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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Vilhena Avenida Luiz Mazziero, Nº 4.432, Jardim América, 76.980-000 e-mail: [email protected] Fl.______ _________________________ Cad. Documento assinado digitalmente em 30/08/2017 09:23:03 conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001. Signatário: LILIANE PEGORARO BILHARVA:101180-4 FJ052481 - Número Verificador: 1014.2016.0038.1085.06718 - Validar em www.tjro.jus.br/adoc Pág. 1 de 40 CONCLUSÃO Aos 16 dias do mês de Agosto de 2017, faço estes autos conclusos a Juíza de Direito Liliane Pegoraro Bilharva. Eu, _________ Emerson Batista Salvador - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos. Vara: 1ª Vara Criminal Processo: 0003398-65.2016.8.22.0014 Classe: Ação Penal - Procedimento Ordinário (Réu Solto) Autor: Ministério Público do Estado de Rondônia Denunciado: Antônio Marco de Albuquerque; Jacier Rosa Dias; Carmozino Alves Moreira; Vanderlei Amauri Graebin; Eliar Celso Negri Vistos. VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES MOREIRA e ANTÔNIO MARCO DE ALBUQUERQUE, já qualificados nos autos, foram denunciados pelo Ministério Público como incursos, por várias vezes, nas penas do artigo 317, caput, c/c o art. 327, ambos do Código Penal (na forma do art. 71 do CP) e por várias vezes no art. 1º, caput, c/a seu §4º (crimes reiterados), ambos da Lei 9.613/98, todos dos art. 29 e 69 do Código Penal; JACIER ROSA DIAS, já qualificado nos autos, como incurso por várias vezes nas penas do art. 1º, caput, c/c seu §4º (crimes reiterados), ambos da Lei 9.613/98 e no art. 180, caput, do Código Penal, na forma do art. 69 do Código Penal; ao passo que ELIAR CELSO NEGRI, já qualificado nos autos, como incurso por várias vezes, nas penas do art. 333, caput, combinado com o art. 71, ambos do Código Penal, pela prática dos seguintes fatos delituosos: “Consta do incluso inquérito policial que, entre os anos de 2011 e 2013, nesta cidade de Vilhena, os denunciados VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES MOREIRA e ANTONIO MARCO DE ALBUQUERQUE, agindo em conluio e em razão do cargo público de vereador, perpetraram para a prática continuada e reiterada de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, recebendo pagamentos de propina do denunciado ELIAR CELSO NEGRI, consistente em terrenos, os quais eram por eles recebidos e repassados ou colocados em nome de terceiros, visando nitidamente ocultar e/ou dissimular a natureza, a propriedade e a origem criminosa destes bens. Costa também que o denunciado JACIER ROSA DIAS, na condição de Vice Prefeito e sabedor de todo esquema de recebimento de propinas por parte dos vereadores CARMOZINO ALVES MOREIRA, em que pese ciente de que se tratavam de produto de crime, ocultado, na sequência, sua origem e propriedade, eis que providenciou que fossem passados diretamente do loteamento para terceiros, via contrato de fls. 50/53 e 55/70. As investigações revelaram que durante a presente legislatura os denunciados VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES

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FJ052481 - Número Verificador: 1014.2016.0038.1085.06718 - Validar em www.tjro.jus.br/adocPág. 1 de 40

CONCLUSÃOAos 16 dias do mês de Agosto de 2017, faço estes autos conclusos a Juíza de Direito Liliane Pegoraro Bilharva. Eu, _________ Emerson Batista Salvador - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos.

Vara: 1ª Vara CriminalProcesso: 0003398-65.2016.8.22.0014Classe: Ação Penal - Procedimento Ordinário (Réu Solto)Autor: Ministério Público do Estado de RondôniaDenunciado: Antônio Marco de Albuquerque; Jacier Rosa Dias; Carmozino Alves Moreira; Vanderlei Amauri Graebin; Eliar Celso Negri

Vistos.

VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES MOREIRA e ANTÔNIO MARCO DE ALBUQUERQUE, já qualificados nos autos, foram denunciados pelo Ministério Público como incursos, por várias vezes, nas penas do artigo 317, caput, c/c o art. 327, ambos do Código Penal (na forma do art. 71 do CP) e por várias vezes no art. 1º, caput, c/a seu §4º (crimes reiterados), ambos da Lei 9.613/98, todos dos art. 29 e 69 do Código Penal; JACIER ROSA DIAS, já qualificado nos autos, como incurso por várias vezes nas penas do art. 1º, caput, c/c seu §4º (crimes reiterados), ambos da Lei 9.613/98 e no art. 180, caput, do Código Penal, na forma do art. 69 do Código Penal; ao passo que ELIAR CELSO NEGRI, já qualificado nos autos, como incurso por várias vezes, nas penas do art. 333, caput, combinado com o art. 71, ambos do Código Penal, pela prática dos seguintes fatos delituosos:

“Consta do incluso inquérito policial que, entre os anos de 2011 e 2013, nesta cidade de Vilhena, os denunciados VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES MOREIRA e ANTONIO MARCO DE ALBUQUERQUE, agindo em conluio e em razão do cargo público de vereador, perpetraram para a prática continuada e reiterada de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, recebendo pagamentos de propina do denunciado ELIAR CELSO NEGRI, consistente em terrenos, os quais eram por eles recebidos e repassados ou colocados em nome de terceiros, visando nitidamente ocultar e/ou dissimular a natureza, a propriedade e a origem criminosa destes bens. Costa também que o denunciado JACIER ROSA DIAS, na condição de Vice Prefeito e sabedor de todo esquema de recebimento de propinas por parte dos vereadores CARMOZINO ALVES MOREIRA, em que pese ciente de que se tratavam de produto de crime, ocultado, na sequência, sua origem e propriedade, eis que providenciou que fossem passados diretamente do loteamento para terceiros, via contrato de fls. 50/53 e 55/70.

As investigações revelaram que durante a presente legislatura os denunciados VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES

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MOREIRA e ANTÔNIO MARCO DE ALBUQUERQUE passaram a solicitar e a receber vantagem indevida em razão dos cargos de vereadores que ocupavam, eis que condicionavam a celeridade e a aprovação de projetos de autorização/regularização de loteamentos ao recebimento de propina.

Com efeito, extrai-se que no caso do “Loteamento Jardim Acácia” os citados denunciados determinados ao mesmo fim, incumbiram o vereador VANDERLEI AMAURI GRAEBIN de ser o interlocutor/intermediador do grupo junto ao empresário ELIAR CELSO NEGRI (proprietário do referido loteamento), competindo-lhe a tarefa de solicitar a este último o pagamento (e por vezes o recebimento) de vantagens para que o respectivo projeto fosse votado e aprovado com celeridade na Câmara Municipal de Vilhena.

Atendendo à espúria solicitação do grupo de vereadores representado por VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, o imputado ELIAR CELSO NEGRI passou a efetuar o pagamento de propinas, sendo estas pagas em lotes (do próprio loteamento “Jardim Acácia”), os quais, porém, em que pese aceitos e recebidos pelos vereadores denunciados, eram automaticamente ocultados por eles, visto que dissimulavam seus recebimentos, negociando imediatamente os imóveis ou repassando-os para o nome de terceiros e/ou “laranjas”, sempre ocultando seus nomes nas respectivas transações, visando, obviamente, esconder a origem criminosa destes bens.

As investigações lograram desvendar que consideráveis foram as vantagens obtidas ilicitamente pelos vereadores denunciados, visto que receberam lotes do empreendimento do denunciado ELIAR CELSO NEGRI, empresariais do corruptor na colocação em pauta, votação e demais providências atinentes ao projeto de seu empreendimento, consoante afere-se pela Ata da 2ª Sessão Ordinária da Vigésima Nova Sessão Legislativa da Sétima Legislatura da Câmara de Vereadores de Vilhena (que segue anexo).

Por outro lado, óbvio também que o denunciado ELIAS CELSO NEGRI agiu ilicitamente ao concordar com os pedidos dos vereadores denunciados, oferecendo e pagando propinas reiteradas ao aludido grupo para eles agissem de determinada forma que atendesse aos seus interesses, notadamente no trâmite do processo de seu loteamento que seguia para votação a Câmara Municipal.

Por fim, consta que dois lotes (fls. 50/53 e 55/70) recebidos ilicitamente pelo imputado CARMOZINO ALVES MOREIRA foram por ele imediatamente negociados ao denunciado JACIER ROSA DIAS, vice-prefeito de Vilhena, o qual os adquiriu praticamente pela metade do preço de mercado, ciente de que se tratavam de produto de crime, mais especificamente das propinas recebidas pelo aludido vereador/vendedor. Na sequência, imediatamente após os adquirir, JACIER providenciou para que fossem passados, via contrato, diretamente do loteamento para o nome de sua esposa Lucimar de Barros Dias (fls. 46/49) e de “credor” Luiz Carlos Zimermann (fls. 50/53), manobra que objetivou nitidamente esconder a propriedade e a origem ilícita destes bens, os quais consistiam em produto de crime perpetrado contra a administração pública, notadamente o de corrupção passiva.

(…)Afere-se que as vantagens efetivamente pagas variaram de vereador

para vereador, concluindo-se daí que neste caso houve a compensação de vantagens pagas diferentemente em outros empreendimentos, cujas

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investigações ainda terão que avançar”.

A autoridade policial representou pela prisão preventiva dos denunciados Carmozino Alves Moreira, Vanderlei Amauri Graebin, Antônio Marco Albuquer e Jacier Rosa Dias (159/170).

Foi decretada a prisão preventiva dos mesmos, a expedição de mandado de busca e apreensão, autorização de acesso aos celulares dos acusados e afastamento da função pública (fls. 171/178).

Foi determinada a notificação dos acusados e o sequestro dos imóveis que teriam sido recebidos ilicitamente (fls. 268/270).

Os acusados foram notificados e apresentaram defesa preliminar

(fls. 402/413, 451/456, 465/470, 471/476 e 509/530).

A denúncia foi recebida em 17/01/2017 e afastadas as preliminares suscitadas (fls. 533/536).

Os réus foram citados e apresentaram resposta à acusação (fls. 554/555, 556/557, 558/565, 568/593 e 597/618).

Foi designada audiência de instrução e julgamento, ocasião em que foram ouvidas quatorze testemunhas (fls. 685/690).

Em audiência de continuidade, duas testemunhas foram ouvidas e os réus interrogados (fls. 736/739).

Uma testemunha foi ouvida mediante carta precatória (fls. 762/764).

O Ministério Público requereu a condenação dos acusados nos exatos termos da denúncia, alegando que se confirmaram os crimes e autoria dos delitos (fls. 865/885).

A Defesa de Vanderlei Amauri Graebin, em alegações finais, arguiu a inépcia da denúncia, argumentou que as imputações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro são em relação aos mesmos fatos configurando bis in idem. Discorreu quanto ao valor probatório da delação. Afirmou que ainda que se houvesse o crime de corrupção passiva, restaria desconfigurado o crime de lavagem de dinheiro, visto que seria somente exaurimento do delito anterior. Pugnou por sua absolvição por ausência de provas (fls. 889/928).

A Defesa de Carmozino Alves Moreira, sustentou que seu interrogatório na fase policial é prova ilícita, visto que promovido mediante coação,

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postulando sua nulidade e das provas dele decorrentes. Argumenta ofensa ao princípio do contraditório e ampla defesa, uma vez que o Ministério Público teria citado um outro feito em suas alegações finais de que a defesa não tomou conhecimento. No mérito, argumentou ausência de provas. Afirmou que ainda que se houvesse o crime de corrupção passiva, restaria desconfigurado o crime de lavagem de dinheiro, visto que seria somente exaurimento do delito anterior. Pugnou pela sua absolvição por ausência de provas. (fls. 932/959).

A Defesa de Antônio Marco de Albuquerque, sustentou que os fatos lhe imputados são decorrentes de delação premiada não homologada, visto que promovido mediante coação, postulando sua nulidade e das provas dele decorrentes. Argumenta ofensa ao princípio do contraditório e ampla defesa, uma vez que o Ministério Público teria citado um outro feito em suas alegações finais de que a defesa não tomou conhecimento. No mérito, argumentou ausência de provas. Afirmou que ainda que se houvesse o crime de corrupção passiva, restaria desconfigurado o crime de lavagem de dinheiro, visto que seria somente exaurimento do delito anterior. Pugnou por sua absolvição por ausência de provas. (fls. 960/985).

A Defesa de Jacier Rosa Dias, argumentou a inexistência de receptação de bem imóvel. Argumentou que não tinha ciência da procedência ilícita dos imóveis. Arguiu a nulidade do feito, por cerceamento de defesa, visto que foi indeferido o pedido de acareação requerido pela defesa. Aduziu, ainda, a nulidade do feito em razão dos fatos lhes imputados são decorrentes de delação premiada não homologada. Requereu a absolvição dos delitos por ausência de provas. Subsidiariamente, afirmou que as imputações do crime de receptação e lavagem de dinheiro constituem bis in idem (fls. 1062/1128).

A Defesa de Eliar Negri, em sede de alegações finais, pugnou pela absolvição do crime de corrupção ativa, argumentando que o delito não restou caracterizado. (fls. 1129/1136).

Foram formulados vários pedidos de revogação de prisão preventiva, sendo todos indeferidos. Do mesmo modo, foram impetrados diversos Habeas Corpus, ocasião em que nos HC´s nº 0003398-65.2016.8.22.0000 e 0000672-29.2017.8.22.0000 foi concedida a ordem de soltura dos denunciados, com aplicação de medidas cautelares diversas da prisão preventiva.

Juntou-se os antecedentes criminais dos réus.

Os autos vieram conclusos para sentença.

É breve o relatório. Decido.

Pois bem. A materialidade dos delitos restou comprovada consoante, documentos de fls. 06/70, expressos nos contratos de compra e venda,

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extratos de contratos, cártulas de cheques, formulário de análise prévia de documentação, cópia de documentos pessoais; ata de sessão legislativa municipal (fls. 263/267) e prova oral constante dos autos.

A autoria dos crimes emergi da prova dos autos, consoante se passa a expor.

A informante Lucimar de Barros Dias, esposa do réu Jacier ao ser ouvida, disse que esta e seu esposo adquiriram dois lotes de Carmozino, realizando o pagamento mediante cheques. Que Jacier quem negociou diretamente com Carmozino. Relatou que venderam os lotes. Afirmou que não se recorda de ter assinado contrato de venda dos aludidos lotes. Relatou que tinham o costume de colocar os bens em seu nome. Que adquiriu os lotes direto na incorporadora, mas pagou a Carmozino.

O informante Diego Lacerda Graebin, sobrinho do réu Vanderlei, disse que no ano de 2011 ou 2012, não sabe ao certo, seu tio lhe procurou, informando que havia alguns terrenos disponíveis para venda em um novo empreendimento nesta cidade. Que na época tinha interesse de comprar, contudo, o perdeu posteriormente em razão da localização dos terrenos. Afirmou que não efetivou qualquer contrato para aquisição de lotes. Que se recorda de ter fornecido a seu tio, cópia de seus documentos pessoais para aquisição de lotes quando havia o interesse inicial em tal aquisição.

A informante Gelma Rosa Dias, irmã do réu Jacier, ao ser ouvida, afirmou que nunca assinou qualquer contrato para aquisição de lotes. Que tinha interesse em adquirir um terreno na cidade. Afirmou que seu irmão informou que Carmozino tinha alguns lotes para vender, entretanto, desistiu da compra. Descreveu que nunca assinou nenhum contrato. Que soube posteriormente que Jacier comprou dois lotes de Carmozino. Esclarece que Jacier tinha posse de seus documentos pessoais, em razão de já ter realizado outros negócios em seu nome. Expõe que nos últimos anos não tinha emprego fixo. Descreveu que já adquiriu um outro lote no Barão do Melgaço. Narrou que nesta ocasião, esta e seu esposo trataram diretamente com a imobiliária. Que Jacier não intermediou esta venda.

A testemunha Luiz Carlos Zimermann ao ser ouvida em Juízo, disse que confirma seu depoimento em sede policial, ocasião em que afirmou que em razão de ter apoiado Jacier em sua campanha para Deputado Estadual fornecendo seu veículo, foi multado pelo TRE. Que por conta disso, Jacier se comprometeu a pagar a multa, oferecendo um dos lotes localizado no Jardim das Acácias. Afirmou que procurou a administração do loteamento em companhia de Jacier para realizar a transferência do lote. Que pelo que observou o lote estava quitado e em pertencia a Jacier, contudo, não havia sido transferido, visto que estava em nome da incorporadora ainda. Declarou que não sabe a forma que Jacier adquiriu o descrito lote. Posteriormente, retificou, e disse que não sabia se o terreno estava no nome da imobiliária.

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A testemunha José Cleberson Santi, ao ser inquirido disse que trabalhava na Câmara de Vereadores em cargo comissionado. Que se recorda de ter negociado com Carmozino um terreno no loteamento Jardim das Acácias por R$ 8.000,00. Afirma que Carmozino que o procurou para oferecer o terreno. Que vendeu o terreno a terceiro e não se recorda o nome. Descreveu que trocava cheque com Carmozino.

A testemunha Valdeci Alves Cordeiro, ao ser inquirido afirmou que adquiriu um terreno diretamente da imobiliária e colocou em nome de sua ex-esposa, Joceli. Que pagou R$ 10.000,00 em espécie diretamente ao loteamento.

A testemunha de Defesa Romildo Valentino Lopes ao ser ouvido, afirmou que era assessor de Vanderlei, e em uma ocasião, na Câmara de Vereadores, presenciou Eliar pedir a Vanderlei “uma força” no projeto do loteamento Jardim das Acácias. Que Vanderlei afirmou que não podia fazer nada por não fazer parte da comissão, afirmando que era para falar com Carmozino, visto que este fazia parte da comissão.

A testemunha de Defesa Carlos Eduardo Machado Ferreira, ao ser inquirido em juízo disse que Jacier nunca teve nenhuma ingerência nas decisões do executivo, nem nas ausências do Prefeito. Que quanto ao procedimento para o loteamento, disse que é necessário o pedido de certidão de viabilidade, após a apresentação dos projetos do loteador junto a Secretaria de Terras, será expedido decreto e encaminhado a Câmara de Vereadores para referendo e após retorno ao Executivo para início das obras. Afirmou que foi promovida uma alteração legislativa recente incluindo a necessidade de referendo o Legislativo quanto aos loteamentos da cidade.

A testemunha de Defesa Vera Lúcia Paixão ao ser ouvida em Juízo disse que Jacier lhe informou que tinha adquirido dois terrenos de Carmozino e os vendeu posteriormente e que um dos compradores havia sido intimado pela Polícia Federal. Que após sua prisão, este disse que ainda não tinha sido interrogado. Descreveu que levou a Polícia Federal o canhoto e a microfilmagem do cheque que comprovada a aquisição dos terrenos.

A testemunha de Defesa Raphael da Silva Cardoso, ao ser ouvido disse que acompanhou Jacier e Carmozino ao loteamento, ocasião em que este mostrava a área a Jacier. Que não sabe se Jacier adquiriu algum terreno.

A testemunha de Defesa Dari Alves de Oliveira ao ser inquirida, disse que no ano de 2009 e 2012 vendeu dois terrenos a Jacier no bairro Cidade Nova. Que em uma ocasião foi convidado a uma reunião no escritório de Josemario Secco e foi indagado se teve algum problema para aprovação de seus loteamentos. Afirmou que respondeu negativamente, esclarecendo que de fato estes demoravam a ser aprovados, mas nunca lhe foi solicitado qualquer vantagem ilícita. Que Eliar estava no local.

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A testemunha de Defesa Elias da Silva Arruda ao ser ouvida, declarou que trabalhava na prefeitura, e era um dos responsáveis pelas aprovações dos projetos de loteamento. Que quanto ao procedimento, este se inicia com a vontade do proprietário do imóvel em parcelamento do solo, solicitando uma certidão de viabilidade junto ao Município. Descreve que após isso, o proprietário junta todos os documentos descritos em lei para prosseguimento do processo. Expôs que no ano de 2009, o Legislativo promoveu uma alteração na lei prevendo que os projetos de loteamento deveriam ser submetidos a aprovação pela Câmara de Vereadores. Que a despeito disso, a Procuradoria do Município entendia que não era necessário submeter o loteamento ao referendo do Legislativo, sendo encaminhado ao Prefeito para deliberação quanto a necessidade ou não de encaminhar para Câmara de Vereadores.

O informante Alexandre Bergmann Machado, concunhado de Eliar, ao ser inquirido, disse que em uma oportunidade, presenciou o encontro de Vanderlei e Eliar no escritório da empresa deste. Que presenciou Vanderlei solicitando vantagem ilícita de Eliar, esclarecendo que a reunião era para tal finalidade. Que Vanderlei foi ao local solicitando terrenos para “liberar” o loteamento, afirmando que era uma exigência da comissão. Disse que após reunião dos sócios do empreendimento e considerando a necessidade de pagamento de vantagens ilícitas para aprovação do empreendimento foi aceito realizar o pagamento de propina. Esclarece que Vanderlei foi ao local por várias vezes para tratar sobre o assunto. Descreveu que Carmozino também foi até o local. Que a conclusão do contrato era somente no escritório do empreendimento, em que pese no loteamento haver a tratativas preliminares e o recolhimento de documentos. Afirmou que após a compra dos loteamentos, a empresa não permitia que mantivesse os imóveis em seu nome, devendo haver a transferência para o comprador.

A testemunha de Defesa Pedro Alves da Silva ao ser inquirido disse que presenciou Carmozino oferecendo um terreno a Valquiria, irmã de Marco Albuquerque. Que Valquiria lhe disse que havia comprado o descrito terreno de Carmozino.

A informante Valquiria Brito de Albuquerque, irmã do réu Marco Albuquerque, ao ser ouvida disse que não sabe nada sobre os fatos. Que adquiriu um terreno de Carmozino em fevereiro de 2012 pelo valor de R$ 8.000,00. Descreveu que Carmozino disse que o loteamento valia R$ 17.000,00, contudo, faria por R$ 8.000,00, que foi pago em dinheiro. Afirmou que o valor estava guardado em sua casa.

O acusado Vanderlei Amauri Graebin ao ser interrogado, negou os fatos. Que em meados de 2010 ou 2011, Eliar o procurou após uma sessão da Câmara de Vereadores pedindo que este interviesse para aprovação de um loteamento que era proprietário. Afirmou que Carmozino estava saindo e o chamou e disse para Eliar conversar com Carmozino, visto que este fazia parte da comissão,

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saindo na sequência. Que não recebeu nenhum terreno como pagamento de vantagens ilícitas para aprovação do loteamento. Declarou que Diego tinha interesse em adquirir um terreno no loteamento, todavia, desistiu da compra posteriormente. Afirmou que nunca teve nenhum problema pessoal com Eliar. Que se recorda de ter pego de Diego Graebin (sobrinho) seus documentos pessoais e os entregou a Carmozino. Aduziu que nunca procurou Eliar para tratar sobre o recebimento de terrenos como pagamento de propina.

Que em resposta as perguntas formuladas pelo advogado de Eliar Negri, foi indagado se já havia ido ao escritório do estabelecimento comercial de Eliar, dizendo que talvez possa ter ido, contudo, era para negociar tijolos e telhas e não para tratar de terrenos.

Afirmou que o projeto de loteamento não permaneceu mais do que 30 dias em trâmite na Câmara de Vereadores. Que não votou no projeto do loteamento descrito na denúncia, assim como não fez parte de nenhuma das comissões que deu parecer favorável do loteamento.

O acusado Carmozino Alves Moreira, ao ser interrogado disse que a denúncia não é verdadeira. Disse que os fatos são decorrência de perseguição política. Afirmou que adquiriu 5 terrenos de Eliar por R$ 30.000,00. Narrou que pagou em dinheiro, diretamente a Eliar em sua empresa. Que Eliar disse que estava com dificuldade na venda dos terrenos, em razão disso, reduziu o valor dos terrenos. Aduziu que fez o compromisso com Eliar de não vender os terrenos antes de sua conclusão, entretanto, sua mãe estava com problemas de saúde e necessitou negociar os terrenos com Jacier, Valquiria, Antônio Marco e José Clebson. Que após realizar o pagamento foi lhe entregue um recibo de pagamento, devolvendo este a Eliar após o recebimento dos terrenos não ficando com nenhuma cópia. Que foi pressionado pelo Delegado de Polícia. Afirmou que não assinou alguns de seus interrogatórios. Ressaltou que suas declarações foram prestadas sob coação. Que seu advogado não acompanhou suas declarações e só chegou ao final.

O acusado Antônio Marco de Albuquerque ao ser interrogado disse que a denúncia não é verdadeira. Que comprou o terreno de Carmozino por R$ 8.000,00. Disse que pagou em dinheiro. Declarou que não assinou contrato, não tinha recibo e não realizou a transferência para seu nome, afirmando que confiou na palavra de Carmozino. Que três anos depois, revendeu o terreno para o próprio Eliar em cheques de forma parcelada. Afirmou que um dos cheques de Eliar repassou a Fabiano, em razão de um empréstimo contraído em data precedente.

O acusado Jacier Rosa Dias ao ser interrogado disse que a denúncia não é verdadeira. Narrou que comprou dois terrenos de Carmozino, efetuando o pagamento através de dois cheques, um no valor de R$ 8.000,00 e outro no valor de R$ 6.000,00. Que Eliar concordou em transferir diretamente para seu nome após a conclusão do loteamento. Descreveu que os terrenos foram

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transferidos para o nome de sua esposa. Afirmou que tanto Carmozino quanto Eliar nunca lhe disseram sobre qualquer irregularidade nos terrenos. Expôs que vendeu um dos terrenos a “Gilberto” e outro repassou a Luiz Carlos Zimermann para pagamento de uma multa junto a Justiça Eleitoral.

O acusado Eliar Celso Negri ao ser interrogado disse que a denúncia é verdadeira. Confirmou seu depoimento em sede policial, esclarecendo que os Vereadores Vanderlei Graebin e Carmozino solicitaram alguns terrenos como condição para aprovação do loteamento na Câmara de Vereadores. Que já havia investido no loteamento, e acabou cedendo a pressão dos edis. Expôs que Vanderlei Graebin o procurou em seu escritório, dizendo que era em nome da comissão da Câmara de Vereadores, afirmando ainda que para aprovação do empreendimento tinha que disponibilizar alguns terrenos para a comissão de Vereadores. Que Vanderlei disse que os lotes não eram para ele e sim para comissão, que não aprovaria se não recebesse os descritos lotes. Descreveu que após isso, conversou com os sócios do empreendimento e decidiram que pagariam os lotes aos Vereadores para aprovação do loteamento. Aduziu que Jacier o procurou posteriormente afirmando que um dos lotes lhe pertencia, requerendo sua transferência. Que Antonio Marco também o procurou posteriormente a aprovação do loteamento, afirmando um dos lotes era de sua propriedade. Esclareceu que Antonio Marco procurou a empresa para que esta recomprasse o lote que estava em nome de Diego Graebin. Que Carmozino o procurou em companhia de Jacier, afirmando que havia negociado uns terrenos com este. Sustentou que os terrenos estavam em condições de venda, visto que as obras estavam concluídas. Declarou que o preço médio dos lotes era R$ 17.000,00. Disse que os contratos eram assinados no escritório da empresa, visto que no local do loteamento, somente era apresentada uma proposta de compra.

DOS DELITOS DE CORRUPÇÃO ATIVA E CORRUPÇÃO PASSIVA.

Conforme consta dos autos, os denunciados Vanderlei Amauri Graebin, Carmozino Alves Moreira e Antonio Marco de Albuquerque, então vereadores, agindo em conluio e em razão do cargo público a época ocupado praticaram o crime de corrupção passiva, visto que exigiram para aprovação do loteamento na Câmara de Vereadores pagamentos de propina do codenunciado Eliar Celso Negri, consistente no recebimento de terrenos, os quais eram por eles recebidos e repassados ou colocados em nome de terceiros, visando ocultar e/ou dissimular a natureza, a propriedade e a origem criminosa destes bens.

Consoante se extrai dos autos, o loteamento em questão se denominava “Jardim Acácia”, e os citados denunciados determinados ao mesmo fim, incumbiram o vereador Vanderlei Amauri Graebin de ser o

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interlocutor/intermediador do grupo junto ao empresário Eliar Celso Negri (proprietário do referido loteamento), competindo-lhe a tarefa de solicitar a este último o pagamento de vantagens para que o respectivo projeto fosse votado e aprovado na Câmara Municipal de Vilhena.

Do mesmo modo, conforme delação premiada de Eliar Celso Negri, este praticou o delito de corrupção ativa, visto que ao aceitar a solicitação dos vereadores denunciados, ofereceu e pagou propinas ao descrito grupo para que eles agissem de determinada forma que atendesse aos seus interesses, notadamente no trâmite do processo de seu loteamento que seguia para votação a Câmara Municipal.

O acusado Vanderlei Graebin afirmou que nunca recebeu nenhuma vantagem ilícita nem realizou qualquer tratativa com Eliar, afirmando que sequer fazia parte da comissão de vereadores.

O réu Carmozino, em Juízo sustentou que seu depoimento em sede policial seria viciado, visto que foi prestado sob coação e tinha feito uso de remédios controlados, retratando sua versão na fase policial, argumentando que adquiriu 5 lotes de Eliar por R$ 30.000,00 em espécie, os revendendo posteriormente.

Antônio Marco por sua vez, disse que a aquisição de um dos terrenos foi de maneira lícita, afirmando que posteriormente revendeu o terreno ao loteamento.

Não obstante a afirmação dos acusados, suas versões não correspondem as provas dos autos.

Afere-se Eliar Celso Negri todas as vezes que foi ouvido, foi convicto em revelar o esquema criminoso ocorrido na Câmara de Vereadores, em relevo suas declarações na fase policial (fls. 04/05), ocasião em que afirmou que após protocolar o pedido de aprovação do loteamento o qual era proprietário, na Câmara de Vereadores, esclarecendo que já havia decreto do executivo o autorizando, foi procurado por Vanderlei Graebin, oportunidade em que este afirmou que representava a comissão de vereadores responsáveis pela análise do loteamento e que o aludido projeto somente seria aprovado se transferisse 7 (sete) terrenos para os vereadores da descrita comissão.

Aduziu que posteriormente foi procurado por Carmozino, confirmando que os terrenos seriam para garantir a aprovação do loteamento junto a Câmara de Vereadores.

Acrescentou ainda que após se reunir com seus sócios e verificar

que somente o loteamento seria aprovado se pagasse as vantagens ilícitas solicitadas, aceitou a espúria proposta dos edis e passou 6 (seis) terrenos como

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pagamento de propina aos vereadores Vanderlei Graebin, Carmozino Moreira e Antônio Marco.

Cumpre dizer que conforme ressaltado pelo Ministério Público, as manobras perpetradas pelos vereadores para obterem vantagens ilícitas eram realizadas inclusive através de aprovação de projetos de leis que facilitassem a empreitada criminosa.

Nesse passo, editaram a Lei Municipal nº 2.648/09 – em que pese a evidente inconstitucionalidade – a qual havia previsão de que os loteamentos após aprovados pelo Poder Executivo fossem submetidos ao Legislativo para referendum, permitindo assim, que os vereadores procurassem os proprietários dos loteamentos e solicitassem indevidas vantagens financeiras para assegurar a continuidade do empreendimento e caso houvesse recusa, “travavam” o processo na comissão, impondo empecilhos de toda ordem.

No ponto, destaco que o denunciado Carmozino Moreira, assistido por advogado (fls. 233/234), em sede policial, admitiu os crimes descritos na denúncia, não obstante ter se retratado em Juízo.

Na ocasião, Carmozino confessou os fatos, confirmando as declarações de Eliar, afirmando que as negociações iniciais foram realizadas por Vanderlei Graebin, e posteriormente tomou parte nestas, de modo que os terrenos foram repassados a este como condição para aprovação do loteamento.

Ressalto que Carmozino disse ainda que o Vanderlei ficou com 02 ou 03 lotes e que Antônio Marco também havia recebido um lote como pagamento de propina.

Em análise do art. 317 e do art. 333, ambos do CP, verifica que se tratam de uma exceção pluralista a teoria unitária ou monista adotada pelo ordenamento pátrio, visto que de um mesmo fato em que concorreu mais de uma pessoa, poderá ensejar dois delitos distintos: corrupção passiva (art. 317) praticados pelos funcionários públicos; e corrupção ativa (art. 333) praticado pelo particular contra a Administração Pública.

Os crimes de corrupção ativa e passiva são crimes formais de consumação antecipada ou de resultado cortado. Consuma-se com a oferta ou promessa de vantagem indevida ao funcionário público, independente de sua aceitação ou mesmo que pratique, omita-se ou retarde o ato de ofício. Assim, o fato de não ter recebido a vantagem prometida, não excluiu o crime, o que não é o caso, visto que os denunciados de fato receberam os terrenos do empreendimento.

Nesse sentido:

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 317 DO CP. CORRUPÇÃO PASSIVA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. CRIME FORMAL. CONSUMAÇÃO. AFRONTA AO ART. 59 DO CP. DOSIMETRIA. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ.1. O crime de corrupção passiva é formal e se consuma com a prática de um dos verbos nucleares previstos no art. 317 do Código Penal, isto é, solicitar ou receber vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem, sendo, pois, prescindível a efetiva realização do ato funcional. Com efeito, o ato de ofício constitui mera causa de aumento de pena, prevista no § 1º, do aludido diploma.2. Ademais, o reconhecimento da atipicidade da conduta atribuída ao agravante, com objetivo de desconstituir o édito condenatório, demandaria necessariamente a incursão no acervo fático probatório carreado aos autos, inviável em recurso especial, por força do verbete n. 7 da Súmula desta Corte.3. De outro lado, não se vislumbra qualquer violação ao art. 59 do Código Penal, visto que a análise das circunstâncias judiciais envolve particularidades subjetivas, decorrentes do livre convencimento do Juiz, as quais não podem ser revistas por esta Corte de Justiça, salvo em situações excepcionais, o que não se caracteriza.4. No caso, a despeito de algumas considerações de ordem genérica lançadas pelo Juiz de primeiro grau na dosimetria da pena-base, notadamente quanto à culpabilidade, a sanção imposta ao recorrente encontra-se devidamente fundamentada em relação às demais circunstâncias judiciais, com base em elementos concretos e dentro do critério da discricionariedade juridicamente vinculada.5. Assim, considerando-se os limites previstos no art. 317 do Código Penal - mínimo de 2 (dois) e máximo de 12 (doze) anos -, não se mostra desproporcional a fixação da pena-base em 2 (dois) anos e 6 (seis) meses, patamar próximo ao mínimo legal, razão pela qual não há como proceder qualquer reparo nesta sede, diante da vedação contida na Súmula n. 7/STJ.6. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1374837 /RN, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 10/10/2014). Grifei.

Nesse sentido se manifestou o Supremo Tribunal Federal: “( ... ) sendo a corrupção passiva um crime formal, ou de consumação antecipada, é indiferente para a tipificação da conduta a destinação que o agente confira ou pretenda conferir ao valor ilícito auferido, que constitui, assim, mera fase ele exaurimento do delito”. (lnq 2.2451MG, rei. Min. Joaquim Barbosa. Plenário. j. 28.08.2007).

Tal esclarecimento é necessário para afastar a tese do acusado Vanderlei Graebin de que não tinha nenhum envolvimento com o delito, visto que não votou pela aprovação do loteamento, eis que não se fez presente na votação, o que conforme dito pelo Ministério Público, não descaracteriza o delito, haja vista que este se consuma com a solicitação, não exigindo que o acusado tenha recebido a vantagem.

Cumpre dizer que em verdade, o acusado atua como “porta voz”

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dos demais codenunciados, sendo certo que o fato de não fazer parte da comissão de vereadores seja um ardil para tentar dificultar sua responsabilização, ao argumento de que não tinha nenhum “interesse” em tal ato, visto que não fazia parte da comissão e sequer havia votado.

Como bem ressaltado pelo Ministério Público, Vanderlei e Carmozino tinham grande influência política na Câmara de Vereadores, em razão das sucessivas reeleições, permaneciam como “vereadores profissionais”, atuando com sagacidade com os demais pares. Some-se, ainda, que Antônio Marco, era presidente da Câmara de Vereadores, o que certamente contribuiu para aprovação do loteamento junto a casa, ainda que alguns dos outros vereadores não tivessem participação no esquema criminoso perpetrado pelos denunciados.

A propósito foram as declarações de Eliar Celso Negri em sede policial (fls. 04/05):

“QUE é empresário na cidade de Vilhena/RO; QUE é procurador da pessoa jurídica CONSTRUTORA E INCORPORADA ACÁCIA; QUE essa empresa foi responsável pela construção do denominado loteamento JARDIM DAS ACÁCIAS nesta cidade de Vilhena; QUE o depoente deu entrada nos documentos necessários à construção do loteamento na prefeitura municipal de Vilhena no ano 2009, conseguindo a autorização apenas no de 2011; QUE somente não sabe precisar com exatidão, mas seguramente a maio parte do tempo para a aprovação do loteamento foi gasto na Câmara Municipal; QUE esse tempo de paralisação na câmara somou seguramente, cerca de 2 anos; QUE uma vez aprovada a parte que cabia à prefeitura, o procedimento seguiu para Câmara municipal onde ficou durante muito tempo totalmente paralisado; QUE o depoente junto com outro sócio da empresa de nome MARCIO ANDRE NEGRI nas sessões da Câmara municipal e em todas as vezes não via seu projeto ser pautado para votação; QUE depois de várias frustrações o vereador VANDERLEI GRAEBIN procurou o depoente para dizer que o projeto não seri aprovado enquanto os sete vereadores da comissão correspondente não fossem agraciados com terreno no loteamento a ser aprovado; QUE GRAEBIN deixou claro ao depoente que seriam necessários sete terrenos, um para cada vereador; QUE no final, no entanto, o depoente somente entregou seis terrenos, depois de muito argumentar e um dos beneficiários acabou não sendo vereador, mas o vice-prefeito JACIER ROSA DIAS; QUE na época da negociação não havia acordo para repasse de terreno ao vice-prefeito, apesar de sua pessoa ter procurado, ao final, a sede da empresa como beneficiário; QUE o depoente ainda argumentou com GRAEBIN que o loteamento era pequeno e os empreendedores não tinham dinheiro para arcar com o prejuízo correspondente à doação de lotes aos vereadores; QUE GRAEBIN insistiu que enquanto não fossem os terrenos repassados aos vereadores o loteamento não seria aprovado; QUE então premidos pela necessidade e depois de terem assumido vários tipos de investimento no loteamento e seu projeto, o depoente como procurador do empreendimento rendeu-se aos interesses dos vereadores; QUE então comunicou isso a GRAEBIN e cerca de uma ou duas semanas depois o loteamento foi aprovado na câmara municipal; QUE depois da aprovação o depoente afastou-se dos vereadores e da câmara municipal somente

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vindo a ter contato com os destinatários dos terrenos quando da sua transferência; QUE o vereador CARMOZINO tratou pessoalmente com o depoente acerca da transferência dos lotes que lhe seriam destinados pelo acordo feito através de GRAEBIN;QUE também o vereador MARCOS “CABELUDO” se apresentou na sede da empresa para o mesmo fim; QUE também o vice-prefeito, JACIER DIAS, se apresentou para o mesmo fim; QUE neste ato entrega os originais dos documentos utilizados para transferência dos lotes entregues pelo depoente aos vereadores e ao vice-prefeito; QUE destinado ao vereador CARMOZINO estão os contratos e demais documentos ligados às pessoas de JOSE CLEBERSON SANTI e DIOCELI RUFINA DOS SANTOS; QUE destinado ao vereador MARCOS “CABELUDO” estão os contratos e demais documentos ligados às pessoas de DIEGO LACERDA GRAEBIN e VALQUIRIA BRITO DE ALBUQUERQUE; QUE o lote que seria destinado à pessoa de DIEGO LACERDA foi “recomprado” pelo loteamento uma vez que MARCOS CABELUDO não queria mais o terreno; QUE entregasse neste ato cópia dos cheques utilizados para pagar MARCOS CABELUDO pela compra dos terrenos que, em tese, seriam do próprio loteamento onde há aposta uma assinatura do vereador em questão; QUE destinado ao vice-prefeito JACIER DIAS estão os contratos e demais documentos ligados às pessoas de LUIZ CARLOS ZIMERMANN, LUCIMAR DE BARROS DIAS e GELMA ROSA DIAS; QUE chegou a informar o prefeito municipal, JOSE LUIZ ROVER, acerca da situação traçada por GRAEBIN, mas apesar de prometer, o prefeito nada fez; QUE depois de transferidos os terrenos o depoente não mais manteve

contatos com os vereadores”.

Do mesmo modo, o acusado Carmozino Moreira, quando inquirido em sede policial (fls. 233/234), assim se manifestou:

“QUE é vereador nesta cidade e neste momento encontra-se recolhido preso em cadeia local; QUE conhece a pessoa de ELIAR e o mesmo diz a verdade quando vereadores exigiram dele a entrega de terrenos para aprovar seu projeto de loteamento; QUE quem tratou com ELIAR a entrega desses terrenos foi o vereador GRAEBIN, também preso por conta destes autos e de outro, da mesma natureza; QUE o declarante recebeu três terrenos do loteamento JARDIM DAS ACÁCIAS por conta da aprovação do projeto de ELIAR, tendo vendido um deles para a pessoa de JOSE CLEBER e outros dois para a pessoa de JACIER DIAS; QUE JACIER sabia que o declarante tinha recebido gratuitamente os terrenos por conta de sua atuação na aprovação do projeto de loteamento do JARDIM DAS ACÁCIAS porque o próprio declarante disse que tinha ganho os terrenos; QUE o declarante disse que tinha ganho os terrenos para JACIER sendo daí a sua impressão que o mesmo tinha conhecimento de serem os imóveis objetos ilícitos; QUE mesmo assim JACIER os comprou pelos valores de R$ 8 mil e R$ 6 mim respectivamente; QUE vendeu esses terrenos pela metade do que realmente valem; QUE esses terrenos valem cerca de RS 12 mil; QUE ELIAR ficou de repassar 7 (sete) terrenos aos vereadores e seu projeto não ficou parado na câmara; QUE não ficou parado na câmara porque GRAEBIN já tinha negociado com ELIAR anteriormente; QUE por conta disso logo que o projeto deu entrada foi aprovado; QUE GRAEBIN também ficou com terrenos, cerca de 2 ou 3, o declarante não tem

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certeza; QUE tem certeza, no entanto, que GRAEBIN ficou com terrenos do loteamento JARDIM DAS ACÁCIAS; QUE também a pessoa de MARCO “CABELUDO” pegou um terreno do JARDIM DAS ACÁCIAS; QUE era de conhecimento dos vereadores que o projeto era para ser aprovado; QUE os vereadores que já sabiam eram o próprio declarante, GRAEBIN e MARCOS; QUE nesse caso somente esses vereadores sabiam do esquema; QUE MARCO CABELUDO recebeu do loteador apenas um terreno; MARCO ainda comprou outro terreno de GRAEBIN, terreno esse que GRAEBIN havia recebido do loteador; QUE MARCOS, temos depois, ficou sem dinheiro e vendeu para ELIAR, dono do loteamento, o terreno que GRAEBIN havia recebido indevidamente e vendido a MARCOS; QUE por isso MARCOS somente recebeu um terreno do loteador de forma indevida; QUE MARCOS comprou o terreno que pertencia a VANDERLEI GRAEBIN do sobrinho desta pessoa de nome DIEGO LACERDA GRAEBIN, laranja do vereador VANDERLEI; QUE essa compra é representada pelos cheques que estão nos autos”.

Nesse passo, restou demonstrada a autoria de Vanderlei Graebin no delito de corrupção passiva (art. 317, CP), visto que conforme declarações de Eliar e de Carmozino na fase policial este intermediou as solicitações de vantagens ilícitas, além de receber alguns terrenos como pagamento de propina. De mesmo modo a testemunha Alexandre Bregmann Machado, testemunha ouvida em Juízo, confirmou que o acusado foi diversas vezes no escritório da empresa para tratar quanto ao pagamento das vantagens indevidas (mídia de fl. 690).

O denunciado Antonio Marco, em que pese afirmar que tenha adquiriu licitamente os terrenos, pelas provas dos autos, este também recebeu ao menos um dos terrenos como vantagem indevida, visto que apesar de alegar que realizou a aquisição de forma lícita não possui nenhum documento que comprove, tais como contrato, recibo, extrato bancário, incidindo, assim, nas penas do art. 317 do CP.

Do mesmo modo, a autoria quanto ao crime de corrupção passiva (art. 317, CP) quanto a Carmozino também restou demonstrada, consoante suas declarações em sede policial e as declarações do codenunciado Eliar, bem como, vê-se que quase todas as pessoas que adquiriram ou tiveram contato para adquirir terrenos, citados neste processo, tiveram contato com Carmozino ou pelo menos citaram o nome dele..

Por fim, depreende-se ainda que o acusado Eliar incidiu nas disposições atinentes o delito de corrupção ativa (art. 333, do CP), mormente por conta de sua confissão.

Cumpre dizer que razão assiste ao Ministério Público com relação a alegação de que não restou comprovado que os delitos foram praticados de forma continuada, razão pela qual afasto a continuidade delitiva.

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Passo a analisar as teses defensivas.

A Defesa de Carmozino Alves Moreira, sustentou que seu interrogatório na fase policial é prova ilícita, visto que promovido mediante coação, postulando sua nulidade e das provas dele decorrentes.

Não obstante as alegações da Defesa, não há nos autos qualquer elemento que comprove que suas declarações de fls. 233/234 tenham sido prestadas sob coação o que macularia de nulidade a prova produzida e as que delas decorressem.

Primeiro, conforme dito o réu não comprovou que tal interrogatório tenha sido prestado mediante intimidação, prova esta que caberia ao réu o que não foi realizado. Segundo, o descrito depoimento foi prestado mediante assistência de advogado, o que reforça que suas declarações foram prestadas de forma voluntária. Ora não é crível que o advogado do réu que acompanhava o interrogatório tenha presenciado a alegada coação e não tenha se pronunciado, assinando o termo e somente agora tenha sustentado tal tese.

Argumenta a Defesa Carmozino Alves Moreira de ofensa ao princípio do contraditório e ampla defesa, uma vez que o Ministério Público teria citado um outro feito (autos nº 0003266-08.2016.8.22.0014) em suas alegações finais de que a defesa não tomou conhecimento, o que é totalmente sem fundamento, visto que o acusado é assistido pelo mesmo advogado no processo em que também é réu, o que obviamente tem conhecimento dos fatos lhe imputados, afinal, o feito encontra-se em sua fase final.

Acrescento ainda, que Ministério Público fez apenas referência a existência do aludido processo em que este é réu por fatos semelhantes, o que não significa que este Juízo utilizará os fatos descritos naqueles autos como fundamento desta decisão. Ademais, se trata de obiter dictum, que nada influencia ou atenta contra o direito de defesa do acusado, uma vez que são argumentos expendidos para completar o raciocínio, e não desempenham papel fundamental na formação do julgado.

A Defesa de Vanderlei Amauri Graebin, discorreu quanto ao valor probatório da delação.

Segundo entende a jurisprudência, certamente a delação premiada considerada de forma isolada, não tem o condão de sustentar uma condenação, até porque, possui natureza jurídica de técnica especial de investigação, sendo certa que deve ser corroborada por outros elementos probatórios (regra da corroboração).

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A propósito, a Lei nº 12.850/13, cujo art. 4º, § 16, dispõe: “Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador”.

Anoto que a colaboração premiada celebrada pelo réu Eliar nos autos nº 0003573-59.2016.8.22.0014 com o Ministério Público Estadual, homologada por este Juízo, está em consonância com as demais provas produzidas ao longo da instrução processual, de modo que foi comprovado por documentos e declarações de testemunhas, possuindo força probante suficiente para fundamentar um decreto condenatório, razão pela qual afasto a tese de imprestabilidade da delação premiada.

No tocante a alegação de inépcia da inicial, conforme já afastada em decisões anteriores, tal alegação é descabida. Os fatos narrados na denúncia descrevem as condutas dos acusados de forma clara e com todas as circunstâncias não impedindo o exercício do direito de defesa dos réus.

Conforme dispõe o art. 41 do CPP “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o

rol das testemunhas”.

Assim, a peça inicial narra em que consistiu a ação criminosa do denunciado no delito em que foi incurso, o que permitiu o exercício da ampla defesa, sendo inviável acolher-se a pretensão de invalidade da peça vestibular.

Nesse sentido:

HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. DENÚNCIA. PEÇA INAUGURAL QUE ATENDE AOS REQUISITOS LEGAIS EXIGIDOS. INICIAL ACUSATÓRIA QUE DESCREVE CRIME EM TESE. INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. 1. Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em obediência aos requisitos traçados no art. 41 do Código de Processo Penal, descrevendo perfeitamente o fato típico imputado, crime em tese, com todas as suas circunstâncias, atribuindo-o ao paciente, terminando por classificá-lo, ao indicar o ilícito supostamente infringido. 2. Se a vestibular acusatória narra em que consistiu a ação criminosa do réu no delito em que lhe incursionou, permitindo o exercício da ampla defesa, é inviável acolher-se a pretensão de invalidade da peça vestibular. (…) (Habeas Corpus nº 98065/MA (2007/0310868-6), 5ª Turma do STJ, Rel. Jorge Mussi. j. 21.09.2010, unânime, DJe 16.11.2010).

Portanto, não houve prejuízo no exercício do direito de defesa, de forma que a narração do contexto fático possibilitou o exercício da ampla defesa, pelo que afasto a alegação de inépcia da inicial acusatória.

A Defesa de Antônio Marco de Albuquerque, sustentou que os fatos lhe imputados são decorrentes de delação premiada não homologada e que

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promovida mediante coação, postulando sua nulidade e das provas dele decorrentes, tese a qual também sustentada pela Defesa de Jacier Rosa Dias. Quanto a alegada coação, esta já foi afastada em parágrafos anteriores.

Quanto ao argumento de que os fatos imputados são originários de delação não homologada de Carmozino Moreira nos autos nº 0003775-36.2016.8.22.0014, tal tese não merece prosperar.

Os fatos imputados aos réus são decorrentes da delação de Eliar Negri e não de Carmozino. No mais, as declarações foram corroboradas por outros elementos dos autos, além do fato de Carmozino nada ter tido quando de suas declarações para proposta de colaboração premiada, não havendo o que falar que os fatos redundaram de tais declarações, eis que inexistentes.

Destaco ainda que consoante previsão do art. 4º, §10º da Lei 12.850/13, o acusado pode se retratar da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. Logo, as provas de eventual retratação podem ser utilizadas, desde que não sejam exclusivamente em desfavor do acusado.

Repise-se que não é o caso, conforme dito, Carmozino quando por ocasião de suas declarações, este informou que não mais pretendia realizar o acordo de colaboração premiada.

Por fim, a descrita colaboração premiada não homologada não se confunde com a confissão do acusado em sede policial, ocasião em que delatou outros codenunciados.

DO CRIME DE RECEPTAÇÃO

A materialidade do delito está demonstrada pelos documentos de fls. 50/58 e pela prova oral constante dos autos.

Costa também que o denunciado Jacier Rosa Dias, a época Vice-Prefeito, em que pese ciente dos terrenos adquiridos de Carmozino se tratavam de produto de crime, os recebeu e dissimulou sua origem e propriedade, eis que providenciou que fossem passados diretamente do loteamento para terceiros, via contrato de fls. 50/53 e 55/70.

Ao que foi apurado, acusado Jacier Rosa Dias recebeu de forma dolosa dois terrenos do codenunciado Carmozino ciente de que se travam de produtos de pagamento de vantagens ilícitas por Eliar.

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O acusado Jacier ao ser interrogado, negou os fatos, afirmando que a aquisição dos terrenos se deu de forma lícita e que não tinha ciência de que os descritos terrenos se tratavam de pagamentos de propinas aos Vereadores.

Consoante destacado pelo Ministério Público, foi juntado aos autos os contratos de aquisição dos terrenos que foram adquiridos pelo denunciado, os quais estavam em nome de sua esposa (Lucimar de Barros Dias), de modo que cada um dos lotes consta no contrato o valor de R$ 17.004,00, entretanto, segundo declarações do próprio acusado, estes foram adquiridos por um valor bem abaixo do mercado, a saber, R$ 6.000,00 e R$ 8.000,00, o que indica a proveniência ilícita dos bens.

O acusado afirmou que não desconfiou do valor abaixo do mercado dos terrenos, em razão do loteamento ainda não estar concluído, o que contrasta com as declarações de Eliar que afirmou que quando o projeto do loteamento aportou na Câmara de Vereadores este já estava concluído, sendo certo que rechaça a alegação do acusado quanto ao valor reduzidos pago pelos imóveis.

Nesse mesmo sentido, como bem observado pelo Ministério Público, a versão exposta pelo acusado não corresponde com a verdade. O réu afirma que não formalizou os contratos imediatamente após a compra em razão do loteamento ainda não estar concluído e para não pagar duas transferências perante o cartório de imóveis, o que não se coaduna com as declarações de Eliar, que conforme dito, afirmou que o loteamento já estava concluído quanto do encaminhamento do projeto para a Câmara de Vereadores.

Cumpra dizer ainda, conforme acima transcrito, o acusado Carmozino, quando ouvido em sede policial (fls. 233/234), afirmou que quando vendeu os terrenos a Jacier, lhe disse que estes eram frutos de vantagens ilícitas recebidas pelos vereadores para aprovação do projeto, o que indica que o acusado tinha ciência da origem ilícita dos loteamentos.

Nesse contexto, conforme entende a doutrina, o crime de receptação é um crime acessório, de fusão ou parasitário, pois não tem existência autônoma, reclamando a prática de um delito anterior. O tipo penal é claro nesse sentido: a coisa deve ser "produto de crime". Em síntese, não é qualquer coisa de natureza ilícita que enseja a receptação, mas apenas aquela de origem criminosa.

Não prospera a tese da defesa da impossibilidade de receptação de coisa imóvel. O tipo penal em estudo, prescreve que incorre no crime, quem adquiri, recebe, transporta, conduz ou oculta, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, de modo que não há nenhuma exigência da coisa ser exclusivamente móvel, como faz o crime de furto e de roubo. Obviamente, por incompatibilidade lógica, não é possível nos verbos “transportar”, “conduzir” e “ocultar”.

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Nesse sentido, Heleno Cláudio Fragoso, assevera que a coisa imóvel pode ser objeto material de receptação, sob o argumento de que a palavra "coisa" empregada pela lei tanto pode ser aplicada aos móveis como aos imóveis, pois na receptação a lei não distingue, como faz no furto e no roubo, sobre a natureza da coisa.

São suas palavras: “Não se percebe porque a receptação pressuponha "deslocamento" do objeto. O significado léxico da palavra é secundário, quando se trata de conceitos normativos. Por outro lado, é perfeitamente claro que um imóvel pode ser produto de crime (falsidade, estelionato etc.). Não só a posse provém de crime, neste caso, contra a própria coisa, isto é, o próprio imóvel, na sua materialidade. E pode haver receptação desde que venha a ser tal imóvel adquirido por

terceiro, com conhecimento de causa.” (FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal. São Paulo, v. 2, p. 329).

Não se desconhece o precedente do STF citado pela Defesa, contudo, não obstante a relevância dos argumentos, entendo que este não representa a doutrina majoritária e também é um entendimento muito antigo do Pretório Excelso (1980), além do fato de ter sido proferido em sede de Habeas Corpus, ou seja, no exercício do controle difuso e ainda foi decidido por Órgão fracionário, de modo que, em princípio, não vinculam os Juízos de primeiro grau.

Quanto a tese da defesa de Jacier Rosa Dias de nulidade do feito, por cerceamento de defesa, visto que foi indeferido o pedido de acareação requerido, não merece prosperar.

Conforme já afastado na decisão de fls. 820/821, as supostas contradições alegadas entre as declarações de Jacier e do codenunciado Eliar, se destinava a comprovar esclarecimento de documentos, o que contraria o disposto no art. 229 do CP.

Ademais, não há nenhuma obrigatoriedade em deferir o pleito defensivo, consistindo em uma faculdade do Juiz, ainda mais quando a defesa não esclarece ou justifica a imprescindibilidade de realização de acareação.

Ressalte-se, ainda, que a Defesa teve a oportunidade de produzir provas durante toda a instrução, razão pela qual não o que se falar em cerceamento de defesa.

Por derradeiro, pelas alegações da Defesa, ainda que o loteamento não tenha estivesse concluído na integralidade, ressalto que não descaracteriza o delito, visto que ainda que não houvesse pavimentação asfáltica o valor pago estava abaixo do mercado, além do fato já descrito de que o contrato foi assinado como de dezessete mil reais.

Assim, as provas documentais e testemunhais constantes dos autos, aliado a confissão de alguns dos acusados, restou demonstrado que Jacier Rosa Dias, em que pese ciente de que os terrenos se tratavam de produto de

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crime, os adquiriu por menos da metade do valor de mercado e na sequência, buscando ocultar suas origens e propriedades ilícitas, providenciou que fossem passados diretamente do loteamento para terceiros incorrendo no crime previsto no art. 180, caput, do Código Penal.

DO DELITO DE LAVAGEM DE CAPITAIS.

A materialidade do delito está consubstanciada nos documentos de fls. 06/70, cópia da ata da sessão legislativa municipal de fl. 263/267 e prova oral.

Ao que se apurou, os acusados Vanderlei Amauri Graebin, Carmozino Alves Moreira, Antonio Marco de Albuquerque e Jacier Rosa Dias, dissimularam o recebimento das vantagens ilícitas e do produto da receptação, alienando ou colocando os imóveis em nome de terceiros (“laranjas”), no intuito de ocultar a origem criminosa e a propriedade dos bens.

A informante Valquiria Brito de Albuquerque, irmã do réu Marco Albuquerque, ao ser ouvida disse que não sabia nada sobre os fatos. Que adquiriu um terreno de Carmozino em fevereiro de 2012 pelo valor de R$ 8.000,00. Descreveu que Carmozino disse que o loteamento valia R$ 17.000,00, contudo, faria por R$ 8.000,00, que foi pago em dinheiro. Afirmou que o valor estava guardado em sua casa.

A testemunha José Cleberson Santi, ao ser inquirido disse que trabalhava na Câmara de Vereadores em cargo comissionado. Que se recorda de ter negociado com Carmozino um terreno no loteamento Jardim das Acácias por R$ 8.000,00. Afirma que Carmozino que o procurou para oferecer o terreno. Que vendeu o terreno a terceiro e não se recorda o nome. Descreveu que trocava cheque com Carmozino.

A testemunha Valdeci Alves Cordeiro, ao ser inquirido afirmou que adquiriu um terreno diretamente da imobiliária e colocou em nome de sua ex-esposa, Joceli. Que pagou R$ 10.000,00 em espécie diretamente ao loteamento.

A informante Lucimar de Barros Dias ao ser ouvida disse que com seu esposo adquiriram dois lotes de Carmozino, realizando o pagamento mediante cheque. Que Jacier quem negociou diretamente com Carmozino. Relatou que venderam os lotes. Afirmou que não se recorda de ter assinado contrato de venda dos aludidos lotes. Relatou que tinham o costume de colocar os bens em seu nome. Que adquiriu os lotes direto na incorporadora, mas pagou a Carmozino.

O informante Diego Lacerda Graebin, sobrinho do réu Vanderlei.

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Disse que no ano de 2011 ou 2012, não sabe ao certo, seu tio lhe procurou informando que havia um loteamento nesta cidade disponíveis para venda. Que na época tinha interesse de comprar, contudo, perdeu o interesse posteriormente em razão da localização. Afirmou que não efetivou qualquer contrato para aquisição de lotes. Que se recorda de ter fornecido a seu tio, cópia de seus documentos pessoais para aquisição de lotes, quando havia o interesse inicial em tal aquisição.

A informante Gelma Rosa Dias, irmã do réu Jacier, ao ser ouvida afirmou que nunca assinou qualquer contrato para aquisição de lotes. Que tinha interesse em adquirir um terreno na cidade. Afirmou que seu irmão informou que Carmozino tinha uns lotes para vender, entretanto, desistiu da compra. Descreveu que nunca assinou nenhum contrato. Que soube posteriormente que Jacier comprou dois lotes de Carmozino. Esclarece que Jacier tinha posse de seus documentos pessoais, em razão de já ter realizado outros negócios em seu nome. Expõe que nos últimos anos não tinha emprego fixo. Descreveu que já adquiriu um outro lote no Barão do Melgaço. Narrou que nesta ocasião, esta e seu esposo trataram diretamente com a imobiliária. Que Jacier não intermediou esta venda.

A testemunha Joceli Rufina dos Santos, ouvida mediante carta precatória (fls. 762/764) disse que Vanderlei Graebin era advogado de seu ex-esposo Valdeci Alves Cordeiro. Afirmou que seu ex-esposo quem negociou o terreno e transferiu para seu nome. Que não sabe de que vereador adquiriu o lote e nem para quem vendeu. Declarou que seu ex-esposo não tinha condições de pagar o terreno à vista e que também não realizava o pagamento de forma parcelada. Que o terreno não lhe pertencia. Afirmou que seu ex-esposo a época tinha a renda aproximada de R$ 1.800,00.

Ao que se apurou, em que pese o acusado Vanderlei Graebin negar os delitos, este ocultou a origem ilícita dos lotes 02 e 03 da Quadra 08, recebidos como pagamentos de vantagens ilícitas (contratos de fls. 07/12 e 28/37), visto que este buscou disfarçar a titularidade dos imóveis, eis que consta nos contratos os nomes de seu sobrinho Diego Lacerda Graebin e de Dioceli Rufina dos Santos.

A lavagem de dinheiro praticado por Vanderlei é evidente, haja vista que além de passar um dos terrenos para o nome de seu sobrinho, o outro terreno que constava como de titularidade de Dioceli Rufina dos Santos, o qual afirmou em Juízo que seu esposo que colocou o terreno em seu nome e que este não tinha condições de pagar pelo aludido terreno à vista, porquanto, tinha a renda aproximada de R$ 1.800,00, contrariando as versões de Valdeci Alves Cordeiro e de Vanderlei.

Com efeito, consoante destaco pelo Ministério Público, acrescento ainda, que a versão de Valdeci de que firmou contrato no próprio local do loteamento não corresponde a verdade, visto que no local não havia computador ou estrutura para lavratura de contratos, além do fato de afirmar ter pago R$

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10.000,00 e o contrato ser lavrado como valor do imóvel em R$ 17.004,00 (fls. 28/31).

Cumpre dizer que o delito de lavagem de dinheiro ainda é corroborado pelas declarações do corréu Carmozino em sede policial, o qual também afirmou que Vanderlei recebeu como pagamento de propina dois ou três lotes, que repassou para o nome de “laranjas”, no intuito de dissimular a origem ilícita dos imóveis.

Desta forma, consta ainda que Vanderlei repassou um dos lotes a Antonio Marco, de modo que este logo na sequência, “revendeu” o terreno a própria empresa responsável pelo empreendimento, em preço bem aquém dos comercializados pelo próprio loteamento, o que demonstra que de fato se tratava de ocultação dos reais proprietários dos imóveis, que no caso seriam os denunciados.

Cumpre dizer que conforme alertado pelo Ministério Público, o terreno supostamente adquirido de Carmonizo por Antonio Marco, em verdade fazia parte da propina paga a Vanderlei, de modo que este repassou o descrito terreno a Antonio Marco, e este na sequência, “revendeu” ao próprio loteamento pelo valor de R$ 13.000,00 (fls. 16/17), não obstante afirmar ter pago R$ 8.000,00, os lotes no ano de 2011, já eram vendidos por mais de R$ 17.000,00, o que demonstra a nítida dissimulação da origem ilícita dos imóveis.

Ora, não é crível que Antonio Marco revendesse o lote adquirido ao próprio empreendimento, haja vista que segundo Eliar, até hoje não foram vendidos todos os terrenos, não parecendo verossímil a versão do acusado de que Eliar pretendia recomprar o terreno para revenda.

Ademais, ao que se apurou, Antonio Marco colocou um dos terrenos em nome de sua irmã, Valquíria Brito Albuquerque, a qual em Juízo afirmou que pagou R$ 8.000,00 a Carmozino, sendo o descrito contrato formalizado no cartório, o que não corresponde a verdade, porquanto, consta o valor de R$ 17.004,00 no contrato lavrado, conforme se depreende do contrato juntado às fls. 19/27.

No tocante ao acusado Carmozino, este confessou em sede policial o delito de corrupção passiva, em que pese em Juízo negar os fatos.

Nesse passo, a autoria de Carmozino quanto ao delito de lavagem de dinheiro está evidenciada, visto que um dos terrenos foram repassados a José Cleberson Santi, o que conforme bem observado pelo Ministério Público, este era assessor de Carmonizo, apesar de falar que adquiriu o terreno legalmente, não soube sequer declinar o modo como se deu a aquisição, local, valor, não sabendo dizer nem mesmo se ainda tem o descrito terreno, denotando que de fato se tratou de uma transferência ilícita no intuito de dissimular a origem espúria do recebimento.

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Destaco, ainda, que apesar de Carmozino afirmar que realizava a comercialização de terrenos, e havia vendido-os por cerca de R$ 8.000,00, não formaliza nenhuma das vendas em contratos, promissórias ou qualquer outro documento comprovatório.

Com efeito, o denunciado afirmou que pagou R$ 30.000,00 nos seis terrenos, contudo, não comprovou a aludida aquisição documentalmente, o que causa certa estranheza, considerando que as pessoas que operam essa atividade comercial, na maioria esmagadora dos casos, formalizam as vendas, além de afirmar que pagou em dinheiro e guardava essa grande quantidade de dinheiro em casa.

Por fim, quanto ao acusado Jacier, as provas dos autos também demonstram que este ocultou a origem ilícita dos lotes que adquiriu de Carmozino, haja vista que transferiu os lotes diretamente da incorporadora para o nome de sua esposa.

Nesse passo, observa-se que o acusado ao colocar os terrenos em nome de sua esposa, tinha o nítido propósito de encobrir a origem ilícita da aquisição, na tentativa de iludir o fisco e a própria Justiça Eleitoral, visto que a época ocupava o cargo de vice-prefeito, sendo certo que o fato de colocar os lotes em nome de sua esposa e independentemente do regime de casamento adotado, em nada desnatura o crime em questão, demonstrando tão somente que a dissimulação da origem dos imóveis não foi feita com a mesma “sofisticação” que outros denunciados realizaram.

Ao que se observa, os informantes que constam como supostos proprietários dos terrenos e os denunciados, todos afirmaram que pagavam ou compraram os terrenos em dinheiro, no entanto, não há nenhuma prova documental de todas essas alegadas transações, seja extrato, recibo, contratos, promissórias e outros.

Acrescente-se ainda, que alguns afirmaram que guardavam essas altas cifras em dinheiro em espécie em suas próprias residências, de modo que em verdade, se observa que das caraterísticas descritas, de fato se trata de lavagem de dinheiro, em razão da dissimulação da origem ilícita dos terrenos e da forma pouco usual de manutenção de dinheiro em espécie em casa e a não formalização das transações.

Apesar da defesa dos acusados afirmarem a não ocorrência do crime de lavagem de dinheiro, consoante o já descrito, o delito restou caracterizado.

Segundo Marco Antônio de Barros, "lavagem é o método pelo qual uma ou mais pessoas, ou uma ou mais organizações criminosas, processam os ganhos financeiros ou patrimoniais obtidos com determinadas atividades ilícitas.

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Sendo assim, lavagem de capitais consiste na operação financeira ou transação comercial que visa ocultar ou dissimular a incorporação, transitória ou permanente, na economia ou no sistema financeiro do país, de bens, direitos ou valores que, direta ou indiretamente, são resultados de outros crimes, e a cujo produto ilícito se pretende dar lícita aparência" (Lavagem de capitais e obrigações civis correlatas – com comentários, artigo por artigo, à Lei 9.613/98. São Paulo: Ed. RT, 2004. p. 92).

Semelhantemente ao crime de receptação, o crime de lavagem de capitais é crime acessório, diferido, remetido ou parasitário, porquanto está atrelado à prática de uma infração penal antecedente que produza o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação.

Assim, ao que se extraiu das declarações dos acusados, estes de fato incorreram no delito de lavagem de capitais, visto que praticaram atos com o objetivo de conferir aparência lícita aos terrenos provenientes de uma infração penal anterior (corrupção ativa/corrupção passiva), haja vista que após receberem os descritos imóveis fruto de pagamento de propina, os colocaram em nome de terceiros no intuito de dissimular ou mascarar (layering) a origem ilícita destes que posteriormente poderiam utilizar os valores das vendas dos terrenos e os inserir na economia formal, dificultando eventual rastreamento da proveniência dos valores obtidos.

Quanto as teses defensivas, relativas a este crime, cumpre dizer que a última fase do delito de lavagem de capitais consiste na integração (integration), a qual com a aparência lícita, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, podendo ser por intermédio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário, aquisição de bens em geral. Em alguns casos, os recursos monetários, depois de lavados, são reinvestidos nas mesmas atividades delituosas das quais se originaram, perpetuando-se, assim, o ciclo vicioso. (Lima, Renato Brasileiro de. Legislação Penal Especial, Ed. Jus podivm, 2014, pg. 291).

De acordo com o art. 2°, II, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei n° 12.683112, o processo e julgamento dos crimes de lavagem de capitais independe do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, consagrando a autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro.

Portanto, no Brasil admite-se a autolavagem (selflaundering).

Nesse sentido, conforme o citado autor, o qual, mais uma vez discorre brilhantemente, afirma que:

“(….) ao contrário do que se dá com a receptação e o favorecimento real, nada impede que o sujeito ativo da infração antecedente também responda pelo crime de lavagem de capitais (selflaundering). A uma porque, ao contrário de outros países, a legislação brasileira não veda expressamente a autolavagem, inexistindo a chamada "reserva de

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autolavagem" prevista em outros países. A propósito, comparando-se a própria redação do art. 1°, caput, da Lei n° 9.613/98, com aquela do crime de favorecimento real (CP, art. 349), é fácil notar que consta deste tipo penal expressa exoneração do autor do .ilícito antecedente, o que não acontece no crime de lavagem de capitais.

Em segundo lugar, não se afigura possível a aplicação do princípio da consunção, incidente nas hipóteses de pós fato impunível. Ora, a ocultação do produto da infração antecedente pelo seu autor configura lesão autônoma, contra sujeito passivo distinto, através de conduta não compreendida como consequência natural e necessária da primeira. De mais a mais, o bem jurídico tutelado pela Lei n° 9.613/98 é, em regra, distinto daquele afetado pela infração penal antecedente, e esta distinção acaba por autorizar a punição de ambas as condutas delituosas em concurso material, sem que se possa falar em bis in idem.

Destarte, diante da lesão a bens jurídicos diversos, é inviável a aplicação do princípio da consunção, porque não se cumpre a exigência de que os delitos anteriores já abarquem o desvalor da conduta posterior ou que o autor não lesione nenhum bem jurídico novo, é dizer, que o bem jurídico lesionado pelo fato prévio e posterior coincidam. Além disso, levando-se em consideração que um terceiro que não concorreu para a infração antecedente pode, de alguma forma, concorrer para a lavagem de dinheiro, que permanece sob a direção e controle do autor da infração-base, que, por possuir o domínio do fato, seria considerado autor, fosse vedada a punição da autolavagem, ter-se-ia, então, uma situação em que existiriam partícipes de um crime sem

autor”. (ibidem, pg. 302/303) Grifei .

A propósito, o STF dispôs que a lavagem de dinheiro é crime autônomo, não se constituindo em mero exaurimento da infração antecedente, razão pela qual não haverá bis in idem ou litispendência entre os processos instaurados contra o mesmo acusado pelo branqueamento de capitais e pela infração penal antecedente (STF, 2ª Turma, HC 92.279/RN, Rei. Min. Joaquim Barbosa, j.

24/06/2008, DJe 17718/09/2008).

Na mesma linha, segundo o STJ, é possível que o autor da infração antecedente responda por lavagem de dinheiro, dada à diversidade dos bens jurídicos atingidos e à autonomia deste delito: (STJ, 5ª Turma, REsp 1.234.097/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 03/11/2011, DJe 17/11/2011).

Portanto, das provas dos autos, extrai-se com segurança que Vanderlei Amauri Graebin, Carmozino Alves Moreira, Antonio Marco de Albuquerque e Jacier Rosa Dias incorreram no crime previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98.

De resto, com razão o Ministério Público com relação a alegação de que não restou comprovado que os delitos foram praticados de forma continuada, razão pela qual afasto a continuidade delitiva.

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DA COLABORAÇÃO PREMIADA.

Em razão da colaboração premiada realizada pelo acusado Eliar Negri nos autos nº 0003573-59.2016.8.22.0014 (apenso), propõe o Ministério Público, em vista da relevância das declarações e que ainda não foram adotadas pelo colaborador medidas suficientes para recuperação do produto do crime, a redução da pena privativa de liberdade no patamar de 2/3 e sua substituição por penas restritivas de direitos.

Segundo o professor Márcio André Cavalcante, a colaboração premiada é um instituto previsto na legislação por meio do qual um investigado ou acusado da prática de infração penal, decide confessar a prática do delito e, além disso, aceita colaborar com a investigação ou com o processo fornecendo informações que irão ajudar, de forma efetiva, na obtenção de provas contra os demais autores dos delitos e contra a organização criminosa, na prevenção de novos crimes, na recuperação do produto ou proveito dos crimes ou na localização da vítima com integridade física preservada, recebendo o colaborador, em contrapartida, determinados benefícios penais (ex: redução de sua pena).

Dentre outras disposições legais, este é tratado de forma mais minudente pela Lei nº 12.850/2013 (Lei do Crime Organizado), o diploma que rege, de forma geral, a colaboração premiada.

A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei nº 12.850/2013).

Assim, verifico a voluntariedade da colaboração e sua efetividade, fazendo jus o acusado a redução da pena e a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos que será realizada por ocasião da dosimetria da pena.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão punitiva e CONDENO VANDERLEI AMAURI GRAEBIN, CARMOZINO ALVES MOREIRA e ANTÔNIO MARCO DE ALBUQUERQUE, já qualificados nos autos, como incursos, nas penas do artigo 317, caput, c/c o art. 327, ambos do Código Penal e no art. 1º, caput, da Lei 9.613/98, todos nos moldes dos artigos 29 e 69 do Código Penal; JACIER ROSA DIAS, já qualificado nos autos, como incurso nas penas do art. 1º, caput, da Lei 9.613/98 e no art. 180, caput, do Código Penal, na forma do art. 69 do Código Penal; e ELIAR CELSO NEGRI, já qualificado nos autos, como incurso nas penas do art. 333, caput, do Código Penal.

Atento aos dizeres do artigo 59 do Código Penal e levando em

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consideração o caso concreto, passo à individualização e dosimetria das penas a serem impostas aos condenados.

Da dosimetria da pena para Vanderlei Amauri Graebin.

Passo a analisar as circunstâncias judiciais do artigo 59, do Código Penal, examinando as condutas dos crimes conjuntamente: a culpabilidade dos delitos é exarcebada ou censurável, pelo grau de consciência da ilicitude em razão do cargo ocupado na época do crime (vereador), ciente dos deveres e proibições do cargo que ocupava, tendo alto domínio sobre as implicações decorrentes do crime, assim como por sua condição social; o réu é tecnicamente primário; poucos elementos foram coletados acerca da conduta social e personalidade do réu, razão pela qual deixo de valorá-las; os motivos que levou à conduta criminosa foi o desejo de auferir vantagem econômica, o qual já é punido pela própria tipicidade dos delitos; as circunstâncias em que ocorreu o crime de corrupção demonstram uma maior ousadia do réu em sua execução, uma vez que praticou o delito utilizando o cargo para obter vantagens indevidas, em total desacato as instituições públicas e a envergadura do cargo ocupado. Vale ressaltar que o homem não vive mais no “Estado de natureza”, como John Locke, filósofo britânico que viveu no século 17 dizia. Afirmava que antes de a sociedade ser criada, vivia-se no que ele chama de “Estado de natureza”, ou seja, uma terra sem leis nem direitos. Assim, sob a égide do Estado Democrático de Direito, não mais vivemos no “Estado de natureza”, sendo certo que as instituições e as leis devem ser respeitadas, de modo que não há ninguém que se sobreponha a estas. Quanto ao crime de lavagem de dinheiro, os motivos são inerentes ao tipo; as consequências dos crimes são graves, visto que delitos desta ordem são de elevada gravidade e de incalculável extensão. Nada obstante ofendam diretamente os interesses da Administração Pública, reflexamente são prejudicadas inúmeras pessoas, especialmente aquelas economicamente menos favorecidas, e, por este motivo, mais dependentes do Poder Público, além do fato de ofender a face moral do Estado, representada pela lealdade e probidade dos agentes públicos. É consabido que a corrupção remonta aos tempos bíblicos, no entanto, suas raízes necessitam ser extirpada e o Brasil precisa de uma reforma política imediata que busque o mínimo de “moralização da política”, assim como tem se buscado atualmente na França, de modo que essas condutas antiéticas devem ser coibidas e exemplarmente punidas. A propósito, nas palavras do ex-Ministro Ayres Britto, “dessa confiança coletiva no controle estatal é que me parece vir a paz pública”. Prejudicada análise acerca do comportamento da vítima, haja vista a natureza do crime.

À vista dessas circunstâncias analisadas individualmente e pela preponderância de circunstâncias desfavoráveis, para o crime de corrupção passiva, prevista no art. 317 do CP, fixo para o réu a pena-base acima do mínimo legal em 03 (três) anos, 04 (quatro) meses de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa;

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Para o crime de lavagem de capitais previsto no art. 1º da Lei 9.613/98, em razão da preponderância de circunstâncias desfavoráveis em 5 anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa;

Não há agravantes ou atenuantes a serem consideradas.

Na terceira fase, presente a causa de aumento prevista no §2º do art. 327 do Código Penal, considerando que ao tempo do crime, o acusado era detentor de mandato eletivo. Nesse sentido: “A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal é aplicada aos agentes detentores de mandato eletivo (agentes políticos)” (STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29/5/2012), razão pela qual, majoro a pena do crime de corrupção passiva em 1/3, elevando-a para 4 (quatro) anos, 05 (cinco) meses e 10 (dez) dias de reclusão;

Nesta fase, a pena para o crime de lavagem de capitais permanece inalterada, ou seja, em 5 anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa;

E, por fim, aplicando o concurso material de crimes prevista no art. 69 do Código Penal, efetuo a soma das penas dos crimes para obter: 09 (nove) anos, 05 (cinco) meses e 10 (dez) dias de reclusão e 32 (trinta e dois) dias-multa, a razão de 1/2 do salário-mínimo vigente à época do crime, penas estas que torno definitiva diante da ausência de outras causas modificadoras.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, em relevo a quantidade de pena e as circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime fechado para o início de cumprimento da pena. A progressão de regime para a pena de corrupção fica, em princípio, condicionada à reparação do dano nos termos do art. 33, §4º, do CP.

Deixo de fixar valor mínimo para indenização do dano decorrente do crime (art. 387, IV, do CPP), uma vez que não houve pedido do Ministério Público.

Concedo ao acusado o direito de apelar em liberdade, mantendo as medidas cautelares diversas da prisão preventiva, as quais foram estipuladas pelo TJRO, em sede de HC, bem como mantenho o afastamento da função pública e demais condições que já estão sendo cumpridas pelo réu, ora condenando, nestes autos.

No que concerne aos efeitos da condenação, que com base no art. 92, I, a, do CP, ocorrerá sempre que a pena privativa de liberdade for aplicada por tempo igual ou superior a 1 ano, com violação de dever para com a Administração Pública, como na hipótese dos autos, decreto a perda do mandato eletivo.

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Tal entendimento encontra-se no mesmo sentido da jurisprudência da Corte Cidadã de que o reconhecimento de que o réu praticou ato incompatível com o cargo por ele ocupado é fundamento suficiente para a decretação do efeito extrapenal de perda do cargo público (AgRg no REsp 1613927/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/09/2016, DJe

30/09/2016).

A perda do cargo público, com fundamento no art. 92, I, a, do Código Penal, se aplica a todos os delitos praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, não se restringindo aos chamados crimes funcionais (arts. 312 a 327 do CP). "A possibilidade de perda do cargo público não precisa vir prevista na denúncia, posto que decorre de previsão legal expressa, como efeito da condenação, nos termos do artigo 92 do Código Penal" (STJ, HC 81.954/PR, 6.ª Turma, Rel. Min. MARIA THEREZA, DJ de 17/12/2007).

É de conhecimento público de que o acusado teve ser mandato cassado pela Câmara de Vereadores, de modo que tal efeito da condenação apenas será aplicado em caso de eventual reversão da decisão do legislativo em sede judicial e após ao trânsito em julgado da sentença.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais pro rata.

Da dosimetria da pena para Carmozino Alves Moreira.

Passo a analisar as circunstâncias judiciais do artigo 59, do Código Penal, examinando as condutas dos crimes conjuntamente: a culpabilidade dos delitos é exarcebada ou censurável, pelo grau de consciência da ilicitude em razão do cargo ocupado na época do crime (vereador), ciente dos deveres e proibições do cargo que ocupava, tendo alto domínio sobre as implicações decorrentes do crime, assim como por sua condição social; o réu é tecnicamente primário; poucos elementos foram coletados acerca da conduta social e personalidade do réu, razão pela qual deixo de valorá-las; os motivos que levou à conduta criminosa foi o desejo de auferir vantagem econômica, o qual já é punido pela própria tipicidade dos delitos; as circunstâncias em que ocorreu o crime de corrupção demonstram uma maior ousadia do réu em sua execução, uma vez que praticou o delito utilizando o cargo para obter vantagens indevidas, em total desacato as instituições públicas e a envergadura do cargo ocupado. Vale ressaltar que o homem não vive mais no “Estado de natureza”, como John Locke, filósofo britânico que viveu no século 17 dizia. Afirmava que antes de a sociedade ser criada, vivia-se no que ele chama de “Estado de natureza”, ou seja, uma terra sem leis nem direitos. Assim, sob a égide do Estado Democrático de Direito, não mais vivemos no “Estado de natureza”, sendo certo que as instituições e as leis devem

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ser respeitadas, de modo que não há ninguém que se sobreponha a estas. Quanto ao crime de lavagem de dinheiro, os motivos são inerentes ao tipo; as consequências dos crimes são graves, visto que delitos desta ordem são de elevada gravidade e de incalculável extensão. Nada obstante ofendam diretamente os interesses da Administração Pública, reflexamente são prejudicadas inúmeras pessoas, especialmente aquelas economicamente menos favorecidas, e, por este motivo, mais dependentes do Poder Público, além do fato de ofender a face moral do Estado, representada pela lealdade e probidade dos agentes públicos. É consabido que a corrupção remonta aos tempos bíblicos, no entanto, suas raízes necessitam ser extirpada e o Brasil precisa de uma reforma política imediata que busque o mínimo de “moralização da política”, assim como tem se buscado atualmente na França, de modo que essas condutas antiéticas devem ser coibidas e exemplarmente punidas. A propósito, nas palavras do ex-Ministro Ayres Britto, “dessa confiança coletiva no controle estatal é que me parece vir a paz pública”. Prejudicada análise acerca do comportamento da vítima, haja vista a natureza do crime.

À vista dessas circunstâncias analisadas individualmente e pela preponderância de circunstâncias desfavoráveis, para o crime de corrupção passiva, prevista no art. 317 do CP, fixo para o réu a pena-base acima do mínimo legal em 03 (três) anos e 04 (quatro) meses de reclusão;

Para o crime de lavagem de capitais previsto no art. 1º da Lei 9.613/98, em razão da preponderância de circunstâncias desfavoráveis em 5 anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa.

Considerando a confissão extrajudicial, eis que utilizada como elemento de convicção, nos termos do art. 65, III, “d”, do CP, reduzo a pena em 1/10, para ambos delitos, passando a ser dosado em:

Para o crime de corrupção passiva em 3 (três) anos de reclusão;

Para o crime de lavagem de capitais em 4 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão e 14 (quatorze) dias-multa;

Na terceira fase, presente a causa de aumento prevista no §2º do art. 327 do Código Penal, considerando que ao tempo do crime, o acusado era detentor de mandato eletivo. Nesse sentido: “A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal é aplicada aos agentes detentores de mandato eletivo (agentes políticos)” (STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29/5/2012), razão pela qual, majoro a pena do crime de corrupção passiva em 1/3, elevando-a para 4 (quatro) anos de reclusão;

Nesta fase, a pena para o crime de lavagem de capitais permanece inalterada, ou seja, em 4 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão

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e 14 (quatorze) dias-multa;

E, por fim, aplicando o concurso material de crimes prevista no art. 69 do Código Penal, efetuo a soma das penas dos crimes para obter: 08 (oito) anos, 06 (seis) meses de reclusão e 14 (quatorze) dias-multa, a razão de 1/2 do salário-mínimo vigente à época do crime, penas estas que torno definitiva diante da ausência de outras causas modificadoras.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, em relevo a quantidade de pena e as circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime fechado para o início de cumprimento da pena. A progressão de regime para a pena de corrupção fica, em princípio, condicionada à reparação do dano nos termos do art. 33, §4º, do CP.

Deixo de fixar valor mínimo para indenização do dano decorrente do crime (art. 387, IV, do CPP), uma vez que não houve pedido do Ministério Público.

Concedo ao acusado o direito de apelar em liberdade, mantendo as medidas cautelares diversas da prisão preventiva, as quais foram estipuladas pelo TJRO, em sede de HC, bem como mantenho o afastamento da função pública e demais condições que já estão sendo cumpridas pelo réu, ora condenando, nestes autos. .

No que concerne aos efeitos da condenação, que com base no art. 92, I, a, do CP, ocorrerá sempre que a pena privativa de liberdade for aplicada por tempo igual ou superior a 1 ano, com violação de dever para com a Administração Pública, como na hipótese dos autos, decreto a perda do mandato eletivo.

Tal entendimento encontra-se no mesmo sentido da jurisprudência da Corte Cidadã de que o reconhecimento de que o réu praticou ato incompatível com o cargo por ele ocupado é fundamento suficiente para a decretação do efeito extrapenal de perda do cargo público (AgRg no REsp 1613927/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/09/2016, DJe

30/09/2016).

A perda do cargo público, com fundamento no art. 92, I, a, do Código Penal, se aplica a todos os delitos praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, não se restringindo aos chamados crimes funcionais (arts. 312 a 327 do CP). "A possibilidade de perda do cargo público não precisa vir prevista na denúncia, posto que decorre de previsão legal expressa, como efeito da condenação, nos termos do artigo 92 do Código Penal" (STJ, HC 81.954/PR, 6.ª Turma, Rel. Min. MARIA THEREZA, DJ de 17/12/2007).

É de conhecimento público de que o acusado teve ser mandato

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cassado pela Câmara de Vereadores, de modo que tal efeito da condenação apenas será aplicado em caso de eventual reversão da decisão do legislativo em sede judicial e após o trânsito em julgado da sentença.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais pro rata.

Da dosimetria da pena para Antonio Marco de Albuquerque.

Passo a analisar as circunstâncias judiciais do artigo 59, do Código Penal, examinando as condutas dos crimes conjuntamente: a culpabilidade dos delitos é exarcebada ou censurável, pelo grau de consciência da ilicitude em razão do cargo ocupado na época do crime (vereador), ciente dos deveres e proibições do cargo que ocupava, tendo alto domínio sobre as implicações decorrentes do crime, assim como por sua condição social; o réu é tecnicamente primário; poucos elementos foram coletados acerca da conduta social e personalidade do réu, razão pela qual deixo de valorá-las; os motivos que levou à conduta criminosa foi o desejo de auferir vantagem econômica, o qual já é punido pela própria tipicidade dos delitos; as circunstâncias em que ocorreu o crime de corrupção demonstram uma maior ousadia do réu em sua execução, uma vez que praticou o delito utilizando o cargo para obter vantagens indevidas, em total desacato as instituições públicas e a envergadura do cargo ocupado. Vale ressaltar que o homem não vive mais no “Estado de natureza”, como John Locke, filósofo britânico que viveu no século 17 dizia. Afirmava que antes de a sociedade ser criada, vivia-se no que ele chama de “Estado de natureza”, ou seja, uma terra sem leis nem direitos. Assim, sob a égide do Estado Democrático de Direito, não mais vivemos no “Estado de natureza”, sendo certo que as instituições e as leis devem ser respeitadas, de modo que não há ninguém que se sobreponha a estas. Quanto ao crime de lavagem de dinheiro, os motivos são inerentes ao tipo; as consequências dos crimes são graves, visto que delitos desta ordem são de elevada gravidade e de incalculável extensão. Nada obstante ofendam diretamente os interesses da Administração Pública, reflexamente são prejudicadas inúmeras pessoas, especialmente aquelas economicamente menos favorecidas, e, por este motivo, mais dependentes do Poder Público, além do fato de ofender a face moral do Estado, representada pela lealdade e probidade dos agentes públicos. É consabido que a corrupção remonta aos tempos bíblicos, no entanto, suas raízes necessitam ser extirpada e o Brasil precisa de uma reforma política imediata que busque o mínimo de “moralização da política”, assim como tem se buscado atualmente na França, de modo que essas condutas antiéticas devem ser coibidas e exemplarmente punidas. A propósito, nas palavras do ex-Ministro Ayres Britto, “dessa confiança coletiva no controle estatal é que me parece vir a paz pública”. Prejudicada análise acerca do comportamento da vítima, haja vista a natureza do crime.

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À vista dessas circunstâncias analisadas individualmente e pela preponderância de circunstâncias desfavoráveis, para o crime de corrupção passiva, prevista no art. 317 do CP, fixo para o réu a pena-base acima do mínimo legal em 03 (três) anos, 04 (quatro) meses de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa;

Para o crime de lavagem de capitais previsto no art. 1º da Lei 9.613/98, em razão da preponderância de circunstâncias desfavoráveis em 5 anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa;

Não há agravantes ou atenuantes a serem consideradas.

Na terceira fase, presente a causa de aumento prevista no §2º do art. 327 do Código Penal, considerando que ao tempo do crime, o acusado era detentor de mandato eletivo. Nesse sentido: “A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal é aplicada aos agentes detentores de mandato eletivo (agentes políticos)” (STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29/5/2012), razão pela qual, majoro a pena do crime de corrupção passiva em 1/3, elevando-a para 4 (quatro) anos, 05 (cinco) meses e 10 (dez) dias de reclusão;

Nesta fase, a pena para o crime de lavagem de capitais permanece inalterada, ou seja, em 5 anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa;

E, por fim, aplicando o concurso material de crimes prevista no art. 69 do Código Penal, efetuo a soma das penas dos crimes para obter: 09 (nove) anos, 05 (cinco) meses e 10 (dez) dias de reclusão e 32 (trinta e dois) dias-multa, a razão de 1/2 do salário-mínimo vigente à época do crime, penas estas que torno definitiva diante da ausência de outras causas modificadoras.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, em relevo a quantidade de pena e as circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime fechado para o início de cumprimento da pena. A progressão de regime para a pena de corrupção fica, em princípio, condicionada à reparação do dano nos termos do art. 33, §4º, do CP.

Deixo de fixar valor mínimo para indenização do dano decorrente do crime (art. 387, IV, do CPP), uma vez que não houve pedido do Ministério Público.

Concedo ao acusado o direito de apelar em liberdade, mantendo as medidas cautelares diversas da prisão preventiva, as quais foram estipuladas pelo TJRO, em sede de HC, bem como mantenho o afastamento da função pública e demais condições que já estão sendo cumpridas pelo réu, ora condenando, nestes autos.

No que concerne aos efeitos da condenação, que com base no

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art. 92, I, a, do CP, ocorrerá sempre que a pena privativa de liberdade for aplicada por tempo igual ou superior a 1 ano, com violação de dever para com a Administração Pública, como na hipótese dos autos, decreto a perda do mandato eletivo.

Tal entendimento encontra-se no mesmo sentido da jurisprudência da Corte Cidadã de que o reconhecimento de que o réu praticou ato incompatível com o cargo por ele ocupado é fundamento suficiente para a decretação do efeito extrapenal de perda do cargo público (AgRg no REsp 1613927/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/09/2016, DJe

30/09/2016).

A perda do cargo público, com fundamento no art. 92, I, a, do Código Penal, se aplica a todos os delitos praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, não se restringindo aos chamados crimes funcionais (arts. 312 a 327 do CP). "A possibilidade de perda do cargo público não precisa vir prevista na denúncia, posto que decorre de previsão legal expressa, como efeito da condenação, nos termos do artigo 92 do Código Penal" (STJ, HC 81.954/PR, 6.ª Turma, Rel. Min. MARIA THEREZA, DJ de 17/12/2007).

Considerando que pesa em desfavor do acusado a suspensão cautelar das funções públicas, a perda do mandato eletivo somente terá efeito após o trânsito em julgado desta decisão, mantendo-se contudo, o descrito afastamento das funções públicas determinado por este Juízo nesses autos.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais pro rata.

Da dosimetria da pena para Jacier Rosa Dias.

Passo a analisar as circunstâncias judiciais do artigo 59, do Código Penal, do Código Penal, examinando as condutas dos crimes conjuntamente: a culpabilidade dos delitos é exarcebada ou censurável, pelo grau de consciência da ilicitude em razão do cargo ocupado na época do crime (vice-prefeito), ciente dos deveres e proibições do cargo que ocupava, tendo alto domínio sobre as implicações decorrentes do crime, assim como por sua condição social; o réu é primário; poucos elementos foram coletados acerca da conduta social e personalidade do réu, razão pela qual deixo de valorá-las; os motivos que levou às condutas criminosas foi o desejo de auferir vantagem econômica, o qual já é punido pela própria tipicidade dos delitos; as circunstâncias em que ocorreu o crime de receptação demonstram uma maior ousadia do réu em sua execução, uma vez que praticou o delito utilizando o cargo para auferir vantagens indevidas, em total desacato as instituições públicas. Vale ressaltar que o homem não vive mais no “Estado de natureza”, como John Locke, filósofo britânico que viveu no século 17

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dizia. Afirmava que antes de a sociedade ser criada, vivia-se no que ele chama de “Estado de natureza”, ou seja, uma terra sem leis nem direitos. Assim, sob a égide do Estado Democrático de Direito, não mais vivemos no “Estado de natureza”, sendo certo que as instituições e as leis devem ser respeitadas, de modo que não há ninguém que se sobreponha a estas. Quanto ao crime de lavagem de dinheiro, os motivos são inerentes ao tipo; as consequências dos crimes são graves, visto que delitos desta ordem são de elevada gravidade e de incalculável extensão. Nada obstante ofendam diretamente os interesses da Administração Pública, reflexamente são prejudicadas inúmeras pessoas, especialmente aquelas economicamente menos favorecidas, e, por este motivo, mais dependentes do Poder Público, além do fato de ofender a face moral do Estado, representada pela lealdade e probidade dos agentes públicos. Não se discute que algumas circunstâncias sociais facilitam a corrupção, contudo, as consequências de tais atos são devastadoras e repercute na base da sociedade (família, art. 226, CF), sendo certo que devem ser coibidas. Prejudicada análise acerca do comportamento da vítima, haja vista a natureza do crime.

À vista dessas circunstâncias analisadas individualmente e pela preponderância de circunstâncias desfavoráveis, para o crime de receptação, previsto no art. 180 do CP, fixo para o réu a pena-base em 01 (um) ano e 08 (oito) meses de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa ;

Para o crime de lavagem de capitais previsto no art. 1º da Lei 9.613/98, em razão da preponderância de circunstâncias desfavoráveis em 5 anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa.

Não há agravantes ou atenuantes a serem consideradas, assim como não há causas de aumento ou de diminuição de pena.

E, por fim, aplicando o concurso material de crimes prevista no art. 69 do Código Penal, efetuo a soma das penas dos crimes para obter: 06 (seis) anos, 08 (oito) meses de reclusão e 32 (trinta e dois) dias-multa, a razão de 1/2 do salário-mínimo vigente à época do crime, penas estas que torno definitiva diante da ausência de outras causas modificadoras.

Considerando as regras do art. 33 do Código Penal, em relevo a quantidade de pena e as circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo o regime semi-aberto para o início de cumprimento da pena.

Deixo de fixar valor mínimo para indenização do dano decorrente do crime (art. 387, IV, do CPP), uma vez que não houve pedido do Ministério Público.

Concedo ao acusado o direito de apelar em liberdade, mantendo as medidas cautelares diversas da prisão preventiva, as quais foram estipuladas pelo TJRO, em sede de HC, bem como mantenho o

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afastamento da função pública e demais condições que já estão sendo cumpridas pelo réu, ora condenando, nestes autos.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais pro rata.

Da dosimetria da pena para Eliar Celso Negri.

Passo a analisar as circunstâncias judiciais do artigo 59, do Código Penal, examinando as condutas dos crimes conjuntamente: a culpabilidade dos delitos é exarcebada ou censurável. Tinha pleno conhecimento da ilicitude de sua ação, logo exigia-se lhe conduta diversa, presentes assim os elementos integralizadores da culpabilidade, pressuposto da punibilidade, assim como por sua condição social. O réu não ostenta maus antecedentes. Quanto à personalidade e à conduta social, não há nos autos qualquer elemento que possa ser considerado em desfavor do réu. O motivo do crime revela-se típico, qual seja, corromper funcionário público, para auferir vantagens (prosseguimento do projeto perante a Câmara de Vereadores). As circunstâncias em que praticado o delito desabonam a conduta do réu além do ordinário, visto que, a despeito da condição econômica abastada do réu, este pela avidez de obtenção de lucro corrompe os agentes públicos no intuito exclusivo de se beneficiar às expensas do povo. Lamentavelmente circunstancias desta jaez tem ocorrido com grande frequência e cada vez sendo mais difícil sua descoberta, sendo certo que o argumento do réu de que após os fatos procurou as autoridades, não prospera, visto que somente realizou tal providência após a prisão de alguns dos denunciados e posterior ao exaurimento do crime. Circunstância distinta seria se após a suposta solicitação de vantagem, além da negativa, tivesse levado ao conhecimento das autoridades para apuração dos fatos, situação a qual não ocorreu. As consequências foram graves. Nesse ponto, anoto que segundo Leandro Karnal, “não existe país com governo corrupto e população honesta e vice-versa”. Assim, entendo que infelizmente os políticos tão somente refletem a essência de parte da sociedade. Nesse contexto, o ideário do Imperativo Categórico apresentado por Kant de que se deve "Agir como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade, uma lei universal", é uma ideia adequada para compreensão da moralidade e da eticidade que deveria se adotar por todos os cidadãos, o que não foi realizado pelo acusado. Prejudicada análise acerca do comportamento da vítima, haja vista a natureza do crime.

Ponderadas todas essas circunstâncias, existindo circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo a pena-base do réu para o crime previsto no art. 333 do Código Penal, acima do mínimo legal, em 04 (quatro) anos de reclusão e 20 dias-multa;

Na segunda fase da fixação da pena, verifico presente a

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atenuante concernente à confissão espontânea, prevista no artigo 65, III, 'd' do Código Penal, assim como a agravante prevista no art. 61, II, “a”, por ter sido o crime cometido por motivo torpe, razão pela qual realizo a devida compensação, permanecendo a pena no patamar fixado na primeira fase.

No que toca a colaboração premiada, pelo art. 4º da Lei nº 12.850/2013, a colaboração a depender da efetividade, pode envolver o perdão judicial, a redução da pena ou a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Cabe somente ao julgador conceder e dimensionar o benefício. O acordo celebrado com o Ministério Público não vincula o juiz, mas as partes às propostas acertadas.

Não obstante, na apreciação desses acordos, para segurança jurídica das partes, deve o juiz agir com certa deferência, sem abdicar do controle judicial.

A efetividade da colaboração não se discute.

Prestou informações e forneceu provas relevantíssimas para Justiça criminal de um grande esquema criminoso realizado por alguns agentes políticos.

Nesse aspecto, adoto portanto, a pena acertada no acordo de colaboração premiada e postulada nos memoriais do Ministério Público.

Assim, reduzo a pena no patamar previsto no acordo, qual seja em 2/3, passando a pena a ser dosada em 01 (um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão e 06 (seis) dias-multa, a razão de 1/2 do salário-mínimo vigente à época do crime, pena estas que torno definitiva diante da ausência de outras causas modificadoras.

O regime de cumprimento de pena será o aberto, de acordo com o art. 33, § 2º, 'c', do CP.

Com fundamento no art. 44 e seus parágrafos do CP, considerando as circunstâncias já analisadas para a fixação da pena – base, substituo a pena privativa de liberdade, pela prestação de serviços à comunidade, à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação em entidade a ser designada pelo Juízo da Execução e prestação pecuniária no valor de 30 (trinta) salários-mínimos, a ser destinado pelo Juízo da Execução para projetos na área de segurança pública de investigação criminal e combate a corrupção ou outro a ser deliberado pelo Juízo da Execução.

A eventual condenação em outros processos e a posterior

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unificação de penas não alterará a pena, salvo quebra do acordo.

Eventualmente, se houver aprofundamento posterior da colaboração, com a entrega de outros elementos relevantes, a redução das penas pode ser ampliada na fase de execução.

Destaco que caso haja descumprimento ou que seja descoberto posteriormente a falsidade da colaboração, poderá haver regressão de regime e o benefício não será estendido a outras eventuais condenações, devendo tudo isso ser avaliado pelo Juízo da Execução Penal.

Deixo de fixar valor mínimo para indenização do dano decorrente do crime (art. 387, IV, do CPP), uma vez que não houve pedido do Ministério Público.

Concedo ao acusado o direito de apelar em liberdade, considerando que assim respondeu ao processo e não causou óbice ao regular andamento do feito, de sorte que não vislumbro a presença dos fundamentos do art. 312 do CPP.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais pro rata.

DO CONFISCO DE BENS

Considerando que restou sobejamente demonstrados que os terrenos eram provenientes de pagamentos de vantagens ilícitas, consistindo em produtos do crime, seu confisco é medida que se impõe.

Em face da previsão constante do art. 91, §1º, do Código Penal, decreto o confisco dos produtos dos crimes, quais sejam, os lotes 02, 03, 04, 05 e 13 da Quadra 08 e o lote 19 da Quadra 07- todos do loteamento Jardim das Acácias, em favor do Município de Vilhena, devendo ser leiloados e utilizados os valores para projetos na área de segurança pública de investigação criminal e combate a corrupção ou outro fim social a ser deliberado pelo Juízo da Execução

DISPOSIÇÕES GERAIS

Transitada em julgado: lance-se os nomes dos réus no rol dos culpados; expeçam-se as comunicações de estilo; expeçam-se mandado de prisão observando os regimes fixados nesta sentença, cumprido os mandados expeçam-se as guias de execução definitiva; Comunique ao TRE – ART. 15, III, CF e aos demais

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órgão de praxe, bem como proceda aos cálculos da pena de multa, intimando-os para pagamento em 10 dias. Não o fazendo, inscrevam-se em dívida ativa. Oficie-se a Câmara Municipal informando a decretação de perda dos mandados segundos as disposições constantes da sentença. Oficie-se o Registro de Imóveis o teor da sentença, consignando que as transferências dos imóveis ocorrerão após o trânsito em julgado da sentença e por ordem judicial após a respectiva hasta pública.

Vilhena-RO, quarta-feira, 30 de agosto de 2017.

Liliane Pegoraro Bilharva Juíza de Direito

RECEBIMENTOAos ____ dias do mês de Agosto de 2017. Eu, _________ Emerson Batista Salvador - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos.

REGISTRO NO LIVRO DIGITALCertifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número 367/2017.