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Manejo do Solo Plantio direto Luiz André Corrêa LI José Carlos Cruz 2/ A possibilidade de semear direta- mente em solo não-arado ou gradeado surgiu na década de 30, através de tra- balhos desenvolvidos na Estação de Rothamsted, na Inglaterra. O maior pro- blema era o controle das plantas dani- nhas. Com a descoberta, em 1956, do Paraquat e Diquat, o plantio direto se tornou uma realidade. No Brasil, este plantio só se desenvolveu rapidamente a partir da década de 70 (Quadro I), sendo os agricultores da Missão Agrícola Alemã, os primeiros a empregar essa téc- nica, em 1971, no Centro-Sul do Paraná. Hoje o Paraná ostenta o maior índice de adoção deste sistema, seguido, em menor proporção, pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Pau- lo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. O Quadro 2 apresenta a evolução do plantio direto no Brasil. QUAD~(J I ~ Evolução ~a Técnica de Plantio Direto no Mundo ' Área em Plantio Direto (ha) Locais 1973 1983/84 Estados Unidos Inglaterra França Holanda JapãoJMalá,iaf Sfi-Lanka Austrália Nova Zclândia . Brasil 2.200.000 200.000 50.000 2.000 200.000 4.800.000 275.000 50.000 5.000 250.000 100.000 75.000 1.000 FONTE: Derpsch (I984). EFEITO DO PLANTIO DIRETO EM ALGUMAS CARACTERfSTICAS AMBIENTAIS • Cobertura Morta Van Doren Jr. et al (1975), Triplett . - QUADRO 2 - Evolução da Área de o Plantio Direto no Brasil Ano Área Total Taxa Anual de I (ha) Expamã~ (%) ! 1972 100 O I 1973 1.000 + 900 1974 8.000 + 700 1975 25.000 + 212 1976 57.000 + 128 1977 49.000 - 14 1978 54.000 + 10 1979 121.000 + 124 1980 205.000 + 69 981 244.700 + 19 1982 260.000 + 6 1~83 500.000 + 92 I FONTE: Muzílli (1985). .", Jr. et al (1968) e Smith & Lillard (1976) têm obtido maiores produções de milho com plantio direto do que com outros sistemas de preparo do solo, e esta maior produtividade está geralmente associada ao efeito benéfico da cobertura morta aumentando a umidade do solo. Van Doren Jr. (1965) encontrou que as produções de milho eram direta- mente proporcionais à fração da super- fície do solo com cobertura morta. Em Ohio, Estados Unidos, segundo Van Doren Jr. et al (J 975), para se obterem máximas produções com plantio direto, 70 a 80% de superfície do solo devem permanecer cobertas após o plantio. O manejo dos restos culturais influ- encia muito a infiltração, tendo em vista que em solos cobertos com uma cober- tura morta, a velocidade de escorrimen- to da água da chuva diminui, permitindo maior tempo para sua infiltração. O plantio direto, pelo fato de deixar a superfície do solo coberta com resíduos vegetais, é muito efetivo na conservação da umidade, porque, além de permitir uma maior infiltração de água, reduz a quantidade que sai por evaporação. Isto é particularmente importante em solos que têm pouca capacidade de retenção de água, como é o caso dos solos de cer- rado. 1.1 Eng? Agrv, M.Sc. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG. ]) Eng? Agrv, Ph.D. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG. 46 • Estrutura do Solo A aeração do solo, além de outros fatores, afeta diretamente a absorção de água e nutrientes pelas plantas. Em con- dições de aeração deficiente, a eficiência na absorção de nutrientes na maioria das culturas diminuirá. Como a aeração está diretamente correlacionada à umidade do solo, que por sua vez está correlacio- nada à quantidade e ao tamanho dos po- ros, o manejo do solo influenciará as condições de aeração e umidade do solo e, conseqüentemente, afetará a absorção de nutrientes pelas culturas. Segundo vários autores, de modo geral, os Latossolos no seu estado natu- ral possuem alta macroporosidade e, conseqüentemente, alta capacidade de drenagem. Entretanto, quando estes solos são arados e gradeados, inicia-se o processo de destruição da porosidade natural, levando à formação de camadas compactadas que variam de espessura de acordo com o sistema e/ou intensidade do preparo utilizado. Este adensamento é conseqüência da redução da macroporosidade na cama- da de 10 a 20 em, o que por sua vez pro- voca uma redução na infiltração de água, aumentando as enxurradas. O im- pacto das gotas de chuva sobre o solo desnudo e já em parte desestruturado pela excessiva pulverização da camada superficial, resulta em selamento super- ficial do solo, impedindo a penetração de água e a saída de ar dos poros. Segundo Sidiras et al (1982), cita- dos por Almeida & Rodrigues (1985), em solos submetidos ao plantio .direto a percentagem de agregados de maior diâ- metro é mais alta do que naqueles sub- metidos ao plantio convencional. Após quatro anos de plantio direto em Latos- solo Roxo Distrófico, a percentagem de agregados de 9,52 a 5,66 mm era de 67% do perfil de O a 10 em, enquanto que nos escarificados e arados era de 73% e 81 %, respectivamente, a percen- tagem de agregados de 5,66 a 0,5 mm (Fig. 1). Embora o plantio direto melhore a estrutura do solo, com o tempo o seu não-revolvimento induz ao adensamen- to da camada superficial devido à dimi- Inf. Ag~opec., Belo Horizonte,!!. (147) março de 1987

Plantiodireto • EstruturadoSoloainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/... · lo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. O Quadro 2 apresenta a evolução ... Estudos

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Manejo do Solo

Plantio diretoLuiz André Corrêa LIJosé Carlos Cruz 2/

A possibilidade de semear direta-mente em solo não-arado ou gradeadosurgiu na década de 30, através de tra-balhos desenvolvidos na Estação deRothamsted, na Inglaterra. O maior pro-blema era o controle das plantas dani-nhas. Com a descoberta, em 1956, doParaquat e Diquat, o plantio direto setornou uma realidade. No Brasil, esteplantio só se desenvolveu rapidamentea partir da década de 70 (Quadro I),sendo os agricultores da Missão AgrícolaAlemã, os primeiros a empregar essa téc-nica, em 1971, no Centro-Sul do Paraná.Hoje o Paraná ostenta o maior índicede adoção deste sistema, seguido, emmenor proporção, pelos estados do RioGrande do Sul, Santa Catarina, São Pau-lo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul eGoiás. O Quadro 2 apresenta a evoluçãodo plantio direto no Brasil.

QUAD~(J I ~ Evolução ~a Técnica dePlantio Direto no Mundo '

Área em Plantio Direto(ha)

Locais

1973 1983/84

Estados Unidos

InglaterraFrançaHolandaJapãoJMalá,iaf

Sfi-Lanka

Austrália

Nova Zclândia .

Brasil

2.200.000200.00050.000

2.000

200.000

4.800.000275.000

50.0005.000

250.000

100.00075.000

1.000

FONTE: Derpsch (I984).

EFEITO DOPLANTIO DIRETOEM ALGUMAS

CARACTERfSTICASAMBIENTAIS

• Cobertura Morta

Van Doren Jr. et al (1975), Triplett

. -

QUADRO 2 - Evolução da Área deo Plantio Direto no Brasil

Ano Área Total Taxa Anual deI

(ha) Expamã~ (%)!

1972 100 OI 1973 1.000 + 900

1974 8.000 + 7001975 25.000 + 2121976 57.000 + 1281977 49.000 - 141978 54.000 + 101979 121.000 + 1241980 205.000 + 69

981 244.700 • + 191982 260.000 + 61~83 500.000 + 92

I

FONTE: Muzílli (1985)..",

J r. et al (1968) e Smith & Lillard (1976)têm obtido maiores produções de milhocom plantio direto do que com outrossistemas de preparo do solo, e esta maiorprodutividade está geralmente associadaao efeito benéfico da cobertura mortaaumentando a umidade do solo.

Van Doren Jr. (1965) encontrouque as produções de milho eram direta-mente proporcionais à fração da super-fície do solo com cobertura morta. EmOhio, Estados Unidos, segundo VanDoren Jr. et al (J 975), para se obteremmáximas produções com plantio direto,70 a 80% de superfície do solo devempermanecer cobertas após o plantio.

O manejo dos restos culturais influ-encia muito a infiltração, tendo em vistaque em solos cobertos com uma cober-tura morta, a velocidade de escorrimen-to da água da chuva diminui, permitindomaior tempo para sua infiltração. Oplantio direto, pelo fato de deixar asuperfície do solo coberta com resíduosvegetais, é muito efetivo na conservaçãoda umidade, porque, além de permitiruma maior infiltração de água, reduz aquantidade que sai por evaporação. Istoé particularmente importante em solosque têm pouca capacidade de retençãode água, como é o caso dos solos de cer-rado.

1.1 Eng? Agrv, M.Sc. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG.]) Eng? Agrv, Ph.D. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG.

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• Estrutura do Solo

A aeração do solo, além de outrosfatores, afeta diretamente a absorção deágua e nutrientes pelas plantas. Em con-dições de aeração deficiente, a eficiênciana absorção de nutrientes na maioria dasculturas diminuirá. Como a aeração estádiretamente correlacionada à umidadedo solo, que por sua vez está correlacio-nada à quantidade e ao tamanho dos po-ros, o manejo do solo influenciará ascondições de aeração e umidade do soloe, conseqüentemente, afetará a absorçãode nutrientes pelas culturas.

Segundo vários autores, de modogeral, os Latossolos no seu estado natu-ral possuem alta macroporosidade e,conseqüentemente, alta capacidade dedrenagem. Entretanto, quando estessolos são arados e gradeados, inicia-se oprocesso de destruição da porosidadenatural, levando à formação de camadascompactadas que variam de espessura deacordo com o sistema e/ou intensidadedo preparo utilizado.

Este adensamento é conseqüênciada redução da macroporosidade na cama-da de 10 a 20 em, o que por sua vez pro-voca uma redução na infiltração deágua, aumentando as enxurradas. O im-pacto das gotas de chuva sobre o solodesnudo e já em parte desestruturadopela excessiva pulverização da camadasuperficial, resulta em selamento super-ficial do solo, impedindo a penetraçãode água e a saída de ar dos poros.

Segundo Sidiras et al (1982), cita-dos por Almeida & Rodrigues (1985),em solos submetidos ao plantio .diretoa percentagem de agregados de maior diâ-metro é mais alta do que naqueles sub-metidos ao plantio convencional. Apósquatro anos de plantio direto em Latos-solo Roxo Distrófico, a percentagem deagregados de 9,52 a 5,66 mm era de67% do perfil de O a 10 em, enquantoque nos escarificados e arados era de73% e 81%, respectivamente, a percen-tagem de agregados de 5,66 a 0,5 mm(Fig. 1).

Embora o plantio direto melhorea estrutura do solo, com o tempo o seunão-revolvimento induz ao adensamen-to da camada superficial devido à dimi-

Inf. Ag~opec., Belo Horizonte,!!. (147) março de 1987

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Manejo do Solo

ES PC

5,66 á O,SmlÍ'í

Fiq. 1 - Oistribuiçãodos agregados estáveis em água, no perfilO-10, após4 anos de plantio direto (PO), escarificação (ES) e preparo convencional (PC)

FONTE: Almcida & Rodrigues (1985),

nuição do volume de macroporos. Ain-da assim, devido à cobertura morta, aquantidade de água infiltrada é maiorno plantio direto em comparação aoconvencional .

• Umidade do Solo

Vários autores têm mostrado queos métodos de manejo de solos que dei-xam uma maior proporção da superfíciedo solo coberta com resíduo vegetal sãomais efetivos em reduzir perdas por eva-poração e deste modo conservam me-lhor a umidade do solo. Isto é umagrande vantagem quando se trabalhaem áreas de stress hídrico. Entretanto,em áreas maldrenadas, como em solosaluviais, um maior teor de umidade, de-vido a um maior teor de cobertura mor-ta, pode prejudicar o desenvolvimentode plantas.

Blevins et al (1971) e Shanholtz &Lillard (1969) mostraram um uso maiseficiente da água por plantas em sistemade plantio direto.

Shanholtz & Lillard (1969) verifica-ram, em testes controlados, que a cultu-rado milho plantada no sistema de plan-tio direto utilizou cerca de 81% da águatotal disponível no perfil do solo e dachuva durante a fase de crescimento. Já

o plantio convencional utilizou 57% daágua total disponível, ou seja, uma dife-rença de 24% entre os dois sistemas.Isto mostra que, quando ocorrem secasde pequena duração, o uso de plantio

direto pode minimizar o efeito da estia-gem. Quando o período de seca formuito prolongado, a água disponível nosolo pode ser esgotada independente-mente do sistema de plantio adotado.Estudos realizados por Sidiras & Roth(1984), em Latossolo Roxo Distrófico,mostraram que o teor de umidade dosolo, determinado pelo método de suc-ção mátrica de 0,33 bar, era superior noplantio direto em comparação ao plan-tio convencional e escarificação (Fig. 2).

Segundo Amemiya (1968), quandoa distribuição de chuvas é adequada parao desenvolvimento das culturas, aparen-temente não há diferença entre métodosde preparo do solo ou plantio, mas emanos em que ocorre deficiência hídrica,métodos conservacionistas que retêmmais umidade favorecem o desenvolvi-mento das culturas .• Temperatura do Solo

Baseado em extensa revisão biblio-gráfica, Burrows (1963) concluiu que,dentre outros aspectos, a temperaturado solo é um importante fator afetandoa germinação, o crescimento e a absor-ção de nutrientes por plantas como mi-lho, soja, trigo etc. Além disso ex isteuma temperatura do solo ótima asso-ciada a funções fisiológicas ótimas na

38

34

30

PC EsC PD'26

PC ! ESC PD PC ESQ PD

3 a 10 em 12.20em 22 a 30 em

Fig. 2 - Valores de umidade de solo (% vol.).obtidos por sucção mátrica de 0,33 bar, em preparo

convencional (PC), escarificação (ESC) e plantio di reto (PO).FONTE: Sidiras & Roth (1984).

Inf. Agropec., Belo Horizonte,!l (147) março de 1987 47

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Manejo do Solo

planta. Cruz (1982), em revisão biblio-gráfica, concluiu que a temperatura dosolo a 10 em de profundidade em plan-tio direto é menor do que em outrosmétodos de preparo do solo. Esta di-ferença varia de 1 a IO°C. Pelas condi-ções climáticas do Brasil, espera-se queesta variável não tenha efeito significan-te no desenvolvimento das plantas,exceto talvez em áreas muito quentesdo Nordeste ou em plantios de invernono Sul do País.

eConcentração e Distribuiçãode Nutrientes

Griffith & Mannering (1970) e Grif-fith et al (1970 e 1977) mostraram va-riação no grau de incorporação de fós-foro de acordo com o método de prepa-ro do solo. Com plantio direto, umamaior porcentagem de fósforo e potás-sio permaneceu na superfície do solo.

Muzilli (1983), estudando a distri-buição e os teores de matéria orgânicano solo, concluiu que no Latossolo Ro-xo a quantidade de matéria orgânicaencontrada na camada superficial (O-S em) no plantio direto era ligeiramen-te superior àquela encontrada 'no plan-tio convencional. Já no LatossoloVermelho-escuro, o teor de matériaorgânica no plantio convencional foisuperior ao plantio direto na camadaentre 5 e 25 em, não havendo diferen-ça significativa na camada superficial(0-5 em). Este autor concluiu aindaque, em ambos os solos e em qualquersituação de cultivo, a matéria orgânicaaumentou consideravelmente em com-paração ao teor inicial.

Quanto ao nitrogênio, o mesmoautor, além de encontrar teores maisbaixos no plantio direto, observou que,ao longo do tempo, a cultura do milhoapresentou calmos mais finos e espigasmenores, refletindo no índice de que-bramento de plantas e na produtividade.Porém, a rotação com a soja diminuiu asdeficiências observadas melhorando in-clusive a produtividade da cultura de mi-lho.

De acordo com Muzilli (1983), tan-to no Latossolo Roxo quanto no Latos-solo Vermelho-escuro, os acúmulos defósforo nas camadas superficiais forammais altos no plantio direto, sobretudona profundidade de 5 a 10 em. De 10 a

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20 em os teores de P solúvel foram supe-riores no plantio convencional, sugerin-do, segundo esse autor, uma inversãoda camada arável, incorporando o ferti-lizante em profundidade. O autor expli-ca ainda que o acúmulo de fósforo nascamadas superficiais do solo é maior noplantio direto, devido à baixa solubili-dade de seus compostos, principalmenteem solos de natureza ácida com altosteores de argila e metais pesados (Fe eAl).

Segundo Muzilli (1983), a movi-mentação do solo por ocasião do prepa-ro faz com que o adubo se dilua na ca-mada arável, diminuindo a disponibili-dade para as plantas. Em conseqüência,o acúmulo de fósforo nas folhas de mi-lho foi superior no plantio direto. A ca-mada superficial do solo, logo abaixo dacobertura morta, apresenta maior teorde umidade o que favorece a difusão dofósforo às raízes (Phillips et al 1981,citado por Muzilli 1983).

A aplicação de potássio, cálcio emagnésio no plantio direto deve seguiras recomendações para o plantio con-vencional, porque, em quaisquer condi-ções de oultivo, o teor desses elementosdecresceu com a profundidade da cama-da arável (Muzilli 1983).

e Erosão

A intensidade da erosão depende,além de outros fatores, do tipo de vege:tação, do manejo do solo, da textura eestrutura do solo, da declividade do ter-reno e da própria cultura. Normalmen-te o período de maior erosão é duranteo plantio, e a fase inicial de crescimentodas culturas, quando ocorrem chuvas degrande intensidade. Um solo desnudo eexcessivamente pulverizado oferece pou-ca resistência à erosão hídrica. Uma su-perfície rugosa e com um pouco de res-tos culturais constitui obstáculos à água,permitindo uma infiltração rápida e é,conseqüentemente, menos erodida doque uma superfície pulverizada.

O acúmulo de matéria orgânica pró-ximo à superfície do solo no plantio di-reto pode aumentar significativamentea estabilidade dos agregados. Isto, asso-ciado a uma absorção de energia do im-pacto da gota d'água caindo e ao impe-dimento do fluxo de enxurrada pelosrestos culturais, pode aumentar a taxa

de infiltração, reduzir a enxurrada eassim reduzir a erosão hídrica. Harrold(1972) relatou que o milho em plantiodireto reduziu a perda de solo a 2 tlhaentre 1964 a 1970, comparado com20,5 tlha no plantio convencional.

Vieira & Mondardo (1980), citadospor Almeida & Rodrigues (1985), estu-dando a importância da quantidade depalha na intensidade da erosão e nasperdas de água, verificaram que à medi-da em que se aumentava a quantidadede resíduos sobre o terreno (0,0; 3,5 e5,3 tlha de resteva de trigo), as perdas desolo e água eram reduzidas (Fig. 3).

A importância do plantio direto naredução das perdas de solo, em compa-ração aos métodos convencionais de pre-paro de solo, é mostrada no Quadro 3.Mondardo (1984) verificou que as per-das de solo no plantio direto foram deapenas 5% comparadas àquelas verifica-das quando se efetuaram uma aração equatro gradagens. Já no preparo con-vencional - uma aração e duas grada-gens - as perdas de solo foram de 23%em relação ao preparo com uma araçãoe quatro gradagens niveladoras. Estesdados mostram que a erosão é direta-mente proporcional à movimentação dosolo. O mesmo autor cita que as perdasanuais de solo no estado do Paraná po-dem ser reduzidas à metade com o em-prego do terraceamento e em níveisainda bem menores com o uso do plan-tio direto (Quadro 4).

EFEITO DOPLANTIO DIRETO

NA PLANTA

e Stand e Crescimento de Plantas

Maiores problemas com stand (den-sidade de plantio) têm sido mais associa-dos a métodos conservacionistas de pre-paro de solos do que ao sistema conven-cional. Almemiya (1977) e Griffith et al(1977) relatam que maiores problemascom localização de semente são associa-dos ao preparo conservacionista ("con-servation tillage") e apontam como cau-sa: baixa penetração dos discos de plan-tadeiras, interferência de resíduos coma plantadeira, controle deficiente daprofundidade de plantio, cobertura de-ficiente de sementes e contato deficien-te de semente com solo úmido e firme.

Inf. Agropec., Belo Horizonte,!1 (147) março de 1987

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Manejo do Solo

6,37,0

1,4

o 3,5 5,3Palha de Trigo (t/ha)

o 3,5 5,3Palha de Trigo (t/ha)

Perda de Solo (t/ha) Perda de Água (mm)

Fig 3 - Influência da quantidade de coberturamorta na perda de solo por erosão (t/ha) e de água (rnrn)

Fonte: Almeida & Rodrigues (1985).

QUADRO 3 - Perdas Relativas de Solo e Água (%) por Erosão emDois Tiposde Solos do Paraná, com Diferentes Tipos de Preparo, através de Chuvas Si-muladas

-Latossolo Latossolo '

Vermelho-escuro RoxoTipo de Preparo J / Textura Argilo,all Distrófico ~ /

Solo Água Solo Água

Porcentagem

1 aração + 4 gradagens niveladoras 100 100 - -1 aração + 2 gradagens niveladoras 23 90 26 301 aração 13 38 - -I escar. + 2 gradagens riiveladoras 52 143 - -1 grado pesada + 2 gradoniveladoras 75 162 100 1004 gradagens niveladoras 37 48 - -2 gradagens niveladoras 27 57 - -

Sem movimentação de so102/ 5 95 1 98

..! / Preparo do solo com ausência de resíduos vegetais.

2:. I Permanência dos resíduos de trigo na superfície do solo.

1/ Trabalho desenvolvido por Biscaia, R.M., EMBRAPA, Ponta Grossa (1977).~ / Trabalho desenvolvido pelo IAPAR, Londrina (1977)

<

FONTE: Montardo (1984).

Inf. Agropec., Belo Horizonte,.!1 (147) março de 1987

Nestes casos é aconselhável aumentar aquantidade de sementes no plantio coma finalidade de se obter um stand ade-quado.

Segundo Cruz (1982), vários au to-res têm também encontrado menor de-senvolvimento do milho, medido em ter-mos de altura de plantas ou número dedias para atingir o pendoamento noplantio direto, do que no sistema con-vencional.

A diferença no desenvolvimento deplantas causada por diferentes sistemasde preparo do solo é mais acentuada noinício do crescimento .

• Crescimento da Raiz

Uma vez que métodos de preparodo solo afetam a aeração, porosidade edensidade do solo, eles devem tambémafetar a morfologia e distribuição deraízes.

Barber (1971) mediu a distribuiçãodos sistema radicular de milho no 79 e89 ano após iniciar um trabalho, varian-do oito sistemas de preparo de solo, ma-nejo de restos culturais e práticas cultu-rais. Segundo o autor, quando o soloera arado anualmente as raízes de milhodesenvolviam mais extensivamente e auma maior profundidade do que quandoo solo não era arado. A retirada de res-tos culturais reduziu o crescimento deraízes de O a 10 em de profundidade.ObS\~lVOUtambém que as raízes erammais finas e longas no solo arado do queno plantio direto.

Phillips (1981) e Cruz (1982) obser-varam maior densidade de raiz de milhona camada superficial em área de plantiodireto do que no sistema convencional(arado de aiveca).

• Absorção de NutrientesA absorção de nutrientes, medida

através de conteúdo na folha ou emoutras partes da planta, tem mostradoque o plantio direto pode promovermaior ou menor absorção de nutrien-tes, ou simplesmente não afetá-Ia de-pendendo do local onde os ensaios sãoconduzidos.

Triplett Jr. et al (1968), Sing etal (1966) e Harrold et al (1970) verifi-caram maiores teores de potássio efósforo em plantas de milho no iníciodo crescimento em áreas de plantio

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Manejo do Solo

QUADRO 4 Estimativas de Perdas de Solo por Erosão em Solo sem Cultura e8010 Cultivado com a Sucessão Trigo/Soja, em Três Sistemas de Preparo do Solo;Valores Médios para Solos Argilosos do Paraná

A

Solo sem Cultura Cultura de Trigo/SojaTipo de Preparo

s/terraços e/terraços s/terraços c/terraços.ir

t/ha

Grade pesada + 2 gradagens 948 474 114 57niveladoras sem palha

I~;Aração +2 gradagens nivelado- 316 158 38 19ras sem palha

Plantio direto 94 47iN

11 5,5FONTE: Montardo (l984).

direto do que em áreas aradas conven-cionalmente. No florescimento, entre-tan to, não houve diferença entre ostratamentos.

Moody (1961) verifícou que nãohouve diferença para os teores de N,P e K em folhas de milho na ocasiãodo florescimento feminino em dife-rentes sistemas de plantio.

Griffith et aI (1970) não encon-traram diferenças entre os teores deP nas folhas de milho em plantio di-reto ou em plantio convencional emdiferentes tipos de solos. Entretanto,encontravam menos potássio nas fo-lhas de milho em plantio direto emtrês dos solos estudados.

Schulte (1979) encontrou maiorteor de K, ligeiramente mais N e menosP em folhas de milho em áreas ara-das, comparado com o plantio direto,

Estes (1972) comparou a composi-ção de milho em plantio direto e emplantio convencional e encontrou queas concentrações de Ca, Mg, Zn, Mo,O, B e AI nas folhas de milho foramsignificativamente reduzidas e que aconcentração de K foi significativamen-te aumentada nas condições de plantiodireto. De acordo com Griffith et ai(1977), o plantio direto normalmentereduz a absorção de cobre, zinco e boropelas plantas.

• Plantas DaninhasNo plan tio direto a área deverá es-

tar o mais limpa possível de plantas da-ninhas, especialmente as perenes. Nos

50

sistemas de preparo de solo convencio-nais, as arações e gradagens fazem umexcelente controle das plantas daninhasjá ex istentes antes da semeadura, dei-xando o terreno em boas condições parao uso posterior dos implementos agrí-colas de controle das invasoras que de-senvolvem durante o ciclo das culturas(Almeida 1981). No caso do plantiodireto, o controle de plantas daninhasdepende da ação dos herbicidas. Assim,é necessário que, antes de se instalar umsistema de plantio direto, o terreno seencontre limpo de espécies resistentesaos herbicidas encontrados no mercadoe que a densidade de populações das res-tantes seja baixa. O controle de plantasdaninhas em áreas de plantio direto éainda agravado pela alteração da popu-lação destas plantas que ocorrem apósa implantação do sistema.

Tem sido relatada por vários pesqui-sadores uma mudança da população deplantas daninhas em áreas de plantiodireto, aumentando as perenes.

No caso de plantio direto de cultu-ras contínuas, o uso dos mesmos herbi-cidas todos os anos pode promover umaconcentração de plantas daninhas resis-tentes, que poderão acarretar problemasno futuro. Por esta razão, vários pes-quisadores sugerem que o sistema deplantio direto seja interrompido a inter-valos regulares, a fim de que, com opreparo convencional, se diminua a in-festação das espécies perenes. Estasocasiões poderão ser ainda aproveitadas

para a aplicação e incorporação de cor-retivos do solo.

Enfatizando a importância do con-trole de plantas daninhas em sistema deplantio direto, Muzilli (1981) relata quenuma enquete realizada em 1978 pelaCia. Imperial de Indústrias Químicas doBrasil (lCI), onde 306 agricultores fo-ram entrevistados, o alto custo dos her-bicidas, as dificuldades no controle dasinvasoras e a ineficiência dos herbicidasforam as principais limitações apontadaspara o estabelecimento do sistema.

CONCLUSÃOMais do que em qualquer outro sis-

tema de manejo, o plantio direto man-tém os restos culturais na superfíciedo solo, protegendo-o contra erosãohídrica ou eólica. Isto permite a utiliza-ção de áreas para agricultura, o que deoutra maneira seria impossível. O sis-tema de plantio direto afeta váriascaracterísticas do solo, como a estrutu-ra, flora e fauna, teor de matéria orgâ-nica, aeração e umidade, temperaturado solo, concentração e distribuiçãode nutrientes. Como conseqüência, agerminação, o desenvolvimento do siste-ma radicular, o desenvolvimento de plan-tas e a absorção de nutrientes são tam-bém afetados.

A resultante destas interações po-de promover um aumento ou reduçãona produtividade física e econômicadas lavouras. Como grande parte dasinformações é obtida fora do paíse na maioria das vezes em regiões comcaracterísticas de clima e solo muitodiferentes das brasileiras, é imperativoque sejam desenvolvidas pesquisas sobreo assunto nas diferentes regiões do Bra-sil. No Sul do país tem sido testadocom sucesso o desenvolvimento de co-berturas mortas de diversas culturasde inverno que, além de promoveremmaior cobertura do solo com resíduosculturais, influenciam o controle deplantas daninhas infestantes na culturade verão (Almeida & Rodrigues 1985).

No Brasil Central, onde o inverno éseco não permitindo o desenvolvimentode culturas de inverno e a produtivida-de das culturas de verão é baixa, a faltade cobertura morta sobre a superfíciedo solo poderá inviabilizar a utilizaçãodo plantio direto associado a altas pro-

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Manejo do Solo

dutividades.O controle da erosão é sem dúvida

a principal vantagem e o fator que maisinfluencia o agricultor na adoção doplantio direto. Tem sido demonstrado,tanto na pesquisa como na prática, queeste sistema de plantio reduz a erosãoem níveis perfeitamente aceitáveis, prin-cipalmente em solos desestruturadospelo sistema convencional de preparo.Em conseqüência do controle da erosão,há também a redução da poluição dosrios e lagos.

A conservação da umidade é outrofator importantíssimo, principahnenteem regiões onde ocorre o veranico noperíodo das chuvas e onde os problemasde estiagem são comuns no inverno. Acobertura morta oferece melhores con-dições para a conservação da umidadedo solo.

Outras vantagens do plantio diretosão a economia de tempo e de com-bustível. Há uma economia de tem-po disponível para o plantio e do tem-po que se gasta com o plantio em si.No plantio convencional, se as condi-ções do solo e do clima não permiti-rem as operações das máquinas, o pe~ríodo disp~ível para o plantio serámenor. Como o plantio direto é poucoafetado por estes fatores, o intervalo detempo disponível para se plantar umasegunda cultura é maior (como exem-10, o trigo após a soja). O tempo gastopara se preparar e plantar um hectarepelo sistema convencional é de aproxi-madamente sete horas e pelo sistemade plantio direto de apenas três horas.Obviamente os gastos de combustívele de mão-de-obra também serão meno-res.

Outra vantagem do sistema é re-duzir a perda na colheita. Além deoutros fatores, com o nivelamento doterreno e com o plantio direto feitonuma superfície bem nivelada, espera-se uma redução na percentagem de per-da na colheita.

No plantio direto, em comparaçãoao plantio convencional, a compactaçãodo solo é menor devido ao menor nú-mero de passagem das máquinas.

A principal desvantagem ainda é ogasto com herbicidas e os cuidados quese devem ter na sua aplicação. O altocusto dos herbicidas e a técnica exigida

para aplicação fazem com que somenteagricultores mais evoluídos e de maiorpoder aquisitivo o adotem e se mante-nham no clube dos adeptos do plantiodireto.

Há também a desvantagem do altocusto das plantadeiras e a exigênciaconstante da assistência técnica altamen-te especializada, sem a qual o sucesso dosistema dificilmente será alcançado.

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Compactação do soloEvandro Chartuni Mantovani 1/

Nos últimos anos, com a expansãoda fronteira agrícola, com a utilizaçãode várzeas para plantio e com a explo-ração de duas culturas anuais, estabele-cida em cronogramas de trabalho bemdefinidos e apertados, tem-se observadouma intensa movimentação de máqui-nas e equipamentos agrícolas para omanejo do solo e plantio das culturasexploradas. Também tem-se verificadoum acréscimo indiscriminado de peso ede potência dos tratores utilizados, de-vido à falta de um critério no dimensio-namento e na seleção dos implementose tratores por parte dos agricultores,quando da sua aquisição. Tais situaçõestêm contribuído para um aumento deáreas com problemas de compactação.Estes problemas têm sido uma preocu-pação por parte dos agricul tores e,coinciden temen te, começam a chamaratenção nas áreas onde a prioridade dostrabalhos com máquinas e implementosse restringe somente ao rendimento ope-racional (ha/h), e a qualidade do traba-lho com o solo, ou seja, o manejo ade-quado dele tem sido considerado comosecundário.

O volume total de um solo é cons-tituído do volume das partículas mine-rais e orgânicas do solo e do volume deporos entre as partículas. O volume deum poro é ocupado com água e/ou ar.O solo está compactado quando a pro-porção do volume total de poros parao do solo é inadequada ao máximo de-senvolvimento de uma cultura ou ma-nejo eficiente do campo. A compacta-ção do solo pode ser considerada emrelação à porosidade e densidade dosolo e à resistência à penetração.

A exploração de grandes áreas re-quer uma alta capacidade efetiva detrabalho (ha/h) dos equipamentos agrí-colas e, conseqüentemente, o uso dealguns equipamentos, como a gradepesada, tem sido quase uma constan-te no preparo do solo. Nesta situação,a qualidade do manejo do solo cai, e

a eficiência de trabalho aumenta.Nos projetos de irrigação nas vár-

zeas, os tabuleiros atendem aos requi-sitos de drenagem e írrigação, mas,de maneira geral, podem estar mal di-mensionados e inadequados para ostipos, tamanho e peso de máquinas queestão trafegando nestes solos. É impor-tante ressaltar que anualmente a dre-nagem superficial tem diminuído, e oteor de umidade do solo para trabalhocom máquinas vai aumentando, difi-cultando os trabalhos de preparo desolo pela baixa eficiência de tração,causada pela alta percentagem de pati-nagem dos tratores. Para compensaresta alta porcentagem de patinagem dotrator, e para que este possa desenvol-ver uma velocidade operacional ade-quada, tratores de grande potência epeso são utilizados. Grande parte des-ta potência está sendo desperdiçadana roda pela patinagem, e o aumentode peso está contribuindo para a de-preciação do solo. Além disso, notrabalho de colheita, as colheitadeirasautomotrizes trafegam com uma ele-vada carga nestes solos com alta umi-dade, depreciando-os.

Resultados de pesquisa no Brasile no exterior mostram ser possível aoagricultor atender ao cronograma esta-belecido, trabalhando com um bomrendimento operacional, sem depreciaro solo. Para tanto, alguns conceitosbásicos terão que ser adotados e avalia-dos para melhor utilização do solo eda máquina.

Os tratores agrícolas deverão tracio-nar seus implementos, mantendo um al-to rendimento de tração (RT = potên-cia na barra de tração/potência do mo-tor). Para tanto, a porcentagem de pa-tinagem das rodas deverá ficar nos li-mites de 8 a 16%, dependendo das se-guintes condições do solo: a) firme -condição do solo que precede o seupreparo; b) cultivado - condição dosolo após o seu preparo com arado;c) macio - condição do solo após agradagem de destorroamento e nive-

1/ Eng? Agr<?,Ph.D. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-Mô .

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