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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO AGRICULTURA TROPICAL PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS EM DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVOS Helber Véras Nunes Areia-PB Fevereiro-2006

PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS ......Plantio direto e decomposição de restos culturais em diferentes sistemas de cultivo./ Helber Véras Nunes. – Areia, PB: CCA/UFPB,

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Page 1: PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS ......Plantio direto e decomposição de restos culturais em diferentes sistemas de cultivo./ Helber Véras Nunes. – Areia, PB: CCA/UFPB,

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO AGRICULTURA TROPICAL

PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS EM

DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVOS

Helber Véras Nunes

Areia-PB

Fevereiro-2006

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HELBER VÉRAS NUNES

PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS EM

DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVOS

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PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS EM

DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVOS

Tese apresentada à Universidade Federal da

Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Área de

Concentração Agricultura Tropical, para obtenção

do título de Doutor em Agronomia.

Comitê de orientação

Ivandro de França da Silva

Ignácio Hernan Salcedo

Walter Esfraim Pereira

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PLANTIO DIRETO E DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS EM

DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVOS

HELBER VÉRAS NUNES

Aprovado em: 23 de fevereiro de 2006.

Banca Examinadora

________________________________________

Prof. Dr. Ivandro de França da Silva

Orientador - CCA/UFPB

________________________________________

Prof. Dr. Jacob da Silva Souto

Examinador - UFCG

________________________________________

Prof. Dr. Napoleão Esberard Beltrão

Examinador - EMBRAPA-UFPB

________________________________________

Prof. Dr. José Dantas Neto

Examinador - UFCG

________________________________________

Profa. Dr

a. Maria Clarete Ribeiro Cardoso

Examinadora - UFERSA

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A Deus,

À minha querida família, impulsionadora dos meus êxitos e razão do

meu viver,

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo auxílio de sempre, em todos os momentos da minha vida.

À Universidade Federal da Paraíba, em especial ao Departamento de Fitotecnia, pela

oportunidade de realização do curso.

Ao Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnologico (CNPq), pela concessão

da bolsa de estudo.

Ao Professor Ivandro de França da Silva, pela dedicada orientação, pela amizade e

pelos ensinamentos transmitidos.

Aos Professores Jacob Silva Souto, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, José

Dantas Neto e Maria Clarete Ribeiro Cardoso pela participação na banca de defesa de tese e

pelas sugestões.

Ao Professor Walter Esfrain Pereira, pela amizade, pelas sugestões e pela colaboração

na condução dos trabalhos.

Aos Professores Genildo Bandeira Bruno e Riselane Lucena de Alcântara Bruno pela

amizade, pelo ensinamento e pelas valiosas sugestões na elaboração deste trabalho.

A todos os Professores do Centro de Ciências Agrárias pelos conhecimentos

compartilhados, especialmente aos que contribuíram com sugestões e aconselhamentos para

este trabalho.

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A todos os alunos e estagiários dos anos de 2002 a 2005, sob a orientação do Professor

Ivandro, pela amizade, convívio agradável e importante colaboração para o desenvolvimento

deste trabalho.

Aos funcionários da Estação Experimental de Alagoinha-PB pela valiosa ajuda nas

atividades de campo.

Aos funcionários do Departamento de Fitotecnia, em especial a Cícera Eliane e

Zezinho, pela ajuda e pelo apoio constantes.

Aos funcionários do Laboratório de Química, Física de Solos e Análise de Sementes

pelo auxílio na execução das análises laboratoriais.

Aos funcionários da Biblioteca pela gentileza e competente atendimento profissional.

Aos colegas da Pós-Graduação pela agradável convivência, especialmente aos que me

apoiaram e oportunizaram o prazer de uma amizade recíproca.

Aos meus pais Raimundo Nonato de Souza Nunes e Maria das Graças Véras Nunes,

pela amizade, pelo incentivo e esforço em educar seus filhos.

Aos meus irmãos Kleber Véras Nunes e Herbert Véras Nunes, pela amizade, pelo

incentivo e apoio constante.

A minha esposa Daniella Inácio Barros, pela compreensão, pelo convívio e pelo amor.

Enfim, a todos aqueles que, de alguma forma, auxiliaram na realização deste trabalho,

o meu reconhecimento e a minha gratidão.

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BIOGRAFIA

HELBER VÉRAS NUNES, filho de Raimundo Nonato de Souza Nunes e Maria das

Graças Véras Nunes, nasceu em Gurupi, Estado do Tocantins, em 14 de setembro de 1973.

Em 1999, graduou-se em Agronomia, pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Em 2000, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da Universidade

Federal de Viçosa, sob a orientação do Professor Glauco Vieira Miranda, tendo defendido

dissertação em 2002.

Em 2002, iniciou o Doutorado em Agronomia na Universidade Federal da Paraíba

(UFPB), sob a orientação do Professor Ivandro de França da Silva, defendendo tese em 23 de

fevereiro de 2006.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS........................................................................................................ xii

RESUMO ............................................................................................................................. 1

ABSTRACT ......................................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7

REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 10

Milho e condições climáticas .............................................................................................. 10

Consorciação de culturas ................................................................................................... 16

Plantio direto ...................................................................................................................... 17

Cobertura do solo ............................................................................................................... 20

Influência da adubação mineral com N-P-K ..................................................................... 22

Avaliação da qualidade fisiológica das sementes .............................................................. 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 25

CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE CULTIVOS DE MILHO NA

AUSÊNCIA E PRESENÇA DE MUCUNA PRETA E ADUBO MINERAL EM

PLANTIO DIRETO ........................................................................................................... 35

RESUMO ........................................................................................................................... 35

ABSTRACT ....................................................................................................................... 36

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 37

2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 39

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 41

4. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 47

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 48

CAPÍTULO 2 - INFLUÊNCIA DE SISTEMAS DE CULTIVOS, MUCUNA PRETA E

ADUBAÇÃO MINERAL SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES

DE MILHO ........................................................................................................................ 52

RESUMO ........................................................................................................................... 52

ABSTRACT ....................................................................................................................... 53

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 54

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x

2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 56

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 59

4. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 64

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 65

CAPÍTULO 3 - DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS DISPOSTOS NA

SUPERFÍCIE DO SOLO E SUBMETIDOS A ADUBAÇÃO NITROGENADA NA

MICRORREGIÃO DE GUARABIRA-PB ....................................................................... 69

RESUMO ........................................................................................................................... 69

ABSTRACT ....................................................................................................................... 70

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 71

2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 74

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 76

4. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 82

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 83

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1.1. Médias de rendimento, porcentagem de solo coberto, massa seca, comprimento,

diâmetro, índice de colheita, índice de espigas e peso de mil grãos de milho, sob

diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio

direto. ................................................................................................................ 42

Figura 1.2. Médias de altura de planta, espiga e diâmetro do colmo de plantas de milho, sob

diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio

direto. ................................................................................................................. 46

CAPÍTULO 2

Figura 2.1. Médias dos testes de germinação, primeira contagem, emergência de plântulas em

areia, condutividade elétrica, índice de velocidade de emergência, massa seca da

parte aérea, frio com solo e frio sem solo de sementes de milho, sob diferentes

sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio direto. .......... 60

CAPÍTULO 3

Figura 3.1. Precipitação pluvial e decomposição dos restos culturais registrados durante o

período experimental. ....................................................................................... 76

Figura 3.2. Velocidade de decomposição dos restos culturais de milho (a), mucuna preta (b),

feijão guandu (c), fava (d) e capim braquiária (e), na ausência e presença de

nitrogênio, ao longo do período experimental. .................................................. 81

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1.1. Estimativas dos contrastes de rendimento de grãos (kg/ha), porcentagem de solo

coberto (%), massa seca (kg/ha), comprimento (cm) e diâmetro de espiga (cm) de

milho, sob diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em

plantio direto .................................................................................................... 44

Tabela 1.2. Estimativas dos contrastes de índice de colheita e espiga, peso de mil grãos (g),

altura de planta (cm) e espiga (cm) e diâmetro do colmo (cm) de plantas de

milho, sob diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em

plantio direto .................................................................................................... 45

CAPÍTULO 2

Tabela 2.1. Estimativas dos contrastes de germinação (%), primeira contagem de germinação

(%), emergência de plântulas em areia (%) e condutividade elétrica (μS/cm/g) de

sementes de milho, sob diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação

mineral em plantio direto .................................................................................. 61

Tabela 2.2. Estimativas dos contrastes do índice de velocidade de emergência, massa seca da

parte aérea de plântulas de milho (mg/plântula), teste frio com solo (%) e frio

sem solo (%) de sementes de milho, sob diferentes sistemas de cultivos e

adubações em plantio direto .............................................................................. 63

CAPÍTULO 3

Tabela 3.1. Umidade e temperatura do solo, às 08:00 horas e a 2 cm de profundidade e

temperatura do ar, na área experimental, durante a condução do experimento. .. 77

Tabela 3.2. Médias de massa seca dos restos culturais mantidos sobre a superfície do solo, em

dez épocas de coleta, na ausência e presença de nitrogênio ................................ 78

Tabela 3.3. Teores carbono, nitrogênio e relação C/N nos resto culturais, após 36 dias da

disposição sobre a superfície do solo, na ausência e presença de nitrogênio. ..... 79

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Ficha Catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca

Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB.

Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409

N972p Nunes, Helber Véras

Plantio direto e decomposição de restos culturais em diferentes

sistemas de cultivo./ Helber Véras Nunes. – Areia, PB: CCA/UFPB,

2006.

86f.: il.

Tese (Doutorado em Agronomia) pelo Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Paraíba.

Área de concentração: Agricultura Tropical.

Orientador: Ivandro de França da Silva.

1. Milho - Zea mays. 2. Sistemas de cultivo. 3. Sementes - qualidade

fisiológica. 4. Decomposição de restos culturais. I. Silva, Ivandro de

França da (Orientador). II. Título.

CDU: 633.15(043.2)

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RESUMO

Nunes, Helber Verás, D.S. Universidade Federal da Paraíba, fevereiro de 2006. Plantio

direto e decomposição de restos culturais em diferentes sistemas de cultivos. Comitê de

Orientação: Ivandro de França da Silva, Ignácio Hernan Salcedo e Walter Esfrain Pereira.

Os estudos foram conduzidos na Estação Experimental da Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuária da Paraíba - EMEPA - PB, no município de Alagoinha - PB, objetivando

adquirir informações sobre o comportamento produtivo de plantas de milho, qualidade

fisiológica de suas sementes e decomposição de restos culturais, identificando um sistema

mais vantajoso, sementes mais vigorosas e restos culturais mais persistentes, em plantio

direto. O primeiro ensaio seguiu o delineamento experimental de blocos ao acaso, com

parcelas subdivididas e três repetições. As parcelas principais (5x16 m) consistiram de três

sistemas de cultivos {milho, (Zea mays) cultivar BR-106 em monocultivo, milho + feijão

guandu (Cajanus cajan) e milho + fava (Phaseolus lunatus)}, plantadas no início do período

chuvoso, e as subparcelas (5x4 m) de duas doses de adubação mineral {0 kg/ha e 825 kg/ha

da formulação 90-60-45}, aplicados em faixas. A adubação verde (ausência e presença), na

forma de mucuna preta (Styzolobium aterrinum), semeada a cada ano em torno de oitenta e

cinco dias após o plantio dos sistemas de cultivos, foi realizado em faixas nos blocos

(subblocos com 15x8 m). O espaçamento utilizado no milho foi 1,0 x 0,20 m (50.000

plantas/ha), o feijão guandu plantado intercalado entre fileiras alternadas de milho, semeado

em covas espaçadas de 0,50 m (10.000 plantas/ha), a fava semeada em fileiras alternadas de

milho em covas espaçadas de 1,0 m, duas plantas por cova (10.000 plantas/ha) e a mucuna

preta semeada intercalada entre fileiras de milho, oitenta e cinco dias após o plantio dos

sistemas, em covas espaçadas de 0,25 m (40.000 plantas/ha). Para o segundo ensaio, após a

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colheita, amostras das sementes de milho foram acondicionadas em embalagens de

polietileno, mantidos por período de três meses em câmara fria e seca. Em seguida foram

conduzidas ao Laboratório de Análise de Sementes, do Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Paraíba em Areia - PB para a avaliação da qualidade fisiológica,

sendo submetidas aos seguintes testes: germinação, primeira contagem de germinação,

condutividade elétrica, emergência de plântulas em areia, índice de velocidade de emergência,

massa seca da parte aérea de plântulas, frio sem e com solo. O terceiro ensaio seguiu o

delineamento experimental em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e três repetições.

Foram utilizados restos culturais de milho; capim braquiária (Braquiaria decumben); fava;

feijão guandu e mucuna preta, secos ao ar e fracionados em pequenos pedaços (0,01 - 0,05

m). Em seguida, acondicionados em sacolas de náilon de 20 x 30 cm, com malha de 1,0 mm2.

Cada sacola de náilon recebeu 60 g de resto cultural seco, equivalente a 10 t/ha, distribuída e

fixada na superfície do solo, O nitrogênio, na forma de uréia (1,07 g/sacola), foi diluído em

água e aplicado imediatamente sobre as sacolas de náilon (0 e 80 kg/ha), com uma irrigação

de 600 ml/sacola, equivalente a 10 mm de chuva. A coleta das sacolas de náilon foi realizada

em períodos consecutivos de 36 dias. O material contido em cada sacola foi limpo, seco em

estufa e pesado, avaliando desta forma, a decomposição dos restos culturais. Durante toda a

condução do experimento, foram quantificadas a precipitação pluvial, temperatura do ar,

umidade e temperatura do solo a 2 cm de profundidade. Os resultados possibilitaram concluir

que: a adubação mineral elevou o rendimento de grãos, cobertura do solo, produção de massa

seca, comprimento e diâmetro de espiga, altura de planta e espiga e o diâmetro do colmo das

plantas de milho; a mucuna preta semeada oitenta e cinco dias após o plantio dos sistemas de

cultivos aumentou o rendimento de grãos de milho e a produção de massa seca; o consórcio

milho + fava destacou-se por ser a fava uma segunda cultura de valor econômico e o milho +

guandu pela maior produção de massa seca; o adubo mineral favoreceu a viabilidade e o vigor

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das sementes de milho; a mucuna preta além de não ter competido com os sistemas de

cultivos favoreceu a qualidade fisiológica das sementes de milho provenientes do consórcio e

o consorcio de milho + guandu favoreceu o vigor das sementes de milho; a decomposição dos

restos culturais foi influenciada pela precipitação pluvial, umidade e temperatura do solo e

temperatura do ar, durante o período experimental; a adubação nitrogenada promoveu maior

redução na massa seca dos restos culturais; os restos culturais de capim braquiária e feijão

guandu foram os mais resistentes a decomposição, os de mucuna preta apresentaram um

comportamento intermediário, enquanto os de milho e a fava foram os menos resistentes.

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ABSTRACT

Nunes, Helber Verás, D.S. Federal University of Paraíba, February 2006. Direct planting

and decomposition of the cultural rests different systems of cultivations. Committee of

Orientation: Ivandro de France da Silva Ignácio, Hernan Salcedo and Walter Esfrain Pereira.

The studies were driven in the Experimental Station the State Company of Agricultural

Research of Paraíba - EMEPA - PB, mucicipality to Alagoinha - PB, aiming at to acquire

information on the productive behavior of maize plants, the physiologic quality of its seeds

and decomposition of cultural rests, identifying a more advantageous system, more vigorous

seeds and more persistent cultural rests in direct sowing. The first trial followed experimental

drawing in random block designs, with subdivided plots and three replications. The main plots

(5x16 m) consisted of three systems of cultivations {maize, (Zea mays) cultivar BR-106 in

monosowing, maize + guandu bean (Cajanus cajan) and maize + faba bean (Phaseolus

lunatus)}, sowed in the beginning of the rainy period, and the subplots (5x4 m) of two doses

of mineral manuring {0 kg/ha and 825 kg/ha of the formulation 90-60-45}, were applied in

strips. Green manuring (absence and presence), assuming the form of black mucuna

(Styzolobium aterrinum), was sowed every year around eighty-five days after the sowing of

the cultivations systems, was accomplished in strips in the blocks (sub-blocks with 15x8 m).

Spacing used in maize was 1,0 x 0,20 m (50.000 plants/ha), guandu bean was planted inserted

among alternate maize rows, sowed in spaced ditches of 0,50 m (10.000 plants/ha), faba bean

was sowed in alternate maize rows in spaced ditches of 1,0 m, two plants for ditch (10.000

plants/ha) while black mucuna was sowed inserted among maize rows, eighty-five days after

the systems sowing, in spaced ditches of 0,25 m (40.000 plants/ha). For the second trial, after

the crop, samples of maize seeds were conditioned in packings of polyethylene, maintained

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through the period of three months in cold and dry camera. Then they were led to the Seeds

Analysis Laboratory, from the Center of Agrarian Sciences of the Federal University of

Paraíba in Areia - PB in order to get physiologic quality evaluation, being submitted to the

following tests: germination, first germination counting, electric conductivity, emergency of

seedlings in sand, emergency speed index, dry mass of the aerial part of seedlings, cold with

and without soil. Cultural rests of maize were used; braquiarian grass (Braquiaria decumben);

faba bean; guandu bean and black mucuna, dry to the air and fractionated in small pieces

(0,01 - 0,05 m). After that, they were conditioned in 20 x 30 cm nylon bags, with 1,0 mm2

mesh. Each nylon bag received 60 g of dry cultural rest, equivalent to 10 t/ha, distributed and

fastened in the soil surface. Nitrogen, assuming the form of urea (1,07 g/bag), was diluted in

water and applied immediately on the nylon bags (0 and 80 kg/ha), with a watering of 600

ml/bag, equivalent to a 10 mm rain. The nylon bags crop was accomplished in consecutive

periods of 36 days. Material contained in each bag was clean, dry in a stove and weighted,

evaluating this way the decomposition of the cultural rests. Along the experiment process,

pluvial precipitation, air temperature, soil humidity and temperature to 2 cm depth were

quantified. Taking the results into consideration, it was possible to conclude that: mineral

manuring elevated grains income, soil covering, dry mass production, length and diameter of

ear maize, plant and ear height and stem diameter of maize plants; the black mucuna sowed

eighty-five days after the systems sowing of cultivations increased maize grains income and

dry mass production; intercrop corn + faba bean emphasized faba bean as a second culture of

economical value and maize + guandu did so for the largest dry mass production; the mineral

fertilizer favored the viability and the maize seeds vigor; black mucuna, besides not having

competed with the culture systems, favored the physiologic quality of maize seeds coming

from intercropping and the intercropping maize + guandu bean favored the vigor the seed

maize; decomposition of cultural rests was influenced by pluvial precipitation, soil humidity

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and temperature and air temperature, during the experimental period; nitrogened manuring

promoted larger reduction in the cultural rests dry mass; the braquiarian grass and guandu

bean cultural rests were the most resistant to decomposition, while the black mucuna ones

presented an intermediate behavior, and the maize and faba bean cultural rests were the least

resistant ones.

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INTRODUÇÃO

O cultivo do milho em consórcio a muito tempo é utilizado pelo agricultor nordestino

por favorecer tanto na sua alimentação, quanto na renda da família, além de amenizar os

problemas relacionados às irregularidades climáticas, ficando menos exposto a perdas totais

de produção. A mucuna preta (Styzolobium aterrimum Piper et Tracy), utilizada como adubo

verde, freqüentemente, também tem sido semeada em consórcio com o milho (MYASAKA et

al., 1984; SCHERER & BALDISSERA, 1985). A inclusão de leguminosas nos consórcios e

as rotações de cultivos, para Testa et al. (1992), constituem práticas altamente eficientes para

o incremento dos estoques de carbono orgânico e nitrogênio. Além de melhorar as condições

físicas e de fertilidade do solo, mantém o solo protegido, mesmo em época que normalmente

ficaria descoberto, diminuindo a perda por erosão.

Spagnollo et al. (2002) afirmam que o cultivo intercalar de leguminosas devido ao

fornecimento de N e do rendimento obtido na cultura do milho tem potencial de inclusão tanto

para esta cultura como até para outras culturas, salientando basicamente sua recomendação

para pequenas propriedades rurais onde a colheita do milho é manual. Lovato et al. (2004),

trabalhando com sistemas de manejo do solo, acrescentam que a recuperação dos estoques de

carbono e de nitrogênio ocorre apenas no solo sob plantio direto, indicando que a eliminação

do revolvimento do solo parece ser prática fundamental, quando se tem por objetivo a

recuperação de solos degradados. Contudo, a agricultura familiar no Nordeste brasileiro é

praticada em condições de sequeiro, com baixo nível econômico e tecnológico em solos

desgastado, devido ao uso sistemático de práticas inadequadas, como queima de restos

culturais e sem reposição dos nutrientes do solo. Devido ao emprego limitado de fertilizantes,

a produtividade depende da fertilidade natural dos solos e da possibilidade de mantê-los

através da ciclagem de nutrientes (SAMPAIO et al., 1995).

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A melhoria proporcionada à propriedade agrícola pelo sistema de plantio direto em

comparação com o sistema de cultivo convencional, já foi comprovada pela pesquisa e tem se

tornado uma realidade em todas as áreas de exploração agrícola com diversas culturas em

várias regiões brasileiras, como Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No cerrado brasileiro, o plantio

direto tem proporcionado ganhos na exploração de milho e soja e diante dessa constatação,

vem a necessidade de se testar o sistema de plantio direto em regiões que fogem um pouco do

padrão edafoclimático daquelas até então utilizadas com esse sistema de cultivo, uma vez que

os índices pluviométricos são menores, o rigor climático é maior. O plantio direto na palha

apresenta-se como alternativa merecedora de estudos na região Nordeste, face às

contribuições em termos de melhoria da umidade do solo proporcionada por esse sistema em

outras regiões. Contudo, Nunes et al. (2004 a) e Silva Neto (2003), apontam dificuldade de

acumulação e manutenção da palhada sobre o solo, devido a impossibilidade de realizar mais

de um plantio ao ano, na mesma área e a rápida decomposição dos mesmos.

O sucesso na utilização do plantio direto está fundamentada na quantidade e na

qualidade da cobertura do solo, proporcionada pelos restos culturais. A cobertura do solo

dissipa a energia cinética das chuvas, diminuindo a desagregação do solo pelo impacto das

gotas (Schaefer et al., 2001), além de aumentar o volume de água armazenado e a infiltração,

diminuindo, dentro de certos limites, o escoamento superficial e a erosão hídrica (MORAIS &

COGO, 2001).

A avaliação da qualidade fisiológica das sementes é fundamental para os diversos

segmentos que compõem um sistema de produção, pois a descoberta dos efeitos dos fatores

que possam afetar a qualidade dessas sementes, depende diretamente da eficiência dos

métodos utilizados para determiná-la (MARCOS FILHO et al., 1987). As alterações na

qualidade das sementes tem como conseqüências finais redução na capacidade germinativa,

entretanto, transformações degenerativas mais sutis, não avaliadas pelo teste de germinação,

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exercem grande influência no potencial de desempenho, com reflexos na emergência das

plântulas no campo, no crescimento e na produtividade das plantas (SPINOLA et al., 2000).

Assim, os testes de vigor, são fundamentais para detectar essas informações e,

conseqüentemente, úteis na escolha da semente a ser utilizada (VANZOLINI &

NAKAGAWA, 1998).

O plantio direto seja em monocultivo ou em consórcio, sem duvida é um dos sistemas

de produção mais saudável para o solo, no controle de pragas e doenças, ale de promover a

conscientização do produtor sobre a preservação do meio ambiente, tornando-o mais eficiente

e por conseqüência mais competitivo. Nesse contexto, os objetivos deste trabalho foram:

estudar o comportamento produtivo de plantas de milho, qualidade fisiológica de suas

sementes e decomposição de restos culturais, identificando um sistema mais vantajoso,

sementes mais vigorosas e restos culturais mais persistentes, em plantio direto.

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REVISÃO DE LITERATURA

Milho e condições climáticas

A cultura do milho, devido à diversidade de cultivares, está disseminada sobre uma

grande faixa de variadas condições climáticas. As áreas de cultivo estendem-se desde a

latitude de 58°N, no Canadá e União Soviética, até 40°S, na Argentina, e desde abaixo do

nível do mar, na região do mar Cáspio até a mais de 3.600 m de altitude, nos Andes Peruanos.

A maior parte do milho é cultivado nas partes mais quentes das regiões temperadas e nas

áreas de clima subtropical úmido. Em geral, a colheita não é satisfatória nos climas semi-

áridos. No hemisfério norte, o cultivo de milho atinge a sua mais alta intensidade nas regiões

em que as isotermas de julho situam-se entre 21.1 e 26.7°C. As condições no hemisfério sul

são semelhantes, exceto que as estações de cultivo são o inverso das suas correspondentes no

norte. Encontram condições satisfatórias em climas tropicais, subtropicais e temperados.

Basta que a região conte com uma estação vegetativa quente e úmida seguida de estação de

repouso fria ou seca (SHAW, 1988).

Para obtenção de rendimento máximo, os estádios de desenvolvimento devem acontecer

em épocas de menor probabilidade de ocorrerem efeitos que venham a afetar de forma

negativa o desenvolvimento das plantas. Dois estádios são determinantes no processo de

produção do milho. O primeiro é o estádio de quatro folhas, porque inclui a diferenciação da

gema floral; e o segundo é o de floração, porque é nessa fase que a polinização define o

número final de grãos com potencial para crescer e se desenvolver. O desenvolvimento e o

crescimento das plantas são gerados independentemente, porém esses dois fenômenos estão

intimamente interligados na determinação da produção final (MAGALHÃES & SILVA,

1978), uma vez que a taxa de desenvolvimento for alta, os intervalos entre os estádios de

desenvolvimento serão curtos; como conseqüência ocorre uma baixa quantidade de matéria

seca, o que representa menor área foliar como superfície fotossintetizante e pouco material a

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ser translocado para os grãos. O ciclo vegetativo do milho segue em ritmo definido em função

do local e cultivar e os intervalos de tempo que separam dois estádios de desenvolvimento

consecutivos, são dependentes da época de semeadura. A época de semeadura tem muita

influência na produtividade em decorrência de vários fatores climáticos, especialmente

temperatura, umidade e fotoperíodo (VIÉGAS & PEETEN, 1987).

Por ser uma planta de clima quente, o milho requer umidade e calor elevados desde a

época da semeadura até o fim do período de floração, sendo que nenhum cultivar de milho

poderá desenvolver-se onde a temperatura média for inferior a 19°C (MAGALHÃES &

SILVA, 1978). Shaw (1988) menciona que o milho praticamente não é cultivado em áreas

onde a temperatura média mensal situa-se abaixo de 19,5°C no período vegetativo, ou onde a

temperatura média da noite seja inferior a 12,8°C. A temperatura é de fundamental

importância para o desempenho desta cultura, uma vez que a condição ótima varia com os

diversos estádios de crescimento e desenvolvimento da planta de milho. Trabalhos realizados

por vários autores confirmam que da germinação à emergência a semente do milho exige a

temperatura mínima do ar de 10ºC, a ótima de 26 a 30

ºC e a máxima de 40 a 42

ºC, quando

satisfeitos os outros fatores climáticos (MUNDSTOCK, 1995). De acordo com Wallace &

Bressman (1937) à temperatura média de 15,5 a 18,3°C, o milho geralmente aparece acima do

solo em 8 a 10 dias, enquanto que entre 10 e 12,8°C ele demora de 18 a 20 dias para emergir.

Se o solo estiver úmido e a temperatura for de 21,1°C, a emergência pode ocorrer entre 5 a 6

dias. Tempo frio e úmido após a semeadura favorece o desenvolvimento de patógenos.

Diversos pesquisadores têm mostrado que vários organismos patogênicos são capazes de

causar podridão das sementes e das plântulas, sob condições de baixa temperatura. Depois das

plântulas aparecerem acima do solo, elas não suportam períodos de temperaturas abaixo do

ponto de congelamento.

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O período da emergência ao florescimento masculino se caracteriza por uma fase de

intenso crescimento vegetativo, sendo a temperatura ótima do ar em torno de 25 a 30ºC

(SHAW, 1988). Temperaturas altas podem provocar uma deficiência hídrica na planta,

mesmo que tenha água disponível no solo, devido ao desequilíbrio entre a absorção da água e

a evapotranspiração, fazendo com que ocorra o fechamento dos estômatos e a diminuição da

área fotossintética nos períodos de maior demanda evaporativa. Temperaturas noturnas altas

aumentam a taxa de transpiração, diminuindo ainda mais a taxa fotossintética líquida. A

duração deste período é muito variável de acordo com as diferentes épocas de semeadura e

ciclo do cultivar, apresentando uma redução desta etapa à medida que se retarda a semeadura,

dentro do período recomendado. Essa tendência também foi constatada ao avaliar a duração

do ciclo de crescimento e desenvolvimento de três cultivares de milho, em oito épocas de

semeadura durante três anos consecutivos no município de Sete Lagoas – MG, onde verificou

para esse período uma variação de 67,3 dias a 56,5 dias em condições normais de distribuição

de chuvas (SILVA, 1989). Esses resultados são muito semelhantes aos encontrados em outros

trabalhos realizados em Lavras e Sete Lagoas no ano agrícola 1987/88 em 17 cultivares

avaliadas (SOUZA, 1989).

A temperatura também é importante no período que vai do pendoamento à fertilização e

no enchimento de grãos (SUTILI, 1978). Apesar da curta duração, o primeiro período é

extremamente importante para a produção, pois o aparecimento da inflorescência feminina e

sua polinização são processos que vão determinar o número de grãos na espiga. Vários

autores constataram que sob temperaturas elevadas a duração da etapa reprodutiva diminui e o

contrário acontece quando as temperaturas são baixas. Wallace & Bressman (1937)

encontraram que, cada grau que a temperatura média alcançou acima de 21,1°C nos 60 dias

depois da semeadura, apressava o florescimento de dois a três dias. Nas regiões semi-áridas,

temperaturas extremamente altas, especialmente quando acompanhadas de umidade

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deficiente, podem ser muito prejudiciais ao milho. Nessas condições as plantas parecem mais

sensíveis a altas temperaturas na época de floração. A combinação de alta temperatura e baixa

umidade pode causar morte das folhas e flores e impedir a polinização. Parece que altas

temperaturas não influenciam tanto na aceleração do amadurecimento quanto influenciam no

crescimento rápido antes do florescimento. Noites frias reduzem a rapidez do crescimento

anterior à floração.

O enchimento dos grãos caracteriza-se por um significativo aumento do peso seco. No

amadurecimento fisiológico, a planta de milho passa por um processo contínuo de perda de

água, intensificado pelo sol e ventos, com ligeira queda de peso. A temperatura ótima para

esta fase é ao redor dos 27ºC (SHAW, 1988). O período do florescimento à maturação é

acelerado pelo aumento das temperaturas médias diárias até 26°C; por outro lado, é muito

retardado, quando as temperaturas são inferiores a 15,5°C. As temperaturas de 10°, 30° e 42°

são consideradas como os limites mínimo, ótimo e máximo para o período de crescimento. O

mesmo autor constatou decréscimos de produção à medida que a temperatura média

ultrapassava 24°C, o que pode ser atribuído à maior transpiração (SHAW,1988).

A precipitação pluvial, principalmente para os produtores que não possuem condições

para a utilização de um sistema de irrigação, é fundamental para o sucesso da lavoura. Nas

regiões tropicais, onde é menor a variação da temperatura, a umidade é fator preponderante

(AVELAR & MORAIS, 1986). A água é essencial para a fisiologia da planta, desde a

germinação até o final do ciclo, sendo que a quantidade de água disponível no solo durante as

fases fenológicas da cultura é amplamente reconhecida como fundamental para o sucesso da

produção, uma vez que para produzir uma parte de matéria seca é necessário um valor médio

de 368 partes de água. Apesar da exigência particular em água, existem diversos cultivares de

milho que podem ser cultivadas em regiões cujas precipitações vão de 250 mm até 5.000 mm

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anuais, sendo que o mínimo de 200 mm, bem distribuídas, no verão é indispensável para a

produção sem irrigação (BULL, 1993).

Para as condições brasileiras, alguns trabalhos relatam que para produzir de 5 a 9

toneladas por hectare, as necessidades hídricas do milho se situam entre 500 e 800 mm de

água, sendo que o consumo médio raramente excede a 2,5 mm/dia, enquanto a planta estiver

com menos de 30 cm de altura. O consumo aumenta gradualmente até atingir cerca de 6,5 a

7,5 mm/dia, durante o período que vai do espigamento à maturação, sendo que, para pequenos

intervalos no intenso calor e pouca umidade do ar, o consumo poderá subir até 10 mm/dia. O

conhecimento desses valores é muito importante na definição das datas de semeadura e no

planejamento da irrigação das lavouras, para que os períodos críticos da cultura não

coincidam com os possíveis períodos de déficits hídricos (BULL, 1993).

Os principais danos à cultura do milho devido a déficits hídricos ocorrem durante as

fases de crescimento vegetativo e florescimento. Na primeira, a menor elongação celular e

redução da massa vegetativa leva à diminuição da taxa fotossintética, ficando a produção

afetada mesmo após o déficit hídrico. Na fase de florescimento, ocorre a dessecação dos

estilos estigmas, impedindo a germinação dos grãos de pólen; aumento do intervalo entre a

antese e a saída dos estilos embrionários; distúrbios na meiose; aborto das espiguetas e dos

grãos de pólen. O milho aumenta sua exigência em umidade do solo a partir da germinação,

atingindo um máximo durante o enchimento de grãos. Embora o milho necessite

relativamente de pouca água por unidade de matéria seca produzida, suporta mal os períodos

secos. Assim, uma região de clima relativamente quente, com aproximadamente três meses de

chuvas regulares, oferece condições satisfatórias para cultivar milho (SILVA, 1989).

O fotoperíodo representa o número de horas com brilho solar. A planta de milho é

classificada como sendo de dias curtos, embora estudos indiquem que alguns cultivares têm

pouca ou nenhuma sensibilidade às variações do fotoperíodo. Nos cultivares sensíveis, o

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efeito de variação no fotoperíodo manifesta-se durante a etapa vegetativa, que vai desde a

emergência das plântulas até a emissão do pendão; um aumento do fotoperíodo faz com que a

duração da etapa vegetativa aumente, observando-se também um incremento no número total

de folhas produzidas pela planta. Estas alterações não acontecem com os cultivares que se

mostram insensíveis às variações do comprimento do dia (BULL, 1993).

O milho produz regularmente nos vários tipos de solos, desde que sejam atendidas suas

exigências quanto à permeabilidade ao ar e água, não suportando encharcamento, mesmo que

temporário, dado à sua necessidade de arejamento para o sistema radicular, como também

solos muito ácidos. No entanto, tanto para o encharcamento quanto para solos ácidos existe

variabilidade genética em cultivares, de forma que a seleção pode ser eficiente na obtenção de

cultivares melhoradas mais tolerante a estes estresses. Os solos mais adequados ao seu cultivo

são aqueles que apresentam estrutura granular bem desenvolvida, soltos ou friáveis, bem

drenados, férteis ou com boa adubação. A textura pode ser argilosa, franco-argilosa ou franco-

arenosa, desde que o solo apresente boa estruturação. Do ponto de vista físico, os solos que

oferecem melhores condições para a cultura são os de textura média (20-35% de argila) e os

argilosos bem estruturados (HERNANI & SALTON, 1997).

A cultura do milho permite a mecanização em todas as fases de seu ciclo cultural, o que

torna importante considerar o relevo da área cuja declividade deverá estar em torno de 10 a

12%, para obter-se melhores rendimentos das máquinas. Nas áreas com declives mais fortes a

mecanização da cultura é prejudicada e os riscos de erosão bem maiores, exigindo práticas de

controle da erosão mais dispendiosas (HERNANI & SALTON, 1997).

A época de semeadura mais adequada é a que possibilita coincidir o período de floração

com os dias mais longos do ano e a etapa de enchimento de grãos com o período de

temperaturas mais elevadas, isto considerando satisfeitas as necessidades de água da planta.

Resultados de pesquisa de épocas de plantio com o milho comum em Brasília demonstram

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que o rendimento de grãos correlacionou-se negativamente com o período de estresse de água

(EMBRAPA, 1976).

Consorciação de culturas

Morgado & Rao (1986), definem a consorciação de culturas como sendo o cultivo de

duas ou mais culturas na mesma área e em um mesmo período de tempo, definição também

enfatizada por Ferreira (1991), porém acrescentada de que os cultivos das plantas ocorram de

forma simultânea. Portanto, as culturas não são necessariamente plantadas no mesmo tempo

bem como a época de colheita, contudo é imprescindível que elas sejam coincidentes por um

determinado período do crescimento.

A consorciação de culturas é uma prática bastante utilizada na região Nordeste,

objetivando a máxima utilização dos fatores ambientais de crescimento, como água, luz e

nutrientes e como forma de garantia de retorno econômico em caso de insucesso de uma das

culturas. Além disso, permite uma maior formação de fitomassa por unidade de área,

favorecendo os aportes de carbono e nitrogênio do solo. Cruz (1985) e Bastos (1987),

afirmam que o cultivo consorciado permite melhor aproveitamento dos nutrientes, melhor

controle da erosão, reduz a ocorrência de pragas e doenças e proporciona maior produção por

área. Morgado & Rao (1986), afirmam ainda que o cultivo de diferentes espécies junta eleva a

eficiência na utilização dos recursos naturais, reduz os custos com capinas, distribui a

necessidade de mão de obra em diferentes épocas do ano agrícola e provavelmente reduz os

gastos com nitrogênio quando são incluídas leguminosas. Entretanto estes mesmos autores

apontam como desvantagem a dificuldade de mecanização e uso de herbicidas.

A escolha de leguminosas intercalares deve levar em conta a adaptação da espécie às

condições edafoclimáticas locais, a quantidade de biomassa de cobertura produzida em curto

espaço de tempo, a capacidade de fixação de N e as interações positivas com a cultura

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comercial e seu sistema produtivo (CRUZ, 1985). O consórcio milho e mucuna preta foi

inicialmente estudado por Scherer & Baldissera (1988), que apontam as seguintes vantagens:

o nitrogênio fixado biologicamente pela mucuna permite reduzir a aplicação deste elemento

na adubação; o sistema radicular da mucuna é capaz de realizar a reciclagem de nutrientes; a

cobertura proporcionada pela mucuna permite um maior controle da erosão e dificulta a

emergência de ervas daninhas e; a incorporação de uma maior quantidade de matéria orgânica

ao solo favorece a atividade biológica e melhora as propriedades físicas do solo. Contudo,

Nascimento et al. (2005) estudando o efeito de leguminosas sobre as propriedades físicas do

solo, não verificou aumento na estabilidade dos agregados do solo.

Costa (1992), trabalhado com produção de sementes de milho e mucuna preta, observou

que a medida que retardava o plantio da mucuna em relação ao plantio do milho, a produção

do milho tendeu a crescer e da mucuna preta diminuiu. O autor atribuiu o ocorrido ao fato de

que o milho por ter sido semeado primeiro sentiu menos a competição pelos fatores

ambientais de produção. Raposo et al. (1995), estudando o consórcio de milho e feijão

observaram que os diferentes arranjos e populações de plantas influenciaram o rendimento de

grãos das duas cultivos. Lopes (1988), apontam a dificuldade de comparar o rendimento de

uma cultura consorciada com o seu monocultivo, uma vez que o rendimento obtido está em

função da densidade e arranjo de plantas e de todas as interações que ocorrem entre as

culturas no sistema consorciado. Interações estas que poderiam promover respostas

anulatórias ou compensatórias de uma cultura sobre a outra.

Plantio direto

Os diferentes manejos do solo promovem respostas bastante alternadas sobre a cultura

do milho. Maiores rendimentos de milho no sistema de plantio direto, em relação a outros

sistemas de manejo do solo, foram relatados por Hernani & Salton (1997), menores por Hill

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(1990); Balbino et al. (1994); Soane & Ball (1998); Kluthcouski et al. (2000) e iguais por

Silva (2000); Pereira Filho et al. (2000); Pauletti et al. (2003) e Julianetti et al. (2003). Ismail

et al. (1994), em estudo de 20 anos, encontraram nos 12 primeiros anos, maior rendimento de

grãos de milho sob sistema convencional e nos últimos 8 anos sob plantio direto, os autores

atribuíram o motivo desta inversão ao aumento da matéria orgânica no solo, sob plantio

direto. Resultados semelhantes foram encontrados por Lima et al. (2003). Nunes et al. (2004

b), avaliando diferentes sistemas de cultivos (milho, milho + feijão guandu e milho + fava) e

adubação em plantio direto, na microrregião de Guarabira, constataram que os sistemas de

cultivos avaliados apresentaram rendimento de grãos de milho iguais, mesmo assim, o

consórcio milho + fava destacou-se por ser a fava uma segunda cultura de valor econômico. É

preciso destacar que o rendimento de grãos na maioria das culturas sob diferentes manejos do

solo depende, dentre outros, das condições climáticas do ano agrícola, da qualidade do

manejo, do nível de fertilidade do solo e do estado sanitário da cultura (FAGERIA et al.,

1995; CARMO, 1997).

O plantio direto é a forma de plantio no qual a semente é colocada no solo não

revolvido (sem prévia aração ou gradagem), usando-se semeadeiras especiais. Um pequeno

sulco ou cova é aberto com profundidade e largura suficientes para garantir a adequada

cobertura e contato da semente com o solo. No plantio direto não se usam implementos como

arado e grade niveladora, comuns no preparo do solo e na agricultura brasileira

(INFORMATIVO PIONEER, 2003).

De certa forma, já era praticado por civilizações antigas, tais como os Egípcios e os

Incas, que, incapazes de revolver manualmente o terreno para plantio, faziam um pequeno

buraco para introduzir a semente. No Brasil, a introdução do plantio direto se deu a partir da

década de 70. Nesta época, nada se sabia sobre os benefícios do sistema o interesse era apenas

eliminar a mecanização excessiva no preparo do solo para reduzir os problemas com erosão

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(GASSEN & GASSEN, 1996). Nos últimos anos, a opinião pública tem despertado cada vez

mais para o problema da degradação ambiental, cobrando do produtor maior preocupação

com o meio ambiente e exigindo o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, com alta

produtividade e economicamente viável num meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O sistema plantio direto, ao ser enfocado como um complexo de tecnologias de

processo, de produto e de serviço, tendo por fundamentos a mobilização de solo

exclusivamente na linha de semeadura, a manutenção dos resíduos culturais totalmente na

superfície do solo e a rotação ou consórcio de cultivos, tornou-se um mecanismo de

transformação, de reorganização e de sustentação do sistema de produção agropecuária. A

mobilização de solo apenas na linha de semeadura é um dos fatores de grande contribuição

para a redução dos custos da produção agropecuária e, principalmente, é responsável por

alterações radicais no cronograma de atividades no âmbito da propriedade rural. O abandono

das operações de preparo de solo (arações, escarificações e gradagens) reduz a demanda de

potência de tratores por unidade de área cultivada e diminui, de forma intensa, a demanda de

mão-de-obra, o consumo de combustível e o custo de manutenção de máquinas e

equipamentos (GASSEN & GASSEN, 1996).

Devido aos aspectos de implantação, o plantio direto é de maior custo a curto prazo,

onde os custos resultantes do maior consumo de herbicidas podem superar a economia obtida

pelo menor consumo de combustíveis e uso de horas-máquina (GASSEN & GASSEN, 1996).

Embora seja de custo relativamente mais alto nos primeiros anos de implantação, o consumo

de herbicida com o passar dos anos diminui, principalmente combinando plantio direto com

rotação ou consórcio de cultivos. Enquanto que no plantio convencional este custo se mantém,

exceto quando há replantio, que nesse caso, pode aumentar o consumo. A manutenção dos

resíduos culturais na superfície do solo, associada à mobilização de solo apenas na linha de

semeadura e a rotação de cultivos, é o grande fator responsável pelo manejo facilitado das

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plantas daninhas e pela recuperação e manutenção da estrutura física do solo

(INFORMATIVO PIONEER, 2003).

Desta forma, o plantio direto por ser considerado um sistema de produção que busca

maximizar a rentabilidade, explorando o potencial genético da cultura, os recursos do

ambiente e do solo, sem degradar os recursos naturais, deixou de ser uma técnica de produção

agrícola para se transformar em uma exigência da sociedade atual. Levantamentos realizados

pela Federação Brasileira de plantio direto na palha, indicam que o mundo conta com

aproximadamente 66 milhões de hectares no sistema de plantio direto, sendo que só no Brasil

são 22 milhões, tornando o país uma referência mundial. O plantio direto também vem sendo

adotado por pequenos agricultores (propriedades menores que 50 hectares), que visam a

obtenção de material orgânico na própria área de cultivo, tornando um beneficio expressivo e

econômico, atualmente uma área de 15.000 a 20.000 hectares está sob plantio direto com

tração animal (YAMADA, & ABDALLA, 2005).

Cobertura do solo

Os restos culturais remanescentes de áreas sob cultivo, além de servir como alimento

animal, pode no solo ter vários destinos: A queima é o método mais fácil de eliminá-los da

área; a devolução ao solo através da incorporação é uma outra forma de retirá-los de cima da

superfície, quando a quantidade não é demasiada e; podem ser simplesmente deixados sob a

superfície do solo, formando uma cobertura. A forma como os restos culturais são manejados,

pode proporcionar efeitos diferentes nas características físicas, químicas e biológicas do solo

e, conseqüentemente, afetar diretamente o desenvolvimento das culturas exploradas.

A prática de deposição dos restos culturais sobre a superfície do solo é denominada de

cobertura morta. Essa prática atua significativamente no regime térmico do solo,

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principalmente pela reflexão e absorção de energia incidente e está relacionada à cor, ao tipo,

à quantidade e à distribuição da palha sobre a superfície (BARKER & ROMAN, 1978).

A cobertura morta sobre o solo reduz a incidência da radiação e retarda o aquecimento

do solo, face reduzir a evaporação e por manter o solo úmido, elevando a sua capacidade

calorífica (SIDIRAS & VIEIRA, 1984). Entretanto, a diminuição das perdas de umidade do

solo através de uma cobertura vegetal ineficiente em termos de proteção, é em alguns casos

mais importante que o incremento de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes, pois a perda

de água no sistema é o maior fator limitante à produtividade. Assim é fundamental que se

aplique sistemas de exploração agrícola visando não somente o controle de perdas de solo por

erosão, como também, melhor aproveitamento da água, evitando-se taxas excessivas de

escoamento superficial e evaporação.

O sistema de plantio direto pressupõe a cobertura permanente do solo que,

preferencialmente, deve ser de cultivos comerciais ou, quando não for possível, culturas de

cobertura do solo. Tal cobertura deverá resultar do cultivo de espécies que disponham de

certos atributos, como: produzir grande quantidade de massa seca, possuir elevada taxa de

crescimento, ter certa resistência à seca e ao frio, não infestar áreas, ser de fácil manejo, ter

sistema radicular vigoroso e profundo, ter elevada capacidade de reciclar nutrientes, ser de

fácil produção de sementes, apresentar elevada relação C/N, entre outras (GASSEN &

GASSEN, 1996).

A manutenção de restos vegetais na superfície do solo, além de elevar a umidade do

solo e reduzir a variação de temperatura, acarretando benefícios para a planta e para o próprio

solo através da manutenção da atividade microbiana, consiste numa reserva considerável de

nutrientes (GASSEM & GASSEM, 1996). Os nutrientes contidos nos restos vegetais podem

ser removidos para o solo pela ação de soluções aquosas como a chuva, caracterizando a

reciclagem de nutrientes, pois as plantas retiram os nutrientes de camadas subsuperficiais e os

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liberam em camadas superiores (FIORIN, 1999; AMBROSANO et al., 2005). Entretanto,

Alves et al. (1998) informam que em clima tropical e subtropical a decomposição dos

resíduos culturais é rápida, e que se deve atentar também para a persistência e durabilidade da

cobertura vegetal.

Influência da adubação mineral com N-P-K

Para Bull (1993), uma das formas para aumentar a produtividade do milho é o

fornecimento adequado da adubação mineral, a qual pode ser conseguida através de

programas de adubação que visem além da quantidade de fertilizantes fornecida, o balanço

entre os nutrientes requerido, aliado a condição climática ideal, principalmente em termos de

precipitação.

Segundo Muzilli et al. (1991) conhecer a quantidade de nutrientes extraídas pelo milho

permite estimar as taxas que serão exportadas através da colheita dos grãos e as que poderão

ser restituídas ao solo através dos restos culturais. Para Salton (1996), a sustentabilidade da

produção somente será atingida se forem completadas as necessidades e eficiência no uso dos

adubos químicos e outros insumos provenientes de recursos não naturais.

De acordo com Malavolta & Romero (1975), o milho é bastante exigente e responsivo

ao nitrogênio, onde 70 a 90 % dos ensaios de adubação conduzidos, responderam a adubação

nitrogenada. Kurtz et al. (1952), comentam que em cultivos consorciados, a competição entre

espécies ocorre principalmente pelo nitrogênio, sendo que a maior competição ocorrerá nos

locais onde o sistema radicular de uma cultura estiver em contato com o sistema de outra.

Conforme Bull (1993), a absorção de fósforo ocorre de maneira paralela ao acúmulo de

matéria seca durante grande parte do desenvolvimento da planta, com o máximo de exigência

próxima ao pendoamento, em torno de 60 dias após a geminação.

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Para o potássio a maior exigência ocorre na fase vegetativa, a partir de 15 dias após a

emergência e ao atingir o crescimento vegetativo pleno, quando a planta estiver com 8 a 10

folhas. Neste período a planta já absorveu 53 % de suas necessidades, absorvendo mais 31 %

até o pendoamento, decrescendo a partir daí (MUZILLI et al., 1991).

Avaliação da qualidade fisiológica das sementes

A avaliação da qualidade fisiológica das sementes é fundamental para os diversos

segmentos que compõem um sistema de produção, pois a descoberta dos efeitos dos fatores

que possam afetar a qualidade dessas sementes, depende diretamente, da eficiência dos

métodos utilizados para determiná-la (MARCOS FILHO et al., 1987).

Essa avaliação é feita tradicionalmente pelo teste de germinação, porém este, apresenta

limitações por fornecer resultados que superestimam o potencial fisiológico das sementes,

devido ao fato de ser conduzido sob condições ótimas. Diante disto, foram desenvolvidos

testes de vigor com a finalidade de fornecer informações complementares às obtidas no teste

de germinação e que permitissem estimar o potencial de emergência de plântulas em campo

sob ampla faixa de condições ambientais. Assim, a viabilidade e o vigor são os parâmetros

fundamentais utilizados para avaliar a qualidade das sementes (MARCOS FILHO et al.,

1987).

O teste de germinação é considerado padronizado, com possibilidade de repetição dos

resultados, desde que sejam seguidas as instruções estabelecidas nas Regras para Análise de

Sementes (BRASIL, 1992). Por isso, este teste não é conduzido em condições de campo,

porque o resultado dificilmente seria reproduzido.

A ausência de uma estreita relação entre a germinação, obtida em laboratório, e a

emergência das plântulas em campo, levou ao desenvolvimento do conceito de vigor. De

acordo com Carvalho & Nakagawa (2000), Vigor de sementes compreende um conjunto de

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características que determinam o potencial para a emergência e o rápido desenvolvimento de

plântulas normais, sob ampla diversidade de condições de ambiente. Assim, a avaliação do

vigor das sementes é realizada com o objetivo básico de identificar possíveis diferenças

significativas na qualidade fisiológica de sementes que apresentem poder germinativo

semelhante.

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CAPÍTULO 1

AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE CULTIVOS DE MILHO NA AUSÊNCIA E

PRESENÇA DE MUCUNA PRETA E ADUBO MINERAL EM PLANTIO DIRETO

RESUMO

O cultivo do milho em consórcio com leguminosas é prática bastante utilizada pelo

agricultor nordestino. O presente trabalho teve como objetivo avaliar sistemas de cultivos de

milho (milho, milho + feijão guandu e milho + fava), cultivar BR – 106, na ausência e

presença de mucuna preta e adubo mineral (0 e 825 kg/ha da formulação 90-60-45), em área

submetida ao plantio direto durante quatro anos. O experimento foi conduzido na estação

experimental da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba – EMEPA-PB,

município de Alagoinha – PB. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso,

com parcelas subdivididas e três repetições. A adubação mineral elevou o rendimento de

grãos, cobertura do solo, produção de massa seca, comprimento e diâmetro de espiga, altura

de planta e espiga e o diâmetro do colmo das plantas de milho. A mucuna preta semeada

oitenta e cinco dias após o plantio dos sistemas de cultivos aumentou o rendimento de grãos

de milho e a produção de massa seca. O consórcio milho + fava destacou-se por ser a fava

uma segunda cultura de valor econômico e milho + guandu pela maior produção de massa

seca.

Palavras-chave: Zea mays, Styzolobium aterrimum, monocultivo, consórcio.

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MAIZE CULTIVATIONS EVALUATION SYSTEMS IN THE ABSENCE AND

PRESENCE OF BLACK MUCUNA AND MINERAL FERTILIZER IN NO-TILLAGE

ABSTRACT

Intercropping maize cultivation the with leguminous is a procedure used by the

Northeastern farmer. This work had as an objective to evaluate maize culture systems (maize,

maize + guandu bean and maize + faba bean), cultivar BR - 106, in the absence and presence

of black mucuna and mineral fertilizer (0 and 825 kg/ha following the formulation 90-60-45),

in an area submitted to no-tillage for four years. Trial was lead at Paraíba experimental station

from the Agricultural Research State Company – EMEPA-PB, municipal district of

Alagoinha - PB. Experimental random blocks desing was used, with subdivided portions and

three replications. Mineral fertilization elevated grains income, soil covering, dry mass

production, maize diameter length and ear, plant height and maize ear and maize plants stem

diameter. Black mucuna sowed eighty-five days after culture systems planting increased

maize grains income and dry mass production. Intercrop maize + faba bean was put in

evidence because faba bean is a second economical value culture and maize + guandu did so

because of its largest dry mass production.

Index terms: Zea mays, Styzolobium aterrimum, monocultivation, intercropping.

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1. INTRODUÇÃO

A agricultura familiar no Nordeste brasileiro é praticada em sua maioria, em condições

de sequeiro, com baixo nível econômico e tecnológico em solos degradado, devido ao uso

sistemático de práticas inadequadas, como queima de restos culturais e não reposição dos

nutrientes do solo. Devido ao emprego limitado de fertilizantes, a produtividade depende da

fertilidade natural dos solos e da possibilidade de mantê-los através da ciclagem de nutrientes

(SAMPAIO et al., 1995).

O sistema de produção com semeadura direta, através da manutenção de restos vegetais

na superfície do solo, eleva a umidade do solo, reduz a variação de temperatura, mantêm a

atividade microbiana, funcionando como uma reserva considerável de nutrientes, os quais são

removidos para o solo pela ação de soluções aquosas como a chuva, caracterizando a

reciclagem de nutrientes, pois as plantas retiram os nutrientes de camadas subsuperficiais e os

liberam em camadas superficiais (FIORIN, 1999).

Entre as espécies utilizadas para adubação verde e formação de massa seca, as

leguminosas se destacam por formarem associações simbióticas com bactérias fixadoras de

nitrogênio, resultando em uma reserva deste nutriente ao sistema solo-planta (PERIN et al.,

2003), contribuindo com a nutrição das culturas subseqüentes (ANDREOLA et al., 2000).

Amado et al. (2001), relatam que a utilização da mucuna em plantio direto de milho foi a

estratégia mais eficiente em promover aumento nos estoques de CO e N do solo. Assim, as

adubações verdes, a partir do consórcio entre gramíneas e leguminosas, produzem resíduos

com características favoráveis tanto na proteção do solo quanto na nutrição da plantas

(BORTOLINI et al., 2000).

O cultivo do milho (Zea mays L.) em consórcio é bastante utilizado pelo agricultor

nordestino por favorecer tanto na sua alimentação quanto na renda da família, além de

amenizar os problemas relacionados às irregularidades climáticas, ficando menos exposto a

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perdas totais de produção. Heinrichs & Fancelli (1999), destacam que, no cultivo consorciado

entre leguminosas e gramíneas na adubação verde de inverno, a gramínea propicia maior

produção de fitomassa. Amado et al. (2000), verificaram que os adubos verdes de inverno

aveia (Avena strigosa) e Ervilhaca (Vicia sativa), quando isolados, apresentaram relação C/N

superior a 45 e inferior a 15, respectivamente. Entretanto, o consórcio destas espécies resultou

em fitomassa tão elevada quanto à obtida na aveia isolada e acumulação de N semelhante a da

Ervilhaca isolada, mas com relação C/N em torno de 25, valor considerado próximo ao

equilíbrio entre os processos de mineralização e imobilização.

Desta forma, avaliação de sistemas de cultivos que utilizem leguminosas em consórcio,

permite estabelecer arranjos e populações adequadas, para maximizar a produção de matéria

seca e a eficiência do sistema. Contudo, há carência de informações relativas a avaliação de

sistemas de cultivos em plantio direto. Por isso, o melhor aproveitamento de suas

potencialidades e a identificação de práticas de manejo que possam aumentar a produtividade

das cultivos, ainda tem se constituído um desafio.

Considerando portanto, a conjuntura predominante da agricultura na região Nordeste, a

importância do milho e as possibilidades de melhorar a tecnologia predominante utilizada, o

presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar três sistemas de cultivos na ausência

e presença de mucuna preta (Styzolobium aterrimum Piper et Tracy) e adubo mineral, sobre o

rendimento do milho em área submetida a plantio direto durante quatro anos.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido, em um Nitossolo Vermelho, cujo principais características

são: pH = 5,85; matéria orgânica = 17,15g dm-3

; fósforo = 2,79 mg dm-3

; potássio = 27,35

cmolc dm-3

e cálcio + magnésio = 9,3 cmolc dm-3

, durante quatro anos na Estação

Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado da Paraíba (EMEPA-PB),

localizada no município de Alagoinha, Microrregião de Guarabira na Paraíba, cujo clima de

acordo com a classificação de Köppen é do tipo As’, caracterizado por ser quente e úmido

com precipitação média anual de 1.100 mm e chuvas de outono e inverno.

O ensaio seguiu o delineamento experimental de blocos ao acaso, com parcelas

subdivididas e três repetições. As parcelas principais (5x16 m) consistiram de três sistemas de

cultivos {milho, (Zea mays) cultivar BR-106 em monocultivo, milho + feijão guandu

(Cajanus cajan) e milho + fava (Phaseolus lunatus)}, plantadas no início do período chuvoso

de cada ano, e as subparcelas (5x4 m) de duas doses de adubação mineral {0 kg/ha e 825

kg/ha da formulação 90-60-45}, aplicados em faixas. A adubação verde (ausência e presença),

na forma de mucuna preta (Styzolobium aterrinum), semeada a cada ano em torno de oitenta e

cinco dias após o plantio dos sistemas de cultivos, foi realizado em faixas nos blocos

(subblocos com 15x8 m).

O espaçamento utilizado no milho foi 1,0 x 0,20 m (50.000 plantas/ha), o feijão guandu

plantado intercalado entre fileiras alternadas de milho, semeado em covas espaçadas de 0,50

m (10.000 plantas/ha), a fava semeada em fileiras alternadas de milho em covas espaçadas de

1,0 m, duas plantas por cova (10.000 plantas/ha) e a mucuna preta semeada intercalada entre

fileiras de milho, oitenta e cinco dias após o plantio dos sistemas, em covas espaçadas de 0,25

m (40.000 plantas/ha). O manejo das plantas de cobertura do solo foi realizado antes do

plantio dos sistemas, através de corte manual e distribuição sobre a superfície do solo.

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As seguintes variáveis foram avaliadas: Rendimento de grãos em kg/ha; comprimento

de espigas obtido através da média de todas as espigas colhidas na área útil da parcela;

diâmetro da espiga obtido pela média dos diâmetros da base, meio e ponta, de todas as espigas

da parcela; altura da planta e de espiga medida após o pendoamento, do nível do solo à

inserção da folha bandeira e até a inserção da espiga superior, respectivamente, em cinco

plantas na área útil da parcela; diâmetro do colmo obtido após o pendoamento, a 25

centímetros do solo, em cinco plantas na área útil da parcela; massa seca coletada

imediatamente antes do plantio dos sistemas de cultivos, coletando-se três amostras do

material vegetal por parcela, nove por tratamento utilizando-se uma armação medindo 0,5 x

0,5 m (0,25 m2), lançadas ao acaso nas parcelas, em seguida, seca em estufa a 65° C até

atingir massa constante, cobertura do solo determinada anteriormente a coleta das amostras do

material vegetal, através do método da corda tracejada, índice de colheita obtido pela relação

entre o rendimento de grãos e o rendimento biológico. Para obtenção do rendimento biológico

colheu-se três plantas completas, mediante sorteio entre todas da área útil, em seguida levou-

se à estufa a 65 ºC até que atingisse massa constante; índice de espigas representado pela

relação entre o número de espigas e o número de plantas na área útil da parcela e peso de mil

grãos.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas

por meio de contrastes ortogonais.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de rendimento de grãos (RG), porcentagem de solo coberto (PCS),

massa seca (MS), comprimento de espigas (CE), diâmetro de espiga (DE), índice de colheita

(IC), índice de espigas (IE) e peso de mil grãos (PMG) de milho estão apresentados na Figura

1. O rendimento médio de grãos de milho variou de 3.965 a 5.488 kg/ha. Silva (2000),

trabalhando com o mesmo cultivar e estação experimental, em área submetida ao plantio

direto durante dois anos, sob dois níveis de adubação, obteve rendimento de grãos de milho

variando de 3.040 kg/ha a 5.460 kg/ha. Na presença do adubo mineral e da mucuna preta o

rendimento de grãos de milho foi 5.389 e 4.689 kg/ha, respectivamente. Estes resultados

foram superiores aos do encontrado por Diniz (2002), trabalhando na mesma estação

experimental, onde o rendimento de grãos de milho na presença do adubo mineral e de

adubação verde foram 4.935 e 2.375 kg/ha, respectivamente.

Os resultados referentes a rendimento de grão (Tabela 1), indicam efeito benéfico e

significativo do adubo mineral e da mucuna preta (2.168 e 744 kg/ha). Lima et al. (2000) &

Gonçalves et al. (2000), também encontraram efeitos benéficos da adubação verde sobre o

rendimento das culturas usadas em consorciação, sucessão ou rotação. A utilização de

leguminosas como cobertura do solo, eleva o rendimento do milho em função de aumentar a

disponibilidade de nitrogênio proporcionado pela fixação biológica (TEIXEIRA et al. 1994).

Apesar de já encontrarem na literatura resultados de pesquisa que indicam efeito benéfico da

adubação verde sobre a produção agrícola, esta prática continua restrita a um número

reduzido de agricultores. Todavia, no presente estudo não ocorreu diferença no rendimento de

grãos de milho entre os sistemas avaliados. Pereira Filho et al. (2000) trabalhando, em Sete

Lagoas-MG, com consórcio de milho e feijão, semeado em plantio direto, não constatou

efeito dos sistemas de cultivos sobre o rendimento de grãos de milho.

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0,0

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adubo

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0

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Ausência

adubo

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adubo

Ausência

adubo

Presença

adubo

Ausência de mucuna Presença de mucuna

Peso d

e m

il g

rãos (

g)

Figura 1.1. Médias de rendimento, porcentagem de solo coberto, massa seca, comprimento,

diâmetro, índice de colheita, índice de espigas e peso de mil grãos de milho, sob

diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio

direto.

Milho Milho + Guandu Milho + Fava

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Silva (2000), também não encontrou diferença de rendimento de milho entre os sistemas de

cultivos avaliados (plantio direto com guandu, plantio direto e cultivo convencional). Este

comportamento semelhante indica a possibilidade de semeio da mucuna preta para produção

de adubo verde e formação de matéria seca, tão importante no plantio direto, na mesma área

após 85 dias ao plantio dos sistemas. Arf et al. (2000) trabalhando com o milho híbrido

Cargill 125, na estação experimental da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP,

no município de Selvíria-MS, constatou que o lab-lab semeado nas entre linhas do milho aos

75 ou 100 dias após a sua semeadura não afetou a produtividade do milho. Mesmo não

havendo diferença no rendimento de milho entre os sistemas avaliados, o consórcio milho +

fava é importante por ser a fava uma segunda cultura de valor econômico, com uma

produtividade adicional de 330 kg/ha, permitindo melhor aproveitamento dos espaços vagos

na época das chuvas.

De maneira geral todos os tratamentos proporcionaram boa proteção do solo (Figura 1),

com valores médio acima de 83 %, entretanto a adubação mineral e o consórcio milho +

guandu adubado aumentaram a proteção do solo (9,0 e 7,0 %), comparado à ausência do

adubo mineral e ao consórcio milho + fava, respectivamente (Tabela 1). Já a produção de

massa seca variou de 5.254 a 19.720 kg/ha (Figura 1). De acordo com Ambrosano et al.

(2005) para garantir uma boa proteção do solo, já é aceito que a quantidade mínima de restos

culturais deixados pelas culturas anuais, deve chegar a 7.000 kg/ha. Mesmo em condição de

precipitação irregular, característica do nordeste, o adubo mineral, a mucuna preta e o cultivo

consorciado, na presença da mucuna preta, adubada ou não (Tabela 1), favoreceram a

produção de massa seca (5.236, 2.084, 4.513 e 6.813 kg/ha), todavia, a massa seca

proveniente do consórcio milho + guandu foi maior em relação ao milho + fava, em todas as

combinações de adubo e mucuna preta (6.813, 3.493, 3.940 e 9.267 kg/ha). Tais diferenças

provavelmente devem-se ao feijão guandu, leguminosa de caule tenro, sistema radicular

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profundo, eficiente na ciclagem de nutrientes e relação C/N mais alta do que a fava. Arf et al.

(2000), encontraram para o consórcio milho + mucuna preta, plantada 75 dias após o milho,

massa seca igual a 11.116 kg/ha, enquanto para o milho solteiro 4.290 kg/ha e a mucuna preta

exclusiva 7.974 kg/ha. Mata et al. (2005), também constataram aumento na produção de

massa seca de gramíneas com aumento da adubação mineral.

Tabela 1.1. Estimativas dos contrastes de rendimento de grãos (RG - kg/ha), porcentagem de

solo coberto (PCS - %), massa seca (MS - kg/ha), comprimento (CE - cm) e

diâmetro (DE - cm) de espiga de milho, sob diferentes sistemas de cultivos,

mucuna preta e adubação mineral em plantio direto

Contrastes RG PCS MS CE DE

Sem adubo (A1) vs com adubo (A2) -2168 ** -9,3 * -5236 * -3,3 * -0,5 *

Sem mucuna (M1) vs com mucuna (M2) / A1 -744 * -2,0 ns -2084 * -0,5 ns -0,2 *

M1 vs M2 / A2 -23 ns -3,3 ns -1444 ns -0,5 ns 0,1 ns

Solteiro vs consórcio / M1A1 31 ns 3,5 ns 1620 ns 1,2 ns 0,2 ns

Solteiro vs consórcio / M1A2 -82 ns 3,5 ns 1573 ns 0,2 ns 0,1 ns

Solteiro vs consórcio / M2A1 -59 ns 2,0 ns -6357 ** 0,0 ns 0,0 ns

Solteiro vs consórcio / M2A2 85 ns 0,0 ns -4513 ** 0,0 ns 0,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A1 77 ns -1,0 ns 6813 ** -0,2 ns 0,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A2 144 ns 7,0 * 3493 ** -0,7 ns 0,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A1 -116 ns 2,0 ns 3940 ** -0,3 ns 0,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A2 -73 ns 2,0 ns 9267 ** -0,9 ns -0,1 ns

ns , * e **. Não significativo, significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.

Os resultados referentes a comprimento e diâmetro de espiga (Tabela 1) demonstraram

comportamento semelhante ao rendimento de grãos, indicando de maneira geral, efeito

benéfico do adubo e da mucuna preta (3,3, 0,5, e 0,2 cm), e que os sistemas de cultivos, em

todas as combinações entre mucuna e adubo mineral não exerceram influência sobre estas

variáveis. Resultado semelhante foi encontrado por Nascimento (2000), trabalhando com o

cultivar de milho CMS-33 submetido à presença e ausência de adubo mineral em solo

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incorporado com leguminosas. Entretanto, Silva (2000), não constatou efeito do adubo

mineral sobre o comprimento de espigas, nos dois anos avaliados.

Observa-se que o índice de colheita (Figura 1) variou de 0,31 a 0,55. Segundo Fancelli

& Dourado Neto (1997), em regiões de clima temperado e elevada latitude o índice de

colheita máximo para o milho está em torno de 0,60. O índice de colheita, índice de espiga e o

peso de mil grãos (Tabela 2), de maneira geral, não foram influenciados pelo adubo mineral,

mucuna preta e sistemas de cultivos, com uma única exceção, na presença do adubo mineral e

da mucuna preta o índice de espiga e peso de mil grãos do monocultivo foram superiores (0,2

e 19 g) ao cultivo consorciado, assim como o adubo mineral para o peso de mil grãos (25,3 g).

Nascimento (2000), também não constatou efeito de leguminosas e adubação mineral sobre o

índice de colheita, contudo, encontrou maior índice de espiga para os tratamentos adubados.

Tabela 1.2. Estimativas dos contrastes de índice de colheita (IC) e espiga (IE), peso de mil

grãos (PMG - g), altura de planta (AP - cm) e espiga (AE - cm) e diâmetro do

colmo (DC - cm) de plantas de milho, sob diferentes sistemas de cultivos,

mucuna preta e adubação mineral em plantio direto

Contrastes IC IE PMG AP AE DC

Sem adubo (A1) vs com adubo (A2) 0,0 ns -0,1 ns -25,3 * -32,3 * -23,7 * -0,3 *

Sem mucuna (M1) vs com mucuna (M2)/A1 0,0 ns -0,1 ns -6,0 ns -26,0 * -17,2 * -0,2 *

M1 vs M2 / A2 0,1 ns 0,0 ns 8,0 ns 8,2 ns 10,7 ns -0,1 ns

Solteiro vs consórcio / M1A1 0,0 ns 0,0 ns 1,0 ns 1,8 ns -0,2 ns 0,1 ns

Solteiro vs consórcio / M1A2 0,1 ns 0,0 ns 0,0 ns -2,0 ns 1,0 ns 0,1 ns

Solteiro vs consórcio / M2A1 0,0 ns -0,1 ns 7,0 ns -11,5 ns -4,5 ns -0,1 ns

Solteiro vs consórcio / M2A2 0,0 ns 0,2 * 19,0 * -7,2 ns -8,8 ns 0,1 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A1 0,1 ns 0,0 ns 4,0 ns 9,7 ns -1,7 ns 0,1 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A2 0,1 ns 0,0 ns 16,0 ns 0,6 ns -0,7 ns -0,1 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A1 0,1 ns 0,1 ns 8,0 ns -7,6 ns 1,0 ns 0,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A2 0,1 ns 0,1 ns 5,0 ns 3,0 ns 5,0 ns 0,0 ns

ns , * e **. Não significativo, significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.

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Os valores médios de altura de planta, de espiga e diâmetro do colmo de plantas de

milho estão apresentados na Figura 2. A altura da planta, de espiga e diâmetro do colmo

variaram de 187 a 226, 100 a 127 e 1,3 a 1,8 cm, respectivamente (Figura 2). Esta variação

não sofreu efeito de nenhum dos sistemas de cultivos (Tabela 2), entretanto, aumentaram na

presença do adubo mineral (32,3, 23,7 e 0,3 cm) e da mucuna preta (26,0, 17,2 e 0,2 cm).

Souza (2000) e Nascimento (2000), também constataram efeito da adubação, espaçamento e

época de plantio da mucuna sobre a altura de plantas e espigas de milho.

0

60

120

180

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adubo

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adubo

Presença

adubo

Ausência de mucuna Presença de mucuna

Diâ

metr

o d

o c

olm

o (

cm)

Figura 1.2. Médias de altura de planta, espiga e diâmetro do colmo de plantas de milho, sobre

diferentes sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio

direto.

Milho Milho + Guandu Milho + Fava

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4. CONCLUSÕES

- A adubação mineral elevou o rendimento de grãos, cobertura do solo, produção de

massa seca, comprimento e diâmetro de espiga, altura de planta e espiga e o diâmetro do

colmo das plantas de milho;

- A mucuna preta semeada oitenta e cinco dias após o plantio dos sistemas de cultivos

aumentou o rendimento de grãos de milho e a produção de massa seca;

- O consórcio milho + fava destacou-se por ser a fava uma segunda cultura de valor

econômico e o milho + guandu pela maior produção de massa seca.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 2

INFLUÊNCIA DE SISTEMAS DE CULTIVOS, MUCUNA PRETA E ADUBAÇÃO

MINERAL SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO

RESUMO

O cultivo do milho em consórcio com leguminosas é prática bastante utilizada pelo agricultor

nordestino. Desta forma o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica

das sementes de milho, cv. BR - 106, produzidas em sistemas de cultivos isolados e

consorciados (milho, milho + feijão guandu e milho + fava) na ausência e presença de adubo

químico e mucuna preta. O ensaio foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes da

Universidade Federal da Paraíba - Campus II, Areia - PB. Independentemente dos sistemas de

cultivos, adubo mineral e mucuna preta, a germinação, emergência de plântulas em areia e o

índice de velocidade de emergência foram altos. De acordo com os resultados observa-se que

o adubo mineral favoreceu a viabilidade e o vigor das sementes de milho; a mucuna preta

além de não ter competido com os sistemas de cultivos favoreceu a qualidade fisiológica das

sementes de milho provenientes do consórcio e o consorcio de milho + guandu favoreceu o

vigor das sementes de milho.

Palavras chave: Zea mays L., consórcio, viabilidade, vigor.

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CULTIVATIONS SYSTEMS INFLUENCE, BLACK MUCUNA AND MINERAL

FERTILIZATION OVER MAIZE SEEDS PHYSIOLOGIC QUALITY

ABSTRACT

Intercropping maize cultivation the with leguminous is a procedure used by the Northeastern

farmer. Thus, this work had as an objective to evaluate maize seeds physiologic quality, cv.

BR - 106, produced in isolated and intercropped culture systems (maize, maize + guandu bean

and maize + fava bean in the absence and presence of chemical fertilizer and black mucuna.

The rehearsal was lead at the Seeds Analysis Laboratory of Paraíba Federal University -

Campus II, Areia - PB. Independently of the culture systems, mineral fertilizer and black

mucuna, germination, seedlings emergency in sand and the emergency speed index was high.

From the results, it is observed that the mineral fertilizer favored the viability and the maize

seeds vigor; black mucuna, besides not having competed with the culture systems, favored the

physiologic quality of maize seeds coming from intercropping and the intercropping maize +

guandu bean favored the vigor the seed maize.

Index terms: Zea mays L., intercropping, viability, vigor.

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1. INTRODUÇÃO

O cultivo do milho (Zea mays L.) em consórcio vem sendo bastante utilizado pelo

agricultor nordestino por favorecer tanto na sua alimentação quanto na renda da família, além

de amenizar os problemas relacionados às irregularidades climáticas, ficando menos exposto a

perdas totais de produção. A mucuna preta (Styzolobium aterrimum Piper et Tracy), utilizada

como adubo verde, freqüentemente também tem sido semeada em consórcio com o milho

(MYASAKA et al., 1984; SCHERER & BALDISSERA, 1985). Costa (1992), avaliando a

influência dos sistemas de cultivo sobre a qualidade fisiológica das sementes de milho e

mucuna preta, observou que houve influência dos sistemas de cultivo sobre a qualidade

fisiológica das sementes de mucuna.

Piana (1994), observou que a deficiência hídrica retarda o desenvolvimento das

plântulas durante a germinação das sementes de milho, sendo que as mais vigorosas

apresentaram desempenho superior nessa condição. Segundo Tonin (1997), a resistência ao

estresse hídrico está diretamente relacionada ao vigor das sementes de milho. Sementes mais

vigorosas asseguram maiores velocidades e porcentagens de germinação e influenciam,

portanto, no estande e no arranjo espacial dos cultivos (ELLIS, 1992). Aguero et al. (1997),

relatam que as diferenças na qualidade fisiológica das sementes de soja, devem-se

principalmente aos efeitos inerentes ao ambiente durante a fase de maturação.

É desejado que as sementes utilizadas em plantios provenham de campos isentos de

outras espécies ou variedades para que assegure a pureza varietal e outros atributos de

qualidade (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000). Todavia, na agricultura Paraibana,

caracterizada pelo predomínio de cultivos de subsistência e pela pouca disponibilidade de

recursos, somado ao elevado custo de sementes certificadas, verifica-se que os agricultores

têm utilizado como semente seu próprio material produzido. Diante deste quadro, a avaliação

dos sistemas agrícolas disponíveis é imprescindível para que possa ser introduzida melhoria

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tecnológica acessível aos agricultores, devendo nesta avaliação incluir a qualidade fisiológica

do material produzido para ser utilizado como semente.

A avaliação da qualidade fisiológica das sementes é fundamental para os diversos

segmentos que compõem um sistema de produção, pois a descoberta dos efeitos dos fatores

que possam afetar a qualidade dessas sementes, depende diretamente da eficiência dos

métodos utilizados para determiná-la (MARCOS FILHO et al., 1987). As alterações na

qualidade das sementes tem como conseqüências finais redução na capacidade germinativa,

entretanto, transformações degenerativas mais sutis, não avaliadas pelo teste de germinação,

exercem grande influência no potencial de desempenho, com reflexos na emergência das

plântulas no campo, no crescimento e na produtividade das plantas (SPINOLA et al., 2000).

Assim, os testes de vigor, são variáveis fundamentais para detectar essas informações e,

conseqüentemente, úteis na escolha da semente a ser utilizada (VANZOLINI &

NAKAGAWA, 1998).

Considerando, portanto, a conjuntura predominante da agricultura na região Nordeste, a

importância do milho e as possibilidades de melhorar a tecnologia predominante utilizada, o

presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a qualidade fisiológica das sementes

de milho, produzidas em sistemas de cultivos isolados e consorciados, na ausência e presença

de adubação verde (mucuna preta) e mineral.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido, em um Nitossolo Vermelho, cujo as principais

características são: pH = 5,85; matéria orgânica = 17,15g dm-3

; fósforo = 2,79 mg dm-3

;

potássio = 27,35 cmolc dm-3

e cálcio + magnésio = 9,3 cmolc dm-3

, durante quatro anos na

Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado da Paraíba (EMEPA-

PB), localizada no município de Alagoinha, Microrregião de Guarabira na Paraíba, cujo clima

de acordo com a classificação de Köppen é do tipo As’, caracterizado por ser quente e úmido

com precipitação média anual de 1.100 mm e chuvas de outono e inverno.

O ensaio segue o delineamento experimental de blocos ao acaso, com parcelas

subdivididas e três repetições. As parcelas principais (5x16 m) consistiram de três sistemas de

cultivos {milho, (Zea mays) cultivar BR-106 em monocultivo, milho + feijão guandu

(Cajanus cajan) e milho + fava (Phaseolus lunatus)}, plantadas no início do período chuvoso,

e as subparcelas (5x4 m) de duas doses de adubação mineral {0 kg/ha e 825 kg/ha da

formulação 90-60-45}, aplicados em faixas. A adubação verde (ausência e presença), na

forma de mucuna preta (Styzolobium aterrinum), foi realizado em faixas nos blocos

(subblocos com 15x8 m). O espaçamento utilizado no milho foi 1,0 x 0,20 m (50.000

plantas/ha), o feijão guandu plantado intercalado entre fileiras alternadas de milho, semeado

em covas espaçadas de 0,50 m (10.000 plantas/ha), a fava semeada em fileiras alternadas de

milho em covas espaçadas de 1,0 m, duas plantas por cova (10.000 plantas/ha) e a mucuna

preta semeada intercalada entre fileiras de milho, oitenta e cinco dias após o plantio dos

sistemas, em covas espaçadas de 0,25 m (40.000 plantas/ha). O manejo das plantas de

cobertura do solo foi realizado antes do plantio dos sistemas, através de corte manual e

distribuição sobre a superfície do solo.

Após a colheita, amostras de sementes de milho foram acondicionadas em embalagens

de polietileno com 0,07 mm de espessura e capacidade para 15 kg, e mantidos por período de

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três meses em câmara fria e seca com temperatura e umidade relativa variando de 14 - 16 ºC e

60 - 70 %, respectivamente. Em seguida foram conduzidas ao Laboratório de Análise de

Sementes, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba em Areia - PB

para a avaliação da qualidade fisiológica, sendo submetidas aos seguintes testes:

Germinação (G) - realizado com quatro subamostras de 50 sementes distribuídas em folhas

de papel “germitest”, umedecidas com água destilada numa quantidade equivalente a 2,5

vezes o peso do substrato seco (Brasil, 1992), sendo os rolos confeccionados e mantidos em

germinador a 25 ºC. As avaliações foram realizadas aos quatro e sete dias após a semeadura e

os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais.

Primeira contagem de germinação (PCG) - conduzido simultaneamente ao teste de

germinação, constituiu no registro da porcentagem de plântulas normais obtida no quarto dia

após a semeadura.

Condutividade elétrica (CE) - utilizou-se quatro subamostras de 50 sementes, que foram

pesadas em balança analítica de precisão de (0,001 g), colocadas para embeber em copos

plásticos contendo 75 mL de água destilada, mantidos a 25 °C, durante 24 horas conforme

metodologia de Vieira (1994). Os resultados foram expressos em μS/cm/g de sementes.

Emergência de plântulas em areia (EPA) - conduzido em casa de vegetação, utilizando-se

bandejas plásticas contendo areia esterilizada, onde foram semeadas quatro subamostras de 50

sementes, umedecidas com a quantidade de água equivalente a 60 % da capacidade de

retenção. A contagem das plântulas emergidas foi realizada aos 14 dias após a semeadura

(Nakagawa, 1994), sendo os resultados expressos em porcentagem.

Índice de velocidade de emergência (IVE) - realizado conjuntamente com a emergência de

plântulas em areia. Foram feitas contagens diárias a partir do dia em que a primeira plântula

emergiu, até que esse número tornou-se constante. O índice foi calculado de acordo com a

fórmula proposta por Edmond & Drapala (1958).

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Massa seca da parte aérea de plântulas (MSPA) - logo após as medições das plântulas, as

mesmas foram separadas em raiz e parte aérea sendo colocadas em sacos de papel, levados

para estufa com circulação de ar forçada, mantidos a temperatura de 65 °C, onde

permaneceram até atingir peso constante. Os resultados foram expressos em gramas por

repetição, conforme recomendações de Nakagawa (1994).

Frio sem solo (FSS) - utilizou-se quatro subamostras de 50 sementes que foram semeadas em

folhas papel “germitest” umedecidas com água destilada, numa quantidade equivalente a 2,5

vezes o peso do substrato seco. Os rolos de papel com as sementes de milho foram

acondicionados em sacos plásticos, vedados com fita crepe e, posteriormente, colocados em

câmara regulada previamente a 10 °C onde permaneceram por 7 dias. Após este período os

sacos foram abertos e os rolos colocados em germinador regulado a 25 °C, durante quatro dias

conforme (CÍCERO & VIEIRA, 1994). Os resultados foram expressos em porcentagem de

plântulas normais.

Frio com solo (FCS) - foram adotados os mesmos procedimentos do teste anterior,

distribuindo-se sobre as sementes uma fina camada de solo recentemente cultivado com

milho.

Procedimento Estatístico - os tratamentos foram distribuídos conforme o delineamento

experimental inteiramente casualizado, em laboratório e em casa de vegetação. Os dados

submetidos à análise de variância sendo as médias comparadas por meio de contrastes

ortogonais.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de germinação (G), primeira contagem de germinação (PCG),

emergência de plântulas em areia (EPA), condutividade elétrica (CE), índice de velocidade de

emergência (IVE), massa seca da parte aérea (MSPA), teste frio com solo (FCS) e frio sem

solo (FSS) de sementes de milho estão apresentados na Figura 1. Independentemente dos

sistemas de cultivos, adubo mineral e mucuna preta, a germinação, emergência de plântulas

em areia e o índice de velocidade de emergência foram altos, variando de 85,0 a 97,0 %, 85,0

a 100 % e 17,0 a 22,0, respectivamente, indicando que de modo geral, as sementes

apresentava boa viabilidade, enquadrando-se acima dos padrões mínimos exigidos (85 %)

para comercialização de sementes de milho (BRASIL, 1993).

O teste de germinação (Tabela 1), indicou que o adubo mineral e as sementes

provenientes dos cultivos consorciados, na presença da mucuna preta, adubada ou não,

tiveram maior porcentagem de germinação (17,3 %, 3,0 % e 2,5 %), em relação às produzidas

em monocultivo, não havendo diferença entre os sistemas consorciados. De acordo com

Malavolta & Romero (1975), o milho é bastante exigente e responsivo a adubação, com

efeito, em 70 a 90 % dos ensaios conduzidos.

Estudos sobre o vigor são importantes para a agricultura, pois permitem a obtenção de

estimativas do potencial fisiológico das sementes identificando diferenças não detectadas pelo

teste de geminação (RAMOS et al., 2004). Para Carvalho & Nakagawa (2000), a faixa ótima

de temperatura para germinação de uma semente de alto vigor é maior que uma de baixo

vigor. Além disto, sementes mais vigorosas são mais resistentes às condições de estresse

hídrico (TEKRONY & EGLI, 1977). Pelos resultados das Tabelas 1 e 2, observa-se que os

testes não foram igualmente sensíveis para distinguir diferenças no vigor das sementes.

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Figura 2.1. Médias dos testes de germinação, primeira contagem, emergência de plântulas em

areia, condutividade elétrica, índice de velocidade de emergência, massa seca da

parte aérea, frio com solo e frio sem solo de sementes de milho, sob diferentes

sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio direto.

Milho Milho + Guandu Milho + Fava

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Assim como o teste de germinação, a primeira contagem indicou que o adubo mineral e o

cultivo consorciado, na presença da mucuna preta, adubada ou não, aumentou o vigor das

sementes (20,5 %, 22,5 % e 20,7 %), em relação às produzidas em monocultivo, todavia,

sementes provenientes do consórcio milho + guandu foram mais vigorosas (16,5 %) em

relação ao consórcio milho + fava, entretanto com o incremento do adubo mineral ou da

mucuna esta diferença desaparece. Tais diferenças provavelmente devem-se a utilização de

leguminosas em consórcio ao disponibilizar mais nitrogênio proporcionado pela fixação

biológica (TEIXEIRA et al., 1994); ao feijão guandu, leguminosa de sistema radicular

profundo e eficiente na ciclagem de nutrientes e também por ser a fava uma cultura extratora.

Apesar da existência na literatura de resultados de pesquisa que indicam o efeito benéfico da

adubação verde, esta prática continua restrita a um número reduzido de agricultores. De

acordo com Pádua (1998), sementes pouco vigorosas possuem menor capacidade de

estabelecimento em condições de campo.

Tabela 2.1. Estimativas dos contrastes de germinação (G - %), primeira contagem de

germinação (PCG - %), emergência de plântulas em areia (EPA - %) e

condutividade elétrica (CE - μS/cm/g) de sementes de milho, sob diferentes

sistemas de cultivos, mucuna preta e adubação mineral em plantio direto

Contrastes G PCG EPA CE

Sem adubo (A1) vs com adubo (A2) -17,3 * - 20,5 ** - 6,5 * 4,0 *

Sem mucuna (M1) vs com mucuna (M2)/A1 0,7 ns - 1,7 ns - 3,7 * - 0,2 ns

M1 vs M2 / A2 1,3 ns - 8,5 ns -1,8 ns 0,2 ns

Solteiro vs consórcio / M1A1 1,0 ns - 0,3 ns - 0,5 ns - 1,5 ns

Solteiro vs consórcio / M1A2 1,0 ns 0,8 ns 3,0 ns 0,2 ns

Solteiro vs consórcio / M2A1 - 2,5 ** - 20,7 ** - 12,0 ** 0,8 ns

Solteiro vs consórcio / M2A2 - 3,0 ** - 22,5 ** - 11,0 ** 0,6 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A1 1,0 ns 16,5 ** - 3,0 ns - 0,4 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A2 3,0 ns 0,5 ns 13,0 ** 1,6 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A1 6,0 ns 8,5 ns - 4,0 ns - 0,9 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A2 1,0 ns 2,0 ns 2,0 ns 0,9 ns

ns , * e **. Não significativo, significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.

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Os resultados referentes à emergência das plântulas em areia (Tabela 1), demonstraram

comportamento semelhante a primeira contagem de germinação, indicando de maneira geral,

efeito benéfico do adubo e da mucuna preta (6,5 e 3,7 %), e que a mucuna preta, adubada ou

não, favoreceu a emergência das plântulas (11,0 e 12,0 %) das sementes provenientes dos

cultivos consorciados, em relação às produzidas em monocultivo. Além de apresentar

crescimento rápido e possuir grande quantidade de massa verde para cobertura do solo,

algumas espécies de mucuna podem evitar a multiplicação de nematóides fitoparasitas que

causam grandes danos às cultivos principais (CHAVES & CALEGARI, 2001). Nunes et al.

(2004) estudando a qualidade sanitária de sementes de milho procedentes de plantio direto

verificaram que a mucuna preta favoreceu o controle de Penicillium sp. Entre os consórcios,

apesar das sementes apresentarem comportamento semelhante, somente na presença do adubo

mineral, o consórcio milho + guandu foi mais vigoroso (13,0 %). Vários trabalhos evidenciam

que sementes com baixo vigor apresentam baixa emergência (EDJE & BURRIS, 1971;

TEKRONY & EGLI, 1977; MARCOS FILHO, 1981).

Os valores de condutividade elétrica das sementes de milho foram baixos

(6 a 9 μS/cm/g), portanto pequena lixiviação de solutos, confirmando a alta qualidade

fisiológica (Figura 1). Verifica-se que a adubação mineral aumentou o vigor das sementes de

milho (Tabela 1), todavia, de maneira geral, a condutividade elétrica e o índice de velocidade

de emergência (Tabela 2) não se mostraram testes sensíveis para uma boa diferenciação do

vigor.

A massa seca da parte aérea de plântulas de milho sofreu um incremento tanto na adição

do adubo mineral (24,0 mg/plântula) quanto para as sementes provenientes do consórcio

milho + guandu (32,5 mg/plântula) em relação ao consórcio milho + fava, entretanto com o

incremento do adubo mineral ou da mucuna esta diferença desaparece (Tabela 2). De acordo

com Nakagawa (1994), sementes mais vigorosas proporcionam maior transferência de matéria

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seca de seus tecidos de reserva para o eixo embrionário na fase de germinação, originando

plântulas com maior peso em função do maior acúmulo de matéria seca em suas partes.

Tabela 2.2. Estimativas dos contrastes do índice de velocidade de emergência (IVE), massa

seca da parte aérea de plântulas de milho (MSPA - mg/plântula), teste frio com

solo (FCS - %) e frio sem solo (FSS - %) de sementes de milho, sob diferentes

sistemas de cultivos e adubações em plantio direto

Contrastes IVE MSPA FCS FSS

Sem adubo (A1) vs com adubo (A2) - 2,2 ns - 24,0 * - 6,5 ns - 4,7 ns

Sem mucuna (M1) vs com mucuna (M2)/A1 2,6 ns - 4,2 ns 2,2 ns - 1,0 ns

M1 vs M2 / A2 - 0,5 ns 3,5 ns 4,2 ns 2,0 ns

Solteiro vs consórcio / M1A1 0,6 ns 13,8 ns - 10,9 ** - 1,0 ns

Solteiro vs consórcio / M1A2 0,2 ns 12,5 ns - 11,3 ** - 9,0 ns

Solteiro vs consórcio / M2A1 - 1,9 ns - 7,5 ns - 0,8 ns 6,6 ns

Solteiro vs consórcio / M2A2 - 2,6 ns - 1,0 ns 1,1 ns - 26,3 **

Milho + guandu vs milho + fava / M1A1 - 0,3 ns 32,5 ** 1,1 ns - 4,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M1A2 1,6 ns 5,0 ns 5,5 ns 11,0 *

Milho + guandu vs milho + fava / M2A1 2,2 ns 15,0 ns - 0,5 ns 0,0 ns

Milho + guandu vs milho + fava / M2A2 - 1,5 ns 7,0 ns 2,8 ns - 4,5 ns

ns , * e **. Não significativo, significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.

Para os testes de frio com e sem solo (Tabela 2), as sementes de milho provenientes do

consórcio mostraram-se de maneira geral mais vigorosas, pelas razões comentadas

anteriormente. Já, a mucuna preta semeada aproximadamente 85 dias após a introdução dos

sistemas, não foi prejudicial as sementes de milho, conforme verificado em todos os testes

utilizados.

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4. CONCLUSÕES

- O adubo mineral favoreceu a viabilidade e o vigor das sementes de milho;

- A mucuna preta além de não ter competido com os sistemas de cultivos favoreceu a

qualidade fisiológica das sementes de milho provenientes do consórcio;

- O consórcio milho + guandu favoreceu o vigor da semente de milho.

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69

CAPÍTULO 3

DECOMPOSIÇÃO DE RESTOS CULTURAIS DISPOSTOS NA SUPERFÍCIE DO

SOLO E SUBMETIDOS A ADUBAÇÃO NITROGENADA NA MICRORREGIÃO DE

GUARABIRA-PB

RESUMO

No Nordeste brasileiro, o sistema de plantio direto tem sua adoção comprometida,

devido à dificuldade de manutenção de restos culturais sobre o solo, em termos de quantidade

e de qualidade. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a persistência

de restos culturais (milho, mucuna preta, feijão guandu, fava e capim braquiária) mantidos

sobre a superfície do solo na ausência e presença de nitrogênio (0 e 80 kg/ha), identificando

aquele(s) que possa(m) ser utilizado(s) como cobertura persistente do solo, em agricultura de

sequeiro. O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuária da Paraíba – EMEPA-PB, município de Alagoinha - PB. O

delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e três

repetições. A decomposição dos restos culturais foi influenciada pela precipitação pluvial e

pela umidade e temperatura do solo, durante o período experimental. A adubação nitrogenada

promoveu maior redução na massa seca dos restos culturais. Os restos culturais de capim

braquiária e feijão guandu foram os mais resistentes à decomposição, enquanto, a mucuna

preta apresentou um comportamento intermediário e o milho e a fava foram os menos

resistentes.

Palavras-chave: Taxa decomposição, plantio direto, gramíneas, leguminosas.

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CROP RESIDUALS FRACTIONING PLACED IN SOIL SURFACE AND

SUBMITTED TO NITROGEN ADUBATION AT MICROREGION OF

GUARABIRA-PB

ABSTRACT

In the Brazilian Northeast, the adoption of no-tillage system inplantation has been

compromised, due to the difficulty of crop residuals fractioning’s maintenance in soil, in

terms of amount and of quality. The present work was developed with the objective of

evaluating crop residuals persistence (maize, velvet bean, pigeon bean, lima bean and signal

grass) kept on the surface of the soil in the absence and presence of nitrogen (0 and 80 kg/ha),

identifying that (those) which can be used as soil persistent covering, in rain conditions. The

experiment was lead in the Experimental State Farming Research Experimental Station of

Paraíba- EMEPA-PB, city of Alagoinha - PB. Experimental random blocks desing was used,

with subdivided portions and three replications. Crop residuals fractioning was strongly

influenced by rainfall and by soil humidity and temperature during the experimental period.

Nitrogen adubation promoted greater reduction in dry mass of crop residuals. Signal grass and

pigeon bean’s crop residuals had been most resistant to fractioning, while, velvet bean

presented an intermediate behavior. Maize and lima bean had been less resistant.

Index terms: Rate decomposition, no-tillage system implantation, gramines, legume species.

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1. INTRODUÇÃO

O sucesso na utilização do plantio direto está fundamentada na quantidade e na

qualidade da cobertura do solo, proporcionada pelos restos culturais. A cobertura do solo

dissipa a energia cinética das chuvas, diminuindo a desagregação do solo, pelo impacto das

gotas (SCAEFER et al., 2001), além de aumentar o volume de água armazenado e a

infiltração, diminuindo, dentro de certos limites, o escoamento superficial e a erosão hídrica

(MORAIS & COGO, 2001).

No sistema de plantio direto grande quantidades de restos culturais persistem durante

maior período de tempo sobre a superfície do solo, em virtude do menor contato com o solo,

dificultando a ação microbiana (AMARAL et al., 2004). Assim, a eficiência deste sistema de

cultivo depende, dentre outros aspectos, do conhecimento da velocidade de decomposição dos

restos culturais mantidos sobre o solo, especialmente quando se adotam rotações de cultivos

(BERTOL et al., 2004).

A decomposição dos restos culturais depende da natureza e quantidade do material

vegetal depositado (BERTOL et al., 1998), da fertilidade e manejo do solo (SMITH &

DOUGLAS, 1971), do manejo, grau de fracionamento e maturação dos restos vegetais

(HOUSE & STINNER, 1987; GILMOUR et al.,1998), além das condições climáticas,

representadas principalmente pelo regime de chuvas e temperatura (BERTOL et al., 2004;

SOUTO et al., 2005), que influem na atividade microbiana do solo.

A taxa de decomposição dos restos culturais depositados sobre o solo está

principalmente relacionada à relação carbono/nitrogênio (C/N) do tecido, por isso espécies

não gramíneas como mucuna preta, crotalária, ervilhaca e nabo forrageiro possuem maior taxa

de decomposição, quando comparadas com gramíneas como milheto e aveia preta

(CERETTA et al., 2002; PERIN et al., 2004). De acordo com Aita (1997), a aplicação de N

mineral também pode influenciar a taxa de decomposição dos restos culturais, uma vez que a

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atividade e a população de microrganismos decompositores são muito influenciadas pela

quantidade de N do solo e esse aumento na disponibilidade de N pode favorecer a taxa de

decomposição. Entretanto, Flecha (2000) não observou incremento na taxa de decomposição

de restos de aveia preta, quando houve aumento na quantidade de N no solo.

Entre as espécies utilizadas, as leguminosas se destacam por formarem associações

simbióticas com bactérias fixadoras de nitrogênio, resultando em uma reserva deste nutriente

ao sistema solo-planta, contribuindo com a nutrição das culturas subseqüentes, enquanto as

gramíneas, destacam-se por persistirem durante maior período de tempo sobre a superfície do

solo (GILMOUR et al., 1998; ANDREOLA et al., 2000).

Na região seca do Nordeste brasileiro, a fragilidade dos sistemas produtivos agrícolas

está centrada na distribuição da precipitação pluvial, na baixa capacidade de armazenamento

de água nos solos, na pequena profundidade dos solos e em sua maioria na baixa fertilidade e

pelas práticas de manejo inadequadas, como a queima ou utilização de restos culturais para

alimentação do rebanho. De acordo com Salcedo et al. (1993), essa prática conduz a

degradação da fertilidade natural do solo, provocando perdas de nutrientes e empobrecimento

dos solos. Nestas mesmas condições, o sistema de plantio direto tem sua adoção

comprometida, pela dificuldade em acumular e manter a cobertura do solo, em termos de

quantidade e de qualidade. A não acumulação dos restos culturais deve-se à pequena

quantidade adicionada ao solo, face ser este cultivado apenas uma vez por ano e os restos

culturais ficarem expostos por um período longo sobre a superfície do solo (SILVA NETO,

2003; NUNES et al. 2004).

Considerando, portanto, a forma como a agricultura nordestina é realizada e verificando

a possibilidade de melhorar a tecnologia utilizada, o presente trabalho foi realizado com o

objetivo de avaliar a persistência de restos culturais mantidos sobre a superfície do solo na

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ausência e presença de nitrogênio, identificando aquele(s) que possa(m) ser utilizado(s) como

cobertura persistente do solo, em agricultura de sequeiro.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

A área utilizada no estudo localiza-se na Estação Experimental da Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA-PB), distante aproximadamente 1,0 km da cidade

de Alagoinha (PB), Microrregião de Guarabira (PB), cujo clima de acordo com a classificação

de Köppen é do tipo As’, caracterizado por ser quente e úmido com precipitação pluvial

média anual de 1.100 mm, com chuvas no período outono-inverno.

O experimento foi instalado em 21 de julho de 2004 e conduzido até 16 de julho de

2005, em solo recém preparado (descoberto), anteriormente cultivado com uma consorciação

de milho e feijão, classificado como Nitossolo Vermelho, cujo as principais características

são: pH = 5,85; matéria orgânica = 17,15g dm-3

; fósforo = 2,79 mg dm-3

; potássio = 27,35

cmolc dm-3

e cálcio + magnésio = 9,3 cmolc dm-3

.

Foram utilizados restos culturais de milho - Zea mays; capim braquiária - Braquiaria

decumbens; fava - Phaseolus lunatus; feijão guandu - Cajanus cajan e mucuna preta -

Styzolobium aterrimum, plantados na própria Estação Experimental. Os restos culturais foram

colhidos no início do florescimento, com exceção do milho, coletado antes, e do feijão guandu

coletado depois. Após a colheita, os restos culturais, compostos pela parte aérea, foram secos

ao ar e fracionados em pequenos pedaços (0,01 - 0,05 m) por máquina forrageira. Em seguida,

acondicionados em sacolas de náilon de 20 x 30 cm, com malha de 1,0 mm2. Foram efetuadas

análises de C e N, segundo o método descrito por Tedesco et al. (1995) e determinada a

relação C/N.

Cada sacola de náilon recebeu 60 g de resto cultural seco, equivalente a 10 t/ha,

distribuída e fixada na superfície do solo, simulando a condição do plantio direto, em número

de dez sacolas/parcela. O nitrogênio, na forma de uréia (1,07 g/sacola), foi diluído em água e

aplicado imediatamente sobre as sacolas de náilon (0 e 80 kg/ha), com uma irrigação de 600

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ml/sacola, equivalente a 10 mm de chuva, objetivando dissolver o nitrogênio e reduzir as

perdas por volatilização.

A coleta das sacolas de náilon foi realizada em períodos consecutivos de 36 dias, até a

décima época, sendo retirada uma sacola/parcela. O material contido em cada sacola foi

limpo, seco em estufa com circulação de ar a 65 oC e pesado, para determinar a porcentagem

de perda, avaliando, desta forma, a decomposição dos restos culturais.

Durante toda a condução do experimento, foram quantificadas a precipitação pluvial,

temperatura do ar, umidade e temperatura do solo a 2 cm de profundidade. A precipitação

pluvial foi monitorada por meio de um pluviógrafo automatizado. A temperatura do ar foi

medida por um termohigrógrafo (HMP 45C, Campbell Scientific.), a umidade e temperatura

do solo por meio de sondas tipo TDR (CS 615 e Modelo 108 da Campbell Scientific.),

respectivamente. Todos esses sensores foram conectados a uma central de aquisição de dados

(CR 10X), sendo as leituras efetuadas a cada minuto e as médias gravadas a cada 30 minutos.

O experimento foi constituído por três repetições, obedecendo o delineamento

experimental em blocos ao acaso, parcelas subdivididas no tempo. Nas parcelas principais (10

x 1,0 m) foram distribuídos os restos culturais enquanto nas subparcelas (1,0 x 1,0 m) as

épocas de avaliação.

Para verificar o efeito do adubo nitrogenado, a época de avaliação e os restos culturais

foram considerados como fatores fixos, sendo as médias comparadas pelo teste F. Para a

comparação entre os restos culturais, a época de avaliação e o adubo nitrogenado foram

considerados fatores fixos, sendo as médias comparadas pelo teste Tukey. Já a decomposição

dos restos culturais ao longo do tempo foi interpretada através de regressão exponencial.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As precipitações pluviais foram baixas e mal distribuídas ao longo do período

experimental, variando de 6,8 a 299 mm/época, com média geral de 87,3 mm/épocas de

avaliação (Figura 1), enquanto a média histórica é de 1.100 mm. Desta forma, a umidade do

solo, esteve em níveis inadequados para estimular a atividade biológica e promover rápida

decomposição dos restos culturais (Tabela 1). Stoot et al. (1990) e Bertol et al. (2004) também

constataram efeito da precipitação sobre a decomposição de restos vegetais de trigo e milho,

depositados sobre a superfície do solo, respectivamente.

0

50

100

150

200

250

300

jul-

04

ago

-04

ou

t-0

4

no

v-0

4

dez

-04

jan-0

5

fev-0

5

mar

-05

mai

-05

jun-0

5

jul-

05

Época de coleta (dias)

Pre

cip

ita

çã

o p

luv

ial

(mm

)

40

50

60

70

80

90

100

Res

to r

em

an

esc

ente

(%

)

Precipitação pluvial Restos culturais

Figura 3.1. Precipitação pluvial e decomposição dos restos culturais registrados durante o

período experimental.

Nos trinta e seis dias iniciais (julho/2004 - agosto/2004) a decomposição dos restos

culturais foi alta, restando nas sacolas de náilon cerca de 82 % do peso inicial. Este

comportamento deveu-se não só ao volume pluvial, mas em parte, pelo N adicionado na

ocasião da instalação do experimento, o que provavelmente favoreceu a atividade dos

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microrganismos, fato também verificado por Bertol et al. (1998), em que a maior taxa de

decomposição dos restos culturais ocorreu no início do período experimental.

Tabela 3.1. Umidade e temperatura do solo, às 08:00 horas e a 2 cm de profundidade e

temperatura do ar, na área experimental, durante a condução do experimento.

Época de

Coleta

Solo Ar

Umidade (%) Temperatura média (ºC) Temperatura média (ºC)

Julho/04 25,9 24,1 22,9

Agosto/04 15,2 27,6 24,2

Outubro/04 12,2 29,6 25,0

Novembro/04 11,3 30,8 26,0

Dezembro/04 10,7 31,3 26,6

Janeiro/05 13,0 30,6 27,2

Fevereiro/05 14,5 31,2 27,5

Março/05 15,7 29,3 26,8

Maio/05 29,6 26,3 24,0

Junho/05 33,7 25,0 23,4

Julho/05 22,8 26,0 23,0

No período compreendido entre agosto/2004 a março/2005, ocorreram as menores taxas

de decomposição, provavelmente, em decorrência das baixas precipitações pluviais (36 a 51

mm). O aumento acentuado na taxa de decomposição dos restos culturais a partir de

maio/2005 deveu-se provavelmente, às altas precipitações pluviais (299 a 190 mm).

Resultados semelhantes também foram constatados por Souto et al. (2005). Neste mesmo

período percebeu-se aumento no conteúdo de água no solo, redução na temperatura do solo e

do ar, provavelmente, contribuindo para atividade microbiana (Tabela 1).

A umidade, temperatura do solo e do ar apresentaram amplitude de variação de 23,0 %,

6,7 e 5,1 º C, respectivamente (Tabela 1), o que influenciou a decomposição dos restos

culturais ao longo do experimento. Observou-se uma tendência no aumento da umidade, e

redução da temperatura do solo e do ar nos meses de julho/2004 e a partir de maio/2005,

entretanto, nas épocas intermediárias, este comportamento se inverte. O efeito da umidade e

temperatura do solo sobre a decomposição dos restos culturais de milho também foi obtida

por Bertol et al. (2004), enquanto os efeitos da temperatura atmosférica por Douglas Jr. et al.

(1980) e Tanaka (1986), em estudo com restos de trigo depositados sobre a superfície do solo.

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Pode-se inferir, dessa maneira, que a precipitação pluvial, umidade e temperatura do solo e

temperatura ar foram fatores limitantes na decomposição dos restos culturais avaliados.

A massa seca dos restos culturais de milho, mucuna preta, feijão guandu, fava e capim

braquiária (Tabela 2) foram, na média das avaliações, 6,8 %, 5,0 %, 5,6 %, 5,0 % e 5,5 %

maior na ausência do adubo mineral do que na presença, respectivamente. Levando-se em

consideração o adubo nitrogenado, verifica-se a dinâmica no processo de decomposição

promovida pelos microrganismos, uma vez que os resíduos adubados com nitrogênio foram

um pouco mais degradados que os não adubados. Observou-se durante praticamente todo o

período estudado, tanto na ausência quanto na presença do adubo nitrogenado, que os restos

Tabela 3.2. Médias de massa seca dos restos culturais mantidos sobre a superfície do solo, em

dez épocas de coleta, na ausência e presença de nitrogênio

Época de

coleta

Massa seca de restos culturais (g)

Milho Mucuna preta Feijão guandu Fava Braquiária

Ausência de nitrogenio

agosto/04 48,0 Ab 53,3 Aa 56,1 Aa 45,6 Ab 55,6 Aa

outubro/04 47,2 Ac 51,0 Ab 53,8 Aab 45,0 Ac 54,7 Aa

novembro/04 45,5 Ac 49,1 Ab 53,6 Aa 43,7 Ac 54,3 Aa

dezembro/04 43,5 Ac 47,5 Ab 51,2 Aa 40,4 Ac 53,8 Aa

janeiro/05 42,9 Ac 47,2 Ab 50,0 Aab 40,2 Ac 53,0 Aa

fevereiro/05 42,7 Ac 46,4 Ab 50,0 Aa 39,6 Ad 51,7 Aa

março/05 39,2 Ac 45,3 Ab 48,6 Aa 39,9 Ac 50,2 Aa

maio/05 36,9 Ac 40,4 Ab 47,2 Aa 33,4 Ad 47,5 Aa

junho/05 34,4 Ac 37,6 Ab 42,4 Aa 27,6 Ad 44,6 Aa

julho/05 28,4 Ac 34,0 Ab 36,3 Aab 25,0 Ad 37,4 Aa

Média 40,9 45,2 48,9 38,0 50,3

Presença de nitrogênio

agosto/04 43,1 Bb 48,4 Ba 50,5 Ba 42,5 Bb 51,5 Ba

outubro/04 43,2 Bc 48,0 Bb 50,4 Bab 42,5 Bc 51,4 Ba

novembro/04 43,2 Bc 47,6 Ab 50,4 Bab 41,6 Ac 50,7 Ba

dezembro/04 42,6 Ac 47,2 Ab 50,4 Aa 40,0 Ac 50,1 Bab

janeiro/05 42,3 Ac 46,9 Ab 49,1 Aab 39,5 Ac 50,1 Ba

fevereiro/05 40,8 Ac 45,8 Ab 49,1 Aa 38,6 Ac 49,9 Aa

março/05 40,4 Ac 43,7 Ab 47,8 Aa 37,1 Bd 48,0 Ba

maio/05 33,0 Bc 39,7 Ab 43,4 Ba 29,1 Bd 44,2 Ba

junho/05 28,6 Bd 34,5 Bc 38,1 Bb 24,6 Be 42,4 Aa

julho/05 26,1 Bc 29,2 Bc 34,2 Ab 20,4 Bd 38,2 Aa

Média 38,3 43,1 46,3 35,6 47,7 Para cada época e resto cultural, as médias seguidas por ao menos uma letra maiúscula, nas colunas, não diferem

significativamente, pelo teste F 5 %. Para cada época e adubo mineral, as médias seguidas por ao menos uma letra minúscula, nas linhas, não diferem

significativamente, pelo testes de Tukey a 5 %.

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culturais de capim braquiária e feijão guandu apresentaram os maiores valores de massa seca,

já a mucuna preta, apresentou um comportamento intermediário, enquanto, o milho e a fava

atingiram os menores valores de massa seca (Tabela 2). Essas diferenças são normais e em

parte explicadas pelos maiores valores da relação carbono/nitrogênio (Tabela 3) dos restos

culturais de capim braquiária (73,9 - 69,3), feijão - guandu (23,2 - 22,8), mucuna preta (15,7 -

15,1), milho (27,1 - 26,6) e da fava (12,6 - 12,0), na ausência e presença do adubo

nitrogenado. A baixa relação C/N dos restos de milho, explica-se, pela colheita das plantas ter

sido realizada antes do florescimento. Já o valor intermediário da relação C/N do feijão

guandu, deve-se a colheita ter sido realizada após o florescimento. De acordo com Gilmour et

al. (1998), a antecipação do manejo das plantas de cobertura diminui o acúmulo de compostos

ricos em C, tal como lignina, reduzindo a relação C/N do material, ocorrendo o oposto com o

atraso da colheita.

Tabela 3.3. Teores carbono, nitrogênio e relação C/N nos resto culturais, após 36 dias da

disposição sobre a superfície do solo, na ausência e presença de nitrogênio.

Restos

culturais

Determinações (g kg-1

)

C N C/N

Ausência de nitrogênio

Milho 374,3 Aa 13,6 Ab 27,1

Mucuna preta 390,3 Aab 24,9 Aa 15,7

Feijão guandu 436,6 Aa 18,8 Aab 23,2

Fava 299,8 Ab 23,7 Aa 12,6

Braquiária 428,7 Aa 5,8 Ac 73,9

Média 385,9 17,4 31,8

Presença de nitrogênio

Milho 361,3 Aab 13,6 Ab 26,6

Mucuna preta 368,6 Bab 24,4 Aa 15,1

Feijão guandu 429,1 Aa 18,8 Aab 22,8

Fava 283,4 Bb 23,6 Aa 12,0

Braquiária 402,1 Ba 5,8 Ac 69,3

Média 368,9 17,2 29,1 Médias seguidas da mesma letra maiúscula e minúscula, na coluna, não diferem entre si pelos testes F e Tukey a

5 %.

A relação C/N dos materiais vegetais, após trinta e seis dias da disposição das sacolas

sobre a superfície do solo (Tabela 3), foi 9,3 % maior na ausência do adubo nitrogenado do

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que na presença, reafirmando a influência da aplicação do N, sobre a decomposição vegetal,

uma vez que, a menor relação C/N dos restos culturais na presença do adubo nitrogenado

pode ser explicada pela menor concentração de C nestes tratamentos, conforme constatado

também por Smith & Douglas (1968) e Bertol et al. (2004). Já as diferenças na relação C/N

entre os restos culturais, tanto na ausência quanto na presença do adubo mineral, podem ser

em parte, explicadas pelas diferenças na concentração de N. Pajari (1995), afirma que a

atividade dos microrganismos no solo, durante a decomposição, é regulada principalmente

pela composição química do material a ser decomposto, pela temperatura e umidade do solo.

Observa-se na Figura 2, que a decomposição dos restos culturais, seguiu a curva normal

de decomposição, descrevendo uma parábola descendente. Para decomposição de 30 % do

material vegetal depositado sobre a superfície do solo, na ausência e na presença do adubo

mineral (Figura 2), foram necessários 178 e 177 dias para milho, 295 e 252 dias para mucuna

preta, 280 e 278 dias para feijão guandu, 165 e 130 dias para fava e 360 e 308 dias para capim

braquiária. Desta forma, a maior persistência dos restos culturais sobre o solo, foi conferida

pelo capim braquiária, seguido do feijão guandu, mucuna preta, milho e fava,

respectivamente.

A quantidade inicial correspondente a 60 g/sacola, equivalente a 10 t/ha, dos restos

culturais depositados sobre a superfície do solo foi até o final do experimento

(360 dias), tanto na ausência quanto na presença do adubo mineral em 61 - 60 % para o milho,

mucuna (38 - 52 %), guandu (45 - 47 %), fava (58 - 66 %) e braquiária (30 - 38 %).

Até 108 dias da disposição dos restos culturais e partir de 216 dias (Figura 2), houve

maior decomposição para os tratamentos que receberam adubo nitrogenado, coincidindo com

períodos de maiores precipitações pluviais, o que provavelmente resultou em maior atividade

dos microrganismos. Nas épocas intermediárias, de 108 até 216 dias (primavera - verão), o

efeito do adubo nitrogenado sobre a decomposição dos restos culturais foi bastante reduzido.

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81

ŷ = 47,337 + 0,0052**x - 0,0002**x2

R2 = 0,98

ŷ = 40,583 + 0,0612**x - 0,0003**x2

R2 = 0,96

10

20

30

40

50

60

36 72 108 144 180 216 252 288 324 360

Época de coleta (dias)

Ma

ssa

seca

(g

)

(a)

ŷ = 45,392 + 0,0621**x - 0,0003**x2

R2 = 0,98

ŷ = 52,306 - 0,0054**x - 0,0001**x2

R2 = 0,97

10

20

30

40

50

60

36 72 108 144 180 216 252 288 324 360

Época de coleta (dias)

Massa s

eca (

g)

(b)

ŷ = 47,571 + 0,0641**x - 0,0003**x2

R2 = 0,97

ŷ = 54,381 + 0,0118**x - 0,0002**x2

R2 = 0,94

10

20

30

40

50

60

36 72 108 144 180 216 252 288 324 360

Época de coleta (dias)

Massa s

eca (

g)

(c)

ŷ = 44,408 + 0,0181**x - 0,0002**x2

R2 = 0,95

ŷ = 40,195 + 0,0527**x - 0,0003**x2

R2 = 0,97

10

20

30

40

50

60

36 72 108 144 180 216 252 288 324 360

Época de coleta (dias)

Ma

ssa

seca

(g

)

(d)

ŷ = 49,734 + 0,0364**x - 0,0002**x2

R2 = 0,97

ŷ = 53,313 + 0,041**x - 0,0002**x2

R2 = 0,97

10

20

30

40

50

60

36 72 108 144 180 216 252 288 324 360

Época de coleta (dias)

Ma

ssa

seca

(g

)

(e)

Figura 3.2. Comportamento dos restos culturais de milho (a), mucuna preta (b), feijão guandu

(c), fava (d) e capim braquiária (e), na ausência e presença de nitrogênio, ao longo

do período experimental.

Verifica-se que entre 180 a 216 dias e 324 a 360 dias, as curvas de decomposição

adubada e não adubada da mucuna preta e do capim braquiária se equivalem, sendo

especificamente o ponto máximo de equivalência em torno de 188 e 360 dias,

respectivamente.

Ausência nitrogênio Presença nitrogênio

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4. CONCLUSÕES

- A decomposição dos restos culturais foi influenciada pela precipitação pluvial, umidade e

temperatura do solo e temperatura do ar, durante o período experimental;

- A adubação nitrogenada promoveu maior redução na massa seca dos restos culturais;

- Os restos culturais de capim braquiária e feijão guandu foram os mais resistentes a

decomposição, os de mucuna preta apresentaram um comportamento intermediário, enquanto

os de milho e a fava foram os menos resistentes.

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