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FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos Casa Civil Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos Relatório da 1ª Oficina Regional Região Metropolitana da Baixada Santista Março de 2017 Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Baixada Santista PRGIRS/BS

Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da ... · Claudio Antonio Fernandes Fernanda Faria Meneghello Fernando Murilo Lobão Soares ... Peterson Rodrigo Silva Rafael

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FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Casa Civil Secretaria de Desenvolvimento Econômico,

Ciência, Tecnologia e Inovação

Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos

Relatório da 1ª Oficina Regional

Região Metropolitana da Baixada Santista

Março de 2017

Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

da Baixada Santista PRGIRS/BS

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 i

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................... 1

2. Objetivos ................................................................................................................................. 3

3. Procedimentos Metodológicos ............................................................................................. 4

3.1. Mobilização de atores: convite e divulgação ................................................................ 4

3.2. Organização da oficina .................................................................................................... 9

4. Resultados da oficina .......................................................................................................... 14

4.1. Mobilização de atores: Participantes inscritos ........................................................... 14

4.2. Desenvolvimento da oficina .......................................................................................... 18

4.2.1. Parte 1 da oficina: Caracterização dos desafios e oportunidades na gestão de

resíduos sólidos da Baixada Santista ............................................................................... 20

4.2.2. Parte 2 da oficina: Etapas do PRGIRS/BS ........................................................... 29

4.2.3. Parte 3 da oficina: Estrutura organizacional e mecanismos de participação e

comunicação social ............................................................................................................. 35

5. Considerações finais ........................................................................................................... 38

Bibliografia ...................................................................................................................................... 41

ANEXOS .......................................................................................................................................... 42

Anexo A – Lista de Atores Consolidada (Atores previamente identificados, inscritos e

presentes na 1ª Oficina Regional) ........................................................................................... 43

Anexo B – Comentários dos participantes no ato de inscrição (item 3.1) que subsidiaram

a oficina participativa................................................................................................................ 48

Anexo C – Divulgação do projeto (clipping de notícias) ....................................................... 52

Anexo D – DVD com registro fotográfico do evento ............................................................. 55

Anexo E – Lista de presença ................................................................................................... 57

Anexo F – Resultados da dinâmica por grupo (formulário) ................................................. 65

Anexo G – Transcrição das falas dos relatores da dinâmica por grupo ............................. 72

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PLANO REGIONAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA BAIXADA SANTISTA

1ª OFICINA REGIONAL

AGÊNCIA METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA – AGEM Hélio Hamilton Vieira Junior – Diretor Executivo (AGEM) FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS - FEHIDRO INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A. - IPT

CENTRO DE TECNOLOGIAS GEOAMBIENTAIS – CTGEO LABORATÓRIO DE RESÍDUOS E ÁREAS CONTAMINADAS – LRAC LABORATÓRIO DE RECURSOS HÍDRICOS E AVALIAÇÃO GEOAMBIENTAL - LABGEO

Nestor Kenji Yoshikawa – Responsável pelo LRAC

COORDENAÇÃO Fernanda Faria Meneghello (AGEM) Cláudia Echevenguá Teixeira (IPT)

EQUIPE Ana Lúcia Buccolo Marques Carolina Prieto Claudio Antonio Fernandes Fernanda Faria Meneghello Fernando Murilo Lobão Soares Francisco Gomes Gustavo Prado Ignácio José Carvalho Conceição Luciana Freitas Lemos dos Santos Márcio Aurélio de Almeida Quedinho Marcos Augusto Ferreira Renata Abibe Ferrarezi Bernardino Sânia Cristina Dias Baptista

Ana Cândida Melo Cavani Monteiro Cláudia Echevenguá Teixeira Camila Camolesi Guimarães Daniel Carlos Leite Elisabeth Donega Diestelkamp Fabio Henrique Sicca Guiduce Fernanda Peixoto Manéo Gabriela Aparecida Rodrigues Romao Jozias da Cruz Letícia dos Santos Macedo Nestor Kenji Yoshikawa Priscila Ikematsu

APOIO Peterson Rodrigo Silva Rafael Capucini Tancredi Viviane Frigatto Paiatto Capa Elaborada a partir de imagem de satélite obtida no Google Earth (2016)

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1. Introdução

A mobilização social é um dos pilares para a elaboração do Plano Regional

de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Baixada Santista (PRGIRS/BS).

Todos os cidadãos e cidadãs, assim como as indústrias, o comércio, o setor de

serviços e, ainda, as instâncias do poder público (estadual e municipal) têm uma

parcela de responsabilidade pelos resíduos sólidos gerados, conforme

estabelecido na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010).

Nesse contexto, o envolvimento e a participação dos diferentes atores no

processo de elaboração do PRGIRS/BS são fundamentais para garantir que o

mesmo atenda às necessidades de uma gestão adequada dos resíduos sólidos

na região, sobre seus aspectos ambientais, econômicos e sociais. Entende-se

como atores indivíduos ou grupos de indivíduos que exerçam uma função ou são

afetados direta e indiretamente pela gestão e gerenciamento de resíduos sólidos

de forma legítima (fundada no direito, na razão ou na justiça).

Conforme apresentado no Plano de Mobilização Social estão previstos, ao

longo da elaboração do PRGIRS/BS, eventos para divulgar e elaborar as três

principais partes que constituem um plano de gestão integrada e regional de

resíduos sólidos, a saber: panorama/diagnóstico, prognóstico e plano de ação

(diretrizes e estratégias). Esses eventos (oficinas, audiências, reuniões técnicas,

entre outros) objetivam sensibilizar o maior número de atores (sociais,

econômicos e institucionais) e abrir espaço para a participação social. Assim,

todos podem colaborar e contribuir no entendimento do problema e na busca de

soluções, com ideias, informações e críticas, tornando-se corresponsáveis pelas

ações que deverão ser realizadas a partir do Plano de Gestão elaborado.

Registra-se que a proposta e a elaboração do processo participativo é uma

prerrogativa do grupo responsável pelo projeto de elaboração do PRGIRS/BS.

Desta forma, a primeira oficina regional visou dar início à participação direta de

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 2

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atores previamente identificados, desde o processo de inscrição, apresentando as

estratégias de mobilização propostas. Como primeira inserção direta dos atores

participantes, foi dada a oportunidade dos mesmos apresentarem suas

percepções acerca dos desafios e oportunidades em resíduos sólidos

domiciliares na Baixada Santista.

A 1ª Oficina Regional faz parte da 1ª Etapa do PRGIRS/BS, a qual iniciou o

processo de tomada de decisão compartilhada para a construção participativa do

PRGIRS/BS. O evento foi realizado no SESC-Santos, no dia 08 de março de

2017. Esse relatório apresenta os objetivos definidos, os procedimentos

metodológicos adotados e os resultados alcançados com a sua realização.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 3

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2. Objetivos

A 1ª Oficina Regional pretendeu:

apresentar a proposta de elaboração do Plano Regional de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos da Baixada Santista – PRGIRS/BS;

caracterizar os desafios e oportunidades da gestão de resíduos sólidos na

Baixada Santista, com ênfase em resíduos sólidos domiciliares, com a

participação dos diferentes atores;

divulgar o Plano de Mobilização Social, sua forma participativa e a

metodologia dos trabalhos; e

apresentar a estrutura organizacional e os mecanismos de participação e

comunicação social.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 4

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3. Procedimentos Metodológicos

A “1ª Oficina Regional - 1ª Etapa do Plano Regional de Gestão Integrada

de Resíduos Sólidos da Baixada Santista – PRGIRS/BS” é o primeiro evento

realizado para permitir a participação, estando previstas, ainda, outras oficinas

(regionais e microrregionais), audiências públicas e reuniões técnicas de trabalho

ao longo do processo de elaboração do PRGIRS/BS.

Essa 1ª Oficina Regional foi organizada pelo Comitê Gestor do

PRGIRS/BS. A sua condução ficou sob responsabilidade da equipe do IPT,

responsável por definir a metodologia e a dinâmica do evento. A seguir estão

apresentadas as principais atividades desenvolvidas para a sua realização.

3.1. Mobilização de atores: convite e divulgação

Uma das atividades realizadas e apresentada no Plano de Mobilização foi o

mapeamento de atores relacionados ao tema resíduos sólidos em toda a região

da Baixada Santista. Esta lista de atores foi concebida tendo a colaboração direta

do comitê gestor, do levantamento de informações nos planos integrados

municipais de resíduos sólidos, na lista de atores participantes do evento

“Resíduos em Foco – Coleta Seletiva e Economia Solidária” realizado em 02 de

setembro de 2016 e que teve a participação de técnicos do IPT, bem como na

solicitação direta a alguns atores. Nessa listagem, foram identificadas as

entidades e os representantes do poder público (federal, estadual e municipal), da

iniciativa privada, de órgãos reguladores, de universidades, de ONGs e derivados,

de profissionais autônomos, de sindicatos, de associações e cooperativas,

cidadãos, entre outros.

Esta lista continuou sendo ampliada, por meio de contatos com alguns

atores e pela atuação da Câmara Temática de Meio Ambiente e Saneamento, do

CONDESB, juntamente com a AGEM. Foi possível gerar uma lista com um total

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de 220 pessoas e entidades (Anexo A), distribuídas em dez categorias de atores

(Quadro 1).

Categorias de atores Nº de atores %

Associações e cooperativas 54 24,5

Iniciativa privada/mista (Empresas e prestadores de serviço) 11 5,0

Instituições de ensino e pesquisa (Universidades, Escolas, Institutos) 39 17,7

Ministério Público 2 0,9

Terceiro setor (ONGs, Fundações, Fórum, etc.) 23 10,5

Órgão colegiado (Condema, Comitês, Conselhos, etc.) 9 4,1

Poder público estadual 22 10,0

Poder público federal 6 2,7

Poder público municipal 48 21,8

Políticos (Deputados, vereadores, etc.) 6 2,7

TOTAL 220 100,0

Quadro 1 – Atores previamente identificados e convidados para a 1ª Oficina Regional.

Verifica-se que o maior número de atores pertence às associações e

cooperativas (24,5 %) seguido do poder público municipal (21,8 %), de

instituições de ensino e pesquisa (17,7 %) e, em quarto lugar, entidades do

terceiro setor (10,5 %), como ilustra a Figura 1.

Figura 1 – Distribuição dos atores identificados por segmento.

Esses atores foram convidados por e-mail específico gerado pelo IPT

([email protected]), utilizando-se um convite padrão (Figura 2). Os e-mails foram

enviados a partir do dia 24/02/2017, sendo reenviados nos dias que antecederam

a oficina.

24,5%

5,0%

17,7%

0,9%

10,5%

4,1%

10,0%

2,7%

21,8%

2,7%

Atores mobilizados por segmento

Associações e cooperativas

Iniciativa privada/mista (Empresas e prestadores de serviço)

Instituições de ensino e pesquisa (Universidades, Escolas, Institutos)

Ministério Público

Terceiro setor (ONGs, Fundações, Fórum, etc.)

Órgão colegiado (Condema, Comitês, Conselhos, etc.)

Poder público estadual

Poder público federal

Poder público municipal

Políticos (Deputados, vereadores, etc.)

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Figura 2 – Convite padrão enviado por e-mail aos atores.

A inscrição foi realizada por meio do aplicativo SurveyMonkey (Figura 3).

Essa ferramenta auxilia na sistematização de informações e permite obter

estatísticas para a análise dos dados coletados.

A confirmação da participação se deu pelo preenchimento de dados

pessoais e, se o participante tivesse interesse, poderia responder a uma questão

técnica não obrigatória (Figura 4), a qual foi concebida como estratégia de

mobilização e participação já no ato da inscrição. Os comentários e justificativas

para a escolha do fator que mais afeta a gestão eficaz dos resíduos sólidos, na

visão dos inscritos, estão apresentados no Anexo B.

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Figura 3 – Formulário de inscrição na oficina elaborado pelo SurveyMonkey.

Figura 4 – Questão técnica, não obrigatória, feita no momento da inscrição.

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As estratégias para a divulgação das ações previstas na elaboração do

Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Baixada Santista

(PRGIRS/BS) constam no Plano de Comunicação do projeto, elaborado pela

assessoria de comunicação da AGEM e do IPT. De acordo com o referido Plano,

diversos mecanismos de divulgação e mobilização serão utilizados durante todo o

projeto (Mídia Local/Regional/Estadual – jornais, rádios e televisão, portais de

notícias, sites oficiais, clippings de notícias).

Assim, todas as atividades, documentos e etapas do projeto estão sendo

comunicadas, para a mobilização de todos os atores (sociais, econômicos e

institucionais) envolvidos no processo, e outras instâncias de participação e

controle social. O Anexo C apresenta o material publicitário gerado para a

divulgação do projeto até o momento.

Um canal importante, lançado durante a 1ª Oficinal Regional, foi o hotsite

do projeto, disponível no link: http://www.agem.sp.gov.br/planoderesiduossolidos

(Figura 5). O canal disponibilizará os produtos referentes a cada etapa de

trabalho, as atas das reuniões, clipping de notícias, garantindo transparência ao

processo. Será, ainda, um meio de comunicação e registro de sugestões por

parte da sociedade, permitindo que qualquer um se manifeste a respeito do

trabalho. O Plano de Mobilização e seus anexos (Plano de Trabalho, Lista de

atores identificados e Plano de Comunicação) já estão disponíveis para consulta

na biblioteca do hotsite.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 9

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Figura 5 – Tela inicial do hotsite do projeto.

3.2. Organização da oficina

A 1ª Oficina Regional foi organizada pelo Comitê Gestor do PRGIRS/BS,

sendo o planejamento, operacionalização e condução da oficina sob

responsabilidade da equipe do IPT. O evento foi realizado no SESC-Santos (SP),

no dia 08 de março de 2017, e teve duração de 4 (quatro) horas. A programação

do evento (Figura 6) foi elaborada por meio de reuniões técnicas, sendo pautada

no arcabouço teórico sistematizado no desenvolvimento do projeto.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 10

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Figura 6 – Programação da 1ª Oficina Regional do PRGIRS/BS.

Deve-se ressaltar que, inicialmente, a oficina ia ser realizada nas

dependências da AGEM. Como o número de inscritos superou a capacidade do

auditório do prédio onde está sediada a Agência, o SESC foi procurado no intuito

de oferecer maior capacidade de acomodação. A realização do evento foi

autorizada, mas a entrada de alimentos externos não é permitida, de acordo com

suas regras internas. Assim, apenas café e água foram oferecidos aos

participantes.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 11

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Para a realização do evento, a equipe do IPT produziu um vídeo (Figura 7)

que abordou, de forma lúdica, o surgimento do projeto, apresentando os tipos de

resíduos e as etapas do seu gerenciamento (origem, tipo e quantidade, formas de

armazenamento, transporte e coleta, processamento e disposição final). A

importância da mobilização no processo de elaboração do PRGIRS/BS também

foi abordada, finalizando com a exposição da programação da 1ª Oficina

Regional.

Figura 7 – Vídeo produzido para a 1ª Oficina Regional, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=qFqwKMnz5H4&rel=0&utm_source=transactional&utm

_medium=email&utm_campaign=Transactional-Publish-success .

A Parte 1 da Oficina foi planejada para abordar a caracterização dos

desafios e as oportunidades para a gestão de resíduos na Baixada Santista. Essa

etapa foi iniciada com uma parte expositiva, apresentando-se alguns dados sobre

a produção de resíduos sólidos domiciliares na Baixada Santista e sobre a

realidade atual da disposição de resíduos na região.

Posteriormente, realizou-se uma atividade para o entendimento do

problema de forma interativa e participativa. Previamente, foram identificados seis

fatores de influência nos aspectos dos sistemas de gestão ambiental, a saber:

Ambiental, Financeiro/Econômico, Institucional/Organizacional, Político/Legal,

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 12

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Técnico e Sociocultural (os mesmos utilizados no ato da inscrição), conforme

ilustra a Figura 8.

Figura 8 – Principais parâmetros que afetam o desempenho dos sistemas de gestão de resíduos sólidos urbanos (adaptado de GUERRERO et al., 2013)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 13

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Os participantes foram divididos aleatoriamente em seis grupos, um para

cada fator. Cada grupo ficou sob a orientação de um facilitador da equipe do IPT,

cujo papel era conduzir e auxiliar no debate sobre os principais desafios e

oportunidades da gestão de resíduos sólidos na Baixada Santista, com a

participação de todos os convidados.

Na Parte 2 foram apresentadas as etapas técnicas de elaboração do plano

regional, a estrutura organizacional e, por fim, abordaram-se os mecanismos de

participação e comunicação social no final da oficina (Parte 3).

Todo o evento foi registrado em fotos, áudio e anotações da equipe técnica

presente. Os registros fotográficos feitos durante o evento estão consolidados no

Anexo D.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 14

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4. Resultados da oficina

Esse capítulo apresenta a sistematização das exposições feitas pelos

coordenadores da oficina, as contribuições oriundas da dinâmica em grupo e

debates, bem como alguns registros fotográficos do evento.

4.1. Mobilização de atores: Participantes inscritos

O Quadro 2 apresenta a quantidade de inscritos, por segmento, bem como

o número de atores previamente identificados e convidados para a 1ª Oficina

Regional.

Categorias de atores Nº de atores

Convidados

Nº de atores

Inscritos

Associações e cooperativas (Associações profissionais, comerciais,

catadores, religiosas, sindicatos, entre outros) 54 13

Iniciativa privada/mista (Empresas e prestadores de serviço) 11 9

Instituições de ensino e pesquisa (Universidades, Escolas, Institutos) 39 29

Ministério Público 2 0

Terceiro setor (ONGs, Fundações, Fórum, etc.) 23 12

Órgão colegiado (Condema, Comitês, Conselhos, etc.) 9 2

Poder público estadual 22 19

Poder público federal 6 1

Poder público municipal 48 18

Políticos (Deputados, vereadores, entre outros) 6 0

Profissional autônomo 0 5

TOTAL 220 108

Quadro 2 – Atores previamente convidados e inscritos na 1ª Oficina Regional.

A partir da análise do Quadro 2, nota-se que, da lista prévia (220 pessoas)

108 inscreveram-se para participar da 1ª Oficina Regional. O maior número de

inscritos foi do segmento “Instituições de ensino e pesquisa”, posteriormente

poderes públicos estaduais e municipais e, em quarto lugar, as associações e

cooperativas. A maior parte dos inscritos pertencia a segmentos previamente

identificados na Lista de Atores do Plano de Mobilização, que foram convidados

via e-mail.

Na chegada da oficina, os participantes foram recepcionados pela equipe

IPT e no ato assinaram a lista de presença (Anexo E), recebendo uma pasta

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 15

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contendo o programa da oficina, caneta, folhas para anotação e um número que

seria usado para a divisão dos grupos na dinâmica participativa (Figura 9).

Figura 9 – Material elaborado para a oficina: (a) Pasta, caneta, bloco e programação da

oficina; (b) Entrega do material na chegada dos participantes.

No total, participaram da oficina 113 pessoas, sendo 70 da lista de inscritos

e 43 que se inscreveram no próprio dia. Dos inscritos, o número de ausentes foi

de 38, perfazendo 35 % dos que se inscreveram (Quadro 3).

Categorias de atores Nº de atores

Convidados

Nº de atores

Inscritos

Nº de atores

Participantes

Associações e cooperativas (Associações profissionais,

comerciais, catadores, religiosas, sindicatos, etc.) 54 13 10

Iniciativa privada/mista (Empresas e prestadores de

serviço) 11 9 9

Instituições de ensino e pesquisa (Universidades,

Escolas, Institutos) 39 29 20

Ministério Público 2 0 2

Terceiro setor (ONGs, Fundações, Fórum, etc.) 23 12 14

Órgão colegiado (Condema, Comitês, Conselhos, etc.) 9 2 2

Poder público estadual 22 19 20

Poder público federal 6 1 0

Poder público municipal 48 18 31

Políticos (Deputados, vereadores, etc.) 6 0 0

Profissional autônomo 0 5 2

Sem identificação 0 0 3

TOTAL 220 108 113

Quadro 3 – Atores previamente convidados, inscritos e participantes da 1ª Oficina Regional.

Dos 113 participantes, 21 pessoas pertenciam a municípios de fora da

Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), principalmente São Paulo,

pois a lista incluiu a equipe do IPT e representantes do Governo do Estado de

(b) (a)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 16

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São Paulo. Assim, 92 participantes representaram os nove municípios da RMBS,

sendo que, desse total, 4,3 % pertenciam ao município de Bertioga; 5,4 % a

Cubatão; 9,8 % a Guarujá; 2,2 % a Itanhaém; 1,1 % a Mongaguá; 10,9 % a Praia

Grande, 58,7 % a Santos; e 7,6 % a São Vicente. Apenas o município de Peruíbe

não teve representante registrado na lista de presença, apesar de ter contado

com três pessoas inscritas. A Figura 10 mostra a distribuição dos participantes na

RMBS.

Figura 10 – Porcentagem de participantes da 1ª Oficinal Regional, por município.

Verifica-se, ainda, que o número de presentes ultrapassou o de inscritos.

Isso foi uma consequência da divulgação do evento no site oficial da AGEM,

como mostra a Figura 11, bem como pelo fato de muitas pessoas não fazerem

inscrição prévia. Com isso, mais pessoas se inscreveram no dia da oficina além

daquelas previamente inscritas. Destaca-se também que, para alguns, houve o

entendimento de que se tratava de uma “audiência pública” e não de uma

primeira oficina de trabalho. Contudo, o fato de ter motivado outros atores não

Bertioga4,3%

Cubatão5,4%

Guarujá9,8%

Itanhaém2,2%

Mongaguá1,1%

Praia Grande10,9%

Santos58,7%

São Vicente7,6%

Peruíbe0,0%

Participantes da 1ª Oficina, por município

Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Praia Grande Santos São Vicente Peruíbe

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 17

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previamente inscritos e/ou convidados, mostrou o interesse e a capacidade de

inserção do plano de comunicação proposto.

Figura 11 – Notícia de divulgação da 1ª Oficina Regional.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 18

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4.2. Desenvolvimento da oficina

O Quadro 4 apresenta a equipe mobilizada pelo IPT, que coordenou e

desenvolveu os trabalhos durante a oficina. Os funcionários estavam identificados

pelos seus crachás institucionais e ficaram responsáveis por diferentes atividades

ao longo do evento (Figura 12). A equipe da AGEM auxiliou acompanhou o

desenvolvimento dos trabalhos e auxiliou na organização logística da oficina.

Representantes da equipe IPT Função

Nestor Kenji Yoshikawa Moderador

Cláudia Echevenguá Teixeira Apresentadora

Gabriela Aparecida Rodrigues Romao Assessora de imprensa – fotos – filmagem

Jozias da Cruz Apoio logístico e de imagens

Elisabeth Donega Diestelkamp Relatora

Letícia dos Santos Macedo Facilitadora na dinâmica de grupo e oficina

Camila Camolesi Guimaraes Facilitadora na dinâmica de grupo e oficina

Priscila Ikematsu Facilitadora na dinâmica de grupo e oficina

Ana Candida Melo Cavani Facilitadora na dinâmica de grupo e oficina

Fabio Henrique Sicca Guiduce Facilitador na dinâmica de grupo e oficina

Daniel Carlos Leite Facilitador na dinâmica de grupo e oficina

Quadro 4 – Equipe do IPT responsável pela condução da oficina.

Figura 12 – Alguns representantes da equipe do IPT identificados por seus crachás institucionais: (a) Facilitador Grupo 1; (b) Facilitador Grupo 3; (c) Facilitador Grupo 6.

A abertura do evento contou com a participação do IPT, representado pelo

chefe do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas do IPT, Nestor Kenji

Yoshikawa (também moderador da oficina); da AGEM, representada pelo seu

Diretor Executivo Hélio Vieira; e do CONDESB, representado pelo Prefeito de

Praia Grande e Presidente do Conselho, Alberto Mourão (Figura 13).

(a) (b) (c)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 19

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Figura 13 – Abertura do evento: (a) Hélio Vieira, da AGEM (de pé, à esquerda) e Prefeito de Praia Grande Alberto Mourão e Presidente do CONDESB (de pé, à direita); (b) Nestor

Kenji Yoshikawa, do IPT (moderador da oficina).

Entre os pontos abordados nos discursos de abertura, destacam-se:

A importância da mobilização e participação dos atores no projeto, para

entender as demandas e as preocupações das principais entidades

relacionadas à questão dos resíduos na Baixada e para montar um cenário

de caracterização do problema (IPT);

A relevância de um apoio técnico-científico no planejamento e na gestão

mais consciente dos resíduos sólidos na Baixada Santista, bem como a

necessidade de selecionar a tecnologia de tratamento de resíduos que

melhor se adeque à realidade financeira dos municípios (CONDESB);

A necessidade de um trabalho conjunto das cidades, baseado em

informação para solucionar a questão dos resíduos (CONDESB);

O sucesso do PRGIRS/BS depende da aproximação da sociedade civil, do

poder público e dos técnicos que estão elaborando o Plano (AGEM).

O moderador da oficina apresentou os membros da equipe do IPT e

explicou a organização do evento, o qual foi dividido em três partes: Parte 1,

focada no entendimento do problema; Parte 2, para mostrar as etapas para a

elaboração do Plano Regional de Resíduos Sólidos da Baixada Santista, incluindo

o Plano de Mobilização; e Parte 3, para exposição da estrutura organizacional e

mecanismos de participação e comunicação.

(a) (b)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 20

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

O início das atividades foi feito por meio de um vídeo, elaborado pelo IPT,

com objetivo de ilustrar a dinâmica de trabalho. O curta-metragem abordou, de

forma lúdica, o surgimento do projeto, apresentando os tipos de resíduos e as

etapas do seu gerenciamento (origem, tipo e quantidade, formas de

armazenamento, transporte e coleta, processamento e disposição final).

Destacou-se, ainda, a importância da mobilização no processo de elaboração do

PRGIRS/BS, finalizando com a exposição da programação da 1ª Oficina Regional.

Após essa introdução, deu-se início às três etapas programadas, descrita a

seguir.

4.2.1. Parte 1 da oficina: Caracterização dos desafios e oportunidades na gestão de resíduos sólidos da Baixada Santista

A pesquisadora do IPT, Cláudia Echevenguá Teixeira, iniciou a Parte 1 da

oficina com a apresentação de alguns dados sobre a produção de resíduos

sólidos domiciliares na Baixada Santista, informando a realidade atual da

disposição de resíduos na região. Salientou que o Sítio das Neves, principal local

de disposição de resíduos da Baixada Santista, deve ter sua capacidade

esgotada1 (Figura 14). Enfatizou que é preciso encontrar soluções para a gestão

das cerca de 1600 toneladas de resíduos geradas por dia na região (CETESB,

2014) e criar mecanismos para agregar valor a essa matéria-prima, cuja

composição é bastante heterogênea.

1 A notícia “CETESB proíbe ampliação de aterro sanitário; AGEM estuda alternativas” está

disponível no link: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/jornal-tribuna-2edicao/videos/v/cetesb-proibe-ampliacao-de-aterro-sanitario/5698119/.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 21

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Figura 14 – Apresentação feita pelo IPT: (a) apresentação de dados sobre a realidade

dos resíduos sólidos na Baixada Santista; (b) público presente.

Nesse processo de tomada de decisão, destacou ainda a importância da

colaboração dos atores para efetividade do projeto, a inclusão social e a

articulação entre as esferas do poder público e do setor empresarial, aspectos

previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010).

A pesquisadora expôs o modelo que está sendo adotado na elaboração do

PRGIRS/BS, cujo processo geral de tomada de decisão é baseado em

multicritério, seguindo um fluxo que se inicia com a identificação e organização do

problema, passando para uma avaliação das possíveis alternativas, que resultará

no desenvolvimento de um Plano de Ação (Figura 15).

Figura 15 – Etapas do processo geral da tomada de decisão baseada em multicritérios.

(a) (b)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 22

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Por isso, a 1ª oficina foi concebida visando o entendimento do problema

junto a todos os atores, para definir, conjuntamente, quais são as melhores

estratégias para resolvê-lo. Segundo a pesquisadora, a tomada de decisão é

extremamente complexa, pois envolve „multifatores‟ e „multiatores‟ em busca de

uma gestão integrada e mais sustentável dos resíduos, exigindo a participação de

todos para se chegar a uma solução efetiva.

Na sequência, a pesquisadora apresentou a estatística dos inscritos

(apresentada no item 4.1) e passou para o início da dinâmica de grupo. Destacou

a importância de diferentes olhares para uma mesma questão, independente do

conhecimento do participante sobre ela, para enriquecer o conhecimento do

problema.

Na atividade, os participantes foram divididos aleatoriamente em seis

grupos, um para cada fator de influência nos aspectos dos sistemas de gestão

ambiental identificado nas pesquisas bibliográficas realizadas para o Plano de

Mobilização (Quadro 5). A divisão foi feita conforme o número que constava na

pasta disponibilizada na chegada dos participantes.

Grupo Aspecto Facilitador (IPT) Nº de pessoas

1 Ambiental Fabio Henrique Sicca Guiduce 15

2 Financeiro/Econômico Letícia dos Santos Macedo 16

3 Institucional/Organizacional Ana Candida Melo Cavani 9

4 Político/Legal Priscila Ikematsu 10

5 Técnico Camila Camolesi Guimarães 11

6 Sociocultural Daniel Carlos Leite 18

Quadro 5 – Divisão de grupos por aspecto, respectivos facilitadores e número de

participantes.

Nessa dinâmica, cada grupo ficou sob a orientação de um facilitador da

equipe do IPT (Figura 16), cujo papel era conduzir e auxiliar no debate sobre os

principais desafios e oportunidades da gestão de resíduos sólidos na Baixada

Santista, com a participação de todos os convidados.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 23

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Figura 16 – Dinâmica em grupo participativa: (a) Grupo 2 – Aspecto

Financeiro/Econômico; (b) Facilitadora do Grupo 3 – Institucional/Organizacional.

Os grupos, propositalmente multifacetados, deveriam elencar, no mínimo,

três desafios/problemas e três oportunidades/soluções para a gestão de resíduos

sólidos da Baixada Santista. Após a discussão em grupo, foi solicitado pelo

facilitador alguém do grupo para ser o relator. Não houve discussão,

necessariamente, para escolher o relator (aquele que se prontificou foi o

escolhido), o qual deveria preencher um formulário (Figura 17) e apresentar em

plenária os resultados do grupo. As cópias das anotações feitas pelo relator de

cada grupo estão apresentadas no Anexo F.

Figura 17 – Dinâmica em grupo participativa: (a) Exemplo de formulário do Grupo 2 –

Fator Financeiro/Econômico; (b) Grupo 6 – Fator sociocultural.

Após 30 minutos de atividade, cada relator sintetizou e apresentou as

percepções do grupo, abrindo-se, posteriormente, um espaço para manifestações

do público em geral (Figura 18).

(a) (b)

(a)

(b) (a)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 24

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Figura 18 – Dinâmica participativa: (a) Apresentação da relatoria do Grupo 1 – Aspecto

Ambiental; (b) Apresentação da relatoria do Grupo 4 – Fator Político/Legal.

Conforme a percepção dos facilitadores houve, inicialmente, uma

dificuldade de focar no fator definido para o grupo, pois cada um queria expor os

seus anseios pessoais. Por isso, verificou-se a importância do dinamizador para

explicar o assunto, fornecendo exemplos do que se tratava o tema específico em

discussão. Como a divisão dos grupos foi aleatória, alguns apresentaram maior

número de pessoas, o que dificultou a atuação do facilitador e a participação de

todos. No entanto, de uma maneira geral, a maior parte das pessoas conseguiu

se expressar nos grupos. Naturalmente, houve divergência de opiniões e de

interesse dentro dos grupos, pois foram propositalmente compostos por diversos

segmentos e com diferentes graus de conhecimento sobre o fator abordado.

Considerando a complexidade do tema, o número de pessoas e o anseio

dos participantes em expor suas ideias, a administração do tempo estipulado para

realizar as discussões (30 min) não foi uniforme. Alguns grupos não conseguiram

finalizar o debate de forma a chegar a um consenso e outros conseguiram cumprir

a atividade no prazo.

Como resultado da dinâmica, dois principais conjuntos de informações

foram sistematizados: (a) principais desafios/problemas, oportunidades/soluções

registrados no formulário (papel) pelos seis representantes de cada grupo

(Quadro 6 e Anexo F); e (b) relatos feitos oralmente pelos seis representantes de

cada grupo. A transcrição das falas foi feita a partir do áudio gravado no evento e

a íntegra dos relatos está apresentada no Anexo G.

(b) (a)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 25

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Grupo Aspecto Relator Desafios/problemas Oportunidades/Soluções

1

Am

bie

nta

l

Hélio Lopes

(CREA/

CONSEMA)

1. Uma pequena fração dos recicláveis possui valor econômico comerciável.

2. Identificação dos pontos de fiscalização e controle.

3. Grandes perdas térmicas por falta de uso de calor em áreas tropicais

(exemplo: calefação) e grande volume de matéria orgânica, apresentando

baixo poder calorífico.

4. Falta de uma ação conjunta (consenso).

1. Existência de grandes volumes de recicláveis.

2. Existência de um quadro legal e político.

3. Geração de energia.

4. Agir como uma metrópole, somando recursos para solucionar os problemas

ambientais.

2

Fin

ance

iro/

Econô

mic

o

Renato Prado

(Fórum da

Cidadania).

1. Coordenar ações para fazer cumprir a logística reversa, fazer pagar a

indústria por sua responsabilidade e ajudar fomentar a economia da

reciclagem.

2. Investimentos para melhorar a gestão dos resíduos, fomentar a educação

ambiental, mudanças de hábitos.

3. Conciliar os orçamentos dos municípios de forma coordenada para

viabilizar a regionalização e a implementação das ações de reciclagem e

educação ambiental.

1. Geração de emprego e renda, com investimento na economia solidária, reciclagem,

compostagem, gestão e capacitação.

2. Reduzir a extração de matéria-prima motivando o ciclo virtuoso de reciclagem e

compostagem.

3. Valorizar a indústria da reciclagem e o valor econômico dos materiais.

3

Institu

cio

nal/

Org

aniz

acio

na

l

Zahra Adnan

Kabbara de

Queiroz

(Unisantos)

1. Encontrar/desenvolver parcerias com empresas/ organizações/cooperativas

na solução de problemas relacionados aos resíduos.

2. Definir diretrizes para a gestão da verba direcionada para a gestão de

resíduos, democratizando a sua utilização.

3. Buscar/desenvolver competências (profissionais, empresas, especialistas)

para lidar com os problemas dos resíduos gerados.

4. Buscar o alinhamento da legislação entre as diferentes prefeituras.

1. Possibilidade de gerar renda com o tratamento adequado dos resíduos, em função

das parcerias (criadas).

2. Redução do consumo dos recursos naturais – conscientização – redução da geração

de resíduos.

3. Modernizar a legislação da região em função do alinhamento da legislação.

4

Político/

Lega

l

Almachia Zwarg

Acerbi

(Promotora de

Justiça –

GAEMA)

1. Vontade política, pois não há priorização do tema.

2. Aspecto cultural e falta de informação.

3. Desconhecimento da legislação.

4. Questões financeiras.

1. Regionalizar a solução, considerando a heterogeneidade dos municípios.

2. Fortalecimento das cooperativas.

3. Incrementar a coleta seletiva e melhorar a educação ambiental.

4. Aplicação de multas.

5

Técnic

o

Rodrigo –

(Sociedade civil,

Ecofaxina)

1. Separação dos resíduos, educação ambiental.

2. Desenvolvimento de indústria de reciclagem na região; atração de

empresas transformadoras; atração de recursos para implantação das

tecnologias; valorização dos resíduos (oferecimento de vantagens financeiras

para atrair investimentos); e realização de parcerias.

3. Implementação de políticas de incentivo para a redução da geração de

resíduos e implantação das tecnologias; integração entre os municípios (gerar

volume para investimentos); estabelecimento de contratos específicos para

cada tipo de resíduo; legislação atrelada à técnica (há tecnologia, o que falta é

gestão).

1. Integração entre os municípios, realização de parcerias, atração de indústrias

recicladoras para Cubatão (reconstrução do parque industrial).

2. Implantação de sistema de logística reversa (não só para os resíduos exigidos por

lei); desenvolvimento de aplicativos para integração da gestão de resíduos –

ferramentas tecnológicas para o município como um todo.

3. Substituição de combustível nas indústrias por combustíveis derivados de resíduos;

utilização do potencial hidroviário da Baixada Santista para o transporte de resíduos.

6

Socio

cu

ltura

l Dimitri Auad

(PROAM /

CONAMA) e

Tatiana P.B. de

Araújo (FLOW)

1. A sociedade não conhece, não tem acesso às informações sobre os

resíduos (custos, impactos, perdas, gestão), por isso não tem interesse e não

muda sua relação com o consumo. Ausência de trabalhos de conscientização

nas escolas públicas/privadas.

2. A privatização do lixo estimula a geração de mais lixo e não contribui para a

maior participação popular com a redução de resíduos. Não há interesse das

empresas do setor na redução do lixo.

3. Não existe uma política pública efetiva, organizada e conectada com os

stakeholders.

1. Inserção da educação ambiental em todos os níveis de ensino. Trabalhando de

forma lúdica e tornando as pessoas mais sensíveis e próximas das questões

ambientais.

2. Exigência de contratos de licitação com empresas de coleta e tratamento de

resíduos, onde uma porcentagem do orçamento anual fosse revertida em projetos de

conscientização e educação ambiental.

3. Criação de centro público de economia solidária para unir setor público,

universidades, sociedade civil e entidades empresariais.

Quadro 6 – Registro dos desafios/problemas e oportunidades soluções feito no formulário.

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 26

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Os seguintes aspectos podem ser destacados a partir dos pontos

abordados no discurso/registro dos relatores de cada grupo e considerando,

também, as percepções gerais dos facilitadores acerca das questões discutidas

em grupo:

GRUPO 1 (Fator Ambiental): o relator do Grupo 1 apresentou as diferentes

opiniões, incluindo aquelas que estavam além da listagem em papel, mas

que foram discutidas durante o andamento da oficina. Como exemplo, cita-

se a educação ambiental que, na opinião do grupo, deveria ter grande

investimento do poder público, bem como a necessidade de estudos para a

melhor aplicação e solução de gestão de resíduos de acordo com as

necessidades locais, uma vez que a região enfrenta ausência de espaço

físico. Outros itens que o grupo considerou importantes foram: o fato de

muitos resíduos, apesar de serem recicláveis, não apresentarem valores

comerciais; e a necessidade de uma ação conjunta para solucionar

problemas ambientais. Além disso, pequenos detalhes foram ditos em

caráter particular como: ausentar as prefeituras em auxílio às cooperativas,

responsabilizando somente os grandes geradores; e a informar o público

de que o tratamento biológico é uma medida mais eficiente que a

incineração, tendo sido discutido em grupo que estudos deveriam ser

realizados para essa comprovação.

GRUPO 2 (Fator Financeiro/Econômico): o relator do Grupo 2 abordou

alguns aspectos discutidos em grupo e acrescentou outros assuntos sob o

seu ponto de vista e experiência pessoal. Entre itens discutidos em grupo

destacam-se: a relutância das empresas privadas em pagar pelos custos

da logística reversa, bem como a dificuldade em implementar a logística

reversa, como no caso das embalagens devido à pulverização das

empresas produtoras. O grande desafio identificado pelo grupo é de fazer

com que a indústria assuma a responsabilidade dos resíduos gerados.

Para melhoria, foi citada a redução da carga tributária de produtos

recicláveis, mas, por outro lado, foi mencionado que essa ação poderia

gerar a possibilidade de incentivar as pessoas a gerarem mais resíduos

dessa natureza. Também foi identificada a dificuldade em separar os

diferentes fatores que influenciam no desempenho do sistema.

GRUPO 3 (Fator Institucional/Organizacional): a relatora do Grupo 3

abordou todos os pontos discutidos em grupo. Foi destacada a importância

da construção de parcerias, entre organizações e as prefeituras e também

entre as prefeituras e, o alinhamento das leis municipais, já que o plano

será regional. Foi sugerida a busca de profissionais da área de resíduos

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 27

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

sólidos pelas prefeituras, para dar suporte neste momento de discussão,

tomada de decisões e implantação de soluções de uma questão tão

complexa. Quanto às oportunidades, foi salientada a redução de geração

de RS, conscientização, educação ambiental, a possibilidade de revisão de

muitas leis municipais. Destacaram que existem assuntos que devem ser

tratados na baixada de forma regional. Constatou-se que a questão é

complexa e séria, pois envolve muitos interesses. Por outro lado, existe

muita vontade e disposição de se encontrarem as soluções.

GRUPO 4 (Fator Político/Legal): a relatora do Grupo 4 apresentou todos os

pontos debatidos pelos participantes. A vontade política, apesar de ter sido

apresentada como desafio/problema, também foi colocada por atores do

segmento municipal como oportunidade. Isso porque é a primeira vez que

todos os municípios da RMBS estão se reunindo em prol da resolução

conjunta do problema dos resíduos. Foi mencionado que há uma

expectativa muito grande de que o Plano a ser elaborado pelo IPT mostre

soluções e não somente aponte diretrizes. Os participantes esperam que

os resultados auxiliem na seleção de áreas e tragam informações úteis ao

licenciamento ambiental, que dependerá da alternativa ou conjunto de

alternativas a serem definidas no Plano. Entre os problemas, foi citado que

as Prefeituras não cumprem o seu papel na gestão de resíduos, que

existem vários locais de disposição inadequada irregulares, que há um

grande desconhecimento sobre a legislação, apesar de existir a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, que existem iniciativas paralelas à

execução do Plano, devendo urgentemente ser integradas (como uma lei

no município de Santos que trata da questão dos resíduos). A informação

foi colocada como essencial no processo, mas o próprio representante da

prefeitura admite ter dificuldade em efetivar essa ação com a população. O

grupo acredita que devem ser criados mecanismos para a continuidade

das ações planejadas.

GRUPO 5 (Fator Técnico): o relator do Grupo abordou os principais pontos

discutidos em grupo e acrescentou outros assuntos sob o seu ponto de

vista e experiência pessoal. Houve um consenso de que o principal desafio

é promover a correta separação dos resíduos, sem a qual não é possível a

implantação de tecnologias de tratamento. Além disso, destacou-se a

necessidade de as administrações públicas apresentarem contratos

específicos para cada tipo de resíduo, para facilitar a gestão e a

implantação de tecnologias específicas, bem como um planejamento prévio

para saber o que se fará com o resultado do tratamento dos resíduos.

Citou-se a possibilidade do desenvolvimento de indústria de reciclagem e

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 28

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

atração de empresas transformadoras para a região, de forma a obter-se

um custo de transporte viável. Um ponto importante foi a necessidade de

atração de recursos para a implantação das tecnologias, tanto por meio de

políticas de incentivo quanto pela realização de parcerias, valorização dos

resíduos e oferecimento de vantagens financeiras para atração de

investimentos e empresas. O grupo concordou, ainda, que há soluções

técnicas, o que falta é melhoria da gestão dos resíduos. Quanto às

tecnologias, citou-se a necessidade de maiores incentivos à realização de

práticas de compostagem, sendo discutidas também as práticas de

incineração e biodigestão. Quanto à incineração, algumas pessoas no

grupo mostraram-se contrárias, não acreditando que essa seja uma forma

viável de tratamento dos resíduos. Falou-se também na necessidade de

investimentos em tecnologias que retornem às práticas antigas, de redução

de geração de resíduos, como redução de embalagens e reaproveitamento

de materiais. Houve um consenso de que um dos maiores desafios é a

implantação de programa de educação ambiental, sem os quais não será

possível implantar soluções técnicas. Foram citados exemplos de Nova

Iorque e Alemanha, que conseguiram implementar a separação dos

resíduos e obtiveram uma maior qualidade nos produtos após o tratamento

por meio do investimento em educação ambiental. Com relação às

oportunidades/soluções, citou-se a necessidade da integração entre os

municípios e a implantação de ferramentas tecnológicas para o município

como um todo, para facilitar e integrar a gestão de resíduos. Isso poderia

ser feito por meio do desenvolvimento de aplicativos e de um sistema de

logística reversa para todos os tipos de resíduos, não somente para os

resíduos abrangidos pela lei. Uma solução apontada seria a atração de

indústrias recicladoras para Cubatão; substituição do combustível utilizado

pelas indústrias por combustível derivado de resíduos (ponto que gerou

discordâncias) e aproveitamento do potencial hidroviário da Baixada

Santista para o transporte de resíduos.

GRUPO 6 (Fator sociocultural): Para muitos a origem da questão está no

atual sistema econômico, baseado em uma economia linear e que cria

barreiras para qualquer iniciativa que pretenda seguir o rumo de uma

economia circular. No campo das divergências, integrantes do grupo

discordavam sobre qual setor – público ou privado - teria maior

responsabilidade e poder de influência na forma como a população lida

com os resíduos que gera. Alguns defenderam que a privatização do

sistema de gerenciamento de resíduos, da forma como é feita hoje, não

estimula qualquer redução na geração domiciliar, uma vez que os ganhos

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 29

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

das empresas contratadas estariam proporcionalmente ligados às

quantidades geradas. Sendo assim, quanto mais resíduo a empresa de

coleta/tratamento opera, maior seu retorno financeiro. Outros defenderam

que o maior peso de influência e responsabilidade recai sobre o setor

público, uma vez que não há fácil acesso a informações básicas sobre a

gestão municipal dos resíduos, tais como as quantidades geradas, os

custos envolvidos e os impactos ambientais associados. Ainda sob a

mesma óptica, foi mencionada a falta de políticas públicas e trabalhos de

conscientização em todos os níveis de ensino, contribuindo para que as

pessoas se tornem pouco capacitadas para mudar sua relação com o

consumo e descarte de resíduos. No campo das oportunidades/soluções,

houve consenso no grupo de que ambos os setores (público e privado),

carecem de ações que resultem em maior participação das pessoas na

gestão municipal dos resíduos. A educação ambiental foi fortemente

apontada como a solução de maior relevância. Também foram propostas

mudanças nas formas de contratação das empresas de coleta e tratamento

de resíduos, de maneira a remunerá-las pela qualidade do serviço prestado

e não mais por quantidade de resíduo coletado/tratado. A obrigatoriedade

de reverter parte dos lucros em ações de conscientização e inovações que

possam contribuir para a redução ou o melhor aproveitamento do resíduo

também faria parte de uma nova política de contratação. Outra

oportunidade citada foi a criação de centros públicos de economia solidária,

onde o setor público, universidades, sociedade civil e entidades

empresariais pudessem ter espaço para interagir abertamente.

4.2.2. Parte 2 da oficina: Etapas do PRGIRS/BS

A coordenadora do projeto iniciou a segunda parte da oficina apresentando

os resultados da enquete online feita por meio da ferramenta SurveyMonkey no

ato da inscrição. Essa estratégia permitiu obter um primeiro conjunto de

informações sobre a percepção dos atores para o entendimento dos fatores que

mais afetam a gestão eficaz do lixo nos municípios.

Até o dia anterior ao evento (07/03/2017), a oficina contava com 95

pessoas inscritas. Desse universo, 76 responderam à hierarquização (80 %), 49

pessoas comentaram (51 %) e apenas 4 pessoas tiveram problemas para

responder (4,2 %). Em relação às respostas, verificou-se que o fator ambiental foi

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 30

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

considerado o mais relevante na gestão de resíduos sólidos (35,5 %), seguido do

fator político-legal (19,7 %), depois o fator sócio/cultural (19,7 %), financeiro-

econômico (13,2 %); técnico (6,6 %) e, por fim, institucional/organizacional

(5,3 %), como mostra a Figura 19.

Figura 19 – Importância dos fatores de influência na gestão de resíduos sólidos, conforme percepção dos inscritos, antes da realização da oficina.

Como nem todos os presentes tinham feito a inscrição por meio do

SurveyMonkey, foi solicitado o preenchimento desse formulário mesmo após a

realização da oficina, a fim de se obter a percepção e o contato de todas as

pessoas presentes.

Assim, após o evento, os novos números foram: 113 pessoas inscritas, dos

quais 91 responderam à hierarquização (80,5 %), 60 comentaram (53,1 %) e

apenas 4 pessoas tiveram problemas para responder (3,5 %). Em relação às

respostas, verificou-se que o fator ambiental foi considerado o mais relevante na

gestão de resíduos sólidos (31,9 %), seguido do fator sócio/cultural (22,0 %), do

fator político-legal (18,7 %), depois financeiro-econômico (13,2 %),

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

35,53%

19,74% 19,74% 13,16%

6,58% 5,26%

Distribuição de importância dos fatores (antes da oficina)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 31

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

institucional/organizacional (7,7 %) e, por fim, o fator técnico (6,6 %), como mostra

a Figura 20.

Figura 20 – Importância dos fatores de influência na gestão de resíduos sólidos, conforme percepção dos inscritos, após a realização da oficina.

Na sequência, a coordenadora do projeto, Cláudia Echevenguá Teixeira

apresentou as quatro etapas para a elaboração do PRGIRS/BS (Figura 21). Cada

etapa foi detalhada quanto ao tempo de execução e produtos esperados com a

sua conclusão.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

31,9%

22,0% 18,7% 13,2%

7,7% 6,6%

Distribuição de importância dos fatores (depois da oficina)

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 32

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Figura 21 – Etapas para a elaboração do PRGIRS/BS.

A Etapa 1, com duração de 3 meses, consistiu na elaboração do Plano de

Mobilização e de Comunicação. A pesquisadora do IPT informou que a Minuta

desse produto já foi apresentada à Câmara Temática de Meio Ambiente e

Saneamento do CONDESB, em 30/11/2016, e aos demais membros do

CONDESB em dezembro de 2016. Foi salientado que as atividades foram

iniciadas em novembro/2016, mas oficialmente a data de início foi janeiro/2017,

quando houve a liberação dos recursos pelo Fehidro (referente a primeira

parcela).

Destacou, também, que o Plano de Mobilização Social visa garantir a

elaboração de forma participativa o Plano Regional de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos da Baixada Santista (PRGIRS/BS), que traga como resultado a

gestão adequada dos resíduos sólidos na região sobre seus aspectos ambientais,

econômicos e sociais. Por isso, espera-se um engajamento no problema e na

busca de soluções, a colaboração e participação dos diversos atores e a

responsabilidade compartilhada para efetivar as estratégias do Plano. Reiterou,

ainda, que essa 1ª Oficina já faz parte dessa primeira atividade, tornando pública

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 33

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

a estratégia de mobilização por meio da disponibilização do Produto 1 – Plano de

Mobilização Social.

A Etapa 2 refere-se à elaboração do Panorama dos Resíduos Sólidos na

RMBS, com duração de 6 meses. A pesquisadora explicou que essa etapa já foi

iniciada e que será composta por dados socioeconômicos; legislação em vigor;

diagnóstico da geração e gerenciamento de resíduos sólidos (custos, estrutura

operacional de coleta e transporte, destinação); passivos ambientais e iniciativas

de educação ambiental. Informou que o trabalho sistematiza os dados

secundários e destacou a importância de mostrar a realidade pautada em

números e informações, as quais serão disponibilizadas para que todos tenham

conhecimento dos resultados. Salientou a importância de dados primários,

informando que foi realizado um trabalho de campo intensivo durante o mês de

fevereiro para a caracterização física e gravimétrica dos resíduos de todos os

municípios da RMBS. O trabalho será apresentado em oficinas microrregionais,

em meados de junho, e validado nas audiências públicas microrregionais.

Na Etapa 3, com duração de 3 meses, o trabalho é direcionado ao

Prognóstico dos Resíduos Sólidos na RMBS. Para isso, a pesquisadora

esclareceu que, a partir do Panorama, critérios de agregação de municípios para

identificação dos arranjos serão estabelecidos, que é um dos grandes desafios,

pois passa pela definição das responsabilidades compartilhadas. Além disso, as

áreas potencialmente favoráveis para tratamento e disposição serão identificadas,

considerando as características e peculiaridades da região. Todas as informações

vão subsidiar a escolha de cenários e a proposição de alternativas institucionais e

tecnológicas. Utilizando exemplos de dimensões (social, ambiental, econômico e

técnica), parâmetros (legislação, riscos, custos, entre outros) e indicadores, ela

destacou, também, que a definição da melhor alternativa depende dos objetivos

fundamentais dos atores (sociais, ambientais e financeiros) e da realidade

regional, podendo envolver uma combinação de alternativas disponíveis. A Etapa

4, também prevista para ter 3 meses de duração, consiste na definição de

diretrizes e estratégias para a implantação do PRGIRS/BS, incluindo: Proposição

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 34

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

de metas para a gestão dos resíduos sólidos da RMBS; proposição de programa,

Projeto e Ações para a gestão dos resíduos sólidos da RMBS; investimentos

necessários e fontes de financiamento. As diretrizes e estratégias para

implantação do PRGIRS/BS serão discutidas em oficina regional e validadas por

meio de Audiência Pública, para a posterior publicação e divulgação do

PRGIRS/BS.

Os diversos eventos a serem realizados ao longo do trabalho, na entrega

dos produtos, também foram apresentados aos participantes (Quadro 7).

Descrição Objetivos Participantes N° de participantes previstos

N° de participantes presentes

Mês Atividades

01 Oficina Regional

Apresentação do Plano de Mobilização Social e do Plano de Trabalho.

IPT Comitê Gestor Grupo de Sustentação População Regional

70

113

3

Início da participação direta dos atores na elaboração do PRGIRS/BS. Apresentação do Plano de Mobilização e do Plano de trabalho.

03 Oficinas microrregionais

Análise e complementação do Diagnóstico da Gestão Intermunicipal na Região Metropolitana da Baixada Santista.

IPT Comitê Gestor Grupo de Sustentação População Regional

90 (sendo 30 em cada)

6

Discussão, complementação e validação dos resultados do diagnóstico, previamente disponibilizados.

03 Audiências microrregionais

Validação do Diagnóstico da Gestão Intermunicipal na Região Metropolitana da Baixada Santista.

IPT Comitê Gestor Grupo de Sustentação População Regional

150 (sendo 50 em cada)

7 Conclusão do prognóstico.

01 Oficina Regional

Análise e complementação das Diretrizes e Estratégias para a Implantação do PRGIRS/BS.

IPT Comitê Gestor Grupo de Sustentação População Regional

70

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Discussão, complementação e validação das diretrizes e estratégias do PRGIRS/BS.

01 Audiência Pública Regional

Validação da Minuta do PRGIRS/BS.

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01 Evento Divulgação do PRGIRS/BS.

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Reuniões técnicas

Preparação das reuniões, disponibilização dos materiais, condução dos eventos.

IPT Comitê Gestor Grupo de Sustentação

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Ao longo da elabo-ração do plano regio-nal

Definição das estratégias de condução dos eventos, elaboração do modelo de tomada de decisão.

Quadro 7 – Modalidades de participação e controle social.

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4.2.3. Parte 3 da oficina: Estrutura organizacional e mecanismos de participação e comunicação social

A pesquisadora do IPT deu continuidade à exposição, focando na estrutura

organizacional. De acordo com o Plano de Mobilização, discutido e aprovado pela

Câmara Temática de Meio Ambiente e Saneamento do CONDESB entre

dezembro de 2016 e março de 2017, os atores podem ser agrupados em:

Comitê Gestor: formado pelos atores que colaboram diretamente para a

construção e idealização do projeto, como: a Agência Metropolitana da

Baixada Santista (AGEM), Prefeituras Municipais, Secretarias Municipais,

Governo do Estado e Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista

(CBH-BS).

Grupo de Sustentação: composto pelos atores que colaboram para a

concretização dos ideais do projeto, como: Conselhos Municipais de Meio

Ambiente dos nove municípios, Universidades, Associações Comerciais e

Profissionais, Cooperativas de Catadores e outros.

Público Terciário (externo): refere-se à população em geral, atores

fundamentais para que as ideias sejam compartilhadas publicamente.

O Quadro 8 mostra a estrutura organizacional apresentada na Oficina.

Grupo Atores Participantes

Comitê Gestor

AGEM Diretoria Técnica

IPT Equipe do projeto

Câmara Temática de Meio Ambiente e Saneamento do CONDESB

Representantes do Estado e Municípios

Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS)

Indicação do Presidente

Grupo de sustentação Sociedade civil

Representantes indicados pelos 9 (nove) Conselhos Comunitários de Defesa do Meio Ambiente (Condema) Municipais

Catadores 1 (uma) indicação do segmento

Associações profissionais 1 (uma) indicação do segmento

Associação comercial 1 (uma) indicação do segmento

Comunidade acadêmica 1 (uma) indicação do segmento

Vereadores 1 (uma) indicação do segmento

Quadro 8 – Composição do Comitê Gestor e do Grupo de sustentação do projeto.

Foi destacado que essa estrutura (Comitê Gestor e Grupo de Sustentação)

não é uma exigência legal, mas, partindo do pressuposto de que a construção do

PRGIRS/BS deve ser participativa, a equipe do IPT sugeriu que a colaboração de

representantes seja oficializada por esses meios. A proposta foi discutida e aceita

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 36

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pela Câmara Temática de Meio Ambiente e Saneamento do CONDESB, conforme

ata da reunião ocorrida em 30 de novembro de 2016. O número de pessoas foi

definido para permitir um acompanhamento de representantes de diferentes

segmentos da forma mais abrangente e técnica. Foram esclarecidas algumas

questões sobre como será o convite, como os representantes serão eleitos, quais

entidades/categorias fazem parte do segmento, entre outros.

Além dessa estrutura formal, mais uma vez foi reiterada a necessidade de

participação dos atores sociais, notadamente a população em geral, pois atores

fundamentais para que as ideias sejam compartilhadas publicamente. Isso será

possível por meio de eventos e, também, do canal oficial (hotsite) do projeto.

Por fim, a coordenadora apresentou os próximos passos do projeto, a saber:

Elaboração do relatório da Oficina e disponibilização aos atores;

Continuidade do Levantamento de Dados Etapa 2 – Panorama;

Visita técnica aos municípios e atores para coleta de dados e informações

(agendamentos de visitas por e-mail e telefones);

Disponibilização de dados e novos pedidos de participações via lista de

atores identificados.

O Plano de comunicação foi apresentado pelo Marcos Augusto Ferreira,

assessor de imprensa da AGEM, destacando o lançamento do hotsite do projeto,

o qual foi concebido pela equipe da AGEM. Ele destacou que todos os produtos

serão disponibilizados por esse canal, conforme as etapas apresentadas, e

explicou como acessar as informações. Ressaltou que ele é aberto para que

todos façam seus comentários e sugestões a partir dos documentos

disponibilizados, por meio do item “Participe” (Figura 22).

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 37

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Figura 22 – Ilustração do hotsite do projeto, com destaque ao item “Participe”.

As apresentações feitas à AGEM/CONDESB, bem como o Termo de

Referência do trabalho, o Plano de Mobilização, o Plano de Comunicação do

projeto, as Leis relacionadas ao tema de resíduos sólidos e as notícias da

imprensa veiculadas, já estão na biblioteca do hotsite. A agenda das próximas

audiências e oficinas também estará disponível para que todos possam se

programar, comparecer e colaborar na construção do Plano.

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5. Considerações finais

A oficina realizada pela equipe representou o início do processo de

mobilização e inclusão direta dos diversos atores na elaboração do Plano

Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Baixada Santista

(PRGIRS/BS).

A avaliação geral realizada pelos participantes do Comitê Gestor e pelo

manifesto da maioria, é que a mesma cumpriu com os objetivos propostos,

destacando-se o número de participantes (mais de cem atores) que colaboraram

para criar um cenário de desafios e oportunidades associados à gestão de

resíduos sólidos domiciliares (Anexo A). A estrutura da organização da oficina

permitiu apresentar a proposta de elaboração do PRGIRS/BS, bem como suas

estratégias de mobilização e de comunicação. Contudo, alguns pontos de

melhoria podem ser citados, como: aumentar o tempo para as dinâmicas de

grupo, ter procedimentos previamente organizados de inscrição no local, bem

como enviar os convites e disponibilizar materiais com maior prazo para

apreciação. Destaca-se também a necessidade de motivar a participação dos

Municípios que apresentaram o menor número de participantes. Uma das

estratégias já previstas é realizar as próximas oficinas por microrregiões. Assim,

facilitará em termos de logística a participação de Municípios mais distantes de

Santos.

Em relação às informações obtidas durante a oficina, deve-se mencionar

que a dinâmica em grupo permitiu levantar uma lista de oportunidades e desafios

acerca de diferentes aspectos associados à gestão e ao gerenciamento de

resíduos sólidos (Quadro 6). A influência de diferentes fatores na gestão de

resíduos sólidos já havia sido tema da pergunta feita durante a inscrição, como

preparação prévia dos atores para a oficina (Figura 4 e Anexo B). Na dinâmica,

os grupos foram construídos aleatoriamente a fim de coletar as mais diversas

opiniões possíveis, incluindo a contribuição tanto de atores atuantes do setor

Relatório da 1ª Oficina Regional Baixada Santista – SP | Março de 2017 39

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quanto de atores civis. Considera-se esse tipo de discussão extremamente

salutar, pois permite verificar como é o entendimento, por exemplo, da questão

cultural na visão de alguém que é extremamente técnico, ou como ele entende a

política. Da mesma forma, é possível avaliar como o político, o administrador ou o

gestor, entende a questão técnica. É essa diversidade de visões que contribui

para a construção da solução de um problema com muitos aspectos

intervenientes e muitos atores.

A sequência das relatorias foi em ordem alfabética dos nomes dos fatores,

o qual se iniciou com os ambientais. Desta forma, a ordem de apresentação das

percepções dos relatores foi aleatória e espontânea. Essa situação já era

esperada e, de certa forma, fez parte do processo participativo. Ou seja, era o

momento de dar voz aos atores publicamente, motivo pelo qual não foi solicitado

aos dinamizadores do grupo ser o relator. Além disso, permitiu verificar as

divergências de opiniões e de pontos de vista, como é possível perceber na

sequência das relatorias, bem como um misto de apresentação do produto da

dinâmica em si e de algumas opiniões pessoais (Anexo G) por parte de alguns

relatores.

Os relatos dos grupos mostraram que não há como dissociar os fatores,

pois os problemas dependem de soluções técnicas/tecnológicas, mas é

influenciada fortemente pela forma de tomada de decisão dos políticos e,

também, da estrutura organizacional/institucional das Prefeituras, a qual depende

fortemente de recursos financeiros e do apoio popular para efetivar as ações.

Contudo, verificou-se na priorização que o problema em si de natureza ambiental

foi considerado como o principal fator que afeta a gestão de resíduos, seguido

pelos aspectos socioculturais e políticos-legais (Figuras 19 e 20).

A educação ambiental foi um tema bastante destacado pelos participantes

da oficina, indicando a importância da responsabilidade social na gestão de

resíduos sólidos e de criar mecanismos de compartilhar experiências e

conhecimento. No entanto, é necessário um entendimento do que se quer com

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ela, de uma maneira prática, para de fato despertar a questão da

responsabilidade na geração (como o conceito do gerador-pagador, poluidor

pagador) e da corresponsabilidade no processo de gestão; não apenas a

sensibilização em relação ao problema.

As contribuições advindas das observações apresentadas nas inscrições

(Anexo B) e durante a oficina (Quadro 6) estão sendo avaliadas e tratadas,

visando integrá-los no PRGIRS/BS.

Salienta-se, por fim, que a oficina foi coberta por uma série de veículos de

comunicação (Anexo C), mostrando a adequação do plano de mobilização e de

comunicação propostos, dada a grande participação e cobertura da imprensa da

Baixada Santista.

Esse primeiro evento marca o início da participação direta de diferentes

atores na elaboração do PRGIRS/BS, fundamental para a gestão adequada dos

resíduos sólidos na região sobre seus aspectos ambientais, econômicos e sociais.

Espera-se que a participação e colaboração cresçam ainda mais nas próximas

etapas, dada a importância de agregar informações técnicas, sociais, culturais,

ambientais, legais, ambientais, econômica de diferentes atores, primando sempre

pela participação legítima (fundada no direito, na razão ou na justiça).

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Bibliografia

BRASIL. Lei no 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 ago. 2010. CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Inventário estadual de Resíduos Sólidos Urbanos - Ano 2014. São Paulo: Cetesb, 2014.

GUERRERO, L.A.; MAAS, G.; HOGLAND, W. Solid waste management challenges for cities in developing countries. Waste Management, v. 33, n. 1, p. 220-232, 2013.