Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentavel Do Baixo Amazonas Para

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    Apresentao

    Este documento tem como objetivo oferecer uma reflexo sobre o tema dasinstitucionalidades territoriais e a gesto de polticas pblicas, objeto do Eixo TemticoGesto de Polticas Pblicas de Desenvolvimento Rural no Contexto das NovasInstitucionalidades da consultoria contratada pelo Instituto Interamericano deCooperao para a Agricultura (IICA) junto ao Observatrio de Polticas Pblicas para aAgricultura (OPPA) vinculado ao Programa de Ps-Graduao de Cincias Sociais emDesenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA) da Universidade Federal Rural doRio de Janeiro.

    Constitui o Relatrio 3/2009 deste Eixo Temtico e pretende apresentar umaanlise preliminar (i) da articulao das polticas pblicas e da institucionalidadeterritorial (espaos e atores) e (ii) do impacto do Programa Territrios da Cidadania na

    institucionalidade existente no Territrio de Cidadania Baixo Amazonas PA, levandoem conta a sistematizao dos estudos e documentos j existentes e as informaescoletadas em pesquisa de campo realizada no territrio.

    Ainda no mbito da presente cooperao com o IICA, o perodo de trabalhocompreendido at agora implicou o envolvimento em outras atividades previstas noTermo de Referncia da consultoria. Entre elas, podemos destacar: (1) participao nasreunies de trabalho promovidas pelo OPPA no quadro do acordo de cooperao com oIICA; (2) participao na Jornada Temtica Novas institucionalidades no contexto daspolticas pblicas de desenvolvimento territorial sustentvel no Brasil promovida peloIICA Frum DRS e realizada no Seminrio Internacional Desenvolvimento

    Sustentvel e Territrios Rurais: Desafios para a Ao Pblica (Evento chanceladopela Coordenao Binacional do Ano da Frana no Brasil) ocorrido em Campina

    GESTO DE POLTICAS PBLICAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL NOCONTEXTO DAS NOVAS INSTITUCIONALIDADES

    Relatrio 4: Territrio de Cidadania Baixo Amazonas PA

    Julho de 2010

    NELSON GIORDANO DELGADOSILVIA ZIMMERMANN

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    Grande, de 22 a 25 de setembro de 2009; (3) apoio na preparao do IV FrumInternacional de Desenvolvimento Territorial: repensando os enfoques estratgicos paraas polticas pblicas de desenvolvimento sustentvel dos territrios, realizado, emAracaj/SE, em novembro de 2009; (4) a concluso do Relatrio sobre Gesto dePolticas Pblicas de Desenvolvimento Rural no Contexto das Novas

    Institucionalidades -2009. Territrio de Cidadania Noroeste Colonial RS, 45 p, emsetembro de 2009.

    Entende-se que a participao nos eventos mencionados foi uma oportunidadeprivilegiada para divulgar os resultados obtidos nas pesquisas, bem como para debateras recomendaes propostas. Como atividade de remate, e de grande importncia nacontinuidade e na ampliao do debate em torno do tema das novas institucionalidadespara o desenvolvimento territorial, est prevista a produo de um captulo para o livroPolticas Pblicas e Desenvolvimento Territorial no Brasil, a ser editado pelo IICA.

    O presente relatrio est organizado em sete partes. Na primeira, segue uma

    breve caracterizao socioeconmica do Territrio de Cidadania Baixo Amazonas PA ede seu meio rural, enquanto a segunda faz uma meno aos atores sociais existentes eaos conflitos entre diferentes projetos de desenvolvimento em disputa no territrio, demodo a contextualizar a problemtica existente. Na terceira parte, o Colegiado deDesenvolvimento Territorial, o Codeter BAM, examinado e na quarta fazemos umarpida meno a outros recortes poltico-administrativos existentes (ou almejados) paraa regio do BAM e sua interao com o recorte territorial. Na quinta parte,apresentamos um relato conciso acerca dos projetos territoriais aprovados pelo Codetere na parte seis os principais atores sociais do Codeter so expostos, levando em contasua viso da dinmica da institucionalidade territorial e do que consideram como sendoseus principais traos, avanos e limitaes. Por fim, na ltima parte propomos umprimeiro exerccio de comparao do protagonismo social territorial no Territrio deCidadania do Baixo Amazonas PA com semelhante processo nos Territrios deCidadania da Borborema PB e do Noroeste Colonial RS, por ns analisados emrelatrios anteriores.

    Para a elaborao deste relatrio foram utilizados alguns ensaios e documentosmencionados na bibliografia e informaes obtidas em entrevistas realizadas pelaequipe do OPPA/CPDA composta pelos professores Srgio Leite e Nelson Delgado doCPDA/UFRRJ e Marcelo Min da UFV e pela doutoranda Silvia Zimmermann doCPDA/UFRRJ- a qual se associou o doutorando do CPDA/UFRRJ Sandro Leo, com

    diferentes atores do processo de gesto social e de dinmica institucional do Territriode Cidadania do Baixo Amazonas PA, entre 10 e 14 de agosto de 2009, nas cidades deSantarm e Belterra. Foi entrevistado um conjunto de 31 participantes, que incluiu oarticulador (e ex-articulador) territorial; membros do Codeter e da Comisso Tcnica doColegiado; representantes de sindicatos e de federaes de sindicatos de trabalhadoresrurais (Fetagrig, Sintraf de Santarm e STTRs de Oriximin, Monte Alegre, Curu,Alenquer, Belterra), de sindicatos patronais rurais (Santarm), de associaes deprodutores (Associao dos Produtores Rurais de Santarm) e de movimentos sociaisrurais (AMMTCC, pescadores, FOQS), do poder pblico municipal (secretrio deplanejamento de Belterra, secretria de produo familiar da secretaria de planejamentode Santarm, SEPAQ de Santarm), dos governos estadual e federal (dirigentes e/ou

    tcnicos da unidade regional da Sagri, Emater, Embrapa, Incra) de cooperativas(Cooperhaf), de bancos (Banco do Brasil, Banco da Amaznia, CEF), da Rdio Rural de

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    Santarm, de representantes de Ongs locais (IPAM, CEFT-BAM), da Cargill, e daAssociao Comercial e Empresarial de Santarm.

    Queremos deixar registrado nosso agradecimento a todas as pessoas queaceitaram gentilmente participar dessas entrevistas, partilhando conosco seu escasso

    tempo disponvel e suas reflexes, opinies e informaes acerca da experinciaregional e de implementao do Territrio de Cidadania do Baixo Amzonas PA. Emespecial, queremos mencionar e agradecer o apoio logstico dado por Sandro Leo nossa equipe de pesquisa.

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    1. Breve caracterizao socioeconmica do Territrio de Cidadania do BaixoAmazonas PA e de seu meio rural

    O Baixo Amazonas a quarta mesorregio mais populosa do Par e de acordo

    com a diviso administrativa do Estado formada por 14 municpios. Destes, 09compuseram a primeira verso do Territrio Rural de Identidade do Baixo AmazonasPA, em 2005, que abrangia os municpios de Alenquer, Belterra, Curu, Juruti, MonteAlegre, bidos, Oriximin, Prainha e Santarm (FASE, 2005:8).

    Com a criao do Programa Territrios de Cidadania, em 2008, o Territrio doBaixo Amazonas PA, tambm conhecido como BAM, tornou-se territrio de cidadania,abrangendo adicionalmente os municpios de Almeirim, Faro e Terra Santa, passando aincorporar, ento, 12 municpios.

    Territrio Rural de Identidade

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    Grande parte dos municpios do Baixo-Amazonas PA tem formao muitoantiga, sendo contemporneos do Ciclo da Borracha. O povoamento da mesorregioiniciou no sculo XVII atravs de vrias incurses de exploradores e missioneiros quederam origem a pequenas aglomeraes ao longo do rio Amazonas. Santarm, a cidademais importante da regio, foi fundada em 1661, na confluncia do Rio Amazonas como Tapajs. O aspecto religioso foi o determinante inicial das cidades de Alenquer,

    Monte Alegre e Santarm. O objetivo de defesa do territrio deu origem cidade debidos. O processo de ocupao tambm foi marcado pelas atividades de extrao daborracha, coleta de castanha do Par e de outros produtos vegetais como andiroba,comrcio de peles de animais e extrao de madeira (FASE, 2005:10).

    O Territrio do BAM PA inclui municpios do entorno dos rios Amazonas eTapajs, sendo uma caracterstica do territrio a estreita relao com esses rios. Aregio rica por seu solo e subsolo e, em 1970, passou a extrair bauxita no vale do RioTrombetas, no municpio de Oriximin. No setor primrio, os principais produtoscomercializados so juta, mandioca, arroz, criao de bovinos, sunos, aves, pesca eindstria de fibras. Recentemente avanou a produo de fruticultura e a monocultura

    de gros como a soja, arroz e milho. O turismo est em Fase de estruturao (CIRAD-IPAM, 2009:7).

    Dados do IBGE, divulgados pelo SIT, indicam que o Territrio Baixo AmazonasPA possua em 2000 uma populao de 601.381 habitantes e uma rea geogrfica totalestimada em 317.273,5 km2. Segundo a mesma fonte, a populao rural era de 256.057habitantes (43% do total) e a populao urbana de 345.324 (57% do total), sendo quedesta ltima cerca de 70% estava concentrada nos municpios de Santarm, MonteAlegre, Oriximin e bidos, que se constituem no centro urbano e industrial da regio.

    Entre 2000 e 2007 o Territrio Baixo Amazonas PA teve um acrscimo napopulao total de cerca de 6%, chegando a 636.080 habitantes. DesconsiderandoSantarm, cujos dados de populao urbana e rural em 2007 no foram divulgados,

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    constata-se que nos demais municpios do territrio houve um aumento expressivo napopulao urbana (da ordem de 15%), enquanto o meio rural perdeu populao (umareduo de 0,62%). Seguramente a ocupao da nova fronteira agrcola no Par estdiretamente relacionada a esse significativo acrscimo populacional no meio urbano.Em cinco municpios do territrio houve crescimento da populao urbana e decrscimo

    da populao rural (Belterra, Faro, Monte Alegre, bidos e Prainha). Em quatromunicpios houve aumento da populao urbana e da populao rural (Alenquer, Curu,Juruti e Oriximin). Um municpio apresentou diminuio tanto na populao urbanacomo na rural (Almeirim) e um municpio apresentou aumento de populao rural edecrescimento de populao urbana (Terra Santa).

    A populao rural ainda predominante e tem grande importncia no TerritrioBaixo Amazonas PA, pois apenas 2 municpios tm uma populao rural inferior a 40%da total (Santarm e Terra Santa). 7 municpios apresentam populao rural superior a50% da total (Belterra, Curu, Faro, Juriti, Monte Alegre, bidos e Prainha). Por outrolado, grande parte dos municpios apresentam baixa densidade demogrfica, a mdia do

    territrio ficando em torno de 1,9 hab/Km. Os dados de 2007 mostram que as maioresconcentraes esto localizadas em Santarm (11,23 hab/Km), Terra Santa (8,02hab/Km) e Curu (7,97 hab/Km), enquanto os menores ndices esto em Almeirim(0,41 hab/Km), Oriximin (0,51 hab/Km) e Faro (1,46 hab/Km). A densidadepopulacional do territrio, com mdia de 2 hab./Km, uma das mais baixas do estadodo Par.

    Um movimento que pode explicar o aumento de concentrao populacional emalguns municpios a migrao para o meio urbano naqueles municpios em que o setorde servios comeou a ganhar relevncia no perodo recente. O caso especfico dascidades mencionadas acima tem relao direta com a existncia de diversas reas deconservao e de proteo de espcies vegetais e animais e de preservaosociocultural.

    Os dados do Servio de Informaes Territoriais (SIT) apresentam cinco tipos depopulaes rurais no territrio caracterizadas como demanda social do MDA utilizando estatsticas que se referem a fontes e a anos bastante diversos. Segundo asinformaes do Censo Agropecurio de 1995/96, existiam aproximadamente 23.063famlias de agricultores familiares no atual Territrio Baixo Amazonas PA, o querepresentava 12,5% do total existente no Par neste perodo. Dados do Incra (2007)registram a presena de 36.580 famlias de assentados da reforma agrria (cerca de 20%

    do total estadual), concentradas principalmente nos municpios de Santarm, MonteAlegre, Oriximin, Juriti e bidos, onde esto localizadas mais de 80% das famlias. Asinformaes da Secretaria de Aqicultura e Pesca (SEAP) revelam a existncia, em2004, de 17.020 famlias de pescadores artesanais no territrio, cerca de 22% do totalexistente no estado (que era de 77.133 pescadores artesanais). Por fim, existem 17Terras Indgenas no territrio, 9 das quais no municpio de Santarm, e so registradas19 Comunidades Quilombolas, 10 em Santarm, 7 em bidos (Quilombo Mata), umaem Monte Alegre e uma em Oriximin (Quilombos de Acapu, Erepecuru e Trombetas).

    Entre as reas de reservas destacam-se a Floresta Nacional do Tapajs (com600.000 ha, abrangendo parte dos municpios de Aveiro, Rurpolis e Santarm), o

    Parque Nacional Indgena de Tumucumaque (com 2.700.000 ha), a Reserva Biolgicado rio Trombetas (em Oriximin, com 385.000 ha) e a Estao Ecolgica do Jari

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    (227.126 ha, parte no municpio de Almeirim e parte no Estado do Amap). Esto sendopropostas outras reas de conservao e de preservao, como Pouso das Garas (naserra Ocidental), Lago Grande, guas Hipotrmicas e Sulfurosas e ainda as serrasdo Erer, Paituna, Matuaca e arredores de Monte Alegre (FASE, 2005:14).

    As reas de Terras Indgenas representam um espao significativo do territrio.Incluem a Terra Indgena de Cuminapanema/Urucuriana (2.175.000 ha distribudos nosmunicpio de bidos e Alenquer), o Parque Nacional Indgena Tumucumaque(2.700.000 h distribudo nos municpios de Almeirim, Monte Alegre e Oriximin), aTerra Indgena de Andir-Mara (465.868 ha distribudos nos municpios de Itaituba,Aveiro e Juruti), a reserva Nhamund-Mapuera (845.400 ha em Oriximin), a TerraIndgena Paru DEste (1.182.800 ha, situada em Monte Alegre e Almeirim) e a TerraIndgena de Arara (localizada em Santarm).

    De acordo com o SIT, o Territrio do BAM PA apresentou em 2000 um IDHmdio de 0,671, que o caracteriza como de desenvolvimento humano mdio. Este valor

    inferior ao valor mediano do Brasil (0,76) e do Estado do Par (0,72), sendo que omaior IDH mdio no territrio encontrado em Santarm (0.75) e o menor em Faro(0,62).

    Os dados do ano 2000 indicam que as maiores rendas per capita encontravam-senos municpios de Almeirim, Santarm e Oriximin. Almeirim tem sua economiabaseada na produo de mandioca (e farinha), abacaxi e milho, alm de extrao deaa, castanha do par, madeira e celulose (Projeto Jar) e bauxita. Oriximin destaca-sepela extrao de bauxita e outros recursos minerais e vegetais. Santarm o centrocomercial da regio, fornecendo uma srie de servios alm de sediar um nmero

    Tabela 1 - Renda anual mdia (em reais) por municpio no Territrio do Baixo Amazonas PA 2000(dados IBGE, 2000)

    Municpio Renda percapita

    Renda de rendimentosdo trabalho

    Renda mdia dochefe de famlia

    Renda de transfernciasgovernamentais

    Alenquer 88 65 305 17

    Almeirim 251 70 952 9

    Belterra 66 48 312 19

    Curu 64 49 254 16

    Faro 65 52 255 14

    Juruti 55 62 212 19

    Monte Alegre 88 70 300 17bidos 83 67 372 14

    Oriximin 134 66 493 12

    Prainha 63 62 252 9

    Santarm 140 63 451 14

    Terra Santa 78 56 357 18

    Fonte: SIT pesquisa avanada .

    1O IDH foi criado para medir o nvel de desenvolvimento humano dos pases a partir de indicadores deeducao (alfabetizao e taxa de matrcula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIBper capita). Seus valores variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano

    total). Pases com IDH at 0,499 so considerados de desenvolvimento humano baixo; com ndices entre0,500 e 0,799 so considerados de desenvolvimento humano mdio; e com ndices maiores que 0,800 soconsiderados de desenvolvimento humano alto.

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    considervel de indstrias. Os demais municpios apresentam uma renda per captainferior a 90 reais, refletindo o baixo dinamismo econmico de grande parte doterritrio.

    O setor que mais emprega no territrio o de servios, seguido pela Indstria,

    Comrcio e Agropecuria. Destacam-se, neste particular, os municpios de Santarm,com as mais variadas indstrias e servios, Oriximin com a extrao de bauxita eservios agregados, e Almeirim com a indstria de madeira e celulose, e serviosagregados.

    A agropecuria aparece, nas fontes oficiais, com pouca capacidade de gerao deempregos no territrio, embora tenha sido um dos setores de maior crescimento naregio, que tradicionalmente conhecida pela presena de agricultura familiar desubsistncia, diversificada e de base extrativista (pastagens, culturas permanentes elavouras brancas).

    Tabela 2 Empregos gerados por setor no Territrio do Baixo Amazonas PA 2002(n de pessoas) (dados IPEA, 2002)

    Municpio Comrcio Indstria Servios Agropecuria

    Alenquer 44 14 972 7

    Almeirim 256 1.365 3.584 3

    Belterra 6 20 300 41

    Curu 0 1 257 0

    Faro 5 4 162 0

    Juruti 2 5 754 0

    Monte Alegre 90 25 1.694 14

    bidos 184 114 1.310 25

    Oriximin 289 3.118 2.878 89

    Prainha 1 63 267 139

    Santarm 3.985 3.365 9.275 370

    Terra Santa 5 6 292 4

    Total 4.867 8.094 21.745 692

    Fonte: SIT-Pesquisa avanada.

    Nesse contexto, a produo vegetal a atividade econmica que concentra omaior Valor Anual Bruto da Produo (VABP), 58% do total do territrio, refletindo atendncia estadual. As lavouras temporrias tm maior ndice de participao naproduo vegetal do territrio (36%), seguidas da produo animal de grande porte(33%), das lavouras permanentes (11%) e da criao de aves e pequenos animais (8%).Santarm o municpio com maior Valor Anual da Produo (VAP) do territrio (emgrande medida devido s lavouras temporrias), seguido de Alenquer (onde predomina aproduo animal de grande porte) e bidos (principalmente lavouras temporrias)(FASE, 2005:9). Cabe ressalvar que esta caracterizao est baseada nos dados doCenso Agropecurio de 1995/96, podendo no refletir inteiramente a situao atual doterritrio.

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    A vrzea do Rio Amazonas essencial na agropecuria regional. Suas terras sofrteis e nos perodos de vazo servem produo vegetal, criao de animais e satividades extrativistas. Neste contexto, destaca-se a agricultura familiar com 92% dototal de estabelecimentos rurais do territrio, em uma rea que representa 67% da reatotal do territrio (cerca de 951.461ha). Esses estabelecimentos ocupam 91% do pessoal

    empregado na agricultura e possuem um VAP de 79% do valor total da produo doterritrio (FASE, 2005:39).

    Entre os produtos cultivados nas lavouras temporrias destaca-se o cultivo damandioca e seu beneficiamento (farinha). Segundo dados do IBGE disponveis no SIT,em 2006 a maior rea plantada de lavoura temporria no territrio era de milho, seguidopela mandioca, arroz, soja, feijo, abacaxi, tomate, cana-de-acar, pimenta do reino,maracuj, tangerina e mamo. Note-se a importncia do milho e da soja na rea plantadano territrio, sendo que o milho est concentrado principalmente no municpio deMonte Alegre (onde fica 63% da rea total com milho) e a soja em Santarm (69%) eBelterra (28%). O arroz segue o padro de concentrao da soja: 56% da rea plantada

    total est em Santarm e 28% em Belterra. Este eixo Monte Alegre-Santarm-Belterraconcentrado na produo de milho-soja-arroz expressa um padro de produo muitomais sulista do que regional.

    A Tabela 3 abaixo, ao comparar os dados de 2004 e 2006, confirma a ampliaona rea plantada com soja e milho. Por outro lado, indica que houve uma reduo narea plantada com algumas culturas alimentares tradicionais e de importncia para asegurana alimentar da regio, como mandioca, feijo e arroz. A diminuiosignificativa da rea plantada com arroz pode ser explicada por dois motivos. Primeiroos baixos preos de mercado em 2005 e segundo o fato de que o cultivo de arroz, assimcomo o de milho, serve para amansar o solo para a introduo das lavouras de soja.Segundo o mapeamento econmico-ecolgico da influncia da BR-163, as culturas dearroz e milho so plantadas porque exigem um investimento inicial menor do que a sojae, assim, garantem capitalizao para o investimento em maior escala por parte demdios produtores na produo da oleaginosa (Puty, s/d: 24 e 45).

    Tabela 3 - Lavoura Temporria rea produzida/ha (IBGE/Produo Agrcola Municipal).

    Municpio ArrozCana deAcar Feijo gro Mandioca Milho gro Soja gro

    2004 2006 2004 2006 2004 2006 2004 2006 2004 2006 2004 2006

    Alenquer 4.200 1.600 55 55 1.600 1.750 6.000 6.500 3.500 3.400 475 600Almeirim 300 250 8 2 20 24 350 200 25 100 0 0Belterra 13.300 13.800 0 0 560 580 2.700 2.700 1.800 4.600 5.000 8.000

    Curu 440 40 0 0 60 70 1.900 3.000 465 600 400 0Faro 20 10 10 19 15 15 380 500 90 100 0 0Juruti 48 5 8 13 280 150 15.000 5.000 370 300 0 0MonteAlegre

    5.850 2.360 55 55 5.600 5.660 4.000 5.000 36.000 40.900 100 0

    bidos 380 500 30 35 330 330 12.000 10.000 1.810 2.000 0 0

    Oriximin 1.010 710 25 33 385 295 15.000 7.500 2.120 2.008 0 0Prainha 2.500 2.200 6 6 600 480 4.750 5.000 8.000 4.000 0 0Santarm 59.000 26.950 30 30 1.000 924 9.600 15.000 850 6.500 11.000 19.500TerraSanta

    60 10 6 6 10 10 600 700 180 200 0 0

    TOTAL 87.108 48.435 233 254 10.460 10.288 72.280 61.100 55.210 64.708 16.975 28.100- 38.673 - 21 -172 -11.180 +9.498 +11.125

    Fonte:IBGE/SIDRA

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    Embora a produo de soja no Par tenha iniciado no final da dcada de 1990, a partir de 2002 que a rea plantada aumenta expressivamente no estado e na regio doBAM PA, concentrada em Santarm e Belterra. Os dados de Produo AgrcolaMunicipal do IBGE mostram que a rea plantada em Santarm passa de 200 ha em2002, para 4.600 ha em 2003, 11.000 em 2004, chegando a 19.500 ha em 2006 (num

    aumento de cerca de 9.650% entre os dois anos extremos). Em Belterra, a expanso darea plantada com soja vai de 150 ha em 2002, para 1.400 ha em 2003, 5.000 ha em2004 e 8.000 ha em 2006 (um incremento de cerca de 5.230% no perodo) (Schlesinger& Noronha, 2006: 75-77).

    A grande maioria desses produtores de soja veio do Centro-Sul do Brasil, sendoconhecidos localmente como sojeiros ou gachos, e foram estimulados a entrar noBAM atravs de incentivos pblicos de diversas ordens, desde a prefeitura de Santarm,os governos estaduais e federais (Embrapa, Prodecer) at o Banco da Amaznia. Asconsequncias dessa expanso deixaram suas marcas na regio: presso sobre osposseiros e para a venda de terras por parte dos pequenos produtores familiares,

    elevando o nmero de sem-terra na regio; presso sobre a floresta atravs dodesmatamento, numa rea que uma das ltimas fronteiras de reservas florestais doPar; presso sobre o ambiente pela grande utilizao de agrotxicos; e presso sobre asegurana alimentar das populaes locais, com a queda do cultivo de alguns produtosalimentares tradicionais (Schlesinger & Noronha, 2006: captulo VI). E cresceram osconflitos sociais, econmicos e ambientais na regio, intensificando as tenses e aviolncia entre diferentes atores econmicos e sociais.

    Entre os produtos cultivados nas lavouras permanentes do territrio destacam-se,conforme os dados do SIT para 2006, banana (2.595 ha), caf (910 ha), cacau amndoa853 ha), laranja (759 ha) e limo (371 ha).

    No setor de produo animal, ressalta a criao de gado extensivo que vemcrescendo nos ltimos anos. Os maiores rebanhos esto localizados, por ordem de

    Tabela 4 Produo Animal 2005/2006 (IBGE/PAM, 2005 e 2006).Efetivo de

    bovinos (ncabeas)

    Efetivo debubalinos (n

    cabeas)

    Efetivo decaprinos (n

    cabeas)

    Efetivode galinhas (n

    cabeas)

    Qtd. produzidade leite/mil litros

    Qtd.produzida de

    mel/Kg

    Municpio

    2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006

    Alenquer 151.468 161.306 4.508 5.651 680 832 54.200 63.998 2.726 2 0 0

    Almeirim 23.278 23.976 28.324 29.173 785 816 2.494 2.568 1.191 1 60 58

    Belterra 17.730 15.700 0 0 56 204 11.436 11.480 511 452 0 0Curu 18.674 26.646 3.000 1.790 520 320 2.520 2.720 631 873 20 12

    Faro 7.646 8.500 1.320 1.584 924 1.016 3.750 4.500 224 260 0 60

    Juruti 32.000 43.627 5.000 4.769 2.500 1.850 11.836 11.126 1.150 1 40 25

    MonteAlegre

    177.451 196.200 2.801 8.010 1.213 1.091 71.000 67.450 2.662 3 0 0

    bidos 128.394 124.526 4.400 4.501 1.694 766 16.000 14.400 4.622 5 80 120

    Oriximin 131.563 123.430 3.050 4.342 2.784 2.800 9.364 10.782 4.473 4 200 200

    Prainha 95.497 100.986 30.109 30.410 2.166 1.841 10.429 10.637 3.224 4 75 68

    Santarm 133.218 126.935 13.810 12.408 1.882 1.609 376.000 377.000 4.758 5 0 0

    Terra Santa 52.000 35.000 3.000 2.100 2.796 2.200 3.634 4.179 1.741 1 0 50

    TOTAL 968.919 986.832 99.322 104.738 18.000 15.345 572.663 580.840 27.913 1.611 475 593Fonte: SIT pesquisa avanada.

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    importncia, em Monte Alegre, Alenquer, Santarm, bidos, Oriximin e Prainha, quejuntos detinham 84% do rebanho total do territrio em 2005/2006. Esta criao, alis,tem sido motivo de conflito entre produtores e ambientalistas, os ltimos reclamandoque a elevao da rea com pastagens aumentou o desmatamento na regio. O efetivode bubalinos e aves, por sua vez, tambm foi ampliado, assim como a produo de mel.

    J o efetivo caprino e a produo de leite apresentaram decrscimo significativo noperodo.

    De modo geral, a economia do Territrio do Baixo Amazonas PA estdiretamente vinculada extrao dos inmeros recursos naturais existentes nabiodiversidade da Amaznia, ou mesmo produo em reas de vrzeas e prximas aflorestas. A intensificao da extrao da madeira, a pesca comercial, a expanso dapecuria extensiva e a intensificao da produo de gros (soja, milho e arroz) tmgerado srios problemas ambientais, importantes mudanas socioeconmicas eestimulado a organizao social dos grupos afetados pela mudana no padro dedesenvolvimento regional.

    Uma pesquisa realizada conjuntamente pela Embrapa, Museu Paraense EmilioGoeldi e IBGE assinala que, em valores absolutos, possvel determinar que dos 2.930km2 de floresta perdida na regio do BAM PA nos ltimos 30 anos, 58,7 km2 foramconvertidos diretamente em agricultura (2% do total), 303,2 km2 em pastagens (10%),677,2 km2 em capoeira (24%) e 1.607 km2 em reas para agropecuria (55%). Osrestantes 9% foram convertidos em outros usos, tais como reas urbanas e noclassificadas (Venturieri et alii, 2007:7008).

    Tendo em vista a expanso da agricultura de gros na regio de Santarm eBelterra, a mesma pesquisa observou que 92% das reas plantadas at o ano 2004nesses municpios eram provenientes de reas antropizadas at 1999. No mesmoperodo ocorreu uma perda de 8% de florestas devido introduo da produo de grospelo agronegcio. A pesquisa da Embrapa/Museu Goeldi/IBGE apresenta resultadosque contrariam os produtores de gros, que sempre afirmaram a inexistncia daconverso direta de floresta para a produo de culturas como soja-milho-arroz. Aomesmo tempo, sugere que a converso direta no uma percentagem to elevada, o quecontraria certas posies de movimentos ambientalistas, que defendem que a produode gros a maior responsvel pela perda de floresta na regio (Venturieri et alii,2007:7009).

    Um trabalho da ONG Imazon, com sede em Santarm, afirma que 75% das reasdesmatadas na Amaznia so utilizadas como pasto para a pecuria e que o processo dedesmatamento acelerou-se nas ltimas dcadas, potencializado pelo baixo preo dasterras, pelo acesso fcil ao crdito e pelo regime de chuvas que favorecem a conversoem pastagens. Mesmo a intensificao da fiscalizao ambiental em reas desmatadas,ocorrida nos dois ltimos anos, no tem sido suficiente para frear este processo (Barretoe Silva, 2009:1).

    Problemas com a explorao de madeira no norte de Oriximin e disputas entremadeireiros e comunidades locais no quadriltero da margem direita do rio Amazonas ena Transamaznica (envolvendo o Rio Tapajs e o Rio Xingu) tm mobilizado as

    organizaes de ribeirinhos que dependem da floresta e da vrzea para sua subsistncia.Problemas ambientais como as queimadas, que se concentram principalmente nos

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    municpios de Santarm, Monte Alegre e Oriximin, e a construo da BR-163 sotemas de debate entre os diferentes setores da economia e da sociedade presentes naregio.

    Percebe-se que a converso da floresta amaznica em pastagens ou em lavouras

    de gros e commodities est produzindo trs tipos importantes de impactos. H umimpacto econmico, que tem a ver com a intensificao de determinadas atividadeseconmicas (pecuria, lavoura de gros, madeira) em substituio a outras maistradicionais, ligadas produo de alimentos e utilizando uma matriz produtiva menosagressiva na utilizao dos recursos naturais. H um impacto social, pois essa mudanana matriz produtiva leva excluso de pequenos agricultores locais e de populaes epovos tradicionais. E h um impacto ambiental, porque a alterao da matriz produtivanas reas da floresta amaznica e a utilizao de um regime de explorao intensiva eem larga escala dos recursos naturais geram impactos muito negativos sobre osecossistemas locais e a preservao do meio ambiente.

    2. Atores sociais e projetos de desenvolvimento em disputa: ajudando acontextualizar a problemtica do Territrio de Cidadania do Baixo Amazonas PA

    A regio do Baixo Amazonas PA tem certa tradio como unidade poltico-administrativa de planejamento e de interveno dos governos estadual e federal, emdiferentes contextos polticos. Assim, j correspondeu a uma antiga regio deplanejamento da SEPLAN-PA; a uma nova regio de integrao da Secretaria deIntegrao Regional do Governo do Estado do Par; a um Territrio Rural de Identidadeda SDT/MDA; e, mais recentemente, foi escolhida como um Territrio de Cidadania doPrograma Territrios de Cidadania do Governo Federal (CIRAD-IPAM, 2009:5).

    Tendo em conta as mltiplas perspectivas da interveno governamental, queatribuem significados diversos ao conceito de territrio, o Territrio do BAM , aomesmo tempo, vizinho de outros territrios (de cidadania) semelhantes existentes noPar, BR 163 e Transamaznica, como tambm faz parte de territrios maiores aregio Oeste do estado do Par, o Estado do Par, a rea de influncia da rodovia BR163, a Amaznia legal, a macrorregio do Norte- e mesmo, em contextos particulares deinterveno governamental, de territrios menores, como o territrio do programaGesto Ambiental Rural (Gestar BAM). Ademais, o Territrio do BAM contempladopor um plano de desenvolvimento sustentvel negociado entre os movimentos sociais

    reunidos no Consrcio pelo Desenvolvimento Socioambiental da BR 163 (Condessa) eo Grupo de Trabalho Interministerial do governo federal liderado pela Casa Civil daPresidncia da Republica (CIRAD-IPAM, 2009:5).

    Diante do reconhecimento poltico que o Territrio tem recebido, importanterecordar o fato de que o uso desenfreado dos recursos naturais e a intensificao daproduo de gros e da pecuria extensiva na regio tm potencializado a mobilizaosocial, principalmente no que tange s ONGs ambientalistas e s organizaes depequenos agricultores, ribeirinhos, extrativistas, quilombolas, indgenas e demais povose comunidades tradicionais afetados pelo modelo intensivo e predatrio de uso dosrecursos naturais.

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    No Baixo Amazonas a mobilizao social antiga. Foi iniciada nos anos 1970atravs da organizao sindical associada FETAG, com apoio dos movimentoseclesiais de base. Nos anos 1980 ganhou flego com a criao de projetos para a regioque visavam fortalecer a agricultura familiar local. Na poca foram discutidos temascomo agroecologia, sistemas agroflorestais, processamento e comercializao direta de

    alimentos, sendo que grande parte dessas discusses foi desenvolvida com apoio deorganizaes no governamentais que atuavam no entorno, muitas delas de naturezaambientalista. O novo contexto dos anos 1990, em que passaram a coexistirantagonicamente um projeto neoliberal para a economia e a sociedade brasileiras e umprojeto democratizante voltado ao alargamento do conceito de pblico e democratizao dos espaos pblicos, obrigou governo e sociedade civil a debateremprioridades para a regio, o que contribuiu para que os movimentos sociais existentes sefortalecessem e novos movimentos e organizaes fossem criados (CIRAD-IPAM,2009:15). o momento em que surge o CEFT-BAM Centro de Estudos, Pesquisa eFormao dos Trabalhadores do Baixo Amazonas PA, organizao basicamenteformada por pequenos agricultores, trabalhadores rurais, ribeirinhos e pescadores, que

    ser tratada com mais detalhes no prximo item.

    A regio do Baixo Amazonas, como j ressaltamos, uma vastssima regio quepassou historicamente por diferentes ciclos econmicos (borracha, juta, ouro) queprovocaram grandes desequilbrios econmicos e sociais e deixaram a regio aindadependente das atividades extrativistas, especialmente ligadas s indstrias de madeira ede pesca. Manteve-se como uma regio com caractersticas basicamente rurais, no quediz respeito ao uso dos recursos e aos sistemas produtivos predominantes, enfrentandograves problemas de infraestrutura de transportes e de comunicao (FASE, 2005: 72).

    No obstante esta situao, a regio do BAM est inserida no mercadoglobalizado, como insiste, talvez exageradamente, o estudo do CIRAD-IPAM (2009:12), produzindo mercadorias de origem extrativista e agropecuria destinadas sexportaes (borracha, madeira, pimenta do reino, cacau, soja, carne bovina etc) e querepresentam, segundo o estudo citado, 34% do PIB estadual. Sua produo obtidaatravs de um mix bastante diverso de produtores, que inclui desde o agronegcio atextrativistas e outros povos tradicionais, passando por uma agricultura familiar em geralempobrecida, mas diferenciada.

    Segundo a FASE (2005: 72), o reincio das obras para concluso da BR-163, achegada a Santarm da linha de transmisso de energia eltrica de Tucuru (Tramoeste)

    e a modernizao do porto de Santarm foram importantes para o incio de umprocesso que chamam de desenvolvimento, mas que talvez seja mais adequadochamar de processo de mudanas, de transformaes na estrutura socioeconmica, comconsequncias muito relevantes sobre os grupos sociais e os recursos naturais e ascondies ambientais do Territrio do BAM.

    O contexto de conflitos sociais, econmicos, ambientais e polticos que sesucede em torno dos temas da apropriao privada da terra e da gua, da explorao dosrecursos naturais e dos tipos de sistemas produtivos a serem priorizados e estimuladospelas polticas pblicas provoca grandes divergncias em torno do debate atual sobre osprojetos de desenvolvimento para a regio, que obviamente afetam a relao entre os

    atores territoriais e os processos de institucionalizao do Territrio de Cidadania doBaixo Amazonas PA.

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    Segundo o relatrio do Projeto Dilogos (CIRAD-IPAM, 2009: 12-14), queestamos tomando como referncia para a contextualizao introdutria deste item,coexistem no Baixo Amazonas PA diferentes projetos de desenvolvimento, que sodefendidos por atores econmicos, sociais e polticos distintos que influenciam o setor

    primrio local, e que so, segundo o Projeto, basicamente os grupos formados por: i)empresas mineradoras, madeireiros e grandes produtores de gros (os sojeiros); ii)ribeirinhos, pescadores e comunidades tradicionais e suas organizaes, como indgenase quilombolas, entre outras; iii) pequenos produtores rurais e agricultores familiares; eiv) setores ambientalistas e conservacionistas.

    Um dos projetos de desenvolvimento o das empresas de minerao, demadeireiros e de sojeiros que objetivam explorar os recursos naturais para exportaodireta ou atravs de seu beneficiamento industrial. Sua relao principal com asempresas internacionais e nacionais do agronegcio, com as agncias governamentais ecom os polticos partidrios. Segundo o Projeto Dilogos, defendem uma concepo de

    desenvolvimento que privilegia a criao de infraestrutura, principalmente de redes decomunicao (estradas, ferrovias) e portos. Para eles, grosseiramente, odesenvolvimento se d atravs de uma sequncia de encadeamentos que se inicia com aapropriao privada das terras e sua explorao comercial, e que gera umacorrespondente necessidade de um leque amplo e variado de servios, cuja oferta, porsua vez, gera empregos, principalmente nas cidades.

    Outro projeto o das comunidades ribeirinhas, dos ndios, quilombolas e dospescadores da vrzea, cuja relao com os recursos naturais muito particular, namedida em que seu modo de vida depende categoricamente desta relao, o que torna apreservao do meio ambiente uma varivel crucial em sua equao de reproduosocial como grupos sociais diferenciados. Em contextos em que os processos demodernizao so intensos, como os que o Territrio do BAM PA est vivenciando, osprojetos destes grupos de garantir a sustentabilidade de seus sistemas de produo e depreservar seus modos de vida tradicionais, mesmo que reelaborados pelas novasgeraes, confrontam-se com as necessidades criadas pelo acesso modernizao, tantoem termos de servios, como de aumento de renda monetria, o que tende a pressionar ouso dos recursos naturais.

    Um outro projeto de desenvolvimento o dos agricultores familiares queprocuram, premidos pela insero nos mercados, pela necessidade de reduo de custos

    monetrios, e pela grilagem de terras, uma forma de associar a produo agrcola epecuria ao uso sustentvel dos recursos que, ao mesmo tempo, permita sua reproduosocial ao longo do tempo e proporcione melhorias nas condies de vida de suasfamlias. Tambm no caso deste projeto, a relao com o agronegcio e com o Estadoso definidoras de sua possibilidade de constituir-se como um projeto vivel ealternativo ao modelo de modernizao predominante defendido pelo agronegcio eamparado pelas principais agncias governamentais.

    Segundo o Projeto Dilogos, o quarto projeto de desenvolvimento o dossetores ambientalistas e conservacionistas que propem aes voltadas para aconservao e o manejo sustentvel dos recursos naturais, do ambiente e das paisagens e

    para a preservao dos povos e das culturas tradicionais locais. De acordo com esteprojeto, se o processo de conservao e de preservao de recursos, de tradies e de

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    modos de vida for razoavelmente bem sucedido, abrem-se condies naturais favorveisao desenvolvimento do ecoturismo e do turismo rural, como atividades geradoras deemprego e renda para as populaes e mesmo para os empreendimentos comerciaislocais .

    Como fcil perceber, os quatro projetos comportam conflitos mais ou menosintensos entre os atores do territrio, pois as propostas que fazem afetam desigualmenteas condies do meio ambiente e os grupos sociais existentes, tanto em termos de quemarca com os custos como de quem se apropria dos benefcios de sua implementao.

    Alm disso, os projetos tambm esto associados a uma dimenso de futuro paraa regio do BAM PA e mesmo para toda a regio amaznica. A disputa pelaimplementao dos diferentes projetos intensa, embora nenhum deles possa ser aindaconsiderado vencedor e portador do futuro da regio. Entretanto, indiscutvel aocorrncia de alguns processos como construo de grandes obras de infraestrutura,expanso da pecuarizao e da lavoura de exportao etc- que podem restringir ou

    comprometer as possibilidades futuras de alguns desses projetos, principalmente emrelao conservao e/ou explorao da Floresta Amaznica, que considerado umbioma bastante sensvel. Note-se, em contraposio, que so perceptveis aspossibilidades de convergncia entre os trs ltimos projetos, de modo que provvelque possam ser construdas alianas polticas entre seus principais protagonistas emtorno de um projeto comum, mais robusto politicamente e com maior capacidade dedisputa em relao s proposies oriundas das empresas nacionais e internacionais deminerao e do agronegcio, dos pecuaristas e dos sojeiros.

    Julgamos que este mapeamento provisrio, seguindo o Projeto Dilogos,ajuda a perceber a conflitividade, a tenso e a relativa complexidade das propostas dedesenvolvimento para a regio do BAM PA, bem como dos atores sociais que atuam noentorno, suas organizaes e os motivos que os mobilizam. Servem, juntamente com aapresentao inicial sobre as caractersticas socioeconmicas do territrio, como umaintroduo discusso do processo de institucionalidade da abordagem territorial noBAM PA e das caractersticas de sua dinmica.

    A seguir faremos um exame mais detalhado do Conselho de DesenvolvimentoTerritorial do Baixo Amazonas Par (Codeter BAM), o rgo central dainstitucionalidade territorial implantada desde a criao dos territrios rurais deidentidade, e das organizaes sociais existentes na regio, com vistas a explicitar e

    discutir aspectos relevantes desse processo de institucionalizao no Territrio deCidadania do Baixo Amazonas PA.

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    3. O Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Baixo Amazonas Par (CodeterBAM)

    No Baixo Amazonas PA, a Comisso de Implementao de Aes Territoriais

    (CIAT), criada em 2003, foi quem principiou a formatao da estrutura do CodeterBAM, oficialmente institudo em 2008.

    Box 1 - Resumo de entrevista com o articulador territorial feita em agosto 2009 (Santarm).O territrio do Baixo Amazonas PA tem mais de 10 anos. Na poca contava com 17 municpios, sendoque no existia Belterra (que pertencia a Santarm) nem Curu (pertencia a Alenquer). Naquele tempo sefazia a discusso com os 17 municpios, mas havia a necessidade de viabilizar os encaminhamentos quesurgiam nas reunies que eram feitas para viabilizar a questo territorial. A Fetagri j realizava umadiscusso em torno dos sindicados dos trabalhadores rurais e associaes que existiam, preocupava-secom os encaminhamentos, mas no tinha um responsvel por se incumbir dos encaminhamentos, e toc-los para frente. Foi ento que se criou uma organizao, que tivesse abrangncia regional e que pudessedar encaminhamento nas atividades. Alm da Fetagri surgiu o CEFT-BAM, que tem mais de 20 anos. A

    partir de ento, essas instituies, CEFT-BAM, AMP-BAM, MOPE-BAM, Ciapar, Fetagri, IPAM, GDA,foram incorporando as atividades dos movimentos sociais, e ai no ficou apenas no nvel dos sindicatosdos trabalhadores rurais, mas inclua o movimento de mulheres, as organizaes quilombolas, osindgenas, os prprios trabalhadores rurais, os pescadores.Esse desenho territorial inicia a partir da participao dos movimentos sociais, no movimento sindical.Na febre de movimentos sindicais no Brasil, o movimento sindical Ural no Baixo Amazonas sefortaleceu. At porque a gente no tem segmentos metalrgicos, mas tem movimento sindical rural, que muito forte. Ele foi condutor do movimento social todo. Este desenho depois incorporou outrosmovimentos.A partir de 1991 se iniciou a discusso da Cmera Tcnica (CIAT), que era composta por algumasinstituies do governo, Emater, Incra, Ibama etc. Os sindicatos eram membros convidados, no tinhamdireto de voto. A partir de 2001 criou-se a CIAT, quando os sindicatos passaram a fazer parte comomembros e podiam votar. Naquele momento eram trs sindicatos, Santarm, Monte Alegre e Juruti, que

    representavam os demais sindicatos. Esse contingente de municpios foi reduzido para 9, aqueles queapresentavam a identidade de municpios mais prximos. Nesse perodo j entrou Belterra e Curu. Apartir de 2008 iniciou o Codeter e entraram mais instituies do governo e mais da sociedade civil, sendocerca de 120 instituies, 60 de governo e 60 da sociedade civil. Entraram tambm 13 prefeituras, queagora so 12. Por que esse nmero diferente de municpios? O Colegiado, reconhecido pelo MDA era de11 municpios. Mas, Almeirim se entendia e se reconhecia como pertencente ao Baixo Amazonas, ai seteve uma plenria onde surgiu um documento reivindicando a permanncia de Almeirim no territrio doBaixo Amazonas, e em 2008 foi incorporado Almeirim. Faro tambm no fazia parte e hoje faz. Almdisso, entrou Terra Santa. At 2008 Aveiro tambm fazia parte do territrio, de forma que se trabalhavaem 13 municpios. Mas, o governo e a sociedade civil de Aveiro faziam opes diferentes: a sociedadecivil se entendia com o Baixo Amazonas e o governo com o BR 163. Houve necessidade de umacobrana mais forte para que Aveiro se definisse em qual territrio iria ficar. Assim, decidiram, a partir dereunio, permanecer no territrio da cidadania da BR 163. No fim, o Territrio do BAM ficou com 12

    municpios que so os que de fato se reconhecem como Baixo Amazonas, no sentido de identidade muitoforte dada pelos movimentos sociais, no sentido de que este o territrio consensual do BAM para osmovimentos sociais.

    De acordo com o relato acima, a identidade do territrio do Baixo Amazonas PAfoi estabelecida, basicamente, pela proximidade entre os municpios e pelo histrico deatuao dos movimentos sociais na regio, que h muito tempo se denominam comomovimentos sociais do Baixo Amazonas. H, no entanto, uma diviso territorialdiferente feita pelo governo federal, baseada nas mesorregies do IBGE, e outra feitapelo governo estadual do Par. Para no entrar em conflito com o Governo Federal os

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    movimentos sociais optaram por manter o Territrio do BAM, com o mesmo recorte demunicpios, incluindo Almeirim2.

    Outro depoimento que pode contribuir para o entendimento da estruturao doTerritrio do Baixo Amazonas Par, em funo das mobilizaes locais e conquistas

    polticas, apresentado a seguir e foi construdo a partir de entrevista com um atorsocial que atua na regio (CIRAD-IPAM, 2009:16).

    Segundo entrevistados, h um consenso entre movimentos sociais e governo nadefinio da regio que compe o territrio. Mas, principalmente, h uma identidadeentre os movimentos sociais que atuam nos municpios da regio. Em Alenquer,

    2 Recapitulando. O Territrio de Cidadania do Baixo Amazonas PA composto por 12 municpios:

    Alenquer, Almeirim, Belterra, Curu, Faro, Juruti, Monte Alegre, bidos, Oriximin, Prainha, Santarm eTerra Santa. O Territrio Rural de Identidade do Baixo Amazonas PA era composto por 9 municpios, os12 acima menos Almeirim, Faro e Terra Santa.

    Box 2: Trajetria dos movimentos sociais do campo na Regio do Baixo Amazonas. Com baseem entrevista feita com Venilson Taveira da Silva, presidente do CEFT-BAM, em 16 defevereiro de 2009. Extrado de CIRAD-IPAM (2009:16).

    1970: STRs esto baixo a interveno do Ministrio do Trabalho na ditadura militar1980: movimento de retomada dos STR: STR de Monte Alegre autnomo em 1980- Atuao da Pastoral da Terra (CPT) e do Movimento de Educao de Base (MEB)- Fetagri Para ganha a sua autonomia entre 1980 e 1985

    - Dificuldades das lideranas para passar da roa ao escritrio (apoio de capacitao poltica e sindicalda Igreja popular e logo da CUT Rural)-1988: Movimento de reivindicao do crdito via fundos constitucionais (FNO)-1992: Grito do campo 1 e 2-1992 : Criao do CEFT-BAM, Centro de Educao, Pesquisa e Formao do Baixo Amazonas-1994 : primeiro financiamento do FNO para trabalhadores rurais organizados em 24 associaes depequenos produtores no Oeste do Amazonas- 1996: Radio comunitria e aliana com a Colnia de Pescadores Z 20- 1996: Primeiro ano do Pronaf- 1997: lutas para evitar extino da Emater-PA e do Banco Amaznico- 1997-2000: Cursos de sistemas agroflorestais- 1997: Criao do Frum da Produo Familiar de Santarm- 1998: Grito do Bemtevi, 3000 manifestantes em Santarm

    - 2001: Criao da FEPAM: Feira da Produo Agrcola da Amaznia- 2001: Criao da Comisso Tcnica da Agricultura familiar com entidades do governo e MDA- 2001: Formulao do projeto Tucum com 22 subprojetos temticos, entre outros o projeto daUPEBAM Universidade Popular do Baixo Amazonas- 2002: Construo da plataforma de demandas e propostas ao plano de desenvolvimento da BR 163,processo iniciado pelo movimento socioambiental encontro regional de consolidao- 2004: Criao do Territrio Baixo Amazonas PA pelo MDA e da CIAT do BAM- 2005: Fepam contempla o conjunto do Oeste do Estado do Par.- Definio do territrio Gestar BAM com o Ministrio do Meio Ambiente- 2007: Eleio da candidata do PT ao governo do Estado do Para- 2008: Criao de Territrio de Cidadania no Baixo Amazonas e transformao da CIAT emCODETER- 2008: Eleio de 4 prefeitos do PT e 3 da aliana com PMDB e PSB no territrio do BAM.- 2009: Crise com a anulao da eleio municipal em Santarm e convocao de novas eleies.- 2009: Os movimentos sociais do BAM participam do Frum Social Mundial em Belm do Para

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    bidos, Oriximin e Santarm o movimento negro, de quilombolas, tem relevncia. EmOriximin, Santarm, Faro e Prainha o movimento indgena mais forte. E nos 12municpios h a presena comum de ribeirinhos (pesca e criao de peixes) e suascolnias de pescadores; de produtores de farinha e de sindicatos de trabalhadores rurais.Neste contexto, o municpio de Monte Alegre destaca-se por ter uma cooperativa muito

    bem organizada que beneficiadora de gros e sementes, e at exporta produtos parafora da regio.

    At 2008, quando existia apenas o territrio rural de identidade, a composiodo Codeter no era paritria entre membros da sociedade civil e do poder pblico.Havia, como em outros territrios rurais de identidade pelo Brasil, maioria da sociedadecivil. A exigncia de paridade foi acatada para incluir o territrio no ProgramaTerritrios de Cidadania do Governo Federal. Segundo depoimento do articuladorterritorial, a introduo da paridade no gerou conflitos com os movimentos sociaislocais, pois aparentemente estes tm conscincia de que o desenvolvimento do territriono depende apenas das aes da sociedade civil. As propostas de desenvolvimento para

    o territrio teriam que incluir, inevitavelmente, a ao do poder pblico, mesmoconsiderando que este, em suas trs instncias (municipal, estadual e federal), pode teropinies muito distintas das opinies manifestadas pelas organizaes da sociedadecivil.

    Na verdade, entre os representantes da sociedade civil no Codeter BAM h umaparticularidade, que singulariza, aparentemente, a experincia do Baixo Amazonas PAneste aspecto. A representao da sociedade civil no Codeter, ao contrrio do queacontece em outros territrios de cidadania pelo pas, inclui no apenas os movimentossociais organizados, mas tambm uma organizao representativa do setor privado,empresarial, regional, que o Sindicato Rural de Santarm (Sirsan), representante dosgrandes produtores rurais e criadores de gado do municpio. Segundo o articuladorterritorial, no apenas a associao comercial e organizaes coletivas de pecuaristasmanifestaram interesse em participar do Codeter, mas tambm empresas privadas, comomineradoras (de bauxita, por exemplo) e a prpria Cargill.

    Se isto se concretizar o Codeter BAM vai contar entre seus membros no apenasrepresentantes do governo e da sociedade civil, como comum nos territrios existentesno pas, mas tambm do mercado, o que pode representar uma experincia nica nocampo dos territrios de cidadania no pas3. Caso se concretize, este ser um notveldesafio para o Codeter, que refletir, ao mesmo tempo, um aparente reconhecimento da

    importncia do Programa Territrios de Cidadania pelo setor privado regional, bemcomo a disposio pelo menos de segmentos da sociedade civil local de sentar comrepresentantes do setor privado no Codeter, numa tentativa de legitimar e fortalecer omesmo, buscando relativizar a prtica generalizada das grandes empresas e associaesdo setor empresarial de falar direta e exclusivamente com o governo.

    3Um esclarecimento importante. Se utilizarmos a definio operacional de sociedade civil proposta porCohen & Arato (1992:ix) como uma esfera de interao social entre a economia e o Estado, compostaacima de tudo pela esfera da intimidade (especialmente a famlia), a esfera das associaes(especialmente associaes voluntrias), movimentos sociais e formas de comunicao pblica- pareceimplcito que podemos considerar as associaes representativas dos segmentos empresariais comofazendo parte da sociedade civil, mas no as empresas. Na medida em que essas participem diretamente

    em esferas pblicas como o Codeter, tudo indica que melhor classificar seus representantes comofazendo parte da esfera do mercado, de modo que essas instituies passam a ter membros querepresentam as esferas da sociedade civil, do Estado e do mercado (Offe, 2001).

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    Embora no haja consenso a respeito no Colegiado, para o articulador territorialeste dilogo tem relevncia no apenas para que essas empresas e associaes noatrapalhem ou comprometam o desenvolvimento territorial, mas tambm para definirque tipo de contribuio podem trazer ao processo. Afinal, as empresas mineradoras (de

    bauxita) esto presentes em 7 dos 12 municpios includos no territrio (Juriti,Oriximin, Monte Alegre, Alenquer, Curu e, mais recentemente, Terra Santa e Faro).No h como fazer vista grossa e fingir que no existem. O articulador reconhece queat o momento as empresas no procuraram o Conselho, mas acha que a iniciativa podepartir do prprio Conselho: segundo ele, fundamental envolver as empresas que atuamnestes municpios para gerar comprometimento com os mesmos.

    Uma preocupao que as grandes empresas mineradoras causam gravesproblemas ambientais aos municpios no entorno das reas de extrao e fundamentalconseguir que se responsabilizem pelos danos causados e por aes para repar-los.Segundo o entrevistado, o Codeter um bom espao para isso, pois canaliza as

    demandas dos movimentos sociais e busca legitim-las frente ao poder pblico, que neleparticipa de forma comprometida. Por outro lado, as empresas esto se sentindoparticularmente pressionadas a mostrar, atravs da mdia, que esto fazendo bem, e nomal, ao meio ambiente regional e que esto contribuindo para as cadeias produtivas daregio.

    De qualquer modo, parece claro pelas entrevistas realizadas que os doisprotagonistas fundamentais do processo territorial e da implementao do Codeter so aFetagri, que uma referncia histrica no BAM PA4, pelo lado da sociedade civil, e aSecretaria Executiva de Agricultura do Estado do Par (Sagri) -agncia vinculada Secretaria Especial de Produo do Governo do Estado do Par-, pelo ladogovernamental. Note-se que o dirigente da Sagri e outros dirigentes incorporados aogoverno atual so oriundos de movimentos sociais. Esta uma das caractersticas doprocesso de institucionalizao da abordagem territorial no caso do Territrio deCidadania do Baixo Amazonas PA: tanto o movimento sindical (atravs da Fetagri)como o governo estadual (especialmente por meio da Sagri) articulam-se comoprotagonistas principais deste processo5. Pelo lado da sociedade civil, diferentesassociaes e as organizaes quilombolas existentes so tambm atores importantes dainiciativa territorial. Do lado do governo, destaca-se a participao da Emater, comoveremos adiante. Segundo os depoimentos, as prefeituras municipais da regio se fazempresentes de forma desigual e errtica e a participao do Incra no Codeter mais

    resultado da cobrana dos movimentos sociais do que de iniciativa prpria o quecorrobora neste territrio a tendncia, percebida tambm em outros territrios peloBrasil, de ausncia das agncias e dos instrumentos da reforma agrria no Codeter e napoltica territorial.

    4O Territrio de Cidadania BR 163 outra base importante de atuao da Fetagri.5Talvez se possa dizer, pensando nos tipos de gerao de sinergias pblico-privado concebidos por Evans(1996), que no caso do territrio do BAM PA as sinergias existentes na relao entre sociedade civil egoverno estadual no se originam apenas de uma mera situao de complementaridade entre suas aes,

    mas que se aproximam de um tipo de gerao que ele caracteriza como de enraizamento, na medida emque muitos quadros do atual governo estadual tiveram militncia prvia e destacada nos movimentossociais da regio.

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    Segundo o Artigo 1 de seu Regimento Interno, o Colegiado deDesenvolvimento Territorial do Baixo Amazonas (Codeter) um espao dearticulao, discusso, cooperao, planejamento e deliberao de aes do territrio doBaixo Amazonas relativas ao sistema de produo familiar, a infraestrutura, a educao,a cultura, a sade, aos direitos humanos, garantindo, desta forma, o desenvolvimento

    sustentvel das atuais e futuras geraes (CODETER, s/d: 1). Como se v, o Colegiado concebido como uma instituio de articulao, cooperao e deliberao de aesterritoriais que garantam o desenvolvimento sustentvel do BAM portanto referidotambm s geraes futuras. Para tanto, essas aes devem estar explicitamenterelacionadas ao sistema de produo familiar regional e ao fornecimento de umconjunto bsico de servios pblicos e de direitos humanos, como condio para agarantia do desenvolvimento sustentvel do territrio.

    Em seu Artigo 2, o Regimento Interno estabelece que o Codeter BAM composto por organizaes que atuam dentro da rea de abrangncia do BaixoAmazonas PA e que encaminharam oficialmente sua reivindicao de fazer parte do

    colegiado territorial. Em ordem alfabtica, essas organizaes so as seguintes:

    12 Colnias de Pescadores; 12 Prefeituras Municipais; 12 representantes de Cmaras de Vereadores; 12 Secretarias Municipais de Agricultura; 12 STTRs (Sindicatos de Trabalhadores Rurais); ACOMQPAL Associao de Quilombolas de Pacoval de Alenquer; ADEPARA Agncia de Defesa Agropecuria do Estado do Par AFROPA Associao de Afros Religiosos do Oeste do Par; AMUCAN Associao dos Municpios da Calha Norte/PA; AMUT Associao dos Municpios de Rodovias Transamaznica, Santarm-

    Cuiab (BR 163) e Regio Oeste do Par; AOMT-BAM Associao das Organizaes de Mulheres Trabalhadoras do

    Baixo Amazonas APPM2 Associao dos Pequenos Produtores do Assentamento de Mogi 2 ARQMO Associao de Remanescentes Quilombolas de Oriximin; ARQMOB Associao das Comunidades Remanescentes de Quilombos do

    Municpio de bidos; ASCAFAR Associao Regional das Casas Familiares Rurais do Estado do

    Par; ASFEBEL Associao Feminina de Belterra; Banco da Amaznia; Banco do Brasil; CEAPAC Centro de Apoio a Projetos de Ao Comunitria; CEF Caixa Econmica Federal/PA CEFT-BAM Centro de Estudos, Pesquisa e Formao dos Trabalhadores do

    Baixo Amazonas PA; Ceplac Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira; CFRs Municipais Casas Familiares Rurais Municipais CITA Conselho Indigenista Tapajs Arapiuns; Conselhos Municipais; CNS Conselho Nacional dos Seringueiros;

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    DFA Delegacia Federal de Agricultura do Par; Emater Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Estado do Par; Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria; Fetagri Federao dos Trabalhadores (as) na Agricultura do Par; FIT Faculdade Integrada do Tapajs; FOQS Federao das Organizaes Quilombolas de Santarm; GCI Grupo Conscincia Indgena; GDA Grupo de Defesa da Amaznia Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente; Idesp - Instituto de Desenvolvimento Econmico e Social do Par; Iespes Instituto Esperana de Ensino Superior; Incra (Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria); Ipam Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia; MDA Ministrio do Desenvolvimento Agrrio; MOPEBAM Movimento dos Pescadores do Baixo Amazonas; Sagri (Secretaria Executiva de Agricultura do Estado do Par); Sebrae Servio Brasileiro de Apoio s Micros e Pequenas Empresas; SEIR Secretaria de Estado de Integrao Regional; Senar Servio Nacional de Aprendizagem Rural; Sepaq Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Par STICMOF Construo Civil STICMOF (Oriximin); UEPA Universidade do Estado do Par UFPA Universidade Federal do Par; UFRA - Universidade Federal Rural da Amaznia; ULBRA Universidade Luterana do Brasil;Apesar desta longa listagem, nem todas as organizaes mencionadas acima atuam

    efetivamente no Codeter. Alm disso, h o caso de organizaes que no estoelencadas no Regimento, mas que compem o Codeter, embora sem atuao expressiva. o caso, j mencionado anteriormente, do Sindicato Rural de Santarm (Sirsan).

    A tabela abaixo relaciona as organizaes que participam efetivamente no Codeter,classificadas separadamente como representantes da sociedade civil e do poder pblico,segundo documento fornecido pelo articulador territorial.

    COMPOSIO DO CODETER DO TERRITRIO DE CIDADANIA BAIXO AMAZONAS PAA SOCIEDADE CIVILSTRs Sindicatos do Trabalhadores Rurais de Almeirim, Alenquer, Belterra, Curu, Faro, Juruti, MonteAlegre, bidos, Oriximin, Prainha, Santarm, Terra SantaFETAGRI - Federao dos Trabalhadores (as) na Agricultura do Estado ParCOLNIAS DE PESCADORESColnia Z, Colnia Z 28 (Alenquer), Colnica Z 33 (Almeirim), Colnia Z 91 (Belterra), Colnia Z 66(Curu), Colnia Z 76 (Faro), Colina Z 42 (Juruti), Colnia Z 11(Monte Alegre), Colnia Z 19 (bidos),Colnia Z 41 (Oriximin), Colnia Z 31 (Prainha), Colnia Z 20 (Santarm),APAA - Associao dos Piscicultores e Agroextrativistas da Comunidade AnMOPEBAM - Movimento dos Pescadores do Baixo AmazonasSTCMOF - Construo Civil STCMOF (Oriximin)

    ULBRA Universidade Luterana do BrasilFIT - Faculdade Integrada do TapajsIPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia

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    CEAPAC - Centro de Apoio a Projetos de Ao ComunitriaAOMTBAM - Associao das Organizaes das Mulheres Trabalhadoras do Baixo AmazonasCEFT-BAM - Centro de Estudo, Pesquisa e Formao dos Trabalhadores do Baixo Amazonas PAGDA - Grupo de Defesa da AmazniaORGANIZAES QUILOMBOLASFOQS - Federao das Organizaes Quilombolas de Santarm

    ACOMQPAL - Associao de Quilombolas de Pacoval de AlenquerARQSRI - Associao de Remanescentes de Quilombo de So Raimundo do ItuquiARQMUS Associao de Remanescentes de Quilombo de MurumurutubaARQSJI - Associao de Remanescente da Comunidade de So Jos do ItuquiACREQARA - Associao Comunitria de Remanescentes de Quilombo de ArapemCREQSARA Associao Comunitria de Remanescentes de Quilombo de SaracuraORGANIZAES INDGENASGCI - Grupo de Conscincia IndgenaCITA Conselho Indigenista Tapajs ArapiunsCIRAMA - Cooperativa Integral de Reforma Agropecuria de Monte AlegreB - PODER PBLICOGOVERNO ESTADUALSAGRI - Secretaria Executiva de Agricultura do Estado do ParSEIR Secretaria de Integrao Regional do Estado do ParEMATER Baixo AmazonasEMATER Mdio AmazonasUNIVERSIDADESUFPA - Universidade Federal do ParUEPA - Universidade do Estado do ParUFRA - Universidade Federal Rural da AmazniaAGNCIAS E BANCOS DO GOVERNO FEDERALEMBRAPAIBAMA Instituto Brasileiro do Meio AmbienteINCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma AgrriaCEPLAC Comisso Executiva do Plano da Lavoura CacaueiraBANCO DA AMAZNIABANCO DO BRASILCAIXA ECONMICA FEDERALPREFEITURAS MUNICIPAIS: Alenquer, Almeirim, Belterra, Curu, Faro, Juruti, Monte Alegre,bidos, Oriximin, Prainha, Santarm e Terra Santa*Sem representao indicadaCMARAS MUNICIPAIS: Alenquer, Almeirim, Belterra, Curu, Faro, Juruti, Monte Alegre, bidos,Oriximin, Prainha, Santarm e Terra Santa*Sem representao indicadaSECRETARIAS MUNICIPAIS DE AGRICULTURA: Alenquer, Almeirim, Belterra, Curua, Juruti,Prainha e Santarm*Sem representao indicadaFonte: Relatrio Interno do CODETER BAM

    As entrevistas realizadas sugerem que os Conselhos Municipais, apesar defigurarem no rol consagrado pelo Regimento Interno do Codeter, no tm sido muitopresentes, nem ativos. Dos 12 Conselhos Municipais que reivindicaram incluso nocolegiado, cerca de 8 no participam, esto mortos na expresso de um entrevistado.Esta situao no nenhuma novidade, se considerarmos a experincia de territrios emoutros lugares do pas. Com a mudana de nfase do municpio para o territrio,introduzida pelo Programa Territrios Rurais de Identidade da SDT/MDA, os conselhosmunicipais de desenvolvimento rural, por exemplo, perderam funo e importnciacomo instrumentos de controle da poltica pblica descentralizada e sua participao no

    Codeter ficou esvaziada, quando no expressa simplesmente a viso dos prefeitos e daadministrao municipal.

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    De qualquer modo, a maior participao no Colegiado provm de municpios emque os representantes dos conselhos municipais foram membros de movimentos sociaise que j tinham contato com o Codeter, como o caso de Prainha e Almeirim. Ou ento,o fato de alguns prefeitos terem participado ou no nos movimentos sociais um dos

    fatores que tende a aproxim-los ou a afast-los do Codeter. interessante que estaligao prvia com movimentos sociais mais determinante da disposio do prefeito,da administrao municipal e mesmo dos conselhos municipais de participarem noCodeter do que o fato da prefeitura estar governada por um partido de esquerda,inclusive pelo PT. Neste sentido, Santarm e Juriti so lembrados como exemplos demunicpios com administraes de partidos de esquerda nos quais os prefeitos no tmhistria poltica ligada aos movimentos sociais e cujos conselhos municipais so poucoatuantes no Colegiado. J Belterra tem conselhos municipais bem mais atuantes. EOriximin tambm (o prefeito no ligado atualmente a movimentos sociais, mas temum histrico de participao no movimento estudantil).

    Aparentemente, a coordenao do Codeter tem feito esforos no sentido demobilizar os prefeitos, tendo realizado reunies com os prefeitos dos municpios deCuru, Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Juriti, Belterra, Terra Santa, Alenquer,Santarm e Faro. Os resultados dessas medidas tm sido muito desiguais. Aaproximao com o Codeter considerada mais frgil em relao s prefeituras deSantarm, Alenquer e Faro. De alguma maneira, a exigncia de paridade no Codeterentre representantes do Estado e da sociedade civil teve como um de seus objetivosatrair os prefeitos para a poltica territorial, das quais de modo geral estavam muitoafastados desde a criao dos territrios rurais de identidade pela SDT/MDA.

    No caso das prefeituras que participam no Codeter, quem tem cadeira oGoverno Municipal por intermdio do representante da prefeitura ou de outrosconselhos do municpio que no o de agricultura (1 voto) e da secretaria municipal deagricultura (1 voto). Ou seja, os governos municipais tm direito a 2 votos no Codeter.Atualmente as secretarias municipais de meio ambiente tambm esto reivindicando opoder de voto, tendo em vista que muitas questes do territrio se relacionam com atemtica ambiental. Isto est sendo discutido no CODETER BAM, pois existe apreocupao de garantir a paridade.

    Embora todas as 12 prefeituras do territrio tenham secretarias muncipais deagricultura, nem todas participam no colegiado. Para alguns entrevistados, a negligncia

    deve-se ao fato de que a maioria dos secretrios de agricultura so empresrios oupecuarstas que, em geral, no tm interesse no debate de questes sociais e ambientais.De modo geral, h consenso de que a relao com os prefeitos e a tentativa de envolv-los na institucionalizao do territrio muito dificultada como acontece em outrosterritrio pelo pas inteiro- pelas aes dos parlamentares e pela prtica das emendasparlamentares, que atropelam e passam por cima de todo o processo territorial. Lidarcom os parlamentares e com a prerrogativa das emendas parlamentares mais umdesafio, e no dos menores, com que se defronta a experincia de implementao e deconsolidao da institucionalidade territorial, pois a sua proliferao de formatotalmente independente dessa institucionalidade refora o carter de prescindibilidadeque acaba assumindo.

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    O Regimento Interno do Codeter do BAM PA estabelece a existncia de trsinstncias que o compem: o Ncleo Diretivo, o Ncleo Tcnico e a Plenria. Deacordo com o regimento, fazem parte do Ncleo Diretivo, que paritrio, as seguintesorganizaes governamentais e no-governamentais: MOPEBAM (pescadores), CEFT-BAM, Fetagri, GCI ou CITA (segundo o articulador), ambas indgenas, FOQS

    (quilombolas), Sagri, Emater, UFPA, Incra e Embrapa (governamentais). SegundoCIRAD-IPAM (2009:32), existe uma comisso executiva do Ncleo Diretivo de quefazem parte CEFT-BAM, Fetagri e o articulador territorial.

    O Ncleo Tcnico, no paritrio, composto, segundo o regimento, pelasseguintes organizaes governamentais e no-governamentais: Embrapa ou Incra(segundo o articulador), UFRA, UBRA (segundo CIRAD-IPAM, 2009:32), Sagri,Emater, Ipam (que coordena o Ncleo Tcnico) e agricultores que utilizam tecnologiascom base na agroecologia.

    Abaixo, segue uma figura que representa esta configurao do Codeter BAM.

    Em azul destacamos os membros que participam de todas as suas instncias decisrias.Nas entrevistas foi mencionado que o ncleo tcnico tem reunies peridicas e que oncleo tcnico tem deixado a desejar, sendo que a ao mais efetiva junto aos projetostem sido a da Sagri, um pouco de apoio da Emater, mas mais a Sagri mesmo, comomencionou um dos entrevistados.

    Conforme ainda o Regimento Interno, o Codeter BAM tem os seguintesobjetivos: i) Identificar demandas e realizar a interrelao das entidades representativasda produo familiar rural visando democratizar os conhecimentos e a atuao destacomisso junto aos problemas das organizaes existentes nos municpios; ii)Identificar demandas e subsidiar os movimentos e instituies em regime de parceria,visando o encaminhamento e/ou resoluo das mesmas; iii) Apoiar e/ou desenvolver,em parceria com as instituies, programas de formao de trabalhadores e

    trabalhadoras rurais, projetos de ao comunitria, encontros, seminrios, oficinas,congressos e cursos sobre temas pertinentes produo familiar, cultura e cidadania

    CODETER BAMPlenria

    NCLEOTCNICO

    IPAM (coordenao)UFRA

    EMBRAPA/INCRASAGRI

    EMATER

    NCLEODIRETIVO

    CEFTBAMFETAGRIUFPA

    INCRACGI/CITA

    FOQsArticulador Territorial

    EMBRAPASAGRI

    EMATER

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    com nfase na produo, na comercializao, na tecnologia alternativa e na cidadania,numa perspectiva crtica de emancipao social; iv) Identificar os bancos de dadosexistentes sobre a produo familiar, disponibilizando suas informaes s entidadesfiliadas e sociedade, de forma a fortalecer principalmente a produo e acomercializao dos produtos da agricultura familiar da regio; v) Estabelecer ou apoiar

    a celebrao de convnios de entidades filiadas com outras instituies e entidadesgovernamentais e no governamentais para promover a capacitao de trabalhadores etrabalhadoras e de dirigentes populares da regio; vi) Valorizar a diversidade cultural etnica, as relaes de gnero, a luta pelo meio ambiente saudvel e o incentivo implementao de projetos alternativos orgnicos e a diversificao da produo, comnfase na produo de alimentos; vii) Subsidiar os movimentos e entidades do CodeterBAM na construo e/ou reivindicao de polticas pblicas para o desenvolvimento daproduo familiar, da sade, da educao, da assistncia tcnica e da formao integraldo produtor; viii) Elaborar e implementar, em parceria com esferas de governosmunicipais, estadual e Federal, projetos produtivos e educacionais a seremdesenvolvidos por meio de educao geral, privilegiando as aes que contemplem a

    abordagem agroecolgica.

    Estes objetivos, gravados na letra do prprio Regimento Interno, deixam claroque o Codeter do Territrio do Baixo Amazonas PA est comprometidoprioritariamente com o fortalecimento da agricultura familiar da regio, o que talvezreflita o peso poltico da Fetagri no territrio e no prprio Codeter. Ao destaque dado agricultura familiar agrega-se a preocupao com a valorizao da diversidade culturale tnica e a preservao do meio ambiente saudvel mais a considerao dasquestes de gnero e da produo de alimentos, atravs de aes que contemplem aabordagem agroecolgica, desta forma buscando atender as demandas de um espectromais amplo, do que a Fetagri, de movimentos sociais da regio.

    No h, no entanto, no Regimento Interno do Codeter BAM qualquer meno aoPrograma Territrios de Cidadania e ao papel que o Codeter pode ou deve desempenharem sua implementao. Na verdade, os objetivos do Colegiado so bastante amplos esugerem uma expectativa de que o Codeter ocupe um lugar na institucionalidadeterritorial independente da existncia ou no de um programa como o Territrio deCidadania. Esta expectativa pode ser justificvel numa perspectiva em que os atoressociais regionais visem a consolidao da institucionalidade territorial como umcomponente permanente da abordagem de interveno do Estado para odesenvolvimento rural, que assuma um carter de poltica de Estado, menos dependente

    de polticas especficas de governos particulares. De qualquer modo, o papel que oCodeter pode ou deve assumir na execuo do Programa Territrios de Cidadania noBaixo Amazonas Par uma questo institucional relevante para o Programa e para aprpria consolidao da abordagem territorial na regio, tanto neste como nos demaisterritrios de cidadania existentes no pas. No BAM, como em outros lugares, esteterreno ainda est eivado de mal-entendidos, de dificuldades de acesso s informaes ede expectativas distorcidas, o que acaba criando empecilhos desnecessrios para que asimportantes oportunidades que podem ser abertas pelo Programa para odesenvolvimento territorial sejam adequadamente aproveitadas.

    O Regimento Interno estabelece a existncia de uma coordenao para o Codeter

    BAM, que escolhida em reunio plenria entre as organizaes que fazem parte doNcleo Diretivo. O mandato da coordenao de um ano, podendo ser renovado por

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    mais um. As funes da coordenao, definidas pelo regimento, so literalmente asseguintes: 1) coordenar as aes gerais do Codeter BAM; 2) promover seusdirecionamentos polticos; e 3) contribuir na mobilizao para os eventos de formao ede implementao dos projetos territoriais. O CEFT-BAM a organizaocoordenadora do Codeter.

    Para agilizar suas aes, o Codeter BAM, segundo o Regimento Interno, deveescolher um articulador territorial dentre os membros das organizaes que o compem.O regimento reafirma que o articulador deve ter afinidade com a produo familiar ecom os movimentos sociais da regio e define suas funes como sendo, textualmente:i) contribuir para o fortalecimento dos arranjos institucionais; ii) identificar parceiros;iii) fazer a ponte entre o Codeter e o Conselho Estadual, a SDT, MDA e Condraf; iv)socializar as informaes para o Codeter; v) articular a elaborao dos projetosterritoriais; vi) organizar o planejamento de atividades do Codeter BAM; vii) mediarreunies, oficinas e eventos diversos; viii) sistematizar relatrios e memrias dereunies; ix) mobilizar as diversas organizaes do Codeter para desempenharem as

    suas funes e participarem dos eventos.

    evidente que uma nica pessoa no tem condies de cumprir, de formaadequada, todas as funes acima atribudas ao articulador territorial, ainda mais numterritrio com o tamanho, a complexidade e as dificuldades de transporte e decomunicao do Baixo Amazonas. O mesmo problema se repete na grande maioria dosterritrios existentes no pas e aponta na direo da necessidade de definir, de algumaforma que no precisa ser necessariamente nica, uma estrutura mnima,profissionalizada, para viabilizar no um articulador territorial, mas a articulaoterritorial. Nas condies atuais, o cargo de articulador muito estressante, e alvo decrticas de grande parte dos membros do Codeter, como foi possvel perceber nasentrevistas feitas, qualquer que seja o empenho da pessoa que assumiu essas funes.H um gargalo importante para o funcionamento da institucionalidade territorial que dado pelas precrias condies de apoio em que operam os articuladores territoriais. Osurgimento do Programa Territrios de Cidadania no parece ter provocado qualqueralterao nesta situao.

    No caso do Territrio do BAM, embora o salrio do articulador territorial sejapago pelo MDA, como acontece em outros territrios, a organizao que abriga oarticulador o CEFT-BAM, que, de acordo com o mesmo, lhe d um forte apoio.Segundo o articulador, a relao com a Sagri muito boa, a qual ofereceu, inclusive,

    uma sala para o funcionamento da articulao, o que pode representar uma melhoria dasinstalaes existentes, j que as solicitaes de recursos feitas ao MDA desde 2007 noforam at agora atendidas: aparentemente no existem recursos do MDA para ainfraestrutura requerida pela articulao territorial, o que, em nossa viso, umconsidervel ponto de estrangulamento desse processo.

    Existem dificuldades para implementar a agenda de reunies programada para oCodeter BAM. De acordo com o articulador territorial, foram planejadas 13 reunies doCodeter para o perodo de outubro de 2008 a maio de 2009, cada uma a ser realizada emum dos 13 municpios que fazem parte do Territrio do BAM PA. Entretanto, apenascerca da metade das reunies foram feitas, sendo que um dos fatores responsveis por

    esta situao, segundo o articulador, a falta de recursos para mobilizar as pessoas eviabilizar sua participao nas reunies. As despesas so elevadas: cada plenria do

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    Codeter custa cerca de 15 mil reais6. De qualquer modo, fica a impresso que o CodeterBAM, embora tenha um Regimento Interno, no possui instrumentos institucionais decobrana que estimulem todos os membros a participarem de fato no Conselho e aexecutarem suas funes.

    Uma das consequncias desta dificuldade de cumprir a agenda programada dereunies que o Territrio do Baixo Amazonas PA ainda no elaborou seu Plano deDesenvolvimento Territorial, embora uma proposta metodolgica elaborada pelo IPAM(a pedido do Codeter e do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural do Par) tenhasido aceita pelo MDA. Segundo o que nos foi adiantado, o objetivo do projeto do IPAM propor as grandes linhas de atuao a serem priorizadas no Baixo Amazonas PA, demodo a encaminhar a proposta para discusso no Codeter. No entanto, dificuldadesadministrativas, como a no liberao de recursos pelo MDA, oriundas de problemas deintermediao com uma oscip reconhecida tanto pelo MDA como pelo Tribunal deContas da Unio, tm atrasado a elaborao do projeto pelo IPAM.

    Apesar desses obstculos -que tm de ser enfrentados com presteza paramelhorar o funcionamento e aumentar a relevncia e legitimidade local do Colegiado eda institucionalidade territorial- muitos depoimentos destacam as contribuies que oterritrio de cidadania e o Codeter podem trazer para a regio. Em primeiro lugar, paramuitos participantes, ambos so importantes para o reconhecimento cidado do BaixoAmazonas PA. H uma idia forte e prevalecente de que as polticas e ainstitucionalidade territoriais no podem ser avaliadas apenas da perspectiva de seusefeitos econmicos e administrativos. fundamental para grande parte dos participantesdo Codeter que representem instrumentos efetivos para a conquista de direitos sociais,polticos, econmicos e ambientais pelas populaes da regio. A conquista dacidadania plena pelas populaes do BAM um dos objetivos centrais dodesenvolvimento territorial na viso de grande parte dos membros do Codeter, o queparece indissocivel do protagonismo que os movimentos sociais tm tido no processode difuso da idia de territrio e de territorialidade na regio.

    Em segundo lugar, e de forma semelhante com o que ocorreu no Territrio daBorborema, na Paraba, os movimentos sociais do BAM perceberam h algum tempo aimportncia decisiva de tentarem influenciar as polticas pblicas e, desta forma,participarem nas definies de prioridades e de rumos para o desenvolvimento daregio. Neste sentido, a escolha de prioridades e de polticas pblicas adequadas preservao ambiental, melhoria do bem-estar social e autonomia e ao incremento da

    renda das populaes locais fundamental para o territrio e para uma concepo dedesenvolvimento territorial que no v na contramo do objetivo de reconhecimentocidado do BAM.

    Por fim, um comentrio sobre a participao dos trs nveis de governo federal,estadual e municipal- no Codeter. Tudo indica que o governo estadual o maisenvolvido com a institucionalizao do Codeter, o que reflete, tambm, a presena naatual administrao estadual de pessoas com reconhecida trajetria nos movimentossociais do BAM. A Sagri, como veremos, um exemplo disto e ocupa hoje um papel deliderana no protagonismo da implementao da institucionalidade e das polticasterritoriais, o que marca um contraste notvel com a experincia de atuao dos atores

    6O que parece um tanto exagerado j que, conforme o prprio articulador, os representantes da sociedadecivil e do governo vm por conta prpria, o que recebem apenas a alimentao.

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    sociais que observamos nos territrios de cidadania da Borborema/PB e do NoroesteColonial/RS.

    Com exceo do MDA, h uma ausncia de envolvimento das agncias dogoverno federal no Codeter, as quais -como ainda acontece em outros territrios de

    cidadania em outras regies do pais- praticamente no participam em suas plenrias, oque, obviamente, dificulta a compreenso dos objetivos do Programa Territrios deCidadania entre seus membros e no estimula a ampliao do debate no Codeter para asoutras reas cobertas pelo programa (como sade, educao, saneamento etc). Oarticulador territorial no esconde sua perplexidade diante desta situao, j que, paraele, o governo federal deveria ser o maior interessado na existncia do Codeter comoinstncia de controle social e de prestao de contas neste nvel intermedirio(regional), interesse que deveria ser compartilhado tambm pelo governo estadual.

    Da mesma forma que ocorre em outros territrios pelo pas afora, h igualmenteno Baixo Amazonas uma enorme dificuldade da abordagem e da institucionalidade

    territorial chegarem aos municpios e aos prefeitos municipais, o que nonecessariamente se deve ao partido poltico a que pertencem. De modo geral, com osurgimento da poltica territorial os prefeitos perderam acesso a recursos federais, porexemplo do MDA, que antes eram direcionados diretamente aos municpios. Essasituao levou a uma resistncia, quando no a uma oposio, dos prefeitos idia deterritrios e de poltica territorial. Uma das expectativas que o surgimento dosterritrios de cidadania possa contribuir para reverter esta situao, na medida em quedemanda uma intensa participao dos prefeitos em sua institucionalidade, o que noocorria nos territrios rurais de identidade. Na viso do articulador territorial, o Codeterdeveria assumir um carter de conselho efetivamente regional, no competindo nemcom o conselho estadual, nem com os conselhos municipais. No caso dos ConselhosMunicipais de Desenvolvimento Rural (CMDRs), muitos esto praticamente mortosno BAM. possvel que se os prefeitos passarem a envolver-se mais intensamente como territrio, haja um estmulo para o renascimento dos CMDRs. Para muitos membrosdo Codeter, uma maior participao das agncias governamentais federais, estaduais emunicipais indispensvel para o avano no funcionamento do Codeter, alm de fazercom que o debate no Codeter tenha menos cara de movimento social.

    4. Recortes poltico-administrativos que interagem no Territrio do BaixoAmazonas (PA)

    Embora o Territrio de Cidadania do Baixo Amazonas PA tenha um recortepoltico e geogrfico dado pelos 12 municpios que o compem -e que pretenderespeitar uma identidade regional construda historicamente-, existem, no entanto, deacordo com os diversos atores entrevistados, pelo menos quatro outros recortes poltico-administrativos para o BAM PA que influenciam direta ou indiretamente as aes dedesenvolvimento e de polticas pblicas implementadas no territrio. So eles asregionalidades administrativas criadas pela Emater, Embrapa (ambas agncias dogoverno federal) e Governo Estadual do Par, alm das aspiraes de criao do Estadodo Tapajs pelo movimento separatista existente na regio.

    Segundo o site da Emater Par, a empresa est presente em 143 municpios

    Paraenses, atravs de 01 escritrio central, 12 escritrios regionais, 131 escritrioslocais, 07 postos avanados e 02 centros de capacitao a Unidade Didtica

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    Agroecolgica do Nordeste Paraense UDB (localizada em Bragana) e a UnidadeDidtica Agroecolgica do Sudeste Paraense UDM (localizada em Marab). Como sepode observar no Mapa, o territrio do Baixo Amazonas envolve duas regionais deatuao da Emater, a regional de Santarm (que visitamos) e a regional do MdioAmazonas.

    Para alguns entrevistados, este descompasso entre os limites administrativos daEmater e do Territrio no prejudicam o territrio, mas claro que o conjunto das aesrealizadas pela Emater poderia ser potencializado se houvesse coincidncia geogrficadas duas regionalizaes.

    Por outro lado, a regionalidade administrativa da Embrapa estabelecidarespeitando outros limites territoriais. Segundo o site da empresa, alm da sede emBelm, a Embrapa possui bases fsicas localizadas nos municpios de Belterra,Paragominas, Santarm, Salvaterra, Moj, Alenquer, Altamira, Terra-Alta e Tom-Au.

    E para fins administrativos separou o estado em 7 regies de atuao de seus ncleos.

    A regionalidade da ao administrativa do Governo do Estado do Par, por suavez, tambm parece seguir outros limites geogrficos, que vo alm dos municpios quecompem o territrio do Baixo Amazonas. O site do Governo do Estado do Parmenciona que trabalha com territorialidades, mas no indica sua diviso e no tivemos

    acesso ao que reconhecem como territrio do Baixo Amazonas.

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    Por fim, outra regionalidade muito mencionada ao longo das entrevistas, e quesequer imaginvamos ter tanta fora poltica, a regionalidade proposta pelomovimento separatista pela criao do Estado do Tapajs, que incluiria o Oeste doEstado do Par. Segundo o site do movimento, a criao da Provncia do Tapajs foisugerida ainda em 1853 por Ferreira Penna, para evitar conflitos entre o Par e o

    Amazonas, nas reas de Parintins, bidos e Santarm.

    A rediviso territorial voltou a ser discutida para resolver as diferenas delimites entre as duas provncias no ano de 1869. Um sculo depois, em 1984, ocorreuuma importante reunio em Santarm que consolidou um novo momento nareivindicao pelo plebiscito para decidir criar ou no o novo estado, da mesma formaque sugerido no site que deputados federais do Par por pouco no criaram o Estadodo Tapajs na Assemblia Constituinte de 19887. Atualmente a reivindicao tomou umnovo alento, coordenado pelo Movimento Pelo Plebiscito e Criao do Estado doTapajs.

    Este movimento pelo plebiscito do Estado do Tapajs foi criado em 25 de maiode 2004, apoiado pelo autodenominado setor produtivo regional, onde se destacam asassociaes comerciais do Oeste do Par, cuja Cmara presidida pelo presidente daAssociao Comercial e Empresarial de Santarm, por ns entrevistado. O movimentopelo plebiscito ganhou apoio tcnico e organizou-se juridicamente, com a elaborao deum estatuto. Tal trabalho foi importante para a articulao e a aproximao de Santarmcom os municpios do Oeste do Par que fariam parte do Estado do Tapajs.

    O Movimento tem realizado atividades de mobilizao, como uma campanha deoutdoor para estimular o eleitor do Oeste do Par a eleger deputados estaduais e federaisda regio. O resultado foi a eleio de dez deputados estaduais e um federal no ano de2006. Em setembro de 2007 foi protocolado o ofcio n 059/2007, com 500.000assinaturas, reivindicando um plebiscito sobre a criao do Estado do Tapajs. No dia12 de setembro de 2007 a Associao Comercial e Empresarial de Santarm (ACES)liderou um manifesto com assinaturas de todas as associaes comerciais do Oeste doPar, solicitando o plebiscito. O manifesto foi aprovado pela Assemblia Legislativa doEstado do Par com a votao favorvel de 38 dos 41 deputados estaduais, e in