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Literatura, Pensamento & Arte AARALETRAS realiza Sarau de Poesia página 6 Saúde: Uma visão integral sobre o ser humano Página 3 Ano XXII - nº 233 - agosto 2015 Festival Gastronômico O Gosto de Agosto acontece em Saquarema página 6 Feira do livro em Araruama começa dia 1º página 10 Pedágio mais caro na Via Lagos página 4 Ponnha do Outeiro, Araruama-RJ Foto: Camilo Mota

Poiesis 233

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Edição de agosto de 2015

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Page 1: Poiesis 233

Literatura, Pensamento & Arte

AARALETRASrealizaSarau de Poesia página 6

Saúde: Uma visão integral sobre o ser humanoPágina 3

Ano XXII - nº 233 - agosto 2015 Festival GastronômicoO Gostode Agostoacontece em Saquaremapágina 6

Feirado livroem Araruamacomeça dia 1ºpágina 10

Pedágiomais carona Via Lagos página 4

Pontinha do Outeiro, Araruama-RJFoto: Camilo Mota

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HOW BIG, HOW BLUE, HOW BEAUTIFULPor Marcio Paschoal*

Desde sua estreia em 2009, com o álbum “Lun-gs”, que recebeu o prê-

mio revelação no Grammy Awards, a banda indie inglesa, Florence and the Machine, liderada por Florence Welch, mostra sua força. Agora, em novo trabalho, misturando a velha batida de rock com alguns raros e bons momentos de puro soul.

O “Florence” já conquistou inú-meros admiradores, tanto no Reino Unido, quanto na América. Já em seu segundo disco, “Ceremonials” (2011), estourou com o hit “Shaked Out”. A banda de Florence con-ta com Isabella Summers, Robert Ackroyd, Christopher Lloyd (Chris) Hayden, Mark Saunders, além de um time de musicistas. O novo ál-bum, intitulado “How Big, How

Blue, How Beautiful”, vem com alguns sucessos já na mídia e inter-net. É o caso da ótima “What kind of man”, de Florence, Tom Hull e Jon Hill, destaque para o trumpete de John Barclay. Boas também “Ship to Wreck” (guitarras Leo Abrahams e Kid Harpoon), “Queen of Peace”, com a banda a todo vapor, incluin-do tuba, cellos, flautas e o piano de Rusty Bradshaw, e a bem percussi-va “Third Eye”. No total são onze faixas, com o repertório misturando estilos e bem pop, tão ao gosto do mainstream. Há ainda os bônus, com “Hiding” (Florence e James Bird), “Make up your mind” (Florence e Hull), com Rob Ackroyd na guitarra acústica, e as demos de “Witch Wi-tch” e a que nomeia o disco, “How Big, How Blue, How Beautiful”.

O CD vem com um luxuoso en-carte, com fotos, sugerindo abraços de Florence e Isabella, assinadas por Tom Beard e tiradas na Península de Yucatán, no México. Algumas repe-tições, outras obviedades rítmicas, mas não há como não se render ao magnetismo de Florence e à riqueza de alguns arranjos, sem contar, claro,

com a equipe envolvida na produção do disco. Longe de alcançar a marca de “Lungs” ou o requinte de “Cere-monials”, ainda assim, “How big...” merece atenção e se presta à afirma-ção da banda britânica no atual pobre cenário mundial da música pop.

(*) escritor, autor da biografia de João do Vale (www.marciopaschoal.com)

Florence Welch: rock e soul

nº 233 - Agosto/2015

O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda. Editor: Camilo Mota. Diretora Comercial: Regina Mota. Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Charles O. Soares. Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb. Rua das Bougainvilleas, 4 - Rio do Limão - Araruama-RJ CEP 28970-000 ( (22) 98818-6164 ( (22) 99982-4039 ( (22) 99770-7322 E-mail: [email protected] Site: www.jornalpoiesis.com.br Facebook: www.facebook.com/jornalpoiesisDistribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Petrópolis. Fotolito e Impressão: Tribuna de Petrópolis. Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis ou vínculo empregatício com o mesmo.

Quem Somos EDITORIALSOBRE MUDANÇAS E CULTIVOSr Marcio Paschoal*

O que estamos cultivando? O que estamos cultuan-do? As duas perguntas são

para provocar a reflexão. Em ambas, um só radical: CULT. Essas quatro letras nos levam para o mundo dos cultos, das culturas, dos cultivos. O Jornal Poiésis tem, há 22 anos, esse compromisso com o cultivo de refle-xões e conhecimentos sobre a reali-dade que nos cerca, principalmente abordando aspectos ligados às artes (literatura, música, teatro, dança...), pois estas são fontes de transformação do homem. Uma sociedade só muda realmente quando sua estrutura cul-tural dá sinais para a mudança. Nes-ses tempos de grande pessimismo, de construções de um caos psíquico que leva muitos a duvidar da própria essência do país ou de si mesmos, de fortalecimento de atitudes de ódio e de intolerância, cabe se perguntar: o

que você está cultivando? O que você está cultuando? Qual o seu papel na construção da realidade? Está fazen-do cultura ou está se deixando levar pelo conformismo de pensar igual aos outros?

No meio desse diálogo, nossa linha editorial procura manter a coerência com o que nos motiva a escrever: somos seres cheios de esperança e queremos que a esperança seja um bem comum. E ela existe e persiste porque tudo se move, tudo está em constante movimento, e cabe a cada um perceber esses ciclos, olhar para si e para os outros como membros de uma mesma família humana.

Para isso, acreditamos na força gerada pelos movimentos culturais, acreditamos que o pensamento é fun-damental para criar laços com a rea-lidade de maneira reflexiva e crítica, que é possível ver com olhos de sa-

bedoria e não se deixar levar por uma onda de lugares comuns que insistem, por vezes, em assaltar as mentes de-satentas.

Nesta edição estamos mudando o formato do jornal, retornando ao ta-blóide, nossa origem. É também um sinal de reaproximação e reafirmação de tudo aquilo que um dia, no ano de 1993, nos levou a criar um suplemento literário: a busca da integração, da tro-ca de experiências, da divulgação de coisas boas, por acreditarmos que só é possível evoluir e crescer através dos processos pedagógicos, da educação, da cultura do saber, do aprendizado.

A mudança é a lei da vida. Quando se planta uma semente, é pela mu-dança de suas estruturas que vamos percebendo seu crescimento. De um pequeno grão se ergue a árvore, e no entanto, todo esse tempo, estava a árvore contida no grão.

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3nº 233 - Agosto/2015

UMA VISÃO INTEGRALDO CUIDADO HUMANOPor Camilo de Lélis Mendonça Mota*

Quando falamos em saúde, que aspecto ou dimensão humana é a mais importan-

te? A prioridade de enfoque deve ser restrita a uma abordagem materialis-ta, focada nos aspectos tangenciais da realidade mensurável propostos pela ciência cartesiana? Ela é suficiente para reduzir ou eliminar o sofrimento huma-no? Ainda há espaço para trazer para o campo terapêutico outras dimensões e incorporá-las como recursos que pro-movam o bem estar e a cura, redefinin-do aspectos de natureza social e espi-ritual?

O desenvolvimento científico trou-xe avanços importantes para as áreas da medicina e da psicologia, com novas tecnologias, medicamentos e conheci-mentos inéditos sobre o funcionamen-to do cérebro. Mas também reduziu o homem a partes desintegradas do todo. A especialização, que é um recurso im-portante no campo da ciência, chegou a um ponto tão excessivo que chega a subverter a realidade, deixando o indi-víduo órfão de sua inteireza.

Uma reconciliação com o todo se faz necessária no atual momento por que passa a humanidade. Estamos saindo de uma era marcada pela ansiedade, pela busca desenfreada de prazer, consumo, conforto e distanciamento da natureza, e entrando em um momento em que cada vez mais casos de depressão são diagnosticados. O estado de saúde e de felicidade não será encontrado na satisfação dos desejos fictícios. Novas (e antigas) dimensões do ser humano precisam ser colocadas em movimento,

dentro de uma ótica ecologicamente sustentável, em que o homem seja visto como um ser biopsicossocioespiritual. Tal perspectiva inclui, inevitavelmente, uma reavaliação do papel dos terapeu-tas, reposicionando-os em sua função de atores no processo de condução da melhoria da qualidade de vida dos seres. O profissional precisa descobrir em si a sua própria humanidade para não correr o risco de se tornar um in-divíduo alienado de seu próprio ofício, que é o de cuidar do outro.

Neste caminho de abrir novas pers-pectivas para o cuidado com o homem, surge o Colégio Internacional de Te-rapeutas (CIT), que se baseia em dez princípios: o postulado antropológico, a ética da bênção, o silêncio, o estudo, a gratuidade, a reciclagem, o reconheci-mento da incompletude, anamnese es-sencial, o despertar da presença e a fra-ternidade. Uma boa introdução a essa nova proposta está no livro “Dimen-sões do cuidar: uma visão integral” (Pe-trópolis, Vozes, 2015), coordenado por Jean-Yves Leloup e Roberto Crema. A obra reúne, além dos organizadores, textos de mais 11 autores, a partir de suas palestras que foram proferidas du-rante o III Festival Mundial da Paz, rea-lizado em 2012, no Brasil, por ocasião dos 20 anos de criação do CIT.

A proposta dos autores é refletir sobre uma arte de cuidado integral, compreendendo o homem como uma unidade integrada que envolve a natu-reza, o indivíduo e o transpessoal. Para isso, os próprios terapeutas devem es-tar abertos ao outro, promovendo uma

comunhão, indo além dos simples as-pectos sintomáticos e superficiais. Nes-se sentido, não devemos estar fechados naquilo que conhecemos, pois o outro também é possuidor de conhecimento. E é dessa integração de saberes que surge o diálogo e a vida se redimensio-na. Como afirma Jean-Yves Leloup em seu texto introdutório: “Não identifi-car-se com o que conhecemos de nós e do outro é a abertura ao infinito, a abertura dos nossos limites” (p. 35).

Mesmo abordando questões bastan-te específicas da prática dos terapeutas do CIT, “As dimensões do cuidar” vai muito além e traz textos que se des-cortinam de maneira suave e delicada para compreendermos os grandes pro-blemas do nosso tempo. Dividido em três partes, abordando as ecologias individual, social e ambiental, o livro apresenta reflexões que apontam para um novo paradigma de base holística, em que o ser humano é visto totalmen-te integrado e não como uma máquina elaborada de partes isoladas. Assim, temas como o problema do consumo desenfreado, a busca de entendimento sobre as causas do sofrimento, a valo-ração da meditação, o casamento e o significado da aliança vão se tecendo mutuamente, trazendo para o leitor uma visão da realidade com sentido de união, que aponta uma saída de espe-rança para o indivíduo e a humanidade.

O psicólogo Marco Aurélio Bilibio Carvalho faz um questionamento al-tamente pertinente: “Terá o planeta começado a ocupar o papel de pacien-te, como um organismo que começa

a adoecer? E o que seu adoecimento revela?” (p. 119). Cabe ao homem se remodelar, integrar os aspectos mas-culino e feminino de sua personalida-de, avaliar sua arrogância e delírio de grandeza e promover uma verdadeira mudança de ponto de vista, onde este-jamos criando um mundo de paz, tanto interior, enquanto indivíduos, quanto coletiva, enquanto pertencentes a uma mesma espécie, que faz parte de uma dimensão maior, que inclui todas as ou-tras espécies, vegetais, animais e mine-rais.

*terapeuta holístico, psicanalista, escritor, vice-presidente da Academia

Araruamense de Letras e membro titular da Academia Brasileira de Poesia – Casa

de Raul de Leoni.

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“Então, quando cuidamos de um ser humano, trata-se de cuidar da sua integração. Ver quais são as funções que ele desenvolveu e quais as es-

quecidas. Este é o primeiro trabalho da terapia: observar em nós mesmos quais são as funções que nos faltam ou que nos amedrontam”.

Jean-Yves Leloup

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4 nº 233 - Agosto/2015

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PEDÁGIO DA VIA LAGOS SOFRE REAJUSTE

Os motoristas vão ter que desembolsar um pouco a mais para viajar para a Re-

gião dos Lagos. A partir de 1º de agos-to, o pedágio da Via Lagos (RJ-124) so-frerá reajuste.

De acordo com aprovação da Age-transp, a Concessionária CCR Via La-gos passará o valor de R$ 9,90 por eixo para R$ 10,30 (de 12h horas de segun-da-feira até 12 horas de sexta-feira). Nos fins de semana e feriados nacionais

Marcelo Figueiredoas tarifas passam de R$ 16,40 para R$ 17,20.

A correção de valores é feita com base nos índices de reajuste contratual, ficando abaixo do índice de inflação do período.

A Via Lagos passou por recente im-plantação da mureta central, que está garantindo mais segurança para os mo-toristas. A inauguração aconteceu no dia 17 de julho e contou com a presen-ça do governador Luiz Fernando Pezão.

O SONHO DE UM ÁRABEPor Sonia Regina Rocha Rodrigues*

Seu povo morava em tendas, anda-va de camelos e ele acordou milio-

nário.Em 1971, Sheik Zayed bin Sultan na-

Nahyan, muçulmano piedoso, desejou que Saint- Exupéry estivesse vivo para re-escrever o capítulo de Terra dos Homens em que um árabe, olhando uma fonte perene, pergunta “porque o deus dos franceses ama mais os franceses do que o deus dos árabes ama os árabes”.

“- Como se vê - comentou o arcanjo Gabriel, servindo-se de uma tâmara – a ri-queza sempre esteve embaixo de seus pés o tempo todo.

- Com esta riqueza vou comprar mais do que água – riu Zayed, feliz – Vou com-prar os serviços dos maiores especialistas do mundo. Construir prédios com ar condicio-nado para o povo. Abrir escolas. Até o filho do mais humilde tratador de camelos desta terra receberá instrução. Vou abrir as portas do mundo árabe para os estrangeiros. Será bom para outros países, também. Muitos desempregados ficarão felizes em limpar nossas ruas e esfregar nossas vidraças. Os árabes todos serão patrões.

Gabriel engasgou-se com sua tâmara. Sheik Zayed apressou-se em oferecer-lhe

outra xícara de café com cardamomo.- Aquele outro profeta, Jesus, disse que

“quem não está contra mim...”. Somos to-dos descendentes de Lucy, não é mesmo, arcanjo?

Gabriel riu.- Zayed, você é sábio. Um visionário.- Todos os povos podem viver pacifica-

mente respeitando-se uns aos outros. Eu não quebrei nenhuma imagem de Buda e espero que eles não entrem em minha mes-quita sem os trajes adequados.

- Que mesquita?- A Grande Mesquita que vou construir,

tão bela quanto o Taj Mahal.- E como vai chamar a mesquita? – ga-

guejou Gabriel.- A Grande Mesquita, simplesmente.

Isso diz tudo, não?“Ele é generoso sem ser vaidoso”- pen-

sou Gabriel. - Unidos seremos uma forte nação. Jo-

garemos os jogo das nações conforme as regras ocidentais. Nada temos a perder. São eles que precisam de nosso petróleo. Todos ganharemos com o que eles chamam de “progresso”.

- Sheik, senti uma ponta de ironia em seu discurso. Como quando falou de Lucy, o

fóssil que muitos antropólogos consideram ser o ancestral comum da humanidade.

- O progresso nunca esteve em coisas materiais, Paz e amor são tão valiosos hoje como nos tempos do profeta Mahommed. Allah seja louvado.

Distraído, o arcanjo Gabriel quase excla-mou Shalom ao invés de Salam.

A hora da prece se aproximava. Sheik Zayed acordaria e Gabriel deixaria seu sono.

- Antes de partir, Gabriel, leve os meus agradecimentos a Allah e peça-lhe que ilumi-ne meu entendimento para a realização do mais caro sonho de meu coração.

- A Grande Mesquita, sei.- Não, Gabriel! Meu grande sonho é

transformar o deserto em um jardim. Se tirarmos o sal da água do mar e estender-mos quilômetros de canos gotejando sobre o solo...”

O muezim chamava, o sheik acordou

e Gabriel começou a preocupar-se com as consequências geradas no planeta pela dessalinização do mar – como isso afeta-ria o clima global, as correntes oceânicas, a fauna e a flora do golfo de Oman? Como se não bastasse a trapalhada que era ser intermediário do Altíssimo para três dife-rentes credos...

Os sonhos de Sheik Zayed hoje são realidade.

Mais do que um árabe a mais no de-serto, Sheik Zayed foi um homem no pla-neta Terra, o lar comum de todos nós.

O grande feito do sheik, a meu ver, foi a capacidade de enxergar, para além do mundo árabe, o ser humano, merecedor de respeito, qualquer que seja sua fé, sua língua, seus costumes.

*Nascida em Santos, a autora é escri-tora e médica, autora do livro de contos

Dias de Verão (1997), entre outros.

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5nº 233 - Agosto/2015

CORAL DA TERCEIRA IDADE DE ARARUAMAIRÁ A FESTIVAL INTERNACIONAL EM MINAS

O Coral formado por cerca de 90 alunos da terceira idade de Araruama partici-

pará de dois importantes festivais que acontecerão em Minas Gerais e no in-terior do Rio.

No dia 29 de agosto o Coral re-presentará Araruama no Festival e Concurso Internacional de Corais (AMERIDE) em São Lourenço-MG. O Festival é reconhecido interna-cionalmente e conta com participa-ções de várias cidades do interior do país, bem como de outros países. Já no dia 28 de novembro o Coral da SETID estará no XI Festival Nacional de Corais em Conservatória, interior

Regido por Rafael Andrade e Denise Andrade, o Coral também participou com grande sucesso do 6º Canta Saquá - Encontro de Corais de Saquarema, em junho

do Rio.A Prefeitura oferece diversas ofici-

nas gratuitas na Secretaria Municipal da Terceira Idade e Desenvolvimento Hu-mano, entre elas as aulas do coral que possui a regência do maestro Rafael Andrade e a coordenação da maestrina Denise Andrade.

Para a secretária da Terceira Idade, Lourdes Belchior, essa é uma maneira de mostrar os valores culturais da cida-de.

“Além de trabalhar a parte cogniti-va, a música é uma maneira excelente de cuidar do lado emocional de cada um, aumentando a autoestima do ido-so”, disse.

Regina Mota

AMIGO WALMIR CRIA LEI PARA CONSTRUÇÃODE ALBERGUE MUNICIPAL EM ARARUAMA

Com o objetivo de acolher os moradores de rua em situa-ção de vulnerabilidade social,

o vereador Amigo Walmir, de Ararua-ma, criou no dia 09/07 a Lei de número 85/2015, que dispõe sobre a criação de um Albergue Municipal.

A Lei também tem por objetivo a promoção da assistência social aos mes-mos, garantindo que eles tenham acesso a exames gratuitos, incluindo prevenção ao HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, através de orientações feitas por profissionais qualificados.

“O constante aumento da população

de rua em nossa cidade nos faz atentar para os inúmeros riscos à sociedade, como a exposição à violência e a con-taminação por diversas doenças as quais esses indivíduos estão vulneráveis. Pro-mover a assistência social a essa minoria de excluídos, é o que se pode fazer, até mesmo alertar com relação às consequ-ências quanto ao consumo de drogas e álcool. O presente projeto visa fortale-cer vínculos pessoais e sociais através da execução de atividades que possam aju-dar os menos favorecidos”, disse Walmir Belchior.

O albergue, segundo a nova Lei,

deverá acolher e buscar ressocializar a população de rua na sociedade e no mercado de trabalho, garantindo a recu-peração e a emissão de seus documen-tos. O mesmo funcionará em caráter temporário, estando aberto à população de rua de Araruama e àquela migrante, que procurarem por livre e espontânea vontade ou por solicitação da popula-ção, através de chamadas por telefone.

O abrigo deverá oferecer atendi-mento de uma equipe composta por assistente social, psicólogo, médico, en-fermeiro, cozinheiro e profissionais de apoio em geral.Vereador Walmir Belchior

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6 nº 233 - Agosto/2015

SAQUAREMA TERÁ VARAL FOTOGRÁFICO EM AGOSTO

O Círculo Artístico Cultural de Saquarema (CACS) re-aliza no dia 15 de agosto

o 1º Varal Fotográfico de Saquarema, aberto a fotógrafos profissionais e ama-dores. O evento acontece na Praça An-tenor de Oliveira, no Centro, de 13 às 22 horas.

O varal tem caráter exclusivamente cultural, não havendo qualquer modali-dade de sorteio ou premiação. O tema é livre e cada participante poderá ins-crever até 4 (quatro) fotografias preto e branco ou coloridas. As fotografias poderão ser entregues em qualquer um dos seguintes tamanhos: 20x25 cm,

Camilo Mota20x30cm, 24x30cm, 25x30cm, 25x38 ou 30x40cm, em papel fotográfico, fos-co ou brilhante.

As fotografias poderão ser entre-gues no endereço:

Ateliê Museu Moderno - Aveni-da Ministro Salgado Filho, 2280 – Bo-queirão – Saquarema – CEP: 28.990-000. Fone: 22.2651–2304 / whatsapp 22.98186-6054 / 22.98186-6054(tim) / 22.99858-6806(vivo). Aos sábados das 10hs às 20hs, ou em qualquer outro dia da semana através de agendamento.

O regulamento completo pode ser encontrado no blog http://cacs-saqua-rema.blogspot.com.br/

SARAU ARARUAMA POESIA SERÁ NO DIA 8

Uma noite para celebrar a poesia, a literatura e a boa música. Assim está sendo

organizado o Sarau AraruAma Poesia, realizado com apoio da Prefeitura de Araruama pela Academia Araruamense de Letras (AARALETRAS), na Casa de Cultura José Geraldo Caú, no dia 8 de agosto, de 18h às 21 horas.

O Sarau é uma reedição do even-to que foi comandado durante muitos anos pelo médico e poeta Cid Magioli e que agora retorna como a primeira atividade pública da AARALETRAS, por

ele presidida. O evento é aberto a participação

de qualquer pessoa que queira ler um poema, apresentar uma canção, in-terpretar textos, expressar-se em sua linguagem artística, valorizando a inte-gração entre as diversas artes com a li-teratura. Para apresentar seu trabalho no Sarau, o interessado deve prefe-rencialmente se inscrever antecipada-mente através do e-mail [email protected] ou pelos telefones (22) 99834-0097 (Jorge) e (22) 99770-7322 (Camilo). O poeta Cid Magioli e o cordelista Manoel de Santa Maria

Regina Mota

O GOSTO DE AGOSTO ESTÁ DE VOLTA COM SEUS SABORES

Festival Gastronômicoacontece de 1º a 30

de agosto

A oitava edição do Festival Gastronômico O Gosto de Agosto acontece de 1º a 30/08, em Saquarema, mantendo a tradição de valorizar a diver-sidade de sabores e de culturas, com a participação de 11 restaurantes.

Os menus são especialmente preparados para o evento, compostos por entra-da, duas opções de prato principal e sobremesa com preço único de R$ 62 por pessoa.

A edição deste ano conta com a participação de Casa da Moqueca, Caldos & Tal (Jaconé), Casa Rosário (Boqueirão), Perffeto (Vila), Forno a Lenha, Casa da Praia, Cantina da Praia, Le Bistrô (Itaúna), Pit Stop, Brasa & Cia (Lake’s Shopping) e Sítio Nosso Paraíso (Rio Seco).

Os menus e informações mais detalhadas sobre os restaurantes podem ser acessadas através do site www.ogostodeagosto.com. O evento também conta com página e perfil oficial no Facebook.

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7nº 233 - Agosto/2015

com Regina MotaEm Foco

[email protected]

Honra ao mérito - Foi das mãos do prefeito de Ara-ruama, Miguel Jeovani, e de sua esposa e deputada estadual, Marcia Jeovani, que recebi minhas primeiras medalhas de Honra ao Mérito pelos trabalhos jorna-lísticos prestados à população araruemense. Só tenho que agradecer e muito ao casal!

Livraria Castro Alves - A livraria dedicou uma tar-de para atender a uma solicitação dos clientes e ami-gos, de poderem conhecer e pintar os livros que vem prontos para colorir, o que é uma febre no momento. São diversas opções de desenhos, várias edições dedi-cadas à essa modalidade. Vale à pena conferir!

Alunos de música - Como é prazeroso poder ouvir músicas eruditas tocadas por alunos tão dedicados. Assim foi a apresentação realizada na Casa de Cultu-ra de Araruama, onde os alunos do professor Eliézer Reis deram um verdadeiro show de talentos, com músicas de Bach, Chopin, entre outros. Parabéns!

Festa animada - A Prefeitura de Araruama realizou dia 03/07 o II Evento Científico Cultural da Atenção Básica no Sitio Ilha do Lazer Miguel Jeovani. Na foto a doutora Elizabeth Soares e sua equipe. Vale ressaltar que além do trabalho brilhante na saúde, a equipe foi quem preparou o salão para a festa. Parabéns!

Festa Junina de Iguabinha - Há 16 anos que o ve-reador Amigo Walmir, de Araruama, realiza festas para a comunidade de Iguabinha e bairros vizinhos. A quadrilha da Secretaria da Terceira Idade fez questão de prestigiar esse ano, levando, além da dança, muita animação e alegria à festa. Que a alegria continue!

Canta Saquá - O Coral da Secretaria da Terceira Ida-de de Araruama participou pela segunda vez do Canta Saquá, realizado pela Prefeitura de Saquarema, atra-vés da Secretaria de Educação e Cultura, sob a coor-denação da subsecretária de Cultura, Sandra Santan-na. Na foto, Lourdes Belchior, Sandra e os maestros Rafael e Denise, regentes do coral.

Novo secretário - Jorge Soares (à direita) iniciou seus trabalhos em julho como Secretário de Agricul-tura, Abastecimento e Pesca de Saquarema. Na foto, ao lado do cunhado e vereador Bruno Pinheiro.

Volta às aulas - Os alunos do curso de Italiano, ofe-recido pela Secretaria da Terceira Idade de Araruama, voltam às aulas em agosto. Interessados podem pro-curar a SETID na Avenida Brasil, 480.

Domingo na Praça - O aulão de Zumba é uma das atividades que acontecem na Praça Antonio Raposo, realizado pela Prefeitura de Araruama, todos os do-mingos das 9h ao meio dia. Participe!!!

“No jardim do teu coração, nada plantes,salvo a rosa do amor.”

Bahá’u’lláh

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8 nº 233 - Agosto/2015

TERRANOVA

Marcelo J. Fernandes

é preciso atravessar um oceano um ocidente uma saudadee trazer no convés um sobrenome poucas vogais, um par de braços filhos de neve, um no ventre e botinas gastas.

sol novo que deita tardeas escarpas – biombos de pedra –escapam matizes de carmimenquanto um pássaro cantao que não entendo ainda;uma raiz sem nome me saciaaplaca o medo do erro.será desterro?

uma lágrima salta e sulca a terrao acordeon sopra os folesa uma borboleta, que dança,esquiva, com as asas tintasde esperança.

Marcelo J. Fernandes é professor universitá-rio, membro do Conselho Editorial do Jornal Poiésis. O poema acima foi o vencedor do Concurso da Bauernfest 2015.

POEMAS

III

Ricardo Adriano

Quem é esse que se apresenta felinoa querer devorar minha carneda forma mais crua?Quem é esse que com suas garrasme almeja? Quem é?Quem é que me chegade peito pra fora, tantas vezes,mascarado como um veneziano em festa?Quem é que vem lutandocom heróis e marginais para me ter como prêmioe me falando segredos?Quem é — continua sendo um mistériopara que eu não conheça a sua essência e integridade.

Nunca me prometeste me querer para sempretive, sim, a certeza de queme atiraria sobre vocêcomo quem se perde pelos rios, charcos,mangues e canteiros.Sempre soube que jamaisseu brilho me cegaria os olhos,solitário pelas auroras.Lúcido ou demente te busqueie transparente te tateio em cada vão,em cada brecha,porque a tua luminosidadefaz aumentar a cor de âmbardas minhas tardes crepusculares,devido a minha saudade.Herói frágil quase me percosúdito forte quase me arriscoenquanto escrevo máximasme dobrando em orações e rituaisque antecedem a sua chegada.

Ricardo Adriano é poeta, reside em Araruama-RJ, ocupando atualmente o cargo de diretor na E.M. Honorino Coutinho

SEM MÉTRICA

Juçara Valverde

Você lembrou de umas coisasque eu não esqueçoe quero mais.

As propostas trocadasforam aceitasporque o desejo mostrou seu tamanho

pois com você perco a medidasou gulosa.Meço apenas os intervalos.

Juçara Valverde é presidente da União Bra-sileira de Escritores (UBE-RJ).

GESTAÇÃO

Anderson Braga Horta

Nos fluidos subterrâneosde alguma antiga crença,alguma coisa de algoficou-me, vaga e imensa.

Uma saudade incertade algo talvez sonhado,algo que a alma pressenteagora, e é já passado,

alguma coisa puraanterior a mim mesmo,anterior à vida,e, entanto, inda imperfeita.

Nos fluidos subjacentesde alguma antiga crença— antiga como a Origem —palpita, vaga imensa,

talvez premonitóriasaudade de áurea esferafutura — e já contidano sêmen da Matéria.

Anderson Braga Horta é autor de “Pássaro no aquário”, entre outros.

MEU MUNDO NÃO TEM FRONTEIRASManoel de Santa Maria

Meu mundo não tem fronteiras,A minha sina é voarNas asas da poesia,Onde um verso me levar;Empunhando a minha lira,Lanço ao mundo o meu cantar!Sou Água na pedra dura,Atirado, combatente,Nó na madeira de lei,Tatuagem permanente.A caneta é minha espada,Meu verso é grão e semente,Assanhado, renitente,Romântico bandoleiro,Incansável, brasileiro,Anarquista diferente!

Manoel de Santa Maria é cordelista, membro da Academia Araruamense de Letras

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9nº 233 - Agosto/2015

JUDAS - NA FRONTEIRA DAS RELIGIÕESPor Gerson Valle*

“O judaísmo e o cristianismo, e também o Islã, destilam todos eles o néctar da graça, da justiça e da compaixão, mas só enquanto não têm nas mãos algemas, grades, poder, porões de tortura e cada-falsos. Todas essas crenças, e mais aquelas que nasceram nas últimas gerações e continuam até hoje a enfeitiçar muitos corações, todas vieram para nos salvar e rapidamente acabaram derramando nosso sangue......... Se ao menos um dia desaparecessem do mundo todas as religiões e todas as revoluções, eu lhe digo – todas, até a última delas, sem exceção – vai haver muito menos guerras no mundo”. Guershom Wald, personagem de Amós Oz, no romance “Judas” (tradução do hebraico de Paulo Geiger, Companhia das Letras, 2014 - mesmo ano do lançamento do original em Israel).

Um dos méritos que admiro no escritor israelense Amós Oz é o de dar continuidade

a um tipo de Literatura, hoje despre-zada por muitos, com uma narrativa clara e significativa das preocupações humanísticas, de forma a abrir ao leitor possibilidades de reflexão, e não apenas do lazer inconsequente, percepção es-tética pela estética ou a contrária im-posição de uma visão acabada como foi o realismo social soviético ou é a apologia à competitividade amoral do mundo capitalista. A Literatura, afinal, sempre teve um significado pleno de formação e integração social. Muitos modernismos interferiram e continuam interferindo em seu sentido humanís-tico. E, no entanto, a nossa sociedade imperfeita tem muito ainda a interagir literariamente.

Parece haver uma continuidade marcante às obras de Thomas Mann na estruturação que remete ao leitor o “aprendizado” de um personagem numa situação ficcional em paralelo à experiência histórica e cultural da re-alidade (Como é nítido o paralelismo no “Doutor Fausto” entre a história de um compositor doente, de uma arte tornada fria, calculista - o dodecafo-nismo shömberguiano estrito -, com o nazismo, ou em “A montanha mágica” a “crise” de personagens provenientes de diferentes países da Europa num sanatório suíço para tuberculosos no período que antecede a Primeira Guer-ra Mundial). E, observando que o pós--modernismo possibilita e até propicia muito mais a interpenetração dos gê-neros (como ficção e ensaio), é de se concluir que há muita atualidade nessa forma de construção romanesca. Um típico “romance de formação” (“bildun-gsroman”) alemão, como “A montanha mágica”, é exemplar neste tipo de Lite-ratura, onde o jovem Hans Cartop con-vive com os diversos tipos da época, acompanhando, inclusive, as discussões entre o italiano Settembrini, que racio-naliza o progresso de nossa sociedade e o jesuíta Naphta, descendente de ju-deus, com seu misticismo que tange o sobrenatural. O jovem “em formação”

de “Judas”, de Amós Oz, é Schmuel Asch, que vive com os pais, tem namo-rada, e faz um trabalho de pesquisa na universidade sobre as relações dos ju-deus com Jesus, além de frequentar um grupo de socialistas que se reúne em um bar, tendo em casa “posters” dos líderes da Revolução Cubana, e até uma estatuazinha da “Pietà” (Nossa Senhora sustentando o Cristo morto). Um jo-vem que parece contestar conceitos da sociedade israelense nos anos de 1959 e 1960, lembrando-se que tal socieda-de se encontra em período do recém criado Estado de Israel e abriga muitas tendências contrastantes.

Com a falência do pai, Schmuel não tem como continuar na universidade sem trabalhar, e sua situação se deses-tabiliza mais com a namorada largando--o para se casar com um ex-namorado. Num quadro de avisos da universidade encontra oferta de emprego de fazer companhia a um idoso com dificuldade de locomoção, apenas com a obrigação de ouvir-lhe falar e dar-lhe chá e outras pequenas tarefas similares, com direi-to a um quarto para dormir, refeições simples e pequeno salário. O idoso é o intelectual Guershom Wald que mora com a ex-nora, Atália, viúva com seus 45 anos. Esta trabalha fora e quase não se encontra, no início, com ele, a não ser para lhe dar instruções. Seu marido, o filho de Guershom, morreu em 1948, combatendo os palestinos. O pai dela, Shaltiel Abravanel, fora o dono da casa em que moram, também já morreu. Participou da formação do estado ju-daico, posicionando-se, entretanto, do lado contrário à corrente liderada por Ben Gurion, que foi vitoriosa. Para ele, os judeus e os árabes deveriam com-partilhar de toda a região, consideran-do os direitos de ambos os lados, e até tendo amigos entre os árabes. Anarqui-camente, achava que todo Estado é um dinossauro feroz (curiosamente Niet-zsche tachou o Estado como o mais frio dos monstros frios). Achava que Ben Gurion, com seu Estado de Israel acen-deu um fogo nos colegas que lhe eram mais cauteloso, e que as futuras gera-ções o amaldiçoariam. “O grande mal é

que os oprimidos anseiam secretamen-te por se tornar os opressores de seus opressores. Os perseguidos sonham em ser perseguidores. Os escravos so-nham em ser senhores.” Foi considera-do traidor e obrigado a sair da organi-zação sionista. De tudo isto o jovem se inteirou pelos relatos de Guershom e, aos poucos, da Atália, que, para isto, o narrador usa do recurso de lembrar de momentos históricos anteriores, e até das posições contrárias de Guershom e Abravanel, que passam para a formação de Schmuel como as discussões de Set-tembrini e Naphta para o jovem de “A montanha mágica”.

Os capítulos se alternam entre a nar-rativa na casa onde Schmuel trabalha e suas pesquisas sobre a relação dos ju-deus com Jesus. Aí o narrador descreve a posição de muitos escritores judeus, dos últimos 21 séculos, beirando o ro-mance um ensaio, merecendo mesmo uma bibliografia, que interpenetra nas cogitações do jovem personagem.

Tanto os personagens do romance, como, ao que parece, o próprio autor Amós, encaram Jesus com simpatia por sua doutrina conciliadora social. Porém, levantam questões fundamentais na re-lação dos judeus com Jesus, sobretudo pela posição da figura de Judas Iscario-tes, que foi sempre visto pelos cristãos como o máximo representante dos ju-deus por sua traição, aquele que O en-tregou aos fariseus e romanos para que

fosse crucificado. É como se todo povo judaico tivesse causado a Sua morte (Judas, com o trato com o dinheiro, é mais identificado pelos cristãos com o judaísmo que Jesus e apóstolos, quando todos eles, na verdade, eram igualmen-te judeus...). Em consequência, em to-dos os períodos das sociedades cristãs os judeus foram execrados, persegui-dos, considerados deicidas. Chega-se a comentar nos diálogos do romance que na Idade Média, nas sociedades muçulmanas, convivia-se melhor com os judeus que nas sociedades cristãs de qualquer época, e que a atual disputa entre árabes e judeus poderá até me-lhorar algum dia, mas nunca o ódio dos cristãos aos assassinos de seu Deus.

Dentre as “variantes” da narrativa pós-moderna, há um capítulo que in-terrompe a atualidade da história de Schmuel para descrever a crucificação, como se saída de um suposto “Evan-gelho Segundo Judas”. Este é descrito como o primeiro e último verdadeiro cristão. Sendo o único apóstolo com formação menos rude e base financeira (daí poder ter sido uma espécie de te-soureiro do grupo), mais rápido perce-beu a magnitude dos milagres e da dou-trina de Iêshua ben Iôseph (Jesus Filho de José), e concluiu que Ele era efeti-vamente o Messias esperado. Queren-do contribuir com a divulgação disto, entregou-O aos sacerdotes, pensando

Divulgação

O escritor israelense Amós Oz

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10 nº 233 - Agosto/2015

que, se fosse condenado e crucificado, certamente Ele realizaria o maior mila-gre, descendo da cruz e todos teriam de acreditar em Sua divindade. Não ha-veria uma traição, assim, muito menos por 30 siclos de prata, o que equivalia à época ao preço de um escravo mé-dio, o que para Judas não representaria grande quantia (o que seria o “beijo da traição” denunciando quem era o Mes-tre, quando Jesus andava livremente por Jerusalém, indo ao templo, expul-sando de lá os mercadores, insultando os fariseus...?). Porém Jesus não se des-pregou da cruz, chegando a perguntar, dolorido, por que o Pai O abandonara, decepcionando Judas, que, desespera-do, se enforca na figueira que Cristo havia secado (por que a amaldiçoou, se sabia que ela não dá figo antes do Yom Kippur? Por que, em vez disto, não fi-zera o milagre dela dar frutos naquela época, se sua vontade era a de comer figo? E esta dúvida aparece meio como símbolo do próprio desespero de Ju-das).

Schmuel passa um inverno inteiro no emprego referido. Tudo que lá ouve de Guershom e de Atália, e mais suas leituras, vão fazendo com que suas convicções encontrem alternativas e dúvidas. Inclusive suas poucas saídas pela noite de Jerusalém com a madura e estranha Atália vai completando sua “formação”, mudando sua visão e trato com as mulheres de que errara com a namorada que o deixara. A velha Jeru-salém onde tantos dramas religiosos se passaram serve de fundo ao romance, numa época em que parte dela se en-contrava com a Jordânia, onde havia cercas e tiros podiam alcançar os tran-seuntes. O romance é uma composição de muitas realidades que acarretam a participação do leitor, trazendo-lhe reflexões úteis à própria “formação”. Creio, efetivamente, ser essa ainda a melhor justificativa para a resistência da Literatura num mundo onde o campo visual e as percepções sintéticas não muito intelectualizadas, infantointer-netizadas ou em simplificações de um imediatismo jornalístico televisivo pro-curam lhe abafar a existência!

Gerson Valle é escritor e poeta, membro titular da Academia Petropoli-

tana de Letras e da Academia Brasileira de Poesia.

FEIRA DO LIVRO ACONTECEDE 1 A 23 DE AGOSTO EM ARARUAMA

A partir do dia 1º de agosto, Araruama volta a receber uma Feira do Livro no

Calçadão Cultural Dr. Fábio Freitas, no Centro. Realizada com apoio da Prefeitura de Araruama, através da Secretaria Municipal de Cultura, a Feira traz livros a partir de R$ 2.

Segundo Tiago Fernandes, idea-lizador da Feira, o um projeto cul-tural tem como objetivo levar livros a preços mais baratos e, com isso, incentivar a leitura.

A feira prossegue até 23 de agos-to com cinco estandes onde podem ser encontrados livros didáticos, in-fantis, lançamentos e usados de vá-rias editoras, com preços bastante

acessíveis.O horário de funcionamento é de

segunda-feira a sábado, das 8h às 20h e domingo das 16h às 20h.

Divulgação

UM DEDO DE PROSAcom Geraldo Chacon

O rapaz estava se corres-pondendo com a jovem e se justificou, escrevendo

no MSN, “Pode ser no domingo? Hoje não posso. Vou ao médico. A tempo que estou me sentindo mau, deve ser o calor.” Esse “a tempo” falado, não muda, mas na escrita sim, porque há duas possibilidades. O rapaz escreveu “a” pura e simplesmente “a”. Não está correto, porque na frase refere--se a um determinado, tempo passa-do, corresponde a “Faz tempo”, logo ele poderia ter usado “faz tempo” ou “a” com “h” e o “a” deve ser acentu-ado: “Há tempo”. A palavra mau tam-bém apresenta duas possibilidades. Ele escreveu mau com u, ou seja, ele usou um adjetivo, e errou, porque o termo está associado ao verbo sentir,

estou me sentindo mal, em que mal é um advérbio, que modifica o verbo. Ele pode não ser um mau sujeito, mas emprega mal seu idioma. Veja essa frase que fiz agora, em que sujeito é um substantivo, modificado por mau, adjetivo, logo com u. Depois usei o verbo empregar modificado por um advérbio, mal, com l. Quando você ti-ver dúvidas utilize os antônimos bom e bem. Se for bom, ponha mau com u, se for bem, ponha mal com l. Vejamos a frase do rapaz “há tempo que estou me sentindo bem” então é mal com l, e a minha frase “ele pode não ser um bom sujeito, mas emprega bem o seu idioma”.

Geraldo Chacon é escritor, membro da Academia Araruamense de Letras

(AARALETRAS).

Mal ou Mau?

OS BAHÁ’ÍSACREDITAMEM QUÊ?

Os bahá’ís creem que Deus é absoluto, mas a religião é relativa às épocas, às ne-

cessidades e à capacidade do ser huma-no de comprender sempre a mesma verdade, de tempos em tempos, de um modo mais profundo. Nesse sentido, creem que todas as grandes religiões do mundo são divinas em sua origem e diferem apenas nos aspectos essenciais de seus ensinamentos, que seus princí-pios fundamentais são um e o mesmo, e que cada religião constitui uma etapa distinta na eterna evolução espiritual do ser humano. Com base nesta fun-dação, os bahá’ís creem na unidade de todas as religiões, em uma fé comum, por meio de um Mensageiro de cará-ter universal.

Para saber mais sobre a Fé Bahá’í, acesse o site www.bahai.org.br.

Acompanhe o Jornal Poiésis na Internet:Versão para folhear: www.issuu.com/jornalpoiesis

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11nº 233 - Agosto/2015

PARCERIA COM ESTADO CRIARÁNOVO PARQUE EM ARARUAMAPor Gerson Valle*

Representantes da Secretaria de Estado de Turismo e da TurisRio estiveram em reu-

nião com o Prefeito Miguel Jeovani, no dia 22/07, para ajustes finais da docu-mentação referente ao comodato por tempo indeterminado, que está sendo firmado entre a Prefeitura de Ararua-ma e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, referente a área de 17.100 mil m² localizados no Parque Hotel, que abrigava o antigo Camping Clube Brasil.

Ascom/PMADe acordo com o prefeito Miguel

Jeovani, através deste projeto a Prefei-tura transformará esta área, que desde 1961 pertence à antiga Flumitur (atual TurisRio), em um grande parque verde urbanizado.

“Vamos manter a vegetação do local e fazer um belo trabalho de paisagismo e urbanização, onde as famílias poderão passear. Tenho convicção de que será um novo ponto turístico na região”, disse.

MARCIA JEOVANI PROPÕE PROGRAMAESTADUAL DE PREVENÇÃO DE QUEDAS

A deputada estadual Marcia Jeovani (PR), membro da Comissão Permanente de

Assuntos da Criança, Adolescente e Idoso da Alerj, apresentou o projeto de lei nº 529 que cria o programa estadual educativo e de prevenção de quedas acidentais, em especial para a terceira idade, e institui o dia 24 de junho como o Dia de Preven-ção à Queda de Idosos no âmbito do estado do Rio de Janeiro.

“É de fundamental importância expandir por todo o estado do Rio de Janeiro essa campanha de consci-entização e prevenção de quedas de idosos e chamar a atenção de todos para as políticas públicas voltadas para o envelhecimento saudável. Se cada município fizer a sua parte com certeza iremos diminuir o índice de

André Barbosa

óbitos nessa faixa etária e ainda re-duzir os gastos do SUS com o trata-mento das vítimas”, assegurou a dep-utada estadual Marcia Jeovani.

A iniciativa da proposição tem como referência o trabalho preven-tivo realizado em Araruama, através da Secretaria Municipal da Terceira Idade e Desenvolvimento Humano, que tem desenvolvido essa cam-panha desde 2013 no município, em parceria com a coordenação de fi-sioterapia da Secretaria Municipal de Saúde.

O programa educativo tem o objetivo de orientar os idosos de como proceder ao levantar à noite e durante o banho (acessórios que podem gerar quedas), postura, re-tirada de obstáculos do quarto, co-locação de corrimão nas escadas e

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12 nº 233 - Agosto/2015

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28 de Julho - Dia do Agricultor!

Feliz Dia dos Pais!Vereador Bruno Pinheiro.

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“O tempo pode apagar tudo feito borracha nas páginas da vida

das pessoas, mas jamais consegue apagar delas os bons exemplos

dos pais!”