TRAÇO # Julho nº 1042

Em pleno cenário alfacinha, numa rua típica de Alfama e quase que esma-gado pela imponência da Sé, existe um espaço que nos faz parar, esprei-tar, entrar e ficar por uns tempos. Verdade? Verdade Pois! A história do

“Pois, Café”, é uma daquelas simples histórias de vida com um final feliz. Começoucomo tudo na vida, uma vontade imensa, de mudar, de abrir um negócio. Catarina eBárbara, duas amigas naturais da Áustria que depois de uma viagem pela América doSul decidiram que queriam ter uma coisa em conjunto numa cidade à beira da praiade clima ameno. Cartas na mesa, baralhar e dar de novo, e saiu Lisboa. Alfama foiassim como uma bênção ou um tiro no escuro, uma vez que não existia por parte dasduas um profundo conhecimento da cidade. Mas nem foi o bairro em si que as cati-vou em primeira instância, mas sim o espaço onde mais tarde iria nascer o “Pois,Café”. “Quando entrámos e vimos estes arcos pensámos, é aqui”, disse à TraçoCatarina. Só mais tarde descobriram Alfama e que adoram este pedaço da capital,“tivemos sorte com o lugar”, conclui.

O nomePorquê “Pois”? Meio por brincadeira, outro tanto por teimosia. “Pois era uma palavraque ouvia 400 vezes por dia”, diz Catarina, mas se perguntava a alguém o que queriadizer a resposta era a mesma: “Não sei”. Curiosas decidiram procurar no dicionário apalavra que tanto ouviam e que ninguém definia e encontraram o seu significado, o de

Texto de Ana Rita Sevilha

Fotos de Hugo Gamboa

Um Pois(o), em Alfama

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Locais

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uma palavra positiva, afirmativa. Gostaram, e assim baptizaram o espaço. Quem entra tem dificul-dade em explicar o que o rodeia, o contraste poderá ser o que melhor o define. O robusto dosarcos e das paredes de pedra com pormenores kitsh . O tom neutro das paredes e da estruturacom brinquedos coloridos, bancos de plástico, prateleiras de livros e dvd’s, uma diversidade demobiliário onde se poderia dizer que “a bota não bate com a perdigota”. Contudo, o ditado ali nãose aplica, no “Pois, Café”, a diversidade e os contrastes vivem lado a lado, mostrando que “osopostos se atraem”.

Cada um de sua naçãoO mobiliário é diverso, reina a madeira mas cada peça é de sua nação, e esta é outra das carac-terísticas do “Pois, Café!”. Como explicou Catarina à Traço, o mobiliário é adquirido de uma formamuito interessante e curiosa, através de uma associação de jovens carenciados. “As pessoas quejá não querem determinados móveis porque estão velhos, usados ou fora de moda, deixam-nosnessa associação. Depois esses jovens recuperam as peças e voltam a vendê-los. É daí que pro-vêem os nossos”, explica Catarina entre um sorriso tímido e um brilho nos olhos. E assim nasceuum lugar especial da capital. Um sítio a visitar? Pois, claro! �

“Uma sala de estar para todos”

É desta forma que Catarina e Bárbara caracterizam o

espaço, como uma sala de estar para turistas, locais,

jovens, um sitio onde se pode e apetece estar, onde a

literatura está por todo o lado, onde o objectivo é que

quem lá vá se sinta bem, se sinta numa segunda casa.

Para a criação desta sala de estar em pleno bairro lisboe-

ta as sócias contaram com a ajuda de amigos, arquitec-

tos e designers que mandaram as suas sugestões, e que

posteriormente foram cozinhados com as ideias das pró-

prias e da equipa portuguesa que levou a obra a cabo.

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