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POLÍTICAS DE CREDENCIAMENTO E RECREDENCIAMENTO DE PROFESSORES EM PROGRAMAS DE PÓS- GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E EM LINGUÍSTICA APLICADA: PUBLISH OR PERISH Vera Menezes UFMG/CNPq/ Fapemig

Políticas de credenciamento de professores em cursos de pós-graduação

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  • 1.POLTICAS DE CREDENCIAMENTO E RECREDENCIAMENTO DE PROFESSORES EM PROGRAMAS DE PS-GRADUAO EM LINGUSTICA E EM LINGUSTICA APLICADA: PUBLISH OR PERISH Vera Menezes UFMG/CNPq/Fapemi g

2. A ps-graduao brasileira um sistema bem-consolidado, graas s politicas de formao de pesquisadores da CAPES e do CNPq e ao sistema de avaliao coordenado pela CAPES desde 1976. 3. O foco agora levar os programas nacionais a alcanarem excelncia internacional e a avaliao o instrumento que auxilia o sistema a aumentar sua excelncia. 4. Avaliao no deve ser vista como punio e sim como contribuio importante para o aprimoramento dos programas, conforme previsto pela CAPES em seus objetivos. 5. Aos programas, segundo esses mesmos objetivos, assegurado parecer criterioso de uma comisso de consultores sobre os pontos fracos e fortes de seu projeto e de seu desempenho e uma referncia sobre o estgio de desenvolvimento em que se encontra. Essa comisso formada por pesquisadores da prpria rea e no por burocratas contratados para esse fim. 6. Esse sistema no est livre dos jogos de poder, com determinadas reas tentando impor seus princpios e sua cultura acadmica a outras. Corre-se tambm o risco de haver representantes tentando impor suas crenas e interesses pessoais nas polticas de cada rea, mas isso seria assunto para outro texto. 7. A evoluo dos parmetros de ps- graduao acompanha o desenvolvimento e a maturidade das reas e influencia nas decises dos programas das universidades pblicas e privadas. Algumas decises dolorosas, mas necessrias, foram tomadas ao longo do percurso histrico dos diversos programas. 8. Os resultados das avaliaes e as recomendaes apresentadas nos documento de rea geram impacto nas polticas dos programas e seus colegiados tentam melhorar o desempenho em busca de uma melhor avaliao ou mesmo da manuteno do ndice atingido na ltima avaliao, no caso dos programas nota 7. 9. A garantia da qualidade dos programas e a busca da excelncia fruto de avaliao interna constante e de polticas de credenciamento e recredenciamento de professores. 10. As polticas de credenciamento e de recredenciamento tm como parmetros os documentos de rea da CAPES, sendo o ltimo disponvel de 2009. 11. O documento reitera a necessidade de o corpo docente ser formado por pesquisadores doutores que desenvolvam projetos de pesquisa, orientem e exeram a docncia, incluindo a graduao, e que tenham produo cientfica regular. 12. Segundo o documento, a distribuio de atividades entre os docentes deve ser equilibrada. O equilbrio significa que todos os docentes permanentes orientam, ministram disciplinas e tm produo intelectual em proporo adequada. 13. O documento recomenda tambm que o nmero de orientandos seja proporcionalmente distribudo pelos docentes do programa e que no ultrapasse o limite de 10 orientandos por orientador. 14. A visibilidade do programa avaliada por meio de indicadores externos tais como: membros de comisses cientficas de eventos de expresso na rea; de conselhos ou comisses editoriais; de comisses de agncia de fomento; consultorias para agncias e publicaes cientficas; bolsas de produtividade do CNPq ou Fundaes Estaduais. 15. A produo docente dividida em dois indicadores: Indicador 1 livro; organizao de livro ou nmero temtico de peridico; captulo de livro; artigo em peridico nacional ou estrangeiro com arbitragem de pares; trabalho completo em anais publicado no exterior com arbitragem de pares, traduo de livro, desde que vinculado s linhas e aos projetos de pesquisa do Programa ou a domnios conexos; 16. Indicador 2 trabalho completo publicado em anais; apresentao de trabalhos em congresso ou evento similar; conferncia ou palestra; traduo de artigo; artigo ou resenha em jornal ou revista; prefcio ou outra apresentao de publicao; verbetes descritivos, que no se configurem como ensaios (neste caso, ser publicao de indicador 1); produo artstica; organizao de evento; editoria. 17. A rea considera como publicaes relevantes, no indicador 1, livros autorais completos, captulos de livros bem qualificados, artigos em peridicos A1, A2, B1, B2, tradues de livros. Para a avaliao desse item, ser considerado o ndice mdio trienal de publicaes por docente, tendo em conta o conjunto da produo de Letras e Lingustica no perodo e de forma comparativa entre os Programas. 18. Ressalto a importncia da distribuio das publicaes qualificadas entre os docentes de um programa, no se admitindo docente sem produo cientfica no trinio e, ainda, das publicaes serem realizadas em peridicos externos instituio. 19. A produo de livros didticos ainda considerada apenas como um indicador de insero social, o que demonstra a pouca importncia dada rea de ensino, apesar de nossa rea ser composta essencialmente de professores e a educao ser o nosso mercado de trabalho primordial. 20. Tendo essas orientaes como parmetro, os programas de ps- graduao se articulam para melhorar o desempenho e, consequentemente melhorar a avaliao, ou mesmo no sofrer rebaixamento no ranking cujo ndice mais alto nota 7. 21. Programas Nota 7 Lingustica da UNICAMP Lingustica da USP. 22. Programas Nota 6 Estudos Lingusticos e Literrios em ingls da USP; Estudos Lingusticos da UFMG; Lingustica Aplicada UNICAMP; Lingustica e Lngua Portuguesa UNESP/Araraquara; Lingustica da UFSC. 23. COMPARAO ENTRE OS PROGRAMAS recredenciamentos, geralmente a cada 3 anos, com exceo dos cursos da USP que optam pelo perodo de 5 anos pelo menos um projeto de pesquisa e de uma publicao anual (Lingustica da UFSC: 5 publicaes por trinio) e Estudos Lingusticos da UFMG: 4 publicaes por trinio). 24. A busca por aumento de publicaes um denominador comum aos programas de nossa rea e alguns docentes que no conseguem publicar com regularidade acabam sendo descredenciados. O fato que todos os programas querem ser reconhecidos e por isso a presso em cima dos docentes grande. 25. PUBLIQUE OU PEREA Alguns Colegiados de nossa rea tm como poltica a exigncia de que os recm-egressos publiquem snteses de seus trabalhos em coautoria com seus orientadores como estratgia para alavancar a produo de seu corpo docente. 26. PUBLIQUE OU PEREA Artigos que meramente reproduzem trechos de teses e dissertaes no poderiam ter seus orientadores como coautores. 27. PUBLIQUE OU PEREA Falsas coautorias so incentivadas, indiretamente, pelos prprios peridicos BRASILEIROS, especificamente aqueles que no aceitam trabalhos assinados apenas por um mestre. 28. PUBLIQUE OU PEREA Provavelmente, esses peridicos vetam os autores com titulao de mestrado em suas polticas editoriais em consequncia de uma interpretao extremada da recomendao dos critrios de classificao dos peridicos em nossa rea que dizem que os artigos devem ser preferencialmente escritos por doutores do Brasil ou do exterior (COMUNICADO 001/2011 rea de Letras Lingustica). 29. PUBLIQUE OU PEREA Essa poltica de casta, induzida pelo comit de rea da Capes, tambm vai de encontro ao objetivo do mestrado que o de formar pesquisador e professor pesquisador, pois impede que o egresso divulgue os resultados de seu trabalho independentemente de seu orientador e o incentiva a no desenvolver pesquisa autnoma, pois ter pouco espao para publicar. 30. PUBLIQUE OU PEREA Formamos inmeros mestres por ano e muitos deles vo para instituies particulares, outros para instituies federais e a maioria deles vai sofrer presso para publicar em funo da avaliao dos cursos de graduao pelo INEP. No entanto, encontraro dificuldade em publicar em alguns peridicos. 31. CONCLUSO "Precisamos publicar. Porque precisamos contribuir com o conhecimento, com nossa rea, com a educao e a sociedade em geral. Precisamos publicar. Porque precisamos de divulgar os resultados de nossas pesquisas e no porque alguns administradores dizem que precisamos publicar. " Colpaert in CALL (2012, p.189) 32. CONCLUSO Colpaert (2012) termina seu editorial dizendo que, como editor, vai lutar contra a m conduta, como o plgio e o furto de dados, e estimular a pesquisa genuna. Ele conclama os avaliadores de artigos a serem crticos da nova meritocracia acadmica e seus sintomas antiticos, dentre eles a falsa coautoria. 33. CONCLUSO Tambm ns precisamos refletir mais sobre nossas polticas de forma a evitar que ela induza a m conduta e as prticas antiticas.