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Poesias e Biografia Carlos Mariguella Homenagem Povo Sem Medo

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:::::::::: Nota ::::::::::• - Este material foi produzido para prestarmos uma singela homenagem póstuma em honra ao guerrilheiro Carlos Marighella! (5/12/1911 à 4/11/1969).• Material desenvolvido para arquivo pessoal e distribuição livre, pedimos apenas para citar as fontes.________________________Proibido todo e qualquer uso comercial.Se você pagou por esse livroVOCE FOI ROUBADO!Existe muito material sobre Carlos Mariguella.LIVROS – VIDEOS e DOCUMENTARIOS.....Vale a pena pesquisar e conhecer....

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"Quero ser apenas um entre os milhões de brasileiros que resistem"

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Ocupação Carlos Marighella

Nossa singela homenagem póstuma em honra ao guerrilheiro

Carlos Marighella! (5/12/1911 à 4/11/1969)

PENSAMENTOS E

POESIAS Carlos Mariguella.

1911 – 1969

Fonte Digital Wikipédia, a enciclopédia livre

Sites e Blogs diversos

Digitalização, Edição, Desgner e Cooperação

Marcelo Amorin

Rodrigo (Comunicação)

Versão para eBook

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PENSAMENTOS E

POESIAS

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Carlos Marighella

O homem deve ser livre...

O amor é que não se detém ante-

Nenhum obstáculo, e pode mesmo

existir até quando não se é livre.

E, no entanto, ele é em si mesmo

a expressão mais elevada do que

houver de mais livre em todas as

gamas do sentimento humano.

É preciso não ter medo,

É preciso ter a coragem de dizer.

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

LIBERDADE

Não ficarei tão só no campo da arte, e, ânimo firme, sobranceiro e forte,

tudo farei por ti para exaltar-te, serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te

dominadora, em férvido transporte, direi que és bela e pura em toda parte,

por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma, que não exista força humana alguma que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,

possa feliz, indiferente à dor, morrer sorrindo a murmurar teu nome

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Rondó da Liberdade

É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo, mas há os escravos que se revoltam contra a

escravidão. Não ficar de joelhos,

que não é racional renunciar a ser livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a ser livres,

quando as algemas forem quebradas. É preciso não ter medo,

é preciso ter a coragem de dizer. O homem deve ser livre...

O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,

e pode mesmo existir quando não se é livre. E no entanto ele é em si mesmo

a expressão mais elevada do que houver de mais livre

em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer.

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Canto para Atabaque

Ei bum! Qui bum-rum! Qui bum-rum! Bum! Bumba!

Ei lu! Qui lu-lu! Qui lu-lu! Lumumba!

Ei Brasil!

Ei bumba meu-boi!

“Mansu, manseba, traz a navalheta pra fazer a barba

deste maganeta.”

Lá vem beberrão, lá vem Bastião, tocando bexiga

em tudo que é gente.

O engenheiro medindo, empata-samba empatando,

cavalo-marinho dançando, dançando.

O boi requebrando, o boi ‘stá morrendo,

o boi levantando,,,

Ei Brasil-africano!

Minha avó era nega haussá, ela veio foi da África,

num navio negreiro. Meu pai veio foi da Itália,

operário imigrante. O Brasil é mestiço,

mistura de índio, de negro, de branco.

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Bum! Qui bum-rum! Qui bum-rum! Bum-bum!

Quem fez o Brasil

foi trabalho de negro,

de escravo, de escrava,

com banzo, sem banzo,

mas lá na senzala,

o filão do Brasil

veio de lá foi da África.

Ei bum!

Qui bum-rum!

Qui bum-rum!

Bum! Bumba!

Ei lu!

Qui lu-lu!

Qui lu-lu!

Lumumba!

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Canto da Terra

A terra tem tudo e plantando é que dá.

E plantaram e plantaram

ou já estava plantado.

A floresta amazônica,

o rio e os peixes e o balacubau.

A caatinga existia

com a braúna, o mandacaru

e o gravatá cariango.

As coxilhas do Sul, o maciço do Atlântico,

a Serra do Mar, os pinheiros erguidos,

o rio Amazonas,

o rio São Francisco,

o rio Paraná...

Canaviais assobiando,

cortina verde estendida

sobre imensa extensão.

E plantaram café

e cacau e borracha...

E plantaram erva-mate...

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Com o escravo e o imigrante

tudo se fez.

Comidas meu santo,

a mulata, a morena...

e até a loura surgiu.

A índia já havia,

a gringa veio depois.

Quem atrapalhou

foi gente de fora

que não trabalhou.

Eu canto a terra...

Todos sabem que outra

mais garrida não há...

“Teus risonhos, lindos campos têm mais flores”...

Bom! Lírios já houve,

mas agora é que não.

Eu canto a terra,

eu canto o povo...

Cantam os poetas

e cantando vão...

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Liberdade

Não ficarei tão só no campo da arte, e, ânimo firme, sobranceiro e forte,

tudo farei por ti para exaltar-te, serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te dominadora, em férvido transporte,

direi que és bela e pura em toda parte, por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma, que não exista força humana alguma que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for, possa feliz, indiferente à dor,

morrer sorrindo a murmurar teu nome. São Paulo, Presídio Especial, 1939.

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

A Alegria do Povo

Uma grande jogada pela ponta direita, o balão de couro como que preso no pé.

Um drible impossível...

Garrincha sai por uma lado, e o adversário se estatela no chão.

Gargalhada geral, o Maracanã estremece...

Lá vai o ponta seguindo, os holofotes varrendo de luz o gramado,

o balão branco rolando, seguro nos pés do endiabrado atacante.

Voa Garrincha, invade a área contrária, indo até à linha de fundo para cruzar... E as redes balançam, no delírio do gol.

Garrincha! Garrincha!

A alegria do povo, no balé estonteante do futebol brasileiro.

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Capoeira

Capoeira quem te mandou, capoeira, foi teu padrinho. O berimbau retinindo na corda retesa, cadência marcada

da ginga do jogo. Zum, zum, zum, capoeira mata um. A perna direita lançada pra frente,

o peso do corpo equilibrado na esquerda, os braços jogando de um lado pro outro...

Capoeira quem te ensinou? De repente uma queda,

o capoeira na terra, o aú, de cabeça pra baixo, as pernas no ar,

a rasteira varrendo como foice no chão, o corta-capim, o rabo-de-arraia,

e o inimigo caindo de supetão,

ao puxavante da baianada. Luta africana

que o mestiço encampou, que os guerreiros da mata,

quilombos, palmares, souberam jogar.

Que o angolano nos trouxe, que o mestre Pastinha nos soube ensinar.

Coreografia. Jongo do povo. Zum, zum, zum

capoeira mata um.

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

O Perfume"

Para cada mulher existe

sempre um perfume

que agrada ao seu

gosto

ou ao desejo que a

inspira,

e que lhe é revelado

pelo dom do instinto.

Cada mulher traz em si, entranhado em seu corpo,

um perfume.

A cada espécie de amor

um perfume é mister,

seja amor puro, infiel,

sacrossanto, carnal.

Há uma busca eterna à mulher ...

E quem sabe essa busca

se resume

na procura de um quê,

algo estranho, insondável,

quem sabe um perfume.

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

O país de uma nota só Não pretendo nada,

nem flores, louvores,

triunfos.

nada de nada.

Somente um protesto,

uma brecha no muro,

e fazer ecoar,

com voz surda que seja,

e sem outro valor,

o que se esconde no peito,

no fundo da alma

de milhões de sufocados.

Algo por onde possa filtrar o pensamento, a idéia que

puseram no cárcere.

A passagem subiu, o leite acabou,

a criança morreu, a carne sumiu,

o IPM prendeu, o DOPS torturou,

o deputado cedeu, a linha dura vetou,

a censura proibiu, o governo entregou,

o desemprego cresceu, a carestia aumentou, o Nordeste encolheu,

o país resvalou.

Tudo dó,

tudo dó,

tudo dó...

E em todo o país repercute o tom

de uma nota só...

de uma nota só...

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Uma Prova em Versos

Respostas em versos ao ponto sorteado "Catóptrica,

leis de reflexão e sua demonstração, espelhos,

construções de imagens e equações catóptricas", da

cadeira de Física do 5º ano, no Ginásio da Bahia, aos

23 de agosto de 1929.

Ginásio da Bahia aos 23

De 29 deste oitavo mês.

....................................................*

Doutor, a sério falo, me permita,

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Em versos rabiscar a prova escrita.

Espelho é a superfície que produz,

Quando polida, a reflexão da luz.

Há nos espelhos a considerar

Dois casos, quando a imagem se formar.

Caso primeiro: um ponto é que se tem;

Ao segundo objeto é que convém.

Seja figura abaixo que se vê,

O espelho seja a linha beta cê.

O ponto P um ponto dado seja,

Como raio incidente R** se veja.

O raio refletido vem depois

E o raio luminoso ao ponto 2.

Foi traçada em seguida uma normal,

O ângulo I de incidência a R igual.

Olhando em direção de R segundo,

A imagem vê-se nítida no fundo,

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PENSAMENTOS E

POESIAS

No prolongado, luminoso raio,

Que o refletido encontra de soslaio.

Dois triângulos então no espelho faz,

Retângulos os dois, ambos iguais.

Iguais porque um cateto têm em comum,

Dois ângulos iguais formando um.

Iguais também, porque seus complementos

Iguais serão, conforme os argumentos.

Quanto a graus, A + I possui noventa,

B + J outros tantos apresenta.

Por vértices opostos R e J

São iguais assim como R e I.

Mostrado e demonstrado o que é mister,

I é igual a J como se quer.

Os triângulos iguais viram-se acima,

L2, P2, iguais isso se exprima.

IMAGEM DE UM PONTO

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Atrás do espelho plano então se forma

A imagem, que é simétrica por norma.

IMAGEM DE UM OBJETO

Simétrica, direita e virtual,

E da mesma grandeza por final.

Melhor explicação ou mais segura

Encontra-se debaixo na figura.

....................................................

*Os espaços pontilhados foram preenchidos pelo

enunciado das questões e a assinatura, além da figura

desenhada, que também faz parte da prova escrita.

**Conforme é uso na Bahia, R pronuncia-se "rrê" e

não "érre"; J pronuncia-se "ji" e não "jota"; L

pronuncia-se "lê" e não "éle".

Carlos Marighella

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Abaixo alguns vídeos:

Carlos Marighella fala à rádio Havana (1967) por André Caramante

MTST, Rap Ocupação Carlos Marighella

(Carapicuiba) Royall Emicy/Jotagê Por D'fato Rappers

Somos front, somos Luta..Marighella presente Hj e sempre, a luta

é pra Valer!! sempre será...

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PENSAMENTOS E

POESIAS

RAP MTST por Nailson

Costa 25 MIL

PESSOAS

CANTANDO

EM FRENTE

DO

ITAQUERÃO

DIA

04/06/2014.

Guilherme Boulos: "não haverá mais avanços sem reformas populares" por TV Carta Maior

Por ocasião

do seminário

internacional

Cidades

Rebeldes, a

Carta Maior

entrevistou

Guilherme

Boulos, líder

do MTST, ...

Racionais MC's - Marighella (Audio Oficial)

por Bruno

Santiago

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PENSAMENTOS E

POESIAS

GETULIO SILENZIO - " Liberdade " Poema de Carlos Marighella por Getulio Silenzio

QUARTA MUSICA DE MATERIAL EM CONSTRUÇÃO Á SER

LANÇADO FUTURAMENTE ASSINADO COMO GETULIO ...

Marighella- Não tive tempo... (Mini Documentario)

por Coluna Progresso

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Marighella Filme Completo HD 2012

por Marighella Leal

Carlos Marighella foi o maior inimigo da ditadura militar no Brasil.

Este líder comunista e parlamentar foi preso e torturado, ...

Carlos Marighella Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Carlos Marighella (Salvador, 5 de dezembro de 1911 – São Paulo, 4 de novembro de 1969) foi um político e guerrilheiro, um dos principais organizadores da luta durante a ditadura militar a partir de 1964[1] . Chegou a ser considerado o inimigo "número um" da ditadura.[2]

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PENSAMENTOS E

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Biografia

Um dos sete filhos de uma família pobre de Salvador. Seu pai era o operário Augusto Marighella, imigrante italiano da região daEmília e da baiana Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos africanos trazidos do Sudão (negros hauçás), nasceu na capital baiana, residindo na Rua do Desterro 9,Baixa do Sapateiro, onde concluiu o seu curso primário e o secundário e, em 1934 abandonou o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Bahia para ingressar noPCB.[3] Tornou-se então, militante profissional do partido e se mudou para o Rio de Janeiro, trabalhando na reorganização do PCB. [4]

Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no terceiro ano, em 1934, quando deslocou-se para o Rio de Janeiro.

Em 1º de maio de 1936, durante a ditadura na Era Vargas, foi preso por subversão e torturado pela polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano. Foi solto pela “macedada” (nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação). Ao sair da prisão entrou para a clandestinidade, até ser recapturado, em 1939. Novamente foi torturado e ficou na prisão até 1945, quando foi beneficiado com a anistia pelo processo de redemocratização do país.

Elegeu-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946. Nesse período teve um breve relacionamento com Elza Sento Sé, operária da Light,

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com quem acabou tendo um filho, Carlos Augusto Marighella, nascido a 22 de maio de 1948 no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano Marighella voltou a perder o mandato, em virtude da nova proscrição do partido. Voltou para a clandestinidade e ocupou diversos cargos na direção partidária. Convidado pelo Comitê Central, passou os anos de 1953 e 1954 na China, a fim de conhecer de perto a recente Revolução Chinesa. Em maio de 1964, após o golpe militar, foi baleado e preso por agentes do DOPS dentro de um cinema, no Rio. Libertado em 1965 por decisão judicial, no ano seguinte optou pela luta armada contra a ditadura, escrevendo A Crise Brasileira. Em dezembro de 1966, renunciou à Comissão Executiva Nacional do PCB. Em agosto de 1967, participou da I Conferência da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), realizada em Havana, Cuba, a despeito da orientação contrária do PCB. Aproveitando a estada em Havana, redigiu Algumas questões sobre a guerrilha no Brasil, dedicado à memória do guerrilheiro Che Guevara e tornado público pelo Jornal do Brasil em 5 de setembro de 1968. Foi expulso do partido em 1967 e em fevereiro de 1968 fundou o grupo armado Ação Libertadora Nacional. Em setembro de 1969, a ALN participou do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em uma ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).[5]

Com o recrudescimento do regime militar, os órgãos de repressão concentraram esforços em sua captura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi

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surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista. Ele foi morto a tiros por agentes do DOPS, em uma ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. A ALN continuou em atividade até o ano de 1974. O sucessor de Marighella no comando da ALN foi Joaquim Câmara Ferreira, que também foi morto por Fleury no ano seguinte. Os militantes mais atuantes em São Paulo eram Yuri Xavier Ferreira, Ana Maria Nacinovic Correa, Marco Antonio Valmont e Gian Mercer que continuaram fazendo panfletagem contra a ditadura até meados de 1972, quando também foram mortos numa emboscada no bairro da Mooca, ao saírem do restaurante Varela. Dezoito de seus militantes foram mortos e cinco foram considerados desaparecidos. O último líder da ALN foi Carlos Eugênio Sarmento da Paz, que sobreviveu auto exilando-se na França, voltando ao Brasil após a anistia.

Morte

A conexão de Marighella com os freis Dominicanos no bairro Perdizes em São Paulo era conhecida por agentes norte-americanos desde dezembro de 1968, informada pelo frei Edson Braga de Souza.[6]

Em uma emboscada[7] preparada contra Marighella, foram detidos Tito e seus amigos de convento (exceto Frei Oswaldo). Frei Fernando foi obrigado a combinar um encontro com Marighella. Eles tinham um código que auxiliou na emboscada: "Aqui é o Ernesto, vou à gráfica hoje". O encontro foi marcado na Alameda

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Casa Branca, uma rua próxima ao centro da cidade de São Paulo.

No dia do encontro, havia uma caminhonete com policiais e um automóvel, com supostos namorados (onde Fleury disfarçou-se), além do fusca com Fernando e Ivo.

Ao chegar na Alameda, às 20h00, dirigiu-se ao Fusca e entrou na parte traseira. Frei Ives e Fernando saíram rapidamente do carro e se jogaram no chão. Percebendo a emboscada, imediatamente reagiu à prisão e foi morto. Marighella seguiu as normas de seu manual. Portava um revólver e levava duas cápsulas de cianureto.

Além de Marighella, outras três pessoas foram atingidas durante o tiroteio:

Estela Borges Morato, investigadora do DOPS, morta.[8]

Friederich Adolf Rohmann, protético que passava pelo local, morto.

Rubens Tucunduva, delegado envolvido na emboscada, ficou ferido gravemente.

Pedra instalada na Alameda

Casa Branca em

homenagem a Marighella,

morto nas imediações. A

placa frontal foi arrancada

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POESIAS

Anistia póstuma

Em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela sua morte; em 7 de março de 2008 foi decidido que sua companheira Clara Charf deveria receber pensão vitalícia do governo brasileiro[9] apesar de a família de Marighella não ter solicitado reparação econômica, apenas o reconhecimento da perseguição ao militante.[10]

Em 2012, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, oficializou a anistia post mortem de Marighella.[11]

PORTARIA N 2.780, DE 8 DE

NOVEMBRO DE 2012

O MINISTRO DE ESTADO DA

JUSTIÇA, no uso de suas atribuições

legais, com fulcro no artigo 10 da Lei nº

10.559, de 13 de novembro de 2002,

publicada no Diário Oficial de 14 de

novembro de 2002 e considerando o

resultado do julgamento proferido pela

Comissão de Anistia na 6ª Sessão de

Julgamento da Caravana de Anistia, na

cidade de Salvador / BA, realizada no dia

05 de dezembro de 2011, no

Requerimento de Anistia nº

2011.01.70225, resolve: Declarar

CARLOS MARIGHELLA filho de

MARIA RITA DO NASCIMENTO

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PENSAMENTOS E

POESIAS

MARIGHELLA, anistiado político "post

mortem", nos termos do artigo 1º, inciso I,

da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de

2002.

JOSÉ EDUARDO CARDOZO

Em novembro de 2013, a Comissão da Verdade realizou ato em homenagem ao aniversário de 44 anos da morte de Marighella. O tributo foi na alameda Casa Branca e contou com a presença da viúva do guerrilheiro, Clara Charf. Ela considerou o tributo importante para conscientizar as pessoas do que houve naquela rua, onde seu marido fora assassinado.[12]

Escritos

Poesias

Marighella escrevia poesias e, aos 21 anos, durante as aulas de engenharia divertia professores e colegas fazendo provas em verso. Da mesma forma, compôs em versos ataques ao interventor baiano Juracy Magalhães, fato que lhe valeu sua primeira prisão, seguida de tortura, em 1932. Ainda na prisão, desta feita em 1939,[nota 1] ele compôs o poema "Liberdade"[13]

"(...)E que eu por ti, se torturado for,

possa feliz, indiferente à dor,

morrer sorrindo a murmurar teu nome.".[14]

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Sua obra poética está reunida no livro Rondó da Liberdade.

Minimanual do Guerrilheiro Urbano

Uma das mais divulgadas obras de Marighella, o Minimanual do Guerrilheiro Urbano [15] foi escrito em 1969, para servir de orientação aos movimentos revolucionários. Circulou em versões mimeografadas e fotocopiadas, algumas diferentes entre si, sem que se possa apontar qual é a original. Nesta obra, detalhou táticas de guerrilha urbana a serem empregadas nas lutas contra governos ditatoriais.

A crise brasileira

Trabalho teórico no qual analisa a conjuntura nacional a partir da estrutura de classes do Brasil e critica o PCB por resguardar-se de qualquer atividade consequente, acomodado na ideia de um processo eleitoral limpo, e, ao mesmo tempo, refratário ao divórcio da chamada "burguesia".

Outros escritos políticos

Alguns escritos políticos de Marighella, embora redigidos por ele em português, ganharam primeiro uma edição em outra língua, devido à censura imposta a obras do gênero pelo regime militar brasileiro. É o caso de Pela Libertação do Brasil, que, em 1970, ganhou uma versão na França financiada por grupos marxistas.

Estão disponíveis em português: Alguns Aspectos da Renda da Terra no

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Brasil (1958), Algumas Questões Sobre as Guerrilhas no Brasil (1967) e Chamamento ao Povo Brasileiro (1968).

Bibliografia

BETTO, Frei. Batismo de Sangue: Guerrilha e Morte de Carlos Marighella. 14ª ed. rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

JOSÉ, Emiliano. Carlos Marighella - O Inimigo Número Um Da Ditadura Militar. São Paulo: Editora Casa Amarela, 264 p.

MAGALHÃES, Mário. Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo.1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

NÓVOA, Cristiane; NÓVOA, Jorge. Carlos Marighela: o homem por trás do mito. São Paulo: Editora UNESP, 1999. 560 p.

REZENDE, Claudinei Cássio de. Suicídio Revolucionário: a luta armada e a herança da quimérica revolução em etapas. São Paulo: editora Unesp (Cultura Acadêmica), 2010.

TEIXEIRA, Edson. Carlos: a face oculta de Marighela. Vassouras: 1991. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Severino Sombra.

Filmografia

Marighella (Brasil, 100 min) - Direção: Isa Grinspum Ferraz

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PENSAMENTOS E

POESIAS

Marighela, retrato falado do guerrilheiro (Brasil, 55 min) - Direção: Sílvio Tendler

É Preciso Não Ter Medo - Relatos de Carlos Marighella (Brasil, 32 min) Direção: Silvia Melo e Tayra Vasconcelos

Batismo de Sangue (Brasil, 110 min) - Direção: Helvécio Ratton

Na música

"Mil Faces de um Homem Leal (Marighella)"[16] - Racionais MC's

"Um Comunista" - Caetano Veloso

Notas

1. Ir para cima↑ Preso no Presídio Especial de São Paulo, Marighella foi torturado pela polícia de Filinto Müller: teve os pés queimados com maçarico, estiletes enfiados sob as unhas e dentes arrancados, mas permaneceu calado e ria "na cara dos torturadores". Esse comportamento provocou o comentário do delegado: "só existe um macho no Partido Comunista: é esse baiano Marighella".[13]

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PENSAMENTOS E

POESIAS

:::::::::: Nota ::::::::::

- Este material foi produzido para prestarmos uma singela homenagem póstuma em honra ao guerrilheiro Carlos Marighella! (5/12/1911 à 4/11/1969).

Material desenvolvido para arquivo pessoal e distribuição livre, pedimos apenas para citar as fontes.

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Proibido todo e qualquer uso comercial. Se você pagou por esse livro

VOCE FOI ROUBADO!

Existe muito material sobre Carlos Mariguella.

LIVROS – VIDEOS e DOCUMENTARIOS ......Vale a pena pesquisar e conhecer......

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2015 – Versão para eBook

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