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5012305-05.2012.4.04.7002 700006758162 .V969 Avenida Pedro Basso, 920 - Bairro: Alto São Francisco - CEP: 85863756 - Fone: (45)3576-1162 - www.jfpr.jus.br - Email: [email protected] AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Nº 5012305-05.2012.4.04.7002/PR AUTOR: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU: LUIZ CARLOS BAU RÉU: ADRYELLE CAROLYNNE NOGUEIRA LUETZ (SUCESSOR) RÉU: PAULO BISKUP DE AQUINO RÉU: EDGAR APARECIDO DE SOUZA RÉU: MARCO ROBERTO SOUZA RÉU: NABIL ASSAD BOU LTAIF RÉU: ROGERIO FLEURY WATANABE RÉU: GERALDO ROSEMBERG AUGUSTO DE FARIA RÉU: MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA RÉU: GLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES RÉU: NILTON SANTOS GONCALVES RÉU: AILTON DE FREITAS BRAGA FILHO RÉU: JOSE CARLOS DE ABRANTES FERREIRA RÉU: ANGELICA NOGUEIRA LUETZ (SUCESSOR) RÉU: OTAVIO LUIZ VILLA RÉU: ARLINDO ALVARES PADILHA JUNIOR RÉU: MARCELO DE OLIVEIRA MIRANDA RÉU: ADRYANN VICTOR NOGUEIRA LUETZ (SUCESSOR) RÉU: PAULO JAIR DE SOUZA RÉU: FLAVIO LUIZ BARBOSA RÉU: MARCOS DE OLIVEIRA MIRANDA RÉU: GILBERTO LASS RÉU: NEWTON HIDENORI ISHII RÉU: ADRIANO DA COSTA LUETZ (SUCESSÃO) RÉU: JOSE ALVES MORATO NETO RÉU: JULIA FERREIRA LUETZ (SUCESSOR) RÉU: OCIMAR ALVES DE MOURA RÉU: ANTONIO HENRIQUE SOARES MOURAO DE SOUZA SENTENÇA (... CONTINUAÇÃO DA SENTENÇA do Documento 700006754039) 2.3.8. Servidores da Receita Federal Denota-se que Edgar Aparecido de Souza, Glória de Maria Pereira de Souza Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª Vara Federal de Foz do Iguaçu :: 700006758162 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprim... 1 de 45 10/07/2020 14:35

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Avenida Pedro Basso, 920 - Bairro: Alto São Francisco - CEP: 85863756 - Fone: (45)3576-1162 - www.jfpr.jus.br -Email: [email protected]

AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Nº 5012305-05.2012.4.04.7002/PR

AUTOR: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: LUIZ CARLOS BAU

RÉU: ADRYELLE CAROLYNNE NOGUEIRA LUETZ (SUCESSOR)

RÉU: PAULO BISKUP DE AQUINO

RÉU: EDGAR APARECIDO DE SOUZA

RÉU: MARCO ROBERTO SOUZA

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RÉU: GILBERTO LASS

RÉU: NEWTON HIDENORI ISHII

RÉU: ADRIANO DA COSTA LUETZ (SUCESSÃO)

RÉU: JOSE ALVES MORATO NETO

RÉU: JULIA FERREIRA LUETZ (SUCESSOR)

RÉU: OCIMAR ALVES DE MOURA

RÉU: ANTONIO HENRIQUE SOARES MOURAO DE SOUZA

SENTENÇA

(... CONTINUAÇÃO DA SENTENÇA do Documento 700006754039)

2.3.8. Servidores da Receita Federal

Denota-se que Edgar Aparecido de Souza, Glória de Maria Pereira de Souza

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Rodrigues, Luiz Carlos Bau e Maria de Lourdes Costa Rodrigues Miranda, todos servidoresda Receita Federal e réus na "Operação Sucuri", arrolaram as mesmas testemunhas e,conforme consta do item 3 da decisão do evento 1015, a quem foi confiada a tarefa de, pormeio de seus testemunhos, esclarecer: i) a rotina operacional e ii) como funcionava a escalade trabalho da instituição na Ponte Internacional da Amizade.

Assim, as testemunhas Ademir José Scodro, Eder Flogner, Ivair Luiz Hoffmann,Luiz Cassanego, Miriam Mardegan, Paulo Humberto Gurgel Veras, Sérgio de Paula Santos eVenilson Stivanelli (Eventos 1609, 1610, 1899, 1850 e 2402) sintetizaram as questõesrelativas aos dois temas: escalas e rotina operacional.

a) Escalas

Em relação às escalas de serviços dos servidores na época, houve consensoentre as testemunhas em relação às seguintes declarações:

as escalas eram feitas mensalmente pelo Chefe da Aduana, afixadas na Delegacia epublicadas por portaria, dois antes do término do mês;

os servidores que trabalhavam na Ponte Internacional da Amizade não participavam daconfecção das escalas;

Os horários eram alternados e rotativos, com ajustes às vezes por motivos de férias oureforços e as trocas, por interesse dos sevidores, permitidas com autorização dos chefes; quea troca de escala pode ser feita de colega para colega em casos urgentes e eventuais;

Havia horários fixos da escala e também escalas rotativas, em que trabalhava em horáriosdiferentes a cada dois dia; que na pista de saída eram escalas de 6 horas e com horários queiam retroagindo a cada dois dias; conforme o local de lotação, o turno variava de 6 horas a12 horas;

A testemunha Eder Flogner acrescentou:

que existiam escalas com a divisão do lugar de trabalho, entre DARF, DI, pista deautomóveis, tendo trabalhado na maioria desses locais;

que os funcionários que ficavam na pista de entrada e saída ficavam juntos, dependendo dohorário trabalhado, o que acontecia de madrugada ou à noite; que conseguia acompanhar otrabalho do colega na pista de saída, porque estavam próximos no período da noite.

Em relação às escalas de trabalho, depreende-se que as escalas eramconfeccionadas e publicadas mensalmente, tornando-se de conhecimento comum. Havendointeresse dos servidores, as trocas poderiam ser autorizadas pela chefia.

b) Rotina Operacional

Houve consenso entre as testemunhas acerca das atividades desenvolvidas naPonte Internacional da Amizade, quais sejam a vistoria de veículos, pedestres e bagagens, queem casa de infração legal poderiam culminar com retenção ou apreensão das mercadorias:

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que as atividades desenvolvidas na Ponte Internacional da Amizade eram verificação deveículos, pedestres e bagagens;

que as atividades desenvolvidas pelos servidores eram de vistoria de veículos e mercadorias,bem como de apreensão ou retenção, dependendo do caso; que não haviam requisitos paraque fosse feita abordagem, tampouco perfil específico de pessoas para abordar, sendo feitapor amostragem e de forma aleatória;

disse que fluxo de pedestres e de veículos era grande; que um dos fatores para que afiscalização fosse precária era o grande número de turistas que transitavam na PonteInternacional da Amizade;

No quesito das rotinas operacionais, os testemunhos convergiram paraestabelecer alguns padrões de atuação dos servidores da Receita Federal quedesempenhavam suas atividades na Aduana da Ponte Internacional da Amizade:

que não existiam critérios formais para fiscalização, mas orientações de acordo com ocomportamento para tentar otimizar a abordagem;

que o servidor tinha autonomia para fazer a abordagem do veículo que entendesse serapropriado, a seu critério;

que geralmente escolhia o veículo mais carregado para abordar;

que não conseguiam fiscalizar veículos à noite, somente caminhões;

não se recorda o critério utilizado para abordagem, mas lembra que quando saiu de Foz doIguaçu em 2003 ou 2004 havia orientação para abordagem, mas na época em que trabalhoueram utilizados critérios pessoais;

disse que a fiscalização, na época, era precária e não dava margens para criar muitoscritérios;

que não existe critérios de abordagens adotados pela Receita Federal, como por exemplo, só"parar" carro preto;

que sua função era fiscalizar;

que nao há critério objetivo de fiscalização, precisa-se identificar na pessoa determinadoselementos;

que havia um procedimento, o chefe determinava um final de placa para que os fiscaisabordassem (por exemplo: parem veículos com o final de placa 2), mas que em sua opiniãonão não era um método efetivo, pois, além de ter que ficar esperando o próximo veículo como final de placa igual passar, eventualmente descobririam o critério utilizado e o burlariam;

que sempre utilizava um único críterio, o seu, que consistia em abordar um veículo e aplicara este todo o procedimento necessário de fiscalização, e ao terminar, repetir o feito com oveículo seguinte;

que não há um protocolo de fiscalização a seguir;

que não houve treinamento para critério de abordagem;

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que os chefes dos postos geralmente escolhiam e aplicavam os critérios próprios como meiode hierarquização, mas que como não havia tais métodos em lei ele não os acolhia;

que os critérios de fiscalização eram individuais de cada servidor, não existindo nenhummanual da Receita Federal, não sabendo informar se existe atualmente;

Em relação aos critérios de abordagem e fiscalização, houve preponderância deinformações no sentido de que não existiam critérios formais, nem treinamento e que cadaservidor tinha autonomia para fazer suas próprias escolhas e métodos de abordagens para afiscalização.

Percebe-se que, mesmo a testemunha Sérgio de Paula Santos (Evento 2402),que declarou que haviam chefes que tentavam estabelecer critérios próprios para utilização deseus subordinados nos atos de fiscalização, na opinião desse servidor, o método escolhido nãoera efetivo, levando-o a optar por seu próprio critério: abordar um veículo e aplicar a estetodo o procedimento necessário de fiscalização e, ao terminar, repetir o feito com o veículoseguinte.

É cediço que há época em que é necessária a vinda de servidores de outrasregiões para reforçar a equipe de fiscais da Receita Federal que atuam na Aduana da PIA. Asinformações trazidas pelas testemunhas revelam que, quando chegam os reforços, há umareunião para orientações básicas sobre como proceder na execução dos serviços defiscalização na Ponte Internacional da Amizade:

Que, de 2008 pra cá, trabalhou na Ponte Internacional da Amizade como reforço e que erafeita uma reunião com o pessoal que ia trabalhar como reforço para algumas orientaçõesbásicas, não tendo conhecimento dessas reuniões quando efetivamente trabalhava em Foz doIguaçu;

que os servidores de reforço, quando vão trabalhar na Ponte Internacional da Amizade, têmuma reunião para saber como proceder na Ponte Internacional da Amizade;

Em relação à utilização das placas dos veículos como critério para definir osautomóveis que seriam abordados para fiscalização, ficou claro que não havia determinaçãoformal nesse sentido.

Houve orientação informal das chefias, mas a maioria das testemunhassustentam que não aplicavam o critério da placa, por entenderem que o método não trazia aefetivadade esperada:

que houve momentos em que a abordagem de veículos era feita a partir do final da placa,não sendo formalizado tal critério, que ficava a cargo do chefe local, para adotar critériosmais objetivos, porque o critério subjetivo às vezes não é tão eficiente;

que observava quantidade de mercadorias, se havia algo suspeito, por vezes selecionavaalgum final de placa de veículo, não havendo requisitos específicos;

que nunca ocorreu do depoente trabalhar e fixar número de placas para fiscalizar, bem comoacredita sê-lo ineficaz;

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que havia um procedimento, o chefe determinava um final de placa para que os fiscaisabordassem (por exemplo: parem veículos com o final de placa 2), mas que em sua opiniãonão não era um método efetivo, pois, além de ter que ficar esperando o próximo veículo como final de placa igual passar, eventualmente descobririam o critério utilizado e o burlariam;

Sobre a organização dos postos de trabalho da Receita Federal na PIA, astestemunhas confirmaram que havia divisão entre os trabalhos realizados na pista e na áreainterna da Aduana:

que havia divisões de posto de trabalho entre a pista da Ponte Internacional da Amizade e otrabalho interno, no DARF e DI, mas não se recorda se havia divisão entre pista de carro ede moto;

que existiam escalas com a divisão do lugar de trabalho, entre DARF, DI, pista deautomóveis, tendo trabalhado na maioria desses locais;

Os testemunhos também confirmaram as atuações de muitos atravessadores notransporte de mercadorias contrabandeadas/descaminhadas na Ponte Internacional daAmizade e que a quantidade era ainda maior antes das investigações empreendidas na"Operação Sucuri":

disse que essas situações aconteciam antes da Operação Sucuri, e que após ela houvediminuição na quantidade de atravessadores; que a quantidade de atravessadores era muitogrande, tendo alguns que eram conhecidos; que a fiscalização feita aos atravessadores era amesma feita aos viajantes.

Quanto à existência de comunicação entre atravessadores e servidores para afacilitação de transporte e internalização de mercadorias sem documentação fiscal idônea,houve testemunha que: i) disse que não sabia informar à respeito; ii) era normal osatravessadores "blefarem" sobre a existência de "acordos" para facilitação; e iii) já ouviu dizerque atravessadores diziam ter feito acerto com servidores:

não sabe informar se havia comunicação entre atravessadores e servidores para facilitaçãode transporte, e tampouco tinha conhecimento de comentários feitos acerca da facilitaçãofeita por alguns servidores específicos.

que era normal que os atravessadores utilizassem o nome do servidor para tentar obtervantagem e acreditava que isso ocorria com todos os servidores de todos os órgãos na PonteInternacional da Amizade; disse que por vezes os atravessadores pediam informaçõescorriqueiras aos servidores, informando aos colegas que "estava acertado", mas não haviaacordo nenhum, e que, posteriormente, quando os atravessadores eram parados nafiscalização, diziam que "fulano (servidor) dizia que poderia"

que já ouviu dizer que tinham atravessadores que diziam ter feito acerto com servidores;

Embora algumas testemunhas tenham afirmado que era comum a ocorrência dedenúncias acerca de veículos supostamente carregados de mercadorias irregulares, nãosouberam precisar como elas eram realizadas, pois não havia um meio de registro interno naReceita Federal:

que havia denúncia de veículos, não havendo registro interno na Receita Federal quanto a

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essas denúncias, não sabendo precisar como elas eram feitas, acreditando que as pessoasligavam diretamente para o posto da Ponte Internacional da Amizade; que o depoente jáabordou veículo em razão de denúncia; que recebiam denúncias falsas para despistar aequipe da Receita Federal;

narrou uma situação em que o depoente e outros três servidores foram obrigados a enviarfotos e dados para a Polícia Federal, em razão de denúncia feita que um "baixinho" tinhafeito "um acerto" ou liberado um veículo, mas não sabe o que aconteceu, pois nunca foichamado para comparecer; que na época, trabalhou oito meses na Ponte Internacional daAmizade.

que o trabalho de fiscalização era feito sempre pela Receita Federal e que a Polícia Federalprestava auxílio quando requisitado ou em caso de denúncia;

As testemunhas não souberam informar se havia comunicação entreatravessadores e servidores, tampouco acerca da facilitação feita por servidores específicos.

Houve referência ao fato de que, em algum momento, servidor ficaria sozinhona pista, mas não havia regra específica sobre isso.

Verificou-se testemunha que disse considerar fácil passar com contrabando pelaReceita Federal e que era comum a venda de passagem de mercadorias utilizando nomes deservidores:

não sabe informar se havia comunicação entre atravessadores e servidores para facilitaçãode transporte, e tampouco tinha conhecimento de comentários feitos acerca da facilitaçãofeita por alguns servidores específicos.

que quando o servidor era escalado para trabalhar na Ponte Internacional da Amizade, nãorecebia treinamento específico para aquele local, mas apenas orientações de colegas detrabalho;

que o servidor ficava por vezes sozinho na pista, e às vezes com outros colegas da Receita ouda Polícia Federal, mas não havia regra específica sobre isso;

que o servidor, para alterar a escala, deveria conversar com a chefia que fazia a escala, masnão sabe dizer se a alteração seria mediante motivação ou não.

que ao seu ver é facil passar com contrabando pela Receita Federal; que era comum a vendade passagem de mercadorias utilizando nomes de servidores;

Pelos testemunhos ficou evidente que, na época da "Operação Sucuri", o fluxode pedestres e de veículos era grande, o que contribuía para que a fiscalização fosse realizadade forma precária:

disse que fluxo de pedestres e de veículos era grande; que um dos fatores para que afiscalização fosse precária era o grande número de turistas que transitavam na PonteInternacional da Amizade;

que o fluxo de pessoas na Ponte Internacional da Amizade na época alto; que nãoconseguiam fiscalizar nem 2% do fluxo;

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que a equipe que trabalhava na Ponte Internacional da Amizade na época era insuficiente,principalmente naquela época, em que o fluxo de pessoas era bem maior do que hoje;

Esclarecidas as questões relativas às escalas de trabalho e rotinas operacionaisrealizadas pelos servidores públicos federais da Receita Federal do Brasil no âmbito daAduana da Ponte Internacional da Amizade, passo a analisar as provas e condutasindividualizadas de cada um deles.

2.3.8.1. Edgar Aparecido de Souza

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação ao réu em questão (autos nº2003.70.02.004488-7, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 14/05/2013 - Absolvido):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, já qualificados, pelaprática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamento no artigo 386,inciso IV, do Código de Processo Penal.

f) Condenar JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA,EDGAR APARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA,AILTON DE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZARODRIGUES e LUIZ CARLOS BAÚ, já qualificados, nas penas cominadas aos crimes decorrupção passiva qualificada e facilitação contrabando e/ou descaminho, praticados emconcurso formal e em continuidade iletítiva, tipificados nos artigos 317. § 1º, e 318,combinados com os artigos 70 e 71, iodos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus para o fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVA EFACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

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11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004488-87.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 25/04/2013)

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ele relativa.

Notificado (16/08/2008 - Evento 8, MAND26, Página 10), o réu EDGARAPARECIDO DE SOUZA apresentou defesa preliminar (Evento 8, PET132), cujosargumentos foram afastados por ocasião da prolação da decisão que recebeu a petição inicial.

Citado (16/06/2010- Evento 8, MAND182, Página 20), o réu EDGARAPARECIDO DE SOUZA apresentou Contestação (Evento 8, CONTESTA242) na qualnovamente suscitou questões preliminares, e, no mérito, defende que seja reconhecido que osfatos narrados não constituem improbidade administrativa, restando de todo atípica a condutae a imputação pretendidas, que importam na improcedência dos pedidos da presente AçãoCivil Pública de Improbidade Administrativa.

Intimado (Evento 634), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), o réu EDGARAPARECIDO DE SOUZA apresentou rol de testemunhas.

Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, EDGAR APARECIDO DE SOUZA foi absolvido, nostermos do artigo 386, Inciso VII, do Código Penal, com trânsito em julgado em 14/05/2013.

Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claro queEDGAR APARECIDO DE SOUZA tinha relacionamentos de conhecimento e amizade comalguns dos intermediadores e demais servidores públicos corruptos, envolvidos no esquema defacilitação ao contrabando/descaminho na Ponte Internacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que tem conhecimento da denúncia e sabe por que está sendo processado; que não praticouesses crimes; que nunca solicitou ou recebeu, em qualquer ocasião, valor ou vantagemindevida para não fiscalizar os veículos provenientes do Paraguai, com mercadorias láadquiridas ou para os fiscalizar de modo fictício, liberando tais veículos, nemaceitou promessas e vantagens indevidas para fazer isso; que não facilitou, de qualquerforma, deixando de fiscalizar as mercadorias ou fiscalizando os veículos de forma fictícia,liberando a passagem dessas mercadorias adquiridas no Paraguai; que nunca se associoucom os demais réus para praticar essas ações que, em tese, configurariam os crimes decorrupção passiva, facilitação de contrabando ou descaminho;

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que conhece Nabil Assad Boul Taif. Não se recorda do local certo onde o conheceu, mas, naépoca, ele disse ser parente do Rosemberg, Policial Federal. O viu algumas vezes pelasproximidades da Ponte, passando, às vezes perguntando do parente dele, se estava por ali,somente isso. Não se recorda de tê-lo visto conversando com algum Policial Federal ali noposto. Não sabe o que ele faz. Nos dias que estava de serviço, via Nabil às vezes passandopela Ponte da Amizade, mas não era sempre que estava de serviço, eram algumas vezes.Durante a semana, o via durante duas ou três vezes.

que não conhece Nelson Arnaldo Benites, e nunca ouviu falar dele;

que não se recorda de ter ouvido falar de Reis Fernandes da Silva;

que conhece Reginal Amorin por ele ser amigo de um policial, o Miranda. Não se recordaquando o conheceu. O via passa algumas vezes nas proximidades da Ponte. Não o viaconversando com algum Policial Federal no posto da Ponte, ele já chegou perguntando parafalar com o Miranda ali, foi por isso que o conheceu, com ele perguntando do PolicialMiranda. Não se recorda se ele efetivamente chegou a falar com Miranda nesse dia. Não serecorda de tê-lo visto conversando com outros policiais. Não sabe o que ele faz. Deve tê-lovisto passando para o Paraguai, ali na Ponte da Amizade;

que não conhece Sirley Aparecida Augusto de Abreu;

que não conhece José Hedy Leme (Rapadura), mas já ouviu falar nesse nome. Se recorda deuma vez em que ele perdeu algumas mercadorias lá, e ficou algum tempo ali reclamando,chorando, implorando para pagar o imposto. Não se recorda de nenhuma outra circunstânciaconcreta. Nesse dia que José perdeu as mercadorias, não foi com ele, e sim com uma colega.Ele ficou por ali chorando, dizendo que ele não poderia perder, porque "não sei o que", foi oque ouviu. Não se recorda se já o viu outras vezes passando com mercadorias;

que conhece Ocimar Alves de Moura, por ele ser Policial Federal;

que conhece Paulo Jair de Souza, Policial Federal, e às vezes o chama de "Pauléia", nuncaviu alguém chamá-lo de "Paulé";

que conhece Marcos de Oliveira Miranda, e o chamam de "Miranda";

que conhece José Carlos de Abrantes Ferreira, e o chamam de "Abrantes";

que conhece Adriano da Costa Luetz, e o chama de "Luetz";

que conhece Celso Fuhr, e o chamam de "Celso";

(...)

Outra prova contundente da intensa participação do réu no esquema espúrioestá inserida no fluxograma de elos de ligações, elaborado a partir dos extratos telefônicosdos terminais utilizados pelos réus no período das investigações, que revela a sua profunda eestreita ligação com diversos outros réus na ação civil de improbidade, tais como Nabil AssadBoul Taif, Nelson Arnaldo Benites (Batata), Reis Fernandes da Silva, Reginal Amorim(Abacate), Sirley Aparecida Augusto de Abreu, José Hedy Leme (Rapadura), entre outros,mediante numerosos contatos telefônicos (Evento 8 - ANEXO301, páginas 110 a 115).

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Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, o EDGAR APARECIDO DE SOUZA negou genericamente quetenha praticado qualquer dos crimes imputados na denúncia e embora não tenha declaradoem audiência, foram identificados os seguintes terminais telefônicos pelo réu utilizados: (45)56720373, (45) 99752503 e (45) 30280098.

Informações trazidas pelo Ministério Público Federal dão conta da participaçãonos esquema de facilitação ao contrabando e/ou descaminho de diversos servidores federais,tanto das Polícias como da Receita Federal:

TELEFONE NOME DO ALVO4599777971 ALVO 5INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@@SirIei X RAPADURADATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO09/12/2002 15:52:00 09/12/2002 15:53:02 00:01:02ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599777971 4591083908 4591083908RESUMODIÁLOGORAPADURA: Deixa eu te dar uma notícia boa. À noite, às 19:00 horas, tá o CELSO e o EDGAR, daReceita, o ÁLVARO e o ABRANTES (APFs). 99% que dá role, viu... Agora de tarde o menino não quis -o BETO (Mosca, da Receita). Fui lá, tentei falar com ele. Me disse: 'Ó velho, gosto muito de você, souseu amigo, te ajudo em tudo que for preciso, mas não fala mais isso pra mim não. Sirleí: Eu ia ligarpara o BAMBAM, conversar com ele, ia fazer uma coisa baixinha. Tem muito lá, vou passando aospouquinhos. Rapadura: Tava tudo certinho com o Bambam, mas de repente veio essa zebra aí.

Em seu depoimento, o réu EDGAR APARECIDO DE SOUZA disse quedesconhece a razão pela qual Sirley e Rapadura teriam relacionado o seu nome ao fato deele estar de plantão e que seria "99% que da rolé".

Contudo, na interceptação retro mencionada fica clara a referência defacilitação à passagem de mercadorias ilegais em se tratando do senhor Edgar Aparecido deSouza, referenciada no diálogo entre Senhora Sirley e o senhor "Rapadura".

Da conversa gravada com autorização judicial, entre os interlocutores Moura eLuetz, ocorrida na tarde do 21/12/2002, depreende-se que Moura "teve que molhar" a mãodo Fiscal da Receita Federal EDGAR, em razão de ter flagrado o APF em facilitação aocontrabando/descaminho na Aduana da Ponte Internaciona da Amizade:

TELEFONE NOME DO ALVO 4599754894 ALVO 10INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@MOURA X LUETZDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO21/12/2002 14:48:52 21/12/2002 14:52:23 00:03:31ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599754894 4591087212 4591087212RESUMODIÁLOGOMoura liga e no inicio NDR. Luetz pergunta se tá tudo tranqüilo. Adiante, Moura fala da dificuldadede fazer a transação ilícita. Adiante, Moura diz que pra não dizer que não fiz nada, fez um estirozinhono horário do Abrantes e do Watanabe. Moura diz que ajudou os caras da Receita com aquelescaminhões pra ver se acabava, pra ver se eles (pessoal da receita) iam embora. Luetz: "risos".Adiante, Moura diz que na hora de fazer o negócio, tentei empurrar os caras e fala para o Luetz que oveado do amigo dele entrou na sala. Luetz pergunta qual amigo. Moura diz que é o Edgar e que teve

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que molhar...ai eu fiquei muito...Moura diz que na hora que ligou pro cara pra ele vim, o outro pulouna pista, e fala que o seu coração disparou, mas que ninguém perguntou pelo Luetz. Adiante,conversam sobre carro e outras amenidades.

Em seu depoimento, EDGAR procura desdizer o ocorrido, aduzindo que não serecorda se alguma vez o APF Moura o auxiliou na fiscalização de caminhões na Ponte daAmizade, mas admite que deve ter se cruzado como APF Moura em dezembro, se ele estavaescalado lá

Na interceptação da conversa entre os intermediários Nelson (Batata) e Reginal(Abacate), da manhã do dia 04/02/2003, fica clara a possibilidade de facilitação do transporteilegal de mercadorias pela equipe da Receita Federal integrada pelo Fiscal EDGARAPARECIDO DE SOUZA, no período da noite. A confiança de Abacate é tanta que ele achaque pode passar cigarro também:

TELEFONE NOME DO ALVO4599774198 ALVO 6INTERLOCUTORES/COMENTÁRIONELSON BATATA x ABACATEDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/4/terça-feira 10:45:35 2/4/terça-feira 10:47:36 00:02:01ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599774198 91080311 4599774198DIÁLOGONELSON quer saber se a noite dar Besta. ABACATE diz que só carro pequeno. NELSON pergunta se égarantido, se o pessoal da Receita é beleza. ABACATE diz que sim, é REGINALDO, o EDGAR e o BAUtodos da Receita). ABACATE Ah. que acha que pode passar cigarro tambem.

EDGAR admitiu que, no dia 4 de fevereiro, trabalhou na pista de saída das 13às 19h, na companhia de Reginaldo Fernandes de Souza e Eder Flogner.

Na madrugada do dia 08/02/2003, o APF Miranda ligou para uma mulher nãoidentificada para combinar a facilitação de contrabando/descaminho, ficando claro que otransporte ocorreia às 04:30h, mediante autorização do Fiscal da Receita Federal EDGAR:

TELEFONE NOME DO ALVO4599646223 ALVO 22INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@® MIRANDA X HNI ;DATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/8/sábado 1:58:12 2/8/sábado 1:59:36 00:01:24ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599646223 4591084409 4599646223MIRANDA DIZ: " EDGAR TÁ MEIO DE ONDA AQUI, MAS EU ACHO QUE VAI DÁ SIM...ASSIM QUEELE ME DÉ A RESPOSTA...TÁ ENROLANDO... TÁ DE SACANAGEM AQUI AÍ EU TE LIGO DE NOVO,MAS EU ACHO QUE VAI". HNI DIZ QUE QUER SABER HORÁRIO, QUE HORAS QUE ELE (EDGAR)QUER. MIRANDA FALA QUE SE FOR, A GENTE COMEÇA ÀS 04:30h. MNI PERGUNTA SE É ÀS04;30h. MIRANDA DIZ "É". HNI PEDE PARA MIRANDA FALAR PRA EDGAR QUE NÃO É MUITONÃO, É SÓ UMAS 15, POIS SÓ VAI DE 04 A 05 PERUAS DE CADA VEZ, 03 VIAJINHAS ACABATUDO...E SE ELE QUISER COBRAR MAIS E VOCÊ, VOCÊS VEJAM AÍ, MAS NÃO MUITO CARO.MIRANDA DIZ QUE VAI VER COM ELE AQUI E DEPOIS DÁ UMA CONDIÇÃO PRA ELA. MNI DIZQUE TÁ LEGAL. MIRANDA MANDA ELA IR DORMINDO, POIS QUALQUER COISA ELELIGA...A5SIM QUE ELE DEIXAR DE ONDA, EU TE LIGO. HNI DIZ QUE LÁ JA TEM 04 PRONTAS,SÓ FALTA CARREGAR 01 E MANDAR EMBORA...E NÃO MANDA TUDO JUNTO, MANDA DE 05 EM05 MINUTOS, PODE FALAR PRA ELE QUE VAI SER ORGANIZADO. MIRANDA DIZ: " TÁ BOM,FALOU!". MNI DIZ: "TCHAU. UM BEIJO".

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A confiança no desfecho da trama é evidenciada pelo fato de os automóveis jáestarem prontos e aguardando apenas o "sinal verde" do senhor Edgar.

Não convence a alegação de EDGAR de que desconhece a razão pela qualMiranda teria dito a uma mulher não identificada (segundo a Polícia Federal), que ele[Edgar] estava "de onda"; que o APF Miranda nunca foi falar algo com ele, sugerindoalgo, ou com alguma conversa "estranha"; que não tem explicação pra essa inteceptação.

O réu EDGAR APARECIDO DE SOUZA, quando trabalhava em escala deplantão na Aduana, infringia seus deveres funcionais e, mediante pagamento/recebimento dedinheiro, permitia a entrada no país de mercadorias estrangeiras provenientes do Paraguai,com ilusão/burla do tributo devido, o que revela que praticava atos de improbidadeadministrativa.

Embora absolvido na esfera criminal, nos termos do artigo 386, Inciso VII, doCódigo de Processo Penal, verifica-se suficientes as provas de que o réu EDGARAPARECIDO DE SOUZA participou intensamente do esquema ilegal, promovendo afacilitação do contrabando, através da Ponte Internacional da Amizade, mantendo vínculoassociativo estável com outros corréus, para a consecução das condutas delituosas, emflagrante afronta aos princípios da administração pública.

Assim, não paira qualquer tipo de dúvida de que o réu EDGAR APARECIDODE SOUZA, com o auxílio dos demais corréus servidores públicos eintermediadores/contrabandistas, efetivamente cometeu ato de improbidade administrativa,atentou contra os princípios da administração pública, por meio da introdução clandestina noterritório brasileiro de mercadorias contrabandeadas e/ou descaminhadas de origemestrangeira sem a devida comprovação da regularidade fiscal, violando os deveres dehonestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade ao Estado Brasileiro.

Restando claro que as provas defensivas não se prestaram para afastar a higideze a contundência daquelas produzidas em desfavor do réu EDGAR APARECIDO DESOUZA, de modo que resta evidenciada a sua responsabilidade pela afronta aos princípios daadministração pública, que representa uma das espécies previstas em Lei para configurar aimprobidade administrativa.

Não descuido do fato de que, após condenação em primeira instância, o réuEDGAR APARECIDO DE SOUZA teve a sentença reformada para absolvê-lo, com base noartigo 386, Inciso VII, Código de Processo Penal. Contudo, o motivo de tal absolvição não ésuficiente para afastar a prática de atos de Improbidade Administrativa pelo Juízo Cível.

Questionado por ocasião de seu interrogatório perante o Juízo Criminal, o réuEDGAR APARECIDO DE SOUZA declarou que, à época dos fatos (03/2003), possuía umarenda que girava em torno de R$ 3.200,00, líquidos, que utilizo como parâmetro para afixação da multa civil a ser impingida ao mencionado réu.

Impõe-se também ao réu EDGAR APARECIDO DE SOUZA a pena de perdado cargo de Técnico da Receita Federal. Isso porque a conduta por ele perpetrada foi de

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extrema gravidade, afrontando diretamente a dignidade da função pública por ele exercida eos princípios da administração pública, sendo incompatível que o agente, após usar o aparatoinstitucional da Receita Federal para dar cobertura e facilitar o contrabando/descaminho,prossiga atuando como Técnico da Receita Federal.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOSformulados pelo Ministério Público Federal, nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC econdeno EDGAR APARECIDO DE SOUZA ao pagamento de multa civil no valor de 30(trinta) vezes a média da renda autodeclarada, perfazendo um total de R$ 96.000,00 (noventae seis mil reais), válida para março de 2003.

O valor da condenação será atualizado monetariamente pelo INPC, desde oevento danoso, e sofrerá a incidência de juros moratórios, no patamar de 1% ao mês, tendopor termo inicial a presente data.

Sem condenação em custas e honorários, tendo em vista o disposto no artigo 18da Lei nº 7.347/85.

2.3.8.2. Gloria de Maria Pereira de Souza Rodrigues

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação à ré em questão (autos nº2003.70.02.004487-5, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 14/05/2013 - Absolvida):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, já qualificados, pelaprática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamento no artigo 386,inciso IV, do Código de Processo Penal.

f) Condenar JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZARODRIGUES e LUIZ CARLOS BAÚ, já qualificados, nas penas cominadas aos crimes decorrupção passiva qualificada e facilitação contrabando e/ou descaminho, praticados emconcurso formal e em continuidade iletítiva, tipificados nos artigos 317. § 1º, e 318,combinados com os artigos 70 e 71, iodos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus para o fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVAE FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO

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514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004487-05.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 23/04/2013)

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem a ré em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ela relativa.

Notificada (16/08/2008 - Evento 8, MAND26, Página 10), a ré GLORIA DEMARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES apresentou defesa preliminar (Evento 8,PET132), cujos argumentos foram afastados por ocasião da prolação da decisão que recebeua petição inicial.

Citada (16/06/2010- Evento 8, MAND182, Página 20), a ré GLORIA DEMARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES apresentou Contestação (Evento 8,CONTESTA242) na qual novamente suscitou questões preliminares e, no mérito, defendeque seja reconhecido que os fatos narrados não constituem improbidade administrativa,restando de todo atípica a conduta e a imputação pretendidas que importam naimprocedência dos pedidos da presente Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa.

Intimada (Evento 640), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), a ré GLORIA DEMARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES apresentou rol de testemunhas.

Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, Gloria de Maria Pereira de Souza Rodrigues foiabsolvida, nos termos do artigo 386, Inciso VII, do Código Penal, com trânsito em julgado em14/05/2013.

Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claroque GLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES tinha relacionamentos de

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conhecimento e amizade com alguns dos intermediadores e demais servidores públicoscorruptos, envolvidos no esquema de facilitação ao contrabando/descaminho na PonteInternacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que tem conhecimento da denúncia e sabe porque está sendo processado; que não praticoutais crimes; que não solicitou ou recebeu em qualquer ocasião valor ou vantagem indevidapara não fiscalizar os veículos provenientes do Paraguai com mercadorias lá adquiridas oupara as fiscalizar de modo fictício, liberando tais veículos; que não facilitou tais atos dequalquer forma; que não aceitou promessa de vantagem indevida para fazer isso; que não seassociou com os demais réus para praticar essas ações, que configurariam, em tese, oscrimes de corrupção passiva e facilitação de contrabando ou descaminho. A inquirida disseque não facilitou; se tiver facilitado alguma coisa, é em virtude do trabalho; da falta decondições, mas não por querer fazer. Afirma não ter agida juntamente aos demais acusadospara prática dos crimes acima descritos.

Conhece Nabil Assad Bou Ltaif, dizendo tratar-se de trabalhador da ponte, em suas própriaspalavras "piranha de turismo", que atua na Ponte da Amizade, vendo-o corriqueiramentenas imediações da ponte, provavelmente em situações comuns de identificação detranseuntes; não soube esclarecer tratar-se de parente ou amigo de qualquer dos policiaisque tenha tido conhecimento no trabalho da ponte.

Não conhece Nelson Arnaldo Benites, também conhecido como Nelson Batata, Batata ouBatatinha; tendo tomado conhecimento de sua existência com a leitura do processo emepígrafe;

Não conhece Reginal Amorin, também conhecido como Abacate, tendo ouvido falar destessomente no decorrer do processo.

(...)

Glória Maria Pereira de Souza Rodrigues confirmou que esteve escalada paradesempenhar as atividades de fiscalização na Ponte Internacional da Amizade, no períodoinvestigado pela "Operação Sucuri":

Tendo tido, frequentemente, escalas na PIA, entre agosto de 2002 e janeiro de 2003. No mêsde fevereiro, trabalhou no turno de 14 às 20 horas. Serviço burocrático. Tendo ficado emnovembro, dezembro e janeiro na área do "chiqueirinho"; neste período trabalhando com aauditora Mírian Mádega, está última costumava alocar alocar a inquirida em posições ditas"coringas". Afirma que em períodos de maior intensidade de fluxo ( férias, por exemplo)existe um aporte de pessoal, incluindo agentes do ICMS, com intuito de reduzir as filas.Logo, nesses períodos a inquirida atuou com frequência na zona central da PIA. No períodoem questão a inquirida diz ter feitos abordagens rotineiras de veículos explicando que ocritério estatístico usado era mutante, baseando-se por vezes em finais de placa específicose em outras circustâncias, atendendo a denúncias ( muitas vezes falsas, baseadas em brigasde "laranjas"). Disse ainda que tais denúncias vêm da chefia.

Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, a ré GLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUESnegou genericamente que tenha praticado qualquer dos crimes imputados na denúncia. Disseque era proprietária e usuária do terminal telefônico de n° (45) 573-2279, bem como como

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não possuía telefone celular:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

0 meu telefone que eu utilizo é o 573-2279, que é o da minha casa. J:E o celular ? I:Celulareu não utilizo, eu não tenho celular.

(...)

As testemunhas Ademir José Scodro e Sérgio de Paula Santos disseram quetrabalharam com a ré GLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, semapresentarem mais detalhes.

A prova testemunhal produzida pela defesa nos autos esclareceu acerca dasescalas de trabalho do servidores da Receita Federal na Aduana e demostrou como era arotina de trabalho na Ponte Internacional da Amizade.

A propósito, a corroborar as escalas de serviço, a servidora Glória Maria Pereirade Souza Rodrigues, a Glorinha, assumiu que trabalhou no dia 31/01/2003 e desconversousobre ter passado em algum lugar antes de ir para casa:

J: Certo. A senhora no dia trinta e um de janeiro não foi a lugar nenhum...?

I: não, eu trabalhei né; eu trabalhei.

J: Na baga... sim, mas trabalhou na bagagem e foi pra casa; não conversou com ninguém?

I: eu só não posso lhe dizer que eu fui pra casa porque eu tenho, às vezes eu vou pra casadireto do trabalho, e às vezes eu tenho alguns compromissos que eu não vou direto pra casa.

Apesar da testemunha Sérgio de Paula Santos, arrolada pela defesa, terdeclarado que a Sra. GLORIA ser presa mostrou-se uma surpresa, e que, em sua opiniãomostra como o modus operandi da Operação Sucuri pode ter sido errôneo, os dois trechos dainterceptação telefônica autorizada judicialmente na ação penal a denunciam.

O intermediário Reginal Amorim (Abacate) mantém contato telefônico como otambém intermediário Nelson Arnaldo Benites (Batata), combinando o local para mandarentregar o pagamento para os servidores que trabalharam na facilitação decontrabando/descaminho naquele dia:

TELEFONE NOME DO ALVO4599774198 ALVO 6INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOABACATE x BATATADATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO1/3/sexta-feira 19:21:27 1/31/sexta-feira 19:21:38 00:00:11ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599774198 4591080311 4591080311DIÁLOGOABACATE DIZ QUE ELA TÁ DESCENDO JÁ É PARA BATATA MANDAR ENTREGAR LÁ NOESTACIONAMENTO PARA ELA.

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Menos de dez segundos após, Nelson Arnaldo Benites (Batata) liga para"Bocão" e diz que a "Glorinha" está descendo aí e acrescenta que os caras (servidores que"trabalharam" na facilitação naquele dia) já estavam "enchendo o saco":

TELEFONE NOME DO ALVO4599774198 ALVO

INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO

BATATA x BOCÃODATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO

l/3/sexta-fcira 19:21:47 1/31/sexta-feira 19:22:10 00:0023ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599774198 91144487 4599774198DIÁLOGOBATATA DIZ A BOCÃO QUE A GLORINHA ESTÁ DESCENDO AÍ. APÓS. BOCÃO ATENDE E BATATADIZ A BOCÃO QUE OS CARAS ESTÃO ESPERANDO, JÁ TÃO ENCHENDO O SACO AQUI. BOCÃODIZ QUE JÁ TÁ DESCENDO.

A interceptação telefônica deixa clara a participação da servidora da ReceitaFederal Glória Maria Pereira de Souza Rodrigues na facilitação ao contrabando/descaminho,mediante pagamento de propina, razão pela qual se deve reconhecer que praticou atos deimprobidade administrativa.

A ré GLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, quandotrabalhava em escala de plantão na Aduana, infringia seus deveres funcionais e, mediantepagamento/recebimento de dinheiro, permitia a entrada no país de mercadorias estrangeirasprovenientes do Paraguai, com ilusão/burla do tributo devido, o que revela que praticava atosde improbidade administrativa.

Embora absolvida na esfera criminal, nos termos do artigo 386, Inciso VII, doCódigo de Processo Penal, verifica-se suficientes as provas de que a ré GLORIA DE MARIAPEREIRA DE SOUZA RODRIGUES participou intensamente do esquema ilegal,promovendo a facilitação do contrabando, através da Ponte Internacional da Amizade,mantendo vínculo associativo estável com outros corréus, para a consecução das condutasdelituosas, em flagrante afronta aos princípios da administração pública.

Assim, não paira qualquer tipo de dúvida de que a ré GLORIA DE MARIAPEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, com o auxílio dos demais corréus servidores públicos eintermediadores/contrabandistas, efetivamente cometeu ato de improbidade administrativa,atentou contra os princípios da administração pública, por meio da introdução clandestina noterritório brasileiro de mercadorias contrabandeadas e/ou descaminhadas de origemestrangeira sem a devida comprovação da regularidade fiscal, violando os deveres dehonestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade ao Estado Brasileiro.

Restando claro que as provas defensivas não se prestaram para afastar a higideze a contundência daquelas produzidas em desfavor da ré GLORIA DE MARIA PEREIRA DESOUZA RODRIGUES, de modo que resta evidenciada a sua responsabilidade pela afrontaaos princípios da administração pública, que representa uma das espécies previstas em Leipara configurar a improbidade administrativa.

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Não descuido do fato de que, após condenação em primeira instância, a réGLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES teve a sentença reformada paraabsolvê-la, com base no artigo 386, Inciso VII, Código de Processo Penal. Contudo, o motivode tal absolvição não é suficiente para afastar a prática de atos de Improbidade Administrativapelo Juízo Cível.

Questionada por ocasião de seu interrogatório perante o Juízo Criminal, a réGLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES declarou que, à época dos fatos(03/2003), possuía uma renda que girava em torno de R$ 3.300,00, líquidos, que utilizo comoparâmetro para a fixação da multa civil a ser impingida à mencionado ré.

Impõe-se também à ré GLORIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZARODRIGUES a pena de perda do cargo de Técnica da Receita Federal. Isso porque aconduta por ela perpetrada foi de extrema gravidade, afrontando diretamente a dignidade dafunção pública por ele exercida e os princípios da administração pública, sendo incompatívelque a agente, após usar o aparato institucional da Receita Federal para dar cobertura efacilitar o contrabando/descaminho, prossiga atuando como Técnica da Receita Federal.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOSformulados pelo Ministério Público Federal, nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC econdeno GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES ao pagamento de multacivil no valor de 30 (trinta) vezes a média da renda autodeclarada, perfazendo um total de R$99.000,00 (noventa e nove mil reais), válida para março de 2003.

O valor da condenação será atualizado monetariamente pelo INPC, desde oevento danoso, e sofrerá a incidência de juros moratórios, no patamar de 1% ao mês, tendopor termo inicial a presente data.

Sem condenação em custas e honorários, tendo em vista o disposto no artigo 18da Lei nº 7.347/85.

2.3.8.3. Luiz Carlos Baú

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação ao réu em questão (autos nº2003.70.02.004487-5, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 14/05/2013 - Absolvido):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES,LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, já qualificados, pelaprática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamento no artigo 386,inciso IV, do Código de Processo Penal.

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f) Condenar JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES eLUIZ CARLOS BAÚ, já qualificados, nas penas cominadas aos crimes de corrupção passivaqualificada e facilitação contrabando e/ou descaminho, praticados em concurso formal e emcontinuidade iletítiva, tipificados nos artigos 317. § 1º, c 318, combinados com os artigos 70e 71, iodos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus para o fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVAE FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004487-05.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 23/04/2013)

Como na ação penal não se concluiu pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ele relativa.

Notificado (06/08/2008 - Evento 8, MAND9, Página 27), o réu LUIZ CARLOSBAU apresentou defesa preliminar (Evento 8, PET132), cujos argumentos foram afastadospor ocasião da prolação da decisão que recebeu a petição inicial.

Citado (14/06/2010- Evento 8, MAND180, Página 2), o réu LUIZ CARLOSBAU apresentou Contestação (Evento 8, CONTESTA242) na qual novamente suscitouquestões preliminares, e, no mérito, defende que seja reconhecido que os fatos narrados nãoconstituem improbidade administrativa, restando de todo atípica a conduta e a imputaçãopretendidas, que importam na improcedência dos pedidos da presente Ação Civil Pública deImprobidade Administrativa.

Intimado (Evento 650), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), o réu OCIMARALVES DE MOURA apresentou rol de testemunhas.

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Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, LUIZ CARLOS BAU foi absolvido, nos termos do artigo386, Inciso VII, do Código Penal, com trânsito em julgado em 14/05/2013.

Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claro que LUIZCARLOS BAU tinha relacionamentos de conhecimento e amizade com alguns dosintermediadores e demais servidores públicos corruptos, envolvidos no esquema de facilitaçãoao contrabando/descaminho na Ponte Internacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que tem conhecimento da denúncia e sabe porque está sendo processado; que não praticoutais crimes; que não solicitou ou recebeu em qualquer ocasião valor ou vantagem indevidapara não fiscalizar os veículos provenientes do Paraguai com mercadorias lá adquiridas oupara as fiscalizar de modo fictício, liberando tais veículos; que não facilitou tais atos dequalquer forma; que não aceitou promessa de vantagem indevida para fazer isso; que não seassociou com os demais réus para praticar essas ações, que configurariam, em tese, oscrimes de corrupção passiva e facilitação de contrabando ou descaminho.

Conhece Nabil Assad Bou Ltaif há algum tempo; que pode tê-lo conhecido em um clube depesca, em uma reunião de pescadores; que ele [Baú] pesca e possui barco, que fica no clube;que não o via muito nas proximidades da Ponte conversando com algum policial, ele passavaàs vezes; que acredita que ele tenha uma loja no Paraguai; que o via indo para o Paraguai e,às vezes, voltando de lá; que não lembra de alguma ver o ter fiscalizado; que não lembra seele costumava parar na pista de entrada, no posto da Polícia Federal, para conversar comalgum policial federal, mas que já falou com ele em uma ocasião; que pediu para ele ver opreço de uma mochila pra criança; que sabe que ele é parente de um policial; que não o viano posto da Polícia Federal, apenas passando; que parece que o policial federal do qual ele éparente é o Rosemberg; que o nome do clube de pesca é Cataratas e que o conheceu em umaconversa na roda de pescadores; que é possível que ele "se dê" com outros policiais federaisou agentes da Receita.

não conhece João Correa Vieira Filho, conhecido como "Maranhão".

Conhece Reginal Amorim, conhecido como "Abacate"; que parece que ele já trabalhou comocarregador da Receita Federal; que o viu passando pela Ponte nos últimos tempos, uma ouduas vezes por semana; que não lembra de ser toda semana; que nunca viu se ele costumavaficar conversando com algum policial federal.

que já viu José Hedy Leme, conhecido como "Rapadura", tendo o visto na Ponte; que pareceque estava ao lado do carrinho de picolé, vendendo picolé, água, algo assim; que não estavacom mercadoria; que nunca viu ele se infiltrando, ficando entre os carros e ônibus paramospara passar mercadoria para os outros; que nunca soube algo a respeito disso; que sabe queele é o "Rapadura" porque, em determinada ocasião, pediu para comprar água e o"Rapadura" que trouxe para ele; que acredita que isso tenha ocorrido uma vez ou duas; quenão faz muito tempo, no mês de janeiro; que pediu água para um menino que vende água lána Ponte e o "Rapadura" veio trazer.

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que conhece Marcos Oliveira Miranda, chamam de Miranda;

que conhece Glória de Maria Pereira de Souza Rodrigues, conhecida como "Glorinha", suacolega;

que conhece Maria de Lurdes Costa Rodrigues Miranda, chamada de "Lurdinha", que achamam pelo apelido;

que conhece Edgar Aparecido de Souza, chamam de Edgar;

(...)

Outra prova contundente da intensa participação do réu no esquema espúrioestá inserida no fluxograma de elos de ligações, elaborado a partir dos extratos telefônicosdos terminais utilizados pelos réus no período das investigações, que revela a sua profunda eestreita ligação com Nabil Assad Boul Taif, réu na ação civil de improbidade, mediantenumerosos contatos telefônicos (Evento 8 - ANEXO 300, páginas 93 e 94; e ANEXO301,páginas 40).

Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, o réu LUIZ CARLOS BAU negou genericamente que tenhapraticado qualquer dos crimes imputados na denúncia.

Embora não tenha se manifestado sobre a propriedade de terminal telefônico,pela interceptação telefônica autorizada judicialmente identificou-se a linha telefônica de n°(45) 9975-2290 como sendo de seu uso.

No dia 12/02/2003, uma mulher não identificada, integrante do grupo decontrabandistas, telefona para o APF Miranda para saber quem estaria escalado na Aduana eo policial diz que é o BAÚ, servidor da Receita Federal:

TELEFONE NOME DO A LVO4599646223 ALVO 22INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO

MNI x APF MIRANDADATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO12.02.03 22:42:24 12.02.03 22:43:24 00:01:00ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599646223 4591084409 4591084409DIÁLOGOMNI pergunta se Ela viu lá? (Escala da Receita) MIRANDA diz que é o BAÚ. MNI diz que juntando oBAÚ e a CAMA e vamos ver se dá certo. MNI está no Bar CAPITÃO e diz que quem estaria é oBAMBAM. Sá tem gente engravatado com Ele. Reunião de negócios, MNI chama MIRANDA para virtomar cerveja mais tarde com Ela no Capitão. Despede-se chamando-o de NENÉM.

Ciente do envolvimento do réu Luiz Carlos Baú na facilitação ao contrabando edescaminho, a mulher não identificada demonstra certa intimidade com os servidores, e dizque vai "ver se dá certo".

TELEFONE NOME DO ALVO4599777971 ALVO 5INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOJOÃO x RAPADURA

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DATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO1/31/sexta-feira 8:44:02 1/31/sexca-feÍra 8:44:47 00:00:45ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599777971 4591086559 4591086559DIÁLOGOJOÃO PROPÕE A RAPADURA CONVERSAR COM O PESSOAL DA RF SOZINHO SEM OS OUTROSSABEREM. RAPADURA DIZ QUE NÃO QUER, POIS NA ÚLTIMA VEZ ELE (JOÃO) PISOU NA BOLA.RAPADURA DIZ QUE ELES (RF) NÃO ESTÃO PARANDO NINGUÉM, A MULHER NÃO ESTÁ NAPISTA. O BAÚ ESTÁ LÁ E O CARA DA PF NÃO QUER QUE NEM ENCOSTE PARA CONVERSAR COMELES. PARA PASSAR ALI ELE (PF) JÁ MANDA DE VOLTA.

Contrariando a sugestão de João, Rapadura considera desnecessário conversarcom o pessoal da Receita Federal sozinho, sem que os outros saibam, pois o BAÚ está lá e osfiscais não estão parando ninguém (nenhum veículo), garantindo assim a facilitação domovimento ilícito de mercadorias na Ponte Internacional da Amizade.

É perceptível a preocupação dos servidores públicos que trabalham na Aduanaquando a Auditora Fiscal Miriam está na pista que dá acesso ao Brasil. É cediço que aAuditora não se coadunava com as práticas ilícitas de facilitação ao contrabando/descaminho.

Preliminarmente, é necessário esclarecer que, conforme já elucidado no âmbitoda ação penal, no trecho abaixo houve equívoco na transcrição e onde consta Raul, leia-seBaú.

Esclarecida a situação, depreende-se do teor da inteceptação telefônica que oAPF Miranda telefona para o Reginal Amorim (Abacate) para saber detalhes sobre o"carregamento" e alerta o intermediário que se [a carga] vier colado na cabeça domotorista, o servidor da Receita Federal Luiz Carlos Baú não deixaria passar [as mercadoriascontrabandeadas/descaminhadas]:

TELEFONE NOME DO ALVO4599646223 ALVO 22INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@@ Miranda x AbacateDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/11/terça-feira 19:48:06 2/11/terça-feira 19:48:37 00:00:31ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599646223 4591080311 4599646223DIÁLOGOMiranda = tá muito cheio elesAbacate= não, tá não, muito nãoMiranda= se vier colado na cabeça do motorista, o Raul falou que não vai deixar passar não Abacatedeixa que eu vou ligar lá e já vou falar com ele, depois eu te retorno Miranda então tã, tchau!Abacate= Tchau!

Menos de dois minutos após, o APF Miranda liga novamente para se certificarde que o alerta foi compreendido pelo intermediário Reginal Amorim (Abacate):

INTERLOCUTORES/COMENTÁRTO@@ Miranda x AbacateDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/11/terça-feira 19:50:35 2/11/terça-feira 19:51:21 00:00:46ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599646223 4591080311 4599646223DIALOGOA=não tá não, não tá cheio não

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M= Tá. Se for igual aquele que caiu vai dá problema aqui, ele já falou.A= não vai ser igual aquele lá não- O cara falou que só tem um pouco no banco de trás só.M= não tá aquele paredão não né?A= não, diz ele que não tá não. Eu já expliquei pra ele. Pode largar?M= Vai!A= Então tá bom.M=Tchau!A= Tchau!**analista policial efetua seu comentário a respeito do diálogo indicando para as palavras deMIRANDA que Baú falou que não vai deixar passar não", isto no caso se o veículo viesse commercadorias "coladas na cabeça do motorista", Entretanto, da audição do diálogo travado entreMIRANDA e ABACATE destaca-se que o APF MIRANDA se refere a BAÚ. Complemente se ainda queem 11 fev 2003, das 19h às 00h, segundo a escala, o plantão permanente da Receita Federal eracomposto por Ademir José Scodro, Emígdio Zarate e Luiz Carlos Baú.

A interceptação em voga transparece que o réu Luiz Carlos Baú impôs certacondição para facilitar a passagem de veículos sem a devida fiscalização, qual seja, que oautomóvel não venha com excesso de carga.

Assim, a defesa do servidor LUIZ CARLOS BAÚ não se desincumbiu de afastara alegação do Ministério Público Federal de prática de ato de improbidade administrativa.

O réu LUIZ CARLOS BAÚ, quando trabalhava em escala de plantão naAduana, infringia seus deveres funcionais e, mediante pagamento/recebimento de dinheiro,permitia a entrada no país de mercadorias estrangeiras provenientes do Paraguai, comilusão/burla do tributo devido, o que revela que praticava atos de improbidade administrativa.

Embora absolvido na esfera criminal, nos termos do artigo 386, Inciso VII, doCódigo de Processo Penal, verifica-se ser suficientes as provas de que o réu LUIZ CARLOSBAÚ participou intensamente do esquema ilegal, promovendo a facilitação do contrabando,através da Ponte Internacional da Amizade, mantendo vínculo associativo estável com outroscorréus, para a consecução das condutas delituosas, em flagrante afronta aos princípios daadministração pública.

Assim, não paira qualquer tipo de dúvida de que o réu LUIZ CARLOS BAÚ,com o auxílio dos demais corréus servidores públicos e intermediadores/contrabandistas,efetivamente cometeu ato de improbidade administrativa, atentou contra os princípios daadministração pública, por meio da introdução clandestina no território brasileiro demercadorias contrabandeadas e/ou descaminhadas de origem estrangeira sem a devidacomprovação da regularidade fiscal, violando os deveres de honestidade, imparcialidade,legalidade, e lealdade ao Estado Brasileiro.

Restando claro que as provas defensivas não se prestaram para afastar a higideze a contundência daquelas produzidas em desfavor do réu LUIZ CARLOS BAÚ, de modoque resta evidenciada a sua responsabilidade pela afronta aos princípios da administraçãopública, que representa uma das espécies previstas em Lei para configurar a improbidadeadministrativa.

Não descuido do fato de que, após condenação em primeira instância, o réuLUIZ CARLOS BAÚ teve a sentença reformada para absolvê-lo, com base no artigo 386,Inciso VII, Código de Processo Penal. Contudo, o motivo de tal absolvição não é suficiente

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para afastar a prática de atos de Improbidade Administrativa pelo Juízo Cível.

Tendo em vista que, por ocasião de seu interrogatório perante o Juízo Criminal,o réu LUIZ CARLOS BAÚ não declarou sua renda líquida, utilizo como parâmetro para afixação da multa civil a ser impingida ao mencionado réu, o menor declarado dentre osTécnicos da Receita Federal, ou seja, R$ 3.200,00, líquidos.

Impõe-se também ao réu LUIZ CARLOS BAÚ a pena de perda do cargo deTécnico da Receita Federal. Isso porque a conduta por ele perpetrada foi de extremagravidade, afrontando diretamente a dignidade da função pública por ele exercida e osprincípios da administração pública, sendo incompatível que o agente, após usar o aparatoinstitucional da Receita Federal para dar cobertura e facilitar o contrabando/descaminho,prossiga atuando como Técnico da Receita Federal.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOSformulados pelo Ministério Público Federal, nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC econdeno LUIZ CARLOS BAÚ ao pagamento de multa civil no valor de 30 (trinta) vezes amédia da renda autodeclarada, perfazendo um total de R$ 60.300,00 (sessenta mil e trezentosreais), válida para março de 2003.

O valor da condenação será atualizado monetariamente pelo INPC, desde oevento danoso, e sofrerá a incidência de juros moratórios, no patamar de 1% ao mês, tendopor termo inicial a presente data.

Sem condenação em custas e honorários, tendo em vista o disposto no artigo 18da Lei nº 7.347/85.

2.3.8.4. Maria de Lourdes Costa Rodrigues Miranda

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação a ré em questão (autos nº2003.70.02.004488-7, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 14/05/2013 - Absolvida):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA,AILTON DE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZARODRIGUES, LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, jáqualificados, pela prática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamentono artigo 386, inciso IV, do Código de Processo Penal.

f) Condenar JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA,AILTON DE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZARODRIGUES e LUIZ CARLOS BAÚ, já qualificados, nas penas cominadas aos crimes decorrupção passiva qualificada e facilitação contrabando e/ou descaminho, praticados em

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concurso formal e em continuidade iletítiva, tipificados nos artigos 317. § 1º, e 318,combinados com os artigos 70 e 71, iodos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus com fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVA EFACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004488-87.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 25/04/2013)

Como na ação penal não se concluiu pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ela relativa.

Notificada (10/08/2008 - Evento 8, MAND15, Página 15), a ré MARIA DELOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA apresentou defesa preliminar (Evento 8,PET132), cujos argumentos foram afastados por ocasião da prolação da decisão que recebeua petição inicial.

Citada (12/07/2010- Evento 8, MAND182, Página 72), a ré MARIA DELOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA apresentou Contestação (Evento 8,CONTESTA242) na qual novamente suscitou questões preliminares, e, no mérito, defendeque seja reconhecido que os fatos narrados não constituem improbidade administrativa,restando de todo atípica a conduta e a imputação pretendidas, que importam naimprocedência dos pedidos da presente Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa.

Intimada (Evento 717), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), o réu MARIA DELOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA apresentou rol de testemunhas.

Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),

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requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUESMIRANDA foi absolvida, nos termos do artigo 386, Inciso VII, do Código Penal, com trânsitoem julgado em 14/05/2013.

Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claro queMARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA tinha relacionamentos deconhecimento e amizade com alguns dos intermediadores e demais servidores públicoscorruptos, envolvidos no esquema de facilitação ao contrabando/descaminho na PonteInternacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro:

que leu os artigos da denúncia; que não cometeu esses crimes; que não solicitou ou recebeuvalor ou vantagem indevida para não fiscalizar os carros ou veículos provenientes doParaguai com mercadorias lá adquiridas, ou para os fiscalizar de modo fictício, liberandotais veículos; que não facilitou de qualquer forma, deixando de fiscalizar as mercadorias oufiscalizando os veículos de forma fictícia, liberando a passagem dessas mercadoriasadquiridas no Paraguai que seriam mercadorias ou de reingresso ou ingresso proibido ouque seriam permitidas mas teria que ser pago o tributo; que não se associou com os demaisréus para praticar essas ações que configurariam em tese os crimes de corrupçãopassiva, facilitação de contrabando ou descaminho;

que conhece o Sr. Nabil Assad Bou Ltaif, que nas poucas vezes que trabalha na ponte o vê lá,e o conhece há mais tempo porque ele é parente do APF Rosemberg; que ia às vezes ali naregião da Ponte, vinha e conversava com eles, que ele é uma pessoa que se relaciona bemcom as outras, se aproxima e conversa, cumprimentando; que não conversaram sobre coisaespecífica; que em novembro nem trabalhou na Ponte, começou a trabalhar em dezembro;que não se lembra se Nabil conversou com ela; que não viu se ele ficava ali no posto,conversando com algum Policial Federal na pista de entrada ou de saída; que não sabe o queele faz;

que conhece o Sr. Reginal Amorim, também conhecido como "Abacate", porque ele tambémfrequenta a região da Ponte; que viu ele "circulando por ali", porque por ali há umacirculação de várias pessoas, e então eles gravam a fisionomia, que ali é complicadotrabalhar, então algumas pessoas eles conseguem conhecer "de vista"; que não o viu nem serecorda de tê-lo visto indo ou voltando para o Paraguai nesses últimos tempos, nemconversando com algum Policial Federal ou agente da Receita;

que não conhece a Sra. Neide Botelho Martins;

que não conhece o Sr. Júlio César da Silva;

que conhece o Sr. Ocimar Alves de Moura, o "Moura";

(...)

Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, a ré MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDAnegou genericamente que tenha praticado qualquer dos crimes imputados na denúncia, mas

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confirmou que era proprietária e usuária do terminal telefônico de n° (45) 9114-8821 e dofixo 525-2752:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que seu telefone residencial é 525-2752, e o móvel é 91148821;

(...)

No decorrer das investigações o elo de ligações, além de sua identificação comointerlocutora contumaz do terminal telefônico mostram que MARIA DE LOURDES COSTARODRIGUES MIRANDA era também usuária do terminal fixo nº (45) 525-1788 (Evento 8 -ANEXO301, página 108 e 109).

Depreende-se do contexto do diálogo travado entre um homem não identificadoe o intermediário Júlio que, no dia 09/12/2002, Agentes da Polícia Federal que seencontravam de serviço estavam dispostos a facilitar o contrabando/descaminho, mas osenvolvidos resolveram suspender em razão da possível presença da Auditora Fiscal MiriamMardegan, bem como da Lourdinha:

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@ HNI X JÚLIODATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO09/12/2002 11:09:37 09/12/200211:10:45 00:01:08ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4591043127 4591043127RESUMODIÁLOGOHNI: - Nada, né?JÚLIO:-Nada.HNI: - E depois?Júlio: - Depois tem que ver se é o DAMBRÓZIO (APF) que vai estar lá - o BAMBAM. Se for o Bambam,e a mulher não ter chegado, aí é roque a tarde inteira. HNI: Se não, não. Júlio: Não, de manhã semchance. Não é pelo PADILHA não. O PADILHA (APF) conversou duas vezes com o pessoal. O pessoalnão quer, não quer, não quer. É aquela turma que tava com Miranda na semana passada - nãoquiseram mesmo. O Padilha falou Júlio, vamos deixar quieto, porque a Lurdinha tá aí, ta arrepiando...Não vamos mexer não, que não quero me incomodar... 12:45 hs tou lá embaixo, pra ver se é o Bambamque chega, se for é roque a tarde inteira.

Aparentemente, a servidora da Receita Federal MARIA DE LOURDES COSTARODRIGUES MIRANDA, mantinha um certo rigor na fiscalização, demonstrando que aindanão pactuava com as atividades ilícitas praticadas pelos servidores públicos federais nafacilitação do contrabando/descaminho.

Contudo, no dia 03/02/2003, Lourdes/Lurdinha manteve contato telefônico como APF Moura, que disse que retornaria a ligação para marcarem para se encontrarem:

TELEFONE NOME DO ALVO4599754894 ALVO 10INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOLOURDES/Lurdinha x APF MOURAPATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO

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2/3/segunda-feira 12:49:02 2/3/segunda-feira 12:49:51 00:00:49ÁLVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599754894 4591148821 4591148821DIÁLOGOMOURA diz que está na Ponte da Argentina e marca apontamento a tarde. Diz que quando for levar ocarro na pista, liga pra Ela para se encontrarem.

Naquele mesmo dia, o Maria de Lourdes Costa Rodrigues Miranda telefonanovamente para o APF Moura, que passa o endereço e a convida para vir em sua casa:

TELEFONE NOME DO ALVO4599754894 ALVO 10INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOLOURDES/Lurdinha x APF MOURADATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/3/segunda-feira 20:09:39 2/3/segunda-feira 20:13:03 00:03:24ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599754894 4591148821 4591148821DIÁLOGOMOURA chama LOURDES para vir na casa dele, que fica junto do LÍDIA, no Jardim Elísia - na Av dasCataratas, entra no Restaurante Japonês (no final da rua-Imigrantes), entra a direira, mão dupla aesquerda, faz o balão e volta a casa fica atrás da Torre, n° 71; muro verde com portão branco: otelhado está de duas cores; tem tijolos na frente a casa. Marcam o encontro daqui a uma hora.

A partir daquele encontro com o APF Moura, Maria de Lourdes passou a sercitada em conversas entre contrabandistas e intermediários como mais uma servidora queteria aderido ao esquema de facilitação de contrabando/descaminho. É o que se depreende dainterceptação telefônica autorizada judicialmente que segue:

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/COMENTÁRIONEIDE x JÚLIODATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/10/segunda-feira 10:12:53 2/10/segunda-feira ]0:13:38 00:00:45ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4591032294 4591032294DIÁLOGONEIDE pergunta o preço. JÚLIO diz que ê 200. NEIDE diz não da não. JÚLIO diz que falou pra LOURDINHA, que é quem está dando as cartas lá em cima. E tem outra, não pode dobrar os bancostambém. De tarde é o WATANABE, aí dá, e acho que dá até grande. NEIDE diz que vai esperar para detarde.

Por ocasião do seu depoimento pessoal, a ré MARIA DE LOURDES COSTARODRIGUES MIRANDA disse que não sabe e não tem ideia do que pode ser essasconversas entre esse Júlio e essa Neide, que não tem contato com nenhuma dessas pessoas,não sabe quem é, e não entende por que eles usaram seu nome.

O intermediário Júlio deixa claro, em diálogo com senhora Neide, oenvolvimento da ré Maria de Lourdes Costa Rodrigues Miranda em suposto esquema defacilitação de passagem de produtos ilegais. Nesta ocasião fica evidente que, juntamente comsenhor Watanabe, a senhora Maria de Lourdes Costa Rodrigues é tida como facilitadora.

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOJÚLIO x CARLÃODATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO

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2/10/segunda-feÍra 10:15:I2 2/10/segunda-feira 10:16:41 00:01:29ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4591043)27 4599750392DIÁLOGOJÚLIO fala que só pequeno. CARLÃO difil que quem vai passar é a NEIDE. Júlio diz que de manhã éduzentos sem tombar o banco, mas é a LOURDINHA. TÚLIO diz que conversou com o PADILHA (APF)e Ele foi conversar com Ela, mas Ela disse-lhe que como que nâo dá, se a semana foi trabalhadoassim? Júlio disse que ficou sem ação. JÚLIO diz que acha que o WATANABE (APF) vai peitar agrande a tarde.

Minutos após o diálogo com Neide, o intermediário Júlio telefona para Carlão,outro integrante da organização espúria, para informar as condições para que Lourdinhapraticasse a facilitação ao contrabando/descaminho.

Não encontra respaldo a alegação da servidora MARIA DE LOURDES COSTARODRIGUES MIRANDA em seu depoimento, dizendo que estava indignada com essasituação. Tanto que, na sequência, refere que era normal ocorrer o recolhimento pelosviajantes-contribuintes de "caixinha" para "contribuir" com os fiscais:

(...) porque isso ocorre muito ali, e que a própria Receita se interessou em informar aosviajantes-contribuintes que não era para recolher caixinha; que não se lembra o ano que issoaconteceu, acredita que fazem mais de dois anos, mas que isso é normal, como falouanteriormente, as pessoas que você nunca viu chegam cumprimentando, falando seu nome;que não consegue entender essa primeira ligação, onde dizem que ela "estava arrepiando",que tinha recém começado a trabalhar na Ponte, não sabe o que eles quiseram dizer comisso; (...)

No diálogo entre o intermediário Júlio e Sombra (outro integrante da quadrilha),no final da manhã do dia 10/02/2003, fica claro qual era o valor da propina cobrada peloservidores públicos que facilitavam o contrabando/descaminho, no turno da manhã (entreeles, a servidora Maria de Lourdes). Porém, tal valor estava além do tradicionalmentecobrado, razão pela qual resolveram deixar para o períodos da tarde:

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOSOMBRA x JÚLIODATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO2/10/segunda-feira 11:03:46 2/10/segunda-feira 11:04:12 00:00:26ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4591141807 4591141807DIÁLOGOJÚLIO diz que vai passar de tarde com o WATANABE (APF), porque ninguém quis agora deestão pedindo 200 no pequeno.

Assim, a defesa da servidora MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUESMIRANDA não se desincumbiu de afastar a alegação do Ministério Público Federal deprática de ato de improbidade administrativa.

A ré MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, quandotrabalhava em escala de plantão na Aduana, infringia seus deveres funcionais e, mediantepagamento/recebimento de dinheiro, permitia a entrada no país de mercadorias estrangeirasprovenientes do Paraguai, com ilusão/burla do tributo devido, o que revela que praticava atosde improbidade administrativa.

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Embora absolvida na esfera criminal, nos termos do artigo 386, Inciso VII, doCódigo de Processo Penal, verifica-se suficientes as provas de que a ré MARIA DELOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA participou intensamente do esquema ilegal,promovendo a facilitação do contrabando, através da Ponte Internacional da Amizade,mantendo vínculo associativo estável com outros corréus, para a consecução das condutasdelituosas, em flagrante afronta aos princípios da administração pública.

Assim, não paira qualquer tipo de dúvida de que a ré MARIA DE LOURDESCOSTA RODRIGUES MIRANDA, com o auxílio dos demais corréus servidores públicos eintermediadores/contrabandistas, efetivamente cometeu ato de improbidade administrativa,atentou contra os princípios da administração pública, por meio da introdução clandestina noterritório brasileiro de mercadorias contrabandeadas e/ou descaminhadas de origemestrangeira sem a devida comprovação da regularidade fiscal, violando os deveres dehonestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade ao Estado Brasileiro.

Restando claro que as provas defensivas não se prestaram para afastar a higideze a contundência daquelas produzidas em desfavor da ré MARIA DE LOURDES COSTARODRIGUES MIRANDA, de modo que resta evidenciada a sua responsabilidade pelaafronta aos princípios da administração pública, que representa uma das espécies previstasem Lei para configurar a improbidade administrativa.

Não descuido do fato de que, após condenação em primeira instância, a réMARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA teve a sentença reformada paraabsolvê-la, com base no artigo 386, Inciso VII, Código de Processo Penal. Contudo, o motivode tal absolvição não é suficiente para afastar a prática de atos de Improbidade Administrativapelo Juízo Cível.

Questionada por ocasião de seu interrogatório perante o Juízo Criminal, a réMARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA declarou que, à época dos fatos(03/2003), possuía uma renda que girava em torno de R$ 3.500,00, líquidos, que utilizo comoparâmetro para a fixação da multa civil a ser impingida à mencionada ré.

Ademais, é de se destacar que MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUESMIRANDA era participante assíduo da Organização, não somente sendo citado peloscontrabandistas mas também sendo reconhecida como o própria interlocutora deligações interceptadas, motivo pelo qual majoro a pena de multa civil em 40 vezes osalário percebido pela ré na época.

Impõe-se também a ré MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUESMIRANDA a pena de perda do cargo de Técnica da Receita Federal. Isso porque a condutapor ela perpetrada foi de extrema gravidade, afrontando diretamente a dignidade da funçãopública por ela exercida e os princípios da administração pública, sendo incompatível que aagente, após usar o aparato institucional da Receita Federal para dar cobertura e facilitar ocontrabando/descaminho, prossiga atuando como Técnica da Receita Federal.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OSPEDIDOS formulados pelo Ministério Público Federal, nos termos do artigo 487, inciso I, do

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CPC e condeno MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA aopagamento de multa civil no valor de 30 (trinta) vezes a média da rendaautodeclarada, perfazendo um total de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais),válida para março de 2003.

O valor da condenação será atualizado monetariamente pelo INPC, desde oevento danoso, e sofrerá a incidência de juros moratórios, no patamar de 1% ao mês, tendopor termo inicial a presente data.

Sem condenação em custas e honorários, tendo em vista o disposto no artigo 18da Lei nº 7.347/85.

2.3.9. Grupo de servidores da Polícia Rodoviária Federal

Pelas interceptações telefônicas autorizadas pelo juízo da ação penalcorrespondente, verificou-se provável participação de Policiais Rodoviários Federais noesquema propagado de facilitação ao contrabando/descaminho, investigado no âmbito daconhecida "Operação Sucuri".

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@@JULIO X HNIATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO7/01/2003 12:08:34 07/01/2003 12:09:10 00:00:36ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4599763592 4599763592DIÁLOGO9976 3592 (provavelmente APF) liga novamente para Júlio e pergunta quanto é que tem quemandar para o Júlio. Júlio responde: "Vê quanto é que da para me pagar." HNI diz que estámandando mais trinta para o PRF e trinta para o Júlio.

Resta examinar individualmente as imputações trazidas pelo Ministério PúblicoFederal e ponderar as alegações da defesas e as provas produzidas nos autos.

2.3.9.1. Ailton de Freitas Braga Filho

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação ao réu em questão (autos nº2003.70.02.004488-7, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 14/05/2013 - Absolvido):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES,

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5012305-05.2012.4.04.7002 700006758162 .V969

LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, já qualificados, pelaprática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamento no artigo 386,inciso IV, do Código de Processo Penal.

f) Condenar JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUESe LUIZ CARLOS BAÚ, já qualificados, nas penas cominadas aos crimes de corrupção passivaqualificada e facilitação contrabando e/ou descaminho, praticados em concurso formal e emcontinuidade iletítiva, tipificados nos artigos 317, § 1º, e 318, combinados com os artigos 70e 71, iodos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus para o fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVA EFACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004488-87.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 25/04/2013)

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ele relativa.

Notificado (18/02/2009 - Evento 8, CARTA PR119, Página 7), o réu AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO apresentou defesa preliminar (Evento 8, PET123), cujosargumentos foram afastados por ocasião da prolação da decisão que recebeu a petição inicial.

Citado (16/07/2010- Evento 8, CARTA PR217, Página 5), o réu AILTON DEFREITAS BRAGA FILHO apresentou Contestação (Evento 8, CONTESTA249) na qualnovamente suscitou questões preliminares, e, no mérito, defende que seja reconhecido que osfatos narrados não constituem improbidade administrativa, restando de todo atípica a condutae a imputação pretendidas, que importam na improcedência dos pedidos da presente AçãoCivil Pública de Improbidade Administrativa.

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Intimada (Evento 692), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), o réu AILTON DEFREITAS BRAGA FILHO apresentou rol de testemunhas.

Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, AILTON DE FREITAS BRAGA FILHO foi absolvida,nos termos do artigo 386, Inciso VII, do Código Penal, com trânsito em julgado em14/05/2013.

Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claro queAILTON DE FREITAS BRAGA FILHO tinha relacionamentos de conhecimento e amizadecom alguns dos intermediadores e demais servidores públicos corruptos, envolvidos noesquema de facilitação ao contrabando/descaminho na Ponte Internacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que tem conhecimento da denúncia e sabe porque está sendo processado; que não praticou tais crimes;que não solicitou ou recebeu em qualquer ocasião valor ou vantagem indevida para não fiscalizar osveículos provenientes do Paraguai com mercadorias lá adquiridas ou para as fiscalizar de modofictício, liberando tais veículos; que não facilitou tais atos de qualquer forma; que não aceitoupromessa de vantagem indevida para fazer isso; que não se associou com os demais réus para praticaressas ações, que configurariam, em tese, os crimes de corrupção passiva e facilitação de contrabandoou descaminho;

Conhece Gilberto Lass, Otávio Luiz Villa, Luiz Carlos Baú, por circunstâncias profissionais, tendosido esse último, também em função de prisão em conjunto;

Não conhece, exceto de avistamento corriqueiro, Marco Roberto Souza, Julio César Vieira Pereira,José Alves Morato Neto, Paulo Biskup de Aquino;

Não conhece Nabil Assad Bou Ltaif, Neide Botelho Martins, Júlio Cesar da Silva, Moisés Nacfur,Nelson Arnaldo Benites, Reis Fernandes da Silva, João Corrêa Vieira Filho.

(...)

Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, o réu Ailton de Freitas Braga Filho negou genericamente quetenha praticado qualquer dos crimes imputados na denúncia, mas confirmou que eraproprietário e usuário do terminal telefônico de n° (45) 99753438:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

Disse que seu telefone era 99753438; o do seu filho 99642551; que também utilizava99753438; que seu fixo era 523-6277;

(...)

Não houve interceptações diretas relacionadas aos números de telefonesmencionados/reconhecidos pelo réu Ailton de Freitas Braga Filho, por ocasião da colheita de

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seu depoimento.

Verifica-se pelo fluxograma de elos de ligações que, em relação ao réu Ailtonde Freitas Braga Filho, há referência apenas à identificação de sua voz em interceptaçõesefetivadas no terminal telefônico nº (45) 5221328 que, mais adiante, foi constatado tratar-sedo telefone do posto da PRF (Evento 8 - ANEXO301, página 50).

As ligações interceptadas envolvendo o terminal telefônico nº (45) 5221328tiveram origem ou alvo o telefones dos corréus nos presentes autos Otávio Luiz Villa (Villa -99765247) e Gilberto Lass (99753236), bem como Júlio César Vieira Pereira (99750644) eReis Fernandes da Silva (99771045), que foram processados e julgados nos autos nº5012768-73-2014.404.7002, todos interceptados por ordem judicial no âmbito da AçãoPenal.

Não há transcrições de diálogos interceptados das conversas relacionadas aotelefone do posto da PRF, de forma que, pelo monitoramento, não há como afirmar que asconversas lá travadas pudessem se referir a qualquer tipo de atividade ilícita eventualmentepraticadas por seus interlocutores.

Não descuido do fato de que, na sequência das investigações, constatou-se quehaveria mais de um Carioca envolvido no esquema de facilitação ao contrabando/descaminho(como no referido terminal telefônico nº 4591066490), contudo, a própria defesa de Ailtonde Freitas Braga Filho reconheceu o réu como interlocutor do diálogo mencionado notrecho a seguir:

TELEFONE NOME DO ALVO4599774198 ALVO 6INTERLOCUTORES/COMENTÁRIOCARIOCA x NEWDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO1/31/sem-feira 19:47:57 1/31/sexta-feira 19:48:36 00:00:39ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599774198 91088187 4599774198DIÁLOGOCARIOCA UTILIZANDO O TELEFONE DE BATATA LIGA PARA NEW E PEDE PARA ELE PASSAR PORLÁ QUE ELE VAI EMBORA ÀS 8 HORAS.

Em seu depoimento o réu Ailton de Freitas Braga Filho admitiu ter tomadoem empréstimo o telefone do atravessador Nelson (Batata) e que o interlocutor New era seucolega de futebol:

Estava de plantão em 31/1. Recordou que utilizou o telefone do senhor Nelson Batata,mesmo sem conhecê-lo, disse ter ido adquirir um cartão telefônico e mediante a negativateve a oferta desse senhor Batata para utilizar o seu para tal ligação. Como descrito a seguirem suas próprias palavras: "pô. tinha que dar uma ligada, não tem cartão em lugarnenhum". Ele falou "Não, usa meu telefone aqui!". Conhece o tal Nil ( citado anteriormente), disse tratar-se de filho de uma senhora dona de uma empresa de turismo, conhecendo-o departidas de futebol entre amigos. Afirmou ter jogado futebol nesse dia, na quadra do MoisésAndrade, no parque; jogou junto de Benedito, Marquinho, pessoal do Paraguai. Embora,perante a autoridade policial, tenha dito não conhecê-lo e durante este interrogatório, comodemonstrado adiante, diz ter marcado jogo de futebol com ele, explicando que o fez por estar

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emocionalmente abalado com a prisão, tendo assinado depoimento sem prestar a devidaatenção; seu advogado senhor Dr. José Passos, também estava presente como está tambémnesse interrogatório.

Ainda que se verifique a excentricidade da alegação de Ailton de Freitas BragaFilho, que sustenta que tomou emprestado o telefone celular de uma pessoa sem conhecê-la,o conteúdo do diálogo interceptado não é suficiente a caracterizar qualquer ilicitude por partedo mencionado réu.

Por outro lado, a testemunha Benedito José Pereira (Evento 1657) disse que oréu tinha o apelido de "Carioca" e o conhece de quando prestava serviço na PRF, período emque também jogava futebol e participava de churrascos nos finais de semana com Ailton deFreitas Braga Filho:

Questionado pelo procurador do réu Ailton de Freitas Braga Filho (Dr. Renato MartinsLopes, OAB nº 13.973): disse que conheceu o réu na época em que ele servia na PolíciaRodoviária Federal, que jogava futebol com o réu e participava de churrascos com o réu e afamília no final de semana; que soube que o réu teve alguns problemas em operações queaconteceram na região, mas não sabe o que aconteceu com o processo referente a isso; quenunca soube de desvio de condutas ou de práticas de atos ilícitos do réu, e que ficou surpresoquando teve conhecimento, através da mídia, que o réu tinha sido indiciado; que não temconhecimento sobre os fatos do processo, sabendo apenas dos fatos veiculados pelaimprensa; que o réu aparentava ser uma pessoa coerente e honesta.

Questionado pelo Ministério Público Federal: disse que o réu tinha o apelido de "carioca".

Há que se ressaltar que a defesa, embora tenha arrolado outras diversastestemunhas, no decorrer da ação desistiu da oitiva de Armando Alves de Souza (Evento2574), Claudemir Alves Assunção (Evento 2254), Eideni Paulo Pedralli (Evento1715), Márcio Siqueira de Amorim (Evento 2254), Milton Machado (Evento 2346) e WilmarSerrano dos Santos (Evento 1657).

Moisés Machado (Evento 1634) que, antes de se aposentar, trabalhou comosuperior hierárquico do réu Ailton de Freitas Braga Filho, prestou testemunho de cunhoabonatório, não acrescentando nenhum conhecimento específico em relativos aos fatos queforam investigados no âmbito da "Operação Sucuri".

Em relação ao plantão do dia 7/01/2003, o PRF Ailton de Freitas Braga Filhoafirmou que esteve em serviço entre o perídos das oito às vinte horas, mas não souberesponder se, neste dia, esteve em alguma ocasião nas proximidades da PIA:

Recorda que estava de plantão no dia 7/1/2003, entre 8 e 20 horas. Quando relatado aseguinte interceptação telefônica : "Existe uma ligação interceptada; um diálogo Travadoentre Nelson e Abacate nesse dia sete de janeiro de dois mil e três, às oito horas e trinta equatro minutos, na qual Batata liga para Abacate e pede que ele desça para conversar com oPRF Carioca a fim de negociarem o preço" o réu disse não ter recebido qualquer oferta devalor escuso e ainda que se alguém o fizesse ele prenderia de pronto. Disse não ter tidoqualquer oferta de "Abacate ou Batata" Reiterou que no dia 7/1/2003 ele conduziu aresolução do assalto com turistas holandeses na BR-277 e uma apreensão de 50 gk demaconha no Trevo da Av. Paraná. Não soube responder se neste mesmo dia 7/1/2003 esteve

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em alguma ocasião na PIA entre 8 e 20 horas.

Neste mesmo dia, Nelson (Batata) e Reginal Amorim (Abacate), queintermediavam contrabandistas e servidores públicos facilitadores decontrabando/descaminho, fizeram referência ao PRF CARIOCA:

TELEFONE NOME DO ALVO4599774198 ALVO 6INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@@NELSON X ABACATEDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO07/01/2003 08:34:57 07/01/2003 08:35:40 00:00:43ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599774198 91063901 4599774198DIÁLOGOBatata liga para o Abacate e pede que ele desça para conversar com o PRF CARIOCA, a fim denegociarem o preço.

Embora Nelson (Batata) tenha pedido para Reginal Amorim (Abacate) descer econversar com o PRF CARIOCA, a fim de negociarem o preço, a parte autora não sedesicumbiu de desmonstrar que tal negociação tinha efetivamente ocorrido.

Este trecho, interceptado no dia 11/01/2003, revelando diálogo entre Nelson(Batata) e um homem não identificado (o primeiro supõe que se não pagarem cinquenta reaise o CARIOCA (PRF) "pegasse" os veículos, poderia exigir entre quinhentos e mil reais),mostra-se, de certa forma, comprometedor.

TELEFONE NOME DO ALVO4599774198 ALVO 6INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO©NELSON X HNIDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO11/01/2003 08:25:15 11/01/2003 08:26:54 00:01:39ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599774198 4591035134 4591035134DIÁLOGOBatata orienta HNI a pagar os cinqüenta reais do CARIOCA (PRF), pois se ele pegar os carros vai serpior - irá exigir entre quinhentas e mil (reais).

Entretanto, tais citações não são provas suficientes a comprovar o envolvimentodo réu Ailton de Freitas Braga Filho no esquema ilícito perpetrado pela quadrilha, queatuava no contrabando/descaminho na região da Aduana da Ponte Internacional da Amizade.

Entendo que as provas produzidas nos presentes autos são insuficientes paracondenar o réu Ailton de Freitas Braga Filho por ato de improbidade administrativa.

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido veiculado na inicial, em relaçãoao réu Ailton de Freitas Braga Filho, extinguindo o processo com resolução do mérito(artigo 487, I, CPC), nos termos da fundamentação.

Sem custas e sem honorários advocatícios, em conformidade com os termos doart. 18 da Lei nº 7.347/85.

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2.3.9.2. Gilberto Lass

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação ao réu em questão (autos nº2003.70.02.004487-5, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 10/05/2013 - Absolvido):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, já qualificados, pelaprática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamento no artigo 386,inciso IV, do Código de Processo Penal.

g) Condenar OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS já qualificados, nas penas cominadasaos crimes de corrupção passiva qualificada e faclitação contrabando e/ou descaminho,praticados em concurso formal e tipificados nos artigos 317, § 1º, e 318, combinados com oartigo 70, todos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus para o fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVAE FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004487-05.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 23/04/2013)

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ele relativa.

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação de

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improbidade a ele relativa.

Notificado (15/09/2008 - Evento 8, CARTA PR76, Página 8), o réu GilbertoLass apresentou defesa preliminar (Evento 8, PET123), cujos argumentos foram afastadospor ocasião da prolação da decisão que recebeu a petição inicial.

Citado (14/07/2010- Evento 8, CARTA PR219, Página 5), o réu Gilberto Lassapresentou Contestação (Evento 8, CONTESTA250) na qual novamente suscitou questõespreliminares, e, no mérito, defende que seja reconhecido que os fatos narrados nãoconstituem improbidade administrativa, restando de todo atípica a conduta e a imputaçãopretendidas, que importam na improcedência dos pedidos da presente Ação Civil Pública deImprobidade Administrativa.

Intimada (Evento 702), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), o réu Gilberto Lassapresentou rol de testemunhas.

Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, Gilberto Lass foi absolvida, nos termos do artigo 386,Inciso VII, do Código Penal, com trânsito em julgado em 14/05/2013.

Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claro queGilberto Lass tinha relacionamentos de conhecimento e amizade com alguns dosintermediadores e demais servidores públicos corruptos, envolvidos no esquema de facilitaçãoao contrabando/descaminho na Ponte Internacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que tem conhecimento da denúncia e sabe porque está sendo processado; que não solicitou ourecebeu, em qualquer ocasião, valor ou vantagem indevida para não fiscalizar os veículosprovenientes do Paraguai, com mercadorias lá adquiridas ou para os fiscalizar de modofictício, liberando tais veículos, e nem aceitou promessa de vantagem indevida para fazerisso; que não facilitou de qualquer forma, deixando de fiscalizar as mercadorias oufiscalizando os veículos de forma fictícia, liberando a passagem de mercadorias adquiridasdo Paraguai; que não se associou com os demais réus para praticar essas ações queconfigurariam, em tese, os crimes de corrupção passiva e facilitação de contrabando oudescaminho;

que não conhece Francisco Antenor Júnior Rocha;

que conhece Júlio César Vieira Pereira (Júlio Macarrão). O conhece do serviço. Tiveramoportunidades em serviço no Posto de Santa Terezinha de Itaipu, e Júlio trabalhava na SO daPolícia Federal, e eles iam lá fazer serviço de fiscalização, e o conheceu assim, mas só oconhece de serviço. Dificilmente o via. Júlio também participou dessas escoltas paraautoridades, então o conhecia [dali]. Foram diversas vezes [que participaram de escoltaspara autoridades] ao longo dos 14 anos que trabalha na Polícia Rodoviária aqui em Foz do

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Iguaçu. Há muito tempo não vê ele. Não sabe em que setor ele trabalha na Polícia Federal.Não o viu ali na Ponte da Amizade nas vezes que trabalhou ali, e que trabalham em umregime de escala, trabalham um mês na ponte, um mês no posto em Santa Terezinha;

que Otávio Luiz Villa é seu colega de serviço da Polícia Rodoviária;

que não conhece Jorge Pereira de Brito (Tesourinha)

(...)

Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, o réu Gilberto Lass negou genericamente que tenha praticadoqualquer dos crimes imputados na denúncia, mas confirmou que era proprietário e usuário doterminal telefônico de n° (45) 9975-3236 e 541-2848:

Que seus telefones eram 9975-3236 e 541-2848.

As ligações interceptadas envolvendo o terminal telefônico nº (45) 9975-3236tiveram origem ou alvo o telefones dos corréus nos presentes autos Otávio Luiz Villa (Villa -99765247) e Ailton de Freitas Braga Filho (5221328), bem como Jorge Pereira de Brito(Tesourinha - 99778828), que foi processado e julgado nos autos nº5012768-73-2014.404.7002 e também Francisco Antenor Junior Rocha (5289226),processado e julgado nos autos 5012762-66.2014.4.04.7002, todos interceptados por ordemjudicial no âmbito da Ação Penal.

Contudo, não há transcrições de diálogos interceptados das conversasrelacionadas ao telefone do réu Gilberto Lass, de forma que, pelo monitoramento, não hácomo afirmar que as conversas lá travadas pudessem se referir a qualquer tipo de atividadeilícita eventualmente praticadas por seus interlocutores.

Não é demais observar, pelo fluxograma de elos de ligações, que o telefonevinculado ao réu Ailton de Freitas Braga Filho é do terminal nº (45) 5221328 que, maisadiante, foi constatado tratar-se do telefone do posto da PRF (Evento 8 - ANEXO301, página50).

No trecho a seguir, consta diálogo interceptado com autorização judicial, onde ointermediário Júlio, em conversa com um homem não identificado, faz referência ao policialrodoviário Lass:

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/C OMENTÁRIO@ Júlio x HNIDATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO19.02.03 5:34:37 19.02.03 5:35:08 00:00:31ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4591034403 4599750392DIÁLOGOJúlio liga e diz que os Rodoviários são o Lass e o Villa... chegou ali... já conversei com eles. Júlio dizque os Rodoviários pediram pra avisar que não é para parar aqui não, eles falaram para o Júlio que épara pegar o negócio e o próprio Júlio trazer aqui. HNI diz que Careca tá aí na frente lá. Júliopergunta quem. HNI diz que o Careca tá na frente e ele tá aqui ainda, pois ele vai sair agora. Júlio

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manda ele vim sossegado. Adiante, a ligação caiu.

Entretanto, entendo que tal citação, unicamente, não é prova suficiente acomprovar o envolvimento do réu Gilberto Lass no esquema ilícito perpetrado pela quadrilha,que atuava no contrabando/descaminho na região da Aduana da Ponte Internacional daAmizade.

José Carlos Fernandes, José Soares dos Santos e Waldir Venialvo Magalhães(Evento 1657) prestaram testemunho de cunho abonatório, não acrescentando nenhumconhecimento específico em relativo aos fatos que foram investigados no âmbito da"Operação Sucuri".

Entendo que as provas produzidas nos presentes autos são insuficientes paracondenar o réu Ailton de Freitas Braga Filho por ato de improbidade administrativa.

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido veiculado na inicial, em relaçãoao réu Gilberto Lass, extinguindo o processo com resolução do mérito (artigo 487, I, CPC),nos termos da fundamentação.

Sem custas e sem honorários advocatícios, em conformidade com os termos doart. 18 da Lei nº 7.347/85.

2.3.9.3. Otavio Luiz Villa

Em observância à propalada independência das instâncias civis e penais, bemcomo a fim de evitar afronta ao Art. 935, do Código Civil Brasileiro, considero necessárioconhecer o teor da decisão no juízo criminal em relação ao réu em questão (autos nº2003.70.02.004487-5, desmembrada da Ação Penal nº 2003.70.02.001463-9 - com trânsitoem julgado em 10/05/2013 - Absolvido):

d) Absolver JOSÉ CARLOS DE ABRANTES FERREIRA, MARCO ROBERTO SOUSA, EDGARAPARECIDO DE SOUZA, MARIA DE LOURDES COSTA RODRIGUES MIRANDA, AILTONDE FREITAS BRAGA FILHO, GLÓRIA DE MARIA PEREIRA DE SOUZA RODRIGUES, LUIZ CARLOS BAÚ, OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS, já qualificados, pelaprática do delito descrito no artigo 288 do Código Penal, com fundamento no artigo 386,inciso IV, do Código de Processo Penal.

g) Condenar OTÁVIO LUIZ VILLA e GILBERTO LASS já qualificados, nas penascominadas aos crimes de corrupção passiva qualificada e fadlitação contrabando e/oudescaminho, praticados em concurso formal e tipificados nos artigos 317, § Io» e 318,combinados com o artigo 70, todos do Código Penal.

A e. 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,decidiu dar provimento às apelações dos corréus para o fim de absolvê-los das imputaçõesfeitas na denúncia e negar provimento à apelação do Ministério Público Federal:

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SUCURI. CORRUPÇÃO PASSIVA

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E FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO514 DO CPP. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. LEI 9.296/96. PRORROGAÇÃO.ADEQUAÇÃO. PERÍCIA NOS ARQUIVOS DE ÁUDIO. DESNECESSIDADE. TIPICIDADE.CONCURSO DE CRIMES. CONSUNÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADASATISFATORIAMENTE. DÚVIDA. ABSOLVIÇÃO. ARTIGO 386, VII, DO CPP.

1. Pelo teor da peça acusatória, verifica-se ser ela formalmente apta ao fim a que se destina,atentando às exigências do artigo 41 do Código de Processo Penal, de modo que não há falarem inépcia a ser reconhecida. Encontra-se alcançado pela preclusão o debate acerca dainaptidão da denúncia, quando aventado após a sentença penal condenatória. Precedentes.

(...)

11. Ausentes elementos que corroborem a participação efetiva dos corréus no esquemacriminoso, não há prova suficiente para a condenação, razão pela qual a absolvição émedida que se impõe, in casu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de ProcessoPenal. (TRF4, ACR 0004487-05.2003.4.04.7002, OITAVA TURMA, Relator GILSON LUIZINÁCIO, D.E. 23/04/2013)

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ele relativa.

Como na ação penal não se conclui pela inexistência do fato ou autoria nasquestões que envolvem o réu em análise, autorizado está o prosseguimento da ação deimprobidade a ele relativa.

Notificado (16/08/2008 - Evento 8, MAND26, Página 13), o réu OTAVIO LUIZVILLA apresentou defesa preliminar (Evento 8, PET123), cujos argumentos foram afastadospor ocasião da prolação da decisão que recebeu a petição inicial.

Citado (14/06/2010- Evento 8, MAND182, Página 2), o réu OTAVIO LUIZVILLA apresentou Contestação (Evento 8, CONTESTA248) na qual novamente suscitouquestões preliminares, e, no mérito, defende que seja reconhecido que os fatos narrados nãoconstituem improbidade administrativa, restando de todo atípica a conduta e a imputaçãopretendidas, que importam na improcedência dos pedidos da presente Ação Civil Pública deImprobidade Administrativa.

Intimado (Evento 726), conforme decisão judicial (Processo5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 531 e 625, DESP1, Página 5), o réu OTAVIO LUIZVILLA apresentou rol de testemunhas.

Admitida pelo juízo a utilização de prova testemunhal emprestada, produzida noprocesso criminal (Processo 5012305-05.2012.404.7002/PR, Evento 396, DESP1, Página 4),requerida pelo Ministério Público Federal.

Em sede de Apelação, OTAVIO LUIZ VILLA foi absolvida, nos termos doartigo 386, Inciso VII, do Código Penal, com trânsito em julgado em 14/05/2013.

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Acerca dos vínculos que mantinha com outros codenunciados na ação penalcorrespondente, conforme depoimento pessoal transcrito na ação penal, ficou claro queOTAVIO LUIZ VILLA tinha relacionamentos de conhecimento e amizade com alguns dosintermediadores e demais servidores públicos corruptos, envolvidos no esquema de facilitaçãoao contrabando/descaminho na Ponte Internacional da Amizade:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que tomou conhecimento da denúncia e sabe porque está sendo processado; que não praticouesses crimes; que não solicitou ou recebeu em qualquer ocasião valor ou vantagem indevidapara não fiscalizar os veículos provenientes do Paraguai, com mercadorias lá adquiridas oupara fiscalizar de modo fictício, liberando tais veículos, nem facilitou tais atos; que nãoaceitou processa de vantagem indevida para fazer isso; que não se associou com os demaisréus para praticar essas ações que configurariam, em tes, os crimes de corrupção passiva efacilitação de contrabando ou descaminho.

que não conhece Júlio César da Silva

Conhece Nelson Arnaldo Benites, conhecido como "Nelson Batata", "Batata" ou "Batatinha";que conhece ele e "Abacate", pois ele [Villa] estava de serviço e eles [Batata e Abacate]presenciaram um assalto; que na Ponte existe uma fila muito grande de veículos e elesestavam descendo sentido Paraguai e ele estava à pé sobre a pista; que eles passaram,presenciaram um "moleque" assaltando, levando uma sacola dentro de um carro, uma bolsadessas de senhora, e saiu correndo; que eles o encontraramr e contaram do assalto e elepediu a eles que, caso prendesse o ladrão, se eles serviriam de testemunha; que anotou onúmero do celular deles para caso precisasse; que isso foi em novembro, salvo engano; queeles sabiam seu nome, pois eles trabalham uniformizados, com o nome na camisa, então éfacil de se ver; que não conseguiu prender o menino e ele fugiu para o Jupira e que ali écomplicado; que pelas características que "Batata" e "Abacate" deram, pelas roupas que oladrão estava usando, ele iria persegui-lo; que ali ocorre muitos assaltos, no trevo do Jupira;que se eles veem a janela aberta e a pessoa usando celular ou com uma correntinha, já"metem a mão" e saem correndo para a favela; que descreveram o ladrão como moreno,claro, com a roupa jeans, jaqueta e estava ali direto; que fizeram buscas [ele e um colega -Maicon, da Polícia Rodoviária Federal] por ali, mas não o localizaram; que fizeram umaronda, pois estavam em três na equipe; que um colega estava estudando, horário defaculdade, então havia uma deficiência e a fila era muito grande, então ele [Villa] estavasubindo a pé justamente para intimidar possíveis ladrões; que antes desse ocorrido nãoconhecia "Batata" e "Abacate"; que às vezes anotam no celular o número das pessoas quandoelas os abordam noticiando que presenciaram um fato que ele não viu, como um assalto; quepossui um bloco de ocorrências, mas no momento estava sem caneta; que trabalhamoperacionalmente na Ponte e naquela hora só tinha o celular para anotar; que "Batata" e"Abacate" sempre estavam ali pela Ponte e o cumprimentavam, mas que não costumavamparar para conversar com ele.

Conhece Reginal Amorim, o "Abacate" [como dito anteriormente];

que conhece Ailton de Freitas Braga Filho, chamado de Ailton e que nunca viu alguém ochamá-lo de "Carioca".

Conhece Gilberto Lass, seu colega de serviço, chamado de Lass;

Da prova emprestada deferida, depreende-se que, por ocasião do interrogatórioperante o Juízo criminal, o réu OTAVIO LUIZ VILLA negou genericamente que tenha

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praticado qualquer dos crimes imputados na denúncia, mas confirmou que era proprietário eusuário do terminal telefônico de n° (45) 9977-5247:

Questionado pela Juíza Dra. Alessandra Günther Favaro, disse:

que o telefone celular que utilizava era o 9976-5247 e o fixo era 5412161, nenhum outro; queé casado e sua esposa possui celular, mas que nunca utilizou o celular dela, cujo número é9114-0991;

(...)

As ligações interceptadas envolvendo o terminal telefônico nº (45) 9977-5247tiveram como origem ou alvo o telefones dos corréus nos presentes autos Gilberto Lass (Lass- 99753236) e Ailton de Freitas Braga Filho (5221328), bem como Reginal Amorim (Abacate- 91080311 e 91063901) e Nelson Arnaldo Benites (Batata - 99774198), que foramprocessados e julgados nos autos nº 5012768-73-2014.404.7002, todos interceptados porordem judicial no âmbito da Ação Penal.

Contudo, não há transcrições de diálogos interceptados das conversasrelacionadas ao telefone do réu Otávio Luis Villa, de forma que, sem monitoramento, não hácomo afirmar que as conversas lá travadas pudessem se referir a qualquer tipo de atividadeilícita eventualmente praticadas por seus interlocutores.

Não é demais observar, pelo fluxograma de elos de ligações, que o telefonevinculado ao réu Ailton de Freitas Braga Filho é do terminal nº (45) 5221328 é o maiscontatado pelo PRF VILLA. Contudo, mais adiante, foi constatado tratar-se do telefone doposto da PRF (Evento 8 - ANEXO301, página 50).

A única transcrição constante dos presentes autos, que faz referência ao nomedo réu Otávio Luis Villa, teve como interlocutores o intermediário Júlio e um homem nãoidentificado:

TELEFONE NOME DO ALVO4599750392 ALVO 4INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO@ HNI x Júlio .DATA/HORA INICIAL DATA/HORA FINAL DURAÇÃO19.02.03 5:30:02 19.02.03 5:31:33 00:01:31ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO4599750392 4591034403 4591034403DIÁLOGOHNI liga utilizando o celular do Careca e fala para Júlio que acabaram de passar por Júlio e pede praJúlio dá uma olhada na rodoviária que o rapaz mandou a gente descer o cacete. Júlio diz que nãoconhece ninguém de lá hoje que tá na rodoviária ali, tem 03 lá e tá parando tudo...eu não conheçoninguém. HNI pergunta se ele não tem jeito de dá uma olhadinha e ver como é que tá lá. Júlio diz quepassou agora e fala: "só como ê que eu vou chegar se eu não conheço os caras". HNI fala para o Júlioesperar um pouquinho e pergunta pro Careca se ele não conhece alguém da rodoviária que tá lá.Careca diz que conhece um tal de Villa. HNI diz para Júlio que Careca conhece um tal de Villa. Júliopede pra HNI mandar o Careca vim na frente e já vai lá e conversar com eles, pois eu não conheçoninguém, não tem como chegar lá. HNI fala: "Porra, agora vamos ter voltar lá então". No fundo,Careca pede pra ele mandar o Júlio ir lá e diz que que é o Villa e o Márcio que tá lá. HNI pergunta senão como Júlio ir lá e manda Júlio falar que é do Careça...pode falar. Júlio diz que vai lá então, masnão conhece ninguém. HNI pede pra Júlio falar para os rodoviários que é do primo da Lilian doCareca. Júlio pergunta: "primo de quem HNI diz que é o primo da Lilian. HNI pede pra Júlío dá uma

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confirmadinha com o Newton(APF) pra eles. Júlio diz que então tá e que vai lá e conversa comele(APF Newton).

Os interlocutores HNI e Júlio relatam possível operação da Polícia RodoviáriaFederal na fiscalização de veículos passantes na Ponte da Amizade. Em dado momento, aodemandar se qualquer deles conhecia alguém dentre os Policiais rodoviários, foi relatado,então, o nome do senhor Otávio Luiz Villa (Villa), resta claro que ao menos o interlocutor"Careca" o conhece de fato e que os demais poderiam usar desse conhecimento embenefício próprio.

Entretanto, entendo que tal citação, unicamente, não é prova suficiente acomprovar o envolvimento do réu Otávio Luis Villa no esquema ilícito perpetrado pelaquadrilha, que atuava no contrabando/descaminho na região da Aduana da PonteInternacional da Amizade.

Anote-se que a defesa, embora tenha arrolado outras diversas testemunhas, nodecorrer da ação, desistiu da oitiva de Carlos Augusto da Cunha, Klaus Augusto Dolinski eNeusa Maria Zipf, conforme homologado no evento 2346.

Jair Vidal Pinto (Evento 1988) e Marcos Hass Mallmann (Evento 2469)disseram em testemunho que conhecem o Otávio Luis Villa, por que trabalharam com ele naPolícia Rodoviária Federal, mas que não sabem de nada que possa desabonar a condua doréu.

Por sua vez, Reni Clóvis de Souza Pereira (Evento 1717) disse que, além deestar exercendo mandado parlamentar no ano dos fatos, não teve conhecimento do réupertencer a alguma organização criminosa para facilitar o contrabando e descaminho naPonte Internacional da Amizade.

Asim, as provas produzidas nos presentes autos são insuficientes para condenaro réu Otávio Luis Villa por ato de improbidade administrativa.

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido veiculado na inicial, em relaçãoao réu Otávio Luis Villa, extinguindo o processo com resolução do mérito (artigo 487, I,CPC), nos termos da fundamentação.

Sem custas e sem honorários advocatícios, em conformidade com os termos doart. 18 da Lei nº 7.347/85.

Havendo recurso de apelação e/ou adesivo, o apelado será intimado paraapresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

Em seguida, remetam-se os autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Transitada em julgada a condenação (art.20 da Lei 8.429/92):

Promova-se a inclusão dos acusados no Cadastro Nacional de Condenados porato de Improbidade Administrativo e por ato que implique Inelegibilidade - CNCIAI1;

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Oficie-se aos órgãos federais a que são vinculados os réus para que cumpram adecisão no que diz respeito à perda da função pública por eles ocupadas.

Sentença publicada e registrada eletronicamente com disponibilização nosistema. Intimem-se as partes.

Documento eletrônico assinado por SERGIO LUIS RUIVO MARQUES, Juiz Federal na Titularidade Plena, na formado artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700006758162v969 e do código CRC4f710365.

Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): SERGIO LUIS RUIVO MARQUESData e Hora: 18/9/2019, às 14:27:29

1. Conforme Resolução 44 de 2007, a inclusão depende do trânsito em julgado: "Art. 3º O juízo de execução da decisãocondenatória transitada em julgado em ações de improbidade administrativa, nos termos da Lei 8.429, de 2 de junho de1992, ou o órgão colegiado que prolatou acórdão condenatório que ocasione a inelegibilidade do réu, nos termos da LeiComplementar nº 64, de 18 de maio de 1990, fornecerá ao CNJ, por meio eletrônico, as informações necessárias paracadastramento dos feitos.(Redação dada pela Resolução nº 172, de 8 de março de 2013)."

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