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 APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Público s  Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização  1 Geografia Categorias de análise geográfica: território, paisagem e espaço geográfico. Cartografia: utilidade das cartas básicas (bases cartográficas) e das cartas temáticas. Geografia física: climas da Terra, do Brasil e dinâmica climática do Paraná; geologia, relevo e solos do Brasil e do estado do Paraná; águas continentais; oceanos: produtividade marinha e mares territo- riais; os biomas terrestres, brasileiros e a vegetação do estado do Paraná. Geografia humana: fatores de crescimento da população e teorias demográficas; distribuição e estrutura da população brasileira; diversidade étnica mundial; nacionalismo e separatismo; urbaniza- ção, redes urbanas, hierarquia das cidades; migrações internacio- nais e migrações internas. Geografia econômica e política: atividades agropecuárias e siste- mas agrários no Paraná, no Brasil e no mundo; atividades industri- ais no Paraná, no Brasil e no mundo; os blocos econômicos, a multipolaridade mundial; o comércio mundial; as fontes de energia e a produção de energia. Países capitalistas desenvolvidos, em desenvolvimento e não de- senvolvidos; países socialistas; o terrorismo no mundo atual. Problemas ambientais: erosão e poluição dos solos; poluição da atmosfera e alterações do clima local (clima urbano, ilha de calor) e do clima da Terra (efeito estufa, destruição da camada de ozônio, (chuvas ácidas); poluição das águas (eutrofização, poluição das águas doces); destruição da cobertura vegetal, desmatamento; unidades de conservação e a preservação dos ecossistemas e da flora e da fauna brasileira e paranaense. Categorias de análise geográfica: território, paisagem e espaço geográfico. Espaço geográfico e território: conceitos-chave para a Geografia O objetivo neste capítulo é definir as concepções de espaço geográfico e território adotadas no trabalho. Apresentar essas definições em primeiro lugar permite que nossas exposições sejam mais claras aos leitores quando utilizamos esses dois conceitos, pois ambos dão suporte à proposta da Cartografia Geográfica Crítica e às análises da questão agrária brasileira. O espaço geográfico A abordagem do conceito de espaço pela filosofia e pela física é ponto de partida para a maioria dos autores que contribuíram para o estabeleci- mento do conceito de espaço geográfico. Na busca por um objeto particular de estudo, as construções epistemológicas em Geografia têm sido desen- volvidas no sentido de construir um conceito abrangente de espaço geográ- fico que compreenda a diversidade das pesquisas Geográficas. Nosso ponto de partida, assim como o de diversos autores geógrafos que trabalharam na construção do conceito de espaço geográfico, é o trabalho de Henri Lefebvre The production of space  (La production de l’espace) (1992 [1974]). A essência desse trabalho é a proposição do espaço social como produto das relações sociais de produção e reprodução e, ao mesmo tempo, como suporte para que elas aconteçam. Lefebvre trabalha com espaço social e os autores geógrafos utilizaram este conceito para, a partir de uma interpretação geográfica, propor o conceito de espaço geográfico. Esses dois conceitos (espaço social e espaço geográfico) são elaborados a partir da compreensão dos mesmos elementos da realidade; o que os diferencia é a forma como as relações sociais e os objetos são enfatizados. Vejamos as principais proposições de Lefebvre quanto ao conceito de espaço social. Para Lefebvre (1992 [1974]) “o espaço (social) é um produto (social)” (p.26). Este espaço compreende as relações sociais e não pode ser resu- mido ao espaço físico; ele é o espaço da vida social. Sua base é a natureza ou espaço físico, o qual o homem transforma com seu trabalho. Lefebvre afirma que a natureza não produz, ela cria; somente o homem é capaz de produzir através do trabalho. A natureza “provê recursos para uma ativid a- de criativa e produtiva” (p.70) desempenhada pelo homem. O esp aço social para Lefebvre contém dois tipos de relações a partir das quais o homem interage/modifica a natureza: “1) as relações sociais de reprodução, isto é, as relações bio-psicológicas entre os sexos e entre os grupos etários, junto com a organização específica da família e 2) as relações de produção, ou seja, a divisão do trabalho e sua organização na forma de funções sociais hierárquicas.” (p.32). Lefebvre propõe que a produção do espaço ocorre partir de três elementos: 1) prática social (espaço percebido pelos indiví- duos), 2) representações do espaço (espaço concebido por cientistas, engenheiros, planejadores etc.) e 3) espaço representacional (espaço diretamente vivido pelos indivíduos). Lefebvre considera que o modo de produção vigente em cada socieda- de é determinante para a produção do espaço. Cada modo de produção tem como resultado uma produção espacial diferente, de forma que o espaço é produzido pelo processo de produção e, ao mesmo tempo, dá suporte ao seu desenvolvimento. O espaço social agrupa as coisas produ- zidas e envolve suas inter-relações; ele permite ações de produção e consumo. O espaço social inclui objetos naturais e sociais, os quais são também relações. Os objetos possuem formas, mas “o trabalho social os transforma, reorganizando suas posições dentro das configurações espaço- temporais sem afetar necessariamente suas materialidades, seus estados naturais.” (p.76), ou seja, altera sua fu nção sem alterar sua forma. “Tempo e espaço são inseparáveis [..], espaço implica em tempo e vice versa” (p.118). Quanto à análise do espaço social, Lefebvre afirma que é “metodolog i- camente e teoricamente relacionada a três conceitos gerais: forma, estrutu- ra e função” (p.147), sendo que a “análise formal e funcional não elimina a necessidade de considerar escala, proporção, dimensão e nível. Isso é tarefa da análise estrutural, a qual é relacionada com relações entre o todo e as partes, entre os níveis ‘micro’ e ‘macro’.” (p.158). Em Espacio y Política (1976) Lefebvre afirma que Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instru- mentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estaria essencialmente vinculado com a produção das relações (sociais) de produ- ção. (p.34).  Em suma, podemos identificar as seguintes proposições em Lefebvre (1992 [1974]) que contribuem para a formulação do conceito de espaço geográfico: a) o espaço não é algo dado, ele é produzido pelo homem a partir da transformação da natureza pelo seu trabalho; b) as relações sociais são constituintes do espaço e é a partir delas que o homem altera a natureza; c) as relações sociais de produção, consumo e reprodução (soci- al) são determinantes na produção do espaço; d) o espaço deve ser estu- dado a partir das formas, funções e estruturas, e e) novas relações podem dar funções diferentes para formas preexistentes, pois o espaço não desa- parece, ele possui elementos de diferentes tempos. Os geógrafos encontraram nessas proposições de Lefebvre a base pa- ra a construção do conceito de espaço geográfico (objeto de estudo da Geografia) que permitisse a inserção e consolidação da Geografia como ciência social. Para o estabelecimento do conceito de espaço geográfico foi necessário “geogr afizar” essas proposições de Lefebvre, ou seja, operaci o- nalizá-las no contexto das teorias e práticas próprias da Geografia. Milton Santos, na obra  A natureza do espaço  (2002 [1996]), apresenta a proposta de uma teoria geográfica do espaço que comporta elementos propostos por Lefebvre, porém não se limita a eles. Santos (2002 [1996]) traz esses elementos para a Geografia e apresenta o conceito de espaço geográfico que adotamos neste trabalho. Milton Santos (2002 [1996]) propõe que o espaço geográfico é “form a- do por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá.” (p.63, grifo no sso). Para o autor, a natureza é a origem, ela provê as coisas, as quais são transfor- madas em objetos pela ação do homem através da técn ica. “No princípio, tudo eram coisas, enquanto hoje tudo tende a ser objeto, já que as próprias coisas, dádivas da natureza, quando utilizadas pelos homens a partir de um conjunto de intenções sociais, passam, tam bém, a ser objetos.” (p.65). Para

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 1

Geografia Categorias de análise geográfica: território, paisagem e espaçogeográfico.Cartografia: utilidade das cartas básicas (bases cartográficas) e dascartas temáticas.Geografia física: climas da Terra, do Brasil e dinâmica climática doParaná; geologia, relevo e solos do Brasil e do estado do Paraná;

águas continentais; oceanos: produtividade marinha e mares territo-riais; os biomas terrestres, brasileiros e a vegetação do estado doParaná.Geografia humana: fatores de crescimento da população e teoriasdemográficas; distribuição e estrutura da população brasileira;diversidade étnica mundial; nacionalismo e separatismo; urbaniza-ção, redes urbanas, hierarquia das cidades; migrações internacio-nais e migrações internas.Geografia econômica e política: atividades agropecuárias e siste-mas agrários no Paraná, no Brasil e no mundo; atividades industri-ais no Paraná, no Brasil e no mundo; os blocos econômicos, amultipolaridade mundial; o comércio mundial; as fontes de energia ea produção de energia.

Países capitalistas desenvolvidos, em desenvolvimento e não de-senvolvidos; países socialistas; o terrorismo no mundo atual.Problemas ambientais: erosão e poluição dos solos; poluição daatmosfera e alterações do clima local (clima urbano, ilha de calor) edo clima da Terra (efeito estufa, destruição da camada de ozônio,(chuvas ácidas); poluição das águas (eutrofização, poluição daságuas doces); destruição da cobertura vegetal, desmatamento;unidades de conservação e a preservação dos ecossistemas e daflora e da fauna brasileira e paranaense.

Categorias de análise geográfica: território, paisagem e espaçogeográfico.

Espaço geográfico e território: conceitos-chave para a Geografia 

O objetivo neste capítulo é definir as concepções de espaço geográficoe território adotadas no trabalho. Apresentar essas definições em primeirolugar permite que nossas exposições sejam mais claras aos leitores quandoutilizamos esses dois conceitos, pois ambos dão suporte à proposta daCartografia Geográfica Crítica e às análises da questão agrária brasileira.

O espaço geográfico 

A abordagem do conceito de espaço pela filosofia e pela física é pontode partida para a maioria dos autores que contribuíram para o estabeleci-mento do conceito de espaço geográfico. Na busca por um objeto particular de estudo, as construções epistemológicas em Geografia têm sido desen-volvidas no sentido de construir um conceito abrangente de espaço geográ-fico que compreenda a diversidade das pesquisas Geográficas.

Nosso ponto de partida, assim como o de diversos autores geógrafosque trabalharam na construção do conceito de espaço geográfico, é otrabalho de Henri Lefebvre The production of space (La production del’espace) (1992 [1974]). A essência desse trabalho é a proposição doespaço social como produto das relações sociais de produção e reproduçãoe, ao mesmo tempo, como suporte para que elas aconteçam. Lefebvretrabalha com espaço social e os autores geógrafos utilizaram este conceitopara, a partir de uma interpretação geográfica, propor o conceito de espaçogeográfico. Esses dois conceitos (espaço social e espaço geográfico) sãoelaborados a partir da compreensão dos mesmos elementos da realidade;o que os diferencia é a forma como as relações sociais e os objetos sãoenfatizados. Vejamos as principais proposições de Lefebvre quanto aoconceito de espaço social.

Para Lefebvre (1992 [1974]) “o espaço (social) é um produto (social)”(p.26). Este espaço compreende as relações sociais e não pode ser resu-mido ao espaço físico; ele é o espaço da vida social. Sua base é a naturezaou espaço físico, o qual o homem transforma com seu trabalho. Lefebvreafirma que a natureza não produz, ela cria; somente o homem é capaz de

produzir através do trabalho. A natureza “provê recursos para uma ativid a-de criativa e produtiva” (p.70) desempenhada pelo homem. O espaço socialpara Lefebvre contém dois tipos de relações a partir das quais o homeminterage/modifica a natureza: “1) as relações sociais de reprodução, isto é,as relações bio-psicológicas entre os sexos e entre os grupos etários, juntocom a organização específica da família e 2) as relações de produção, ouseja, a divisão do trabalho e sua organização na forma de funções sociaishierárquicas.” (p.32). Lefebvre propõe que a produção do espaço ocorrepartir de três elementos: 1) prática social (espaço percebido pelos indiví-

duos), 2) representações do espaço (espaço concebido por cientistas,engenheiros, planejadores etc.) e 3) espaço representacional (espaçodiretamente vivido pelos indivíduos).

Lefebvre considera que o modo de produção vigente em cada socieda-de é determinante para a produção do espaço. Cada modo de produçãotem como resultado uma produção espacial diferente, de forma que oespaço é produzido pelo processo de produção e, ao mesmo tempo, dásuporte ao seu desenvolvimento. O espaço social agrupa as coisas produ-zidas e envolve suas inter-relações; ele permite ações de produção econsumo. O espaço social inclui objetos naturais e sociais, os quais sãotambém relações. Os objetos possuem formas, mas “o trabalho social ostransforma, reorganizando suas posições dentro das configurações espaço-temporais sem afetar necessariamente suas materialidades, seus estadosnaturais.” (p.76), ou seja, altera sua função sem alterar sua forma. “Tempo

e espaço são inseparáveis [..], espaço implica em tempo e vice versa”(p.118).

Quanto à análise do espaço social, Lefebvre afirma que é “metodolog i-camente e teoricamente relacionada a três conceitos gerais: forma, estrutu-ra e função” (p.147), sendo que a “análise formal e funcional não elimina anecessidade de considerar escala, proporção, dimensão e nível. Isso étarefa da análise estrutural, a qual é relacionada com relações entre o todoe as partes, entre os níveis ‘micro’ e ‘macro’.” (p.158). Em Espacio y Política (1976) Lefebvre afirma que

Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro,um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas,uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer queseja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instru-

mentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estariaessencialmente vinculado com a produção das relações (sociais) de produ-ção. (p.34). 

Em suma, podemos identificar as seguintes proposições em Lefebvre(1992 [1974]) que contribuem para a formulação do conceito de espaçogeográfico: a) o espaço não é algo dado, ele é produzido pelo homem apartir da transformação da natureza pelo seu trabalho; b) as relaçõessociais são constituintes do espaço e é a partir delas que o homem altera anatureza; c) as relações sociais de produção, consumo e reprodução (soci-al) são determinantes na produção do espaço; d) o espaço deve ser estu-dado a partir das formas, funções e estruturas, e e) novas relações podemdar funções diferentes para formas preexistentes, pois o espaço não desa-parece, ele possui elementos de diferentes tempos.

Os geógrafos encontraram nessas proposições de Lefebvre a base pa-ra a construção do conceito de espaço geográfico (objeto de estudo daGeografia) que permitisse a inserção e consolidação da Geografia comociência social. Para o estabelecimento do conceito de espaço geográfico foinecessário “geogr afizar” essas proposições de Lefebvre, ou seja, operacio-nalizá-las no contexto das teorias e práticas próprias da Geografia. MiltonSantos, na obra A natureza do espaço (2002 [1996]), apresenta a propostade uma teoria geográfica do espaço que comporta elementos propostos por Lefebvre, porém não se limita a eles. Santos (2002 [1996]) traz esseselementos para a Geografia e apresenta o conceito de espaço geográficoque adotamos neste trabalho.

Milton Santos (2002 [1996]) propõe que o espaço geográfico é “forma-do por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, desistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente,

mas como o quadro único no qual a história se dá.” (p.63, grifo no sso). Parao autor, a natureza é a origem, ela provê as coisas, as quais são transfor-madas em objetos pela ação do homem através da técnica. “No princípio,tudo eram coisas, enquanto hoje tudo tende a ser objeto, já que as própriascoisas, dádivas da natureza, quando utilizadas pelos homens a partir de umconjunto de intenções sociais, passam, também, a ser objetos.” (p.65). Para

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 2

Milton Santos, a técnica é “a principal forma de relação entre o homem e anatureza” e é definida como “um conjunto de meios instrumentais e sociais,com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, criaespaço.” (p.29). Em Santos (2002 [1982]) o autor destaca a contradição doprocesso de produção do espaço: “o espaço que, para o processo produt i-vo, une os homens, é o espaço que, por esse mesmo processo produtivo,os separa.” (p.33). 

Santos (2002 [1996]) ressalta que as técnicas não devem ser analisa-das isoladamente, mas sim como um fenômeno técnico “funcionando comosistemas que marcam as diversas épocas” em que “o ‘humano’ e o não-humano’ são inseparáveis.” (p.24). “Não se trata, pois, de apenas conside-rar as chamadas técnicas da produção [...] como um meio de realizar esteou aquele resultado específico. Só o fenômeno técnico na sua total abran-gência permite alcançar a noção de espaço geográfico.” (p.37, grifo nosso).As técnicas são propagadas de forma desigual e implantadas de formaseletiva no espaço. Os subsistemas técnicos de diferentes períodos combi-nam-se nos diferentes territórios e determinam as formas de vida ali possí-veis. (SANTOS, 2002 [1996]). “Os sistemas técnicos envolvem formas deproduzir energia, bens e serviços, formas de relacionar os homens entreeles, formas de informação, for mas de discurso e interlocução.” (p.177). Oprincipal a ser compreendido na noção de técnica de Milton Santos é queela é um conjunto de “instr umentos” que a sociedade utiliza para alterar anatureza e criar o espaço geográfico; é a técnica que une os sistemas de

ações e os sistemas de objetos; ela permite a relação homem-natureza ehomem-homem e, desta forma, a produção do espaço geográfico.

Os objetos, que em conjunto com as ações formam o espaço geográfi-co, são “tudo o que existe na superfície da terra, toda herança da histórianatural e todo resultado da ação humana que se objetivou. Os objetos sãoesse extenso, essa objetividade, isso que se cria fora do homem e se tornainstrumento material de sua vida.” (p.75). São exemplos cidades, barra-gens, estradas, plantações, florestas. Os objetos devem existir como siste-mas e não como coleções; eles são úteis aos grupos humanos, podendoser simbólicos ou funcionais e só têm sentido se associados às ações evice versa. A ação é um fato humano, pois depende do objetivo e da finali-dade com a qual é praticada, e nisso o homem é único. “As ações humanasnão se restringem aos indivíduos, incluindo, também, as empresas, asinstituições.” (p.82). As necessidades naturais ou criadas são origem dasações, as quais levam às funções. “Essas funções, de uma forma ou deoutra, vão desembocar nos objetos. Realizadas através de formas sociais,elas próprias conduzem à criação e ao uso de obje tos.” (p.83). “Sistemasde objetos e sistemas de ações interagem. De um lado, os sistemas deobjetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado, osistema de ações leva à criação de objetos novos ou se realiza sobreobjetos preexistentes.” (p.63). 

Os objetos são as formas espaciais e as ações são o conteúdo social.Ao alterar o espaço a sociedade altera a si mesmo. As formas de um de-terminado momento do passado podem perder sua função original e passar a ter outra função no espaço. Isso é chamado por Milton Santos de rugosi-dade. As rugosidades são o que “fica do passado como forma, espaçoconstruído, paisagem; o que resta do processo de supressão, acumulação,superposição, com que as coisas se substituem e acumulam em todos oslugares. [Elas] se apresentam como formas isoladas ou como arranjos.”(p.140). A rugosidade é o espaço como acúmulo desigual de tempos.(SANTOS, 2002 [1996]).

Como categorias analíticas do espaço geográfico, Santos (2002 [1996])propõe “a paisagem, a configuração territorial [ou configuração espacial], adivisão territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosi-dades e as formas-conteúdo.” Há também a necessidade de estudar osrecortes espaciais a partir de temas como o “da região e do lugar, o dasredes e das escalas.” (p.22).

A categoria configuração espacial (ou configuração territorial) é muitoútil às nossas elaborações. Ela diz respeito ao espaço-materialidade, aossistemas de objetos “onde a ação dos sujeitos, ação racional ou não, veminstalar-se para criar um espaço.” (p.294). A configu ração espacial foi

proposta por Santos (1996 [1988]), quando o autor concebe o espaço apartir das relações sociais e da configuração territorial. A definição deconfiguração territorial é muito próxima àquela utilizada pelo autor paradefinir os sistemas de objetos, proposto por Santos (2002 [1996]). Porém,mesmo com esta nova proposição, do espaço formado por um conjunto

indissociável de sistemas de ações e sistemas de objetos, Milton Santosnão abre mão da categoria configuração territorial. Talvez seja pelo motivodo termo evocar de forma mais clara os “sistemas naturais existentes emum dado país ou numa dada área e [os] acréscimos que os homens supe-rimpuseram a esses sistemas naturais.” (p.62). Nesse sentido, utilizamos acategoria configuração territorial em nossas proposições como referênciaaos sistemas de objetos.

Santos (2002 [1996]) diferencia o espaço social dos sociólogos (que édiferente do espaço social proposto por Lefebvre, embora também possater bases na sua teoria) e o espaço geográfico. No espaço geográfico, asações e os objetos são indissociáveis e não podem ser consideradosseparadamente, pois desta forma não têm sentido. O espaço social estácontido no espaço geográfico. Os objetos só têm sentido a partir da açãohumana, a qual resulta nos objetos e é realizada sobre eles.

Milton Santos trabalhou para estabelecer uma teoria geográfica socialcrítica e por isso se dedicou principalmente às elaborações teóricas, deforma que enfatizou o resgate de conceitos, categorias e proposição deoutros autores. O trabalho de Santos (2002 [1996]) é extremamente com-plexo e amplo, de forma que pode contemplar, como referência teórica,grande parte da diversidade de estudos geográficos. Em nosso trabalhonão pretendemos contemplar todas as elaborações de Milton Santos e nemdesenvolver uma leitura estritamente miltoniana, diretamente atrelada aos

conceitos e categorias apresentados pelo autor. Nosso objetivo é utilizar aproposição essencial de espaço geográfico de Milton Santos na conduçãogeral de nossas elaborações e análises.

Outro geógrafo que apresenta contribuições para o estudo do espaçogeográfico é Roger Brunet. Este autor, no mesmo sentido de Milton Santos,porém no contexto da Geografia francesa, apresenta na obra Le déchiffre-ment du monde (2001 [1990]), uma proposição de estruturação conceitual emetodológica para a Geografia. Suas proposições se diferenciam por incluírem, além das reflexões teóricas, a ênfase na operacionalidade dosconceitos; ele constrói seu trabalho a partir de um exercício de elaboraçãoteórica e demonstração, o que inclui o mapa. Uma das principais proposi-ções do autor é a coremática(56), uma proposta teórico-metodológica paraa análise do espaço geográfico com a qual o autor vem trabalhando desdea década de 1980. A concepção de espaço geográfico apresentada por 

Brunet é semelhante àquela apresentada por Milton Santos: o homemproduz (ou cria) o espaço a partir da alteração da natureza por meio de seutrabalho. Brunet define o espaço como “produto que se torna condição deexistência de seu próprio produtor.” (p.18).  

Para Brunet (2001 [1990]) “o espaço geográfico é formado pelo conjun-to de populações, por suas obras, suas relações localizadas, pelo seu meiode vida [...]. Ele não pode ser confundido com os objetos que o povoam [...].Ele nasce com o trabalho das sociedades e só tem fim com ele.” (p.15). Oautor afirma que a proposta de um espaço geográfico traz como originali-dade a “realidade dos lugares diferenciados, tomados no conjunto de suasrelações e de suas interações, e o funcionamento de leis próprias à exten-são, ao espaçamento, à distância e à gravitação.” (p.16). Para Brunet aextensão (no sentido de superfície) é indispensável para compreender oespaço porque permite a localização e a distância. A diferenciação espacial

é fundamental para Brunet. “O espaço geográfico é um lugar da diferençafundadora. Ele nasce da diferenciação dos lugares e de sua comunicação.”(p.113). Brunet destaca que o espaço possui a propriedade de ser localizá-vel através dos diferentes lugares, os quais são únicos. “O espaço geogr á-fico não é nem o espaço abstrato, homogêneo, isotrópico, contínuo einfinito das teorias econômicas, nem o espaço físico (dito natural).” Eledeve ser visto “como produto, atravessado por campos de forças, constitu-tivamente anisotrópico e mesmo fundamentalmente dessimétrico.” (p.15). 

Brunet considera cinco domínios de ação fundamentais das sociedadesno espaço: habitar (abrigar, alojar), apropriar (possuir), explorar (produzir),trocar (comunicar) e organizar (gerir). Esses domínios são encontrados emtodas as sociedades (antigas e modernas) e a partir deles a sociedadeproduz o espaço. Para Brunet o conceito de produção do espaço não deveser confundido com o conceito de produção no sentido econômico; deve

ser entendido em seu sentido amplo, filosófico. O autor escreve que “ahumanidade produz sentido, pensamento, obras e eventos da mesmaforma que bens e mercadorias. Se produz também espaço.” (p.20).  

De acordo com Brunet (2001 [1990]) “o espaço não é nada sem seus  criadores, que são ao mesmo tempo seus usuários” (p.33); ele é prod uzido

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 3

por um conjunto de atores que possuem interesses convergentes ou diver-gentes, são cooperativos ou concorrentes. Cada ator possui sua estratégia,interesse e representação na produção do espaço. Seus objetivos secruzam e são fonte de conflitos. Esses atores têm poderes desiguais e“uma avaliação adequada dos pesos respectivos e das interações dosatores é necessária para compreender um espaço.” (p.59). Seis grandescategorias de atores são listadas por Brunet: o indivíduo (e/ou a família), osgrupos, as coletividades locais, o Estado, a autoridade supranacional e asempresas. Os atores formam o sistema de atores que “mantêm trocas e

tensões em dois níveis: entre atores da mesma natureza e entre atores denatureza diferente.” (p.53). Na produção do espaço, os sistemas de forçasresultantes da interação entre os diferentes tipos de atores cria formasespaciais específicas, as quais Brunet denomina figuras geográficas. Ésobre a análise dessas figuras geográficas que o autor vai estabelecer suametodologia de análise espacial - a coremática (ver seção sobre a coremá-tica).

O conceito de espaço geográfico apresentado por Roger Brunet é se-melhante àquele proposto por Milton Santos. Brunet apresenta elementosde análise importantes às nossas proposições, e, assim como as proposi-ções de Milton Santos, os utilizaremos na condução de nossas análises eproposições.

O conceito de espaço geográfico contribui para o avanço da Geografia

por englobar simultaneamente o concreto e abstrato a partir de uma abor-dagem relacional. Esta concepção busca fundir as vertentes geográficasque compreendem o espaço estritamente como materialidade e aquelasque buscam explicações exclusivamente sociais. Como afirma Dollfus(1970), “o espaço geográfico se faz e evolui a partir de conjuntos de rel a-ções, mas essas relações se estabelecem em um quadro concreto, aqueleda superfície da Terr a.” (p.6). Tanto as relações sociais quanto os elemen-tos físicos são importantes na análise geográfica do espaço. Outro aspectoimportante que confere geograficidade ao conceito de espaço geográfico éa diferenciação espacial, ou seja, o espaço é formado por um conjunto delugares diferentes, resultado de interações particulares entre objetos erelações. A compreensão das causas, características e conseqüênciasdesta diferenciação é um dos principais objetivos da Geografia.

As concepções apresentadas nesta seção contribuirão para a estrutu-

ração teórica e nas análises em nosso trabalho. O espaço geográfico,conceito amplo, como já afirmamos, requer para sua análise outros concei-tos ou categorias analíticas, dos quais alguns já foram relacionados edefinidos. O território é um dos conceitos que auxiliam na análise do espa-ço geográfico, pois é mais operacionalizável. Ele também é amplo e diversoe, em alguns casos, muito semelhante ao conceito de espaço geográfico.Por isso, em nosso trabalho consideramos que os conceitos de espaçogeográfico e território são indissociáveis na análise geográfica. Na próximaseção apresentamos nossas considerações sobre o conceito de território ea sua indissociabilidade do espaço geográfico.

O território 

Nesta seção, nosso objetivo é contextualizar e definir as formas como oterritório é utilizado no trabalho, visto a diversidade de usos do conceito.

Partimos do princípio de que para a análise geográfica é essencial compre-ender os conceitos de espaço geográfico e território como indissociáveis,pois o território é formado a partir do espaço. A análise geográfica atravésdo conceito de território pressupõe analisar o espaço a partir de relações depoder.

Diversos autores da Geografia se debruçam sobre o conceito de territó-rio, sendo recorrentes nos trabalhos a análise etimológica, das raízesfilosóficas e da biologia. É consensual que o território é indissociável danoção de poder e que é limitante concebê-lo unicamente como os limitespolítico-administrativos dos países. O território deve ser estudado tomandocomo referência o espaço, pois ele é formado a partir do espaço geográfi-co, daí a indissociabilidade entre os dois. Cada autor apresenta uma visãoparticular de território, sendo ela influenciada pela realidade estudada, por seus objetivos e por sua concepção de espaço.

A obra Por uma Geografia do poder , de Claude Raffestin (1993 [1980]),é uma importante referência para a construção do conceito de território naGeografia. Contudo, encontramos limitações na utilização das proposiçõesde Raffestin (1993 [1980]). O autor conceber o espaço como algo dado,ponto de partida, o que é diferente de nossa concepção de espaço geográ-

fico. Raffestina considera o espaço como receptáculo, “o espaço é, de certaforma, ‘dado’ como se fosse uma matéria-prima. Preexiste a qualquer ação.‘Local’ de possibilidades, é a realidade material preexistente a qualquer conhecimento e a qualquer prática.” (p.144).  

Não utilizar a concepção de território apresentada por Raffestin (1993[1980]) não quer dizer que não possamos dialogar com o autor e utilizar algumas de suas proposições. A principal contribuição de Raffestin é aproposição de uma abordagem relacional do território, na qual ele é indis-sociável do poder. Tomando esta proposição como referência, partimos doprincípio de que toda relação de poder desempenhada por um sujeito noespaço produz um território. A intensidade e a forma da ação de poder nasdiferentes dimensões do espaço originam diferentes tipos de territórios.Souza (2003) enfatiza a dominação e a influência para o entendimento doterritório e propõe que é essencial saber “quem domina ou influencia ecomo domina ou influencia esse espaço? [e também] quem influencia oudomina quem nesse espaço, e como?”. (p.79). Desta forma, assumimosque, dependendo dos objetivos do sujeito que produz o território, a ação depoder pode configurar apropriação(57), dominação ou influência.

Compreendemos que essas relações de poder são desempenhadaspelos sujeitos que produzem o espaço e têm objetivo de criar territórios,aos quais denominamos sujeitos territoriais. Esses são os mesmos sujeitosapresentados por Brunet (2001 [1990]): o indivíduo (e/ou a família), os

grupos, as coletividades locais, o Estado, a autoridade supranacional e asempresas. Ao exercerem seu poder no espaço para a criação de territórios,os sujeitos promovem o processo de territorialização-desterritorialilzação-reterritorialização (TDR). Para caracterizar a disputa entre os sujeitos noprocesso de TDR podemos utilizar a noção de poder proposta por Raffestin(1993 [1980]), que a define como “um processo de troca ou de comunica-ção quando, na relação que se estabelece, os dois pólos fazem face um aooutro ou se confrontam. As forças de que dispõem os dois parceiros (casomais simples) criam um campo: o campo do poder.” (p.53). 

Com base nas proposições de Fernandes (2005a e 2005b) sobre terri-tórios materiais e territórios imateriais, assumimos que o território possuiduas dimensões internas de análise: a dimensão material e a dimensãoimaterial. Essas duas dimensões são indissociáveis na construção dosterritórios e indispensáveis na análise geográfica. A dimensão material diz

respeito à área do território, aos objetos geográficos influencia-dos/dominados/apropriados pelo sujeito territorial. A dimensão imaterialcorresponde às estratégias dos sujeitos para a construção de um território;são as ações, representações espaciais criadas, a disputa de forças comoutros sujeitos, as ideologias e os discursos, posicionamentos políticos,manifestações e outras formas imprimir o poder. As dimensões materiais eimateriais são indissociáveis, pois a dimensão imaterial assegura a conquis-ta, manutenção e expansão da materialidade do território. Nesse sentido, odiscurso faz parte do território. A relação entre território e discurso se dá,segundo Delaney (2005), através das “visões de mundo ou presunçõesideológicas, metafóricas ou metafísicas [...] e os modos com que essasrepresentações são organizadas em esforços para justificar (ou criticar) aação do poder.” (p.17). Ainda o autor propõe que o discurso pode naturali-zar ou desnaturalizar compreensões do espaço, sendo que alguns discur-sos “emergem como ‘dominantes’ ou ‘hegemônicos’ e se tornam consenso.”(p.92).

Concordamos com Raffestin (1993 [1980]) quando ele af irma que “falar de território é fazer uma referência implícita à noção de limite”, que pode ounão ser traçado. “Delimitar é, pois, isolar ou subtrair momentaneamente ou,ainda, manifestar um poder numa área precisa.” (p.153). Contudo, acredi-tamos que ter o limite como uma pré-condição para a formação do territórioleva à redução da análise ao território-área, a qual devemos ter como umadas abordagens, mas não a única. Como propõe Haesbaert (2006), asredes surgem como novos elementos na configuração dos territórios, sendopossível falar de território-rede. Para o autor, é necessário compreender oconvívio entre territórios-área e territórios-rede, sendo os últimos “marcadospela descontinuidade e pela fragmentação que possibilita a passagemconstante de um território ao outro.” (p.337). A compreensão da relação

entre esses territórios demonstra que, ao contrário do que fazem acreditar os discursos da globalização, o território ganha cada vez mais importância.(HAESBAERT, 2006).

O papel das redes é indispensável para o entendimento do território,como pode ser notado em Souza (2003), Sposito (2004) e Haesbaert

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(2006). O último autor, partindo desta nova realidade na formação dosterritórios, propõe a multiterritorialidade como “predominância [...] de rela-ções sociais construídas a partir de territórios-rede, sobrepostos e descon-tínuos.” (HAESBAERT, 2006, p.338). Para ele, a multiterritorialidade seconfigura pela “possibilidade de acessar ou conectar diversos territórios, oque pode se dá através de uma ‘mobilidade concreta’, no sentido de umdeslocamento físico, quanto ‘virtual’, no sentido de acionar diferentes terr i-torialidades mesmo sem deslocamento físico. [...] como no ciberespaço.”(p.344). Com base em Souza (2003), é possível dizer que o território-rede

pode se configurar como uma rede que articula territórios-área e não possuinecessariamente a característica da exclusividade.

Por não ter necessariamente a característica da exclusividade, nos ter-ritórios-rede são mais comuns relações de poder que denotam influência.Esses territórios podem se superpor, pois a área (extensão) nem sempre éimportante para todos os sujeitos territoriais; pode ser que lhes interesse ainfluência sobre os pontos para a elaboração de redes, ou então os outrossujeitos (a mão-de-obra, os consumidores, fiéis, eleitores etc.). Mesmo quea superfície seja importante para o território de um determinado sujeito,outros territórios poderão se estabelecer na mesma área, caso não dispu-tem dimensões com o sujeito territorial que a domina, seja através dapropriedade ou de outro tipo de dominação exclusiva. Esses territórios nãosão excludentes e, caso não haja coincidência de interesses entre eles,podem coexistir; ao contrário, surge uma relação conflitiva que ocasiona o

processo de TDR.

Souza (2003) propõe o conceito de território cíclico. Este tipo de territó-rio tem como característica a alteração dos tipos de acordo com ciclos emque uma ação ou outra seja conveniente para o sujeito territorial. Comoexemplo, podemos tomar um fenômeno que ocorre na fronteira agropecuá-ria brasileira: em períodos nos quais a viabilidade de produção de grãosnão é favorável, as terras são utilizadas para criação de gado bovino, mas,assim que a primeira atividade torna-se mais lucrativa do que a pecuária, osproprietários retomam a produção de grãos.

A propriedade privada ou coletiva da terra é um território importante emnosso trabalho e é expressa pela relação de dominação. Fernandes (2008),em um trabalho que critica a visão do território como uno (como apenasterritório do Estado), destaca a importância da propriedade para entender o

território. Para o autor, a propriedade é um território estabelecido sobre oque ele denomina primeiro território ou espaço de governança. Este primei-ro território pode ser o estado, a microrregião, o município, o distrito etc. Apropriedade é uma fração do espaço de governança. Esses dois territóriossão interdependentes porque as ações deflagradas em um causam impac-tos no outro. A interdependência é assegurada pelos princípios da multies-calaridade e da multidimensionalidade. O primeiro princípio diz que a açãodeflagrada em um território em determinada escala causa impactos emtodas as outras escalas. O segundo princípio estabelece que a interferênciaem uma dimensão do território ocasiona alterações em quase todas suasoutras dimensões. Nesse contexto, Fernandes (2008) também toma aanálise territorial a partir do espaço geográfico, pois, segundo o autor, “aformação de territórios é sempre um processo de fragmentação do espaço.”(p.277). Ou seja, o território comporta todas as dimensões do espaço, masé particular por sua delimitação.

Outra abordagem do território é a que o relaciona à área sob domíniodo Estado. Esta abordagem, que talvez seja a mais utilizada, inclui asdivisões administrativas/malhas estabelecidas pelos países para a gestão.Cada unidade dessas divisões pode ser tomada como um território. Essaconcepção de território é comum nas ações do governo em políticas deordenamento territorial. Também utilizam esta concepção os pesquisadoresque tomam como recorte para suas análises os limites político-administrativos e enfatizam o papel do Estado na produção do espaço.Apesar das críticas a esta abordagem de território, ela é particularmente útilna análise geográfica dos países, de suas dinâmicas internas e com oexterior. Este tipo de análise pode ser visto nas obras de Milton Santos eRoger Brunet, que adotam uma leitura particular por meio desta abordagemde território. A concepção apresentada pelos autores insere a noção de

território como espaço de um país apropriado por um povo.Os trabalhos de Roger Brunet, Le déchiffrement du monde (2001

[1990]) e Le développement des territoires (2004), demonstram que o autor utiliza o conceito de território como espaço do país; o espaço sob domíniopolítico-administrativo do Estado. Em Brunet (2004), o território é um recor-

te espacial horizontal(58) (os limites do país). A partir deste recorte, Brunet(2004) realiza uma análise espacial, ou seja, uma análise do espaço territo-rializado pelo Estado. O autor, apesar de utilizar o conceito de território,desenvolve toda sua análise baseando-se nas proposições apresentadasem Brunet (2001 [1990]) para a compreensão do espaço. Assim, para oautor, o território é o espaço do país. Neste caso, como a análise espacial éfeita a partir da delimitação do território (limite do país), ela também podeser feita a partir do limite das regiões ou outras divisões político-administrativas internas. Como exemplo, Brunet (2004) analisa a região

Nord-Pas-de-Calais (região político-administrativa francesa). (p.75-86).Em Brunet (2001 [1990]), o autor conceitua o território “em função do

sentimento de apropriação de um espaço [...]. Um povo alienado de seuespaço não tem território.” (p.17). Ele enf atiza a diferença entre espaço eterritório: “a idéia de território é ao mesmo tempo mais vigorosa e maisrestrita do que aquela de espaço, que a contém. O geógrafo estuda oespaço geográfico e os espaços; alguns desses são vividos como territó-rios. Substituir uma palavra pela outra não tem sentido.” (p.17). Essascolocações de Brunet demonstram que para ele o território é formado apartir do espaço. Brunet, Ferras e Théry (1993) referenciam o território à“projeção sobre um dado espaço das estruturas específicas de um grupohumano, que inclui a forma de repartição e gestão do espaço, a organiza-ção deste espaço.” (p.480). Neste sentido, ao analisar o uso do conceito deterritório em Brunet (2004) e a conceituação de território apresentada em

Brunet (2001 [1990]) podemos dizer que o autor apresenta uma visão doconceito que considera, ao mesmo tempo, a vertente político-adminsitrativa, ligada ao Estado, e a visão cultural de apropriação, ligadaao espaço vivido por um povo. Assim, o povo de um país se apropria doespaço sob jurisdição do seu Estado e os países são expressões dessesterritórios.

Milton Santos apresenta uma concepção de território muito próximadaquela de Roger Brunet. Na obra O Brasil: território e sociedade no iníciodo século XXI , realizada conjuntamente com María Laura Silveira, os auto-res realizam um exercício de operacionalização das construções teóricasde Milton Santos, principalmente aquelas apresentadas em Santos (2002[1996]). Ao escreverem sobre o território como espaço de um país, osautores propõem a noção de “espaço territorial”, que significa a presençade um Estado, de um espaço e de uma nação (ou mais nações). Para osautores, o território, anterior ao espaço geográfico e, portanto, a basematerial, “em si mesmo, não constitui uma categoria de análise ao conside-rarmos o espaço geográfico.” (p.247). Neste contexto, a análise se daria apartir da categoria de território usado, sinônimo de espaço geográfico. Deacordo com Santos e Silveira (2008), “quando quisermos definir qualquer pedaço do território, devemos levar em conta a interdependência e a inse-parabilidade entre a materialidade, que inclui a natureza, e o seu uso, queinclui a ação humana, isto é o trabalho e a política.” (p.247). Santos et al(2000) propõem que o território usado “é tanto o resultado do processohistórico quanto a base material e social das novas ações humanas. Talponto de vista permite uma consideração abrangente da totalidade dascausas e dos efeitos do processo socioterritoral.” (não pag.). A proposiçãodo conceito de território usado está voltada principalmente à operacionali-zação do conceito de espaço geográfico. Mesmo propondo a categoria de

território usado e assumindo a análise a partir dela, os autores usam territó-rio durante todo o trabalho. O território, da forma como utilizado pelosautores, diz respeito ao espaço do país (sistemas de ações e sistemas deobjetos) e, também como em Brunet (2004), inclui na análise tanto asdinâmicas/configurações internas do Brasil como a sua relação com outrosterritórios.

A abordagem do território como o espaço de um país, utilizada por Mil-ton Santos e Roger Brunet, possibilita um uso diferenciado do conceito deterritório e contribui para a análise das dinâmicas e configurações do territó-rio brasileiro. Apesar da utilidade desta abordagem para a análise geográfi-ca, compreendemos que o conceito de território não pode ser limitado a ela.O território é um conceito mais amplo e deve ser utilizado também deacordo com as outras abordagens apresentadas nesta seção.

Os conceitos de espaço geográfico e território, como aqui definidos,são utilizados no trabalho como direcionadores de nossas elaborações eanálises. Do conceito de espaço geográfico temos como referência a ne-cessidade de considerar sistemas de objetos e sistemas de ações de formaindissociável em um processo contínuo pelo qual a sociedade transforma anatureza, construindo e reconstruindo o espaço através do seu trabalho.

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Esta concepção nos leva a pensar na interação entre as forças criadoras;os sujeitos sociais que, por meio de suas estratégias, influenciam a produ-ção do espaço. Daí surge o território, resultado da impressão do poder noespaço, territorializado pelo sujeito territorial, que é movido pela intenciona-lidade. Neste sentido, como o leitor observará adiante, espaço geográfico eterritório são fundamentais para a proposta da Cartografia GeográficaCrítica e para a análise da questão agrária, já que em ambos os casos oque está em questão é o espaço e o poder.

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Considera-se paisagem a imagem resultante da síntese de todos oselementos presentes em determinado local. Uma outra definição,tradicional, de paisagem é a de um espaço territorial abrangido pelo olhar. Pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Éformada não apenas por volumes mas também por cores, movimento,odores, sons etc. A paisagem não é espaço, pois se tirarmos a paisagemde um determinado lugar, o espaço não deixará de existir.

O termo é normalmente usado para se referir às perspectivas visuaisexistentes em cada ambiente, sendo inclusive uma categoria da pintura. 

Cartografia: utilidade das cartas básicas (bases cartográficas) edas cartas temáticas.

Cartografia (do grego chartis = mapa e graphein = escrita) é a ciênciaque trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas. O vocábulo foi pela primeira vez proposto pelo historiador portuguêsManuel Francisco Carvalhosa, 2.º Visconde de Santarém, numa cartadatada de 8 de Dezembro de 1839, de Paris, e endereçada ao historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen, vindo a ser internacionalmenteconsagrado pelo uso. Das muitas definições usadas na literatura,colocamos aqui a atualmente adaptada pela Associação CartográficaInternacional (ACI):

Conjunto dos estudos e operações científicas, técnicas e artísticas queintervêm na elaboração dos mapas a partir dos resultados das observaçõesdiretas ou da exploração da documentação, bem como da sua utilização  

A cartografia encontra-se no curso de uma longa e profunda revolução,

iniciada em meados do século passado, e certamente a mais importantedepois do seu renascimento, que ocorreu nos séculos XV e XVI. Aintrodução da fotografia aérea e da detecção remota, o avanço tecnológiconos métodos de gravação e impressão e, mais recentemente, oaparecimento e vulgarização dos computadores, vieram alterar profundamente a forma como os dados geográficos são adquiridos,processados e representados, bem como o modo como os interpretamos eexploramos.

  Cartografia matemática é o ramo da cartografia que trata dosaspectos matemáticos ligados à concepção e construção dos mapas, isto é,das projecções cartográficas. Foi desenvolvida a partir do final século XVII,após a invenção do cálculo matemático, sobretudo por  Johann HeinrichLambert e Joseph Louis Lagrange. Foram especialmente relevantes,durante o século XIX, os contributos dos matemáticos Carl Friedrich Gauss

e Nicolas Auguste Tissot.

  Cartometria é o ramo da cartografia que trata das mediçõesefetuadas sobre mapas, designadamente a medição de ângulos e direções,distâncias, áreas, volumes e contagem de número de objetos. 

MEIO DE ORIENTAÇÃO E COORDENADAS GEOGRÁFICAS

OS PONTOS DE ORIENTAÇÃO 

O homem, para facilitar o seu deslocamento sobre a superfície terrestre,tomando por base o nascer e o pôr do Sol, criou alguns pontos de orienta-ção.

Devido à marcante influência que o Sol exerce sobre a Terra, o homem,observando sua aparente marcha pelo espaço, fixou a direção em que elesurge no horizonte’. 

O ponto em que o Sol aparece diariamente no horizonte, o nascente, éconhecido também por leste ou oriente, e o local onde ele se põe, o poente,corresponde ao oeste ou ocidente.

Estendendo a mão direita para leste e a esquerda para oeste, encontra-mos mais dois pontos de orientação — o norte, à nossa frente, e o sul, àsnossas costas.

Esses quatro principais pontos de orientação: norte, sul, leste e oeste,

constituem os pontos cardeais.

Entre os pontos cardeais, foram criados mais quatro pontos de orienta-ção, os colaterais, que são: nordeste, sudeste, noroeste e sudoeste.

Para tornar mais segura a orientação sobre a superfície terrestre, entreum ponto cardeal e um colateral foi criado o subcolateral.

Os pontos subcolaterais são em número de oito:

  NNE — nor-nordeste;  ENE — es-nordeste;  ESE — es-sudeste;  SSE — su-sudeste;

  SSO — su-sudoeste;  OSO — os-sudoeste;  ONO — os-noroeste;  NNO — nor-noroeste.

Juntando-se os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais notamos queeles formam uma figura conhecida pelo nome de rosa-dos-ventos.

O MAGNETISMO TERRESTRE

A Terra pode ser perfeitamente comparada a um gigantesco imã, possu-indo dois pólos magnéticos que se situam próximo aos pólos geográficos,mas que não coincidem com estes.

O magnetismo terrestre tem sua provável origem na eletricidade emitidapela massa líquida, proveniente da junção dos oceanos nas extremidadesdo globo terrestre.

Descoberta a atração magnética que os extremos da Terra exercem so-bre as demais partes do globo, inventou-se a bússola, aparelho que é umseguro meio de orientação.

A bússola é constituída por uma agulha magnética convenientementecolocada sobre uma haste no centro de uma caixa cilíndrica.

A agulha está ligada a um círculo graduado e dividido como a rosa-dos-ventos. Este círculo é geralmente constituído de talco ou mica.

Como essa agulha tem a propriedade de apontar sempre o norte, para

nos orientarmos pela bússola basta colocarmos o “nor te” do mostrador nadireção indicada pela agulha, o que de imediato nos proporcionará a posi-ção dos demais pontos.

A agulha imantada da bússola não aponta o norte geográfico, mas sim onorte magnético. A direção da agulha e o norte geográfico formam quasesempre um ângulo, variável de lugar para lugar e de época para época, aoqual se dão nome de declinação magnética.

ORIENTAÇÃO PELO CRUZEIRO DO SUL

Além dos meios de orientação já conhecidos, à noite é possível nos ori-entarmos por meio das estrelas.

Um importante elemento de orientação em nosso hemisfério é o Cruzeirodo Sul, para nós bastante visível.

A forma de nos orientarmos por ele consiste em prolongarmos quatrovezes o braço maior da cruz e, desse ponto imaginário, baixarmos umaperpendicular à linha do horizonte.

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Assim teremos o sul. Se nos colocarmos de costas para a constelaçãoteremos à frente o norte, à direita o leste e à esquerda o oeste.

No hemisfério norte usa-se a estrela Polar como meio de orientação. Elaaponta sempre a direção norte.

AS LINHAS E CÍRCULOS DA TERRA

Devido à grande extensão do nosso planeta, para facilitar a localizaçãode qualquer ponto da sua superfície foram imaginadas algumas linhas oucírculos.

Para se traçar essas linhas foi necessário representar-se graficamente aTerra por meio de uma figura semelhante à sua forma — a esfera.

Nos extremos da esfera terrestre estão situados os pólos norte e sul. Aigual distância dos pólos, foi traçado no centro da esfera terrestre umcírculo máximo — o Equador.

O Equador divide a Terra horizontalmente em duas partes iguais — oshemisférios norte ou boreal e sul ou austral.

PARALELOS

Paralelamente ao Equador, em ambos os hemisférios, foram traçadasoutras linhas ou círculos — os paralelos (90 no hemisfério norte e 90 nohemisfério sul).

Portanto, paralelos são círculos imaginários que atravessam a Terra pa-ralelamente ao Equador.

Destas linhas duas são mais importantes em cada um dos hemisférios — os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, distantes do Equador a aproxima-damente 23º27', e os círculos polares Ártico e Antártico, que se distanciamdo seu pólo correspondente a aproximadamente 23º27'.

AS ZONAS CLIMÁTICAS DA TERRA

Os trópicos e os círculos polares dividem a superfície terrestre em cincograndes zonas climáticas, assim chamadas porque nos indicam aproxima-damente o clima de cada uma dessas regiões:

  Zona tórrida: que se localiza entre os dois trópicos e é atravessada aocentro pelo Equador. Constitui a zona mais quente do globo.

  Zonas temperadas: a do Norte e a do Sul, situando-se respectivamen-te entre os trópicos e os círculos polares, onde as temperaturas são bemmais amenas do que na zona tórrida, e as estações do ano se apresentambem mais perceptíveis.

  Zonas frias ou glaciais: situam-se no interior dos círculos polares Árti-co e Antártico e constituem as regiões mais frias do globo, quase quepermanentemente cobertas de gelo.

MERIDIANOS

Atravessando perpendicularmente o Equador, temos também linhas oucírculos que vão de um pólo a outro — os meridianos.

Assim como o Equador é o paralelo inicial ou de 00, os geógrafos con-vencionaram adotar um meridiano inicial. Este meridiano é conhecido

também pelo nome de Meridiano de Greenwich, pelo fato de passar próxi-mo de um observatório astronômico situado na cidade do mesmo nome,nas proximidades de Londres, Inglaterra. Esse meridiano divide a Terraverticalmente em dois hemisférios — o oriental e o ocidental.

Embora se possam traçar tantos meridianos quantos se queira, são utili-zados somente 360 deles. Tomando-se por base o Meridiano Inicial ou deGreenwich, temos 180 meridianos no hemisfério oriental e 180 no ocidental.

AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS

Utilizando os paralelos e os meridianos podemos, por meio da latitude eda longitude, determinar a posição exata de um ponto qualquer da superfí-cie terrestre. A latitude e a longitude constituem as coordenadas geográfi-cas.

LATITUDE

A latitude é a distância em graus de qualquer ponto da superfície terres-tre em relação ao Equador.

Ela pode ser definida como o ângulo que a vertical desse lugar formacom o plano do Equador.

A Latitude pode ser norte ou sul e variar de 00 a 900. Cada grau divide-se em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos.

Todos os pontos da superfície terrestre que têm a mesma latitude encon-tram-se evidentemente sobre o mesmo paralelo.

LONGITUDE

Corresponde à distância em graus que existe entre um ponto da superfí-cie terrestre e o Meridiano Inicial ou de Greenwich.

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Ela pode ser oriental ou ocidental, contada em cada um destes hemisfé-rios de 0º a 180º.

Se quisermos saber qual a posição geográfica da cidade onde moramos,basta procurar no mapa o paralelo e o meridiano que passam por ela oupróximo a ela.

Observe o exemplo abaixo e ponha em prática o que acabamos de a-prender.

FUSOS HORÁRIOS

De acordo com o que observamos, a Terra realiza o movimento de rota-ção de oeste para leste.

Para dar uma volta completa sobre si, diante do Sol, a Terra leva 24 ho-ras, o que corresponde a um dia (um dia e uma noite).

Sabendo-se que a esfera terrestre se divide em 3600 e que o Sol leva 24horas para iluminá-la, conclui-se que, a cada hora, são iluminados direta-mente pelo astro-rei 15 meridianos (360 : 24 = 15).

O espaço da superfície terrestre compreendido entre 15 meridianos ou

150 recebe o nome de fuso horário. A Terra possui, portanto, 24 fusoshorários, que representam as 24 horas do dia.

Para calcular a hora, convencionou-se que o fuso horário inicial, isto é, ofuso a partir do qual a hora começaria a ser contada, seria o fuso quepassa por Greenwich.

A hora determinada por este fuso horário recebe o nome de hora GMT.

Partindo-se da hora GMT, quando na região que corresponde ao meridi-ano inicial for meio-dia, nas regiões compreendidas em cada um dos fusosa leste desse meridiano teremos uma hora a mais, e a oeste, uma hora amenos, isto porque, conforme vimos, a Terra gira de oeste para leste.

Consideradas as ilhas oceânicas, o Brasil possui 4 fusos horários.

Observamos pelo mapa que há um limite prático e um teórico dos fusoshorários.

O meridiano que divide o 1º fuso do 2º passa pelos Estados do Nordes-te. Se esse limite teórico prevalecesse, esses Estados teriam horas diferen-tes. Como a diferença não é muito grande, criou-se um limite prático, atra-vés do desvio do meridiano que divide o 1º do 2º fuso horário. Assim, todoo território nordestino permanece no 2º fuso horário brasileiro.

Notamos também que do 2º para o 3º fuso houve um desvio para coinci-dir com os limites políticos dos Estados, exceção feita ao Pará, cujo territó-rio se encontra no 2º e 3º fusos.

O 1º fuso horário brasileiro está atrasado duas horas em relação a Gre-

enwich.

O 2º fuso horário, atrasado três horas em relação a Greenwich, constituia hora legal do nosso país (hora de Brasília). Nele encontra-se a maioriados Estados brasileiros.

O 3º fuso horário está atrasado quatro horas em relação a Londres euma hora em relação a Brasília..

O 4º fuso horário, com cinco horas de atraso em relação a Greenwich,está atrasado também duas horas em relação a Brasília. Nele estão inseri-dos apenas o Acre e o extremo-oeste do Estado do Amazonas.

LINHA INTERNACIONAL DE MUDANÇA DA DATA

Estabelecido o sistema de fusos horários, tornava-se necessário deter-minar o meridiano a partir do qual deveríamos começar a contagem de umnovo dia. Escolheu-se para tal fim o meridiano de 1800 ou linha internacio-nal da data, onde ocorre a mudança de datas. Cruzando-se esta linha no

sentido oeste-leste, deve-se subtrair um dia (24 horas) e, cruzando-a nosentido leste-oeste, deve-se acrescentar um dia.

A REPRESENTAÇÃO DA TERRA

A representação gráfica da Terra é uma tarefa que cabe a um importanteramo da ciência geográfica — a Cartografia.

A Cartografia tem por objetivo estudar os métodos científicos mais ade-

quados para uma melhor e mais segura representação da Terra, ocupando-se, portanto, da confecção e análise dos mapas ou cartas geográficas.

Existem duas formas por meio das quais representamos graficamente onosso planeta: os globos e os mapas.

O globo terrestre é a melhor forma de se representar a Terra, pois nãodistorce a área e a forma dos oceanos e continentes. Porém, os mapas,além de oferecerem maior comodidade no seu manuseio e transporte, sãomenos custosos e permitem, também, que as indicações neles contidassejam mais completas e minuciosas do que nos globos.

ESCALAS

Para reproduzirmos a Terra ou parte dela em um mapa, precisamos di-minuir o tamanho da área a ser representada.

Para este fim é que dispomos das escalas. Chamamos escala à relaçãode redução que existe entre as dimensões reais do terreno e as que eleapresenta no mapa. As escalas podem ser de duas espécies:

  Numérica ou aritmética: representada por uma fração ordinária ou sob

000500

1a forma de uma razão — 1:500 000.

Isto significa que o objeto da representação foi reduzido em quinhentasmil vezes para ser transportado com detalhes para o mapa.

Assim, para se saber o valor real de cada centímetro basta fazer a se-guinte operação:

Escala 1: 500 000

1 cm = 5 000 metros ou 5 km

Conhecendo o valor real de cada centímetro, com o auxílio de uma ré-gua, poderemos calcular a distância em linha reta entre dois ou mais pon-tos do mapa.

Basta, por exemplo, medir os centímetros que separam duas cidades emultiplicá-los pelo valor equivalente a 1 cm, já encontrado pela operaçãoacima exemplificada.

  Gráfica: representada por uma linha reta dividida em partes, na qualencontramos diretamente os valores.

Um mapa é feito em grande escala quando a redução ou o denominador da fração é pequeno (1:80000; 1:50000). Um mapa é elaborado em peque-na escala quando a redução ou o denominador da fração é grande (1:500000; 1:10 000 000).

PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

Como a representação da Terra ou de parte dela em um mapa não podeser feita com exatidão matemática, posto que a esfera é um corpo geomé-trico de certa incompatibilidade com as figuras planas, é preciso deformá-laum pouco.

Essas deformações serão tanto maiores quanto menor for a superfícierepresentada.

As deformações que a Terra ou parte dela sofre ao ser representada emfiguras planas —os mapas — ocorrem devido às projeções cartográficas.

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Diversos tipos de projeções permitem-nos passar para um plano, com omínimo possível de deformações, as figuras construídas sobre uma esfera.

Em todos os tipos de projeções, primeiro é transportada, da esfera paraa superfície, a rede de paralelos e meridianos, depois, ponto por ponto, asfiguras ou formas que se deseja representar.

TIPOS DE PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

Todas as projeções cartográficas têm vantagens e inconvenientes. Por exemplo, as eqüiangulares, para dar traçado exato dos continentes, respei-tam os ângulos, porém exageram as proporções; as equivalentes mantêmas superfícies e as proporções, deformando com isto o traçado dos conti-nentes; as eqüidistantes procuram respeitar a proporção entre as distân-cias; e as ortomórficas conservam as formas.

Uma vez que nenhuma projeção reúne os requisitos de conservação doângulo, da área, da distância e da forma, o cartógrafo deve usá-las deacordo com a superfície que deseja representar e a finalidade a que omapa se destina.

As projeções costumam ser reunidas em três tipos básicos: cilíndricas,

cônicas, e azimutais.PROJEÇÃO CILÍNDRICA

Esta projeção, idealizada pelo cartógrafo Mercator, consiste em projetar a superfície terrestre e os paralelos e meridianos sobre um cilindro.

Neste tipo de projeção, muito utilizada na confecção dos planisférios, osparalelos e meridianos são representados por linhas retas que se cortamem ângulos retos. Os paralelos aparecem tanto mais separados à medidaque se aproximam dos pólos, acarretando grandes distorções nas altaslatitudes.

Dessa forma, a Groenlândia, por exemplo, que é bem menor que a Amé-rica do Sul, no planisfério aparece quase do mesmo tamanho que essa

parte do continente americano.

PROJEÇÃO CÔNICA

Neste tipo de projeção, a superfície da Terra é representada sobre umcone imaginário, que está em contato com a esfera em determinado parale-lo.

Por essa projeção, obtemos mapas ou cartas com meridianos formandouma rede de linhas retas, que convergem para os pólos, e paralelos consti-tuindo círculos concêntricos que têm o pólo como centro.

Na projeção cônica, as deformações são pequenas próximo ao paralelode contato, mas tendem a aumentar à medida que as zonas representadas

estão mais distantes.

Devemos recorrer a este tipo de projeção para representarmos mapasregionais, onde são apresentadas apenas pequenas partes da superfícieterrestre.

PROJEÇÃO AZIMUTAL

Esse tipo de projeção se obtém sobre um plano tangente a um pontoqualquer da superfície terrestre. Este ponto de tangência ocupa sempre ocentro da projeção.

No caso do plano ser tangente ao pólo, os paralelos aparecem represen-tados por círculos concêntricos, que têm como centro o pólo e os meridia-nos corno raios, convergindo todos para o ponto de contato.

Neste tipo de projeção, as deformações são pequenas nas proximidadesdo pólo (ou ponto de tangência), mas aumentam à medida que nos distan-ciamos dele.

A projeção azimutal destina-se especialmente a representar as regiõespolares e suas proximidades.

Além destes três tipos de projeções, podemos destacar também:

  a de Mollweide: não utiliza nenhuma superfície de contato. Ela se des-tina à representação global da Terra, respeitando os aspectos da superfí-cie, porém, os meridianos se transformam em elipses, e o valor dos ângulosnão é respeitado. Nesta projeção, os paralelos são linhas retas e os meridi-

anos, linhas curvas;

  a estereográfica: utilizada para os mapas-múndi, em que a Terra apa-rece representada por dois hemisférios — o oriental e o ocidental. Nela, osparalelos e meridianos, com exceção do Equador e do Meridiano Inicial,são curvos, sendo que a curvatura dos paralelos aumenta gradativamente,à medida que se aproximam dos pólos.

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

Várias técnicas são empregadas pelos cartógrafos para se representar,em um mapa, os aspectos físicos, humanos e econômicos de um continen-te, país ou região.

SÍMBOLOSTendo em vista simplificar o uso de símbolos para se expressar os ele-

mentos geográficos em um mapa, foi padronizada uma simbologia interna-cional, que permite a leitura e a interpretação de um mapa em qualquer parte do globo.

A REPRESENTAÇÃO DO RELEVO TERRESTRE

A representação do relevo terrestre pode ser feita por meio de váriosprocessos: graduação de cores, curvas de nível, hachuras e mapas som-breados.

MAPAS COM GRADUAÇÃO DE CORES

Como exemplo de mapas com graduação de cores, temos:

 mapas de relevo ou hipsomêtricos: em que as diferenças de altitudesão sempre expressas: pelo verde, para representar as baixas altitudes;pelo amarelo e alaranjado, para as médias altitudes; e pelo marrom eavermelhado, para as maiores altitudes;

 mapas oceânicos ou batimétricos: onde observamos as diferentesprofundidades oceânicas, peas tonalidades do azul: azul claro, para repre-sentar as pequenas profundidades, e vários tons de azul, até o mais escu-ro, para as maiores profundidades.

CURVAS DE NÍVEL

As curvas de nível são linhas empregadas para unir os pontos da super-fície terrestre de igual altitude sobre o nível do mar.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 9

Elas são indicadas no mapa por algarismos aos quais se dá o nome de“cotas de altitude”. 

O processo de representar o relevo por curvas de nível consiste em seimaginar o terreno cortado por uma série de planos horizontais guardandoentre si uma distância vertical.

A diferença de nível entre duas curvas é quase sempre a mesma, porém,se duas curvas se aproximam, é porque o decl ive (inclinação) é maior, e se,

pelo contrário, se afastam, o declive, ou seja, o relevo, é mais suave emenos abrupto.

HACHURAS

As hachuras são pequenos traços, de grossura e afastamento variável,desenhados para exprimir maior inclinação do terreno.

Elas são desenhadas entre as curvas de nível e perpendicularmente aelas.

Assim sendo, os mapas que representam relevos de maior declividadeou inclinação são bastante escurecidos, enquanto aqueles que represen-tam menores inclinações do terreno se apresentam mais claros. Os terre-

nos planos e os situados ao nível do mar são deixados em branco.Este método não tem sido muito utilizado ultimamente, sendo substituído

pelo das curvas de nível ou pelo da graduação de cores.

FOTOGRAFIAS AÉREAS OU AEROFOTOGRAMETRIA

Atualmente vem ganhando destaque o processo de reconhecimento doterreno pelas fotografias aéreas. Este processo, denominado aerofotogra-metria, é desenvolvido da seguinte maneira:

1)  Um avião, devidamente equipado, fotografa uma certa área, detal modo que o eixo focal seja perpendicular à superfície. A primeira e asegunda fotos devem corresponder à cobertura de uma área comum deaproximadamente 600/o (figura A).

2)  As fotos obtidas são colocadas uma ao lado da outra, obede-

cendo a mesma orientação, de tal forma que ambas apresentem igualposição.

3)  Com o auxílio de um estereoscopio podemos observar a área (A)em imagem tridimensional.

4)  Utilizando-se vários instrumentos, podem ser traçadas as curvasde nível e interpretados os diversos aspectos físicos que a área focalizadaapresenta.

Na cartografia temática temos convenções e símbolos cartográficosque são símbolos e cores utilizados para representar os elementosdesejados. Existe uma padronização internacional de símbolos e corespara facilitar a leitura e interpretação dos mapas, em qualquer parte domundo.

Geografia física: climas da Terra, do Brasil e dinâmica climática

do Paraná; geologia, relevo e solos do Brasil e do estado doParaná;

Clima da Terra

Classificação dos climas. Dentre as numerosas classificações de cli-mas, a mais corrente foi estabelecida em 1900 pelo cientista alemão Wla-dimir Köppen. A classificação de Köppen compreende cinco grandes gru-pos de climas, cada um dos quais corresponde a um tipo de vegetação e sesubdivide com base nas temperaturas e nos índices pluviométricos:

(1) Grupo A - Climas tropicais chuvosos (megatérmicos). Possuem to-dos os meses com médias térmicas superiores a 18o C. Tipos: Af - Climadas florestas pluviais, com chuvas abundantes e bem distribuídas. Am -Clima das florestas pluviais, com pequena estação seca, sob a influência

das monções. Aw - Clima das savanas, com estação seca hibernal marcan-te. (As letras f e w podem vir associadas a outros tipos climáticos, indicandosempre chuvas bem distribuídas e chuvas de verão, respectivamente. Aletra minúscula i, usada nesse grupo, indicará amplitudes térmicas inferio-res a 5o C.)

(2) Grupo B - Climas secos (xerófitos). A correlação entre a temperatu-ra e a precipitação permite distinguir os dois tipos seguintes. BS - Clima dasestepes (semi-árido), em que as precipitações são inferiores a certos limitesempiricamente estabelecidos por Köppen. BW - Clima dos desertos (árido),em que as precipitações são inferiores à metade dos limites anteriores. (Asletras minúsculas h (quente) e k (frio) indicarão suas modalidades térmicas.

(3) Grupo C - Climas mesotérmicos úmidos. O mês mais frio tem médiainferior a 18o C, mas superior a -3o C. Tipos: Cf - Mesotérmico sem esta-ção seca. Cw - Mesotérmico com inverno seco. Cs - Mediterrâneo comverões secos. (As letras a ou b indicam, nesse grupo, se o mês mais quen-te tem média superior ou inferior a 22o C, respectivamente.

(4) Grupo D - Climas microtérmicos úmidos (boreal). Surge em regiõesde florestas frias do hemisfério norte, onde a média do mês mais frio for inferior a -3o C, e a do mês mais quente superar 10o C. Tipos: DF - Micro-térmicos com invernos úmidos. Dw - Microtérmicos com invernos secos. (Asletras a ou b indicam, nesse grupo, se o mês mais frio tem média superior ou inferior a -38o C.)

(5) Grupo E - Climas polares (hequistotérmicos). Todos os meses têmmédias inferiores a 10o C. Tipos: ET - Clima das tundras, em que o mêsmais quente tem média superior a 0o C. Ef - Clima do gelo perpétuo, com amédia de todos os meses abaixo de 0o C.

Dentro da classificação de Köppen, predominam no Brasil os climas dogrupo A, tropicais chuvosos, bem representados em todas as suas varieda-des. Nas regiões Sul e Sudeste, cujas latitudes são mais elevadas e ondehá planaltos e regiões serranas, encontram-se climas do tipo C, mesotérmi-cos, com modalidades de chuvas bem distribuídas e outras de chuvas deverão. Na região Nordeste se evidencia a presença de uma variedade dotipo B, semi-árido quente.

Brasil - clima

O Brasil é um país essencialmente tropical: a linha do equador passaao norte, junto a Macapá AP e a Grande São Paulo fica na linha de Capri-córnio. A zona temperada do sul compreende apenas o vértice meridionaldo Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, a maior parte do Paraná e oextremo-sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Os climas do país se

enquadram nos três primeiros grupos da classificação de Köppen (grupodos megatérmicos, dos xerófitos e dos mesotérmicos úmidos), cada um dosquais corresponde a um tipo de vegetação e se subdivide com base nastemperaturas e nos índices pluviométricos.

A região Norte do Brasil apresenta climas megatérmicos (ou tropicaischuvosos), em que os tipos predominantes são o Af (clima das florestaspluviais, com chuvas abundantes e bem distribuídas) e o Am (clima dasflorestas pluviais, com pequena estação seca). Caracterizam-se por tempe-raturas médias anuais elevadas, acima de 24o C, e pelo fato de que adiferença entre as médias térmicas do mês mais quente e do mais frio semantém inferior a 2,5o C. Entretanto, a variação diurna da temperatura émuito maior: 9,6o C em Belém PA, 8,7o C em Manaus AM e 13,5o C emSena Madureira AC.

No sudoeste da Amazônia, as amplitudes térmicas são mais expressi-vas devido ao fenômeno da friagem, que ocorre no inverno e provém dainvasão da massa polar atlântica nessa área e acarreta uma temperaturamínima, em Sena Madureira, de 7,9o C. O total de precipitações na Ama-zônia é geralmente superior a 1.500mm ao ano. A região tem três tipos deregime de chuvas: sem estação seca e com precipitações superiores a3.000mm ao ano, no alto rio Negro; com curta estação seca (menos de100mm mensais) durante três meses, a qual ocorre no inverno austral edesloca-se para a primavera à medida que se vai para leste; e com estia-gem pronunciada, de cerca de cinco meses, numa faixa transversal desdeRoraima até Altamira, no centro do Pará.

A região Centro-Oeste do país apresenta alternância bem marcada en-tre as estações seca e chuvosa, geralmente no verão, o que configura otipo climático Aw. A área submetida a esse tipo de clima engloba o planalto

Central e algumas zonas entre o Norte e o Nordeste. O total anual deprecipitações é de cerca de 1.500mm, mas pode elevar-se a 2.000mm. Noplanalto Central, mais de oitenta por cento das chuvas caem de outubro amarço, quase sempre sob a forma de aguaceiros, enquanto o inverno temdois a três meses praticamente sem chuvas.

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A temperatura média anual varia entre 19 e 26o C, mas a amplitudetérmica anual eleva-se até 5o C. O mês mais frio é geralmente julho; o maisquente, janeiro ou dezembro. A insolação é forte de dia, mas à noite airradiação se faz livremente, trazendo madrugadas frias. No oeste (MatoGrosso do Sul) verificam-se também invasões de friagem, com temperatu-ras inferiores a 0o C em certos lugares.

No sertão do Nordeste ocorre o clima semi-árido, equivalente à varie-dade Bsh do grupo dos climas secos ou xerófitos. Abrange o médio SãoFrancisco, mas na direção oposta chega ao litoral pelo Ceará e pelo RioGrande do Norte. Caem aí menos de 700mm de chuva por ano. O períodochuvoso, localmente chamado inverno, embora geralmente corresponda aoverão, é curto e irregular. As precipitações são rápidas mas violentas. Aestiagem dura geralmente mais de seis meses e às vezes se prolonga por um ano ou mais, nas secas periódicas, causando problemas sociais graves.As temperaturas médias anuais são elevadas: acima de 23o C, exceto noslugares altos. Em partes do Ceará e Rio Grande do Norte, a média vai a28o C. A evaporação é intensa.

Nas regiões Sudeste e Sul do Brasil predominam climas mais amenos -- mesotérmicos úmidos -- enquadrados nas variedades Cfa, Cfb, Cwa eCwb. As temperaturas médias mais baixas ocorrem geralmente em julho(menos de 18o C), época em que pode haver geadas. No Sudeste, conser-vam-se as características tropicais modificadas pela altitude. A amplitude

térmica permanece por volta de 5o C e as chuvas mantêm o regime estival,concentradas no semestre de outubro a março.

O Sul apresenta invernos brandos, geralmente com geadas; verõesquentes nas áreas baixas e frescos no planalto; chuvas em geral bemdistribuídas. As temperaturas médias anuais são inferiores a 18o C. Aamplitude térmica anual cresce à medida que se vai para o sul. Nevesesporádicas caem sobretudo nos pontos mais elevados do planalto: SãoFrancisco de Paula RS, Caxias do Sul RS, São Joaquim SC, Lajes SC ePalmas PR. No oeste do Rio Grande do Sul, no entanto, ocorrem os verani-cos de fevereiro, secos e quentíssimos, com temperaturas das mais altasdo Brasil.

Paraná - clima

Clima. Três tipos climáticos caracterizam o estado do Paraná: os cli-

mas Cfa, Cfb e Cwa da classificação de Köppen. O clima Cfa, subtropicalcom chuvas bem distribuídas durante o ano e verões quentes, ocorre emduas partes distintas do estado, na planície litorânea e nas porções maisbaixas do planalto, isto é, em sua porção ocidental. Registra temperaturasmédias anuais de 19o C e pluviosidade de 1.500mm anuais, algo maiselevada na costa que no interior.

O clima Cfb, subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano everões amenos, ocorre na porção mais elevada do estado e envolve oplanalto cristalino, o planalto paleozóico e a parte oriental do planalto basál-tico. As temperaturas médias anuais oscilam em torno de 17o C e a pluvio-sidade alcança cerca de 1.200mm anuais.

O clima Cwa, subtropical com verões quentes e invernos secos, ocorrena porção noroeste do estado. É o chamado clima tropical de altitude, pois

ao contrário dos dois acima descritos, que registram chuvas bem distribuí-das no decorrer do ano, este apresenta pluviosidade típica dos regimestropicais, com invernos secos e verões chuvosos. A temperatura médiaanual oscila em torno de 20o C e a pluviosidade alcança 1.300mm anuais.Quase todo o estado está sujeito a mais de cinco dias de geada por ano,mas na porção meridional e nas partes mais elevadas dos planaltos regis-tram-se mais de dez dias. A neve aparece esporadicamente na área deCuritiba.

Brasil

Geografia física

Geologia

O território brasileiro, juntamente com o das Guianas, distingue-se niti-

damente do resto da América do Sul. Seu embasamento abriga as maioresáreas de afloramento de rochas pré-cambrianas, os chamados escudos: oescudo ou complexo Brasileiro, também designado como embasamentoCristalino, ou simplesmente Cristalino; e o escudo das Guianas. Os terre-nos mais antigos, constituídos de rochas de intenso metamorfismo, formamo complexo Brasileiro. O escudo das Guianas abarca, além das Guianas,

parte da Venezuela e do Brasil, ao norte do rio Amazonas. Entre ambossitua-se a bacia sedimentar do Amazonas, cuja superfície está em grandeparte coberta por depósitos cenozóicos, em continuação aos da faixaadjacente aos Andes.

As rochas mais antigas do escudo das Guianas datam de mais de doisbilhões de anos. É portanto uma área estável de longa data. Na faixacosteira do Maranhão e do Pará ocorrem rochas pré-cambrianas, queconstituem um núcleo muito antigo, com cerca de dois bilhões de anos. Aregião pré-cambriana de Guaporé é coberta pela floresta amazônica. A dorio São Francisco estende-se pelos estados da Bahia, Minas Gerais eGoiás. Há dentro dessa região uma unidade tectônica muito antiga, ogeossinclíneo do Espinhaço, que vai de Ouro Preto MG até a borda meridi-onal da bacia sedimentar do Parnaíba. As rochas mais antigas dessa áreaconstituem o grupo do rio das Velhas, com idades que atingem cerca de 2,5bilhões de anos.

As rochas do grupo Minas assentam-se em discordância sobre elas, esão constituídas de metassedimentos que em geral exibem metamorfismode fácies xisto verde, com idade aproximada de 1,5 bilhão de anos. Perten-ce a esse grupo a formação Itabira, com grandes jazidas de ferro e manga-nês. Sobre as rochas do grupo Minas colocam-se em discordância as dogrupo Lavras, constituídas de metassedimentos de baixo metamorfismo,com metaconglomerados devidos talvez a uma glaciação pré-cambriana.

Grande parte da área pré-cambriana do São Francisco é coberta por rochas sedimentares quase sem metamorfismo e só ligeiramente dobradas,constituídas em boa parte de calcários. Essa seqüência é conhecida comogrupo Bambuí, com idade em torno de 600 milhões de anos, época em queprovavelmente a região do São Francisco já havia atingido relativa estabili-dade.

Ao que parece, um grande ciclo orogenético, denominado Transama-zônico, ocorrido há cerca de dois bilhões de anos, perturbou as rochasmais antigas dessa faixa pré-cambriana. Ao final do pré-cambriano, asregiões do São Francisco e do Guaporé eram separadas por dois geossin-clíneos -- o Paraguai-Araguaia, que margeava as terras antigas do Guaporépelo lado oriental; e o de Brasília, que margeava as terras antigas do SãoFrancisco pelo lado ocidental.

As estruturas das rochas parametamórficas do geossinclíneo Paraguai-Araguaia orientam-se na direção norte-sul no Paraguai e sul do Mato Gros-so, curvam-se para o nordeste e novamente para norte-sul no norte deMato Grosso e Goiás e atingem o Pará através do baixo vale do Tocantins,numa extensão de mais de 2.500km. Iniciam-se por uma espessa seqüên-cia de metassedimentos que constituem, no sul, o grupo Cuiabá, e nonorte, o grupo Tocantins. Essa seqüência é recoberta pelas rochas dogrupo Jangada, entre as quais existem conglomerados tidos como repre-sentantes do episódio glacial.

O geossinclíneo Brasília desenvolveu-se em parte dos estados de Goi-ás e Minas Gerais. Suas estruturas, no sul, dirigem-se para noroeste edepois curvam-se para o norte. A intensidade do metamorfismo decrescede oeste para leste e varia de fácies anfibolito a fácies xisto verde. A regiãocentral de Goiás, que separa os geossinclíneos Paraguai-Araguaia e Brasí-

lia, é constituída de rochas que exibem fácies de metamorfismo de anfiboli-to.

Uma longa faixa metamórfica, chamada de geossinclíneo Paraíba, es-tende-se ao longo da costa oriental do Brasil, do sul da Bahia ao Rio Gran-de do Sul e Uruguai. Suas rochas de metamorfismo mais intenso estão naserra do Mar. As rochas de baixo metamorfismo (xistos verdes) são grupa-das sob diferentes nomes geográficos: grupo Porongos, no Rio Grande doSul, grupo Brusque, em Santa Catarina, grupo Açungui, no Paraná e sul deSão Paulo, e grupo São Roque, na área de São Roque-Jundiaí-Mairiporã,no estado de São Paulo. Gnaisses e migmatitos da área pré-cambriana donorte, em São Paulo e partes adjacentes de Minas Gerais, constituem aserra da Mantiqueira.

A faixa orogenética do Cariri, no Nordeste, possui direções estruturais

muito perturbadas por falhamentos. Um grande acidente tectônico, o linea-mento de Pernambuco, separa a faixa do Cariri do geossinclíneo de Propri-á. O grupo Ceará, importante unidade da faixa tectônica do Cariri, apresen-ta metassedimentos com metamorfismos que variam da fácies xisto verde àde anfibolito, recobertos em discordância pelas rochas do grupo Jaibara.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 11

A fase de sedimentação intensa de todos esses geossinclíneos ocorreuno pré-cambriano superior, e seu fim foi marcado por um ciclo orogenético,o ciclo Brasileiro, ocorrido há cerca de 600 milhões de anos. Suas fasestardias atingiram os períodos cambriano e ordoviciano, e produziram depó-sitos que sofreram perturbações tectônicas, não acompanhadas de meta-morfismo. Em Mato Grosso, extensos depósitos calcários dessa épocaconstituem os grupos Corumbá, ao sul, e Araras, ao norte. Em discordânciasobre o Corumbá, assentam as rochas do grupo Jacadigo, constituídas dearcósios, conglomerados arcosianos, siltitos, arenitos e camadas e lâminas

de hematita, jaspe e óxidos de manganês.Na faixa atlântica há indícios de manifestações vulcânicas riolíticas e

andesíticas associadas aos metassedimentos cambro-ordovicianos, etambém granitos intrusivos, tardios e pós-tectônicos. Os sedimentos cam-bro-ordovicianos, que marcam os estertores da fase geossinclinal no Brasil,não possuem fósseis, por se terem formado em ambiente não-marinho.Ocupam áreas restritas, cobertas discordantemente pelos sedimentosdevonianos ou carboníferos da bacia do Paraná. A maior área encontra-seno estado do Rio Grande do Sul.

A seqüência da base é chamada de grupo Maricá, à qual sucede ogrupo Bom Jardim, que consiste em seqüências sedimentares semelhantesàs do grupo Maricá, mas caracterizadas por um vulcanismo andesíticomuito intenso. Segue-se o grupo Camaquã, cujas rochas exibem perturba-

ções mais suaves que as dos grupos sotopostos. Nas fases iniciais dedeposição desse grupo, ocorreu intenso vulcanismo riolítico, mas há evi-dências de fases vulcânicas riolíticas anteriores: os conglomerados dogrupo Bom Jardim contêm seixos de riólitos. Também durante as fases desedimentação das rochas do grupo Camaquã, ocorreu vulcanismo andesíti-co intermitente.

O grupo Itajaí, em Santa Catarina, é outra grande área de rochas for-madas em ambiente tectônico. O grupo Castro, no Paraná, constituído dearcósios, siltitos e conglomerados, parece ter-se formado na mesma épocadesses grupos. Riólitos, tufos e aglomerados ocorrem em diversos níveisdessa seqüência, e rochas vulcânicas andesíticas marcam as fases finais.Sobre as rochas do grupo Castro descansa uma seqüência de conglome-rados, a formação Iapó.

Bacias sedimentares. Distinguem-se, por sua estrutura, três grandesbacias sedimentares intracratônicas no Brasil: Amazonas, Parnaíba (ouMaranhão) e Paraná. A bacia do Amazonas propriamente dita ocupa ape-nas a região oriental do estado do Amazonas e o estado do Pará, comexceção da foz do Amazonas, que pertence à bacia de Marajó. Os terrenosmais antigos datam da era paleozóica e alinham-se em faixas paralelas aocurso do rio Amazonas. As rochas do período devoniano ocorrem tanto nabacia do Amazonas como nas do Parnaíba e do Paraná. Outros datam daera mesozóica e são cretáceos (séries Acre e Itauajuri, formação NovaOlinda), e constituem, com os anteriores, zonas com possibilidades de

 jazidas petrolíferas. Mas as maiores extensões correspondem aos terrenosrecentes, particularmente pliocênicos (série Barreiras), mas também pleis-tocênicos (formação Pará) e holocênicos ou atuais, todos de origem conti-nental.

A bacia sedimentar do Parnaíba situa-se em terras do Maranhão e doPiauí. Os terrenos mais antigos remontam à era paleozóica e em geral sãode origem marinha; os devonianos subdividem-se em três formações:Picos, Cabeças e Longá. Distinguem-se na bacia do Parnaíba três ciclos desedimentação separados por discordâncias: (1) siluriano; (2) devoniano-carbonífero inferior; (3) carbonífero superior-permiano. Durante o intervalosiluriano-carbonífero inferior, a área de maior subsidência situava-se nolimite sudeste da atual bacia, o que lhe conferia grande assimetria emrelação aos atuais limites da bacia. Isso significa que a borda oriental atualé erosiva e não corresponde à borda original. A história da bacia durante opermiano acha-se documentada pelos depósitos das formações Pedra deFogo e Motuca.

A bacia do Paraná é uma das maiores do mundo. Mais de sessenta por cento de sua área de 1.600.000km2 ficam no Brasil; cerca de 25% na

Argentina e o restante no Paraguai e Uruguai. É definida como unidadeautônoma a partir do devoniano, embora ocorram sedimentos marinhossilurianos fossilíferos no Paraguai, de extensão limitada. Distinguem-se nabacia do Paraná três ciclos de sedimentação paleozóica (siluriano, devoni-ano, permocarbonífero), separados entre si por discordâncias. Os sedimen-tos marinhos do fim do paleozóico são bem menos importantes que nas

duas outras bacias, mas ao contrário delas, essa bacia possui sedimentosmarinhos permianos.

Relevo

O Brasil é um país de relevo modesto: seus picos mais altos elevam-sea cotas da ordem dos três mil metros. Em grandes números, o relevobrasileiro se reparte em menos de quarenta por cento de planícies e poucomais de sessenta por cento de planaltos. A altitude média é de 500m. Aselevações agrupam-se em dois sistemas principais: o sistema Brasileiro e o

sistema Parima ou Guiano. Ambos são constituídos de velhos escudoscristalinos, de rochas pré-cambrianas -- granito, gnaisse, micaxisto, quartzi-to -- fortemente dobrados e falhados pelas orogenias laurenciana e huroni-ana.

Trabalhados por longo tempo pelos agentes erosivos, os dois escudosforam aplainados até formarem planaltos muito regulares. Na periferia, aorogenia andina refletiu-se por meio de falhas, flexuras e fraturas quepromoveram uma retomada da erosão, que deu origem a formas maisenérgicas de relevo: escarpas, vales profundos, serras e morros arredon-dados.

O sistema Parima ou Guiano fica ao norte da bacia amazônica e sua li-nha divisória serve de fronteira entre o Brasil, de um lado, e a Venezuela,Guiana, Suriname e Guiana Francesa de outro. A superfície aplainada do

alto rio Branco (vales do Tacutu e do Rupununi) divide o sistema em doismaciços: o Oriental, com as serras de Tumucumaque e Acaraí, mais baixo,com altitudes quase sempre inferiores a 600m; e o Ocidental, mais elevado,que recebe denominações como serra de Pacaraima, Parima, Urucuzeiro,Tapirapecó e Imeri, onde se encontram os pontos culminantes do relevobrasileiro: o pico da Neblina, com 3.014m, e o Trinta e Um de Março, com2.992m. Mais para oeste, no alto rio Negro, ocorrem apenas bossas graníti-cas isoladas (cerro Caparro, pedra de Cucaí), com menos de 500m, queemergem do peneplano coberto de florestas.

O sistema Brasileiro ocupa área muito maior que o Parima. Está subdi-vidido em províncias fisiográficas ou geomórficas. O maciço Atlânticoabrange as serras cristalinas que ficam a leste das escarpas sedimentaresdo planalto Meridional, e tomam as denominações gerais de serra do Mar eserra da Mantiqueira. A primeira acompanha a costa brasileira desde o

baixo Paraíba, perto do município de Campos dos Goitacases RJ até o sulde Santa Catarina; a serra da Mantiqueira fica um pouco mais para o interi-or, e estende-se de São Paulo até à Bahia.

A serra do Mar mostra um conjunto de cristas paralelas entre o litoralsul do estado do Rio de Janeiro e o médio Paraíba: Gávea, Pão de Açúcar,Corcovado, Tijuca, Pedra Branca, Jericinó-Marapicu, garganta Viúva daGraça, até o alinhamento principal da serra, que descamba suavementepara o leito do Paraíba. Longitudinalmente, mostra o bloco levantado daserra dos Órgãos, ao norte da baía de Guanabara, com culminâncias napedra do Sino (2.245m) e na pedra Açu (2.232m) entre Petrópolis e Tere-sópolis, pendente para o interior. A serra da Bocaina, no estado de SãoPaulo, ao contrário, é basculada em direção à costa. Entre São Paulo eSantos, a serra de Cubatão, com 700m de altitude, é meramente a bordade um planalto.

No Paraná, a serra do Mar toma os nomes de Ibiteraquire, ou Verde,Negra e Graciosa, e é uma verdadeira serra marginal. Em Santa Catarina,foi rebaixada e cortada de falhas, de modo que a erosão isolou morros comformato de pirâmide truncada. Avança para o sul até Tubarão, onde desa-parece sob sedimentos paleozóicos e possantes derrames basálticos. Asserras de Tapes e Erval, no sudeste do Rio Grande do Sul, com cerca de400m de altitude, são consideradas como parte da serra do Mar apenas por suas rochas, pois há entre elas uma solução de continuidade.

A serra da Mantiqueira é composta por rochas de idade algonquiana,na maioria de origem metamórfica: gnaisse xistoso, micaxisto, quartzito,filito, itabirito, mármore, itacolomito etc. Enquanto no interior paulista tomaos nomes locais de serra de Paranapiacaba e Cantareira, nas divisas deMinas, onde alcança as cotas mais elevadas, é chamada de Mantiqueira

mesmo.Durante o período terciário, massas de rochas plutônicas alcalinas pe-

netraram pelas falhas que criaram esse escarpamento e geraram os blocoselevados de Itatiaia (pico das Agulhas Negras: 2.787m) e Poços de Caldas.Águas e vapores em altas temperaturas intrometeram-se também pelas

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fendas e formaram as fontes de águas termais dessa região. A leste domaciço de Itatiaia, as cristas da Mantiqueira formam alinhamentos divergen-tes. O mais ocidental se dirige para o centro do estado e forma uma escar-pa voltada para leste, que eleva as cotas a mais de mil metros. O ramomais oriental forma a divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo até o valedo rio Doce, elevando-se na serra da Chibata ou Caparaó, até 2.890m, nopico da Bandeira.

No centro de Minas Gerais, outro bloco elevado assume forma qua-drangular, constituído de rochas ricas em ferro, de alto teor. Toma nomeslocais de serra do Curral, ao norte; do Ouro Branco, ao sul; de Itabirito, aleste, e da Moeda, a oeste. O ramo oriental se prolonga para o norte doestado, com o nome de serra do Espinhaço, que divide as águas da baciado São Francisco das que vertem diretamente no Atlântico. Com a mesmafunção e direção geral e estrutura semelhantes, a Mantiqueira estende-seaté o norte da Bahia, onde recebe as denominações de chapada Diamanti-na, serra do Tombador e serra da Jacobina.

Planaltos e escarpas. No sul do Brasil, o relevo de planaltos e escarpascomeça do primeiro planalto, de Curitiba, com cerca de 800m, até umaescarpa de 1.100m, constituída de arenito Furnas. O segundo planalto é ode Ponta Grossa. A escarpa oriental é denominada Serrinha, e tem nomeslocais como os de serra do Purunã e Itaiacoca. A oeste do planalto ergue-se nova escarpa, com cota de 1.300m, que vai do sul de Goiás e Mato

Grosso até a Patagônia. A superfície desse derrame é de cerca de ummilhão de quilômetros quadrados. O planalto descamba novamente paraoeste, até cotas de 200 e 300m na barranca do rio Paraná. Este é o terceiroplanalto, chamado de planalto basáltico ou planalto de Guarapuava. Aescarpa que o limita a leste chama-se serra da Esperança.

No Rio Grande do Sul, a única escarpa conspícua é a da serra Geral,que abrange desde 1.200m, nos Aparados da Serra, até cotas entre 50 e200m, no vale médio do Uruguai. Em São Paulo, os sedimentos paleozói-cos não formam uma escarpa, mas uma depressão periférica, na base dacuesta basáltica: a serra de Botucatu. Mato Grosso apresenta três frentesde cuesta: a devoniana, de arenito Furnas (serras de São Jerônimo eCoroados ou São Lourenço); a carbonífera, de arenito Aquidauana (serrados Alcantilados); e a eojurássica (serras de Maracaju e Amambaí).

O relevo do Nordeste, ao norte da grande curva do rio São Francisco, éconstituído essencialmente por dois vastos pediplanos em níveis diferentes.O mais elevado corresponde ao planalto da Borborema, de 500 a 600m,que se estende do Rio Grande do Norte a Pernambuco. Em Alagoas e nobrejo paraibano, sua superfície é cortada por vales profundos. O pediplanomais baixo, com menos de 400m, d ifunde-se por quase todo o Ceará, oestedo Rio Grande do Norte e Paraíba e norte da Bahia. Dele se erguem eleva-ções isoladas de dois tipos:(1) chapadas areníticas de topo plano, como ado Araripe, (600-700m) entre Ceará e Pernambuco e a do Apodi (100-200m), entre Ceará e Rio Grande do Norte; e (2) serras cristalinas de rochadura, como as de Baturité, Uruburetama e Meruoca, no Ceará.

Nos planaltos e chapadas do centro-oeste predominam as linhas hori-zontais, que alcançam cotas de 1.100 a 1.300m no sudeste, desde a serrada Canastra, em Minas Gerais, até a chapada dos Veadeiros, em Goiás,

passando pelo Distrito Federal. Seus vales são largos, com vertentessuaves; só os rios de grande caudal, como o Paranã (bacia Amazônica),Paranaíba (bacia do Prata) e Abaeté (bacia do São Francisco), cavamneles vales profundos. No sudeste do planalto central, a uniformidade dorelevo resulta de longo trabalho de erosão em rochas proterozóicas. Asaltitudes dos planaltos vão baixando para o norte e noroeste à medida quedescem em degraus para a planície amazônica: 800-900m na serra Geralde Goiás; 700-800m nas serras dos Parecis e Pacaás Novos, em Rondô-nia; 500m e pouco mais na serra do Cachimbo.

Planícies. Existem três planícies no Brasil, em volta do sistema Brasilei-ro: a planície Amazônica, que o separa do sistema Guiano, a planícielitorânea e a planície do Prata, ou Platina. A Amazônica, em quase todasua área, é formada de tabuleiros regulares, que descem em degraus emdireção à calha do Amazonas. A planície litorânea estende-se como uma

fímbria estreita e contínua da costa do Piauí ao Rio de Janeiro, constituídade tabuleiros e da planície holocênica.

Apenas dois prolongamentos da planície do Prata atingem o Brasil: noextremo sul, a campanha gaúcha, e no sudoeste, o pantanal mato-grossense. Ao sul da depressão transversal do Rio Grande do Sul, a cam-

panha é uma baixada com dois níveis de erosão: o mais alto forma umplatô com cerca de 400m de altitude na região de Lavras e Caçapava doSul; o mais baixo aplainou o escudo cristalino com ondulações suaves -- ascoxilhas. O pantanal mato-grossense é uma fossa tectônica, aproveitadapelo rio Paraguai e seus afluentes, que a inundam em parte durante asenchentes, para atingir o rio da Prata.

Paraná

Geografia física

Geologia e relevo. Cerca de 52% do território do Paraná encontram-seacima de 600m e 89% acima de 300m; somente três por cento ficam abaixode 200m. O quadro morfológico é dominado por superfícies planas dispos-tas a grande altitude, compondo planaltos escarpados formam as serras doMar e Geral. Cinco unidades de relevo sucedem-se de leste para oeste, naseguinte ordem: baixada litorânea, serra do Mar, planalto cristalino, planaltopaleozóico e planalto basáltico.

A baixada litorânea forma uma faixa de terras baixas com cerca de vin-te quilômetros de largura média. Compreende terrenos baixos e inundáveis(planícies aluviais e formações arenosas) e morros cristalinos com aproxi-madamente cinqüenta metros de altura. Em sua porção setentrional, abaixada litorânea se fragmenta para dar lugar à baía de Paranaguá, cujoaspecto digitado resulta da penetração do mar através de antigos vales

fluviais, isto é, da formação de rias.A serra do Mar constitui o rebordo oriental do planalto cristalino e do-

mina com suas enérgicas escarpas a planície litorânea. No estado doParaná, ao contrário do que ocorre em São Paulo, a serra apresenta-sefragmentada em maciços isolados, entre os quais se insinua o nível doplanalto cristalino (900m) até alcançar a borda oriental. Em geral, os maci-ços ultrapassam em cem metros essa cota. Isso faz com que no Paraná aserra do Mar, além da escarpa que se volta para leste com um desnível demil metros, também apresente uma escarpa interior, voltada para oeste. Noentanto, esta mostra um desnível de apenas cem metros.

O planalto cristalino, também chamado primeiro planalto do Paraná,apresenta uma faixa de terrenos cristalinos, que se estende em sentidonorte-sul, a oeste da serra do Mar, com uma largura média de cem metros

e cerca de 900m de altura. A topografia varia de acidentada, ao norte, asuavemente ondulada, ao sul. Um antigo lago, hoje atulhado de sedimen-tos, forma a bacia sedimentar de Curitiba.

O planalto paleozóico, também chamado segundo planalto do Paranáou planalto dos Campos Gerais (ou Ponta Grossa), desenvolve-se emterrenos do período paleozóico. É limitado, a leste, por uma escarpa, aSerrinha, que cai para o planalto cristalino e, a oeste, pelo paredão da serraGeral, que sobe para o planalto basáltico. O planalto paleozóico apresentatopografia suave e ligeira inclinação para oeste: em sua extremidade orien-tal alcança 1.200m de altura e, na base da serra Geral, a oeste, registraapenas 500m. Forma uma faixa de terras de aproximadamente cem quilô-metros de largura e descreve uma gigantesca meia-lua, cuja concavidadese volta para leste.

O planalto basáltico, ou terceiro planalto do Paraná, também chamadoplanalto de Guarapuava, é a mais extensa das unidades de relevo doestado. Limita-o, a leste, a serra Geral, que, com um desnível de 750m,domina o planalto paleozóico. A oeste, o limite é assinalado pelo rio Para-ná, que a jusante do ponto onde ficavam os saltos de Sete Quedas formaimpressionante desfiladeiro (na verdade, o planalto prolonga-se para alémdos limites do estado do Paraná e constitui parte dos territórios de MatoGrosso do Sul, do Paraguai e da Argentina).

Tal como o planalto paleozóico, o planalto basáltico descamba suave-mente para o ocidente: cai de 1.250m, a leste, para 300m nas margens doParaná (a montante de Sete Quedas). Formado por uma sucessão dederrames de basalto, empilhados uns sobre os outros, esse planalto ocupatoda a metade ocidental do estado. Seus solos, desenvolvidos a partir dosprodutos da decomposição do basalto, constituem a "terra roxa", famosa

pela fertilidade. Tipos de solo do Brasil

Os solos para serem classificados são verificados os fatores de forma-ção do solo e suas características específicas, pois assim conseguiremosdeterminar a qualidade e, principalmente o tipo de solo que estamos falan-

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do. São feitos três levantamentos para verificar qual o tipo de solo, sendoeles: Mapeamento pré-campo que analisa mapas e informações que jáexistem sobre o local; Mapeamento de Campo que faz uma analise deperfis do sole através de coleta de amostras; Análises de laboratório paradeterminar as propriedades físicas, químicas e mineralógicas dos solos eainda é possível determinar as propriedades mecânicas se caso seja ne-cessário. 

Os mapas encontrados depois de todas as analises citadas a cima sãoclassificados como Naturais ou Técnicos, sendo que os naturais são enfati-zados principalmente os tipos de solos semelhantes e no técnico sãoproduzidos em relação às características técnicas que se quer atingir, comopor exemplo, capacidade de uso da terra, disponibilidade hídrica, suscepti-bilidade de erosão entre outros.

O solo do Brasil corresponde a uma decomposição de rochas que ocor-reram por meio de ações que estão ligadas principalmente à temperatura etambém de processos erosivos que são provenientes da ação dos ventos,seres vivos como bactérias e fungos e também das chuvas.

O Brasil vem crescendo e se destacando como um grande produtor a-grícola, um fato que é proveniente do extenso território brasileiro e tambémpor conta da alta fertilidade do solo do nosso território. Como sabemos oBrasil é um país extenso territorialmente e por conta disso temos umavariedade de tipos de solo que se diferenciam por conta da sua tonalidade,

granulação, composição e produção. Em território brasileiro encontramosquatro tipos de solo, sendo eles: salmorão, aluviais, terra roxa e massapé.

O solo de Terra Roxa corresponde a um tipo de solo de extrema fertili-dade que tem uma tonalidade bem avermelhada que é encontrada nosestados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul, sendooriginado a partir da decomposição de rochas, principalmente do basalto.

Já o solo de Massapé é um tipo de solo encontrado principalmente noliteral nordestino e é constituído a partir da decomposição de rocas que temem suas características minerais de gnaisses que tem uma tonalidade maisescura e também de filitos e calcários.

O solo de Salmorão é encontrado principalmente na região Sul, Centro-Oeste e Sudeste brasileiro, sendo constituído da fragmentação de rochas

gnaisses e graníticas.E por último o solo do tipo Aluvial que é um solo encontrado em vários

lugares do território brasileiro e é formado pela decorrência da sedimenta-ção de áreas de várzea e vales. http://www.dicasgratisbrasil.com/tipos-de-solo-do-brasil/

Solos – Paraná - 40% do território, no norte paranaense, está cobertopela terra roxa, o solo mais fértil do Brasil. Ela foi a responsável pelaexpansão da cultura do café, no Estado, a partir de 1920. Tanto os solosdas matas como os dos campos são pobres. Nestes últimos, entretanto,estão sendo usadas técnicas modernas para seu melhor aproveitamento.

Águas continentais; oceanos: produtividade marinha e maresterritoriais; os biomas terrestres, brasileiros e a vegetação doestado do Paraná.

Águas continentais

As águas que correm ou se acumulam na superfície da Terra, representada pelos rios (fluviais), lagos (lacustres) e geleiras (glaciares),recebem a denominação de águas continentais.

Por serem um dos elementos de grande importância para aorganização do espaço por parte da população, daremos ênfase, aqui, aoestudo dos rios (correntes de água).

Um exemplo da importância dos rios na organização do espaço éencontrado na região Norte do Brasil. O rio Amazonas é o grande eixo deligação da região, pois sobre suas extensas águas navegam embarcaçõesque transportam pessoas e produtos, e, em suas margens, concentra-se

boa parte da população dos estados do Pará e do Amazonas. Brasil

Hidrografia

De acordo com o perfil longitudinal, os rios do Brasil classificam-se emdois grupos: rios de planalto, a maioria; e rios de planície, cujos principaisrepresentantes são o Amazonas, o Paraguai e o Parnaíba. O Amazonastem a mais vasta bacia hidrográfica do mundo, em sua maior parte situadaem território brasileiro. É também o rio de maior caudal do planeta. Os trêsprincipais coletores da bacia do Prata -- Paraná, Paraguai e Uruguai --nascem no Brasil.

O Paraná, constituído pela junção dos rios Paranaíba e Grande, é umtípico rio de planalto, que desce em saltos: cachoeira Dourada, noParanaíba; Marimbondo, no Grande; Iguaçu, no rio homônimo;Urubupungá, no próprio Paraná (Sete Quedas, nesse rio, desapareceu coma construção da represa de Itaipu). Os principais afluentes da margemesquerda são o Tietê, o Paranapanema, o Ivaí e o Iguaçu; da margemdireita, o Verde, o Pardo e o Invinheima.

O Uruguai é formado pelos rios Pelotas e Canoas, que nascem pertoda escarpa da serra Geral. Separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarinae da Argentina e confronta depois esse país com o Uruguai. Seu regimeconstitui exceção no Brasil: tem enchentes na primavera. O rio Paraguainasce em Mato Grosso, no planalto central, perto de Diamantino. Apóscurto trecho, penetra no pantanal, ao qual inunda parcialmente nas cheias,que ocorrem no outono. Seus principais afluentes são: pela margemesquerda, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Apa; pela direita, o

Jauru. Em certos trechos, separa o Brasil da Bolívia e do Paraguai, até quese interna nesse país.

O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, ecorre nas direções gerais sul-norte e oeste-leste. É chamado "rio daunidade nacional", porque liga as duas regiões de mais alta densidadedemográfica e mais antigo povoamento do país: o Sudeste e a zona daMata nordestina. É um rio de planalto, que forma várias cachoeiras: PauloAfonso, Itaparica, Sobradinho, Pirapora. Seus principais afluentes são: namargem esquerda, o Indaiá, o Abaeté, o Paracatu, o Pardo, o Carinhanha,o Corrente e o Grande; pela direita, o Pará, o Paraopeba, o das Velhas e oVerde Grande, todos perenes. Tem enchentes de verão.

Vertentes. Os demais rios têm cursos menos extensos, e por isso sãoagrupados em vertentes:

(1) Rios da vertente setentrional, perenes, de vazão relativamentegrande e enchentes de outono. Os principais são: o Oiapoque e o Araguari(em que ocorrem as famosas "pororocas"), no Amapá; o Gurupi, o Turiaçu,o Pindaré, o Mearim, o Itapicuru e o Parnaíba, no Maranhão; este último, nadivisa com o Piauí, tem em seu delta a mais perfeita embocadura dessegênero no Brasil.

(2) Rios da vertente norte-oriental, periódicos, com enchentes deoutono-inverno. Os principais são: o Acaraú e o Jaguaribe, no Ceará; oApodi ou Moçoró, o Piranhas ou Açu, o Ceará-Mirim e o Potenji, no RioGrande do Norte; o Paraíba do Norte, na Paraíba; o Capibaribe, o Ipojuca eo Una, em Pernambuco. Nos leitos desses rios são comuns as barragens,destinadas à construção de açudes.

(3) Rios da vertente oriental, a maioria dos rios genuinamente baianos

é constituída também de rios periódicos, com o máximo das enchentes noverão -- o Itapicuru, o Paraguaçu e o Contas -- além do Vaza-Barris, naBahia e Sergipe.

(4) Rios da vertente sul-oriental, perenes, com perfil longitudinal de riosde planalto e com enchentes de verão. Os principais são: o Pardo, oJequitinhonha (Minas Gerais e Bahia), este último famoso pela mineraçãode diamantes e pedras semipreciosas; o Doce (Minas Gerais e EspíritoSanto), por cujo vale se exporta minério de ferro; o Paraíba do Sul, combacia leiteira no vale médio e região açucareira no inferior; e a Ribeira doIguape (Paraná e São Paulo).

(5) Rios da vertente meridional, também com enchentes de verão: oItajaí e o Tubarão, em Santa Catarina; o Guaíba, o Camaquã e o Jaguarão,no Rio Grande do Sul. Os rios de baixada não desempenham papel

relevante no sistema de transporte porque seus cursos estão afastados dasáreas mais povoadas e também em virtude da política de priorização dotransporte rodoviário. Os rios de planalto oferecem grande potencialhidrelétrico.

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Em vista do tamanho de seu território, o Brasil é um país de pequenoslagos. Podem ser classificados geneticamente em três categorias: (1) lagoscosteiros ou de barragem, formados pelo fechamento total da costa, por uma restinga ou cordão de areia, como as lagoas dos Patos, Mirim eMangueira, no Rio Grande do Sul; Araruama, Saquarema, Maricá, Rodrigode Freitas e Jacarepaguá, no estado do Rio de Janeiro. (2) Lagos fluviaisou de transbordamento, formados pela acumulação de excedentes de águada enchente de um rio, típicos dos rios de planície. Os principais são: novale do Amazonas, Piorini, Saracá, Manacapuru, no Amazonas; Grande de

Maicuru e Itandeua, no Pará. No rio Paraguai, Uberaba, Guaíba, Mandiorée Cáceres, no Mato Grosso. No baixo rio Doce, a lagoa Juparanã, noEspírito Santo. (3) Lagos mistos, combinados dos dois tipos, como a lagoaFeia, no estado do Rio de Janeiro, a do Norte, Manguaba ou do Sul eJequiá, em Alagoas.

Paraná

Hidrografia. A rede de drenagem compreende rios que correm direta-mente para o litoral e rios que correm para oeste, tributários do Paraná. Osprimeiros têm cursos pouco extensos, pois nascem a pequena distância dacosta. Os mais longos são os que se dirigem para o estado de São Paulo,onde vão engrossar as águas do rio Ribeira de Iguape. A maior parte dasuperfície estadual fica, assim, sob domínio dos tributários do rio Paraná,dos quais os mais extensos são o Paranapanema, que faz o limite com São

Paulo, e o Iguaçu, que faz, em parte, o limite com Santa Catarina e Argen-tina. O rio Paraná assinala os limites ocidentais do estado, a separá-lo deMato Grosso e do Paraguai.

No ponto de convergência das linhas divisórias de Mato Grosso do Sul-Paraguai, Paraná-Mato Grosso do Sul e Paraná-Paraguai encontravam-seos saltos de Sete Quedas, formados pelo rio Paraná ao descer do planaltobasáltico para a garganta que o conduzia à planície platina. Em 1982 doissaltos foram submersos, sob protesto dos ambientalistas, pelo lago darepresa de Itaipu. Mais ao sul, o rio Iguaçu desce também do planaltobasáltico em direção à mesma garganta. Forma então os saltos do Iguaçu,que não foram afetados pela construção da barragem, por situar-se Itaipu amontante da confluência dos dois rios.

Oceano

Como as águas marinhas se comunicam de maneira relativamente li-vre, seria possível afirmar que existe apenas um único oceano na superfícieda Terra.

Oceano é o termo usado para designar as grandes extensões marinhasque formam 70,8% do total da superfície terrestre, com uma área de 361milhões de quilômetros quadrados. No hemisfério sul, também chamadohemisfério oceânico, o oceano ocupa 80,9% da superfície. Embora aságuas marinhas -- cuja massa líquida, segundo cálculos do oceanógrafoalemão Otto Krümmel, corresponde a cerca de 1.330.000.000km3 -- nãotenham nenhum obstáculo a isolá-las por completo, dividem-se em grandesáreas, os oceanos, e se subdividem em áreas menores, chamadas mares.

A divisão em oceanos e mares não é arbitrária. Baseia-se na distribui-ção das grandes ilhas e dos continentes e data de um passado muito

remoto. Em pesquisas mais recentes, porém, os estudiosos acabaram por descobrir que existem também razões científicas para fundamentar adivisão dos oceanos, pois constataram-se grandes diferenças entre elesquanto à cor das águas, à temperatura, ao relevo submarino e à salinidade,por exemplo.

Tradicionalmente, as águas marinhas foram divididas em três oceanos:Atlântico, que banha o leste da América, o oeste da África e da Europa,além do norte da África e do sul da Europa, pelo mar Mediterrâneo; oPacífico, que banha o oeste da América, o leste da Ásia e o norte e o oesteda Austrália; e o Índico, que banha o sul da Ásia, o leste da África, o oestee o sul da Austrália. Esses são aceitos sem discussão, pois o Atlântico e oÍndico são conhecidos desde a antiguidade pelos europeus, que descobri-ram o Pacífico no século XVI. Há muita controvérsia, porém, quanto aosoceanos glaciais Ártico e Antártico.

Para a maioria dos cientistas, o oceano Glacial Ártico não é um ocea-no, mas apenas um mar formado pelo Atlântico e que banha o norte daEurásia e da América do Norte. O oceano Glacial Antártico, por sua vez, éum oceano periférico ao redor da Antártica, sem nenhum obstáculo que osepare do Atlântico, do Pacífico e do Índico. Por isso, alguns autores consi-

deram-no como simples prolongamento, em direção ao sul, desses trêsoceanos.

Relevo. O relevo submarino compreende três regiões principais: a pla-taforma continental, pouco profunda; a região pelágica, que corresponde aofundo dos oceanos; e a região abissal, de grandes profundidades.

Plataforma continental. Da área total dos oceanos, 7,6% corresponde aplataformas continentais, faixas que margeiam os continentes e se inclinamsuavemente a partir do litoral até a profundidade de 200m. De largura maior 

nas proximidades de planícies e regiões de relevo suave, a plataformacontinental torna-se estreita ou até mesmo inexistente quando próxima aáreas montanhosas.

Por sua localização, a plataforma tem o relevo modelado não apenaspelo movimento dos mares, mas também por ação da erosão a céu abertonos períodos em que esteve emersa. Por ser um domínio misto em quetrabalham, sucessivamente, agentes continentais e marinhos, a plataformade regiões onde a erosão glaciária é ou foi importante apresenta um mode-lado glaciário. Às vezes, aparecem vales ou sistemas de vales que seramificam, em sistemas independentes ou constituem um prolongamentoda rede fluvial emersa.

A parte inferior da plataforma, onde a profundidade aumenta de formaabrupta de 200m para mais de dois mil metros, denomina-se talude conti-

nental. Também na plataforma, mas sobretudo no talude, é comum aocorrência de vales encaixados de paredes abruptas, semelhantes a ca-nhões submarinos. Esses vales atingem profundidades entre dois mil e trêsmil metros, com perfil longitudinal em declive mais acentuado que o doscanhões emersos.

Os depósitos do fundo da plataforma continental provêm sobretudo dasuperfície: seixos, cascalhos, areias, fragmentos de conchas, detritosorgânicos diversos e, acumuladas nas depressões, areias lamacentas evasas finas, isto é, lamas inconsistentes formadas de carapaças microscó-picas de animais e elementos minerais. Freqüentes afloramentos rochososrevelam a intensidade das correntes. Até 1.500m de profundidade, prevale-cem sobre o talude vasas verdes ou azuis, também terrígenas, que des-prendem ácido sulfídrico.

Região pelágica. Mais extensa região submarina, a região pelágica a-brange oitenta por cento da área total dos oceanos, com profundidades quevariam de dois mil a cinco mil metros. Caracteriza-se principalmente pelofato de ter o leito coberto quase exclusivamente de materiais de origemorgânica: esqueletos, conchas e carapaças de animais marinhos.

O relevo da região pelágica apresenta seis formas características: (1)bacias oceânicas -- grandes concavidades de forma mais ou menos circu-lar, com profundidades de até seis mil metros; (2) dorsais -- elevaçõeslongas e estreitas, semelhantes às cordilheiras do relevo emerso; (3) solei-ras ou umbrais -- elevações alongadas de encostas suaves e que muitasvezes constituem ramificações das dorsais; (4) planaltos -- elevaçõesextensas cuja parte superior é plana e que servem muitas vezes de suportepara ilhas; (5) pitons ou knolls -- altas montanhas isoladas de cume estreitoe arredondado que podem atingir milhares de metros de altitude; e (6)

guyots -- espécie de piton com a parte superior aplainada. Pitons e guyotssão encontrados no interior das bacias do oceano Pacífico e do Atlânticonorte.

Região abissal. Área correspondente às grandes profundidades oceâ-nicas, situadas mais de cinco mil metros abaixo do nível do mar, a regiãoabissal abrange 2,8% da área total dos oceanos. Seu fundo, totalmentedesprovido de vida vegetal ou animal, é coberto de depósitos uniformes deargilas vermelhas, mas também contém materiais como cinzas vulcânicas,meteoritos, restos de baleias e de tubarões etc.

A forma de relevo mais característica dessa região são as fossas abis-sais, depressões alongadas e muito estreitas, com bordas abruptas esempre com mais de seis mil metros de profundidade.

Fauna oceânica. A fauna marítima supera em variedade a de água do-

ce e, na opinião de muitos pesquisadores, os animais que povoam os rios elagos são provenientes das águas salgadas e submetidos a um processode adaptação. Os animais marinhos classificam-se tradicionalmente em trêsgrandes grupos: o nécton, constituído dos animais que se movimentamdentro da água, como peixes, mamíferos e muitos crustáceos; o bento,

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formado pelos animais fixados ao fundo, como corais, ostras e mariscos; eo plâncton, constituído dos seres de dimensões mínimas que flutuam àderiva, na superfície ou no meio das águas.

No plâncton predominam protozoários, larvas e pequenos crustáceos,mas há também vegetais, como algas diatomáceas, e organismos decaracterização incerta entre animais e vegetais, como os peridíneos. A maisrica em plâncton é a plataforma continental. Na região pelágica, a composi-ção do plâncton difere muito nas áreas de águas frias ou tépidas.

Os animais da fauna abissal, estudada somente a partir do século XX,estão adaptados às grandes pressões, às águas frias, à obscuridade e àpobreza em plâncton. Seus peixes são carnívoros, às vezes protegidos por couraças ósseas, e revelam parentesco com peixes do passado geológico.Alguns têm visão telescópica, adaptada à escuridão, e outros são cegos,com apêndices táteis que substituem os olhos.

Mar 

Além de ser a origem da vida, o mar é um enorme habitat biogeográficoque influi nos fenômenos atmosféricos registrados nas terras emersas. Osmares são também importante fonte de recursos alimentícios para a popu-lação humana.

Genericamente, chama-se mar o conjunto da massa de água que co-bre a maior parte da superfície terrestre. No sentido mais restrito da ocea-nografia, mares são parcelas dos oceanos -- situadas em bacias limitadas emais ou menos isoladas -- adjacentes a terras emersas. Em virtude desserelativo isolamento, as águas dos mares apresentam propriedades físico-químicas próprias, e são influenciadas pelas condições ecológicas reinan-tes nas terras vizinhas.

A partir dos oceanos, grandes massas líquidas compreendidas entre oscontinentes, se formam os mares, que são como suas seções marginais.Mares e oceanos abrigam 97% da água de todo o planeta e cobrem cercade 71% de sua superfície -- o equivalente a 362 milhões de quilômetrosquadrados.

Classificação. Há várias maneiras de classificar os mares. A divisãoclássica, atribuída ao francês Emmanuel de Martonne, agrupa-os segundoa maneira como se ligam aos oceanos que os formam. Assim, mares

abertos (também chamados costeiros ou adjacentes) são os que se comu-nicam com os oceanos através de aberturas amplas, como o mar do Caribeou das Antilhas, na América, e o mar Egeu, na Europa. Os mares continen-tais ou mediterrâneos, também chamados mares interiores, se ligam aosoceanos através de estreitos. Exemplos típicos são o mar Mediterrâneo e omar Vermelho. Já os mares fechados ou isolados, como o mar Cáspio, omar de Aral e o mar Morto, não se comunicam com o oceano e a rigor constituem lagos. Esses mares às vezes se encontram abaixo do nível dosoceanos, como é o caso do mar Cáspio (-26m) e o mar Morto (-394m).Quando, pela evaporação, perdem mais água do que recebem, estãocondenados a desaparecer. Entre os mares fechados se incluem os residu-ais, cuja extensão foi maior no passado geológico.

A classificação de Camille Vallaux admite quatro tipos de mares: (1) osgelados, mais comuns no interior dos círculos polares, como o mar Ártico eos que circundam a Antártica (mares de Weddell, Bellingshausen, Amund-sen, Ross); (2) os das guirlandas insulares, típicos do Extremo Oriente e dosul da Ásia, como os mares de Bering, Okhotsk, do Japão, Amarelo eAndaman; (3) os mediterrâneos, que se localizam em áreas vulcânicas esísmicas, e que são de três tipos: (a) mediterrâneos equatoriais, como osmares de Java, de Sulawesi, das Molucas e da China Meridional; (b) medi-terrâneos tropicais, como o mar das Antilhas e o golfo do México; e (c)mediterrâneos temperados quentes, como o mar Mediterrâneo e outros por ele formados (Tirreno, Adriático, Jônico, Egeu); e (4) os mares de pequenaprofundidade, típicos do hemisfério norte, que se caracterizam por receber a influência dos rios tributários. Entre os últimos estão o mar Báltico, osmares do Norte, da Mancha e da Irlanda, a baía de Hudson e o golfo Pérsi-co.

Além dessas diferenças, os mares podem apresentar outras devidas àcor, composição, densidade e temperatura das águas.

Características. Os níveis de temperatura, salinidade e pressão consti-tuem as principais características da água do mar. Juntas, elas determinam

a densidade, que tende a aumentar com a profundidade, quando a tempe-ratura e a salinidade são constantes.

Cor das águas. A cor das águas marinhas varia de acordo com as lati-tudes, com o menor ou maior afastamento da costa e até com o aspecto docéu, por causa da reflexão.

Nas áreas intertropicais, as águas apresentam coloração azul-cobaltoou azul-marinho, porque são pobres em sedimentos e absorvem as radia-ções vermelhas. Nas altas latitudes, são em geral verde-garrafa, pela

presença de algas (diatomáceas) e plânctons animais ou vegetais. Próximoà costa, a tonalidade é verde-clara. Junto à foz de certos rios, conforme anatureza dos sedimentos que recebem, as águas marinhas podem apre-sentar tonalidade avermelhada (como no Amazonas) ou amarelada (comono mar Amarelo).

Mesmo em pleno oceano, é possível observar mutações na coloraçãodas águas. Isso se deve à abundância de plânctons, que, em certos casos,chegam a dar às águas uma consistência gelatinosa. É o caso, por exem-plo, do "mar de leite" (água esbranquiçada) e do "mar de sangue", esteúltimo avermelhado e temido por conter plânctons venenosos, capazes decausar a morte em massa da fauna marinha.

Composição química. Ainda no século XVIII, Lavoisier descobriu quehavia vários sais nas águas do mar, embora os estudos mais detalhados

tenham sido feitos no século XIX. Sabe-se hoje que, embora sempre emquantidades mínimas, praticamente todos os elementos existentes nasterras emersas podem ser encontrados nos oceanos, para onde são trans-portados pelas águas dos rios.

Grande é o contraste, porém, entre a composição química das águasfluviais e a das águas oceânicas. Embora os oceanos venham recebendo,há bilhões de anos, imensos aportes de água continental através dos rios, aanálise cuidadosa da água de rios e mares prova que os solutos encontra-dos nas águas marinhas não são influenciados pelos das águas fluviais.Nas águas dos rios predominam os carbonatos e nas dos mares os clore-tos.

Também aparecem em solução os gases mais típicos da atmosfera,em quantidades que variam entre 15 a 30cm3 por litro de água (o nitrogênio

predomina, com 10 a 15cm3 por litro). A quantidade e a natureza dessesgases depende, em geral, da temperatura, salinidade e presença de seresvivos. Entretanto, o que melhor caracteriza as águas oceânicas e as tornadiferentes das águas "doces" ou insípidas dos rios é a grande presença desais.

Salinidade. A salinidade é a quantidade de sais em solução por unida-de de volume d'água. Essa proporção varia sobretudo na superfície, emconseqüência das perdas por evaporação e dos aportes de água doceprocedentes dos rios, das calotas polares e das chuvas. Em média, asalinidade dos oceanos está em torno de 35 milésimos, ou seja, 35g desais para cada mil litros de água. Isso significa que a água pura representamais de 96% da composição dos mares.

O cloreto de sódio, ou sal de cozinha, tem predominância quase abso-luta na composição da água do mar. Os demais sais, que aparecem emproporções muito modestas, são o cloreto de magnésio, os sulfatos demagnésio, cálcio e potássio, o carbonato de cálcio e o brometo de magné-sio. Alguns fatores podem, contudo, alterar significativamente essa média.As temperaturas elevadas e os ventos fazem aumentar a salinidade, poisfavorecem a evaporação. Cursos d'água, geleiras e chuvas, quando abun-dantes, causam diminuição do teor salino. Alterações como essas costu-mam provocar contrastes entre os mares e até dentro de um mesmo mar,ao longo do ano. A proporção entre os sais, contudo, não se altera.

As maiores salinidades (até 37 milésimos) são registradas nas regiõestropicais, dominadas por elevadas temperaturas e chuvas escassas nasáreas oceânicas. Na altura do equador, a salinidade média é de 35 milési-mos, devido às chuvas abundantes e à fraca evaporação ocasionada pelaconstante nebulosidade. Nas altas latitudes, a média oscila entre 32 e 34

milésimos, em função das baixas temperaturas e da contribuição dasgeleiras. Também nas proximidades da costa observa-se baixo teor salino,graças aos cursos d'água e também aos aportes das geleiras. Nesseslocais, porém, a atuação das correntes marinhas pode gerar anomalias.

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Os maiores contrastes em termos de salinidade estão nos mares medi-terrâneos e nos mares fechados, como na porção oriental do Mediterrâneo(39 milésimos), no mar Vermelho e no golfo Pérsico (até 40 milésimos). Omar Morto é um caso excepcional. Em sua parte meridional, a salinidadeestá entre 200 e 250 milésimos. Os mares Báltico (10 milésimos), Negro(10 a 18 milésimos) e o de Bering (30 milésimos) são exemplos de fracasalinidade.

O teor salino varia muito menos em águas profundas, porque os fatoresatuam fracamente ou não se fazem sentir. Nas altas latitudes, as águasprofundas têm, em regra, 35 milésimos, ao contrário das superficiais, me-nos salinas. No conjunto dos oceanos, a salinidade tende a diminuir até milmetros de profundidade. Desse nível até 2.500m registra-se um aumento e,em seguida, nova diminuição. Nos mares polares, a salinidade aumentacom a profundidade.

Densidade. As variações regionais ou locais na densidade das águasoceânicas são muito importantes porque explicam, em grande parte, ofenômeno das correntes marinhas. Devem-se especialmente a três fatores:salinidade, temperatura e pressão.

Normalmente, as densidades aumentam do equador para os pólos. Atemperaturas constantes, as águas do mar se tornam tanto mais densasquanto maior for sua salinidade. Quando a salinidade é constante, a densi-dade aumenta em razão inversa da temperatura (para maiores temperatu-

ras, menores densidades). Quando temperatura e salinidade são constan-tes, as densidades variam de acordo com a profundidade, ou seja, com apressão das águas. A densidade máxima registrada em águas ainda noestado líquido corresponde à temperatura vizinha ao ponto de congelamen-to.

Temperatura. A absorção de energia solar na superfície é a principalfonte de calor da água do mar. De modo geral, as temperaturas dos maresvariam de acordo com a latitude, a profundidade, as estações do ano, ashoras do dia e a maior ou menor proximidade das massas continentais.Outros fatores também podem influir, mas sempre em ínfimas proporções,como no caso do calor desprendido em virtude da condensação do vapor d'água, o calor resultante de processos químicos completados no própriomar, o calor derivado da energia cinética gerada por ventos, marés, vagas,correntes etc.

Em regra, a média térmica das águas diminui da linha do equador paraos pólos: vai de 27o C no equador térmico a -2o C em média nos marespolares. Entretanto, à mesma latitude podem registrar-se variações, sobre-tudo em virtude das correntes marinhas. Na região intertropical e nas altaslatitudes, a variação é igual ou inferior a 5o C, passando a ser de 10o C naszonas temperadas. As máximas têm lugar entre as 14 e as 15 horas, e asmínimas por volta das cinco horas da manhã. As máximas térmicas têmsido verificadas nas proximidades das costas, como no golfo do México(32o C) e no golfo Pérsico (35o C), e principalmente em mares continentais,como o mar Vermelho (38o C).

Em profundidades, as temperaturas diminuem rapidamente até 500m,lentamente até 3.000m, e estabilizam-se em torno de 0o C a partir dessacota. Depois de vinte metros, não mais se observam diferenças com o

passar das horas do dia e, a partir de 200m, as estações do ano deixam deinfluir. Nos mares polares, entretanto, registram-se mudanças de tempera-tura até a profundidade de três mil metros.

Atividades geológicas dos mares. Durante as glaciações do períodoquaternário, quando grandes massas de gelo se acumularam sobre oscontinentes, o nível do mar chegou a baixar mais de cem metros. Assim,grandes áreas que hoje integram a superfície da Terra já foram cobertaspor mares, em épocas passadas. O fato é comprovado pela descoberta, emregiões da superfície, de fósseis de seres exclusivamente marinhos, comobriozoários, cefalópodes, equinodermos, trilobitas (já extintos) e muitosoutros. Entre alguns exemplos brasileiros estão os folhelhos devonianosdos arredores de Ponta Grossa e Jaguariaíva PR, os calcários carboníferosde Itaituba PA e as camadas de sedimentos finos de Capivari SP, ricas emfósseis marinhos.

Origem dos mares. Embora haja controvérsia quanto a este ponto, háindícios de que as águas oceânicas se tenham acumulado quando a tem-peratura da Terra desceu abaixo de 374o C, que é a temperatura críticaacima da qual a água passa a ter características dos gases. Alguns autores

afirmam que a água do mar começou a aumentar no final da era paleozói-ca, ou no final do período pré-cambriano. Outra teoria afirma que as águasvêm se avolumando continuamente, desde os primórdios do pré-cambrianoaté hoje. Uma terceira vertente sustenta que quase toda a água existenteno planeta se acumulou no início do período pré-cambriano.

O ciclo da água é muitas vezes complexo mas, de qualquer maneira, acomposição dos mares pré-cambrianos não era muito diferente da de hoje.Descobertas ocorridas nas montanhas de Ediacara, no sul da Austrália,confirmam essa teoria: a fauna e a flora do pré-cambriano superior aliencontradas -- algas, celenterados, prováveis anelídeos e outros organis-mos -- sugerem a existência de uma salinidade análoga à de hoje, sobretu-do pela presença de medusas, seres que não resistem a grandes variaçõesno teor salino.

Relevo submarino. O estudo do complexo e acidentado relevo subma-rino é de grande interesse científico, não apenas porque ajuda a esclarecer os antigos limites entre os continentes e os segredos da formação dosoceanos, mas também em razão das reservas de petróleo presentes nasplataformas continentais.

A margem continental é formada pela plataforma continental e pelo ta-lude continental. A plataforma é uma zona rasa, de declividades muitosuaves, cuja topografia lembra a das terras emersas adjacentes. As pro-fundidades são inferiores a 200m, com largura que varia entre 20 e 300km.

Sua formação está diretamente relacionada à dos taludes continentais que,a partir da plataforma, descem bruscamente em direção ao fundo. No fundodo mar, do centro das bacias oceânicas, erguem-se as dorsais ou cristasmédio-oceânicas, cordilheiras cuja origem está relacionada com a expan-são da crosta terrestre. Nessas regiões ocorrem fenômenos vulcânicos, e aágua experimenta modificações térmicas e químicas.

As fossas oceânicas ou abissais, fendas profundas e estreitas, em ge-ral associadas ao levantamento de arcos insulares, ocorrem perto dascostas. Na das Marianas, no Pacífico, registra-se o nível mais baixo dasuperfície do planeta: 11.034m.

Vida no mar. Os oceanos são o meio ideal para o desenvolvimento demúltiplas e abundantes espécies vegetais e animais. Cada nível de profun-didade abriga sua própria zona biológica. Em primeiro lugar está a zona

costeira, onde se encontram desde algas até moluscos e aves. Na zonaeufótica, a mais rica em vida (da superfície até a profundidade de 500m),crescem algas e fitoplâncton, que alimentam os herbívoros do zooplâncton(protozoários, crustáceos, moluscos, medusas), e também muitos peixes ecetáceos, como os tubarões e atuns.

Nas zonas mesopelágica (entre 500 e 1.000m de profundidade) e bati-pelágica (entre 1.000 e 4.000m), encontram-se animais mortos e detritosprocedentes das camadas superiores, que servem de alimento a diversosanimais. Nas zonas mais profundas, a vida adota formas estranhas, muitasdas quais são ainda hoje pouco conhecidas.

Os mares são uma fonte infindável de vida, alimento e recursos. Suasobrevivência, contudo, depende da utilização racional pelo homem, com aconstante preocupação de preservar adequadamente suas condições

naturais. Mar territorial é uma faixa de águas costeiras que alcança 12 milhas

náuticas (22 quilômetros) a partir do litoral de um Estado que sãoconsideradas parte do território soberano daquele Estado (excetuados osacordos com Estados vizinhos cujas costas distem menos de 24 milhasnáuticas). A largura do mar territorial é contada a partir da linha de base,isto é, a linha de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartasmarítimas de grande escala reconhecidas oficialmente pelo Estadocosteiro.

Dentro do mar territorial, o Estado costeiro dispõe de direitossoberanos idênticos aos de que goza em seu território e suas águasinteriores, para exercer jurisdição, aplicar as suas leis e regulamentar o usoe a exploração dos recursos. Entretanto, as embarcações estrangeiras civis

e militares têm o "direito de passagem inocente" pelo mar territorial, desdeque não violem as leis do Estado costeiro nem constituam ameaça àsegurança.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 17

O mar territorial e seus conceitos correlatos - zona contígua, zonaeconômica exclusiva, plataforma continental etc. - são regulados pelaConvenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CDM), de 1982.  

Bioma

Por Camila Conceição Faria

Bioma é uma unidade biológica ou espaço geográfico caracterizado deacordo com o macroclima, a fitofisionomia (aspecto da vegetação de um

lugar), o solo e a altitude específicos. Alguns, também são caracterizadosde acordo com a presença ou não de fogo natural.

A palavra bioma (de bios=vida e oma=grupo ou massa) foi usada pelaprimeira vez com o significado acima por Clements (ecologista norte-americano) em 1916. Segundo ele a definição para bioma seria, “comun i-dade de plantas e animais, geralmente de uma mesma formação, comuni-dade biótica”. 

Não existe consenso sobre quantos biomas existem no mundo. Issoporque a definição de bioma varia de autor para autor. Mas, em geral, sãocitados 11 tipos de biomas diferentes que costumam variar de acordo coma faixa climática. Por exemplo, o bioma de floresta tropical no Brasil ésemelhante a um bioma de floresta tropical na África devido a ambos oslocais se situarem na mesma faixa climática. Isso significa que as fitofisio-nomia, o clima, o solo e a altitude dos dois locais é semelhante, muitoembora possam existir espécies em um local que não existem no outro.

Os biomas são: florestas tropicais úmidas, tundras, desertos árticos,florestas pluviais, subtropicais ou temperadas, bioma mediterrâneo, pradostropicais ou savanas, florestas temperadas de coníferas, desertos quentes,prados temperados, florestas tropicais secas e desertos frios. Existemainda, os sistemas mistos que combinam características de dois ou maisbiomas.

Os biomas podem, ainda, ser divididos em biomas aquáticos do qualfazem parte a plataforma continental, recifes de coral, zonas oceânicas,praias e dunas; e biomas terrestres. Os biomas terrestres são constituídospor basicamente três grupos de seres: os produtores (vegetais), os consu-midores (animais) e os decompositores (fungos, bactérias).

É comum a confusão do termo bioma com o termo biota. Porém, biotadesigna a parte viva de um ecossistema. Não considerando, portanto,características como o clima que fazem parte de uma classificação maisabrangente (bioma).

Biomas brasileiros

Um bioma é um conjunto de tipos de vegetação que abrange grandesáreas contínuas, em escala regional, com flora e fauna similares, definidapelas condições físicas predominantes nas regiões. Esses aspectos climá-ticos, geográficos e litológicos (das rochas), por exemplo, fazem com queum bioma seja dotado de uma diversidade biológica singular, própria.

No Brasil, os biomas existentes são (da maior extensão para a menor):a Amazônia, o cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o Panta-nal.

A seguir, conheça cada bioma do Brasil.

Amazônia

Extensão aproximada: 4.196.943 quilômetros quadrados

A Amazônia é a maior reserva de biodiversidade do mundo e o maior bioma do Brasil  – ocupa quase metade (49,29%) do território nacional.Esse bioma cobre totalmente cinco Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Paráe Roraima), quase totalmente Rondônia (98,8%) e parcialmente MatoGrosso (54%), Maranhão (34%) e Tocantins (9%). Ele é dominado peloclima quente e úmido (com temperatura média de 25 °C) e por florestas.Tem chuvas torrenciais bem distribuídas durante o ano e rios com fluxointenso.

O bioma Amazônia é marcado pela bacia amazônica, que escoa 20%

do volume de água doce do mundo. No território brasileiro, encontram-se60% da bacia, que ocupa 40% da América do Sul e 5% da superfície daTerra, com uma área de aproximadamente 6,5 milhões de quilômetrosquadrados.

A vegetação característica é de árvores altas. Nas planícies que acom-panham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas devárzeas (periodicamente inundadas) e as matas de igapó (permanentemen-te inundadas). Estima-se que esse bioma abrigue mais da metade de todasas espécies vivas do Brasil.

Cerrado

Extensão aproximada: 2.036.448 quilômetros quadrados

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e cobre 22%do território brasileiro. Ele ocupa totalmente o Distrito Federal e boa partede Goiás (97%), de Tocantins (91%), do Maranhão (65%), do Mato Grossodo Sul (61%) e de Minas Gerais (57%), além de cobrir áreas menores deoutros seis Estados. É no Cerrado que está a nascente das três maioresbacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), oque resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade. Essebioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas.

No Cerrado predominam formações da savana e clima tropical quentesubúmido, com uma estação seca e uma chuvosa e temperatura médiaanual entre 22 °C e 27 °C. Além dos planaltos, com extensas chapadas,existem nessas regiões florestas de galeria, conhecidas como mata ciliar emata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folhagem persi stentedurante todo o ano; e a vereda, em vales encharcados e que é compostade agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas(estas são constituídas por plantas de diversas espécies, como gramas ebambus).

Mata Atlântica

Extensão aproximada: 1.110.182 quilômetros quadrados

A Mata Atlântica é um complexo ambiental que engloba cadeias demontanhas, vales, planaltos e planícies de toda a faixa continental atlânticaleste brasileira, além de avançar sobre o Planalto Meridional até o RioGrande do Sul. Ela ocupa totalmente o Espírito Santo, o Rio de Janeiro eSanta Catarina, 98% do Paraná e áreas de mais 11 Unidades da Federa-ção.

Seu principal tipo de vegetação é a floresta ombrófila densa, normal-mente composta por árvores altas e relacionada a um clima quente e

úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos e variados conjuntosflorestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é reconhecida comoo bioma brasileiro mais descaracterizado. Isso porque os primeiros episó-dios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país leva-ram o homem a ocupar e destruir parte desse espaço.

Caatinga

Extensão aproximada: 844.453 quilômetros quadrados

 A Caatinga, cujo nome é de origem indígena e significa “mata clara eaberta”, é exclusivamente brasileira e ocupa cerca de 11% do país. É oprincipal bioma da Região Nordeste, ocupando totalmente o Ceará e partedo Rio Grande do Norte (95%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%),do Piauí (63%), da Bahia (54%), de Sergipe (49%), do Alagoas (48%) e doMaranhão (1%). A caatinga também cobre 2% de Minas Gerais.

A Caatinga apresenta uma grande riqueza de ambientes e espécies,que não é encontrada em nenhum outro bioma. A seca, a luminosidade e ocalor característicos de áreas tropicais resultam numa vegetação de savanaestépica, espinhosa e decidual (quando as folhas caem em determinadaépoca). Há também áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsão climáti-co mais ameno.

Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um de longo pe-ríodo de estiagem, seguido de chuvas intermitentes e um de seca curtaseguido de chuvas torrenciais (que podem faltar durante anos). Dos ecos-sistemas originais da caatinga, 80% foram alterados, em especial por causade desmatamentos e queimadas.

Pampa

Extensão aproximada: 176.496 quilômetros quadradosO bioma pampa está presente somente no Rio Grande do Sul, ocupan-

do 63% do território do Estado. Ele constitui os pampas sul-americanos,que se estendem pelo Uruguai e pela Argentina e, internacionalmente, sãoclassificados de Estepe. O pampa é marcado por clima chuvoso, sem

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 18

período seco regular e com frentes polares e temperaturas negativas noinverno.

A vegetação predominante do pampa é constituída de ervas e arbus-tos, recobrindo um relevo nivelado levemente ondulado. Formações flores-tais não são comuns nesse bioma e, quando ocorrem, são do tipo florestaombrófila densa (árvores altas) e floresta estacional decidual (com árvoresque perdem as folhas no período de seca).

Pantanal

Extensão aproximada: 150.355 quilômetros quadrados

O bioma Pantanal cobre 25% de Mato Grosso do Sul e 7% de MatoGrosso e seus limites coincidem com os da Planície do Pantanal, maisconhecida como Pantanal mato-grossense. O Pantanal é um bioma prati-camente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena faixa dele adentraoutros países (o Paraguai e a Bolívia).

É caracterizado por inundações de longa duração (devido ao solo pou-co permeável) que ocorrem anualmente na planície, e provocam alteraçõesno ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das populações locais. Avegetação predominante é a savana. A cobertura vegetal original de áreasque circundam o Pantanal foi em grande parte substituída por lavouras epastagens, num processo que já repercute na Planície do Pantanal.  

ParanáVegetação.

Dois tipos de vegetação ocorrem no Paraná: florestas e campos. As flo-restas subdividem-se em tropicais e subtropicais. Os campos, em limpos ecerrados. A floresta tropical é parte da mata atlântica, que recobria toda afachada oriental do país com suas formações latifoliadas. No Paraná,ocupava primitivamente uma área equivalente a 46% do estado, aí incluí-das as porções mais baixas (baixada litorânea, encostas da serra do Mar,vales do Paraná, Iguaçu, Piquiri e Ivaí) ou de menor latitude (toda a partesetentrional do estado).

A floresta subtropical é uma floresta mista, composta por formações delatifoliadas e de coníferas. Estas últimas são representadas pelo pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), que não aparece em agrupamentos

puros. A floresta mista ou mata dos pinheiros recobria as porções maiselevadas do estado, isto é, a maior parte do planalto cristalino, a porçãomais oriental do planalto basáltico e pequena parte do planalto paleozóico.Essa formação ocupava 44% do território paranaense e ainda parte dosestados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Atualmente,das florestas do país é a que sofre maior exploração econômica, por ser aúnica que apresenta grande número de indivíduos da mesma espécie(pinheiros) em agrupamentos suficientemente densos (embora não puros)para permitir fácil extração.

Além do pinheiro, a floresta mista oferece também espécies latifoliadasde valor econômico, como a imbuia, o cedro e a erva-mate. No final doséculo XX, apenas pequena parte das formações florestais subsistiam noestado. A derrubada para exploração de madeira e formação de campopara agricultura ou pastagens foi responsável por sua quase completa

eliminação. As últimas reservas florestais do Paraná acham-se na planícielitorânea, na encosta da serra do Mar e nos vales dos rios Iguaçu, Piquiri eIvaí.

Os campos limpos ocorrem sob a forma de manchas esparsas atravésdos planaltos paranaenses. A mais extensa dessas manchas é a doschamados campos gerais, que recobrem toda a porção oriental do planaltopaleozóico e descrevem imensa meia-lua no mapa de vegetação do esta-do. Outras manchas de campo limpo são as de Curitiba e Castro, no planal-to cristalino, as de Guarapuava, Palmas e outras, menores, no planaltobasáltico. Os campos limpos ocupam cerca de nove por cento do territórioparanaense. Os campos cerrados têm pouca expressão no Paraná, ondeocupam área muito reduzida -- menos de um por cento da superfície esta-dual. Formam pequenas manchas no planalto paleozóico e no planaltobasáltico.

Geografia humana: fatores de crescimento da população eteorias demográficas; distribuição e estrutura da populaçãobrasileira; diversidade étnica mundial; nacionalismo e separa-

tismo; urbanização, redes urbanas, hierarquia das cidades;migrações internacionais e migrações internas.

Demografia

O emprego de conceitos como índices de natalidade, mortalidade, ferti-lidade e outros conferiu à demografia notável rigor científico. Sua aplicaçãopermite estudar em quantidade e qualidade o crescimento populacional edeterminar alguns dos componentes que estão na base da riqueza e dapobreza das nações.

O termo demografia foi criado em 1855 por Achille Guillard, no livro E-léments de statistique humaine ou démographie comparée (Elementos deestatística humana ou demografia comparada), para designar a ciência quetrata das condições, movimentos e progresso das populações. A palavratem hoje significado muito mais amplo, de ciência das populações huma-nas. Seu estudo é fundamental porque: (1) a população é elemento políticoessencial, pois não pode existir estado despovoado; (2) a população dácunho específico à configuração de uma sociedade, conforme seja mais

 jovem ou mais idosa, crescente ou decrescente, predominantemente ruralou urbana, mais rica ou mais pobre, formada por uma ou várias etnias etc;e (3) conseqüentemente, todas as questões pertinentes a seus múltiplosaspectos (número, flutuações, composição segundo vários critérios, distri-buição territorial, movimentos migratórios etc.) tanto atuais quanto futuros,

são fundamentais para a perfeita compreensão de um país e como base doplanejamento econômico, político, social ou cultural.

Do ponto de vista demográfico, as populações podem ser abordadassegundo quatro critérios diferentes, cada qual com técnicas próprias: (1)abordagem histórica, que tem por objeto a evolução dos fenômenos demo-gráficos ao longo do tempo e pesquisa as causas e conseqüências dosfatos populacionais com o método das ciências históricas; (2) abordagemdoutrinária, que analisa as idéias de pensadores, pregadores ou filósofos,em matéria de população; (3) abordagem analítica, tecnicamente a maisimportante, que por meio de processos matemáticos e estatísticos coligeos dados brutos indispensáveis e os analisa, ajusta e corrige; e (4) aborda-gem política, que, apoiada nos elementos obtidos pelos métodos históricos,doutrinários e analíticos, formula políticas demográficas adequadas aobem-estar nacional.

Demografia histórica. Na pré-história, a população era tanto mais es-cassa quanto mais remota. Pequenas hordas de seis a trinta membrosvagueavam por áreas imensas à cata de alimentos. Pode-se dizer que, hácerca de vinte mil anos, o total da população mundial caberia numa cidademoderna de tamanho médio. Com a agricultura, no período neolítico, deu-se a primeira expansão demográfica (sétimo milênio a.C.), materializada noaumento da densidade e multiplicação das aldeias, durante o processo dedispersão populacional.

Além disso, a revolução urbana do quarto milênio a.C. também contri-buiu para o adensamento da população. Na antiguidade oriental, os dadossão escassos e aleatórios. O Egito teria atingido sete milhões de habitan-tes antes da invasão persa. A Babilônia, em seu apogeu, seria uma cidadede 300.000 almas. Israel teria contado com 350.000 habitantes, no máximo.

A Pérsia de Xerxes talvez tenha tido 18 milhões, enquanto a China dadinastia Han cerca de setenta milhões. Essas cifras estavam sujeitas aflutuações consideráveis, pois todos os estados antigos e medievais eramextremamente sensíveis a freqüentes flagelos demográficos -- guerras,fomes e epidemias.

A Grécia do século V a.C., dividida em pequenas cidades-estados, teriaaproximadamente três milhões de habitantes, com cerca de 200.000 naÁtica, dos quais talvez sessenta mil em Atenas. Alexandria e Selêucia, asmaiores cidades helenísticas, possuiriam de 220.000 a 300.000 habitantescada uma. Em Roma, houve censos periódicos que registraram, sob oimperador Augusto, quatro milhões de cidadãos romanos, sem contar suasfamílias. Na época de Trajano o império teria, no máximo, cerca de sessen-ta milhões de pessoas, das quais 1,5 milhão em Roma, que se reduziram a400.000 sob Constantino. A cidade chegou a ficar totalmente vazia, por 

quarenta dias, no ano 645. Entre os séculos V e VIII houve acentuadodeclínio demográfico em todo o Ocidente, que só retomou seu crescimentoa partir do século XI. A Bizâncio de Justiniano teve talvez um milhão dehabitantes, mas só restavam cinqüenta mil quando ao ser tomada pelosturcos.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 19

Na Idade Média, período essencialmente rural, as cidades eram pe-quenas. Londres, em 1086, tinha 17.850 habitantes; Bruges, no século XIII,35.000. Em meados do século XIV, antes da peste negra, que dizimou oOcidente, matando quase a metade da população, Florença tinha 55.000habitantes; Milão e Veneza, pouco mais de cem mil cada uma; Paris, em1328, teria cerca de sessenta mil. Colônia teria trinta mil no século XV eFrankfurt, nove mil. Na China de Marco Polo, no entanto, Hangzhou possu-ía de 1 a 1,5 milhão de habitantes. Ao ser descoberta, a América teria umapopulação indígena estimada entre 13,4 a 15,6 milhões. Segundo dados da

Organização das Nações Unidas de 1953, no período do tráfico negreiro apopulação do continente foi acrescida de dez milhões de escravos africa-nos.

O século XVI foi um período de expansão demográfica na Europa, cujapopulação sofreu flutuações nos cem anos seguintes devido às guerrasreligiosas. No século XVIII, a expansão se acentuou, particularmente de-pois da revolução industrial, e adquiriu proporções de verdadeira explosãodemográfica nos séculos XIX e XX. Os conhecimentos médicos mais avan-çados reduziram a mortalidade, e a civilização ocidental passou de predo-minantemente rural a urbana, o que acarretou profundas modificaçõessocioculturais. De 1820 em diante, emigraram da Europa para outros conti-nentes cerca de setenta milhões de pessoas.

Demografia doutrinária. Muitos povos estudaram a questão da popula-

ção e formularam a esse respeito as mais diversas soluções e teorias. Demodo geral, distinguem-se em demografia duas tendências fundamentais: apopulacionista, favorável ao incremento da população, que se consideracomo dado positivo; e a restritiva, favorável ao controle populacional.

Em 1798, Thomas Robert Malthus, pastor anglicano e economista, pu-blicou anonimamente na Inglaterra um ensaio em que comparava o cresci-mento populacional ao crescimento dos meios de subsistência. Argumenta-va que, enquanto a produção de alimentos cresce em progressão aritmética(1:3:5:7:9:...), a população cresce em progressão geométrica(1:2:4:8:16:...), de onde se conclui que, em dado momento, a populaçãoseria tão grande que não haveria meios de prover-lhe a subsistência.Malthus propôs limitar a natalidade por meio de casamentos tardios econtinência sexual. Seus seguidores sugeriram, em lugar da continência, ouso de métodos anticoncepcionais: são os neomalthusianos, que se reuni-

ram em ligas a partir de 1877, para difundir o planejamento familiar e oemprego de métodos contraceptivos.

As teses de Malthus suscitaram muita polêmica e controvérsias, sobre-tudo porque a tecnologia moderna aumentou notavelmente a produção dealimentos e a produtividade do setor agropecuário. Opuseram-se a Malthus:(1) a Igreja Católica, que restringe a aplicação de métodos anticoncepcio-nais, por entender que a procriação e a educação dos filhos são os finsprincipais do casamento; (2) outros grupos religiosos, como os mórmons,os judeus ortodoxos etc; (3) os socialistas, de Marx a Stalin, por julgaremque a carência de bens de consumo está ligada à distribuição não-equitativa da riqueza própria do regime capitalista; e (4) os modernistas,termo que designa diferentes correntes de pensamento como as otimistas,biológicas, demográficas, econômicas, sociológicas e psicossociais.

Demografia analítica. A abordagem analítica da demografia estabelecea estrutura das populações por idade, sexo e outras variáveis e calcula suadinâmica (crescimento ou redução), examinando os processos que nelaintervêm: natalidade, mortalidade, fenômenos migratórios, nupcialidade,fecundidade etc. Levando em conta determinações biológicas, ecológicas esocioculturais -- higidez ou morbidez das populações, endemias, epidemias,incidência de métodos anticoncepcionais, controle da natalidade em popu-lações urbanas e rurais --, descreve a situação demográfica consideradasob todos esses aspectos, a fim de computar a população de um país efazer projeções para o futuro.

As estruturas das populações, por idade e sexo, se representam grafi-camente pelas pirâmides populacionais, nas quais se marcam nas ordena-das as idades e nas abscissas o número de habitantes por idade ou grupode idades, com mulheres à direita e homens à esquerda. Quanto mais larga

a base da pirâmide, mais jovem a população.Os fatores principais da dinâmica populacional, são, como se viu, a

mortalidade, a natalidade e a dispersão. Tanto a mortalidade quanto anatalidade e o crescimento vegetativo -- diferença entre ambas -- se me-

dem por meio de índices, números relativos dos quais os mais simples sãoas taxas brutas.

A mortalidade é de análise mais simples, pois a morte ocorre semprepara cada pessoa. O risco de morte varia com a idade e o sexo: é máximono primeiro ano de idade, cai ao mínimo por volta dos 12 anos e torna asubir à medida que a pessoa envelhece. Geralmente os homens morremmais cedo que as mulheres. De modo geral, a mortalidade se encontra emdeclínio no mundo inteiro.

A natalidade é um fenômeno mais complexo, pois nem todas as mulhe-res em idade fértil (15 a 49 anos) têm filhos e, entre as que os têm, poucasutilizam integralmente sua capacidade biológica de reprodução. As taxas denatalidade, altas nos países subdesenvolvidos, têm apresentado níveismuito baixos nos países industrializados.

Uma população pode apresentar três combinações entre as taxas demortalidade e natalidade: (1) alta mortalidade e alta natalidade; (2) baixamortalidade e alta natalidade; e (3) baixas taxas de mortalidade e natalida-de. O mundo, até 1820, e os países subdesenvolvidos, até 1900, apresen-tavam a primeira dessas combinações. No final do século XX, os subde-senvolvidos apresentavam a segunda combinação e os países industriali-zados, a terceira.

Demografia no Brasil. Não existe propriamente uma doutrina brasileira

para a população. O sentimento generalizado é aparentemente favorável auma população grande. Contribuem para essa atitude valores culturaisfavoráveis a famílias numerosas, a oposição da Igreja Católica ao controleda natalidade e a ignorância dos métodos anticoncepcionais pela maior parte da população.

No que diz respeito à demografia analítica, foram feitos grandes pro-gressos, cujos resultados essenciais podem ser assim resumidos: (1) a taxabruta de natalidade é alta, e a de mortalidade declina com os progressos damedicina e saúde pública; (2) a taxa bruta de reprodução, que indica ocrescimento demográfico sem levar em conta a imigração e a emigração, éuma das mais altas do mundo; (3) a taxa de mortalidade infantil é alta; (4) apopulação brasileira é muito jovem; (5) a população ativa, de dez anos emais, é considerada pequena; (6) a etnia brasileira tende ao branqueamen-to, pois a cada novo censo, devido à miscigenação, nota-se um acréscimo

percentual do número de brancos e de pardos, enquanto o de negrosdiminui; (7) a população é predominantemente urbana; (8) a expectativa devida continua baixa e varia de região para região, mas a tendência nacionalé aumentar; (9) a população se distribui irregularmente e as regiões Norte eCentro-Oeste apresentam densidade demográfica muito baixa, embora aocupação desses territórios se venha acelerando; (10) a imigração estabili-zou-se em níveis muito baixos, mas a migração inter-regional continuavaascendente no final do século XX. 

Demografia

A população do Brasil, conforme registrado pelo PNAD de 2008, foi deaproximadamente 190 milhões de habitantes[ (22,31 habitantespor quilômetro quadrado), com uma proporção de homens e mulheres de0,95:1 e 83,75% da população definida como urbana. A população está

fortemente concentrada nas regiões Sudeste (79,8 milhões de habitantes)e Nordeste (53,5 milhões de habitantes), enquanto as duas regiões maisextensas, o Centro-Oeste e o Norte, que formam 64,12% do territóriobrasileiro, contam com um total de apenas 30 milhões de habitantes.

A população do Brasil aumentou significativamente entre 1940 e 1970,devido a um declínio na taxa de mortalidade, embora a taxa denatalidade também tenha passado por um ligeiro declínio no período.Na década de 1940 a taxa de crescimento anual da população foi de 2,4%,subindo para 3,0% em 1950 e permanecendo em 2,9% em 1960, coma expectativa de vida subindo de 44 para 54 anos e para 72,6 anos em2007.A taxa de aumento populacional tem vindo a diminuir desde 1960, de3,04% ao ano entre 1950 –1960 para 1,05% em 2008 e deverá cair para umvalor negativo, de −0,29%, em 2050, completando assim a transiçãodemográfica.

As maiores áreas metropolitanas do Brasil são São Paulo, Rio deJaneiro e Belo Horizonte – todas na região Sudeste  – com 19,5, 11,5 e 5,1milhões de habitantes, respectivamente.Quase todas as capitais são asmaiores cidades de seus estados, com exceção de Vitória, capitaldo Espírito Santo, e Florianópolis, a capital de Santa Catarina. Existem

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 20

também regiões metropolitanas não-capitais nos estados de SãoPaulo (Campinas, Santos e Vale do Paraíba), Minas Gerais (Vale doAço),Rio Grande do Sul (Vale do Rio dos Sinos) e Santa Catarina (Vale doItajaí).

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de2008, 48,43% da população (cerca de 92 milhões) foi descritacomo brancos; 43,80% (cerca de 83 milhões) como Pardos (Multirracial);6,84% (cerca de 13 milhões) como Negros; 0,58% (cerca de 1,1 milhões)como Asiáticos e 0,28% (cerca de 536 mil) como Indígenas, enquanto0,07% (cerca de 130 mil) não declararam sua raça. Em 2007, a FundaçãoNacional do Índio relatou a existência de 67 diferentes tribos isoladas,contra 40 em 2005. Acredita-se que o Brasil possua o maior número depovos isolados do mundo.

A maioria dos brasileiros descendem de povos indígenas do país,colonos portugueses, imigrantes europeus eescravos africanos. Desde achegada dos portugueses em 1500, um considerável número de uniõesentre estes três grupos foram realizadas. A população parda[é umacategoria ampla que inclui caboclos (descendentes de brancos eíndios), mulatos(descendentes de brancos e negros)e cafuzos (descendentes de negros e índios). Os pardos e mulatos formama maioria da população nas regiões Norte,Nordeste e Centro-Oeste. Apopulação mulata concentra-se geralmente na costa leste da região

Nordeste, da Bahia à Paraíba e também no norte doMaranhão, sulde Minas Gerais e no leste do Rio de Janeiro.[ No século XIX o Brasil abriusuas fronteiras à imigração. Cerca de cinco milhões de pessoas de mais de60 países migraram para o Brasil entre 1808 e 1972, a maioria delasde Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Japão e Oriente Médio.

DEMOGRAFIA DO BRASIL

O Brasil possui cerca de 186 milhões de habitantes (estimativa doIBGE, 2006). Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico dopaís tem diminuído o ritmo, que era muito alto até a década de 1960. Em1940, o recenseamento indicava 41.236.315 habitantes; em 1950,51.944.397 habitantes; em 1960, 70.070.457 habitantes; em 1970,93.139.037 habitantes; em 1980, 119.002.706 habitantes; e finalmente em1991, 146.825.475 habitantes.

O sobrenome mais popular do Brasil é Silva, com um milhão de nomesnas listas telefônicas da Brasil Telecom, Telemar e Telesp. embora não setenha certeza dessa pesquisa feita por recenseadores. 

As razões para uma diminuição do crescimento demográficorelacionam-se com a urbanização e industrialização e com incentivos àredução da natalidade (como a disseminação de anticoncepcionais).Embora a taxa de mortalidade no país tenha caído bastante desde adécada de 1940, a queda na taxa de natal idade foi ainda maior.

A pirâmide etária brasileira ainda apresenta-se fortemente triangular,com larga base e estreito cume demonstrado que existem muitas mortesentre os jovens nos primeiros anos de vida. A população jovem (até 19anos) constitui mais de um terço do total. Somada a uma pequenapopulação de idosos (menos de um décimo), esse contingente constitui apopulação economicamente inativa, que precisa ser mantida pelapopulação economicamente ativa.

Distribuição populacionalA distribuição populacional no Brasil é bastante desigual, havendo

concentração da população nas zonas litorâneas, especialmente doSudeste e da Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a regiãoSul. As áreas menos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.

Taxa de natalidadeAté recentemente, as taxas de natalidade no Brasil foram elevadas, em

patamar similar a de outros países subdesenvolvidos. Contudo, houvesensível diminuição nos últimos anos, que pode ser explicada pelo aumento

da população urbana — já que a natalidade é bem menor nas cidades, emconseqüência da progressiva integração da mulher no mercado de trabalho— e da difusão do controle de natalidade, seja preventivo (métodosanticoncepcionais), seja corretivo (abortos). Além disso, o custo social damanutenção e educação dos filhos é bastante elevado, sobretudo no meio

urbano.

Hierarquia urbanaA hierarquia urbana trata das influências que as cidades exercem sobre

uma determinada região, território ou país(es). São inúmeras as atividadesdesenvolvidas nas cidades, tanto no setor secundário (indústria) como noterciário (comércio e serviços), e até mesmo no primário (agropecuária).Essas atividades, dependendo de sua qualidade e diversificação, podematender não só à população urbana, mas a todo o município, incluindo a

zona rural e a população de vários municípios ou de outros estados. Assim,uma cidade pequena pode não ter um comércio ou serviço de saúdesuficiente para sua população, que é atendida em outra cidade maior, maisbem equipada, que lhe ofereça serviços de melhor qualidade.

Os equipamentos de uma cidade (escolas, universidades, postos desaúde, hospitais, sistema de transporte, cinemas, teatros, entre outros), oparque industrial, os serviços, o setor financeiro determinam a sua área deinfluência, ou seja, a região por esta polarizada. Assim, é possível construir um sistema hierarquizado, no qual as cidades menores encontram-sesubordinadas às maiores.

Rede urbanaSistema de hierarquização urbana, no qual várias cidades se

submetem a uma maior, que comanda esse espaço. Em cada nível, asmaiores polarizam as menores. O IBGE classifica a rede urbana brasileirade acordo com o tamanho e importância das cidades. As categorias decidades mais importantes são:

  Metrópoles globais: suas áreas de influencia ultrapassam asfronteiras de seus estados, região ou mesmo do país. Sãometrópoles globais Rio de Janeiro e São Paulo

  Centros metropolitanos nacionais: exercem influência namacroregião onde se encontra e até fora dela. São metrópolesnacionais Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, PortoAlegre, Recife e Salvador 

  Centros metropolitanos regionais: exercem influência apenasna macrorregião onde se encontra. São metrópoles regionaisBelém, Campinas, Goiânia e Manaus

  Centros submetropolitanos ou centros regionais: exerceminfluência no estado e em estados próximos. São centros regionaisAracaju, Campo Grande, Cuiabá, Feira de Santana, Florianópolis,João Pessoa, Joinville, Juiz de Fora, Londrina, Maceió, Natal,Ribeirão Preto, Santos, São José dos Campos, São Luís,Sorocaba, Teresina, Uberlândia e Vitória

  Centros sub-regionais: exercem influência apenas em cidadespróximas, povoados e zona rural. Dividem-se em dois níveis:

Centros sub-regionais 1: Anápolis, Bauru, Blumenau, Boa Vista,Campina Grande, Campos dos Goytacazes, Caruaru, Cascavel, Caxias doSul, Criciúma, Dourados, Foz do Iguaçu, Franca, Ilhéus, Imperatriz,Ipatinga, Itabuna, Juazeiro, Jundiaí, Macapá, Maringá, Montes Claros,Mossoró, Nova Friburgo, Palmas, Pelotas, Petrolina, Petrópolis, Piracicaba,Ponta Grossa, Porto Velho, Rio Branco, Santa Maria da Boca do Monte,

São José do Rio Preto, Uberaba, Vitória da Conquista e Volta Redonda

Centros sub-regionais 2 : Alagoinhas, Angra dos Reis, Aparecida,Araçatuba, Araguaína,Arapiraca, Araraquara, Barbacena, Barra Mansa,Barreiras, Botucatu, Bragança Paulista, Cabo Frio, Cachoeiro deItapemirim, Castanhal, Catanduva, Caxias, Chapecó, Colatina, Corumbá,Crato, Cruzeiro do Sul, Divinópolis, Floriano, Garanhuns, Governador Valadares, Guaratinguetá, Guarapuava, Gurupi, Iguatu, Itajaí, Jaú, Jequié,Ji-Paraná, Juazeiro do Norte, Lages, Limeira, Linhares, Macaé, Marabá,Marília, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Paranaguá, Parnaíba, Passo Fundo,Patos, Picos, Poços de Caldas, Resende, Rio Grande, Rio Verde,Rondonópolis, Santa Cruz do Sul, Santarém, São Carlos, São Sebastião,Sete Lagoas, Sinop, Sobral, Teófilo Otoni, Três Lagoas, Tubarão,Uruguaiana

População absolutaCom 183.987.291 habitantes (2007), o Brasil apresenta uma das

maiores populações absolutas do mundo, destacando-se como a quintanação mais populosa do globo.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 21

Densidade demográficaO Brasil apresenta uma baixa densidade demográfica — apenas 22

hab./km² —, inferior à média do planeta e bem menor que a de paísesintensamente povoados, como a Bélgica (342 hab./km²) e o Japão (337hab./km²).

O estudo da população apóia-se em alguns fatores demográficosfundamentais, que influenciam o crescimento populacional.

Taxa de mortalidadeO Brasil apresenta uma elevada taxa de mortalidade, também comum

em países subdesenvolvidos, enquadrando-se entre as nações maisvitimadas por moléstias infecciosas e parasitárias, praticamenteinexistentes no mundo desenvolvido.

Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira também vem caindo,como reflexo de uma progressiva popularização de medidas de higiene,principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da ampliação dascondições de atendimento médico e abertura de postos de saúde em áreasmais distantes; das campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo daassistência médica e do atendimento hospitalar.

Taxa de mortalidade infantilO Brasil apresenta uma taxa de mortalidade infantil de 27.62 mortesem cada 1.000 nascimentos (estimativa para 2007) elevada mesmo para ospadrões latino-americanos. No entanto, há variações nessa taxa segundoas regiões e as camadas populacionais. O Norte e o Nordeste — regiõesmais pobres — têm os maiores índices de mortalidade infantil, quediminuem na região Sul. Com relação às condições de vida, pode-se dizer que a mortalidade infantil é menor entre a população de maioresrendimentos, sendo provocada sobretudo por fatores endógenos. Já apopulação brasileira de menor renda apresenta as características típicas damortalidade infantil tardia.

Crescimento vegetativoA população de uma localidade qualquer aumenta em função das

migrações e do crescimento vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a

contribuição das migrações para o aumento populacional. Assim, comoesse aumento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimentovegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo infantil. Aestimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa bruta de natalidadede 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para cada grupo de mil pessoas aoano — e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortespor mil nascidos ao ano. Esses revelam um crescimento vegetativo anualde 1,268.

Expectativa de vidaNo Brasil, a expectativa de vida está em torno de 68,3 anos para os

homens e 76,38 para as mulheres, conforme estimativas para 2007. Dessaforma, esse país se distância das nações paupérrimas, em que essaexpectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné, Níger e outras), mas

ainda não alcança o patamar das nações desenvolvidas, onde aexpectativa de vida ultrapassa os 70 anos (Noruega, Suécia e outras).

A expectativa de vida varia na razão inversa da taxa de mortalidade, ouseja, são índices inversamente proporcionais. Assim no Brasil,paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre uma elevação daexpectativa de vida.

Taxa de fecundidadeConforme estimativa de 2006, a taxa média de fecundidade é de 2,0

filhos por mulher. Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres deetnia branca e elevando-se entre as pardas. Tal variação está relacionadaao nível sócio-econômico desses segmentos populacionais; em geral, apopulação parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social eeconomicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o níveleducacional, entre outros fatores.

Há também variações regionais: as taxas são menores no Sudeste eno Sul — regiões de maior crescimento econômico e urbanização —, sendomaiores no Norte e no Nordeste.

Composição por sexoO Brasil não foge à regra mundial. A razão de sexo no país é de 98

homens para cada grupo de 100 mulheres, conforme estimativas de 2008.

Até os 60 anos de idade, há um equilíbrio quantitativo entre homens emulheres, acentuando-se a partir desta faixa etária o predomínio feminino.Esse fato pode ser explicado por uma longevidade maior da mulher, devidopor outras razões, ao fato de ela ser menos atingida por moléstias

cardiovasculares, causa freqüente de morte após os 40 anos.

O número de mulheres, na população rural brasileira, pode-se dizer que no Nordeste, por ser uma região de repulsão populacional, há opredomínio da população feminina. Já nas regiões Norte e Centro-Oestepredomina a população masculina, atraída pelas atividades econômicasprimárias, como o extrativismo vegetal, a pecuária e, sobretudo, amineração.

O número de mulheres, na população rural brasileira, também tende aser menor, já que as cidades oferecem melhores condições sociais e detrabalho à população feminina.

Um relativo equilíbrio entre os sexos, entretanto, só se estabeleceu a

partir dos anos 40 — pois até a década de 1930 o país apresentava nítidopredomínio da população masculina, devido principalmente à influência daimigração — e, ainda que nascessem mais meninos que meninas, a maior mortalidade infantil masculinas (até a faixa de 5 anos de idade) fez com quese estabelecesse o equilíbrio.

Composição por faixa etária

PaísCrianças(de 0 a 15anos)

Jovens(de 15 a29 anos)

Adultos(de 30 a 59anos)

Velhos(acima de60 anos)

Reino Unido 19,5 20,1 39,9 20,5

Suécia 18,8 19,3 39,8 22,1

Brasil 31,8% 28,5 32,6 7,1

Peru 35,9% 29% 28,4 6,7

Fonte: Nova Enciclopédia Barsa 

Considerando os dados de 1995, observa-se que o número de jovens éproporcionalmente pequeno nos países desenvolvidos, mas alcança quasea metade da população total como o Brasil, o Peru e outros do TerceiroMundo. Nos países desenvolvidos, o nível sócio-econômico é muitoelevado e, em consequência, a natalidade é baixa e a expectativa de vidabastante alta, o que explica o grande número de idosos na população total.No Brasil, apesar da progressiva redução das taxas de natalidade emortalidade verificada nas últimas décadas, o país continua exibindoelevado número de jovens na população.

Grupos étnico-raciais do BrasilA população atual do Brasil é muito diversa, tendo participado de sua

formação diversos povos e etnias. De forma geral, a população brasileira foiformada por cinco grandes ondas migratórias:

  Os diversos povos indígenas, autóctones do Brasil,descendentes de grupos humanos que migraram da Sibéria,atravessando o Estreito de Bering, aproximadamente 9.000 a.C.

  Os colonos portugueses, que chegaram para explorar a colôniadesde a sua descoberta, em 1500, até a sua independência, em1822.

  Os africanos trazidos na forma de escravos para servirem demão-de-obra, em um período de tempo que durou de 1530 à 1850.

  Os diversos grupos de imigrantes vindos principalmente daEuropa, os quais chegaram ao Brasil entre o final do século XIX einício do século XX.

  Imigrações recentes de diversas partes do mundo, sobretudoÁsia e Oriente Médio.

Acredita-se que o Continente Americano foi povoado por três ondasmigratórias vindas do Norte da Ásia. Os indígenas brasileiros são,

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 22

provavelmente, descendentes da primeira leva de migrantes, que chegou àregião por volta de 9.000 a.C. Os principais grupos indígenas, de acordocom sua origem lingüística, eram os tupi-guarani, jê ou tapuia, aruaque oumaipuré e caraíba ou caribes.

A imigração européia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendodominada pelos portugueses. Neerlandeses (ver Invasões holandesas doBrasil) e franceses (ver França Antártica) também tentaram colonizar oBrasil no século XVII, mas sua presença durou apenas algumas décadas.

Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No séculoseguinte vieram 600 mil, em uma média anual de dez mil colonos. Aprimeira região a ser colonizada pelos portugueses foi o Nordeste. Poucomais tarde, os colonos passaram a colonizar o litoral do Sudeste. O interior do Brasil só foi colonizado no século XVIII. Os portugueses foram o únicogrupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças à açãodos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII.

A população indígena original do Brasil (entre 3-5 milhões) foi emgrande parte exterminada ou assimilada pela população portuguesa. Osmamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavamàs centenas pela colônia.

Um outro elemento formador do povo brasileiro chegou na forma de

escravo. Os africanos começaram a ser trazidos para a colônia na décadade 1530, para suprir a falta de mão-de-obra. Inicialmente, chegaramescravos de Guiné. A partir do século XVIII, a maior parte dos cativos eratrazida de Angola e, em menor medida, de Moçambique. Na Bahia, osescravos eram majoritariamente oriundos do Golfo de Benin (atual Nigéria).Até o fim do tráfico negreiro, em 1850, entre 3-5 milhões de africanos foramtrazidos ao Brasil-37% de todo o tráfico negreiro efetuado entre a África eas Américas.

Muitas cidades sulistas ainda guardam traços da imigração no Brasil doséculo XIX. A cidade de Blumenau é conhecida por suas influênciasalemãs.

O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no séculoXIX e início do século XX. Para se ter uma idéia do impacto imigratório

nesse período, entre 1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior a cinco milhões de imigrantes. Esses imigrantes foram divididos em doisgrupos: uma parte foi enviada para o Sul do Brasil, onde se tornaramcolonos trabalhando na agricultura. Todavia, a maior parte foi enviada paraas fazendas de café do Sudeste. Os colonos mandados para o Sul do paísforam, majoritariamente, alemães (a partir de 1824, sobretudo da Renânia-Palatinado, Pomerânia, Hamburgo, Vestfália, etc) e italianos (a partir de1875, sobretudo do Vêneto e da Lombardia). Ali foram estabelecidasdiversas colônias de imigrantes que, ainda hoje, preservam os costumes dopaís de origem. Para o Sudeste do país chegaram, majoritariamente,italianos (sobretudo do Vêneto, Campânia, Calábria e Lombardia),portugueses (notadamente oriundos da Beira Alta, do Minho e Alto Trás-Os-Montes), espanhóis (sobretudo da Galiza e Andaluzia), japoneses(sobretudo de Honshu e Okinawa) e árabes (do Líbano e da Síria).

De acordo com o Memorial do Imigrante, entre 1870 e 1953, entraramno Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, sendo os italianos(1.550.000), portugueses (1.470.000), espanhóis (650.000), alemães(210.000), japoneses (190.000), poloneses (120.000) e 650.000 de diversasoutras nacionalidades.

Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários 5 categorias no Brasil,baseado na raça e cor da pele: branco, índio, preto, pardo e amarelo.

Miscigenação e genesPoucos países no mundo tiveram a rica interação de diferentes "raças"

e etnias como ocorreu no Brasil. Desde a chegada dos primeiros colonosportugueses assistiu-se à miscigenação em massa com os índios. Décadasdepois, com a chegada de escravos negros, formou-se uma população trí-híbrida.

Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integraçãogenética e cultural de povos europeus, como os celtas e os lusitanos.Embora os portugueses sejam basicamente uma população européia, 7

séculos de convivência com mouros do norte de África e com judeusdeixaram um importante legado a este povo. Um curioso estudo recenteaponta que entre 25 e 30% dos primeiros colonos portugueses no Brasileram, de fato, de origem judaica.

Os índios brasileiros não apresentavam relevantes diferençasgenéticas entre si: seriam todos descendentes do primeiro grupo decaçadores asiáticos que chegaram às Américas, há 60 mil anos. Porém,culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa

diversidade de nações com línguas e costumes distintos. A chegada doscolonos portugueses, homens em sua maioria, culminou em relações econcubinatos com as índias.

Os escravos africanos trazidos ao Brasil pertenciam a um lequeenorme de etnias e nações. A maior parte eram bantos, originários deAngola, Congo e Moçambique. Porém, em lugares como a Bahia,predominaram os escravos da região da Nigéria, Daomé e Costa da Mina.Eram maiores e mais robustos que os bantos, e também maisdesenvolvidos. Alguns escravos islâmicos eram alfabetizados em árabe e játraziam para o Brasil uma rica bagagem cultural. Miscigenaram-se com osportugueses e índios, formando a raiz étnica do povo brasileiro.

A tentativa do governo brasileiro em "branquear" a população marcou o

século XIX. O governo libertou os descendentes de africanos, mas não deuassistência social aos ex-escravos, que foram abandonados à própria sorte.O escravo seria substituído pelo imigrante europeu: entre 1870 e 1953,entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, dentre os quaishavia uma maioria de italianos, os preferidos do governo, por serembrancos e latinos.

O governo brasileiro ambicionava que os imigrantes se casassem commestiços e negros, para diluir a raça negra na população brasileira. Afamosa pintura "Redenção do Can", feita em 1895 por Modesto Brocos yGómez, sintetiza a idéia pairante na época: através da miscigenação, osbrasileiros ficariam a cada geração mais brancos.

A entrada em massa de imigrantes europeus no Sul e Sudeste doBrasil mudou relativamente a demografia do País. Em poucas décadas

verificou-se que a população de origem "negra e mestiça" foi superada pelapopulação "branca". O casamento entre imigrantes europeus e brasileirosapenas alterou o fenótipo. Geneticamente, a população brasileira continuamestiça.

Nos censos, a maioria da população brasileira continua a classificar-secomo branca (49,9%), uma parcela considerável como parda (43,2%) e umnúmero muito reduzido como preta (6,3%). Fato é que, geneticamente, oBrasil possui uma população majoritariamente mestiça, e não branca comomostram os censos: 86% dos brasileiros têm mais de 10% de genesafricanos. Ou seja, apenas 14% dos brasilei ros são geneticamente brancos,número bem inferior aos quase 50% dos censos do IBGE. A motivação degrande parte dos brasileiros em classificarem-se como brancos no censo, éfruto de um racismo velado enraizado na cultura do País, onde é imposto

pela mídia um padrão de beleza caucasiano.

BrancosOs brancos auto-declarados compõem cerca de 49,9% da mesma,

somando cerca de 93 milhões de indivíduos. Estão espalhados por todo oterritório brasileiro, embora a maior concentração esteja no Sul e Sudestedo Brasil. Consideram-se brancos os descendentes diretos oupredominantes de europeus e de outros povos de cor branca.

Uma pesquisa realizada com mais de 34 milhões de brasileiros, dosquais quase vinte milhões se declaram brancos, perguntou a origem étnicados participantes de cor ou raça branca. A grande maioria apontou origembrasileira (45,53%). 15,72% apontou origem italiana, 14,50% portuguesa,6,42% espanhola, 5,51% alemã e 12,32% outras origens, que incluemafricana, indígena, judaica e árabe.

Os números condizem fortemente com o passado imigratório no Brasil.Entre o final do século XIX e início do século XX, sobretudo após aAbolição da Escravatura, o Estado brasileiro passou a incentivar a vinda deimigrantes para substituir a mão-de-obra africana. Entre 1870 e 1951, de

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Portugal e da Itália chegaram números próximos de imigrantes, cerca de1,5 milhão de italianos e 1,4 milhão de portugueses. Da Espanha chegaramcerca de 650 mil e da Alemanha em torno de 260 mil imigrados. Osnúmeros refletem as porcentagens das origens declaradas pelos brancosbrasileiros.

É notório, porém, que quase metade dos brancos pesquisadosdeclararam ser de origem brasileira. É explicável pelo fato de a imigraçãoportuguesa no Brasil ser bastante antiga, remontando mais de quinhentos

anos, fato que muitos brasileiros brancos desconhecem tais origens por játerem suas famílias enraizadas no Brasil há séculos.

Se se considerar os brancos que se afirmaram de origem brasileiracomo descendentes remotos de portugueses, 60,03% da população brancado Brasil é de origem portuguesa. Ensuma, vivem em Portugal 10 milhõesde portugueses e no Brasil 26 milhões de pessoas que se considerametnicamente portuguesas e outras 41 milhões que são, provavelmente, deremota origem lusitana. Observando os muitos milhões de mestiços enegros brasileiros que também possuem antepassados portugueses, éclara a extrema importância dos portugueses na formação étnica do povobrasileiro.

Apenas 4,80% dos brancos brasileiros pesquisados afirmaram ter 

antepassados indígenas, enquanto somente 1,88% declararam ter antepassados negros africanos. Tais números, porém, não condizem com arealidade genética dos brancos brasileiros que possuem, na maioria doscasos, significante contribuição genética de índios e africanos, devido aséculos de miscigenação entre europeus, nativos e escravos negros.

Através de um importante mapeamento genético, chegou-se aconclusão que o brasileiro de cor branca é descendente quase queexclusivamente de europeus do lado paterno (90%). Já no lado materno,apresenta uma intensa miscigenação: 33% de linhagens ameríndias, 28%de africanas e 39% de européias. Isso é explicado historicamente: no inícioda colonização, os colonos portugueses não trouxeram suas mulheres, oque acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheresindígenas e, mais tarde, com as africanas. Em outras palavras, a maior parte dos brancos do Brasil tem 90% de seus antepassados homens

oriundos da Europa, enquanto 60% de suas antepassadas eram indígenasou africanas.

ÍndiosOs índios auto-declarados compõem 0,4% da população brasileira,

somando cerca de 700 mil indivíduos. Populações indígenas podem ser encontradas por todo o território brasileiro, embora mais da metade estejaconcentrada na Região amazônica do Norte e Centro-Oeste. Consideram-se índios todos os descendentes puros dos povos autóctones do Brasil e/ouque vivem no ambiente cultural tradicional dos mesmos.

Recentes estudos genéticos comprovaram que muitos brasileirospossuem ascendência de povos indígenas extintos há séculos. Osbrasileiros que carregam esta carga genética de forma majoritária são

predominantes no norte do Brasil.

Quando os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, apopulação indígena girava em torno de 3 a 5 milhões de indivíduos. Nametade do século XIX, os índios não passavam de 100 mil pessoas e nofinal do século XX eram cerca de 300 mil. O desaparecimento da populaçãonativa brasileira se deve principalmente a quatro fatores: a dizimaçãopromovida pelos colonizadores, as doenças européias que se espalharamcomo epidemias, a miscigenação racial e, principalmente, a perda dosvalores e da identidade indígenas ao longo dos séculos.

NegrosOs negros auto-declarados compõem 6,3% da população brasileira,

somando cerca de 11 milhões de indivíduos. Estão espalhados por todo oterritório brasileiro, embora a maior proporcionalidade esteja no Nordeste.Consideram-se negros todos os descendentes dos povos africanos trazidospara o Brasil e que têm o fenótipo característico africano.

A escravidão no Brasil durou cerca de 350 anos e trouxe para o paíscerca de 4 milhões de africanos-- 37% de todos os escravos trazidos às

Américas.

Pesquisas genéticas recentes indicam que a grande maioria dosbrasileiros têm mais de 10% de marcadores genéticos africanos, assimcomo mostram que aqueles considerados negros no Brasil, muitas vezescarregam alto grau de carga genética européia e indígena.

PardosSegundo a definição do IBGE, pardos são pessoas que se declaram

mulatas, caboclas, cafuzas, mamelucas ou mestiças de negro com pessoade outra raça. Para efeitos estatísticos, pardos são considerados negrospelo governo. No censo de 2005, 43,2% da população nacional se auto-declarou como sendo parda.

Ao contrário do que muitos pensam, o termo pardo não foi criadocensitariamente como uma categoria de cunho "étnico-racial" distinto oucomo sinônimo de miscigenado: o termo passou a ser utilizado no censo doano de 1872, com o intuito único de contabilizar de forma separada osnegros (não importando se pretos ou miscigenados) ainda cativos, e osnegros (não importando se pretos ou miscigenados) nascidos livres ouforros.

Amarelos

Os amarelos auto-declarados compõem 0,5% da população brasileira,somando cerca de 1 milhão de indivíduos. Estão concentrados em doisestados brasileiros: São Paulo e Paraná, embora populações menoresestejam espalhadas por todo o território brasileiro. Consideram-se amarelostodos os descendentes de povos asiáticos.

A grande maioria dos amarelos brasileiros são descendentes de japoneses que imigraram para o Brasil entre 1908 e 1960, devido aproblemas econômicos. O Brasil abriga hoje a maior comunidade japonesafora do Japão. Outros grupos amarelos em fase de crescimento rápido, sãoos chineses e coreanos que atualmente integram o comércio nas capitais.

Grupos Étnico-raciais por Regiões BrasileirasNa região Sul do Brasil predomina o elemento europeu - a começar 

pelos colonizadores açorianos no século XVIII, acrescidos por grandes

levas de imigrantes alemães, italianos e eslavos durante o século XIX e XX.O elemento indígena também se fez minoritariamente presente no Sul,sendo convertido ao cristianismo por missões jesuítas logo no início doséculo XVII.

Na região Sudeste do Brasil também predomina o elemento europeu -a iniciar por portugueses, acrescidos principalmente de imigrantes italianos,espanhóis e alemães nos séculos XIX e XX. Os elementos africano eindígena também se fizeram bastante presentes, e no estado de São Pauloo elemento asiático, composto sobretudo por japoneses e árabes, ésignificativo.

Na região Nordeste do Brasil, predominam os elementos africano eeuropeu (principalmente descendentes de portugueses).

Na região Norte do Brasil predomina o elemento indígena, bastantemiscigenado a negros e brancos.

Raça e cor segundo o IBGEO critério usado pelo IBGE para esta classificação é a auto-declaração,

o que, segundo alguns, gera distorções na estatística pois existepreconceito contra o negro no país, sendo que muitos negros geralmentese declaram "pardos" e também há casos de "pardos" que se declaram"brancos". Este termo "pardo", utilizado pelo IBGE, na prática acabaenglobando todos os que se consideram não-brancos mas que tambémnão se identificam como negros, indígenas ou amarelos (asiáticos). Isto temgerado controvérsia, uma vez que muitos dos contrários às políticasafirmativas (entre elas a política de cotas raciais) não consideram todos os"pardos" como afrodescendentes, algo que o governo tende a fazer.

ImigraçãoToda migração populacional é sempre determinada por um conjunto de

fatores de repulsão na área de origem e por outro conjunto de fatores deatração na área de destino.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 24

Esses movimentos populacionais podem ser classificados em doistipos: as migrações externas e as migrações internas.

As migrações externas são as que ocorrem quando se atravessamfronteiras internacionais; compreendem a emigração (saída do país) e aimigração (entrada em outro país). Já as migrações internas compreendemos movimentos populacionais que ocorrem dentro de um novo país.

No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida em duas fases:

a primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição daescravatura, em 1888, visando a substituição da mão-de-obra escrava nalavoura cafeeira; a segunda, de controle à imigração, a partir de 1934, nogoverno Vargas, devido à crise econômica internacional da década de1930.

O afluxo de imigrantes para o Brasil pode ser dividido em três períodosprincipais.

O primeiro período (de 1808 a 1850) foi marcado pela chegada dafamília real, em 1808, o que ocasionou a vinda dos primeiros casais deimigrantes açorianos para serem proprietários de terras no país. Devido aoreceio do europeu de fixar-se num país de economia colonial eescravocrata, nesse período houve uma imigração muito pequena.

O segundo período (de 1850 a 1930) foi marcado pela proibição domercado de escravos. Foi a época mais importante para a nossa imigração,devido ao grande crescimento da atividade monocultora (café) e aosincentivos governamentais dados ao imigrante. Em 1888, com a aboliçãoda escravidão, estimulou-se ainda mais o fluxo imigratório, tendo o Brasilrecebido, nessa época, praticamente 80% dos imigrantes entrados no país.

O terceiro período (de 1930 até os dias de hoje) é caracterizado por uma sensível redução na imigração, devido, inicialmente, à crise econômicade 1929, ocasionada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, como conseqüente abalo da cafeicultura brasileira. Além disso, contribuiutambém a crise política interna no país, decorrente da Revolução de 1930,e a criação de uma lei sobre imigração, através da Constituição de 1934.Essa lei restringia a entrada de imigrantes, estipulando que, anualmentenão poderia entrar no país mais que 2% do total de imigrantes de cada

nacionalidade entrados nos últimos 50 anos. Determinava ainda que 80%dos imigrantes deveriam dedicar-se à agricultura, além de estabelecer umadiscutível e discriminatória "seleção ideológica", ou seja, conforme as idéiaspolíticas que professava, o imigrante poderia ou não entrar no país.

O envolvimento da Europa na Segunda Guerra Mundial tambémreduziu a emigração, e a recuperação econômica daquele continente, apósa guerra, levou os europeus a emigrarem para outros países do própriocontinente.

Intensificaram-se, nesse período, as migrações internas. Mineiros   enordestinos, principalmente, dirigiram-se para o centro-sul do país, emvirtude de crescimento urbano e industrial.

Imigrantes portuguesesOs portugueses representam o maior contingente de imigrantesentrados no Brasil. Calcula-se que devam viver atualmente, no país,213.203 portugueses, concentrados nos grandes centros urbanos, comdestaque especial para o Rio de Janeiro e São Paulo.

O fluxo imigratório português se acelerou a partir do ciclo do ouro, emMinas Gerais (século XVIII), e manteve-se relativamente elevado até adécada de 1950; a partir daí, os portugueses passaram a emigrar para aFrança, Alemanha e outros países europeus, graças à recuperaçãoeconômica do continente. Na década de 1970, devido ao processo dedescolonização, o Brasil recebeu uma onda de imigrantes portuguesesprovenientes, principalmente, das ex-colônias portuguesas na África(Angola e Moçambique).

Imigrantes italianosOs primeiros italianos chegaram ao Brasil em 1875, estabelecendo-se

no Rio Grande do Sul, na região serrana e também em Santa Catarina,onde o clima era mais ameno, assemelhando-se um pouco com as regiõesde onde vieram, especialmente do Vêneto (norte italiano), de onde provinha

a maior parte das famílias imigrantes. Logo após essa época, São Paulotornou-se o maior pólo receptor de italianos, que inicialmente seencaminharam para as zonas cafeicultoras do interior. Em pouco tempo,entretanto, acabaram por migrar para a capital, vindo a se constituir emimportante mão-de-obra para a indústria que então se iniciava.

Os italianos deixaram suas marcas em cidades e bairros, influenciandohábitos alimentares e lingüísticos das regiões onde se estabeleceram.

Imigrantes alemãesAs primeiras levas de imigrantes alemães chegaram em 1824 e, desdeentão, deram preferência à região Sul do Brasil, onde fundaram a colôniade São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A partir de 1850, foram seinstalando em Santa Catarina, sobretudo no vale do Itajaí, onde surgiramBrusque, Joinville e Blumenau, cidades de marcantes característicasalemãs. Atualmente, a cidade de São Paulo, sobretudo no bairro de SantoAmaro, e os três estados sulinos abrigam quase a totalidade dos imigrantesalemães e seus descendentes brasileiros.

Imigrantes espanhóisDepois dos portugueses e italianos, é o terceiro maior contingente

imigratório do Brasil. Fixando-se principalmente nos estados de São Paulo,Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, iniciaram suas

atividades em fazendas, mas acabaram por migrar para as cidades.Atualmente, tal como os portugueses, os espanhóis têm migrado parapaíses europeus, sendo restrita sua participação entre os imigrantes quechegaram após 1970.

Imigrantes japonesesA imigração japonesa teve início em 1908, quando aportou no Brasil o

navio Kasato Maru, com 165 famílias a bordo. Estabeleceram-seinicialmente no estado de São Paulo e depois no Pará, onde se desenvolveimportante núcleo produtor de pimenta-do-reino (Tomé-Açu). Fixaram-seprincipalmente em colônias rurais, onde introduziram importantes inovaçõesna indústria de hortifrutigranjeiros. Na cidade de São Paulo, foram seconcentrando num bairro — a Liberdade —, que adquirindo característicasde sua cultura, perceptíveis principalmente nas ruas e cartazes. Além disso,instalados no cinturão verde em torno da cidade, são responsáveis pela

maior parte do estabelecimento de frutas, legumes, verduras, aves e ovospara a população da metrópole paulista.

Atualmente, estima-se em mais de 1 milhão e 200 mil os japoneses eseus descendentes até a quarta geração vivendo no Brasil.

Outros grupos imigrantesEntre os eslavos, o maior destaque numérico cabe aos poloneses e

ucranianos, que se fixaram, em sua maioria, no Paraná, dedicando-se àagricultura e pecuária.

Os sírio-libaneses (árabes) distribuem-se por todo o território nacional,dedicando-se a atividades predominantemente urbanas, como o comércio ea indústria. Vieram principalmente na segunda metade do século XIX e na

primeira década do século XXI, mais precisamente em 2006, devido àsegunda guerra do Líbano.

Os judeus, sobretudo de origem alemã e eslava, vieram para o Brasilprincipalmente às vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial dirigindo-se para o Sul e o Sudeste. Passaram a dedicar-se, como os árabes, aatividades urbanas (especialmente comércio e indústria).

Os Brasil passou a receber, durante os anos 70, um expressivo númerode sul-americanos, principalmente paraguaios, bolivianos, uruguaios,argentinos e chilenos. Nos anos 80, o fluxo maior passou a ser de coreanose chineses, sobretudo de Formosa, mas estes, como os latino-americanos,vivem em boa parte clandestinamente, uma vez que sua presença éimpossibilitada por leis que estabelecem cotas máximas de imigrantes por nacionalidade. Dados da prefeitura de São Paulo indicam que há cerca de100 mil coreanos e descendentes vivendo no Brasil, grande parte deles nacidade de São Paulo.

Dentre as regiões brasileiras, as que mais receberam imigrantes forama Sul e a Sudeste, e principalmente o estado de São Paulo, que recebeu

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 25

quase a metade dos imigrantes entrados no Brasil. Apenas na capitalpaulista, há imigrantes de mais de cem nacionalidades diferentes.

Atualmente, o ciclo migratório têm-se invertido, e o Brasil, que semprerecebeu imigrantes, passou a partir da década de 80 do século XX por umafase de surto emigratório. As diversas crises sócio-econômicas do país têmlevado parcelas da população a procurarem saídas no exterior,especialmente nos Estados Unidos e na Europa. A melhoria econômicarecente no Brasil com a moeda forte, aliada a outros fatores como a

xenofobia crescente em diversos países, contribuem para um processo deretorno de levas de emigrados brasileiros (especialmente dos EstadosUnidos, que passam por uma crise econômica) e a redução do fluxoemigratório observado até 2003.

Migrações internasCerca de um terço dos brasileiros não vive onde nasceu. As migrações

internas respondem por boa parte deste terço, e classificam-sebasicamente em duas categorias: deslocamento do campo para a cidade, ochamado (êxodo rural) - causado frequentemente pela falta deoportunidades de trabalho e serviços no campo e pela concentraçãofundiária - e migrações regionais, das quais os exemplos mais importantesforam:

  o ciclo da mineração, em Minas Gerais, nos meados do século

XVIII, que provocou um deslocamento da população litorânea parao interior do país;  o fluxo de escravos do Nordeste para as plantações de café de

São Paulo e do Rio de Janeiro, em fins do século XIX;  o ciclo da borracha, na Amazônia, em fins do século XIX para o

início do século XX, que atraiu muitas pessoas, especialmente doNordeste;

  a construção de Brasília, que deslocou mão-de-obraprincipalmente do Norte e Nordeste;

  o desenvolvimento industrial, dos anos 50 em diante, na regiãoSudeste (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro), quedeslocou principalmente nordestinos.

Recentemente as migrações regionais mais importantes ainda são a denordestinos para as regiões Sudeste e Sul, em busca de trabalho nossetores industrial, comercial e de serviços; ocorre, também, no Centro-Oeste e Norte, um fluxo de famílias ligadas ao meio rural, vindasprincipalmente da região Sul, graças à expansão da fronteira agrícola.

A partir dos anos 80 do século XX, os fluxos intra-regionais e até intra-estaduais tornaram-se mais significativos, especialmente na regiãoNordeste, com a consolidação de várias metrópoles ao redor das capitaisde cada estado nordestino. Por conta do Brasil já ser um paísessencialmente urbano, os fluxos migratórios encontram-se em menor dimensão de décadas passadas, e concentram-se mais na ocupação deespaços com maior dinamismo (em geral cidades médias do interior ealgumas capitais, além da fronteira agrícola). Ações sociais como o FomeZero e o Bolsa Família também reduzem os fluxos migratórios, aoresponder mais rapidamente situações de calamidade pública

especialmente em função da seca, que intensificavam os fluxos nopassado.

A Carta Magna do Brasil e a Religiosidade IndividualDentro do território nacional brasileiro, prevalece a liberdade de culto.

De acordo com a Constituição Federal, a participação de cidadãosbrasileiros em quaisquer atividades religiosas no país é um direito e umaresponsabilidade individual que não deve jamais ser abdicada, sofrer quaisquer tipos de coerções e/ou incitações. Nenhuma religião está acimadas leis seculares vigentes em solo nacional.

A imensa maioria da população é cristã. Cerca de três quartos dapopulação seguem o catolicismo da Igreja Católica Apostólica Romana, oque faz do país o maior em número absoluto de católicos no mundo.

Seguem o Protestantismo cerca de 15% da população, a maior parteatravés de igrejas evangélicas pentecostais. Espíritas fazem 1% dapopulação e Testemunhas de Jeová são cerca de 0,5%.

Uma parcela correspondente a 7% da população não é praticante dereligião alguma. Incluídos nesta parcela estão os ateus e agnósticos.

Religiões como judaísmo, budismo, islamismo, hinduísmo, bem comoas de origem africana (umbanda e candomblé, por exemplo), têm umnúmero muito reduzido de seguidores no Brasil, geralmente concentradosem cidades do Sul, Sudeste ou Nordeste.

DeficiênciaMais de 24 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência.

Cerca de 16,5 milhões possuem deficiência visual, 8 milhões possuem

deficiências de locomoção, 5,5 milhões possuem deficiência auditiva, equase 3 milhões possuem alguma deficiência mental. Frequentemente édito que há grande carência de obras adaptadas ao deficiente no Brasil enenhuma campanha específica nacional para resolver o problema.

LínguaO português é a língua oficial e é falado pela população. O espanhol é

entendido, em diversos graus, pela maioria dos brasileiros. O inglês é partedo currículo das escolas públicas e particulares, e o espanhol passou afazer parte do currículo escolar nos últimos anos; o inglês é entendido eusado por poucas pessoas, especialmente nos centros comerciais efinanceiros.

Cerca de 180 idiomas e dialetos dos povos indígenas são falados nas

tribos, embora esse número esteja em declínio.O português é a língua materna de 98% dos brasileiros, embora haja

um expressivo número de falantes de línguas imigrantes, principalmente oalemão, falado em zonas rurais do Brasil meridional, sendo o dialetoHunsrückisch o mais usado por cerca de 1,5 milhão de pessoas. O italianoé bem difundido por alguns descendentes de imigrantes que ainda nãoadotaram o português como língua materna em zonas vinícolas do RioGrande do Sul, sendo o dialeto Talian o mais usado. Outra língua faladapor minorias é o japonês, entre outros idiomas imigrantes.

Etnia

Uma etnia ou um grupo étnico é uma comunidade humana definidapor afinidades linguísticas e culturais. Estas comunidades geralmentereivindicam para si uma estrutura social, política e um território. 

A palavra etnia é usada muitas vezes erroneamente como umeufemismo para raça, ou como um sinônimo para grupo minoritário. Adiferença reside no fato de que etnia compreende os fatores culturais, comoa religião, a língua, hábitos gastronómicos, hábitos no vestuário, outrastradições, etc., enquanto raça compreende apenas os fatores morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, traço facial, etc.

Etimologia

A palavra "etnia" é derivada do grego ethnos, significando "povo". Essetermo era tipicamente utilizado para se referir a povos não-gregos, entãotambém tinha conotação de "estrangeiro". Em Israel, nos tempos bíblicos, apalavra equivalente no hebraico do Antigo Testamento era usada paradistinguir os israelitas de todos os povos não judeus, chamados "gentios".

O mesmo sentido acompanhou o uso da palavra grega e seus correlatosnos tempos de Jesus e, no Novo Testamento, esta palavra é usadatambém para distinguir os não cristãos em oposição aos cristãos,adquirindo também o sentido de "pagãos". Mesmo assim, boa parte dostextos do Novo Testamento usam a palavra grega ethnos para se referir aos povos ainda não alcançados pela pregação do Evangelho, adquirindo aconotação de "povos-não-alcançados". A palavra deixou de ser relacionadacom o paganismo em princípios do Século XVIII. O uso do sentidomoderno, mais próximo do original grego, começou na metade do SéculoXX, tendo se intensificado desde então.

Fatores de Classificação

Língua

A língua tem sido muitas vezes utilizada como fator primário de

classificação dos grupos étnicos, embora sem dúvida não isenta demanipulacão política ou erro. É preciso destacar também que existe grandenúmero de línguas multi-étnicas e determinadas etnias são multi-língues. 

Cultura

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 26

A delimitação cultural de um grupo étnico, com respeito aos gruposculturais de fronteira, se faz dificultosa para o etnólogo, em especial notocante a grupos humanos altamente comunicados com seus gruposvizinhos. Elie Kedourie é talvez o autor que mais tenha aprofundado aanálise das diferenças entre etnias e culturas.

Geralmente se percebe que os grupos étnicos compartilham umaorigem comum, e exibem uma continuidade no tempo, apresentam umanoção de história em comum e projetam um futuro como povo. Isto sealcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagemcomum, de valores, tradições e, em vários casos, instituições.

Embora em várias culturas se mesclem os fatores étnicos e ospolíticos, não é imprescindível que um grupo étnico conte com instituiçõespróprias de governo para ser considerado como tal. A soberania portantonão é definidora da etnia, mas se admite a necessidade de uma certaprojeção social comum.

Nacionalismo

Muitos dos grandes acontecimentos que marcaram a históriacontemporânea têm origem no movimento ideológico que desde seusurgimento, no século XVIII, influiu decisivamente na política, nopensamento e em outras manifestações culturais: o nacionalismo.

Nacionalismo é o sentimento de íntima vinculação de um grupohumano ao núcleo nacional da coletividade a que pertence. É o princípiopolítico que fundamenta a coesão dos estados modernos e que legitimasua reivindicação de autoridade. Traduzido para a política mundial, oconceito de nacionalismo implica a identificação do estado ou nação com opovo -- ou, no mínimo, a necessidade de determinar as fronteiras do estadosegundo princípios étnicos. Numa primeira etapa, o nacionalismo aspira acriar ou consolidar a independência política. Em seguida, busca aafirmação da dignidade nacional no campo internacional, para por últimotransformar-se em impulso que pode levar a nação a procurar ampliar seudomínio pela força.

História. Como fator preponderante nas relações entre os estados, onacionalismo é fenômeno recente, do fim do século XVIII. Sua presentevitalidade e o caráter universal de que se reveste induzem freqüentemente

ao erro de considerá-lo fator que sempre influenciou de forma decisiva ocurso da história. Na verdade, o estado nacional não existiu durante amaior parte da história da civilização, e nem mesmo, ao surgir, foi vistocomo a forma ideal de organização política. A lealdade do indivíduo seprendia à cidade-estado, ao feudo e a seu senhor, às dinastias reais, àsseitas e grupos religiosos.

O nacionalismo surgiu como força predominante na Europa e naAmérica com a revolução francesa e a independência dos Estados Unidos,e a seguir com os movimentos de emancipação na América Latina. Voltou ase fazer sentir na Europa com a agitação revolucionária de 1848 e ascampanhas de unificação da Alemanha e da Itália, para atingir, no séculoXX, terras da África e da Ásia. Desde então, tem tido influênciadeterminante nas relações internacionais.

Segundo as teorias nacionalistas, a preservação do caráter nacional eo aperfeiçoamento de sua capacidade criativa constituem a supremafinalidade da nação, que, para tanto, deve organizar-se em forma deestado. A nação precisa do poder do estado para sua segurança edesenvolvimento, e o estado requer a comunidade nacional para manter eexpandir seu poderio. O caráter nacional aparece, assim, como espírito, e aorganização estatal como corpo da comunidade nacional. O sentimento deafinidade, de participação numa cultura comum, de um destino único, queforma a essência do sentido nacional, converte-se, com o nacionalismo, noculto à nação, que deve ser objeto da devoção mais absoluta.

As limitações que o consenso moral impõe à luta pelo poder na cenainternacional são hoje, por motivos nacionalistas, menos sensíveis que emqualquer outro momento da história da civilização moderna. A sociedadeinternacional dos séculos XVII e XVIII foi substituída por um número de

entidades nacionais isoladas, com alto grau de integração social. Essasentidades têm sua própria moral, à qual nenhuma outra se sobrepõe. Paraelas é exigido o reconhecimento universal por meio do princípio dasoberania absoluta. A função do direito internacional não é a de restringir as aspirações nacionais, mas, ao contrário, de proteger a soberania eassegurar-lhes a legalidade.

Formas e fases. O nacionalismo tradicional buscava a libertação dopaís do domínio estrangeiro para proporcionar-lhe vida política autônoma. Aformação nacional era a meta suprema, além da qual outras naçõesexistiam com direitos idênticos e aceitos como justos. Essa atitudecorresponde à primeira fase do comportamento nacionalista. A partir desseponto e começando pela afirmação da dignidade nacional no campoexterno, o nacionalismo assume caráter de missão universal, cujo objetivofinal atinge os confins do mundo político. Essa é a forma de nacionalismoda segunda metade do século XX.

Nos conflitos do século XIX, a nação se insurgia contra o domínioestrangeiro. Exemplificam essa posição os levantes dos países latino-americanos contra a Espanha e Portugal, das nações balcânicas contra aTurquia, dos estados de predominância eslava da bacia do Danúbio contrao império austro-húngaro. Outra causa de atrito, na época, era a luta peladelimitação das respectivas esferas de domínio nacional. Nesse caso sesituam os litígios entre alemães, de um lado, e de franceses e poloneses deoutro.

Depois da primeira guerra mundial, terminado o período de formaçãode estados-nações, era de presumir que a vida internacional encontrassenos princípios da autodeterminação os meios de assegurar suapreservação. O nacionalismo em sua última fase de desenvolvimentoreclama, porém, para as nações o direito de impor seus valores e padrões

de vida a outras nações.Evolução. A primeira manifestação do nacionalismo pode ser situada

na Grã-Bretanha, com a revolução puritana. O povo inglês considerou-seportador de uma missão histórica. A nova mensagem, misto de humanismoe reformismo, vinha dominada por amplo sentido de liberdade eimpregnada de espírito religioso. Esses dois elementos, transmitidos aoutros povos, atuaram decisivamente sobre os movimentos nacionalistasdos Estados Unidos e da França.

Considerados a vanguarda da humanidade, os Estados Unidoslideravam a marcha para um mundo mais livre e mais justo. O nacionalismoda revolução francesa conservava certas características comuns com oamericano e acentuava o aspecto racional do comportamento humano. ADeclaração dos Direitos do Homem era considerada válida não só para opovo francês, mas para todos os povos. Criou-se uma consciência nacionale, pela primeira vez, grande parcela da população participou do traçado eda execução da política externa.

O veículo difusor das idéias nacionalistas francesas foi o serviço militar universal. O exército genuinamente nacional, imbuído de motivaçãoideológica, tinha capacidade de combate superior às antigas formaçõesmercenárias ou às integradas por indivíduos indiferentes aos objetivos dascampanhas de que participavam. Os exércitos napoleônicos espalharam,assim, o nacionalismo pela Europa. O espírito de conquista que osconduzia fez, porém, voltar-se contra a França a força das idéias queoriginara e difundira. A onda revolucionária de 1848 trouxe com ela o triunfoda concepção do estado-nação liberal, simbolizado pela unificação da Itáliae da Alemanha, e que se fez sentir na Espanha e na Rússia.

Bismarck, porém, imprimiu caráter autoritário ao nacionalismo

germânico, e a anexação da Alsácia-Lorena, contra o desejo de suaspopulações, desvirtuou os princípios liberais do nacionalismo. Na segundametade do século XIX, as idéias nacionalistas desintegraram os impériosmultinacionais, representados pela monarquia dos Habsburgos e pelossultões otomanos. Vários tratados de delimitação de fronteiras assinadosem 1919 e 1920 apenas transferiram para a Romênia e para o novo Reinodos Sérvios, Croatas e Eslovenos muitos dos problemas de nacionalidadeque atormentavam o império otomano e o dos Habsburgos.

Na década de 1930, o nazismo, na Alemanha, e o fascismo, na Itália,resultaram de uma intensificação do espírito nacionalista autoritário,enquanto a vitória da revolução soviética de 1917 significou apredominância do comunismo internacional sobre o nacionalismo russo.

Em conseqüência da segunda guerra mundial, os estados-nações

então existentes no leste europeu passaram a integrar o bloco comunistade nações. Os sentimentos nacionalistas, porém, continuaram vivos, edepois de numerosas rebeliões -- como a ocorrida na Tchecoslováquia em1968 -- e principalmente após a dissolução da União Soviética, em

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 27

dezembro de 1991, redundaram na independência dos países bálticos(Letônia, Lituânia e Estônia) e no desmembramento da Tchecoslováquia.

Na Iugoslávia, esses fatos reacenderam o sentimento nacionalista. Noperíodo 1991-1992, a Croácia, a Eslovênia, a Macedônia e a Bósnia eHerzegovina declararam-se independentes, enquanto Montenegro e Sérviaproclamavam a República Federal Iugoslava. Mesmo em repúblicasautônomas encravadas em estados que antes formavam a União Soviética,como a Tchetchênia (na Federação Russa) e a Abcázia (na Geórgia),anseios nacionalistas se manifestavam, às vezes com violência.

Na África e na Ásia, o sentimento nacionalista latente, que acabou por se impor, já forçava a descolonização desde o início da década de 1940.Mas assim como ocorrera com seus antecessores europeus, muitos dosnovos estados entraram em conflito no processo de encontrar o justo limitepara seus domínios. Os exemplos mais significativos são a luta entreárabes e judeus, ambos movidos por forte espírito nacionalista, e a disputaentre Índia e Paquistão pela posse dos territórios de Jammu e Cachemir.No Sri Lanka (ex-Ceilão), a guerra da minoria tâmil, iniciada em 1983, paracriar um estado próprio no norte e nordeste do país ainda não haviaterminado em meados da década de 1990.

Nacionalismo no Brasil. O sentimento nacionalista no Brasil confundiu-se, na primeira metade do século XX, com a aspiração de desenvolvimentoeconômico e evolução política que teve origem no tenentismo da década de

1920 e na revolução de 1930. Depois da segunda guerra mundial,acentuou-se a característica essencial do nacionalismo brasileirocontemporâneo: a independência econômica, isto é, a transferência doscomandos da economia nacional e do destino econômico do país paramãos nacionais. Essa aspiração se traduziu numa política cujosfundamentos básicos foram a industrialização e o avanço tecnológico; ainterferência do estado no domínio econômico, com o objetivo de dirigir asmedidas promocionais do desenvolvimento; e a participação direta doestado no processo de industrialização mediante iniciativas pioneiras. Osdois grandes momentos de afirmação do nacionalismo econômico foram aconstrução da usina siderúrgica de Volta Redonda, na década de 1940, e acampanha nacional pelo monopólio estatal da prospecção, lavra e refino dopetróleo na década de 1950, que levou à criação da Petrobrás.

A industrialização brasileira teve como fundamento a política desubstituição de importações, com o incentivo estatal à produção no paísdos bens essenciais de consumo por empresas nacionais oumultinacionais. Esse modelo, que se intensificou a partir da vitória domovimento militar de 1964, teve diversas conseqüências: a reserva domercado interno contribuiu de forma decisiva para o crescimentoquantitativo, a ampliação da área de atuação e a sofisticação da atividadeindustrial; ao mesmo tempo, impediu a concorrência necessária aoaprimoramento do produto final, dirigido a um público consumidor semparâmetros de comparação qualitativa. Finalmente, cresceu de formaincontrolável o papel do estado na economia, com a intervenção estatal seafirmando nos setores mais diversificados, desde o financiamento diretoaos produtores por meio de agentes bancários e não bancários até aprodução de bens em que a presença do estado seria totalmentedesnecessária. A partir da recessão mundial da década de 1980,

intensificou-se no país a discussão sobre a adequação do modeloeconômico dirigido pelo estado e as reais finalidades da atividade estatalpara o bem-estar da população. 

Separatismo.

Tendência política que preconiza a separação parcial ou integral de umterritório com o objetivo de promover sua independência ou união comoutro estado.

Urbanização

Fenômeno ao mesmo tempo demográfico e social, a urbanização éuma das mais poderosas manifestações das relações econômicas e domodo de vida vigentes numa comunidade em dado momento histórico.

Urbanização é o processo mediante o qual uma população se instala emultiplica numa área dada, que aos poucos se estrutura como cidade.Fenômenos como a industrialização e o crescimento demográfico sãodeterminantes na formação das cidades, que resultam no entanto daintegração de diversas dimensões -- sociais, econômicas, culturais e

psicossociais -- em que se desempenham papel relevante as condiçõespolíticas da nação.

O conceito de cidade muda segundo o contexto histórico e geográfico,mas o critério demográfico é o mais usualmente empregado. A Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) recomenda que os países considerem urbanosos lugares em que se concentrem mais de vinte mil habitantes. As nações,porém, organizam suas estatísticas com base em muitos e diferentespadrões. Os Estados Unidos, por exemplo, identificam como "centrourbano" qualquer localidade onde vivam mais de 2.500 pessoas. Oprocesso de urbanização, no entanto, não se limita à concentraçãodemográfica ou à construção de elementos visíveis sobre o solo, mas incluio surgimento de novas relações econômicas e de uma identidade urbanapeculiar que se traduz em estilos de vida próprios.

Para avaliar a taxa de urbanização de um país utilizam-se trêsvariáveis: o percentual da população que vive nas cidades de mais de vintemil habitantes; o percentual da população que vive em cidades de mais decem mil habitantes; e o percentual da população urbana classificada comotal segundo o critério oficial do país. A taxa de urbanização também podeser expressa mediante a aplicação da noção de densidade, isto é, onúmero de cidades de mais de cem mil habitantes comparado à densidadedemográfica total. Com esse método é possível comparar entre si regiões epaíses.

Existe estreita correlação entre os processos de urbanização,industrialização e crescimento demográfico. A cidade pré-industrialcaracteriza-se pela simplicidade das estruturas urbanas, economiaartesanal organizada em base familiar e dimensões restritas. Sob o impactoda industrialização, modificam-se em quantidade e qualidade as atividadeseconômicas, acelera-se a expansão urbana e aumenta a concentraçãodemográfica. As antigas estruturas sociais e econômicas desaparecem esurge uma nova ordem, que passa a ser característica das cidadesindustriais. Nesse primeiro período, a indústria pesada e concentrada,grande consumidora de mão-de-obra, atrai para os novos centroscontingentes populacionais que exercem sobre as estruturas de serviçoexistentes demandas que não podem ser atendidas.

Com a continuidade do processo de urbanização, a cidade setransforma de diversas formas: setores urbanos se especial izam; as vias decomunicação se tornam mais racionais; criam-se novos órgãosadministrativos; implantam-se indústrias gradativamente na periferia donúcleo urbano original e modificam-lhe a feição; classes médias e operáriasque, pela limitação da oferta existente em habitação, passam a alojar-seem subúrbios e mesmo em favelas; e, sobretudo, a cidade deixa de ser uma entidade espacial bem delimitada.

A expansão industrial se acompanha de acelerado desenvolvimento docomércio e do setor de serviços, e de importante redução da populaçãoagrícola ativa. O crescimento das cidades passa a ser, ao mesmo tempo,conseqüência e causa dessa evolução. A indústria, mecanizada, passa aconsumir mão-de-obra mais reduzida e especializada. As atividadesterciárias tomam seu lugar como motores de crescimento urbano e, emconseqüência, do processo de urbanização.

Urbanização contemporânea. Características essenciais daurbanização contemporânea são sua velocidade e generalização, o queacarreta grande sobrecarga para a rede de serviços públicos, acentua oscontrastes entre zonas urbana e rural e aprofunda as insuficiênciaseconômicas de produção, distribuição e consumo. Os sistemas deprodução chegam a um ponto de estrangulamento, enquanto asnecessidades de consumo passam por intensa vitalização. O somatório detodos esses fatores acaba por produzir um estado de desequilíbrio.

Em função do congestionamento, a cidade tende a expandir seuslimites e nascem assim bairros, subúrbios e a periferia, que podem dar origem a novas cidades. A urbanização estendida a uma grande áreacircundante origina uma nova morfologia urbana, na qual se distinguemregiões diversas: zona urbanizada, isto é, conjunto ininterrupto dehabitações; zona metropolitana, que engloba o núcleo central e seusarredores; megalópole, resultado da fusão de várias zonas metropolitanas;cidades novas e cidades-satélites. Independentemente da forma queassume, o processo de urbanização apresenta sempre uma hierarquia, istoé, cidades de tamanhos diferentes e com funções diversas: capitais,descanso, turismo, industriais e outras.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 28

Qualquer que seja sua função, a cidade não é apenas uma unidade deprodução e consumo, caracterizada por suas dimensões, densidade econgestionamento. Representa também uma força social, uma variávelindependente no interior de um processo mais amplo capaz de exercer asmais variadas influências sobre a população e cuja principal conseqüênciaé o surgimento de uma cultura urbana. No plano material, essa cultura criaum meio técnico e inúmeras exigências concretas: água, esgotos e serviçosem geral. No plano psicossocial, manifesta-se pelo aparecimento de umanova personalidade.

A deterioração do meio urbano é uma das conseqüências maisevidentes da rapidez com que se processa a urbanização. Em decorrência,esse meio apresenta-se incompleto e imperfeito: favelas, habitaçõesdeterioradas, zonas a renovar e recuperar, superposição de funções eoutras anomalias. O remanejamento exige mais do que o planejamentomaterial simples: aumento da rede de serviços, ampliação da oferta emhabitações e racionalização da ocupação do solo. Torna-se fundamental acriação de novas estruturas, correspondentes à nova realidade. 

A rede urbana é a malha metropolitana de um país, que se constituibasicamente de cidade global,  metrópole nacional, metrópole estadual,metrópole regional, médias e pequenas cidades. A grande conurbação dametrópole fez com que as cidades formassem uma grande rede urbanaentre si. A urbanização de uma sociedade origina uma rede urbana, isto é,

um sistema integrado de cidades que vai das pequenas ou locais àsmetrópoles ou cidades gigantescas. A regra geral é que para milhares depequenas cidades existam centenas de cidades médias e poucasmetrópoles.

  Cidade global: termo que designa, em geografia urbana, a grandecidade, de funções complexas, que exerce influência sobre a área contígua,dentro da qual comanda toda uma rede de cidades menores.

  urbana, a grande cidade, de funções complexas, que exerceinfluência sobre a área contígua, dentro da qual comanda toda uma rede decidades menores. Aglomerado urbano constituído de várias cidades quecresceram e se uniram por aglutinação.

  Médias e pequenas cidades: uma cidade é uma área urbanizada,que se diferencia de vilas e outras entidades urbanas por meio de várioscritérios, os quais incluem população, densidade populacional ou estatutolegal, embora sua clara definição não seja precisa, sendo alvo dediscussões diversas. A população de uma cidade varia entre as poucascentenas de habitantes até a dezena de milhão de habitantes. As cidadessão as áreas mais densamente povoadas do mundo. 

A hierarquia urbana nada mais é do que a escala de subordinaçãoentre as cidades, geralmente da seguinte forma: as pequenas cidades queexistem aos milhares, que se subordinam as cidades médias, que existemem número menor que as pequenas cidades, estas, as cidades médias,que se subordinam às cidades grandes. As grandes cidades ou metrópolessão muito poucas.

Esta teoria está relacionada com o ranking de cidades, desde a maispequena até à que tem maior população e mais serviços e bensconsiderados centrais, bem como população.

Exemplo: Uma cidade média poderá ser Pombal, que se caracterizapor ter um equilibrio populacional, por ter algumas vivendas dentro doperímetro urbano, fruto do crescimento do mesmo, e alguma parte dapopulação ainda pratica uma agricultura de complemento em terrenos nãourbanizados.

Uma cidade intermédia pode ser Leiria. Esta cidade está num patamar acima de Pombal e numa hierarquia superior. Caracteriza-se por ter um tipode urbanização mais intensa e tem modos de vida totalmente urbanos, comserviços centrais (que as outras cidades de média dimensão não têm) eclaro, com maior população. É sede de distrito.

Ter em atenção que dentro da hierarquia urbana as cidades podem

mudar de posição. Exemplo disso é o novo fenômeno de desinvestimentoeconômico que se verifica em algumas cidades médias e intermédiasPortuguesas. O fechamento de fábricas consideradas âncora para a fixaçãode população e as transferências de população entre as cidades podemfazer variar a sua posição bem como a sua posição hierárquica.  

Classificações

Metrópoles

As metrópoles globais brasileiras possuem áreas de influência queultrapassam as fronteiras de seu país. São metrópoles globais do Brasil osmunicípios do Rio de Janeiro e São Paulo. 

Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro são as Metrópoles nacionais. Seencontram no primeiro nível da gestão territorial, constituindo foco para

centros localizados em todos os pontos do Brasil. Metrópoles regionais constituem o segundo nível da gestão territorial, e

exercem influência na macrorregião onde se encontram. As metrópolesregionais brasileiras são Curitiba,  Salvador,  Porto Alegre,  Goiânia, Fortaleza, Recife, Manaus, Belém e Belo Horizonte. 

Capitais regionais

As capitais regionais são o terceiro nível da gestão territorial, eexercem influência no estado e em estados próximos. Se subdividem em:capitais regionais A (municípios como Natal,  Campinas, Florianópolis eVitória); capitais regionais B (municípios como Caxias do Sul, Chapecó, Porto Velho, Campina Grande e Feira de Santana) e capitais regionais C(municípios como Campos, Caruaru, Governador Valadares e Mossoró).

Outras classificaçõesOs centros sub-regionais possuem influência em municípios próximos,

povoados e zona rural. São subdivididos em: centros sub-regionais A(municípios como Alfenas, Anápolis, São Mateus, Itapipoca e Umuarama) ecentros sub-regionais B (Afogados da Ingazeira, Cacoal, Caratinga e Tefé).

Os centros de zona são municípios ou cidades que apresentamimportância regional, limitando-se as imediações/redondezas, exercendofunções elementares de gestão. Também dividem-se em dois níveis:centros de zona A (municípios como Tabatinga, Lagoa Vermelha, Lins eTrês de Maio) e os centros de zona B (cidades como Afonso Cláudio, Eirunepé, São Bento e Taió).[2]

Por fim os centros locais são representados pelos restantes dosmunicípios em que a sua importância não extrapola os limites municipais.

O que é migração

O sentido de migração está em trocar de região, país, estado ou atémesmo domicílio. É algo que já acontece há muito tempo atrás, desde ocomeço da história da humanidade. Migrar faz parte do direito de ir e vir,que consta na constituição. Porém essa questão da migração envolvemuita polêmica, que gira em torno das condições em que ocorrem essesprocessos migratórios: se de um modo livre, que assim está se exercendoeste direito ou se de modo obrigatório, que tende a realizar interessespolíticos e econômicos desumanos, visando sempre o capital, sendo algu-mas vezes nacional e outras estrangeiro, marcando cada vez mais esseenorme abismo que existe entre o mundo da riqueza e o mundo da pobre-za.

Devido a todo esse complicado processo, podemos dizer que temos aexistência de duas partes em nosso país, que insistem em conviver nestecontraste de seus números. Hoje em dia, o Brasil é o terceiro exportador mundial de produtos agrícolas, porém temos a presença de 33,7 milhões debrasileiros que estão na miséria e passam fome. Em média, oitocentascrianças morrem diariamente por desnutrição. 

Geografia econômica e política: atividades agropecuárias esistemas agrários no Paraná, no Brasil e no mundo; atividadesindustriais no Paraná, no Brasil e no mundo; os blocos econô-micos, a multipolaridade mundial; o comércio mundial; asfontes de energia e a produção de energia.

Agricultura

A posição de domínio da espécie humana na Terra seria inconcebívelse não lhe tivesse ocorrido, desde seus primeiros ensaios de vida emgrupo, metodizar e incrementar a extração de alimentos que a naturezaespontaneamente lhe dava. O surgimento de técnicas de plantio e, a se-guir, de criação de animais foi o pilar central da formação de sociedades

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 29

estáveis em que o homem passou de coletor, ou predador, a construtor engenhoso da sobrevivência grupal.

O conjunto dessas técnicas deu forma à mais antiga das artes, que iriatransformar-se, ao passar dos séculos, numa ciência de leis codificáveis eem renovação permanente: a agricultura, palavra que deriva do latim ager,agri (campo, do campo) e cultura (cultura, cultivo) -- o modo de cultivar ocampo com finalidades práticas ou econômicas.

Origens e desenvolvimento

Todos os indícios sugerem que a agricultura surgiu independentementeem várias regiões do planeta. No tocante ao cultivo das principais espécies,acredita-se que tenha despontado em três grandes áreas: a China, o Su-deste Asiático e a América tropical. Povos europeus e africanos podem ter iniciado por conta própria o cultivo de algumas plantas, com que comple-mentariam a caça e a pesca. Além das três áreas fundamentais citadas,talvez se deva acrescentar o nordeste da África, onde prosperou a podero-sa civilização egípcia, vários milênios antes da era cristã.

No Velho Mundo, a agricultura surgiu em zonas áridas ou semi-áridas,tirando partido das margens úmidas dos rios, para lutar contra a escassezdas chuvas. Na América, a agricultura desenvolveu-se principalmente emplanaltos pouco chuvosos onde hoje estão a Bolívia, o Peru, o México e oextremo sul dos Estados Unidos. Atribui-se a data muito remota o início do

cultivo de alguns tubérculos no sopé dos Andes. E é certo que, do ladooposto, nas huacas peruanas do litoral, encontram-se, em níveis arqueoló-gicos que remontam a cerca de 2000 a.C., algumas plantas já cultivadas,como a pimenta, a abóbora e o feijão.

Na árida costa peruana, a agricultura se fazia e se faz em terras rega-das por rios provenientes dos Andes. Em época posterior teve início ocultivo do milho, o cereal americano por excelência, cultivado desde osgrandes lagos norte-americanos até o Chile. No Brasil, os índios o planta-vam também. As espigas, na origem, eram pequeníssimas e equivaliam, notamanho, a uma moeda moderna. Na gruta dos Morcegos, no Novo México,Estados Unidos, pode-se observar, nas sucessivas camadas arqueológi-cas, como elas se tornaram progressivamente maiores, graças à seleçãodas mais graúdas para o plantio. De suma importância para os índios, omilho -- e outros vegetais, como a batata, o amendoim, a mandioca e o

fumo -- foi uma das grandes dádivas que a América proporcionou ao restodo mundo.

Em muitas civilizações, o desenvolvimento da agricultura não tardou aassociar-se ao da criação de animais. A existência de excedentes de ali-mentos permitia manter junto aos núcleos de povoação um número expres-sivo de cabeças de gado, com o que se acelerou o processo de domestica-ção das espécies. Tudo isso acarretou mudanças profundas na vida huma-na, que passou a orientar-se, cada vez mais, pelos ciclos agrícolas. Anecessidade de registrar a duração dos períodos de semeadura, cresci-mento e colheita estimulou o desenvolvimento da astronomia e do calendá-rio, assim como a medição dos campos contribuiu para que se fixassemprincípios de geometria e matemática. Os fatos relacionados à agriculturaadquiriram significado religioso e festivo, dando origem a tradições e ritos.

O mundo antigo. Graças ao plantio metódico de alimentos floresceramas antigas civilizações da Caldéia, Assíria, China, Índia, Palestina, Grécia eRoma. Em 2800 a.C. os chineses já usavam o arado, incentivados peloimperador Cheng Nung, tido por fundador de sua agricultura. Os chinesescultivavam o arroz, o sorgo, o trigo e a soja, da qual tiravam subprodutos, etambém criavam o bicho-da-seda para empregar seus fios no fabrico detecidos de grande valor. Com o tempo, passaram a exportá-los para oImpério Romano, e em tal quantidade que Tibério proibiu o uso da seda,para evitar a catastrófica evasão do ouro.

Na Índia, Caldéia, Assíria, Arábia, Pérsia, Etiópia e outras partes, i-gualmente remoto foi o início do cultivo de outras plantas cuja importânciaeconômica nunca cessou de crescer, como mangueira, figueira, pesseguei-ro, romãzeira, pereira, videira, cafeeiro, cravo, pimenta, canela.

Irrigação. Muitos povos pré-históricos aprenderam desde cedo a con-trolar a água, a fim de distribuí-la em seus campos no momento oportuno,ou de ampliar a área cultivada. Assim surgiu a irrigação, com técnicas àsvezes elaboradas: canais, feitos de bambu, de barro cozido ou de pedra;comportas; túneis para transposição de bacias; aquedutos; noras paraelevar a água etc. Em muitas regiões, o homem construiu, de longa data,

terraços com costados de pedra seca. Essa paisagem caracteriza o mundorural mediterrâneo, como também, de modo mais espetacular, os Andesperuanos e o Sudeste Asiático.

No Mediterrâneo, onde os verões extremamente secos começam entre15 de junho e 15 de julho, um sistema de rotação bienal de terras, implan-tado na antiguidade, manteve-se até a época contemporânea graças a seuperfeito ajustamento às condições ecológicas da região. A produção decereais em campos arados dá ênfase aos trigos de inverno, semeados nooutono e que, à chegada da rigorosa estiagem, já estão próximos da matu-ração. Num mesmo campo, as culturas temporárias se al ternam a cada anocom as terras de pousio, ou de descanso.

No Peru, a agricultura pré-colombiana chegou a graus extraordináriosde refinamento e intensidade, permitindo que a produção se organizassenuma região onde agricultores modernos talvez morressem de fome. Essaregião é a cordilheira peruana, que não forma, como na Bolívia, um altipla-no, mas é sulcada por vales íngremes em cujo fundo penetra a selva ama-zônica, enquanto os altos estão cobertos de neve eterna. As culturas irriga-das e adubadas, em terraços e solos artificiais, são obra de um povo quefoi chamado de megalítico ou pré-incaico e que seria provavelmente daraça dos quíchuas, embora mais desenvolvido.

Os quíchuas atuais ignoram quem fez essas construções engenhosase as admitem como naturais. Os terraços nas encostas abruptas, exigência

da falta de terras planas, atingem notáveis dimensões: seus muros dearrimo, com três a cinco metros de altura, são feitos com pedras de formatonão-geométrico, porém encaixadas sem argamassa. Comumente a largurados terraços varia de três a cinco metros, embora sejam freqüentes, sobre-tudo nas encostas inferiores, larguras maiores. Nos fundos dos vales, oscursos dos rios tiveram trechos retificados e estreitados, para deixar maisespaço cultivável, como ocorreu no rio Urubamba, perto de Pisac, e a cercade oito quilômetros a jusante de Ollantaytambo.

Os terraços pré-incaicos, que se chamam andenes, donde o nome dacordilheira, eram irrigados por canais e aquedutos, construídos tambémcom blocos de pedra justapostos sem argamassa, pelos quais corria a águaresultante do derretimento de geleiras e neve. Técnicas elaboradas faziamcom que a água, após irrigar um terraço, caísse num terraço inferior semprovocar erosão. O engenho posto na conquista de espaço e irrigação, agrande diversidade de plantas em cultivo (batata e feijão, goiaba e abacaxi,tomate e coca etc.) e a aplicação de adubos como o guano e o peixe,transportados da costa em lhamas, caracterizam o sistema peruano deagricultura intensiva como um dos mais perfeitos que o mundo conheceu.

A irrigação tomou notável impulso nos vales do Tigre, Eufrates, Indo evários rios chineses, mas foi ao longo do Nilo que seus efeitos sobre acivilização e a história se tornaram mais óbvios. O sofisticado sistemaagrícola egípcio começou a esboçar-se ao fim do período neolítico, noquinto milênio a.C., e apoiou-se em culturas, animais e instrumentos oriun-dos principalmente da Ásia e, em menor escala, da Etiópia.

Egito. No terceiro milênio, ao instalar-se o poder dos faraós sob o qualse estruturariam mais de mil anos de alta civilização, uma rede de canaisconstantemente ampliada já se estendia pelo vale do Nilo, para controlar 

suas cheias. Quando o Nilo transborda, entre junho e setembro, suaságuas podem subir de seis a oito metros. Muito acima ou abaixo desseslimites, as cheias causavam irremediáveis desastres. Os aspectos danososdessas cheias puderam, no entanto, ser evitados graças à ação do homeme a obras colossais, como o lago regulador Méris, atribuído a AmenemhatIII, que recolhia a água em excesso para distribuí-la nas fases de escassez.

As águas sob controle acabaram por acumular na planície um depósitode limo de fertilidade espantosa, que fez da calha do Nilo uma faixa verde-

 jante a cortar o deserto. As terras do vale pertenciam aos deuses ou aofaraó. As dos primeiros eram entregues aos templos e seu arrendamentorevertia em benefício do clero; as do último, cultivadas por lavradores reaisou felás, destinavam-se a manter a massa de funcionários. Soldados,príncipes e chefes (guerreiros) podiam também ocupar terras, mediantearrendamento. Os camponeses não eram escravos, nem servos da gleba,nem tampouco homens livres, mas rendeiros (inquilinos) do faraó. O traba-lho em comum era obrigatório.

As famílias camponesas e os animais de carga viviam em aldeias linea-res (metrocomia), à beira do tabuleiro desértico. As terras do vale eram

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controladas por um duplo registro cadastral, segundo os nomes dos cam-pos e das pessoas que os cultivavam. Permitiam-se trocas e doações deterras, desde que inscritas e taxadas nesse cadastro. Os impostos erammuito elevados. Uma legião de escribas mantinha o cadastro atualizado; eoutra, de agrimensores, relocava as parcelas do terreno, à medida que ascheias iam baixando. Todos os anos determinavam-se previamente asáreas a cultivar e sua ordem. Certas culturas, como as oleaginosas __sésamo, cártamo, linho, mamona __, eram monopólio real.

Os egípcios cultivavam principalmente cereais, que constituíam a basede sua alimentação: trigo, cevada, sorgo. Entre os têxteis, sobressaíam opapiro e o cânhamo, aos quais se acrescentou, em fase bem posterior, oalgodão. Favas, lentilhas, grão-de bico e alho-porro integravam o elenco delegumes, ao passo que as frutas mais comuns eram melão, melancia,romã, figo, uva, azeitona, amêndoa, alfarroba e tâmara. Plantas tintoriais eodoríferas, como as roseiras, completavam os moldes do universo agrícola.O estado comprava as safras e fornecia crédito aos agricultores.

O Egito antigo conheceu muito cedo, no setor da pecuária, a caça, ocativeiro e a seleção de animais. Criavam-se várias raças de bois, burros,cabras, porcos e carneiros, além de antílopes e gazelas da própria África ecavalos procedentes da Ásia. Um papel todo especial no trabalho agrícolafoi atribuído ao boi, elevado à categoria de divindade (o boi Ápis) e, segun-do a tradição, uma dádiva da Índia ao Egito.

Do Egito a agricultura passou à Grécia, onde inspirou a Hesíodo umpoema didático, Os trabalhos e os dias, e a Teofrasto dois trabalhos técni-cos, As pesquisas sobre as plantas e As causas das plantas, que sobrevi-vem ainda como manifestações pioneiras.

Roma. Os romanos, de posse de uma múltipla herança, deram grandevalor ao campo e sistematizaram o emprego de técnicas fundamentaiscomo a enxertia e a poda. Columela, com sua obra Sobre a agricultura,tornou-se o mais célebre especialista de Roma, enquanto Públio Catão fezo louvor da classe agrária e garantiu por escrito, 200 anos antes de Cristo,que a agricultura é a profissão "que menos expõe os homens a mauspensamentos".

Em Roma, de início, os lavradores formavam a vanguarda do patricia-do: só proprietários de terras podiam comandar a defesa da pátria. Casos

como o de Cincinato, que deixou uma chefia no exército para retornar àcharrua, não foram raros. A agricultura romana progrediu até a época dosantoninos. O poder central, em seus avanços imperialistas, assenhoreou-sedas terras conquistadas, escravizando os habitantes, e distribuiu-as entreos patrícios. A agricultura tornou-se assim atividade servil. Mas suas basesforam minadas pela crescente concentração urbana de escravos fugidos epequenos proprietários arruinados. Ante a nova situação, Plínio o Antigodeclarou: "Latifundia perdidere Italiam" ("Os latifúndios arruinaram a Itália").Apenas seis aristocratas chegaram a possuir a maior parte dos domíniosromanos no norte da África; Nero mandou assassiná-los e apoderou-se desuas terras. Com o gradativo declínio da força inicial do campo e o colapsoeconômico-social de Roma, preparou-se o terreno para o advento de umanova estrutura agrícola nas partes mais ativas da Europa.

Idade Média. O cultivo de plantas forrageiras e de outros cereais que

não o trigo, como a aveia e a cevada, generalizou-se na Europa ao longoda Idade Média. Cessadas as lutas e a insegurança decorrentes das migra-ções conhecidas como "invasões dos bárbaros", instalou-se, nas regiõesem que se estabeleceram povos germânicos, o sistema chamado de rota-ção trienal ou dos três campos. Tal sistema, cuja característica básica erasua subordinação à economia de subsistência, estendeu-se ao leste euro-peu depois de prevalecer nas partes central e ocidental do continente.

As terras de uma comunidade eram divididas em três folhas ou campos(Fluren, em alemão), ao redor da aldeia, com suas casas e culturas dequintal. Numa dessas folhas, os camponeses faziam uma lavoura de inver-no, geralmente de trigo ou centeio semeado no outono, à qual sucedia umalavoura de verão, que podia ser de cevada, aveia ou leguminosas. Noterceiro ano, aquela folha era deixada em descanso, convertendo-se empasto para o gado comunal.

O afolhamento era feito em três anos e submetia cada folha, rotativa-mente, a dois cultivos (um de inverno, outro de verão) e a um descanso.Aproveitavam-se, pois, dois terços das terras aráveis, enquanto no Mediter-râneo utilizava-se somente metade (rotação bienal). Cada família campo-

nesa possuía em cada folha uma parcela, de forma alongada e sem cercas,visto que na mesma folha todos os terrenos eram arados em conjunto.Além das folhas se estendia uma faixa de pasto comum permanente, emque o gado de todos os habitantes da aldeia ia pastar. Mais longe aindaestava localizada a floresta comunal, onde os camponeses se abasteciamde lenha e caça.

No esquema de distribuição das áreas habitáveis prevaleciam os tra-çados alongados, com as aldeias se formando pelas beiras de estrada. Ohabitat concentrado estimulava os hábitos comunitários, embora associa-dos à propriedade privada do solo. O feudalismo se entrosou nessa organi-zação econômico-social. Na propriedade dominial, os camponeses, trans-formados em servos da gleba, pagavam seu tributo em espécie (cereais,vinho, pequenos animais); e na propriedade privada do senhor, em corvéia(trabalho gratuito). O senhor lhes retribuía com uma certa segurança: adefesa militar.

Durante sua longa dominação da Espanha, a partir do século VIII, osárabes introduziram numerosas fruteiras e plantas de importância essenci-al, como o algodão. A agricultura européia, já um ponto de encontro detradições bem diversas, tornar-se-ia cada vez mais eclética com a posterior expansão das grandes rotas marítimas. O contato com novas terras permiti-ria importar e aclimatar espécies antes desconhecidas e que às vezesteriam, como aconteceu com a batata, um papel de extraordinário relevo

nas dietas mais rotineiras. Sob esse aspecto, há uma linha de apropriaçõesincessantes que parte das novidades surgidas na Espanha arabizada,atravessa a era das descobertas e desemboca, nos séculos XVIII e XIX, noperíodo dos grandes domínios coloniais nos trópicos. Ao aumentarem, aolongo dessa linha, seu patrimônio de recursos naturais, os europeus pre-nunciaram um dos traços mais típicos da agricultura moderna: seu absolutoecletismo, decorrente da transferência intercontinental de espécies e produ-tos.

Dois momentos sociais de grande peso histórico afetaram profunda-mente, na Idade Média, a agricultura européia: nos séculos XII e XIII, osurto demográfico que se espalhou pelo continente, provocando uma febrede urbanização e a conseqüente derrubada de novos trechos de mata; noséculo XIV, as epidemias de peste que dizimaram a população, gerandoescassez de mão-de-obra no campo e uma retração ponderável do merca-

do agrícola. Todos esses fatores se uniram para levar a uma fase de crisena agricultura, com o abandono ou a perda de muitas terras produtivas.

Aos mosteiros, centros de saber na época feudal, coube uma atuaçãoà parte. Os monges, em particular os beneditinos, dedicaram-se com inven-tividade a seus campos, drenando pântanos, elaborando novas técnicas eplantando seus próprios cereais, pomares e vinhedos. Além disso, copia-ram e conservaram muitos documentos antigos e contemporâneos sobre aagricultura. O tratado mais difundido na Idade Média foi Sobre a agriculturacomum, no qual Petrus Crescentius, senador de Bolonha, compilou econdensou, em 1240, tudo o que se conhecia em seu tempo. Depois demuito copiado, esse livro, após a descoberta da imprensa, saiu em váriasedições, precedendo as obras clássicas sobre o tema editadas nos séculosXVI e XVII.

A agricultura de Flandres, no final da Idade Média, deu um exemplo al-tamente expressivo do que pode o esforço humano ante condições adver-sas. Os solos dessa região ou eram arenosos __ e portanto excessivamen-te permeáveis, ressecando facilmente, mesmo sob o clima úmido, e dei-xando-se penetrar pelo frio __ ou eram argilosos, pesados, difíceis detrabalhar pelo arado e duros na estação seca.

Não obstante, desde o século XIV aboliu-se o sistema de rotação trie-nal em Flandres, e as terras de pousio foram substituídas por pastos artifi-ciais e culturas de nabos. Os lavradores aplicavam toda espécie de aduboa seu alcance: a lama dos canais, restos de comida, estrume de gado esobretudo dejetos humanos __ adubo tão representativo de Flandres quan-to da China. Assim, no século XVII, às culturas de verão __ cereais ou linho

 __ sucediam as culturas de inverno, constituídas sobretudo de raízes, comoo nabo e a cenoura.

Enquanto a Europa central e a ocidental nem sequer vislumbravam umrompimento com a tradição da rotação trienal, já a agricultura intensiva dosPaíses Baixos apresentava um mosaico de campos de beterraba, linho,fumo, chicória, favas, feijão, batata, entremeados de ricas pastagens paragado leiteiro.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 31

A cidade e o campo. A decadência do sistema de rotação trienal da I-dade Média teve como causa básica a industrialização urbana, iniciada coma criação de manufaturas. A burguesia mercantil que nelas se apoiavapassou a adquirir madeira, lã e outros produtos do campo em quantidadescada vez maiores. Os nobres, levando uma vida parasitária, mas dispondode força militar, interessaram-se em participar dos negócios. Exploraramdiretamente as florestas, impedindo que os camponeses aí cortassemlenha e caçassem, e começaram a tomar e a cercar os pastos antes comu-nais.

Na Inglaterra, onde o processo se evidenciou, a nobreza se interessouem vender lã às manufaturas de Flandres e, mais tarde, à burguesia dopróprio país. O fechamento dos campos comuns, que deu origem na Ingla-terra às chamadas enclosures, teve uma evolução rápida: 121.500 hectaresforam cercados de 1710 a 1760, e desse ano até 1840 cercaram-se apro-ximadamente 2.800.000ha. Com isso se consolidava o latifúndio, um dosmarcos no estabelecimento da agricultura moderna.

Com o início da revolução industrial e a crescente importância das ci-dades fabris, a Inglaterra foi cenário de um fenômeno que pouco a poucose irradiou pelo Ocidente e, mais tarde, pelo resto do mundo: o rápidoaumento das populações urbanas e o declínio progressivo das populaçõesrurais. A participação do campo no conjunto da população inglesa, que erade 35% em 1811, desceu para 28% em 1831. Essa redução se fez sentir 

de maneira mais drástica no contingente rural masculino, que de 1.243.057nesse último ano passou a 1.207.989 em 1841. Nas décadas subseqüen-tes, a população empenhada em atividades agrícolas sofreu diminuiçõesem valores absolutos: de 2.084.153 em 1851, desceu para 2.010.454 em1861 e 1.657.138 em 1871.

Na França, durante a revolução de 1789, os camponeses aboliram àforça a comunidade territorial, a coerção da corvéia e os tributos, repartindoem pequenas propriedades contínuas as folhas e os pastos comuns. NaAlemanha, a mudança mais notável ocorreu em 1848, através de desapro-priações em que os camponeses compraram partes das terras dos nobres,por quantia cujo total foi da ordem de um bilhão de marcos.

Apesar das revoluções agrárias que agitaram a Inglaterra durante a I-dade Moderna, os camponeses foram derrotados, e a aristocracia latifundi-ária reorganizou a estrutura econômico-social nos meios rurais. Uma novapaisagem foi criada com pastos permanentes, limitados por cercas vivas,para a criação de carneiros. Empregados ou arrendatários cultivavam asterras e após certo número de anos as devolviam com novos pastos forma-dos. Esse sistema rotativo de culturas e pastagens (field-grass system) seexpandiu para Gales, Escócia e Irlanda, e ainda era encontrado no séculoXX em regiões pastoris do hemisfério sul.

Enquanto essas mudanças se verificavam no oeste da Europa, as des-cobertas marítimas dos séculos XV e XVI iam cada vez mais abrindo osmercados coloniais às metrópoles daquela parte do mundo. Os portugue-ses foram pioneiros nas formas de exploração desses mercados, primeiropelo escambo, depois pela implantação de engenhos de açúcar. Os maisantigos engenhos, com seus canaviais, foram os da ilha de Fernando Pó(atual Bioko), no golfo da Guiné, trabalhados por judeus escravizados pela

Inquisição. Entretanto, a agroindústria do açúcar só alcançou sua plenitudena costa do Brasil.

As regiões dos trópicos e subtrópicos úmidos, fora do Extremo Oriente,ao tempo do capitalismo mercantilista, isto é, até o século XVIII, conheciamtrês formas principais de economia rural: a economia de subsistência dosnativos, baseada no sistema de roças; as chamadas plantations, commonocultura de cana, algodão ou café, em solos férteis de várzeas ouflorestas, com mão-de-obra escrava; e as fazendas de criação, em pastosnativos, nas savanas e campinas, com o sistema de livre pastoreio.

As várzeas foram desde a pré-história áreas de eleição para o desen-volvimento da agricultura porque, além de naturalmente férteis, tinham essafertilidade renovada todos os anos através das enchentes. Nessas condi-ções, só impõem restrições às culturas permanentes; as plantas temporá-rias podem ser cultivadas livremente nas várzeas, seja em monoculturaanualmente repetida, seja em diversidade total, sem risco de esgotarem osolo.

Evolução das pesquisas

Intensificando-se a exploração da terra, na Idade Moderna, intensifica-ram-se também as preocupações científicas em relação à vida das plantase ao melhor aproveitamento do solo. Já em meados do século XVI, o natu-ralista e ceramista francês Bernard Palissy projetou-se como pioneiro daagronomia, a ciência da agricultura, ao enfatizar que os cuidados com osolo e a adubação eram essenciais à racionalização dos cultivos. Empalestras e escritos que marcaram época, Palissy procurou converter emleis o saber de ordem prática que os lavradores detinham; assinalou por exemplo como as cinzas da palha queimada restituíam à terra os sais que

as plantas tinham extraído para com eles nutrir seu crescimento.Grande influência sobre o progresso agrícola teve também Olivier des

Serres, que substituiu em sua granja-modelo de Pradel os métodos tradi-cionais de pousio pela adubação verde. Coube-lhe introduzir na França,com sucesso, várias espécies estrangeiras, como a garança, o lúpulo esobretudo a amoreira. Sua obra Théâtre d'agriculture des champs (1600;Panorama da agricultura dos campos), traduzida para várias línguas, man-teve-se em longo uso na Europa, como uma enciclopédia agrícola.

Teorias como a dos "sucos próprios da terra", sustentada por Jan Bap-tista van Helmont e Francis Bacon, segundo a qual o nutriente mais impor-tante das plantas era a água, foram difundidas na mesma época. Em 1741,J. A. Kulbel lançou a teoria do humo, afirmando que nessa matéria deveriaresidir o princípio da vegetação. Entre 1735 e 1750, Buffon organizou

plantios experimentais e trabalhou já com auxílio de químicos no entãoJardim do Rei, em Paris.

Em diferentes partes da Europa, pesquisadores de orientações bem di-versas debruçaram-se sobre a mesma intenção: a de estabelecer as basesda nutrição vegetal a partir dos vislumbres propiciados pelas leis e avançosda química. Francis Home, na Grã-Bretanha, verificou que o nitrato desódio, o sulfato de potássio e outros sais tinham influência decisiva sobre ocrescimento das plantas. A água não era pois seu nutriente único, emborafosse o condutor de muitos outros.

Em 1775, Joseph Priestley descobriu que as plantas purificavam o ar.Em 1777, Lavoisier criou o princípio da indestrutibilidade da matéria eafirmou que "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".Em 1779, Jan Ingenhousz descobriu a fotossíntese, demonstrando que naausência da luz solar as plantas deixavam de purificar o ar. Giovanni Fa-broni, que publicou suas Reflexões sobre a agricultura em 1780, fez res-surgir a teoria do humo ao garantir que a terra vegetal permitia prescindir das lavras e adubos e era o verdadeiro segredo da fertilidade.

A teoria revivida do humo, após prevalecer várias décadas, foi afinal re-futada, em 1840, por Justus von Liebig, que estabeleceu que as fontesessenciais da nutrição vegetal eram de natureza inorgânica. Coube-lheobservar que os solos se tornavam impróprios pela deficiência ou ausênciade um só dos constituintes necessários. Daí para a frente, todas as pesqui-sas convergiram para mostrar o papel do anidrido carbônico do ar, donitrogênio do solo e dos sais minerais na alimentação das plantas.

Na virada do século XIX para o século XX, foi possível determinar afunção dos fermentos e dos microrganismos do solo, que transformam onitrogênio orgânico em nitrogênio amoniacal e este, por sua vez, nos nitri-

tos e nitratos assimiláveis pelas plantas. Em 1804, Nicolas-Théodore Saus-sure definiu a origem e a natureza dos sais, mostrou que as plantas de-compõem e fixam a água, a partir da atuação das raízes, e também comosão suscetíveis à ação do ar atmosférico. Toda essa longa seqüência depesquisas, em suas marchas e contramarchas, conduzia diretamente àgrande realização específica do século XX: sua agricultura cientificamenteracionalizada, com base na adubação e defesa por produtos químicos.

No tocante às descobertas dos pesquisadores, outro fato de relevo pa-ra a agricultura em larga escala e de cunho científico foi a confirmação dasleis de Gregor Mendel, também realizada no raiar do século XX. Entre 1856e 1864, esse padre e botânico morávio dedicou-se à hibridação de ervilhaspara mostrar o que há de previsível nos caracteres transmitidos por heredi-tariedade. Suas experiências, embora tivessem tido êxito, caíram no es-quecimento. Mas foram retomadas, por volta de 1900, por Hugo de Vries,Karl Erich Correns, Eric Tschermak e outros, de cujos trabalhos isoladosdecorreu a genética. A ciência da hereditariedade, levada sem demora àprática no domínio agrícola, permitiu aprimorar, por seleção e hibridação, asnovas raças de plantas e animais que afinal sobrepuseram-se, em todo omundo, às espécies silvestres não sujeitas à intervenção humana.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 32

Efeitos da mecanização

O fenômeno historicamente conhecido como revolução industrial foi oimpulso que gerou a modernização da agricultura inglesa, a partir da se-gunda metade do século XVIII. Ao mesmo tempo, deu em linhas gerais omodelo de produtividade em constante fomento que seria o grande trunfodo ocidente moderno e em etapas graduais se aplicaria às regiões maisdiversas.

Sob o aspecto do imediatismo da prática, a indústria nascente influen-

ciou a agricultura ao fornecer-lhe as primeiras máquinas realmente efica-zes. Sob o aspecto econômico, forneceu-lhe mercados urbanos em expan-são, não só pelo número maior de habitantes, mas também por seu poder aquisitivo igualmente maior.

Dois fatos essenciais, e hoje de valor emblemático, caracterizaram aagricultura da primeira era industrial: a introdução do arado de aço, cujavenda começou no Reino Unido em 1803, e a aplicação de adubos e corre-tivos, a princípio naturais: marga, calcário, argila, estrume, salitre. Ao aradode aço não sucedeu logo uma genuína mecanização das lavouras, o quesó ocorreria, e ainda assim lentamente, no século XX. Mas o aço foi logousado com proveito em partes de outras máquinas, como a grade e o rolocompressor.

O campo, com a introdução de novas máquinas, tornou-se mais de-

pendente da cidade. Os lavradores ingleses, consolidado o poder dosnobres em seus latifúndios, transplantaram-se em massa para as áreasurbanas ou emigraram para os Estados Unidos. Na Nova Inglaterra, comose pusessem em prática os ideais liberais do século XVIII, constituírampequenas propriedades de tipo familiar que estavam destinadas a um belofuturo.

Na mesma época, outras inovações foram concebidas no próprio meiorural, como a substituição do boi pelo cavalo na tração do arado. Mas atransformação fundamental, para alguns autores, foi a rotatividade deculturas em terras enxutas, ou seja, sem irrigação, associada à criação degado estabulado. Essa técnica, difundida a princípio sob o nome de sistemade Norfolk, tornou-se conhecida também como sistema inglês ou "jardina-gem do tipo ocidental".

Em Norfolk fazia-se a correção dos solos arenosos com argila e marga.As propriedades grandes, predominantes, eram cultivadas em arrendamen-to a longo prazo. A rotação de culturas usual era a quatro termos: nabo,cevada, trevo e trigo, com variações. Na essência, faziam-se cultivos su-cessivos de cereais de inverno (sobretudo trigo, centeio ou cevada), raízes(beterraba, nabo ou batata) e forragens (como o trevo). Evitava-se queduas colheitas de cereais se sucedessem imediatamente. O sistema inglêsdava ênfase à produção de cereais e gado bovino, e não de ovinos, como ofield-grass system anterior. Entre uma colheita e o plantio seguinte, o soloera arroteado e adubado com esterco ou composto.

É interessante notar que o novo sistema agrícola não surgiu nas terrasmais férteis da Inglaterra, mas justamente nos solos pobres de Norfolk,onde se mantinham contatos tradicionais com os Países Baixos através docomércio de tecidos e de pescado. O novo sistema foi o ponto de partida

para a seleção de raças de bovinos especializadas na produção de leite oude carne e para a diversificação da produção agropastoril.

Na realidade, o sistema inglês foi um aperfeiçoamento do sistema fla-mengo, que permitiu a generalização da agricultura intensiva, associada àpecuária, em terras não irrigadas. Ao irradiar-se da Inglaterra, difundiu-semuito depressa na Europa ocidental e central, assim como no leste e Mid-dle West (meio-oeste) dos Estados Unidos. A expansão dos mercadosurbanos na Europa e, a seguir, nos Estados Unidos, provocou uma espe-cialização agrícola ou criatória em determinadas áreas. A propósito, já selembraram o queijo de Cheshire, os perus de Norfolk, os patos de Ayles-bury, o lúpulo de Kent e o mel de Hampshire. Em escala bem maior, toma-ram vulto extraordinário, para firmarem-se como tradições de longa data,por exemplo, a floricultura dos Países Baixos; a pecuária leiteira da Nor-mandia ou da Dinamarca; os olivais das penínsulas ibérica, itálica e dos

Balcãs; e a citricultura do leste espanhol, do sul da Itália ou, nos EstadosUnidos, da Califórnia e da Flórida.

A invenção do arado de aço permitiu aos farmers do Estados Unidosromperem o emaranhado de raízes dos férteis solos das pradarias e este-pes da bacia do Mississippi e lançarem pouco depois, no mercado mundial,

imensas quantidades de cereais, especialmente trigo, a baixo preço, con-correndo seriamente, na própria Europa, com a produção regional. Em1807 foi posto em serviço o primeiro barco a vapor. Em 1815 outro naviodesse tipo fez a primeira travessia do Atlântico. Com a navegação maiságil, já em meados do século XIX o Reino Unido praticamente abandonouas lavouras de cereais, porque dispunha de grandes quantidades de grãos,a baixo preço, procedentes dos Estados Unidos. Enquanto isso, paísesmais longínquos, como o Chile e o Peru, mandavam para a Europa, aindaem frotas de veleiros, expressivos carregamentos de salitre extraído de

suas costas desérticas.Nos trópicos úmidos, a agroindústria do açúcar foi aperfeiçoada com a

evaporação a vácuo, inventada no Reino Unido em 1813, a qual, além demelhorar o aspecto do produto, aumentou a capacidade de produçãoindustrial. Esse fator exigiu a intensificação da lavoura, que passou a adotar o sistema de culturas repetidas ou de monocultura (one-crop system) noscanaviais, em campos arados e adubados.

A partilha do mundo tropical e subtropical entre as grandes potênciascolonizadoras, nos séculos XVIII e XIX, colocou os capitais e a técnicadesses países em contato com grandes massas de população pobre,atrasada e passível de ser transferida, em regime de servidão ou escravatu-ra. A forma de economia criada pelos portugueses nos engenhos de canafoi adaptada para muitos outros produtos, além do açúcar, recebendo dos

ingleses o nome genérico de plantations. Disseminaram-se as plantationsde copra, chá, café, borracha, algodão, banana, cacau, agave, assim comotambém geraram grandes fortunas as destinadas à produção de fumo (naVirgínia, nos Estados Unidos), anil (Venezuela) e paina (Indonésia).

As plantations concentraram-se em certas partes do mundo colonial esemicolonial, especialmente no sul e sudeste da Ásia, no Caribe, sul dosEstados Unidos, costa do Brasil e África oriental. Como fontes de matérias-primas e alimentos, constituíram um dos motivos da organização da eco-nomia rural no mundo dos trópicos e subtrópicos, em função dos mercadoseuropeus e norte-americanos. As monoculturas intensivas das plantations,em cultivos permanentes ou repetidos, entraram em vivo contraste, nessasregiões tropicais, com as roças desordenadas e pobres dos nativos.

Formação agrícola do Brasil

Embora vivessem fundamentalmente da caça, da pesca e da coleta defrutas e outros produtos das matas, como o mel silvestre, os índios brasilei-ros não eram de todo nômades. Plantavam milho, mandioca, fumo, amen-doim, e dispunham de alguma tradição no lidar com a terra. Auguste deSaint-Hilaire acreditava que os colonizadores europeus tinham aprendidoagricultura com os índios, e é certo que alguns de seus métodos forammantidos pela tradição dos caboclos. Foi essa que deu continuidade, emtoda a extensão do território, ao sistema de roças de subsistência, quepermaneceu quase inalterado, enquanto a agricultura de procedênciaeuropéia se implantava e sofria alterações enormes.

O plantio da cana-de-açúcar e sua transformação industrial nos enge-nhos instalados pelos portugueses em certos pontos da costa, a partir de1534, constituíram a primeira atividade economicamente estável da agricul-tura no Brasil. A evolução do ciclo da cana foi muito rápida. Cinco anos

depois de seu início, já havia trinta engenhos em Pernambuco, 18 na Bahiae dois em São Vicente. Passados mais cinqüenta anos, subia para 256 onúmero total de engenhos concentrados na produção de açúcar.

No fim do século XVI, o país ainda não tinha um milhão de habitantes,mas a agricultura, diante das excelentes condições naturais, evoluía acontento para abastecer a metrópole. Além da cana, os colonizadores jácuidavam também de plantar fava, feijão, batata-doce, cará, algodão,árvores frutíferas e as espécies oriundas do patrimônio dos índios, como omilho e a mandioca. Paralelamente à expansão dos canaviais, com mão-de-obra de escravos africanos, foi implantada a criação de gado, não sópara fornecer tração aos engenhos, como também para prover de carne aspovoações pioneiras instaladas na costa. A pecuária, com o tempo, ampliouessas funções iniciais, interiorizando-se cada vez mais pelos sertões aindabrutos.

Foi também nos primórdios da investida agrária na faixa litorânea brasi-leira que a ganância extrativista de portugueses e piratas de procedênciadiversa começou a causar severos danos à integridade ecológica do paísrecém-descoberto. Derrubado indiscriminadamente e levado para a Europa

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como matéria-prima para tintas e obras de marcenaria de luxo, o pau-brasil(o muirapiranga, ibirapita ou arabutã dos índios) constituiu um dos primeirositens das exportações brasileiras e acabou sendo dizimado no estadosilvestre. Na mesma linha, a mata atlântica sofreu pilhagens contínuas paraa extração de preciosas madeiras que escasseariam com o tempo, como

 jacarandá, jequitibá, maçaranduba e pau-ferro.

Além dos solos ainda virgens e do bom clima sem catástrofes, outro fa-tor foi decisivo para permitir os progressos da agricultura em sua fase deformação no Brasil: a mão-de-obra abundante. No fim do século XVII, haviana colônia, cuidando basicamente das lavouras -- em mãos de apenas cemmil brancos --, 175.000 africanos e 25.000 índios escravizados.

Graças à conjunção desses fatores, a cana-de-açúcar pôde ser, a certaaltura, a maior exploração tropical do mundo, desempenhando papel bemsemelhante ao que mais tarde iria ter o café, sob o Brasil independente, oua soja, no final do século XX.

Diversas culturas, como o fumo, que se irradiou da Bahia para chegar até Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, tiveram centros de dispersãobem marcados. O café ingressou no Brasil pela Amazônia, em 1730, e daípassou ao Maranhão. Efetuando lenta mas segura migração norte-sul,desde fins do século XVIII, conquistou áreas cada vez mais amplas do Riode Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, de onde depois seestendeu ao Paraná. A formação das lavouras de café, tal como acontecera

com as de cana e com a pecuária, estruturou-se em bases latifundiárias edependeu em proporções ainda maiores do trabalho escravo.

No começo do século XIX, a vocação de grande celeiro já estava con-solidada para o Brasil, que então exportava, para várias partes do mundo,expressivas quantidades de açúcar, café, cacau, algodão, arroz, além demadeiras e matérias-primas variadas de extração vegetal.

Em 1850 cessou o tráfico de escravos. A partir daí, a fixação de imi-grantes europeus no campo, por estímulo governamental, tornou-se o fatoessencial para que a agricultura brasileira iniciasse o processo de diversifi-cação que a caracterizou no século XX. Os imigrantes, sobretudo alemãese italianos, romperam com a tradição de monocultura em bases latifundiá-rias e, tirando partido do clima semelhante ao da Europa, introduziram noextremo sul do país novos cultivos: trigo, aveia, cevada, centeio, alfafa.

Além disso, plantaram os primeiros vinhedos, para a fabricação de vinho, enumerosas frutas não tropicais, como maçã, pêra, marmelo, pêssego, queposteriormente se irradiariam com êxito para outras regiões.

Grande importância econômica sempre tiveram as espécies nativas,como a seringueira e o guaraná da região Norte, a erva-mate da região Sul,ou a carnaúba e o babaçu do Nordeste, cujo cultivo metódico tomou impul-so com o tempo, para afinal sobrepor-se ao extrativismo do início.

A constante introdução de novas espécies, o alargamento das frontei-ras agrícolas __ com o aproveitamento de áreas, como as do cerrado e dacaatinga irrigada __ e a transferência de cultivos, com sucesso, de umaregião para outra, foram notas de destaque nos períodos mais recentemen-te vividos.

Cultivos especializados para posterior processamento na indústria, co-mo juta, agave (sisal) ou pimenta-do-reino, tornaram-se cada vez maiscomuns, valendo-se com freqüência de impulsos originais, partidos denovas levas de imigrantes, como os japoneses, que foram essenciais parao progresso da horticultura e pomicultura.

A cana voltou à ordem do dia como matéria-prima de álcool combustí-vel, dividindo com imensos laranjais, no interior de São Paulo, terras por onde antes tinha passado o café. Em outras áreas desmatadas pelosavanços agrícolas, como no Espírito Santo, processou-se a introdução doeucalipto, originário da Austrália e a mais comum das árvores usadas emreflorestamento.

Ao encerrar seu quinto século de existência, o Brasil, que de início ex-portava papagaios e araras, junto com a árvore que lhe deu o nome, tinhauma agricultura dinâmica e altamente diversificada, que o situava como um

grande celeiro. Em vez de coisas exóticas, exportava alimentos para omundo, principalmente soja, café, laranja, cacau, amendoim, e outrosprodutos valiosos da terra, como o algodão e o açúcar.

Principais áreas agrícolas do mundo

Estados Unidos. Dentre os países que primeiro implantaram a revolu-ção industrial, o que dispunha de mais vasta superfície de terras aproveitá-veis eram os Estados Unidos. Assim, a agricultura desse país pôde ditar aomundo seus modelos de modernização, caracterizados por mecanizaçãogeneralizada e complexa e pela aplicação de conhecimentos científicos, emparticular da biologia e da química, em apoio às técnicas agronômicas.

Um índice que dá a medida do ritmo de mecanização agrícola nos Es-tados Unidos é a disponibilidade de energia por trabalhador rural: em 1870era de 1,5 HP; em 1920, de 5,3 HP; em 1933, de 33 HP; e na segundametade do século XX alcançava 40 HP, já ultrapassando então a do ReinoUnido. Os investimentos americanos em máquinas agrícolas, nas décadasde 1940 e 1950, registraram um aumento de 350%. Em muitas proprieda-des rurais, o investimento de capital por trabalhador foi superior ao que sefez na indústria.

Empregando força animal, a produção de um alqueire (bushel,36,7dm3) de trigo nos Estados Unidos, por volta de 1830, exigia poucomenos de três homens-hora de trabalho; em 1896, pouco menos de umhomem-hora; em 1930, um quarto de homem-hora; e na segunda metadedo século XX, com o uso de tratores, o trabalho se reduzia a apenas umoitavo de homem-hora.

As máquinas reduzem a tal ponto os custos de produção que, emboraos Estados Unidos sejam um dos países de mão-de-obra mais cara do

mundo, os produtos de sua lavoura mecanizada incluem-se entre os maisbaratos do mercado mundial. Milhões de hectares, antes aproveitados paraa produção de forragens, foram liberados para a produção de alimentospara o homem e matérias-primas para as indústrias (especialmente fibras).Nos tempos de colônia, oitenta a noventa por cento dos trabalhadoresamericanos estavam empenhados na produção de alimentos e fibras; já emmeados do século XX, eles não iam além de dez por cento da populaçãoativa do país.

Excluindo-se o Velho Sul e as lavouras irrigadas da Califórnia, encon-tram-se na América do Norte dois tipos fundamentais de agricultura: a dacosta atlântica e a das planícies centrais. A primeira é representada pelaspequenas propriedades familiares da Nova Inglaterra e da província deQuébec (Canadá), que se aproximam muito, pela estrutura fundiária e ossistemas agrícolas, das pequenas lavouras da Europa atlântica. Em mea-dos do século XX, a maior propriedade em Hartford (Connecticut) media65ha, dez tinham mais de 8ha, setenta de 4 a 8ha e 41 variavam de 0,40 a4ha. Todos eram de forma alongada, retangular, como as lanières do lesteda França.

A agricultura das planícies centrais é, porém, muito mais representati-va, porque lá está um dos maiores celeiros do mundo. No Middle West (altovale do Mississippi) a agricultura é ainda tipicamente intensiva e encontraparalelo nas culturas especializadas da planície norte-européia: a rotaçãode culturas para a criação de gado leiteiro estabulado, em Wisconsin, seassemelha à da pecuária dinamarquesa; os milharais do cinturão do milhoou corn belt (em Iowa, por exemplo) podem, de alguma forma, ser compa-rados aos trigais das planícies do norte da Alemanha. São típicas lavourasintensivas.

Mas nas Grandes Planícies, no sopé oriental das montanhas Rochosas __ por exemplo: Kansas, Nebraska e Dakota, nos Estados Unidos; Albertae Saskatchewan, no Canadá __, as propriedades são extensas, altamentemecanizadas e têm população muito rarefeita. O que se deseja aí, antes detudo, é a rentabilidade. Por isso, foram chamadas de "campos especulati-vos, campos sem camponeses". Em regra, no oeste americano as proprie-dades têm mais de 100ha: a média no Kansas é de 120ha; em Montana, de440; no Wyoming, de 750. A propriedade cerealífera comum em Montanatem 1.200ha, dos quais cada metade é cultivada alternadamente com trigo.Quatro homens cumprem todas as tarefas agrícolas, com máquinas. Exis-tem fazendas nessa região cujo único assalariado permanente, fora dosmembros da família, é um tratorista.

As terras pertencentes a pessoas jurídicas alcançam lá as maiores di-mensões. A Campbell Corporation possui uma fazenda de 24.000ha noKansas, trabalhada por apenas trinta assalariados permanentes, que ga-rantem a produção de estupendas quantidades de trigo. Nessa região àsvezes se prefere cultivar menos para ganhar mais; o espectro da superpro-dução ali sempre ameaça o empresário, para quem são fundamentais o

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controle sobre a bolsa de cereais de Chicago e a orientação dos consulto-res agrícolas.

Em vista da freqüente ocorrência de excedentes, seria normal, se asforças econômicas atuassem sem interferências, que os preços dos cereaiscaíssem assustadoramente nos países produtores e no mercado interna-cional. Mas, a fim de evitar que a crise agrária se acentuasse, os governosdos Estados Unidos e do Canadá passaram a adquirir os excedentes desafra e a estocá-los. Essa armazenagem toma, em certas fases, propor-ções alarmantes e não evita a deterioração de alimentos, compelindoambos os governos a adotar políticas de dumping, de efeitos negativos alongo prazo.

Experiência soviética. Outro importante celeiro agrícola são as repúbli-cas que no passado integraram a União Soviética. A área de 106 milhõesde hectares efetivamente arados (1913) dessas repúblicas ampliou-se paraquase 250 milhões no fim do século. Entretanto, não se via nelas aquelevazio desolador do campo norte-americano. Na mesma época, cerca de16% da população economicamente ativa da Rússia e países vizinhostrabalhavam na agricultura, contra 2,2% nos Estados Unidos.

A inferioridade dos rendimentos da lavoura na antiga União Soviéticanão pode ser atribuída somente a métodos mais extensivos ou irracionaisque os americanos, mas, sobretudo, a condições climáticas e de soloinferiores: período vegetativo geralmente mais curto, limitado pelo frio ao

norte e a seca ao sul. Havia também variações nos rendimentos das gran-des regiões cerealíferas que compunham o universo soviético. A Ucrânia,com rotações complexas de culturas, acusou rendimentos médios para otrigo de trinta a quarenta quintais por hectare, enquanto as zonas pioneirasde solos tchernoziom da Ásia central colhiam, em média, apenas seis a oitoquintais por hectare.

A organização agrária das ex-repúblicas soviéticas teve origem na re-volução socialista de 1917, quando toda a terra foi estatizada. O governorevolucionário confiou, a título gratuito e perpétuo, a utilização do solo acolcoses, que eram cooperativas de produção geridas por um conselhoadministrativo eleito pelos próprios colcosianos. A remuneração destes erafeita por jornadas-tarefas, avaliadas para cada atividade específica peloconselho administrativo. Cada família colcosiana recebia, como propriedadeprivada, uma pequena área junto à casa, onde plantava geralmente jardime horta, além de criar pequenos animais e uma ou outra vaca leiteira.Paralelamente às fazendas coletivas, havia os sovicoses, propriedadesestatais cuja função precípua era realizar pesquisas agronômicas e orientar os colcoses da região.

Inicialmente, as dimensões do colcós coincidiam com as das terras domir, ou comunidade aldeã, onde ele fora instalado. As áreas variavam entredois mil e seis mil hectares, com 1.500 a 4.500ha de terras lavradas, nossolos negros da Ucrânia; nos solos de podzol das florestas de pinheiros (ouem algumas de suas clareiras), as áreas dos colcoses oscilavam de 150 amais de 1.000ha.

Durante a segunda guerra mundial, a agricultura foi totalmente desor-ganizada nas terras soviéticas ocupadas pelos nazistas. No pós-guerra, asautoridades julgaram recomendável reagrupar os antigos colcoses em

unidades maiores. Os novos colcoses situados em solos de podzol tinham,de área média, 1.796ha; os das terras negras, 8.340ha, com quase 6.000hade terrenos arados. Os menores colcoses, que reuniam outrora menos devinte trabalhadores, passaram após o reagrupamento a pelo menos 500, naregião dos podzols, e até 600, na de tchernoziom.

Entretanto, nos colcoses de antes da guerra, em que o mesmo sistemafoi mantido, o número de trabalhadores diminuiu após o reagrupamento, emvirtude da mecanização mais intensa. Uma grande fazenda coletiva de seismil hectares em terras negras, onde trabalhavam antes mais de 600 colco-sianos, passou a ter contingente inferior a esse número, embora sua áreafosse ampliada para oito mil hectares. O reagrupamento envolveu proble-mas de habitat, porque os novos colcoses abrangeram, às vezes, mais deum núcleo rural.

Extremo Oriente. O Japão, primeiro país a se industrializar no ExtremoOriente, introduziu os fertilizantes químicos em seus campos de paddy eobteve os rendimentos mais altos dentre os grandes produtores mundiaisde arroz. Com o refinamento de sua cultura, os japoneses criaram uma

arquitetura paisagística, em que a utilização do solo é posta a serviço daestética, para fins turísticos.

Surpreendentes também foram os resultados das transformações naagricultura chinesa. Em resumo, suas condições anteriores eram: umgrande número de consumidores, área cultivável relativamente pequena,insuficiência dos meios de regeneração dos solos, desperdício de esforçohumano e sucção desenfreada das rendas dos agricultores pelos arrenda-mentos, pelos impostos e pela usura. A maior reforma agrária do mundo,afetando a cerca de 500 milhões de pessoas, estava implantada em noven-ta por cento do país já em 1953.

As dívidas foram anuladas e todas as propriedades feudais e religio-sas, suprimidas, mas as dos camponeses ricos foram respeitadas. Estimu-lou-se a organização de propriedades coletivas, que receberam o nome decomunas populares. Enquanto no norte eram introduzidos (1952) setentamil arados e 130.000 noras na agricultura, nas montanhas do sul, antesbaldias, iniciou-se um amplo programa de plantio de florestas. Grandesobras de irrigação, efetuadas na década de 1960, aumentaram em cerca detrinta por cento a área cultivada do país, além de ampliarem sua quantidadede energia disponível. Por outro lado, a rápida industrialização da Chinaaliviou a pressão demográfica nas áreas de maior densidade de populaçãorural e criou novos mercados regionais para os produtos agrícolas. Assim, asituação mudou completamente em duas décadas.

Fertilizantes e herbicidas

Não é somente o alto nível de mecanização que caracteriza a agricultu-ra contemporânea. Fundamental também é a mobilização da pesquisacientífica, da técnica e de capitais, em favor da agricultura. Assim, o uso deadubos naturais, já muito antes aplicados __ como o esterco, o composto, oguano ou o salitre __, é complementado por uma ampla gama de fertilizan-tes sintéticos: nitrogenados, como a uréia e toda uma série de outros com-postos, a partir do nitrogênio extraído do ar (pela primeira vez na Alema-nha, em 1910); fosfatados, obtidos sobretudo através da mineração daapatita ou, em menor escala, da escória siderúrgica pelo processo Thomas& Gilchrist (França); e potássicos, oriundos da exploração do sal-gema(Alemanha, Estados Unidos).

Mais comuns são, hoje em dia, os fertilizantes mistos, tipo NPK, vendi-

dos sob rótulos comerciais diversos. Antes de 1950, eram usuais os adubosquímicos em pó; os granulados são mais difundidos nos Estados Unidos, eem meados da década de 1960 começaram a aparecer os líquidos com póem suspensão, aplicados por meio de fumigadores. Na segunda metade doséculo XX, pelo menos vinte por cento dos alimentos produzidos nos Esta-dos Unidos dependiam diretamente de fertilizantes comerciais.

A aplicação da química à agricultura contribuiu também com nutrientesminerais secundários, como cálcio, magnésio e enxofre, o primeiro dosquais utilizado principalmente para corrigir a acidez do solo. Aquela ciênciarevelou igualmente o papel desempenhado por oligoelementos minerais,como boro, cobre, ferro, manganês, cobalto, zinco e molibdênio, que fun-cionam como catalisadores nas reações metabólicas das plantas e animais,dando pleno valor nutritivo às culturas forrageiras e alimentícias.

Inseticidas, herbicidas e fungicidas foram descobertos e aperfeiçoadospelos químicos, especialmente após a primeira guerra mundial, para libertar as lavouras de concorrentes ou parasitos que as prejudicavam ou mesmodestruíam. O uso desses produtos, junto com o de fertilizantes, disseminou-se sem contestação até meados do século, de modo sempre crescente.

A partir das décadas de 1960 e 1970, no entanto, uma nova consciên-cia ecológica, irradiada dos Estados Unidos e triunfante entre as parcelasmais jovens de sua população, começou a questionar os milagres queestavam sendo arrancados da terra com o apoio da química. Pesquisas deorientação bem diversa à das que até então prevaleciam apontaram osefeitos danosos, de caráter residual, que muitas das substâncias em usotinham sobre o meio ambiente. Produtos como o DDT, antes aplicados emlarga escala no campo, foram simplesmente banidos de numerosos países,uma vez comprovado o risco de seu uso para o próprio homem.

Da condenação aos agrotóxicos e dos alertas lançados pela ecologiasurgiu um novo conceito, o de agricultura orgânica. Voltada basicamentepara a obtenção de comida natural, essa agricultura não hesitou em reto-mar muitos princípios antigos, conservados pelos sistemas de roças, epropõe o uso de matérias como a terra vegetal e os reciclados de lixo para

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substituir nos cultivos os fertilizantes químicos. Da mesma forma, propõe ouso de insetos predadores de pragas, como alternativa para os inseticidasdanosos, e estabelece como regra um maior respeito pelo espaço físico e amanutenção do equilíbrio na natureza.

Novos desafios

A Europa ocidental, vanguardista nos sistemas agrícolas decorrentesda primeira fase da revolução industrial, requintou-se em sistemas intensi-vos especializados __ como a viticultura na França, Alemanha, Espanha,

Itália e Portugal __ mas retardou-se na grande lavoura contemporânea,devido à falta de energia hidrelétrica abundante e barata e às deficiênciasde petróleo e da indústria mecânica pesada. O fracionamento em grandenúmero de países pequenos e de economia autárquica determinou esseatraso.

Por isso, a grande lavoura mecanizada em moldes contemporâneos sódespontou na Europa na década de 1930, e sua ampla difusão começouapenas na década de 1950, após a criação do Mercado Comum Europeu.

Não seria justo afirmar que a agricultura contemporânea é uma realiza-ção exclusiva dos Estados Unidos, embora deles sejam as inovaçõesfundamentais. A ciência do solo ou edafologia, criada no fim do século XIXpor Vasili V. Dokutchaiev e Konstantin D. Glinka e o notável impulso dado àgenética vegetal pelos trabalhos de seleção e hibridação de Ivan V. Mitchu-

rin, no princípio do século XX, foram contribuições de grande alcanceprestadas pela Rússia. O processo de vacinação, inventado por LouisPasteur (França), assim como as descobertas de Friedrich Wöhler e Justusvon Liebig (Alemanha), no ramo da química, foram passos preliminares,mas decisivos, para a implantação da agricultura científica.

Em contrapartida, seria ainda mais incorreto julgar que os americanostivessem apenas posto em prática inventos alheios. As pesquisas efetua-das nos Estados Unidos a partir de 1920 permitiram a seleção do milhohíbrido, hoje cultivado em mais de 95% dos milharais do país, que duplicouos rendimentos unitários desse cereal. Os americanos souberam muito bemconciliar os progressos das ciências agrícolas com suas possibilidades econdições objetivas.

As muitas inovações introduzidas no campo suscitaram também muitas

questões práticas relevantes. A propagação de um número limitado devariedades e híbridos de plantas de altos rendimentos, por exemplo, temacarretado o desaparecimento de plantas rústicas, economicamente menosvantajosas, mas portadoras de genes valiosos para os trabalhos de genéti-ca. Por outro lado, os germes patológicos conseguem, através de muta-ções, desenvolver novas espécies e raças capazes de atacar as plantasresistentes e altamente produtivas. Uma doença vegetal já causou terríveisprejuízos às lavouras de milho híbrido dos Estados Unidos. Em vista disso,surgiu a idéia da criação de bancos ou reservas de plantas rústicas, emcertas regiões da Terra, que possam socorrer as culturas comerciais, emsemelhantes casos.

A agricultura tem hoje diante de si dois problemas fundamentais, damáxima importância para o futuro da humanidade: o primeiro é o de produ-zir alimentos e matérias-primas em quantidades crescentes, para atender 

ao aumento das populações e à ampliação das exigências do consumomundial; o segundo consiste em aplicar racional e harmoniosamente osprogressos tecnológicos e as reformas sociais, de modo a inverter a ten-dência atual e corrigir o desemprego e o subemprego representados pelasmigrações urbanas.

A partir de meados do século XX, a produção agropecuária no mundo(compreendendo a totalidade dos produtos vegetais e animais) evoluiufavoravelmente, mas de modo lento e com resultados pouco satisfatóriosem termos de crescimento per capita. No que se refere, em particular, àprodução de alimentos, os resultados negativos aparecem em muitospaíses da área dos menos desenvolvidos.

Grande número de estudiosos dos problemas da agricultura mundial,entre eles os técnicos dos organismos internacionais, como a FAO (Organi-

zação de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) e o CIDA (ComitêInteramericano de Desenvolvimento Agrário), manifestam seu otimismoquanto aos progressos alcançados no campo da tecnologia. Mas, ao mes-mo tempo, são praticamente unânimes no reconhecimento de que a estru-tura agrária, sobretudo nos países em desenvolvimento, não está prepara-da para receber e adotar as mais recentes inovações, quer no que concer-

ne à maquinaria agrícola, quer no que diga respeito às importantes desco-bertas verificadas no campo da química e da genética.

O atraso na introdução de medidas de alcance social -- as modifica-ções estruturais e, em geral, a aplicação efetiva de reformas agrárias -- temcontribuído para manter, e às vezes acirrar, o conflito inevitável dos efeitosda revolução tecnológica e da "revolução verde" ante as velhas estruturasagrárias, ainda inadaptadas ao rolo compressor do progresso.

As experiências com as novas sementes de alto rendimento, cuja ex-

pansão é um dos fatos mais notáveis dos últimos tempos, demonstram queelas já começam a esbarrar em sérios obstáculos de cunho tradicional. Nospaíses em que o principal dos incentivos criados para a agricultura repousasobre os preços garantidos pelo Estado, as sementes de alto rendimento,ao proporcionarem excedentes de colheita, provocam, nos mercados aindarestritos, baixas de preços que desestimulam a produção. Em outros casos,determinam maiores concentrações da renda agrária e mudanças nasrelações de trabalho, em desfavor dos agricultores mais pobres ou dostrabalhadores rurais.

Por outro lado, os avanços tecnológicos preocupam os técnicos e pla-nejadores governamentais pelos efeitos que têm na sociedade, comoaceleradores do desemprego e subemprego rural e urbano. Esses efeitossão particularmente danosos em países como os da América Latina, ondeas taxas de desemprego e subemprego são excessivamente altas, forman-

do um conjunto superior a vinte por cento sobre o total de mão-de-obraocupada na agricultura.

Indústria

Quase tudo o que o homem moderno consome ou utiliza, desde os a-limentos e mesmo os utensílios em que são preparados e servidos, passapor algum processo de industrialização. O progresso da indústria, paraleloao da ciência e da tecnologia, dá a medida da riqueza material de um país.

Denomina-se indústria o conjunto de atividades produtivas que o ho-mem realiza, de modo organizado, com a ajuda de máquinas e ferramen-tas. Dentro dessa ampla definição se enquadram os mais diversos afaze-res, em diferentes lugares e épocas. De modo geral, toda atividade coletivaque consiste em transformar matérias-primas em bens de consumo ou de

produção, com auxílio de máquinas, é industrial.Nascimento e evolução da indústria. Já em tempos pré-históricos, o

homem elaborou seus utensílios e armas mediante a transformação dosmateriais de que dispunha, como o sílex e, mais tarde, os metais. À medidaque avançou a civilização, a especialização no trabalho aumentou e origi-nou-se um grupo social, os artesãos, que se encarregavam de produzir osobjetos de que a sociedade necessitava, como objetos de cerâmica, teci-dos, armas etc.

No fim da Idade Média, os artesãos das florescentes cidades européiasagruparam-se em corporações, nas quais se configuraram as categorias deaprendizes, oficiais e mestres e onde os conhecimentos técnicos se trans-mitiam de pai para filho. A produtividade dessas oficinas era baixa, pois amaior parte do trabalho se realizava manualmente e não existia a divisãotécnica do trabalho, isto é, cada produto era realizado totalmente, de inícioa fim, por um só artesão. Somente em poucas atividades utilizava-se aforça de animais de carga, de quedas d'água e do vento para mover má-quinas rudimentares como os moinhos.

Nesse precário grau de evolução da indústria, teve especial relevânciaa invenção da máquina a vapor pelo britânico James Watt, depois de outraspesquisas como as de Thomas Newcomen, inventor da bomba d'água(movida a vapor), e as de Denis Papin, que estudou a força elástica dovapor d'água. A máquina a vapor permitiu aproveitar a força mecânica e foio fundamento das indústrias naval e ferroviária.

Considerando-se indústria como fabricação de bens com emprego demáquinas, a primeira notável modernização da atividade ocorreu na Grã-Bretanha, com a revolução industrial, nas últimas décadas do século XVIII.Nessa época, avanços técnicos como a lançadeira rápida de tear, na indús-

tria têxtil, reformularam as bases sobre as quais se assentava esse setor daeconomia.

Também no Reino Unido começou, no século XIX, um processo de in-dustrialização baseado na melhora do aço com que se construía grandevariedade de máquinas. Logo o processo estendeu-se pela Europa e pelos

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Estados Unidos, que começaram a produzir industrialmente artigos manufa-turados. Um dos setores produtivos mais tradicionais, a indústria de armas,cresceu enormemente durante a primeira guerra mundial e provocou arenovação de toda a infra-estrutura da indústria metalúrgica, devido aoenorme volume de produção demandado pela guerra.

A década de 1920 foi de intensa industrialização na Europa, nos Esta-dos Unidos e no Japão, onde a produtividade do trabalho aumentou muitoem virtude da mecanização, que se estendeu a grande número de ativida-des, e à eletrificação das fábricas. Do ponto de vista da organização e dosmétodos empregados, o trabalho foi sistematizado, principalmente nasgrandes linhas de montagem, estabelecidas pela primeira vez na indústriaautomobilística, pelo americano Henry Ford.

A indústria conforma o setor econômico secundário, enquanto a agri-cultura constitui o setor primário e os serviços, o terciário. Nessa época, osetor secundário já se encontrava estruturado em forma semelhante à daatualidade. Assim, surgiram novas formas de financiamento e se ampliaramas sociedades anônimas e outras sociedades de capital. Também comfreqüência se formavam grandes complexos industriais que permitiamregular e controlar a produção e as relações entre os diferentes ramos quedela participavam.

No período compreendido entre as duas guerras mundiais, os EstadosUnidos, a Alemanha e o Japão já estavam na liderança da indústria mundi-

al. A segunda guerra mundial, embora tenha sido um conflito devastador que prejudicou as atividades de vastas áreas industriais, ocasionou tam-bém um grande progresso da pesquisa e da tecnologia, o que permitiu apaíses como a Alemanha e o Japão apresentar grande desenvolvimentoapós a derrota.

O crescimento manteve-se persistente a partir da década de 1950, atéo setor industrial transformar-se no motor da renda nacional nos paísesavançados. Chegou-se assim à chamada segunda revolução industrial, naqual a produção em série e a automatização desempenharam papel deter-minante. Nas últimas décadas do século XX, questões como a degradaçãoambiental, o esgotamento de recursos naturais e a persistência do desequi-líbrio econômico entre países industrializados e subdesenvolvidos levaramo mundo todo a questionar a industrialização sem controle e a formular propostas de desenvolvimento sustentado, ou seja, utilização racional dosrecursos disponíveis.

Da revolução industrial ao "crescimento zero". No final do século XX, oritmo do crescimento industrial passou a ser questionado pelos governos dealguns países e por organizações da sociedade civil empenhadas na pre-servação ambiental, na melhora da qualidade de vida e na distribuição maisequitativa das riquezas. Ganhou força a tese do "crescimento zero", quedesigna uma taxa de crescimento nula obtida pelo crescimento negativodos setores poluidores e expansão dos setores não poluidores.

Essa nova tendência põe em dúvida o dogma segundo o qual a produ-ção baseada no princípio do crescimento permanente conduz a uma socie-dade melhor e mais igualitária. Isso porque, embora a indústria se tenhaconvertido no principal fator de riqueza dos países adiantados, seus benefí-cios atingem apenas uma pequena parte da população do planeta. De

acordo com esse ponto de vista, o equilíbrio ecológico deveria tornar-seuma preocupação política e o crescimento ser partilhado de maneira mais

 justa por países ricos e pobres.

Organização industrial. Tanto para uma economia de mercado quantopara economias centralizadas é válida a lei segundo a qual cada unidadeproduzida será mais econômica quanto maior for a produção. Essa leiexplica a rentabilidade da fabricação em série de um número reduzido demodelos industriais com a maior quantidade possível de peças intercambiá-veis.

A passagem da manufatura para a fabricação industrial de um produtotranscorre por etapas, a primeira das quais consiste na divisão do trabalhoe na especialização: cada operário realiza um mínimo de operações dife-rentes, de modo a especializar-se de preferência numa só, que realizará

muito rapidamente, de modo sistemático, ao longo de toda a jornada detrabalho. Uma segunda etapa refere-se à mecanização do trabalho, em queas ferramentas são substituídas por máquinas dispostas ao longo de umalinha de montagem, pela qual os produtos passam em seqüência e vãosendo montados e recebendo acessórios, pintura, embalagem etc., até que

estejam prontos para distribuição. Na terceira etapa procede-se à eletrifica-ção da linha de montagem e das diferentes operações, o que reverte emmaior rapidez e precisão na fabricação.

O passo seguinte, só viável para a grande indústria, é a automação doprocesso de fabricação, que reduz a demanda de mão-de-obra e consegue,além de rapidez e precisão, continuidade de produção. O elemento funda-mental dessa etapa é o robô industrial, conjunto de mecanismos capaz derepetir com exatidão uma ou diversas operações industriais. Uma fasesubseqüente é a otimização do processo, cujo objetivo é o aproveitamentomáximo dos recursos materiais e humanos da fábrica. Para sua consecu-ção, é necessário controlar o funcionamento de todas as máquinas deatividade simultânea, assim como reduzir ao mínimo as reservas armaze-nadas e a energia consumida. As indústrias que produzem em níveis pró-ximos ao ótimo requerem quadros de pessoal muito reduzidos, e seu traba-lho, por vezes, se limita à vigilância e à supervisão.

Outra tendência da indústria moderna é a terceirização, processo queconsiste em delegar a outras empresas a realização de parte do processoindustrial. No Brasil, a indústria metalúrgica terceirizou grande parte dafabricação de autopeças.

Ordenação e tipos de indústrias. Os processos industriais podem obe-decer às mais diversas normas, pois também são muito diversificadas asindústrias que os realizam.

A primeira distinção que cabe estabelecer entre os processos industri-ais é a referente a seu ritmo. De acordo com o ritmo, os processos podemser contínuos, como a refinação do petróleo e a junção das diferentespartes numa linha de montagem, ou descontínuos, como a produção demedicamentos, a preparação de alimentos pré-cozidos etc. De outro pontode vista, a fábrica pode organizar sua produção segundo as previsões devendas de seu departamento comercial ou operar segundo uma carteira deencomendas e pedidos feitos antes de começar a fabricação.

Em linhas gerais, a transformação industrial parte de matérias-primasfornecidas pela agricultura ou pela mineração. As indústrias básicas forne-cem os produtos intermediários e estes são adquiridos em grandes quanti-dades pelas indústrias manufatureiras, que os transformam em artigos deconsumo. Por isso, a produção de energia é o primeiro passo para levar a

cabo tal transformação. A energia empregada na maior parte da indústria éelétrica. As centrais de fornecimento podem ser térmicas (alimentadas por carvão ou derivados de petróleo), hidráulicas ou nucleares. Há ainda fontesalternativas, como a energia eólica, proporcionada pela força do vento, ou aenergia solar.

As principais indústrias de base são a mineradora ou extrativa, a quí-mica e a metalúrgica ou pesada. Quase todas as demais atividades indus-triais constituem o que se chama de indústria leve. Do ponto de vista dodestino do produto, cabe ainda outra classificação: quando se trata demáquinas, ferramentas ou meios de transporte industrial, diz-se que aindústria se dedica à fabricação de bens de capital, ou seja, bens nãodirigidos ao consumo humano imediato, mas para produzir outros bens. Asindústrias de bens de consumo são as mais numerosas e variadas. Com-preendem a fabricação de alimentos, móveis, têxteis, impressos, aparelhos

eletrodomésticos e produtos eletrônicos, entre outros.

Como a demanda final de bens não é previsível com exatidão, na maio-ria dos casos as indústrias não podem planejar sua produção ótima. Maisprevisíveis são as variações cíclicas do mercado, que determinam o au-mento ou redução da demanda de produtos natalinos e roupas da estação,por exemplo. Quanto à conservação, o armazenamento das mercadoriasdeve reduzir-se ao mínimo para evitar sua deterioração e extravio, especi-almente quando se tratar de produtos de grande valor ou perecíveis. É maiseconômico, no entanto, manter a maquinaria em funcionamento permanen-te para aproveitar melhor os recursos industriais. Por tudo isso, o ritmo deprodução é uma das decisões mais importantes a se tomar no controle dafabricação de qualquer artigo processado industrialmente.

Política industrial. Para levar adiante o processo de desenvolvimentoindustrial, cada país opta por uma política de industrialização. Fatoresligados aos grandes acontecimentos econômicos mundiais, aos movimen-tos políticos internos, às condições peculiares da região e ao acerto da

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política econômica dos governos determinam os progressos ou retrocessosda indústria.

No caso brasileiro, a industrialização se iniciou tardiamente, o que le-vou o país a realizar grandes esforços para diminuir a distância que osepara dos países desenvolvidos. A dificuldade de conquistar o mercadoexterno e a desigual distribuição da renda, que restringe o mercado interno,constituem ainda aspectos negativos para a industrialização do país.

Indústria no Brasil

A atividade industrial no Brasil teve início no período colonial. Sua his-tória, no entanto, não se caracteriza por uma evolução sistemática. Asatividades agrícolas e o extrativismo absorviam o pouco capital e a mão-de-obra, dando margem apenas às indústrias caseiras, à agroindústria doaçúcar, a pequenas indústrias no litoral e aos estaleiros em que se constru-íam embarcações de madeira.

Essa situação se prolongou durante o primeiro e o segundo reinados,em função das dificuldades impostas pela falta de transportes, pelo regimede escravidão e de latifúndio e pela própria política da metrópole. As autori-dades portuguesas proibiram as atividades manufatureiras, pois, segundoentendiam, desviavam a capacidade produtiva das iniciativas realmenteimportantes -- a produção das mercadorias de exportação, em particular opau-brasil no século XVI, o açúcar no século XVII, e ouro, prata e pedras

preciosas no século XVIII. Os alvarás que notificavam a população dasproibições eram ostensivamente elaborados para proteger as manufaturasportuguesas que, no entanto, não tinham capacidade para suprir todo omercado brasileiro, abastecido também pelos produtos ingleses transporta-dos por barcos portugueses.

A primeira grande virada dessa política se deu quando a invasão napo-leônica fez a família real deixar Lisboa e refugiar-se no Brasil. Estabelecidono Rio de Janeiro, D. João VI abriu os portos brasileiros às nações amigas,revogou os alvarás que restringiam a industrialização e instituiu isençõesalfandegárias para as indústrias, às quais beneficiou também com recursosfinanceiros e com a contratação de técnicos europeus.

Os primeiros industriais brasileiros, contudo, enfrentaram graves difi-culdades, pois, além de produzirem para um mercado pequeno, enfrenta-

vam a concorrência dos produtos ingleses que chegavam ao Brasil a pre-ços baixos, devido às módicas tarifas de importação. A situação amenizou-se quando, em 1814, o futuro imperador Pedro I assinou o decreto queabriu os portos brasileiros a outras nações, acabando com o virtual mono-pólio das importações inglesas.

Durante os séculos XVIII e XIX, as excelentes safras de café, algodãoe fumo, embora possibilitassem a acumulação de capital benéfica para aindústria, afastaram o país da industrialização, cuja necessidade só se fezsentir com a crise da lavoura, em 1880. Outros fatores que fortaleceram oimpulso industrializante foram a libertação dos escravos, em 1888, a pro-clamação da república, em 1889, o bom desempenho do café no final dadécada de 1880 -- que possibilitou a acumulação de capital -- e as facilida-des de crédito concedidas pelos governos da época, a fim de enfrentar odesequilíbrio provocado pela extinção do trabalho escravo.

O processo de industrialização, porém, foi lento e só ganhou maior im-pulso durante a primeira guerra mundial, quando os produtos importadosdesapareceram do mercado e, com isso, estimulou-se a produção local. Oprocesso desencadeou-se de fato somente após 1930, com a crise do café,a baixa do câmbio -- que facilitou a importação de equipamentos -- e umcerto nível de acumulação de capital.

Na década de 1940 houve a primeira iniciativa industrial de vulto, emface das circunstâncias criadas pela segunda guerra mundial. Os EstadosUnidos precisavam instalar bases aéreas no território brasileiro para otrânsito de seus aviões para a África e a Europa, e negociaram a implanta-ção de uma unidade siderúrgica pertencente ao estado -- a CompanhiaSiderúrgica Nacional. A usina de Volta Redonda RJ desempenhou impor-tante papel para o desenvolvimento da indústria pesada nacional, propici-

ando a criação de novas indústrias e a expansão siderúrgica.Da segunda guerra mundial ao começo da década de 1960, o ritmo da

industrialização no Brasil foi intenso, em parte em conseqüência do dina-mismo do governo Juscelino Kubitschek. Um passo importante em direção

à industrialização autônoma foi a instituição do monopólio estatal do petró-leo, com a criação da Petrobrás, em 1953.

A expansão do parque industrial brasileiro, iniciada com as indústriasde bens de consumo, procurou, a partir da década de 1970, atingir umafase mais avançada, a da produção de bens de capital e materiais básicosindispensáveis à aceleração do ritmo do crescimento geral. Um dos setoresindustriais mais pujantes, no entanto, continuou sendo o automobilístico,estabelecido principalmente nas cidades paulistas do ABCD, que produzia,na década de 1990, mais de 600.000 veículos por ano.

 Agropecuária reúne os substantivos agricultura e pecuária. É portantoa área do setor primário responsável pela produção de bens de consumo,mediante o cultivo de plantas e da criação de animais como gado, suínos, aves, entre outros. A agropecuária é praticada em geral por pequenosprodutores que utilizam práticas tradicionais, onde o conhecimento dastécnicas é repassado através de gerações.

As principais riquezas agrícolas do Paraná são o trigo, o milho e a soja, produtos de que já obteve safras recordistas, na competição com outrosestados. A cafeicultura, que se segue entre as riquezas da terra, se nãogoza do mesmo esplendor do passado (o Paraná, sozinho, já chegou aproduzir 60% do café de todo o mundo), ainda conserva o Paraná entre osmaiores produtores do Brasil. Sua maior densidade cobre a área a oeste deApucarana. Vêm em seguida as terras da zona de Bandeirantes, Santa

Amélia e Jacarezinho. 

No que diz respeito à pecuária, o Paraná conta com grande rebanho debovinos e está sempre entre os principais criadores brasileiros de suínos, especialmente no centro, sul e leste do estado. Nas últimas décadas, osrebanhos tanto de bois como de porcos expandiram-se bastante. Como nosoutros estados da região Sul, são diferentes, no Paraná, os modos como seusa a terra de campo ou floresta. A avicultura é produzida em praticamentetodas as regiões acompanhando as áreas onde se produz milho, que é amatéria-prima para a ração das aves. As aves são exportadas para mais deuma dezena de países.

A pesca não teve a mesma expansão da pecuária e da agricultura. Em2007, totalizaram 1914 toneladas de pescado, no valor de R$ 4.075.350dos quais 1096 era de peixes, 809 t de crustáceos, e 8 t de moluscos.

O subsolo paranaense é muito rico em minerais. Ocorrem reservasconsideráveis de areia, argila, calcário, caulim, dolomita, talco e mármore, além de outras menores (baritina, cálcio). A bacia carbonífera do estado é aterceira do país, e a de xisto, a segunda. Quanto aos minerais metálicos,foram medidos depósitos de chumbo, cobre e ferro. 

Setor secundário

Na segunda metade do século XX, as atividades industriais tomaramimpulso considerável na economia paranaense. Foi em decorrência desseimpulso que se deu a crescente urbanização, não só na região em torno deCuritiba, como em pólos do interior, a exemplo de Ponta Grossa — maior parque industrial do interior —, Londrina e Cascavel. Os principais gênerosde indústria são os de produtos alimentícios e de madeira. Curitiba é omaior centro industrial e os principais setores de sua indústria são oalimentar e de mobiliário, de madeira, minerais não-metálicos, produtosquímicos e bebidas. Na Região Metropolitana de Curitiba, em São José dosPinhais, encontram-se ainda unidades industriais (montadoras) daVolkswagen-Audi e da Renault, ambas de grande porte. O setor de madeiraacha-se disperso no interior, com centros de importância em União daVitória, Guarapuava e Cascavel.

O centro mais significativo dos produtos alimentícios é Londrina, sendotambém muito importante a atividade em Ponta Grossa, considerado umdos maiores parques moageiros de milho e soja da América Latina. PontaGrossa também tem destaque no setor metal-mecânico. A principal unidadeindustrial do estado é a Companhia Fabricadora de Papel do grupo Klabin, instalada no conjunto da Fazenda Monte Alegre, no município de TelêmacoBorba. 

Setor terciário

Comércio

O Paraná é um dos estados que mais contribuiu para as exportaçõesbrasileiras. Vários órgãos, como o Centro de Exportação do Paraná

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(CEXPAR) e a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX)vêm estimulando cada vez mais o comércio externo.

As exportações paranaenses para o mercado externo são feitas peloporto de Paranaguá, por  Foz do Iguaçu, pelo Aeroporto InternacionalAfonso Pena e uma pequena parte pelo município de Barracão no sudoestedo estado. A área comercial do porto de Paranaguá estende-se por todo oParaná, pela maior parte de Santa Catarina, pelo extremo norte do RioGrande do Sul, pela parte meridional de Mato Grosso do Sul e pelaRepública do Paraguai. 

Os principais produtos exportados pelo Paraná são: soja em grão,farelo de soja, milho,  algodão, café,  erva-mate, produtos refinados depetróleo,  caminhões e outros. Os principais produtos importados peloParaná são: trigo, petróleo e derivados, fertilizantes, veículos, máquinas, carvão mineral, vidros, eletrodomésticos e outros. O comércio exterior éfeito com os seguintes países: Estados Unidos, Alemanha, Itália, PaísesBaixos, Japão, Bélgica, Noruega, Inglaterra, Canadá, Argentina e outros. Ocomércio interno se faz com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, RioGrande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e outros.

Bloco econômico

Os blocos comerciais, ou blocos econômicos, são um tipo deacordo intergovernamental, muitas vezes parte de uma organização

intergovernamental, onde barreiras ao comércio são reduzidas oueliminadas entre os Estados participantes.[1]

A maioria dos blocos comerciais estão definidos por uma tendênciaregional e podem ser classificados de acordo com seu nível de integraçãoeconômica.

Descrição

Um dos primeiros tipos de blocos econômicos da história foi a União Aduaneira.[2] Iniciado em 1834, formado na base da Confederação Alemãe, posteriormente no Império Alemão em 1871. Surtos da formação dobloco econômico foram vistos nos anos 1960 e 1970, bem como na décadade 1990 após o colapso do comunismo. Em 1997, mais de 50% de todo ocomércio mundial foi realizado sob as organizações de blocos comerciaisregionais.[3]

Defensores do livre comércio são em geral opostos aos blocoseconômicos, que segundo eles, incentivam regiões em oposição ao livrecomércio global.[4] Os estudiosos continuam a debater se os blocoseconômicos regionais estão levando a uma economia mundial maisfragmentada ou estão incentivando a extensão do mundo global existente aum sistema multilateral de negociação.[5][6] Os blocos econômicos podemser formados por acordos entre vários estados (como Mercosul) ou parte deuma organização regional (como a União Europeia). Dependendo do nívelde integração econômica, os blocos comerciais pode ser de diferentescategorias, tais como:[7] zona de preferência tarifária, zona de livrecomércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica emonetária.[8]

Vantagens[8]

  A redução ou eliminação das tarifas ou importação;

  Produtos mais baratos;

Desvantagens[8]

  Desemprego;

  Diminuição da produção de empresas;

Principais blocos econômicos

As informações aqui contidas são encontradas em seus respectivosartigos, de modo mais abrangente.

Mercosul

Criado em 1991 com o Tratado de Assunção, é o maior blocoeconômico da América do Sul. Formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai eParaguai. A zona de livre comércio entre os países foi formada em 1995.Encabeçam-se Brasil e Argentina.[9] Desde 2006, a Venezuela depende deaprovação dos congressos nacionais para que sua entrada seja aprovada,

mais especificamente do parlamento paraguaio, visto que os outros três járatificaram-na.[10] No dia 17 de dezembro de 2007, Israel assinou oprimeiro acordo de livre comércio (ALC) com o bloco.[11] No dia 2 deagosto de 2010, foi a vez de o Egito assinar também um ALC.[12] Muitossul-americanos veem o Mercosul como uma arma contra a influência dosEstados Unidos na região, tanto na forma da Área de Livre Comércio dasAméricas quanto na de tratados bilaterais. Uma prova disso é a criação daUniversidade do Mercosul, que vai priorizar a integração regional no modelode educação. Em 2012, o Paraguai perdeu seu lugar no bloco devido ao

golpe que ameaçou sua democracia, e a Venezuela ingressou no bloco.[13]

União Europeia

A união entre os países se iniciou após a Segunda Guerra Mundial.Mas a criação foi efetivada em 1992 com o Tratado de Maastricht. Nele háuma moeda oficial, o euro. Hoje são cerca de 30 países que fazem parte dobloco.[14] As mais importantes instituições da UE são a ComissãoEuropeia, o Conselho da União Europeia, o Conselho Europeu, o Tribunalde Justiça da União Europeia e o Banco Central Europeu. O ParlamentoEuropeu é eleito a cada cinco anos pelos cidadãos da UE.

A UE tem desenvolvido um mercado comum através de um sistemapadronizado de leis que se aplicam a todos os estados-membros. NoEspaço Schengen (que inclui membros e não-membros da UE) os controles

de passaporte foram abolidos.[15] As políticas da UE têm por objetivoassegurar a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais,[16]legislar assuntos comuns na justiça e manter políticas comuns decomércio,[17] agricultura,[18] pesca e desenvolvimento regional.[19] Aunião monetária, a Zona Euro, foi criada em 1999 e é atualmente compostapor 17 Estados-membros. Através da Política Externa e de SegurançaComum, a UE desenvolveu um papel limitado nas relações externas e dedefesa. Missões diplomáticas permanentes foram estabelecidas em todo omundo e a UE é representada nas Nações Unidas, na Organização Mundialdo Comércio (OMC), no G8 e no G-20.

Com uma população total de mais de 500 milhões de pessoas,[20] oque representa 7,3% da população mundial,[21] a UE gerou um produtointerno bruto (PIB) nominal de 16,242 bilhões de dólares em 2010, o querepresenta cerca de 20% do PIB global, medido em termos de paridade dopoder de compra.[22]

Nafta

Com um tratado entre o Canadá, México e EUA em 1991 foi formadoeste bloco. É considerado bastante desigual, pela grande economia dosEstados Unidos e a emergente do México. Nos últimos tempos a economiado México melhorou.[23]

Este acordo foi uma expansão do antigo "Tratado de livre comércioCanadá-EUA", de 1989. Diferentemente da União Européia, a NAFTA nãocria um conjunto de corpos governamentais supranacionais, nem cria umcorpo de leis que seja superior à lei nacional. A NAFTA é um tratado sob asleis internacionais. Sob as leis dos Estados Unidos ela é classificada melhor como um acordo congressional-executivo do que um tratado, refletindo um

sentido peculiar do termo "tratado" na lei constitucional dos Estados Unidosque não é seguida pela lei internacional ou pelas leis de outros estados.

Apec

Originado em 1993 é composto por inúmeros países do Continenteasiático, com a participação dos EUA. É o maior bloco econômico domundo,[24] e tem hoje 21 membros, que são: Austrália, Brunei, Canadá,Chile, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, México,Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Singapura,Taiwan, Tailândia, Estados Unidos da América e Vietname.

A Apec não forma ainda uma área de livre-comércio, pois os países-membros impõem muitas barreiras à livre circulação. Esse é um objetivo dolongo prazo, e se prevê a instalação plena até 2020. Seu PIB é de US$16,5 trilhões.

Alca

Proposto pelo governo estadunidense, foi proposta sua criação em2005. Tem grande negação da população latino-americana e é motivo depreocupação para países desenvolvidos e subdesenvolvidos.[25] O projeto

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da ALCA está parado desde novembro de 2005, quando foi realizada aúltima Cúpula da América. A proposta foi praticamente "engavetada" naQuarta Reunião de Cúpula da América, realizada em novembro de 2005,em Mar del Plata.[26][27]

Referências

1.  ↑ Schott 1991, 1.2.  ↑ João Carlos Moreira e Eustáquio de Sene. União Aduaneira.

pt.shvoong. Página visitada em 9 de janeiro de 2012.

3.  ↑ Milner 2002, 450.4.  ↑ O'Loughlin and Anselin 1996, 136.5.  ↑ Milner 2002, 458.6.  ↑ Mansfield and Milner 2005, 330.7.  ↑ Mansfield and Milner 2005, 333.8.  ↑ a b c UOL Educação. Blocos econômicos. Página visitada em

10 de janeiro de 2012.9.  ↑ Sua Pesquisa. Mercosul - Blocos Econômicos. Página visitada

em 9 de janeiro de 2012.10.  ↑ MAGALHÃES, Marcos (18 de agosto de 2010). Pesquisa

demonstra rejeição de paraguaios a ingresso da Venezuela no Mercosul  (em português). Agência Senado. Página visitada em 30 de agosto de2010.

11.  ↑ Brasil promulga ALC entre Israel e Mercosul  (em português).

estadao.com.br (28 de abril de 2010). Página visitada em 02 de agosto de2010.12.  ↑  Mercosul assina tratado de livre-comércio com Egito (em

português). G1.com.br (02 de agosto de 2010). Página visitada em 02 deagosto de 2010.

13.  ↑  Itaipu pode ser sede da Universidade do Mercosul  (emportuguês). Mercosul Educacional. Página visitada em 25 de abril de 2009.

14.  ↑ UOL Educação. Uniao Européia. Página visitada em 9 de janeiro de 2011.

15.  ↑  Schengen area. Europa web portal. Página visitada em 8 desetembro de 2010.

16.  ↑ European Commission. The EU Single Market: Fewer barriers,more opportunities. Europa web portal. Página visitada em 27 de setembrode 2007.

 Activities of the European Union: Internal Market . Europa web portal.Página visitada em 29 de junho de 2007.

17.  ↑  Common commercial policy . Europa Glossary . Europa webportal. Página visitada em 6 de setembro de 2008.

18.  ↑  Agriculture and Fisheries Council . The Council of the EuropeanUnion. Página visitada em 6 de setembro de 2008.

19.  ↑  Overview of the European Union activities: Regional Policy .Europa web portal. Página visitada em 6 de setembro de 2008.

20.  ↑  First demographic estimates for 2009 (11 de dezembro de2009). Página visitada em 3 de fevereiro de 2010.

21.  ↑  European Union reaches 500 Million through Combination of  Accessions, Migration and Natural Growth. Vienna Institute of Demography.

22.  ↑ Erro de citação Tag <ref> inválida; não foi fornecido textopara as refs chamadas 2011-IMG-GDP 

23.  ↑ Eduardo de Freitas. Nafta. Brasil Escola. Página visitada em 9

de janeiro de 2012.24.  ↑ Mundo Educação.  APEC . Página visitada em 9 de janeiro de2012.

25.  ↑ Wagner de Cerqueira e Francisco.  Alca. Brasil Escola. Páginavisitada em 9 de janeiro de 2012.

26.  ↑ Cúpula não resolve impasse entre EUA e Mercosul. BBC, 6 denovembro de 2005.

27.  ↑ Cúpula da América. Declaração de Mar del Plata. Mar dePlata, Argentina, 5 de novembro de 2005 "Criar Trabalho para Enfrentar aPobreza e Fortalecer a Governabilidade Democrática". 

O mundo multipolar 

Após a queda do regime socialista, diversos países se aproximaram domundo capitalista com a finalidade de ingressar nesse sistema e alcançar 

uma integração no mercado. No entanto, isso não tem sido uma tarefa fácil,em virtude da complexidade que envolve a transição de um regime paraoutro. Os países que se encontram nessa fase devem submeter a váriosanos de adaptação para o novo regime. Isso porque as mudanças executa-das englobam fatores políticos, econômicos e sociais.

O que acontece na maioria das vezes com esses países é o surgimen-to de problemas que anteriormente não possuíam; dentre eles: inflação dospreços, desemprego, salários baixos, ascensão da desigualdade social,violência, criminalidade, entre diversos outros.

Com o declínio do regime socialista em âmbito global, o capitalismodespontou hegemonicamente como sistema político-econômico mundial.No período da Guerra Fria existiam duas potências mundiais: EstadosUnidos e União Soviética. Naquele momento o mundo era consideradobipolar.

Mas após tais acontecimentos históricos, o mundo passou a ter umanova organização geopolítica, de forma que há distintos centros de poder,exercendo influência no campo político, econômico e militar, isto é, ummundo multipolar.

Hoje, a principal potência militar, econômica e política é os Estados U-nidos, essa nação superou em todos os aspectos os soviéticos após o seudeclínio, e assim é responsável pela maioria das intervenções de caráter militar no globo.

No campo econômico, o Japão atualmente ocupa a condição de se-gunda potência mundial. Sua ascensão financeira ocorreu a partir do térmi-no da Segunda Guerra Mundial. A aplicação de medidas direcionadas àsaúde e educação resultou em crescimento acelerado de sua economia.

A Europa é considerada também como uma potência econômica, con-dição que resultou do sucesso da União Européia, o principal bloco econô-mico do planeta, que tem como principais líderes Alemanha, França eInglaterra. Por Eduardo de Freitas 

Comércio

As transformações políticas e econômicas da sociedade, no decorrer da história, têm sido determinadas basicamente pela forma comoorganizaram e desenvolveram suas relações comerciais.

Comércio é a atividade econômica que transfere bens e serviços, pelacompra e venda, dos produtores aos consumidores ou a outros produtores.Tem sua razão de ser na divisão e especialização do trabalho e nasdiferentes necessidades humanas.

Evolução histórica. O comércio foi uma das primeiras atividadeseconômicas da humanidade, e desde o primeiro momento coexistiu com aeconomia de subsistência. Nas sociedades primitivas existia o denominadocomércio "mudo", no qual os membros de uma tribo depositavam em umlugar neutro os objetos excedentes e depois regressavam para recolher oque em troca a outra tribo houvesse deixado. O escambo ou troca era ummeio habitual de transações comerciais antes da invenção da moeda. Ocomércio foi praticamente a única atividade econômica de alguns povosmediterrâneos, como os fenícios e os cartagineses; para outros povos,como os gregos e os árabes, constituiu ocupação fundamental.

O comércio foi também razão preponderante para os grandesinvestimentos em infra-estrutura e meios adequados para vencer asgrandes distâncias. Decorreram daí muitas das inovações tecnológicas no

traçado e construção de estradas, no aprimoramento da cartografia e natecnologia do transporte. Também os contratos mercantis, as instituiçõesfinanceiras e a moeda nasceram de necessidades impostas pelo comércio.Exemplo disso foram as vias romanas, a rota do comércio de seda entre aChina e Bizâncio, que se prolongou até Cádiz, na Espanha; o tráficomarítimo de especiarias e outras mercadorias entre a Europa e suascolônias, e o desenvolvimento das redes ferroviárias, para o transporte deminerais.

A atividade comercial em si limita-se a colocar os bens e serviços emcondições e lugares oportunos, ao alcance daqueles que deles necessitam.A constatação de que o comércio não cria nem transforma os produtoslevou Aristóteles a considerar que essa atividade não contribui em nadapara aumentar a riqueza, e que, ao contrário, constitui apenas uma espéciede filtro parasitário entre produtores e consumidores.

O comércio pode denominar-se interior, quando ocorre dentro dasfronteiras do país, ou exterior, quando se dá entre um país e outros.

Comércio interior 

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 40

Sujeito a uma legislação e a um regime impositivo comuns, uma vezque não existem barreiras protecionistas entre as diferentes regiões de ummesmo país, o comércio interior assegura a prestação de vários serviçosessenciais: (1) transporte de mercadorias dos produtores aosconsumidores, ou de produtores a outros produtores; (2) agrupamento, nummesmo lugar, de bens produzidos em diversos locais diferentes, comoocorre com os produtos alimentícios; (3) armazenamento dos produtosperecíveis, como os agrícolas -- para possibilitar sua distribuição nodecorrer do ano, graças a diferentes sistemas de conservação e

armazenamento; e (4) estabilização de preços e lucros pelo abastecimentoconstante de produtos, das áreas onde sua produção é abundante, paraáreas onde são escassos ou não existem.

O comércio atacadista opera com grandes quantidades demercadorias, compradas diretamente dos produtores, para vender a outrosprodutores ou aos varejistas, mas nunca diretamente aos consumidores.Quando dispõe de muitos recursos financeiros, próprios ou alheios(crédito), o atacadista costuma operar com armazéns reguladores, ondepode estocar grandes quantidades de bens. Assim, pode comprar grandespartidas de uma só vez, o que por um lado permite negociar preços maisbaixos para compra, e por outro fixar preços mais altos para venda. Essaprática pode ensejar a chamada concorrência monopolística, em que osnegociantes menores são praticamente alijados no negócio.

No varejo, as mercadorias compradas aos produtores ou aosatacadistas são vendidas diretamente aos consumidores. Nesse mercadohá lugar para pequenas firmas, ou empresas familiares, que operam compouco capital e pequenas quantidades de mercadorias. Mas há também osgrandes varejistas, como os supermercados e lojas de departamento. Novarejo, fatores como localização, captação de clientes ou especializaçãodas lojas permite que os comerciantes possam atribuir a mercadoriaspraticamente idênticas preços diferentes. É o que ocorre geralmente naslojas de shopping-centers, em que o consumidor aceita em princípio pagar mais caro pelo conforto de poder encontrar uma grande variedade deprodutos em um mesmo local, e também pelas facilidades deestacionamento e lazer.

As grandes lojas de departamento e cadeias de supermercado figuramcomo um tipo de comércio misto, atacadista nas compras e varejista nas

vendas, isto é, como compram em grandes quantidades, podem obter osmesmos preços que os atacadistas; e como vendem diretamente aoconsumidor, podem oferecer preços mais baixos e maior diversidade deartigos.

No sistema comercial atuam muitos profissionais, como vendedores,distribuidores, representantes, promotores de vendas, vitrinistas,publicitários. Toda essa variada gama de atividades pode ser englobada notermo genérico mercadologia (marketing).

Comércio internacional

Teorias econômicas. A discussão teórica sobre o comérciointernacional intensificou-se com o surgimento e a consolidação dos paíseseuropeus, no final da Idade Média. O papel do comércio internacional noenriquecimento das nações ocupou lugar importante na teoria econômica

conhecida como mercantilismo, que preconizava o aumento dasexportações, a diminuição das importações e a cobrança do superávit --diferença positiva entre as exportações e as importações -- em ouro, metaltido como de alta prioridade para o desenvolvimento econômico. Paraexecutar tal política, os países mercantilistas protegiam-se por meio debarreiras alfandegárias, com impostos elevados sobre os produtosestrangeiros ou a mera proibição de sua compra, prática ainda vigente nomundo atual.

No século XVIII, o britânico Adam Smith destacou a importância daespecialização como fonte de maior produção e considerou o comérciointernacional como um caso particular de especialização. Acreditava quecada nação deveria especializar-se e participar do comércio internacionalcom suas mercadorias mais abundantes. Seu compatriota David Ricardoestabeleceu, no começo do século XIX, o fundamento teórico do comérciointernacional pelo "princípio da vantagem comparativa", segundo o qual umpaís deveria especializar-se na produção de bens que lhe trouxessemmaiores lucros, mesmo que fosse mais eficiente em todos os setores deprodução em relação a outro país. Por exemplo, se um país A empregavavinte homens-dia para produzir uma máquina, e o país B empregava

quarenta homens-dia na produção da mesma máquina, e na produção decimento o país A empregava quatro homens-dia e o país B sessentahomens-dia, seria mais vantajoso para ambos que A fabricasse o cimento eB a máquina. O principal argumento em favor da análise da vantagemcomparativa é que cada país deveria especializar-se nas ocupações emque fosse realmente eficiente, pois assim poderia exportar parte de suaprodução e importar as mercadorias em cuja produção estivessecomparativamente em desvantagem. Essa teoria proporcionou um forteargumento em favor do livre comércio.

Os economistas suecos Eli Heckscher e Bertil Ohlin apresentaram, em1933, uma tese - reelaborada na década de 1940 pelo americano PaulSamuelson - sobre a estrutura do comércio internacional, conhecida comotese de Heckscher-Ohlin. Segundo essa teoria, cada país exporta os bensem cuja produção intervêm de forma intensiva fatores relativamenteabundantes em seu território, e importa os que utilizam intensivamenterecursos relativamente escassos no país. Entretanto, Wassily Leontief,economista americano de origem russa, aplicou suas tabelas de input-output (entradas e saídas de dinheiro na economia de um determinadopaís) ao esquema internacional dos Estados Unidos, e descobriu que suasexportações envolviam um nível intenso de trabalho, e suas importaçõesníveis relativamente altos de capital, justamente o oposto do que seriaesperado. Deu-se como justificativa que a produtividade do trabalho nosEstados Unidos era tão alta que compensava com vantagem sua relativa

escassez. De qualquer forma esse contraste econométrico abalou aconfiança na tese Heckscher-Ohlin sobre o comércio internacional, erevelou a necessidade de continuar os estudos sobre o assunto.

Estrutura do comércio internacional. Na prática, apesar das vantagensteóricas do livre comércio, todas as nações interferem nas trocasinternacionais de uma ou outra maneira. Os sistemas são variados. Por exemplo, as tarifas alfandegárias, que incidem sobre os produtosimportados, podem variar em relação a um mesmo produto, em função dediversos fatores, e em alguns casos chegar a torná-lo totalmente proibitivo.As cotas de importação limitam o volume de compra de determinadasmercadorias estrangeiras. As exportações de capital - e os investimentosestrangeiros - também podem ser limitados ou proibidos. Do mesmo modo,é possível dificultar a importação de certos produtos, por meio de trâmitesalfandegários lentos e fastidiosos, a tal ponto que se torne impossível naprática.

Justifica-se o protecionismo comercial com os seguintes argumentos:(1) atende à necessidade de renda dos países menos desenvolvidos, quenão dispõem de estrutura administrativa para obter rendas fiscais por outrosmeios; (2) protege a indústria nacional, que sem as tarifas aduaneirasficaria em desvantagem; (3) constitui um instrumento contra o desemprego;(4) estabelece uma medida de defesa nacional para a sobrevivência dedeterminadas indústrias consideradas básicas; (5) permite conseguir auto-suficiência; e (6) resolve problemas do balanço de pagamentos, quando osdéficits - saldo negativo entre exportações e importações - crônicos jáesgotaram as divisas estrangeiras. Embora as medidas protecionistaspossam ser justificadas em determinadas circunstâncias, em geral reduzemo comércio mundial e não favorecem o desenvolvimento econômico.

Em reação ao protecionismo, firmaram-se acordos como o GATT, siglainglesa de Acordo Geral de Tarifas e Comércio, que entrou em vigor em 1ºde janeiro de 1948, e criaram-se zonas de livre comércio como aComunidade Econômica Européia (CEE), que começou a vigorar dez anosmais tarde. Na última década do século XX, a tendência liberalizante docomércio internacional se acentuou. Criou-se a Organização Mundial deComércio (OMC) em substituição ao GATT e um novo tratado reuniuformalmente, na Comunidade Européia (CE), a CEE e outras organizaçõesregionais. Essa fusão foi parte de um acordo mais amplo que previa intensacooperação econômica e mesmo a unificação monetária da Europa.

Outros acordos econômicos regionais da maior importância entraramem vigor no continente americano no mesmo período. O Tratado de LivreComércio da América do Norte (NAFTA) ampliou convênios já existentesentre Canadá, Estados Unidos e México. Brasil, Argentina, Uruguai e

Paraguai estabeleceram o Mercosul, mercado comum que num primeiromomento aboliu as barreiras alfandegárias para 85% dos produtos deexportação dos signatários.

Brasil. A política brasileira de comércio exterior baseou-se em doispontos capitais: ampliação e diversificação da pauta de exportações e

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liberalização das importações, embora sujeitas a critérios seletivos naaplicação de impostos. Os suportes desse binômio são o sistema decâmbio flexível e o mecanismo de incentivos fiscais, creditícios efinanceiros, como isenções e subsídios. A realização dessa política faz-sepor meio de várias medidas: aumento do poder de competição dosprodutos nacionais e da lucratividade das empresas exportadoras;incentivos às exportações e sua diversificação, tanto em termos deprodutos quanto de mercados, com preferência para os produtos de maior valor adicionado; prioridade no atendimento do mercado doméstico. A

liberalização das importações foi restringida temporariamente em meadosda década de 1970, com suspensão de alguns supérfluos e pesados ônustributários sobre outros, para melhorar a balança comercial.

Desde 1964, a característica da política brasileira de exportações é aconcessão de incentivos. Inicialmente tratou-se de diminuir ao máximopossível os gravames que, superpondo-se ao preço do produto, impediam-no de competir no mercado internacional. Para isso, foram tomadasalgumas medidas de desburocratização, mediante redução e simplificaçãodos trâmites administrativos, isenção do imposto de produtosindustrializados (IPI) e do imposto sobre circulação de mercadorias (ICM)na exportação de manufaturados e implementação efetiva do regime dedrawback (devolução de impostos alfandegários pagos por bens que sãoimportados e depois reexportados para um terceiro país). Ainda antes de1970 concederam-se outros incentivos, como o mecanismo de crédito fiscal

para o IPI, pelo qual as empresas industriais passaram a creditar em suasescritas fiscais as somas correspondentes às alíquotas daquele tributo queincidiriam sobre os produtos exportados. Tal benefício foi posteriormenteestendido também ao ICM.

Depois de 1970 os produtos agropecuários foram excluídos da maior parte dos benefícios. Como auxílio à política de exportações foiprovidenciada a regulamentação das empresas de comercializaçãoexterna, as trading companies, pelo que passaram a ser beneficiados tantoos produtos industriais quanto os agrícolas, pela economia de escalaproporcionada por essas grandes unidades. Nessa fase foramregulamentados programas setoriais de exportação, como os da indústriaautomotora, construção naval e beneficiamento de minérios.

No começo da década de 1970, com o objetivo de inserir o Brasil na

economia internacional, o governo iniciou um processo de liberalização dasimportações que incluía, além da redução das tarifas alfandegárias sobrediversos produtos, o fim da reserva de mercados. 

Energia

O Brasil é o décimo maior consumidor da energia do planeta e o tercei-ro maior do hemisfério ocidental, atrás dos Estados Unidos e Canadá. Amatriz energética brasileira é baseada em fontes renováveis, sobretudoa energia hidrelétrica e o etanol, além de fontes não-renováveis de energia,como o petróleo e o gás natural.

Ao longo das últimas três décadas o Brasil tem trabalhado para criar uma alternativa viável à gasolina. Com o seu combustível à base de cana-de-açúcar, a nação pode se tornar energicamente independente nestemomento. O Pró-álcool, que teve origem na década de 1970, em resposta

às incertezas do mercado do petróleo, aproveitou sucesso intermitente.Ainda assim, grande parte dos brasileiros utilizam os chamados "veículosflex", que funcionam com etano ou gasolina, permitindo queo consumidor possa abastecer com a opção mais barata no momento,muitas vezes o etanol.

Os países com grande consumo de combustível como a Índia ea China estão seguindo o progresso do Brasil nessa área. Além disso,países como o Japão e Suécia estão importando etanol brasileiro paraajudar a cumprir as suas obrigações ambientais estipuladas no Protocolode Quioto.

O Brasil possui a segunda maior reserva de petróleo bruto na Américado Sul e é um dos produtores de petróleo que mais aumentaram sua pro-dução nos últimos anos O país é um dos mais importantes do mundo na

produção de energia hidrelétrica. Da sua capacidade total de geraçãode eletricidade, que corresponde a 90 mil megawatts, a energia hídrica éresponsável por 66.000 megawatts (74%). A energia nuclear representacerca de 3% da matriz energética do Brasil. O Brasil pode se tornar uma

potência mundial na produção de petróleo, com grandes descobertas desserecurso nos últimos tempos na Bacia de Santos.

Energia

Em nosso planeta encontramos diversos tipos de fontes de energia. E-las podem ser renováveis ou esgotáveis. Por exemplo, a energia solar e aeólica (obtida através dos ventos) fazem parte das fontes de energia ines-gotáveis. Por outro lado, os combustíveis fósseis (derivados do petróleo edo carvão mineral) possuem uma quantidade limitada em nosso planeta,

podendo acabar caso não haja um consumo racional.Fontes de energia

Existe uma grande variedade de processos capazes de gerar energiaem alguma de suas formas. No entanto, as fontes clássicas de energiautilizadas pela indústria têm sido de origem térmica, química ou elétrica,que são intercambiáveis e podem ser transformadas em energia mecânica.

A energia térmica ou calorífica origina-se da combustão de diversosmateriais, e pode converter-se em mecânica por meio de uma série deconhecidos mecanismos: as máquinas a vapor e os motores de combustãointerna tiram partido do choque de moléculas gasosas, submetidas a altastemperaturas, para impulsionar êmbolos, pistões e cilindros; as turbinas agás utilizam uma mistura de ar comprimido e combustível para mover suaspás; e os motores a reação se baseiam na emissão violenta de gases. Oprimeiro combustível, a madeira, foi substituído ao longo das sucessivasinovações industriais pelo carvão, pelos derivados de petróleo e pelo gásnatural.

Pode-se aproveitar a energia gerada por certas reações químicas, emconsequência de interações moleculares. À parte as reações decombustão, classificáveis entre as fontes térmicas, e nas quais substânciasse queimam ao entrar em contato com o oxigênio, a energia presente emcertos processos de soluções ácidas e básicas ou de sais pode ser captadaem forma de corrente elétrica -- fundamento das pilhas e acumuladores.Dá-se também o processo inverso.

A energia elétrica é produzida principalmente pela transformação deoutras formas de energia, como a hidráulica, a térmica e a nuclear. Omovimento da água ou a pressão do vapor acionam turbinas que fazem

girar o rotor de dínamos ou alternadores para produzir corrente elétrica.Esse tipo de energia apresenta como principais vantagens seu fáciltransporte e o baixo custo, e talvez seja a forma mais difundida no usocotidiano. Os motores elétricos são os principais dispositivos de conversãodessa energia em sua manifestação mecânica.

As crises de energia ocorridas na segunda metade do século XXsuscitaram a busca de novas fontes. Registraram-se duas tendências,aparentemente opostas: os projetos e invenções destinados a dominar osprocessos de reação nuclear e os sistemas de aproveitamento de energiasnaturais não poluentes, como a hidráulica, a solar, a eólica e a geotérmica.Como resultado dessas pesquisas obteve-se um maior índice deaproveitamento dos recursos terrestres e marítimos em determinadasregiões do globo.

A energia hidráulica, utilizada desde a antiguidade, oferece amplaspossibilidades em rios e mares. As quedas d'água e a enorme força dasmarés constituem exemplos claros do potencial dessas fontes. No entanto,embora as represas e reservatórios representem meios para armazenar água e energia, facilmente transformável em corrente elétrica, ainda nãoforam encontrados meios eficazes para o aproveitamento das marés,devido à complexidade de seu mecanismo.

Ao longo da história, os moinhos e os barcos a vela tiraram amploproveito de um dos tipos primários de energia, a eólica, ou produzida pelovento. Essa manifestação energética, diretamente cinética por ser provocada pelo movimento do ar, apresenta baixo nível de rendimento esua utilização é insegura e pouco uni forme, ainda que de baixo custo.

A energia solar representa o modelo mais característico de fonte

renovável. Apesar de ser praticamente inesgotável, por provir diretamenteda radiação solar, seu aproveitamento ainda não alcança rendimentosequiparáveis a outras fontes. A captação dessa energia tem como principalfinalidade a produção de energia calorífica, sobretudo para calefaçãodoméstica. Alguns dispositivos, como as células fotoelétricas, permitemtransformar a energia solar em elétrica.

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As fontes térmicas naturais e as forças terrestres, como terremotos evulcões, constituem formas de energia de difícil aproveitamento, e apesquisa científica para utilização de tais fenômenos na indústria ainda estáem fase inicial.

A pesquisa sobre energia nuclear, cercada por intensa polêmica,devido ao perigo de sua utilização militar e ao risco de poluição e radiação,atingiu substancial progresso na segunda metade do século XX.Fenômeno natural na formação do universo, a reação nuclear, devido àmagnitude das energias liberadas no curso do processo, pode ser altamente nociva para o organismo humano, exigindo rigorosos sistemasde segurança. Existem dois métodos de obtenção de energia nuclear: afissão ou ruptura de átomos pesados e a fusão de elementos leves, que setransformam em átomos mais complexos. A enorme quantidade de energiaresultante desse processo deve-se à transformação de massa em energia,como previu Einstein em sua teoria da relatividade.

Nas usinas nucleares, a energia é produzida por um dispositivodenominado reator ou pilha atômica, assim chamado porque os recipientesde urânio e, às vezes, de tório, são empilhados dentro de um receptáculode outro material, geralmente o carbono. A fissão atômica produz calor, quepode mover uma turbina e gerar eletricidade. A grande vantagem daenergia elétrica assim produzida reside na pequena quantidade de matériafíssil necessária à produção de uma considerável quantidade de calor: com

meio quilograma de urânio, por exemplo, uma pilha atômica pode produzir tanto calor quanto a queima de dez toneladas de carvão.

Hidroeletricidade

As matrizes renováveis de energia têm uma série de vantagens: a dis-ponibilidade de recursos, a facilidade de aproveitamento e o fato de quecontinuam disponíveis na natureza com o passar do tempo. De todas asfontes deste tipo, a hidrelétrica representa uma parcela significativa daprodução mundial, que representa cerca de 16% de toda a eletricidadegerada no planeta.

No Brasil, além de ser um fator histórico de desenvolvimento da eco-nomia, a energia hidrelétrica desempenha papel importante na integração eno desenvolvimento de regiões distantes dos grandes centros urbanos eindustriais.

O potencial técnico de aproveitamento da energia hidráulica do Brasilestá entre os cinco maiores do mundo; o País tem 12% da água docesuperficial do planeta e condições adequadas para exploração. O potencialhidrelétrico é estimado em cerca de 260 GW, dos quais 40,5% estão locali-zados na Bacia Hidrográfica do Amazonas – para efeito de comparação, aBacia do Paraná responde por 23%, a do Tocantins, por 10,6% e a do SãoFrancisco, por 10%. Contudo, apenas 63% do potencial foi inventariado. ARegião Norte, em especial, tem um grande potencial ainda por explorar.

Algumas das usinas em processo de licitação ou de obras na Amazô-nia vão participar da lista das dez maiores do Brasil: Belo Monte (que terápotência instalada de 11.233 megawatts), São Luiz do Tapajós (8.381 MW),Jirau (3.750 MW) e Santo Antônio (3.150MW). Entre as maiores em funcio-namento estão Itaipu (14 mil MW, ou 16,4% da energia consumida em todoo Brasil), Tucuruí (8.730 MW), Ilha Solteira (3.444 MW), Xingó (3.162 MW)

e Paulo Afonso IV (2.462 MW).As novas usinas da região Norte apresentam um desafio logístico: atransmissão para os grandes centros, que ficam distantes milhares dequilômetros. Este problema vai ser solucionado pelo Sistema IntegradoNacional (SIN), uma rede composta por linhas de transmissão e usinas queoperam de forma integrada e que abrange a maior parte do território doPaís.

Composto pelas empresas de exploração de energia das regiões Sul,Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte, o SIN garante aexploração racional de 96,6% de toda a energia produzida no País.

Energia renovável

A energia renovável é a energia que vem de recursosnaturais como sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica, que

são recursos renováveis (naturalmente reabastecidos). Em 2008, cerca de19% do consumo mundial de energia veio de fontes renováveis, com 13%provenientes da tradicional biomassa, que é usada principalmentepara aquecimento, e 3,2% a partir da hidroeletricidade. Novas energiasrenováveis (pequenas hidrelétricas, biomassa, eólica, solar, geotérmica e

biocombustíveis) representaram outros 2,7% e este percentual estácrescendo muito rapidamente. A percentagem das energias renováveisna geração de eletricidade é de cerca de 18%, com 15% da eletricidadeglobal vindo de hidrelétricas e 3% de novas energias renováveis.

A energia do Sol é convertida de várias formas para formatosconhecidos, como a biomassa (fotossíntese), a energia hidráulica(evaporação), a eólica (ventos) e a fotovoltaica, que contêm imensaquantidade de energia, e que são capazes de se regenerar por meiosnaturais.

A geração de energia eólica está crescendo à taxa de 30% ao ano,com uma capacidade instalada a nível mundial de 157,9mil megawatts (MW) em 2009, e é amplamente utilizada na Europa, Ásia enos Estados Unidos. No final de 2009, as instalações fotovoltaicas (PV) emtodo o globo ultrapassaram 21.000 MW e centrais fotovoltaicas sãopopulares na Alemanha e na Espanha. Centrais de energia térmica solar operam nos Estados Unidos e Espanha, sendo a maior destas a usina deenergia solar do Deserto de Mojave, com capacidade de 354 MW.

A maior instalação de energia geotérmica do mundo é The Geysers, naCalifórnia, com uma capacidade nominal de 750 MW. O Brasil tem um dosmaiores programas de energia renovável no mundo, envolvendo aprodução de álcool combustível a partir da cana de açúcar, e atualmente oetanol representa 18% dos combustíveis automotivos do país. O etanol

combustível também é amplamente disponível nos Estados Unidos.

Exemplos de fontes de energia renovável

  O Sol: energia solar   O vento: energia eólica  Os rios e correntes de água doce: energia hidráulica  Os mares e oceanos: energia maremotriz  As ondas: energia das ondas  A matéria orgânica: biomassa, biocombustível  O calor da Terra: energia geotérmica  Água salobra: energia azul  O hidrogênio: energia do hidrogênio  Energia da fissão 

Energia da fusãoAs energias renováveis são consideradas como energias

alternativas ao modelo energético tradicional, tanto pela sua disponibilidade(presente e futura) garantida (diferente dos combustíveis fósseis queprecisam de milhares de anos para a sua formação) como pelo seumenor impacto ambiental.

Fontes de energia

As fontes de energia podem ser divididas em dois grupos principais:permanentes (renováveis) e temporários (não-renováveis). As fontespermanentes são aquelas que têm origem solar, no entanto, o conceito derenovabilidade depende da escala temporal que é utilizado e os padrões deutilização dos recursos.

Assim, são considerados os combustíveis fósseis não-renováveis jáque a taxa de utilização é muito superior à taxa de formação do recursopropriamente dito.

Não-renováveis

Os combustíveis fósseis são fontes não-renováveis de energia: não épossível repor o que se gasta, uma vez que podem ser necessários milhõesde anos para poder contar novamente com eles. São aquelescujas reservas são limitadas. As principais são a energia da fissão nuclear eos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão).

Combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis podem ser usados na forma sólida (carvão),líquida (petróleo) ou gasosa (gás natural). Segundo a teoria mais aceita,foram formados por acumulações de seres vivos que viveram há milhões deanos e que foram fossilizados formando carvão ou hidrocarbonetos. Nocaso do carvão se trata de bosques e florestas nas zonas úmidas e, nocaso do petróleo e do gás natural de grandes massasde plâncton acumuladas no fundo de bacias marinhas ou lacustres. Emambos os casos, a matéria orgânica foi parcialmente decomposta, pela

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 43

ação da temperatura, pressão e certas bactérias, na ausência de oxigênio,de forma que foram armazenadas moléculas com ligações de alta energia.

Se distinguem as "reservas identificadas", embora não sejamexploradas, e as "reservas prováveis", que poderão ser descobertascom tecnologias futuras. Segundo os cálculos, o planeta pode fornecer energia para mais 40 anos (se for usado apenas o petróleo) e mais de 200(se continuar a usar carvão).

Energia nuclear 

Os núcleo atômicos de elementos pesados, como o urânio, podem ser desintegrados (fissão nuclear ou cisão nuclear) e liberar energiaradiante e cinética. Usinas termonucleares usam essa energia paraproduzir eletricidade utilizando turbinas a vapor.

Uma consequência da atividade de produção deste tipo de energia sãoos resíduos nucleares, que podem levar milhares de anos para perder a radioatividade. Porém existe uma fonte de energia nuclear que não geraresíduos radioativos, a da fusão nuclear, que ocorre quando 4 núcleos dedeutério se fundem formando 1 de hélio liberando energia térmica que podeser usada em turbinas a vapor. Mas a reação de fusão ainda não foiconseguida em grande escala a ponto de se economicamente viável.

Renováveis

Os combustíveis renováveis são combustíveis que usam como matéria-prima elementos renováveis para a natureza, como a cana-de-açúcar,utilizada para a fabricação do etanol e também, váriosoutros vegetais como a mamona utilizada para a fabricação do biodiesel ououtros óleos vegetais que podem ser usados diretamente em motoresdiesel com algumas adaptações.

Energia hidráulica

A energia hidroelétrica é a energia que se produzem barragens construídas em cursos de água (exemplo, a barragem doAlqueva). Essa energia parte da precipitação que forma os rios quesão represados, a água desses rios faz girar turbinas que produzemenergia elétrica.

É encontrada sob a forma de energia cinética, sob diferençasde temperatura ou gradientes de salinidade e pode ser aproveitada eutilizada. Uma vez que a água é aproximadamente 800 vezes mais densaque o ar, requer um lento fluxo ouondas de mar moderadas, que podemproduzir uma quantidade considerável de energia.

Biomassa

A energia da biomassa é a energia que se obtém durante atransformação de produtos de origem animal e vegetal para a produção deenergia calorífica e elétrica. Na transformação de resíduos orgânicos épossível obter biocombustíveis, como o biogás, o bioálcool e o biodiesel.

A formação de biomassa a partir de energia solar é realizada peloprocesso denominado fotossíntese, pelas plantas que. Através dafotossíntese, as plantas que contêm clorofila transformam o dióxido de

carbono e a água em materiais orgânicos com alto teor energético que, por sua vez, servem de alimento para os outros seres vivos. A biomassaatravés destes processos armazena a curto prazo a energia solar sob aforma de hidratos de carbono. A energia armazenada no processofotossintético pode ser posteriormente transformada em calor, liberandonovamente o dióxido de carbono e a água armazenados. Esse calor podeser usado para mover motores ou esquentar água para gerar vapor e mover uma turbina, gerando energia elétrica.

Energia solar 

A energia solar é aquela energia obtida pela luz do Sol, pode ser captada com painéis solares. A radiação solar trazida para a Terra levaenergia equivalente a vários milhares de vezes a quantidade de energiaconsumida pela humanidade.

Através de coletores solares, a energia solar pode ser transformadaem energia térmica, e usando painéis fotovoltaicos a energia luminosa podeser convertida em energia elétrica. Ambos os processos não têm nada a ver uns com os outros em termos de sua tecnologia. As centrais térmicas

solares utilizam energia solar térmica a partir de coletores solares paragerar eletricidade.

Há dois componentes na radiação solar: radiação direta e radiaçãodifusa. A radiação direta é a que vem diretamente do Sol, sem reflexões ourefrações intermediárias. A difusa, é emitida pelo céu durante o dia, graçasaos muitos fenômenos de reflexão e refração da atmosfera solar,nas nuvens, e nos restantes elementos da atmosfera terrestre.A radiação refletida direta pode ser concentrada e utilizada. No entanto,tanto a radiação direta quanto a radiação difusa são utilizáveis.

É possível diferenciar entre receptores ativos e passivos, em que osprimeiros utilizam mecanismos para orientar o sistema receptor rumo ao sol(chamado seguidor) para melhor atrair a radiação direta.

Uma grande vantagem da energia solar é que ela permite a geração deenergia, no mesmo local de consumo, através da integração da arquitetura.Assim, pode ser levada a sistemas de geração distribuída, quaseeliminando completamente as perdas ligadas aos transportes, querepresentam cerca de 40% do total. Porém essa fonte de energia tem oinconveniente de não poder ser usada à noite, a menos que setenham baterias.

Energia eólica

A energia eólica é uma das fontes mais amigáveis de energiarenovável para o meio ambiente.

A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, atravésda utilização da energia cinética gerada pelas correntes atmosféricas.

O vento vem da palavra latina aeolicus, relativa à Eolo, deus dosventos na mitologia grega. A energia eólica tem sido utilizado desdea Antiguidade para mover os barcos movidos por velas ou operação deoutras máquinas. É uma espécie de energia verde. Essa energia tambémvem do Sol, que aquece a superfície da Terra de forma não homogênea,gerando locais de baixa pressão e locais de alta pressão, fazendo com queo ar se mova gerando ventos.

Energia geotérmica

A energia geotérmica é a energia do interior da Terra. A geotermiaconsiste no aproveitamento de águas quentes e vapores para a produçãode eletricidade e calor. Exemplo: central geotérmica da RibeiraGrande (Açores).

Parte do calor interno da Terra (5.000 °C) chega à crosta terrestre. Emalgumas áreas do planeta, próximas à superfície, as águas subterrâneaspodem atingir temperaturas de ebulição, e, dessa forma, servir paraimpulsionar turbinas para eletricidade ou aquecimento. A energiageotérmica é aquela que pode ser obtida pelo homem através do calor dentro da terra. O calor dentro da terra ocorre devido a vários fatores, entreeles o gradiente geotérmico e o calor radiogênico. Geotérmica provém dogrego geo, "Terra" e Thermo, "calor", literalmente "calor da Terra".

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 44

Energia maremotriz

Central elétrica maremotriz no estuário do Rio Rance,ao noroeste da França.

A energia dos mares é a energia que se obtém a partir do movimentodas ondas, a das marés ou da diferença de temperatura entre os níveis daágua do mar. Ocorre devido à força gravitacional entre a Lua, a Terra eo Sol, que causam as marés, ou seja, a diferença de altura média dosmares de acordo com a posição relativa entre estes três astros. Estadiferença de altura pode ser explorada em locais estratégicos comoos golfos, baías e estuários que utilizam turbinas hidráulicas na circulaçãonatural da água, junto com os mecanismos de canalização e de depósito,para avançar sobre um eixo. Através da sua ligação a um alternador, osistema pode ser usado para a geração de eletricidade, transformando,assim, a energia das marés, em energia elétrica, uma energia mais útil eaproveitável.

A energia das marés têm a qualidade de ser renovável, como fonte deenergia primária não está esgotada pela sua exploração e, é limpa, uma

vez que, na transformação de energia não produz poluentes derivados nafase operacional. No entanto, a relação entre a quantidade de energia quepode ser obtida com os atuais meios econômicos e os custos e o impactoambiental da instalação de dispositivos para o seu processo impediramuma notável proliferação deste tipo de energia.

Outras formas de extrair energia a partir da energia das ondasoceânicas são, a energia produzida pelo movimento das ondas do oceanoe de energia devido ao gradiente térmico, que faz uma diferença detemperatura entre as águas superficiais e profundas do oceano.

Energia do hidrogênio

A energia do hidrogênio é a energia que se obtém da combinação dohidrogênio com o oxigênio produzindo vapor de água e libertando energia

que é convertida em eletricidade. Existem alguns veículos que são movidosa hidrogênio.

Embora não seja uma fonte primária de energia, o hidrogênio seconstitui em uma forma conveniente e flexível de transporte e uso final deenergia, pois pode ser obtido de diversas fontes energéticas (petróleo, gásnatural, eletricidade, energia solar) e sua combustão não é poluente (éproduto da combustão da água), além de ser uma fonte de energia barata.O uso do hidrogênio como combustível está avançando mais rapidamente,havendo vários protótipos de carros nos países desenvolvidos que sãomovidos a hidrogênio, que gera eletricidade, e descarregam como já dito,água em seus escapamentos. Calcula-se que já na próxima décadaexistirão modelos comerciais de automóveis elétricos cujo combustível seráo hidrogênio líquido. porém devemos lembrar que o hidrogênio não é umafonte de energia, ele funciona como uma bateria que armazena a energia e

libera quando necessário na forma de calor. Para carregar essa bateria,como foi dito anteriormente, precisamos de fontes reais de energia como asque foram mencionadas nesse artigo.

Vantagens e desvantagens

Energias ecológicas

A primeira vantagem de certa quantidade de recursos energéticosrenováveis é que não produzem emissões de gases de efeito estufa nemoutras emissões, ao contrário do que acontece com os combustíveis, sejamfósseis ou renováveis. Algumas fontes não emitem dióxido de carbonoadicional, exceto aqueles necessários para a construção e operação, e nãoapresenta quaisquer riscos adicionais, tais como a ameaça nuclear.

No entanto, alguns sistemas de energias renováveis geram problemasecológicos particulares. Assim, as primeiras turbinas eólicas estavamperigosas para as aves, como as suas lâminas giravam muito rapidamente,enquanto as hidroeléctricas podem criar barreiras à migração de certospeixes, um problema grave em muitos rios do mundo (nos rios na regiãonoroeste da América do Norte que desembocam para o Oceano Pacífico, apopulação de salmão diminuiu drasticamente).

Natureza difusa

Bateria de painéis solares.

Um problema inerente à energia renovável é o seu caráter difuso, comexceção da energia geotérmica, que, no entanto, só está disponível quandoa crosta é fina, como as fontes quentes e gêiseres.

Uma vez que algumas das fontes de energia renováveis proporcionamuma energia de uma relativamente baixa intensidade, distribuídas emgrandes áreas, são necessários novos tipos de "centrais" para transformá-los em fontes utilizáveis. Para 1.000kWh de eletricidade, consumo anualper capita nos países ocidentais, o proprietário de uma casa localizada emuma zona nublada da Europa tem de instalar oito metros quadrados depainéis fotovoltaicos (supondo um rendimento médio de 12,5% da energia).

No entanto, com quatro metros quadrados de coletores solares

térmicos, um lar pode chegar muito da energia necessária para a águaquente sanitária, porém, devido ao aproveitamento da simultaneidade, osprédios de apartamentos podem alcançar o mesmo retorno com menor superfície de coletores e, sobretudo, com muito menor investimento por agregado familiar.

Irregularidade

A produção de energia elétrica exige uma permanente fonte de energiaconfiável ou suporte de armazenamento (bomba hidráulica paraarmazenamento, baterias, futuras pilhas de hidrogênio, etc). Assim, devidoao elevado custo do armazenamento de energia, um pequeno sistemaautônomo é raramente econômico, exceto em situações isoladas, quando aligação à rede de energia implica custos mais elevados.

Fontes renováveis poluentes

Em termos de biomassa, é certo que armazena um ativo de dióxido decarbono, formando a sua massa com ele e liberando o oxigênio de novo,enquanto para queimar novamente, combinam-se o carbono como oxigênio para formar o dióxido de carbono novamente. Teoricamente ociclo fechado não teria emissões de dióxido de carbono, apesar das

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emissões serem o produto de combustão fixo na nova biomassa. Naprática, é empregada a energia poluente no plantio, na colheita e natransformação, pelo que o saldo é negativo. Porém o saldo de energias nãorenováveis é muitas vezes mais negativo.

Além disso, a biomassa não é verdadeiramente inesgotável, mesmosendo renovável. A sua utilização pode ser feita apenas em casoslimitados. Há dúvidas quanto à capacidade da agricultura para fornecer asquantidades de massa vegetal necessário, se esta fonte se popularizar, queestá se demonstrando pelo aumento de preços de grãos, devido à suautilização para a produção de biocombustíveis. Por outro lado, todos osbiocombustíveis produzidos produzem maior quantidade de dióxido decarbono por unidade de energia produzida ao equivalente fóssil. Mas essaemissão maior é absorvida na produção do biocombustível pelo processode fotossíntese.

A energia geotérmica é muito restrita, não só geograficamente, masalgumas das suas fontes são consideradas poluentes. Isso ocorre porque aextração de água subterrânea em altas temperaturas geradas pelo arrastar para a superfície de sais minerais indesejáveis e tóxicos.

Diversidade geográfica

A diversidade geográfica dos recursos é também significativa. Algunspaíses e regiões são significativamente melhores do que outros recursos,

nomeadamente no setor das energias renováveis. Alguns países têmrecursos significativos perto dos principais centros de habitação em que aprocura de eletricidade é importante. A utilização desses recursos emgrande escala requer, no entanto, investimentos consideráveis notratamento e redes de distribuição, bem como na casa de produção. Alémdisso, diferentes países têm diferentes potencialidades energéticas, estefator deve ser tido em conta no desenvolvimento das tecnologias a por emprática. Mas isso pode ser resolvido produzindo os biocombustíveis empaíses tropicais, com maior incidência de luz solar, e os levando para ospaíses menos providos de Sol. Dessa maneira o problema de transporte deenergia seria resolvido.

Administração das redes elétricas

Se a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis está

generalizada, os sistemas de distribuição e transformação não seriam tãograndes distribuidores de eletricidade, mas funcionariam localmente, a fimde equilibrar as necessidades das pequenas comunidades. Os quepossuem energia em excesso venderiam aos setores com déficit, quer dizer, o funcionamento da rede deverá passar de uma "gestão passiva",onde alguns produtores estão ligados e que o sistema é orientado paraobter eletricidade "descendente" para o consumidor, para a gestão "ativa",onde alguns produtores são distribuídos na rede que devem monitorar constantemente as entradas e saídas para assegurar o equilíbrio dosistema local. Isso iria exigir grandes mudanças na forma de gerir as redes.

No entanto, a pequena utilização de energias renováveis, o que muitasvezes podem ocorrer no local, reduz a necessidade de ter sistemas dedistribuição de eletricidade. Atuais sistemas, raramente e economicamenterentáveis, revelaram que uma família média que tem um sistema solar com

armazenamento de energia, e painéis de dimensão suficiente, só tem querecorrer a fontes externas de energia elétrica em algumas horas por semana. Portanto, aqueles que apóiam a energia renovável pensam que aeletricidade dos sistemas de distribuição deveriam ser menos importantes emais fáceis de controlar.

A Integração na paisagem

Uma desvantagem óbvia da energia renovável é o seu impacto visualsobre o meio ambiente local. Algumas pessoas odeiam a estética deturbinas eólicas e mencionam a conservação da natureza quando se faladas grandes instalações solares elétricas fora das grandes cidades. Noentanto, o mundo inteiro encontra charme à vista dos "antigos moinhos devento", que em seu tempo, eram amostras bem visíveis da tecnologiadisponível. No entanto a estética das turbinas eólicas está sendo revista

para não causar tanto impacto visual.Outros tentam utilizar estas tecnologias de forma eficaz e

esteticamente satisfatória: os painéis solares fixos podem duplicar asbarreiras anti-ruído ao longo das rodovias, há trechos disponíveis epoderiam então ser completamente substituídos por painéis solares, células

fotovoltaicas, de modo que podem ser empregados para pintar as janelas eproduzir energia, e assim por diante.

Contraponto

Nem sempre uma forma de energia renovável possui baixo impactoambiental. As grandes hidroelétricas acarretam em enorme impactoambiental e social, como é o caso por exemplo da Barragem das TrêsGargantas, que foi recentemente finalizada na China e que provocou odeslocamento de milhões de pessoas e a inundação de muitos quilômetros

quadrados de terras.Investimentos

Em 2009 a China aplicou US$ 34 bilhões na geração de energiasrenováveis. Com quase o dobro do investimento realizado pelos EUA, aChina passou a liderar o ranking de países que mais investem em energiasrenováveis no mundo. O Brasil apareceu em 5º lugar com R$ 13,2 bi.

Países capitalistas desenvolvidos, em desenvolvimento e nãodesenvolvidos; países socialistas; o terrorismo no mundoatual.

Capitalismo

O surgimento dos primeiros comerciantes e artesãos livres nas peque-

nas cidades medievais foi o germe de uma sociedade nova que, no decor-rer de alguns séculos, substituiria o sistema feudal. No capitalismo, asclasses não mais se relacionam pelo vínculo da servidão, mas pela posseou carência de meios de produção e pela contratação livre do trabalho.

Capitalismo é o sistema econômico que se caracteriza pela proprieda-de privada dos meios de produção -- máquinas, matérias-primas, instala-ções. Nesse sistema, a produção e a distribuição das riquezas são regidaspelo mercado, no qual, em tese, os preços são determinados pelo livre jogoda oferta e da procura. O capitalista, proprietário dos meios de produção,compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens que, apósserem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter umexcedente denominado lucro.

As duas condições essenciais que determinam o modo capitalista de

produção são: (1) a existência de capital, conjunto de recursos que seaplica na compra de meios de produção e força de trabalho e (2) existênciade trabalhadores livres, que vendam sua força de trabalho em troca desalário. Definem-se assim as duas classes sociais básicas: a dos capitalis-tas e a dos assalariados.

São chamados capitalistas os países cujo modo de produção dominan-te é o capitalista. Neles coexistem, no entanto, outros modos de produção eoutras classes sociais, além de capitalistas e assalariados, como artesãos epequenos agricultores. Nos países menos desenvolvidos, parte da ativida-de econômica assume formas pré-capitalistas, exemplificadas pelo regimeda meia ou da terça, pelo qual o proprietário de terras entrega a exploraçãodestas a parceiros em troca de uma parte da colheita.

Outros elementos que caracterizam o capitalismo são a acumulação

permanente de capital; a distribuição desigual da riqueza; o papel essencialdesempenhado pelo dinheiro e pelos mercados financeiros; a concorrência,embora modificada pela concentração monopolística; a inovação tecnológi-ca ininterrupta e, nas fases mais avançadas de evolução do sistema, osurgimento e expansão das grandes empresas multinacionais. A divisãotécnica do trabalho, ou seja, a especialização do trabalhador em tarefascada vez mais segmentadas no processo produtivo, é também uma carac-terística importante do modo capitalista de produção, uma vez que propor-ciona aumento de produtividade. Esse aspecto inexiste na produção arte-sanal, em que o trabalhador participa da produção de um bem do início aofim do processo produtivo.

Origens do capitalismo. Denominado também economia de mercado oude livre empresa, o capitalismo deve ser entendido, sobretudo, como modode produção. Assim, a circulação de mercadorias e de dinheiro não basta

para caracterizá-lo: sua origem não se confunde com o início do comércioem larga escala. A classe mercantil afirmou-se na fase de decadência domodo de produção feudal, mas o capitalismo só floresceu quando o modode produção que o caracteriza tornou-se dominante. Assim, não se podefalar em capitalismo na antiguidade ou na Idade Média, nem em cidades

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como Gênova, Veneza ou Pisa, que se desenvolveram em função docomércio.

A expansão comercial foi, no entanto, o fator que permitiu a eclosãoposterior do capitalismo. O crescimento das cidades, a abertura de novasrotas marítimas, o contato com novos centros populacionais do Oriente, adescoberta de metais preciosos no Novo Mundo e a ampliação do comércioentre as cidades européias provocaram o aumento da demanda além dacapacidade de produção artesanal. Criaram-se desse modo as condiçõespara o surgimento da produção industrial.

A expansão do capitalismo comercial, ocorrida entre os séculos XIII eXVIII, promoveu a difusão das idéias mercantilistas, que advogavam aintervenção do estado para promover a prosperidade e o fortalecimento dasnações. Como a acumulação de riquezas dependia da exploração e comer-cialização do ouro e da prata, os países lançaram-se à conquista de novasterras e à ampliação dos mercados. Dessa forma, o espírito do mercantilis-mo estimulou os sentimentos nacionalistas, provocou o florescimento docomércio e, em conseqüência, criou as condições para a aparição do modode produção capitalista.

As riquezas acumuladas durante o período mercantilista, que eramempregadas na compra de produtos manufaturados por artesãos indepen-dentes, para revenda, ou em empréstimos a juros, passaram a ser usadaspara contratar força de trabalho e compra de meios de produção. Deixaram

assim de funcionar como capital comercial e capital usurário para assumir aforma de capital industrial.

Evolução histórica. A primeira fase de expansão do capitalismo con-funde-se com a revolução industrial, cujo berço foi a Inglaterra, de onde seestendeu aos países da Europa ocidental e, posteriormente, aos EstadosUnidos. A evolução do capitalismo industrial foi, em grande parte, conse-qüência do desenvolvimento tecnológico. Por imposição do mercado con-sumidor, os setores de fiação e tecelagem foram os primeiros a usufruir dosbenefícios do avanço tecnológico. A indústria manufatureira evoluiu para aprodução mecanizada, possibilitando a constituição de grandes empresas,nas quais se implantou o processo de divisão técnica do trabalho e a espe-cialização da mão-de-obra.

Ao mesmo tempo em que se desencadeava o surto industrial, construí-

ram-se as primeiras estradas de ferro, introduziu-se a navegação a vapor,inventou-se o telégrafo e implantaram-se novos progressos na agricultura.Sucederam-se as conquistas tecnológicas: o ferro foi substituído pelo açona fabricação de diversos produtos e passaram a ser empregadas as ligasmetálicas; descobriu-se a eletricidade e o petróleo; foram inventadas asmáquinas automáticas; melhoraram os sistemas de transportes e comuni-cações; surgiu a indústria química; foram introduzidos novos métodos deorganização do trabalho e de administração de empresas e aperfeiçoaram-se a técnica contábil, o uso da moeda e do crédito.

Na Inglaterra, Adam Smith e seus seguidores desenvolveram sua teo-ria liberal sobre o capitalismo. Na França, após a revolução de 1789 e asguerras napoleônicas, passou a predominar a ideologia do laissez-faire, oudo liberalismo econômico, que tinha por fundamentos o livre comércio, aabolição de restrições ao comércio internacional, o livre-câmbio, o padrão-

ouro e o equilíbrio orçamentário. O liberalismo se assentava no princípio dalivre iniciativa, baseado no pressuposto de que a não regulamentação dasatividades individuais no campo socioeconômico produziria os melhoresresultados na busca do progresso.

Em pouco tempo, no entanto, o liberalismo econômico mostrou suasprimeiras imperfeições: as poderosas organizações econômicas que seinstalaram passaram a enfrentar dificuldades para comercializar seusprodutos, já que os mercados consumidores não cresciam na mesmaproporção que a capacidade produtiva da indústria. A concorrência, por suavez, levou ao aniquilamento das pequenas empresas e à concentraçãoindustrial em trustes e cartéis, que evoluíram para o monopólio.

Os países industrializados lançaram-se então à conquista de mercadosexternos, apoiados, muitas vezes, numa política de duas faces: a defesa do

livre comércio, válido para as colônias e países importadores de produtosindustrializados, e o protecionismo, destinado a defender os produtosnacionais da concorrência do competidor externo.

A repartição da África e a divisão do mundo inteiro em esferas de influ-ência dos diferentes países industrializados completaram o quadro daexpansão do capitalismo, na fase denominada imperialismo.

Capitalismo no século XX. A partir da primeira guerra mundial, o qua-dro do capitalismo mundial sofreu importantes alterações: o mercado inter-nacional restringiu-se; a concorrência americana derrotou a posição dasorganizações econômicas européias e impôs sua hegemonia inclusive nosetor bancário; o padrão-ouro foi abandonado em favor de moedas corren-tes nacionais, notadamente o dólar americano, e o movimento anticolonia-lista recrudesceu.

Os Estados Unidos, depois de liderarem a economia capitalista mundialaté 1929, foram sacudidos por violenta depressão econômica que abaloutoda sua estrutura e também a fé na infalibilidade do sistema. A política doliberalismo foi então substituída pelo New Deal: a intervenção do estado foiimplantada em muitos setores da atividade econômica, o ideal do equilíbrioorçamentário deu lugar ao princípio do déficit planejado e adotaram-se aprevidência e a assistência sociais para atenuar os efeitos das crises. Aprogressiva intervenção do estado na economia caracterizou o desenvolvi-mento capitalista a partir da segunda guerra mundial. Assim, foram criadasempresas estatais, implantadas medidas de protecionismo ou restrição naeconomia interna e no comércio exterior e aumentada a participação dosetor público no consumo e nos investimentos nacionais.

A maior parte das antigas colônias tornou-se independente, modifican-do substancialmente a relação de subordinação econômica às metrópoles.Em muitos setores, a concentração de empresas passou a ser dominante,formando poderosos complexos empresariais, dentro e fora das fronteirasdos países de origem. Surgiram as empresas multinacionais, com participa-ção societária de pessoas ou organizações domiciliadas em diferentespaíses.

A implantação do modo socialista de produção, a partir de 1917, emum conjunto de países que chegou a abrigar um terço da população daTerra, representou um grande desafio para o sistema de ecocomia demercado. As grandes nações capitalistas, antes empenhadas em disputasde redivisão do mundo entre si, passaram a ver como inimigo comum obloco socialista, ampliado a partir da segunda guerra mundial com a instau-ração de regimes comunistas nos países do leste europeu e com a revolu-ção chinesa. Grande parte dos recursos produtivos foi investida na indústriabélica e na exploração do espaço com fins militares. Essa situação perdu-rou até a desagregação da União Soviética, em 1991, e o início da marchaem direção à economia de mercado em países como a China.

Além da grande depressão da década de 1930, o capitalismo do séculoXX passou a manifestar crises que se repetem a intervalos. O período queas separa torna-se progressivamente mais curto. O desemprego, as crisesnos balanços de pagamentos, a inflação, a instabilidade do sistema mone-tário internacional e o aguçamento da concorrência entre os grandes com-petidores caracterizam as chamadas crises cíclicas do sistema capitalista.

Crítica do capitalismo. A mais rigorosa análise do capitalismo foi feitapor Karl Marx, o ideólogo alemão que propôs a alternativa socialista aosistema. Segundo o marxismo, o capitalismo encerra uma contradição

fundamental entre o caráter social da produção e o caráter privado daapropriação, que conduz a um antagonismo irredutível entre as duas clas-ses principais da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado.

O caráter social da produção se expressa pela divisão técnica do traba-lho, organização metódica existente no interior de cada empresa, queimpõe aos trabalhadores uma atuação solidária e coordenada. Apesar dessas características da produção, os meios de produção constituempropriedade privada do capitalista. O produto do trabalho social, portanto,se incorpora a essa propriedade privada. Segundo o marxismo, o que criavalor é a parte do capital investida em força de trabalho, isto é, o capitalvariável. A diferença entre o capital investido na produção e o valor devenda dos produtos, a mais-valia, apropriada pelo capitalista, não é outracoisa além de valor criado pelo trabalho.

A essa contradição fundamental se acrescentam outras, como o cará-ter anárquico da produção. O dono dos meios de produção é livre paraempregar seu capital no setor produtivo que mais lhe convier. Assim, aprodução não atende às necessidades sociais, mas ao interesse do capita-lista em auferir o maior lucro. As crises de superprodução do sistema, em

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 47

que uma grande quantidade de produtos não encontra compradores nomercado, ilustram a anarquia da produção.

O sistema capitalista tampouco garante meios de subsistência a todosos membros da sociedade. Pelo contrário, é condição do sistema a existên-cia de uma massa de trabalhadores desempregados, que Marx chamou deexército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria disponi-bilidade, as reivindicações operárias. O conceito de exército industrial dereserva derruba, segundo os marxistas, os mitos liberais da liberdade detrabalho e do ideal do pleno emprego.

A fase imperialista do capitalismo foi descrita por teóricos posteriores aMarx, principalmente por Lenin. Sua característica mais importante para asobrevivência do capitalismo nas metrópoles é a exportação das contradi-ções inerentes ao sistema para a periferia subdesenvolvida, onde os capi-tais estrangeiros encontram mão-de-obra abundante e barata, níveis desindicalização e organização operárias incipientes, facilidades fiscais econivência de governos de força pró-imperialistas, além de mercado paraprodutos obsoletos.

Depois de setenta anos de vigência, em que enfrentaram guerras nadisputa de áreas estratégicas de influência e dificuldades internas decorren-tes, principalmente, da instalação de burocracias autoritárias no poder, osregimes socialistas não tinham conseguido estabelecer a sociedade justa ede bem-estar que pretendiam seus primeiros ideólogos. A União Soviética,

maior potência militar do planeta, exauriu seus recursos na corrida arma-mentista, mergulhou num irrecuperável atraso tecnológico e finalmente sedissolveu, na última década do século XX. A Iugoslávia socialista se frag-mentou em sangrentas lutas étnicas e a China abriu-se, cautelosa e pro-gressivamente, para a economia de mercado.

O capitalismo, no entanto, apesar do caráter efêmero que para ele pre-viam seus críticos, mostrou uma notável capacidade de adaptação a novascircunstâncias, fossem elas decorrentes do progresso tecnológico, daexistência de modelos econômicos alternativos ou da crescente complexi-dade das relações internacionais. A progressiva ingerência de organismosde planejamento e ajuste, como a união econômica e política da Europaensaiada no final do século XX, não conseguiu, no entanto, integrar aoquadro do desenvolvimento econômico a maior parte dos países da África,da Ásia e da América Latina.

Desenvolvimento econômico

A melhoria das condições de vida do homem e o progresso das naçõessempre foram uma preocupação constante da humanidade. Todavia, sórecentemente o estudo sistemático do desenvolvimento econômico seimpôs como tema central da ciência econômica.

Para o economista francês François Perroux, "desenvolvimento é acombinação das mudanças mentais e sociais que tornam uma populaçãoapta a fazer crescer, cumulativa e duradouramente, seu produto real eglobal". O desenvolvimento econômico de uma nação é o processo - ou oresultado - de transformações inter-relacionadas com variações no campopolítico, mediante o qual se consegue produzir maior quantidade de bens eserviços destinados a satisfazer as crescentes e diversificadas necessida-

des humanas. Vem acompanhado, basicamente, de contínuas mudançasde ordem quantitativa e qualitativa no contexto social, político e econômicode uma nação.

Os autores divergem no que diz respeito aos critérios que permitemavaliar o desenvolvimento, que podem ser: (1) industrialização ou produçãoindustrial; (2) estrutura ocupacional, ou seja, distribuição da mão-de-obrapelos diversos ramos da atividade econômica; (3) renda nacional per capi-ta; (4) urbanização. Tais critérios resultam da análise de países considera-dos desenvolvidos, onde o fator principal que deflagra o processo de de-senvolvimento é a industrialização, que consiste na aplicação da ciência eda técnica de base científica ao processo produtivo. Os demais índicesrevelam fenômenos que, a rigor, não passam de conseqüências do proces-so de industrialização.

Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Foi somente a partir do sécu-lo XVIII que alguns povos alcançaram um nível de vida mais elevado e, por isso, passaram a ser considerados desenvolvidos. Antes, só na Gréciaantiga, no Império Romano e em Veneza registraram-se exemplos decomunidades que desfrutavam níveis de renda relativamente altos. A

riqueza, porém, limitava-se a certas categorias sociais privilegiadas, pois amaioria da população vivia na miséria.

Nos tempos modernos, o desenvolvimento econômico passou a favo-recer maior número de pessoas, mas a desigualdade persiste como umaconstante na vida dos povos. Os benefícios do progresso restringiram-se àspoucas nações desenvolvidas, entre as quais se incluíam, no fim do séculoXX, Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Israel, Japão, NovaZelândia e os países da Europa ocidental. Os países subdesenvolvidos, por sua vez, abrigavam cerca de setenta por cento da população mundial,cabendo-lhes menos de 25% da renda total.

Consideram-se desenvolvidos aqueles países que conheceram a revo-lução industrial e cuja riqueza se manifesta na diversidade de bens materi-ais e realizações tecnológicas. Por esse motivo, também se costuma identi-ficá-los como países industrializados. Os países que não atingiram essenível são chamados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

Na década de 1960, as Nações Unidas adotaram 12 indicadores eco-nômicos e sociais para aferir o nível de desenvolvimento dos diferentespaíses. Além da renda média anual per capita, os indicadores incluíamconsumo de energia elétrica per capita, prognóstico médio de vida, taxa demortalidade infantil, número de médicos por habitante, nível de urbaniza-ção, percentagem da renda nacional proveniente da agricultura, e outrosassociados à alimentação, educação e força de trabalho. Em 1990, numa

nova abordagem do conceito, a ONU passou a divulgar o índice anual dedesenvolvimento humano, que mede o bem-estar dos povos medianteindicadores combinados de poder real de compra, educação e saúde.

Desenvolvimento e crescimento econômico. Os teóricos distinguemdesenvolvimento de crescimento econômico. O primeiro constitui um pro-cesso de mudanças qualitativas na estrutura da economia que conduzem àmelhoria do bem-estar das populações, enquanto o segundo tem conota-ção apenas quantitativa, traduzindo-se por uma expansão global da produ-ção de bens e serviços à disposição de uma comunidade, sem reflexossensíveis na distribuição de renda. Na inter-relação desses conceitos,pode-se dizer que o desenvolvimento econômico engloba e sustém ocrescimento econômico.

Embora muito empregada em análises econômicas de curto prazo, na

teoria econômica a expressão "crescimento econômico" refere-se geral-mente ao aumento da riqueza em um período mais longo. No sentidoestrito, segundo o economista francês François Perroux, crescimentoeconômico de uma nação é o aumento sustentado, durante um ou váriosperíodos longos, do produto nacional bruto em termos reais - e não, comodefendem alguns, o aumento da renda per capita.

Fatores condicionantes do crescimento econômico. As condições quedeterminam o crescimento econômico podem ser divididas em internas eexternas. Entre as externas, a mais importante é o nível da atividade eco-nômica mundial, já que é ela que determina o nível do comércio internacio-nal, do qual depende uma parcela significativa da renda de muitos países,advinda das exportações.

As condições internas são a qualidade, variedade e quantidade de re-

cursos naturais - minerais, combustíveis, fertilidade da terra, clima apropri-ado etc. Nas primeiras fases do desenvolvimento, considera-se que essesrecursos exercem influência decisiva na taxa de crescimento econômico.Muito importante também é a qualidade da força de trabalho humano, quedepende do nível de educação já atingido pela nação, da saúde pública eda eficiência da organização política, social e econômica. Estreitamenterelacionados com esses recursos estão o volume e a utilização de capital eo nível de desenvolvimento tecnológico. Outro aspecto importante é aestabilidade política, que atrai investimentos internos e de outros países.

O crescimento econômico é dimensionado apenas pela elevação darenda e nem sempre significa desenvolvimento. Os países do OrienteMédio, por exemplo, por serem grandes produtores de petróleo, apresen-tam altos índices de renda, que não mostram o processo real de desenvol-vimento pois, concentrada nas mãos de poucas famílias, ela não é reinves-

tida em empreendimentos, como indústrias de base, capazes de deflagrar um real processo de desenvolvimento na região. Nos países desenvolvidos,o índice de renda revela os níveis reais de desenvolvimento.

Teorias do desenvolvimento. No que tange ao desenvolvimento eco-nômico, as formulações teóricas dos economistas clássicos conduziam em

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geral a uma conclusão pessimista quanto às possibilidades de progressoconstante e extensivo a toda a humanidade. Ao afirmar que o trabalho eraorigem de todo o valor, admitiram que a quantidade de trabalho está limita-da ao montante de capital acumulado. O limite da divisão do trabalho, por sua vez, estava na extensão do mercado. Em matéria de desenvolvimentoeconômico, o pensamento clássico balizava-se por duas leis fundamentais:a "lei dos rendimentos decrescentes" e a "lei do crescimento demográfico",ambas se antepondo à idéia de progresso contínuo dos povos.

A teoria clássica do desenvolvimento econômico não se revelou apro-priada para analisar as causas mais complexas do crescimento econômicodas nações adiantadas. O progresso tecnológico e a ampliação do mercadoneutralizaram as conseqüências da lei dos rendimentos decrescentes, e ateoria malthusiana do crescimento da população não se mostrou válida nospaíses desenvolvidos. Até meados do século XX, os níveis de renda per capita nos países desenvolvidos estavam muito acima do que se poderiaadmitir como o mínimo de subsistência, e continuavam subindo em ritmoacelerado. Enquanto isso, a taxa de natalidade declinava, contrabalançan-do os efeitos positivos do progresso - queda da taxa de mortalidade infantile aumento da expectativa de vida média - e atuando como obstáculo a umexcessivo incremento da população.

Embora a concepção pessimista dos clássicos sobre o desenvolvimen-to econômico tenha sido negada pela história, a verdade é que, por motivos

diversos, muitos povos se encontram no nível mínimo de subsistência, aolado da opulência numa minoria de países. Diante da verdade histórica deque o desenvolvimento econômico tem sido uma exceção, porque limitadoa uma minoria de países, alguns economistas modernos levantaram a tesedo "círculo vicioso da pobreza": por disporem de renda muito baixa, ospaíses pobres não tinham capital para investir e, por não poderem fazer investimentos, não tinham como aumentar sua renda.

Desenvolvimento econômico e teoria marxista. Os postulados da eco-nomia clássica foram contraditados por Karl Marx, para quem a sociedadehumana tem passado por distintas etapas de organização econômica, emque as relações de produção assumiram características bem definidas(comunismo primitivo, escravidão, feudalismo e capitalismo). Se a socieda-de tem caminhado para formas sempre mais elevadas de organizaçãosocial, não há por que se acreditar, na opinião de Marx, que o capitalismo

constitua o último estádio de evolução da sociedade.Marx afirma que a acumulação de capital, condição inerente ao siste-

ma, provocaria no futuro as crises de superprodução por insuficiência doconsumo. Essa é uma das leis mais importantes do desenvolvimento capi-talista, a qual é ao mesmo tempo conseqüência e condição desse desen-volvimento. As contradições do sistema se agravam com a ampliação dodesenvolvimento capitalista, que é levado a evoluir para formas mais radi-cais de organização.

Outros autores marxistas ampliaram as idéias de Marx, explicando queo sistema de desenvolvimento capitalista conseguiu evoluir para etapasmais adiantadas, atingindo a fase do imperialismo econômico. Para osadeptos de Marx, o chamado imperialismo econômico constitui a etapamais avançada e mais radical do capitalismo e, por isso mesmo, seu ponto

culminante. Segundo eles, o imperialismo econômico condiciona o desen-volvimento de alguns países ao subdesenvolvimento de outros, ao mesmotempo que estabelece uma profunda desigualdade de renda entre as pes-soas.

Neoclássicos. Segundo o pensamento dos autores neoclássicos (AlfredMarshall, Gustav Cassel e outros), menos pessimista que o dos predeces-sores, o desenvolvimento econômico resulta da acumulação de capital que,por sua vez, é função das taxas de lucro e de juros. Como em todo o siste-ma econômico descrito pelos mesmos autores, o princípio da oferta eprocura regula o mercado de capital. Em todos os mercados, o princípio daoferta e procura conduz ao equilíbrio, e por isso os neoclássicos concluemque o equilíbrio se estenderia ao sistema econômico como um todo.

Repercussões da grande depressão nas teorias do desenvolvimentoeconômico. Nas teorias clássicas e neoclássicas, dá-se por afastada apossibilidade de ocorrência de desemprego maciço a longo prazo, quepudesse ocasionar profunda crise na economia. Os autores neoclássicosadmitiam breves períodos de desemprego e de crise, que seriam absorvi-dos pelo sistema, restabelecendo-se prontamente o equilíbrio econômico.

Os fatos encarregaram-se, porém, de negar validez ao otimismo neoclássi-co.

A grande depressão da década de 1930, que irrompeu nos Estados U-nidos, se estendeu por todo o mundo capitalista e se prolongou por quaseuma década, fez desaparecer a confiança num processo de desenvolvi-mento estável a longo prazo e ressurgir a preocupação pela estagnaçãoeconômica como ameaça do futuro. As críticas de Marx readquiriam valida-de para muitos estudiosos. Finalmente, John Maynard Keynes introduziuuma nova teoria do emprego (e do desenvolvimento da economia), que deunovo impulso à teoria econômica.

Desenvolvimento econômico segundo Keynes. Embora tenha dirigidosua preocupação fundamental para o problema do desemprego, Keynesnão deixou de tratar da teoria do desenvolvimento econômico, pois identifi-cava o aumento do emprego com o crescimento da renda global. No mode-lo keynesiano, as variáveis independentes são, em primeiro lugar, a pro-pensão a consumir, a escala da eficiência marginal do capital e a taxa de

 juros. As variáveis dependentes são o volume do emprego e a renda nacio-nal, medidos em unidade de salários.

Para Keynes, a continuidade do processo de desenvolvimento econô-mico depende de uma correta política do estado, que deve selecionar emanter sob controle algumas variáveis e até mesmo aumentar o gastopúblico em períodos de desemprego. Embora tenha dirigido suas análises

às economias dos países desenvolvidos, as conclusões e recomendaçõesde Keynes encontraram grande acolhida nos países subdesenvolvidos,cujos governos passaram a atuar mais diretamente no processo do desen-volvimento econômico nacional.

Contribuições recentes. A partir da segunda guerra mundial, cresceuextraordinariamente o interesse pelo problema do desenvolvimento daeconomia, que deixou de ser assunto de interesse somente para especialis-tas. Alguns economistas procuraram adaptar as teorias do desenvolvimentoàs condições dos países subdesenvolvidos, ao passo que outros trouxeramnovas contribuições para uma melhor compreensão dos processos dodesenvolvimento econômico. A introdução dos métodos da contabilidadenacional facilitou o conhecimento de diversas relações e inter-relaçõescausais no sistema econômico, contribuindo para que o complexo problemado desenvolvimento fosse melhor compreendido.

Não se chegou ainda a formular uma teoria de desenvolvimento am-plamente aceitável, dentro das características da economia de mercado. Aonível dos conhecimentos atuais, pode-se dizer que o êxito da política depromoção do desenvolvimento dependerá de como a sociedade possarealizar, ao mesmo tempo, os seguintes objetivos: (1) combinar os fatoresdisponíveis - trabalho, meios de produção e recursos naturais - de forma aobter uma produtividade sempre crescente; (2) mobilizar as potencialidadesde poupança da comunidade para aplicá-las na melhoria das condições deprodutividade dos fatores indicados; (3) inter-relacionar essas variáveis coma função da demanda (a propensão a consumir do modelo keynesiano)com a qual se associa, por outro lado, o problema da distribuição da renda.

Condições essenciais e obstáculos para o desenvolvimento. Para pro-mover o desenvolvimento econômico, um sistema precisa encontrar meios

de mobilizar parte da renda global, para destiná-la ao financiamento denovos investimentos. Também é necessário um aumento da produçãonacional, que resulta maior e mais eficiente utilização dos fatores da produ-ção. Por ser o desenvolvimento econômico todo um processo de transfor-mações e mudanças sociais, podem surgir obstáculos na busca desseobjetivo.

O processo do desenvolvimento econômico faz-se acompanhar de alte-rações qualitativas e quantitativas em todos os fatores que concorrem paraa produção - população, instrumentos de produção, recursos tecnológicos,estoque de conhecimentos e organização produtiva. Está, igualmente,condicionado pelo grau de compatibilidade entre as formas de utilizaçãodos fatores de produção e as relações que se estabelecerem no convíviosocial. Tais relações modificam-se no curso do desenvolvimento, mas oprocesso dessas transformações pode ser obstruído por costumes arraiga-dos, hábitos e privilégios consagrados.

A oposição ao desenvolvimento será tanto mais acirrada quanto maisdepender de mudanças que afetem as instituições, contrariem situações ouprejudiquem interesses de pessoas ou grupos. Não é raro surgir um conflito

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insanável entre os que aspiram a maior progresso e os que se apegam àdefesa dos costumes, relações sociais ou formas institucionais que lhesasseguram situação de privilégio. Em suma, o desenvolvimento é todo umprocesso, nem sempre tranqüilo, de transformações e mudanças, tanto naordem econômica como na estrutura social, cuja intensidade poderá variar conforme o estádio de evolução social e segundo o grau de compatibilidadeentre a potencialidade da economia e as relações sociais existentes.

Três modelos de dificuldades. O economista americano John K. Gal-braith definiu três modelos de países em desenvolvimento de acordo comsuas dificuldades específicas. Esses modelos, considerados clássicos, sãoo africano do sul do Saara, o hispano-americano e o do Sudeste Asiático.

O principal obstáculo no modelo subsaariano reside na base culturalinsuficiente da sociedade. O índice de analfabetismo é muito elevado, eapenas um número muito reduzido de habitantes possui curso superior.Esses países vivem a ameaça do ressurgimento do tribalismo e do des-membramento político. No modelo hispano-americano, o sistema cultural ésuficientemente desenvolvido para permitir a formação de uma classeinstruída, que possa prover o pessoal necessário para impulsionar o de-senvolvimento. O obstáculo reside na estrutura social e na distribuiçãodesigual da riqueza. No modelo do Sudeste Asiático, a base cultural éampla. O principal obstáculo ao desenvolvimento é o desequilíbrio entre ocrescimento demográfico e o econômico.

Subdesenvolvimento econômico

O mundo pós-revolução industrial encontrou-se dividido em dois seto-res opostos, que a boa intenção dos utopistas não conseguiu jamais apro-ximar: de um lado o extremo da opulência, fundado na mais requintadatecnologia; de outro a pobreza absoluta, decorrente de atividades econômi-cas primitivas, insuficientes para suprir mesmo as necessidades básicas dapopulação.

Subdesenvolvimento econômico é o estado crônico de inferioridade re-lativa em que se encontram alguns países, se comparados ao modelo dasnações industrializadas. A América Latina, a África e a Ásia são continentesintegrados principalmente por países subdesenvolvidos. O quadro econô-mico-social que caracteriza o subdesenvolvimento inclui, principalmente,produção centrada em poucos produtos primários destinados à exportação,

alta concentração da riqueza e da propriedade rural, baixa renda per capita,altas taxas de desemprego e subemprego, baixo nível de consumo e altosíndices de mortalidade e natalidade.

Um sistema internacional de relações econômicas, financeiras, políti-cas e culturais perpetua e reproduz as diferenças entre países desenvolvi-dos e subdesenvolvidos. Os países de passado colonial recente e os queiniciaram com atraso o processo de industrialização acabaram relegados àperiferia do capitalismo, conformando o que se convencionou chamar terceiro mundo. Estabeleceu-se assim entre ricos e pobres uma novarelação de dependência, derivada diretamente do vínculo entre metrópolese colônias existente no passado.

O termo "subdesenvolvimento" tornou-se corrente depois da segundaguerra mundial nas comissões para assuntos econômicos da Organização

das Nações Unidas. Muitos cientistas sociais, no entanto, fazem objeção aseu uso, que encerraria o mascaramento ideológico de uma condição não-transitória de atraso e dependência. Ainda menos adequada seria, desseponto de vista, a expressão "em vias de desenvolvimento", que encerra afalsa idéia de um processo de industrialização emergente. Mais corretoseria falar em desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo, emque a sustentação e aceleração do progresso de alguns países depende damanutenção de maiores ou menores níveis de atraso em outros.

Economias agro-exportadoras. O traço mais peculiar à economia sub-desenvolvida é a predominância do setor primário, isto é, a dependência deum ou de uns poucos produtos de exportação de origem agropecuária ouextrativa. Os preços pagos pelos produtos agrícolas e pelas matérias-primas em geral no mercado internacional são proporcionalmente inferioresaos preços dos produtos industriais. Essa desproporção gera um desequilí-

brio entre importações e exportações dos países agro-exportadores: suasexportações tornam-se insuficientes para adquirir os produtos industrializa-dos de que necessitam, inclusive maquinaria para estabelecer sua própriaindústria. As nações mais poderosas, de acordo com seus interesses, têmcondições de pressionar para baixo os preços internacionais dos produtos

primários que compram, jogando com estoques e outros artifícios, e assimimpedem as economias agro-exportadoras de acumular excedentes queseriam eventualmente destinados à industrialização.

Para importar produtos manufaturados, serviços especializados ou tec-nologia, os países subdesenvolvidos recorrem ao crédito oferecido por bancos e demais instituições financeiras. Dessa forma, o endividamentotornou-se uma das principais características da dependência econômica. Ocrescimento desmedido da dívida externa agrava o subdesenvolvimento àmedida que cada vez maiores recursos são destinados ao pagamento doscompromissos internacionais e desviados, portanto, do investimento produ-tivo.

Tecnologia e obsolescência. O esforço dos países subdesenvolvidospara a industrialização se vê seriamente limitado por problemas decorren-tes do atraso tecnológico. As potências industriais investem somas gigan-tescas em tecnologia, o que resulta em constante aperfeiçoamento e bara-teamento de seus produtos. Podem fazê-lo porque dispõem de capitaispara investir e de vastos mercados que permitem recuperar com lucros osinvestimentos. Os produtos industriais dos países mais pobres são, dessaforma, relegados à obsolescência e alijados do mercado, mesmo interna-mente, se não houver medidas políticas de proteção ao produto nacional.

A importação de tecnologia para diversificação da produção da periferi-a, que poderia apresentar-se como solução, não raro acarreta conseqüên-

cias sociais graves: além do endividamento, a substituição de mão-de-obrapor máquinas aumenta o contingente de desempregados, que o setor deserviços não tem condições de absorver, como costuma ocorrer nas metró-poles.

Estrutura interna do país subdesenvolvido. É manifesta, em geral, a so-lidariedade das classes economicamente dominantes do país subdesenvol-vido com os centros econômicos externos. Mediante a aliança com as elitesde cada país pobre, a grande indústria internacional se beneficia de mão-de-obra barata e de mercados para seus produtos, disputados às indústriasautóctones.

O modelo de propriedade agrária predominante é o latifúndio improdu-tivo. Grande parte da população rural desempenha atividades econômicasde subsistência e não participa do mercado. O êxodo rural em busca de

melhores condições de trabalho provoca o crescimento desordenado dascidades, que se tornam abarrotadas de mão-de-obra não-qualificada. Osmercados são exíguos e de baixo poder aquisitivo, voltados para produtosde primeira necessidade.

O nível de industrialização e o padrão de vida da população não são osmesmos em todos os países do terceiro mundo. As diferenças regionaisdentro de um mesmo país também podem ser agudas: o Brasil, por exem-plo, possui uma pujante indústria automobilística e mercado para bens deconsumo duráveis. Calcula-se, no entanto, em apenas 15% a parcela dapopulação que consome produtos industrializados.

Socialismo

O sonho de uma sociedade igualitária, na qual todos tenham francoacesso à distribuição e à produção de riquezas, alimenta os ideais socialis-tas desde seu nascimento, no século XVIII, na sociedade que brotou darevolução industrial e dos anseios de "liberdade, igualdade e fraternidade"expressos pela revolução francesa.

Socialismo é a denominação genérica de um conjunto de teorias socio-econômicas, ideologias e práticas políticas que postulam a abolição dasdesigualdades entre as classes sociais. Incluem-se nessa denominaçãodesde o socialismo utópico e a social-democracia até o comunismo e oanarquismo.

As múltiplas variantes de socialismo partilham uma base comum que éa transformação do ordenamento jurídico e econômico, baseado na propri-edade privada dos meios de produção, numa nova e diferente ordem social.Para caracterizar uma sociedade socialista, é necessário que estejampresentes os seguintes elementos fundamentais: limitação do direito à

propriedade privada, controle dos principais recursos econômicos pelasclasses trabalhadoras e a intervenção dos poderes públicos na gestãodesses recursos econômicos, com a finalidade de promover a igualdadesocial, política e jurídica. Para muitos teóricos socialistas contemporâneos,

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é fundamental também que o socialismo se implante pela vontade livremen-te expressa de todos os cidadãos, mediante práticas democráticas.

A revolução industrial iniciada na Grã-Bretanha na segunda metade doséculo XVIII estabeleceu um novo tipo de sociedade dividida em duasclasses fundamentais sobre as quais se sustentava o sistema econômicocapitalista: a burguesia e o proletariado. A burguesia, formada pelos propri-etários dos meios de produção, conquistou o poder político primeiro naFrança, com a revolução de 1789, e depois em vários países. O poder econômico da burguesia se afirmou com base nos princípios do liberalismo:liberdade econômica, propriedade privada e igualdade perante a lei. Agrande massa da população proletária, no entanto, permaneceu inicialmen-te excluída do cenário político. Logo ficou claro que a igualdade jurídica nãoera suficiente para equilibrar uma situação de profunda desigualdadeeconômica e social, na qual uma classe reduzida, a burguesia, possuía osmeios de produção enquanto a maioria da população era impedida deconquistar a propriedade.

As diferentes teorias socialistas surgiram como reação contra essequadro, com a proposta de buscar uma nova harmonia social por meio dedrásticas mudanças, como a transferência dos meios de produção de umaúnica classe para toda a coletividade. Uma conseqüência dessa transfor-mação seria o fim do trabalho assalariado e a substituição da liberdade deação econômica dos proprietários por uma gestão socializada ou planejada,

com o objetivo de adequar a produção econômica às necessidades dapopulação, ao invés de se reger por critérios de lucro. Tais mudançasexigiriam necessariamente uma transformação radical do sistema político.Alguns teóricos postularam a revolução violenta como único meio de alcan-çar a nova sociedade. Outros, como os social-democratas, consideraramque as transformações políticas deveriam se realizar de forma progressiva,sem ruptura do regime democrático, e dentro do sistema da economiacapitalista ou de mercado.

Precursores e socialistas utópicos. Embora o socialismo seja um fenô-meno específico da era industrial, distinguem-se precursores da luta pelaemancipação social e igualdade em várias doutrinas e movimentos sociaisdo passado. Assim, as teorias de Platão em A república, as utopias renas-centistas, como a de Thomas More, as rebeliões de escravos na Romaantiga, como a que foi liderada por Espártaco, o cristianismo comunitário

primitivo e os movimentos camponeses da Idade Média e dos séculos XVIe XVII, como o dos seguidores de Jan Hus, são freqüentemente menciona-dos como antecedentes da luta pela igualdade social. Esse movimentocomeçou a ser chamado de socialismo apenas no século XIX.

O primeiro precursor autêntico do socialismo moderno foi o revolucio-nário francês François-Noël Babeuf, que, inspirado nas idéias de Jean-Jacques Rousseau, tentou em 1796 subverter a nova ordem burguesa naFrança, por meio de um levante popular. Foi preso e condenado à morte naguilhotina.

A crescente degradação das condições de vida da classe operária mo-tivou o surgimento dos diversos teóricos do chamado socialismo utópico,alguns dos quais tentaram, sem sucesso, criar comunidades e unidadeseconômicas baseadas em princípios socialistas de inspiração humanitária e

religiosa.Claude-Henri de Rouvroy, conde de Saint-Simon, afirmou que a aplica-

ção do conhecimento científico e tecnológico à indústria inauguraria umanova sociedade semelhante a uma fábrica gigantesca, na qual a exploraçãodo homem pelo homem seria substituída pela administração coletiva.Considerava a propriedade privada incompatível com o novo sistemaindustrial, mas admitia certa desigualdade entre as classes e defendia umareforma do cristianismo como forma de atingir a sociedade perfeita.

Outro teórico francês importante foi François-Marie-Charles Fourier,que tentou acabar com a coerção, a exploração e a monotonia do trabalhopor meio da criação de falanstérios, pequenas comunidades igualitárias quenão chegaram a prosperar. Da mesma forma, fracassaram as comunidadesfundadas pelo socialista escocês Robert Owen.

Marxismo e anarquismo. O papel do proletariado como força revolucio-nária foi reconhecido pela primeira vez por Louis-Auguste Blanqui e MosesHess. Na metade do século XIX, separaram-se as duas vertentes do movi-mento socialista que polarizaram as discussões ideológicas: o marxismo eo anarquismo. Ao mesmo tempo, o movimento operário começava a adqui-

rir força no Reino Unido, França e em outros países onde a industrializaçãoprogredia.

Contra as formas utópicas, humanitárias ou religiosas do socialismo,Karl Marx e Friedrich Engels propuseram o estabelecimento de basescientíficas para a transformação da sociedade: o mundo nunca seria modi-ficado somente por idéias e sentimentos generosos, mas sim por ação dahistória, movida pela luta de classes. Com base numa síntese entre afilosofia de Hegel, a economia clássica britânica e o socialismo francês,defenderam o uso da violência como único meio de estabelecer a ditadurado proletariado e assim atingir uma sociedade justa, igualitária e solidária.No Manifesto comunista, de 1848, os dois autores apresentaram o materia-lismo dialético com o qual diagnosticavam a decadência inevitável dosistema capitalista e prognosticavam a inexorável marcha dos acontecimen-tos rumo à revolução socialista.

As tendências anarquistas surgiram das graves dissensões internas daAssociação Internacional dos Trabalhadores, ou I Internacional, fundadapor Marx. Grupos pequeno-burgueses liderados por Pierre-Joseph Prou-dhon e anarquistas seguidores de Mikhail Bakunin não aceitaram a autori-dade centralizadora de Marx. Dividida, a I Internacional dissolveu-se em1872, após o fracasso da Comuna de Paris, primeira tentativa revolucioná-ria de implantação do socialismo.

O anarquismo contou com diversos teóricos de diferentes tendências,

mas nunca se converteu num corpo dogmático de idéias, como o de Marx.Proudhon combateu o conceito de propriedade privada e afirmou que osbens adquiridos mediante a exploração da força de trabalho constituíam umroubo. Bakunin negou os próprios fundamentos do estado e da religião ecriticou o autoritarismo do pensamento marxista. Piotr Kropotkin via nadissolução das instituições opressoras e na solidariedade o caminho para oque chamou de comunismo libertário.

II Internacional e a social-democracia. Depois da dissolução da I Inter-nacional, os socialistas começaram a buscar vias legais para sua atuaçãopolítica. Com base no incipiente movimento sindicalista de Berlim e daSaxônia, o pensador alemão Ferdinand Lassalle participou da fundação daUnião Geral Alemã de Operários, núcleo do que seria o primeiro dos parti-dos social-democratas que se espalharam depois por toda a Europa. Proi-bido em 1878, o Partido Social Democrata alemão suportou 12 anos derepressão e só voltou a disputar eleições em 1890. Em 1889, os partidossocial-democratas europeus se reuniram para fundar a II InternacionalSocialista. No ano seguinte, o 1º de maio foi proclamado dia internacionaldo trabalho, como parte da campanha pela jornada de oito horas.

Eduard Bernstein foi o principal ideólogo da corrente revisionista, quese opôs aos princípios marxistas do Programa de Erfurt adotado peloPartido Social Democrata alemão em 1890. Bernstein repudiou os métodosrevolucionários e negou a possibilidade da falência iminente do sistemacapitalista prevista por Marx. O Partido Social Democrata alemão cresceuextraordinariamente com essa política revisionista, e em 1911 já era amaior força política do país. A ala marxista revolucionária do socialismoalemão, representada por Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, manteve-seminoritária até a divisão em 1918, que deu origem ao Partido Comunista

Alemão.Na França, o socialismo também se desenvolveu entre duas tendên-

cias opostas: a marxista revolucionária de Jules Guesde e a idealista radi-cal de Jean Jaurès, que rejeitava o materialismo histórico de Marx. Em1905 as duas correntes se unificaram na Seção Francesa da InternacionalOperária e entraram em conflito com a linha anarco-sindicalista de GeorgesSorel e com os líderes parlamentares que defendiam alianças com partidosburgueses.

No Reino Unido, a orientação do movimento socialista foi ditada pelatradição do sindicalismo, mais antiga. Os sindicatos foram reconhecidos em1875 e cinco anos depois surgiu o primeiro grupo de ideologia socialista, aSociedade Fabiana. Em 1893, fundou-se o Partido Trabalhista, que logo seconverteu em importante força política, em contraposição a conservadorese liberais.

Na Rússia czarista, o Partido Social Democrata foi fundado em 1898,na clandestinidade, mas dividiu-se em 1903 entre o setor marxista revolu-cionário, dos bolcheviques, e o setor moderado, dos mencheviques. Lide-

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rados por Vladimir Lenin, os bolcheviques chegaram ao poder com a revo-lução de 1917.

Os partidos socialistas e social-democratas europeus foram os maioresresponsáveis pela conquista de importantes direitos para a classe dostrabalhadores, como a redução da jornada de trabalho, a melhoria nascondições de vida e de trabalho e o sufrágio universal. A II Internacional, noentanto, não resistiu à divisão promovida pela primeira guerra mundial e foidissolvida. O Partido Social Democrata alemão, por exemplo, demonstroudar mais importância ao nacionalismo do que aos interesses internaciona-listas ao votar no Parlamento a favor dos créditos pedidos pelo governopara a guerra.

Dois fatores causaram a gradual redução do apoio popular ao socialis-mo nas décadas de 1920 e 1930: o sucesso da revolução russa, que forta-leceu o movimento comunista e atraiu numerosos trabalhadores em todo omundo, e a implantação dos regimes fascista, na Itália, e nazista, na Ale-manha. Em 1945, depois da segunda guerra mundial, os partidos socialis-tas e social-democratas restabeleceram a II Internacional e abandonaramprogressivamente os princípios do marxismo. Em diversos países euro-peus, como Bélgica, Países Baixos, Suécia, Noruega, República Federal daAlemanha, Áustria, Reino Unido, França e Espanha, os partidos socialistaschegaram a ter grande força política. Muitos deles passaram a se alternar no poder com partidos conservadores e a pôr em prática reformas sociais

moderadas. Essa política tornou-se conhecida como welfare state, o estadode bem-estar, no qual as classes podem coexistir em harmonia e semgraves distorções sociais.

As idéias socialistas tiveram bastante aceitação em diversos paísesdas áreas menos industrializadas do planeta. Na maioria dos casos, porém,o socialismo da periferia capitalista adotou práticas políticas muito afasta-das do modelo europeu, com forte conteúdo nacionalista. Em alguns paísesárabes e africanos, os socialistas chegaram mesmo a se aliar a governosmilitares ou totalitários que adotavam um discurso nacionalista. Na AméricaLatina, o movimento ganhou dimensão maior com a vitória da revolução deCuba em 1959, mas o exemplo não se repetiu em outros países. No Chile,um violento golpe militar derrubou o governo socialista democrático deSalvador Allende em 1973.

Fim do "socialismo real". Na última década do século XX chegou aofim, de forma inesperada, abrupta e inexorável, o modelo socialista criadopela União Soviética. O próprio país, herdeiro do antigo império russo,deixou de existir. Nos anos que se seguiram, cientistas políticos das maisdiversas tendências se dedicaram a estudar as causas e conseqüências deum fato histórico e político de tanta relevância. Dentre os fatores explicati-vos do fim do chamado "socialismo real" da União Soviética destacam-se aincapacidade do país de acompanhar a revolução tecnológica contemporâ-nea, especialmente na área da informática, a ausência de práticas demo-cráticas e a frustração das expectativas de progresso material da popula-ção. As explicações sobre o colapso da União Soviética abrangem osdemais países do leste europeu que, apesar de suas especificidades,partilharam das mesmas carências.

A crise econômica mundial das duas últimas décadas do século XX,

que teve papel preponderante no colapso da União Soviética, afetou tam-bém os países europeus de governo socialista ou social-democrata. NaFrança, Suécia, Itália e Espanha os partidos socialistas e social-democratasforam responsabilizados pelo aumento do desemprego e do custo de vida.Políticos e ideólogos neoliberais conservadores apressaram-se em declarar a morte do socialismo, enquanto os líderes socialistas tentavam redefinir suas linhas de atuação e encontrar caminhos alternativos para a execuçãodas idéias socialistas e a preservação do estado de bem-estar social.

Socialismo no Brasil. Há evidências documentais de difusão de idéiassocialistas no Brasil desde a primeira metade do século XIX. Essas posi-ções, porém, se manifestavam sempre a partir de iniciativas individuais,sem agregar grupos capazes de formar associações com militância política.

O primeiro partido socialista brasileiro foi fundado em 1902, em SãoPaulo, sob a direção do imigrante italiano Alcebíades Bertollotti, que dirigiao jornal Avanti, vinculado ao Partido Socialista Italiano. No mesmo ano,fundou-se no Rio de Janeiro o Partido Socialista Coletivista, dirigido por Vicente de Sousa, professor do Colégio Pedro II, e Gustavo Lacerda,

 jornalista e fundador da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1906,foi criado o Partido Operário Independente, que chegou a fundar uma

universidade popular, com a participação de Rocha Pombo, Manuel Bonfim,Pedro do Couto, Elísio de Carvalho, Domingos Ribeiro Filho, Frota Pessoae José Veríssimo.

A circulação de idéias socialistas aumentou com a primeira guerramundial, mas ainda era grande o isolamento dos grupos de esquerda. Em

 junho de 1916, Francisco Vieira da Silva, Toledo de Loiola, Alonso Costa eMariano Garcia lançaram o manifesto do Partido Socialista Brasileiro. Em 1ºde maio do ano seguinte, lançava-se o manifesto do Partido Socialista doBrasil, assinado por Nestor Peixoto de Oliveira, Isaac Izeckson e MuriloAraújo. Esse grupo defendeu a candidatura de Evaristo de Morais à Câma-ra dos Deputados e publicou dois jornais, Folha Nova e Tempos Novos,ambos de vida efêmera.

Em dezembro de 1919 surgiu no Rio de Janeiro a Liga Socialista, cujosmembros passaram a publicar em 1921 a revista Clarté, com o apoio deEvaristo de Morais, Maurício de Lacerda, Nicanor do Nascimento, AgripinoNazaré, Leônidas de Resende, Pontes de Miranda e outros. O grupo es-tenderia sua influência a São Paulo, com Nereu Rangel Pestana, e a Reci-fe, com Joaquim Pimenta. Em 1925 foi fundado um novo Partido Socialistado Brasil, também integrado pelo grupo de Evaristo de Morais.

A fundação do Partido Comunista Brasileiro, em 1922, e seu rápidocrescimento sufocaram as dezenas de organizações anarquistas que nadécada anterior chegaram a realizar greves importantes. Pouco antes da

revolução de 1930, Maurício de Lacerda organizou a Frente Unida dasEsquerdas, de vida curta. Uma de suas finalidades foi a redação de umprojeto de constituição socialista para o Brasil.

Proibida a atividade político-partidária durante a ditadura Vargas, o so-cialismo voltou a se desenvolver em 1945, com a criação da EsquerdaDemocrática, que em agosto de 1947 foi registrada na justiça eleitoral como nome de Partido Socialista Brasileiro. Foi presidido por João Mangabeira,que se tornou ministro da Justiça na primeira metade da década de 1960,no governo de João Goulart.

Com o golpe militar de 1964, todos os partidos políticos foram dissolvi-dos e as organizações socialistas puderam atuar apenas na clandestinida-de. A criação do bipartidarismo em 1965 permitiu que os políticos de es-querda moderada se abrigassem na legenda do Movimento Democrático

Brasileiro (MDB), partido de oposição consentida ao regime militar, ao ladode conservadores e liberais.

Na segunda metade da década de 1960 e ao longo da década de1970, os socialistas, ao lado de outros setores de oposição ao regimemilitar, sofreram implacável perseguição. Professavam idéias socialistas aimensa maioria dos militantes de organizações armadas que deram comba-te ao regime militar. O lento processo de redemocratização iniciado pelogeneral Ernesto Geisel na segunda metade da década de 1970 deu seusprimeiros frutos na década seguinte, quando os partidos socialistas pude-ram mais uma vez se organizar livremente e apresentar seus próprioscandidatos a cargos eletivos. 

Terrorismo

Em suas muitas manifestações, o terrorismo é um dos pesadelos da ci-vilização moderna, por seu componente de irracionalidade, amplitude desuas conseqüências e impossibilidade de prevenção. Sua motivação variada genuína convicção política à ânsia pessoal de afirmação, mas o resulta-do é sempre a morte, a mutilação e a destruição.

Terrorismo é o uso sistemático do terror ou da violência imprevisívelcontra regimes políticos, povos ou pessoas para alcançar um fim político,ideológico ou religioso. No passado, as ações terroristas foram realizadaspor organizações políticas com ideologias de direita ou de esquerda, gru-pos étnicos, nacionalistas ou revolucionários e pelos exércitos e políciassecretas de certos governos. Mais tarde, a esses grupos somaram-se ospartidários de seitas religiosas fundamentalistas.

Imperadores romanos como Tibério usaram o banimento, expropriaçãode propriedades e execução como meios de desencorajar a oposição a seu

governo. A Inquisição espanhola valeu-se da prisão arbitrária, tortura eexecução para punir o que considerava heresia religiosa. O uso do terror foiabertamente defendido por Robespierre como forma de incentivar a virtuderevolucionária durante a revolução francesa, o que levou o período em queteve o domínio político a se chamar reino do terror. Depois da guerra civil

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americana, sulistas inconformados criaram a organização terrorista Ku KluxKlan para intimidar os negros e os partidários da reconstrução do país.

Na segunda metade do século XIX, o terrorismo foi adotado como prá-tica política pelos anarquistas da Europa ocidental, Rússia e Estados Uni-dos, na suposição de que a melhor maneira de realizar a mudança revolu-cionária social e política era assassinar pessoas em posições de poder. De1865 a 1905, numerosos reis, presidentes, primeiros-ministros e outrosfuncionários governamentais foram mortos pelas balas ou bombas dosanarquistas.

No século XX, ocorreram grandes mudanças no uso e prática do terro-rismo, que se tornou a característica de movimentos políticos de todos ostipos, desde a extrema-direita à esquerda mais radical. Instrumentos preci-sos, como armas automáticas e explosivos detonados a distância por dispositivos elétricos ou eletrônicos deram aos terroristas uma nova mobili-dade e tornaram mais letais suas ações. O terrorismo foi adotado comovirtual política de estado, embora não reconhecida oficialmente, por regi-mes totalitários como os da Alemanha de Hitler e a União Soviética deStalin. Nesses países, os métodos de prisão, tortura e execução foramaplicados sem restrições ou fundamento legal, para criar um clima de medoe encorajar a adesão à ideologia nacional e aos objetivos sociais, econômi-cos e políticos do regime.

O terrorismo identificou-se mais comumente, no entanto, com pessoas

ou grupos que tentaram desestabilizar ou derrubar instituições políticasexistentes. Foi usado por um ou ambos os lados em conflitos anticolonialis-tas (entre Irlanda e Reino Unido, Argélia e França, Vietnam e França edepois Vietnam e Estados Unidos, por exemplo); em disputas entre diferen-tes grupos nacionais sobre a posse contestada de uma pátria (palestinos eIsrael), em conflitos entre diferentes credos religiosos (católicos e protestan-tes na Irlanda do Norte); em conflitos internos entre forças revolucionárias egovernos estabelecidos (Malásia, Indonésia, Filipinas, Irã, Nicarágua, ElSalvador, Argentina); e em conflitos separatistas (bascos na Espanha,sérvios na Bósnia e Herzegovina, tchetchenos na Rússia).

Freqüentemente, as vítimas do terror são cidadãos escolhidos ao aca-so ou que apenas se encontram inadvertidamente no lugar onde ocorreuma ação terrorista. Muitos grupos terroristas da Europa contemporânea seassemelham aos anarquistas do século XIX em seu isolamento das princi-pais correntes políticas e a natureza pouco realista de seus objetivos. Sembase de apoio popular, substituem atividades políticas legítimas pela açãoviolenta, como seqüestro de pessoas, desvio de aviões, assassinato decivis e explosão de bombas em lugares públicos.

Organizações como a Baader-Meinhoff (Alemanha), o Exército Verme-lho (Japão), as Brigadas Vermelhas (Itália), a al-Fatah (Oriente Médio), oSendero Luminoso (Peru) e a ETA (Espanha) tornaram-se alguns dos maisconhecidos grupos terroristas da segunda metade do século XX. Suamotivação era política e sua atuação foi mais intensa a partir da década de1970. Na década de 1990, surgiu uma nova modalidade de terrorismo, deimpacto ainda maior -- o terrorismo de massa, com motivação aparente-mente religiosa ou política de cunho fanático.

Os progressos tecnológicos e a difusão dos conhecimentos técnicos

possibilitam a realização de atos terroristas com o uso de armas químicas,bacteriológicas ou biológicas, que podem disseminar a morte ou a contami-nação de doenças em massa nos grandes centros urbanos de qualquer país. As razões ideológicas aparentemente deram lugar ao fanatismoreligioso, especialmente dos seguidores de líderes messiânicos que divul-gam idéias apocalípticas ou salvacionistas radicais.

Capitalismo

O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produçãoe distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisõessobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitospelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investemem empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. Édominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.[1] O termo

capitalismo foi criado e utilizado por socialistas e anarquistas (Karl Marx,Proudhon, Sombart) no final do século XIX e no início do século XX, paraidentificar o sistema político-econômico existente na sociedade ocidentalquando se referiam a ele em suas críticas, porém, o nome dado pelosidealizadores do sistema político-econômico ocidental, os britânicos John

Locke e Adam Smith, dentre outros, já desde o início do século XIX, éliberalismo.[2][3]

Alguns definem o capitalismo como um sistema onde todos os meiosde produção são de propriedade privada, outros o definem como umsistema onde apenas a "maioria" dos meios de produção está em mãosprivadas, enquanto outro grupo se refere a esta última definição como umaeconomia mista com tendência para o capitalismo. A propriedade privadano capitalismo implica o direito de controlar a propriedade, incluindo adeterminação de como ela é usada, quem a usa, seja para vender oualugar, e o direito à renda gerada pela propriedade.[4] O capitalismotambém se refere ao processo de acumulação de capital. Não há consensosobre a definição exata do capitalismo, nem como o termo deve ser utilizado como categoria analítica.[5] Há, no entanto, pouca controvérsiaque a propriedade privada dos meios de produção, criação de produtos ouserviços com fins lucrativos num mercado, e preços e salários, sãoelementos característicos do capitalismo.[6] Há uma variedade de casoshistóricos em que o termo capitalismo é aplicado, variando no tempo,geografia, política e cultura.[7]

Economistas, economistas políticos e historiadores tomaram diferentesperspectivas sobre a análise do capitalismo. Economistas costumamenfatizar o grau de que o governo não tem controle sobre os mercados(laissez faire) e sobre os direitos de propriedade. A maioria[8][9] dos

economistas políticos enfatizam a propriedade privada, as relações depoder, o trabalho assalariado e as classes econômicas.[10] Há um certoconsenso de que o capitalismo incentiva o crescimento econômico,[11]enquanto aprofunda diferenças significativas de renda e riqueza. O grau deliberdade dos mercados, bem como as regras que definem a propriedadeprivada, são uma questões da política e dos políticos, e muitos Estados quesão denominados economias mistas.[10]

O capitalismo como um sistema intencional de uma economia mistadesenvolvida de forma incremental a partir do século XVI na Europa,[12]embora organizações proto-capitalistas já existissem no mundo antigo e osaspectos iniciais do capitalismo mercantil já tivessem florescido durante aBaixa Idade Média.[13][14][15] O capitalismo se tornou dominante nomundo ocidental depois da queda do feudalismo.[15] O capitalismogradualmente se espalhou pela Europa e, nos séculos XIX e XX, forneceu o

principal meio de industrialização na maior parte do mundo.[7] As variantesdo capitalismo são: o anarco-capitalismo, o capitalismo corporativo, ocapitalismo de compadrio, o capitalismo financeiro, o capitalismo laissez-faire, capitalismo tardio, o neo-capitalismo, o pós-capitalismo, o capitalismode estado, o capitalismo monopolista de Estado e o tecnocapitalismo.

Etimologia

A palavra capital  vem do latim capitale, derivado de capitalis (com osentido de "principal,primeiro,chefe"), que vem do proto-indo-europeu kaput  significando "cabeça".[23] Capitale surgiu em Itália nos séculos XII e XIII(pelo menos desde 1211) com o sentido de fundos, existências demercadorias, somas de dinheiro ou dinheiro com direito a juros. Em 1283 éencontrada referindo-se ao capital de bens de uma firma comercial.[13]

O termo capitalista refere-se ao proprietário de capital, e não ao

sistema econômico, e o seu uso é anterior ao do termo capitalismo,datando desde meados do século XVII. O Hollandische Mercurius usa otermo em 1633 e 1654 para se referir aos proprietários de capital.[13] DavidRicardo, na sua obra Principles of Political Economy and Taxation (1817),usa frequentemente a expressão "o capitalista".[24]

Samuel Taylor Coleridge, poeta inglês, usou o termo capitalista em seutrabalho Table Talk  (1823).[25] Pierre-Joseph Proudhon usou o termocapitalista em seu primeiro trabalho, O que é a propriedade? (1840) para sereferir aos proprietários de capital. Benjamin Disraeli usou o termocapitalista em seu trabalho Sybil  (1845).[26] Karl Marx e Friedrich Engelsusou o termo capitalista (Kapitalist ) em O Manifesto Comunista (1848) parase referir a um proprietário privado de capital.

O termo capitalismo surgiu em 1753 na Encyclopédia, com o sentido

estrito do "estado de quem é rico".[13] No entanto, de acordo com o Oxford English Dictionary  (OED), o termo capitalismo foi usado pela primeira vezpelo escritor William Makepeace Thackeray em seu trabalho TheNewcomes (1845), onde significa "ter a posse do capital".[26] Ainda

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segundo o OED, Carl Adolph Douai, um socialista teuto-estadunidense eabolicionista, usou o termo capitalismo privado em 1863.

O uso inicial do termo capitalismo em seu sentido moderno foi atribuídaa Louis Blanc, em 1850, e Pierre-Joseph Proudhon, em 1861.[27] Marx eEngels se refere ao sistema capitalista (kapitalistisches System)[28][29] e omodo de produção capitalista (kapitalistische Produktionsform) em DasKapital  (1867).[30] O uso da palavra "capitalismo" em referência a umsistema econômico aparece duas vezes no Volume I de O Capital , p. 124(Edição alemã) e, em Theories of Surplus Value, tomo II, p. 493 (Ediçãoalemã).

História

Mercantilismo

O período entre os séculos XVI e XVIII é comumente descrito comomercantilismo.[31] Este período foi associado com a exploração geográficada Era dos Descobrimentos sendo explorada por mercadores estrangeiros,especialmente da Inglaterra e dos Países Baixos; a colonização européiadas Américas; e o rápido crescimento no comércio exterior. Omercantilismo foi um sistema de comércio com fins lucrativos, embora ascommodities ainda eram em grande parte produzidas por métodos deprodução não-capitalista.[7]

Enquanto alguns estudiosos vejam o mercantilismo como o primeiroestágio do capitalismo, outros argumentam que o capitalismo não surgiuaté mais tarde. Por exemplo, Karl Polanyi, observou que "o mercantilismo,com toda a sua tendência para a comercialização, nunca atacou assalvaguardas que protegeram [os] dois elementos básicos do trabalho deprodução e da terra de se tornar os elementos do comércio"; assim atitudesmercantilistas para o regulamento da economia estão mais próximas dasatitudes feudais, "eles discordavam apenas sobre os métodos deregulação."

Além disso, Polanyi argumentava que a marca do capitalismo é acriação de mercados generalizadas para o que ele referia como"mercadorias fictícias": terra, trabalho e dinheiro. Assim, "não foi até 1834um mercado de trabalho competitivo, com sede na Inglaterra, portanto, nãopode-se dizer que o capitalismo industrial, como um sistema social, não

existiu antes desta data."[32]Evidências de comércio mercante de longa distância, orientado e

motivado pelo lucro foram encontradas já no segundo milênio aC, com osantigos mercadores assírios.[33] As primeiras formas de mercantilismo daépoca formaram-se já no Império Romano e, quando este expandiu-se, aeconomia mercantilista também foi ampliada por toda a Europa. Após ocolapso do Império Romano, a maior parte da economia europeia passou aser controlada pelos poderes feudais locais e mercantilismo entrou emdeclínio. No entanto, o mercantilismo persistiu na Arábia. Devido à suaproximidade com países vizinhos, os árabes estabeleceram rotas decomércio para o Egito, Pérsia e Bizâncio. Como o islã se espalhou noséculo VII, o mercantilismo espalhou-se rapidamente para a Espanha,Portugal, Norte da África e Ásia. O sistema mercantilista finalmenteretornou à Europa no século XIV, com a propagação mercantilista de

Espanha e Portugal.[34]Entre os princípios fundamentais da teoria mercantilista estava o

bulionismo, uma doutrina que salientava a importância de acumular metaispreciosos. Mercantilistas argumentavam que o Estado devia exportar maisbens do que importava, para que os estrangeiros tivessem que pagar adiferença de metais preciosos. Teóricos mercantilistas afirmavam quesomente matérias-primas que não podem ser extraídas em casa devem ser importadas e promoveram os subsídios do governo, como a concessão demonopólios e tarifas protecionistas, que foram necessários para incentivar aprodução nacional de bens manufaturados.

Comerciantes europeus, apoiados por controles, subsídios emonopólios estatais, realizaram a maioria dos seus lucros a partir dacompra e venda de mercadorias. Nas palavras de Francis Bacon, o objetivo

do mercantilismo era "a abertura e o bem-equilíbrio do comércio, o apreçodos fabricantes, o banimento da ociosidade, a repressão dos resíduos eexcesso de leis suntuárias, a melhoria e administração do solo; aregulamentação dos preços..."[35]

Práticas semelhantes de arregimentação econômica tinham começadomais cedo nas cidades medievais. No entanto, sob o mercantilismo, dada aascensão contemporânea do absolutismo, o Estado substituiu acorporações locais como regulador da economia. Durante esse tempo, asguildas funcionavam essencialmente como um cartel que monopolizava aquantidade de artesãos que ganham salários acima do mercado.[36]

No período compreendido entre o século XVIII, a fase comercial docapitalismo, originada a partir do início da Companhia Britânica das ÍndiasOrientais e da Companhia das Índias Orientais Holandesas.[14][37] Estasempresas foram caracterizadas por suas potências coloniais eexpansionistas que lhes foram atribuídas por Estados-nação.[14] Duranteesta época, os comerciantes, que haviam negociado com o estágio anterior do mercantilismo, investiram capital nas Companhias das Índias Orientais ede outras colônias, buscando um retorno sobre o investimento. Em sua"História da Análise Econômica", o economista austríaco JosephSchumpeter reduz as proposições mercantilistas a três preocupaçõesprincipais: controle do câmbio, monopolismo de exportação e saldo dabalança comercial.[38]

Industrialismo

Um novo grupo de teóricos da economia, liderado por David Hume[40]e Adam Smith, em meados do século XVIII, desafiou as doutrinasmercantilistas fundamentais, como a crença de que o montante da riqueza

mundial permaneceu constante e que um Estado só pode aumentar a suariqueza em detrimento de outro Estado.

Durante a Revolução Industrial, o industrial substituiu o comerciantecomo um ator dominante no sistema capitalista e efetuou o declínio dashabilidades de artesanato tradicional de artesãos, associações e artífices.Também durante este período, o excedente gerado pelo aumento daagricultura comercial encorajou o aumento da mecanização da agricultura.O capitalismo industrial marcou o desenvolvimento do sistema fabril deprodução, caracterizado por uma complexa divisão do trabalho entre edentro do processo de trabalho e a rotina das tarefas de trabalho; e,finalmente, estabeleceu a dominação global do modo de produçãocapitalista.[31]

O Reino Unido também abandonou a sua política protecionista, como

abraçada pelo mercantilismo. No século XIX, Richard Cobden e JohnBright, que baseavam as suas crenças sobre a escola de Manchester,iniciou um movimento para tarifas mais baixas.[41] Em 1840, o Reino Unidoadotou uma política menos protecionista, com a revogação das Leis doMilho e do Ato de Navegação.[31] Os britânicos reduziram as tarifas equotas, de acordo com Adam Smith e David Ricardo, para o livre comércio.

Karl Polanyi argumenta que o capitalismo não surgiu até amercantilização progressiva da terra, dinheiro e trabalho, culminando noestabelecimento de um mercado de trabalho generalizado no Reino Unidona década de 1830. Para Polanyi, "o alargamento do mercado para oselementos da indústria - terra, trabalho e dinheiro - foi a conseqüênciainevitável da introdução do sistema fabril numa sociedade comercial."[42]Outras fontes alegaram que o mercantilismo caiu após a revogação dosAtos de Navegação, em 1849.[41][43][44]

Keynesianismo e neoliberalismo

No período seguinte à depressão global dos anos 1930, o Estadodesempenhou um papel de destaque no sistema capitalista em grandeparte do mundo.

Após a Segunda Guerra Mundial, um vasto conjunto de novosinstrumentos de análise nas ciências sociais foram desenvolvidos paraexplicar as tendências sociais e econômicas do período, incluindo osconceitos de sociedade pós-industrial e do Estado de bem-estar social.[31]Esta época foi muito influenciada por políticas de estabilização econômicakeynesianas. O boom do pós-guerra terminou no final dos anos 1960 einício dos anos 1970, e a situação foi agravada pelo aumento daestagflação.[45]

A inflação excepcionalmente elevada combinada com um lentocrescimento da produção, aumento do desemprego, recessão e,eventualmente, causaram uma perda de credibilidade no modo deregulação keynesiano de bem-estar estatal. Sob a influência de Friedrich

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Hayek e Milton Friedman, os países ocidentais adotaram as normas dapolítica inspiradas pelo capitalismo laissez-faire e do liberalismo clássico.

O monetarismo em particular, uma alternativa teórica aokeynesianismo, que é mais compatível com o laissez-faire, ganha cada vezmais destaque no mundo capitalista, especialmente sob a liderança deRonald Reagan nos os Estados Unidos e Margaret Thatcher no ReinoUnido em 1980. O interesse público e político começaram a se afastar daspreocupações coletivistas de Keynes de que capitalismo fosse gerenciadoa um foco sobre a escolha individual, chamado de "capitalismoremarquetizado".[46] Na opinião de muitos comentaristas econômicos epolíticos, o colapso da União Soviética trouxe mais uma prova dasuperioridade do capitalismo de mercado sobre o comunismo.

Globalização

Embora o comércio internacional tenha sido associado com odesenvolvimento do capitalismo por mais de 500 anos, alguns pensadoresafirmam que uma série de tendências associadas à globalização têm agidopara aumentar a mobilidade de pessoas e de capitais desde o último quartodo século XX, combinando a circunscrever a margem de manobra dosEstados na escolha de modelos não-capitalistas de desenvolvimento. Hoje,essas tendências têm reforçado o argumento de que o capitalismo deveagora ser visto como um sistema verdadeiramente mundial.[31] No entanto,outros pensadores argumentam que a globalização, mesmo no seu grau

quantitativo, não é maior agora do que em períodos anteriores do comérciocapitalista.[47]

Friedrich Hayek, ao descrever o capitalismo, aponta para o caráter auto-organizador das economias que não têm planejamento centralizadopelo governo. Muitos, como por exemplo Adam Smith, apontam para o quese acredita ser o valor dos indivíduos que buscam seus interesses próprios,que se opõe ao trabalho altruístico de servir o "bem comum". Karl Polanyi,figura importante no campo da antropologia econômica, defendeu queSmith, em sua época, estava descrevendo um período de organização daprodução conjuntamente com o do comércio. Para Polanyi, o capitalismo édiferente do antigo mercantilismo por causa da comoditificação da terra, damão-de-obra e da moeda e chegou à sua forma madura como resultadodos problemas que surgiram quando sistemas de produção industrialnecessitaram de investimentos a longo prazo e envolveram riscoscorrespondentes em um âmbito de comércio internacional. Falando emtermos históricos, a necessidade mais opressora desse novo sistema era ofornecimento assegurado de elementos à indústria - terra, maquinários emão-de-obra - e essas necessidades é que culminaram com a mencionadacomoditificação, não por um processo de atividade auto-organizadora, mascomo resultado de uma intervenção do Estado.

Muitas dessas teorias chamam a atenção para as diversas práticaseconômicas que se tornaram institucionalizadas na Europa entre os séculosXVI e XIX, especialmente envolvendo o direito dos indivíduos e grupos deagir como "pessoas legais" (ou corporações) na compra e venda de bens,terra, mão-de-obra e moeda, em um mercado livre, apoiados por um Estadopara o reforço dos direitos da propriedade privada, de forma totalmentediferente ao antigo sistema feudal de proteção e de obrigações.

Devido à vagueza do termo "capitalismo", emergiram controvérsiasquanto ao capitalismo. Em particular, há uma disputa entre o capitalismoser um sistema real ou ideal, isto é, se ele já foi mesmo implementado emeconomias particulares ou se ainda não e, neste último caso, a que grau ocapitalismo existe nessas economias. Sob um ponto de vista histórico, háuma discussão se o capitalismo é específico a uma época ou regiãogeográfica particular ou se é um sistema universalmente válido, que podeexistir através do tempo e do espaço. Alguns interpretam o capitalismocomo um sistema puramente econômico; Marx, por sua vez, admite que omesmo é um complexo de instituições político-econômicas que, por suavez, determinará as relações sociais, éticas e culturais.

Modo de produção capitalista

O modo de produção na economia, é a forma de organização

socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimentodas forças produtivas e das relações de produção. Reúne as característicasdo trabalho preconizado, seja ele artesanal, manufaturado ou industrial.São constituídos pelo objeto sobre o qual se trabalha e por todos os meiosde trabalho necessários à produção (instrumentos ou ferramentas,

máquinas, oficinas, fábricas, etc.) Existem 6 modos de produção: Primitivo,Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Comunista.

Segundo Hunt, um sistema egronômico é definido pelo modo deprodução no qual se baseia. O modo de produção atual é aquele que sebaseia na economia do país.

Porém, segundo economistas não marxistas (não socialistas), sóexistiram dois modos de produção ao longo da civilização humana: oartesanal e o industrial.

Desde a antiguidade até a Revolução Industrial (Século XVIII), otrabalho sempre foi feito de forma artesanal, manual, por escravos,trabalhadores servis, ou trabalhadores livres, o modo de produção nuncamudou, o trabalho sempre foi braçal e as poucas ferramentas usadassempre foram as mesmas.

Apenas a partir da Revolução Industrial, com o surgimento dasmáquinas, e com elas o surgimento da divisão do trabalho nas fábricas, éque o modo de produção mudou.

Um bom exemplo para mostrar os dois modos de produção, artesanal eindustrial, é a fabricação de sapatos, por milênios o sapato foi feitomanualmente, um a um, por um sapateiro ou pela própria pessoa que iausar (modo de produção artesanal), depois da Revolução Industrial ossapatos passaram a ser feitos por máquinas nas fábricas, milhares desapatos feitos em série pela divisão do trabalho (modo de produçãoindustrial).

Propriedade privada

A relação entre o Estado, seus mecanismos formais e as sociedadescapitalistas tem sido debatida em vários campos da teoria política e social,com uma discussão ativa desde o século XIX. Hernando de Soto é umeconomista contemporâneo que argumenta que uma característicaimportante do capitalismo é a proteção do Estado e do funcionamento dosdireitos de propriedade em um sistema de propriedade formal, onde apropriedade e as operações são registrados claramente.[48]

Segundo Soto, este é o processo pelo qual os bens físicos sãotransformados em capital, que por sua vez podem ser utilizados de muitas

formas mais e muito mais eficiente na economia de mercado. Um númerode economistas marxistas argumentaram que as leis do cerco, naInglaterra, e legislações semelhante em outros lugares, eram parteintegrante da acumulação primitiva capitalista e que um quadro jurídicoespecífico da propriedade privada da terra têm sido parte integrante dodesenvolvimento do capitalismo.[49][50]

Instituições

A nova economia institucional, um campo aberto por Douglass North,salienta a necessidade de um quadro jurídico para que o capitalismofuncione em condições ótimas e enfoca a relação entre o desenvolvimentohistórico do capitalismo e a criação e manutenção de instituições políticas eeconômicas.[51] Na nova economia institucional e em outros campos comfoco nas políticas públicas, os economistas buscam avaliar quando e se a

intervenção governamental (tais como impostos, segurança social e aregulamentação do governo) pode resultar em ganhos potenciais deeficiência. De acordo com Gregory Mankiw, um economista neo-keynesiano, a intervenção governamental pode melhorar os resultados domercado em condições de "falha de mercado", ou situações em que omercado por si só não aloca recursos de forma eficiente.[52]

A falha de mercado ocorre quando uma externalidade está presente eum mercado sub-produz um produto com uma superprodução deexternalização positiva ou um produto que gera uma externalizaçãonegativa. A poluição do ar, por exemplo, é uma externalização negativa quenão pode ser incorporada em mercados, visto que o ar do mundo não épropriedade e, consequentemente, não é vendido para uso dos poluidores.Então, muita poluição poderia ser emitida e as pessoas não envolvidas naprodução pagam o custo da poluição, em vez da empresa que,

inicialmente, emitiu a poluição do ar. Os críticos da teoria da falha demercado, como Ronald Coase, Demsetz Harold e James M. Buchanan,alegam que os programas e políticas governamentais também ficam aquémda perfeição absoluta. Falhas de mercado são muitas vezes pequenas, efalhas de governo são, por vezes de grandes dimensões. É, portanto, ocaso que os mercados são imperfeitos, muitas vezes melhor do que as

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alternativas imperfeitas governamentais. Enquanto todas as nações têmatualmente algum tipo de regulamentação do mercado, o grau deregulamentação desejável é contestado.

Democracia

A relação entre democracia e capitalismo é uma área controversa nateoria e movimentos políticos populares. A extensão do sufrágio universalmasculino no Reino Unido no século XIX ocorreu juntamente com odesenvolvimento do capitalismo industrial. A democracia tornou-se comum

ao mesmo tempo que o capitalismo, levando muitos teóricos a postular umarelação causal entre eles, ou que cada um afeta o outro. No entanto, noséculo XX, segundo alguns autores, o capitalismo também foiacompanhado de uma variedade de formações políticas bastante distintasdas democracias liberais, incluindo regimes fascistas, monarquias eestados de partido único,[31] enquanto algumas sociedades democráticas,como a República Bolivariana da Venezuela e da Catalunha Anarquista,têm sido expressamente anti-capitalistas.[53]

Enquanto alguns pensadores defendem que o desenvolvimentocapitalista, mais ou menos inevitável, eventualmente, leva ao surgimento dademocracia, outros discordam dessa afirmação. A investigação sobre ateoria da paz democrática indica que as democracias capitalistas raramentefazem guerra umas com as outros[54] e têm pouco de violência interna.Porém os críticos dessa teoria dizem que os estados capitalistas

democráticos podem lutar raramente ou nunca com outros estadoscapitalistas democráticos devido à semelhança ou a estabilidade política enão porque eles são democráticos ou capitalistas.

Alguns comentaristas argumentam que, embora o crescimentoeconômico sob o capitalismo levou a uma democratização no passado, nãopoderá fazê-lo no futuro, como os regimes autoritários têm sido capazes degerir o crescimento econômico sem fazer concessões a uma maior liberdade política.[55][56] Estados que têm grandes sistemas econômicoscapitalistas têm prosperado sob sistemas políticos autoritários ouopressores. Singapura, que mantém uma economia de mercado altamenteaberta e atrai muitos investimentos estrangeiros, não protege certasliberdades civis, como a liberdade de opinião e de expressão. O setor (capitalista) privado na República Popular da China tem crescidoexponencialmente e prosperou desde o seu início, apesar de ter umgoverno autoritário. O governo de Augusto Pinochet no Chile, levou aocrescimento econômico através de meios autoritários para criar umambiente seguro para investimentos e o capitalismo.

Em resposta às críticas do sistema, alguns defensores do capitalismotêm argumentado que suas vantagens são apoiadas por pesquisasempíricas. Índices de Liberdade Econômica mostram uma correlação entreas nações com maior liberdade econômica (como definido pelos índices) epontos mais altos em variáveis como renda e expectativa de vida, incluindoos pobres, nessas nações.

Benefícios políticos

Crescimento econômico

Entre os anos 1000-1820 economia mundial cresceu seis vezes ou50% por pessoa. Após o capitalismo começar a se espalhar maisamplamente, entre os anos 1820-1998, a economia mundial cresceu 50vezes, ou seja, nove vezes por pessoa.[58] Na maioria das regiõeseconômicas capitalistas, como Europa, Estados Unidos, Canadá, Austráliae Nova Zelândia, a economia cresceu 19 vezes por pessoa, mesmo queestes países já tinham um nível mais elevado de partida, e no Japão, queera pobre em 1820, 31 vezes, enquanto no resto do mundo o crescimentofoi de apenas 5 vezes por pessoa.[58]

Muitos teóricos e políticos nos países predominantemente capitalistastêm enfatizado a capacidade do capitalismo em promover o crescimentoeconômico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), a utilização dacapacidade instalada, ou padrão de vida. Este argumento foi central, por exemplo, na defesa de Adam Smith de deixar um controle livre da produção

e do preço do mercado, e alocar recursos. Muitos teóricos observaram queeste aumento do PIB mundial ao longo do tempo coincide com osurgimento do sistema mundial capitalista moderno.[59][60]

Os defensores argumentam que o aumento do PIB (per capita) éempiricamente demonstrado sobre um padrão de vida melhor, como uma

melhor disponibilidade de alimentos, habitação, vestuário e cuidados desaúde.[61] A diminuição do número de horas trabalhadas por semana e adiminuição da participação das crianças e dos idosos no mercado detrabalho também têm sido atribuídas ao capitalismo.[62][63]

Os defensores também acreditam que uma economia capitalistaoferece muito mais oportunidades para os indivíduos aumentar a sua rendaatravés de novas profissões ou empreendimentos que as outras formaseconômicas. Para o seu pensamento, esse potencial é muito maior do queem qualquer das sociedades tradicionais tribais ou feudais ou emsociedades socialistas.

Liberdade política

Milton Friedman argumentava que a liberdade econômica docapitalismo competitivo é um requisito da liberdade política. Friedmanargumentou que o controle centralizado da atividade econômica é sempreacompanhado de repressão política. Na sua opinião, as transações emuma economia de mercado são voluntárias e a grande diversidade quepermite o voluntariado é uma ameaça fundamental à repressão de líderespolíticos e diminui consideravelmente o poder de coagir do Estado. A visãode Friedman foi também partilhada por Friedrich Hayek e John MaynardKeynes, tanto de quem acreditava que o capitalismo é vital para a liberdadede sobreviver e prosperar.[64][65]

Auto-organizaçãoOs economistas da Escola Austríaca têm argumentado que o

capitalismo pode se organizar em um sistema complexo, sem umaorientação externa ou mecanismo de planejamento. Friedrich Hayekconsiderou o fenômeno da auto-organização é subjacente ao capitalismo.Preços servem como um sinal sobre a urgência das vontades das pessoase a promessa de lucros incentiva os empresários a utilizar os seusconhecimentos e recursos para satisfazer esses desejos. Assim, asatividades de milhões de pessoas, cada um buscando seu própriointeresse, são coordenadas.[66]

Críticas

Notáveis críticos do capitalismo têm incluído: socialistas, anarquistas,comunistas, tecnocratas, alguns tipos de conservadores, luddistas,

narodniks, shakers e alguns tipos de nacionalistas. Os marxistas defendiamuma derrubada revolucionária do capitalismo que levaria ao socialismo, atéa sua transformação para o comunismo. O marxismo influenciou partidossocial-democratas e trabalhistas, bem como alguns socialistasdemocráticos moderados. Muitos aspectos do capitalismo estiveram sobataque do movimento anti-globalização, que é essencialmente contrário aocapitalismo corporativo.

Muitas religiões têm criticado ou sido contra elementos específicos docapitalismo. O judaísmo tradicional, o cristianismo e o islamismo proíbememprestar dinheiro a juros, embora os métodos bancários tenham sidodesenvolvidos em todos os três casos e adeptos de todas as três religiõessão autorizados a emprestar para aqueles que estão fora de sua religião. Ocristianismo tem sido uma fonte de louvor para o capitalismo, bem comouma fonte de críticas ao sistema, particularmente em relação aos seusaspectos materialistas.[67] O filósofo indiano P.R. Sarkar, o fundador domovimento Ananda Marga, desenvolveu a Lei do Ciclo Social  paraidentificar os problemas do capitalismo.[68][69]

Os críticos argumentam que o capitalismo está associado à desigualdistribuição de renda e poder, uma tendência de monopólio ou oligopólio nomercado (e do governo pela oligarquia); imperialismo, a guerra contra-revolucionária e várias formas de exploração econômica e cultural, arepressão dos trabalhadores e sindicalistas e fenômenos como a alienaçãosocial, desigualdade econômica, desemprego e instabilidade econômica. Ocapitalismo é considerado por muitos socialistas um sistema irracional emque a produção e a direção da economia não são planejadas, criandomuitas incoerências e contradições internas.[70]

Os ambientalistas argumentam que o capitalismo exige crescimento

econômico contínuo, e, inevitavelmente, esgota os recursos naturais finitosda Terra e outros recursos amplamente utilizados. Historiadores eestudiosos, como Immanuel Wallerstein, argumentam que o trabalho não-livre, por escravos, servos, prisioneiros e outras pessoas coagidas, écompatível com as relações capitalistas.[71]

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Problemas ambientais: erosão e poluição dos solos; poluiçãoda atmosfera e alterações do clima local (clima urbano, ilha decalor) e do clima da Terra (efeito estufa, destruição da camadade ozônio, (chuvas ácidas); poluição das águas (eutrofização,poluição das águas doces); destruição da cobertura vegetal,desmatamento; unidades de conservação e a preservação dosecossistemas e da flora e da fauna brasileira e paranaense.

PoluiçãoFenômeno estreitamente vinculado ao progresso industrial, a degrada-

ção das condições ambientais tem aumentado de maneira considerável epreocupante nas regiões mais desenvolvidas do mundo, sobretudo a partir de meados do século XX.

Poluição é o termo empregado para designar a deterioração das condi-ções físicas, químicas e biológicas de um ecossistema, que afeta negati-vamente a vida humana e de espécies animais e vegetais. A poluiçãomodifica o meio ambiente, ou seja, o sistema de relações no qual a exis-tência de uma espécie depende do mecanismo de equilíbrio entre proces-sos naturais destruidores e regeneradores.

Do meio ambiente depende a sobrevivência biológica. A atividade clo-rofiliana produz o oxigênio necessário a animais e vegetais; a ação de

animais, plantas e microrganismos garante a pureza das águas nos rios,lagos e mares; os processos biológicos que ocorrem no solo possibilitam ascolheitas. A vida no planeta está ligada ao conjunto desses fenômenos,cuja inter-relação é denominada ecossistema. Processo natural recuperá-vel, a poluição resulta da presença de uma quantidade inusitada de matériaou energia (gases, substâncias químicas ou radioativas, rejeitos etc) emdeterminado local. É, por isso, principalmente obra do homem em suaatividade industrial.

Mesmo antes da existência do homem, a própria natureza já produziamateriais nocivos ao meio ambiente, como os produtos da erupção devulcões e das tempestades de poeira. Na verdade, materiais sólidos no ar,como poeira ou partículas de sal, são essenciais como núcleos para aformação de chuvas. Quando, porém, as emanações das cidades aumen-tam desmedidamente tais núcleos, o excesso pode prejudicar o regime

pluvial, porque as gotas que se formam são demasiado pequenas para cair como chuva. Alguns tipos de poluição, sobretudo a precipitação radioativa ea provocada por certas substâncias lançadas ao ar pelas chaminés defábricas, podem disseminar-se amplamente, mas em geral a poluição sóocorre em limites intoleráveis onde se concentram as atividades humanas.

Desde a antiguidade há sinais de luta contra a poluição, mas esta só setornou realmente um problema com o advento da revolução industrial. Jáno início do século XIX registraram-se queixas, no Reino Unido, contra oruído ensurdecedor de máquinas e motores. As chaminés das fábricaslançavam no ar quantidades cada vez maiores de cloro, amônia, monóxidode carbono e metano, aumentando a incidência de doenças pulmonares.Os rios foram contaminados com a descarga de grande volume de dejetos,o que provocou epidemias de cólera e febre tifóide. No século XX surgiramnovas fontes de poluição, como a radioativa e, sobretudo, a decorrente dosgases lançados por veículos automotores.

A poluição e seu controle são em geral tratados em três categorias na-turais: poluição da água, poluição do ar e poluição do solo. Estes trêselementos também interagem e em conseqüência têm surgido divisõesinadequadas de responsabilidades, com resultados negativos para o con-trole da poluição. Os depósitos de lixo poluem a terra, mas sua incineraçãocontribui para a poluição do ar. Carregados pela chuva, os poluentes queestão no solo ou em suspensão no ar vão poluir a água e substânciassedimentadas na água acabam por poluir a terra.

Poluição da água

Considera-se que a água está poluída quando não é adequada ao con-

sumo humano, quando os animais aquáticos não podem viver nela, quandoas impurezas nela contidas tornam desagradável ou nocivo seu uso recrea-tivo ou quando não pode ser usada em nenhuma aplicação industrial.

Os rios, os mares, os lagos e os lençóis subterrâneos de água são odestino final de todo poluente solúvel lançado no ar ou no solo. O esgoto

doméstico é o poluente orgânico mais comum da água doce e das águascosteiras, quando em alta concentração. A matéria orgânica transportadapelos esgotos faz proliferar os microrganismos, entre os quais bactérias eprotozoários, que utilizam o oxigênio existente na água para oxidar seualimento, e em alguns casos o reduzem a zero. Os detergentes sintéticos,nem sempre biodegradáveis, impregnam a água de fosfatos, reduzem aomínimo a taxa de oxigênio e são objeto de proibição em vários países,entre eles o Brasil.

Ao serem carregados pela água da chuva ou pela erosão do solo, osfertilizantes químicos usados na agricultura provocam a proliferação dosmicrorganismos e a conseqüente redução da taxa de oxigênio nos rios,lagos e oceanos. Os pesticidas empregados na agricultura são produtossintéticos de origem mineral, extremamente recalcitrantes, que se incorpo-ram à cadeia alimentar, inclusive a humana. Entre eles, um dos mais co-nhecidos é o inseticida DDT. Mercúrio, cádmio e chumbo lançados à águasão elementos tóxicos, de comprovado perigo para a vida animal.

Os casos mais dramáticos de poluição marinha têm sido originados por derramamentos de petróleo, seja em acidentes com petroleiros ou emvazamentos de poços petrolíferos submarinos. Uma vez no mar, a manchade óleo, às vezes de dezenas de quilômetros, se espalha, levada por ventos e marés, e afasta ou mata a fauna marinha e as aves aquáticas. Omaior perigo do despejo de resíduos industriais no mar reside na incorpora-

ção de substâncias tóxicas aos peixes, moluscos e crustáceos que servemde alimento ao homem. Exemplo desse tipo de intoxicação foi o ocorrido nacidade de Minamata, Japão, em 1973, devido ao lançamento de mercúriono mar por uma indústria, fato que causou envenenamento em massa elevou o governo japonês a proibir a venda de peixe. A poluição marinha temsido objeto de preocupação dos governos, que tentam, no âmbito da Orga-nização das Nações Unidas, estabelecer controles por meio de organismos

 jurídicos internacionais.

A poluição da água tem causado sérios problemas ecológicos no Bra-sil, em especial em rios como o Tietê, no estado de São Paulo, e o Paraíbado Sul, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A maior responsabili-dade pela devastação da fauna e pela deterioração da água nessas viasfluviais cabe às indústrias químicas instaladas em suas margens.

Poluição do ar 

Embora a poluição do ar sempre tenha existido -- como nos casos daserupções vulcânicas ou da morte de homens asfixiados por fumaça dentrode cavernas -- foi só na era industrial que se tornou problema mais grave.Ela ocorre a partir da presença de substâncias estranhas na atmosfera, oude uma alteração importante dos constituintes desta, sendo facilmenteobservável, pois provoca a formação de partículas sólidas de poeira efumaça.

Em 1967, o Conselho da Europa definiu a poluição do ar nos seguintestermos: "Existe poluição do ar quando a presença de uma substânciaestranha ou a variação importante na proporção de seus constituintes podeprovocar efeitos prejudiciais ou criar doenças." Essas substâncias estra-nhas são os chamados agentes poluentes, classificados em cinco gruposprincipais: monóxido de carbono, partículas, óxidos de enxofre, hidrocarbo-

netos e óxidos de nitrogênio. Encontram-se suspensos na atmosfera, emestado sólido ou gasoso.

As causas mais comuns de poluição do ar são as atividades industriais,combustões de todo tipo, emissão de resíduos de combustíveis por veícu-los automotivos e a emissão de rejeitos químicos, muitas vezes tóxicos, por fábricas e laboratórios.

O principal poluente atmosférico produzido pelo homem (o dióxido decarbono e o vapor d'água são elementos constitutivos do ar) é o dióxidosulfúrico, formado pela oxidação do enxofre no carvão e no petróleo, comoocorre nas fundições e nas refinarias. Lançado no ar, ele dá origem aperigosas dispersões de ácido sulfúrico. Às vezes, à poluição se acrescentao mau cheiro, produzido por emanações de certas indústrias, como curtu-mes, fábricas de papel, celulose e outras.

O dióxido de carbono, ou gás carbônico, importante regulador da at-mosfera, pode causar modificações climáticas consideráveis se tiver altera-da a sua concentração. É o que ocorre no chamado efeito estufa, em que aconcentração excessiva desse gás pode provocar, entre outros danos, odegelo das calotas polares, o que resulta na inundação das regiões costei-

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ras de todos os continentes. O monóxido de carbono, por sua vez, é produ-zido sobretudo pelos automóveis, pela indústria siderúrgica e pelas refinari-as de petróleo. Outros poluentes atmosféricos são: hidrocarbonetos, aldeí-dos, óxidos de azoto, óxidos de ferro, chumbo e derivados, silicatos, flúor ederivados, entre outros.

No final da década de 1970, descobriu-se nova e perigosa conseqüên-cia da poluição: a redução da camada de ozônio que protege a superfícieda Terra da incidência de raios ultravioleta. Embora não esteja definitiva-mente comprovado, atribuiu-se o fenômeno à emissão de gases industriaisconhecidos pelo nome genérico de clorofluorcarbonos (CFC). Quandoatingem a atmosfera e são bombardeados pela radiação ultravioleta, osCFC, muito usados em aparelhos de refrigeração e em sprays, liberamcloro, elemento que destrói o ozônio. Além de prejudicar a visão e o apare-lho respiratório, a concentração de poluentes na atmosfera provoca alergiase afeta o sangue e os tecidos ósseo, nervoso e muscular.

Poluição do solo

A poluição pode afetar também o solo e dificultar seu cultivo. Nas gran-des aglomerações urbanas, o principal foco de poluição do solo são osresíduos industriais e domésticos. O lixo das cidades brasileiras, por exem-plo, contém de setenta e a oitenta por cento de matéria orgânica em de-composição e constitui uma permanente ameaça de surtos epidêmicos. Oesgoto tem sido usado em alguns países para mineralizar a matéria orgâni-

ca e irrigar o solo, mas esse processo apresenta o inconveniente de veicu-lar microrganismos patogênicos. Excrementos humanos podem provocar acontaminação de poços e mananciais de superfície. Os resíduos radioati-vos, juntamente com nutrientes, são absorvidos pelas plantas. Os fertilizan-tes e pesticidas sintéticos são suscetíveis de incorporar-se à cadeia alimen-tar.

Fator principal de poluição do solo é o desmatamento, causa de dese-quilíbrios hidrogeológicos, pois em conseqüência de tal prática a terra deixade reter as águas pluviais. Calcula-se que no Brasil sejam abatidos anual-mente trinta mil quilômetros quadrados de florestas, com o objetivo de obter madeira ou áreas para cultivo.

Outra grande ameaça à agricultura é o fenômeno conhecido como chu-va ácida. Trata-se de gases tóxicos em suspensão na atmosfera que são

arrastados para a terra pelas precipitações. A chuva ácida afeta regiõescom elevado índice de industrialização e exerce uma ação nefasta sobre asáreas cultivadas e os campos em geral.

Poluição radioativa, calor e ruído

Um tipo extremamente grave de poluição, que afeta tanto o meio aéreoquanto o aquático e o terrestre, é o nuclear. Trata-se do conjunto de açõescontaminadoras derivadas do emprego da energia nuclear, e se deve àradioatividade dos materiais necessários à obtenção dessa energia. Apoluição nuclear é causada por explosões atômicas, por despejos radioati-vos de hospitais, centros de pesquisa, laboratórios e centrais nucleares, e,ocasionalmente, por vazamentos ocorridos nesses locais.

Também podem ser incluídos no conceito de poluição o calor (poluiçãotérmica) e o ruído (poluição sonora), na medida em que têm efeitos nocivossobre o homem e a natureza. O calor que emana das fábricas e residênciascontribui para aquecer o ar das cidades. Grandes usinas utilizam águas dosrios para o resfriamento de suas turbinas e as devolvem aquecidas; muitasfábricas com máquinas movidas a vapor também lançam água quente nosrios, o que chega a provocar o aparecimento de fauna e flora de latitudesmais altas, com conseqüências prejudiciais para determinadas espécies depeixes.

O som também se revela poluente, sobretudo no caso do trânsito urba-no. O ruído máximo tolerável pelo homem, sem efeitos nocivos, é de no-venta decibéis (dB).Diversos problemas de saúde, inclusive a perda perma-nente da audição, podem ser provocados pela exposição prolongada abarulhos acima desse limite, excedido por muitos dos ruídos comumenteregistrados nos centros urbanos, tais como o som das turbinas dos aviões a

 jato ou de música excessivamente alta.No Brasil, além dos despejos industriais, o problema da poluição é a-

gravado pela rápida urbanização (três quartos da população do país vivemnas cidades), que pressiona a infra-estrutura urbana com quantidadescrescentes de lixo, esgotos, gases e ruídos de automóveis, entre outros

fatores, com a conseqüente degradação das águas, do ar e do solo. Já nocampo, os dois principais agentes poluidores são as queimadas, para finsde cultivo, pecuária ou mineração, e o uso indiscriminado de agrotóxicosnas plantações. Tais práticas, além de provocarem desequilíbrios ecológi-cos, acarretam riscos de erosão e desertificação. 

Por  poluição entende-se a introdução pelo homem, direta ouindiretamente de substâncias ou energia no ambiente, provocando umefeito negativo no seu equilíbrio, causando assim danos na saúde humana,nos seres vivos e no ecossistema ali presente.

Os agentes de poluição, normalmente designados por  poluentes,podem ser de natureza química, genética, ou sob a forma de energia, comonos casos de luz, calor ou radiação.

Mesmo produtos relativamente benignos da actividade humana podemser considerados poluentes, se eles precipitarem efeitos negativosposteriormente. Os NOx (óxidos de azoto) produzidos pela indústria, por exemplo, são frequentemente citados como poluidores, embora a própriasubstância libertada, por si só não seja prejudicial. São classificados comopoluentes pois com a acção dos raios solares e a humidade da atmosfera,esses compostos dão origem a poluentes como o HNO3 ou o smog.

Tipos de poluição

 

Poluição atmosférica  Poluição hídrica

  Poluição do solo

  Poluição sonora

  Poluição visual

  Poluição térmica

  Poluição luminosa

Poluentes mais frequentes e seus efeitos mais temidos

  Dioxinas - provenientes de resíduos , podem causar câncer, má-

formação de fetos, doenças neurológicas, etc.  Partículas de cansadez (materiais particulados) - emitidas por 

carros e indústrias. infectam os pulmões, causando asmas, bronquite,alergias e até câncer.

  Chumbo - metal pesado proveniente de carros, pinturas, águacontaminada, indústrias. Afecta o cérebro, causando retardo mental eoutros graves efeitos na coordenação motora e na capacidade de atenção.

  Mercúrio - tem origem em centrais elétricas e na incineração deresíduos. Assim como o chumbo, afeta o cérebro, causando efeitosigualmente graves.

  Pesticidas, Benzeno e isolantes (como o Ascarel) - podemcausar distúrbios hormonais, deficiências imunológicas, má-formação deórgãos genitais em fetos, infertilidade, câncer de testículo e de ovário.

Poluição Global

Os problemas de poluição global, como o efeito estufa, a diminuição dacamada de ozônio, as chuvas ácidas, a perda da biodiversidade, osdejectos lançados em rios e mares, entre outros materiais, nem sempre sãoobservados, medidos ou mesmo sentidos pela população.

A explicação para toda essa dificuldade reside no fato de se tratar deuma poluição cumulativa, cujos efeitos só são sentidos a longo prazo.Apesar disso, esses problemas têm merecido atenção especial no mundointeiro, por estarem se multiplicando em curto tempo e devido a certeza deque terão influência em todos os seres vivos.

Aquecimento global

A Terra recebe uma quantidade de radiação solar que, em sua maior parte (91%), é absorvida pela atmosfera terrestre, sendo o restante (9%)refletido para o espaço. A concentração de gás carbônico oriunda,principalmente, da queima de combustíveis fósseis, dificulta ou diminui o

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percentual de radiação que a Terra reflete para o espaço. Desse modo, aonão ser irradiado para o espaço, o calor provoca o aumento da temperaturamédia da superfície terrestre.

Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cientistasapontam que o aquecimento global do planeta a médio e longo prazo podeter caráter irreversível. Por isso, desde já, devem ser adotadas medidaspara diminuir as emissões dos gases que provocam o aquecimento. Outroscientistas, no entanto, admitem o aumento do teor do gás carbônico naatmosfera, mas lembram que grande parte desse gás tem origem naconcentração de vapor de água, o que independe das atividades humanas.Essa controvérsia acaba adiando a tomada de decisões acerca da adoçãode uma política que diminua os efeitos do aumento da temperatura médiada Terra.

O carbono presente na atmosfera garante uma das condições básicaspara a existência de vida no planeta: a temperatura. A Terra é aquecidapelas radiações infravermelhas emitidas pelo Sol até uma temperatura de -27 °C. Essas radiações chegam à superfície e são refletidas para o espaço.O carbono forma uma redoma protetora que aprisiona parte dessasradiações infravermelhas e as reflete novamente para a superfície. Issoproduz um aumento de 43 °C na temperatura média do planeta, mantendo-a em torno dos 16 °C. Sem o carbono na atmosfera a superfície seriacoberta de gelo. O excesso de carbono, no entanto, tende a aprisionar mais

radiações infravermelhas, produzindo o chamado efeito estufa: a elevaçãoda temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com as calotas degelo que cobrem os pólos. Os cientistas ainda não estão de acordo se oefeito estufa já está ocorrendo, mas preocupam-se com o aumento dodióxido de carbono na atmosfera a um ritmo médio de 1% ao ano. Aqueima da cobertura vegetal nos países subdesenvolvidos é responsávelpor 25% desse aumento. A maior fonte, no entanto, é a queima decombustíveis fósseis, como o petróleo, principalmente nos paísesdesenvolvidos.

Elevação da temperatura

A elevação da temperatura terrestre entre 2 e 5 graus Celsius,presume-se, provocará mudanças nas condições climáticas. Em funçãodisto, o efeito estufa poderá acarretar aumento do nível do mar, inundaçõesdas áreas litorâneas (diz-se litorâneas no Brasil, litorais em Portugal) edesertificação de algumas regiões, comprometendo as terras agricultáveise, conseqüentemente, a produção de alimentos.

Países emissores de gases do efeito estufa

1.  Estados Unidos 69,0%

2.  China 11,9 %

3.  Indonésia 7,4%

4.  Brasil 5,85%

5.  Rússia 4,8%

6.  Índia 4,5%

7.  Japão 3,1%8.  Alemanha 2,5 %

9.  Malásia 2,1%

10.  Canadá 1,8%

O Brasil ocupa o 16º lugar entre os países que mais emitem gáscarbônico para gerar energia. Mas se forem considerados também osgases do efeito estufa liberados pelas queimadas e pela agropecuária, opaís é o quarto maior poluidor (em % das emissões totais de gases doefeito estufa).

A poluição e a diminuição da camada de ozônio

A camada de ozônio é uma região existente na atmosfera que filtra a

radiação ultravioleta provinda do Sol. Devido processo de filtragem, osorganismos da superfície terrestre ficam protegidos das radiações.

A ozonosfera é formada pelo gás ozônio, que é constituído demoléculas de oxigênio que sofrem um rearranjo a partir da radiaçãoultravioleta que penetra na atmosfera.

A exposição à radiação ultravioleta afeta o sistema imunológico, causacataratas e aumenta a incidência de câncer de pele nos seres humanos,além de atingir outras espécies.

A diminuição da camada de ozônio está ocorrendo devido ao aumentoda concentração dos gases CFC (cloro-flúor-carbono) presentes noaerossol, em fluidos de refrigeração que poluem as camadas superiores daatmosfera atingindo a estratosfera.

O cloro liberado pela radiação ultravioleta forma o cloro atômico, que

reage ao entrar em contato com o ozônio, transformando-se em monóxidode cloro. A reação reduz o ozônio atmosférico aumentando a penetraçãodas radiações ultravioleta.

Consequências econômicas

As consequências econômicas e ecológicas da diminuição da camadade ozônio, além de causar o aumento da incidência do cancro de pele,podem gerar o desaparecimento de espécies animais e vegetais e causar mutações genéticas. Mesmo havendo incertezas sobre a magnitude dessefenômeno, em 1984 foi assinado um acordo internacional para diminuir asfontes geradoras do problema (Protocolo de Montreal).

Protocolo de Montreal

No Protocolo de Montreal, 27 países signatários se comprometeram a

reduzir ou eliminar o consumo de CFC até ao ano 2000, o que, até hoje,ainda não aconteceu na proporção desejada, apesar de já haver tecnologiadisponível para substituir os gases presentes nos aerossóis, em fluidos derefrigeração e nos solventes.

A poluição e as chuvas ácidas

As chuvas ácidas são precipitações na forma de água e neblina quecontêm ácido nítrico e sulfúrico. Elas decorrem da queima de enormesquantidades de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, utilizadospara a produção de energia nas refinarias e usinas termoelétricas, etambém pelos veículos.

Durante o processo de queima, milhares de toneladas de compostosde enxofre e óxido de nitrogênio são lançados na atmosfera, onde sofremreações químicas e se transformam em ácido nítrico e sulfúrico.

O dióxido de carbono reage reversivelmente com a água para formar um ácido fraco o ácido carbônico. No equilíbrio, o pH desta solução é 5.6,pois a água é naturalmente ácida pelo dióxido de carbono. Assim, qualquer chuva com pH abaixo de 5.6 é considerada excessivamente ácida. Dióxidode nitrogênio NO2 e dióxido de enxofre SO2 podem reagir com substânciasda atmosfera produzindo ácidos, esses gases podem se dissolver em gotasde chuva e em partículas de aerossóis e em condições favoráveisprecipitarem-se em chuva ou neve. Dióxido de nitrogênio pode setransformar em ácido nítrico e em ácido nitroso e dióxido de enxofre podese transformar em ácido sulfúrico e ácido sulfuroso. Amostras de gelo daGroelândia mostram a presença de sulfatos e nitratos, o que indica que jáem 1900 tínhamos a chuva ácida. Além disso, a chuva ácida pode seformar em locais distantes da produção de óxidos de enxofre e nitrogênio.

A chuva ácida é um grande problema da atualidade porque anualmentegrandes quantidades de óxidos ácidos são formados pela atividade humanae colocados na atmosfera. Quando uma precipitação (chuva) ácida cai emum local que não pode tolerar a acidez anormal, sérios problemasambientais podem ocorrer. Em algumas áreas dos Estados Unidos (WestVirginia), o pH da chuva chegou a 1.5, e como a chuva e neve ácidas nãoconhecem fronteiras, a poluição de um país pode causar chuva ácida emoutro. Como no caso do Canadá, que sofre com a poluição dos EUA. Aextensão dos problemas da chuva ácida pode ser vista nos lagos sempeixes, árvores mortas, construções e obras de arte, feitas a partir derochas, destruídas. A chuva ácida pode causar perturbações nos estômatosdas folhas das árvores causando um aumento de transpiração e deixando aárvore deficiente de água, pode acidificar o solo, danificar raízes aéreas e,assim, diminuir a quantidade de nutrientes transportada, além de carregar minerais importantes do solo, fazendo com que o solo guarde minerais de

efeito tóxico, como íons de metais. Estes não causavam problemas, poissão naturalmente insolúveis em água da chuva com pH normal, e com oaumento do pH pode-se aumentar a solubilidade de muitos minerais.

A chuva ácida é composta por diversos ácidos como, por exemplo, oóxido de nitrogênio e os dióxidos de enxofre, que são resultantes da

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queima de combustíveis fósseis (carvão, óleo diesel, gasolina entre outros).Quando caem em forma de chuva ou neve, estes ácidos provocam danosno solo, plantas, construções históricas, animais marinhos e terrestres etc.Este tipo de chuva pode até mesmo provocar o descontrole deecossistemas, ao exterminar determinados tipos de animais e vegetais.Poluindo rios e fontes de água, a chuva pode também prejudicar diretamente a saúde do ser humano, causando doenças pulmonares, por exemplo. Este problema tem se acentuado nos países industrializados,principalmente nos que estão em desenvolvimento como, por exemplo,

Brasil, Rússia, China, México e Índia. O setor industrial destes países temcrescido muito, porém de forma desregulada, agredindo o meio ambiente.Nas décadas de 1970 e 1980, na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo, achuva ácida provocou muitos danos ao meio ambiente e ao ser humano.Os ácidos poluentes jogados no ar pelas indústrias, estavam gerandomuitos problemas de saúde na população da cidade. Foram relatadoscasos de crianças que nasciam sem cérebro ou com outros defeitos físicos.E também provocou desmatamentos significativos na Mata Atlântica daSerra do Mar.

Chuva ácida

As consequências da chuva ácida para a população humana sãoeconômicas, sociais ou ambientais. Tais consequências são observáveisprincipalmente em grandes áreas urbanas, onde ocorrem patologias que

afetam o sistema respiratório e sistema cardiovascular, e ,além disso,causam destruição de edificações e monumentos, através da corrosão pelareação com ácidos. Porém, nada impede que as consequências de taischuvas cheguem a locais muito distantes do foco gerador, devido aomovimento das massas de ar, que são capazes de levar os poluentes paramuito longe. Estima-se que as chuvas ácidas contribuam para adevastação de florestas e lagos, sobretudo aqueles situados nas zonastemperadas ácidas.

A poluição e a perda de biodiversidade

Ao interferir nos habitats, a poluição pode levar a desequilíbrios queprovocam a diminuição ou extinção dos elementos de uma espécie,causando uma perda da biodiversidade. As variações da temperatura daágua do mar, levam a dificuldades da adaptação de certas espécies depeixes, é igualmente uma das causas da invasão de águas salinas emambientes tradicionalmente de água doce, causando assim uma pressãoadicional nesses ecossistemas, e potenciando a diminuição ou extinção dasespécies até então ai presentes. 

Desmatamento

Habitats mais ricos e diversificados do planeta, as florestas foram pro-gressivamente destruídas em favor da agricultura e pecuária predatórias epela extração abusiva de seus recursos.

Desmatamento é o ato ou efeito de derrubar árvores e plantas nativas,destruir a mata ou a floresta de forma desordenada, para desenvolver atividade pecuária, agrícola ou madeireira. A palavra só passou a ter usofreqüente a partir da década de 1970, com o advento da consciência ecoló-gica e preservacionista, que manifestou preocupação crescente com os

efeitos destruidores de certas modalidades da produção industrial e daagricultura e pecuária extensivas.

Na Europa, o desmatamento teve início na Idade Média, quando o ho-mem já derrubava florestas para expandir as terras cultiváveis. A devasta-ção das florestas tropicais em ritmo vertiginoso, no entanto, começou muitomais tarde. No início da década de 1990, elas representavam apenas novedos 16 milhões de quilômetros quadrados de superfície originalmenteocupados.

Resultado do emprego de técnicas agrícolas e pecuárias ultrapassa-das, a devastação afeta principalmente as nações do chamado TerceiroMundo, mas, do ponto de vista das conseqüências climáticas e ambientais,os prejuízos são universais. O mais importante talvez seja a perda irrever-sível da diversidade biológica. Acredita-se que as florestas tropicais abri-

guem metade das espécies do planeta, algumas com propriedades medici-nais e outras resistentes a pragas, cujo material genético pode ser aprovei-tado para a melhora de outras espécies.

Nos países industrializados, a tendência de recuperação das florestasao longo das últimas décadas do século XX, principalmente na Europa,

revelava a preocupação em conter os efeitos do desmatamento. No mesmoperíodo, o reflorestamento no Terceiro Mundo ainda era inexpressivo secomparado às áreas devastadas. Estimava-se em 5,9 milhões de quilôme-tros quadrados a superfície de florestas em todo o mundo que seriamtransformados em fazendas, estradas e cidades na primeira metade doséculo XXI.

Desmatamento no Brasil. Trinta por cento das áreas de floresta tropicaldo planeta estão concentradas no Brasil, em especial na bacia amazônica.Essa riqueza vegetal foi encarada, no entanto, como obstáculo para odesenvolvimento do país, principalmente a partir da década de 1970. Foto-grafias de satélite tiradas em 1988 revelaram que o desmatamento realiza-do em pouco mais de dez anos na Amazônia atingia 12% da região - umaárea maior do que a França. Esse ritmo de devastação, segundo os ambi-entalistas, levaria ao desaparecimento da floresta até o final do século XX.No início da década de 1990, no entanto, as taxas de desmatamento apre-sentaram uma redução, mais atribuída à recessão econômica do que àconsciência ecológica. As principais causas do desmatamento na regiãoeram a criação de gado, exploração de madeira, construção de estradas ehidrelétricas, mineração, agricultura em pequenas propriedades e cresci-mento urbano.

O desmatamento é uma das principais causas da seca, porque a der-rubada de árvores destrói as bacias hidrográficas e empobrece o solo. É,

portanto, um fator intensificador da pobreza em países da América Latina,Ásia e África. Exemplo óbvio é o da Etiópia, onde a devastação da vegeta-ção natural reduziu a capacidade de armazenamento de umidade da terra eagravou os efeitos da estiagem sobre a agricultura.

O grande desafio ambiental do mundo contemporâneo consiste em re-cuperar, por meio de programas de reflorestamento, o que já foi degradado;impedir que o processo de desmatamento indiscriminado tenha continuida-de e desenvolver projetos que, mesmo ao incluírem a exploração econômi-ca da floresta, favoreçam sua recuperação gradual, com a reposição garan-tida do que for retirado e respeito aos ciclos biológicos das diversas espé-cies. 

Conservação da natureza.

Conjunto das políticas e técnicas de preservação sistemática dos re-

cursos naturais que possibilitam a vida no planeta e a integração entre asespécies. Também chamado conservacionismo.

Brasil

Fauna

A fauna brasileira não conta com espécies de grande porte, semelhan-tes às que se encontram nas savanas e selvas da África. Na selva amazô-nica existe uma abundante fauna de peixes e mamíferos aquáticos quehabitam os rios e igapós. As espécies mais conhecidas são o pirarucu e opeixe-boi (este em vias de extinção). Nas várzeas há jacarés e tartarugas(também ameaçados de desaparecimento), bem como algumas espéciesanfíbias, notadamente a lontra e a capivara e certas serpentes, como asucuriju. Nas florestas em geral predominam a anta, a onça, os macacos, apreguiça, o caititu, a jibóia, a sucuri, os papagaios, araras e tucanos e umaimensa variedade de insetos e aracnídeos.

Nas caatingas, cerrados e campos são mais comuns a raposa, o ta-manduá, o tatu, o veado, o lobo guará, o guaxinim, a ema, a siriema, perdi-zes e codornas, e os batráquios (rãs, sapos e pererecas) e répteis (casca-vel, surucucu e jararaca). Há abundância de térmitas, que constroem mon-tículos duros como habitação. De maneira geral, a fauna ornitológica brasi-leira não encontra rival em variedade, com muitas espécies inexistentes emoutras partes do mundo. São inúmeras as aves de rapina, como os gavi-ões, as aves noturnas, como as corujas e mochos, as trepadoras, os gali-náceos, as pernaltas, os columbídeos e os palmípedes.

Flora

A diversidade do clima brasileiro reflete-se claramente em sua cobertu-

ra vegetal. A vegetação natural do Brasil pode ser grupada em três domí-nios principais: as florestas, as formações de transição e os campos ouregiões abertas. As florestas se subdividem em outras três classes, deacordo com a localização e a fisionomia: a selva amazônica, a mata atlânti-ca e a mata de araucárias. A primeira, denominada hiléia pelo naturalistaalemão Alexander von Humboldt (do grego, hilayos, "da floresta", "selva-

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gem") é a maior mata equatorial do mundo. Reveste uma área de cincomilhões de quilômetros quadrados, equivalente a quase o dobro do territó-rio da Argentina.

Florestas. A hiléia, do ponto de vista de sua ecologia, divide-se em:mata de igapó, mata de várzea e mata de terra firme. A primeira fica inun-dada durante cerca de dez meses no ano e é rica em palmeiras, como oaçaí (Euterpe oleracea); os solos são arenosos e não cultiváveis nas condi-ções em que se encontram. A mata de várzea é inundada somente nasenchentes dos rios; tem muitas essências de valor comercial e de madeirasbrancas, como a seringueira (Hevea brasiliensis), o cacaueiro (Theobromacacao), a copaíba (Copaifera officinalis), a sumaúma (Ceiba pentandra) e ogigantesco açacu (Hura crepitans). Amata de igapó e a mata de várzea, asduas primeiras divisões da hiléia, têm árvores de folhas perenes. Os solosdas várzeas são intrazonais, argilosos ou limosos.

A mata de terra firme, que corresponde a cerca de noventa por centoda floresta amazônica, nunca fica inundada. É uma mata plenamentedesenvolvida, composta de quatro andares de vegetação: as árvores emer-gentes, que chegam a cinqüenta metros ou mais; a abóbada foliar, geral-mente entre 20 e 35m, onde as copas das árvores disputam a luz solar; oandar arbóreo inferior, entre cinco e vinte metros, com árvores adultas detroncos finos ou espécimes jovens, adaptados à vida na penumbra; e osub-bosque, com samambaias e plantas de folhas largas. Cipós pendentes

das árvores entrelaçam os diferentes andares. Epífitas, como as orquídeas,e vegetais inferiores, como os cogumelos, liquens, fungos e musgos, convi-vem com a vegetação e aumentam sua complexidade.

A mata de terra firme é geralmente semidecídua: dez por cento ou maisde suas árvores perdem as folhas na estiagem. Árvores típicas da terrafirme são a castanheira (Bertholettia excelsa), a balata (Mimusops bidenta-ta), o mogno (Swietenia macrophylla) e o pau-rosa (Aniba duckei). A hete-rogeneidade da floresta dificulta sua exploração econômica, salvo ondeocorrem concentrações. O tipo de solo predominante na hiléia é o latossolo.

A mata da encosta atlântica estende-se como uma faixa costeira, doRio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Suas árvores mais altas che-gam geralmente a 25 ou trinta metros. No sul da Bahia e na vertente marí-tima da serra do Mar, é perenifólia; mais para o interior e em lugares menosúmidos, é semidecídua. Do Paraná para o sul, toma um caráter subtropical:é de menor altura (10 a 15m), perenifólia, mais pobre em cipós e mais ricaem epífitas. A peroba (Aspidosperma sp.), o cedro (Cedrella, spp.), o jaca-randá (Machaerium villosum), o palmito (Euterpe edulis) e o pau-brasilforam espécies exploradas na mata atlântica.

Além de madeira, a mata atlântica contribuiu muito com seus solos pa-ra o desenvolvimento econômico do Brasil. A maior parte deles pertence aogrande grupo dos latossolos vermelho-amarelos, entre os quais se inclui aterra roxa, e nos quais se instalaram várias culturas, como café, cana-de-açúcar, milho e cacau.

O terceiro tipo de floresta é a mata de araucárias. Fisionomicamente, éuma floresta mista de coníferas e latifoliadas perenifólias. Ocorre no planal-to meridional, em terras submetidas a geadas anuais. Das matas brasilei-ras, é a de menor área, porém de maior valor econômico, por ser a mais

homogênea. Suas árvores úteis mais típicas são: o pinheiro-do-paraná(Araucaria angustifolia), produtor de madeira branca; a imbuia (Phoebeporosa), madeira de lei, escura, utilizada em marcenaria; e a erva-mate(Ilex paraguariensis), com cujas folhas tostadas se faz uma infusão seme-lhante ao chá, muito apreciada nos países do Prata.

Formações de transição. A caatinga, o cerrado e o manguezal são ostipos mais característicos da vegetação de transição. As caatingas predo-minam nas áreas semi-áridas da região Nordeste e envolvem grandevariedade de formações, desde a mata decídua (caatinga alta) até a estepede arbustos espinhentos. Suas árvores e arbustos são em geral providosde folhas miúdas, que caem na estiagem, e armados de espinhos. São a

 jurema (Mimosa sp.), a faveleira (Jatropha phyllancantha), o pereiro (Asp i-dosperma pirifolium), a catingueira (Caesalpinia sp), o marmeleiro (Combre-tum sp). São também típicas as cactáceas, como o xiquexique (Pilocereusgounellei), o facheiro (Cereus squamosus), o mandacaru (Cereus jamacaru)e outras do gênero Opuntia. Nos vales planos são freqüentes os carnaubais(Copernicia cerifera).

Os cerrados, ou campos cerrados, predominam no planalto central,desde o oeste de Minas Gerais até o sul do Maranhão. São formaçõesconstituídas de tufos de pequenas árvores, até dez ou 12m de altura,retorcidas, de casca grossa e folhas coriáceas, dispersos num tapete degramíneas até um metro de altura, que na estiagem se transforma em ummanto de palha. Os cerrados penetram no pantanal mato-grossense, ondese misturam a savanas e formações florestais e formam um conjunto com-plexo. Os manguezais ocorrem em formações de quatro a cinco metros dealtura, na costa tropical, e são compostos sobretudo de Rhizophora man-

gle, Avicennia spp. e Laguncularia racemosa.Regiões abertas. As áreas de vegetação aberta, no Brasil, se agrupam

em tipos variados. Os campos de terra firme da Amazônia, como os cam-pos do rio Branco (Roraima), os de Puciari-Humaitá (Amazonas) e os doErerê (Pará), são savanas de gramíneas baixas, com diversas árvoresisoladas típicas do cerrado, como o caimbé (Curatella americana), a caro-beira (Tecoma caraíba) e a mangabeira (Hancornia speciosa). Os camposde várzea do médio e baixo Amazonas e do pantanal (rio Paraguai) sãosavanas sem árvores, com gramíneas de um metro ou mais de altura.

Os campos limpos são estepes úmidas que ocorrem na campanha ga-úcha, em partes do planalto meridional (campos de Vacaria RS, campos deLajes e Curitibanos SC; campos gerais, campos de Curitiba e de Guarapu-ava PR) e no extremo oeste baiano (os gerais). Têm solos geralmente

pobres, salvo na campanha, onde se enquadram no tipo prairie degradado.Ecossistema.

Associação estável existente entre uma comunidade biológica e o am-biente físico onde ela vive. Implica trocas contínuas entre solo, plantas,animais herbívoros e animais carnívoros. Nela se estabelece uma cadeiaalimentar.

Unidades de Conservação

A fauna e a flora, os rios, os mares, as montanhas. Cada um dos ele-mentos da natureza tem um papel a desempenhar. E para que isso ocorraé preciso haver equilíbrio.

Muitos povos e civilizações reconheceram, ao longo da história, a ne-cessidade de proteger áreas naturais com características especiais, por 

motivos os mais diversos: estas áreas podiam estar associadas a mitos,fatos históricos marcantes e à proteção de fontes de água, caça, plantasmedicinais e outros recursos naturais.

Com o passar do tempo, muitas áreas naturais foram sendo destruídaspara dar lugar à ocupação humana. Animais e plantas foram eliminados,alguns desapareceram e outros, até os dias atuais, ainda correm risco deextinção.

Nosso país é considerado megabiodiverso. Aqui se encontra umagrande variedade de espécies da fauna e da flora, compondo importantesecossistemas que nos proporcionam um dos melhores climas do mundo,água pura e em grande quantidade, terras férteis e paisagens paradisíacas.

Este é o nosso maior privilégio, esta é a nossa herança: temos uma na-

tureza que nos oferece todos os recursos de que precisamos para viver bem. E essa herança deve ser protegida.

O governo brasileiro protege as áreas naturais por meio de Unidadesde Conservação (UC) - estratégia extremamente eficaz para a manutençãodos recursos naturais em longo prazo.

Para atingir esse objetivo de forma efetiva e eficiente, foi instituído oSistema Nacional de Conservação da Natureza (SNUC), com a promulga-ção da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. A Lei do SNUC representougrandes avanços à criação e gestão das UC nas três esferas de governo(federal, estadual e municipal), pois ele possibilita uma visão de conjuntodas áreas naturais a serem preservadas. Além disso, estabeleceu meca-nismos que regulamentam a participação da sociedade na gestão das UC,potencializando a relação entre o Estado, os cidadãos e o meio ambiente.

Há 10 anos, o SNUC faz valer nosso direito ao meio ambiente ecologi-camente equilibrado para presentes e futuras gerações, por meio da im-plantação e consolidação de unidades de conservação! Esse espaço foifeito para que você possa conhecê-lo mais... Aproveite! 

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Unidades de conservação

Luiz Paulo Pinto

O Brasil possui uma das biotas mais notáveis do planeta, mas ela temsido degradada de forma dramática. Um indicativo disso é a aceleradaperda da vegetação nativa dos biomas e a lista de 633 espécies com popu-lações extremamente reduzidas registradas na última revisão da faunabrasileira ameaçada de extinção.

Uma das formas mais reconhecidas e utilizadas para garantir a prote-ção dessas espécies e de ecossistemas são as chamadas unidades deconservação – parques nacionais, reservas biológicas e extrativistas, entreoutras. Trata-se de espaços territoriais com características naturais relevan-tes, legalmente instituídos pelo poder público, com objetivo de conservar abiodiversidade e outros atributos naturais neles contidos, com o mínimo deimpacto humano.

A Declaração de Bali, elaborada durante o III Congresso Mundial deParques, realizado em 1982, enfatiza a importância das unidades de con-servação como elementos indispensáveis para a conservação de biodiver-sidade, já que assegurariam, se adequadamente distribuídas geografica-mente e em extensão, a manutenção de amostras representativas deambientes naturais, da diversidade de espécies e de sua variabilidadegenética, além de promover oportunidades para pesquisa científica, educa-

ção ambiental, turismo e outras formas menos impactantes de geração derenda, juntamente com a manutenção de serviços ecossistêmicos essenci-ais à qualidade de vida.

Essa premissa foi reforçada pela Convenção das Nações Unidas sobrea Diversidade Biológica, adotada pela Conferência das Nações Unidas parao Meio Ambiente e o Desenvolvimento  – CNUMAD (Rio-92). No âmbito daconvenção, assinada por 175 países, um sistema adequado de unidadesde conservação é considerado o pilar central para o desenvolvimento deestratégias nacionais de preservação da diversidade biológica.

O estabelecimento de parques e reservas no Brasil pode ser conside-rado um fenômeno ainda recente, sendo que a maioria foi criada nos últi-mos 30 anos. No entanto, espera-se que as oportunidades para a expan-são do sistema se esgotem nas próximas duas décadas, tornando imperati-

va a criação de um maior número possível de unidades de conservação emtodos os biomas brasileiros, valendo-se de critérios biológicos. O paíspossui um sistema de unidades de conservação relativamente extenso,com mais de 1.600 unidades e reservas particulares, federais e estaduais,totalizando aproximadamente 115 milhões de hectares. Considerandosomente as unidades de conservação de proteção integral, as de maior relevância para a preservação da biodiversidade, menos de 3% da superfí-cie do território brasileiro encontra-se dedicado oficialmente a esse objetivo.

Essa pequena fração territorial não está distribuída segundo critérios derepresentatividade ao longo dos diferentes ecossistemas, fato que podereduzir a efetividade do sistema de proteção da biodiversidade brasileira. Abaixa representatividade pode ser parcialmente atribuída ao histórico deuso e ocupação territorial e, por conseqüência, às pressões antrópicasinternas e externas diferenciadas ao longo da rede de unidades de conser-

vação em cada bioma. A Mata Atlântica, por exemplo, possui menos de 2%do seu território protegido em unidades de conservação, ou seja, 98% doespaço apresenta outras formas de uso da terra  – agricultura, cidades,estradas, hidrelétricas, remanescentes florestais etc. Mesmo dentro de ummesmo bioma, o sistema mostra distorções. Enquanto centros de ende-mismo da Mata Atlântica localizados mais ao Sul do país estão cobertospor um número considerável de unidades de conservação, os do Nordesteencontram-se sub-representados.

Análise recente realizada pela Conservação Internacional, enfocando aMata Atlântica, indica que o atual sistema não protege adequadamente asespécies ameaçadas. O estudo, que envolveu 104 espécies de vertebradosterrestres endêmicos e ameaçados de extinção da Mata Atlântica, tevecomo objetivo identificar lacunas no sistema de unidades de conservação eapontar prioridades para a sua expansão. Os resultados do levantamentoapontaram 57 espécies-lacuna, ou seja, que não estão em unidades deconservação de proteção integral. Outras 34 estão parcialmente protegidas,com algumas populações ocorrendo em unidades de conservação, porém aárea seria ainda insuficiente para garantir as metas de proteção para asespécies.

Se o objetivo é conservar a maior fração possível da diversidade biológicada Mata Atlântica ou do país, é preciso dar maior ênfase aos grupos maisameaçados. Várias das populações demograficamente estáveis das espé-cies que figuram nas chamadas listas vermelhas estão restritas a unidadesde conservação e suas probabilidades de persistência, ligadas em grandeparte ao futuro dessas áreas.

Por isso, a identificação de lacunas no sistema de unidades de conser-vação se torna ainda mais importante. Estudos têm sido aperfeiçoados, por meio do planejamento sistemático da conservação, valendo-se de ferra-mentas tecnológicas avançadas. Um exemplo é a revisão das áreas eações prioritárias para conservação através dos workshops regionais debiodiversidade, como parte do Projeto de Conservação e Utilização Susten-tável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), desenvolvido no âmbitodo Ministério do Meio Ambiente. Além de apontar as áreas prioritárias paraa conservação, essas iniciativas são fundamentais para a produção de umdiagnóstico da situação e do conhecimento científico da biodiversidade emescala regional e para indicar as potenciais áreas para criação de unidadesde conservação.

A fragilidade do sistema de unidades de conservação do país não seresume aos aspectos de natureza técnico-científica ligados a sua extensãoe distribuição, mas estão também associados à falta de capacidade dosórgãos de governo de oferecer os instrumentos adequados a seu manejo e

proteção. Dentre os principais problemas encontram-se a indefinição fundi-ária de várias unidades, caça e queimadas predatórias, invasões e presen-ça de populações humanas em unidades de proteção integral (parques,reservas biológicas e estações ecológicas), falta de pessoal técnico e derecursos financeiros e instabilidade política das agências de meio ambiente.Estudos que cobrem várias unidades de conservação em dezenas depaíses mostram que, uma vez decretadas, essas áreas passam a desem-penhar papel relevante na conservação da biodiversidade, a despeito dasdificuldades de implementação.

Um dos pontos mais polêmicos ligados às unidades de conservação érepresentado pela antiga discussão sobre o que é mais prioritário: criar unidades ou implementar as já criadas. É preciso ficar alerta para as possí-veis armadilhas geradas pela questão. Se tivermos de esperar a implemen-tação das unidades de conservação existentes para criarmos novas, o risco

de perder áreas importantíssimas para a biodiversidade é bastante signifi-cativo. O equilíbrio entre as duas estratégias de ação é indispensável.

Nosso sistema de unidades de conservação representa um alicerce a-inda frágil para suportar as pressões sobre a biodiversidade e necessita deinvestimentos significativos. Por outro lado, a rede de unidades cumpreimportante papel nas estratégias de conservação, servindo como foco paraprojetos de educação e informação ambiental e para laboratórios de pes-quisa científica e bioprospecção. Cabe aos governos e à sociedade asse-gurarem a viabilidade desse pilar de sustentação da diversidade biológicado Brasil.

Áreas protegidas no Brasil

No Brasil não existe uma definição legal para áreas protegidas. Contudo, estas podem ser caracterizadas como espaços territorialmentedemarcados cuja principal função é a conservação e/ou a preservação derecursos, naturais e/ou culturais, a elas associados. Vários instrumentoslegais estão disponíveis para a sua criação.

Definição de área protegida

Como dito, não há uma definição para área protegida na legislaçãobrasileira. Na definição da IUCN, apenas as Unidades de Conservação seencaixam. Adotando uma definição mais abrangente, de qualquer área quecolabora com a conservação da natureza, podem ser consideradas áreasprotegidas também outras áreas.

Unidades de Conservação

Unidades de Conservação (UCs) é como são denominadas as áreasnaturais a serem protegidas no Sistema Nacional de Unidades deConservação da Natureza (SNUC). O SNUC, amparado legalmente pelaLei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000, fornece diretrizes e procedimentosoficiais às esferas governamentais federal, estadual e municipal e àiniciativa privada para a criação, a implantação e a gestão de UCs,sistematizando assim a conservação da natureza no Brasil.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 63

Existem no SNUC 12 categorias complementares de UCs, separadasde acordo com seus objetivos de manejo e tipos de uso em dois grandesgrupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. Ascategorias de unidades de proteção integral são as seguintes: estaçãoecológica, monumento natural, parque nacional, refúgio de vida silvestre ereserva biológica. Estas unidades têm como objetivo básico a preservaçãoda natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus recursos naturais, comexceção dos casos previstos na Lei do SNUC.

As categorias de unidades de uso sustentável são as seguintes: áreade proteção ambiental,  área de relevante interesse ecológico,  florestanacional,  reserva de desenvolvimento sustentável,  reserva de fauna, reserva extrativista e reserva particular do patrimônio natural. Estasunidades objetivam a compatibilização do uso direto de parcela dos seusrecursos naturais com a conservação da natureza, permitindo a exploraçãodo ambiente, de maneira a preservar biodiversidade do local e os seusrecursos renováveis.

Terras Indígenas

No Brasil, as áreas ocupadas por povos indígenas são legisladas peloEstatuto do Índio (Lei nº 6001 de 19 de dezembro de 1973) e pelaConstituição de 1988, da seguinte forma:

  Terras indígenas, em sentido amplo (todas tratadas no Estatuto):

o  Terras de ocupação tradicional (ou terras indígenas num sentidoestrito, tratadas também na Constituição;

o  Terras reservadas (com as modalidades reserva indígena, parqueindígena, colônia agrícola indígena e território federal indígena);

o  Terras de domínio das comunidades indígenas.

Territórios Quilombolas

No Brasil, há mais de duas mil comunidades quilombolas. De acordocom certos critérios, uma comunidade quilombola pode ganhar reconhecimento oficial e o título de propriedade de suas terras. Tais terrastituladas são chamadas terras ou territórios quilombolas, e nelas podemviver uma ou mais comunidades quilombolas. De acordo com o Decreto

Federal Nº 4.887 de 20 de novembro de 2003. Código Florestal de 1965

O Código Florestal (Lei 4771/1965) define dois tipos de áreasprotegidas em propriedades particulares:

  Área de Preservação Permanente (APP)

  Reserva Legal (RL)

Outras áreas

Há outras áreas que colaboram para a conservação da natureza,embora talvez não se enquadrem na definição de área protegida da IUCN.Algumas podem ser delimitadas ou protegidas por lei.

As Florestas Públicas são as florestas brasileiras, naturais ouplantadas, que se encontram em áreas públicas. Entre elas, estão asflorestas localizadas em Assentamentos Rurais Públicos, em áreasmilitares, em Terras Arrecadadas do Poder Público (da União, estados emunicípios) e em terras devolutas. Também são consideradas FlorestasPúblicas as florestas das Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Já se propôs a criação de uma nova categoria de Unidade deConservação, especial para terras sob responsabilidade das ForçasArmadas.

Existem áreas vinculadas a ONGs, empresas privadas, empresasestatais da área de eletricidade, instituições de pesquisa e/ou ensino:

  Reserva Ecológica do IBGE - RECOR

  Estação Biológica da Boracéia, da USP  Museu Aberto do Descobrimento

Há também áreas localizadas em propriedades privadas, mas que nãocontam com o reconhecimento legal que as RPPNs possuem. Exemplo:

  Parque Ecológico Quedas do Rio Bonito

Antes da Lei do SNUC, de 2000, havia áreas protegidas criadas combase em legislações anteriores e que não pertenciam às categorias doSNUC (como as Reservas Ecológicas). Elas deveriam ser reavaliadas, noprazo de até dois anos, com o objetivo de definir em que categoria doSNUC se enquadrariam. Contudo, ainda existem algumas áreas protegidasnão recategorizadas:

  Reserva Ecológica da Juatinga

Reconhecimento Internacional

  Reservas Mundiais da Biosfera: Programa MaB, de 1970 (Dec.74685/74 e Dec.Pres. de 21 de setembro de 1999) 

  Sítios Ramsar: Convenção sobre as Zonas Húmidas deImportância Internacional, de 1971 (promulgada pelo Dec. 1905/96)

  Sítios do Patrimônio Mundial Natural: Convenção do PatrimônioMundial, de 1972 (promulgada pelo Dec. 80978/1977)

São como "selos" que as áreas protegidas podem receber.

Unidades de Conservação

Roberta Celestino Ferreira Diversidade biológica (ou simplesmente biodiversidade) pode ser defi-

nida como a diversidade total e a variabilidade dos organismos vivos (inclu-indo, naturalmente, o homem) e dos sistemas ecológicos dos quais elessão parte.

Devido ao rápido crescimento da população humana e do uso desor-denado dos recursos naturais do planeta, vários ambientes importantesforam bastante modificados pelo homem. Estas modificações foram tãosérias que várias espécies de organismos entraram no caminho irreversívelda extinção. A espécie humana tem utilizado várias espécies de organis-mos para garantir a sua sobrevivência. A espécie humana também deve asua sobrevivência a inúmeros serviços ambientais prestados pela natureza.Estes serviços incluem, por exemplo, a manutenção da qualidade da at-mosfera, a reciclagem natural de materiais utilizados pelo homem, o contro-le do ciclo hidrológico, a geração e conservação de solos férteis, que sãoessenciais à agricultura e ao manejo de florestas, o controle de pragas paraa agricultura e de vetores de doenças, entre outros. Além das razões men-cionadas acima, existem várias razões de origem cultural para conservar adiversidade biológica do planeta. Alguns de nossos sentimentos estéticos ereligiosos mais profundos evoluíram através de nossa interação com algunselementos da biodiversidade.

A Convenção para a Diversidade Biológica foi assinada por vários paí-ses, incluindo o Brasil, durante a Conferência das Nações Unidas sobre oMeio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Esta convenção estabeleceuum conjunto de medidas a serem adotadas para conservar a diversidadebiológica de cada nação, conferindo especial destaque à conservação insitu, ou seja, a proteção da biodiversidade no próprio local de ocorrêncianatural, cujo sistema de unidades de conservação é um dos instrumentosessenciais. Uma das formas de garantir a conservação da diversidadebiológica de um país é o estabelecimento de um sistema de áreas protegi-das. No Brasil, as áreas protegidas incluem as áreas de proteção perma-nente, as reservas legais, as reservas indígenas e as unidades de conser-vação. As unidades de conservação constituem-se em uma categoria deárea protegida mais específica e efetiva. Elas devem ter as seguintescaracterísticas: ser um espaço territorial que se destaca por possuir umconjunto "único" ou representativo das características naturais considera-das como relevantes; ser legalmente instituída para a proteção da natureza,com objetivos e limites definidos; possuir um regime específico de adminis-tração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; ser perma-nente. Além da função de proteger a diversidade biológica, as unidades deconservação podem ter outras funções. Com base nestas outras funções éque se reconhecem vários tipos diferentes de unidades de conservação.

As unidades de conservação podem ser classificadas em dois grandesgrupos:

(a) unidades de conservação de proteção integral e

(b) unidades de conservação de uso sustentável.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 64

As unidades de conservação de proteção integral, ou de uso indireto, éaquelas onde haverá a conservação dos atributos naturais, efetuando-se apreservação dos ecossistemas em estado natural com um mínimo dealterações, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos natu-rais. Unidades deste tipo são os Parques Nacionais (PARNA), as ReservasBiológicas (REBIO), as Estações Ecológicas (ESEC), as Reservas Ecológi-cas (RE) e as Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPN).Parque Nacional (PARNA): Unidade de conservação composta por áreanatural, de domínio público, que contém características naturais únicas ou

espetaculares de importância nacional. Ela deve ser pouco ou nada altera-da ecologicamente, representativa e relativamente extensa (superior a1.000 ha). Os objetivos do manejo são: proteger e preservar Unidadesimportantes ou sistemas completos de valores naturais ou culturais, prote-ger recursos genéticos, desenvolver a educação ambiental, oferecer opor-tunidades para a recreação pública e proporcionar facilidades para a inves-tigação científica. Reserva Biológica (REBIO): Unidade de conservaçãocomposta por área natural não perturbada por atividades humanas, quecompreende características e/ou espécies da fauna ou flora de significadocientífico.

Os objetivos do manejo são o de proteger a natureza (de espécies aecossistemas) e manter o processo em um estado sem perturbações,visando proteger amostras ecológicas representativas para estudos científi-cos, monitoramento ambiental, educação científica e para manter recursos

genéticos em um estágio evolutivo dinâmico. Estação Ecológica (ESEC):Unidade de conservação em áreas de domínio público que visa proteger amostras dos principais ecossistemas do país. É permitida a alteração ematé 10% da área. Os objetivos específicos do manejo consistem em propor-cionar condições para pesquisas e monitoramento ambiental, educação e,quando possível, facilitar a recreação. Reserva Ecológica (RESEC): Unida-de de conservação de domínio público que pode ter as mesmas caracterís-ticas da ESEC e da REBIO. Reserva Privada do Patrimônio Natural(RPPN): Área natural ou pouco alterada, de tamanho variável, cuja preser-vação, por iniciativa do proprietário, é reconhecida pelo IBAMA ou órgãoestadual do meio ambiente (somente nos Estados de Minas Gerais, MatoGrosso do Sul, Paraná e Bahia).

As unidades de conservação de uso sustentável, ou de uso direto, sãoaquelas onde haverá conservação dos atributos naturais, admitida a explo-ração de parte dos recursos disponíveis em regime de manejo sustentável.Nestas Unidades procura-se conciliar a preservação da diversidade biológi-ca e dos recursos naturais com o uso sustentado de parte destes recursos.Unidades deste tipo são as Florestas Nacionais (FLONA), as ReservasExtrativistas (RESEX), as Áreas de Proteção Ambiental (APA), e as Áreasde Relevante Interesse Ecológico (ARIE). Reserva Extrativista (RESEX):Unidades de conservação compostas por áreas naturais ou parcialmentealteradas, habitadas por populações tradicionalmente extrativistas, que asutilizam como fonte de subsistência para a coleta de produtos da biotanativa, Área de Proteção Ambiental (APA): Unidades de conservaçãocompostas por áreas públicas e/ou privadas, têm o objetivo de disciplinar oprocesso de ocupação das terras e promover a proteção dos recursosabióticos e bióticos dentro de seus limites, de modo a assegurar o bem-estar das populações humanas que ali vivem, resguardar ou incrementar as

condições ecológicas locais e manter paisagens e atributos culturais rele-vantes. Floresta Nacional (FLONA): Unidades de conservação de domíniopúblico providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, estabelecidascom objetivos de promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase naprodução de madeira e outros produtos vegetais, garantir a proteção derecursos hídricos, das belezas cênicas e dos sítios históricos e arqueológi-cos, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básicae aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer eturismo.

A proteção da diversidade biológica através da criação e manutençãode unidades de conservação não é, como se pode pensar a princípio, umaatribuição somente do governo federal. Ao contrário, segundo a constitui-ção esta atribuição é também competência dos Estados, do Distrito Federale dos Municípios. Do ponto de vista de legislação, a Constituição, garante à

União, aos Estados e a Distrito Federal competência para legislar concor-rentemente sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente econtrole de poluição. A criação e a manutenção de unidades de conserva-ção é uma atribuição de todos os níveis do poder público. No nível federal,

a atribuição de realizar estudos para a criação, monitorar e administrar asunidades de conservação pertence ao IBAMA (Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis), um órgão subordinado aoMinistério do Meio Ambiente. O IBAMA está organizado em cinco diretoriassuperiores: Ecossistemas (DIREC), Recursos Naturais Renováveis (DI-REN), Incentivo à Pesquisa e Divulgação (DIRPED), Controle e Fiscaliza-ção (DIRCOF) e Administração e Finanças (DIRAF).

Em cada um dos Estados, o IBAMA possui também uma Superinten-dência Estadual. As unidades de conservação estão subordinadas adminis-trativamente às Superintendências Estaduais e tecnicamente à sede centralem Brasília, da seguinte maneira: As Unidades de uso indireto e direto (comexceção das FLONAs e RESEX) estão subordinadas à DIREC, através deseu Departamento de Unidades de Conservação (DEUC); As FlorestasNacionais são subordinadas à DIREN; As Reservas Extrativistas estãovinculadas diretamente ao Centro Nacional de Desenvolvimento Sustenta-do das Populações Tradicionais (CNPT). Nos níveis estadual e municipal, acriação e manutenção de unidades de conservação é uma atribuição daSecretaria de Estado ou do Município incumbida das questões ambientais.O processo de escolha de uma área para a implantação de uma novaunidade de conservação não é um tema trivial e tem sido objeto de suces-sivos debates. No passado, a escolha de uma área era feita basicamentecom base em aspectos cênicos e, principalmente, disponibilidade de terra.Várias unidades de conservação no mundo foram criadas a partir desta

perspectiva. Com o avanço do conhecimento sobre a diversidade biológicamundial e da fundamentação teórica da moderna biologia da conservação,a antiga estratégia foi bastante criticada. A razão principal é que nenhumdos dois critérios utilizados poderia ser considerado como razoável doponto de vista científico, pois beleza cênica e disponibilidade de terra nemsempre indicavam aquelas áreas mais preciosas para a conservação danatureza, ou seja, aquelas áreas abrigando maior diversidade biológica.

A partir da década de 70, cientistas no mundo todo começaram a pro-por metodologias para a seleção de áreas prioritárias para a conservação.Algumas destas metodologias baseiam-se na distribuição de espécies,enquanto outras se fundamentam na distribuição de ecossistemas. Méto-dos baseados na distribuição de espécies têm sido amplamente utilizadosao redor do mundo. Um primeiro enfoque seria dar prioridade à conserva-ção de áreas que apresentassem espécies símbolos, geralmente de grandeporte, que despertam considerável interesse do público em geral e dasautoridades. Um segundo enfoque seria priorizar áreas que apresentamalta riqueza de espécies. Um terceiro enfoque dá alta importância paraáreas que apresentam alta concentração de espécies endêmicas, ou seja,espécies que possuem uma distribuição geográfica bastante restrita. Umquarto enfoque dá alta relevância para áreas que apresentam uma altaconcentração de espécies consideradas como ameaçadas de extinção. Ométodo baseado na distribuição de ecossistemas tem sido menos utilizadodo que os métodos baseados na distribuição de espécies. O pressupostobásico deste método é que conservando toda a variação das condiçõesecológicas encontradas em uma determinada área (isto é, conservandotrechos significativos dos principais ambientes de uma região), a grandemaioria das espécies e de suas complexas interações estará sendo preser-vada também. Este método tem sido indicado como a única opção realista

para selecionar áreas prioritárias para a conservação em regiões tropicais,onde as distribuições das espécies são pouco conhecidas.

A escolha de uma área utilizando qualquer um dos métodos descritosacima é somente o primeiro passo do processo. O segundo passo consisteem avaliar no campo a viabilidade da criação de uma nova unidade deconservação. Técnicos especializados visitarão a área para coletar váriosdados, dos quais os mais importantes são: Estado de conservação da área.Uma área de conservação deve possuir grande parte de sua área cobertapela vegetação natural da região, com pouca ou quase nenhuma modifica-ção antropica. Presença de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas deextinção. Estas espécies são possivelmente as que desapareceriam primei-ro caso as modificações dos seus habitats continuasse. Assim, elas devemser consideradas como prioritárias para a conservação. Somente um espe-cialista poderá dizer se a espécie é rara ou endêmica. Para as espécies

ameaçadas de extinção, há uma lista brasileira oficial elaborada pelo IBA-MA. Além desta, alguns Estados elaboraram listas estaduais de espéciesameaçadas de extinção. Representatividade da região ecológica natural. Oque deve ser avaliado aqui é o quanto da variação ambiental existente naregião ecológica natural (ou eco-região) está representado na unidade de

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 65

conservação proposta. Complementaridade ao atual sistema de unidadesde conservação. Esta medida indica como a unidade de conservaçãosendo proposta irá contribuir para a conservação de ecossistemas oupaisagens ainda não protegidas dentro de uma determinada região ecológi-ca natural.

Diversidade de ecossistemas e de espécies. Área disponível para aimplantação de uma unidade de conservação. Valor histórico, cultural eantropológico. Esta é uma medida que indica a presença ou não e a quan-tidade de sítios de grande valor histórico, cultural e antropológico. Grau daspressões humanas sobre a área. Situação fundiária ou viabilidade deregularização fundiária. Somente a partir da análise destas informações éque se poderá tomar uma decisão sobre a criação ou não da nova unidadede conservação e qual será a categoria mais indicada para ela. Se umaárea é considerada apropriada para a criação de uma unidade de conser-vação, deve-se discutir posteriormente a qual nível do poder público eladeverá ser subordinada. Os espaços protegidos são um dos instrumentosmais utilizados com o intuito de conservar a diversidade biológica.

O Brasil, um país de megadiversidade, ainda protege pouco, quantitati-va e qualitativamente, sua biodiversidade, pois a definição, estabelecimen-to, manutenção e gestão das áreas de conservação exigem muitos recur-sos e apoio da sociedade. Diante de tantas prioridades e situações emer-genciais, os recursos dedicados ao meio ambiente são exíguos e insuficien-

tes. Até pouco tempo, a criação de unidades de conservação era restrita aopoder público. A ele cabiam definir, criar e manejar essas áreas que, muitasvezes frutos de decisões arbitrárias, não representavam as parcelas maissignificativas dos ecossistemas, nem contavam com apoio das comunida-des locais. As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) repre-sentam um dos primeiros passos para envolver a sociedade civil na conser-vação da diversidade biológica. Por meio desse mecanismo, a propriedadeprivada dá sua contribuição à proteção do meio ambiente e aumenta signi-ficativamente a possibilidade de se obter um cenário onde haverá muitomais áreas protegidas, tanto em termos de qualidade quanto de quantida-de.

O Brasil possui diversos tipos de unidades de conservação. Há áreasprotegidas municipais, estaduais e federais. Há unidades de uso indireto,ou proteção integral, em que o maior objetivo é a conservação da diversi-

dade biológica, e unidades de uso direto, nas quais o propósito maior é ouso sustentável dos recursos naturais. Há, ainda, espaços protegidospúblicos e privados, como as RPPNs. Os biomas brasileiros são protegidosde forma desigual: a maior extensão protegida encontra-se na RegiãoNorte. O Cerrado, bioma que possui apenas 0,37% de sua área protegidapor unidades de conservação federais de uso indireto, também tem sidoalvo de uma intensa ocupação e uma enorme pressão sobre seus recursosnaturais, dificultando o estabelecimento de unidades de conservação signi-ficativas. A Caatinga, por sua vez, possui apenas 0,57% de sua área abri-gada por unidades de conservação. Mas são justamente essas regiões quenecessitam de maior proteção. Tais biomas não são alvos de preocupaçõesinternacionais, nem possuem um grande apelo dentro do país, mas ofere-cem importantes componentes na geração dos serviços ambientais, taiscomo qualidade da água, conservação dos solos, presença de polinizado-res em culturas agrícolas e qualidade do ar. Entretanto, sem o apelo que aAmazônia possui, com pouca extensão protegida, esses biomas estãosendo varridos do mapa numa velocidade assustadora. Apesar de seremum eficiente instrumento de conservação da natureza, os espaços protegi-dos ressentem-se de uma tendência mundial: transformarem-se em "ilhas"de ecossistemas conservados num "mar" de degradação. Não apenas aconexão desses espaços com outras áreas naturais é fundamental paraassegurar os processos essenciais de manutenção da sua diversidadebiológica, como também tais processos dependem do que acontece fora daárea protegida, ou seja, de como o espaço é utilizado além dos limites daunidade de conservação. Muitos ambientes e ecossistemas devem suasobrevivência, ainda que em pequenas "ilhas", às áreas protegidas. Algu-mas espécies, também, devem sua sobrevivência e mesmo sua recupera-ção às áreas de conservação. O Brasil, a Colômbia, o México e a Indonésiasão os quatro países mais ricos na diversidade de fauna e flora. No Brasil,

que é o campeão em número total de organismos, vivem cerca de três milespécies de vertebrados terrestres e três mil espécies de peixes de águadoce. Aqui são encontradas também 55 mil espécies de plantas com flores,o que equivale a 22% de todas as plantas com flores existentes no planeta.Há ainda 517 espécies de anfíbios (sapos, rãs etc.), o que representa 12%

das espécies do mundo e 77 espécies de primatas (macacos), 26% do totalde espécies existentes na Terra. Grande parte da diversidade estimada deinsetos _ algo em torno de 10 a 15 milhões de espécies, a maioria aindadesconhecida _ encontra-se no Brasil. E mais! O Brasil ocupa o segundolugar em número de mamíferos (524 espécies), a terceira posição emnúmero de pássaros (1.622 espécies) e em número de palmeiras (387espécies) e o quarto lugar em número de répteis (468 espécies). Infeliz-mente, a velocidade da destruição é também impressionante. Por exemplo,das 524 espécies de mamíferos presentes no Brasil, 71 espécies estão

ameaçadas de extinção, isso quer dizer que 13,5% de nossas espécies demamíferos correm um grande risco de desaparecerem em pouco tempo. OIBAMA produz periodicamente a Lista Oficial de Animais Ameaçados deExtinção, na qual já estão 208 espécies e 10 outras serão adicionadas embreve.

A nossa flora também está em perigo: atualmente, 107 espécies deplantas são reconhecidas oficialmente como ameaçadas de extinção. Asespécies desaparecem por vários motivos: a destruição do ambiente ondevivem; expulsão por outras espécies introduzidas; alteração do ambientepor poluentes químicos; caça e pesca excessiva, entre outros. Assim sen-do, seu desaparecimento é um indicador do desaparecimento de paisa-gens, ambientes, ecossistemas, comunidades, populações, processos egenes. 

A fauna paranaenseO Paraná tem fauna muito rica e diversificada com muitas espécies de

animais. Bons exemplos dessa espécies são a raposa-dos-pampas, a jaguatirica, o guaxinim, o lobo-guará, e a ave símbolo do Estado, a gralha-azul, que enriquecem a paisagem da região.

Raposa-dos-Pampas (Pseudalopex gymnocercus) 

A raposa-dos-pampas é um animal típico da fauna paranaense e, atu-almente, se encontra na lista vermelha de animais ameaçados de extinçãodo Estado. Seu peso varia de 4 a 6kg, e mede cerca de 90 cm, incluindosua cauda, que é longa e peluda. A alimentação desse onívoro é baseadaem carne, pequenos animais e roedores.

Jaguatirica (Leopardus pardalis) 

A jaguatirica mede entre 95cm a 1,45 m e é típica da fauna paranaen-se. Seu peso pode variar de 7kg a 15kg e se alimenta de pequenos roedo-res, além de macacos, pacas, tatus, ouriços, carcaças, ovos e aves.

Guaxinim (Procyon cancrivorus) 

Outro animal que pode ser encontrado na fauna paranaense é o guaxi-nim, também conhecido como mão-pelada ou zorrinho, em razão de suamancha preta em volta dos olhos. Pode pesar até 10kg e medir entre 80cme 1,10m. O guaxinim se alimenta de peixes, anfíbios, pequenos insetos emamíferos.

Lobo-guará ( Chrysocyon brachyurus) 

O lobo-guará é um animal com pelo laranja-avermelhado, pode medir até 1,60m e pesar até 30kg. Sua alimentação é baseada em outros animais

como répteis, anfíbios, aves, além de alguns frutos. Tem ótima audição ecostuma sair para procurar alimento no fim da tarde ou início da manhã.

Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) 

A gralha-azul é a ave símbolo do Paraná, mede cerca de 40cm e pesaentre 180 e 260 gramas. Alimenta-se basicamente de pequenos insetos,anfíbios, frutos e sementes. A ave é conhecida como plantadora de pinhão,pois costuma enterrar a semente para comer em épocas de escassez dealimento. Muitas vezes acaba esquecendo onde deixou e, consequente-mente o pinhão germina e dá vida a uma nova araucária.

Fonte: Portal Meio Ambiente - Paraná Meio ambiente no Paraná

O Paraná tem grande biodiversidade natural, sendo a araucária, árvoresímbolo do Estado, a imbuia e a erva-mate, algumas das espécies vegetaismais comuns na região. Em virtude dessa variada vegetação paranaense, épossível encontrar espécies de animais como a raposa-dos-pampas, queatualmente está na lista de animais ameaçados de extinção do Estado, a

 jaguatirica, o guaxinim e o lobo-guará.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 66

Para proteger essa fauna e essa flora paranaense foram criados algunsprogramas ambientais. O Pró-Atlântica é um exemplo disso, pois monitoraas matas, vislumbrando a importância ambiental e socio econômica daFloresta Atlântica, e as interrelações entre esses dois aspectos e suasconseqüências no decorrer do tempo. O Programa Pró-Saneamento de-senvolve ações para combater erosões. Já, os Programas Nacional doMeio Ambiente (PNMAII/SEMA) e o Município Verde e a Força Verde têmcomo função primordial cuidar das áreas verdes e da fauna local, comba-tendo o tráfico, o desmatamento e a caça de animais e plantas nativas.

Para garantir mais áreas protegidas, o Paraná criou 64 áreas de prote-ção ambiental. Dentre algumas delas estão o Parque Estadual Pico doMarumbi, o Parque Estadual de Vila Velha, bastante conhecido por suasformações rochosas, além do Parque Estadual da Graciosa e do ParqueEstadual Pico Paraná, com a montanha mais alta do Sul do país.  

Os projetos ambientais do Paraná

Para proteger a rica biodiversidade da flora paranaense surgiram proje-tos ambientais com diversos focos, mas com objetivos em comum: preser-var e recuperar a natureza. O programa para proteção da Floresta Atlântica,Pró-Atlântica é um deles, tem como função garantir a proteção das florestasúmidas, localizadas na Serra do Mar do Paraná. Já o programa Pró-Saneamento é um programa que desenvolve ações para combater ero-sões. Isso pode ser feito com medidas simples como construções de ater-

ros sanitários, obras de drenagem e criação de barragens.

Outra ação importante no Estado é o Programa Nacional do Meio Am-biente (PNMAII/SEMA). Baseado no programa do governo federal, temcomo finalidade criar medidas eficazes para contribuir com a preservaçãoda flora e fauna do Estado, melhorando a infraestrutura dos órgãos respon-sáveis pela gestão ambiental, além de buscar a participação da populaçãopor meio da educação ambiental.

O policiamento do meio ambiente no Paraná é desenvolvido através doProjeto Força Verde, que une Órgãos de Segurança Pública do Estado como objetivo de fiscalizar as áreas verdes da região. Outro programa importan-te do Paraná é o de Recuperação Ambiental de Várzeas, que pretendetratar as áreas da Bacia do Rio Iguaçu e da Região Metropolitana de Curiti-ba. Já o Município Verde é uma ação que pretende desenvolver práticas de

educação ambiental com a população a fim de estimular sua participaçãoefetiva nas ações em favor do meio ambiente. O processo de educaçãoambiental busca conscientizar a comunidade sobre questões ambientais.Dessa forma, a população consegue compreender melhor a necessidadede preservar a natureza.

A comunidade pode contribuir com o programa de várias formas, sejamonitorando as florestas, ajudando na recuperação da flora, denunciandoatividades ilícitas nas matas do Estado, ou então, mudando hábitos comações no próprio dia a dia, como separar o lixo ou economizar água.  

Fonte:http://www.sppert.com.br/Artigos/Brasil/Paraná/Meio_Ambiente/Os_projetos

 _ambientais_do_Paraná/

Unidades paranaenses de conservação ambiental

O Paraná possui várias unidades de conservação ambiental. Com oobjetivo de preservar a mata e a fauna regional, o governo definiu áreasque devem ser conservadas. Ao todo são 64 pontos de proteção total quetem como objetivo preservar a riqueza natural da área, e 23 pontos deconservação de uso sustentável onde é permitida a exploração dos recur-sos naturais do local, porém de maneira controlada, sem prejudicar o meioambiente.

Parque Estadual Pico do Marumbi 

O Parque Estadual Pico do Marumbi consiste em montanhas ao redor da mata atlântica presente no litoral do Estado. Essas montanhas formambarreiras que protegem e mantém belezas naturais da região. Muitos turis-tas visitam o local em busca de aventura e esportes radicais, como escala-

da e caminhada nas trilhas.Parque Estadual de Vila Velha 

Localizado na cidade de Ponta Grossa, O Parque Estadual de Vila Ve-lha possui uma vasta área de formações rochosas de várias formas etamanhos. As rochas têm cor parecida com a de tijolo e podem chegar a

mais de 30 metros de altura. Além disso, o parque também é conhecidopelas furnas, crateras muito profundas com água até a metade. Em umadas crateras foi construído um elevador que leva os visitantes a 54 metrosde profundidade.

Parque Estadual da Graciosa 

O Parque Estadual da Graciosa é uma Unidade de Proteção Integral efica localizada no município de Morretes. O parque traz diversas riquezasnaturais com espécies de mamíferos, répteis e aves, além de vegetais

típicos da região. Ao todo são cerca de 1.189 hectares de preservaçãonatural.

Parque Estadual Pico Paraná 

O Parque Estadual Pico do Paraná possui as maiores formações ro-chosas de todo o Estado e fica localizado entre as cidades de Antonina eCampina Grande do Sul. O pico mais famoso do local é o Pico do Paraná,que tem cerca de 1.877 metros e, por ser o mais alto do Sul do Brasil, émuito procurada por escaladores. A trilha, apesar não ser um percursodifícil, não é recomendada para iniciantes, pois exige muito preparo físico eatenção. 

Fonte:http://www.sppert.com.br/Artigos/Brasil/Paraná/Meio_Ambiente/Unidades_paranaenses_de_conservação_ambiental/

DADOS GERAIS:

Capital: CuritibaRegião: SulSigla: PRGentílico: paranaensePopulação: 10.439.601 (Censo 2010) Área (em km²): 199.709 Densidade Demográfica (habitantes por km²): 52,27 Quantidade de municípios: 399

DADOS ECONÔMICOS E SOCIAIS 

Produto Interno Bruto (PIB)*: R$ 190 bilhões (2009) Renda Per Capita*: R$ 17.779 (2009) Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,820 (2005) - elevado Principais Atividades Econômicas: agricultura, pecuária, industria eserviços. Mortalidade Infantil (antes de completar 1 ano): 17,3 por mil (em 2009) Analfabetismo: 6,3% (2010) Expectativa de vida (anos): 74,4 (2008)

PONTOS TURÍSTICOS E CULTURAIS 

- Museu Paranaense (Curitiba)- Museu David Carneiro- Museu de Artes de Cascavel- Museu da Imagem e do Som- Museu Oscar Niemeyer - Museu de Arte Contemporânea- Museu Metropolitano de Arte de Curitiba- Teatro Guaíra- Bosque Alemão- Catedral Basílica- Memorial da Cidade (Curitiba)- Memorial Japonês (Curitiba) - Ilha do Mel - Cataratas do Iguaçu 

GEOGRAFIA 

Etnias: brancos (76%), negros (2%), pardos (22%) Rios importantes: Paraná, Paranapanema, Iguaçu, Ivai, Piquiri, Tibagi,Pirapó, Chopim, Ribeira do Iguape.

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Geografia A Opção Certa Para a Sua Realização 67

Principais cidades: Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, PontaGrossa, Cascavel, São José dos Pinhais, Colombo, Guarapuava.Clima: subtropical úmido 

Informações sobre a Geografia do Paraná 

Localização Geográfica: região sul do Brasil

Coordenadas Geográficas: 24° 36' S 51° 23' O

Limites geográficos: São Paulo (norte), Santa Catarina (sul), OceanoAtlântico (leste), Mato Grosso do Sul (noroeste), Argentina (sudoeste) eParaguai (oeste).

Área: 199.709 km²

Fronteiras com os seguintes estados brasileiros: São Paulo (norte) eSanta Catarina (sul).

Clima: subtropical úmido

Relevo: presença de baixa na região litorânea; planaltos a oeste e leste;depressão na região central.

Vegetação: vegetação de mangue na região litorânea; Mata Atlântica naregião da costa leste; floresta tropical a oeste; Mata de Araucária na região

central.Ponto mais alto: Pico do Paraná na região da Serra do Mar com 1.877,3metros.

Cidades mais populosas: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa,Cascavel e São José dos Pinhais.

Principais recursos naturais: vários tipos de minerais (argila, calcário,areia, dolomita, mármore, xisto, chumbo, cobre e ferro.

Principais rios: rio Paraná (mais importante), rio Iguaçú, Tibaji, Itararé eIvaí.

Principais problemas ambientais: poluição do ar nas grandes cidades,contaminação do solo, poluição de rios. http://www.suapesquisa.com/geografia/parana.htm

PROVA SIMULADA

01 Sobre a região do litoral paranaense, assinale o que for  correto.A) Encontram-se, no interior da planície litorânea, serras ou morros isola-dos, de constituição cristalina.B) Os mangues ocupam as partes mais elevadas da planície litorânea, nabase da escarpa da serra do Mar.C) Os campos de dunas são mais freqüentes na baía de Guaratuba, forma-dos pela ação dos ventos fortes.D) Os sambaquis constituem antigos depósitos de materiais associados àerosão de falésias costeiras.E) A ilha do Mel formou-se pela acumulação de detritos provenientes daserra do Mar e do planalto do Alto Ribeira.

02 Assinale o que for correto sobre o ciclo de exploração da erva-mate, noestado do Paraná.A) O produto adquiriu maior importância no século XVII, associado aocomércio das tropas.B) Foi explorada, principalmente, nos pinhais do extremo-oeste do Estado.C) O produto era exportado sobretudo para o norte do Brasil na sua formabruta, tendo baixo valor comercial devido ao nãoprocessamento das folhasde chá.D) Em uma determinada fase do ciclo, os portos de Paranaguá e de Anto-nina atenderam ao embarque do produto para outros centros consumido-res.E) O ciclo econômico da erva-mate deixou profundas marcas na paisageme na cultura de cidades como Ponta Grossa e Jaguariaíva.

03 Sobre as matas de Araucária, assinale o que for correto.A) No estado do Paraná, ainda ocupam extensas áreas de solos orgânicose de terra roxa no planalto de Guarapuava.B) O pinheiro-do-Paraná é, atualmente, a principal matéria-prima da produ-ção de papel, nos três estados do Sul do Brasil.

C) Na porção norte do estado do Paraná, associam-se aos fundos de valedos grandes rios, mais sombreados e frescos.D) O pinho é uma madeira muito resistente, sendo um dos principais produ-tos de exportação do Paraná.E) O pinhão é um produto extrativo natural dessa formação, sendo a gralhaazul um elemento dispersor das sementes dasaraucárias.

04 O Paraná recebeu importantes levas de imigrantes da Europa Central e

da Europa Oriental desde a segunda metade do século XIX até a terceiradécada do século XX.Assinale a alternativa correta sobre a imigração européia no Estado.A) Os poloneses se instalaram principalmente no Oeste do Paraná, dedi-cando-se à cultura do fumo.B) Mallet, União da Vitória, Irati e São Mateus do Sul são cidades com forteinfluência alemã, visível na sua arquiteturagótica.C) No Sudoeste, os imigrantes europeus dedicaram-se, originalmente, àpecuária de corte, em sistema extensivo de invernadas, em grandes lati-fúndios.D) Os alemães ocuparam a região de Castro, onde instalaram cooperativasque concentraram importante produção de laticínios.E) A cidade de Prudentópolis sediou importante contingente de imigrantes

ucranianos.05 Assinale a alternativa correta sobre as potencialidades turísticas doParaná.A) As formações rochosas de Vila Velha e as Furnas situam-se no SegundoPlanaltoParanaense e estão associadas a rochas areníticas.B) O Parque Nacional do Iguaçu é o último reduto paranaense onde o loboGuará ainda se reproduz.C) A estrada da Graciosa é a ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá, atra-vessando as serras do Mar e da Esperança.D) A costa Oeste compreende as terras banhadas pelos rios Ivaí e Piquiri,onde instalaram-se inúmeras pousadas nos locais em que há fontes ter-mais.E) Sendo o Paraná um estado de criação muito recente, inexistem cidadescuja arquitetura retrata o período colonial brasileiro, diferentemente das

cidades históricas de Minas Gerais e do Nordeste.

06 Assinale a alternativa correta sobre o potencial energético do Paraná.A) A produção de lenha a partir de florestas artificiais de pinheiros é, alémde ecologicamente correta, uma importanteatividade no norte do Estado.B) A produção de petróleo está associada às bacias litorâneas, assim comoa nuclear, sediada em Paranaguá.C) O Paraná é um importante produtor de carvão natural, apresentando

 jazidas principalmente nos terrenos sedimentares do planalto areníticoba-sáltico.D) A formação do reservatório da hidroelétrica de Itaipu acarretou prejuízosao ambiente, ao turismo e à cultura, sepultando o Salto de Sete Quedas evários sítios arqueológicos.

E) Dos afluentes do rio Paraná em território paranaense, o rio Ivaí é o quepossui maior número de usinas hidroelétricas emoperação, seguindo-se os rios Piquiri e Iguaçu.

07 Sobre o rio Iguaçu e sua bacia hidrográfica, assinale a alternativa corre-ta.A) O rio Iguaçu nasce no Segundo Planalto Paranaense.B) Devido às cachoeiras e aos pântanos, o rio Iguaçu não apresenta condi-ções de navegabilidade em nenhum trecho do seu curso.C) A usina hidrelétrica de Itaipu represa as águas do rio Iguaçu junto à suafoz.D) A bacia hidrográfica do rio Iguaçu abrange terras do Paraguai e dosestados do Paraná e do Mato Grosso do Sul.E) O cultivo do fumo é uma atividade econômica presente no âmbito dessabacia hidrográfica.

08 Com base na ilustração, assinale a alternativa que indica a distância, emlinha reta, entre Maringá e Ângulo.

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A) 26,1 km.B) 29 km.C) 18 km.D) 36,1 km.E) 25,1 km.

09 Assinale a alternativa incorreta a respeito do litoral do Paraná.A) A suinocultura é a principal atividade pecuária do litoral paranaense eestá associada à imigração de origem alemã.B) As baías de Paranaguá e de Guaratubacorrespondem a áreas do litoral

nas quais ocorreu ingressão marinha e, conseqüentemente, formação debaías.C) As cidades de Morretes, Antonina e Paranaguá estiveram associadas aociclo do ouro, no contexto do estado do Paraná.D) As cidades de Antonina e Morretes estiveram associadas, por um perío-do, à atividade de beneficiamento da erva-mate.E) Considerando-se a forma do território dos estados do Paraná e de SantaCatarina, observa-se que, ao contrário do litoral catarinense, que é bastanteamplo, o território do Paraná estreita-se na sua face litorânea.

10 Assinale a alternativa que corresponde a uma unidade de conservaçãono Paraná.A) As pradarias de Guarapuava.B) As várzeas do rio Ivaí.

C) As matas-de-araucária da serra do Mar.D) Os cerrados de Campo Mourão.E) As florestas tropicais do Guartelá.

11 Considerando as afirmações a seguir sobre as atividades econômicasno espaço rural do estado do Paraná, assinale aalternativa correta.I. Um dos fatores decisivos para o bom desempenho econômico do setor agrícola foi o fortalecimento do sistema de cooperativas, que também éresponsável pelo crescimento da agroindústria.II. O Paraná ocupa lugar de destaque na agricultura nacional. As diferentescaracterísticas físicas e climáticas do estado proporcionam a possibilidadeda existência de atividades agrícolas diversificadas e a utilização de avan-çadas técnicas se traduz em altos índices de produtividade.III. Associada às lavouras de milho, a suinocultura difundiu-se no oeste e nosudoeste do Paraná, onde se encontram os rebanhos de melhor qualidadee os maiores índices de produtividade.Está(ão) correta(s)A) apenas I.B) apenas II.C) apenas I e III.D) apenas II e III.E) I, II e III.

12 Sobre as características da região Sul do Brasil, assinale a alternativacorreta.A) Sua efetiva ocupação iniciou-se no século XIX, com a chegada de imi-grantes portugueses que, utilizando mão-de-obra escrava, dedicaram-se àcultura cafeeira.

B) O principal parque industrial no estado do Paraná está localizado naregião de Foz do Iguaçu, beneficiado pela energia da usina hidrelétrica deItaipu.

C) Em virtude da proximidade da região com todos os países do PactoAndino, tem ocorrido, nos últimos anos, um maior desenvolvimento dasatividades industriais.D) Única região brasileira situada totalmente em zona de clima tropical dealtitude, destaca-se, na atualidade, como umgrande exportador de cevada.E) O setor agropecuário está atrelado às indústrias alimentícias. No oestede Santa Catarina, por exemplo, encontram-se grandes abatedouros efrigoríficos, como os grupos Sadia e Perdigão.

13 Sobre a colonização européia na região Sul do Brasil e no Paraná,assinale a alternativa correta.A) A imigração européia e a imigração asiática foram a principal forma deocupação do Oeste paranaense.B) A ocupação das zonas coloniais se fez com base, principalmente, naexploração do setor agropecuário em pequenas propriedades rurais.C) Castro e Palmeira foram, respectivamente, núcleos de colonizaçãoalemã e italiana.D) Os japoneses, em Assaí, destacaram-se pela produção de café, posteri-ormente substituído pelo cultivo do binômiomilho/soja.E) Os eslavos destacaram-se pela implantação dos parques industriais deBlumenau, de Joinville e de Curitiba.

14 Primeiro Planalto, Segundo Planalto e Terceiro Planalto constituem asdenominaçes das principais unidades do relevo paranaense, que tambémrecebem nomes regionais de acordo com sua localização geográfica. Sobreas denominações regionais e a localização geográfica dos planaltos, assi-nale a alternativa correta.A) O Primeiro Planalto, ou Planalto Litorâneo, vai da zona costeira a Curiti-ba; o Segundo Planalto, ou Planalto de PontaGrossa, vai até os Campos de Guarapuava; o Terceiro Planalto, ou Planaltode Apucarana, vai até os limites meridionaisdo Paraná.B) Curitiba situa-se no Primeiro Planalto, Ponta Grossa situa-se no Segun-do Planalto e Guarapuava situa-se no Terceiro Planalto.C) Os três planaltos paranaenses têm como limites geográficos, respecti-vamente, as bacias dos rios Iguaçu, Ivaí e Piquiri.

D) O Primeiro Planalto corresponde à zona litorânea e à Serra do Mar, oSegundo Planalto corresponde à zona de domínio dos campos gerais e oTerceiro Planalto corresponde às áreas cobertas de matas, incluindo asflorestas de araucária.E) O Primeiro Planalto é associado com as regiões montanhosas do Para-ná, incluindo a Serra do Mar e a Serra Geral; o Segundo Planalto é associ-ado com as áreas de domínio dos solos oriundos de derrames basálticos; oTerceiro Planalto é associado com as áreas oriundas da Formação ArenitoCaiuá.

15 Sobre a localização industrial no estado do Paraná, assinale a alternati-va correta.A) A região metropolitana de Curitiba vemse transformando em importantepólo industrial do Sul do Brasil graças, principalmente, às indústrias do

setor automobilístico ali instaladas.B) O setor industrial paranaense depende, para seu fortalecimento, muitomais das agroindústrias instaladas pelas cooperativas nas cidades dointerior, tendo a soja como matéria-prima principal, do que de outros seg-mentos econômicos.C) O setor industrial que mais se destaca em termos econômicos, no Para-ná, é o setor têxtil, sustentado pelas indústrias de confecção instaladas emMaringá e em Cianorte.D) O setor industrial paranaense ainda é considerado bastante atrasado,sendo que a base da economia do Estado ainda é dependente da agricultu-ra, com a exportação de produtos in-natura.E) As indústrias paranaenses, em número bastante reduzido, estão concen-tradas próximo às grandes cidades do Estado evoltadas principalmente ao atendimento do mercado interno.

16 Em relação à Bacia do Paraná, assinale a alternativa correta.A) Não é inteiramente brasileira, pois o rio Paraná desemboca no oceanoAtlântico com o nome de rio da Prata entre o Uruguai e a Argentina.

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B) É inteiramente brasileira, tanto que o rio principal e todos os seus afluen-tes nascem no Brasil e desembocam no oceano Atlântico, no litoral brasilei-ro.C) É a bacia com o maior potencial de geração de energia elétrica do Brasil,sendo que a maior usina, a de Tucuruí, está localizada próximo à confluên-cia dos rios Grande e Paranaíba.D) O rio Paraná, que dá nome à Bacia, corta os estados das regiões Sul eSudeste do Brasil, depois de banhar a planície do Pantanal.E) Tanto o rio principal quanto seus principais afluentes drenam as regiões

agrícolas do Sul e do Sudeste, garantindo o abastecimento de água paraimportantes projetos de irrigação de lavouras de café e de frutas tropicais.

17 A seca nos meses de julho e agosto de 2006 e a ocorrência das maisbaixas temperaturas do ano no mês de setembro, no estado do Paraná,são fenômenos que podem ser explicados pela seguinte dinâmica atmosfé-rica:A) ação conjunta das massas Tropical Continental e Tropical Atlântica,ambas com características ciclonais de baixa pressão.B) domínio da Frente Polar Pacífica, desde o início do inverno.C) domínio da massa seca Tropical Atlântica no início do inverno e damassa úmida Tropical Continental no fim do inverno.D) baixa atividade dos sistemas polares nos meses de julho e agosto de2006 e forte ação dos sistemas polares no mês de setembro, gerando frio e

precipitações no encontro com os sistemas tropicais.E) efeito conhecido por El Niño, decorrente do súbito resfriamento daságuas dos oceanos Pacífico e Atlântico Sul.

18 No Paraná, a Mata de Araucária, tendo em vista seu aproveitamentoeconômico na indústria madeireira, foi quase que totalmente dizimada. Arespeito da Mata de Araucária, assinale a alternativa correta.A) Até os anos 1960, quando se completou a colonização do Norte doEstado, ela se constituía na principal formação vegetal da região, sendodevastada para facilitar o avanço das lavouras de café.B) Constituía-se na vegetação natural predominante nas zonas de climasquentes e úmidos, sendo quase que dizimada em função do avanço desen-freado das lavouras mecanizadas a partir dos anos 1980.C) Já na década de 1940, estava completamente dizimada na sua condiçãode formação natural, sendo que, a partir dos anos 1990, com o estímulo do

Estado, voltou a ser cultivada sob a forma de reflorestamento, visando àprodução de papel e de celulose.D) A Mata de Araucária, também denominada Floresta Tropical Latifoliada,embora bastante devastada em outras regiões para a produção madeireira,ainda hoje é a formação natural predominante na Serra do Mar e na zonalitorânea do Paraná, onde sua derrubada é proibida por Lei.E) A Mata de Araucária, também denominada Mata dos Pinhais, constituiua formação florestal predominante nas regiões de baixas temperaturas,aparecendo associada à erva-mate nativa.

19 Assinale a alternativa correta sobre as florestas de araucária no Paraná.A) Além dos pinheiros, essas florestas podem apresentar a ocorrência deervamate.B) O pinhão é colhido principalmente nos meses de verão.

C) Estão associadas aos vales úmidos e protegidos dos ventos nas planí-cies do Sul do estado.D) Exigem totais anuais de precipitação superiores a 4.000 mm.E) Cobriam a maior parte da escarpa da Serra do Mar, tendo sido extintascom o desmatamento da área.

20 No relevo do Paraná, o Terceiro Planalto ocupa uma área de aproxima-damente dois terços do território do estado e recebe denominações regio-nais de acordo com o espaço onde se localiza. Assinale a alternativa queapresenta corretamente as denominações regionais dessa importanteunidade fisiográfica do Paraná.A) Planalto de Cambará e São Jerônimo da Serra, Planalto de Apucarana,Planalto de Campo Mourão, Planalto de Guarapuava, Planalto de Palmas.B) Planalto de Maringá, Planalto de Londrina, Planalto de Ponta Grossa,Planalto de União da Vitória, Planalto de Capanema.C) Planalto da Lapa, Planalto de Ponta Grossa, Planalto de Cornélio Pro-cópio, Planalto da Serra Geral, Planalto da Serrado Cadeado.D) Planalto da Serra da Graciosa, Planalto da Serra do Mar, Planalto deCuritiba, Planalto de Ponta Grossa, Planalto de

Guarapuava.E) Planalto de São Luiz do Purunã, Planalto da Esperança, Planalto dePonta Grossa, Planalto de Apucarana, Planalto deJacarezinho e Cambará.

21 A respeito da economia do Norte do Paraná, é correto afirmar queA) foi estruturada em função da implantação de indústrias a partir dos anos1990.B) teve sua origem no século XIX com a grande lavoura cafeeira dependen-

te do trabalho escravo.C) foi sustentada, na primeira metade do século XX, pelas lavouras de caféem pequenas e médias propriedades.D) teve, na mineração (extração de ouro), o seu grande suporte no séculoXVII.E) foi o tropeirismo, associado à pecuária extensiva, que estruturou aeconomiaregional no início do século XX.

22 Assinale a alternativa que apresenta a atividade que deu origem acidades paranaenses como Ponta Grossa, Lapa, Castro e Palmeira.A) Extração de madeiraB) Lavouras de sojaC) Mineração

D) Extração de erva-mateE) Tropeirismo

GABARITO01 A02 D03 E04 E05 A06 D07 E08 A09 A10 D11 E

12 E13 B14 B15 A16 A17 D18 E19 A20 A21 C22 EFonte: http://terceiraom3.files.wordpress.com/2007/11/simuladogeopr.pdf  BIBLIOGRAFIA

©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.Wikipédia, a enciclopédia livre

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