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POLÍTICA E SOCIABILIDADE NO SÉCULO XIX: A RELAÇÃO ENTRE O VISCONDE DE PELOTAS E O MARQUÊS DO HERVAL I. INTRODUÇÃO Esta pesquisa destina-se a melhor compreender a relação constituída entre os políticos e militares, Manoel Luís Osório (Marquês do Herval) e José Antônio Correa da Câmara (2º Visconde de Pelotas), durante a fase final da Guerra do Paraguai, especialmente, ao longo dos anos posteriores ao conflito, marcados pela ascensão de Câmara à esfera política. Em outros termos, busca-se a análise do vínculo estabelecido entre Osório e Câmara, por meio do estudo das suas correspondências pessoais, trocadas ao longo do processo de emergência política de Câmara que ocorreu após a Guerra do Paraguai. Portanto, em um contexto marcado pela formação de redes de sociabilidades, pelo clientelismo político, bem como pela política de favorecimentos especialmente entre membros da elite, procura-se por meio deste projeto trabalhar com dois indivíduos membros da elite política sul-rio-grandense, com a finalidade de melhor entender a dinâmica das relações políticas manifestadas e alinhavadas ao longo do oitocentos. Oriundos de famílias com tradição na carreira militar, José Antônio Correa da Câmara e Manoel Luís Osório ingressaram no exército ainda muito jovens, por volta dos 15 anos. O marechal, marquês e senador, Manoel Luís Osório, natural da Vila de Nossa Senhora da Conceição de Arrôio, nasceu em 10 de maio de 1808 e faleceu em 04 de outubro de 1879, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1823, assentou praça no exército imperial brasileiro, participando da Guerra de Independência na Cisplatina (1822 a 1823). Na sequência, já como alferes, participou da Guerra da Cisplatina (1825-1828), saindo do conflito no posto de tenente. Sua afeição liberal, de certa forma, levou-o a integrar as tropas rebeldes na Guerra dos Farrapos. Seu apoio à causa chega ao fim no momento em que o conflito passa a ter teor separatista, quando designa seus esforços ao exército imperial. Com o mesmo destaque, Osório participa da Guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852) e gradativamente aumenta a sua confiança e o seu prestígio no Prata. Como consequência disso, assume o comando do I Corpo do Exército Imperial na Guerra do Paraguai e, após grande desempenho e grande destaque, no ano de 1877, torna-se Marechal do Exército.

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POLÍTICA E SOCIABILIDADE NO SÉCULO XIX: A RELAÇÃO ENTRE O

VISCONDE DE PELOTAS E O MARQUÊS DO HERVAL

I. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa destina-se a melhor compreender a relação constituída entre os políticos e

militares, Manoel Luís Osório (Marquês do Herval) e José Antônio Correa da Câmara (2º

Visconde de Pelotas), durante a fase final da Guerra do Paraguai, especialmente, ao longo dos

anos posteriores ao conflito, marcados pela ascensão de Câmara à esfera política. Em outros

termos, busca-se a análise do vínculo estabelecido entre Osório e Câmara, por meio do estudo

das suas correspondências pessoais, trocadas ao longo do processo de emergência política de

Câmara que ocorreu após a Guerra do Paraguai. Portanto, em um contexto marcado pela

formação de redes de sociabilidades, pelo clientelismo político, bem como pela política de

favorecimentos especialmente entre membros da elite, procura-se por meio deste projeto

trabalhar com dois indivíduos membros da elite política sul-rio-grandense, com a finalidade de

melhor entender a dinâmica das relações políticas manifestadas e alinhavadas ao longo do

oitocentos.

Oriundos de famílias com tradição na carreira militar, José Antônio Correa da Câmara e

Manoel Luís Osório ingressaram no exército ainda muito jovens, por volta dos 15 anos. O

marechal, marquês e senador, Manoel Luís Osório, natural da Vila de Nossa Senhora da

Conceição de Arrôio, nasceu em 10 de maio de 1808 e faleceu em 04 de outubro de 1879, na

cidade do Rio de Janeiro. Em 1823, assentou praça no exército imperial brasileiro, participando

da Guerra de Independência na Cisplatina (1822 a 1823). Na sequência, já como alferes,

participou da Guerra da Cisplatina (1825-1828), saindo do conflito no posto de tenente. Sua

afeição liberal, de certa forma, levou-o a integrar as tropas rebeldes na Guerra dos Farrapos.

Seu apoio à causa chega ao fim no momento em que o conflito passa a ter teor separatista,

quando designa seus esforços ao exército imperial. Com o mesmo destaque, Osório participa

da Guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852) e gradativamente aumenta a sua confiança e o seu

prestígio no Prata. Como consequência disso, assume o comando do I Corpo do Exército

Imperial na Guerra do Paraguai e, após grande desempenho e grande destaque, no ano de 1877,

torna-se Marechal do Exército.

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José Antônio Correa da Câmara, o 2º Visconde de Pelotas, nasceu em Porto Alegre, no dia

08 de Fevereiro de 1824 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1893. Ao ingressar na Guerra do

Paraguai, já possuía uma boa experiência em campos de batalha, sustentando o posto de

Tenente-Coronel. Ingressou na carreira militar de forma voluntária, em 1839. Logo após, atuou

contra os farroupilhas e participou também da guerra contra o Estado Oriental (18511852), bem

como da Campanha do Uruguai (1864-1865). A atuação de Câmara, em solo paraguaio, por sua

vez, iniciou no ano de 1866 com marcante desempenho nos combates de Curuzú e Curupaiti,

sendo, então, promovido a Coronel. Em 1868, destacou-se nos confrontos de Passo Pocú e

Espinilho, assim como nas batalhas em Avaí e Lomas Valentinas, chegando, nesse mesmo ano,

ao posto de Brigadeiro do Exército.

A participação de Câmara na Guerra do Paraguai chega ao fim quando tropas sob o seu

comando – uma escolta de cavalaria e infantaria – encontra e executa Solano López, em 1º de

Março de 1870. Esse desfecho, além de ter marcado o fim da Guerra do Paraguai, torna-se

importante para a ascensão política de, até então militar, José Antônio Correa da Câmara. O

desfecho em Cerro Corá, onde López foi encontrado, somado a sua destacada atuação ao longo

do conflito, possibilitou ao Visconde de Pelotas a sua maior integração a grupos políticos

consideravelmente atuantes na política imperial.

A emergência política de Câmara e sua posterior chegada à Corte alinha-se a maior

participação dos sul-rio-grandenses na política imperial após o término da Guerra do Paraguai

(1864-1870), devido a maior facilidade de ocupação do poder político central por indivíduos da

Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Isto é, o encaminhamento, cada vez mais

frequente das elites mineira e paulista aos seus respectivos partidos republicanos, motivados

por uma série de discordâncias referentes ao centralismo político imperial, contribuiu

decisivamente para a inserção mais frequente dos sul-rio-grandenses nesse cenário. Da mesma

maneira, na própria província de São Pedro do Rio Grande do Sul, ressalta-se a ascensão do

Partido Liberal a partir de 1870, bem como o êxito desse partido nas eleições de 1872. Segundo

Piccolo, certos alinhamentos políticos, como o ingresso dos liberais progressistas no Partido

Conservador, enfraqueceu, no âmbito sul-rio-grandense, esse partido e, dessa forma,

favorecendo a ascensão do Partido Liberal também no âmbito provincial.

Desse modo, entende-se que a busca por um lugar no estreito cenário político do século XIX

por membros da elite, de certo modo, não significava apenas o simples desejo e a necessidade

de representação com relação ao governo imperial. Pelo contrário, simbolizava a “expectativa

dos seus familiares, das suas clientelas e dos seus eleitores e aliados políticos” (VARGAS,

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2008: 46) pela diminuição da amplitude existente entre as suas localidades e a Corte. A exemplo

disso, Jonas Vargas, referindo-se a chegada de Osório à Corte1, sugere que “uma vez dentro

deste círculo, a distribuição de favores para amigos, parentes e clientes era quase que

instantânea. Ou seja, logo ao assumir o Ministério da Guerra, as primeiras medidas de Osório

foram direcionadas no favorecimento dos amigos e familiares” (VARGAS, 2008: 56).

Portanto, dentro de um contexto marcado pela prática de favorecimentos políticos, acredita-

se que a relação de reciprocidade entre José Antônio Correa da Câmara e Manuel Luís Osório,

constituída na esfera militar em larga escala transcende este limite e passa a favorecer no

processo de escalada política de José Antônio Correa da Câmara. Ou seja, salienta-se a relação

constituída por Câmara e Osório nos anos finais da Guerra do Paraguai, bem como dos anos

posteriores ao conflito. Também procura-se entender em que medida a relação entre Câmara e

Osório auxilia no processo de emergência política do Visconde de Pelotas, levando em

consideração a relevância de Osório no cenário político sul-rio-grandense e a sua maior

facilidade de inserção nos assuntos políticos da Corte, principalmente, após o grande empenho

e os esforços dispostos por Osório às tropas do exército imperial2.

Em outras palavras, esta proposta de pesquisa busca o estudo da relação entre dois indivíduos

pertencentes à elite sul-rio-grandense do século XIX, entendendo-os como membros de uma

rede de sociabilidade que, obviamente, possuía suas peculiaridades, mas que, de modo geral,

era definida por práticas próprias do seu contexto. Nessa perspectiva, entende-se que o estudo

das correspondências trocadas entre José Antônio Correa da Câmara e Manuel Luís Osório, ao

longo do processo de inserção política de José Antônio Correa da Câmara, em certa medida,

podem evidenciar aspectos próprios da dinâmica política que caracteriza o século XIX. Sendo

assim, ressalta-se que a ascensão política de José Antônio Correa da Câmara elevou-o a uma

posição de liderança dentro do Partido Liberal, alcançando cargos políticos no governo imperial

como Ministro da Guerra do gabinete Liberal de Saraiva e Senador Liberal entre 1880-1889.

Além de tornar-se já na República, o primeiro Presidente do Estado do Rio Grande do Sul

(15/11/1889 – 11/02/1890).

1 Manuel Luís Osório é eleito senador do Império em 1877 e, no ano seguinte, ocupa a pasta de ministro da Guerra.

Ver: VARGAS, Jonas. Marechal, marquês e senador. Política, nobreza e guerra no Segundo Reinado a partir da

trajetória do general Osório (1808-1879). História: Debates e Tendências – v. 10, n. 2, jul./dez. 2010. 2 Para maiores reflexões, ver: VARGAS, Jonas. Marechal, marquês e senador. Política, nobreza e guerra no

Segundo Reinado a partir da trajetória do general Osório (1808-1879). História: Debates e Tendências – v. 10,

n. 2, jul./dez. 2010, p. 244-263.

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Dentro desse panorama, na historiografia atual acredita-se que o estudo das relações entre

indivíduos membros da elite política do século XIX, diferentemente daquelas entre indivíduos

socialmente desiguais, marcadas pelos vínculos de dependência, pode-se salientar, geralmente,

ligação de amizade e de sociabilidade, reafirmadas pelas relações constituídas nos meios sociais

que esses indivíduos circulavam. Nesse contexto, lembra-se que a sociedade brasileira, já no

início do século XIX, acostumou-se com a ampliação dos espaços de interação e de diálogo,

favorecendo, em certa medida, a sociabilização. Assim, conjuntamente às análises de rede,

emerge, entre os historiadores que trabalham a História Social e Política desse século, a visão

da importância de locais e de situações que, aparentemente, não seriam associadas ao debate e

ao arranjo político, mas que promoviam os alinhamentos políticos.

Sobre essa questão, Jonas Vargas afirma:

Os salões e os bailes, por exemplo, também serviam como local de grandes debates

intelectuais e políticos e eram mantidos e frequentados pelas mesmas elites que

residiam na Corte. Além disso, os encontros nas confeitarias e nos teatros somavam-

se ao itinerário destas famílias e eram igualmente fundamentais no processo de

socialização destes grupos, ajudando a reproduzir a própria hierarquia social no brasil

oitocentista. (VARGAS, 2008: 1-2)

Nessa lógica, Richard Graham estabelece que a política e o Estado imperial brasileiro

durante o século XIX, foram constituídos e comandados por um grupo seleto de privilegiados.

O clientelismo, em vista disso, simbolizava, por um lado, a ocupação de cargos ou funções

político-administrativas, e, por outro, o amparo aos menos favorecidos. Conforme o autor, essas

duas faces do clientelismo, por vezes, eram utilizadas na perspectiva de estreitar os vínculos e

de reduzir a amplitude existente entre as localidades e a Corte. Assim, os indivíduos

pertencentes à elite política, no período imperial, reconhecidos e reverenciados em suas

localidades, presenciavam o crescimento de sua clientela e, por conseguinte, da possibilidade

de manter as estruturas sociais e a disparidade econômica no interior da província. Ou seja,

tratando-se da elite política brasileira oitocentista, “ao ocuparem altos cargos políticos, a sua

capacidade de fazer e encaminhar pedidos e de conceder favores aumentou muito o seu poder"

(VARGAS, 2008: 45). As disputas políticas, no interior da província, em vista disso, também

proporcionavam enfrentamentos de influência, poder e favorecimentos entre os indivíduos da

elite política.

Retomando a discussão anterior, Richard Graham, ao definir e estudar as manifestações

marcantes de relações clientelistas ajustadas no contexto do século XIX, destaca a correlação

de forças entre indivíduos de grupos sociais distintos, mas sobretudo no núcleo da elite política,

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para diferentes finalidades. No entanto, na leitura dessa obra, José Murilo de Carvalho, de certa

forma, assinala um certo reducionismo do autor ao considerar as dinâmicas de relações, no

contexto do Brasil imperial, uma simples decorrência do clientelismo, desconsiderando outras

formas de conceituação e de análise, como, por exemplo, o mandonismo e o coronelismo.

Em outra esfera de análise, em alguns trabalhos, ao estudarem o clientelismo no contexto

oitocentista brasileiro, assim como na tentativa de definir as manifestações marcantes dessas

relações clientelistas, em certa medida, pode-se visualizar algum descrédito por parte dos

historiadores com relação às eleições locais. A aparente não relevância e o grande descrédito à

definição dos postulantes ao Congresso, segundo Graham, torna-se fundamental para essa

interpretação. Entretanto, essas eleições mediavam, avaliavam e evidenciavam a autoridade dos

chefes locais. Assim sendo, conforme o autor, a “família e a unidade doméstica constituíam os

fundamentos de uma estrutura de poder socialmente articulada, o líder local e seus seguidores

trabalhavam para ampliar essa rede de dependência” (GRAHAM, 1997: 17), que se manifestava

de diferentes modos, mas, sobretudo, por meio de suporte e de votos nas eleições realizadas nos

potentados locais.

Nessa mesma perspectiva, ressalta-se, nas últimas décadas, entre os historiadores vinculados

à História Social e Política, uma nova interpretação do cenário político do século XIX, pois as

discussões políticas deixam de ser compreendidas exclusivamente como acordos tradicionais

definidos em espaços institucionais. Nesse aspecto, valorizam-se, na historiografia atual, locais

e ocasiões que reafirmam os laços de afetividade e de confraternização, isto é, momentos de

aproximação entre os indivíduos e/ou grupos que poderiam acontecer nos espaços urbanos, mas

que, tratando-se da elite, em grande parte, aconteciam por meio de jantares, de recepções, de

festas particulares etc. Assim, Adriano Comissoli ressalta que:

No início do século XIX os espaços de interação entre as pessoas se multiplicavam,

aumentando as possibilidades e as formas de sociabilidade, elemento de grande

importância para o desenvolvimento de uma esfera pública da política. Essa

convivência política se entrelaçava a interesses econômicos concretos, relações

parentais e amizades, criando e reforçando a coesão necessária aos grupos mais

atuantes na gerência política. (COMISSOLI, 2011: 256-257)

Nessa mesma linha de raciocínio, José Murilo de Carvalho ressalta a importância dos cursos

superiores, especialmente, o curso de Direito no processo de ingresso e de alinhamento político

ao longo do oitocentos. Esse fenômeno, segundo o autor, deve-se muito às relações que eram

estabelecidas entre as elites nos bastidores das academias. No entanto, Jonas Vargas ao estudar

as famílias da elite sul-rio-grandense, bem como a ascensão de seus membros à Corte, ressaltou

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que “os campos de batalha também uniam estes homens da elite” (VARGAS, 2008: 57). Isto é,

as redes de sociabilidade não se estabeleciam exclusivamente no âmbito acadêmico. Ao

contrário, salienta-se que, entre os estudos ligados à história política do século XIX, poucos

destinam-se a refletir acerca da inserção de militares à esfera política.

Sobre isso, Vargas, em estudos referentes à elite política sul-rio-grandense, bem como em

trabalhos relacionados ao ingresso da elite sul-rio-grandense à esfera política da Corte, apesar

de se aproximar da relação estabelecida entre José Antônio Correa da Câmara e Manuel Luís

Osório, de modo geral, não destina maiores esforços em estudar esta relação.

Em outro momento historiográfico, Rinaldo Pereira da Câmara (1899-1979) que, além de

escritor e historiador ligado ao Instituto Histórico e Geográfico, era neto e admirador dos feitos

de José Antônio Correa da Câmara, descreveu em três volumes, de maneira epopeica, a

trajetória de vida do seu avô. A narrativa biográfica, dividida em eixos temáticos, aborda, entre

outras coisas, passagens referentes à sua vida militar e à sua vida política.

Nesse aspecto, ressalta-se que a historiografia nas últimas décadas tem dedicado maior

atenção com relação ao papel dos indivíduos na história, principalmente, diferenciando-se das

análises de outrora, baseadas na valorização das trajetórias de grandes indivíduos e na

construção de narrativas simplificadoras e lineares. Nessa perspectiva, pode-se compreender

que a análise de uma trajetória individual deve ser construída a partir da circulação e do diálogo

do indivíduo em campos que lhes são peculiares, sejam estes políticos, religiosos e/ou

econômicos. Ou seja, “não podemos aplicar os mesmos procedimentos cognitivos aos grupos e

aos indivíduos; e a especificidade das ações de cada indivíduo não pode ser considerada

irrelevante ou não pertinente” (LEVI, 1996: 182).

Portanto, acredita-se que a relação constituída por José Antônio Correa da Câmara e Manuel

Luís Osório necessita de maiores diálogos e discussões. Em outros termos, entende-se que a

análise da relação entre estes indivíduos possa apresentar elementos singulares do passado,

assim como práticas políticas próprias do contexto, reproduzidas ao longo do oitocentos.

Segundo Fertig, ao investigar os aspectos individuais e sociais de indivíduos pertencentes à

elite do século XIX, o historiador deve compreender aspectos individuais, bem como aspectos

do contexto em que tais indivíduos estão situados, almejando estabelecer o diálogo e a

“articulação necessária e fundamental entre texto/contexto, indivíduo/sociedade” (FERTIG,

2012: 231-245).

No presente trabalho, em vista disso, torna-se fundamental a compreensão dos estudos sobre

redes de relação e suas formas de manifestação entre os membros da elite política do século

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XIX. De modo geral, entende-se por redes sociais a formação de alinhamentos políticos e/ou

econômicos que visam ao beneficiamento mútuo entre indivíduos que compõem um contexto

social e político.

Hespanha e Xavier, estudando a formação de redes no contexto do Antigo Regime em

Portugal, definem que a prática de favorecimentos na distribuição e nas trocas de pertences,

privilégios e cargos, em grande parte, caracterizavam a formação das redes sociais, assinaladas

pelos autores como: “sistema de Dom contra Dom”. Nessa sistemática, o valor material dos

bens trocados, de modo geral, não era o principal símbolo da relação, podendo, muitas vezes, o

grande interesse estar na inter-relação de favores e benefícios entre os indivíduos. Os autores

observam também que a correlação entre as partes, em muitos casos, era decorrente de “laços

afetivos”, de “amizades”. Nesse sentido, é possível entender que essas redes estavam

alicerçadas no encontro entre as práticas de interesses e as ligações afetivas.

Dentro dessa perspectiva, José María Imízcoz, ao estudar as relações políticas e,

principalmente, as econômicas de beneficiamento mútuo entre indivíduos de uma família de

comerciantes no contexto do Antigo Regime, destaca que as análises de redes sociais têm

mostrado notável interesse pelas redes de relações de poder, não só pelas articulações políticas

da sociedade do Antigo Regime, mas também pelas relações interpessoais entre as elites no

século XIX.

Nesse contexto, considera-se elite, de forma genérica, grupos de indivíduos que ocupam

posição privilegiada na sociedade da qual fazem parte. No entanto, entende-se que o conceito

de elite e as características que o compõe, de maneira alguma, são exemplos de concordância

entre cientistas políticos, historiadores e outros pesquisadores. Nesse sentido, Simmel e Bobbio

encontram-se nas suas contribuições referentes ao assunto, especialmente, na ideia de elite –

aristocracia para Simmel - como a representação de um grupo pequeno que detém, senão o

monopólio, grande parte do usufruto do poder, em oposição a um grande grupo que está distante

de usufruir deste.

Entretanto, percebe-se que o conceito de elite apresenta uma descrição bastante variável.

Flávio Heinz considera que a interpretação do conceito de elite não se resume à manifestação

econômica ou política, mas a uma série de outros aspectos que devem ser considerados, entre

outros: reconhecimento, status, entre outros. Nesse sentido, valorizam-se as contribuições do

autor referentes aos estudos sobre à história das elites, desenvolvida na obra Por outra história

das elites. Sobretudo pelas suas interessantes e necessárias reflexões metodológicas sobre o

assunto.

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Christophe Charle indica que, a partir do descrédito do marxismo e da história estrutural

proveniente da Escola dos Annales, pode-se observar o afastamento da história econômica da

história social e, assim, com maior autonomia, a história social passa a destinar maior ênfase na

análise de outros tipos de agrupamentos sociais, entre eles as elites. Em outro aspecto, o autor

assinala a existência de certos estudos da burguesia e da elite sob grande influência das teorias

acerca do poder, desenvolvidas por Foucault, que visam defini-las originalmente por meio de

suas relações sociais. Isto é, especialmente a partir do olhar para um renovado grupo de fontes,

outras esferas de análise, pouco exploradas anteriormente, tentaram explicar o conceito, tais

como: a correlação entre os serviçais e os senhores, bem como os delineamentos das

sociabilidades que, em grande medida, influenciam na crítica a visão exclusivamente

econômica das elites.

Andrius Noronha alinha-se a essa perspectiva, sobretudo, por entender que a elite, mais

especificamente a elite política, é definida não somente pelo aparato burocrático estatal, ao

contrário, para o autor, a elite “possui uma origem social descentralizada, muitas vezes

estrategicamente articulada nas instituições da sociedade civil” (NORONHA, 2008: 26). Ou

seja, a elite política não pode ser caracterizada exclusivamente pelas suas proximidades

embrionárias do tipo econômicas, culturais e sociais, mas devem ser vistas como uma relação

de troca ou possível alinhamento estrutural. Tal alinhamento que, muitas vezes, “fornece todas

as condições para os mecanismos de reprodução social desse segmento” (NORONHA, 2008:

27).

De qualquer forma, esta proposta de trabalho não se destina a discutir de maneira mais ampla

o conceito de elite ou a própria Teoria das Elites. No entanto, observou-se a necessidade de

elaboração dessas considerações, sobretudo, para definir quais os elementos e os limites

conceituais estipulados para o estudo de indivíduos, pertencentes à elite política sul-rio-

grandense.

Retomando as contribuições de José Maria Imízcoz, destaca-se o retorno dos indivíduos,

como sujeitos da história, dentro da noção de avanço da História social e política, através do

desenvolvimento de métodos mais específicos de observação, como: a micro-história, a

prosopografia e a biografia. As análises de rede social, à vista disso, consideram o estudo

relacional entre os indivíduos, os “atores sociais”, na dimensão de reconstruir suas redes e seus

principais aspectos. A partir disso, destaca-se a importância de certos aportes documentais que,

em certa medida, favorecem a análise dos sujeitos e de suas relações, tais como: as

correspondências, as autobiografias, os diários etc.

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Nessa perspectiva, acredita-se que atualmente a historiografia tem utilizado as

correspondências não apenas para a consulta de informações, mas também como objeto de

análise e compreensão de um indivíduo, em grande parte, devido à nova interpretação do papel

dele na história. Portanto, tornando a utilização das correspondências como fonte reveladora da

história. Nesse processo, o historiador, por intermédio da análise das correspondências, busca

se aproximar-se de aspectos “privados da vida”, das expectativas, das experiências, das

hesitações, das incoerências e das preocupações dos indivíduos, questões que são inerentes à

própria existência humana e que são expressas numa conversa a dois, a fim de reduzir as

distâncias entre os sujeitos envolvidos. Ou seja, para o estudo dos indivíduos na história, as

correspondências pessoais são vestígios fundamentais para o ofício do historiador. “Trata-se de

escrita de si, na primeira pessoa, na qual o indivíduo assume uma posição reflexiva em relação

à sua história e ao mundo onde se movimenta” (MALATIAN, 2009: 195).

Desse modo, na perspectiva de reduzir distâncias entre os atores históricos, as

correspondências simbolizam “uma escrita de si que constitui e reconstitui suas identidades

pessoais e profissionais no decurso da troca de cartas” (GOMES, 2005: 52). Por esse viés, pode-

se inferir que a prática epistolar corresponde também a uma prática cultural, a um hábito social

de extrema relevância ao longo do século XIX. Logo, o estudo da prática epistolar confere outra

grandeza às relações de sociabilidade durante esse século, uma vez que a “correspondência

pessoal de um indivíduo é portanto um espaço definidor e definido pela sua sociabilidade”

(VENANCIO, 2001: 32).

Sendo assim, no presente estudo, adota-se, como o aporte documental e como fonte principal

de análise, as correspondências pessoais trocadas entre José Antônio Correa da Câmara

(Visconde de Pelotas) e Manuel Luís Osório (Marquês do Herval). Apresenta-se, a seguir, a

tabela expositiva referente às correspondências pessoais recebidas pelo Visconde de Pelotas,

entre os anos de 1869-1879, na qual se ressalta o grande fluxo de correspondências do Marquês

do Herval. Todavia, na perspectiva de melhor compreender a dinâmica dessa relação, entende-

se que é de grande importância também, a exploração das cartas enviadas por Câmara ao general

Osório, as quais se encontram disponíveis à consulta no Instituto Histórico e Geográfico

Brasileiro (IHGB)3.

Remetente Número de Missivas Porcentagem

3 Ressalta-se, dessa maneira, que as fontes documentais citadas como fontes principais de análise desta proposta

de pesquisa, estão sob domínio do autor.

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Manuel Luís Osório 84 28,0 %

Outros Correspondentes (76

Indivíduos)

139 72,0 %

Total de Missivas 299 100,0 %

Correspondências encontradas no Fundo General Câmara do (IHGRS), de 1869 a 1879.

Desse modo, na perspectiva de reduzir as distâncias entre os atores históricos, as

correspondências simbolizam “uma escrita de si que constitui e reconstitui suas identidades

pessoais e profissionais no decurso da troca de cartas” (GOMES, 2005: 52). A prática epistolar,

nessa perspectiva, anuncia a própria dinâmica de transformações que ocorrem no transcorrer

das trajetórias pessoais, as diferentes facetas que são assumidas ao longo da vida de um

indivíduo pertencente ao seu tempo histórico, dividido entre os espaços de trabalho, de

sociabilidade etc.

Em outras palavras, ressalta-se a relevância dos documentos pessoais, em especial as

correspondências pessoais, para o estudo dos indivíduos na história. Sobre essa questão, Ângela

de Castro Gomes, em uma de suas contribuições acerca da escrita de si, aponta que “o

documento não trata de ‘dizer o que houve’, mas de dizer o que o autor diz que viu, sentiu e

experimentou, retrospectivamente, em relação a um acontecimento.” (GOMES, 2004: 14)

Assim, entendidas não apenas como objeto de aproximação entre os atores históricos, as

correspondências desnudam características, posturas e interpretações dos seus remetentes que,

muitas vezes, não observadas pelos historiadores ao trabalharem com outras fontes

documentais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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