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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR SENADOR ARNON DE MELO ELVANDRO OMENA MORAES ASCÂNIO CASADO DE ARAÚJO LIMA NETO GERENCIAMENTO DE CRISES: A NEGOCIAÇÃO ENQUANTO ELEMENTO PACIFICADOR Maceió 2011

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR SENADOR ARNON DE MELO

ELVANDRO OMENA MORAES

ASCÂNIO CASADO DE ARAÚJO LIMA NETO

GERENCIAMENTO DE CRISES:

A NEGOCIAÇÃO ENQUANTO ELEMENTO PACIFICADOR

Maceió

2011

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ELVANDRO OMENA MORAES

ASCÂNIO CASADO DE ARAÚJO LIMA NETO

GERENCIAMENTO DE CRISES:

A NEGOCIAÇÃO ENQUANTO ELEMENTO PACIFICADOR

Monografia apresentada à Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Melo, como requisito parcial para a conclusão do Curso Superior de Polícia.

Orientador: Maj PMPB Onivan Elias de Oliveira

Maceió

2011

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ELVANDRO OMENA MORAES

ASCÂNIO CASADO DE ARAÚJO LIMA NETO

GERENCIAMENTO DE CRISES:

A NEGOCIAÇÃO ENQUANTO ELEMENTO PACIFICADOR

Esta monografia foi julgada adequada e aprovada em sua forma final pela Coordenação do Curso Superior de Polícia /2011, da Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello.

Maceió, ____/____/_____

______________________________________________ Maj PMPB Onivan Elias de Oliveira

Orientador

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ TC QOC PM Marcos Vinícius Ferreira Gomes

Presidente

___________________________________________________ Profª Karla dos Santos Pedrosa de Albuquerque

1º Membro

___________________________________________________ Prof. Francisco Bahia Loureiro Júnior

2º Membro

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me mostrou os caminhos da

perseverança, da paciência e da honestidade para superar os obstáculos mais difíceis.

Aos meus pais Elvanio de Araujo Moares e Carmem Lucia Omena Moraes, que me educaram no caminho do bem.

Aos meus irmãos, Elvanio de Araujo Moares Junior e Elvania Lucia Omena Moraes, por me darem a certeza de estarmos sempre juntos.

Aos meus sogros, Acácio Serafim e Noemia Elias, por dispensarem tanto afeto e carinho a mim, aos meus Pais ,a minha esposa e filha, dando-me liberdade e tranqüilidade à busca de objetivos maiores.

A minha esposa Adriana Ferreira Serafim Omena Moraes que, ao longo de todos esses anos, tem sido meu céu e meu abrigo; minha companheira, inteligente e prática, dedicada e fiel. Que Deus continue nos abençoando.

A minha filha Adriene Serafim Omena Moraes que me faz sentir, diariamente, o indescritível amor paterno.

Aos meus sobrinhos, Acácio Neto, Carmem Sanara, Andrey Filho, Marcus Vinicius e Annyara Maria, pela alegria nos momentos em que estamos juntos, onde me faz acreditar que o dia de hoje é feito para AMAR, ACREDITAR, FAZER e principalmente VIVER.

Ao meu orientador, MAJ PMPB ONIVAN ELIAS, pelo incentivo permanente.

Aos amigos Coronéis, JOSÉ VALDIR PEREIRA e IVALDO ROGERIO DUARTE, meus eternos comandantes, se me permitem, a quem tive a honra de conhecê-los e muito aprender, exemplos de fidelidade e amizade, homens policiais militares por natureza.

Ao amigo de longas datas, CAP PMAM UBIRAJARA ROSSES, por ter me proporcionado um Curso bastante técnico sobre Negociação, tornando-me um fiel praticante.

TC QOC PM ELVANDRO

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Agradeço a Deus pela graça de cursar o CSP/2011, pelo entusiasmo e pela perseverança necessária para realização deste curso.

À minha esposa Renata Renê Mota

Casado de Lima e os meus filhos Ana Caroline Mota Casado de Lima e Hugo Mota Casado de Lima, pelo amor, carinho e paciência ao longo do tempo.

Aos meus pais, Ascânio Casado de Araújo

Lima Junior e Maria Cristina Lobo Casado de Lima pelo exemplo de luta e persistência.

Aos meus familiares, pelo carinho

incondicional. Aos meus sogros, Regis Reyner

Cansanção Mota “in memorian” e Rita de Cássia Teixeira Mota, pela acolhida e pelo suporte que sempre me deram.

Ao meu orientador, Maj PMPB Onivan

Elias, pelo suporte oferecido na execução do trabalho.

Aos Companheiros da turma do

CSP/1011, que tiveram um papel fundamental durante todo esse período.

MAJ QOC PM ASCÂNIO

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Se você conhece o inimigo e conhece a si

mesmo,

não precisa temer o resultado de cem

batalhas.

Se você se conhece mas não conhece o

inimigo,

para cada vitória ganha, sofrerá também uma

derrota.

Se você não conhece o inimigo nem a si

mesmo,

perderá todas as batalhas.

Sun Tzu. 500 a.C.

Extraído do Livro “A Arte da Guerra”

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BOPE Batalhão de Operações Especiais

CCDH Comissão Central de Direitos Humanos

CCEAL Código de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei

CGCDHPC Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia

Comunitária

CPC Comando de Policiamento da Capital

CPI Comando de Policiamento do Interior

FBI Federal Bureau of Investigation

GATE Grupo de Ações Táticas Especiais

OPM Organização Policial Militar

PMAL Polícia Militar de Alagoas

PMESP Polícia Militar de São Paulo

SEDS Secretaria de Estado de Defesa Social

SWAT Special Weapons and Tactics

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – OPINIÃO SOBRE QUAL PROFISSIONAL CONSIDERA MAIS QUALIFICADO PARA INTERVIR EM UMA SITUAÇÃO DE CRISE – PMAL/2011 .......................................................................................................... GRÁFICO 2 – OPINIÃO SOBRE O GRAU DE IMPORTÂNCIA DO NEGOCIADOR EM UMA SITUAÇÃO DE CRISE – PMAL/2011 ......................... GRÁFICO 3 - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS QUE SE ENVOLVEU QUE NECESSITASSE O EMPREGO DE EQUIPE DE GERENCIAMENTO DE CRISE – PMAL/2011 ............................................................................................. GRÁFICO 4 - GRAU DE SATISFAÇÃO QUANTO AO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES POLICIAIS PARA O ENFRENTAMENTO EM SITUAÇÕES DE CRISE – PMAL/2011 ............................................................................................. GRÁFICO 5 - GRAU DE IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA DE GERENCIAMENTO DE CRISES PARA A FORMAÇÃO DOS POLICIAIS MILITARES – PMAL/2011 .................................................................................... GRÁFICO 6 – OPINIÃO SOBRE COMO AGENTE APLICADOR DA LEI SABERIA AGIR FRENTE A UMA SITUAÇÃO QUE NECESSITE DE TÉCNICAS DE GERENCIAMENTO DE CRISES – PMAL/2011 .......................... GRÁFICO 7 – SITUAÇÃO EM QUE RECEBEU ALGUMA INSTRUÇÃO A RESPEITO DAS OCORRÊNCIAS NO GERENCIAMENTO DE CRISES – PMAL/2011 ............................................................................................................. GRÁFICO 8 - GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE A EXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO QUE ESTABELECE PROCEDIMENTOS A SER ADOTADO EM OCORRÊNCIA DE VULTO – PMAL/2011 .................................

57 58 58 59 60 60 61 62

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RESUMO Neste trabalho, buscamos responder se a alternativa tática de negociação

é efetivamente aplicada na Polícia Militar de Alagoas. Acreditamos que grande parcela dos policiais militares encontra-se despreparado para atuar em Gerenciamento de Crises. Nosso objetivo é o de desenvolver um estudo acerca da doutrina “Negociação” na área de gerenciamento de crises em ocorrências de alta complexidade na Polícia Militar de Alagoas, conhecer a normatização vigente na PMAL quanto ao atendimento de ocorrências de alta complexidade; analisar o preparo técnico-profissional dos integrantes da PMAL quanto ao atendimento de ocorrências em que se exija a presença de um negociador; demonstrar a importância do papel do negociador para os profissionais da segurança pública; descrever o processo de capacitação dos integrantes da PMAL para o atendimento de ocorrências de alta complexidade quanto à importância da aplicação da alternativa tática da negociação; propor o emprego das técnicas de negociação no processo de Gerenciamento de Crises à corporação da Polícia Militar de Alagoas; apontar a existência do Negociador Policial nas Unidades para emprego em ocorrências de crise; fornecer ao Comando Geral da Corporação subsídios para o aprimoramento das normas reguladoras de ocorrências policiais de alto risco, tendo como suporte doutrinário os princípios do Gerenciamento de Crise. Metodologicamente adotamos uma pesquisa qualitativa com uma abordagem bibliográfica, foi desenvolvida uma pesquisa de campo, com a aplicação de 100 (cem) questionários para oficiais de tropas operacionais da PMAL, quanto ao seu preparo para atendimentos de ocorrências de alta complexidade onde se faça necessária a utilização do processo de Negociação. Verificamos que ainda falta padronização de ações e carecemos de capacitação técnica mais aprofundada para nossos Oficiais, pois eles serão os direcionadores da tropa em ocorrências de crise. Como propostas, sugerimos uma criação de um Gabinete Geral de Crises, implementação de cursos de negociação dentro da PMAL obrigatórios para todos os Comandantes de OPM e criação de um Procedimento Operacional Padrão para atendimento a este tipo de ocorrência.

Palavras-Chave: Negociação - Gerenciamento de Crises - Padronização.

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ABSTRACT

In this work, we seek to answer whether the alternative negotiating tactic is applied effectively in the military police of Alagoas. We believe that a large proportion of the military police is unprepared to act in Crisis Management. Our goal is to develop a study on the doctrine of "Negotiation" in the area of crisis management in instances of high complexity in the Military Police of Alagoas, knowing the norms in force in regard to meeting PMAL occurrences of high complexity to analyze the technical preparation -professional members of PMAL care about the occurrences in that it requires the presence of a negotiator, showing the importance of the role of negotiator for the public safety professionals, to describe the process of training of members of PMAL to care for occurrences of high complexity and the importance of implementing the alternative tactic of negotiation; propose the use of negotiation techniques in the process of Crisis Management to the corporation of the Military Police of Alagoas, pointing out the existence of the Police Negotiating Units for use in instances of crisis, providing General Command of the subsidiary corporation for the improvement of regulatory standards for high-risk police incidents, supported by doctrinal principles of Crisis Management. Methodologically we have adopted a qualitative approach to literature, we developed a field research, with the application of 100 (one hundred) questionnaire for officers of troops operating PMAL, regarding their preparation for care of occurrences of high complexity where it is necessary the use of the negotiation process. We found that there is still lack standardization activities and further technical training for our officers because they are the drivers of troops in instances of crisis. As proposed, we suggest a creation of a General Office of Crisis, implementation of trading courses within the PMAL mandatory for all OPM commanders and creating a standard operating procedure for servicing this type of occurrence.

Keywords: Negotiation - Crisis Management – Standards

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 LEGITIMIDADE E LEGALIDADE DA AÇÃO POLICIAL ...................................... 1.1 POLÍCIA E ESTADO ........................................................................................ 1.2 O PODER DE POLÍCIA ...................................................................................... 1.3 A AUTORIDADE POLICIAL E O PODER DE POLÍCIA .................................... 2 A DINÂMICA DO GERENCIAMENTO DE CRISES ............................................ 2.1 CARACTERÍSTICAS DA CRISE ......................................................................... 2.2 VARIÁVEIS NO GERENCIAMENTO DE CRISES .............................................. 2.3 ESTÁGIOS DO GERENCIAMENTO DE CRISES .............................................. 2.3.1 Estágio de Pré-Crise .................................................................................... 2.3.2 Estágio de Crise ........................................................................................... 2.3.3 Estágio de Acomodação e Negociação ..................................................... 2.3.4 Estágio de Resolução .................................................................................. 2.4 AS ALTERNATIVAS TÁTICAS ......................................................................... 3 A NEGOCIAÇÃO NA ATIVIDADE POLICIAL .................................................... 3.1 O PROCESSO DA NEGOCIAÇÃO ..................................................................... 3.1.1 O Ato de Negociar ........................................................................................ 3.1.2 Ações Básicas de Negociação ..................................................................... 3.2 INCIDENTES NEGOCIÁVEIS ........................................................................... 3.3 A EQUIPE DE NEGOCIAÇÃO .......................................................................... 3.3.1 O Negociador ................................................................................................ 3.3.2 Equipe de Negociação .................................................................................. 3.4 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO ........................................................................ 3.4.1 Critérios de Ação na Negociação ................................................................. 3.4.2 Principais Fundamentos da Negociação .................................................. 3.5 TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO ........................................................................... 3.5.1 Tática Introdutória ........................................................................................ 3.5.2 Tática de Tranquilização .............................................................................. 3.5.3 Tática de Envolvimento ............................................................................... 3.5.4 Tática da Dissimulação ................................................................................ 3.5.5 Tática do Medo ............................................................................................. 3.6 A NEGOCIAÇÃO NA PMAL: O CENTRO DE GERENCIAMENTO DE CRISES, DIREITOS HUMANOS E POLÍCIA COMUNITÁRIA .................................. 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS .............................. CONCLUSÃO .......................................................................................................... REFERÊNCIAS ....................................................................................................... APÊNDICE – QUESTIONÁRIO ............................................................................... ANEXO A – PLANO DE ESTÁGIO DE NEGOCIAÇÃO ..........................................

12 15 15 19 23 24 25 28 30 30 31 31 32 32 35 37 38 39 42 45 45 46 48 48 50 51 52 52 53 53 54 54 57 63 67 69 71

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ANEXO B – DIRETRIZES PARA OCORRÊNCIAS DE ALTA COMPLEXIDADE EXARADA PELO CPI/PMAL .....................................................

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INTRODUÇÃO

Ao abordarmos o tema: “GERENCIAMENTO DE CRISES: A Negociação

Enquanto Elemento Pacificador, visamos relatar a importância de

profissionalizarmos nossos Oficiais no tocante a temática da Negociação, já que nos

deparamos quase que diariamente com ocorrências envolvendo vítimas e reféns,

tornando-os técnicos para que seja aplicada a lei, para que não tenhamos perdas

humanas e que a ordem pública seja restabelecida.

O tema busca fazer com que nossa Corporação não continue agindo no

empirismo, amadorismo e improvisação, a nova doutrina busca a técnica,

coletividade e inteligência.

Sendo a atividade policial preventiva, prevenção direta ou especial,

puramente de polícia administrativa cumpre estudá-la em todos os seus aspectos,

com ênfase para a sua aplicação na preservação da ordem pública, missão

constitucional das Polícias Militares.

Tentamos contribuir neste processo de transformação em que passa a

nossa Corporação, sempre buscando novos conhecimentos, a fim de acompanhar

as mudanças da sociedade, uma sociedade com diversos problemas, que cada dia

vem se agravando, como: Desestruturação familiar, alcoolismo, drogas e a extrema

pobreza, onde diante dessas grandes dificuldades deveriam existir governantes

convencidos de que a sua prevenção é o meio mais econômico, mais democrático e

mais eficaz de garantir direitos e proteção á vida. Portanto nosso policial deve estar

bem preparado e capacitado para atender os anseios desta sociedade, dando-lhe

sempre uma resposta imediata e aceitável, a fim de não comprometer a credibilidade

da instituição.

Neste trabalho, buscamos responder o seguinte questionamento: A

Alternativa Tática de Negociação é efetivamente aplicada na Polícia Militar de

Alagoas? Hipoteticamente, acreditamos que grande parcela dos policiais militares

encontra-se despreparado para atuar em Gerenciamento de Crises.

Embora a história do negociador de reféns seja relativamente curta no

trabalho da Polícia, ela é marcada por muitos sucessos e tem provado o valor da

interdisciplinaridade em problemas policiais. Combinando o conhecimento dos

policiais com o emprego de táticas de saúde mental, uma variedade de ações

sofisticadas, baseadas em teorias, técnicas, pesquisas e experiências têm sido

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desenvolvidas para reduzir conflitos e salvar vidas.

O papel fundamental do negociador é o de servir de intermediário entre os

causadores do evento crítico e o comandante da cena de ação. Funcionar ele,

portanto, como um catalisador, no processo dialético que se desenvolve entre as

exigências dos causadores do evento crítico (tese) e a postura das autoridades

(antítese), na busca de uma solução aceitável (síntese).

Nosso Objetivo Geral é desenvolver um estudo acerca da doutrina

“Negociação” na área de gerenciamento de crises em ocorrências de alta

complexidade na Polícia Militar de Alagoas. Deste, surgem como objetivos

específicos: Conhecer a normatização vigente na PMAL quanto ao atendimento de

ocorrências de alta complexidade; Analisar o preparo técnico-profissional

dos integrantes da PMAL quanto ao atendimento de ocorrências em que se exija a

presença de um negociador; Demonstrar a importância do papel do negociador para

os profissionais da segurança pública; Descrever o processo de capacitação

dos integrantes da PMAL para o atendimento de ocorrências de alta complexidade

quanto à importância da aplicação da alternativa tática da negociação; Propor o

emprego das técnicas de negociação no processo de Gerenciamento de Crises à

corporação da Polícia Militar de Alagoas; Apontar a existência do Negociador Policial

nas Unidades para emprego em ocorrências de crise; Fornecer ao Comando Geral

da Corporação subsídios para o aprimoramento das normas reguladoras de

ocorrências policiais de alto risco, tendo como suporte doutrinário os princípios do

Gerenciamento de Crise.

Com grande precisão, Pacheco (2006, p.12), citando A Arte da Guerra de

Sun Tzu, demonstrou, metaforicamente, a importância da negociação em relação ao

emprego de uma alternativa tática mais agressiva:

[...] o general que vence uma batalha, fez muitos cálculos no seu templo, antes de ter travado o combate. [...] o chefe habilidoso conquista as tropas inimigas sem luta; toma as cidades sem submetê-las a cerco; derrota o reinado sem operações de campo muito extensas. Com as forças intactas disputa o domínio do Império e, com isso, sem perder um soldado, sua vitória é completa. Quando cercar um exército deixe uma saída livre. Isso não significa que permita ao inimigo fugir, o objetivo é fazê-lo acreditar que é um caminho para a segurança, evitando que lute com a coragem do desespero pois não se deve pressionar demais um inimigo desesperado.

Os temas estudados, principalmente no que se pertine a negociação,

possuem farta bibliografia internacional; contudo, no âmbito nacional ela ainda é

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fragmentada, visto que a tratativa do assunto, focada nas ações recomendadas pela

doutrina, é relativamente recente no contexto policial brasileiro.

No Brasil, um trabalho de cunho doutrinário e didático que alinha

referência nessa área é o Gerenciamento de Crises do Ministério da Justiça, que

traz a conceituação geral de crise, os métodos básicos de organização, os

procedimentos para gerenciar os eventos críticos e noções elementares de

negociação.

Adotamos a pesquisa qualitativa com uma abordagem bibliográfica,

apesar de saber que grande parte das publicações a respeito é fomentada pelos

órgãos policiais, através de apostilas, monografias e experiências de outras Co-

Irmãs nesse tipo de atendimento de ocorrências. Foi realizada também uma

pesquisa de campo, com a aplicação de questionários (100 no total) para oficiais de

tropas operacionais da PMAL, quanto ao seu preparo para atendimentos de

ocorrências de alta complexidade onde se faça necessária a utilização do processo

de Negociação.

Sendo assim, o nosso trabalho está dividido em quatro capítulos. No

primeiro capítulo abordamos a questão da legitimidade da ação policial. No segundo

capítulo tratamos da dinâmica do gerenciamento de crises. No terceiro capítulo

tratamos da negociação policial, todos os seus procedimentos e técnicas e no quarto

e último capítulo, apresentamos a análise e interpretação dos dados coletados

através dos questionários.

.

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1 LEGITIMIDADE E LEGALIDADE DA AÇÃO POLICIAL

Neste capítulo abordaremos os aspectos legais da ação policial, desde o

poder de polícia, a discricionariedade e o uso da força.

1.1 POLÍCIA E ESTADO

Para compreendermos as especificidades das intervenções policiais em

ocorrências de alta complexidade, aí inseridas os suicídios tentados e consumados,

bem como o poder e a autoridade inerentes à Polícia Militar e ao policial militar,

precisamos saber o contexto em que a força é usada pelos representantes do

Estado.

O Estado pode ser definido como “uma associação de pessoas, radicadas

numa base espacial, sujeitas a uma autoridade, que não se subordina a nenhuma

outra”. (FRANCO, 2002).

A finalidade do Estado é a pacificação dos conflitos entre os indivíduos e

assegurar que cada um viva em segurança, coibindo ações de violência recíproca e

estabelecendo uma ordem institucional que permita a autopreservação individual.

Segundo Franco (2002, p.22), “não é o Estado que cria a sociedade, mas a

sociedade que institui o Estado, como uma instância superior para defender os

interesses de cada indivíduo”.

Para atingir os objetivos perante a sociedade, o Estado precisa do poder.

O poder é a chave da realização dos fins coletivos uma vez que é aceito

unanimemente e se apóia sobre a universalidade das normas e das leis que

permitem atingir as metas da sociedade. O poder é legitimado, pois permite a

eficácia do sistema social.

Segundo Franco (2002, p.24), “o Estado surge com a tarefa básica de

garantir a segurança e a vida dos indivíduos”. O poder de legislar sobre as regras a

serem obedecidas por todos e mais ainda o poder de fazer uso, se necessário, da

coerção física para exigir de todos os indivíduos uma observância incondicional das

normas, foi instituído pela própria sociedade. Todo poder tem uma origem social e

não passa de um consenso de opiniões. Desfeito o consenso, desfaz-se então o seu

poder.

A lei delimita a extensão e a intensidade do poder para que o Estado

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atenda às suas finalidades, estabelecendo de forma clara e precisa todas as

medidas que podem ser tomadas. Para Lira (1999, p.143), “a existência das leis

serve para gerar um sentimento de segurança com relação aos direitos e deveres,

uma vez que eles estão inseridos no direito positivo”.

A lei, a ordem, a paz e a estabilidade são responsabilidades do Estado,

bem como a segurança que é uma condição existencial tanto dos indivíduos, quanto

da sociedade. Desde a antiguidade e, principalmente no mundo contemporâneo,

toda segurança parte de uma instituição central: o Estado. O próprio surgimento

deste o foi em decorrência da necessidade que os indivíduos tinham da segurança.

Lira (2003, p.145) afirma que: “Ao Estado incumbe promover o bem

comum, sendo essencial, para isso, a ordem pública, que se dá por meio dos seus

aspectos de salubridade, tranqüilidade e segurança”. Este último aspecto objetiva a

não-ocorrência de delitos.

O poder e a autoridade do Estado para com a legislação incluem os

domínios civil e penal. Explica Franco (2002, p.29) que “o Direito Internacional

estabelece normas que definem os poderes dos Estados individuais para que

possam governar pessoas e propriedades”. Essas normas, juntas, definem a

chamada Jurisdição do Estado de forma a identificar os indivíduos e a propriedade

de dentro do âmbito permissível da legislação de um Estado, e de seus

procedimentos para aplicar a lei. Entre os poderes dos Estados individuais, estão

incluídos os poderes de legislação (jurisdição prescritiva), assim como poderes de

aplicação (jurisdição aplicativa).

A polícia é a organização que surgiu para que o ordenamento jurídico

fosse cumprido e a ordem mantida, garantindo a segurança da própria sociedade

que instituiu o Estado. Ela é a titular do uso legítimo da força, pelo qual o Estado

mantém o seu poder e autoridade. Trata-se de uma instituição de serviço à

cidadania em uma de suas demandas mais básicas que é a segurança pública.

Balestreri (1998, p.27) considera que “a polícia existe para proteger o

cidadão e foi instituída pelas sociedades urbanas para autolimitação dos elementos

caóticos que lhe são típicos”. Afirma ainda, que “a polícia é um segmento da

sociedade, da cidadania, instituído por esta para autobalizar-se, pois ela tem a

necessidade simbólica de uma autoridade que a ajude na autolimitação”. Sem o

poder da polícia, é absolutamente impensável a garantia dos direitos democráticos.

Ela é uma espécie de “superego social”, necessário ao imaginário de autocontenção

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das pulsões mais negativas do inconsciente coletivo. Ela é contendedora do óbvio

caos a que estaríamos expostos na absurda hipótese de sua inexistência.

A polícia surge por uma necessidade do Estado. Franco (2002, p.34)

lembra que “a criação de uma lei gera uma necessidade de se fazer aplicá-la na

legislação nacional, bem como de estipular as conseqüências dos delitos existentes

a ela”.

A polícia possui a função técnica de intervir preventivamente no cotidiano

e repressivamente em momentos de crise, uma vez que democracia nenhuma se

sustenta sem a contenção do crime, sempre fundada sobre uma moralidade mal

constituída e hedonista, resultante de uma complexidade causal que vai do social ao

psicológico. É necessário, então, que alguma instituição se encarregue da

contenção da sociopatia (BALESTRERI, 1998).

Em suas definições sobre a polícia, Lira (2003, p.153) deixa bem claro

que: “A função de aplicação da lei é um serviço público previsto por lei”. Para ele, a

lei e a ordem são de responsabilidade dos Estados e uma Organização de Aplicação

da Lei (OAL) será a responsável operacional, seja ela civil, militar ou paramilitar. As

funções das organizações de aplicação da lei estão relacionadas à manutenção da

ordem pública, de prestação de auxílio e assistência civil, todos os tipos de

emergências, prevenção e detecção do crime.

A carta magna do Estado Brasileiro, a Constituição Federal do Brasil, no

seu Artigo 144, diz que a segurança pública é um dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos. Ela é exercida para a preservação da ordem pública e da

incolumidade das pessoas e do patrimônio, através da Polícia Federal, Polícia

Rodoviária Federal, Policia Ferroviária Federal, policias civis, corpos de bombeiro

militares e das polícias militares. A Polícia Militar recebe autoridade constitucional

para desempenhar sua missão. Segundo o parágrafo 5º do Artigo 144 da CF/88,

cabem às polícias militares a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.

Para Franco (2002, p. 40), “As principais questões relativas ao exercício correto do

poder e autoridade são a legalidade, necessidade e proporcionalidade”.

A lei é, portanto, norteadora da atividade policial. Sobre esse

pensamento, Wasseman apud Vaz (2001, p.7) afirma que “a autoridade policial

baseia-se somente na lei. A organização policial profissional tem como seu objetivo

primordial certificar-se do cumprimento da lei”. Entretanto, em seus esforços para

manter a ordem, negociar conflitos ou resolver problemas da comunidade, a lei não

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direciona completamente as atividades policiais, embora continue a ser a base de

maior legitimidade para a função policial, definindo os poderes básicos da polícia.

A prerrogativa do uso da força é uma necessidade do Estado e a polícia é

a organização com a exclusividade de representá-lo. Segundo Vaz (2001, p. 9),

“pela lei é dado à polícia o poder do uso da força”. Sem este e outros poderes, tal

como aquele de privar as pessoas de sua liberdade, não seria possível à polícia

impor a lei ou manter ou restaurar a ordem.

Os policiais são cidadãos da sociedade na qual convivem que são

selecionados, formados e treinados para serem agentes do Estado, revestidos de

autoridade e poder para fazer cumprir a lei e preservarem a ordem pública. Eles

fazem parte da sociedade e têm o dever de servi-la.

O Código de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL)

utiliza a expressão “Funcionário Encarregado pela Aplicação da Lei”, definindo-os

como todos os executores da lei, nomeados ou eleitos, que exerçam poderes de

natureza policial, especialmente o de efetuar detenções ou prisões. Acrescenta que

nos países em que os poderes policiais são exercidos por autoridades militares,

uniformizadas ou não, ou forças de segurança do Estado, a definição os incluirá,

também.

No desempenho de sua atividade, o policial precisa conhecer bem o

Estado, seus fundamentos, sua organização e seu funcionamento, mais do que

qualquer outra pessoa, pois no desempenho de suas atividades estará

representando-o, revestido de poderes e autoridade. Para Pontes (2000, p. 18), os

policiais, agentes encarregados pelo Estado de fazer cumprir a lei, possuidores de

poder delegado pelo povo, “precisam conhecer, também, profundamente as leis

desse Estado ao qual servem, uma vez que nelas estão reguladas as suas ações”.

Segundo Vaz (2001, p.16), “o Estado confere investidura pública aos

agentes dos órgãos policiais, para agir em seu nome”. As organizações policiais e

seus agentes são a representação do Estado, sua materialização perante a

sociedade, expressando a personificação do poder.

Pontes (2000, p.14) diz que “os policiais integram, talvez, a mais

importante estrutura do Estado, pois recebem uma delegação especial para usar a

força, inclusive o poder de usar armas de fogo”. É a forma mais visível do poder do

Estado.

Para o cumprimento eficaz da lei, os policiais possuem poderes que estão

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relacionados tanto para a localização, detenção e o emprego de força, quanto

àqueles relacionados à prevenção e detecção do crime. Franco (2002, p.33)

argumenta que esses poderes são definidos no ordenamento jurídico do país para

guiar a prática adequada da aplicação da lei, “é preciso que o policial tenha sempre

em vista os quatro princípios fundamentais: legalidade, necessidade,

proporcionalidade e ética”.

1.2 O PODER DE POLÍCIA

Meirelles (1997, p.178) argumenta que fundado na autoridade de

dominação, inerente à essência do Estado, “o poder de polícia apresenta-se como

uma necessidade, um poder-dever, para que o Estado possa cumprir sua missão de

defensor e propagador dos interesses gerais”, coibindo os excessos e prevenindo as

perturbações à ordem jurídico-social. O ato de polícia é um simples ato

administrativo, e subordina-se ao ordenamento jurídico que rege as demais

atividades da administração, sujeitando-se, inclusive ao controle de legalidade pelo

poder judiciário.

Na visão de Meirelles (1997, p.179), “Poder de polícia é a faculdade de

que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de

bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio

Estado”. Para o autor, ele é o mecanismo de frenagem de que dispõe a

administração pública para conter os abusos do direito individual. O Estado detém a

atividade dos particulares que se revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-

estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional.

As atribuições da polícia variam de país para país. Embora a tendência da

organização policial seja a centralização, é muito freqüente a existência de

departamentos com atribuições específicas: polícia urbana ou municipal, polícia

militar, serviços secretos, órgãos de investigação criminal, polícia judiciária etc. Em

certas instâncias, a polícia exerce atribuições de vigilância em assuntos regulados

por disposições administrativas, não criminais, como o controle de veículos, de

imigração, autorização para dirigir veículos, abertura e vigilância de locais

freqüentados pelo público, controle de caça e pesca e controle de alfândegas, entre

outros.

Convém distinguir a polícia administrativa, a polícia judiciária e a polícia

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20

de manutenção da ordem pública. A polícia administrativa é aquela que incide sobre

os bens, direitos e atividades, sendo inerente a toda administração pública,

enquanto que as demais atuam sobre as pessoas, individualmente ou

indiscriminadamente e são privativas de determinados órgãos (Polícia Civil - polícia

judiciária) ou corporações, (Polícia Militar - polícia de manutenção da ordem).

Lazzarini (1987, p.17) esclarece que a polícia administrativa está sempre

atenta aos seguintes valores, importantes e essenciais à vida humana: segurança

pública; ordem pública; tranqüilidade social; higiene e saúde pública dentre outros. A

Polícia Militar, portanto, se enquadra como polícia administrativa de manutenção da

ordem pública.

Segundo Lazzarini (1987, p.18), “o mesmo órgão policial poder ser

eclético, porque age preventivamente e repressivamente”. A linha de diferenciação,

portanto, estará sempre na ocorrência ou não do ilícito penal. Se um órgão estiver

no exercício da atividade policial preventiva (polícia administrativa) e ocorrer a

infração penal, nada justifica que ele não passe, imediatamente, a desenvolver a

atividade policial repressiva (polícia judiciária). O que qualificará em administrativa

ou judiciária, isto é, preventiva ou repressiva, será a atividade de polícia

desenvolvida em si mesma e não o órgão civil ou militar que a executou.

Entre os instrumentos utilizados para limitar o exercício do poder policial

estão os controles interno e externo da polícia. O controle interno da polícia se

exerce pela obediência ao poder executivo municipal, estadual ou federal, ao qual

está subordinada, e por ação de comitês disciplinares encarregados de fiscalizar e

sancionar a conduta dos funcionários policiais.

O controle externo é praticado pelos poderes legislativo e judiciário e pela

ação popular. As leis estabelecidas pelo legislador determinam as condições e

limitações da ação policial, enquanto os juízes controlam o trabalho da polícia, por

exemplo, quando rejeitam a validade de provas obtidas de forma ilegal, o que obriga

a polícia a atuar de acordo com a lei.

O cidadão pode recorrer a diversas instâncias, especialmente a

organizações de defesa dos direitos humanos, para denunciar e coibir excessos

policiais. Existem também organizações internacionais que estabelecem códigos de

conduta ou declarações de direitos a que os estados aderem livremente.

Meirelles (1997, p.120) aponta como sendo três os atributos ou

características do Poder de Polícia: “discricionariedade, auto-executoriedade e

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21

coercibilidade”.

Discricionariedade traduz-se na livre escolha e conveniência da

administração exercer o poder de polícia, bem como aplicar as sanções e empregar

os meios conducentes a atingir o fim colimado, que é a proteção de algum interesse

público. Ela é legítima desde que o ato da polícia administrativa se contenha nos

limites legais e a autoridade se mantenha na faixa de opção que lhe é atribuída.

Auto-executoriedade é a faculdade da administração em decidir e

executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do

Judiciário. A administração impõe diretamente as medidas ou sanções de polícia

administrativa necessárias à contenção da atividade anti-social que ela visa a obstar.

Este princípio autoriza a prática do ato de polícia administrativa pela própria

administração, independentemente de mandato judicial.

Para Meirelles (1997, p.121), a executoriedade “permite à Administração

executar diretamente a sua decisão pelo uso da força”. E, em decorrência deste

atributo, que a Administração impõe aos seus administrados atos decorrentes do

Poder de Polícia e os pratica, imediata e diretamente, sem a interveniência do Poder

Judiciário.

Coercibilidade é a imposição coativa das medidas adotadas pela

administração. Todo ato de polícia é imperativo, obrigatório para seu destinatário,

admitindo até o emprego da força pública para seu cumprimento, quando resistido

pelo administrado. Segundo Meirelles (1997, p.122), “Não há ato de polícia

facultativo para o particular, pois todos eles admitem a coerção estatal para torná-los

efetivos, e essa coerção também independe de autorização judicial”. É a própria

administração que determina e faz executar as medidas de força que se tornarem

necessárias para a execução do ato ou aplicação da penalidade administrativa

resultante do exercício do poder de polícia.

Para Pontes (2000, p.84), “A coercibilidade é indissociável da auto-

executoriedade. O ato de polícia só é auto-executório porque é dotado de força

coercitiva”. É a necessidade de se ver as medidas adotadas pela administração

através dos meios de coerção.

Sobre o atributo da coercibilidade Meirelles (1997, p.125) diz que:

O atributo da coercibilidade do ato de polícia justifica o emprego da força física quando houver oposição do infrator, mas não legaliza a violência desnecessária ou desproporcional à resistência, que em tal caso pode

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22

caracterizar o excesso de poder e abuso de autoridade nulificadores do ato praticado e ensejadores das ações civis e criminais para reparação do dano e punição dos culpados.

Moreira Neto (1987, p.11) afirma que os três conceitos: o poder de polícia,

com seus instrumentos, a discricionariedade e a executoriedade “são o tripé do

direito administrativo da segurança pública”.

A legitimidade do poder de polícia é reconhecida até mesmo pelas

doutrinas políticas mais liberais. Entretanto, como as leis muitas vezes incluem

termos vagos ou ambíguos, é preciso reconhecer certo poder discricionário da

polícia, que consiste na faculdade de tomar decisões que não são estritamente

regidas por normas legais, que incluem elementos de interpretação pessoal.

Cabral (1996, p.55) afirma que nos Estados de Direito, nos regimes

verdadeiramente democráticos, “os cidadãos têm em seu favor medidas que se

podem chamar de direitos, as quais apenas sofrem restrições ou limitações no bem-

estar social, e que também se limitam com os direitos alheios, de outros cidadãos”.

No direito à liberdade, por exemplo, o uso da liberdade só sofre algum limite tão logo

atinja a liberdade de que o semelhante goza. Há, por isso mesmo, limitações à

liberdade. A administração é chamada, por vezes, para apreciar a concreta

aplicação da limitação prevista em lei, e aí lhe cabe uma avaliação discricionária.

A existência do poder discricionário é importante. Conforme lembra

Marques (2006, p.93), ao editar a norma jurídica sobre matéria sujeita ao poder de

polícia, o legislador nem sempre tem condições de regrar, de maneira explícita e

objetiva, o comportamento do agente público ante a situação concreta. Nesses

casos, que são a maioria, ao agente é, pela lei, conferida liberdade discricionária

para, de acordo com a conveniência ou oportunidade, optar pela atuação da polícia

administrativa.

Para Toron (1996, p.23), “na maioria dos Estados, os encarregados de

aplicação da lei têm poderes discricionários de captura, detenção e do uso da força

e de armas de fogo, e podem exercê-los em qualquer situação de aplicação da lei.”

Meirelles (1997, p.120), ao tratar do assunto, afirma que:

Discricionariedade não se confunde com arbitrariedade. Discricionariedade é liberdade de agir dentro dos limites legais; arbitrariedade é ação fora ou excedente da lei, com abuso ou desvio de poder. O ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido, portanto nulo.

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23

1.3 A AUTORIDADE POLICIAL E O PODER DE POLÍCIA

A noção de autoridade, para o direito, está indissociavelmente ligada à de

poder, isto é, a de ter aptidão para decidir e impor a sua decisão a outrem nos

termos e limites da lei. O direito exige que o poder de tomar e impor uma decisão se

faça dentro dos estritos termos da lei.

Administrativamente, autoridade é toda pessoa que, nos três poderes,

administre, editando, pois, atos administrativos, quer se trate de agente público, em

sentido estrito, quer se trate de administrador ou representante de autarquia ou de

entidade paraestatal, quer se trate, ainda, de pessoa física ou jurídica, com funções

recebidas em delegação do poder público.

Sobre o policial militar, Lazzarini (1987, p.19) esclarece que a autoridade

policial é um agente administrativo que exerce atividade policial, tendo o poder de se

impor a outrem nos termos da lei, conforme o consenso daqueles mesmos sobre os

quais a sua autoridade é exercida, consenso esse que se resume nos poderes que

lhe são atribuídos pela mesma lei, emanada do Estado em nome dos concidadãos.

A atividade da polícia militar, na prática é o cerne da autoridade policial do

policial militar. Como lembra Lazzarini (1987, p.24), “o policial militar, como agente

público, é servidor público como tal denominado de policial militar, como o considera

a legislação federal pertinente”.

O policial militar pertence a um órgão do Estado, exerce efetivamente o

poder público, sendo os seus atos administrativos de polícia dotados dos atributos

da auto-executoriedade e de inegável e irresistível coercibilidade, são imperativos

aos seus destinatários, com o emprego de força física para remover o obstáculo que

se lhes oponha, age de modo próprio, tomando decisões de polícia, valorando a

atividade policiada e as sanções que deva impor, guia-se, para assim proceder, por

sua prudência, dentro dos limites da lei.

Meirelles (1997, p.125) lembra que os meios para o exercício do poder de

polícia devem ser legítimos, humanos e compatíveis com a urgência e a

necessidade da medida adotada.

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24

2 A DINÂMICA DO GERENCIAMENTO DE CRISES

Para Vaz (2001, p.1) “crise é a desorganização de uma certa ordem social

pelo esgotamento de sua capacidade de resolver os problemas de seu

desenvolvimento. Para Ribeiro (2003, p.12), temos quatro tipos de crises:

Crises internacionais, que podem variar desde um conflito de fronteiras até uma situação de guerra. Atribuição específica do Governo Federal, através do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Defesa; Desastres e calamidades públicas, situações caracterizadas como crises, mas de atuação específica da Secretaria Nacional de Defesa Civil, através das Coordenadorias Nacional, Estadual e Municipal, que possuem um sistema de atuação próprio. Crises sociais, situações de greves, tumultos, manifestações populares, distúrbios civis, ação de grupos politicamente organizados e outras situações de caráter público representativo. Crises policiais, situações envolvendo rebeliões em penitenciárias, atos de terrorismo, tomada de reféns e outras ocorrências que extrapolam a capacidade de atuação normal da manutenção da ordem e segurança pública.

As crises sociais e policiais muitas vezes se confundem e até mesmo uma

pode vir a se transformar em outra, conforme seu desenvolvimento. A atuação

nesses dois casos exige a participação de um grupo especial para a solução,

atuando dentro dos princípios já elencados (VAZ, 2001).

Segundo Brasil (1995, p.1), “crise é um evento ou situação crucial, que

exige uma resposta especial de polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável.”

Podemos notar que a definição ora apresentada se refere exclusivamente à

intervenção policial. Como detentora da autoridade, conhecimento técnico e suporte

logístico específico, a polícia tem como responsabilidade gerenciar e solucionar as

situações de crise que lhe são afetas. A intervenção não deve ser feita por pessoas

que não detém o conhecimento teórico e técnico especializados necessário.

Crise é um momento em que há uma ruptura no estado geral de

normalidade. É uma situação nova que se põe diante de nós. Assim, Vaz (2001, p.2)

afirma que a crise é um momento em que se percebe estar diante de uma

encruzilhada e que há a necessidade de escolha de um caminho, um rumo, na qual

a decisão é um processo de suma importância.

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25

2.1 CARACTERÍSTICAS DA CRISE

Segundo o Federal Bureau of Invetigation (FBI), e em quase todas as

polícias norte-americanas o gerenciamento de crises já vem há mais de três

décadas recebendo um tratamento científico, estando atualmente a matéria

consolidada em bases doutrinárias consistentes. (PMAL, 2006)

Nas academias de polícia dos EUA, o gerenciamento de crises é matéria

de grande importância, tanto nos cursos de formação como nos cursos de

aperfeiçoamento de policiais. Nenhum executivo de polícia daquele país deixou de

ter algum contato com essa disciplina.

E o resultado dessa política é que as crises são tratadas de uma maneira

quase uniforme naquele país, verificando-se, destarte, que apesar das diferenças de

legislação de um estado para outro, as organizações policiais norte-americanas(não

importa qual seja a sua natureza) adotam uma mesma doutrina de trabalho com

relação a esse assunto e, o que é mais importante, falando uma mesma linguagem.

Entendido o conceito de crise, passa-se a analise de como fazer para

gerenciar tais situações. Os eventos que envolvem agentes que tentam praticar o

suicídio, bem como, dependendo dos casos, os que chegam à consumação deste

ato extremo, atualmente, pelas próprias características que circundam este fato, já

se consideram enquadrados no conceito de crise.

Segundo a Academia Nacional do Federal Bureau of Invetigation apud

Vaz (2001, p. 27), gerenciamento de crises “é o processo de identificação, obtendo a

aplicação dos recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma

crise.”

Já Vaz (2001, p.28), nos trás que em uma crise devem ser observados os

seguintes elementos essenciais:

a) ameaças e metas de alta prioridade;

b) tempo limitado de respostas;

c) surpresa para o processo decisório;

d) ameaças a interesses vitais do País;

e) possibilidade de uso de força.

Para as organizações policiais brasileiras encontrou-se um conceito que

julga ser mais adequado à realidade do cotidiano policial, apresentado por Monteiro

(1994, p.9):

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26

Trata-se de uma ciência que deve lidar, sob uma tremenda compressão de tempo, com os mais complexos problemas sociais, econômicos, políticos, ideológicos e psicológicos da Humanidade, nos momentos mais perigosos de sua evolução, isto é, quando eles se manifestam em termos destrutivos.

É importante frisar que o Gerenciamento de crises não é uma ciência

exata, um modelo pré-estabelecido ou um processo rápido de fácil solução dos

problemas, pois cada crise apresenta características únicas, exige,, ppoorrttaannttoo, soluções

individualizadas, que demandam uma cuidadosa análise e reflexão.

Silva Neto apud Cabral (1996, p.13) destaca três fatores fundamentais

que caracterizam uma situação de crise, suplementando os já elencados: “alto poder

de desestabilização do clima de segurança subjetiva, conflitos de competência e alto

grau de pressão psicológica.

É notório, principalmente pelos veículos de comunicação em massa, que

em ocorrências de grande repercussão, muitas pessoas tumultuam o processo de

resolução da crise. Os conflitos de competência surgem como um elemento

complicador que agrava ainda mais esta situação. Isso ocorre face à confusão entre

autoridades, políticos, imprensa, psicólogos, religiosos, organizações policiais e

outros segmentos da sociedade que se apresentam para participar dos esforços de

resolução da crise.

As ocorrências de alta complexidade possuem alto poder desestabilizador

do clima de segurança subjetiva da comunidade, uma vez que são amplamente

divulgadas pela mídia, podendo alcançar veiculação, inclusive, a nível internacional.

A sensação de insegurança gerada em virtude destas notícias de crise vai

além do espaço físico aonde se encontram e desenvolvem. A existência da crise e

sua divulgação ampla passa a influenciar o comportamento de outras pessoas e não

apenas das que estão sob sua influência direta. Ela passa a influenciar

comportamentos de pessoas que, mesmo distantes, passam a sofrer as influências

do clima de insegurança.

Trazendo o conceito de crise, desta vez à realidade do meio policial, mais

especificamente, Silva Neto apud Cabral (1996, p.14), chama tais acontecimentos

de ocorrências de alta complexidade, ee considera:

[...] todo fato, de origem humana ou natural que, alterando a ordem pública, supere a capacidade de resposta dos esforços ordinários de polícia, exigindo intervenção de forças policiais através da estruturação de ações e

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27

operações especiais, ou típicas de bombeiro militar, com o objetivo de proteger e socorrer o cidadão.

Destaca-se que o ato de não só gerenciar mas, sobretudo, aplicar meios

adequados e suficientes na solução de ocorrências de alta complexidade, é algo,

como o próprio nome sugere, muito mais complexo que uma pessoa leiga possa

imaginar. Não basta simplesmente o comparecimento de esforços de polícia no local

do fato. Há que se desprender todo um envolvimento de técnicas e táticas especiais

que permita um avanço positivo no restabelecimento da ordem.

A simples negociação baseada no senso comum não se adeqüa à

realidade das ocorrências policiais consideradas de alta complexidade, não sendo

suficiente que o negociador tenha larga experiência operacional. É necessário que o

profissional de polícia que irá negociar tenha um conhecimento aprofundado em

gerenciamento de crises; que sempre busque seu aprimoramento profissional

norteado pela doutrina.

Para Vaz (2001, p.29) a realidade brasileira mostrada pelos meios de

comunicação de massa, visualiza um trabalho policial amador e inabilitado no teatro

de operações, o que resulta no risco de morte dos reféns.

Pontes (2000, p.12) estudando sobre o tema restringe o conceito de crise

“a ocorrência de responsabilidade da polícia, como ator principal ou coadjuvante por

entender que este tipo de Corporação está presente em toda situação que envolva

ameaça à coletividade”. O conceito por ele apresentado, originariamente do FBI, fica

da seguinte forma: “crise é toda situação crucial que exige resposta especial da

polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável.”

Sobre essa doutrina, Pontes (2000, p.13) cita as seguintes características

de uma crise:

a) Impresivibilidade – está inserida em quase todas as ocorrências que

envolvam a tomada de reféns. Porém, há crises perfeitamente previsíveis como, por

exemplo, uma rebelião em presídio, facilmente detectada pelo comportamento dos

presos. Porém, é bastante comum que as autoridades sejam surpreendidas pela

deflagração de uma crise sem que haja tempo para minimizar seu impacto, nem

preparação para enfrentá-la;

b) Ameaça à vida – é a que mais justifica a preocupação das instituições

com o seu preparo para administrar eventos críticos, mesmo quando a vida em risco

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28

seja a do próprio causador da crise, seja ele um suicida ou um delinqüente de alta

periculosidade;

c) Compressão de tempo – exige grande rapidez de raciocínio,

autocontrole e conhecimento técnico do administrador da crise. Quando se trata de

crises provocadas por tomadores de reféns, seqüestradores ou terroristas é uma das

armas utilizadas pelos causadores de crise para pressionar as autoridades ao

atingimento de seus fins;

d) Necessidade de considerações legais especiais – o administrador

do evento crítico deverá avaliar aspectos legais quanto à responsabilidade pela

condução das operações e os limites de atuação. Poderá ter que considerar quanto

ao amparo legal em relação à sua autoridade na área crítica, quanto ao atendimento

ou não de exigências, emprego de força;

e) Necessidade de planejamento analítico especial – a primeira

consideração é que cada caso é único, não havendo uma crise exatamente igual a

outra, e por vezes estará decidindo sob os holofotes da imprensa, dentro de

interesses e posições políticas superiores, muitas vezes conflitantes entre si;

f) Necessidade de postura organizacional não rotineira – de todas as

características da crise, esta é a que mais contribui para o estresse do administrador

da crise. Só o conhecimento da doutrina e o treinamento poderão minimizar os

efeitos do estresse sobre o eventual administrador de crises. Profissionais

habituados a enfrentar ocorrências policiais serão mais confiantes para administrar

crises de natureza policial.

Compreende-se, sem muito esforço, que o ato de gerenciar uma crise é

algo muito mais complexo do que poderia imaginar uma pessoa leiga no assunto,

pois não basta estar no local do fato, há todo um mecanismo para que tudo funcione

em níveis que permitam um avanço positivo para a solução do problema. É como se

fosse uma engrenagem onde tudo deve funcionar em perfeita sincronia.

2.2 VARIÁVEIS NO GERENCIAMENTO DE CRISES

PMMA (2004, p.20) descreve algumas variáveis a serem observadas no

ato de administrar uma crise:

a) administração política e governamental;

b) administração de ações iniciais no teatro de operações;

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c) administração da produção de informações;

d) administração do processo de negociação;

e) administração do emprego de força;

f) administração da rendição;

g) administração de recursos humanos;

h) administração logística;

i) administração de comunicação social.

Todas as variáveis têm a sua devida importância, entretanto, poderão ter

um peso maior ou menor, de acordo com as características do evento e dos critérios

para a tomada de decisão.

O gerenciamento de crises não pode ser realizado de forma empírica,

sem um parâmetro técnico adequado à situação em que a crise irá ocorrer. Até a

chegada da tropa especializada, quem primeiro se depara com a crise são os

policiais do policiamento ordinário. O início da ocorrência de alta complexidade é,

quase sempre, o momento mais crítico. Sendo assim, os policiais que se depararem

com a crise devem estar bem orientados quanto à adoção de alguns procedimentos

nesta fase, podendo assim obter sucesso para a solução do problema.

Segundo PMMG (2000, p.13), tão logo tome conhecimento de uma crise,

qualquer autoridade policial deve tomar as medidas de conter, isolar e negociar.

Cabe-nos observar que ao policiamento ordinário é prudente observar a aplicação

de apenas as medidas de contenção e isolamento no que aplica e recomenda a

doutrina de gerenciamento de crises adotada pelas forças policiais do Brasil, trazida

do FBI pelo Departamento de Polícia Federal.

Quanto à negociação, como adiante se verá, sugerimos a adoção da

medida de estabilização do ambiente como substituição de termo e procedimentos,

isto no intuito de preservar a condução dos trabalhos levados a efeito por policiais

não especialistas, aí inseridos, inclusive, sua integridade física e vida.

A exemplo e de forma a ratificar tal assertiva, valer-se-á do caso citado

por Cabral (1996, p.30):

Conter, isolar, estabilizar e organizar o teatro de operações. Todas essas medidas têm que ser tomadas pela primeira pessoa que chegar ao local, contudo muitos militares acham que a primeira coisa a ser feita é negociar. Nesse tipo de ocorrência os ânimos estão acirrados, os marginais na maioria das vezes estão sob efeito de substâncias tóxicas e o mais aconselhável é não conversar e esperar os ânimos se acalmarem, até a

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chegada do pessoal especializado.

A inserção do processo de negociação durante as ações iniciais no teatro

de operações é, deste modo, um equívoco, pois geralmente desconsidera a fase de

estabilização do ambiente, o que poderá acarretar um desfecho trágico para a ação

policial.

Conter a crise consiste na adoção de medidas que evitem que ela se

alastre, impedindo que seus protagonistas aumentem o número de reféns, ampliem

a área sob seu controle, conquistem posições mais seguras ou melhor guarnecidas.

Este trabalho ainda tem como objetivo o de confinar os delinqüentes no menor

espaço físico possível.

Para isolar o ponto crítico levaremos em conta que temos dois tipos de

isolamento: o físico e o audiovisual. O primeiro nos possibilita a organização do

teatro de operações, evitando confusão e transtornos que prejudicam a tomada de

decisões. Apresenta-se como uma das mais importantes e indispensáveis para que

se criem condições necessárias ao bom desempenho das forças policiais

encarregadas pelo gerenciamento de crises. Devemos desenvolver os perímetros

táticos No segundo devemos tirar dos protagonistas da crise, e também de seus

reféns, qualquer possibilidade de comunicação com o mundo exterior.

Estabilizar o ambiente consiste em adotar ações para preservar a ordem,

acalmar os ânimos e equilibrar emoções e tensões dos marginais, dos reféns e dos

próprios integrantes das forças policiais para que se iniciem as negociações.

2.3 ESTÁGIOS DO GERENCIAMENTO DE CRISES

Descreveremos agora, os estágios do gerenciamento de crise, que são a

base para os estudos e treinamentos operacionais das tropas especializadas.

2.3.1 Estágio de Pré-Crise

É o tempo durante o qual as coisas normais estão acontecendo com os

negociadores, seqüestradores e reféns. As emoções estão sob controle, os níveis de

estresse estão baixo e tanto a polícia quanto os seqüestradores estão pensando e

planejando. (PMPB, 2004)

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A pessoa que está entrando na crise tenta superar uma alteração na

rotina da sua vida normal com um pouco de senso de perda de controle ou problema

de funções emocionais. Ele pode ver um problema desenvolvendo-se e começar a

tentar a gerenciá-lo. Pessoas têm um sentimento geral que algo precisa ser feito.

Negociadores precisam praticar suas habilidades de comunicação,

habilidades interpessoais e habilidades de persuasão. Os negociadores precisam

educar a estrutura de comando dos princípios de negociação e o que os

negociadores podem fazer no local.

2.3.2 Estágio de Crise

É o período durante o qual os planos são interrompidos, a vida parece

fora de controle, às emoções estão elevadas e a razão está baixa. Uma ameaça

séria para uma necessidade importante é percebida por uma pessoa e que esta

pessoa procura ativamente sua memória em um esforço para achar uma maneira de

concretizar essa necessidade. A pessoa torna-se frustrada nessa busca e a tensão

começa a aparecer neste momento. (PMPB, 2004)

Se um ladrão é interrompido no meio de um roubo a uma loja de

departamento por um policial que aparece de repente, ele irá ser jogado em uma

crise. Se uma mulher que é mãe solteira é posta para fora do seu emprego sem

aviso prévio, ela irá ser jogada em uma crise.

Para as pessoas que não tomam reféns, as crises são precipitadas por

uma ameaça às suas necessidades básicas.

2.3.3 Estágio de Acomodação e Negociação

É aquele período no qual uma pessoa tenta novas soluções, está aberta para

sugestões e está começando a pensar através da situação. Se elas não

encontraram com a crise deste tipo antes, elas podem desenvolver idéias ou planos

que tenham visto em situações semelhantes à deste incidente. (PMPB, 2004)

O número de palavras emocionais que começou mais freqüente torna-se

menos freqüente em relação à frustração inicial da tentativa da pessoa em

solucionar seu problema.

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2.3.4 Estágio de Resolução

É aquele período no qual a pessoa trabalha na solução para o seu

problema, um novo equilíbrio é alcançado e uma variedade de necessidades pode

ser conhecida. Durante este estágio novas soluções podem ser inventadas. (PMPB,

2004)

A criatividade é necessária e a solução do problema é importante porque

as soluções usuais não têm funcionado. Depois que o seqüestrador tenta todas as

suas idéias e então vê-las esgotadas, o estágio de resolução inicia-se.

Ele pode achar que suas idéias esgotaram-se porque o negociador com

sucesso conseguiu encurralá-lo ou porque o negociador com sucesso sugeriu-o que

suas soluções não fazem realmente parte dos seus melhores interesses.

2.4 AS ALTERNATIVAS TÁTICAS

Em se tratando de ocorrências de alta complexidade, procedimentos

específicos deverão ser adotados com vistas a solucionar tal evento de forma

aceitável. Tais procedimentos são chamados de alternativas táticas, as quais estão

diretamente ligadas ao trabalho da equipe especializada no teatro de operações.

Daí, a obrigatoriedade de se prever, em termos de recursos humanos,

técnicos e logísticos, a existência de grupos especializados, treinados como

especialistas, em condições de fazer face à eventos complexos da área de

segurança pública. Tal conceito é novidade na história das polícias e surgiu em

virtude da necessidade de se combater ações de variados tipos, atuando contra a

criminalidade cada vez mais violenta, organizada e crescente, além de, na dinâmica

e crescente ocorrência de demandas sociais no campo de segurança pública,

apresentar em condições de suprir tais expectativas, como é o caso do foco no

presente trabalho, o suicídio. As alternativas táticas, para resolução de crises, têm

sido modificadas no decorrer dos anos.

A dinâmica do aperfeiçoamento está intimamente ligada à experiência

vivenciada pelo Grupo, em situações reais de confronto. A cada experiência uma

nova alternativa tática passa a ser desenvolvida ou mesmo alterada por cada Grupo.

(PMAL, 2006)

O mais antigo processo de elaboração de um Plano Tático, oriundo da

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33

doutrina americana, foi chamado de “Três T”:

Time (tempo);

Talk (verbalizar);

Tear Gás (Gás lacrimogêneo).

Mais tarde a Doutrina dos “Três T” foi reformulada, passando a adotar um

plano com quatro alternativas clássicas:

Wait (espera);

Tear Gás (Gás lacrimogêneo);

Sniper (atirador de elite);

Assault (invasão tática).

Com o acúmulo de eventos, os negociadores de reféns apontaram

rápidas correções destas quatro alternativas clássicas. Eles notaram que apenas a

espera não refletia a realidade prática de uma situação de barricada com reféns, ou

mesmo do trabalho de resolução dos eventos, utilizando como meio o diálogo entre

o agressor e as Forças do Governo.

Segundo Salignac (2002, p.17), o refinamento do trabalho inicial levou a

concepção do mais moderno jogo das alternativas conhecidas até 1989:

Negociação;

Gás lacrimogêneo;

Atirador de elite;

Invasão tática.

Partindo dessa evolução, acrescida de informações colhidas

principalmente através de intercâmbios com profissionais de Forças Especiais

Militares e Times Táticos Policiais, foi possível constatar outra dinâmica das

alternativas táticas, onde se procura diminuir os riscos de vida para ambas as

partes:

Negociação;

Agentes não-letais;

Atiradores de elite;

Invasão tática.

As alternativas táticas possuem um suporte técnico, ou um apoio logístico

especializado que engloba as áreas de eletrônica, explosivos, psicologia, dentre

outros.

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34

Avalia-se que a cada passagem de alternativas, a possibilidade de

sucesso está diretamente relacionada com o incremento do risco de vida aos

agentes do governo, reféns, agressores e transeuntes.

Para Cavalcante e Lima (2005, p.33), um grupo especializado terá

basicamente a seguinte estruturação para fins de atuação específica em ocorrências

com presença de reféns localizados:

a) equipe de negociação - responsável pela gerência e aplicação dos

processos de negociação;

b) equipe de técnicos em explosivos - possui pessoal técnico

especialistas em manuseio e utilização de artefatos explosivos e afins (não é

considerada alternativa tática propriamente dita, mas suplementa a atuação de

algumas delas);

c) equipe de atiradores de elite - formada por pessoal técnico

especializado em armamento e tiro de neutralização, incapacitação e

comprometimento;

d) equipe tática de resgate - formado por pessoal treinado, responsável

pela execução das técnicas especiais de emprego de força e resgate de reféns.

Uma unidade especializada dessa natureza deve fundamentar-se na

formação e treinamento, o mais próximo possível da realidade, de pessoal

voluntário, sendo solidificada na hierarquia, na disciplina e na lealdade, de forma que

seus integrantes trabalhem em regime de dedicação exclusiva ao grupo.

As alternativas táticas, portanto, se possível, conforme as demandas da

própria ocorrência seguirão em ordem de prioridade de aplicação, a própria

composição, anteriormente elencada, da equipe especializada. Basicamente são

quatro as alternativas táticas existentes no modelo atual de emprego de atividades

especiais na solução das ocorrências de alta complexidade:

a) Negociação;

b) Utilização de agentes não letais;

c) Técnicas de tiro seletivo;

d) Invasão Tática.

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35

3 A NEGOCIAÇÃO NA ATIVIDADE POLICIAL

As organizações policiais modernas devem tratar com situações de reféns

que em muito são diferentes daquelas encontradas logo no início das questões

geopolíticas. Criminosos e indivíduos emocionalmente perturbados não tomam

reféns para ganhar poder político ou econômico numa larga escala; eles tomam

reféns para forçar a concordância com suas exigências ou para expressar suas

necessidades emocionais.

Recentemente, a tomada de reféns tem freqüentemente sido uma

tentativa de ganhar poder pessoal por indivíduos surpreendidos no cometimento de

um crime, ou por indivíduos que tenham experimentado um senso de falta de poder

por muito tempo.

A Polícia tem negociado mais com criminalidade ou questões de

Segurança Pública nos incidentes com reféns. Além do mais, tomada de reféns em

presídios e cadeias, ao longo do país, tornaram-se comuns. Os presos têm

conseguido certos direitos e garantias e continuamente exigem melhor tratamento,

melhores condições de vida e outros privilégios dos administradores de presídios e

cadeias. Além de ações legais, a única forma que os presos possuem é tomar as

propriedades da prisão e usar reféns (usualmente funcionários) como instrumento de

barganha. (PMMG, 2000)

Existem significantes diferenças entre o gerenciamento da polícia de

incidentes com refém e o gerenciamento em nível internacional de incidentes com

reféns. Embora alguns países tenham adotado a política de que, em nível

internacional, eles não negociam com terroristas, mesmo que ocorra a tomada de

reféns, as organizações policiais geralmente tomam a posição de que, não havendo

uma ameaça imediata à vida, são aceitáveis as negociações.

Seguindo a tradição anglo-americana de polícia, a maioria das

corporações policiais enfatizam a regra da lei e os direitos do indivíduo. Esses

elementos levam a uma ênfase no processo de resolução, tomando como base o

sistema legal, e tem sido a base na qual a maioria das forças policiais têm atuado.

São o pano de fundo do desenvolvimento das negociações. (PMMA, 2004)

Modernamente, a forma de policiar teve alguns estágios de mudanças e

reformas como aperfeiçoamento do profissionalismo. Essas reformas incluíram itens

como eliminar influências políticas, indicar administradores qualificados, estabelecer

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36

uma missão de serviço de não-partidarismo público, aumentar o padrão de

qualidade do pessoal, iniciar princípios de gerenciamento científico, enfatizar o estilo

de disciplina e desenvolver unidades especializadas para lidar com problemas

específicos que requeriam técnicas especiais (ênfase no conhecimento da ciência

comportamental).

Neste contexto, as organizações policiais foram motivadas a mudar em

muitas áreas, incluindo como tratar incidentes com reféns.

Na década de 70, as corporações policiais que se deparavam com

tomada de reféns usavam um dos seguintes métodos de atuação: confiavam nas

habilidades verbais dos policiais individualmente; deixavam as coisas acontecerem

ou massificavam a quantidade de policiais e o poder de fogo no local, e exigiam que

o captor soltasse o refém e se rendesse. Se essa concordância não fosse obtida em

um período de tempo considerável, um assalto era iniciado. (PMPB, 2004)

Não havia nenhum treinamento em gerenciamento de crises, negociação

de reféns ou comportamentos anormais nas polícias antes deste período.

Conseqüentemente, a habilidade com a qual o policial, individualmente, tratava tais

situações dependia da sua experiência profissional. A administração de incidentes

com reféns não era uniforme ou profissional.

A mesma situação existia nos estabelecimentos prisionais. Quando os

presos se amotinavam e tomavam reféns, a reação típica dos seus administradores

era usar a violência para retomar o controle. A Policia utilizava cassetetes e armas

para retomar o local, numa operação de assalto do tipo militar. Geralmente, presos,

funcionários feitos reféns e membros da operação de assalto eram feridos ou

mortos.

Depois do estabelecimento de grupos especializados (SWAT- Equipe de

Armas e Táticas Especiais), os assaltos eram feitos por policiais especialmente

armados e treinados. No entanto, sua eficácia era questionável. O FBI (1979)

concluiu que, em 78% dos assaltos, pessoas eram feridas ou mortas. Geralmente,

os policiais sustentavam as casualidades. Muitos grupos, nessa época, tinham 07

homens para tomar conta das casualidades esperadas e ainda lidar com o

perpetrador. (PMPB, 2004)

Além dos fatores aqui discutidos, o crescimento de serviços psicológicos

na Polícia foi outro fator que favoreceu o desenvolvimento da negociação de reféns.

Isso possibilitou um contato próximo, abrindo o caminho para os profissionais de

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37

saúde mental influenciarem as corporações policiais numa variedade de fatores,

incluindo intervenção de crise, gerenciamento de comportamento anormal e

negociação de reféns.

Como o objetivo primário da negociação de reféns é salvar vidas, quando

uma situação é negociada, há menor probabilidade (quando comparada às outras

alternativas táticas) de haver perda de vidas ou ferimento a qualquer pessoa

envolvida.

3.1 O PROCESSO DA NEGOCIAÇÃO

Segundo Giraldi (2001, p.12), o enfoque da Psicologia, pode-se afirmar

que o processo de negociação é um tipo de interação humana em que todas as

partes buscam resolver diferenças através da obtenção de um acordo. Em geral,

mostram interesse, apresentam propostas, fazem concessões, argumentam, aceitam

ou recusam oferecimentos.

A negociação em crises com reféns rapidamente emerge como um campo

da Ciência Comportamental, assim designado o ramo da Psicologia que considera

os comportamentos anormais e normais como adquiridos, e mantidos, por

mecanismos idênticos e segundo leis gerais de aprendizagens.

No contexto policial, é o conjunto de procedimentos, adotados pelo

negociador, visando à solução de um evento crítico, através de medidas de

contenção voltadas para a preservação das vidas de todos os envolvidos na crise.

Dessa forma, o processo de negociação implica, pela sua natureza de

evento crítico, durar, em geral, longo lapso temporal, tornando-se, pois, necessário

ter conhecimento para avançar e também retroceder com oportunismo e estratégia.

Pacheco (2006, p.21), citando A Arte da Guerra, de Sun Tzu, em sua

apostila, ressalta a importância da estratégia no processo da negociação:

[...] o general que vence uma batalha, fez muitos cálculos no seu templo, antes de ter travado o combate. [...] o chefe habilidoso conquista as tropas inimigas sem luta; toma as cidades sem submetê-las a cerco; derrota o reinado sem operações de campo muito extensas. Com as forças intactas disputa o domínio do Império e, com isso, sem perder um soldado, sua vitória é completa. Quando cercar um exército deixe uma saída livre. Isso não significa que permita ao inimigo fugir, o objetivo é fazê-lo acreditar que é um caminho para a segurança, evitando que lute com a coragem do desespero pois não se deve pressionar demais um inimigo desesperado.

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38

3.1.1 O Ato de Negociar

A decisão de negociar é complicada. Quem toma as decisões deve levar

em conta vários fatores. Além de considerar as características que definem um

incidente negociável, deve-se considerar a disposição de pessoal treinado, as

chances de uma resolução bem-sucedida do incidente, usando as negociações, e a

presença ou ausência de ameaças iminentes à vida dos reféns.

A negociação envolve pessoas querendo maximizar seus ganhos e

minimizar sua perdas.

Discussão sozinha não, necessariamente, resolve problemas. No entanto,

a habilidade de se chegar a um acordo no qual ambas as partes estejam

confortáveis faz a negociação efetiva. Um acordo envolve três elementos e os

negociadores precisam conhecê-los e aplicá-los, até porque eles são a estrutura na

qual as técnicas e habilidades do negociador são praticadas. Para Ribeiro (2003,

p.56-57), um acordo deve:

Alcançar os interesses legítimos de ambas as partes na maior

extensão possível. Esse princípio enfatiza que há dois lados de cada problema. Os

negociadores têm que prestar tanta atenção, se não mais, para as necessidades do

outro lado, tanto quanto essa pessoa presta. Sem consideração do outro lado, as

negociações não se tornam nada mais que disputa de poder.

Resolver interesses conflitantes de forma justa. Esse elemento foca na

idéia de que deve haver algum padrão no qual as partes envolvidas em uma

negociação possam julgar a justiça do acordo. Não é só o exercício de mais poder

que determina a solução correta para um problema, no entanto, negociadores

devem ser hábeis para mostrar como uma solução beneficia ambas as partes. Em

um incidente com refém, beneficiar ambas as partes não necessariamente significa

concordar com as exigências iniciais do perpetrador. No entanto, significa ajudar a

outra pessoa a expandir sua visão e as suas próprias necessidades e mostrar novas

opções para alcançar essas necessidades expandidas.

Tomar interesses comuns em consideração. Esse aspecto relembra que a

relação é um problema importante nas negociações. Os negociadores precisam

separar problemas de relações e exigências das pessoas. Eles precisam discuti-las

como diferentes problemas. Quando isto é feito, é mais fácil para o negociador dizer:

eu me preocupo com você, mas não concordo com o seu comportamento. Além

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39

disso, negociadores precisam entender que suas ações durante um incidente estão

sendo vistas por uma larga comunidade. As coisas que eles fazem são as coisas

que a comunidade espera que eles façam da próxima vez.

3.1.2 Ações Básicas de Negociação

Fuselier e Noesner apud Vaz (2001, p.52-55) apontam, de forma muito

interessante, dezesseis ações básicas que devem ser observadas por todo

negociador e que ratificam muitas das condutas já citadas em capítulos anteriores.

Essas ações básicas de caráter eminentemente empírico e

tradicionalmente observadas pelas principais organizações policiais do mundo, no

desempenho de missões de negociação, são as seguintes:

a) Estabilizar e conter a situação: O negociador tem um papel decisivo

na estabilização do evento crítico, devendo empenhar-se no arrefecimento do ânimo

dos detratores, procurando- lhes dar a sensação psicológica de que tem o controle

da situação. Isso evita violências desnecessárias contra os reféns, quase sempre

causadas pela falta de domínio da situação experimentada pelos detratores nos

primeiros momentos da crise.

b) Escolher a ocasião correta para fazer contato: A crônica policial

registra casos de negociadores apressados, que foram recebidos a tiros pelos

causadores do evento crítico. Por isso, deve-se aguardar o momento próprio para o

início das negociações, quase sempre resultado de uma iniciativa dos próprios

tomadores de reféns.

c) Procurar ganhar tempo: Aliás, esse é também um dos objetivos da

negociação. Quanto mais prolongada for uma crise, mais fortalecido ficará o

processo decisório, evitando-se soluções precipitadas e que representem perigo

para os reféns. Por outro lado, o tempo é o maior consolidador daquela proteção

psicológica que favorece os reféns, denominada Síndrome de Estocolmo.

d) Ser um bom ouvinte: É muito mais importante deixar o transgressor

falar, porque isso não somente ajuda a reduzir seu estado de ansiedade, como

propicia a revelação de fatos e dados que podem ser preciosos elementos de

informação. Além disso, enquanto o indivíduo fala, o negociador está ganhando

tempo e evitando que o bandido fique fazendo coisas indesejáveis, como molestar

os reféns.

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40

e) Não oferecer nada ao transgressor: Embora possa parecer um gesto

de boa vontade, isso prejudica as negociações, pois coloca as autoridades numa

situação psicológica de inferioridade perante o transgressor, dando-lhe a falsa

impressão de que elas estão dispostas a ceder a tudo para que ele solte os reféns.

Nessa recomendação está, evidentemente, subentendida a prodigalidade no

atendimento de qualquer exigência. Essa tática é muito importante porque cada

aproximação do ponto crítico corresponde a uma oportunidade de levantamento da

situação existente no seu interior.

f) Evitar dirigir sua atenção às vítimas: ao dirigir com muita freqüência

sua atenção para as vítimas, o negociador poderá fazer com que os causadores da

crise acreditem ter mais poder em mãos do que realmente têm. Nessas condições, a

palavra reféns deve ser considerada como um tabu e, ao se referir àquelas pessoas,

nas conversações com os causadores da crise, o negociador deve utilizar

expressões eufêmicas, como, por exemplo: as pessoas que estão com você; os

funcionários do banco; e os homens e mulheres que estão aí.

g) Ser tão honesto quanto possível e evitar truques: A confiança

mútua é fundamental para o êxito da negociação. Para que essa confiança se

estabeleça, o negociador deve, desde os primeiros contatos com o transgressor,

estabelecer um clima de harmonia e sinceridade entre ambos. Se, porventura, o

detrator desconfiar que o negociador está mentindo ou procurando enganá-lo, a

negociação se tornará praticamente inviável, com possibilidades de ocorrer um

aumento de risco para os reféns, que poderão sofrer as conseqüentes represálias.

Caso isso aconteça, o negociador cairá no descrédito e deverá ser substituído em

definitivo.

h) Nunca deixar de atender qualquer exigência: O perpetrador da crise

está sob forte tensão emocional. Coisas que são triviais ou insignificantes para quem

está do lado de fora do ponto crítico podem ser de vital importância para ele.

Conseqüentemente, solicitações como cigarros, água, papel higiênico, ou qualquer

outra coisa semelhante, não custam ser atendidas e servem para manutenção do

bom relacionamento com o negociador, além de serem um bom pretexto para se

ganhar tempo.

i) Nunca dizer a palavra não: Por mais absurda ou exagerada que seja

uma exigência do perpetrador da crise, o negociador nunca deve responder não.

Essa resposta seca e direta pode provocar uma reação violenta do indivíduo,

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41

existindo inclusive registros de casos em que os negociadores, após proferirem a

negativa, receberam, como represália, tiros nas pernas ou até mesmo fatais. Essa

regra, contudo, não significa que o negociador vá dizer sim. Negociar não é

capitular. O negociador pode perfeitamente responder que entendeu e anotou a

exigência e que irá repassá-la para os demais policiais, para saber o que eles

decidirão. Essa tática demonstrará a boa vontade do negociador, que poderá até ser

visto pelos bandidos como seu intercessor junto às demais autoridades.

j) Procurar evitar a linguagem negativa: A linguagem tem por objetivo

a comunicação entre os seres humanos, portanto, quanto mais precisa for, melhor

será o resultado da comunicação. O que é a palavra não? Uma abstração. O não,

por si só, não diz nada; logo, o cérebro se fixa no que vem depois do não. O uso de

uma linguagem negativa provoca o comportamento que se quer evitar. O foco de

uma campanha deve estar no objetivo a ser alcançado e colocado em linguagem

afirmativa.As palavras nunca, evite e outras negativas têm o mesmo efeito de não.

k) Procurar abrandar as exigências: Esse é outro objetivo básico da

negociação. Se o causador da crise exigisse mundos e fundos e fosse atendido na

hora, não haveria necessidade de negociação nem de gerenciamento de crises. A

negociação existe para, entre outras coisas, tornar as exigências razoáveis. O

abrandamento das exigências pode ser paulatino, a começar pelo prazo. Assim, algo

que é exigido para o prazo de uma hora, pode ser prometido para duas ou três

horas, sob a alegação de uma dificuldade qualquer. Lembre-se de que os infratores

estão isolados do mundo e, por essa razão, não têm condições de avaliar se o

argumento ou pretexto alegados para a demora tem ou não fundamento.

l) Nunca estabelecer um prazo final e procurar não aceitar um: O

negociador não deve prometer que as exigências ou pedidos serão atendidos dentro

de determinado limite de tempo. Por exemplo: que a garrafa d'água gelada será

entregue dentro de dez minutos. Essa fixação de prazo oferece duas desvantagens:

A primeira é que se, por qualquer razão, o prazo não vier a ser atendido, isso poderá

causar desconfiança do infrator na palavra do negociador. A segunda é que, ao

estabelecer ou aceitar um prazo final, o negociador está traindo um dos objetivos da

negociação, que é ganhar tempo.

m) Não fazer sugestões alternativas: Se determinada exigência

não for possível de ser atendida, o negociador não deve fazer uma sugestão

alternativa, salvo se ela tiver a anuência do comandante da cena de ação. Tal

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42

cautela evita que o transgressor tenha uma imagem do negociador como alguém

inteiramente impotente ou irresponsável.

n) Não envolver não-policiais no processo de negociação: A

negociação, como integrante do processo de gerenciamento de crises, é assunto

policial, não sendo recomendável a interferência de terceiros.

o) Não permitir qualquer troca de reféns: principalmente não troque um

negociador por refém. Trata-se de uma das três recomendações doutrinárias acerca

da negociação. A troca de reféns em nada contribui para a solução definitiva do

evento crítico, acarretando sérios questionamentos de ordem moral, além de

proporcionar um aumento da tensão no interior do ponto crítico, devido à quebra da

proteção psicológica conferida pela chamada Síndrome de Estocolmo.

p) Evitar negociação cara a cara: É um risco que deve ser evitado, pois,

além de não trazer nenhum benefício prático à negociação, expõe o negociador,

que, durante os contatos com os causadores da crise, não deve portar a arma

ostensivamente. Os transgressores podem perfeitamente querer correr o risco de

capturar o negociador para ter um trunfo mais valioso nas suas negociações com a

Polícia. Assim sendo, é sempre aconselhável manter uma distância de pelo menos

dez metros nos contatos com os infratores. O negociador deve observar essa

recomendação, principalmente se estiver posicionado num mesmo plano de terreno

que os detratores ou não houver qualquer obstáculo físico que o separe deles.

3.2 INCIDENTES NEGOCIÁVEIS

Na maioria dos incidentes com reféns, o perpetrador apresenta suas

exigências, embora algumas não sejam negociáveis. Parte do trabalho do

negociador é testar os limites das exigências do perpetrador para ver se elas podem

ser negociáveis. Os comandantes de área irão freqüentemente contar com os

especialistas para ajudá-los a decidir se um incidente é negociável. Portanto,

negociadores precisam saber o que faz um incidente ser negociável e o que

necessita ser feito para torná-lo negociável. Segundo Souza (2000, p.23-29), o FBI

sugeriu seis características necessárias para um incidente tornar-se negociável. São

elas:

a) Deve haver vontade de viver por parte do perpetrador: Deve haver

um perpetrador que queira viver. Sem a necessidade de viver, a linha limite do

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43

negociador é removida. Profissionais de saúde mental definiram as necessidades

básicas que motivam a maioria das pessoas normais, incluindo a necessidade de

viver, a necessidade de pertencer (amar, participar e cooperar), a necessidade de

poder, a necessidade de liberdade e a necessidade de diversão. As necessidades

podem se conflitar entre si, mas geralmente a necessidade de sobreviver toma

prioridade sobre todas as outras. Essa prioridade de sobrevivência precisa dar aos

negociadores uma ferramenta de barganha poderosa. A ameaça à sobrevivência é

uma poderosa chamativa de atenção para a maioria das pessoas. As pessoas que

estão decididas a morrer, no entanto, não se sentem ameaçadas pela morte.

Preferem morrer a viver com o que chamam de dor insuportável. São pessoas

difíceis de negociar porque não sentem a necessidade de viver. Sem a necessidade

de viver, raramente há algo com o qual os negociadores podem barganhar.

b) Deve haver uma ameaça de força por parte das autoridades: Sem

uma ameaça de credibilidade, os perpetradores podem não ter nenhuma razão para

negociar, porque têm pouca coisa a perder. Em conjunção com a necessidade de

viver, a ameaça de força sempre dá ao negociador mais espaço; no entanto, a

ameaça tem que ser acreditável e as autoridades deverão ser vistas como tendo

força e poder para usá-la.

c) Deve haver exigências do perpetrador: Sem exigências, os

negociadores terão dificuldades para atuar. Sem exigência, não há negociações,

não há nenhuma instalação de um conflito. Pessoas deprimidas, freqüentemente,

exigirão só serem deixadas sozinhas. O FBI apontou que quando uma pessoa é

seqüestrada e não há exigências substantivas, não há nenhum refém, entretanto, há

uma vítima potencial. O perpetrador pode ter um número de motivos para tomar uma

pessoa em cativeiro sem exigências: extorsão, exploração sexual, homicídio,

homicídio-suicídio ou suicídio por policial. A falta de exigências é um indicador de

violência em potencial, no entanto, sem exigências, há ainda uma estratégia aberta

ao negociador. Ele pode utilizar metas de intervenção de crises, habilidades e

conhecimentos para negociar o incidente. Por exemplo, pessoas que estão

deprimidas, às vezes não fazem suas exigências explícitas, mas comunicam,

inconscientemente, a necessidade de alguma forma de ajuda. A escuta habilidosa e

a análise dos motivos da pessoa podem ajudar na solução do incidente.

d) Deve haver tempo para negociar: As negociações demandam tempo.

Sem tempo suficiente, uma relação não pode ser construída entre o negociador e o

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perpetrador, a inteligência não pode ser adquirida, as emoções não podem ser

diminuídas e os problemas não podem ser resolvidos. Se um dos lados não está

apto a deixar que o tempo passe, as negociações com sucesso são impossíveis.

e) Deve haver um canal de comunicação seguro entre o negociador e

o perpetrador: Um canal seguro de comunicações tem que existir entre o

perpetrador e o negociador. Por definição, negociação é o estabelecimento de

conflito entre conferência e discussão. Sem um canal de comunicação, não pode

haver discussão. Um canal de comunicação seguro implica a existência não só de

um equipamento de comunicação confiável, mas deve haver comunicadores

confiáveis. As pessoas devem falar a mesma linguagem, ter os significados das

palavras similares e usar a linguagem consistentemente. Negociadores e

perpetradores não só tem que falar a mesma língua, mas também tem que usar o

mesmo dialeto. A falta de um sentido comum para as palavras é uma das causas

críticas nas negociações com tipologias emocionalmente perturbadas. Elas

freqüentemente usam uma linguagem de uma forma única. O negociador deve ser

sensitivo ao significado pessoal das palavras para ter um claro canal de

comunicação. É interessante ter uma série de palavras às quais o perpetrador reaja

e o negociador não demore a entendê-las. Finalmente, é essencial para o

negociador lembrar-se de que quanto mais pessoas estiverem envolvidas em uma

comunicação, mais haverá espaço para a distorção. Negociar através de uma

terceira pessoa abre a possibilidade de uma mensagem não clara ser interpretada e

traduzida por uma pessoa adicional. Assim como naquele velho jogo de crianças,

em que se passa uma mensagem de uma pessoa para outra, de ouvido para ouvido,

a distorção é introduzida nesses casos. Os negociadores devem sempre conversar

com os perpetradores diretamente. Tanto o local quanto as comunicações do

incidente necessitam ser contidas para encorajar a negociação. O FBI apontou que

uma resposta com sucesso requer um desenvolvimento de táticas de equipe,

usando técnicas de bloqueio e contenção. O perpetrador precisa sentir os limites de

sua liberdade e até onde vai seu apoio social. Esta é uma razão para estabelecer

um perímetro mais compacto e para isolar as linhas telefônicas do perpetrador. Isto

força a que ele negocie com o negociador e que lhe dê uma chance de ser visto

como o melhor recurso para resolver o seu problema.

f) O negociador deve estar apto a negociar com o perpetrador,

tomando decisões rápidas: O negociador deve estar apto a negociar com o

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perpetrador que está tomando as decisões. Não há nenhum problema se o incidente

envolver só um perpetrador; no entanto, se houver mais de um, o negociador deve

identificar, logo no começo do processo, quem é que toma as decisões, só assim as

táticas podem ser desenvolvidas para o indivíduo certo. Não é bom analisar as

necessidades de uma pessoa e desenvolver maneiras de negociar com essas

necessidades, se a pessoa não é aquela que decide.

Na falta de qualquer uma destas seis características, a negociação torna-

se muito difícil, por isso podem ser usadas como um guia sobre o que precisa ser

feito para tornar um incidente negociável.

3.3 A EQUIPE DE NEGOCIAÇÃO

Descrevermos neste tópico, como é a composição de uma equipe de

negociação, suas atribuições e áreas de responsabilidade.

3.3.1 O Negociador

Como já citado anteriormente, a função do negociador é de extrema

importância, fazendo com que os policiais escolhidos sejam bem treinados e

dotados de características pessoais bem peculiares. Para Thomé (2001, p.22-23),

dentre essas características, destacam-se:

a) Conhecimento global da Doutrina de Gerenciamento de Crise;

b) Possuir maturidade emocional, aceitar ser exposto a abusos e

declarações insultuosas, sem respostas temperamentais;

c) Deve manter a serenidade quando os circundantes a tiverem perdido;

d) Deve ser um bom ouvinte e ter excelente habilidade como

entrevistador;

e) Deve ser o tipo de pessoa que facilmente conquiste credibilidade;

f) Deve ter habilidade para convencer os outros de que seu ponto de

vista é aceitável e racional;

g) Deve ter um raciocínio lógico, senso comum e ter experiência com o

trabalho policial nas ruas; e

h) Deve concordar com a Doutrina Básica da Negociação e, ainda, aceitar

o fato de que, se a negociação, por qualquer motivo, não prosperar e havendo risco

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para as pessoas envolvidas, deverá auxiliar na preparação da ação de assalto.

Além disso, também é exigido respeitabilidade e confiabilidade; espírito

de equipe; disciplina; autoconfiança e perspicácia.

Essa listagem constitui-se, no conjunto, aquilo que poderia ser

considerado como o perfil do negociador ideal.

Evidentemente, existirão muitos bons negociadores em que faltem

algumas dessas qualidades, mas é óbvio que algumas delas são essenciais, não

podendo faltar em nenhum negociador, como é o caso da respeitabilidade,

confiança, comunicabilidade, experiência profissional e conhecimento das técnicas

de negociação e da doutrina de gerenciamento de crise.

Segundo Souza (2000, p.36) são considerações para a seleção do

negociador: experiência de vida e de atividade policial de rua; boas habilidades de

ouvinte; bom entrevistador; boa oratória; trabalhar em grupo; estabilidade emocional

e psicológico; flexível; calmo em situações estressantes; não pertencer ao grupo

tático, mas conhecer ações táticas; e não deve ter responsabilidade de comando

durante os incidentes.

3.3.2 Equipe de Negociação

A função de negociador, além das habilidades inatas e do conhecimento

técnico, exige grande concentração no transcorrer de uma ocorrência com reféns

localizados.

Conforme já foi observado, é da natureza de uma ocorrência com reféns,

negociações longas, tensas e, conseqüentemente, desgastantes. Além do cansaço

físico, pode ocorrer o cansaço mental e, assim, a redução do desempenho do

negociador.

Dessa forma, é fundamental que o negociador não atue sozinho, mas

junto a uma equipe ou a um grupo de negociação. Um dos modelos de composição

bastante adequado para a realidade brasileira, nas situações de crises com reféns, é

o do FBI, tradicionalmente adotado por várias organizações policiais.

Segundo Thomé (2001, p.40), a sua constituição tem o negociador

principal, o negociador secundário ou reserva, o líder de negociação, o elemento de

ligação tática e o profissional da saúde mental, que, sinteticamente, executam as

seguintes atribuições:

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47

a) Negociador principal: fala com o suspeito e desenvolve as informações

de inteligência.

b) Segundo negociador: monitora as negociações; mantém relatório do

que ocorre de importante; fornece ao negociador principal tópicos para discussão;

fornece apoio emocional ao negociador principal e estará em condições de substituir

o negociador principal.

c) Líder de Negociação: monitora as negociações; será o elemento de

ligação com o gerente da crise e o comandante tático e fornece estrutura aos

negociadores.

d) Apoio de Inteligência: mantém os papéis com incidentes críticos; coleta

dados e informações essenciais e vigilância do quadro situacional.

e) Elemento de ligação tática: não precisa ser negociador, mas conhecer

os procedimentos e leva informações ao grupo tático e traz informação ao

negociador principal.

f) Profissional da saúde mental (consultor técnico): avalia o estado

mental do suspeito; recomenda técnicas de abordagens psicológicas; não negocia;

só fornece apoio; psicólogo ou psiquiatra; e deve ser treinado antes que faça parte

da equipe.

Existem erros comuns cometidos por grupos de negociação. São aqueles

oriundos de intercorrências nos procedimentos operacionais, no treinamento e nas

ações gerenciais, segundo Souza (2000, p.55), são eles:

a) Falta de comunicação entre o grupo de negociação e o grupo tático;

b) Ausência de confiabilidade entre os elementos operacionais;

c) Deficiência na obtenção de informação e divulgação;

d) Improvisação a reboque dos fatos e pressões;

e) Desconhecimento da avaliação de outros negociadores envolvidos;

f) Permitir que, preliminarmente, o negociador principal procure uma

negociação cara a cara;

g) Permitir que o consultor técnico se transforme em negociador principal;

h) Adotar normas de seleção e procedimentos inadequados;

i) Deficiência de negociadores suficientemente treinados;

j) Divergências não trabalhadas;

k) Ausência de debate interno;

l) Não treinar todos os membros da equipe;

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48

m) Falta de treinamento contínuo e atualizado;

n) Não realizar estudo de casos;

o) O líder do grupo não é qualificado para o manejo da negociação;

p) Permitir que o chefe do grupo tático assuma o controle da negociação;

q) Demonstrar instabilidade nas posturas assumidas;

r) Gerar intervenções excessivas (participação direta nas negociações);

s) Restringir as ações do negociador, limitando a sua atuação;

t) Desconhecer o processo gerencial participativo através do gabinete de

gerenciamento de crise; e

u) Deixar de observar as recomendações doutrinárias no processo da

negociação de crises com reféns.

3.4 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO

A negociação é quase tudo no gerenciamento de crises. O negociador

tem um papel de suma responsabilidade no processo de gerenciamento de crise,

sendo muitas as suas atribuições.

Faz parte das crises policiais recentes, no cenário brasileiro, a utilização

de religiosos, advogados, políticos, secretários de segurança pública e até

governadores como negociadores.

Essa tarefa de negociação não pode ser confiada a qualquer pessoa.

Dela ficará encarregado um policial com treinamento específico, denominado de

negociador.

O objetivo principal consiste em que a situação crítica seja resolvida com

a libertação dos reféns e a prisão dos causadores do evento, sem que haja perdas

de vidas humanas.

Os objetivos específicos são aqueles desenvolvidos pelas ações técnicas

do negociador, que possibilitam identificar os tomadores de reféns, diminuir a tensão

do ambiente, abrandar as exigências, fazer o tempo passar, buscar informações e

atuar taticamente para a invasão do ponto crítico.

3.4.1 Critérios de Ação na Negociação

Segundo Pacheco (2006, p.79-80), são os norteadores para o processo

Page 50: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

49

de negociação. A Doutrina de Negociação de Crises com Reféns recomenda três

critérios, a saber: critério da necessidade; critério da validade do risco; e o critério da

aceitabilidade legal, moral e ética.

a) Critério da necessidade: Toda e qualquer decisão só deve ser

adotada se for indispensável e deve responder à pergunta: Isto é realmente

necessário? Como exemplo, cita-se o caso do Centro Penitenciário Agrícola de

Goiás (CEPAGO), onde os tomadores de reféns pediram menos e receberam mais

do que exigiram. Forneceram mais alimentos do que foi pedido, a intenção era

manter os detratores calmos. No final, acabaram concedendo mais armas do que

eles exigiram inicialmente. (SOUZA, 2000)

b) Critério da validade do risco: Toda e qualquer decisão só deve ser

adotada se a possibilidade de reduzir a ameaça for maior que os perigos a correr.

Pode-se referenciar a ocorrência de Munique, Alemanha, 1972: a morte de um

policial, de todos os onze atletas e dos perpetradores. Tal risco assumido não foi

compensado pelo resultado.

c) Critério da aceitabilidade legal: Todo e qualquer ato ou decisão deve

estar amparado em lei, não cabendo, em nenhuma hipótese, justificar uma

ilegalidade praticada, por melhor que seja a intenção do administrador da crise. Não

cabe, portanto, crítica à Polícia que deixa de abater um captor, porque em

determinados momentos ele se expõe. Só se justifica tal atitude se houver a certeza

de que o delinqüente irá executar alguém. Escolheu-se o caso do ônibus 174, Rio de

Janeiro, ocorrência que teve, imediatamente, dos diversos técnicos de Polícia, das

mais variadas categorias políticas e profissionais, manifestações de críticas à infeliz

ação policial e sugestões quanto à melhor forma de eliminar anteriormente o

tomador de reféns.

d) Critério da aceitabilidade moral: Cada sociedade, cada instituição,

cada pessoa tem seus princípios morais. Ao administrador de crise não se permite

tomar decisões que contrarie princípios morais. Não se admite, por exemplo, o

atendimento de favorecimento sexual para os causadores do evento crítico.

e) Critério da aceitabilidade ética: Todas as sociedades e todas as

instituições têm seus princípios éticos. Não é ético um comandante determinar a seu

subordinado para que coloque em risco sua vida para distrair a atenção dos

causadores do evento crítico, como não seria ético aceitar voluntários ou determinar

que subordinados se coloquem como reféns substitutos de quem quer que seja. A

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50

vida de qualquer pessoa é valiosa, independente de sua idade, sexo, situação

econômica ou posição política.

3.4.2 Principais Fundamentos da Negociação

Segundo Pontes (2000, p.82-84), são eles:

a) Bons negociadores sabem como ler as necessidades do outro lado.

Comece por visualizar possíveis ganhos, não perdas.

b) Pratique para melhorar suas habilidades. Quando negociar, esteja

preparado para um acordo. Tenha clara suas prioridades: ceda em questões

secundárias.

c) Ser flexível é um sinal de força, não de fraqueza. Identifique os pontos

que são passíveis de acordo. Recolha toda informação relevante para a negociação.

Preste atenção na proposta feita pelo outro lado. Fale com pessoas que conhecem

quem está do outro lado.

d) Sua estratégia de negociação deve ser sempre simples e flexível. Além

das palavras, perceba o tom de voz das pessoas. Apresente propostas com o

mínimo possível de emoção.

e) Não comece a falar até que você tenha algo relevante para dizer.

f) Espere o outro terminar antes de responder. Solicite um tempo para

refletir sobre novas propostas. Ofereça primeiro pequenas concessões, talvez sejam

suficientes. Não ceda terreno, a menos que você receba algo em troca. Não atropele

itens para apressar a negociação.

g) Seja enérgico, mas não agressivo, ao firmar acordos. Use humor

quando for o caso, mas não tente ser esperto demais. Tente entender a hesitação

dos oponentes e acerte a ordem na qual as medidas negociadas devem ser

cumpridas.

h) Iniciar as tentativas de negociação com cautela. Procure ganhar tempo

pela negociação, considere o tomador de reféns parte igual na negociação e

direcione a disposição para a negociação.

i) Usar conversação aberta, real e sincera, não irritar o perpetrador. Ser

maleável, fazer ceder a tensão, criar disposição para o diálogo e não impor ofensas.

j) Deixar o tomador de reféns falar, mesmo sendo chavões. Demonstrar

interesse, repetindo fatos importantes. Demonstrar preocupação em ajudar.

Page 52: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

51

k) Exigir provas atuais que os reféns estão vivos. Concessões só depois

de autorizadas pelo comando da operação. O negociador não pode e não deve ser a

última instância de decisão.

l) Nunca encerrar a negociação. Não desistir, pois um pouco mais de

persistência pode inverter a situação e levar à rendição.

m) Conseguir informações através da negociação. Os meios de

comunicações eletrônicos são preferíveis aos contatos diretos, para não possibilitar

a tomada de mais reféns.

n) Tratar da segurança da escuta da negociação, para que não possa ser

ouvida por terceiros. O coordenador da equipe deve estabelecer contatos constantes

com o comando da operação.

o) Caso o negociador não consiga estabelecer um relacionamento

baseado na confiança, considerar substituição do mesmo.

p) Para que a negociação tenha sucesso, é necessário considerar os

detalhes sobre a tipologia do detrator, a maneira como executar a ação e os motivos

que estão por trás desta.

q) Em caso de haver pretensão de desencadear o assalto ou outra

alternativa tática, usar a negociação como desvio de atenção (distração). Em caso

de mudança de local, o grupo de negociação deve acompanhar, transferindo-se ao

novo local.

3.5 TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO

Cada parte ingressa na negociação com determinadas expectativas. O

movimento tático visa alterar esta expectativa, levando a outra parte a concluir que

suas suposições iniciais não eram realistas.

Cada parte tenta persuadir a outra com dois tipos básicos de alegações: a

de que a proposta apresentada é a melhor que se poderia oferecer e inexiste

alternativa no meio ambiente ou a de que a oferta é a melhor das existentes.

Na negociação, as principais armas são, basicamente, a oferta do que se

dispõe e os meios de persuasão, as quais tem de ser, habilmente, utilizadas no

tempo e no espaço. (SOUZA, 2000)

O aspecto principal da habilidade de negociação é o sentido de tempo, ou

seja, a capacidade de aproveitar as oportunidades que surgem ao longo do

Page 53: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

52

processo.

3.5.1 Tática Introdutória

Começar bem é fundamental para que o negociador obtenha êxito em sua

missão. Cabe ao negociador verificar o melhor momento para a abordagem,

utilizando os meios que julgar necessários. (PMPB, 2004)

O negociador terá em mente que jamais deverá conversar com o tomador

de reféns, estando este a lhe apontar uma arma de fogo. Esta é uma regra básica

que, se quebrada, pode letalizar o negociador e precipitar a ação tática.

O modo como vai ser desencadeada e adotada a tática de abordagem

pelo negociador deve ser respeitada, uma vez que ele pode gostar mais de

conversar olhando para o causador da crise ou pode preferir aparelhos de telefone.

A negociação cara a cara implica riscos que devem ser ponderados.

Respeitar os limites impostos e a firmeza do olhar, a tranqüilidade, a calma, o uso de

linguajar adequado e o tom de voz determinado são cuidados especialíssimos e que

causam impacto benéfico ao negociador.

Deve ficar claro, desde o início, que o negociador está ali para ajudar a

resolver a questão causada pelo perpetrador.

3.5.2 Tática de Tranquilização

É uma tática que está associada ao objetivo de diminuir a tensão do

ambiente, induzindo o tomador de reféns a um raciocínio prático, visualizando a

situação ao seu redor. (PMPB, 2004)

A primeira garantia do negociador é a de que a Polícia não vai invadir o

ponto crítico enquanto for possível conversar, desde que haja a contrapartida de que

o captor não vai agredir o negociador.

Este pacto de não-agressão harmoniza o ambiente e proporciona

condições favoráveis de negociação.

Um bom sistema para tranqüilizar o ambiente é o de fazer o tomador de

reféns falar bastante, pois, ao pensar e raciocinar, este afasta-se mentalmente do

problema em que está envolvido.

Page 54: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

53

As atitudes e o desembaraço do negociador e a sua condução do

processo, priorizando a organização de idéias e o pensamento coerente, será uma

constante numa crise bem gerenciada. Deve evitar movimentos bruscos, bem como

a utilização de palavras agressivas, pois estas provocam uma reação e colocam o

negociador no mesmo nível do criminoso.

3.5.3 Tática de Envolvimento

O objetivo é fazer o tempo passar, o que facilitará a instalação da

Síndrome de Estocolmo. Busca-se o envolvimento do perpetrador com algumas

manobras simples, como a de não dar uma resposta de pronto a um pedido,

argumentando que há uma dificuldade momentânea. (PMPB, 2004)

Tudo pode ser motivo para dilatação do tempo, enquanto a negociação

estiver prosseguindo e mostrando sinais de avanço. São exemplos clássicos de que

uma negociação evolui, a ausência de violência contra reféns, a diminuição de

ameaças e o fato de o tomador de reféns querer conversar.

3.5.4 Tática da Dissimulação

Os captores relutam em aceitar uma solução negociada, porque têm

consciência dos fatos anteriores. O negociador deve contornar a resistência,

afirmando que não importa o que aconteceu e sim o que acontecerá a partir daquele

momento. (PMPB, 2004)

O negociador deve tentar convencê-los de que o processo está

avançando muito bem e que todos estão ganhando com isto. Em qualquer caso, a

resposta negativa não deverá ser dada de imediato, argumentando o negociador

que precisa de mais tempo para poder preparar o atendimento. A tática da

dissimulação é preponderante nos acessos de raiva pelos quais passam os

perpetradores da crise.

As manifestações violentas devem ser toleradas e a mudança de assunto,

nestes casos, é recomendada para diminuir a tensão. Um ponto importante é não

deixar transparecer que os reféns são importantes para o negociador, mas, sim, que

este quer resolver a situação e que os reféns fazem parte do problema.

Page 55: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

54

3.5.5 Tática do Medo

É permanentemente utilizada durante o gerenciamento da crise. A

movimentação da Polícia produz uma sensação de aflição nos perpetradores. Deve

ser utilizada com eficiência para que dela possa ser tirado proveito na busca da

solução negociada. (PMPB, 2004)

Desde o primeiro contato, o negociador dirá que a Polícia não vai invadir,

mas eles devem saber que ela está ali e pode invadir. O negociador, assim, estará

fortalecido, pois, ele é a maior garantia de que não haverá solução extrema.

A habilidade do negociador é justamente demonstrar que ele é mais

importante que os reféns e, ao mesmo tempo, pressioná-los de todas as maneiras,

sem aumentar a tensão do ambiente e exercendo um cerrado controle de suas

emoções, mantendo-os e fazendo-os sentirem-se completamente isolados do

mundo. Buscar mecanismos que proporcionem situações que repercutam cansaço

físico e mental são exemplos comumente utilizados.

O negociador deverá, sempre que possível, afirmar que todos estão

ganhando com a conversa ou que a história registra que as situações semelhantes

foram resolvidas por acordos efetivamente cumpridos pela polícia. O negociador é

um manipulador nas situações de incerteza.

3.6 A NEGOCIAÇÃO NA PMAL: O CENTRO DE GERENCIAMENTO DE CRISES,

DIREITOS HUMANOS E POLÍCIA COMUNITÁRIA

Em 1996 começa, em Alagoas o processo de mudança. Sonhadores, da

Anistia Internacional, acreditavam numa parceria que poderia ser formada pela

Polícia Militar e aquela entidade, para promover os Direitos Humanos no Estado de

Alagoas. Daí surge um convênio entre as duas instituições e tem início o primeiro

Curso de Direitos Humanos da Corporação, com duas turmas sendo uma para

oficiais e outra para subtenentes e sargentos.

Em 1997, através da Portaria Nº 015/97-CG de 30 de abril de 1997, a

Comissão Central de Direitos Humanos (CCDH/PMAL), com a finalidade de

assessorar o Comando Geral da Corporação em assuntos específicos de Direitos

Humanos; Promover políticas internas de divulgação, conscientização e informação

Page 56: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

55

sobre Direitos Humanos; Desenvolver programas de aconselhamento e

acompanhamento de policiais militares envolvidos em aspectos relacionados à

violação de Direitos Humanos.

No ano de 1999, assume o Comando Geral da PMAL, o Cel PM Ronaldo

dos Santos com a meta de transformar a Polícia Militar numa Polícia Cidadã, tendo

como uma de suas ações a efetivação da Comissão Central de Direitos Humanos

nas operações de cumprimento dos Mandados Judiciais de Reintegração de Posse.

A experiência torna-se um sucesso estabelecendo uma mudança de postura da

Polícia Militar de Alagoas no tocante ao relacionamento com os trabalhadores rurais,

seguindo o que preconiza a Constituição Federal, em que se deve primar pela

solução pacifica dos conflitos e a manutenção do maior bem tutelado pelo Estado

Democrático de Direito: a Vida.

Com o resultado das ações, a Corregedoria Geral de Justiça, chega ao

entendimento, exarado através do Provimento nº 11/99, que os Mandados Judiciais

de Reintegração e Manutenção de Posse no Estado de Alagoas, devem ser

enviados para a Polícia Militar, a Secretaria de Segurança Publica, e para o

Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e que por determinação do

Exmo Sr Governador do Estado, caberia à Comissão Central de Direitos Humanos

da Polícia Militar, dar suporte ao cumprimento de tais Mandados, contando para isso

com o acompanhamento do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e

do Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Alagoas, que vêem dando

uma parcela de colaboração importante na execução deste trabalho.

Devido o êxito destas ações e o referencial da CCDH/PMAL, junto a

Comunidade, os serviços da Comissão têm sido solicitados pela justiça e pela

sociedade civil organizada no trabalho de Imissão de Posse de imóveis do Sistema

Financeiro da Habitação. A CCDH/PMAL participou destas ações no conjunto

residencial Osman Loureiro, onde conseguiram junto com a comunidade, soluções

pacificas para o problema de conotação social e, com isso, até as reintegrações

foram desta maneira.

Por conta destes e outros meritórios trabalhos, a CCDH/PMAL foi indicada

pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos para o Prêmio Nacional de

Direitos Humanos, promovido pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Em Março de 2001 a CCDH/PMAL é convidada para integrar o Fórum de

Defesa da Criança e do Adolescente, que, idealizado pela Fundação Municipal de

Page 57: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

56

Apoio da Criança e do Adolescente e Secretaria Municipal de Cidadania de Maceió,

com o propósito de diminuir os índices de ocorrências de atos inflacionais e situação

de risco social dos meninos e meninas de e/ou na rua de Maceió. A CCDH/PMAL

propõe a formação de agentes sociais, a exemplo dos agentes de saúde trabalhar

estas questões próximo deste público, como parte das comemorações da semana

de Tiradentes, a Comissão, apresenta em parceria histórica com o Movimento

Nacional de Meninos e Meninas de Rua, numa reunião solene, convocada pelo

comandante do Comando do Policiamento da Capital, o Projeto de Capacitação de

Policiais Militares na Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Em 19 de abril de 2001, é aprovada pela Assembléia Legislativa de

Alagoas a nova lei de Organização Básica da PMAL, onde a Comissão Central de

Direitos Humanos passa a ser denominada de Centro de Gerenciamento de Direitos

Humanos e Polícia Comunitária da PMAL - CGCDHPC, passando oficialmente a ser

órgão de assessoria do Comandante Geral, onde além de gerenciar a política de

direitos humanos da Corporação passa a conduzir também a da Polícia Comunitária.

Page 58: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

57

4 ANÁLISE E INTERPETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Desenvolvemos nossa pesquisa de campo, com a aplicação de

questionários (100 no total) para policiais militares da área operacional, sendo 70

(setenta) para oficiais pertencentes ao Comando de Policiamento da Capital (CPC) e

30 (trinta) para oficiais do Comando do Policiamento do Interior (CPI), escolhidos de

forma aleatória, quanto à capacitação em negociação em ocorrências de alta

complexidade. Os questionários foram aplicados no período de 06 a 30 de junho de

2011.

Fonte: Os Autores

Analisando o gráfico 1, verificamos que 98% dos entrevistados afirmam

ser o policial militar o profissional mais preparado para intervir em uma situação de

crise, enquanto apenas 2% afirmam ser o policial civil. Isto demonstra claramente

que sob a ótica dos entrevistados a polícia militar se encontra mais preparada para

administrar ocorrências de alta complexidade.

Tal informação é corroborada por Pacheco (2006, p.11), onde afirma que

a Polícia Militar é o primeiro órgão a chegar na ocorrência e por ter a vivência da

ostensividade e da operacionalidade, seria o órgão mais indicado para o

atendimento e gerenciamento de ocorrências de alta complexidade.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

POLICIAL MILITAR POLICIAL CIVIL

98%

2%

GRÁFICO 1 – OPINIÃO SOBRE QUAL PROFISSIONAL CONSIDERA MAIS QUALIFICADO PARA INTERVIR EM UMA SITUAÇÃO DE CRISE –

PMAL/2011

Page 59: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

58

Fonte: Os Autores

Analisando o gráfico 2, verificamos que 94% dos entrevistados acham

muito importante a participação do negociador nos eventos de crise, enquanto 6%

acham importante, isto demonstra a consciência de nossos policiais quanto à

solução negociada em qualquer ocorrência de crise.

Pontes (2000, p.2), afirma que a negociação é a “rainha das alternativas

táticas”, sendo então o negociador um dos mais importantes elementos dentro de

um cenário de crise.

Fonte: Os Autores

0% 20% 40% 60% 80% 100%

MUITO IMPORTANTE

IMPORTANTE

94%

6%

GRÁFICO 2 – OPINIÃO SOBRE O GRAU DE IMPORTÂNCIA DO NEGOCIADOR EM UMA SITUAÇÃO DE CRISE – PMAL/2011

41%

24%

19%

16%

GRÁFICO 3 - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS QUE SE ENVOLVEU QUE NECESSITASSE O EMPREGO DE EQUIPE DE GERENCIAMENTO DE CRISE –

PMAL/2011

1 A 3

4 A 6

7 A 9

MAIS DE 9

Page 60: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

59

Analisando o gráfico 3, verificamos que 41% dos entrevistados se

envolveram entre 1 a 3 ocorrências em que necessitaram de equipe de

gerenciamento de crises, enquanto 24% se envolveram de 4 a 6 ocorrências, 19%

entre 7 e 9 ocorrências e 16% se envolveram em mais de 9 ocorrências. Isto

demonstra que a amostra teve contato direto com ocorrências de crise e verificaram

a necessidade da equipe de negociação.

Para Pontes (2000, p.4), quanto maior o envolvimento em ocorrências,

melhor se adquire experiência, que deve sempre estar aliada ao treinamento.

Fonte: Os Autores

Analisando o gráfico 4, verificamos que 40% dos entrevistados

encontram-se pouco satisfeitos quanto ao planejamento das ações policiais em que

se debela uma crise, enquanto 28% encontram-se insatisfeitos, 19% satisfeitos e

13% muito satisfeitos. Isto demonstra que ainda há deficiência de organização por

parte da PMAL, para organização de cenários de crise e delineamento de ações.

Para Pacheco (2006, p.22), a falta de planejamento é um dos pontos

cruciais para o insucesso das ocorrências de alta complexidade, uma ocorrência que

começa corretamente terá grandes possibilidades de terminar com êxito.

13%

19%

40%

28%

GRÁFICO 4 - GRAU DE SATISFAÇÃO QUANTO AO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES POLICIAIS PARA O ENFRENTAMENTO EM SITUAÇÕES DE CRISE –

PMAL/2011

MUITO SATISFEITO

SATISFEITO

POUCO SATISFEITO

INSATISFEITO

Page 61: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

60

Fonte: Os Autores

Analisando o gráfico 5, verificamos que 56% dos entrevistados acham

muito importante a aplicação da disciplina gerenciamento de crises na formação do

policial militar, enquanto 33% acham importante e apenas 11% acham pouco

importante. Isto demonstra que a amostra acha necessária a incrementação da

disciplina dentro dos currículos de formação do policial militar. A capacitação é o

recurso para se evitar tristes desfechos em ocorrências de crise. (PACHECO, 2006)

Fonte: Os Autores

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

MUITO IMPORTANTE

IMPORTANTE

POUCO IMPORTANTE

56%

33%

11%

GRÁFICO 5 - GRAU DE IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA DE GERENCIAMENTO DE CRISES PARA A FORMAÇÃO DOS POLICIAIS

MILITARES – PMAL/2011

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

SIM NÃO

24%

76%

GRÁFICO 6 – OPINIÃO SOBRE COMO AGENTE APLICADOR DA LEI SABERIA AGIR FRENTE A UMA SITUAÇÃO QUE NECESSITE DE TÉCNICAS

DE GERENCIAMENTO DE CRISES – PMAL/2011

Page 62: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

61

Analisando o gráfico 6, verificamos que 76% dos entrevistados não

saberiam se comportar num cenário de crise, enquanto 24% disse que saberiam

como se comportar em tal situação.

Isto demonstra que ainda há uma clara deficiência quanto ao

delineamento de missões e responsabilidades dentro de um cenário de crise, e a

falta de organização não ajuda ao gerente da crise em organizar o cenário e a

distribuição de atribuições (PACHECO, 2006).

Fonte: Os Autores

Analisando o gráfico 7, verificamos que 76% dos entrevistados só tiveram

contato com assuntos referentes a gerenciamento de crises durante a sua formação,

enquanto 11% tiveram em cursos de especialização e 13% nunca tiveram contato

com o assunto. Isto demonstra que falta uma política de especialização mais

contundente quanto ao assunto gerenciamento de crises e negociação.

Para Pacheco (2006, p. 2), todo o processo de gerenciamento de crises

se inicia com uma eficiente capacitação, uma tropa preparada e conhecedora da

doutrina chegará a um cenário de crise e saberá como se comportar.

76%

11%

13%

GRÁFICO 7 – SITUAÇÃO EM QUE RECEBEU ALGUMA INSTRUÇÃO A RESPEITO DAS OCORRÊNCIAS NO GERENCIAMENTO DE CRISES –

PMAL/2011

DURANTE A FORMAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

NUNCA

Page 63: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

62

Fonte: Os Autores

Analisando o gráfico 8, verificamos que 73% desconhecem totalmente a

existência de regulamentação de procedimentos para administração de ocorrências

de vulto, 11% desconhecem e apenas 16% conhecem totalmente. Isto demonstra

ainda uma falta de disseminação de conhecimentos, principalmente no que diz

respeito a padronização, algo importante no gerenciamento de qualquer crise.

Para Pontes (2000, p.11), todo organismo policial deverá ter sua

regulamentação própria para o atendimento de ocorrências de alta complexidade, e

esta regulamentação deve obedecer à doutrina profundamente divulgada dentro da

Corporação.

16%

11%

73%

GRÁFICO 8 - GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE A EXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO QUE ESTABELECE PROCEDIMENTOS A SER

ADOTADO EM OCORRÊNCIA DE VULTO – PMAL/2011

CONHEÇO TOTALMENTE

DESCONHEÇO

DESCONHEÇO TOTALMENTE

Page 64: Pmal - Apmsam - Monografia Tcel Elvandro Maj Ascanio

63

CONCLUSÃO

As abordagens fundamentais realizadas neste trabalho destacaram a

relevância que ocupa, entre as diversas atividades do homem no mundo atual,

àquelas voltadas em maior ou menor grau à administração de situações críticas,

quando um ser, ou grupo humano, ou instituições depara-se com ameaças e há

necessidade de respostas imediatas e eficazes à sobrevivência deles. Entre aquelas

atividades, as das instituições de segurança sobressaem-se como as mais

complexas e difíceis, justamente, por constituir-se em constante administração de

Crises; atuando, continuamente, nos conflitos, tensões e situações de ameaça à

liberdade, ao patrimônio e à vida.

Os profissionais de polícia, em todos os níveis, convivem diuturnamente

com situações de perigo para si e para outrem. Essa verdade inquestionável

justifica, por si só, a necessidade de capacitação e treinamento de todos os escalões

das instituições policiais para a administração de incidentes críticos, incluindo-se

desde o atendimento de brigas, embriaguez, prisão de delinqüentes, combate a

incêndios, salvamentos, controle de perturbações da ordem, assaltos, acidentes

graves, seqüestros ou outras Crises com reféns.

Considerando-se que os integrantes da instituição policial militar, em

qualquer nível, constituem-se detentores do poder de polícia, o processo de

gerenciar Crise, em todas as suas etapas, precisa assegurar a excelência

institucional, requisito prioritário para o desempenho das atividades plenas de

segurança.

Todos os policiais detentores da doutrina de Gerenciamento de Crises

têm a missão especial de transmiti-la de forma integral para os demais componentes

da Instituição, visando o aprimoramento de técnicas de persuasão e mediação como

forma incontestável de preservação de vidas.

Outro ponto importante e de fundamental importância é a atualização dos

currículos vigentes, não só nas instituições de Ensino da Polícia Militar, como

também nos demais órgãos que compõem a estrutura da segurança Pública de

nosso Estado, sendo inteiramente justificada a introdução de uma disciplina que

trate de Negociação em Crises nos currículos mínimos de formação,

aperfeiçoamento e especialização dos profissionais de segurança Pública, sem

distinção hierárquica e contemplando a possibilidade sempre presente, de que esse

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profissional, mesmo no início de sua carreira, veja-se responsabilizado pela

condução dos trabalhos em um evento crítico qualquer.

O tema não é novo na Corporação, mas manifesta entendimentos

diversos ao seu respeito, contudo a necessidade de aprimorar e desenvolver o

conhecimento a ele relacionado foi uma manifestação significativa e emergente. Os

desdobramentos a respeito da competência, o envolvimento de autoridades, da

mídia e dos próprios policiais, possuem um alcance limitado e que merece uma

especial atenção, vez que a qualquer momento uma nova crise pode eclodir e a

corporação não estar devidamente estruturada para enfrentar tecnicamente o caso.

Diante das limitações desta pesquisa, demonstradas pela complexidade

que envolve o tema, apesar de constar neste trabalho uma gama de informações

considerável, constata-se a necessidade de maior investigação de suas

particularidades. Assim, na proposição de futuros estudos, mais abrangentes ou

mais específicos, sugerem-se:

1) Um estudo sobre os currículos dos cursos de formação e

especialização da Polícia Militar, com vistas a inserir este tema no conhecimento

policial;

2) Um estudo sobre a forma mais eficiente de difundir os conhecimentos

básicos de gerenciamento de crise, indispensáveis a todos os policiais militares que

comandam e executam a atividade de polícia ostensiva;

3) Uma avaliação detalhada das normas da atuação policial no que se

refere não apenas às relacionadas ao gerenciamento de crise, mas às que tratam de

“operações especiais”, vez que a disseminação de pequenos núcleos com

características de grupos táticos, sustentados em doutrinas diversas e ministrados a

partir de bases curriculares não aprovadas pela corporação podem conduzir a

conseqüências irreversíveis.

Os parâmetros deste trabalho foram centrados na doutrina de

gerenciamento de crises do FBI, que foi adotada nacionalmente e teve como

Corporação pioneira em sua disseminação a Polícia Militar de São Paulo.

Nosso Estado não ficou alheio a doutrina, e como prova disso,

elaboramos um plano específico para tratar do assunto negociação, conforme se

apresenta no Anexo A, bem como normatizamos o atendimento em ocorrências de

alta complexidade na área do Comando do Policiamento do Interior (CPI), conforme

se apresenta no Anexo B.

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Outra proposta que seria de uma facilitação operacional ímpar seria a

criação de um Gabinete de Gerenciamento de Crise na estrutura da Secretaria de

Estado de Defesa Social (SEDS), composto por integrantes de todas as instituições

policiais do Estado, com o objetivo de atender eventos críticos, tais como, motins em

presídios, assaltos com reféns, seqüestros, atos de terrorismo, tentativas de suicídio,

ocupação ilegal de terras, bloqueio de estradas, dentre outras ocorrências de vulto,

que surpreendam as autoridades e exija uma postura imediata das mesmas, com

emprego de técnicas especializadas, uma normatização para a ação deste gabinete.

Este gabinete contaria com negociadores qualificados de todas as instituições

componentes da SEDS, onde estas instituições policiais manteriam um grupo de

profissionais previamente designado, que seria acionado em situações de crise, o

que, além de facilitar o entrosamento entre os membros do grupo, mostra-se

eficiente na definição do papel de cada um dos participantes da equipe de

gerenciamento, facilitando sobremaneira a resolução do evento crítico.

Com o escopo de fomentar tal possibilidade, sugerem-se as seguintes

medidas complementares, além das já citadas anteriormente, no âmbito de

Secretaria de Estado de Defesa Social:

1) Estabelecer uma doutrina de atuação em situações de crise, de acordo

com os princípios legais e, principalmente, que se melhore o entrosamento entre as

forças policiais.

2) Catalogar as crises e criar o campo de análise de informações sobre

eventos críticos, para obter o melhor conhecimento da administração das

ocorrências.

3) Propiciar condições para que as organizações policiais possam

preparar e manter grupos especiais de polícia para atuar nas negociações e resgate

de reféns, explicitando de forma clara a responsabilidade de cada órgão.

4) Desenvolver estágios de preparação dos executivos de polícia para o

gerenciamento de ocorrências críticas e principalmente, preparação de

negociadores.

5) Elaborar manuais sobre o assunto para que os grupos especiais de

polícia preparem-se melhor, pois há carência de literatura técnica acessível sobre o

assunto.

6) Estender os conhecimentos das técnicas de gerenciamento de crises

aos diretores de presídios, promotores e juízes.

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7) Pesquisa e acompanhamento incessante do assunto, para não ser

surpreendido com situações que comprometam a imagem e a credibilidade da

organização policial.

Finalmente, deve-se reconhecer que esta obra não esgota o assunto, que

pode ser complementada por outros autores que venham desenvolver uma pesquisa

de igual natureza, para que assim seja oferecida melhor contribuição para a

Corporação, na sua caminhada histórica, fazendo-a cada vez mais sensível aos

anseios da sociedade, através de um trabalho sério, abnegado e de total integração

de seus componentes.

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REFERÊNCIAS

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______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Distrito Federal, 1998.

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CABRAL, Paulo Cezar S. O sistema de defesa social - Aprendendo a gerenciar crises. Salvador: PMBA, 1996.

CAVALCANTE, Dário C. B. & LIMA, Manoel V. de. Proposta de Criação de um Gabinete de Gerenciamento de Crises para o Atendimento de Eventos Críticos na Estrutura da Segurança Pública. Alagoas: Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello, Monografia do Curso Superior de Polícia, CSP, 2005.

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PMMG. Apostila de Curso de Negociador – Teoria Geral da Negociação. Belo Horizonte: PMMG, 2000.

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VAZ, R. Toledo. Gerenciamento de crise no contexto da Segurança Pública. São Paulo: Atlas, 2001.

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APÊNDICE QUESTIONÁRIO

POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS

DIRETÓRIA DE ENSINO ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DE LAGOAS SENADOR ARNON DE MELLO

CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA – 2011

RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA: TC QOC PM – ELVANDRO OMENA MORAES

Maj QOC PM – ASCÂNIO CASADO DE ARAÚJO LIMA NETO 1. Quem você considera mais qualificado para intervir em uma situação de crise? ( ) Policial Militar ( ) Policial Civil ( ) Parente da Vítima ( ) Político ( ) Outros 2. Qual o grau de importância do negociador em uma situação de crise? ( ) Muito importante ( ) Importante ( ) Pouco importante ( ) Sem importância 3. Indique o número de ocorrências que você se envolveu que necessitasse gerenciamento de crise? ( ) 1-3 ( ) 4-6 ( ) 7-9 ( ) Mais de 9 4. Indique o seu grau de satisfação quanto ao planejamento das ações policiais para o enfrentamento em situações de crise? ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Parcialmente satisfeito ( ) Insatisfeito ( ) Totalmente insatisfeito 5. Qual a importância da disciplina de gerenciamento de crises para a formação dos Policiais Militares? ( ) Muito importante ( ) Importante ( ) Pouco importante ( ) Sem importância 6. Como agente aplicador da Lei você saberia agir frente a uma situação que necessite gerenciamento de crise? ( ) Sim ( ) Não

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7. Já recebeu alguma instrução a respeito das ocorrências no gerenciamento de crises? ( ) Sim, durante a formação ( ) Sim, em curso de especialização ( ) Sim, nas instruções diárias ( ) Nunca 8. Grau de conhecimento sobre a existência de regulamentação que estabelece procedimentos a ser adotado em ocorrência de vulto? ( ) Conheço totalmente ( ) Conheço ( ) Conheço parcialmente ( ) Desconheço ( ) Desconheço totalmente