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Poemas

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Coletânea de pemas ao vento...

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POESIAS

de

Izabel Sadalla Grispino

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Prefácio

Izabel Sadalla Grispino nasceu na cidade de Guariba/SP. Fez seus primeiros estudos em

sua terra natal e posteriormente (cursando o antigo Clássico), na cidade de

Jaboticabal/SP. Em 1948, transferiu-se para a cidade de São Paulo, onde terminou, em

Colégio Estadual, o curso iniciado em Jaboticabal.

Em 1950, ingressou na antiga e tradicional Faculdade de Filosófica, Ciências e Letras,

da Rua Maria Antonia, unidade pertencente à USP, licenciando-se, no ano de 1953, em

Letras Neolatinas, dedicando-se, a partir daí, inteiramente ao setor educacional. No

magistério, exerceu os cargos de Professora Secundária, lecionando português e francês,

Diretora de Escola e Supervisora de Ensino, além de professora universitária.

Não é fácil definir um poeta. Li, não me lembro onde: “O pintor pinta com pincéis. O

poeta, com palavras”. O poeta francês Mallarmé afirma que: “Poesia se faz com

palavras e não com idéias”. Ela revela e transmite toda emoção que o autor possui. Só

alguém dotado de muita sensibilidade pode ser considerado um poeta. E é por possuir

essa sensibilidade, que eu via na Izabel realmente uma poetisa.

O site contém 155 poesias (das mais de 300 que ela elaborou), sendo 52 declamadas e

103 formatadas.

Eis, nas palavras da autora do site, em uma de suas poesias, o que é ser poeta:

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S E R P O E T A

O poeta é um ser escolhido,

Na criação, multiplica os pães,

Faz, na árida terra, o grão ser colhido,

No filho pródigo, a alegria das mães.

A poesia é sua catarse maior,

Nela se refugia a cada emoção,

Se transporta para um mundo melhor,

Fantasia a dor, ilude a decepção.

Faz de um mundo belo seu refletor,

Seu porto seguro, seu esconderijo,

Transforma guerra em paz, ódio em amor,

Constrói no irreal piso rijo.

Ele canta em verso as desilusões,

Maqueia a tristeza, atrai o sorriso,

Lava a alma de injuriosas canções,

Foge da pequenez, viaja ao paraíso.

É poeta quem sabe subir ao céu,

Quem sabe o outro guardar na compreensão,

Se apoiar na fé, não se ver como réu,

Às misérias da vida, dizer não!

Toda a obra da autora pode ser lida ou baixada no site

http://www.izabelsadallagrispino.com.br/

Francisco Graciano Grispino

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I

A Árvore

A natureza tem tanta beleza tanta,

Tanto encanto que até espanta!

O deslumbre do nascer de uma planta,

Uma sementinha jogada, às vezes, por acaso,

A seu tempo, a plantinha surge, sem atraso!

Sou da natureza uma contemplativa,

Vejo o Criador em obra magnífica,

A árvore valorizando a paisagem,

Colorindo de verde vastas paragens,

Com suas flores, despertando doces miragens!

Ela dá abrigo e sombra ao viajante,

É oxigênio, ciência para o estudante,

É vida para o homem, passarela sem espinho,

Espalha perfume, acolhe o passarinho,

Com ela, montamos o presépio de Jesus menino!

A árvore é fonte de vida,

Simboliza a origem e o sentido das obras divinas,

Simboliza o crescer e o multiplicar,

O alimento, o agasalho, a sustentação,

É a imagem da purificação.

Sua raiz, sua seiva, nutrem o tronco,

Que nos galhos e nas folhas tem seu encontro,

Se desenvolve apontando para o horizonte,

Nas ramificações ergue sua ponte,

Se prolonga pela eternidade, apoiada no seu ontem.

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II

Driblando o sofrimento

Quanta decepção, quanta mágoa,

Já não nublaram os meus dias!

Mas em quantos baldes de água,

Não as transformei em alegrias!

Em momentos de muita dor,

Iludo o meu interior,

Ouço orquestras, hinos de amor,

Me agarro ao Ser Superior!

Quantas vezes voei ao céu,

Caminhei pelo espaço ao léu,

Trocando a má pela boa hora.

Pudesse eu me esquivar da morte,

Como faço com a triste sorte,

Eterna eu seria agora!

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III

Descansar em Deus

A vida é complexa demais!

Os conflitos internos se avolumam,

Choques de interesses são freqüentes,

A má índole se desenvolve naturalmente.

Vivemos num mundo de guerras,

Guerras entre nações, guerras abertas,

Guerras veladas no convívio social,

Aquelas que destroem o alto astral.

Felizes os que se recolhem e meditam,

Felizes os que na paz acreditam,

Os que têm a capacidade de se isolar

Dos maus espíritos se ausentar.

Nesse mundo tão conturbado,

De respeito anulado,

Meditar Deus é a saída,

Nele, encontrar doce guarida.

Em Mt. 11-28, as palavras de Cristo:

“Vinde a mim, vós que estais cansados

E oprimidos, sob o peso de vosso fardo,

E eu vos aliviarei”.

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IV

Deus, essência da vida!

A vida só tem sentido voltada a Deus,

Toda obra só se completa no Ser Sagrado,

Quanta agrura se inscreve até o último adeus!

Quanta esperança naufraga em barco furado!

No decurso da vida só há uma saída:

Alimentar os dias com a força do amor,

Acreditar no Encontro após a partida,

Deus é, desse turbilhão, a luz do esplendor.

O homem se empolga e se encaminha pela ciência,

Mas, mesmo a ciência sem fé é vazia,

Ilustra, mas não traz vital sabedoria.

Só as coisas do espírito têm consistência,

Podem não ser inteiramente racionais,

Mas, pra realização do homem, são essenciais.

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V

A Criança

Criança, passo do adulto mais adiante,

Pequenina semente, que cuidada,

Explodirá para o mundo radiante,

Sentindo-se útil e muito amada.

Casulo que desponta para a vida,

Vai, em latência, incorporando atitudes,

Na moral, a seu redor construída,

Se formará pro mal ou pras virtudes,

Pedra bruta lapidada no tempo,

Será luminosa ou ofuscada,

Dependendo de como foi educada.

Criança relegada, solta no campo,

Sem amor, destina-se a errante,

Cresce como bicho, mal amante.

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VI

Encontro da solidão

Você que está só,

Na longa estrada do abandono,

A alma retorcida em nó,

Bata à minha porta,

Venha ter comigo,

Sob meu teto, encontrará abrigo.

Choro meus tristes ais,

Sei do outro entender a dor,

A neve derreteu o calor dos meus umbrais,

Anseio pela tepidez de um amor;

Bata à minha porta,

Fique, ao menos, até o inverno passar.

Espere o alvorecer da aurora,

Espere a luz do sol despontar,

Quando as curvas do caminho lhe indicar a hora,

Você partirá,

Então, não estaremos mais tão sós,

Uma grande saudade ficará em nós.

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VII

Claridade que ficou para trás

Do alto da minha varanda,

Meu olhar se perde no horizonte,

Lembranças me vêm em ciranda,

Unindo o hoje e o ontem.

Tempos distantes, doce aurora,

Nostalgia que bate à porta,

Por uma era que foi embora,

Que de amor floriu minha rota.

São tempos que não voltam mais,

São saudades que na alma choram,

Que aprofundam os tristes ais;

No rosto, as lágrimas afloram.

Que colorido na distância!

Quanta vida nesse hangar,

Ó minha querida infância,

Ó juventude, seu vibrar!

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VIII

Covardia e Gritaria

Não sugue sua força, sua energia,

Não seja da saúde o próprio vilão,

Pare com seus arroubos, sua mania,

De perder controle da situação.

Prepotência e desequilíbrio

Andam juntos, são da infância irmãos,

Preparam contínuo suicídio,

Se escondem no grito e fogem da ação.

Só é senhor de si quem tem limite,

Quem não joga palavra no escuro,

Quem da ponderação não se omite.

Só é senhor de si quem tem limite,

Quem não joga palavra no escuro,

Quem da ponderação não se omite.

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IX

Escalada da felicidade

Para a felicidade só há uma estrada,

Aquela que a dor alheia abraça,

Que engrossa as fileiras da justiça,

Enfraquece os ânimos da cobiça,

A humildade do espírito, sua mansidão,

Se encarregam dos benefícios que virão.

A felicidade é um se doar,

Orar ao se levantar e ao se deitar,

Impregnar-se do sentido da oração,

Aprendendo com ela a dividir o pão,

Ela está no extremo de uma estrada penosa,

Tendo que atravessar uma humanidade perniciosa!

A felicidade fica além dos pântanos encharcados,

Além da trilha de povos irados,

Só após conhecer a desgraça,

É que se chega ao estado de graça,

Persistindo em sua busca, a claridade avança,

Descobre-se que ela é a paz, a esperança!

Ser mãe!

Ser mãe é alcançar o paraíso,

É luta que o prazer redime,

Angústia vencida por um sorriso,

Ser mãe é a virtude sublime.

Fala-se em sacrifício de mãe,

Sacrifício é mulher sem filho,

O vazio de uma anciã,

Vida ofuscada, sem brilho.

É preferível duro sofrimento,

Que o nada dessa ausência doída,

A mulher joga fora seu talento,

Constrói uma ternura recolhida

É como o perfume que paira no ar,

E que não chega a lhe envolver,

Como a chuva que não corre para o mar,

Ave sem abrigo para se aquecer.

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Seja mãe gestando ou adotando,

O que importa não é a filiação,

O sentimento, se aprofundando,

Gera filhos que saem do coração!

X

Vida e Ilusão

No balanço do vento, na chuva que cai,

No saborear da fruta que tanto apraz,

No passar dos anos, na vida que se vai,

A esperança do homem vai ficando pra trás.

A rosa que desponta esbelta, colorida,

Tem apenas um breve espaço pra sorrir,

Vai perdendo o viço e, entristecida,

Murcha e se desfolha antes de partir.

Mesmo assim a vida tem momentos de encanto,

É só não deixar a hora passar e então raiar,

Saber que é do destino o prazer e o pranto.

Temperando os vaivéns da emoção,

Buscando na fé a alegria de amar,

Não se perde o sonho, nem tão pouco a ilusão.

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XI

Visão distorcida

No infinito verde-azul do mar,

Vejo as ondas se encontrarem na praia,

Vejo um horizonte que quase se alcança,

Só não vejo, entre os povos, a roda da aliança!

No fervilhar das ruas da cidade,

Vejo pessoas atarefadas, correndo,

Vejo forte concorrência, mecanização,

Só não vejo pessoas sorrindo, se dando as mãos!

Na imensidão do firmamento,

Vejo o sol, a lua e as estrelas,

Vejo a luz se espalhando por igual,

Mas, na terra, não vejo igualdade social!

No imenso mundo, vejo riqueza e miséria,

Vejo um turbilhão de agitadores, uma panacéia!

Vejo a casa da inveja, da perseguição, do dissabor,

Só não vejo a casa do amor!

O cérebro assassina o instinto,

A água, que brota da fonte,

Corre para o seu deus maior, o oceano,

A corrente do nosso Deus se quebra entre os humanos!

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XII

Realidade existencial

Olhar tristonho do ser humano,

Ausência de solidariedade,

Disputa-se o poder mano a mano,

Ausência de humanidade!

Há os reis, os filhos da riqueza,

Há a plebe, os filhos da miséria,

A realeza se veste de frieza,

Se isola, ó pobre Nigéria.

O dourado pomo da esperança,

Continua eterno sonho distante,

Um paraíso que nunca se alcança,

Um iludir de falso amante!

As guerras humanas desiguais,

As ostensivas opulências

Acirram os ânimos globais,

Deixam o mundo em efervescências

Não há liberdade individual,

Ela é da esfera coletiva,

São, miséria e exclusão social,

Inseticida cumulativa.

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XIII

De amigo para amigo

Amigo é coisa difícil de achar,

Amizade, pelo tempo testada,

É raridade, fato a se exaltar,

É atitude a ser cultivada.

Amigo é suporte, é aliança,

É ombro, segredo e confiança.

Verdadeira amizade varre o tempo,

Enfrenta com firmeza as tempestades,

Não se ausenta nos contratempos,

Caminha junto pela eternidade,

Não some numa chuva de verão,

Ao outro se une, como os dedos das mãos.

Na adversidade não se está sozinho,

Tem-se sempre alguém com quem contar,

Alguém que nos compreende com carinho,

Que no nosso mundo entra pra ficar.

Quem na vida um amigo tem,

Deve ajoelhar-se, dizer amém!

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XIV

O Amor

O amor está batendo à porta,

É o meu amado esposo que volta,

Trazendo sol, calor de verão,

E muita alegria ao coração.

Oh, presença real em minha vida!

Já nem sei quem sou eu, quem é ele,

Quero ao seu lado viver, mais nada,

Fundir, no além, meu corpo com o dele,

Hoje a emoção sai fortalecida,

Sinto o perfume da flor no vento,

Volta em mim juvenil sentimento,

O amor mora e lateja no peito,

É o grande senhor do respeito,

Ninho construtor de nobre alento.

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XV

O Fim da Jornada

A velhinha estava tão cansada...

Recostou-se no tronco da árvore,

Fixou o olhar distante, parada,

Tombou a cabeça, dormiu no mármore.

O velho corpo exaurido

Ultrapassou a incógnita fronteira,

Para o plácido céu, sem partido,

Fechou, em paz, a última porteira.

Partiu para a etérea esfera,

Para o pouso da eterna morada,

Ponto final dos sonhos de uma era,

Foi viver diferente jornada.

Saiu dessa sufocante fornalha,

Para encontrar seus antigos amores,

No adeus, os seus sonhos, da mortalha,

Fizeram nascer um chão de flores.

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ÍNDICE

Prefácio

I – A Árvore

II – Driblando o Sofrimento

III – Descansar em Deus

IV – Deus, essência da Vida

V – A Criança

VI – Encontro da Solidão

VII – Claridade que ficou para trás

VIII – Covardia e Gritaria

IX – Escalada da Felicidade

X – Vida e Ilusão

XI – Visão distorcida

XII – Realidade Existencial

XIII – De Amigo para Amigo

XIV – O Amor

XV – O Fim da Jornada

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