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As construções das arenas para a Copa do Mundo e o investimento dos clubes em programas de sócio-torcedor, t êm elevado os valores dos ingressos dos jogos e afastado a classe mais humil de dos estádios de futeb ol . Pódio E 4 e E 5 MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015 [email protected]

Pódio - 16 de agosto de 2015

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Pódio - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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  • Mutao da bola

    As construes das arenas para a Copa do Mundo e o investimento dos

    clubes em programas de scio-torcedor, tm elevado os valores dos ingressos dos

    jogos e afastado a classe mais humilde dos estdios de futebol. Pdio E4 e E5

    Pdio E2 e E3DIEGO JANAT

    banzeiro

    MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015 [email protected]

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  • E2 MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    RIC

    AR

    DO

    OLI

    VEIR

    A

    principal era colocar dois ou trs atletas no time principal. A partir da prxima semana teremos es-ses dois atletas no elenco princi-pal, no posso revelar os seus no-mes agora porque ainda estamos negociando com a diretoria.

    PDIO- Danilo Rios e o Char-les tm as mesmas caracte-rsticas de jogo; eles podem continuar atuando juntos?

    PM - Sim, espero contar com esses dois jogadores, mas agora eles esto machucados. Tanto o Charles como o Danilo no pode-ro jogar a prxima partida, mas

    espero contar com os dois, quan-do estiverem prontos. Se tivs-semos mais jogadores como eles certamente entrariam jogando. como se ter Messi e Cristia-no Ronaldo e tentar encaix-los em um mesmo time.

    PDIO - Voc se espelha em algum time especi camente, ou algum treinador para a montagem do seu time dentro de campo?

    PM- No me espelho em ne-nhum clube especi camente, mas em treinadores, sim. Como por-tugus que sou, e pelos ttulos

    que tenho conquistado, procu-ro ganhar o mximo possvel. O Jos Mourinho, para mim, o melhor tcnico do mundo. Logo atrs admiro o trabalho do Andr Villas Boas. No pos-so me espelhar neles porque so realidades diferentes, mas so escolas muito idnticas.

    PDIO - Sonha em treinar alguma equipe no Brasil ou em Portugal especi camente?

    PM- Sim, em termos de carreira, daqui h uns 5 ou 6 anos espero voltar a Portugal e treinar uma equipe do meu pas.

    Tcnico foi es-colhido pelos

    jogadores

    H 4 anos no futebol bra-sileiro, o novo tcnico do Nacional, o portu-gus Paulo Morgado, revela seus projetos frente do Leo da Vila Municipal para a prxima fase da Srie D do Campeonato Brasileiro.

    Morgado assume o time na-cionalino aps a sada do tcnico Aderbal Lana precisando recolo-car a equipe no caminho das vi-trias. Dos 12 pontos disputados na competio, o azulino somou apenas quatro e est fora da zona de classi cao prxima fase do campeonato.

    PDIO - Diante da situa-o do Nacional na Srie D, com apenas quatro pontos, em quatro jogos, voc acre-dita que o time ainda tem chances de classi cao?

    Paulo Morgado - Sim! Ma-tematicamente possvel. Ns estamos somente a trs pon-

    tos do nosso adversrio mais direto, que o Rio Branco-AC. Vamos ter mais quatro jogos pela frente e h possibilidade sim de alcanar esse time. So 10 pontos que temos que fa-zer dos 12 possveis. Temos que faz-los, mas no uma misso fcil. Mas tambm uma misso possvel. Vamos trabalhar o time bem sicamente, deixar a equipe bem preparada, o time motiva-do. Sabemos da responsabilidade que temos nas mos, e por isso precisamos trabalhar rme para alcanarmos esse objetivo.

    PDIO - O plano do Nacional , em 10 anos, estar entre os melhores time do Campe-onato Brasileiro, na Srie A. Voc acredita que possvel alcanar essa meta?

    PM - H sempre possibilida-des. Ns trabalhamos no dia a dia, porque vivemos de resultado. Um tcnico no pode pensar em um projeto de quatro anos por-que vivemos de resultado, da bola

    que entra, da bola que bate na trave, por isso vivo de resultado e no posso projetar a minha carreira sobre esse ponto de vista. Mas, em termos de clube, bom que tenha esse projeto. No importa se seja daqui h 4, 3, ou 2 anos. O que importa hoje que o Nacional consiga essa classi cao, e consiga o acesso a Srie C. A partir da, seria muito vantajoso para este projeto. Essa torcida merece.

    PDIO - Sobre as categorias de base, como voc planeja o aproveitamento dos jovens que vm para o time principal?

    PM - At dois dias atrs eu era o tcnico das categorias de base. Sempre disse que o objetivo era conseguir levar dois ou trs atletas dos juniores para o pro ssional. No era ttulo, era tentar ir o mais longe no campeonato, porque era um time feito basicamente de peneiras, um time que ainda no tinha a qualidade necessria, com alguns juvenis. Mas o objetivo

    STNIO URBANO

    Paulo MORGADO

    O que IMPORTA HOJE que o Nacional CONSIGA ESSA classi cao

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  • E3MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    Willian Dngelo

    Futebol Amazonense no incio do sculo XX

    O futebol chegou no Bra-sil atravs de Charles Miller, filho de pai es-cocs e me brasileira de ascendncia inglesa, que com 10 anos de idade foi estudar na Inglaterra, onde conheceu e se encantou pelo futebol. Retornou ao Brasil em 1894 para trabalhar na So Paulo Rallway Company, trazendo na bagagem duas bolas de futebol, um livro de regras, uniforme e um par de chutei-ras, difundindo o futebol entre os trabalhadores da estrada de ferro, assim como participao na criao da Liga Paulista de Futebol e organizao da equipe do So Paulo Athetic Club.

    Pelo lado do Amazonas, o es-porte breto chegou por vol-ta de 1903, quando os ingleses costumavam realizar duelos de football na praa Floriano Pei-xoto, no bairro da Cachoeirinha, em Manaus. Era uma poca em que o Amazonas passava pelo perodo da exportao da bor-racha, que tinha como principal finalidade atender aos grandes mercados consumidores da Eu-ropa e Estados Unidos, com a capital passando por grandes transformaes.

    Muitas colnias de imigrantes fundaram suas equipes, como os ingleses com o Manos Sport Club (1906) e o Manos Athletic (1908). Os portugueses deram origem ao Luso Football Club (1912), Onze Portugus (1913), Vasco da Gama (1913) e Luzitano Operrio (1914).

    O Campeonato Amazonense de Futebol um dos mais antigos no pas, s perdendo para o Paulista (1902), Baia-no (1905), Carioca (1906) e Paraense (1908). Entre os primeiros craques surgidos no incio do futebol bar, um merece destaque: Cce-ro Costa. em 1909 que o nome de Ccero aparece pela primeira vez na escalao de uma equipe na qual era atacante do Reserve Club. Alm de defender com ma-estria outros tantos times, foi no Nacional, onde pas-sou a jogar a partir de 1913, que o artilheiro se consagrou, a ponto de se tornar campeo estadual pela equipe da estrela azul, como tambm aca-bou sendo contratado pelo Clube do Remo de Belm, onde tambm sagrou-se campeo

    Na histria dos cls-sicos do futebol ama-zonense, aparece o pri-meiro jogo oficial entre o Nacional e o Rio Negro em primeiro de maro de 1914, com uma tremenda goleada do time azulino: 9 a 0. Em partida dis-putada no Bosque Municipal, o Naa venceu com Cravero, Silva, Adail, Luiz, Cyrinco, Santos, Paulo, Ccero, Cazuza e Paiva, com o Galo sendo derrotado com Er-cio, Marinho, Washington, Baslio, Mendes, Lobo, Leopoldo, Ansio, Peres, Cyrillo e Oliveira.

    Vasco de ManausO Club Vasco da Gama foi um

    dos primeiros clubes do Futebol Amazonense. Fundado em 11 de outubro de 1913 na cidade de Manaus, o time no teve nenhuma relao com o primo rico do Rio de Janeiro. Participou dos Cam-peonatos Amazonenses de 1914 e 1915. Sua primeira partida foi realizada no dia 15 de novem-

    bro de 1913 quando perdeu por 4 a 1 do Manos Sporting, no campo do Bosque Municipal.

    Durante sua curta existncia, o Vasco teve como principal rival as equipes do Luso e do Onze Portugus, ambas equipes tam-bm formada por portugueses. Um fato curioso que o clube Bar foi o primeiro Vasco do

    Brasil a praticar o futebol, antes mesmo do que o Vasco carioca, que s criou sua equipe de futebol no final de 1915. Ar-gentino, Martins, Borges, Pinto, Otto, Carneiro, Meyer, Soeiro, Ostereick, Silva e Ablio foi uma das primeiras formaes do Vas-co da Gama.

    COLUNISTA DO PDIO

    Vasco de Manaus mais antigo que o Vasco do Rio de

    Janeiro

    DIVULGAO

  • E4 E5MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    FOTOS: DIVULGAO

    Elitizao do esporte com arenas modernas e ingressos caros, tem gerado crticas principalmente, por afastar os torcedores com menor poder aquisitivo dos estdios

    O futebol brasileiro passa por um momento de transformao na relao com seus torcedores. Desde o ano passado, os clubes decidiram investir de forma pesada nos programas de scio-torcedor, estratgia que, de certa forma, privilegia aqueles que esto dispostos a pagar uma men-salidade para ter privilgio de entrar nos estdios. Mais do que nunca, a palavra mercantilizao est alta.

    No entanto, o fato de os clubes buscarem a evoluo em sua administrao tambm gera crticas, no caso dos defensores do dio eterno ao futebol moderno, que no tem relao, por exemplo, com o es-tilo vencedor de jogo alemo na Copa do Mundo de 2014. O que est em questo , principalmente, a paixo clubstica.

    O futebol moderno comea pela elitiza-o do esporte. Isso acaba afastando os torcedores de baixa renda e os substituindo por meros consumidores, que vo chegar cedo a todos os jogos, comprar camisas, consumir alimentos dentro do estdio e caro sentados o jogo inteiro, como que assistindo a um mero espetculo. O torcedor que vai para car em p, cantar e apoiar o time acaba cando de fora por no ter condies econmicas, resumiu Marcel Nemer, um dos defensores contra a modernizao do futebol e integrante da torcida Camorra 1914, do Palmeiras.

    Trata-se de um modelo de gesto do futebol que objetiva nica e exclusivamen-te aumentar o lucro e o faturamento dos envolvidos. Ele subjuga e ignora todos os outros aspectos do esporte (cultura, his-tria, etc.) e foca suas anlises e tomadas de deciso apenas na questo nanceira, explicou Andr Vidiz, moderador de uma pgina sobre futebol no Facebook.

    O surgimento: Inglaterra dos anos 90O conceito de futebol moderno comeou

    a ser desenvolvido na Inglaterra dos anos 1990, aps a Tragdia de Hillsborough, em abril de 1989. Na ocasio, uma su-perlotao no estdio de Hillsborough, em She eld, causou a morte de 96 torcedores do Liverpool durante a partida contra o Nottingham Forest, vlida pelas semi nais da Copa da Inglaterra.

    A tragdia levou o governo britnico, na poca comandado pela premi Margaret Thatcher, a tomar algumas medidas junto Football Association (FA), federao que comanda o futebol ingls, e os clubes. As autoridades acabaram concluindo que a culpa foi dos torcedores e, ento, iniciou-se um processo de reformulao dos es-tdios: os hooligans, torcedores fanticos famosos pelas confuses dentro e fora dos estdios, passaram a ser punidos e banidos do ambiente esportivo. Os estdios se mo-dernizaram, as regras se endureceram e, consequentemente, o preo dos ingressos subiu drasticamente.

    Hoje em dia, assistir a um jogo de futebol na Inglaterra visto como algo extrema-mente seguro e confortvel. Entretanto, nem tudo so ores. Muito se fala da perda da alma das torcidas, que tm de se resignar aos seus assentos e assistir aos jogos como se fosse uma mera pea de teatro, no conforto de uma poltrona, aplaudindo somente os melhores lances. No estdio do Tottenham, por exemplo, os torcedores no podem car de p, a no ser para comemorar quando o time marca algum gol.

    Os preos so bem salgados. Para ver um jogo do Liverpool pela Premier League, em An eld Road, existem trs categorias: A, B e C, de acordo com a expresso da equipe adversria e a importncia da partida. O ingresso para um duelo contra um time da categoria C, a mais barata, custa, em mdia, 42 libras, o equivalente a R$ 192.

    A situao vem sendo motivo de pro-testos por parte da torcida dos Reds, que, periodicamente, levam faixas aos estdios criticando os valores astronmicos. Em agosto do ano passado, um grupo de tor-cedores de West Ham, Manchester United, Arsenal e do prprio Liverpool realizou uma

    marcha de protesto em Londres, em frente sede da FA.

    E no so s os torcedores de grandes clubes que fazem barulho contra os preos altssimos e a ganncia dos dirigentes. O Crystal Palace, clube do sul de Londres, que hoje disputa a primeira diviso, um dos grandes polos de resistncia ao futebol moderno na Terra da Rainha. A torcida organizada (Ultra) do clube, a Holmesdale Fanatics, chama a ateno por no seguir os padres impostos pela FA, e luta por mais festa dentro dos estdios.

    Seja no setor B do estdio Selhurst Park, seja nos estdios rivais, os torcedores do Palace esto sempre fazendo baru-lho, empurrando a equipe e protestando contra o futebol moderno ingls. As ban-deiras e faixas at lembram as hinchadas sul-americanas ou os Ultras italianos, inspiraes da Holmesdale. Con ra a torcida em ao em duelo contra o West Ham, rival do leste londrino.

    Mais um 7 a 1?As mudanas de conceitos no futebol

    tambm vm afetando o Brasil.. A dis-cusso comeou a ganhar peso especial-mente aps a modernizao dos estdios com a Copa de 2014 e o vexame dos 7 a 1 contra a Alemanha.

    Antes dos 7 a 1, achavam que era besteira falar sobre isso (as desvantagens do futebol moderno), que o futebol brasileiro estava melhorando, mas a derrota vergonhosa s mostrou que estamos no caminho errado, que a seleo e o nosso futebol j no impem respeito em nenhum adversrio, declarou Adelino Martins, criador da pgina do Facebook O Canto das Torcidas, que critica o futebol moderno e o re exo que ele d no prprio jogo dentro de campo.

    Segundo estudo realizado pela Pluri Con-sultoria, em agosto de 2014, o Brasil tem o ingresso mais caro do mundo se relacio-nado com a renda per capita. Em mdia, o brasileiro deve desembolsar a quantia de R$ 51,74 para conseguir assistir s partidas nos lugares mais baratos dos estdios.

    Coincidncia ou no, o melhor exemplo de boa gesto no futebol moderno vem do algoz da seleo na Copa de 2014. Ao contrrio do que vem acontecendo no Brasil, as belas e modernas arenas alems no expulsam o torcedor menos abastado dos estdios. Pelo contrrio: as grandes mdias de pblico no pas mostram o sucesso de um modelo de gesto democrtico, que prioriza tanto o tor-cedor mais elitizado como o mais popular.

    L acontece o cenrio ideal: o torcedor que quer cantar e pular tem o seu espao, e o torcedor que quer conforto e assistir ao jogo sentado tambm tem. O estdio democrtico e atende a todos os pblicos, disse Marcel Nemer.

    O Signal Iduna Park, estdio do Borussia Dortmund, tem 25 mil lugares populares, os chamados stehplzes (onde os torcedores cam de p), com ingressos a 16 euros, o equivalente a R$ 52. Na casa do maior campeo da Alemanha, o Bayern de Mu-nique, no diferente: para assistir a uma partida num stehplze da Allianz Arena, o torcedor bvaro tem de desembolsar 15 euros, que equivalem a R$ 48.

    A mdia de valor das entradas no Cam-peonato Alemo, em 2014, era de R$ 60, maior que a brasileira. Entretanto, o estudo da Pluri Consultoria mostra um resultado que deve servir para ampliar a re exo: considerando a renda per capita de ambos pases, o torcedor alemo pode comprar at 1716 ingressos durante o ano, enquanto o brasileiro pode adquirir s 495.

    Os resultados da boa gesto alem so visveis: a liga local, Bundesliga, teve a maior mdia de pblico do mundo no ano passado, com 45.803 torcedores por jogo. J o Brasi-leiro no gura nem no Top 10, sendo o 15 colocado na lista com mdia de, aproximada-mente, 15 mil pessoas por partida.

    Bem gerida e extremamente assis-tida e valorizada, a Bundesliga um dos trunfos da tetracampe do mundo. Mais um 7 a 1 dos germnicos. Desta vez, tambm fora de campo.

    Brasileiros resistem ao futebol modernoO Palmeiras visto como o

    grande exemplo de sucesso no programa de scio-torce-dor. O projeto da equipe pau-lista j superou a marca de 100 mil adeptos e proporcio-na uma importante injeo nanceira administrao do presidente Paulo Nobre. No entanto, h adeptos do time de Palestra Itlia que lutam contra a moderniza-o e elitizao.

    Embora com nmero re-duzido, se comparada a uma grande torcida orga-nizada, a Camorra 1914, barra-brava palmeirense, um lugar de resistncia elitizao cada vez mais latente nos jogos e nas polticas do Verdo. Com cnticos e faixas tpicas de hinchadas latinas, marca presena sempre nos seto-res atrs do gol: seja no Pa-caembu, no Allianz Parque ou em qualquer outro lugar onde o time jogue.

    A ideia de criar uma torcida barra-brava palmeirense sur-giu em junho de 2011, durante uma partida contra o Atl-tico-PR. ramos um grupo de amigos que se reuniam sempre atrs do gol, curtamos a forma das barras de torcer e sempre fazamos msicas. A, decidimos o cializar, disse Marcel Nemer, um dos funda-dores da torcida.

    Organizao e ideaisAs lideranas da Camorra

    tm, em sua maioria, ideolo-gias anti-fascistas. Em sua maioria, pois a barra-brava aberta a qualquer torcedor

    palmeirense que, segundo Marcel, cante durante os 90 minutos e viva o Palmeiras.

    No temos associaes e bu-rocracias, justamente por esse nosso lado poltico. No que-remos nos instaurar como uma empresa, ns queremos receber todos os palmeirenses que te-nham o mesmo sentimento que o nosso: de apoiar o time em todos os momentos, explicou.

    A principal inspirao da Ca-morra a arsi, torcida do Be-siktas da Turquia famosa por seu engajamento poltico.

    A torcida turca engaja-da em causas sociais e tem como principal ideologias o anarquismo, o anti-racismo e anti-machismo. No caso da barra palestrina, alguns mem-bros participam ativamente dos protestos do Movimento Passe Livre e de manifesta-es em geral.

    No somos ligados a ne-nhum partido poltico, mas muitos integrantes se de nem como anarquistas. Porm, re-pito: no so todos. A barra aberta a todos os palmeiren-ses, nalizou.

    Elitizao do futebolUma das maiores lutas

    da Camorra contra o pre-o abusivo dos ingressos e a burocratizao do futebol, principalmente nos estdios ps-Copa, o que acaba cau-sando a elitizao.

    Antes da Copa, esse proces-so de elitizao j estava em andamento. Com os estdios novos, isso se concretizou. Es-tamos vivendo, hoje, o que os ingleses viveram nos anos 90:

    o povo em volta do estdio, nos bares, e a elite dentro. Se voc passar pela Turiassu (rua do Allianz Parque) no horrio em que o Palmeiras est jogando, veja quantas pessoas esto l fora, torcendo, cantando e pulando, vendo a partida pela televiso dos bares. Hoje, ir ao Rio de Janeiro e ver o Pal-meiras, contando caravana, ingresso e comida, sai mais barato que assistir a um jogo na arena, pontuou Marcel.

    O ingresso mais barato do Allianz Parque custa R$ 80. Alm da barreira do preo, existem somente 7 mil lugares populares no estdio. Como o Verdo d prioridade aos scios-torcedores com maior nmero de pontos no progra-ma, as entradas acabam em poucas horas. Nem mesmo a Camorra consegue estar com-pleta em todas partidas.

    AvantiA juno desses fatores,

    para Marcel e a maioria dos membros da Camorra, faz com que o Avanti, programa de scios-torcedores alviverde, torne-se mais um fator eliti-zador dos estdios.

    Em tese, o Avanti seria mui-to bom: por R$ 70, o torcedor que tem dinheiro pode ir a todos os jogos gratuitamente e, por R$ 20, o torcedor que no to presente tem direi-to meia-entrada. Porm, na prtica diferente. No Paca-embu, havia 10 mil lugares de arquibancada mais 12 mil de tobog, totalizando 22 mil lugares populares. J no novo Palestra, h apenas 7 mil lu-

    gares populares. Alm disso, o dito ingresso popular, no Pacaembu, custava de R$ 30 a R$ 40. Hoje, custa R$ 80.

    Nos rivaisA Camorra no a nica

    que vem militando contra a elitizao do futebol na ci-dade de So Paulo. Adeptos da Mancha Alviverde, maior organizada do Verdo, e da Tricolor Independente, do So Paulo, juntaram-se para protestar contra os preos abusivos cobrados pela diretoria palmeirense por um ingresso no setor de visitantes - o so-pau-lino que quisesse ir casa palmeirense acompanhar a partida teria de desembol-sar a quantia de R$ 200.

    Ainda no clube do Morumbi, tambm existe o desconten-tamento com os valores para assistir a um jogo do time na Copa Libertadores deste ano. Antes do jogo contra o San Lo-renzo-ARG, no dia 18 de maro, houve protesto dos tricolores em frente ao estdio, contra os R$ 120 cobrados por um ingresso de arquibancada.

    No Corinthians, os altos preos cobrados pelo ingres-so foram muito questionados pela principal organizada do Timo, a Gavies da Fiel.

    Criticado, o ex-presidente Andrs Sanchez, principal res-ponsvel pela administrao da Arena, chegou a negar que os ingressos estivessem caros, e explicou os valores como uma forma de ajudar a abater as dvidas que o clube fez com a construo.

    Torcida palmeirense resiste a ingressos caros

    Torcida Camorra, do Palmeiras, se espelha na organizada do Besikitas, da Turquia, por conta do seu envolvimento poltico

    Brasil tem o ingresso mais caro do mundo

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  • E4 E5MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    FOTOS: DIVULGAO

    Elitizao do esporte com arenas modernas e ingressos caros, tem gerado crticas principalmente, por afastar os torcedores com menor poder aquisitivo dos estdios

    O futebol brasileiro passa por um momento de transformao na relao com seus torcedores. Desde o ano passado, os clubes decidiram investir de forma pesada nos programas de scio-torcedor, estratgia que, de certa forma, privilegia aqueles que esto dispostos a pagar uma men-salidade para ter privilgio de entrar nos estdios. Mais do que nunca, a palavra mercantilizao est alta.

    No entanto, o fato de os clubes buscarem a evoluo em sua administrao tambm gera crticas, no caso dos defensores do dio eterno ao futebol moderno, que no tem relao, por exemplo, com o es-tilo vencedor de jogo alemo na Copa do Mundo de 2014. O que est em questo , principalmente, a paixo clubstica.

    O futebol moderno comea pela elitiza-o do esporte. Isso acaba afastando os torcedores de baixa renda e os substituindo por meros consumidores, que vo chegar cedo a todos os jogos, comprar camisas, consumir alimentos dentro do estdio e caro sentados o jogo inteiro, como que assistindo a um mero espetculo. O torcedor que vai para car em p, cantar e apoiar o time acaba cando de fora por no ter condies econmicas, resumiu Marcel Nemer, um dos defensores contra a modernizao do futebol e integrante da torcida Camorra 1914, do Palmeiras.

    Trata-se de um modelo de gesto do futebol que objetiva nica e exclusivamen-te aumentar o lucro e o faturamento dos envolvidos. Ele subjuga e ignora todos os outros aspectos do esporte (cultura, his-tria, etc.) e foca suas anlises e tomadas de deciso apenas na questo nanceira, explicou Andr Vidiz, moderador de uma pgina sobre futebol no Facebook.

    O surgimento: Inglaterra dos anos 90O conceito de futebol moderno comeou

    a ser desenvolvido na Inglaterra dos anos 1990, aps a Tragdia de Hillsborough, em abril de 1989. Na ocasio, uma su-perlotao no estdio de Hillsborough, em She eld, causou a morte de 96 torcedores do Liverpool durante a partida contra o Nottingham Forest, vlida pelas semi nais da Copa da Inglaterra.

    A tragdia levou o governo britnico, na poca comandado pela premi Margaret Thatcher, a tomar algumas medidas junto Football Association (FA), federao que comanda o futebol ingls, e os clubes. As autoridades acabaram concluindo que a culpa foi dos torcedores e, ento, iniciou-se um processo de reformulao dos es-tdios: os hooligans, torcedores fanticos famosos pelas confuses dentro e fora dos estdios, passaram a ser punidos e banidos do ambiente esportivo. Os estdios se mo-dernizaram, as regras se endureceram e, consequentemente, o preo dos ingressos subiu drasticamente.

    Hoje em dia, assistir a um jogo de futebol na Inglaterra visto como algo extrema-mente seguro e confortvel. Entretanto, nem tudo so ores. Muito se fala da perda da alma das torcidas, que tm de se resignar aos seus assentos e assistir aos jogos como se fosse uma mera pea de teatro, no conforto de uma poltrona, aplaudindo somente os melhores lances. No estdio do Tottenham, por exemplo, os torcedores no podem car de p, a no ser para comemorar quando o time marca algum gol.

    Os preos so bem salgados. Para ver um jogo do Liverpool pela Premier League, em An eld Road, existem trs categorias: A, B e C, de acordo com a expresso da equipe adversria e a importncia da partida. O ingresso para um duelo contra um time da categoria C, a mais barata, custa, em mdia, 42 libras, o equivalente a R$ 192.

    A situao vem sendo motivo de pro-testos por parte da torcida dos Reds, que, periodicamente, levam faixas aos estdios criticando os valores astronmicos. Em agosto do ano passado, um grupo de tor-cedores de West Ham, Manchester United, Arsenal e do prprio Liverpool realizou uma

    marcha de protesto em Londres, em frente sede da FA.

    E no so s os torcedores de grandes clubes que fazem barulho contra os preos altssimos e a ganncia dos dirigentes. O Crystal Palace, clube do sul de Londres, que hoje disputa a primeira diviso, um dos grandes polos de resistncia ao futebol moderno na Terra da Rainha. A torcida organizada (Ultra) do clube, a Holmesdale Fanatics, chama a ateno por no seguir os padres impostos pela FA, e luta por mais festa dentro dos estdios.

    Seja no setor B do estdio Selhurst Park, seja nos estdios rivais, os torcedores do Palace esto sempre fazendo baru-lho, empurrando a equipe e protestando contra o futebol moderno ingls. As ban-deiras e faixas at lembram as hinchadas sul-americanas ou os Ultras italianos, inspiraes da Holmesdale. Con ra a torcida em ao em duelo contra o West Ham, rival do leste londrino.

    Mais um 7 a 1?As mudanas de conceitos no futebol

    tambm vm afetando o Brasil.. A dis-cusso comeou a ganhar peso especial-mente aps a modernizao dos estdios com a Copa de 2014 e o vexame dos 7 a 1 contra a Alemanha.

    Antes dos 7 a 1, achavam que era besteira falar sobre isso (as desvantagens do futebol moderno), que o futebol brasileiro estava melhorando, mas a derrota vergonhosa s mostrou que estamos no caminho errado, que a seleo e o nosso futebol j no impem respeito em nenhum adversrio, declarou Adelino Martins, criador da pgina do Facebook O Canto das Torcidas, que critica o futebol moderno e o re exo que ele d no prprio jogo dentro de campo.

    Segundo estudo realizado pela Pluri Con-sultoria, em agosto de 2014, o Brasil tem o ingresso mais caro do mundo se relacio-nado com a renda per capita. Em mdia, o brasileiro deve desembolsar a quantia de R$ 51,74 para conseguir assistir s partidas nos lugares mais baratos dos estdios.

    Coincidncia ou no, o melhor exemplo de boa gesto no futebol moderno vem do algoz da seleo na Copa de 2014. Ao contrrio do que vem acontecendo no Brasil, as belas e modernas arenas alems no expulsam o torcedor menos abastado dos estdios. Pelo contrrio: as grandes mdias de pblico no pas mostram o sucesso de um modelo de gesto democrtico, que prioriza tanto o tor-cedor mais elitizado como o mais popular.

    L acontece o cenrio ideal: o torcedor que quer cantar e pular tem o seu espao, e o torcedor que quer conforto e assistir ao jogo sentado tambm tem. O estdio democrtico e atende a todos os pblicos, disse Marcel Nemer.

    O Signal Iduna Park, estdio do Borussia Dortmund, tem 25 mil lugares populares, os chamados stehplzes (onde os torcedores cam de p), com ingressos a 16 euros, o equivalente a R$ 52. Na casa do maior campeo da Alemanha, o Bayern de Mu-nique, no diferente: para assistir a uma partida num stehplze da Allianz Arena, o torcedor bvaro tem de desembolsar 15 euros, que equivalem a R$ 48.

    A mdia de valor das entradas no Cam-peonato Alemo, em 2014, era de R$ 60, maior que a brasileira. Entretanto, o estudo da Pluri Consultoria mostra um resultado que deve servir para ampliar a re exo: considerando a renda per capita de ambos pases, o torcedor alemo pode comprar at 1716 ingressos durante o ano, enquanto o brasileiro pode adquirir s 495.

    Os resultados da boa gesto alem so visveis: a liga local, Bundesliga, teve a maior mdia de pblico do mundo no ano passado, com 45.803 torcedores por jogo. J o Brasi-leiro no gura nem no Top 10, sendo o 15 colocado na lista com mdia de, aproximada-mente, 15 mil pessoas por partida.

    Bem gerida e extremamente assis-tida e valorizada, a Bundesliga um dos trunfos da tetracampe do mundo. Mais um 7 a 1 dos germnicos. Desta vez, tambm fora de campo.

    Brasileiros resistem ao futebol modernoO Palmeiras visto como o

    grande exemplo de sucesso no programa de scio-torce-dor. O projeto da equipe pau-lista j superou a marca de 100 mil adeptos e proporcio-na uma importante injeo nanceira administrao do presidente Paulo Nobre. No entanto, h adeptos do time de Palestra Itlia que lutam contra a moderniza-o e elitizao.

    Embora com nmero re-duzido, se comparada a uma grande torcida orga-nizada, a Camorra 1914, barra-brava palmeirense, um lugar de resistncia elitizao cada vez mais latente nos jogos e nas polticas do Verdo. Com cnticos e faixas tpicas de hinchadas latinas, marca presena sempre nos seto-res atrs do gol: seja no Pa-caembu, no Allianz Parque ou em qualquer outro lugar onde o time jogue.

    A ideia de criar uma torcida barra-brava palmeirense sur-giu em junho de 2011, durante uma partida contra o Atl-tico-PR. ramos um grupo de amigos que se reuniam sempre atrs do gol, curtamos a forma das barras de torcer e sempre fazamos msicas. A, decidimos o cializar, disse Marcel Nemer, um dos funda-dores da torcida.

    Organizao e ideaisAs lideranas da Camorra

    tm, em sua maioria, ideolo-gias anti-fascistas. Em sua maioria, pois a barra-brava aberta a qualquer torcedor

    palmeirense que, segundo Marcel, cante durante os 90 minutos e viva o Palmeiras.

    No temos associaes e bu-rocracias, justamente por esse nosso lado poltico. No que-remos nos instaurar como uma empresa, ns queremos receber todos os palmeirenses que te-nham o mesmo sentimento que o nosso: de apoiar o time em todos os momentos, explicou.

    A principal inspirao da Ca-morra a arsi, torcida do Be-siktas da Turquia famosa por seu engajamento poltico.

    A torcida turca engaja-da em causas sociais e tem como principal ideologias o anarquismo, o anti-racismo e anti-machismo. No caso da barra palestrina, alguns mem-bros participam ativamente dos protestos do Movimento Passe Livre e de manifesta-es em geral.

    No somos ligados a ne-nhum partido poltico, mas muitos integrantes se de nem como anarquistas. Porm, re-pito: no so todos. A barra aberta a todos os palmeiren-ses, nalizou.

    Elitizao do futebolUma das maiores lutas

    da Camorra contra o pre-o abusivo dos ingressos e a burocratizao do futebol, principalmente nos estdios ps-Copa, o que acaba cau-sando a elitizao.

    Antes da Copa, esse proces-so de elitizao j estava em andamento. Com os estdios novos, isso se concretizou. Es-tamos vivendo, hoje, o que os ingleses viveram nos anos 90:

    o povo em volta do estdio, nos bares, e a elite dentro. Se voc passar pela Turiassu (rua do Allianz Parque) no horrio em que o Palmeiras est jogando, veja quantas pessoas esto l fora, torcendo, cantando e pulando, vendo a partida pela televiso dos bares. Hoje, ir ao Rio de Janeiro e ver o Pal-meiras, contando caravana, ingresso e comida, sai mais barato que assistir a um jogo na arena, pontuou Marcel.

    O ingresso mais barato do Allianz Parque custa R$ 80. Alm da barreira do preo, existem somente 7 mil lugares populares no estdio. Como o Verdo d prioridade aos scios-torcedores com maior nmero de pontos no progra-ma, as entradas acabam em poucas horas. Nem mesmo a Camorra consegue estar com-pleta em todas partidas.

    AvantiA juno desses fatores,

    para Marcel e a maioria dos membros da Camorra, faz com que o Avanti, programa de scios-torcedores alviverde, torne-se mais um fator eliti-zador dos estdios.

    Em tese, o Avanti seria mui-to bom: por R$ 70, o torcedor que tem dinheiro pode ir a todos os jogos gratuitamente e, por R$ 20, o torcedor que no to presente tem direi-to meia-entrada. Porm, na prtica diferente. No Paca-embu, havia 10 mil lugares de arquibancada mais 12 mil de tobog, totalizando 22 mil lugares populares. J no novo Palestra, h apenas 7 mil lu-

    gares populares. Alm disso, o dito ingresso popular, no Pacaembu, custava de R$ 30 a R$ 40. Hoje, custa R$ 80.

    Nos rivaisA Camorra no a nica

    que vem militando contra a elitizao do futebol na ci-dade de So Paulo. Adeptos da Mancha Alviverde, maior organizada do Verdo, e da Tricolor Independente, do So Paulo, juntaram-se para protestar contra os preos abusivos cobrados pela diretoria palmeirense por um ingresso no setor de visitantes - o so-pau-lino que quisesse ir casa palmeirense acompanhar a partida teria de desembol-sar a quantia de R$ 200.

    Ainda no clube do Morumbi, tambm existe o desconten-tamento com os valores para assistir a um jogo do time na Copa Libertadores deste ano. Antes do jogo contra o San Lo-renzo-ARG, no dia 18 de maro, houve protesto dos tricolores em frente ao estdio, contra os R$ 120 cobrados por um ingresso de arquibancada.

    No Corinthians, os altos preos cobrados pelo ingres-so foram muito questionados pela principal organizada do Timo, a Gavies da Fiel.

    Criticado, o ex-presidente Andrs Sanchez, principal res-ponsvel pela administrao da Arena, chegou a negar que os ingressos estivessem caros, e explicou os valores como uma forma de ajudar a abater as dvidas que o clube fez com a construo.

    Torcida palmeirense resiste a ingressos caros

    Torcida Camorra, do Palmeiras, se espelha na organizada do Besikitas, da Turquia, por conta do seu envolvimento poltico

    Brasil tem o ingresso mais caro do mundo

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  • E6 MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    Rgbi em cadeiras de rodas tem pit stop PARAPAN

    Toronto (Canad) - O rgbi no Parapan parece um bate-bate (carro de choque) do tanto que as cadeiras de rodas coli-dem uma na outra durante a partida. Os atletas usam o equi-pamento para bloquear a passa-gem dos oponentes e as panca-das so to fortes que chegam a virar as cadeiras. O som seco das batidas ouvido no ginsio inteiro e no raro que reparos sejam necessrios.

    O sistema de som anuncia e entram em quadra dois as-sistentes que fazem a funo de mecnicos. Enquanto uma msica que lembra desenho do Pernalonga toca a dupla con-serta as cadeiras, troca pneus e o que mais for preciso. Jor-ge Pea o encarregado de reparar as cadeiras de rodas da seleo colombiana.

    Ele conta que os problemas mais comuns so as barras ao redor do equipamento que

    funcionam como uma esp-cie de para-choques entorta-rem e pegarem na borracha do pneu. O atleta ca mais lento ou sequer consegue sair do lugar. Quando isso ocor-re os mecnicos entram em cena de marreta na mo e arrumam tudo bem rpido.

    Outro problema recorrente apontado por Jorge so os pneus furados. Por este motivo so le-vados 16 estepes para a quadra. A prtica dos assistentes faz a troca parecer um pit stop de to rpida. O colombiano ressalta que cada roda personalizada e jogar na cadeira de um com-panheiro signi caria perda de rendimento, por isso o nmero elevado de estepes.

    Chuck French o mecnico da seleo de rgbi em cadeira de rodas dos Estados Unidos, uma das mais fortes do mundo. Ele explica que os equipamentos so feitos com ligas materiais

    especiais para melhorar o de-sempenho. O alumnio usado para diminuir o peso e aumentar a velocidade. O titnio d resis-tncia porque o adversrio no hesita em bater com a maior velocidade possvel.

    Mas o trabalho visto em quadra somente parte das funes dos mecnicos. Quando os casos so mais graves preciso recorrer a um servio que lembra o de funilarias. Torneios grandes como o Parapan contam com uma equipe de soldadores, que entra em ao se a cadei-ra quebrar. Basta marcar hora e resolver os problemas.

    Nos torneios de menor estrutura o jeito levar a cadeira de rodas para o cen-tro de treinamento de cada pas e pr a mo na massa. Como no automobilismo, se o veculo estraga cabe ao mecnico fazer hora extra.

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    Assim como no rgbi convencio-

    nal, o paralmpico tambm exige

    muita resistncia

    Do Pan para o ParapanCorredor Carlos Antnio dos Santos voltou a Toronto para ser guia na prova de 1,5 mil metros para cegos nos Jogos Paralmpicos. Por conta do alto nvel da competio, atletas de ponta foram convidados a ajudar durante as provas

    Toronto (Canad) - Corredor cego do Brasil nos 1,5 mil me-tros, Odair Ferreira dos Santos to bom que seu guia em Toronto ningum menos do que Carlos Antnio dos Santos, que representou o pas na mesma prova do Pan. Dono do terceiro me-lhor tempo do ano no Brasil, Carlos esteve no Canad em julho e precisou voltar em agosto no Parapan.

    O nvel dos corredores que disputam competies para-lmpicas tem crescido tanto que est difcil de encontrar guias a rma Ciro Winckler, coordenador tcnico de Atle-tismo. Hoje so procurados atletas que esto na ativa, para que seus tempos possam ser acompanhados, que tenham o per l psicolgico forte e sejam bons estrategistas.

    Fernando Dias um dos escolhidos. Est na funo desde 2004 e atualmente trabalha com Jhulia Karol. Velocista que chegou a ser vice-campeo brasileiro, ele lembra que quando comeou na pro sso o recorde mun-dial masculino nos 100 me-tros era de 11,36 segundos. Hoje este tempo sequer d vaga na nal do Parapan.

    O velocista explica que alm do trabalho com o atleta pre-ciso treinar por conta prpria porque a funo exige mais

    velocidade do que a pessoa guiada. A necessidade existe porque preciso dar informa-es da prova como colocao, quantos metros faltam para chegar entre outras.

    Tem que estar bem pre-parado para ser guia e no ncora, brinca.

    Por este motivo so at quatro horas de pista pela manh e duas horas de aca-demia tarde. Fernando e

    Jhulia Karol trabalham no Rio de Janeiro junto com os atle-tas que disputam as provas olmpicas. Mas ser rpido no basta, ressalta o coordenador tcnico de Atletismo.

    Ser que (o candidato) tem a personalidade do su-percampeo? Muitas vezes no. S que nossos guias tm. o cara que no gosta de perder, a rma Ciro.

    As avaliaes so constan-

    tes. O guia submetido ao mesmo protocolo de controle que aplicado aos atletas. Com tantas exigncias a co-misso tcnica monta e atu-aliza um banco de dados de potenciais pro ssionais. Esta tarefa ajudada pelo bom re-lacionamento com os atletas e os treinadores olmpicos.

    Alm de cumprir todas estas exigncias tcnicas, a parceria demanda con ana e o guia e

    o atleta precisam se dar muito bem dentro e fora das pistas conta Fernando Martins. Ele trabalha com Renata Bazzone, competidora dos 1,5 mil me-tros, e os dois so amigos.

    Eu me identi co com a mi-nha atleta. Dividimos proble-mas, almoamos juntos, jan-tamos juntos. Frequentamos a casa um do outro e vamos nas festas da famlia.

    A seleo brasileira de atle-

    tismo conta com 18 guias e a carncia na funo ocasionada pela evoluo da modalidade. Ciro recorda que no Campeonato Mundial de 2006 o pas cou com 24 lugar. Na ltima competio, em 2013, foi o terceiro. A falta destes pro ssionais no a situao ideal, mas ter di -culdades porque os tempos esto caindo no deixa de ser um problema bom.

    Carlos Antnio guiando o tambm brasileiro Odair dos Santos, em Toronto

    DIVULGAO

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  • E7 MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    FOTOS: DIVULGAO

    Conexo AmricaMorando em Miami, nos Estados Unidos, amazonense foi para a Terra do Sam em busca de aprimorar o jiu-jtsu e disputar torneios internacionais. Recentemente, foi vice-campeo do Boca-Raton International e agora se prepara para o Mundial

    Atleta desde os 12 anos, o campeo amazonense de jiu-jtsu Rodrigo da Costa Oliveira, 24, enfrenta novos desa os treinando em Mia-mi, nos Estados Unidos. O casca grossa amazonense conheceu a arte suave na academia do mestre Mas-sulo, mas acabou migran-do para a Man ght/rea Fit, do seu atual professor Almrio Augusto.

    Considerado uma das principais apostas do Esta-do, Rodrigo est seguindo uma trilha vitoriosa desde criana, dando continuidade a uma trajetria que j se mostrava promissora. Recen-temente, ele disputou o Boca-Raton International e se sagrou vice-campeo.

    Faixa marrom da modalida-

    de, Rodrigo tem em seu his-trico grandes conquistas. Foi campeo no juvenil, campeo no adulto faixa azul, campeo vrias vezes na faixa roxa adul-ta, e na marrom j estava se destacando no cenrio local. Na categoria faixa marrom adulto peso galo do Cam-peonato Mundial na Califr-nia da International Brazilian Jiu-Jtsu Federation (IBJJF), terminou no pdio.

    Com a ajuda de familiares, mestres e amigos, Rodrigo, agora busca voos mais al-tos e encara com otimismo a oportunidade de conquistar medalhas para o Estado. um privilgio mostrar a fora do nosso jiu-jtsu a nvel mun-dial. Estou treinando bastan-te, quatro horas por dia. De manh fao preparao fsica e pela noite, tcnico e ttico. Estou muito con ante, treino para estar sempre entre os

    primeiros, disse.A permanncia no esporte

    pode ser de nida pela dedi-cao e amor pela arte suave. Mesmo enfrentando as di cul-dades da vida, Rodrigo no abandonou o sonho de partici-par de uma competio de alto rendimento como o Campeo-nato Mundial. Eu realmente gostava do esporte, mas de-vido concluso dos meus es-tudos e algumas di culdades, fui me afastando um pouco e por isso, fui perdendo minha frequncia na academia, mas nada que pudesse me afastar do jiu-jtsu, a rma.

    Decidido a passar uma tem-porada nos em Miami, nos Estados Unidos, treinando na academia do Rilion Grecie, o atleta est focado na sua preparao para o Mundial, que a principal competi-o do jiu-jtsu brasileiro da confederao internacional

    de maior expresso.Na prxima semana Ro-

    drigo retorna aos Estados Unidos, onde far sua pre-parao. Para o futuro, ele vislumbra participar do Pan-Americano sem quimono e em novembro do Mundial

    sem quimono. PatrocnioNos Estados Unidos, em

    Miami, existe uma das maio-res redes de restaurantes bra-sileiros, chamado Kamiloss. Acostumado a almoar no

    local, o atleta primeiro con-quistou a amizade do dono do estabelecimento, e de-pois surgiu a proposta de patrocnio. Kamilo quem arca com as passagens e contribui com uma ajuda de custa a Rodrigo.

    Rodrigo est em Manaus e visitou a academia do seu mestre, o professor Almrio Augusto

    LINDIVAN VILAA

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  • E8 MANAUS, DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015

    No topo da tabela, Timo vai ao Sul enfrentrar Ava

    Florianpolis (SC) Depois de comear o ano arrasador, o Corinthians caiu de produo, foi eli-minado na Libertadores e viu alguns jogadores importantes darem adeus ao time. Muitos aposta-vam que a equipe de Tite no brigaria na parte de cima da tabela no Cam-peonato Brasileiro, mas parece que o Alvinegro do Parque So Jorge res-surgiu na hora certa. No meio do Brasileiro, o time paulista assumiu a liderana da competio e com um futebol convin-cente. O Timo tem 38 pontos, um a mais que o vice-lder Atltico-MG

    Neste domingo (16), s 15h (de Manaus), o Ti-mo vai a Florianpolis

    para enfrentar o Ava na Ressacada. O time titular ter novidades. O late-ral-esquerdo Uendel, com edema no msculo adutor da coxa direita, no deve ter condies de jogo. Assim, Guilherme Arana assume a posio.

    Na zaga, Felipe volta ao time titular aps cumprir suspenso diante do Sport no meio de semana. Edu Dracena volta ao banco de reservas. Em boa fase, o jo-vem atacante Luciano ser mantido e Vagner Love se-guir entre os suplentes.

    A escalao do Co-rinthians ser: Cssio, Fagner, Felipe, Gil, Gui-lherme Arana, Bruno Henrique, Elias, Jd-son, Renato Augusto, Malcom e Luciano.

    LDER

    Grmio coloca boa fase em jogo diante do JEC na arena

    Porto Alegre (RS) O Grmio o time do momento. Aps golear o Internacional por 5 a 0 no nal de semana, o Tricolor gacho con rmou a boa fase ao derrotar o Atl-tico-MG, at ento lder do Brasileiro, no Mineiro por 2 a 0. Jogando um futebol interessante com boa postura defensiva e letal nos contra-ataques, o time comandado por Roger j comea a pen-sar em alar vos mais altos na competio atualmente com 37 pontos ocupa a ter-ceira colocao -. Para isso, tem a obrigao de vencer o Joinville neste domingo (16), s 17h30 (de Manaus), na Arena Grmio.

    Mesmo na zona de rebaixa-mento, o JEC no ser um ad-versrio fcil. Desde a chegada do tcnico PC Gusmo o time catarinense tem duas vitrias seguidas e espera aprontar para cima do adversrio.

    O Grmio no ter nenhuma mudana com relao ao time

    que derrotou o Galo na quin-ta-feira. Os titulares sero: Marcelo Grohe; Rafael Galhar-do, Pedro Geromel, Erazo e Marcelo Oliveira; Walace, Mai-con, Giuliano e Douglas, Luan e Pedro Rocha

    JECEmbalado com duas par-

    tidas sem perder, o Joinville vai ao Rio Grande do Sul com esperanas de trazer, pelo menos, um ponto do duelo contra o Grmio. O tcnico PC Gusmo chegou e deu uma injeo de nimo na equipe, principalmente ao resgatar o bom futebol do veterano Marcelinho Paraba, que na ltima rodada atuou como falso camisa 9.

    O atacante Kempes vol-ta aps cumprir suspen-so automtica. O time ser; Agenor; Mrio Srgio, Bruno Aguiar, Guti e Die-go; Naldo, Anselmo, Kadu, William Popp e Marcelinho Paraba e Kempes.

    EMPOLGADO

    Atacante Fernandinho ganhou a con ana do tcnico Roger

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    Jovem Luciano segue no comando do ataque do Corinthians

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    Flu encara o Figueirense de olho no G-4 do Brasileiro

    Rio de Janeiro (RJ) Nem s de notcias ruins vive o Fluminense. Mesmo os desfalques do zagueiro Henrique (suspenso por ter tomado trs cartes ama-relos), do goleiro Diego Ca-valieri (tambm suspenso), do zagueiro Antnio Car-los (expulso contra o In-ternacional) e do atacante Marcos Jnior (expulso), o tcnico Enderson Moreira ter a volta do capito Fred para o duelo deste domingo, s 15h (de Ma-naus), no Maracan contra o Figueirense.

    Com 30 pontos conquis-tado e a um do G-4, o Tri-color carioca acredita que uma vitria o colocar de volta entre os quatro pri-meiros da tabela. Para isso, o comandante tricolor j informou quem sero os substitutos dos ausentes para a partida. O jovem Marlon e Gum entram

    para formar a nova zaga do Flu. Klver assume a meta no lugar de Cava-lieri e Fred volta no lugar de Marcos Jnior.

    O Fluminense que entra-r em campo para due-lar contra o Figueirense ter: Klver, Wellington Silva, Marlon, Gum, Gus-tavo Scarpa, Edson, Ccero, Jean, Ronaldinho Gacho, Osvaldo e Fred.

    Sem tcnicoO time catarinense vai

    para o jogo sem Argel Fucks que deixou a equipe para treinar o Internacional. Hu-son Coutinho ser o tcnico interino na partida.

    Um provvel Figueirense que entra em campo tem: Alex; Leandro Silva; Thiago Heleno, Saimon e Marqui-nhos Pedroso; Paulo Ro-berto, Fabinho, Joo Vitor e Rafael Bastos; Clayton e Marco (Alemo).

    REAO

    Capito Fred estar novamente disposio do tcnico tricolor

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    Pela primeira vez no Brasileiro, time rubro-negro jogar uma partida pela manh

    Palmeiras e Flamengo fazem duelo matinal

    So Paulo (SP) Em mo-mentos diferentes, Pal-meiras e Flamengo fazem, neste domingo (16), o ni-co duelo matinal da 19 rodada do Campeonato Brasileiro. A partida ser disputada no Allianz Parque s 10h (de Manaus) e esse motivo serve de incentivo para ambas as equipes. O Alviverde paulista vem de trs derrotas seguidas na competio e precisa desespera-damente voltar a vencer se quiser continuar com o sonho de ttulo na-cional. Os comandados de Marcelo Oliveira tm 28 pontos conquista-dos na oitava colocao e apostam no fator casa para isso.

    Pelo lado do Flamengo o fato de jogar longe de seus domnios no tem assustado neste Brasileiro. O time da Gvea, curiosamente, tem sido mais e caz longe do Maracan do que no Rio de Ja-

    neiro. Por isso, a equipe aposta em um bom resultado em

    So Paulo, principalmen-te pela m fase vivida pelo adversrio.

    Sem poder contar com o lateral-esquer-do Egdio, suspenso por ter recebido ter-ceiro carto amarelo, o tcnico palmeirense

    con rmou que o vete-rano Z Roberto atuar

    na posio. A dvida maior ca por conta do setor ofen-

    sivo. O paraguaio Lucas Barrios ainda no est 100% sicamente

    e pode no comear jogando. Se optar por isso, Marcelo Oliveira dever escalar Alecsandro para encarar seu ex-clube.

    Quem est con rmado Lucas, que retorna ao posto de lateral-direito. O zagueiro Victor Ramos tambm volta de suspenso e deve retornar equipe titular.

    O Palmeiras que enfrenta o Fla-mengo ser: Fernando Praas, Lu-cas, Victor Ramos, Vitor Hugo, Z Roberto, Arouca , Robinho, Rafael Marques, Cleiton Xavier, Dudu e Alecsandro (Lucas Barrios).

    FlamengoA grande novidade no Flamengo

    o retorno de Paolo Guerrero ao ataque. Aps vencer o Atltico-PR, o Rubro-Negro espera engrenar na competio batendo no Palmeiras em So Paulo. Com Canteros suspenso, a deciso de qual time mandar para campo cou mais fcil para Cristvo Borges. Ele colocar Jonas na vaga do ar-gentino e Alan Patri-ck sai para a entrada de Guerrero.

    O Flamengo deve entrar em campo com: Csar, Par, Csar Martins, Sa-mir, Jorge, Mrcio Arajo, Jonas, Ederson, Everton, Emerson Sheik e Guerrero.

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    Guerrero estar no time titular do Fla no duelo em So Paulo

    Victor Ramos volta zaga do Palmei-ras contra o Flamengo

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