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Contos e acontecimnetos
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Resumo :
As duas fontes principais para o estudo do Estado, a história das instituições e a das
doutrinas políticas, não se confundem. Principalmente pela dificuldade de acesso às
fontes, a primeira se desenvolve da segunda mas depois se emancipa. O
desenvolvimento e a estrutura do Estado são estudadas pela filosofia e pela ciência
política. As três características da filosofia e o que as diferencia das da ciência política:
valor, justificativa e impossibilidade de falsificação.
Além dos campos da filosofia e da ciência política, existe a distinção pelos pontos de
vista jurídico e sociológico. Durante muito tempo, o Estado foi objeto dos juristas, mas
com o surgimento recente de uma nova ciência, passou a ser estudado também pela
sociologia. Jellinek e Weber sustentam que tal distinção é necessária, mas Kelsen (que
reduziu o Estado a ordenamento jurídico) entende que não. Teorias meramente jurídicas
do Estado foram abandonadas na transformação do Estado de direito em Estado social.
Duas teorias sociológicas do Estado: a marxista e a funcionalista. Diferenças no
conceito de ciência, no método e principalmente na colocação do Estado no sistema
social. O autor explica cada uma delas e as diferenças no tema: ruptura da ordem ou a
ordem, integracionalista ou conflitualista.
Ponto de vista sistêmico: instituições políticas em relação demanda-resposta com o
ambiente social. Às respostas surgem novas demandas, ou o colapso e a transformação.
Perfeitamente compatível com ambas as anteriores. Esquema concebível para analisar o
funcionamento das instituições políticas, seja qual for a interpretação que delas se faça.
A sociedade emancipa-se do Estado. O Estado passa a ser um mero subsistema ao
sistema social. Não era assim antes, de Aristóteles a Hobbes, o Estado era a sociedade
perfeita. Ponto de vista do governante vs do governado: liberdade do cidadão é o ponto
principal e não o poder dos governantes. Bem estar, felicidade e prosperidade do
cidadão considerados um a um, e não potência do Estado; direito de resistência a leis
injustas.
A cunhagem do termo Estado, englobando república e monarquia, é um gênero recente.
Mas existe um problema de sentido amplo e estrito quanto ao termo, ele serve apenas
para os modernos Estados nacionais ou também para organizações mais antigas? A
favor do sentido estrito, o fato dos Estados nacionais serem únicos e recentes, a favor do
sentido amplo o fato de as obras clássicas ainda servem para os Estados modernos, tanto
que é fonte de referência constante aos pensadores da época.
Várias teses sobre a origem do Estado como dissolução das famílias em favor de algo
mais amplo para se proteger e sobreviver.
Alguns autores preferem o termo Sistema Político ao invés de Estado, devido a um
sentido pejorativo que ele teria incorporado. Reduz-se agora o conceito de Estado ao de
política e o de política ao de poder.
Na filosofia política o poder sob três aspectos, com três teorias fundamentais:
substancialista, subjetivista e relacional. Em Hobbes, poder como um bem, inato como
força ou inteligência ou adquirido, como riqueza. Em Locke, como capacidade de um
sujeito, como o fogo que tem o poder de fundir o metal. Em Dahl, influência é uma
relação entre atores, que induz o comportamento do outro de forma que de modo
contrário não se realizaria. Ainda para Dahl, o poder de um é a negação da liberdade do
outro e vice versa.
Como diferenciar o poder político de todas as outras formas que podem assumir a
relação de poder? A tripartição das formas de poder em paterno, despótico e civil é um
dos topos da teoria política clássica e moderna. Essa classificação, tanto a aristotélica
quanto a kantiana, não permite tal diferenciação, pois são critérios não analíticos mas
axiológicos, diferenciam o poder político como deveria ser e não como é.
Monopólio da força como meio de poder. Três poderes: econômico, ideológico e
político. Os três são dados constantes nas teorias contemporâneas de poder.
Primado da política e da razão do Estado: independência do juízo político da moral.
Segundo Hegel, o princípio da ação do Estado está na própria necessidade de existir.
A legitimidade se põe desde o período clássico, como na história de Alexandre e o
pirata. Mas parece haver uma busca a partir de certo nível de cultura ou tamanho da
sociedade, encontrando respostas em ficções de que a autoridade deriva ou de Deus ou
do povo. Bobbio defende não duas mas 6 opções, em pares antitéticos de vontade,
natureza e história. O problema se põe pois está estritamente ligado ao da obrigação
política. O positivismo jurídico subverte tudo isso, dizendo que apenas o poder
constituído é legítimo. Legítimo na medida que eficaz, até que a ineficácia avance a
ponto de tornar provável ou previsível um outro ordenamento efetivo.
Existem 3 tipos de poder legítimo, segundo Weber: tradicional, racional-legal e
carismático. São fundamentos reais, não presumidos ou declarados, observados de
relações estáveis e contínuas de comando e obediência. Segundo Niklas Luhmann, a
legitimidade em sociedades modernas não está em valores, mas em procedimentos
específicos, como eleições, processo legislativo e processo judiciário, prestações do
próprio sistema.
Juristas e escritores do direito público entendem como elementos do Estado o povo, o
território e a soberania. Além da validade pessoal e espacial, Kelsen coloca a temporal e
a material. Nesta última, duas variantes: ou a matéria pode ser absurda de ser regulada
ou a matéria pode estar protegida pela Constituição.
É melhor o governo das leis ou dos homens? Das leis, pois desprovidas de paixão e
racionais. Mas as leis não são feitas por homens? Sim, mas nem todas, pois ainda
existiam as leis naturais, a de Deus e a da razão. Mesmo quando esgotadas essas opções,
ainda podia se apelar para algo como o mito do grande legislador, um sábio que nada
tem em comum com a autoridade humana.
Três limites para o poder do Rei: leis naturais e divinas, leis fundamentais e a esfera do
privado. Limitação do rei pela presença dos corpos intermediários: clero, nobreza,
cidades. Só posteriormente, surgiu a teoria e a prática da separação dos poderes.
Recentemente, a terceira e última limitação, o limite material dos direitos fundamentais.
Além dos vários limites internos, nenhum Estado encontra-se só. Relaciona-se por
tratados com outros, podendo constituir blocos ou até formações maiores.
São formas clássicas de governo as várias combinações de monarquia, aristocracia e
democracia, segundo os mais diversos autores. Kelsen considera apenas a autocracia e a
democracia, pelo critério da participação na produção do ordenamento jurídico. Já a
divisão entre monarquia e república perdeu sua significação no tempo. Por exemplo,
não seria o Reino Unido uma dinarquia, da mesma forma que os EUA, com dois
partidos se alternando no poder? E que semelhança teria essa república com outras sem
ou com várias opções de alternância de poder? E o que seria o presidencialismo senão
uma monarquia com mandato fixo? Segundo Mosca, os melhores regimes, no sentido
de aqueles com maior duração, foram não só os regimes mistos, de elementos como a
democracia, monarquia e aristocracia, mas também aqueles que separavam o religioso
do laico e o econômico do político.
As tipologias de formas de Estado são tão variadas que o autor considera inútil a
exposição. Mas dois critérios considera principais, a histórica e a expansão sobre a
sociedade. A histórica propõe a seguinte seqüência: Estado feudal, estamental, absoluto
e representativo. Considera pontos importantes nessa trajetória o surgimento dos
direitos naturais, que vai não apenas se contrapor ao poder do Estado como será
protegido por ele; a evolução dos partidos, que se formam fora do aparelho estatal,
sendo personagem no lugar dos indivíduos e o compromisso entre as partes e não a
decisão da maioria, evitando o padrão onde quando um grupo ganha outro perde.
Sobre a expansão do Estado sobre a sociedade, traça novamente os vetores do poder
político, econômico e ideológico, sendo também considerados neste último o religioso e
o doutrinal. Um Estado intervencionista avança sobre o poder econômico, o
confessional sobre o religioso, o totalitário sobre ambos. O Estado liberal ou de direito
utiliza-se do monopólio da força para assegurar a livre circulação de idéias e
mercadorias