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Pobres CEP · 2017-11-17 · sobre o que seria um texto de referência para as ... que estão por vir: a criação de um Dia Mundial do Pobre. Uma semana antes de celebrar a solenidade

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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. Manuel Linda22 - Opinião José Luis Gonçalves24 - Especial Assembleia da CEP36 - Semana de... Paulo Rocha38 - Dossier Dia Mundial dos Pobres

40 - Entrevista Teresa Vasconcelos74 - Multimédia76 - Estante78 - Agenda80 - Vaticano II82 - Programação Religiosa83 - Minuto Positivo84 - Liturgia86 - Fundação AIS88 - LusoFonias

Foto de capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Dia Mundial dosPobres[ver+]

Nova casa para aCEP[ver+]

AssembleiaPlenária[ver+] D. Manuel Linda | Paulo Rocha |José Luis Gonçalves | OctávioCarmo| Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa | Tony Neves |Paulo Aido

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A encíclica de carne e osso

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Uma das grandes curiosidades do início do atualpontificado era saber quando é que seriapublicada a “encíclica” do Papa Francisco sobrea pobreza. Os discursos sobre a “economia quemata” e os gestos de proximidade com os maisdesfavorecidos, aqueles para quem pede “teto,terra e trabalho” vezes sem conta, criaram umanatural curiosidade, uma profunda expectativasobre o que seria um texto de referência para asgerações futuras.Na sequência do Jubileu da Misericórdia,Francisco decidiu escrever uma encíclica decarne e osso, olhando para hoje e para os anosque estão por vir: a criação de um Dia Mundialdo Pobre. Uma semana antes de celebrar asolenidade de Cristo-Rei, as igrejas católicas detodo o mundo são chamadas a abrir as portas aoutra, à verdadeira riqueza que aponta ao Reinodefinitivo.É um tempo para retomar os alertas contra aavareza e o apego ao dinheiro, comconsequências nas relações familiares e sociais,pedindo um uso solidário dos bens materiais.Muitos acusam o Papa, entre outras coisasmenos bonitas, de ser um pauperista. Parecemignorar que a proposta cristã não é um caminhode pobreza pela pobreza, mas o da pobrezacomo instrumento, para que Deus seja o únicoSenhor. Para quem professa a fé católica, nãodeveria ser difícil de entender.Igualmente válida continua a advertência sobre aindiferença a que são votados os pequenos

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dramas dos pobres, em contrapontocom a avalanche mediática quequalquer alteração dos mercadosorigina.“A pobreza, para nós cristãos, não éuma categoria sociológica, filosófica

ou cultural. Não! É uma categoria teologal”. Esta frase do PapaFrancisco mostra que a Igreja pobrepara os pobres não é uma propostafacultativa, é o caminho privilegiadopara imitar Jesus Cristo.

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A Conferência Episcopal Portuguesa tem nova sede…Uma festa que ficou na história.

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- Vergílio Ferreira (1916-1997), escritorportuguês - «Quem procura a glórianão a merece, quem a merece não aprocura». - Anne Frank (1929-1945), escritoraalemã - «Não há ninguém que tenhaficado pobre por dar» - Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), escritor e aviador francês - «Averdade não é, de modo algum,aquilo que se demonstra, masaquilo que se simplifica». - Gilbert K. Chesterton (1874-1936),escritor inglês - «O verdadeirosoldado luta não por odiar o queestá à sua frente, mas sim porqueama o que está por detrás dele». - Miguel Torga (1907-1995), escritorportuguês - «Os homens são comoas obras de arte: é preciso que senão entenda tudo delas duma sóvez».

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Seminários, uma marca da Igrejaem Portugal

O secretário da Comissão EpiscopalVocações e Ministérios consideraque existe “algum desconhecimento”sobre o que é um seminário e queesta situação gera “preconceitos”.Em plena Semana dos Seminários,o padre José Alfredo Ferreira daCosta que é também reitor doSeminário Maior do Porto realça queé necessário dar a conhecer osseminários porque algumas pessoasentendem estas casas de formação“numa linguagem do passado e pré-conciliar” e “não

têm uma visão esclarecida” destasinstituições, disse à AgênciaECCLESIA.A Semana dos Seminários servepara “dar a conhecer” estas casas,pedir aos cristãos “a oração pelosseminaristas” e colocar as pessoas“em sintonia com as necessidadesmateriais destas casas”.O sacerdote reconhece que osseminários portugueses estão atornar “os seus espaços sociais emareópagos modernos”. Ao analisar opanorama atual, o secretário daComissão

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Episcopal Vocações e Ministérios,salienta que chegam “cada vezmais aos seminários vocaçõesadultas”.O Seminário Diocesano de Setúbalestá a assinalar 25 anos deexistência, uma obra que semprefoi muito ansiada pela IgrejaCatólica local e que tem formadosacerdotes para a missão, numterritório com necessidades muitoespecíficas. Em entrevista àAgência ECCLESIA, o reitordaquela casa realça a importânciade preparar padres que consigamatender a desafios sociais como apobreza e o desemprego, mas quetenham também capacidade deevangelização e integração numa“diocese multicultural”, onde “acomunidade católica é umaminoria”.“O perfil de um sacerdote nestadiocese é sempre de alguém queé um missionário, que como oPapa Francisco nos diz, leve oEvangelho na alegria do Senhor. Eportanto todo o processo formativotem em conta este objetivo”,explica o padre Rui Gouveia.O reitor do Seminário Maior deCristo Rei, nos Olivais, abriu asportas da instituição à AgênciaECCLESIA para uma entrevistainserida na Semana dosSeminários, e centrada nosdesafios que hoje se colocam à

formação dos futuros sacerdotes. Nassuas paredes alberga 66seminaristas, 31 do Patriarcado deLisboa e os restantes provenientes deoutras 10 dioceses, de Portugalcontinental, do Arquipélago daMadeira, de Cabo Verde, de SãoTomé e Príncipe e da Índia.Rodrigo Cardoso, do Seminário Maiorde Cristo Rei dos Olivais, aceitou odesafio de falar com a AgênciaECCLESIA sobre o seu percursovocacional. “A sociedade olha muitopara quem entra no Seminário ou nosconventos como se estivesse aalhear-se do mundo, mas não”.As dioceses de Braga, Lisboa e Portotêm mais de metade dos seminaristasdiocesanos da Igreja Católica emPortugal, do 1.º ao 6.º ano deTeologia, a reta final da formação dosfuturos sacerdotes.Os dados completos estão disponíveisno endereço sites.ecclesia.pt/especiais/seminarios/,não sendo contabilizados seminaristasde outros países, os semináriosRedemptoris Mater (Beja, Évora,Lisboa, Porto) e de CongregaçõesReligiosas.

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Cáritas acompanha vítimas dosincêndiosA Cáritas Portuguesa continua noterreno junto das populações maisafetadas pelos incêndios que, entrejunho e outubro, provocaram maisde 100 mortos, deixaram centenasde casas e empresas destruídas earrasaram 442 mil hectares defloresta. Em entrevista à AgênciaECCLESIA, o presidente da CáritasPortuguesa reconhece que oprocesso de apoio “está a ser lentorelativamente à ansiedade em queas pessoas se encontram” e aosofrimento “indiscritível” por quepassaram.“É mais que justo que as pessoasestejam nesta inquietude dequererem ver reconstruída a casaque, sem culpa própria, lhes foiroubada pelos fogos”, realçaEugénio Fonseca.Aquele responsável destacasobretudo a preocupação com aspessoas que perderam entesqueridos para as chamas, e que têmque ser devidamenteacompanhadas. “Depois da casaentregue, mobilada, eu quero saberquem é que vai fazer companhia aessas pessoas, algumas muitoidosas, que já não têm fotografiaspara ver dos seus antepassados,arderam… Que já não têmrecordações à mão. Quem

vai estar com essas pessoas paraas confortar?”, questiona EugénioFonseca, que recorda a importânciade um trabalho de vizinhança.A situação dos incêndios foi um dostemas centrais do último ConselhoGeral da Cáritas Portuguesa, queteve lugar entre sábado e domingo,em Fátima.O Governo identificou recentemente900 casas de primeira habitaçãodestruídas pelas chamas, para asquais vai destinar um investimentode 30 milhões de euros.Entre os distritos mais afetadospelos fogos de junho e de outubroestão as regiões de Viseu, Coimbrae Castelo Branco. O presidente daCáritas Diocesana de Coimbra, umdos territórios mais afetados pelaschamas, recorda o exemplo dasfamílias que dependiam “daagricultura, da pequenaagropecuária”.

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Igreja quer famílias a acompanharfamíliasO presidente da ComissãoEpiscopal do Laicado e Famíliaanunciou que a Igreja Católica querpromover formação de famílias para“ajudar outras famílias a descobrir oEvangelho”. D. Joaquim Mendesconsidera que as famílias “devemser evangelizadoras de outrasfamílias, famílias que acompanhemoutras famílias”.O responsável falava durante asJornadas Nacionais de PastoralFamiliar, que decorreram emFátima, entre sábado e domingo,com o tema ‘O Evangelho daFamília – Alegria para o mundo’. Ostrabalhos mostraram que valorizar afamília na ação pastoral significatambém mudar as comunidadescristãs.O presidente da ComissãoEpiscopal Laicado e Família querparóquias “amigas das famílias”dado que não são constituídas porpessoas anónimas.Os promotores destas JornadasNacionais da Pastoral Familiaridentificaram também algumaerosão nos valores associados àfamília.Manuel Marques, coordenadornacional do departamentoresponsável por este setor,reconhece que “as famílias setornaram mais

permissivas, os pais têm menoshoras para os filhos que passam amaior parte do tempo na escola”.“Perdeu-se também o hábito daoração em família”, acrescentou.Carlos Grijó, de 22 anos, participounas jornadas e mostroupreocupação em acolher os queviveram experiências negativas:“Temos o dever de acolher estaspessoas e de lhes apresentarcritérios e não regras”.Xavier Pereira tem 12 irmãos eentende que a família é central navida de cada um, pelo que é precisoentender e acompanhar asdiferentes situações familiares.“Essas pessoas vão continuar acasar e a ter filhos, e a Igreja tem deter uma resposta para lhes dar”,referiu.As Jornadas Nacionais da PastoralFamiliar reuniram representantes de16 dioceses portuguesas, num totalde 415 participantes.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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«Presentes solidários» permitem oferecer livros para o Brasil, lençóis paraSão Tomé ou tijolos para o Iraque

Escola católica foi pioneira na «democratização» do ensino

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Papa insiste na necessidade dedeixar de ver a Missa como umespetáculoO Papa Francisco voltou a criticarcomportamentos que fazem daMissa um “espetáculo” e, depois dehá uma semana ter pedido o fim dostelemóveis na celebração, apelouesta manhã ao silêncio naassembleia. “Quando vamos àMissa, às vezes chegamos cincominutos mais cedo e começamos abisbilhotar com quem está ao nossolado. Mas não é o momento debisbilhotar, é o momento do silênciopara preparar-se para o diálogo, é omomento de recolher-se no coraçãopara preparar o encontro comJesus”, apelou, na segundacatequese do novo ciclo dereflexões semanais sobre aEucaristia.Perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro, oPapa sublinhou que o silêncio é“muito importante nas celebraçõeslitúrgicas”. “Lembrem-se daquilo quevos disse na semana passada: nãovamos para um espetáculo, vamospara o encontro com o Senhor e osilêncio prepara-nos e acompanha-nos. Permanecer em silêncio juntode Jesus”, recomendou.Francisco falou da Missa como “aoração por excelência, a mais

elevada”, um “momento privilegiadopara estar com Jesus, e por meiodele, com Deus e com os irmãos”."Jesus ensina os seus discípulos arezar a oração do Pai Nosso e, comela, introdu-los no diálogo sincero esimples com Deus, animando-os acriar neles uma consciência filial,sabendo dizer ‘Pai’", assinalou.Já esta quinta-feira, o Papa realçouque é na simplicidade da relaçãocom Deus que está o mapa para oReino de Deus. Na sua homiliamatinal, publicada pela RádioVaticano, Francisco apontou que “oReino de Deus não se mostra com asoberba, com o orgulho, não ama apropaganda”.Ele “é humilde, escondido e assimcresce”, salientou o Papa argentino,recordando que é “o Espírito Santoque está dentro” de cada pessoaque “o faz germinar até dar fruto”. “Todos somos chamados a fazeresta estrada do reino de Deus: éuma vocação, é uma graça, é umdom, é gratuito, não se compra, éuma graça que Deus nos dá”,acrescentou o Papa,

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que concluiu a sua mensagem comuma interpelação: “Eu acredito,acredito realmente que o Reino de

Deus está no meio de nós, estáescondido, ou gosto mais doespetáculo?”.

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Papa pede consciência responsávelpara cumprir Acordo de Paris

O Papa Francisco apelou a uma“consciência responsável” doslíderes internacionais para cumprir oAcordo de Paris, face aos desafioslevantados pelas alteraçõesclimáticas. O desafio foi lançadonuma mensagem dirigida àConferência da ONU sobre asalterações climáticas, a COP23, quedecorre em Bona, na Alemanha.O Papa defende que o “histórico”Acordo de Paris assumido em 2015– que a atual administração dosEUA quer abandonar – aponta um“claro percurso de transição” paraum “baixo ou nulo consumo” dehidrocarbonetos. Franciscoencoraja à solidariedade e sublinhaas ligações

entre alterações climáticas epobreza.A mensagem pede que se deixe delado a “negação” ou a “resignação”perante as consequências destefenómeno, num apelo à ação quenão se limita à “dimensãoeconómica e tecnológica”.Para o Papa, é essencial levar emconsideração “os impactos éticos esociais do novo paradigma dedesenvolvimento e de progresso abreve, médio e longo prazo”. Comodefendeu na sua encíclica ‘LaudatoSi’, Francisco propõe uma “ecologiaintegral”, que promova uma “visãode pesquisa honesta e de diálogoaberto”, com o contributo de todos.

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Não à eutanásia e aoencarniçamento terapêuticoO Papa Francisco lançou um alertacontra a eutanásia e oencarniçamento terapêutico,pedindo respeito pela vida e porcada doente. “Não utilizar meiosdesproporcionados ou suspender asua utilização equivale a evitar oencarniçamento terapêutico, isto é,cumprir uma ação que tem umsignificado ético completamentediferente da eutanásia, quecontinuar a ser sempre ilícita, dadoque se propõe interromper a vida,procurando a morte”, escreve, numamensagem divulgada pela sala deimprensa da Santa Sé.O pontífice dirige-se ao presidenteda Academia Pontifícia para a Vida,D. Vincenzo Paglia, e a todos osparticipantes do encontro regionaleuropeu da ‘World MedicalAssociation’ (Associação MédicaMundial) sobre o fim da vida, quedecorre no Vaticano.O Papa sublinha a legitimidade dasopções que assumem os “limites” dacondição humana, mortal, sem “abrirjustificações para a supressão doviver”. Francisco recorda que asintervenções médicas sobre o corpohumano são “cada vez mais

eficazes”, mas nem sempreresolvem os problemas.A mensagem apela a um“suplemento de sabedoria” paratravar a “insidiosa tentação” deinsistir em tratamentos que“produzem efeitos poderosos sobreo corpo, mas não beneficiam o bemintegral da pessoa”.O Papa apresenta o “imperativocategórico” de “nunca abandonar odoente”, deixando elogios ao campoda medicina paliativa, de “grandeimportância também no planocultural”, por ajudar a combater tudoo que torna a morte “maisangustiante e sofrida, ou seja, a dore a solidão”. Francisco deixa aindauma palavra em favor dos maisdesfavorecidos, que não podemdefender, sozinhos, “os seuspróprios interesses” neste campo.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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«Lamborghini do Papa» vai ajudar mulheres vítimas de tráfico e cristãosiraquianos

Papa faz surpresa a pobres no Vaticano

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Deus conhece bem o vernáculo

D. Manuel Linda Bispos das Forças Armadas e Forças de Segurança

“Então, Deus fala o latinório?! Que pena. Se aomenos falasse uma língua moderna, como oinglês… Assim, nem eu lhe consigo falar, nem Eleme entende”.Poderá parecer blasfemo ou, pelo menos,irreverente, este comentário de um jovem. Seibem que a intenção dele não era essa. Pelocontrário, nesta ironia vai uma imensa verdadesobre a forma de a Igreja se conceber.Como é fácil de imaginar, essa pessoa referia-sea uma notória involução, a um evidenterevanchismo, a um comovedor conservadorismoque está a grassar por determinadas franjas daIgreja e cuja expressão mais patética aconteceu,há dias, onde seria mais imprevisível.Latins e latinórios, rendinhas e rendilhados,vénias e salamaleques, por si sós, nem aquecemnem arrefecem. Mas a celebração a que mereporto terá feito mais mal à Igreja do que muitasconjuras subterrâneas ou certas orquestraçõesnoticiosas. É que, enquanto nós os que nosesforçamos por caminhar «com Pedro e sobPedro», falamos em «descer» ao nível dos fiéis,em Igreja como hospital de campanha, lamaagarrada aos sapatos para percorrer oscaminhos do mundo, cheiro das ovelhas,princípio da misericórdia, casa do acolhimento edo lava-pés…, andam por aí uns pavões decauda armada que, invocando a mesma Igreja,só conhecem a linguagem dos gestos barrocos ebacocos, os rituais mais esotéricos e umaindumentária de circo composta por capasmagnas estapafúrdias, caudatários e vimpas,

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cáligas e alamares, luvas echirotecoes, ouro e diamantes.Tudo para maior honra e glória…deles. Que não de Nosso SenhorJesus Cristo. Aliás, o Salvador foimuito claro ao denunciar isto nosfariseus de todos os tempos: “Nãoimiteis as suas obras […]. Tudo oque fazem é com o fim de setornarem notados pelos homens.Por isso, alargam as filactérias ealongam as orlas dos seus mantos”(Mt 23, 3-11).E que mal faz isto à Igreja? Mais doque se imagina. É que, num tempopericlitante no campo da fé, essasimagens, circulando ao ritmoacelerado da sociedade dacomunicação, prestam-se a todasas ironias e cinismos, aoscomentários mais demolidores e àidentificação instintiva entre Igreja ecoisa ridícula. E os fiéis sentem-seperturbados.Claro que os artistas deste circo dasvaidades dizem que é o contrário:que as igrejas dos lefebrianos estãocheias, que as suas também têmcada vez mais gente, que aspessoas procuram isto, que aidentidade é necessária. Quanto àidentidade cristã, importavaperguntar se passa por algo de tãosimples. Se Jesus pregou sobreroupas e vestimentas.Relativamente às «adesões»,também seria bom

conhecer donde provêm: se algumafoi resgatada ao vasto mundo daindiferença religiosa e doagnosticismo ou se, pelo contrário,não se originam antes em outrasmotivações que nem sempreexprimem a mais profunda adesão aJesus Cristo e ao seu projecto.Como diz o nosso povo, Deus nosdê juizinho até à hora da morte. Ou,no mínimo, respeito pela Igreja.

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Becoming Human

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Becoming Human (tornando-se humano) é umdaqueles escritos que nos abrem as portas deuma nova jornada espiritual. O livro remonta a1998 e o seu autor é o conhecido Jean Vanier.Filósofo e teólogo, a sua grande obra, porém,consistiu em pôr de pé uma rede decomunidades que acolhem pessoasintelectualmente diminuídas. Dessa experiênciade hospitalidade fontal e de cuidadoincondicional que dignifica cada pessoa na suasingularidade, recolheu a sabedoria capaz de, àluz da fé, propor um caminho de humanização doHomem. Deste seu livro, destacamos, numatradução livre, algumas das ideias-chave maisfecundas extraídas de cada um dos cincocapítulos e que pretendem convidar à meditaçãoadventícia:Loneliness, ou o sentimento de vazioexperimentado na solidão/isolamento, quer pelapositiva, quer pela negativa. O sentido dasolidão pode ficar encoberto pelas inúmerasatividades que fazemos enquanto procuramosreconhecimento e sucesso. Quem conseguelibertar-se das compulsões autocentradas e dasferidas interiores encontra a sua realização noperdão e no amor. A solidão é a força motriz quepressiona a mística a ir mais fundo na união comDeus. Constitui o processo para alguém setornar verdadeiramente humano.Belonging, ou a importância de pertencer a umgrupo como condição da maturidade e daliberdade. Identificam-se quatro sinais nosgrupos saudáveis: abertura às fragilidades denecessidades dos outros; capacidademissionária de os servir;

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descoberta dos dons de cada um;reconhecimento dos erros própriose aceitação de ajuda por pessoasexternas ao grupo.From exclusion to inclusion: a pathof healing, ou como ousar entrar emdiálogo com os Lázaros destemundo e deixar-se tocar por eles. Omedo de arriscar tem muitos nomes:falhar, perder, mudar… Passar daexclusão para a inclusão nãoconsiste em praticar boas ações,mas antes em manifestar-se abertoe vulnerável ao acolhimento da vidaque aqueles podem oferecer… é avia do coração construída nasimplicidade, na aceitação de si ena compaixão.The path of freedom, ou caminho daliberdade, consiste em dar maisimportância à verdade e à justiça doque desejar satisfazer, a todo ocusto, as suas própriasnecessidades. Toda a busca porsatisfazer compulsões (e.g. agradar,ajudar, vencer, controlar, seramado) conduz à angústia por medode ser rejeitado. A compaixão ématuridade e a maturidade éaceitação. A liberdade conquista-secom a morte do “falso eu”, o ego.Forgiveness, ou como fazer aexperiência da remissão da dívida,da culpa ou do castigo. Princípios subjacentes ao perdão que leva àreconciliação: não haverá perdãose

não acreditarmos que todospossuímos uma comumhumanidade; perdoar significaacreditar que cada um pode mudar,que a redenção humana é possível;perdoar significa ansiar porunificação e paz.Em última análise, refere o autor, oshumanos não conseguem definir oque constitui a sua humanidade.Isso transcende-os. Criados porDeus, o Misericordioso, a suavocação e missão consiste emtornarem-se espelhos dessamisericórdia.

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CEP

Conferência Episcopal tem nova sede

A Conferência EpiscopalPortuguesa (CEP) inaugurou estaquinta-feira as novas instalaçõesdos serviços ligados ao episcopadocatólico, situadas na Quinta do BomPastor, em Benfica, onde já seencontram as rádios do GrupoRenascença Multimédia.D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente daCEP, disse na sessão solene deinauguração que “há muito Portugalno historial” da construção queagora serve de sede. “Estemomento é um momento muitoprojetivo daquilo que queremos sercomo Conferência, Episcopal,

Portuguesa”, declarou.A cerimónia contou com a bênçãode imagem de Nossa Senhora deFátima oferecida pelo Santuário,após a bênção das instalações edescerramento da placacomemorativa.Sandra Costa Saldanha, diretora doSecretariado Nacional dos BensCulturais da Igreja, apresentou ahistória do edifício, cujo nome atualremonta a um proprietário, deapelido Pastor, conhecido por serum homem solidário e prestável.As referências mais antigas ao

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edifício datam do século XVIII; apropriedade foi passando paradiversas mãos até entrar para aposse da Câmara de Lisboa, em1954, que a vendeu ao Patriarcado,dois anos depois.Em 1964 foi inaugurada a Casa deRetiros do Bom Pastor pelo cardeal-patriarca D. Manuel GonçalvesCerejeira, que ali viria a falecer.A Conferência EpiscopalPortuguesa e os serviços nacionaisda Igreja Católica em Portugal -Comissões Episcopais esecretariados dos vários setores dapastoral - têm desde agosto umanova sede.A Quinta do Bom Pastor tem doisedifícios: o palacete, onde estão afuncionar os serviços daConferência Episcopal; e as casasque serviam

para cursos e retiros que, apósobras de requalificação e anecessária adaptação, foramtransformadas nas instalações daRádio Renascença.A CEP é a entidade representativada Igreja Católica em Portugal euma das conferências mais antigas,atuando regularmente como taldesde os anos 30 do século XX,embora só em 1967 tivesse osprimeiros estatutos.Entre os serviços acolhidos na novasede conta-se oSecretariadoNacional dasComunicações Sociais, proprietárioda ECCLESIA, que produz e distribuiinformação em diferentesplataformas: internet (portal deinformação ecclesia.pt e redessociais), imprensa (semanário digitalEcclesia), rádio (Programa Ecclesiana Antena 1) e televisão (ProgramasEcclesia e 70x7 na RTP2).

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CEP

Sacerdócio e Família

O cardeal-patriarca de Lisboadefendeu esta quinta-feira ocelibato dos sacerdotes católicos,rejeitando a possibilidade de“abandonar” ou “abrandar” adisciplina atual. O presidente daConferência Episcopal Portuguesa(CEP) respondia, em conferência deimprensa, a várias questões sobreeste tema, na sequência de notíciasque envolvem o pároco do Monte,na Diocese do Funchal, por este teralegadamente

sido pai de uma criança.“Tem de se verificar com osacerdote em causa qual é asituação, qual é a disposição, comcerteza também com asresponsabilidades que tem deassumir em relação à criança quenasceu”, assinalou.O cardeal-patriarca sublinhou queos casos concretos são tratadosdiretamente pelo “respetivo bispo”.D. Manuel Clemente apoiou aposição tomada pela Diocese doFunchal,

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admitindo que o sacerdote possa vira continuar o seu ministério, “nafidelidade ao celibato, sem vidadupla”. O responsável assinalouque situações similares acontecem“fora da conjugalidade”, nomatrimónio, e observou que tambémnestes casos de “infidelidade”, as“responsabilidades têm de serassumidas”, mas a continuação davida sacerdotal ou conjugalprossegue quando há “vontade dearrepiar caminho e fazer as coisascom mais consciência eresponsabilidade”.D. Manuel Clemente pediu respeitopor todas as pessoas envolvidas,particularmente “no interesse daspróprias crianças”, também do“ponto de vista mediático”. “Acriança sabe e saberá quem é seupai”, observou.O cardeal-patriarca assinalou, arespeito de propostas relativas a umcelibato facultativo, que se podelevantar o problema de uma certa“diluição do perfil sacerdotal” “Opadre é um sinal vivo do que era avida de Cristo, que escolheu nãoformar uma família para ser familiarde todos”, uma nota sacramentalque é sublinhada na tradição latina,seguida pela maioria dos católicosem todo o mundo.

D. Manuel Clemente afirmou, porisso que “não abandonaria” nem“abrandaria” a “apologia docelibato”, assumido “como ideal ecomo prática”.A Assembleia Plenária da CEPestudou as mais recentesorientações do Vaticano sobre aformação dos novos padres,destacando o “cuidado” com adimensão humana e afetiva doscandidatos ao sacerdócio.As indicações dos últimos anosdesaconselham “vivamente” aadmissão dos candidatoshomossexuais, considerando estadecisão como "uma medida deprudência".“Não é preciso tomar mais medidasdo que aquelas que já estãoprevistas”, declarou o presidente daCEP, sublinhando que “cada vezmais há um acompanhamentopsicológico das vocações”.“O celibato é para todos”, disseainda, após ser questionado sobre apossibilidade de existiremsacerdotes com orientaçãohomossexual.Da Santa Sé chegou a proposta de“tempo propedêutico” de elucidaçãodas questões globais que têm a vercom a vida do sacerdócio, antes doinício do percurso final de formaçãoem Filosofia e Teologia.

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CEP

Valorizar os seminários

A Conferência EpiscopalPortuguesa apelou a uma maiorconsciência da “importância doseminário” dentro das comunidadescatólicas, para que todas trabalhemjuntas na formação dos futurospadres. “Os bispos saúdam todosos seminaristas e suas famílias ecomunidades, e agradecem oprecioso trabalho dos formadoresdos seminários”.O comunicado final da AssembleiaPlenária evoca a Semana dosSeminários, que decorre até

domingo, com o tema ‘Fazei o queEle vos disser’, com votos de que“os seminários sejam comunidadesonde se formam verdadeirosdiscípulos missionários”.A reunião magna da CEP, que seiniciou esta segunda-feira emFátima, refletiu sobre a nova ‘RatioFundamentalis InstitutionisSacerdotalis’, o documentoorientador da Congregação para oClero (Santa Sé). “Humanidade,espiritualidade e discernimento sãopalavras-chave

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neste documento, que tem comoobjetivo principal procurar que osSeminários formem discípulosmissionários, partindo de quatrocaracterísticas distintivas daformação: única, integral,comunitária e missionária”, assinalaa nota conclusiva.Os bispos recordam que a formaçãono seminário maior inclui quatroetapas: propedêutica, estudos

filosóficos (ou do discipulado),estudos teológicos (ou daconfiguração), pastoral (ou síntesevocacional). “A Assembleiacontinuará esta reflexão, confiandoà Comissão das Vocações eMinistérios, em coordenação com osformadores dos seminários, aelaboração da Ratio para Portugal,para posterior aprovação”, conclui ocomunicado.

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CEP

Preparação para o MatrimónioA CEP desafiou as comunidadescatólicas a apostar na “preparaçãopara o Matrimónio”, à luz daexortação apostólica Amoris Laetitia,do Papa Francisco. “Umapreparação que se situa nacomunidade cristã como família defamílias: comunidade que toma ainiciativa com criatividade e belezade anunciar o Evangelho da família;que se envolve e acompanha napreparação dos membros da

comunidade na iniciação à vidafamiliar”, assinala o comunicado finalda Assembleia Plenária. D. ManuelClemente sublinhou em conferênciade imprensa a intenção de seguirdas indicações do Papa Franciscona exortação ‘Amoris Laetitia’, nalinha de “reforço” da preparaçãopara o Matrimónio.O presidente da CEP propôs umaatitude fundamental de

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“acolhimento”, de“acompanhamento” e“discernimento” dos divorciadosrecasados, assinalando que “emgrandíssimo número de casos” oMatrimónio foi nulo. A possibilidadede readmissão destes católicos aos sacramentos, acrescentou, implicaum itinerário "muito longo" e não éuma decisão “rápida, imediata,simples”.“Trata-se de uma coisa séria”,indicou.O cardeal-patriarca de Lisboarecorda que o Papa admite,"nalguns casos, com discrição ecom consentimento do bispo, sepossa retomar alguma vidasacramental".D. Manuel Clemente assinalou, poroutro lado, que, no questionáriopara o Sínodo dos Bispos de 2018,se registou uma “adesãosignificativa” em Portugal, como noresto do mundo, mostrando um“interesse muito acentuado” dosjovens pela família.Após a inauguração da nova sededos serviços centrais do episcopadocatólico, o secretário da CEP, padreManuel Barbosa, apresentou asconclusões dos trabalhos. Osbispos sublinharam a necessidadede promover a “integração dasfamílias nas estruturas paroquiaisda pastoral familiar, noacompanhamento pessoal e nodiscernimento vocacional;

que sabe esperar frutos e festejarem comunidade”.Na continuação desta reflexão, vaiser promovida uma “amplaauscultação” junto das instânciaseclesiais de pastoral familiar, tendoem vista a elaboração de “umdocumento mais vasto, comfundamentação teológica epropostas de itinerários concretos,sobre a preparação para omatrimónio”.Os bispos agradeceram a todos osorganismos de pastoral familiar, emparticular ao CPM (Centro dePreparação para o Matrimónio), “asiniciativas de preparação para omatrimónio e acompanhamentoposterior”, e contam com “o seurelevante contributo neste processosinodal de auscultação”.A Assembleia Plenária aprovou umprojeto de “Cantoral Nacional”, umaseleção de cânticos para a Liturgia,assim como uma proposta deCânticos para o Sacramento doMatrimónio.

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CEP

Desrespeitos a instituições sociaise educativasA CEP alertou ainda para as“graves dificuldades” que afetaminstituições sociais e educativas, “dereconhecido mérito”, pedindo oapoio do Estado para as mesmas.“Os bispos lembram o princípio dasubsidiariedade, que levará oEstado a respeitá-las e apoiá-las,não criando concorrênciasdesnecessárias e atendendo aosdireitos dos seus profissionais e dasfamílias”.

D. Manuel Clemente, presidente daCEP, explicou que estão em causacolégios, escolas e outrosestabelecimentos de cariz social,que apareceram como “resultado degrande esforço” de pessoas ligadasà Igreja Católica e à sociedade emgeral, várias delas reconhecidaspelo Estado como de “utilidadepública” “Se são capazes, se estãono local, se desempenham funçõesbem,

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reconhecidas, é necessárioestarmos a criar, por via oficial, umainstituição ao lado?”, questionou.O cardeal-patriarca de Lisboaapelou a respeitar a “vitalidade” dasociedade, promovendo o que é“fruto de uma espontaneidadesocial”. “Há vários desrespeitos”.O responsável lamentou depois queno caso das chamadas ‘barrigas dealuguer’ as “molduras legais” nãoacompanhem os avanços daciência, ignorando as descobertassobre a “relação intrauterina”. “Éuma relação

que é cada vez maisevidenciada como fundamental”,sustentou.D. Manuel Clemente propôs antes oconceito de “ecologia integral” feitopelo Papa Francisco na ‘Laudato Si’.“Para quem é crente, a naturezanão é apenas natureza, é criação”,um dom de Deus que tem de ser“religiosamente respeitado”,precisou“É uma obrigação religiosa cuidar dacriação”, acrescentou, deixando umelogio à pedagogia escutista paravalorizar um tema que “é prioritário,uma questão de sobrevivência”.

O comunicado final da Assembleia Plenária informa que o novo bispo deSantarém, D. José Traquina, vai assumir a presidência da ComissãoEpiscopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana para o triénio 2017-2020, após o falecimento do anterior responsável, D. António Franciscodos Santos, bispo do Porto.

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Nova casa

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

A Conferência Episcopal Portuguesa inaugurouas suas instalações. Os vários serviços da IgrejaCatólica em Portugal, nomeadamente a AgênciaEcclesia, já funcionam na Quinta do Bom Pastor,em Benfica, desde o início de agosto: primeirosdias de uma nova casa, ainda em obras, comadaptações recíprocas, tanto das pessoas anovas circunstâncias de trabalho como dopróprio espaço a novos ritmos e necessidades.Um processo em curso, como necessariamentetem de ser!Interessa, no entanto, falar especificamente dasessão de inauguração. Aconteceu no fim daAssembleia Plenária da Conferência EpiscopalPortuguesa, com a presença de quase todos osbispos de Portugal. Primeiro numa sessão queevocou a história do edifício recuperado, assimcomo de toda a Quinta, onde também funcionamas rádios do Grupo Renascença Multimédia, edepois informando sobre o processo de restauroe o trabalho de arquitetura e engenharia para,no espaço disponível, criar as estruturasnecessárias ao trabalho dos secretariadosnacionais da Conferência Episcopal Portuguesaque funcionam neste edifício.A inauguração propriamente dita aconteceu como ato que o marca, em cada ocasião: a bênçãodo edifício e o descerrar de uma placa evocativado momento: “Aos dezasseis dias do mês denovembro do ano da graça de dois mil edezassete…” E continua a narrativa do momento,referindo

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quem cá estava para participarnuma ocasião histórica. E aqui oessencial de tudo o que aconteceu:a festa foi feita sobretudo poraqueles que todos os dias habitamesta casa e por outros tantos quese ligam ao trabalho quotidiano dosserviços da Igreja Católica emPortugal: mulheres e homens,padres, bispos, religiosas ereligiosos que coordenam váriossetores da pastoral, a nível nacionale diocesano, e não desistem deviver com ânimo e alegria um modode vida ao jeito do Mestre, propostohá

dois mil anos. Apesar de tudo!Em muitas festas, quem fica nafotografia são individualidades,ilustres personalidades queaparecem na ocasião. Neste caso, ainauguração da sede daConferência Episcopal Portuguesaaconteceu com os colaboradoresque dão vida a esta casa todos osdias. Como tem de ser para que osespaços sejam criadores defelicidade. Quem fez a obratrabalhou com esse espírito. Odesafio fica agora com todas etodos os que a habitam. Semexceção e sem excluir ninguém!

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A Igreja Católica vai passar a assinalar no penúltimo domingo doseu ano litúrgico o Dia Mundial dos Pobres que foi instituído peloPapa Francisco, no final do Ano Santo da Misericórdia(dezembro 2015-novembro 2016). “Os pobres não são umproblema: são um recurso de que lançar mão para acolher e vivera essência do Evangelho”, escreve o pontífice.O Semanário ECCLESIA apresenta uma entrevista com TeresaVasconcelos, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, bemcomo um conjunto de textos e iniciativas centrais paracompreender esta data, uma inovação que marca o atualpontificado.

Quanto à atenção aos pobres, acolhamos ativamente, nasnossas comunidades e na sociedade em geral, a Mensagemque o Papa Francisco nos dirige para o próximo Domingo 19do corrente mês de novembro, I Dia Mundial dos Pobres. Diaque passa a integrar a série de “Dias Mundiais” de iniciativapontifícia, para todos os católicos e todas as pessoas de boavontade.D. Manuel Clemente, presidente da Conferência EpiscopalPortuguesa

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Relação da Igreja com os pobrespassa por acolhimentotransformador Teresa Vasconcelos, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, abordanesta entrevista temas centrais da mensagem do Papa Francisco para acelebração do I Dia Mundial dos Pobres, num olhar que convida àtransformação de relações humanas e sociais e numa caminhada conjuntaem que todos têm algo a dar e a receber.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira Agência ECCLESIA (AE) – Como éque olha para o desafio de caminhoque o Papa lança com a celebraçãodo I Dia Mundial dos Pobres, àIgreja e a todos?Teresa Vasconcelos (TV) – Estainiciativa do Papa parece-mefundamental. Houve já vários Papas,nomeadamente João XXIII, quechamaram a atenção para aquestão dos pobres, com umdesafio aos cristãos: não se podepôr em prática a mensagem doEvangelho sem olhar para os maisdesprotegidos. Esta é uma linha jácoerente, dentro da Igreja Católica.O facto de o Papa Francisco terlançado um Dia Mundial para apobreza é a possibilidade de, no

contexto de uma jornada, se refletirsobre esta questão da pobreza nomundo de hoje. Nunca, a não ser notempo da escravatura ou daexploração total dos trabalhadores,houve tanta desigualdade - e onosso país é um dos piores a nívelda Europa – entre uma minoria dosmais ricos e uma maioria de pobres.No caso de Portugal, as coisasestão um bocadinho maisestabilizadas, o que não quer dizerque este cancro que mina asociedade não exista. A prova é queencontramos cada vez mais pessoasque escolhem ir viver para a rua ouque são empurradas para isso,famílias que vivem muitas vezes umapobreza escondida.O que me parece, no entanto, é

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que neste desafio que o Papa noscoloca ele pega nas coisas umbocadinho ao contrário, ao dizerque os pobres – cuidar dos pobres,pensar nos pobres – podem ser ummeio fundamental para o nossocrescimento, a exemplo de JesusCristo.

Se nós cultivarmos, e se a Igreja nosajudar a cultivar, esta atençãoprioritária aos pobres, nós cada vezmais caminhamos na linha dosEvangelhos, daquilo que Cristo nosinterpelou.

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AE – A proposta do Papa Franciscoé não olhar os pobres a partir deuma prática assistencialista, mascomo companheiros decrescimento?TV – Exatamente. Mais uma vez, aesse nível, penso que ainterpelação que o Papa nos fazvem colocar-nos num patamarsuperior. Daí que o apelo não sejaapenas à “caridadezinha” – e éfundamental,

na situação de crise, providenciarcom aquilo que é urgente,necessário -, mas que nosdebrucemos realmente sobre asestruturas injustas das sociedadesem que vivemos para, de algumaforma, encontrarmos meios detrabalhar para uma maior justiçasocial.Eu lembro sempre uma coisa muitobonita de Santa Teresa de Ávila,

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quando ela tinha as experiênciasmísticas, nomeadamente na SétimaMorada, dizia sempre: a união comDeus, tal como eu a experimento, éprovisória, é temporária. Eu tenhode regressar ao mundo e fazerobras.Este é o nosso apelo: a nossa vidaserá sempre trabalhar para o Reinode Deus. AE – No mundo?TV – No mundo. Aqui e agora,nomeadamente ao nível dasociedade portuguesa, a que maisdiretamente nos interessa, mastambém a nível do equilíbrio entrericos e pobres no mundo. A situaçãoé absolutamente dramática. AE – Esta mensagem do Papa é umrecado para quem está numasituação social diferente para queolhe para a pobreza, sem perpetuarestruturas assistencialistas queconsideram que pobreza haverásempre?TV – Mais uma vez, o Papa fala numpatamar diferente. Questionaestruturas da Igreja e da sociedadecivil, e lança-lhes a questão desaber em que medida estão a fazerapenas um remedeio temporário ouestão

a ajudar os pobres a serem donosdo seu próprio destino, dando-lhesmeios, educação, trabalho, para queo ciclo da pobreza seja interrompido.Já trabalhei numa IPSS e conheçobastante o seu funcionamento. Háum salto qualitativo que a Igreja, ameu ver, deve fazer, formando asdireções e quem trabalha nestasinstituições, para uma postura deacolhimento dos pobres que seja umacolhimento transformador e nãoalgo que os humilhe, que os façasentir que são um “cancro” nasociedade.Eu tenho presenciado, mesmo nofuncionamento de instituições, umtipo de acolhimento aos pobres queé humilhante. Aí há um trabalhomuito grande a fazer, se queremosdesenvolver, como o Papa nosdesafia, uma verdadeira atitude decompaixão e de misericórdia.

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AE – O Papa Francisco indicaexemplos, como a figura de SãoFrancisco de Assis, com umaintenção pedagógica, porque este“fazer caminho com” acaba por sertransformador…TV – Exatamente. E envolve onosso coração: neste caminhotransformador é preciso encarar opobre, que muitas vezes não éatrativo, a maior parte das vezes – opobre da rua, vestido Deus sabecomo, sem os mínimos cuidados dehigiene…

É preciso acolher como iguais, aquino verdadeiro sentido dehospitalidade: acolher o outro, masnão de cima para baixo, pensandoque eu posso fazer alguma coisapelo pobre e que ele pode fazermuita coisa por mim. No verdadeirosentido do que são as obras demisericórdia, corporais e espirituais.Eu também posso ser objeto dasobras de misericórdia. AE – O Papa também fala numapobreza evangélica.TV – Estamos muito longe, acomeçar

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por mim, que nem sempre pensoque há outros que vivem pior doque eu. Depois, as estruturas maisaltas da Igreja Católica não sãosempreexemplo de um abraçar doEvangelho e aí também éimportante que todos olhem paraeste estado de coisa e nospossamos perguntar: o que é queCristo faria se estivesse no meulugar? AE – Essa é a pergunta…TV – A pergunta essencial é essa.Se levarmos a sério a profundidadedesta questão, “Como é que Cristofaria

no meu lugar?” a Igreja Católica e omundo, em geral, serão muito maisjustos e solidários. Tenho aconvicção absoluta de que foi paraisso que Cristo viveu entre nós. AE – Outra pergunta que cada umse pode fazer a si mesmo é nãotanto que o fazes ao teu dinheiro,mas o que o teu dinheiro faz de ti.TV – É para todos. Estainterpelação é para todos. Eu possoter o meu dinheiro e ter liberdadeinterior em relação a ele, saber queo dinheiro é para o serviço dacomunidade.

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Posso ter, infelizmente, a atitudeoposta, inclusive em pessoas quese autodenominam católicas, que éa ganância. Dizer: eu quero mais,eu quero mais, eu quero maisdinheiro. Pode ser umadependência como qualquer outra.É importante que os cristãos seinterpelem uns aos outros. Essa é arazão pela qual estou, como vogal,na Comissão Nacional Justiça e Paz,para que, de uma forma maisinstitucional, aquilo em que acreditopossa ter impacto na sociedade. AE – O Papa recorda a pobrezaque atinge os jovens que nãoconseguem encontrar o seuprimeiro emprego. Esta é umarealidade que a sociedadeportuguesa enfrenta muito, como achamada pobreza envergonhada?TV – Há níveis muito diversificadosde pobreza. Mais facilmente pensona pessoa que está à porta de umaigreja a pedir pão, mas se nósfôssemos mais solidários com osjovens… Por exemplo, quando meaposentei fui convidada por umauniversidade, podendo acumularrendimentos, e eu disse: não, hádezenas de jovens que fizeram osseus graus e que vocês

devem contratar. Para mim é umaquestão ética.Os jovens podem questionar se oscristãos estão a ser solidários comeles, se estamos a viver a vida dasprimeiras comunidades cristãs, ondecada qual vivia de acordo com assuas necessidades e havia umapartilha de bens. Isso é o que osAtos dos Apóstolos nos dizem.Como é que eu partilho, nos temposde hoje, com os mais jovens quenão conseguem o primeiro empregoou trabalham com níveis de saláriosabsolutamente escandalosos?As estatísticas dizem que, mesmonuma situação de ligeira melhoria,as relações laborais – exploração,subemprego – pioraram. Econtinuam a piorar. Não vivemos,por muito que haja tentativas demelhorar as coisas, numa sociedademais justa.Todas as estruturas, a nível micro,meso ou macro, devem serpassadas em revista por nós,cristãos, de uma forma crítica, paradepois se pensar, individualmenteou em grupo, como é que se podemabalar essas estruturas.

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AE – isto são fendas na construçãoda coesão social? Quem não temum emprego e não aufere umsalário digno para cobrir as suasdespesas não tem vontade departicipar civicamente…TV – O primeiro passo da cidadaniaé a consciência de que se podeparticipar e que a minhaparticipação tem impacto. Casocontrário as pessoas desistem econformam-se.Das piores situações que vi, nomundo, foi na Índia, porque apobreza é absolutamenteconformada. Há uma aceitaçãotácita de que, porque se nasceunuma casta, não se tem hipótese.Cá, sem termos um sistema decastas, temos um sistema quereferencia pessoas que assumemque não há nada a fazer ou vivem àsombra de uma caridade que não éuma caridade que transforme asituação. AE – O Papa foca a importância dacultura do encontro…TV – Vivermos numa situação deesperança perante o absurdo dasociedade, leva-nos a continuar otrabalho que todos somoschamados a fazer. É preciso que aIgreja e os cristãos divulguem estetipo de ações. Sermoscompanheiros de viagem é, a meuver, a essência desta carta e ochamamento que Deus, através deJesus Cristo, nos faz.

AE – Daqui a uns anos esperamosvoltar a falar, olhando para a históriaque este Dia Mundial dos Pobrespossa fazer, tal como o PapaFrancisco sugere?TV – E vamos esperar que, ano aano, uma vez que se atribui um DiaMundial dos Pobres pouco antes deiniciar o Advento, este dia nos tragauma reflexão imbuída de ação paramelhorarmos estruturas injustas.Mas também para, à semelhança deSão Francisco de Assis, nostornarmos companheiros não dandode cima para baixo, mas entrandono mesmo caminho. Os pobrespodem interpelar-nos, chamar àação e treinarem o nosso olhar paraa verdadeira misericórdia – essapalavra que vem do coração.

O que mais me interpelounesta mensagem foi a

forma ampla como oconceito de pobreza é

tratado pelo PapaFrancisco. Sabemos que,

quando ele diz estascoisas, é porque as vive e

isso é uma grandebênção. A pobreza

interpela-nos, para que dealguma forma refaçamosa nossa vida, juntamente

com os pobres.

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«Não amemos com palavras,mas com obras»1. «Meus filhinhos, não amemoscom palavras nem com a boca, mascom obras e com verdade» (1 Jo 3,18). Estas palavras do apóstoloJoão exprimem um imperativo deque nenhum cristão pode prescindir.A importância do mandamento deJesus, transmitido pelo «discípuloamado» até aos nossos dias,aparece ainda mais acentuada aocontrapor as palavras vazias, quefrequentemente se encontram nanossa boca, às obras concretas, asúnicas capazes de medirverdadeiramente o que valemos. Oamor não admite álibis: quempretende amar como Jesus amou,deve assumir o seu exemplo,sobretudo quando somos chamadosa amar os pobres. Aliás, é bemconhecida a forma de amar do Filhode Deus, e João recorda-a comclareza. Assenta sobre duas colunasmestras: o primeiro a amar foi Deus(cf. 1 Jo 4, 10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própriavida (cf. 1 Jo 3, 16).Um amor assimnão pode ficar sem resposta.Apesar de ser dado de maneiraunilateral, isto é, sem pedir nada emtroca, ele abrasa

de tal forma o coração, que toda equalquer pessoa se sente levada aretribuí-lo não obstante as suaslimitações e pecados. Isto épossível, se a graça de Deus, a suacaridade misericordiosa, for acolhidano nosso coração a pontos demover a nossa vontade e os nossosafetos para o amor ao próprio Deuse ao próximo. Deste modo amisericórdia, que brota por assimdizer do coração da Trindade, podechegar a pôr em movimento a nossavida e gerar compaixão e obras demisericórdia em prol dos irmãos eirmãs que se encontram emnecessidade. 2. «Quando um pobre invoca oSenhor, Ele atende-o» (Sl 34/33, 7).A Igreja compreendeu, desdesempre, a importância de talinvocação. Possuímos um grandetestemunho já nas primeiras páginasdo Atos dos Apóstolos, quandoPedro pede para se escolher setehomens «cheios do Espírito e desabedoria» (6, 3), que assumam oserviço de assistência aos pobres.Este é, sem dúvida, um dosprimeiros sinais com que acomunidade cristã se apresentou

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no palco do mundo: o serviço aosmais pobres. Tudo isto foi possível,por ela ter compreendido que a vidados discípulos de Jesus se deviaexprimir numa fraternidade e numasolidariedade tais, quecorrespondesse ao ensinamentoprincipal do Mestre que tinhaproclamado os pobres bem-aventurados e herdeiros do Reinodos céus (cf. Mt 5, 3).«Vendiam terras e outros bens edistribuíam o dinheiro por todos, deacordo com as necessidades de

cada um» (At 2, 45). Esta frasemostra, com clareza, como estavaviva nos primeiros cristãos talpreocupação. O evangelista Lucas –o autor sagrado que deu maisespaço à misericórdia do quequalquer outro – não está a fazerretórica, quando descreve a práticada partilha na primeira comunidade.Antes pelo contrário, com a suanarração, pretende falar aos fiéis detodas as gerações (e, porconseguinte, também à nossa),procurando sustentá-los no seutestemunho e incentivá-los à açãoconcreta a favor

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dos mais necessitados. E o mesmoensinamento é dado, com igualconvicção, pelo apóstolo Tiago,usando expressões fortes eincisivas na sua Carta: «Ouvi, meusamados irmãos: porventura nãoescolheu Deus os pobres segundoo mundo para serem ricos na fé eherdeiros do Reino que prometeuaos que O amam? Mas vósdesonrais o pobre. Porventura nãosão os ricos que vos oprimem e vosarrastam aos tribunais? (…) De queaproveita, irmãos, que alguém digaque tem fé, se não tiver obras defé? Acaso essa fé poderá salvá-lo?Se um irmão ou uma irmã estiveremnus e precisarem de alimentoquotidiano, e um de vós lhes disser:“Ide em paz, tratai de vos aquecer ematar a fome”, mas não lhes dais oque é necessário ao corpo, de quelhes aproveitará? Assim também afé: se ela não tiver obras, estácompletamente morta» (2, 5-6.14-17). 3. Contudo, houve momentos emque os cristãos não escutaramprofundamente este apelo,deixando-se contagiar pelamentalidade mundana. Mas oEspírito Santo não deixou de oschamar a manterem o olhar fixo noessencial. Com efeito, fez surgirhomens e mulheres que,

de vários modos, ofereceram a suavida ao serviço dos pobres. Nestesdois mil anos, quantas páginas dehistória foram escritas por cristãosque, com toda a simplicidade ehumildade, serviram os seus irmãosmais pobres, animados por umagenerosa fantasia da caridade!Dentre todos, destaca-se o exemplode Francisco de Assis, que foiseguido por tantos outros homens emulheres santos, ao longo dosséculos. Não se contentoucom abraçar e dar esmola aosleprosos, mas decidiu ir a Gúbiopara estar junto com eles. Elemesmo identificou neste encontro aviragem da sua conversão:«Quando estava nos meus pecados,parecia-me deveras insuportável veros leprosos. E o próprio Senhorlevou-me para o meio deles e useide misericórdia para com eles. E, aoafastar-me deles, aquilo que antesme parecia amargo converteu-separa mim em doçura da alma e docorpo» (Test 1-3: FF 110). Estetestemunho mostra a forçatransformadora da caridade e oestilo de vida dos cristãos.Não pensemos nos pobres apenascomo destinatários duma boa obrade voluntariado, que se pratica umavez por semana, ou, menos ainda,de gestos improvisados de boavontade

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para pôr a consciência em paz.Estas experiências, embora válidase úteis a fim de sensibilizar para asnecessidades de tantos irmãos epara as injustiças quefrequentemente são a sua causa,deveriam abrir a umverdadeiro encontro com os pobrese dar lugar a uma partilha que setorne estilo de vida. Na verdade, aoração, o caminho do discipulado ea conversão encontram, nacaridade que se torna partilha, aprova da sua autenticidadeevangélica. E deste modo de viverderivam alegria e serenidade deespírito, porque se toca com asmãos a carne de Cristo. Serealmente queremos encontrarCristo, é preciso que toquemos oseu corpo no corpo chagado dospobres, como resposta à comunhãosacramental recebida

na Eucaristia. O Corpo de Cristo,partido na sagrada liturgia, deixa-seencontrar pela caridade partilhadano rosto e na pessoa dos irmãos eirmãs mais frágeis. Continuam aressoar de grande atualidade estaspalavras do santo bispo Crisóstomo:«Queres honrar o corpo de Cristo?Não permitas que seja desprezadonos seus membros, isto é, nospobres que não têm que vestir, nemO honres aqui no tempo com vestesde seda, enquanto lá fora Oabandonas ao frio e à nudez» (Hom.in Matthaeum, 50, 3: PG 58).Portanto somos chamados aestender a mão aos pobres, aencontrá-los, fixá-los nos olhos,abraçá-los, para lhes fazer sentir ocalor do amor que rompe o círculoda solidão. A sua mão estendidapara nós é também

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um convite a sairmos das nossascertezas e comodidades e areconhecermos o valor que apobreza encerra em si mesma. 4. Não esqueçamos que, para osdiscípulos de Cristo, a pobreza é,antes de mais, uma vocação aseguir Jesus pobre. É um caminhoatrás d’Ele e com Ele: um caminhoque conduz à bem-aventurança doReino dos céus (cf. Mt 5, 3; Lc 6,20). Pobreza significa um coraçãohumilde, que sabe acolher a suacondição de criatura limitada epecadora, vencendo a tentação deomnipotência que cria em nós ailusão de ser imortal. A pobreza éuma atitude do coração que impedede conceber como objetivo de vidae condição para a felicidade odinheiro, a carreira e o luxo. Mais, éa pobreza que cria as condiçõespara assumir livremente asresponsabilidades pessoais esociais, não obstante as própriaslimitações, confiando naproximidade de Deus e vivendoapoiados pela sua graça. Assimentendida, a pobreza é o metro quepermite avaliar o uso correto dosbens materiais e também viver demodo não egoísta nem possessivoos laços e os afetos (cf. Catecismoda Igreja Católica, n. 25-45).

Assumamos, pois, o exemplo de SãoFrancisco, testemunha da pobrezagenuína. Ele, precisamente por teros olhos fixos em Cristo, soubereconhecê-Lo e servi-Lo nospobres. Por conseguinte, sedesejamos dar o nosso contributoeficaz para a mudança da história,gerando verdadeirodesenvolvimento, é necessárioescutar o grito dos pobres ecomprometermo-nos a erguê-los doseu estado de marginalização. Aomesmo tempo recordo, aos pobresque vivem nas nossas cidades e nasnossas comunidades, para nãoperderem o sentido da pobrezaevangélica que trazem impresso nasua vida. 5. Conhecemos a grande dificuldadeque há, no mundo contemporâneo,de poder identificar claramente apobreza. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seusinúmeros rostos marcados pelosofrimento, pela marginalização,pela opressão, pela violência, pelastorturas e a prisão, pela guerra, pelaprivação da liberdade e dadignidade, pela ignorância e peloanalfabetismo, pela emergênciasanitária e pela falta de trabalho,pelo tráfico de pessoas e pelaescravidão,

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pelo exílio e a miséria, pelamigração forçada. A pobreza tem orosto de mulheres, homens ecrianças explorados para visinteresses, espezinhados pelaslógicas perversas do poder e dodinheiro. Como é impiedoso e nuncacompleto o elenco que se éconstrangido a elaborar à vista dapobreza, fruto da injustiça social, damiséria moral, da avidez de poucose da indiferença generalizada!Infelizmente, nos nossos dias,enquanto sobressai cada vez mais ariqueza descarada que se acumulanas mãos de poucos privilegiados,frequentemente acompanhada pelailegalidade e a exploração ofensivada dignidade humana, causaescândalo a extensão da pobreza agrandes sectores da sociedade nomundo inteiro. Perante este cenário,não se pode permanecer inerte e,menos ainda, resignado. À pobrezaque inibe o espírito de iniciativa detantos jovens, impedindo-os deencontrar um trabalho, à pobrezaque anestesia o sentido deresponsabilidade, induzindo apreferir a abdicação e a busca defavoritismos, à pobreza queenvenena os poços da participaçãoe restringe os espaços doprofissionalismo, humilhando assimo mérito de quem trabalha eproduz: a tudo isso é precisoresponder com uma nova visão davida e da sociedade.

Todos estes pobres – como gostavade dizer o Beato Paulo VI –pertencem à Igreja por «direitoevangélico» (Discurso deaberturana II Sessão do ConcílioEcuménico Vaticano II, 29/IX/1963) eobrigam à opção fundamental poreles. Por isso, benditas as mãos quese abrem para acolher os pobres esocorrê-los: são mãos que levamesperança. Benditas as mãos quesuperam toda a barreira de cultura,religião e nacionalidade,derramando óleo de consolação naschagas da humanidade. Benditas asmãos que se abrem sem pedir nadaem troca, sem «se» nem «mas»,nem «talvez»: são mãos que fazemdescer sobre os irmãos a bênção deDeus. 6. No termo do Jubileu daMisericórdia, quis oferecer à Igrejao Dia Mundial dos Pobres, para queas comunidades cristãs se tornem,em todo o mundo, cada vez mais emelhor sinal concreto da caridadede Cristo pelos últimos e os maiscarenciados. Quero que, aos outrosDias Mundiais instituídos pelos meusPredecessores e sendo já tradiçãona vida das nossas comunidades,se acrescente este, que completa oconjunto de tais Dias com umelemento requintadamenteevangélico, isto é, a predileção deJesus pelos pobres.Convido a Igreja inteira e os homens

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e mulheres de boa vontade a fixar oolhar, neste dia, em todos aquelesque estendem as suas mãosinvocando ajuda e pedindo a nossasolidariedade. São nossos irmãos eirmãs, criados e amados pelo únicoPai celeste. Este Dia pretendeestimular, em primeiro lugar, oscrentes, para que reajam à culturado descarte e do desperdício,assumindo a cultura do encontro. Aomesmo tempo, o convite é dirigido atodos, independentemente da suapertença religiosa, para que seabram à partilha com os pobres emtodas as formas de solidariedade,como sinal concreto de fraternidade.Deus criou o céu e a

terra para todos; foram os homensque, infelizmente, ergueramfronteiras, muros e recintos, traindoo dom originário destinado àhumanidade sem qualquer exclusão. 7. Desejo que, na semana anteriorao Dia Mundial dos Pobres – queeste ano será no dia 19 denovembro, XXXIII domingo do TempoComum –, as comunidades cristãsse empenhem na criação de muitosmomentos de encontro e amizade,de solidariedade e ajuda concreta.Poderão ainda convidar os pobres eos voluntários para participarem,juntos, na Eucaristia deste domingo,de modo que, no

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domingo seguinte, a celebração daSolenidade de Nosso Senhor JesusCristo Rei do Universo resulte aindamais autêntica. Na verdade, arealeza de Cristo aparece em todo oseu significado precisamente noGólgota, quando o Inocente,pregado na cruz, pobre, nu eprivado de tudo, encarna e revela aplenitude do amor de Deus. O seucompleto abandono ao Pai, aomesmo tempo que exprime a suapobreza total, torna evidente a forçadeste Amor, que O ressuscita parauma vida nova no dia de Páscoa.Neste domingo, se viverem nonosso bairro pobres que buscamproteção e ajuda, aproximemo-nosdeles: será um momento propíciopara encontrar o Deus quebuscamos. Como ensina a SagradaEscritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb 13, 2),acolhamo-los como hóspedesprivilegiados à nossa mesa;poderão ser mestres, que nosajudam a viver de maneira maiscoerente a fé. Com a sua confiançae a disponibilidade para aceitarajuda, mostram-nos, de formasóbria e muitas vezes feliz, como édecisivo vivermos do essencial eabandonarmo-nos à providência doPai. 8. Na base das múltiplas iniciativasconcretas que se poderão realizar

neste Dia, esteja sempre a oração.Não esqueçamos que o Pai Nosso éa oração dos pobres. De facto, opedido do pão exprime o abandonoa Deus nas necessidades primáriasda nossa vida. Tudo o que Jesusnos ensinou com esta oraçãoexprime e recolhe o grito de quemsofre pela precariedade daexistência e a falta do necessário.Aos discípulos que Lhe pediam paraos ensinar a rezar, Jesus respondeucom as palavras dos pobres que sedirigem ao único Pai, em quemtodos se reconhecem como irmãos.O Pai Nosso é uma oração que seexprime no plural: o pão que sepede é «nosso», e isto implicapartilha, comparticipação eresponsabilidade comum. Nestaoração, todos reconhecemos aexigência de superar qualquer formade egoísmo, para termos acesso àalegria do acolhimento recíproco. 9. Aos irmãos bispos, aossacerdotes, aos diáconos – que, porvocação, têm a missão de apoiar ospobres –, às pessoas consagradas,às associações, aos movimentos eao vasto mundo do voluntariado,peço que se comprometam paraque, com este Dia Mundial dosPobres, se instaure uma tradiçãoque seja contribuição concreta paraa evangelização

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no mundo contemporâneo.Que este novo Dia Mundial setorne, pois, um forte apelo à nossaconsciência crente, para ficarmoscada vez mais convictos de quepartilhar com os pobres permite-noscompreender o Evangelho na suaverdade mais profunda. Os pobres

não são um problema: são umrecurso de que lançar mão paraacolher e viver a essência doEvangelho. Vaticano, Memória de Santo Antóniode Lisboa, 13 de junho de 2017.

Franciscus

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O Papa Francisco vai almoçar com 1500 pessoas estedomingo, no Vaticano, como forma de assinalar o I Dia Mundialdos Pobres. A Santa Sé informa que a refeição, após acelebração da Missa e da recitação do ângelus, vai reunir nasala Paulo VI pessoas necessitadas, acompanhados porvoluntários que os acompanham.O Conselho Pontifício para a Promoção da NovaEvangelização, que promove o evento, refere ainda que aMissa presidida pelo Papa na Basílica de São Pedro, a partirdas 10h00 (menos uma em Lisboa) vai contar com aparticipação de 4 mil pessoas pobres de Roma e de outrasdioceses do mundo.O almoço que se segue vai ser animado pela Banda daGendarmaria Vaticana e um coro infantil.As 2500 pessoas que não almoçam na sala Paulo VI vão seracolhidas por refeitórios sociais, seminários e colégios daIgreja Católica na capital italiana para uma “almoço festivo”.A refeição com o Papa vai ser servida por 40 diáconos daDiocese de Roma e 150 voluntários de outras dioceses.Desde segunda-feira, o Conselho Pontifício para a Promoçãoda Nova Evangelização oferece na Praça Pio XII consultasmédicas gratuitas em várias especialidades com ajuda devárias instituições do setor.

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A Igreja não pode ser umaespectadora passiva diante dodrama da pobreza«Não pensemos nos pobres apenascomo destinatários duma boa obrade voluntariado, que se pratica umavez por semana, ou, menos ainda,de gestos improvisados de boavontade para pôr a consciência empaz» (Mensagem para o I DiaMundial dos Pobres, n. 3).Esta expressão do Papa Franciscocoloca em evidência o seupensamento, quando instituiu o DiaMundial dos Pobres. A Igreja nãopode ser uma espectadora passivadiante do drama da pobreza, nemos cristãos podem contentar-se comuma participação esporádica efragmentária para fazer calar aconsciência. O momento de umaação pode ser sinal de umaverdadeira partilha. De facto, apalavra-chave para entrar nestaMensagem é justamente a de umapartilha, que se torna um estilo devida. O Papa Francisco quis dar oexemplo paradigmático de SãoFrancisco de Assis, que não secontentou com abraçar o leproso edar-lhe esmola, mas compreenderque a verdadeira caridade consistiaem estar junto com ele, estarpróximo dele, tendo em

conta a dor e o sofrimento dadoença, bem como o incómodo damarginalização.A cultura do encontro resolve-se napartilha, em que o outro já não é umestranho, mas é olhado e tratadocomo um irmão que precisa de mim.A Mensagem para o I Dia Mundialdos Pobres gira à volta do lema e dologótipo que tentam exprimir, emlinguagem simples e direta, aprofundidade do conteúdo que seoferece.O lema ilumina o logótipo e, vice-versa, o logótipo torna concreto eefetivo o ensinamento do lema.«Não amemos com palavras, mascom obras»: a expressão encontra-se na Primeira Carta do ApóstoloJoão e constitui o prelúdio ao textoculminante, em que, pela primeira eúnica vez, se revela a próprianatureza de Deus. «Deus é amor»(1Jo 4,8) – afirma o evangelista – eisso foi expresso no envio do Filhopara a salvação da humanidade.Este ensinamento não faz mais queretomar o que João tinha ensinadono seu Evangelho: «Assim amouDeus o mundo: dando o seu Filho»(Jo 3,16).

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Neste “dar” exprime-se todo o amordo Pai que não fica com nada paraSi, mas tudo dá até ao fim, sem fim.Esta Palavra é o Filho na suaexistência concreta, que quissobretudo revelar o seu amor pelospobres, elevando-os, comoprimeiros, à bem-aventurança doseu Reino (Mt 5,3). Deus amaassim: fazendo com que a suaPalavra se torne vida e ação. 3 Ologótipo exprime a dupla relaçãoque se estabelece diante do pobre.Ele está à porta e estende a mãopara pedir ajuda.

Na porta, todavia, encontra outrapessoa que estende a mão, porquetambém ela pede ajuda. São duasmãos estendidas: ambas ajudam.Uma provoca a sair, a outra a darapoio. Dois braços que exprimem asolidariedade e que provocam a nãoficar na soleira da porta, mas a ir aoencontro do outro.O pobre pode entrar em casa,quando, de dentro da casa, secompreendeu que a ajuda é apartilha. Apresentamos estepequeno instrumento como umasimples ajuda, para que os

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sacerdotes e todos os voluntáriospossam viver mais intensamenteestes dias, em preparação para oDia Mundial dos Pobres.Tal como o Papa Francisco sugeriu,seja a oração o fundamento destecompromisso concreto, para fazeremergir o valor cristão da nossasolidariedade. A caridade – e quemse

empenha diante das múltiplasformas de pobreza – dará voz àfantasia criadora que lhe é própria,para exprimir aos pobres, do melhormodo possível, a atenção, aproximidade e a partilha.

D. Rino FisichellaPresidente do Conselho Pontifício

para a Promoção da NovaEvangelização

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O Serviço Diocesano deCatequese (SDC) de Leiria-Fátima disponibilizou umaproposta de atividade para o DiaMundial dos Pobres. O diretor doSDC informa que a campanha“deve ser realizada nos doisúltimos domingos do tempocomum” e pretende ser já uma“preparação para a campanhade Advento”.“Procurando promover ainteração entre a catequese e osserviços sócio caritativos dasparóquias, e sensibilizando ascrianças e os adolescentes, esuas famílias, para este dia”,explicou o padre José Henrique.O SDC pretende “fomentar a vivência” do Dia Mundial dos Pobres porparte das crianças e adolescentes da catequese e das suas famílias;promover a interação entre a catequese e os serviços caritativos dasparóquias e preparar a vivência da campanha para o tempo de Adventocom “uma das dimensões essenciais da Igreja local: o serviço da caridade”.No Domingo de Cristo-Rei, 26 de novembro, último do ano litúrgico, vão serrecolhidas as ofertas destinadas aos serviços caritativos, ocorrendotambém o lançamento da campanha para o Advento 2017.O Serviço Diocesano de Catequese de Leiria-Fátima explica que assinalaro Dia Mundial dos Pobres decorre também do desafio lançado pela cartapastoral ‘A alegria de ser Igreja em missão’ onde D. António Marto“recomenda que seja vivido nas comunidades como expressão de umaigreja em saída”.

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(CAIXA)O Serviço Diocesano de Catequese (SDC) de Leiria-Fátima disponibilizou uma propostade atividade para o Dia Mundial dos Pobres. O diretor do SDC informa que a campanha“deve ser realizada nos dois últimos domingos do tempo comum” e pretende ser já uma“preparação para a campanha de Advento”.“Procurando promover a interação entre a catequese e os serviços sócio caritativos dasparóquias, e sensibilizando as crianças e os adolescentes, e suas famílias, para estedia”, explicou o padre José Henrique.O SDC pretende “fomentar a vivência” do Dia Mundial dos Pobres por parte dascrianças e adolescentes da catequese e das suas famílias; promover a interação entre acatequese e os serviços caritativos das paróquias e preparar a vivência da campanhapara o tempo de Advento com “uma das dimensões essenciais da Igreja local: o serviçoda caridade”.No Domingo de Cristo-Rei, 26 de novembro, último do ano litúrgico, vão ser recolhidasas ofertas destinadas aos serviços caritativos, ocorrendo também o lançamento dacampanha para o Advento 2017.O Serviço Diocesano de Catequese de Leiria-Fátima explica que assinalar o Dia Mundialdos Pobres decorre também do desafio lançado pela carta pastoral ‘A alegria de serIgreja em missão’ onde D. António Marto “recomenda que seja vivido nas comunidadescomo expressão de uma igreja em saída”.

Instituições católicas celebram comos pobres em Lisboa

A Cáritas Portuguesa associou-se avárias instituições para assinalar,este domingo em Lisboa, o primeiroDia Mundial dos Pobres, instituídopelo Papa Francisco. A iniciativa,que começa com uma Eucaristia naigreja de São Roque em Lisboa, apartir das 11h00, pretende ser umaoportunidade para estar com aspessoas mais carenciadas e afirmaro seu direito a uma vida digna e auma cidadania plena.O presidente da Cáritas Portuguesarecorda o evento que há

precisamente um ano deu origem aeste dia, um encontro do Papa comos pobres no Festival da Alegria emRoma, no encerramento do Jubileuda Misericórdia. “O Papa ficou muitosensibilizado e percebeu que épossível estar com os pobres e nãofalar só dos pobres e fazer coisaspara os pobres, porque encontrou-se com eles. Eu também tive a graçade estar presente e senti issomesmo, e sobretudo senti a alegriados mais fragilizados da sociedade”,recorda Eugénio Fonseca.

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Este Dia Mundial dos Pobres vemcomplementar outros eventos que jáexistem, como o Dia Mundial para aErradicação da Pobreza, que seassinala todos os anos a 17 deoutubro. “Uma coisa não anula aoutra. A Erradicação da Pobreza éum dia para pensarmos queestratégias, que processos, quepolíticas, que estilo de modelossociais devemos optar paraerradicar a pobreza. Este DiaMundial dos Pobres é paraestarmos com os pobres”, realçaEugénio Fonseca.Lutar contra a cultura daindiferença, fazer crescer a culturado encontro, como sustentou oPapa Francisco. É esse o objetivodeste Dia Mundial dos Pobres, quecontará com a presença de utentesde várias instituições desolidariedade social.“Gente em situação de fragilidadeque, no meio de todos os outros”participantes deste evento possamver levantada “a sua autoestima”,sustenta o presidente da CáritasPortuguesa.Aquele responsável lança por issoum “apelo” a que todos estejampresentes, também as figuras maismediáticas. “Que seja o dia em queos pobres se juntam com os nãopobres. Por isso gostaria de vertambém os

políticos, os artistas, os futebolistas,essa gente que eles veem nastelevisões e julgam que estão lálonge. Para estarem com eles, adeixarem-se tocar por eles, afazerem selfies com eles. Porqueisto levanta a autoestima. E fazacreditar que os mais pobres,apesar da situação em que vivem,são considerados, são valorizados”,conclui Eugénio Fonseca.Por agora está prevista noprograma a participação de váriasfiguras públicas, como oselecionador nacional de futebol,Fernando Santos; os artistasFernando Pereira e Carlos AlbertoMoniz; o Provedor da Santa Casa daMisericórdia de Lisboa, EdmundoMartinho; e o presidente daComissão Nacional de Proteção dasCrianças e Jovens em Risco,Armando Leandro. Também aProvedora de Justiça, Maria LúciaAmaral; e as deputadas HelenaRoseta e Maria da Luz Rosinha, doPartido Socialista.O ponto de encontro para o DiaMundial dos Pobres é o Largo daTrindade em Lisboa, pelas 10h15.Depois da Missa, às 11h00 na igrejade São Roque, os participantes sãodesafiados a seguir em cortejo até àRibeira das Naus, vestindo acamisola da iniciativa “Partilhar aViagem”, também associada aosmais

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necessitados.Pelas 13h30, na Casa da Balança,cedida pelo Estado-maior daMarinha, decorre um almoço comtodos os intervenientes e para as15h00 está previsto o arranque dafesta e animação, na Ribeira dasNaus. Momento que seráaproveitado pela CáritasPortuguesa para lançar a campanhasolidária ’10 milhões de Estrelas’,que este ano vai permitir tambémajudar as vítimas dos incêndios emtodo o país.Na organização deste primeiro DiaMundial dos Pobres estãoenvolvidas também instituiçõescomo a Casa Pia de Lisboa, oCentro Maximiliano Kolbe, aComunidade Vida e Paz, as IrmãsOblatas, as obras 'O Companheiro'e 'O Ninho' e a Santa Casa daMisericórdia.A Cáritas Portuguesa vai dedicarparte da campanha ’10 milhões deEstrelas’, do Natal deste ano, aoapoio às vítimas dos incêndios queassolaram Portugal, sobretudo nosmeses de junho e outubro. Ementrevista à Agência ECCLESIA, opresidente do organismo católicoexplicou esta posição com a“dimensão” da catástrofe queatingiu o país e que provocou maisde uma centena de mortos, destruiu900 casas e 500 empresas earrasou centenas

de milhares de hectares de floresta.Depois de ter aberto uma contasolidária em junho, aquando daprimeira vaga de incêndios nosdistritos de Coimbra e CasteloBranco, a Cáritas Portuguesareabriu a mesma conta em outubro,após o regresso das chamas emregiões como Leiria, Viseu e Aveiro.“Não nos passava pela cabeça queia haver uma segunda vaga deincêndios tão grave como aquelaque aconteceu. E então parapodermos reforçar a verba queainda continua a ser necessária,decidimos que 35 por cento dacampanha ’10 milhões de Estrelas’vai para este fim”, frisou EugénioFonseca.

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A Cáritas da Ilha Terceira (Açores) promove o dia «Porta Aberta», entre as10h00 e as 17h00, esta sexta-feira. Com esta iniciativa, a instituiçãopretende “dar a conhecer as várias ações realizadas pela instituição, noâmbito da promoção de competências junto de públicos em risco ou emsituação de exclusão social”, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.A sede desta instituição católica fica situada na Canada dos Folhadais, 54,São Pedro, em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira.

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Dia dos Pobres assinalado comvárias iniciativas pelos jesuítas

O repto do Papa Francisco para ascomunidades cristãs assinalarem oDia Mundial dos Pobres foi acolhidocom entusiasmo pelas obras ligadasaos jesuítas em Portugal. A respostaa este apelo do Papa ganhou aindamais forma depois de o padreprovincial ter pedido a todas asobras e comunidades que seenvolvessem na celebração destedia que a Igreja assinala, pelaprimeira vez, no próximo domingo,dia 19.O programa de iniciativas jáarrancou, decorrendo ao longo dasemana

e culminando no domingo. Incluiações de sensibilização,conferências e testemunhos,recolhas de bens, momentoscelebrativos e de oração, bem comode convívio fraterno.Além das atividades desenvolvidaspor escolas, paróquias, obrassociais e outras organizaçõesligadas à Companhia de Jesus,haverá iniciativas especiais. Entreelas está uma edição do Passo-a-Rezar (plataforma que disponibilizauma oração guiada diariamente),que propõe uma oração paradomingo.

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Os textos inspirados nas palavrasdo Papa Francisco foram gravadospor Isabel Jonet, presidente doBanco Alimentar contra a Fome, epor Jonhson Semedo, fundador daAcademia do Jonhson.O Apostolado da Oraçãodisponibilizará ainda oraçõesespeciais na APP Click to pray, etextos dedicados ao assunto nassuas plataformas digitais. Haverá auma edição da Revista Brotériaexclusivamente dedicada ao temada pobreza que contará com artigosde Manuela Silva, Carlos FarinhaRodrigues, Rui Marques e IsabelJonet.Os jesuítas prepararam também umvídeo de sensibilização, no qual doisutentes de instituições sociaisligadas

aos jesuítas dão o seu testemunho,enquanto vidas transformadas. A FGS (Fundação Gonçalo daSilveira) desenvolveu tambémalguns materiais didáticos. Sãoquatro propostas para atividadespedagógicas, simples e fáceis decolocar em prática, para uso tantoem contextos de educação formalcomo em sessões informais, paraajudar a promover a reflexão, oespírito crítico e uma cidadaniaglobal ativa face às causasestruturais da pobreza. Podem serconsultadas aqui.O Dia Mundial dos Pobres serátambém assinalado de formaparticular na Sessão de EstudosInacianos, que decorrerá entre osdias 17 e 19 de novembro, emFátima.

No Centro Social da Musgueira em Lisboa foi lançado esta quarta-feira o livro «A força de uma formiga» da autoria de Rosário AlçadaAraújo. Este livro, com ilustrações de Francisco Mariz Rodrigues,surge como “forma de apoiar o trabalho dos Leigos para oDesenvolvimento”, pelo que ao obtê-lo, está a “contribuir paraajudar os seus projetos em Angola, Moçambique, Portugal e S. Tomée Príncipe”, lê-se no comunicado.

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Lado a lado com os mais frágeisNo I Dia Mundial dos Pobres, oprograma Ecclesia na Antena 1 darádio pública vai apresentarrespostas sociais e dar a voz aquem faz caminho, lado a lado comos mais frágeis, crescendo com elese por eles.A Loja Social, em Oeiras, é um localonde a venda de bens a preçossimbólicos é o meio para ajudar areconstruir a dignidade de quemtem menos: roupa para homem,mulher, criança, bebés, brinquedos,cortinados, utensílios de cozinha eaté móveis. Tutelado pela Paróquiade São Julião da barra, em Oeiras,este é um espaço que praticapreços simbólicos porque adignidade das pessoas não tempreço.Um trabalho voluntário que abriuportas em 2012 e que dia a diacontinua a acreditar que cadapessoa deve ser tratada com adignidade que merece.

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Pessoas sem-abrigo ganhamcompetências em atelier musicalNo Centro Social São FranciscoXavier, em Setúbal, dá-se o tompara aquecer as vozes, recordam-se músicas para gerar à vontade –ali não se procuram talentosmusicais mas sim tesouros interioresque para muitos ficaram perdidos nasua história.Um processo que teve início há doisanos quando Ana Gaspar,psicóloga, juntamente com outroselementos do Centro Social de SãoFrancisco Xavier, sentiram que asrespostas que davam não eramsuficientes para responder àrealidade social que encontravam.O atelier musical é dirigido peloprofessor Carlos Xavier que ensaiaa participação do grupo na iniciativaque decorre no Terreiro do Paço, noâmbito do I Dia Mundial dos Pobres.Motivação, confiança, alegria,cooperação, solidariedade: tudo istovai poder encontrar no domingo às15h00, quando, no Terreiro doPaço, António Alexandre, Paulo,Maria da Conceição Fraga e tantosoutros subirem ao palco paracantar.

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JRS, 25 anos junto dos pobres erefugiadosOs 25 anos de presença emPortugal do Serviço Jesuíta deApoio aos Refugiados (JRS) foramassinalados no Centro Pedro Arrupeem Lisboa. Uma unidade deacolhimento a migrantes erefugiados. Porque o momento erafestivo, a gastronomia punha emevidência as culturas e proveniênciados habitantes da casa.Habbib explicava as iguarias que seapresentavam nas mesas.A primeira comida é Maklouba, arroztomate, batata, frango e carnepicada, outra tem tomate, kebab eberingelas, pratos tradicionais daSíria, da região norte,confecionados por quem teve deabandonar o seu país e fugir daguerra, como é o caso de NarianAssim, refugiada.“Sou proveniente do norte da Síria,da cidade de Afrin e cheguei aPortugal em abril deste ano. Fuiacolhida pelo Serviço Jesuíta deApoio aos Refugiados, tenho trêsfilhos e o meu marido está naTurquia neste momento. Espero queele consiga a documentaçãonecessária para o reagrupamentofamiliar e se possa juntar a nós.Estou a gostar bastante deste país,principalmente dos portugueses quesão de uma grande simpatia. Gostodo país e do modo

de vida das pessoas. Muitoobrigado”.Boshra Alalo, também chegou daSíria. “Deixei o meu país em direçãoà Turquia, depois atravessei pormar para a Grécia. Foi aí que recebio acolhimento do JRS e fuiencaminhada para Portugal. Gostobastante de aqui estar e osportugueses são um povo muitosimpático”.O padre José Frazão é o Provincialda Companhia de Jesus e afirmaque “este é um projeto que nasceucom o padre Pedro Arrupe, muitotocado pela experiência no orientecom os refugiados, criou esteserviço que é um serviço muitoexpressivo no mundo que envolvemuitos jesuítas e muitoscolaboradores cristãos e nãocristãos. “Está há 25 anos emPortugal e faz todo o sentido porquepõe no coração da Companhia e,desde logo, também da missão daIgreja, um serviço aos mais pobres,aos mais necessitados, neste casoos refugiados ou migrantes emsituação de vulnerabilidade.Podemos dizer que o trabalho que oJRS faz, coloca-se no coração damissão da Igreja e por isso tambémda Companhia de Jesus”.Mas este não é um trabalhomeramente humanitário ou

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assistencial, é também ocasião dediálogo, encontro e partilha. “Sim,não queremos que sejasimplesmente um trabalhoassistencialista nem com aformalidade ou a mecânica quevemos por vezes no serviço social.Procuramos muito que as pessoassejam integradas, sejamconhecidas, possam escutar a suaprópria língua e por isso o trabalhocom os intérpretes da língua árabe,e também os voluntários e os quefazem parte profissionalmente dasequipas, procura-se muito criar umarelação de proximidade humanaporque sabemos que as pessoasnão

precisam apenas de casa nem decomida mas precisam também deser integradas... e concretamenteaqui no Centro Pedro Arrupeprocura-se muito essa proximidadepara promover as pessoas esobretudo, para que elas próprias,passado um tempo de grandevulnerabilidade humana possamencontrar também caminhos deautonomia, de se ressituarem nasociedade, seja na portuguesa oude regressarem aos seus países.Mas essa proximidade humanasupera muito a assistência formalimediata que se possa prestar”.A comunidade islâmica é também

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uma parceira neste trabalhodesenvolvido pelo Centro PedroArrupe, o imã da Mesquita Centralde Lisboa esteve presente nestemomento celebrativo. No que dizrespeito aos refugiadosmuçulmanos e mesmo nãomuçulmanos, o xeque Davide Munirdiz que “tentamos sempre dar aquiloque nos é possível. Eles podem atéter todo o conforto material e falta-lhes o espiritual. Então, como ocristão procura uma igreja é naturalque os muçulmanos procurem umamesquita, e a comunidade islâmicapara conviver e se integrarem, nãoapenas na comunidade, mastambém na sociedade onde estão”.Esta parceria pretende ser tambémum sinal de que o relacionamentoentre as religiões é vantajoso paratodos e deveria ser uma situaçãonormal nas diversas partes domundo? “Há países árabes ondenão muçulmanos convivempacificamente, a Síria foi umexemplo, o Iraque era também umpaís onde isso acontecia, no Egito,provavelmente algumas pessoas jáestão habituadas a terem amigosnão muçulmanos nos seus própriospaíses. Admito que pode haverpessoas que vieram de áreas

onde apenas existiam muçulmanos eque podem experimentar algumadificuldade em se integrar numambiente multirreligioso e cultural,mas como o mundo hoje é umaaldeia global isso é ultrapassado. Naverdade, muitos muçulmanos quechegam já conviviam nos seuspaíses com não muçulmanos...infelizmente, nós sabemos quequando há uma guerra, e muitasdelas são feitas em nome dasreligiões, é de lamentar. As pessoasao verem este convívio que temosem Portugal, ficam também maisseguras por constatar que ainstituição que as acolhe, que nocaso até é católica, mas quemantém uma ligação à comunidadeislâmica e assim sentem-se maisseguras e tranquila”, diz o imã daMesquita Central de Lisboa.André Costa Jorge tem estado àfrente deste trabalho social. “É comalegria que assinalamos esta data,mas, com alguma tristeza,constatamos também que esta obracontinua a ser necessária. Isto querdizer que a sociedade e os povosnão foram ainda capazes desolucionar o problema dosrefugiados e erradicar as causasque conduzem a esta situação”.Os 25 anos do JRS associavam-setambém à iniciativa do PapaFrancisco

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que promulgou o Dia Mundial dosPobres, marcado para estedomingo. “É um desafio à Igreja deser sinal no mundo junto dos maispobres e que, no fundo, é o que nósprocuramos fazer aqui na JRS...queremos acompanhar, servir edefender os migrantes,particularmente os mais pobres e osmais vulneráveis”.“Para nós sensibiliza-nos muito quea Igreja e o Papa estejam à cabeçae a liderar este movimento desensibilização e consciencializaçãodo mundo, dos decisores políticos eda sociedade em geral, para aquestão da pobreza em particular apobreza daqueles que mais sofrem,as crianças, as mulheres e anecessidade que há de ter açõesconcretas, de procurarmos todosjuntos ser os mais responsáveis,estar abertos àqueles que nosprocuram, e juntos podermosconstruir uma sociedade em quetodos possam viver com dignidade”,afirma André Costa Jorge.Mas estes 25 anos também foramuma ocasião para experimentar asolidariedade dos portugueses edas instituições que se quiseramassociar à causa do JRS. “Otrabalho do JRS é sempre emparceria. Este centro de

acolhimento só foi possível porqueum sem número de outrasinstituições e organismos públicosacreditaram também que erapossível resolver os problemas emconjunto. Para nós só faz sentidotrabalhar numa lógica de parceria,em todos os projetos procuramosagir numa forma colaborativa.Sabemos que é assim que seresolvem os problemas de umaforma mais ampla e com uma escalamais significativa. Só assim sabemosque atingimos os nossos objetivosde forma mais eficaz”.O Serviço Jesuíta aos Refugiados éuma organização internacional daIgreja Católica, fundada em 1980,sob responsabilidade da Companhiade Jesus. Tem como missão«acompanhar, servir e defender» osrefugiados e deslocados estandoatualmente presente em cerca de 50países no mundo.

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Portugal Sou Euhttp://portugalsoueu.pt Numa altura em que, certamente, secomeça a pensar no que oferecerna quadra natalícia que se avizinha,aderir à iniciativa governamentalPortugal Sou Eu, é certamente umaexcelente forma de ajudarmos aocrescimento económico do nossopaís.O programa Portugal Sou Eu temcomo objetivo “mobilizar o país parao desígnio do crescimentoeconómico, procurando melhorar acompetitividade do país e contribuirpara o equilíbrio sustentado dabalança comercial”. Pretende ainda“reforçar o desenvolvimento dasempresas portuguesas, através davalorização da oferta nacional, combase numa estratégia coletivainovadora, capazes de funcionarcomo argumentos distintivos para arecuperação económica epromoverem a competitividade dotecido económico”. Pretende assim“aumentar a produção nacionalatravés da dinamização do mercadointerno, mas contribuindo tambémpara criar condições para aumentaro número de empresas compotencial para exportar”.

Ao digitarmos o endereço www.portugalsoueu.ptentramos num espaço graficamentebem produzido e com um conjuntode recursos bastante interessantes.Logo na página inicial além das maisrecentes notícias e da possibilidadede aceder às opções maisrelevantes, pode ainda assistir aosspots promocionais que sãodivulgados nos media nacionais.Na opção “portugal sou eu” podeficar informado sobre o que consisteeste programa, a quem se dirige,como se pode participar, quais asiniciativas que são levadas a cabo,quem são as entidadesresponsáveis pela sua gestão eainda um conjunto de questõesfrequentes que nos ajudam aesclarecer todas as dúvidas quepossam ainda subsistir.Existe uma área reservadaexclusivamente aos produtores ecomerciantes nacionais. Em “o selo”pode aderir ao selo portugal sou eue descobrir quais são os benefíciose condições de adesão.Tendo em conta que esta ação jádecorre desde o ano 2012, naopçao notícias poderá consultartodas as novidades devidamentecatalogadas

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por ano civil. Considero que é umexcelente repositório parapercebermos de como esta marcatem evoluído ao longo dos anos.Caso pretenda conhecer quais osprodutos e marcas nacionais que seenquadram neste conceito, bastaque aceda a catálogo. Aí encontra,duas areas distintas, a dos produtose do artesanato. Através de ummotor de busca eficaz poderapidamente explorar ao máximo abase de dados que possui o que demelhor se produz em territórionacional.No item “agenda” poderá consultartodos os próximos eventos quedecorrem da aplicação destainiciativa.

Por útlimo em “parceiros” somosinformados acerca dos “protocolosde cooperação com entidades eagentes da sociedade portuguesa,que comunguem dos princípios evalores do programa, numa lógicade colaboração e de partilha deinformação”.Aqui fica então a sugestão para queconsidere aderir a esta forma depromoção da marca nacional,porque acreditar em Portugalcomeça em cada um de nós.

Fernando Cassola [email protected]

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Publicações: Saborear iguariasbíblicas pelas mãos do cozinheiro daseleção nacional de futebol

A obra «Ao sabor da Bíblia» foiapresentada esta quinta-feira naEscola de Hotelaria de LisboaLisboa, 17 nov 2017 (Ecclesia) – Ocozinheiro da seleção nacional defutebol considera que a bíblia

é um “hino à dieta mediterrânica”.No lançamento da obra «Ao saborda Bíblia», esta quinta-feira, naEscola de Hotelaria de Lisboa, LuisLavrador disse à Agência ECCLESIAque a bíblia é “um repositório,compêndio e livro

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de cozinha de dieta mediterrânica”.A obra resulta de um “trabalho deinvestigação que durou 10 anos afazer” e apresenta-se ao leitor comoum duplo convite: “primeiro, a umpercurso pela história da comensalidade desde os primeirostempos até ao início do cristianismo,e, de seguida, como umaconvocação à experiênciagastronómica da confeção edegustação de menus ondeimperam alimentos, temperos esabores que marcam o itinerário dahistória judaica e cristã”.Como confessa o autor, que étambém professor da Escola deHotelaria de Coimbra, aos 48 anosresolveu “ir para a Universidade”,uma professora convidou-o a fazeruma “investigação sobre osalimentos e a gastronomia na Bíblia”.Inicialmente ficou “assustado”porque “não conhecia a bíblia,apesar de ser católico”, realça.Na apresentação da obra «AoSabor da Bíblia» esteve tambémpresente o selecionador nacional defutebol, Fernando Santos, e referiuà Agência ECCLESIA que “a bíbliatem o melhor sabor que existe naterra”.Fernando Santos sublinhou que“não tem sensibilidade para acozinha”,

mas considera a obra “muitointeressante” onde Luis Lavradormostra “toda a sua sensibilidade e asua parte humana”.Para fazer este trabalho científico, oprofessor da Escola de Hotelaria deCoimbra salienta que leu “mais decem vezes algumas partes da bíblia”e “todos os dias elas transmitemuma mensagem nova”A bíblia tem “muitos sabores paradar” e a obra realizada por Luislavrador “não é apenas teoria, estesmanjares devem ser colocados namesa”.As receitas são “iguarias com umagrande profundidade” e “nãoapenas do ponto de vista culinário,mas também pela mensagem quetransmitem”.Um livro que obriga as “pessoas apensar o que é a gastronomia hoje”porque a bíblia “está cheia depratos para degustar”, reconhece.A bíblia acaba por ser “umadispensa recheada com tudo aquiloque o homem precisa tanto para ocorpo como para a alma”, concluiLuis Lavrador.Com a chancela da AlêtheiaEditores, a obra tem cerca de 150páginas e dá a conhecer váriasreceitas e a forma de as executar aoleitor.

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novembro 201718 de novembro. Santa Sé - Entrega do «Nobel daTeologia» ao compositor estónioArvo Pärt . Viseu - Encontro Nacional deLeigos com o tema «Este é otempo...» . Fátima - O encontro nacional dasEquipas de Nossa Senhora vairealizar-se em Fátima, 18 e 19 denovembro, e é subordinado ao tema«Maria: Companheira no Caminho». . Açores - Ponta Delagada, 15h00 -No âmbito do 50º aniversário docoral de São José (Ponta Delgada –Ilha São Miguel) o padre AntónioCartageno profere uma conferênciasobre música sacra na sededaquele grupo. 19 de novembro. Celebração do Dia Mundial dosPobres . Leiria - Setor da Catequese daDiocese de Leiria-Fátima envolvecrianças e adolescentes nacelebração do Dia Mundial dosPobres

. Organizações católicasportuguesas assinalam primeiro DiaMundial dos Pobres . Lisboa – Portela - A Igreja deCristo Rei da Portela (Lisboa) está acelebrar as bodas de prata (25anos) da sua dedicação e a missado dia 19 de novembro vai serpresidida, às 10h30, por D. ManuelClemente. . Viana do Castelo - Viana doCastelo: «Humor, saúde e bem-estarespiritual» na Semana de EstudosTeológicos . Vaticano - Basílica de São Pedro - Celebração do Dia Mundial dosPobres na Basílica de São Pedropresidida pelo Papa Francisco. . Lisboa - Igreja de São Roque - Lançamento da Campanha «10milhões de Estrelas» da CáritasPortuguesa . Évora - Celebração do Dia Mundialdos Pobres promovida pela CáritasDiocesana de Évora em todas asparóquias da diocese

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. Vaticano - Sala Paulo VI - O PapaFrancisco almoça com 1500pessoas necessitadas para celebraro Dia Mundial dos Pobres . Lisboa - Seminário da Luz –09h30 – A Pastoral Familiar doPatriarcado de Lisboa promove, dia19 deste mês, o encontro anual deagentes de preparação para oMatrimónio que tem como tema«Comunhão e diálogo no orçamentofamiliar». . Lisboa - Largo da Trindade, 10h15- Celebração do Dia Mundial dosPobres em Lisboa . Porto - Valongo (Igreja Matriz),11h00 - Eucaristia do 130ºaniversário do nascimento do padreAmérico (Galegos 23-10-1887 -Porto (16-07-1956) . Lisboa - Agualva (Igreja de SantaMaria), 14h30 - Colóquio sobre«Ser voluntário, cristão» com apresença de Isabel Jonet e padreJosé Maia e promovida pela CáritasParoquial de Agualva 20 de novembro. Fátima - Assembleia daConferência dos InstitutosReligiosos em Portugal (CIRP) – até21 de novembro . Fátima - Assembleia dos InstitutosReligiosos - até 21 de novembro

21 de novembro. Lisboa - Paróquia de São Tomásde Aquino - Conferência sobre «Apalavra na arte» por Jorge Vaz deCarvalho, escritor e docente daUniversidade Católica, e promovidapela Paróquia de São Tomás deAquino . Lisboa - aula magna da Reitoria daUniversidade de Lisboa, 18h00 - OPresidente da República, MarceloRebelo de Sousa, vai apresentar,dia 21 deste mês, às 18h00, na aulamagna da Reitoria da Universidadede Lisboa, a obra «Portugal Católico– A beleza na diversidade». 23 de novembro. Viseu - Espectáculos do grupo«Gen Rosso» - até 25 de novembro. Ilha de São Miguel – Capelas - Exposição «Da Encarnação deDeus à Santidade na vidaquotidiana» das paróquias daOuvidoria das Capelas – 05 dejaneiro de 2018 . Lisboa - Salão Nobre daUniversidade Aberta, 18h00 - Guilherme d'Oliveira Martins vaiapresentar a 23 de novembro osegundo volume da coletânea "ABíblia em Portugal", de freiHerculano Alves.

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II Concílio do Vaticano: É injustotodo o monopólio educativo eescolar

Em plena realização do II Concilio do Vaticano (1962-1965), os bispos portugueses escrevem uma notapastoral sobre a questão do ensino particular, datadade 15 de junho de 1964.No documento, os prelados referem que acolheramcom “alegria e confiança” as palavras do ministro daeducação nacional sobre o planeamento de todo oensino. Neste planeamento, o ensino chamadoparticular, no qual está incluído o ensino da Igreja,“não pode deixar de ter o lugar que lhe reconhece aConstituição Política do país, e é uma exigência dadoutrina cristã e da consciência do mundo livre” (In:Boletim de Informação Pastoral - Ano VI – 1964 - Maio-Junho – Nº 31, página 35). As palavras que saíram doMinistério da Educação, “com tão grande autoridade esentido tão elevado dos fundamentos humanos ecristãos de toda a reforma escolar, enchem deesperança o país”.Já o Papa Pio XI, na encíclica «Divini Illius Magistri»,proclamara que é “injusto e ilícito todo o monopólioeducativo e escolar”. Pelo contrário, todas as naçõesdominadas pelo materialismo como doutrina oficial, asquais ignoram a primazia da pessoa humana, “mantême defendem o totalitarismo escolar, atribuindo só aoEstado toda a missão educativa”, lê-se no documentodos bispos.A nota dos prelados portugueses realça também queé “forçoso reconhecer” que o regime escolar quevigorava na altura ainda estava “longe de dar cabalcumprimento aos princípios constitucionais”. Eacrescenta: “A liberdade de ensino, sob algunsaspectos, é mais teórica do que real”.

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Ainda neste contexto, os bisposportugueses lamentam que só “asclasses mais abastadas poderãoescolher o estabelecimento quemais garantias lhes oferece de umaeducação humana e cristã à medidados seus desejos”.O documentosublinha que só poderá haverliberdade concreta quando “os paispuderem escolher, entre as escolasoficiais e as particulares, comigualdade de encargos e devantagens”.A igreja sentia-se chocada com aacusação de “só cuidar dos filhosdos ricos”. Perante tal lacunalinguística, os bispos exemplificam:“Isto é falso, basta contar asescolas, asilos, patronatos que elasustenta, tendo que se tornarmendicante, só para os filhos dospobres”. A igreja julga “que nãoreclama um privilégio, mas sim umdireito reconhecido pelaConstituição e confirmado pelaConcordata”. Com isto só pode “

lucrar o progresso, a invenção e arenovação do ensino”.Neste ambiente conciliar, a Igrejapretendia “evangelizar os pobres” epoder levar o seu ensino, diocesanoe religioso, a todos sem exclusão.“Sem menosprezo dos outrosestabelecimentos de ensino, oficial eparticular, ela tem consciência dassuas responsabilidades para criarclimas cristãos de educaçãointegral”. Em assunto tão essencial“para a edificação do Portugal deamanhã – que desejamos sempremais fraterno, mais próspero, maiscristão – julgamos que não nos serialicito ficar silenciosos”.Apesar destes desejos, os bisposportugueses reconhecem as“dificuldades a vencer contra o pesode uma tradição secular, para adefinição e realização de uma novapolítica escolar”. Em causa está a“formação e a educação dajuventude”.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 19 de novembro- Os cristãos na Planície deNínive. Segunda-feira, dia20 novembro, 15h00 -Entrevista sobre o projetoeditorial "Portugal Católico - Nabeleza da diversidade". Terça-feira, dia 21 novembro, 15h00 - Informação eentrevista a Mendo Castro Henriques sobre o TerceiroFórum das Finanças Éticas e Solidárias. Quarta-feira, dia 22 novembro, 15h00 - Informaçãoe entrevista a José Luís Nunes Martins sobre o livro"Sermões num minuto". Quinta-feira, dia 23 novembro, 15h00 - Informaçãoe comentário à atualidade Sexta-feira, dia 24 novembro, 15h00 - Entrevista.Comentário à liturgia do domingo com o padre JoãoLoureço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, 19 de novembro, 06h00 - Dia Mundial dosPobres Segunda a sexta, 20 a 24 de novembro, 22h45 -40 anos da diocese de Viana do Castelo: D.Anacleto Oliveira; padre Pablo Lima; D. José Pedreira;padre Correia Quintas e padre Renato Oliveira

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Ano A – 33.º Domingo do TempoComum Entrar naalegria doSenhor

Cada cristão tem a grave responsabilidade de sertestemunha consciente, ativa e comprometida doprojeto de salvação de Deus. É o que nos recorda aliturgia da Palavra neste 33.º Domingo do TempoComum.O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos decomo esperar e preparar a última vinda de Jesus.Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificaros bens que Deus lhe confia e condena o discípuloque se instala no medo e na apatia e não põe arender os bens que Deus lhe entrega, desperdiçando,dessa forma, os dons de Deus e privando os irmãos, aIgreja e o mundo dos frutos a que têm direito.Na espera do Senhor, façamos frutificar os dons queDeus nos deu.É com o nosso coração que Jesus continua a amar ospublicanos e os pecadores do nosso tempo.É com as nossas palavras que Jesus continua aconsolar os que estão tristes e desanimados.É com os nossos braços abertos que Jesus continua aacolher os migrantes e refugiados que fogem damiséria e da degradação.É com as nossas mãos que Jesus continua a quebraras cadeias que prendem os escravizados e oprimidos.É com os nossos pés que Jesus continua a ir aoencontro de cada irmão que está sozinho eabandonado.É com a nossa solidariedade que Jesus continua aalimentar as multidões famintas do mundo e a darmedicamentos e cultura àqueles que nada têm.Como é tão atual a Palavra de Deus que nos é servidaneste dia que o Papa Francisco instituiu como DiaMundial dos Pobres!

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Os dois servos da parábola tiverama ousadia de não se contentar como que já tinham; não se deixaramdominar pelo comodismo e pelaapatia. Lutaram, esforçaram-se,arriscaram, ganharam.Todos os dias, há cristãos que têma coragem de arriscar. Não aceitama injustiça e lutam contra ela; nãopactuam com o egoísmo, o orgulho,a prepotência e propõem, em troca,os valores do Evangelho; nãoaceitam que os grandes epoderosos decidam os destinos domundo e têm a coragem de lutarobjetivamente contra os projetosdesumanos que desfeiam esta terra;não aceitam que a Igreja seidentifique com a riqueza e com opoder, e esforçam-se por torná-lamais pobre, mais simples, mais

humana, mais aberta, maisevangélica. Muitas vezes, sãoperseguidos, condenados,desautorizados, reduzidos aosilêncio, incompreendidos; muitasvezes, no seu excesso de zelo,cometem erros de avaliação, fazemopções erradas. Apesar de tudo,Jesus diz-lhes: “Muito bem, servobom e fiel. Porque foste fiel emcoisas pequenas, confiar-te-ei asgrandes. Vem tomar parte na alegriado teu Senhor”.É o mesmo convite a cada um denós: entrar na alegria do Senhor, naEucaristia celebrada e vivida aolongo da semana, em alegre partilhacom os próximos das nossas vidas.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Iraque: Campanha Regresso dos Cristãos à Planície deNínive

Gente como nósChamam-se Marven, Warda,Youssif, Suleiman… Foram eles,mas poderíamos ser nós. De um diapara o outro, perderam tudo o quetinham, foram obrigados a fugirperante o holocausto provocadopelos jihadistas. Agora, quando oregresso a casa começa a serpossível, continuam a precisar deajuda. Há três anos, ninguém ossocorreu. E agora? Os Cristãosiraquianos vão ser ignorados outravez?“De Julho a Agosto de 2014, 120 milcristãos foram forçados aabandonar Mossul e a Planície deNínive. Foram para Erbil e Duhok.”Bashar Warda, Arcebispo Caldeu deErbil, resume em apenas 24palavras todo o drama vivido nessesdias em que os jihadistas ocuparamas terras bíblicas onde, desde hádois mil anos, há memória dapresença cristã. Uma memória quese desvaneceu em semanas.Perante a violência e o fanatismo,os Cristãos não tiveram alternativa.Ou fugiam ou seriam presos,torturados e mortos. Marven Kameltinha apenas 17 anos quando oholocausto jihadista atingiu a suaaldeia. A sua história mudouradicalmente naquelas horas.“Parecia inacreditável o que estavaa

acontecer e pensámos: isto vaipassar.” Mas não passou. Foi comoum caudal de um rio quetransbordou das suas margenslevando tudo à sua frente. Foiimparável. Raban Youssif é mongeno Mosteiro de Mar Mattei. Eletambém testemunhou esses dias deviolência em que os cristãos foramobrigados a fugir sem que ninguém,sem que nenhum país acudisse.“Tudo começou no princípio deJunho de 2014, quando muitosataques tornaram a situação emMossul muito difícil. A 10 de Junho, oDaesh entrou em Mossul e ocupou acidade. A 6 de Agosto, os jihadistasatacaram a Planície de Nínive.”Foram mais de 120 mil cristãos,como reconheceu Bashar Warda, oArcebispo Caldeu de Erbil, quetiveram de fugir em pânico. Nenhumdestes cristãos esquecerá o que sepassou naquelas horas, naquelasemanas e meses. “Quando aspessoas chegaram, eu estava naIgreja em Ankawa”, recordaBenhman Benoka, vigário-geral dosCatólicos Sírios de Erbil. “Aspessoas chegaram exaustas. Erauma situação muito difícil. E o quechamou a atenção foi que todos, nodia seguinte, queriam ir à Missa.Não havia espaço sequer paratantas

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pessoas.” De facto, a cidade deAnkawa é pequena e os refugiadosque iam ficando onde era possível:em praças, nas bermas das ruas,em campos de futebol, em casasparticulares, em igrejas.“Celebraram-se missas em todos oslugares”, recorda hoje o Vigáriocatólico. Todos estes 120 milcristãos fugiram por causa da suafé. De um dia para o outro, de uminstante para o outro, passaram decidadãos normais que viviam no seupróprio país, a refugiados. E agora, como vai ser?Almass Suleiman nasceu em 1979,é casada e tem seis filhos. É umadessas famílias que passou a estarde mãos estendidas, que depende,agora, apenas, da solidariedadeinternacional de organizações comoa Fundação AIS. A noite da fugacontinua presente como umaassombração. “À meia-noite ficámossem electricidade. Diziam que oDaesh ia entrar em Karamlesh.Acordei os meus filhos que jáestavam a dormir. Não trouxemosnada connosco, só os bilhetes deidentidade, e fugimos.” Hoje,Suleiman vive da generosidade dosbenfeitores da AIS. “A Igreja dá-nostudo, paga-nos a renda… tudo.”Suleiman quer regressar a casa,voltar a ser dona

da sua vida, do seu destino, masisso não depende já de si. Oregresso é um sonho que ultrapassaa sua vontade. Mas uma coisaSuleiman sabe bem. Tudo o que lheaconteceu foi apenas por causa dasua fé em Cristo. “Foi tudo devido ànossa fé. Fugimos por causa danossa fé e aceitamos agora avontade de Deus. Na verdade,deixámos tudo por Deus.” Agora,quando o regresso a casa começa aser possível, Suleiman continua aprecisar de ajuda. Há três anos,ninguém socorreu a sua família. Eagora? Os Cristãos iraquianos vãoser ignorados outra vez?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Missão com ecologia integral

Tony Neves Espiritano

A Casa das Irmãs de S. José de Cluny, em TorresNovas, acolheu a Assembleia anual dosAnimadores das Congregações Missionárias.A Prof Helena Freitas, da Universidade deCoimbra, falou da encíclica ecológica do PapaFrancisco, a ‘Laudato Si’, propondo a mudançado nosso estilo de vida que produz muitosagentes poluentes, ataca a biodiversidade e gerapobreza. Referiu a recente onda de incêndios e aseca que vitimam Portugal como indicadores deuma ecologia atacada. Propôs um olhar para aAgenda 20-30 da ONU para um desenvolvimentosustentável.O P. António Martins, da Universidade Católica,lançou o desafio da conversão ecológica –proposto pelo Papa Francisco -, com a adopçãode um estilo de vida mais simples, um estiloprofético-cristão de cuidado da vida, pois a vidaé um circuito de interdependências.D. Manuel Pelino, a terminar funções de Bispo deSantarém, falou de Francisco como um Papaecológico, a pedir a tal cultura do cuidado e doencontro num mundo marcado pelo descarte, oabandono e a indiferença. Presidiu à Eucaristiade encerramento, pedindo mais e melhor Missão,em nome de uma ecologia integral.Como conclusões, os participantes dispõem-se: aajudar mais as dioceses na criação e/oudinamização dos Centros DiocesanosMissionários; a incentivar mais sacerdotes,Religiosos/as e Leigos a participar no Curso deMissiologia e Jornadas Missionárias Nacionais; adivulgar mais o ‘Guião

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Missionário’; a insistir com aFaculdade de Teologia para oregresso da Missiologia aocurriculum do Mestrado Integrado; adar o maior contributo para que seapronte a nova ExposiçãoMissionária itinerante; a fazer deOutubro de 2019 um grande mêsmissionário, marcado por umCongresso e outros momentosfortes de Missão.E, sobretudo, estes Missionáriosquerem investir o seu melhor noempenho por compromissosecológicos sérios. O Papa Franciscofala de uma ecologia integral queleve a respeitar a natureza e a amaros

pobres. A Igreja tem de estarsempre numa atitude de saída, nadirecção das periferias e margensda nossa história.Recorda o Papa na encíclicaLaudato Si: ‘É necessário voltar asentir que precisamos uns dosoutros, que temos umaresponsabilidade para com osoutros e o mundo, que vale a penaser bons e honestos’ (LS, nº229). E,mais á frente conclui:’A Igrejapropôs ao mundo o ideal de uma’civilização do amor’. O amor socialé a chave para um desenvolvimentoautêntico’ (LS, nº 231).Fica o desafio e a responsabilidade!

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