Poesia Semiótica

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  • 5/11/2018 Poesia Semitica

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    POESIA SEMIOTIC AM a rc elo D o la be la

    UNI~BH

    RESUMOA Poesia Serniotica, atraves da chave lexica, trasladoua verbivocovisualidade da Poesia Concreta -construtivista, realizada a partir da letra, da silaba e/ou da palavra - para a poesia sem palavras do Poema-Processo.

    PALAVRAS-CHAVEchave lexica, poema codigo, poesia semi6tica, poesia sem palavras

    OR IGEM E PRECURSORES

    A poesia concreta s6 teve unicidade, de proposta e de praxis, em seulancamento, isto e , na E xp os i~ a o N a c io n al de A rte C onc re ta , no MAM - Sao Paulo,em dezembro de 1956, e no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1957. A partir dai, 0movimento se fragmenta e se desdobra em outras vertentes:

    - Ferreira Gullar a "abandona", criando, em 1959, com Reynaldo Jardim,Theon Sapnudis, Ligia Pape, Ligia Clark, Amilcar de Castro, FranzWeissman e outros, 0 neoconcretismo;- Wlademir Dias-Pino, na mesma epoca, tambern se desliga (e expulso? seauto-expulsai) do grupo e, em 1967, lanca 0 poema/processo, ao lado deAlvaro de Sa e Moacy Cirne;- os pr6prios Augusto, Declo &Haroldo, pilares da p. c., tarnbem, se lancarnem novas experiencias.Haroldo de Campos inicia, em 1963, sua viagem neobar roca das Galdxias.Augusto de Campos lanca, em 1964, seus popcretos, a partir de conceitos

    de Waldemar Cordeiro. Augusto define os popcretos:popcretos / colhidos e escolhidos / no aleat6rio do ready-made / de agostoa novembro de 1964/ por uma vontade concreta (... ) / pop em parametresconcretos; co ns tr u c ao , intencionalidade crftica. / qualificar aquan tificac ao. quantificar a qualitidade em quantilates. /quilomiletrilfrnetros a veneer. inventariar & inventar. / no escolho daquantidade a qualidade da escolha: 0 olho. / concrecoes sernanticas.'

    I CAMPOS. Poesia 1949-1979, p.?

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    Decio Pignatari acrescenta:Ha 3 anos se vem fazendo poesia concreta sem palavras:Wlademir Dias Pino, Luis Angelo Pinto, Ronaldo Azeredo e eu. Osingleses batizaram de poemas semi6ticos. Augusto prefere chamar osdele de popcretos. Besteira do Augusto ... Mas se os chamou, vale, vindode sua grandeza.?

    EDeclo Pignatari, ao lado de Luis Angelo Pinto, inaugura, em 1964, 0passoseguinte da poesia concreta: a poesia semi6tica.

    E nesta pluralidade de experiencias - poesia concreta, neoconcretismo,popcretos, neobarroco, poerna-processo -, que a poesia semi6tica ou poemasemi6tico ou poema-sem-palavras surge. Pegando um poueo daqui, estieando umpouco a corda da experimentacao dali.

    Sua grande contribuicao e trazer da semi6tica - leia-se Charles SandersPeirce - eoneeitos para a elaboracao de um novo momenta na poesia brasileira.

    Somando as experiencias grafico-viso-cornposicionais deWlademir Dias-Pino- de A ave e Salida, ambos de 1956 - e a iconica poesia-sem-palavras dos papcretosde Augusto de Campos, a poesia semi6tica realiza, atraves da chave lexica, 0poema de possibilidades de rnultiplas leituras.

    DEFINIC;6ES

    Augusto de Campos e Haroldo de Campos.:''Finalmente, em seus ultimos desenvolvimentos [da poesia concreta], houveuma arnpliacao geral do leque de pesquisas, dentro das premissas doPLANO- PILOTO. Por um lado, deu-se uma integracao dos process oscompositivos das fases anteriores. Por outro, radicalizaram-se certosparametres, como no caso do POEMA-CODIGO ou SEMIOTICO, emque 0 poeta lida apenas com signos nao-verbais, visando a criacao denovas linguagens, capazes de exprimir percepcoes e situacoes que 0 sistemaforietico nao consegue apanhar. E 0 caso tambern dos poemas POP-CRETOS, que utilizam elementos da cornunicacao de massa (recortes dejornais, fotomontagens, etc.), chegando em certos exemplos ate aeliminacao da palavra, na criacao de objetos ideograrnaticos. Em ambasestas hip6teses, tocam-se os limites extremos entre poesia e pintura,conseguindo-se um verdadeiro "interrnedium", atraves da superacao dosobsoletos preconceitos limitadores de tipo "literario", (... ) Tanto Pound(no seu estudo sobre Camoes), como 0 linguista Roman J akobson mostramque poesia nao e bem literatura. Para a POESIA CONCRETA, 0 poeta -quer lide com a palavra em novas estruturas, quer com signos integradosem outros sistemas semi6ticos - e, fundamentalmente, como 0 exprimiucom precisao Decio Pignatari, um DESIGNER DA LINGUAGEM. Como

    2 PIGNATARI. I nfo rm a qd o. L in gu ag em , Comunicaciio., p?3 CAMPOS citado por MENEZES. Roteiro de le i tura: poesia concreta e visual, p?

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    o "industrial designer", deve ele empenhar-se em obter a configuracao6tima de sua mensagem. Novos conteudos exigem novas formas e novasformas podem engendrar nov os conteudos.

    POESIA SEMIOTICA OU POEMA SEMIOTICO OU POEMA-SEM-PALAVRASDeclo Pignatari:

    Podem ser apenas desenhados - ou montados na forma de objetos. Se asformas usadas se explicam por si mesmas, voce nao precis a dar 0 dicionarioou a chave lexica do poema: e 0 caso das colagens em geral ou do usa defiguras de conhecimento geral. Mas se voce quiser diverrir-se criando"palavras anal6gicas" e relacoes novas entre elas, eritao a chave lexicadeve ser utilizada."

    Philadelpho Menezes:A poesia semi6tica faz parte de uma tendencia dominante nos anos 60, quebuscava a criacao de uma poesia visual sem palavras. (...) A teoria da poesiasemi6tica e perfeita: pensar um poema visual cuja forma brote da pr6prialetra. Isto e, os diferentes desenhos que uma palavra pode ter determinariamo desenvolvimento do poema visual numa configuracao abstrata. (... )(0 poema semi6tico) e compos to de figuras geometricas, sem qualquersignificado, que vao se entrelacando num desenvolvimento de formaspuramente graficas. Para lhes dar sentido, 0 autor cria ao lado do poemauma "chave lexica", isto e, um pequeno glossario das formas visuais queaparecem no poema, atribuindo-Ihes um significado, uma palavracorrespondente. Atraves desse processo, a forma visual pura (0 "Icone",na teoria semi6tica) ganha um sentido (0 "sfmbolo" semi6tico).Um dos postulados interessantes da teoria semi6tica e a ideia de que ossignos da linguagem possuem seu lado iconico e seu lado simbolico, isto e,seu aspecto formal e seus significados, mas de tal forma entrelacados quee impossivel separa-los e mesmo distingui-Ios precisamente. Ora, a poesiasemi6tica faz e precisamente 0 contrario: nao ha nada num triangulo pretoapontado para a direita que de a ele 0 significado de "macho", ou numoutro virado para a esquerda que seja "mulher". A relacao estabelecidana "chave lexica" entre as figuras geornetricas e as palavras e arbitraria eforcada. 0 desenvolvimento das figuras geometricas tambern nao obedecea qualquer necessidade das pr6prias formas."

    POEMA-CODIGO (VIA POEMA-PROCESSO)

    Wlademir Dias- Pino:No poema-c6digo nao e como no ideograma, que a uniao de duas palavrasproduz uma terceira em estado poetico, mas sobreposicoes de formasm6veis, revelando uma serie estatfstica, de probabilidades de formas. Os

    4 P IG N A T A R I. Concracomunicac,;:ao, p?5 M E NE ZE S. Roteiro de leitura: poesia concreta e visual, p?

    1998.1999 - ALETRIA 47

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    poemas semi6ticos sao uma parcela do poema processo: sua codificacaoimpoe 0 sentido de matriz ao poema e seu desencadeamento a criacao deseries. A matriz cria as possibilidades de consumo e as series a participacao,a opcao, 0 processo. A matriz e a estrutura im6vel e 0 processo e acombinacao das series. A matriz cria a logica, 0 consume."

    CHAVE LEXICA OU CODIGO OU DICIONARIO

    Wlademir Dias- Pino:Codigo: estagio didatico do poema. estagio que se desprende (futuramente)do poema. escolha: tradutor de dados diretos. unidade: numero ordinal(das pagin as}. cperacao: retardador de leitura. c ombi n ac a o: u marelatividade. escala: quando verbal. * a palavra nao e olhada como geradorade leitura. * 0 sentido de aprendizagem que traz cada poema por ser novo e,principalmente, um problema de leitura. * fronteira do pr6prio limite docerebro humano. *,:' CODIGO: Satelite do grafico: poema. Banda lateral.Parte didatica do poema. 0 sentido de aprendizagem em todo 0 poema.Operacao: escolha / unidade. Pares de transrnissoes / pares abstratos / afins.?

    COMENTARIO A CHAVE LEXICA

    Em Comunica~ao poetica, S Decio Pignatari cna um exemplo simples eilustrativo de um poema semi6tico (ver poemas ao fim do texto). Utilizando comochave lexica um retangulo, para indicar a primeira pessoa do singular (= EU), eum coracao, para indicar a segunda pessoa do singular (= VOCE), "esgota", emuma serie/linhas de oito, as possibilidades de escrita/leitura do poema.

    1a linha. tres retangulos2 a linha: tres coracoes3" linha. tres retangulos e um coracao4a linha: urn retangulo e um coracaoS a linha: um coracao e um retangulo6 a linha: urn retangulo envolvido, a direita, por meio coracao7 " linha: um retangulo contendo, a direita, meio coracao8a linha: urn retangulo contendo um coracaoAinda a comentar:Os poemas semi6ticos nao tern titulo, exceto "womanity", de [oaquim

    Branco, e "Epithalamium - II", de Pedro Xisto. Para a didatica deste trabalho, useipalavras da chave lexica como titulo.

    Alguns poemas nao trazem - explicitamente - a nomeacao chave lexica,embora tenham este processo de decodificacao, como e 0 caso dos poemas "terra

    6 DIAS-PINO. Processo: linguagem e comunicar;:do, p?7 I B ID E M . p?8 PIGNATARJ. Comunicar;:do j)oetica, p?

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    homem", de Luis Angelo Pinto, "viver lutar", de Anchieta Fernandes, "consoantesponto de articulacao" e "womanity", de Joaquim Branco, "fome" e "colo solo sub/solo", de Jose de Arimathea, "nao sim", de Jose Luiz Serafini, "tempo fome", deLara de Lemos, "mar torto morto", "bomba fertil", "amor medo", "ver viver" e"resistencia", de N eide Sa.A poeta Neide Sa, ligada ao poema-processo, radicalizando a proposta de chavelexica, chega, em dois poemas, aqui chamados, a titulo de didatica, de "sern titulo 1" e"sern titulo 2", a abdicar da chave lexica e de qualquer palavra-referente, construindopoema de leitura serniotica, a partir apenas da composicao/oposicao visogeometrica.

    No poema-processo, a chave lexica e chamada de "animacao sernantica''.Augusto de Campos comenta:

    Os poemas-sern-palavras, os "poemas semi6ticos", que constituemapenas uma das vertentes da poesia concreta - pois esta, em outros textos,continua a explorar as virtualidades da palavra, com enfase no pararnetrosemantico - tern sido normalmente apresentados, ao lado de poe mas-com-palavras, em publicacoes e antologias de cunho internacional. 0 quedistingue da porducao propriamente pictorica e a clara intencionalidadesernantica. Nesse sentido cabe ressaltar que tanto os poernas-objeto "solid;!':de Wlademir Dias-Pino como os poemas-codigo de Pignatari, Luiz Angeloe Ronaldo Azeredo possuem "chaves lexicas" para a sua leitura oudecodificacao, 0 mesmo ocorre com 0 poema visual "olho por olho", quenao necessita de "chave lexica" explicita porque se cornpoe de signosextraidos da realidade cotidiana: um esteira de olhos arrancados apersonagens conhecidos conduz a um triangulo formado por sinais detrans ito, de significado universal: a esquerda, tr afe go pr oib ido ; no centro,siga em frente; a direita, diret;,;ao unica a direita; e no vertice superior, termoda viagem, 0 sina l gera l de perigo. Esse poema "inqualificavel" tem, pois,uma sernantica visfvel a olho nu.?

    MENSAGEM DIGITAL / MENSAGEM ANALOGICA

    Declo Pignatari:Uma mensagem pode manifestar-se em termos ou quantidades analogicas oudigitais. As mensagens de natureza digital sao construfdas por digitos ouunidades "discretas", ou seja, por unidades que se manifestam separadamente.(...) [Exemplo:] 0 alfabeto, as notas musicais, 0 sistema numerico.[Mensagens analogicas] sao continuas. Todo sistema analcgico se ligamuito mais ao mundo ffsico do que ao mundo mental, implicita sempre aideia de modelo, simulacro, imitacao, bem como a ideia de medicao oumensuracao. A mensagem do tipo analogico e menos precis a , porern maisdireta e a sua imprecisao nasce do fato de as qualidades continuas terem deser repartidas em unidades digitais e controladas sensivelmente. [Exernplo.]A regua, a regua de calculo, 0 terrnometro, 0 relogio, 0 pantografo, 0 mapa,o grafico ( ... ), lfnguas orientais - chines e japones, etc.'?

    9 CAMPOS. P o e sia , a n tip o es ia , a n tr o po fa g ia , p?[0 P IGNATARI. ln fo rm aq ao . L ing ua ge m. C om un ic aqa o., p?

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    antes de tudo e acima de tudo, montagem. 0 cinema j apories est aotimamente provido de empresas produtoras, atores e argumentos. Mas 0cinema japones nao tem a menor consciencia da montagem. Nao obstante,o princfpio de montagem pode ser identificado como elemento basico dacultura figurativa japonesa. Escrita - porque sua escrita e antes de tudofigural. 0 hieroglifo. ( ... ) Riscada com urn estilete sobre uma tira de bambu,a imagem de urn objeto mantinha a sernelhanca com 0 seu original, emtodos os aspectos. (... ) A questao e que a copula (talvez fosse melhordizer a cornbinacao) de dois hieroglifos da serie mais simples nao deve serconsiderada como uma soma deles e sim como seu produto, isto e, comoum valor de outra dimensao, de outro grau; cada um deles, separadamente,corresponde a urn objeto, a um fato, mas sua combinacao corresponde aurn conceito. Do amalgama de hieroglifos isolados saiu - 0 ideograma. Acombinacao de dois elementos suscetfveis de serem "pintados" permite arepresentacao de algo que nao pode ser graficamente retratado. Porexemplo: 0 desenho da agua e 0 desenho de urn olho significarn "chorar";o desenho de urna orelha perto do desenho de uma porta = "ouvir". ( ...)Sim, e exatamente isto que fazemos no cinema, combinando tomadas quepint am, de significado singelo e conteudo neutro - para formar contextose series intelectuais. ( ... ) A tomada nao e, de maneira alguma, urnelemento da montagem. A tom ada e uma celula da montagem. (... ) 0que, entao, caracteriza a montagem e, conseqlientemente, a sua celula- a tomada (0 plano)? A colisao. 0 conflito entre dois pedacos, urn emoposicao ao outro. 0 conflito. A colisao. (... ) montagem como colisao.(... ) da colisao de dois fatores determinados, surge urn conceito. (... )montagem e conflito. Como a base de toda arte e conflito (umatransforrnacao "imagistica" do prindpio dialetico). A tomada (plano) surgecomo celula da montagem. Por conseguinte, deve ser tarnbern consideradaa partir do ponto de vista do conflito.!'

    COMENTARIOS FINAlS

    o poema semi6tico traslada, se pudessemos fazer uma parafrase de MarshallMcLuhan, a poesia ocidental - de Romero a poesia concreta - do mundoana16gico para 0mundo digital. Quebra e instaura urn outro processo de leitura,nao par contiguidade, mas por montagem, ao feitio dos ideogramas (os ideogramashomem + arvore + so l = leste), das experiencias de montagem cinematografica dorusso Serguei Eisentein e mo n ta g em pro c es su a lis ta , do poema-processo.

    Entendendo por montagem eisenteiniana:

    E par montagem processualista, conforme teorizacao de Wlademir Dias-Pino:Compete ao poeta reformular a mensagem massificada pelos donos deinforrnacao. * Diferente do Pop que e apenas uma textura do cotidiano.Vibracoes semanticas: desfocalizacao da leitura / choques informacionais:labirintos de imagens / unidade dinamica: resposta direta do social. * 0

    II EISENSTEIN. 0 princfpio cinematografico e 0 ideograma. In: CAMPOS (Org.). Ideograma: logica,poesia, linguagem, p?

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    documental do visual: Presente: tornados signos / Instante: planossucessivos. * Para a facilidade da colagem, estabeleceu-se a codificacaocomo disciplina. ':' Razao igual ao visfvel. / Desfocar contra a visao normalbiocular / A facilidade da reproducao criou a apropriacao. ':' Montagem:realismo dialetico, * As !ivres associacoes da manipulacao. ':' Montagem:o ernblernatico do insrantaneo."

    o poema semi6tico explicita, na pagina ou em outro suporte qualquer -cartaz, postal, dobradura, etc. -, os elementos constitutivos do poema e suapossibilidade de leitura (via chave lexica). Projeto que, nos anos 80, se desdobrariano conceito de poema-monragem ou poesia intersignos, assim definido porPhiladelpho Menezes:

    A montagem, tal como a definia sem sua faceta mais desenvolvida 0cineasta Serguei Eisenstein, tem por procedimento uma cornbinacaoformalmente motivada (ao contrario da plasticidade livre da colagem) dedois ou mais dados, e tern por produto a criacao de urn campo designificados que uma leitura atenta deve ser capaz de apreender (ao inversoda colagem, onde toda apreensao e sensorial e anti-sernantica. Tambernno poema-montagem outros tipos da poesia visual encontrarn-se presentes,mas subsumidas numa construcao visualmente mais limpa. (... ) a montagemcomport a leituras de significados mesmo em obra onde nao ha palavras.!'

    Duas duzias de poemas foram realizadas dentro dos conceitos do poemasemi6tico, em curto espaco de tempo - de 1964, quando Decio Pignatari e LuisAngelo Pinto lancam, no C orre ia da M a nha , em 25 de julho, 0 "manifesto" "Novalinguagem, nova poesia", ate 1972, quando 0poema-processo lanca seu manifesto-fim "Parada: opcao tatica", na Rev ista Vo ze s, em dezembro.

    Porem, 0 poema semi6tico antecipou - em muitos anos e modos - asexperiencias que so seriam posstveis a partir do final dos anos 80, com a urilizacao dainformatica e dos recursos de computacao grafica: escrita holografica, holopoema,video-clipe, poesia-hipertextual, poerna-fractal, poesia intersignos, etc.

    Uma chave lexica, com apenas dois elementos/termos, possibilita umaproducao infinita de leituras - soma, subtracao, fusao, fragmentacao, exclusao,inclusao, justaposicao, etc. A linguagem digital ja esta, plenamente, exercitada.

    Talvez tenha faltado ao poema semi6tico uma radicalizacao em sua teoria epraxis, como fizeram a poesia concreta, 0 poema-processo (pos- 72) e a poesiavisual (pos-poema-processo) em sua multiplicidade de experiencias e conceitos.

    Mas 0 que ficou - teoria e pratica - ja e suficiente para mostrar que, numasintese absurda a la Ezra Pound-Benedetto Croce &Harold Bloom, sua aberturade criacao ainda e um lance de dados com possibilidades infinitas.

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    12 DIAS-PINO. P ro ce sso : lin gu ag em e comunica

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    ABSTRACTSemiotic Poetry, by using the lexical key, hastransported the verbvocalvisuality from Concret Poetry- constructivist poetry, performed from the letter,syllable and/or word - into the poetry without wordsin the Process -Poem.

    Principais poetas: Wlademir Dias-Pino: Decio Pignatari; Luis Angelo Pinto;Ronaldo Azeredo; Anchieta Fernandes; Dailor Varela; [oaquim Branco; Jose deArimathea Soares de Carvalho; Jose Luiz Serafini; Jurema Brandao, Lara de Lemos;Pedro Xisto; Neide Sa; Sonia Figueiredo; Walter Carvalho, entre outros.

    KEY-WORDSlexical key, code poem, semiotic poetry, no-word poetry

    REFERENCIAS BIBLIOGRAFICASAZEVEDO FILHO, Leode gario de. Poe tas do modernismo - antologia crftica. Brasilia:

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    e U / V O C fDecio P ig na ta ri

    D = E U ODD((= voce \} ~ \IDDD

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    w o m a n i t yJoaquim Branco

    ....-.. . ... _ ........ . . . .- .....~ . - - -

    ~

    W /OiM ~ AN

    1969

    54 ALETRIA, 1998-1999

    M : M A NW : W O M A N

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    f o m eJose de Arim a thea Soa res de Ca rva lho

    D 0 MUNDO[!] I HOMEM[!] 0 fome[ Q J 0 Fame[ Q ] 0 FOME0 MORTE

    1998-1999; ALETRIA 55

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    12/16

    e v o l u ~ a o h o m e mSon ia F ig ue ire do

    -EVOLU

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    13/16

    l a b o r t o r p o rRonalda Azeredo

    ,chave lexicaD labor torpor

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    e p i t h a l a m i u m I IPedro Xisto

    he = ele&=eShe = ela e

    58 ALETRIA - 1998-1999

    S = serpenteh = homoe = eva

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    chave lexica

    macho

    femea

    m a c h o f e m e aLuis Angelo Pinto

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    SABOR

    v e r v i d aNeide s a

    I VER /'-, SABERIDA

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