.

Destarte, acreditamos que somente com o envolvimento e compromisso do Poder

Público, da Família, do Adolescente e da Sociedade é que será possível executar uma Política

de Atendimento Socioeducativo efetiva e de qualidade em nosso

município, contribuindo com a redução dos atos infracionais

cometidos pelos jovens. Afinal, a responsabilidade é de todos nós!

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REFERÊNCIAS

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Acesso em 20/06/2016.

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Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, nº. 191-A, 05 out. 1988.

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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm Acesso em 25 de

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WIKIPEDIA. Caso menino Bernardino. 2015. Disponível em

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_menino_Bernardino#cite_note-Serafini-4> Acesso em

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ANEXO

PORTARIA Nº. 01/2016

NOMEIA MEMBROS PARA COMPOR A COMISSÃO INTERSETORIAL

PARA CONSTRUÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO DO MUNICÍPIO DE VARGINHA – MG.

O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do

Município de Varginha - MG (COMDEDICA), no uso de suas atribuições legais, conforme

preconiza a Lei n°. 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei estadual nº.

21.163/2014, a Resolução nº. 152/2012 e a Resolução nº. 170/2014, ambas expedidas pelo

Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA, e a Lei

Municipal nº. 5.126/2009.

R E S O L V E:

Art. 1º Nomear os membros abaixo relacionados, para compor a Comissão Intersetorial para

Construção do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo do Município de

Varginha - MG:

CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE DE VARGINHA – MG

Maria Fernanda Thiago da Cunha

Luciene Barra Mina

PODER JUDICIÁRIO

Dúnia Ferreira Maia

Flávia Maria Freire Lemos Galanti

CONSELHO TUTELAR

Caroline de Souza Sebastião

Francine de Souza

SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

Milton de Souza Tavares Júnior

Rossini da Cruz dos Santos

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUÇÃO

Gisele Mendes Alves

Maria do Carmo Dias Carneiro

SENAI

Márcia Magalhães de Castro

Aparecida Luciana Gandini Palmeira

SECRETARIA DE ESTADO DE TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Nivaldo de Matos Vicente

Vanessa Santos Fortunato

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SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL –

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

Maria Efigênia Neves de Souza

Luiz Paulo de Oliveira

SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL –

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE

Aparecida Nêfagi Curi Rodrigues

Viviane Capitani Ferreira

SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL –

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE

Eveline Ribeiro Botrel

Débora Andrade Silva

SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE E LAZER

Dâmaris Monteiro

Erondina Leal Barbosa

FUNDAÇÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE VARGINHA – MG

Anny Meiry Albinati Ramos

Ana Luíza Pereira Romanielo

SECRETARIA MUNICIPAL DA FAZENDA

Wadson Silva Camargo

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO

Glauco Alves Caldonazo

SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO

Valéria Tavares Rabelo

POLÍCIA MILITAR

Ilza Paula de Brito

Darlan Esquincalha Moreno

POLÍCIA CIVIL

Otávio Miari Branquinho

Talita Yara Oliveira

CONSELHO MUNICIPAL DA JUVENTUDE

Ricardo da Cunha Sepini

Estela Cristina Vieira de Siqueira

CONSELHO MUNICIPAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA DE VARGINHA - MG

Fabíola Sebastiana Kelly Silva

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER DE VARGINHA – MG

Thais Mendes Pereira

Geovane Freire de Melo

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LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE Dérick Felipe Ferreira Rosa

Ana Carolina Falcão

FRENTE MUNICIPAL CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL DE

VARGINHA – MG

Jeanne Medina

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Vitor Rômulo Conde dos Reis

Jessica Soares Lapa Assis

SECRETARIA REGIONAL DE SAÚDE

Patrícia Fátima Bento

Maria de Lourdes Orozimbo Oliveira

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Valdene Amâncio

Yara Aparecida Teixeira Dias

Marilena Azaline Bernardes

GUARDA CIVIL MUNICIPAL

Gerson Alves da Trindade

Antônio Carlos de Figueiredo

CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Rodrigo Olegário da Silva

CÂMARA DOS VEREADORES DE VARGINHA – MG

Eutêmio Tavares Arantes

Paulo Gabriel

SENAC

Edivaldo Santos Amorim

Mariane Silva Bueno Braga

CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE

Claudio Miranda Souza

Maria Lucely Souza Ramos

Art. 2º Os membros da comissão, terão mandato enquanto durar a elaboração do plano, sendo

certo que, pelas atividades desenvolvidas, não terão direito a gratificações e rendimentos de

qualquer espécie.

Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

Varginha, 10 de agosto de 2016.

Maria Fernanda Thiago da Cunha

Presidente do COMDEDICA

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PRFEITURA MUNICIPAL DE VARGINHA

SEHAD - CREAS

Rua Irmão Mário Esdras, 306, Vila Pinto, telefone: 3690-2084

Site Institucional: http://www.varginha.mg.gov.br/

Blog do CREAS: http://creasvarginha.blogspot.com.br/

E-mail do CREAS: [email protected]

Autora: R.B.C, 2016.

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