Poetas Da Escola

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    Poetas da escola

    O poeta se aproxima da criana,que v o mundo com olhos virgens e que,por quase nada saber, est aberta ao mistriodas coisas. Para a criana como para opoeta viver uma incessante descoberta da vida.

    Ferreira Gullar

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    Iniciativa

    Copyright 2010 by Cenpec e Fundao Ita Social

    Coordenao tcnicaCentro de Estudos e Pesquisas em Educao,

    Cultura e Ao Comunitria Cenpec

    Crditos da publicaoCoordenaoSonia Madi

    Equipe de produoAnna Helena Alten elderMaria Alice Armelin

    Consultoria especializadaNorma Seltzer GoldsteinFrederico BarbosaTatiana Fraga

    Leitura crticaZoraide Faustinoni Silva

    ColaboraoEgon de Oliveira Rangel

    Organizao

    Beatriz Pedro CorteseProjeto grfco e capaCriss de Paulo e Walter Mazzuchelli

    Ilustraes Criss de Paulo

    Editorao e revisoagwm editora e produes editoriais

    ContatoCenpecRua Minas Gerais, 22801244-010 So Paulo SPTele one: 0800-7719310e-mail : escrevendo [email protected] uturo.org.br

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    Caro Pro essor,Bem-vindo 2- edio da Olimpada de Lngua Portuguesa Escrevendo o Futuro

    resultado da parceria entre o Ministrio da Educao (MEC), a Fundao Ita Sociale o Centro de Estudos e Pesquisas em Educao, Cultura e Ao Comunitria (Cenpec).

    A unio de es oros do poder pblico, da iniciativa privada e da sociedade civil visaum objetivo comum: proporcionar ensino de qualidade para todos.O MEC encontrou no Programa Escrevendo o Futuroa metodologia adequada

    para realizar a Olimpada uma das aes do Plano de Desenvolvimento da Edu-cao, idealizado para ortalecer a educao no pas.

    A Olimpada um programa de carter bienal e contnuo. Constitui uma estra-tgia de mobilizao que proporciona, aos pro essores da rede pblica, oportu-nidades de ormao. Em anos mpares, atende diversos agentes educacionais:tcnicos de secretarias de educao que atuam como ormadores, diretores, pro-

    essores. Em anos pares, promove um concurso de produo de texto para alunosdo 5- ano do Ensino Fundamental ao 3- ano do Ensino Mdio.

    Este Caderno do Pro essor traz uma sequncia didtica desenvolvida para esti-mular a vivncia de uma metodologia de ensino de lngua que trabalha com gnerostextuais. As atividades aqui sugeridas propiciam o desenvolvimento de habilida-des de leitura e de escrita previstas nos currculos escolares e devem azer partedo seu dia a dia como pro essor. Ao realiz-las, voc estar trabalhando comcontedos de lngua portuguesa que precisam ser ensinados durante o ano letivo.

    O tema do concurso O lugar onde vivo e escrever sobre isso requer leituras,pesquisas e estudos, que incitam um novo olhar acerca da realidade e abremperspectivas de trans ormao. Para que os alunos dos vrios cantos do Brasil pro- duzam textos de qualidade undamental a participao e o envolvimento dospro essores, contando com o apoio da direo da escola, dos pais e da comunidade.

    Nesta 2- edio, os alunos concorrero em quatro categorias, cada uma delasenvolve dois anos escolares:

    Poema 5- e 6- anos do Ensino Fundamental.

    Memrias literrias 7- e 8

    - anos do Ensino Fundamental. Crnica 9- ano do Ensino Fundamental e 1- ano do Ensino Mdio.

    Artigo de opinio 2- e 3- anos do Ensino Mdio.

    A Olimpada no est em busca de talentos, mas tem o rme propsito decontribuir para a melhoria da escrita de todos. O importante que os seus alunoscheguem ao nal da sequncia didtica tendo aprendido a se comunicar com com-petncia no gnero estudado. Isso contribuir para que se tornem cidados maisbem preparados. E voc, pro essor, quem pode proporcionar essa conquista.

    Desejamos a voc e seus alunos um timo trabalho!

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    Para a 2- edio da Olimpada de Lngua Portuguesa Escrevendo o Futuro oi enviada s escolaspblicas brasileiras que atendem um ou mais anos escolares entre o 5 - ano do Ensino Funda-mental e o 3- ano do Ensino Mdio uma coleo com quatro pastas. Em cada uma delas hmaterial que visa colaborar com o pro essor no ensino da leitura e da escrita em um gnero textual:1 Caderno do Pro essor, 10 exemplares idnticos da Coletnea de textos e 1 CD-ROM.

    Caderno do Pro essor Orientao para produo de textosAqui voc encontra uma sequncia didtica, organizada em o cinas, para o ensino da escritade um gnero textual. As atividades propostas esto voltadas para o desenvolvimento dacompetncia comunicativa, envolvendo leitura e anlise de textos j publicados, linguagem

    oral, conceitos gramaticais, pesquisas, produo, aprimoramento de texto dos alunos etc.Consiste em material de apoio para planejamento e realizao das aulas.

    Coleo da Olimpada

    Poema 5- e 6- anos doEnsino Fundamental.

    Crnica9- ano do EnsinoFundamental e 1- anodo Ensino Mdio.

    Memrias literrias 7- e 8- anos doEnsino Fundamental.

    Artigo de opinio2- e 3- anos doEnsino Mdio.

    Coletnea de textosPara que os alunos possam ter contato com os textos trabalhados nas o cinas, a Coletnea detextos os traz sem comentrios ou anlises. Uma publicao complementar ao Caderno doPro essor, que por ser de uso coletivo ter maior durabilidade se manuseada com cuidado,evitando anotaes.

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    Introduo ao gnero

    Apresentao8

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    Coleta de poemas com a comunidade

    Versos, estro es, ritmos, rimas, repetio

    A primeira produo

    Poemas consagrados ditos pelos alunos

    Di erentes combinaes de rimas

    Conceito de denotao e de conotao

    Figuras de linguagem

    Som e sentido, expressividade das repeties

    ...................................................

    ...................................................

    ...................................................

    ...................................................

    ...................................................

    ...................................................

    ...................................................

    Primeiro ensaio

    Dizer poemas

    Toda rima combina?

    Sentido prprio e gurado

    Comparao, met ora, personi cao

    Sonoridade na poesia

    Sumrio

    Memria de versos e mural de poemas

    O que az um poema...................................................

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    Apresentao

    Ler e escrever: um desa o para todosNeste Caderno alamos diretamente com voc, que est na sala de aula

    com a mo na massa. Contudo, para preparar este material conversamoscom pessoas que pesquisam, discutem ou discutiram a escrita e seu ensino.Entre alguns pesquisadores e tericos de di erentes campos do conhecimen-to que tm se dedicado a elaborar propostas didticas para o ensino delngua destacamos o Pro . Dr. Joaquim Dolz, do qual apresentamos, a seguir,uma pequena biodata e um texto, de sua autoria, uma espcie de pre cio,em que esse ilustre pro essor tece comentrios sobre o projeto Olimpadade Lngua Portuguesa Escrevendo o Futuro.

    Juntamente com Jean-Paul Bronckart, Bernard Schneuwly eoutros pesquisadores, Joaquim Dolz pertence a uma escolade pensamento genebrina que tem infuenciado muitas pes-quisas, propostas de interveno e de polticas pblicas de

    educao em vrios pases. No Brasil, a ao do trabalhodesses pesquisadores se az sentir at mesmo nos ParmetrosCurriculares Nacionais (PCN).Dolz nasceu em 1957, em Morella, na provncia de Castelln,Espanha. Atualmente, pro essor da unidade de didtica delnguas da Faculdade de Psicologia e das Cincias da Educaoda Universidade de Genebra (Sua). Em sua trajetria de do-cncia, pesquisa e interveno, tem se dedicado sobretudo didtica de lnguas e ormao de pro essores.Desde o incio dos anos 1990 colaborador do Departamen-to de Instruo Pblica de Genebra, atuando notadamente naelaborao de planos de ensino, erramentas didticas e orma-o de pro essores.

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    Os antigos jogos olmpicos eram uma esta cultural, uma competio emque se prestava homenagem aos deuses gregos. Os cidados treinavam du-rante anos para poderem dela participar. Quando o baro de Coubertin, nasegunda metade do sculo XIX, quis restaurar os jogos olmpicos, ele o ezcom esses mesmos ideais, mas tambm com o de igualdade social e demo-cratizao da atividade desportiva.

    Os organizadores da Olimpada de Lngua Portuguesa Escrevendo o Futuro,imbudos desses mesmos ideais desportivos, elaboraram um programapara o en rentamento do racasso escolar decorrente das di culdades doensino de leitura e de escrita no Brasil. Ao azer isso, no imaginaram que,alguns anos depois, a cidade do Rio de Janeiro seria eleita sede das Olim-padas de 2016. Enquanto se espera que os jogos olmpicos impulsionem aprtica dos esportes, a Olimpada de Lngua Portuguesa tambm tem obje-tivos ambiciosos.

    Quais so esses objetivos? Primeiro, busca-se uma democratizaodos usos da lngua portuguesa, perseguindo reduzir o iletrismo e o ra-casso escolar. Segundo, procura-se contribuir para melhorar o ensino daleitura e da escrita, ornecendo aos pro essores material e erramentas,como a sequncia didtica proposta nos Cadernos , que tenho o prazerde apresentar. Terceiro, deseja-se contribuir direta e indiretamente paraa ormao docente. Esses so os trs grandes objetivos para melhorar oensino da escrita, em um projeto coletivo, cuja importncia buscaremosmostrar a seguir.

    A Olimpada de Lngua PortuguesaEscrevendo o Futuro: uma contribuio parao desenvolvimento da aprendizagem da escrita

    Joaquim DolzFaculdade de Psicologia e das Cincias da Educao, Universidade de Genebra (Sua)

    [Traduo e adaptao de Anna Rachel Machado]

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    Ler e escrever: prioridades da escolaLer e escrever so duas aprendizagens essenciais de todo o siste-

    ma da instruo pblica. Um cidado que no tenha essas duas ha-bilidades est condenado ao racasso escolar e excluso social.Por isso, o desenvolvimento da leitura e da escrita a preocupaomaior dos pro essores. Alguns pensam, ingenuamente, que o traba-lho escolar limita-se a acilitar o acesso ao cdigo al abtico; entre-tanto, a tare a do pro essor muito mais abrangente. Compreendere produzir textos so atividades humanas que implicam dimensessociais, culturais e psicolgicas e mobilizam todos os tipos de capa-

    cidade de linguagem.

    Aprender a ler lendo todos os tipos de textoTrata-se de incentivar a leitura de todos os tipos de texto. Do ponto

    de vista social, o domnio da leitura indispensvel para democratizaro acesso ao saber e cultura letrada. Do ponto de vista psicolgico,a apropriao de estratgias de leitura diversi cadas um passoenorme para a autonomia do aluno. Essa autonomia importantepara vrios tipos de desenvolvimento, como o cognitivo, que permiteestudar e aprender sozinho; o a etivo, pois a leitura est ligada tam-bm ao sistema emocional do leitor; nalmente, permite desenvolvera capacidade verbal, melhorando o conhecimento da lngua e dovocabulrio e possibilitando observar como os textos se adaptam ssituaes de comunicao, como eles se organizam e quais as ormasde expresso que os caracterizam.

    Dessa orma, o pro essor deve preparar o aluno para que, ao ler,aprenda a azer registros pessoais, melhore suas estratgias de com-preenso e desenvolva uma relao mais slida com o saber e com acultura. No su ciente que o aluno seja capaz de deci rar palavras,identi car in ormaes presentes no texto ou l-lo em voz alta necessrio veri car seu nvel de compreenso e, para tanto, tem deaprender a relacionar, hierarquizar e articular essas in ormaes coma situao de comunicao e com o conhecimento que ele possui, aler nas entrelinhas o que o texto pressupe, sem o dizer explicitamente,

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    e a organizar todas as in ormaes para dar-lhes um sentido geral. Eleprecisa aprender a tomar certo distanciamento dos textos para in-terpret-los criticamente e ser capaz de identi car suas caractersti-

    cas e nalidades. Se queremos que descubra as regularidades de umgnero textual qualquer (uma carta, um conto etc.), temos de ornecer--lhe erramentas para que possa analisar os textos pertencentes a essegnero e conscientizar-se de sua situao de produo e das di erentesmarcas lingustico-discursivas que lhe so prprias.

    Aprender a escrever escrevendoEntretanto, o que se pretende sobretudo incentivar a escrita. Por

    isso, essa Olimpada acertadamente a rma que estamos em uma ba-talha e para ganh-la precisamos de armas adequadas, de desenhode estratgias, de objetivos claros e de uma boa ormao dos atoresenvolvidos. No su ciente aprender o cdigo e a leitura para apren-der a escrever. Escrever se aprende pondo-se em prtica a escrita,escrevendo-se em todas as situaes possveis: correspondncia es-colar, construo de livro de contos, de relatos de aventuras ou deintriga, convite para uma esta, troca de receitas, concurso de poesia,jogos de correspondncia administrativa, textos jornalsticos (notcias,editorial, carta ao diretor de um jornal) etc.

    Do ponto de vista social, a escrita permite o acesso s ormas desocializao mais complexas da vida cidad. Mesmo que os alunosno almejem ou no se tornem, no uturo, jornalistas, polticos, advo-gados, pro essores ou publicitrios, muito importante que saibamescrever di erentes gneros textuais, adaptando-se s exigncias decada es era de trabalho. O indivduo que no sabe escrever ser umcidado que vai sempre depender dos outros e ter muitas limitaesem sua vida pro ssional. O ensino da escrita continua sendo um espa-o undamental para trabalharmos os usos e as normas dela, bemcomo sua adaptao s situaes de comunicao. Assim, considera-mos que ela uma erramenta de comunicao e de guia para osalunos compreenderem melhor seu uncionamento todas as vezes quelevam em conta as convenes, os usos ormais e as exigncias dasinstituies em relao s atividades de linguagem nelas praticadas.

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    Do ponto de vista psicolgico, a escrita mobiliza o pensamento e amemria. Sem contedos nem ideias, o texto ser vazio e sem consis-tncia. Preparar-se para escrever pressupe ler, azer registros pessoais,

    selecionar in ormaes atividades cognitivas, todas elas. Mas escre-ver tambm um auxlio para a refexo, um suporte externo paramemorizar e uma orma de regular comportamentos humanos. Assim,quando anotamos uma receita, as notas nos ajudam a realizar passoa passo o prato desejado, sem nos esquecermos dos ingredientesnem das etapas a serem seguidas. Do mesmo modo, quando escreve-mos um relato de uma experincia vivida, a escrita nos ajuda a estru-turar nossas lembranas.

    Do ponto de vista do desenvolvimento da linguagem, escrever im-plica ser capaz de atuar de modo e caz, levando em considerao asituao de produo do texto, isto , quem escreve, qual seu papelsocial (jornalista, pro essor, pai); para quem escreve, qual o papel so-cial de quem vai ler, em que instituio social o texto vai ser produzidoe vai circular (na escola, em es eras jornalsticas, cient cas, outras);qual o e eito que o autor do texto quer produzir sobre seu destina-trio (convenc-lo de alguma coisa, az-lo ter conhecimento de algum

    ato atual ou de algum acontecimento passado, diverti-lo, esclarec-losobre algum tema considerado di cil); algum outro objetivo que noespeci camos. Deve-se tambm, para o desenvolvimento da linguagem,plani car a organizao do texto e utilizar os mecanismos lingusticosque asseguram a arquitetura textual: a conexo e a segmentao entresuas partes, a coeso das unidades lingusticas que contribuem paraque haja uma unidade coerente em uno da situao de comunica-o. Esses aspectos de textualizao dependem, em grande parte, do

    gnero de texto. As operaes que realizamos quando escrevemosuma receita ou uma carta comercial ou um conto no so as mesmas.Mas, independentemente do texto que escrevemos, o domnio da escritatambm implica: escolher um vocabulrio adequado, respeitar as es-truturas sintticas e mor olgicas da lngua e azer a correo ortogr-

    ca. Alm disso, se tomarmos a produo escrita como um processoe no s como o produto nal, temos de levar em considerao asatividades de reviso, de releitura e de reescrita, que so necessrias

    para chegarmos ao resultado nal desejado.

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    Escrever: um desa o para todosEssa Olimpada lanou um desa o para todos os alunos brasilei-

    ros: melhorar as prticas de escrita. Incentivar a participar de um con-curso de escrita uma orma de motiv-los coletivamente. Para quetodos possam az-lo em igualdade de condies, os materiais dispo-nibilizados pela Olimpada propem uma srie de situaes de comu-nicao e de temas de redao que antecipam e esclarecem o objetivo

    a ser alcanado. O papel do pro essor indispensvel nesse projeto.A apresentao da situao de comunicao, a ormulao clara dasinstrues para a produo e a explicitao das tare as escolares quetero de ser realizadas, antes de se redigir o texto para a Olimpada,so condies essenciais para seu xito. Entretanto, mais impor-tante ainda o trabalho de preparao para a produo durante asequncia didtica. Por meio da realizao de uma srie de o cinas ede atividades escolares, pretende-se que todos os alunos, ao parti cipardelas, aper eioem o seu aprendizado, colocando em prtica o queaprendero e mostrando suas melhores habilidades como autores.

    S o ato de participar desse projeto j importante para se tomarconscincia do desa o que a escrita. Entretanto, o real desa o doensino da produo escrita bem maior. Assim, o que se pretendecom a Olimpada iniciar uma dinmica que v muito alm da atividadepontual proposta neste material. Espera-se que, a partir das atividadesda sequncia didtica, os pro essores possam comear a desenvolverum processo de ensino de leitura e de escrita muito mais amplo. Sabe-mos que a escrita um instrumento indispensvel para todas asaprendizagens e, desse ponto de vista, as situaes de produo e ostemas tratados nas sequncias didticas so apenas uma primeiraaproximao aos gneros en ocados em cada uma delas, que podeampliar-se aos poucos, pois escrever textos uma atividade complexa,que envolve uma longa aprendizagem. Seria ingnuo pensar que osalunos resolvero todas as suas di culdades com a realizao de umas sequncia.

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    A sequncia didtica como eixodo ensino da escrita

    A sequncia didtica a principal erramenta proposta pela Olim-pada de Lngua Portuguesa Escrevendo o Futuropara se ensinar aescrever. Estando envolvido h muitos anos na elaborao e na expe-rimentao desse tipo de dispositivo, iniciado coletivamente pelaequipe de didtica das lnguas da Universidade de Genebra, umprazer ver como se adapta complexa realidade das escolas brasilei-ras. Uma sequncia didtica um conjunto de o cinas e de atividadesescolares sobre um gnero textual, organizada de modo a acilitar aprogresso na aprendizagem da escrita.

    Cinco conselhos me parecem importantes para os pro essores queutilizam esse dispositivo como modelo e desenvolvem com seus alu-nos as atividades aqui propostas:

    1) Fazer os alunos escreverem um primeiro texto e avaliar suascapacidades iniciais. Observar o que eles j sabem e assinalar aslacunas e os erros me parece undamental para escolher as atividades

    e para orientar as intervenes do pro essor. Uma discusso comos alunos com base na primeira verso do texto de grande e ccia:o aluno descobre as dimenses que vale a pena melhorar, as novasmetas para superar, enquanto o pro essor compreende melhor asnecessidades dos alunos e a origem de alguns dos erros deles.

    2) Escolher e adaptar as atividades de acordo com a situao es-colar e com as necessidades dos alunos, pois a sequncia didticaapresenta uma base de materiais que podem ser completados etrans ormados em uno dessa situao e dessas necessidades.

    3) Trabalhar com outros textos do mesmo gnero, produzidospor adultos ou por outros alunos. Diversi car as re erncias e apre-sentar um conjunto variado de textos pertencentes a um mesmognero, propondo sua leitura e comparao, sempre uma baseimportante para a realizao de outras atividades.

    4) Trabalhar sistematicamente as dimenses verbais e as ormasde expresso em lngua portuguesa. No se con ormar apenas

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    Introduo ao gnero

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    Sobre poemas e poetasConvite

    Poesia brincar com palavrascomo se brincacom bola, papagaio, pio.

    S quebola, papagaio, piode tanto brincar se gastam.

    As palavras no:quanto mais se brincacom elasmais novas cam.

    Como a gua do rioque gua sempre nova.

    Como cada diaque sempre um novo dia.

    Vamos brincar de poesia?Jos Paulo Paes. Poemas para brincar .

    2- e . So Paulo: tica, 1991.

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    Seus alunos certamente j leram ou ouviram poemas:parlendas, cantigas de roda e trava-lnguas que azem partedas brincadeiras; msicas que ouvem e cantam, repentes,quadrinhas e cordel todas so ormas poticas.

    Um poema pode, ou no, apresentar rimas; pode, ou no,ter ritmo uni orme; pode ser regular ou irregular. Ele pode ainda

    alar sobre qualquer assunto: pessoas, ideias, sentimentos,lugares ou acontecimentos comuns, por exemplo, uma pedrano meio do caminho, como ez Carlos Drummond de Andradeem seu poema No meio do caminho. No entanto, h umaspecto que di erencia o poema de um texto in ormativo ou deoutro texto literrio, como o romance ou o conto o modopelo qual o poeta escreve seu texto.

    O poema criado como se osse um jogo de palavras. Ele mo-tiva o leitor a descobrir no apenas a leitura corrente, mas tam-bm a buscar outras leituras possveis. E como o poeta az isso?Ora... com as palavras e com tudo o que se pode azer com elas.

    O poeta busca mostrar o mundo de um jeito novo, com ainteno de sensibilizar, convencer, azer pensar ou divertir osleitores. Ele sugere associaes entre palavras, seja pela posioque ocupam no poema, seja pela sonoridade, seja por meio deoutros recursos.

    Observe o incio do poema Convite, de Jos Paulo Paes:

    Poesia bri c r com palavrascomo se bri ccom bol ,

    p p g io, pio .

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    O verbo brincar repetido, como uma pista para deduzirque tudo aquilo com que se brinca poderia ser aproximado:poesia, bola, papagaio, pio. Convite sugere que a leitura depoemas pode ser uma atividade divertida.

    Outro trecho:

    [...]quanto mais se brincacom elas [as palavras]mais novas cam.

    Como a gua do rioque gua sempre nova .

    Como cada diaque sempre um novo dia.

    Nessa passagem, a repetio do comparativo como leva oleitor a associar os termos palavras, gua do rio e cada dia.

    Qual o sentido do termo novo nesse caso? No contexto dopoema, ele sinnimo de renovado, em permanente movimento.

    Sugere-se assim o carter original e inovador da palavrapotica. Quanto mais o poeta usa as palavras, mais ele setorna capaz de criar sentidos novos para elas, num processode renovao permanente, como o movimento do rio e a

    sucesso dos dias.No nal do poema, vem o convite, em orma de pergunta:

    V mos bri c r de poesi ?

    Ao estabelecer esse dilogo, o poeta motiva o leitor a seinteressar pela leitura de outros poemas, outros jogos de pala-

    vra marcados pelo ritmo das repeties e pela originalidade.

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    [...] poeta brinca com as palavras [...] parece que o poetadiz o que a gente nunca tinha pensado em dizer [...]

    [...] um poema um jogo com a linguagem. Compe-sede palavras: palavras soltas, palavras empilhadas, pala-

    vras em la, palavras desenhadas, palavras em ritmodi erente da ala do dia a dia. Alm de di erentes pelasonoridade e pela disposio na pgina, os poemasrepresentam uma maneira original de ver o mundo, dedizer coisas [...]

    [...] poeta , assim, quem descobre e az poesia a respeitode tudo: de gente, de bicho, de planta, de coisas do dia

    a dia da vida da gente, de um brinquedo, de pessoasque parecem com pessoas que conhecemos, de epis-dios que nunca imaginamos que poderiam acontecer eat a prpria poesia! [...]

    Marisa Lajolo.Palavras de encantamento: antologia de poetas brasileiros . v. 1.So Paulo: Mo erna, 2001.

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    Poema ou poesia?Qual a di erena entre poema e poesia?O poema um texto marcado por recursos sonoros e

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    A poesia est presente no poema, assim como em outrasobras de arte, que, como o poema, convidam o leitor/espectador/ ouvinte a retornar obra mais de uma vez, desvendando as pistasque ela apresenta para a interpretao de seus sentidos .

    Norma Gol stein.Versos, sons, ritmos .14a e . So Paulo: tica, 2006.

    Ento, essa a di erena. Quando alamos em poema, esta-mos tratando da obra, do prprio texto. E, quando alamos empoesia, tratamos da arte, da habilidade de tornar algo potico.Uma pintura, uma msica, uma cena de lme, um espetculo dedana, uma obra de arquitetura tambm podem ser poticos.Apesar da distino, h pessoas que a rmam ler poesias, comose o termo osse sinnimo de poemas.

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    O tempo das o icinasCada o cina oi organizada para tratar de um tema, um

    assunto. Algumas podero ser realizadas em uma ou duas au-las; outras levaro trs ou quatro. Por isso, essencial quevoc, pro essor, leia todas as atividades antecipadamente.Antes de comear a trabalhar com os alunos, preciso teruma viso do conjunto, de cada etapa e do que se espera queeles produzam ao nal.

    Aproprie-se dos objetivos e estratgias de ensino, providen-cie o material e estime o tempo necessrio para que sua turma

    aa o que oi proposto.

    En m, preciso planejar cada passo, pois s voc, queconhece seus alunos, conseguir determinar qual a orma maise ciente de trabalhar com eles. Comece o quanto antes; as-sim, voc ter mais tempo para desenvolver as propostas eacompanhar melhor o Cronograma de atividades, cartazque dever ser a xado na sala dos pro essores e consultadoregularmente.

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    O icina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Memria deversos e mural

    de poemas

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    Objetivos

    Prepare-se!Na ltima etapa desta o cina seus alunos escreveroo primeiro artigo de opinio deles. Voc precisar ajud-los

    a de nir questes polmicas. Procure identi car o que polmico em sua comunidade. Seus alunos aroum debate. Ajude-os a traar uma preparao e umcomportamento apropriado para essa situao.

    Identi car questes polmicas.

    Reconhecer bonsargumentos .

    Escolher ou ormular uma questo polmica.

    . . . . . . . . . . . . . . .

    Prepare-se! Voc sabe que boas aulas no se do por acaso: preciso investir tempo e de nir o que se quer eo que se pretende alcanar ao nal de cada dia,alm de refetir sobre as propostas de atividades.Nesta o cina, propomos que voc e seus alunosmontem um mural de poemas. Organize os materiaiscom antecedncia.

    Resgatar e valorizar a cultura da comunidade.

    Avaliar e ampliar o repertrio de poemasconhecidos pelos alunos. Reconhecer os poemas em suas diversas ormas.

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    Material Folhas de papel kra t ou de cartolina

    Canetas hidrogrfcas coloridas e fta crepe Mural ou varal para fxar ou pendurar cartazes e textos Caderno (ser seu Dirio da Olimpada)

    1- etapaMemria de versos dos alunos

    O objetivo descobrir o que seus alunos e as pessoas dacomunidade j conhecem sobre poemas para lev-los a ampliaro repertrio deles. Se a maioria conhece poemas in antis,vamos apresentar alguns clssicos. Se conhecerem os grandes

    poetas, vamos lhes propor poemas populares. O levantamentodo repertrio serve, portanto, para que cada pro essor saibaquais pontos do trabalho devem ser mais en atizados, de modoque os alunos possam compreender e apreciar mais e melhoros poemas.

    Inicialmente, converse com os alunos sobre poesia, procurandosaber se conhecem alguns poemas, se gostam ou no de poesia

    e por qu. Esse pode ser um ponto de partida para a compreen-so das caractersticas do gnero.

    Se veri car que j conhecem alguns poemas ou apenas trechosdeles, pea que os registrem no papel para a x-los no mural.

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    Proponha-lhes que leiam em voz alta os poemas. Pergunte comosabem que se trata de poemas. Deixe que expressem as ideias

    deles, procurando observar quais elementos desse gnero j sopercebidos por eles. Nesse momento, no importa tanto a quali-dade do que vo dizer nem se est certo ou errado. O importante que alem, mani estem livremente as impresses que tm acercado que leram ou escreveram.

    Pode ser que aam re erncia ao ritmo, s rimas, orma, auma ou a outra gura por enquanto sem nomear nenhum

    desses recursos, limitando-se a identi c-los. Faa voc tam-bm observaes sobre os poemas que apresentarem, procurelev-los a perceber repeties, rimas e outros e eitos sonoros.

    2- etapa

    Memria de versos da comunidadeEm seguida, sugira aos alunos que coletem os poemas que acomunidade conhece. Planeje com eles como aro essa coleta.Podem sair pelas ruas do bairro ou entrevistar os moradores.Fazer a pesquisa na prpria escola, com pro essores, uncion-rios e colegas mais velhos. E, como tare a de casa, conversar

    com pais, avs, vizinhos e parentes.A ideia entrevistar pessoas, perguntando se conhecem poema,se gostam de poemas, se sabem o nome de algum poe ta. Emcaso a rmativo, o aluno vai pedir pessoa que escreva essepoema ou o dite para que ele o anote.

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    Se na cidade morar algum poeta, interessante convid-lo a visitara escola, durante essa ase inicial, para conversar com os alunos, ou,ainda, pedir-lhe que envie um de seus poemas para a turma.

    Voc, pro essor, tambm az parte da comunidade, por isso podecontribuir, trazendo dois ou trs poemas para ampliar a coleta. Oideal seria escolher criaes de poetas consagrados, de di erentespocas, sem esquecer os modernistas, como Manuel Bandeira,Carlos Drummond de Andrade, Ceclia Meireles; nem os contempo-rneos, como Ferreira Gullar, Paulo Leminski e outros. Lembre-sede incluir poemas regionais, ou seja, do lugar onde vocs vivem.

    Finalizada a coleta, os alunos vo selecionar os poemas mais inte-ressantes entre os recolhidos na comunidade e os que resgataramde memria. Ajude-os a revis-los, para depois a x-los no mural.

    3- etapaUm mural caprichado

    Voc no acha que seria interessante um registro de tudo o queseus alunos vo aprender? Para isso, sugerimos que organizeum mural na sala. Nele sero a xados, ao longo deste trabalho,os poemas estudados e as produes da turma. No nal, osalunos tero uma coletnea dos poemas j conhecidos, dos

    descobertos durante o processo, dos pre eridos e dos que elesprprios produziram.

    Construa com eles o mural. Pode ser bem simples, por exemplo,delimitando um espao na parede e recobrindo-o com olhas depapel kra t ou de cartolina. Ele pode ser ilustrado e ter um visualbem chamativo. Mas o mais importante que ele acilite aleitura dos poemas. A nal, eles so a alma do projeto, a razode ser do mural.

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    Converse com os alunos para planejar a organizao.

    Onde o mural vai ser colocado?Como deix-lo bem organizado e com boa apresentao?

    Para inaugurar o mural, coloque os poemas escolhidos pelosalunos.

    H palavras que o vento no levaO registro muito importante para voc aper eioar o seu

    trabalho. Ele nos ajuda a azer questionamentos e descobrir solu-es que nos azem crescer. Sabemos que mais uma tare a.Mesmo assim, precisamos desenvolver essa prtica e vencer a

    alta de tempo.

    Anote, no seu Dirio da Olimpada, as atividades desenvolvidas,suas impresses e di culdades e as reaes do grupo. Como diz aeducadora Madalena Freire (1996): O registrar de sua refexocotidiana signi ca abrir-se para seu processo de aprendizagem.

    O pro essor de aluno semi nalista da Olimpada dever, combase em seus registros, apresentar por escrito o relato de expe-

    rincia e do percurso vivido em sala de aula.

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    O icina

    O que azum poema

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    ObjetivoIdenti car questes polmicas.

    Reconhecer bonsargumentos .

    Escolher ou ormular uma questo polmica.

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    Prepare-se!Seus alunos iro analisar os poemas do mural.Para isso, importante que voc leia todosos que esto a xados e aa comentrios

    sobre eles, antes de propor-lhes a atividade.Lembre-se de que os alunos precisaro dein ormaes que sero dadas por voc.

    Conhecer e sistematizar in ormaessobre as caractersticas de um poema: versos,

    estro es, ritmos, rima, repetio.

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    Material Mural de poemas ( eito por voc e pelos alunos na ofcina anterior)

    Coletnea de poemas CD-ROM de poemas Aparelho de som Datashow (reserve com antecedncia na secretaria da escola) Cartolina ou papel kra t, canetas hidrogrfcas e fta crepe

    1- etapa

    Leitura do mural

    Agora vamos ampliar um pouco mais a discusso sobre aspectosimportantes que caracterizam um poema. Instigue os alunos apensar, trocar ideias, tirar concluses, buscar in ormaes. Seu

    papel coordenar e aquecer o debate.Para iniciar, ale dos poemas que esto no mural. Algumas ques-tes podem animar a conversa.

    Do que tratam os poemas?

    Por que escolheram esses poemas?

    Como sabem que so poemas?Por que so di erentes de uma notcia de jornal, de umareceita de bolo, de uma lista de supermercado, de um verbetede dicionrio? Ou de um conto?

    Como eles se organizam no papel?

    Eles preenchem todo o espao das linhas, da margem esquerda direita?

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    Ateno

    H linhas em branco entre os versos?

    H sons que se repetem? E construes?H palavras ou expresses que, mesmo distanciadas dentro dotexto, podem ser associadas, por terem semelhana sonora ou

    gurarem em construes iguais?

    Relacione as observaes que zerem com aquela conversa da1- etapa da o cina anterior. Ser que perceberam as caracters-ticas que constituem um poema? Avalie o progresso e, se pre-ciso, motive-os com questes para que isso ocorra e se amplie.

    2- etapaSistematizao das observaes

    Divida a classe em grupos, entregue para cada um deles umaColetnea e pea-lhes que abram na pgina do poema Temtudo a ver, de Elias Jos. Voc poder l-lo em voz alta ou colocaro CD para que eles ouam.

    A Coletnea de uso coletivo da escola; por isso, as anotaes,os destaques, os registros comuns de estudo devero ser rea-lizados sempre no caderno do aluno.

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    P o e

    m a

    Tem tudo a ver

    A poesiatem tudo a ver com tua dor e alegrias,com as cores, as ormas, os cheiros,os sabores e a msicado mundo.

    A poesiatem tudo a ver com o sorriso da criana,o dilogo dos namorados,as lgrimas diante da morte,os olhos pedindo po.

    A poesiatem tudo a ver com a plumagem, o voo,e o canto dos pssaros,a veloz acrobacia dos peixes,as cores todas do arco-ris,o ritmo dos rios e cachoeiras,o brilho da lua, do sol e das estrelas,a exploso em verde, em fores e rutos.

    A poesia s abrir os olhos e ver tem tudo a ver com tudo.

    Elias Jos, in:Segredinhos de amor .2- e . So Pa lo, Mo erna, 2002.

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    Depois da leitura ou da audio, converse com os alunos so-bre o que entenderam do poema. Leve-os a observar o modo

    como o poema ocupa a pgina, com margens tanto direitaquanto esquerda do texto, como se ormasse um desenhono papel, uma espcie de coluna no meio da pgina. Emseguida, proponha-lhes que veri quem as linhas ou versos dotexto e o modo como se agrupam em estro es . Este poematem 25 versos distribudos em 4 estro es. Para azer isso, vocpode projetar o poema na parede e azer gri os coloridos, pro-jetando o CD por meio do datashow .

    Pea aos alunos que observem as palavras iniciais de cada es-tro e: A poesia. Questione-os se saberiam dizer por qual razotodas elas comeam assim. Oriente-os a veri car se apenasessas palavras so repetidas ou se ocorre a repetio de versosque compreendem uma rase inteira. muito provvel que apon-tem a reiterao de a poesia tem tudo a ver com....

    Os alunos possivelmente relacionaro os termos com que apoesia tem a ver, do incio ao nal: dor , alegrias, cores, ormas,cheiros, sabores e msica, na primeira estro e;sorriso, dilogo,lgrimas diante da morte, olhos pedindo po, na segunda ; pssaros, peixes e elementos da natureza , na terceira. A quartaestro e az a sntese, indicando que a poesia tem tudo a ver com tudo.

    Procure mostrar-lhes que, para o autor, a poesia viva, dinmica ,e pode alar de pessoas, de animais, de objetos, de acontecimen-tos de tudo. Algumas pessoas acham que a uno da poesia cantar amores ou mgoas. Mas, na verdade, a poesia pode

    alar de qualquer assunto. Como diz Elias Jos, a poesia temtudo a ver com tudo. Comprove essa a rmao mostrando aosalunos a diversidade de temas presentes nos poemas a xadosno mural.

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    Finalmente, organize e sistematize as observaes do grupo emrelao ao conjunto de poemas lidos. Possivelmente, surgiro

    as seguintes constataes:as palavras rimam quando terminam com sons idnticos ouparecidos;nem todos os poemas apresentam rimas;os versos so as linhas do poema e podem ter extenso variada;

    estro es so conjuntos de versos separados por um espao(linha em branco);

    um poema pode ter uma ou mais estro es e cada estro e podeter nmero variado de versos;os poemas costumam apresentar repeties de letras, de pa-lavras ou expresses, de versos;eles tambm podem ter repetio da mesma construosinttica;as palavras que apresentam semelhanas de sonoridade, de

    posio dentro do poema (incio, meio ou nal do verso), deuno sinttica podem ser associadas para apoiar a inter-pretao do sentido do poema.

    Oriente os alunos a copiar essas concluses no caderno. Umaluno poder azer um cartaz com essas in ormaes para sera xado no mural.

    Lembre-se de que as atividades deste Caderno oram plane-jadas para abordar alguns dos contedos de ensino de lnguaportuguesa. Todos os alunos devem participar das o cinas, poispodero alcanar uma escrita mais aprimorada, ainda que notenham seus textos selecionados para as prximas etapas.

    A importncia de participar

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    A sintaxe de uma lngua remete ao modo como as palavras secombinam para ormar expresses ou rases. Nos poemas, costumaser empregado o PARALELISMO SINTTICO: uma mesma construose repete ao longo do texto. Por exemplo, observe abaixo, na estro edo poema Convite, que um tipo de construo se repete nos versosassinalados com gri o simples e outro tipo retomado nos versos mar- cados com gri o pontilhado:

    Como a gua do rioque gua sempre nova.Como cada diaque sempre um novo dia.

    Note mais um exemplo de paralelismo em Tudo a ver:

    A poesiatem tudo a ver [...]com as cores, as ormas, os cheiros , [...]com a plumagem, o voo,

    Paralelismo sinttico

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    QuestespolmicasPrimeiro ensaio

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    Esse primeiro texto importante para que os alunos avaliem a pr-pria escrita. Com sua ajuda, eles podem perceber o que precisomelhorar e podero comprometer-se com as o cinas, tendo maischances de melhorar a escrita. Alm disso, ser possvel comparar essaproduo com o texto nal e reconhecer os avanos, constituindo umprocesso de avaliao continuada.

    Primeira escrita

    AtenoCaso seu aluno seja semi inalista da Olimpada, voc preci-sar levar a primeira produo para o encontro regional.

    Distribua uma olha de papel para cada aluno e pea-lhes queescrevam um primeiro poema. O tema O lugar onde vivo.

    Explique-lhes que podem azer rascunhos do poema no cadernoe re az-lo, se acharem necessrio. Quando chegarem orma

    nal, vo passar a limpo na olha que voc entregou a eles.

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    Objetivos. . . . . . . . . . . . . . .

    Prepare-se!Os alunos iro se organizar para dizer poemasem voz alta. Voc, pro essor, um importante modelode leitura para eles. Por isso, selecione os poemascom antecedncia e prepare a sua leitura!

    Conhecer alguns poetas e poemas consagradosda literatura brasileira.

    Descobrir a importncia de ouvir e de dizer poemas.

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    Material Coletnea de poemas

    CD-ROM de poemas Aparelho de som Cpias de poemas diversos (selecionados por voc e pelos alunos) Folhas coloridas, papel crepom (material para decorar a sala de aula)

    Faa uma seleo entre seus poemas pre eridos e os dos alunos .Providencie cpias dessa seleo para que leiam em grupos.

    Solicite-lhes que ouam as duas leituras, gravadas no CD, de Oburaco do tatu que ser trabalhado na O cina 9. Conversecom eles sobre as impresses que tiveram de cada uma dasaudies.

    Pergunte-lhes se h di erena entre as leituras e se os e eitossonoros marca registrada dos poemas so acilmente perce-

    bidos. Sugira-lhes que sempre leiam os poemas em voz alta,pelo menos uma vez, para treinar a audio dos recursos sonorose do ritmo do texto.

    Divida a classe em grupos de trs ou quatro alunos e distribuapara cada um deles uma Coletnea e uma cpia da seleo quevoc organizou. Diga-lhes que devero apresentar para a classeum dos poemas que receberam. Para isso, devem se preparar

    lendo vrias vezes o poema e ensaiando as vrias ormas de in-terpretar o texto para os colegas.

    Podero utilizar gestos, movimentos, e eitos sonoros, undo mu-sical etc. Devero diz-lo em voz alta, de modo claro, seja em

    orma de jogral ou de coro alado, seja individualmente, sempreatentando para o ritmo, as pausas e a entonao da voz.

    D ateno a cada grupo, ajudando na leitura. Para isso, veja

    orientaes no quadro Buscando sentido, na pgina 47.

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    Combine com eles a data da apresentao e um prazo para quese preparem adequadamente.

    No dia combinado, organize o ambiente com a ajuda dos alunos .Disponha as carteiras em semicrculo ou escolha um outroespao da escola. O local escolhido pode ser decorado, casohaja condies, eventualmente com apoio do pro essor de arte.

    Depois, pea aos alunos que escolham alguns dos poemas apre-sentados para a xar no mural.

    Orientaes para o trabalho com leitura de poemasRelacionamos algumas orientaes para que voc trabalhe

    a leitura de poemas. Essas mesmas sugestes podem, e devem,ser usadas em todas as o cinas.

    Leia poemas em voz alta para os alunos. Para apreciarmosdevidamente um poema preciso escut-lo com ateno. Oseu exemplo um bom incentivo para eles.

    Poemas evocam sensaes, impresses, sentimentos, ideias,imagens, refexes. Ajude os alunos a descobrir o que opoema desperta em cada um deles. Voc pode azer per-guntas como:

    O que perceberam ao ouvir/ler o poema?O que ele despertou em vocs?

    Fechando os olhos, vocs conseguem imaginar o que opoema sugere?

    Relendo o poema, vocs compreendem melhor o seu sentido?

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    Poetas exprimem um olhar nico, pessoal, sobre os maisdiversos assuntos: um acontecimento, o ser humano, a vida,os relacionamentos, os problemas do mundo, a realidade, osonho, os atos corriqueiros. Ajude seus alunos a relacionaros poemas lidos com as experincias e a sensibilidade deles,perguntando, por exemplo:

    Voc v o assunto do poema da mesma orma que o poeta?J aconteceu algo parecido com voc?

    Voc se lembra de um lugar (pessoa, ato, situao,sonho etc.) que lhe causou a mesma impresso que oautor deste poema descreve?

    Uma orma de penetrar no texto observar os recursos expres-sivos que ele apresenta: organizao, ritmo, repeties, cons-trues. Um exerccio valioso consiste em relacionar os termosque se assemelham: por apresentarem rima ou repetio deletra ou por se repetirem eles prprios; por estarem ambos namesma posio, em versos di erentes: incio, meio ou nal; porexercerem a mesma uno sinttica: so sujeitos, predicativosdo sujeito, objeto etc.; por pertencerem mesma classe grama-tical: adjetivos, substantivos etc. Para apro undar e ampliar ainterpretao do texto, voc pode perguntar aos alunos porque o poeta teria usado tais recursos nos versos dele.

    preciso que os alunos leiam e compreendam o poema a serapresentado, para absorver seu ritmo, ao diz-lo em voz alta,respeitando o que ele prope, sem, no entanto, deixar derespeitar tambm a pontuao e a sequncia lgica do texto.

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    Buscando sentidoPara ler um texto, no basta identi car letras, slabas e palavras;

    preciso buscar o sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter oque or mais relevante.Quando lemos algo, temos sempre um objetivo: buscar in ormao,

    ampliar o conhecimento, meditar, entreter-nos. O objetivo da leitura que vai mobilizar as estratgias que o leitor utilizar. Sendo assim, ler umartigo de jornal di erente de ler um romance, uma histria em quadri-nhos ou um poema.

    Ler textos traz desa os para os alunos. Para venc-los undamen-tal a mediao de um pro essor que deve ajud-los a compreender,gradativamente, di erentes gneros textuais por meio da leitura indivi-dual e autnoma. Algumas estratgias podem acilitar essa conquista,uma delas a leitura cativante, emocionada, en tica eita pelo pro-

    essor; outra a escuta do CD-ROM que az parte do material de apoiodesta Olimpada.

    Contudo, ouvir textos lidos em voz alta no pode substituir a leiturados alunos, pois so jeitos di erentes de conhecer um mesmo texto. Almdisso, papel da escola desenvolver habilidades de leitura.

    Atividades nas quais os alunos so convidados a dizer ou lerpoemas avorecem o trabalho com a leitura. Para apresentaroralmente um poema necessrio compreender o seu sentidoem pro undidade e apreender o que o autor quis exprimir.Se possvel, oua com os alunos outros CDs de poemasapresentados por seus autores ou por artistas amosos. Porexemplo: Coleo Poesia Falada, da editora Nossa Cultura;Ou Isto ou Aquilo, da gravadora Luz da Cidade (poemas deCeclia Meireles lidos por Paulo Autran).

    En m, importante preparar a apresentao com cuidado,e isso vale tambm para voc, pro essor.

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    Toda rimacombina?

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    Objetivos. . . . . . . . . . . . . . .

    Prepare-se!A o cina est dividida em quatro etapas.Leia as atividades propostas e planeje quantasaulas sero necessrias.

    Reconhecer rimas em poemas.

    Conhecer as di erentes combinaes de rimas.

    Produzir poemas com rimas.

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    Material Coletnea de poemas

    CD-ROM de poemas Aparelho de som Datashow Papel kra t ou cartolina, canetas hidrogrfcas e fta crepe Dicionrio de lngua portuguesa

    1- etapa

    Rimas e quadrasCompor rimas um exerccio divertido, mas d trabalho! Muitasvezes, preciso recorrer memria e ao dicionrio para en-contrar palavras que normalmente no usamos. Com as rimas

    os poemas podem ganhar sonoridade.Num primeiro momento, importante levar os alunos a reco-nhecer rimas, comeando por poemas que tm uma ormasimples e popular, como as quadrinhas.

    Pergunte aos alunos se sabem o que quadrinha. Explique-lhesque se trata de um poema de apenas quatro versos. uma

    orma potica antiga, comum na cultura popular e bastanteconhecida pelas crianas, principalmente por meio das cantigasde roda. Quem no se lembra?

    O cravo brigou com a rosa,Debaixo de uma sacada.O cravo saiu erido,E a rosa despedaada.

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    Escreva na lousa a quadra:

    L no undo do quintal Tem um tacho de meladoQuem no sabe cantar verso melhor car ____________

    Ricar o Azeve o.Armazm do folclore .So Paulo: tica, 2000.

    Pergunte quais palavras rimam com melado que poderiamcompletar o ltimo verso. A palavra que o autor usou calado,

    mas seus alunos podem dar outras sugestes, como: chocado,irritado, preocupado, aliviado. O importante construir a rimade orma que o verso no perca o ritmo nem o sentido. Dessemodo, os alunos devero compreender que a palavra tem decompletar o ritmo do verso e tambm o sentido da quadra.Entre as vrias sugestes, o termo calado o que preencheplenamente essas condies. Eles tambm percebero que a

    sonoridade undamental no poema, mas no um elementoisolado. Ela combina com o sentido, com o ritmo e com todos osoutros recursos, pois o conjunto de todos esses elementos quesustenta o sentido do poema. Muitas vezes os alunos cam topreocupados em encontrar palavras que rimam que se esque-cem de veri car se o verso construdo combina com o sentido dotexto. Voc pode, e deve, conversar com eles a esse respeito.

    Com o auxlio dodatashow , projete o poema Cano do exlio,de Gonalves Dias. Leia e analise o poema junto com eles,mostre como os poetas, ao usarem o recurso da rima, socuidadosos na escolha das palavras. Os versos e as estro esno so construdos apenas com palavras que rimam entre si,mas de modo que esses elementos se articulem com o conjuntopara produzir um sentido.

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    Rima e Versos

    2- etapaOnde esto as rimas?

    Escreva na lousa as quadras da pgina ao lado ou pea aosalunos divididos em grupos que os leiam na Coletnea e per-gunte-lhes quais palavras rimam e em quais versos elas esto.

    Veja se a turma consegue descobrir di erenas entre a ormacomo as rimas se apresentam nos dois poemas.

    Rima a semelhana sonora entre duas palavras ou a identidadede sons no nal das palavras, a partir das vogais tnicas, aquelas queesto na slaba tnica, ou seja, na slaba da palavra que pronunciadacom mais intensidade.

    Versos regulares so os que apresentam ritmo regular e rimas.Quando um poema tem versos de ritmo regular que no apresentam

    rimas, dizemos que ele se compe de versos brancos .Um verso que no rima com os demais do poema recebe o nome

    de verso solto .

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    Fique rima compique

    No sei se v ou se ique No sei se que ou se v Ficando aqui no vou l E ainda perco o meu p ique .

    Slvio Romero.Contos populares do Brasil .Rio e Janeiro: Jos Olympio, 1954.

    seu moo inteligenteFaa o avor de dizer

    Em cima daquele morroQuanto capim pode t er ?Ricar o Azeve o.Armazm do folclore .

    So Paulo: tica, 2000.

    Os versos podem rimar de di erentes ormas. Na primeira quadra,recolhida por Slvio Romero, o primeiro verso rima com o quarto ( ique e p ique ) e o segundo verso rima com o terceiro (v e l ).

    J Ricardo Azevedo rima o segundo verso com o quarto (dizer e ter ).

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    3- etapa

    Mais quadrasEmbora seja uma orma potica popular, a quadrinha tambmest presente em obras consideradas cultas. Grandes poetascompuseram quadrinhas, entre os quais Fernando Pessoa, umdos mais consagrados poetas da lngua portuguesa.

    Os estudiosos de sua obra registraram mais de quatro centasquadras, algumas sem data. Acredita-se que ele tivesse a inten-o de compor um livro com elas, mas isso nunca ocorreu.

    Antes de iniciar os exerccios, explique aos alunos que muitospoetas usam pseudnimo : um nome inventado para assinaralguns poemas ou at mesmo livros. O estilo da produo comnome verdadeiro e aquele com pseudnimo se asse melham.J com o heternimo isso no ocorre. Nesse caso, o poetaassume outra personalidade, outro modo de compor , outroestilo. A obra do heternimo no se parece com aquela assi-nada pelo prprio poeta.

    Inicie a atividade apresentando Fernando Pessoa aos alunos.Fale da importncia dele e leia a rase que ele escreveu sobreas quadras: A quadra um vaso de fores que o Povo pe janela da sua alma.

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    As quadrinhas tm quatro versos, geralmente com sete slabaspoticas, ritmo tpico da poesia popular. Veja:

    No / di / gas /mal / de / nin / gum ,/.

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    Esse verso tambm chamado de redondilha maior. O ritmoaliado s rimas d s quadras cadncia e sonoridade peculiares.

    Pea aos alunos que leiam novamente as quadrinhas. Pergunte--lhes que palavras rimam em cada quadra. Observe com elesque nas trs primeiras quadras o segundo verso sempre rimacom o quarto : d r /pen r ; destap d /n d ; dan r /est r . Nasduas ltimas, o primeiro verso rima com o terceiro : discr eto / qui eto ; nin gum al gum .

    A seguir, pea para cada grupo criar uma quadra. Se veri car

    que eles tm di culdade para iniciar, sugira um primeiro verso. Veja alguns exemplos:

    Essa noite tive um sonho... Voc diz que sabe tudo...

    Menina dos olhos tristes... Atirei um cravo ngua...

    Voc vive reclamando... Que passeio divertido...

    Um jardim cheio de fores... Uma mquina moderna...Meu medo de tempestade... Na curva daquele rio...

    Assim que terminarem, pea-lhes que leiam as quadras para aturma. Depois de revisadas, elas devero ser passadas a limpoe a xadas no mural.

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    Poema

    Rimas externas Aquelas das palavras posicionadas nonal dos versos:

    No digas mal de ningum,

    Que de ti que dizes m al .Quando dizes mal de algumTudo no mundo igual .

    Rimas internas As das palavras que se localizam nointerior dos versos:

    Anozinho de jardim , lacinho de cet im , terminar o livro assim .Passarinho na janela , pijama de fan ela , brigadeiro na pan ela .

    Rimas externas e internas

    Duas dzias de coisinhas toa quedeixam a gente eliz

    Passarinho na janela, pijama de fanela, brigadeiro na panela.

    Gato andando no telhado, cheirinho de mato molhado, disco antigo sem chiado.

    Po quentinho de manh, dropes de hortel, grito do Tarzan.

    Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poo, um cachecol no pescoo.Papagaio que conversa, pisar em tapete persa, eu te amo e vice-versa.

    Vaga-lume aceso na mo, dias quentes de vero, descer pelo corrimo.

    Almoo de domingo, revoada de famingo, heri que uma cachimbo.

    Anozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.Otvio Roth.Duas dzias de coisinhas toa que deixam a gente feliz .

    So Paulo: tica, 1994.

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    Converse com os alunos sobre o texto. Eles devem perceberque se trata de uma espcie de lista. Nesse caso, uma lista

    po tica, marcada por rimas internas. Observe, por exemplo, osdois primeiros versos:

    Passarinho na janel , pijama de fanel , brigadeiro na panel .Gato andando no telh do , cheirinho de mato molhdo , disco

    antigo sem chi do .

    Voc pode projetar esse poema na lousa e gri ar as rimas juntocom eles. Instigue-os com perguntas:

    Por qual razo o poeta teria eito essa escolha?

    Esse recurso poderia avorecer a unidade do poema?

    Em seguida, pea aos alunos que observem a pontuao dotexto: um ponto- nal, no m de cada verso; e expresses sepa-radas por vrgulas, no interior de todos eles. Proponha-lhestranscrever essas expresses na lousa, novamente divida-a aomeio: de um lado, coisas simples e cotidianas; de outro, as maisabrangentes, ou seja, voc ar uma atividade parecida com aanterior, agora analisando o poema Duas dzias de coisinhas toa que deixam a gente eliz.

    Essa organizao certamente suscitar discusses, e a interven-o do pro essor deve nortear os alunos. As expresses quedevem gurar entre as ABRANGENTES, por se re erirem a te-mas amplos que envolvem todo o grupo social, so as seguin-tes: grito do Tarzan, heri que uma cachimbo, terminar o livroassim [dados do universo cultural que envolvem repertrio deleitura];eu te amo e vice-versa[relacionamento a etivo];almoode domingo[reunies amiliares].

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    Estratgia de leitura

    Os alunos vo observar as duas listas e ver que o ttulo anunciaa lista de coisinhas importantes para a elicidade do poeta e,

    talvez, de outras pessoas. Tanto as banais quanto as essenciaisso importantes, todas preenchem nossa vida. Por isso apare-cem misturadas.

    Cabe ao pro essor levar a classe a observar que tanto a sonori-dade as rimas quanto a combinao de palavras organi-zao sinttica contribuem para o sentido do texto e paragarantir sua unidade, sua composio harmnica e coerente.Num poema, todos os aspectos so importantes para se inter-pretar o texto.

    Em seguida, os alunos vo compor, em grupos, um poema comrecursos parecidos. Devero, pois, criar um texto com as se-guintes caractersticas:

    semelhante a uma lista de meia dzia, de uma dzia, duasou trs dzias de coisas que sejam importantes para eles;

    composto de cinco ou mais versos que apresente rimas in-ternas e, se possvel, externas.

    Existem alguns modos de mostrar como um texto estruturadoou apontar determinados recursos lingusticos. Um deles sublinharou circular de di erentes cores os elementos que se quer destacar.Ao longo das o cinas, esse recurso ser usado algumas vezes. Voc eseus alunos podero azer isso por meio do CD, com o texto projetadona parede.

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    Em seguida, o trio vai compor um verso, comparando as esco-lhas de cada um de seus membros, para decidir em que ordem

    elas vo aparecer: qual a primeira, a segunda, a terceira. Cadatrio apresentar, ento, o que comps.

    Copie-os na lousa ou numa olha grande de papel. A classe,em conjunto, vai decidir em qual ordem eles devem gurar nopoema. Voc pode orientar essa organizao, por exemplo, doparticular para o geral ou o inverso tudo depender do quevai ser proposto pelos alunos.

    Chega ento a vez do ttulo. Conte quantas coisinhas toa dei-xam a classe eliz e pea aos alunos que sugiram um ttulo parao poema.

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    Sobre Duas dzias de coisinhas toaque deixam a gente eliz

    Sintaticamente, o poema se organiza pela enumerao de ex-presses nominais diversas:

    a) substantivo seguido de adjetivo ou locuo adjetiva :disco antigo sem chiado; pijama de fanela; cheirinho de mato mo-lhado; dropes de hortel; grito do Tarzan; dias quentes de vero; Almoo de domingo; revoada de famingo; anozinho de jardim, lacinho de cetim;

    b) substantivo seguido de adjunto adverbial, alm, eventual-mente, dos dois anteriores :

    passarinho na janela; brigadeiro na panela; po quentinho de ma-nh; um cachecol no pescoo ; vaga-lume aceso na mo; dias quen-tes de vero;

    c) substantivo seguido de orao adjetiva : papagaio que conversa; heri que uma cachimbo;

    d) verbos no infnitivo substantivado : tirar a sorte no osso; jogar pedrinha no poo; pisar em tapete per-sa; descer pelo corrimo; terminar o livro assim.

    A orma verbal conjugada em uma orao completa aparece ape-nas em uma coisinha:eu te mo e vice-vers . As expresses nomi-nais substantivos, adjetivos e palavras que exercem essa uno nomeiam os elementos da realidade de orma esttica, enquanto os

    verbos nomeiam os elementos da realidade de orma dinmica. Levan-do isso em conta, poderamos considerar que o conjunto do poematende para o esttico, o permanente, pelo predomnio de expressescom valor nominal. Apenas um dos elementos da lista apresenta odinamismo verbal que vem expresso uma vez e subentendido umasegunda vez, na expresso vice-versa. Qual o verbo? Por que esseverbo? Talvez os alunos comentem a importncia dos sentimentos edos relacionamentos; esse sentimento a ora que move o mundo.

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    Sentido prprioe igurado

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    P o e

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    Livros e fores

    Teus olhos so meus livros.Que livro h a melhor,Em que melhor se leia A pgina do amor?

    Flores me so teus lbios.Onde h mais bela for,Em que melhor se bebaO blsamo do amor?

    Macha o e Assis.Obra completa III.Rio e Janeiro: Aguilar, 1962.

    Comente que Machado de Assis, um de nossos maiores roman-cistas, tambm escreveu poemas. Leve-os a observar a compo-sio do poema Livros e fores: dois quartetos, com rimas nosversos pares (2/4 e 6/8), e mesma organizao sinttica: o versoinicial uma a rmao; os trs versos seguintes, sintaticamenteligados, terminam com uma interrogao.

    Veri que se o texto oi compreendido. possvel que o termoblsamo seja desconhecido dos alunos. Pea-lhes que pesqui-sem no dicionrio, onde provavelmente encontraro: lquidoper umado que escorre de plantas; medicamento que alivia ador, que tem e eito balsmico.

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    Alguns sentidos

    Retome verso por verso, a partir do primeiro: Teus olhos someus livros. Questione se uma a rmao absurda, conside-

    rada isolada do texto, no sentido prprio , isto , no sentidoque usualmente empregamos. E, no sentido fgurado , re-quente em textos elaborados, particularmente os literrios?Como se pode compreender esse verso? Diante das sugestes,leve os alunos a perceber que se trata de leitura num sentidoespecial, que s se pode compreender levando em conta otexto , explicada pelos trs versos seguintes:

    Que livro h a melhor,Em que melhor se leia A pgina do amor?

    Trata-se de interpretar os olhos da amada para descobrir seeles revelam o que ela sente.

    Ao ler e interpretar textos, alamos de dois tipos de sentido :

    sentido prprio , que as palavras costumam ter nos textos in or-mativos, tambm chamado denotao ;

    sentido fgurado , decorrente no s do contexto em que a pala-vra empregada como tambm do leitor que interpreta o texto,apoiado em sua prpria experincia de vida e em seu repertriode leituras, chamado tambm conotao .

    Observe que o sentido conotativo , ou conotao , se sobrepe aosentido denotativo , ou denotao ; um no substitui o outro, massomam-se. Desse modo, o sentido do poema se amplia, abrindo-se amais de uma interpretao.

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    O termo pgina, no verso 4, prope duas refexes: a pgi-na, em sentido prprio , ou denotativo , az parte do livro;

    dentro dos olhos das pessoas, no h pginas; portanto, trata-sede conotao , ou sentido fgurado . Qual? A tendncia querespondam que o poeta ama a pessoa a quem dedica os versose quer saber se correspondido. A pgina, denotativamente,pode ser lida e se revela a todos os leitores; a pgina, conotati-vamente no contexto do poema , s pode ser lida por quemconhece bem os olhos nos quais ela se esconde. Um sentidono descarta o outro, ambos se complementam.

    A segunda estro e talvez cause estranhamento por causa daconstruo em que me equivale a para mim: Flores me soteus lbios. Os alunos tampouco esto habituados inversosinttica. Convm ento apresent-la como um recurso que avo-rece o ritmo, requente na nossa poesia at o incio do sculo XX.

    Vale recuperar a ordem direta, para e eito didtico de compreen-so do verso, que equivale a: Teus lbios so fores para mim.

    Segue-se a pergunta dos trs versos nais:

    Onde h mais bela for,Em que melhor se bebaO blsamo do amor?

    Nesse trecho, so aproximados lbios e for. O mesmo racio-

    cnio sobre sentido prprio, ou denotao, e sobre sentido gu-rado, ou conotao, pode se aplicar aqui. Por que seria possvelbeber nos lbios da pessoa amada o blsamo do amor?Mais uma vez h um jogo de superposio de sentidos. Beber,no sentido denotativo, soma-se a beber no sentido conotativo,indicando absorver, recolher. O termo lbios remete a pala-vras e a beijos. De ambos viria o blsamo, o remdio para ador de amor do poeta.

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    As palavras no:quanto mais se brinca

    com elasmais ov s cam.

    2- etapa

    Qual o sentido?Coloque os versos abaixo na lousa e pea aos alunos que indi-quem qual o sentido denotativo e qual o sentido conotativo dostermos sublinhados no trecho em que se encontram.

    a) S quebola, papagaio, pio

    de tanto brincar se gastam.O termo novas, denotativamente, indica nunca usado; nocontexto, sobrepe-se o sentido conotativo: renovadas, usa-das de orma nunca vista antes, mesmo que sejam as mesmaspalavras de sempre.

    b) A poesia

    tem tudo a ver com [...]a veloz crob ci dos peixes.A acrobacia denotativamente atribuda a artistas remete movimentao dos peixes, num emprego conotativo.

    c) A poesiatem tudo a ver / com [...]

    a exploso em verde, em fores e rutos.Exploso denotativamente aplicado a um mecanismo quedetona; aqui remete conotativamente pujana da vegetao.

    d) Eu tenho um colar de prolasEn ado para te dar:As per l s so os meus beijos,O fo o meu penar.

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    Conserva-se o sentido denotativo original de pedra preciosa,no caso de prola, e de cordo, no caso de o; acrescen-tam-se os sentidos conotativos, associados aos beijos e mgoa do poeta.

    3- etapaDe inies poticas

    Dada a possibilidade de jogar com o sentido das palavras, hescritores que criam de nies poticas para algumas pala-vras de modo criativo e bem humorado. Apresente aos alunosalgumas de nies poticas de Mario Quintana:

    Modstia: A modstia a vaidade escondida atrs da porta.Reticncias: As reticncias so os trs primeiros passos do pensamento que continua por conta prpria o seu caminho...

    Recordao: A recordao uma cadeira de balano emba-lando sozinha.Mario Quintana.Sapo amarelo. So Paulo: Global, 2006.

    Divida a classe em grupos e pea-lhes que abram a Coletnea em De nies poticas de Mario Quintana e debatam os pos-sveis signi cados. Depois de um tempo, estabelecido, sorteieuma das de nies para ser apresentada pelos grupos. Um aluno

    de cada grupo expe para os demais as concluses a que che-garam, com direito a complementaes pelo pro essor.

    Proponha-lhes a seguir que, individualmente ou em duplas,produzam suas prprias de nies poticas. Podem esco-lher um objeto, um animal, uma pessoa, um sentimento, umlugar etc., e criar, para de ni-lo, uma rase potica, buscandotrabalhar o sentido denotativo, bem como o conotativo.

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    Comparao,met ora,personi icao

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    Pergunte por que no verso rugindo como o trovo o poetaaproxima o rugido do leo do trovo. provvel que os alunos

    alem do barulho do rugido, similar ao trovo. Amplie o comen-trio e converse sobre ora, poder, capacidade de assustar ecausar medo. Questione se a comparao tambm poderia serestendida a esses aspectos.

    Pea-lhes que gri em a palavra como e explique-lhes que setrata de um termo de comparao. Isso ocorre tambm quan-do usamos as expresses pequeno como uma ormiga, suas

    unhas so to a adas como as de um gato. A comparao uma relao de semelhana entre elementos por meio de ter-mos comparativos, entre os quais: como, qual, eito, que nem,parece etc. Os poetas costumam utilizar comparaes, insti-tuindo relaes de sentido, ora previsveis, ora inesperadas,entre as palavras.

    H casos em que o escritor elimina o termo comparativo. Por

    exemplo, em vez de dizer o leo rugiu como um trovo, elepre ere: O leo um trovo rugindo. Quando isso ocorre, te-mos outra gura, a met ora , como nos trs primeiros versosda estro e seguinte:

    Tua goela uma or lhTeu salto, uma l b redTua garra, uma v lhCortando a presa na queda.

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    Converse com o grupo sobre os possveis sentidos desses trsversos. Mostre que aqui se sugere uma semelhana; no entanto,

    o poeta no utilizou nenhum termo de comparao (como, qual,eito etc.). A transio rpida de goela para ornalha traz v-rias sugestes: a viso da boca enorme do leo; o e eito ttil da ornalha, assim como o rudo imaginrio de seu crepitar. O mes-mo se aplicaria s outras duas met oras: labareda e navalha,esta ltima com a indicao imaginria de erimento, corte,sangue etc. Ao aproximar dois termos sem nenhum termo com-parativo, a met ora produz e eitos de sentido que ampliam asigni cao do texto e as possibilidades de interpretao.

    2- etapaPersonifcao

    Leia para os alunos o poema Meus oito anos que se encontrana Coletnea. Copie na lousa os versos desse poema deCasimiro de Abreu ou projete o poema pelo datashow . Peaaos alunos que observem os sublinhados:

    O cu bord do destrel s , A terra de aromas cheia,

    As ondas beij do reiE a lua beij do o m r !

    Converse com os alunos sobre o sentido da estro e, particular-mente das expresses sublinhadas e dos versos em que seencontram. Leve-os a identi car a met ora do verso inicial: omodo como as estrelas en eitam o cu se assemelha a um bor-dado. Isso dito sem emprego de um termo comparativo.

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    Depois questione: ondas e lua do beijos? Nos dois versos -nais aparece outro tipo de gura: personifcao . Atribui-se

    comportamento humano a elementos da natureza.Mostre como as guras deixam os versos mais signi cativos. Seo poeta dissesse apenas que havia muitas estrelas no cu, asondas se aproximavam da areia e a lua refetia sua luz no mar,os versos no seriam to sugestivos e poticos. Do modo como

    oi construda a estro e, a natureza valorizada pelas gurasque indicam dinamismo, vida, contato entre os elementos.

    Pea aos alunos que procurem, no mural, outros versos queapresentem comparaes, met oras ou personi caes.

    3- etapaEstabelecer comparaes

    Agora os alunos vo azer comparaes para contar sobre olugar onde vivem. Voc pode azer um ensaio com eles na lousa,criando coletivamente as comparaes e as met oras. Faamjuntos uma lista de caractersticas, qualidades e problemas dolugar onde vivem. O registro das comparaes e das met orasdeve ser usado mais tarde, na produo nal.

    Convide a turma a pensar no rio que corta a cidade, no mar, seor uma cidade litornea, ou na rua da escola. Ou, ainda, lembrar

    uma praa, uma rvore, um lugar da cidade de que eles gostem.Um ponto em que as pessoas se encontrem. Um local em que ascrianas brinquem. Um prdio que julguem valorizar a cidade.Faa perguntas sobre as sensaes que esse lugar desperta. Quaisas cores que percebem? E os sons e os cheiros que l existem?

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    4- etapa

    Trans ormar comparaes em met orasAgora incentive a turma a criar met oras, como azem ospoetas. Diga a eles que podem cri-las simplesmente reto-mando as rases que zeram no exerccio anterior, das quaissero eliminados os termos de comparao (como, assimcomo, eito, tal qual), ou substituindo o verbo lembrar peloser (), ou at mesmo por uma vrgula, como ez Vinicius deMoraes. Por exemplo:

    Assim como uma serpente, o rio de minha cidade sinuosoe gil. (comparao)

    O rio da minha cidade uma serpente sinuosa e gil. (met ora)

    Minha cidade at parece uma colmeia agitada. (comparao)

    Minha cidade uma colmeia agitada. (met ora)

    Pea aos grupos que escolham entre as rases que produziramaquela que consideram como a melhor met ora e a copiemnuma olha. Cada aluno ou dupla ler a que escolheu e depoisa xar a olha no mural.

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    Sonoridadena poesia

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    Objetivos. . . . . . . . . . . . . . .

    Prepare-se!Seus alunos iro ouvir trava-lnguas.Selecione alguns e treine bem a leitura.

    Investigar as relaes entre som e sentido na poesia.

    Observar a expressividade das repeties de palavrasou da mesma consoante.Escrever textos com repeties.

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    Material Coletnea de poemas

    CD-ROM de poemas Aparelho de som Datashow

    1- etapa

    Som e sentidoEntregue a Coletnea para grupos de alunos e pea-lhes queabram nos poemas de Sidnio Muralha e de ngela Leite deSouza.

    Pssaro livre

    Gaiola aberta. Aberta a janela.O pssaro desperta, A vida bela.

    A vida bela A vida boa.

    Voa, pssaro, voa.Si nio Muralha.A dana dos pica-paus .

    Rio e Janeiro: Nr ica, 1985.

    Haicai

    Que cheiro cheirosode terra molhada quandoa chuva chuvisca!...

    ngela Leite e Souza.Trs gotas de poesia . So Paulo: Mo erna, 2002.

    Leia os textos em voz alta e depois comente-os com os alunos.Eles devem notar as repeties de palavras, de versos, deletras. Caso isso no ocorra, proponha questes que os levem aessa percepo.

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    Aliterao1. No primeiro poema, alm de vrias repeties de palavras e de ri-

    mas, ocorre tambm a aliterao , isto , repetio da mesma con-soante. Pea aos alunos que localizem essas recorrncias: repetiode palavras, rimas e aliterao. Sugira-lhes que debatam com oscolegas como interpretar esse recurso, veri cando que e eitos desentido ele sugere no poema:

    Repetem-se os termos pssaro , aberta, vida, bela ; e osversos quatro e cinco a vida bela.

    Ocorrem aliteraes de b: ab erta, b ela, b oa; e de v: v ida, v oa.

    Aparecem trs rimas: ab erta / desperta ; janela / bela ; boa /voa . A mesma vogal e est presente em duas rimas, prolongan-do o eco sonoro e propondo associar o sentido das palavras emque est presente.

    Esses recursos criam elos entre as partes do poema, associan-do o voo e a abertura de portas e janelas , isto , a liberdade

    que a abertura representa. A vida seria bela e boa, com liber-dade de voar seja por meio de asas, seja por meio do pensa-mento e da imaginao.

    2. No segundo poema ocorre outro tipo de repetio ou recurso desonoridade: sons recorrentes no incio das palavras. Localize a ali-terao ou repetio da(s) mesma(s) consoante(s). Diga-lhes deque modo ela complementa o sentido do texto:

    O som produzido pelas consoantes ch gura emch eiro, ch eiroso,ch uva, ch uvisca. Associa-se, desse modo, o sentido de chuva soutras palavras em que o som aparece, com a imagem positiva dagua que molha a terra e as plantas.

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    Ritmo irregular1. A maioria dos exemplos lidos at aqui apresenta ritmo regular. No

    entanto, h casos em que o ritmo irregular, assim como o tamanhodos versos, ora longos, ora curtos. Veja dois exemplos: um trechodo poema de Vinicius de Moraes (Ptria minha) e alguns versosde Cora Coralina (Coisas do reino da minha cidade).

    Ptria minha[...]No te direi o nome, ptria minha

    Teu nome ptria amada, patriazinhaNo rima com me gentil Vives em mim como uma lha, que sUma ilha de ternura: a IlhaBrasil, talvez.[...]

    P ria minha, in: FERRAz, E cana (org.).Vinici s e Moraes:Poesia completa e prosa . Rio e Janeiro: Nova Ag ilar, 2004.

    AutORIzAdO PELA VM EMPREENdIMENtOS ARtStICOS E CuLtuRAIS LtdA. VM

    Coisas do reino da minha cidadeOlho e vejo por cima dos telhados patinados pelo tempocopadas mangueiras de quintais vizinhos.[...]

    As mangueiras esto convidando todos os turistas, para a esta das suas rutas maduras, nos reinos da minha cidade.[...]Estas coisas nos reinos de Gois.

    Vintm de cobre Meias confsses de Aninha .Coisas o reino a minha ci a e. 9- e . So Pa lo: Global, 2007.

    2. Ao compor um poema, o autor escolhe o ritmo mais adequadopara avorecer o sentido do texto. O ritmo regular ou irregular eas repeties esto presentes no s nos poemas, mas tambmem cantigas e brincadeiras in antis.

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    Depois desse primeiro momento, coloque o CD. Vocs iro ouviralgumas das travatrovas de Cia. Ento, entregue-lhes a Cole-

    tnea e convide-os a l-las:

    O pedreiro Pedro Al redoO pedreiro Pedro Al redo,o Pedro Al redo Pereira,tramou tretas intrigantes,transou truques, pregou petas,

    pois Pedro Al redo Pereira um tremendo tratante!

    Se um dia me der na telhaSe um dia me der na telhaeu rito a ruta na grelhaeu ponho a ralda na velhaeu como a crista do rangoeu cruzo zebu com abelhaeu ujo junto com a Amliase um dia me der na telha.

    Chegou seu Chico Sousa

    S sei que seu Chico Sousachegou e trouxe da Chinaa seda xadrez da Cliao xale roxo da Sniao xale cinza da Sheilae a saia chique da Selma.

    Cia.Travatrovas .Rio e Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

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    Voc pode solicitar a alguns dos alunos por exemplo, os que sesaram melhor na 1- etapa que leiam em voz alta os poemas .

    Pea-lhes que observem as aliteraes presentes nos trava--lnguas e travatrovas.

    Em seguida, em duplas ou mesmo individualmente, os alunosdevero criar novos trava-lnguas ou travatrovas e anot-los nocaderno deles. Oriente-os, dando dicas. Por exemplo: usar pa-lavras que tenham encontros consonantais seguidos de r ou l (br, bl; cr, cl; dr, dl; r, f; gr, gl; pr, pl; tr, tl; vr, vl) ou palavras cujos

    sons sejam parecidos, como s ou c / x (cedo, passe, prximo),ch / x (chave/xarope) ou, ainda, alternar palavras com r /rr (caro/carro) e s /ss (casa/passa).

    Os alunos podem ler para o grupo os trava-lnguas deles ouento troc-los entre si, para uma leitura do que oi produzido.

    Pea-lhes que passem a limpo o que produziram para ser expostono mural.

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    Objetivos. . . . . . . . . . . . . . .

    Prepare-se!Seus alunos iro observar ritmos de di erentespoemas. Para que eles possam azer isso importante que voc conhea as anlises, queesto nesta o cina, dos poemas Emigrao eas consequncias e A valsa.

    Trabalhar com o poema popular.

    Perceber a importncia do ritmo no poema.

    Escrever versos observando rima e ritmo.

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    Material Coletnea de poemas

    CD-ROM de poemas Aparelho de som Papel kra t (uma olha para cada grupo de alunos) ou cartolinas,

    canetas hidrogrfcas, fta crepe Datashow

    1- etapaO varal de cordel

    Nesta o cina os alunos vo conhecer um dos nossos maiores poe-tas populares: Patativa do Assar. Seus versos impressos em olhetosde cordel correram o Nordeste e seus poemas, publi cados em livros,revistas e jornais, percorrem o pas.

    Um pouco de histriaA poesia popular em lngua portuguesa vem de um tempo em que

    os textos eram manuscritos e tinham circulao restrita a palcios econventos. As cantigas medievais surgiram no sculo XII e se tornarammuito populares. Como ocorria a circulao das cantigas? Apenas oral-mente. Eram memorizadas para serem ditas ou cantadas para o p-blico. Para acilitar a memorizao, elas tinham um ritmo bem marcadoe muitos recursos de repetio. Alm das rimas, reiterao de letras, depalavras e de versos. Hoje os poemas populares so impressos e divul-gados em livros, mas eles mantm a mesma sonoridade acentuada dapoesia popular de tempos passados. Os poetas populares compemversos que encantam e emocionam o leitor.

    Em vrias regies do Brasil repentistas desa am um ao outro:dado um tema, cada um deles deve compor sobre esse tema, de im-proviso, uma estro e, qual o outro responde, e assim, por um tempo,alternam-se na troca de argumentos.

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    Emigrao e as consequnciasNesse estilo popular Nos meus singelos versinhos,O leitor vai encontrar Em vez de rosas espinhosNa minha penosa lidaConheo do mar da vida As temerosas tormentasEu sou o poeta da roaTenho mo calosa e grossaDo cabo das erramentasPor ora da naturezaSou poeta nordestinoPorm s conto a pobrezaDo meu mundo pequeninoEu no sei contar as glriasNem tambm conto as vitrias

    Do heri com seu brasoNem o mar com suas guasS sei contar minhas mgoasE as mgoas de meu irmo[...]

    Meu bom Jesus NazarenoPela vossa majestadeFazei que cada pequenoQue vaga pela cidadeTenha boa proteoTenha em vez de uma priso Aquele medonho in ernoQue revolta e desconsolaBom con orto e boa escolaUm lpis e o caderno

    Patativa o Assar.Uma voz do Nordeste.

    So Paulo: He ra, 2000.

    P o e

    m a

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    Retome os grupos de versos para comentar com os alunos osassuntos presentes no poema. Comece pelos iniciais, em que o

    poema anuncia seu estilo ou modo de compor. Depois pea-lhesque identi quem qual esse estilo. Para azer isso junto comeles, voc poder projetar o poema na parede.

    Nesse estilo popular Nos meus singelos versinhos,O leitor vai encontrar Em vez de rosas espinhos.

    Quanto ao seu modo pessoal de compor o estilo , os versosexplicitam:

    nesse estilo popul r Nos meus si gelos versi hos .

    Ou seja, assuntos ligados vida das pessoas simples, narradosem versos igualmente simples ou singelos, em tom prximoao das pessoas retratadas e do pblico que ouve ou l cordel.A simplicidade predomina em todos os aspectos. Considerecom os alunos o seguinte:

    O poeta se apresenta desse modo por qual motivo?

    Estaria ele dando uma demonstrao de modstia?

    Ou buscando dizer que seus versos sero rapidamentecompreendidos?

    Quanto simplicidade dos singelos versinhos, cabe observarque, na verdade, o vocabulrio simples, mas os recursos deritmo so engenhosos e revelam a habilidade do poeta, quetambm costuma criar comparaes e met oras. O mesmose poderia dizer da maioria dos versos de cordel.

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    Questione o sentido dos dois ltimos versos. Por que o leitor vaiencontrar Em vez de rosas espinhos ? Os dois termos rosas e

    espinhos so met oras que sugerem que tipo de temas? Quaisseriam espinhosos? E quais outros seriam foridos? bem prov-vel que os alunos considerem entre os primeiros os assuntos tris-tes e penosos, os problemas dos injustiados, e entre os ltimos ashistrias agradveis com nal eliz. Oriente a discusso e aproveitea oportunidade para retomar as duas guras estudadas h pouco:comparao (aproximao de dois termos mediante elemento decomparao: como, tal qual, eitoetc.) e met ora (aproximaode dois termos sem o termo comparativo).

    Leia mais alguns versos e debata com os alunos o sentido e ascaractersticas deles. Pea-lhes que con ram, no trecho abaixo,o autorretrato do poeta e digam como ele descreve sua prpriapessoa e regio.

    Eu sou o poeta da roaTenho mo calosa e grossaDo cabo das erramentas

    Por ora da naturezaSou poeta nordestino

    Continue a leitura e aa-os veri car quais temas o poeta recusae quais outros ele pretende cantar. Questione por qual motivoele teria eito essa escolha.

    Porm s conto a pobrezaDo meu mundo pequeninoEu no sei contar as glriasNem tambm conto as vitriasDo heri com seu brasoNem o mar com suas guasS sei contar minhas mgoasE as mgoas de meu irmo

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    O lei tOr v i en con trar

    1 2 3 4 5 6 7

    Em vez de rO s s es PI-[nhos]

    1 2 3 4 5 6 7

    Continue, dessa vez orientando os alunos a dizer qual proteoele pede, particularmente para quais pessoas:

    Meu bom Jesus NazarenoPela vossa majestadeF