plano regional médio espinhaço

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  • GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E POLTICA URBANA SUBSECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

    PLANO REGIONAL ESTRATGICO EM TORNO

    DE GRANDES PROJETOS MINERRIOS NO MDIO ESPINHAO

    Relatrio 1

    Belo Horizonte 2012

  • Governador do Estado de Minas Gerais Antnio Augusto Junho Anastasia Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Poltica Urbana (SEDRU) Secretrio de Estado de Desenvolvimento Regional e Poltica Urbana: Bilac Pinto

    SEDRU Subsecretaria de Desenvolvimento Regional Subsecretria: Beatriz Morais de S

    SEDRU Superintendncia de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Regional Superintendente: Ivan Massimo Pereira Leite Tcnico: Fbio Vilela Arantes

    SEDRU Diretoria de Planejamento Regional Diretor: Weslley Cantelmo

    SEDRU Diretoria de Fomento e Integrao Territorial Diretor: Wallace Marcelino Pereira

    SEDRU Diretoria de Informaes da Rede de Cidades Mineiras Diretor: Elbert Arajo Santos

    Equipe Tcnica

    Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional CEDEPLAR Universidade Federal de Minas Gerais UFMG

    Prof. Dr. Alisson Flvio Barbieri - Coordenao

    Prof. Dr. Edson Paulo Domingues - Co-coordenao

    Prof. Dr. Roberto Lus de Melo Monte-Mr

    Prof. Dra. Fabiana Borges Teixeira dos Santos

    Prof. Dr. Jos Irineu Rangel Rigotti

    Brenner H. Maia Rodrigues

    Joo Tonucci

    Osias Baptista Neto

    Francisco Cortezzi

    Instituio Gestora Contratada: Fundao para o Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP)

  • SUMRIO

    1 APRESENTAO DO PLANO E BREVE DESCRIO METODOLGICA ................ 6

    1.1 Sntese da Estratgia Metodolgica .......................................................................... 6

    1.1.1 Dinmica Demogrfica .............................................................................................. 7

    1.1.2 Dinmica Econmica ............................................................................................... 10

    1.1.3 Estrutura Urbano-Regional e Ambiental .............................................................. 15

    1.1.4 Tratamento da Informao e Anlise Espacial ................................................... 23

    1.1.5. Processo Participativo na Construo do Plano de Desenvolvimento .......... 24

    1.2 Definio da Regio de Estudo ................................................................................ 25

    1.3 Breve Caracterizao Histrica ................................................................................ 29

    1.4 Seleo de Atores Regionais .................................................................................... 40

    1.5 Cartografia e Banco de Dados .................................................................................. 41

    1.6 Anlise Preliminar do Setor Minero metalrgica .................................................... 47

    1.6.1 A Minerao em Minas Gerais e o Plo Mineral do Mdio Espinhao ........... 47

    1.6.2 Investimentos esperados no Mdio Espinhao: principais caractersticas .... 49

    1.6.3 Desafios da Gesto Integrada de Territrios Minerriose os Problemas no

    Licenciamento Ambiental do Projeto Minas - Rio ......................................................... 52

    REFERNCIAS .......................................................................................................................... 55

  • 4

    INTRODUO

    Este relatrio apresenta as atividades e produtos executados durante o

    perodo de 25 de outubro a 30 de novembro de 2012, prazo de execuo do Produto

    1. O Relatrio segue as orientaes de contedo mencionados no Edital 001/2012,

    Anexo I.1.

    Optou-se neste Produto 1 por redefinir a nomenclatura estabelecida no Edital,

    porm mantendo o contedo solicitado, conforme o Quadro 1. Essa redefinio de

    nomenclatura foi realizada a partir de quatro argumentos: a) estabelecer uma

    linguagem mais acessvel ao pblico de forma geral; b) estabelecer um

    encadeamento lgico e estrutura que permita melhor conexo com os produtos 2 a

    5, a serem entregues nos prximos meses; c) facilitar a normalizao pela ABNT; e

    d) facilitar a construo do Sumrio Executivo, objeto do Produto 5, e eventualmente

    a publicao dos resultados finais da pesquisa na forma e estrutura de livro.

    Cumpre destacar que, alm dos itens A, B, C, D e E do edital 001/20120,

    mencionados no Quadro 1, foi acrescentado neste Produto 1 um sexto item que

    prope uma anlise preliminar do setor minero-metalrgico na Regio de Estudo no

    Mdio Espinhao . Este item, que ser reproduzido e ampliado no Produto 2,

    possibilita uma melhor perspectiva e qualificao do cenrio atual de investimentos

    na Regio em Estudo.

    .

  • 5

    Quadro 1 Nomenclatura dos produtos constantes no Relatrio de Pesquisa e

    correspondncia ao Edital 001/2012, Anexo I.1

    Denominao no Edital 001/2012 Denominao Correspondente no Produto 1

    4.1. Apresentao do Plano e Breve Descrio Metodolgica

    1. Introduo

    A. Descrio metodolgica das etapas a serem elaboradas. A execuo do objeto dever respeitar os parmetros tcnicos postos por esse Termo de Referncia, por conseguinte, a descrio metodolgica dever estar em consonncia com os parmetros apontados.

    1.1. Sntese da Estratgia Metodolgica

    B. Reviso da regio de referncia para o trabalho, com justificativa, tomando como base a rea de atuao dos provveis empreendimentos. Esse item dever ser feito em conjunto com tcnicos da SEDRU.

    1.2. Definio da Regio de Estudo

    C. Breve caracterizao histrica, envolvendo a formao da estrutura urbana que a compe, as atividades produtivas, elementos naturais e sua formao social, contextualizao e caracterizao do territrio em uma perspectiva regional.

    1.3. Breve Caracterizao Histrica

    D. Seleo dos atores regionais, privados ou pblicos, que participaro das discusses durante o processo de planejamento. Esta escolha dever ser feita em conjunto com a SEDRU e constar no relatrio incorporado ao produto referente a esse item.

    1.4. Seleo de Atores Regionais

    E. Cartografia preliminar da regio em estudo atravs de mapas temticos e tratamento de informaes com anlise espacial.

    1.5. Cartografia e Banco de Dados

    (No especificado no Edital) 1.6. Anlise preliminar do Setor Minero-metalrgico

  • 6

    1 APRESENTAO DO PLANO E BREVE DESCRIO METODOLGICA

    1.1 Sntese da Estratgia Metodolgica

    A abordagem proposta para o Plano Regional do Mdio Espinhao envolve a

    investigao da dinmica demogrfica, econmica, ambiental e urbano-regional. Tal

    abordagem envolve uma anlise integrada e multiescalar dos fatores que definem a

    dinmica territorial, e envolvem dois aspectos centrais.

    O primeiro aspecto denota uma orientao conceitual que permeia o Plano de

    Desenvolvimento aqui proposto. A compreenso adequada de uma regio requer

    tanto uma avaliao do seu processo histrico de formao quanto da articulao

    com regies externas sua rea de influncia mais imediata. Nesse caso, uma

    abordagem multiescalar fundamental para a identificao das unidades de anlise

    relevantes tanto em uma escala espacial (localidades rurais e urbanas, municpio,

    regio, micro ou meso-regio e o contexto macro) quanto na escala temporal, ou

    seja, qual o impacto da velocidade e ritmo das transformaes socioeconmicas,

    demogrficas e ambientais no tempo.

    Fundamental para a identificao e anlise dessas escalas a identificao

    de mecanismos e processos que os conectam e os impactos de suas

    transformaes no tempo, como, por exemplo, os fluxos de bens, servios e

    pessoas, as redes sociais, de comunicao e de transporte, as economias externas

    e de aglomerao geradas por investimentos econmicos e aglomeraes

    populacionais (notadamente urbanas), e os impactos ambientais de origem local,

    porm com repercusses regionais ou alm da prpria regio. Essas mesmas

    observaes valem no sentido contrrio, os impactos gerados de forma externa

    regio, mas com repercusses crticas sobre esta.

    Tendo em vista esta concepo de espao e tempo, este Plano busca

    identificar, em cada escala pertinente de anlise, quais os agentes, processos e

    transformaes fundamentais, historicamente e em uma perspectiva futura, que

    afetam e determinam um padro de desenvolvimento regional. Tal diagnstico o

    passo fundamental para qualificar propostas de planejamento regional e visando

    antecipar determinado padro provvel de desenvolvimento (em seu sentido mais

    amplo) e, dessa forma, propor a concepo de polticas pblicas apropriadas.

  • 7

    Um segundo aspecto, que envolve uma questo metodolgica central que

    permeia as estratgias aqui descritas, a construo de cenrios tendencial e

    alternativo. O cenrio tendencial indica as caractersticas econmicas e

    demogrficas da Regio de Referncia na ausncia dos impactos dos grandes

    empreendimentos e envolvem a aplicao de metodologias quantitativas especficas

    de anlise econmica e demogrfica. Os cenrios alternativos indicam as mudanas

    nas caractersticas econmicas e demogrficas da regio em funo dos

    empreendimentos minerrios, e os seus desafios sobre a estrutura urbano-regional,

    ambiental e socioeconmica da regio.

    A comparao entre os cenrios tendencial e alternativo permitir avaliar o

    impacto lquido dos empreendimentos minerrios na regio e se as atuais polticas e

    investimentos para a regio (contemplando, por exemplo, Estudos de Impacto

    Ambiental, estudos sobre sistemas de transporte, investimentos em infraestrutura

    urbana etc) so adequados, ou quais ajustes e correes devem ser propostos em

    polticas especficas.

    A metodologia quantitativa, que permeia os cenrios econmicos e

    demogrficos, ser complementada com uma avaliao qualitativa a partir da crtica

    aos planos setoriais existentes para a regio, e a partir de entrevistas e discusses

    com atores pblicos e privados em diversas escalas e instituies (por exemplo,

    membros dos poderes legislativo, executivo e judicirio municipal, estadual e federal,

    organizaes civis, etc). Todas as informaes geradas ao longo do projeto sero

    tratadas espacialmente, a partir da construo de um Sistema de Informaes

    Geogrficas (SIG).

    So detalhados a seguir alguns aspectos da estratgia metodolgica

    proposta.

    1.1.1 Dinmica Demogrfica

    Ser investigada a dinmica demogrfica e socioeconmica recente e sua

    projeo futura, por perodos qinqenais, at 2030. A anlise envolver a

    elaborao de estimativas compatibilizadas da populao residente, utilizando

    informaes dos censos demogrficos e contagens populacionais para os anos de

    1990, 1995, 2000, 2007 e 2010, segundo a malha dos municpios que compem a

    regio de referncia e os municpios relevantes, a serem definidos durante a

  • 8

    pesquisa. Ser feita ainda caracterizao da populao residente e domiclios nesse

    perodo, a partir dos dados supracitados dos censos demogrficos e contagens

    populacionais, e fontes complementares como a PNAD (Pesquisa Nacional por

    Amostra Domiciliar) e Datasus (informaes sobre morbidade e mortalidade) e

    Registro Civil (nascimentos e mortes).

    A combinao dessas fontes de informao permitir a estimao de funes

    de mortalidade, fecundidade e migrao, que constituem os componentes para a

    estimava de projeo futura da populao, assim como a evoluo das

    caractersticas populacionais e domiciliares.

    A anlise da dinmica demogrfica envolve as seguintes atividades:

    a) Identificar estudos existentes sobre a regio que apontem os fatores que

    possam incidir sobre as variaes no volume e nas caractersticas

    populacionais entre 2012 e 2030; ser dado enfoque, nas projees, ao papel

    da migrao e urbanizao na regio em estudo;

    b) Projetar a populao nos municpios relevantes rea em estudo para o

    perodo 2012-2030. Sero elaborados dois cenrios, um tendencial e outro

    com projees dos impactos previstos dos empreendimentos. Sero testadas

    combinaes de tcnicas de projeo que se adequem da forma mais

    eficiente regio de referncia; por exemplo, tcnicas de projeo para

    grandes reas como o mtodo das componentes, e de pequenas reas

    como o AiBi, ratio methods e decomposio por mtodos estatsticos, alm do

    uso de geotecnologias.

    A elaborao da projeo sempre envolve a tentativa de reduzir os

    erros em relao realidade ou cenrio que se tenta predizer. Mesmo numa

    situao de construo de cenrios alternativos, busca-se avaliar o real efeito

    de uma srie de fatores sobre o crescimento populacional e, para tanto, o

    processo de estimao deve ser o mais sensvel possvel s verdadeiras

    relaes entre as variveis.

    Um dos balizadores para a escolha da tcnica a ser empregada a

    definio do horizonte de projeo. Algumas tcnicas podem contribuir para a

    confluncia com a realidade em horizontes de projeo maiores, outras em

    intervalos menores. Outro item relevante escolha da tcnica a adequao

  • 9

    s caractersticas do espao a ser projetado, uma vez que nele esto

    inseridos os principais condicionantes, econmicos ou no, do crescimento

    populacional. Alm de dar ateno estrutura socioespacial, a conjuntura na

    qual a populao est inserida tambm determina as condies futuras de

    suas componentes. A migrao, por exemplo, responde mais rapidamente a

    fatores conjunturais, gerando maior impacto no crescimento demogrfico

    quanto menor a dimenso da populao.

    A projeo populacional de microrregies, para os anos de 2005, 2010,

    2015, 2020, 2025, 2030 ser efetuada utilizando-se o mtodo das

    componentes. De acordo com este mtodo, dada uma populao base, a

    projeo consiste em seguir as coortes ao longo do tempo, considerando a

    interao das componentes demogrficas fecundidade, mortalidade e

    migrao. Para tal, as componentes da dinmica demogrfica so objeto de

    anlise, sendo que o resultado da projeo estar ligado diretamente s

    hipteses do comportamento futuro do nvel e da estrutura dessas variveis.

    Esta a forma convencional trabalhada pelo Centro de Desenvolvimento e

    Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais

    (Cedeplar/UFMG).

    Na formulao das hipteses, feitas separadamente para cada uma das

    componentes, deve-se levar em conta tanto a evoluo passada da

    componente, quanto as especificidades do local analisado, no que tange s

    caractersticas econmicas, sociais, culturais e histricas, com a finalidade de

    garantir a escolha do conjunto de hipteses julgado mais factvel. Sero

    elaborados dois cenrios de projeo com base na projeo da fecundidade e

    mortalidade.

    Uma das tcnicas a serem testadas para a projeo dos municpios

    ser a AIBI. Proposto em 1959, por Pickard, o denominado Apportionment

    Method, ou projeo da participao no crescimento, consiste em projetar a

    populao baseando-se na contribuio de uma rea pequena no

    crescimento absoluto da populao esperada na rea maior. Esse mtodo de

    projeo populacional de pequenas reas estabelece uma relao linear entre

    a populao de uma rea menor um municpio, por exemplo e a

  • 10

    populao da rea maior da qual ela faa parte a micro regio desse

    municpio.

    c) anlise especfica da migrao e mobilidade pendular na regio de referncia,

    a partir dos censos demogrficos de 20000 e 2010 e prognsticos at 2030

    em funo dos empreendimentos minerrios previstos;

    d) realizar tabulaes especiais dos dados dos Censos Demogrficos e diversas

    fontes de dados, e na medida em que possa ser elucidativo ou ilustrativo,

    construir mapas com as informaes municipais, para analisar os aspectos

    demogrficos e socioeconmicos, inclusive os relacionados infraestrutura

    dos assentamentos populacionais, sua possvel evoluo futura, e impactos

    sobre as demandas sociais e consequentemente para o desenho de polticas

    pblicas. A anlise da dinmica envolver, a priori, os seguintes contedos:

    populao total, distribuio populacional por faixa etria, sexo, e situao do

    domiclio; razo de dependncia; grau de urbanizao; educao;

    abastecimento de gua; esgotamento sanitrio; instalao eltrica e renda

    familiar per capta. O objetivo fornecer uma caracterizao das tendncias

    socioeconmicas e demogrficas recentes e, dessa forma, fornecer subsdios

    para a construo dos cenrios futuros para a regio.

    1.1.2 Dinmica Econmica

    A anlise da dinmica econmica contemplar uma anlise histrica da

    formao da regio e focalizar principalmente sua evoluo na ltima dcada

    (emprego, renda, estrutura produtiva, infraestrutura de cincia e tecnologia, etc),

    buscando destacar quais as principais atividades produtivas nas diferentes

    microrregies e municpios previamente implantao dos empreendimentos

    minerrios. Ser ainda investigado se h aglomeraes produtivas locais

    estruturadas e qual a natureza das inter-relaes do sistema produtivo regional.

    Procurar-se-, ainda, ressaltar as interaes intra- e inter-regionais, bem como

    internacional, considerando a importncia das exportaes para a viabilizao

    econmico-financeira dos empreendimentos minerrios a serem implantados na

    regio. A competitividade da regio como novo polo de atrao de investimentos

    minerrios e os requisitos para sua efetivao em termos de logstica, qualificao

    de mo de obra e disponibilizao de servios tambm ser avaliada. Em particular,

  • 11

    ser avaliado o mercado de trabalho e as qualificaes, visando a identificar sua

    adequao aos novos investimentos.

    Uma questo crucial que se coloca a necessidade do planejamento

    estratgico para que a realizao dos considerveis investimentos previstos para a

    regio no levem sobreutilizao de forma desordenada dos ativos tangveis e

    intangveis da regio e a perda de oportunidades. Particularmente relevante

    analisar a possibilidade de combinar diversidade produtiva e investimentos

    minerrios de forma a contornar efeitos de trancamento na indstria extrativa

    mineral, que como se sabe capital intensiva, pouco empregadora de Mao de obra

    e com limitados efeitos de encadeamento para frente e para trs locais e regionais.

    Um dos aspectos a serem avaliados a possibilidade de integrao estrutura

    produtiva regional na cadeia produtiva dos grandes investimentos, identificando as

    possibilidades de adensar e consolidar a agroindustria, a indstria manufatureira e

    os servios produtivos existentes na regio, aproveitando complementaridades com

    estes.

    Sero ainda identificados investimentos pblicos e privados previstos na

    regio nos prximos anos, e suas potenciais implicaes para a reorganizao da

    base econmica regional. Um aspecto relevante a ser explorado a relao da

    infraestrutura energtica e a possibilidade de utilizao de alternativas energticas

    renovveis, inclusive com a possibilidade de desenvolvimento de alternativas

    descentralizadas e de menor escala que possam vir a ser utilizadas nas reas mais

    pobres e isoladas da regio.

    A anlise envolver ainda uma abordagem acerca da dinmica imobiliria na

    regio, atravs de entrevistas com agentes imobilirios, pesquisa de campo e

    avaliao de informaes referentes a lanamentos imobilirios (como os dados de

    anuncia prvia para novos loteamentos). Ser dada particular ateno a

    empreendimentos residenciais de porte mdio e grande, como empreendimentos

    verticais do programa Minha Casa Minha Vida, e condomnios fechados horizontais

    voltados s classes mais altas. Empreendimentos de uso no-residencial,

    especialmente shopping-centers e reas para expanso industrial, sero

    considerados pelo seu potencial de transfigurao do mercado imobilirio regional.

    Devero ser considerados tambm os preos praticados nos mercados imobilirios

  • 12

    locais, tendo em vista aferir se a renda mdia disponvel populao suficiente

    para acesso moradia atravs do mercado. Este diagnstico da dinmica imobiliria

    contribuir para caracterizao das transformaes em curso quanto ao uso e

    ocupao do solo na regio, e para compreenso de qual o impacto que o anncio

    dos projetos minerrios previstos possa ter territorialmente. A identificao de

    empreendimentos imobilirios de porte muito significativo poder tambm fornecer

    insumos para projeo dos impactos econmicos dos investimentos previstos na

    regio a mdio prazo, na medida em que o setor da construo civil possui

    importantes encadeamentos para frente e para trs, principalmente quanto

    gerao de empregos diretos e indiretos na regio.

    Finalmente, ser avaliado o sistema de inovao regional, buscando

    identificar as principais instituies (universidade, centros de pesquisa, centros de

    assistncia tcnica e de formao de Mao de obra), a capacidade de formao de

    mao de obra qualificada e a contribuio para a atrao de investimentos de maior

    valor agregado na cadeia produtiva dos grandes investimentos previstos, inclusive

    destacando a possibilidade de dar suporte atividades inovativas. Ser ainda

    avaliada a articulao desse sistema com outros sistemas regionais e a

    possibilidade de estimular as interaes universidade-empresas para agregao de

    valor local.

    A construo de cenrios econmicos uma etapa importante no

    planejamento de polticas publicas e na definio de estratgias de desenvolvimento

    econmico de longo prazo. No Brasil, por exemplo, as diversas esferas de governo

    demandam cenrios econmicos no planejamento de suas atividades, como os

    Planos Plurianuais dos governos estaduais, e o Plano Plurianual do governo federal,

    ambos de elaborao obrigatria a cada 4 anos. Em Minas Gerais o Plano Mineiro

    de Desenvolvimento Integrado (PMDI), utiliza cenrios econmicos na discusso das

    perspectivas de desenvolvimento da economia mineira. Em diversos casos, os

    cenrios apresentados baseiam-se em metodologias qualitativas e contribuies de

    especialistas (de transportes, comercio internacional, educao, energia), mas

    carecem de consistncia terica e emprica, tanto em termos macroeconmicos

    como setoriais e regionais.

  • 13

    Neste projeto um dos objetivos apresentar um cenrio com detalhamento

    consistente das suas repercusses regionais em Minas Gerais e na regio de

    estudo, a partir de um modelo de equilbrio geral computvel (EGC) inter-regional. O

    foco so os impactos do cenrio macro no estado de Minas Gerais e nos seus

    setores, no perodo 2005-2030.

    A construo do cenrio parte dos resultados de um modelo de consistncia

    macroeconmica utilizado no Cedeplar. Tal modelo construdo a partir de um

    conjunto de identidades (contbeis) macroeconmicas e de relaes entre variveis

    macroeconmicas, sendo parte destas variveis exgenas. Trata-se, portanto, de

    um modelo de simulao e consistncia macroeconmica.

    A partir do referencial estabelecido pelo cenrio macroeconmico e

    populacional, utiliza-se um modelo de equilbrio geral computvel (EGC) inter-

    regional para a decomposio consistente dos cenrios para as 66 microrregies de

    Minas Gerais, com foco na regio de estudo do projeto. Essa integrao

    metodolgica do cenrio macro e do modelo EGC permite regionalizar o cenrio

    macroeconmico para todas as regies de forma consistente, considerando-se os

    dados mais recentes disponveis sobre a estrutura regional e setorial da economia

    de Minas Gerais e do Brasil (base de dados do modelo EGC), a estrutura terica de

    equilbrio geral e o cenrio macroeconmico.

    O modelo EGC utilizado neste projeto denominado Integrated Multi-regional

    Applied General Equilibrium Model Minas Gerais (IMAGEM-MG). Ele um modelo

    EGC para anlises da economia mineira. O modelo est especificado para as 66

    microrregies do estado de Minas Gerais e uma regio do restante do pas. O

    modelo tambm possui equaes que agregam os resultados microrregionais de

    Minas Gerais para as 10 Regies de Planejamento: Central, Zona da Mata, Sul de

    Minas, Tringulo, Alto Paranaba, Centro-Oeste de Minas, Noroeste de Minas, Norte

    de Minas, Vale do Jequitinhonha e Rio Doce. Outra agregao especfica dos

    resultados, para o estado de Minas Gerais, tambm foi introduzida no modelo.

    O modelo est especificado para 12 setores de atividade, 4 usurios finais

    (famlias, investimento, governo e exportaes) e importaes, para cada uma das

    67 regies. A base de dados representa a estrutura produtiva da economia

    brasileira em 2010, inclusive com os fluxos de comrcio de bens e servios entre os

  • 14

    estados. No total, a base de dados do modelo apresenta um conjunto de 220.000

    elementos numricos, entre fluxos e parmetros. Para utilizao neste trabalho o

    modelo foi condensado de acordo com os objetivos das simulaes, o que reduz sua

    dimenso para 18.157 equaes e 24.297 variveis.

    Para as projees da organizao do espao econmico na regio de

    referncia buscar-se- definir a dinmica dos fluxos populacionais, de bens e

    servios a partir de modelos em uma escala local, mas no intra-urbana. Sero

    utilizados dois modelos. O primeiro envolve um modelo de consistncia

    macroeconmica para garantir a utilizao de um Cenrio Base consistente para o

    perodo de anlise, e o segundo, um modelo inter-regional de equilbrio geral

    computvel (EGC), com foco nas regies do estudo. Inicialmente, ser construdo

    um cenrio macroeconmico para o perodo 2010-2035, o qual servir de suporte,

    no segundo modelo, para a projeo de taxas de crescimento dos principais

    agregados levando em conta as identidades macroeconmicas bsicas, assim como

    os parmetros estruturais histricos, o cenrio externo e a continuidade da poltica

    econmica dos ltimos anos. Esse cenrio ser regionalizado para as microrregies

    de estudo com o modelo EGC, produzindo o Cenrio Base regional de projeo. O

    modelo EGC ser construdo para 5 setores de atividade: agropecuria, indstria

    extrativa mineral, indstria metalrgica, indstria de transformao e servios. Todos

    os resultados de anlise econmica sero produzidos apenas para os 5 setores

    especificados no modelo e para as microrregies (classificao do Instituto de

    Geografia e Estatstica (IBGE) ), da regio de referncia deste projeto.

    O modelo inter-regional de equilbrio geral computvel fornecer tanto o

    Cenrio Base nas regies em anlise como o efeito de modificaes decorrentes de

    investimentos nelas localizados (Cenrio Impactado). O Cenrios Base e de Cenrio

    Impactado para a regio cobriro os perodos de 2010 a 2035.

    O Cenrio Impactado ser obtido pelo modelo EGC atravs de simulaes de

    um conjunto de investimentos relevantes para a regio. A carteira de investimentos

    regional ser montada a partir de informaes sobre decises de investimento

    pblicos e privados que tenham a capacidade de produzir mudanas estruturais. A

    princpio, tais investimentos so associados infraestrutura (energia, transportes,

    saneamento) e a investimentos privados de maior envergadura ou que sejam

  • 15

    capazes de gerar efeitos estruturais nas cadeias produtivas locais e no ordenamento

    territorial (por exemplo, os grandes projetos de minerao de ferro e o sistema de

    logstica a eles associados, projetos siderrgicos, etc..). Os investimentos

    selecionados sero mapeados para os 5 setores do modelo, de forma a se proceder

    sua anlise de impacto. No ser feita uma anlise da necessidade de infraestrutura

    pblica decorrente destes investimentos, nem do seu impacto sobre fluxos

    populacionais (migrao pendular ou inter-regional).

    A Seo 1.1.3 discute os cenrios econmicos em termos do planejamento

    tecnolgico da cadeia de produo e suas possibilidades de diversificao.

    1.1.3 Estrutura Urbano-Regional e Ambiental

    Esta etapa do trabalho envolver principalmente a utilizao de dados

    secundrios, alm de mapas e imagens de satlite, como tambm informaes

    obtidas em visitas de campo sobre aspectos que permitam diagnosticar a estrutura

    regional-urbana. Essa avaliao ter como caracterstica e referncia os seguintes

    temas: infraestrutura e urbanizao (saneamento, transportes, recursos energticos,

    abastecimento de gua, habitao e articulaes urbano-rural), estrutura produtiva,

    e o quadro ambiental em funo dos cenrios econmicos e demogrficos. A anlise

    da existncia ou no de dficit ou saturao dos servios de educao, sade e

    segurana pblica ser feita no contexto da anlise demogrfica.

    A caracterizao da organizao econmica social, cultural e poltica dos

    municpios e comunidades buscar identificar os denominados movimentos

    tendenciais da organizao econmica e social da regio de referncia e identificar

    os investimentos estruturantes que afetam esse movimento tendencial.

    Alm disso, como discutido anteriormente, o ordenamento territorial

    fortemente influenciado por investimentos estruturantes a serem realizados na

    regio. A identificao dos investimentos estruturantes refere-se aos investimentos

    pblicos e privados tais como rodovias, ferrovias, recursos hdricos e projetos do

    complexo minero-metalrgico. Entende-se por investimentos estruturantes aqueles

    que no podem ser absorvidos ou acomodados na estrutura regional corrente, e

    podem modificar de forma significativa a estrutura econmica da regio. Esses

    investimentos impactam de tal modo a regio, que demandam uma modificao na

  • 16

    insero dos agentes pblicos e privados. Sero considerados projetos

    implementados, no implementados e planejados.

    Estrutura Produtiva

    Como apontado anteriormente, a dinmica econmica da regio ser

    analisada sob vrias dimenses e aspectos de forma a diagnosticar as atividades

    hoje dominantes e suas potenciais relaes com a minerao. Adicionalmente, sero

    avaliados os impactos dos grandes investimentos previstos da minerao e indicado

    os principais componentes de um modelo de desenvolvimento sustentvel da

    minerao na regio que contemple as dimenses social, ambiental e econmica, ao

    longo do ciclo de vida da minerao e que lance as bases para a diversificao

    produtiva e tecnolgica da regio, de forma a evitar um efeito de tracamento e criar

    alternativas de crescimento econmico que no exclusivamente associadas

    minerao e que sejam inclusivas socialmente. De fato, a expanso do setor minero-

    metalrgico na regio, devido escala dos investimentos previstos

    (aproximadamente R$5 bilhes, considerando somente o aporte a ser realizado pela

    Anglo American na mina em Conceio do Mato Dentro, nos prximos 3 anos) e aos

    seus impactos econmicos e ambientais, requer ateno especial.

    O Plano vai trabalhar especialmente este tema, incorporando na anlise as

    perspectivas destes investimentos, a natureza dos encadeamentos locais a serem

    gerados e as medidas necessrias para sua integrao ao perfil socioeconmico da

    regio, de forma a maximizar os efeitos locais da atividade. Algumas dimenses do

    desenvolvimento desses empreendimentos na regio devero ser consideradas de

    forma a evitar que estes empreendimentos mineradores se tornem meros enclaves

    produtivos, mas que sejam capazes de gerar oportunidades de emprego e renda

    para as comunidades locais:

    a) identificao da demanda por mo de obra e por capacitaes para a

    implantao e operao desses empreendimentos na regio e propor formas

    de atendimento dessas demandas com a mo de obra local;

    b) avaliao dos componentes da cadeia produtiva desses empreendimentos e

    identificar a possibilidade de atrao de alguns elos dessa cadeia para o local;

  • 17

    c) avaliao da possibilidade de produtores locais serem efetivamente inseridos

    na cadeia produtiva desses empreendimentos, mesmo que sejam necessrios

    programas de qualificao;

    d) desenvolvimento de uma rede de servios na regio para atender demanda

    destes empreendimentos e dos trabalhadores e suas famlias, de forma a

    fortalecer centralidades existentes ou mesmo, se necessrio, criar novas

    centralidades regionais;

    e) identificao de oportunidades de interao universidade-empresas que

    contribuam para estruturar sistema regional de inovao regional voltado para

    atividades relacionadas cadeia produtiva da minerao, notadamente no

    que se refere a capacitao da Mao de obra, identificao de alternativas

    energticas renovveis, possibilidades de reciclagem de resduos da

    minerao e utilizao de recursos hdricos.

    Ainda, oportunidades de diversificao produtiva devero tambm ser

    identificadas no mbito do crescimento econmico a ser gerado por estes

    empreendimentos para que se evite que as comunidades locais fiquem

    excessivamente dependentes de uma nica atividade econmica (o chamado efeito

    de trancamento, associado elevada especializao produtiva local). Tais

    oportunidades devero emergir das capacitaes locais e atividades pr-existentes,

    com grande envolvimento das comunidades e das lideranas locais.

    Transportes

    A infraestrutura de transportes um elemento chave no desenvolvimento

    futuro da regio, tanto no que se refere a questes logsticas em funo dos

    processos produtivos quanto mobilidade interna e externa regio. A anlise da

    estrutura de transportes envolver os seguintes componentes:

    a) anlise da rede atual de transporte. Ser feito um levantamento das

    informaes referentes rede de transporte rodovirio, ferrovirio e aerovirio

    da regio, constantes do Plano Nacional de Logstica de Transportes,

    disponibilizado pelo Ministrio de Transportes, pelo Plano Estadual de

    Logstica de Transportes (PELT), disponibilizado pela Secretaria Estadual de

  • 18

    Transpores e Obras Pblicas (SETOP/MG), e dos levantamentos realizados

    pela Confederao Nacional de Transportes (CNT) referentes ao estado de

    conservao da malha rodoviria;

    b) anlise dos projetos virios previstos para a regio. Ser feito um

    levantamento dos projetos de manuteno, recuperao, melhorias e

    expanso da malha rodoviria junto ao Departamento Nacional de

    Infraestrutura de Transportes (DNIT) e SETOP/MG, incluindo o programa

    Caminhos de Minas; levantamento dos projetos de manuteno, recuperao,

    melhorias e expanso da malha ferroviria junto Agncia Nacional de

    Transportes Terrestre (ANTT) e s concessionrias do sistema ferrovirio na

    regio; e levantamento dos projetos de manuteno, recuperao, melhorias

    e expanso de aeroportos constantes do Programa Aeroporturio de Minas

    Gerais (Proaero), gerenciado pela SETOP/MG.

    c) anlise das principais demandas da regio de referncia. Ser feita uma

    avaliao das demandas existentes decorrentes da estrutura produtiva local,

    verificando a compatibilidade do sistema de transporte com os volumes a

    serem transportados e com as necessidades de atendimentos especficos,

    considerando a distribuio para consumo local e para exportao;

    d) anlise das alternativas de estrutura produtiva. Ser verificada a

    compatibilidade dos componentes do sistema de transportes propostos pelos

    diferentes atores institucionais com as demandas a serem geradas pelas

    alternativas de estrutura produtiva detectadas ou propostas pelo pelos

    cenrios econmicos e demogrficos.

    Instrumentos de Planejamento Urbano e Regional

    Sero considerados nesta avaliao os instrumentos de gesto e

    planejamento regional urbano e regional, incluindo planos diretores municipais,

    legislaes urbansticas e ambientais, e arranjos institucionais de gesto

    democrtica, como conselhos municipais e estaduais. O objetivo principal desta

    avaliao compreender como os diversos instrumentos de planejamento territorial

    esto articulados regionalmente entre os municpios e se os mesmos prevem

  • 19

    medidas e estratgias definidas para enfrentamento das transformaes regionais

    futuras.

    Ser feita, em colaborao com outros atores envolvidos no projeto, uma

    avaliao do relacionamento das prefeituras com os principais atores da regio

    (associaes da sociedade civil, sindicatos, instituies acadmicas, empresas,

    governos estadual e federal etc.). Os rgos e mecanismos de gesto colegiada

    sero tambm avaliados qualitativamente. Para tanto, a pesquisa de campo

    proposta e a seleo de atores regionais ser de importncia central.

    Um componente central nessa anlise so os Planos Diretores (ou planos

    similares de desenvolvimento municipal) da Regio de Referncia, e as

    possibilidades de compatibilizao para a construo futura de um Plano Diretor

    Regional. Esta avaliao visa definir as principais estratgias de planejamento

    municipal das cidades e a sua relevncia frente a um contexto de transformao

    estrutural nos prximos anos. A anlise dos Planos Diretores ser organizada em

    torno de seis reas: Desenvolvimento Econmico, Cultura e Patrimnio Histrico,

    Ordenamento Territorial, Habitao, Meio Ambiente e Polticas Sociais. Por se tratar

    de um instrumento central para o planejamento municipal, o Plano Diretor deve

    englobar diretrizes que demonstrem as prioridades e polticas pblicas locais a partir

    destas seis reas, assim como a integrao entre as mesmas. Sero avaliados

    tambm se os Planos Diretores Municipais contemplam algum dos instrumentos de

    poltica urbana disponveis no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), particularmente

    aqueles referentes garantia de acesso terra urbanizada para populao de baixa

    renda, seja atravs de mecanismos de regularizao fundiria e/ou promoo de

    habitao. fundamental compreender como estes instrumentos vm sendo

    efetivamente implantados.

    Em paralelo, sero avaliados os Planos Plurianuais de Ao Governamental

    (PPAGs), instrumento legal normatizador do planejamento de mdio prazo, que

    explicita diretrizes, objetivos, programas, aes e metas a serem atingidas, definindo

    quantitativamente recursos necessrios para sua implementao dos investimentos

    prioritrios ao longo de quatro anos. Os PPAGs sero confrontados com os Planos

    Diretores Municipais, buscando revelar se os investimentos efetivamente

    programados pelas prefeituras tm seguido as diretrizes de longo prazo de

  • 20

    planejamento das cidades. Planos setoriais de mobilidade, de saneamento e de

    habitao, dentro outros que tenham significativo impacto territorial, sero tambm

    considerados na anlise, tendo sempre como perspectiva a sua adequao sob o

    ponto de vista regional.

    Para alm da anlise qualitativa do contedo dos Planos Diretores Municipais,

    ser realizada uma compatibilizao das categorias de uso e ocupao do solo

    presentes nos zoneamentos municipais, buscando a construo de um

    macrozoneamento regional que expresse em taxonomias comuns a grande

    variedade de categorias contidas nos planos municipais, geralmente construdos a

    partir de metodologias distintas. O objetivo aqui garantir a comparabilidade entre

    os zoneamentos municipais, identificar possveis sinergias e/ou conflitos entre

    zoneamentos de borda, assim como avanar numa avaliao destes zoneamentos a

    partir de uma perspectiva regional, presente e futura. Alm disso, a compatibilizao

    fundamental para que se avance na proposta de um novo ordenamento territorial

    para a regio.

    A definio de um novo ordenamento territorial regional partir da

    caracterizao da estrutura urbana e regional, constituda pelas centralidades,

    relaes de polarizaes, homogeneidades e diferenciaes intra e interregionais,

    condicionantes fsico-ambientais e histricos da regio, configurao dos sistemas

    de mobilidade e comunicaes, e pela distribuio da populao e das atividades

    econmicas no territrio. A proposta de reestruturao territorial regional dever

    incorporar as estratgias de ao para o desenvolvimento regional sustentvel, a

    partir da definio de uma nova rede de centralidades, de projetos estratgicos de

    mobilidade intra e interregional, da identificao de reas para expanso urbana e

    para usos econmicos especiais, e da definio de reas para restrio ao uso e

    ocupao.

    Anlise Ambiental

    No se buscar, aqui, desenvolver uma avaliao aprofundada da estrutura

    ambiental da regio em estudo, com o levantamento e anlise das principais

    presses antrpicas e proposio de medidas de mitigao, ou apontamento e

    anlise de medidas emergenciais necessrias de curto prazo. Tal funo cabe a

  • 21

    instrumentos especficos de planejamento territorial, como por exemplo, os EIA-

    RIMA e os planos diretores municipais. Por outro lado, sero identificados e

    avaliados fatores ambientais associados estrutura regional que impactem, de

    forma mais decisiva, as perspectivas de desenvolvimento no mdio e longo prazo.

    Nesse sentido, o discurso contido nos estudos de impacto ambiental sero

    comparados, de forma crtica, aos cenrios econmicos, demogrficos e a evoluo

    da estrutura urbano-regional em funo dos empreendimentos minerrios. Tal

    anlise permitir identificar possveis inconsistncias, dessa forma, propor

    alternativas de ao de curto, mdio e longo prazos.

    Ressalte-se ainda que a anlise da dinmica demogrfica e econmica

    (especialmente em termos de infraestrutura urbana, educao e renda) e dos

    instrumentos de gesto e planejamento urbano (descritos acima), permitiro

    identificar fatores que afetam a qualidade ambiental e que, em um sentido mais

    amplo, possibilitaro uma anlise de situaes de vulnerabilidade socioambiental

    das populaes na Regio de Referncia. Poder-se-, a partir desses cenrios,

    estabelecer melhores alternativas em termos de polticas de reduo de

    vulnerabilidade populacional.

    Capacidade Fiscal dos Municpios

    Articulado ao cenrio econmico e demogrfico deste estudo, ser produzida

    uma projeo da capacidade fiscal dos municpios da regio de estudo. Estas

    projees se basearo nas caractersticas histricas de arrecadao fiscal e nas

    projees do cenrio econmico regional produzidos pelos modelos econmico

    (IMAGEM-MG) e demogrfico.

    A anlise da capacidade fiscal dos municpios da regio de especial

    importncia para o entendimento de sua capacidade de financiamento. Neste

    contexto, a estruturao econmica dos municpios das microrregies em estudo

    apresenta implicaes para os nveis e potencialidades da tributao. Em municpios

    e regies com predominncia da atividade agropecuria so mais reduzidos os

    nveis de agregao de valor, alm de a prpria poltica tributria isentar muitos da

    cobrana de impostos, enfraquecendo a capacidade de extrao de recursos

    tributrios. Em municpios com atividade industrial mais elevada, maior o valor

  • 22

    agregado no produto e mais intensa e eficiente a tributao, cabendo aos municpios

    uma parcela maior das transferncias realizadas pelo estado, em boa medida pelo

    critrio do valor adicionado, derivadas da cobrana do Imposto de Circulao de

    Mercadorias e Servios (ICMS). No caso da predominncia do setor de servios,

    para garantir uma boa fonte de arrecadao de tributos prprios, o municpio tem de

    ter bem ajustada sua estrutura de fiscalizao e cobrana do Imposto sobre Servios

    (ISS) para garantir uma boa fonte de arrecadao de tributos prprios, j que

    tendero a serem menores as transferncias recebidas do ICMS.

    Um indicador que permite avaliar o grau de desenvolvimento atingido por uma

    regio ou municpio o Indicador de Desempenho Tributrio e Econmico (IDTEE)1.

    O IDTE vincula as receitas predominantes nas estruturas tributrias ao grau de

    desenvolvimento atingido pela regio ou municpio, o que propicia a formao de

    grupos mais homogneos e tornam mais realistas os diagnsticos sobre seus

    problemas e mais eficazes as polticas formuladas para a superao de suas

    dificuldades. Neste sentido, representa, tambm, um esforo de sintetizar, em um

    nico indicador, o grau de suficincia fiscal dessa realidade.

    No caso dos municpios, o IDTE relaciona as receitas da administrao

    pblica que guardam relao com o seu movimento econmico, caso das receitas

    prprias (IPTU, ISS, taxas e tambm as transferncias recebidas do ICMS, que so,

    em boa medida, definidas em funo do valor adicionado na economia) com receitas

    que no guardam correspondncia com a sua vida econmica, caso mais notrio

    das transferncias do Fundo de Participao dos Municpios (FPM), que so

    determinadas predominantemente pelo critrio populacional para os municpios do

    interior. Assim, municpios que apresentam elevada dependncia de transferncias

    do FPM para o financiamento de seus gastos geralmente caracterizam-se por

    possurem bases econmicas frgeis e, por consequncia, bases estreitas de

    tributao, em contraposio aos mais desenvolvidos, onde prevalecem as receitas

    prprias e as transferncias do ICMS.

    O IDTE, portanto, permite um razovel entendimento da relao entre a

    estrutura econmica municipal e a produtividade efetiva de sua arrecadao. Neste

    sentido, os empreendimentos previstos para as microrregies em estudo, que so da

    1 Conferir a metodologia de clculo do IDTE em Fundao Joo Pinheiro, Finanas dos Municpios Mineiros: diversidade e indicadores, de 1998.

  • 23

    ordem de R$ 8 bilhes nos prximos cinco anos, todos eles relacionados ao

    complexo de minerao, possibilitam um aumento da arrecadao do ICMS nesta

    regio. Ao mesmo tempo abre a possibilidade de aumento da produtividade fiscal,

    principalmente possibilitando o incremento na arrecadao do ISS e IPTU, uma vez

    que os investimentos devem gerar um maior crescimento econmico na regio. Com

    efeito, a dependncia desses municpios de transferncias embora difcil de ser

    revertida nunca a melhor estratgia de melhoria nas condies de financiamento

    municipal. Neste sentido, crescimento econmico em setores industriais geralmente

    conduz a uma maior diversificao da oferta de servios, permitindo aumentar a

    produtividade do ISSQN, imposto municipal. Do mesmo modo, o IPTU tambm pode

    ser utilizado, no s como instrumento de arrecadao, mas tambm como elemento

    constituinte na melhora do perfil distributivo e crescimento populacional e de

    domiclios no municpio.

    1.1.4 Tratamento da Informao e Anlise Espacial

    Um Plano desta natureza requer uma grande quantidade de informaes

    demogrficas, socioeconmicas, ambientais e de infraestrutura. Por isso, sero

    necessrios equipamentos atualizados, tais como servidores e estaes de trabalho

    com alto desempenho para o processamento dos dados e grande capacidade de

    armazenamento de informaes. Certamente, o desenvolvimento das atividades do

    projeto, para alm das aplicaes dos mtodos tradicionais da demografia e da

    economia, exigir adaptao de metodologias especficas para a realidade regional.

    Estas envolvero operaes e simulaes com grandes matrizes, quer seja para o

    tratamento dos dados de origem e destino dos movimentos populacionais, para os

    modelos de equilbrio geral computvel e para as projees demogrficas.

    O tratamento de todos estes dados e a aplicao das metodologias

    elaboradas devero ser integradas no Laboratrio de Pesquisa do Cedeplar/UFMG,

    atravs de um Sistema de Informaes Geogrficas, uma vez que a maior parte dos

    dados sero georeferenciados. Alm dos softwares livres, tambm sero utilizados

    softwares proprietrios, como o ArcGIS. O laboratrio constituir um ambiente no

    apenas para armazenamento e processamento, mas tambm para consultas, para

    elaborao de produtos de visualizao e sntese, como mapas temticos, alm de

  • 24

    anlises espaciais avanadas, e a construo de um banco de dados com as

    informaes desenvolvidas no projeto.

    Estas atividades contaro com um corpo de pesquisadores qualificados,

    formado basicamente pelos professores participantes do projeto, bem como alunos

    selecionados dos cursos de graduao, mestrado e doutorado, alm dos eventuais

    consultores contratados para tarefas especficas.

    1.1.5. Processo Participativo na Construo do Plano de Desenvolvimento

    Um dos componentes principais do trabalho ser a realizao de entrevistas,

    atravs de questionrios semi-estruturados, com atores selecionados em parceria

    com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional e Poltica Urbana

    (SEDRU). Esses atores seriam pessoas e instituies chaves, tais como: gestores

    pblicos nas esferas estadual e municipal, entidades empresariais, e sindicais,

    principais empresas atuantes na regio, lideranas comunitrias e a sociedade civil

    organizada em geral. A partir de uma identificao desses atores, sero obtidas

    informaes sobre sade, educao, meio ambiente e finanas consolidadas nas

    secretarias estaduais, planos diretores e estudos ambientais nas esferas estadual e

    municipal.

    A percepo dos agentes locais fundamental como elemento de

    qualificao das informaes secundrias e dos modelos descritos nesse projeto. A

    rigor, o processo de calibragem dos modelos econmicos e demogrficos implica,

    necessariamente, a incluso dessas percepes. Dessa forma, a possibilidade de

    utilizao de mixed methods, ou a combinao de elementos quantitativos e

    quantitativos nos cenrios a serem propostos, asseguram uma maior aderncia a

    demandas efetivas dos diversos agentes envolvidos em termos de polticas futuras

    para a regio.

    Deve-se frisar que os resultados preliminares da pesquisa sero discutidos

    com os atores para validao e crtica, as quais sero efetivamente consideradas no

    Relatrio Final. A rigor, e caso haja reposta efetiva, demanda e apoio dos agentes

    locais, ser proposta, na segunda etapa de trabalho campo, a realizao de um

    seminrio com os atores locais, em um municpio da regio.

  • 25

    O questionrio semi-estruturado corresponde a um conjunto de temas e

    questes e eventos relacionados formao histrica da regio de referncia, a sua

    estrutura socioeconmica atual e aos impactos dos projetos e eventos estruturantes,

    ou seja, aqueles que mudaro a organizao espacial como entendida hoje. O foco

    do questionrio sero os principais atores regionais, sejam eles pblicos, privados

    ou representantes da sociedade civil.

    Sero privilegiados os temas e questes abaixo. Deve-se ressaltar que trata-

    se de um roteiro inicial; a estrutura final do roteiro ser definida aps contatos iniciais

    com os atores, visando uma identificao prvia de questes pertinentes ao estudo.

    Tema 1: Os grandes investimentos na regio e seus impactos

    Tema 2: Transporte e mobilidade regional

    Tema 3: As outras atividades da regio

    Tema 4: Agropecuria

    Tema 5: Populao, qualidade de vida e amenidades urbanas

    Tema 6: Turismo, meio ambiente e patrimnio histrico

    Tema 7: A articulao entre as prefeituras

    Tema 8: Os conflitos na regio

    1.2 Definio da Regio de Estudo

    Foi realizada, no dia 14 de Novembro de 2012, reunio na SEDRU para a

    discusso do Produto B, Item 4.1 do edital, referente definio da regio de estudo

    na regio do Mdio Espinhao. Participaram da reunio, pela SEDRU, Ivan Massimo

    e Weslley Cantelmo; e pelo Cedeplar, Alisson Barbieri, Edson Domingues, Roberto

    Monte-Mr, Fabiana Borges, Joo Tonucci, Brenner Rodrigues e Francisco Cortezzi.

    Partiu-se, inicialmente, da reviso da proposta inicial constante no termo de

    Referncia proposto pela equipe do Cedeplar. Foi proposto inicialmente, e em

    consonncia aos termos do Edital 001/2012, um recorte territorial doravante

    denominado Regio Ampla de Estudo, compreendendo a microrregio (conforme

    definio do IBGE) de Conceio do Mato Dentro, somando-se aos municpios

  • 26

    pertencentes Associao dos Municpios do Mdio Espinhao (AMME). Foi

    proposto ainda que seria definido, em conjunto com os tcnicos da SEDRU, a

    delimitao de uma Regio de Referncia, a partir da qual sero desenvolvidos os

    estudos detalhados neste plano. Tal delimitao envolver a identificao dos

    empreendimentos e a sua abrangncia territorial, e ser composta por duas partes:

    a) rea de Impacto Direto (AID), correspondendo aos municpios que abrigaro os

    grandes projetos minerrios e parte dos municpios da Regio Ampla de Estudo que

    sofrero os impactos diretos mais relevantes em funo dos empreendimentos; e b)

    rea de Impacto Indireto (AII), correspondendo a parte dos municpios da Regio

    Ampla de Estudo que sofrero os impactos indiretos mais relevantes em funo dos

    empreendimentos.

    Na reunio com os tcnicos da SEDRU foi discutida a necessidade de

    reaquao das terminologias acima, especialmente em funo da existncia de

    terminologias parecidas, por exemplo em Estudos de Impacto Ambiental, que j

    definem os termos rea de Impacto Direto e rea de Impacto Indireto. Foi decidida a

    criao da nomenclatura abaixo, que mantm consonncia com os Termos

    Propostos no Edital 001/2012:

    a) a Regio de Referncia ser doravante definida como a rea que engloba os

    municpos pertencentes microrregio (IBGE) de Conceio do Mato Dentro,

    somando a essa os municpios da Associao dos Municpios da Regio do

    Mdio Espinhao. Tal definio est em consonncia com os termos

    propostos no Anexo I.2 do Edital 001/2012;

    b) a Regio de Estudo Preliminar2 ser doravante definida como aquela

    envolvendo os municpios que abrigaro atividades minerrias nos prximos

    anos. Essa definio levou em considerao os Termos de Compromisso das

    empresas mineradoras protocolados junto ao Governo de Estado, informao

    essa apresentada pela SEDRU durante a reunio, e outras informaes

    levadas reunio pela SEDRU sobre a existncia de projetos minerrios para

    a regio. Foi definida a Regio de Estudo como aquela i) compreendendo os

    municpios com atividades minerrias da Anglo American Conceio do

    2 A definio da Regio de Estudo ser preliminar, pois novas indicaes sobre os empreendimentos

    podem surgir ao longo da pesquisa, obrigando-nos a redefinir os municpios que a compe. Somente no Produto 2 ser delineada, de forma definitiva, a Regio de Estudo.

  • 27

    Mato Dentro (extrao mineral), Alvorada de Minas (usina de pelotizao),

    Dom Joaquim (abastecimento de gua) e Serro (mineroduto); ii) municpio

    com atividades mineratrias da Manabi Minerao (Morro do Pilar), e iii)

    muncpios com perspectivas de atividades mineratrias da Vale (Conceio

    do Mato Dentro e Morro do Pilar).

    O Mapa 1 define as regies de referncia e de estudo, assim definidas, para o

    Mdio Espinhao.

  • 28

    Mapa 1 Regio de Referncia e Regio de Estudo no Mdio Espinhao

  • 29

    1.3 Breve Caracterizao Histrica

    Esta parte do trabalho contm uma primeira aproximao formao histrica

    e caracterizao scio-espacial e econmica da Regio em questo. Enquanto a

    abordagem histrica abrange toda a Regio de Referncia, alguns aspectos mais

    especficos e mais detalhados so tratados apenas para a Regio de Estudo, aquela

    que abrange os municpios mais diretamente afetados pelas atividades mineradoras,

    seja no processo de produo, seja nos impactos indiretos mais fortes nas cidades

    que funcionam como plos regionais ou como lugares centrais importantes,

    provendo bens e servios centrais ao conjunto dos municpios. Este trabalho

    preliminar representa to somente uma primeira abordagem formao histrica e

    caracterizao scio-espacial e econmica da Regio, devendo ser ampliado,

    aprofundado e revisto em vrios de seus aspectos no Produto 2.

    1.3.1 Fundamentos Histricos

    A Regio de Referncia, que compreende a Microrregio de Conceio do

    Mato Dentro definida pelo IBGE, acrescida dos municpios pertencentes

    Associao dos Municpios do Mdio Espinhao, conformou-se principalmente a

    partir de dois polos minerrios regionais: o Serro, antiga Vila do Prncipe; e

    Conceio do Mato Dentro, antiga Conceio do Serro. A regio, ocupada

    originalmente por grupos indgenas botocudos, foi sendo progressivamente

    devassada e ocupada por bandeirantes e aventureiros em busca de riquezas

    minerais a partir do incio do sculo XVIII.

    Estes desbravadores, saindo de Sabar em direo ao Serro Frio e cruzando

    o rio Cip, ainda na bacia do rio So Francisco, adentraram o escarpado macio da

    Serra do Espinhao e, j na bacia do rio Doce, chegaram a uma rea interna de

    mata atlntica, o mato dentro. Seguindo em direo norte para o Serro, os

    aventureiros do sculo XVIII fundaram o povoado de Itapanhoacanga, hoje um

    pequeno distrito de Alvorada de Minas, mas que, na segunda metade do sculo

    XVIII, conformou-se como um dos mais ricos produtores de ouro da regio das

    minas. Itapanhoacanga foi tambm um antigo pouso do caminho dos diamantes,

    importante trecho da Estrada Real.

  • 30

    Mapa 2 - Regio Ampla de Estudo: Microrregio de Conceio do Mato Dentro e municpios pertencentes Associao dos

    Muniucpios do Mdio Espinhao (AMNE)

  • 31

    Segundo alguns historiadores, foi Antnio Ferreira Soares o descobridor das

    minas do Serro Frio, em 1702. Os primeiros mineradores foram atrados pelas lavras

    do aurfero Hivituru e do crrego dos Quatro Vintns. Os ndios denominavam o

    lugar de Hivituru, ou seja, Grande Serro do Frio. Mais tarde, o topnimo foi mudado

    para Arraial das Lavras Velhas do Hivituru, posteriormente Vila do Prncipe,

    atualmente Serro. O municpio, criado como territrio desmembrado do termo da

    antiga Vila de Sabar, recebeu a designao de Vila do Prncipe, a 29 de janeiro de

    1714. A Ordem Rgia de 16 de maro de 1720 criou a Comarca de Serro Frio, e a

    Carta Rgia de 6 de abril do mesmo ano designou a Vila do Prncipe como sede da

    Comarca. Em 1720, estabeleceu-se a Casa de Fundio para a cobrana do quinto

    do ouro extrado das lavras. Pelo disposto na Lei Provincial n. 93, de 6 de maro de

    1838, concederam-se foros de Cidade Sede municipal (IBGE, 2012).

    Nos primeiros anos do sculo XVIII, o bandeirante Manuel de Borba Gato fez

    as primeiras descobertas de ouro na regio em que se localiza o municpio de

    Conceio do Mato Dentro. Em 1704, Gabriel Ponce de Lion, Gaspar Soares e

    Manuel Corra de Paiva chefiaram a bandeira que descobriu ouro no rio Santo

    Antnio. Depois de inmeras lutas contra os indgenas, retiraram-se para a vertente

    leste da Serra do Espinhao, onde localizaram as mais ricas lavras aurferas da

    regio nordeste das Minas Gerais. Deu-se a a formao de um povoado que, pela

    Carta Rgia de 16 de fevereiro de 1724, foi elevada a freguesia com o nome de

    Conceio do Mato Dentro, verificando-se, por Alvar de 16 de janeiro de 1750, a

    criao do Distrito. Em virtude da Lei provincial n. 171, de 23 de maro de 1840, foi

    criado o municpio de Conceio (do Mato Dentro) em terras desmembradas do

    Serro (IBGE, 2012).

    O caminho dos diamantes, que ligava Vila Rica (Ouro Preto) ao Arraial do

    Tejuco (Diamantina), sede da Demarcao Diamantina, constituiu uma via de

    significativa importncia regional durante os sculos XVIII e XIX. Por este caminho

    se fazia a ligao mercantil entre o maior ncleo urbano da Capitania e o centro da

    regio que, a partir da terceira dcada do sculo XVIII, passou a fornecer diamantes

    diretamente Coroa Portuguesa. Saindo de Vila Rica, o caminho seguia em direo

    Vila do Ribeiro do Carmo (Mariana), de onde seguia para o norte rumo ao arraial

    do Tejuco, passando por vrios ncleos importantes, como Catas Altas, Santa

    Brbara, Conceio (do Mato Dentro) e Vila do Prncipe (Serro). A descoberta de

  • 32

    diamantes na regio do Serro Frio e do Tejuco, a partir de 1729, tornou este

    caminho uma das vias de mais destaque na Capitania, servindo ao abastecimento

    da regio diamantfera, ao escoamento da sua extrao mineral, e imigrao para

    a rea.

    Na esteira da minerao, proliferaram povoados e arraiais ao longo da

    Estrada Real. Entretanto, os ncleos urbanos que se formaram s suas margens

    caracterizaram-se pela rarefao, em oposio densidade e estruturao das vilas

    do ouro. Este aspecto talvez reflita as severas restries impostas pela metrpole

    portuguesa expanso econmica e imigrao para o Distrito Diamantino, como

    parte da estratgia real de garantir controle rigoroso sobre a quantidade de

    diamantes extrados no Serro Frio (SANTOS, 2003).

    A demarcao em 1734 do Distrito Diamantino, j adentrando a bacia do Rio

    Jequitinhonha, trouxe riqueza e fortaleceu a ocupao do Mdio Espinhao na

    segunda metade do sculo XVIII e parte do XIX, quando j se anunciava o

    esgotamento das lavras aurferas de mais fcil extrao. Esgotadas as grandes

    quantidades dos ricos minerais particularmente ouro e diamantes a economia

    regional voltou-se para a agropecuria de baixa produtividade, restrita oferta de

    produtos para os mercados locais e subsistncia.

    Apesar da sua riqueza e diversidade mineral, no Mdio Espinhao a

    passagem do cho de ouro para o cho de ferro no se deu como na regio do

    Quadriltero Ferrfero, onde j no sculo XIX as pequenas forjas e as novas minas

    abertas com capital estrangeiro reavivaram a economia mineradora regional. Apenas

    em Morro do Pilar, um antigo e decadente centro minerador da primeira metade

    XVIII, situado nos contrafortes do Espinhao, ensaiou-se esta transio. Entre 1809

    e 1814, o Intendente Cmara iniciou ali a construo da Real Fbrica de Ferro de

    Morro do Pilar, ou Fbrica do Rei, primeira fbrica de ferro do Brasil. J em 1815,

    Cmara conseguiu fabricar ferro lquido com dois pequenos fornos suecos.

    Entretanto, em razo de inmeras dificuldades enfrentadas, a fbrica foi desativada

    em 1831 (IBGE, 2012).

    Hoje, a parte do Espinhao que se estende de Conceio do Mato Dentro ao

    Serro constitui ainda uma reserva expressiva de minerais, onde o itabirito, a bauxita

    e a cromita se destacam. As atividades tursticas ganharam peso na regio, com

    alguns esforos do Estado para seu fortalecimento, como o caso do Programa

  • 33

    Estrada Real3. As belezas naturais das escarpas do macio do Espinhao, as

    famosas cachoeiras, o patrimnio arquitetnico barroco e a cultura diversificada

    marcada por sincretismos e forte presena de populao descendente de escravos,

    expressa em um artesanato local expressivo e festejos religiosos, apresentam-se

    como atrativos para a consolidao do turismo ecolgico e histrico-cultural na

    regio. A criao da Reserva da Biosfera do Espinhao em 2005 pela UNESCO

    pode ser considerada um marco neste sentindo, considerando a ampla insero do

    territrio do Mdio Espinhao particularmente de Conceio do Mato Dentro,

    considerada a capital do ecoturismo mineiro na Reserva da Biosfera4.

    Entretanto, recentemente, novos investimentos minerrios esto sendo

    previstos para a regio, gerando expectativas de ganhos econmicos, mas tambm

    receios relativos destruio desse patrimnio natural e cultural. A presena de

    empresas multinacionais na regio, como a Anglo American e a Vale, entre outras,

    com intenes de instalao de grandes projetos mineradores, tem trazido

    esperanas e tambm intranquilidade a setores diversos da populao. A melhor

    compreenso da natureza e da fora do ethos regional, assim como as reais

    implicaes das novas atividades econmicas previstas, dever permitir um conjunto

    de aes programadas, envolvendo tanto os nveis diversos de governo quanto

    setores empresariais e organizaes da sociedade civil, para eventualmente se

    articularem em aes de carter preventivo e mobilizador para garantir a convivncia

    adequada entre atividades to distintas e muitas vezes conflitantes social,

    econmica e ambientalmente.

    1.3.2 Caracterizao Regional: uma abordagem introdutria

    A Regio do Mdio Espinhao aqui tomada como Regio de Referncia

    teve um desenvolvimento lento, provavelmente devido precariedade das condies

    de transporte que persistiram na regio at os dias de hoje. Como o acesso ao

    grande plo regional de Montes Claros, e tambm ao plo micro-regional de

    Diamantina, passou a se dar atravs de um sistema ferrovirio e rodovirio

    3 O Programa Estrada Real foi criado pelo governo do Estado de Minas Gerais em 1999, com o objetivo de desenvolver o turismo nos municpios na rea de influncia ao longo daqueles antigos caminhos, ou estradas: Caminho Velho, Caminho Novo e Caminho dos Diamantes.

    4 Em 2005, o Programa Man and Biosphere, da Unesco, concedeu o diploma de Reserva da Biosfera Serra do Espinhao (RBSE), com apoio de rgos do Estado de Minas Gerais (em particular, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente Semad), da Ong internacional France Liberts e de 60 instituies. (Becker, 2009)

  • 34

    excntricos em relao ao Caminho dos Diamantes, a Regio permaneceu

    margem dos grandes impactos da modernizao gerada pela expanso rodoviria

    da segunda metade do sculo XX. O velho Caminho dos Diamantes, passando por

    Conceio do Mato Dentro e chegando at o Serro e Diamantina, permaneceu sem

    pavimentao, mantendo assim difceis condies de trfego. Assim, as presses

    econmicas sobre a Regio foram minimizadas, permitindo que populaes

    tradicionais, assim como suas prticas culturais locais e regionais, tivessem maior

    continuidade e se constitussem em um patrimnio cultural e natural de expresso.

    Recentemente, vrios movimentos locais, regionais e at internacionais se

    constituram visando a conservao e valorizao desse patrimnio. Conselhos

    municipais, secretarias e instituies, voltadas para a preservao ambiental e

    cultural envolvendo atividades tursticas direcionadas para a valorizao cultural e

    ecolgica foram criadas em Conceio do Mato Dentro, com impactos na Regio

    como um todo. A economia municipal, historicamente combalida, ganhou certa

    dinamizao, particularmente nos setores ligados ao turismo e s atividades

    culturais (Becker, 2009). Conceio do Mato Dentro a sede da micro-regio de

    mesmo nome, que constitui a ampla maioria dos municpios que compem nossa

    Regio de Referncia, ficando excludos apenas os municpios de Carmsia e

    Ferros, includos na Regio por pertencerem AMME Associao dos Municpios

    do Mdio Espinhao.

    O dendograma abaixo, na Figura 2, mostra a genealogia e ano de criao dos

    municpios da Microrregio de Conceio do Mato Dentro, sugerindo a relativa

    estagnao econmica e populacional dos municpios, dado que os mais novos

    foram criados h 50 anos.

  • 35

    Figura 2. Microrregio de Conceio do mato Dentro - genealogia e ano de criao

    dos municpios

    Por outro lado, desde meados do sculo XX riquezas minerais vinham sendo

    identificadas na Regio, destacando-se ferro, mangans, fosfato, ouro, granito,

    chumbo, platina, cromo, entre outros. Entre 1943 e 1989, 26 registros minerrios

    haviam sido identificados no municpio de Conceio do Mato Dentro, sendo que

    entre 2001 e 2009 foram identificados 193 registros, sendo 14% para a Anglo

    American (cromo e ferro) e 12% para a Vale (fosfato e ferro). O projeto Minas-Rio

    pertence ao grupo sul-africano Anglo American, adquirido atravs da subsidiria

    Anglo Ferrous do Brasil (BECKER; PEREIRA, 2011, p. 240).

    Ainda que a economia tenha se desenvolvido muito lentamente nas ltimas

    dcadas, houve um processo de urbanizao acentuado, como se pode notar no

    grfico abaixo, onde uma populao predominantemente rural em 1970 (74%) migra

    para os centros urbanos, sendo que a dita transio rural-urbana ocorre neste

    sculo, quando a populao urbana atinge, em 2010, 55% da populao total.

  • 36

    Grfico 1. Evoluo dos domiclios urbanos e rurais (%) da microrregio de

    Conceio do Mato Dentro

    Fonte: IBGE, Censos Demogrficos (construdo a partir da Tabela 1, em anexo)

    A Tabela 1 mostra que a Regio perdeu populao ao longo dessas quatro

    dcadas, passando de 93.953 habitantes em 1970, para 84.605 habitantes em 2010.

    Por outro lado, cabe ressaltar que, apesar da transio rural-urbana, os centros

    urbanos continuam muito pequenos, sendo que apenas os dois maiores municpios

    tm populao urbana superior a dez mil habitantes (12.269, em Conceio do Mato

    Dentro; 12.895, no Serro) e um outro, superior a cinco mil (Rio Vermelho, 5.481

    habitantes). Trs municpios tm populao urbana inferior a mil habitantes e os

    demais no superam trs mil habitantes urbanos (note-se que vrios desses

    municpios tm mais de um distrito, o que significa uma populao ainda menor nas

    cidades).

    A anlise do Produto Interno Bruto (PIB) na Microrregio de Conceio do

    Mato Dentro, no perodo 1999-2009 mostra, por sua vez, a completa estagnao da

    economia regional, praticamente no existindo variao nos percentuais setoriais e

    mostrando alteraes muito pequenas de valores nesses dez anos (ver Tabela 1 e

    Grfico 2). A produo agropecuria fica em torno de 20% do total do PIB, enquanto

    a produo industrial fica em torno de 10%, cabendo ao setor tercirio a parcela

    mais expressiva do PIB. Dado o tamanho pequeno dos municpios, e particularmente

    da populao urbana (cidades e vilas), pode-se inferir a precariedade e fragilidade

    do setor tercirio em questo.

  • 37

    Tabela 1 Microrregio de Microrregio de Conceio do Mato Dentro: Composio

    setorial e evoluo do PIB (R$ milhes de 2000)

    Microrregio de Conceio do Mato Dentro

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    PIB Total 154,593 153,343 160,433 165,238 168,783 168,281 175,495 178,207 190,412 218,099 216,928

    PIB Agropecuria

    34,078 34,066 34,624 34,926 40,452 36,927 34,992 30,782 36,845 51,138 48,214

    % Agropecuria

    22% 22% 22% 21% 24% 22% 20% 17% 19% 23% 22%

    PIB Indstria 15,064 15,331 14,116 15,108 15,458 16,709 16,518 17,250 19,467 20,619 22,365

    % Indstria 10% 10% 9% 9% 9% 10% 9% 10% 10% 9% 10%

    PIB Servios 101,263 99,985 106,574 110,290 107,182 108,727 116,878 123,004 127,365 138,928 139,745

    % Servios 66% 65% 66% 67% 64% 65% 67% 69% 67% 64% 64%

    Fonte: IPEADATA. Nota: Sries: PIB Municipal - R$ de 2000.

    Nesse contexto, a perspectiva de grandes investimentos mineradores pode

    ser sem dvida atraente para os municpios em geral, seus gestores e suas elites

    locais, como tambm para a populao, convivendo h dcadas com rendas muito

    baixas e precariedade de servios pblicos diante de uma economia combalida h

    mais de dois sculos. Entretanto, como foi ressaltado, o patrimnio cultural e

    ambiental da Regio muito significativo e a populao j vem se preparando para

    criar condies para sua explorao para fins tursticos. De outra parte, foi essa

    estagnao que permitiu que grande parte desse patrimnio permanecesse vivo,

    passvel de apropriao pelas prprias comunidades, significando assim um

    potencial de valorizao socioambiental e cultural distinto das atividades econmicas

    que podem gerar riquezas com rapidez, mas aumentar em muito a degradao

    ambiental, a destruio do patrimnio cultural e natural, e aumentar tambm as

    desigualdades sociais e econmicas com impactos extremamente negativos para a

    Regio.

  • 38

    Grfico 2. Microrregio de Conceio do Mato Dentro: composio setorial do PIB

    (2009)

    Fonte: IPEADATA. Nota: Sries: PIB Municipal - R$ de 2000.

    A compatibilizao de atividades mineradoras com garantias de preservao

    ambiental, de incluso social e apropriao efetiva dos benefcios econmicos pela

    populao regional o grande desafio que hoje se coloca Regio. Passar do cho

    do ouro para o cho do ferro to tardiamente h que implicar avanos significativos

    e contemporneos na dinmica social e econmica da Regio, compatveis com os

    valores, tecnologias e possibilidades do sculo XXI que se inicia.

    22%

    10% 64%

    PIB Agropecuria

    PIB Indstria

    PIB Servios

  • 39

    Quadro 2. Distribuio da populao por local de residncia Regio de Conceio de Mato Dentro 1970 - 2010

    Municpio

    Ano e Situao do domiclio

    1970 1980 1991 2000 2010

    Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

    Alvorada de Minas 841 3.182 704 3.262 1.068 2.825 1.129 2.398 1.450 2.096

    Conceio do Mato Dentro 6.993 13.616 7.708 12.058 9.104 9.617 10.636 8.001 12.269 5.639

    Congonhas do Norte 936 2.884 999 3.354 1.229 3.304 2.225 2.672 2.598 2.345

    Dom Joaquim 2.571 4.883 2.239 3.994 2.416 2.544 2.715 1.983 2.922 1.613

    Itamb do Mato Dentro 277 3.789 382 2.993 451 2.304 779 1.803 908 1.375

    Morro do Pilar 1.557 2.603 2.072 2.069 2.228 1.645 2.565 1.170 2.581 818

    Passabm 373 1.899 343 2.312 464 1.219 652 1.294 1.012 754

    Rio Vermelho 2.326 13.912 2.339 12.750 3.390 12.472 5.012 9.893 5.481 8.164

    Santo Antnio do Itamb 521 4.508 765 4.591 840 3.607 1.171 3.417 1.230 2.905

    Santo Antnio do Rio Abaixo 535 1.749 505 2.202 610 1.491 750 1.073 888 889

    So Sebastio do Rio Preto 505 2.238 596 2.147 648 1.468 590 1.189 876 737

    Serra Azul de Minas 604 3.072 890 2.957 1.112 2.762 1.661 2.577 1.710 2.510

    Serro 6.243 11.336 7.764 9.605 9.766 9.575 11.791 9.221 12.895 7.940

    total 24.282 69.671 27.306 64.294 33.326 54.833 41.676 46.691 46.820 37.785

    Fonte: IBGE, Censos Demogrficos

  • 40

    1.4 Seleo de Atores Regionais

    Foi realizada, no dia 14 de Novembro de 2012, reunio na SEDRU para a

    discusso do Produto B, Item 4.1 do edital, referente definio da regio de estudo

    na regio do Norte de Minas. Participaram da reunio, pela SEDRU, Ivan Massimo

    e Weslley Cantelmo; e pelo Cedeplar, Alisson Barbieri, Edson Domingues, Roberto

    Monte-Mr, Fabiana Borges, Joo Tonucci, Brenner Rodrigues e Francisco Cortezzi.

    Um dos objetivos da reunio foi levantar nomes de agentes regionais,

    privados e pblicos, para entrevistas e discusses sobre as caractersticas, impactos

    e perspectivas dos empreendimentos minerrios na Regio de Estudo. Foi possvel,

    dessa forma, elencar os seguintes agentes:

    a) representante da Associao dos Municpios do Mdio Espinhao;

    b) representantes da SETOP e DER (infraestrutura rodoviria e ferroviria);

    c) representantes do Comit Regional do Estado em Rede na regio;

    d) representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econmico

    (SEDE);

    e) representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

    Sustentvel (SEMAD) e do sistema de maio ambiente no Estado Fundao

    Estadual de Meio Ambiente (FEAM), SUPRAM etc);

    f) Representantes do Departamento Nacional de Produo Mineral (DNPM),

    especialmente para informaes sobre o Plano de Aproveitamento Econmico

    PAE);

    g) Representantes do Instituto Mineiro de Gesto das guas (IGAM);

    h) Representantes dos comits de bacia hidrogrfica;

    i) Representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

    Naturais Renovveis (IBAMA) e Instituto Chico Mendes;

    j) Representantes do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais

    (INDI) (exemplo, Sr. Agnaldo);

    k) Representantes do Ministrio Pblico;

    l) Representantes do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional

    (IPHAN) e gestores do patrimnio cultural;

    m) Representantes da Secretaria de Educao;

    n) Representantes da Secretaria de Sade;

  • 41

    o) Gestores da Segurana Pblica - Polcia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa

    Civil;

    p) Representantes da SECTES;

    q) Representantes do Ministrio Pblico;

    r) Representantes da Vale;

    s) Representantes da Anglo American;

    t) Representantes da Manabi.

    Os tcnicos da SEDRU encarregaram-se de contatar e preparar, junto a

    esses agentes, uma agenda de entrevistas durante o ms de dezembro,

    particularmente s teras e quintas-feiras no perodo da tarde. A SEDRU ficou

    encarregada de obter os protocolos de inteno e Notas Tcnicas restantes dos

    empreendimentos minerrios na Regio de Estudo.

    Deve-se mencionar, por fim, que a relao de agentes acima no final ou

    exclusiva; o desenvolvimento do projeto ao longo dos produtos 2, 3 e 4 indicaro a

    necessidade de incluso de novos agentes pertinentes execuo do plano.

    1.5 Cartografia e Banco de Dados

    Segue abaixo a Coleo de Mapas produzida para o Produto 1. Os mapas em

    formato editvel (.jpeg), assim como a base dados inicial em formato Excel, esto

    disponveis em CD entregue em anexo a esse relatrio.

  • 42

    Mapa 3 - Mdio Espinhao: Regio de referncia e regio de estudo

    Fonte: elaborao prpria.

    Mapa 4 - Mdio Espinhao: bacias hidrogrficas

    Fonte: elaborao prpria.

  • 43

    Mapa 5 Mdio Espinhao: hidrografia

    Fonte: elaborao prpria.

    Mapa 6 - Mdio Espinhao: principais rodovias

    Fonte: elaborao prpria.

  • 44

    Mapa 7 - Mdio Espinhao: biomas

    Fonte: elaborao prpria.

    Mapa 8 - Mdio Espinhao: decretos minerrios

    Fonte: elaborao prpria.

  • 45

    Mapa 9 - Mdio Espinhao: hidrografia e principais rodovias

    Fonte: elaborao prpria.

    Mapa 10 - Mdio Espinhao: hidrografia e decretos minerrios

    Fonte: elaborao prpria.

  • 46

    Mapa 11 - Mdio Espinhao: principais rodovias e decretos minerrios

    Fonte: elaborao prpria.

    Mapa 12 - Mdio Espinhao: biomas e decretos minerrios

    Fonte: elaborao prpria.

  • 47

    Mapa 12 - Mdio Espinhao: hidrografia, principais rodovias e decretos minerrios

    Fonte: elaborao prpria.

    1.6 Anlise Preliminar do Setor Minero metalrgica

    Nesta sesso apresentada uma anlise preliminar do potencial de

    desenvolvimento do setor minero metalrgica na regio de referncia, com identificao

    e caracterizao dos projetos estruturantes na regio de referncia.

    1.6.1 A Minerao em Minas Gerais e o Plo Mineral do Mdio Espinhao

    O complexo mnero-metalrgico encontra-se na raiz do desenvolvimento

    produtivo do Estado de Minas Gerais e influencia a vida das populaes de 70% dos

    municpios mineiros que tm algum tipo de explorao mineral ou atividade metalrgica.

    Recentemente, esta importncia foi acentuada em razo do rpido crescimento da

    demanda mundial por produtos desse complexo. No por outro motivo que hoje estes

    so o principal destino dos investimentos em Minas Gerais. O governo mineiro anunciou

    que, em 2010, 89% dos investimentos privados previstos para o estado seriam

  • 48

    direcionados para a cadeia minero-metalrgica. Em particular, segundo levantamento

    do IBRAM (2011), entre 2011-2015, Minas Gerais receber aproximadamente US$ 25

    bilhes em investimentos na explorao mineral, sendo a maior parte desses

    investimentos destinada explorao de minrio de ferro (US$20,4 bilhes). O Mapa

    13 indica a localizao dos principais investimentos esperados nos prximos anos.

    MAPA 13 Investimentos Planejados no Setor Mineral, 2011-2015 (US$ milhes)

    Fonte:

    IBRAM, 2011.

    Dentre os investimentos elencados, destacam-se aqueles a serem realizados no

    Mdio Espinhao, regio do Quadriltero Ferrfero ainda no explorada por

    mineradoras. Os investimentos previstos para a regio, conforme levantamento dos

    protocolos de inteno assinados com o governo de estado em anos recentes,

    totalizam R$3,84 bilhes, a serem realizados pela empresa mineradora Anglo Ferrous,

    subsidiria da gigante Anglo American no Brasil. H ainda especulaes quanto a

    investimentos da Vale tambm nessa regio, mas at o momento no h protocolo de

    intenes assinado com o governo de Minas Gerais.

  • 49

    A viabilidade econmico-financeira desse empreendimento, diferentemente

    daqueles a serem realizados no Norte de Minas, est garantida aos atuais preos

    vigentes no mercado mundial de minrio de ferro. De acordo com especialistas, no

    Quadriltero Ferrfero, onde a infraestrutura j se encontra bastante desenvolvida, os

    custos de logstica (ferrovia, portos e frete naval) somam US$110/ton. Considerando o

    teor do minrio de 65%, como encontrado no Quadriltero Ferrfero, o preo mnimo

    para viabilizar economicamente qualquer empreendimento seria de US$120/ton.

    Contudo, este empreendimento teria uma rentabilidade superior pelo fato de utilizar

    mineroduto para transporte do minrio at o Porto. Isso porque os custos de logstica

    seriam reduzidos significativamente: segundo clculos feitos pela ANTT, apresentados

    pela SAM para o Norte de Minas, enquanto o transporte por ferrovias custa US$15/ton,

    o por mineroduto se limitaria a US$0,80/ton. Adicionalmente, h perspectivas de que os

    preos do minrio de ferro no voltaro aos patamares da poca da crise

    (aproximadamente US$110-US$115), mas devero seguir uma trajetria mais estvel,

    mantendo valores superiores a US$130.

    1.6.2 Investimentos esperados no Mdio Espinhao: principais caractersticas

    O levantamento das informaes contidas nos protocolos de inteno assinados

    entre as empresas mineradoras e o governo do estado indicam que os investimentos no

    Mdio Espinhao concentram-se nos municpios de Alvorada de Minas, Conceio do

    Mato Dentro, Dom Joaquim e Serro. Ademais, as expectativas de investimentos pela

    Vale concentram-se em Morro do Pilar e Congonhas do Norte* (todos estes municpios

    compem a denominada Regio de Estudo). No obstante, os impactos diretos e

    indiretos dos empreendimentos devero se estender por municpios prximos,

    localizados na chamada Regio de Referencia.

    A empresa que j assinou protocolo de intenes com o Estado a Anglo

    Ferrous Minas-Rio Minerao, subsidiria da gigante multinacional Anglo American. Em

    agosto de 2008, a Anglo American Plc. criou a Anglo Ferrous Brazil atual Unidade

    de Negcio Minrio de Ferro Brasil - formada a partir da aquisio do Projeto Minas-Rio

  • 50

    e do Sistema Amap. Seus investimentos so estimados em R$3,84 bilhes,

    distribudos entre explorao mineral, planta de beneficiamento (em Conceio do mato

    Dentro e Alvorada de Minas); mineroduto (com 525 km de extenso que atravessa 32

    municpios mineiros e fluminenses) e 49% do terminal de minrio do Porto Au, em

    parceria com a LLX. A capacidade de produo de 26,5 milhes de toneladas de

    minrio de ferro por ano. Na fase operacional, empregar 1.300 pessoas diretamente e

    4.600 indiretamente.

    Segundo a empresa, se o cronograma for cumprido, o primeiro embarque de

    pellet feed (finos de minrio de ferro) ocorreria 27 a 30 meses aps o nicio das obras

    civis da planta de beneficiamento da barragem e abertura de mina, em maro de 2011.

    Vale lembrar que o cronograma incial acordado com o governo de estado estabelecia o

    inicio do projeto em 2007. Mas a mudana em sua propriedade da MMX para a Anglo

    Ferrous e a srie de dificuldades enfrentadas no licenciamento ambiental do projeto e

    aes do Ministrio Pblico contra a forma de atuao da empresa na regio

    retardaram seu incio para 2011 e vm atrasando a implantao do projeto como um

    todo. O Quadro 3 e a Tabela 2 apresentam, respectivamente, o Cronograma Fsico-

    Financeiro e as principais informaes sobre o projeto minerrio da Anglo Ferrous, no

    Mdio Espinhao.

  • 51

    TABELA 2. Investimentos Previstos na regio

    Fonte: Elaborao prpria com base nos Protocolos de Inteno Assinados com o Governo de Estado de Minas Gerais.

    QUADRO 3. Cronograma dos Investimentos Previstos na regio

    Fonte: Elaborao prpria com base nos Protocolos de Inteno Assinados com o Governo de Estado de Minas Gerais.

  • 52

    Um aspecto que chama ateno a ausncia de integrao jusante dos

    projetos com a siderurgia no Estado de Minas Gerais. Na verdade, h uma

    siderrgica prevista pelo grupo EBX no estado do Rio de Janeiro e, ademais, os

    minrios extrados pela Anglo Ferrous sero destinados principalmente para as

    exportaes. Considerando, a partir de informaes do Ministrio das Minas e

    Energia, que o efeito multiplicador da cadeia da minerao-siderurgia de 1:11 e

    que na atividade de minerao de ferro so gerados 100 empregos/Mton e na

    atividade siderrgica 4.000 empregos/Mt, se as empresas deixarem de exportar

    hipoteticamente 5 Mton e estes fossem transformados localmente pelas atividades

    siderrgicas, seriam gerados 20.000 empregos no estado (ou na regio).

    1.6.3 Desafios da Gesto Integrada de Territrios Minerrios e os Problemas no

    Licenciamento Ambiental do Projeto Minas - Rio

    O aproveitamento de minrios cada vez mais complexos e de mais baixos

    teores tornam o negcio mineral, de um lado, crescentemente dependente de escala

    de produo, da reduo de custos de produo e da eficincia logstica e, de outro,

    mais impactante ambientalmente e territorialmente, na medida em que requer

    maiores reas para a explorao e deposio de rejeitos. Isto tem levado

    ampliao da dimenso das reas mineradas, com a consolidao de operaes

    conjuntas de empresas diferentes, com o intuito de compartilhar os sunk costs em

    reas no exploradas e mesmo as economias de aglomerao associadas

    concentrao em uma determinada regio (por exemplo, rede de fornecedores,

    capacitao de mo de obra, dentre outros). Em consequncia, a atividade mineral

    passa a ter uma abrangncia regional, onde a gesto do territrio coloca-se como

    crtica tanto para os empreendimentos, como para os planejadores pblicos. Deve-

    se enfatizar que as atividades minerarias no se restringem pelos limites territoriais

    municipais na definio da localizao de suas plantas e, ainda, suas externalidades

    positivas e negativas se estendem por diferentes municpios e regies.

    Outro aspecto a ser ressaltado o fato de que os