politicas de financ de educação

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    831Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 831-855, out. 2007Disponvel em

    Carlos Roberto Jamil Cury

    ESTADO E POLTICAS DE FINANCIAMENTOEM EDUCAO

    CARLOS ROBERTO JAMIL CURY*

    RESUMO: Pretende-se demonstrar que a atual forma vinculante definanciamento da educao bsica, como o Fundo de Manuteno eDesenvolvimento da Educao Bsica e Valorizao dos Profissionaisda Educao (FUNDEB), resulta de um entrelaamento de trs verten-tes ou elos que vieram se constituindo ao longo da histria da edu-cao brasileira. Tais elos, por sua vez, implicam uma concepo so-cial de Estado tensionada sua vertente liberal. Esses elos condi-cionam o impacto das polticas de vertente liberal sobre a educaoescolar.

    Palavras-chave: Financiamento da educao. Estado e financiamentoeducacional. Polticas pblicas e financiamento daeducao.

    STATEANDFUNDINGPOLICIESINEDUCATION

    ABSTRACT: This paper seeks to demonstrate that the current bind-ing way of funding basic education through the Fundo de Manu-teno e Desenvolvimento da Educao Bsica e Valorizao dos Profis-sionais da Educao (Fund for the Maintenance and Development of

    Basic Education FUNDEB) originates from the intertwining of threeaspects or links that have emerged along the history of Brazilian edu-cation. These links, as for them, imply a social conception of theState more influenced by liberalism. Such links govern the impactof the liberal policies on school education.

    Key words: Education funding. State and educational funding. Pub-lic policies and education funding.

    * Doutor em Educao e professor do Departamento de Educao da Pontifcia Universida-de Catlica de Minas Gerais (PUC-MG). E-mail: [email protected]

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    educao escolar, em nosso pas, desde a Independncia, estevede alguma maneira ligada a polticas pblicas desde que se con-

    sidere essas ltimas, entre outras coisas, como alguma forma deinterveno estatal na oferta e proteo de determinados direitos da ci-dadania. O Estado passa a ter um papel regulador no estabelecimentode uma poltica social ainda dentro de uma concepo liberal clssica.Tal o caso da educao primria, como assinalado por clssicos doprprio liberalismo.

    Refletindo o pensamento de clssicos como Adam Schmidt,Alfred Marshall e Stuart Mill, Marshall (1967, p. 73) afirma que a

    educao um pr-requisito necessrio da liberdade civile, como tal,uma pr-condio do exerccio de outros direitos. O Estado, neste caso,ao interferir no contractus, prprio do mercado, no estava conflitandocom os direitos civis, porque o statusde cidado supe pessoas inteli-gentes e de bom senso. O mesmo autor assinala: A educao das cri-anas est diretamente relacionada com a cidadania, e, quando o Esta-do garante que todas as crianas sero educadas, este tem em mente,sem sombra de dvida, as exigncias e a natureza da cidadania (p. 73).

    Da a instruo se tornar pblica como funo do Estado e, maisexplicitamente, como dever do Estado, a fim de que, aps o impulsointerventor inicial que ela propicia, o indivduo pudesse se autogovernarcomo ente dotado de liberdade e capaz de participar de uma socieda-de de pessoas autnomas.

    Esse impulso interventor, para alm da gratuidade, pode se re-vestir de outras aes como obrigatoriedade, assistncia, diretrizes, au-torizao de funcionamento, planejamento e financiamento.

    No objeto desse estudo a anlise de todos esses pontos. Elepretende descrever um aspecto forte dessa interveno estatal na ofertade um direito da cidadania no Brasil: como se deu a presena (pro-gressiva) da Unio no financiamento da educao escolar, seja por de-sembolso direto, seja por meio de uma complementao financeira face exigncia do ensino obrigatrio para o que hoje se denomina ensinofundamental.

    Pretende-se demonstrar que a atual forma vinculante de financia-

    mento da educao bsica, como o Fundo de Manuteno e Desenvol-vimento da Educao Bsica e Valorizao dos Profissionais da Educa-o (FUNDEB), resulta de um entrelaamento de trs vertentes ou elos

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    que vieram se constituindo ao longo da histria da educao brasileira.Todavia, tais elos implicam uma concepo social de Estado tensionada

    sua vertente liberal.O primeiro elo dessa longa cadeia a existncia desse liame en-

    tre Constituio, impostos e recursos vinculados.Segue-se, da, a presena de uma burocracia presente no apare-

    lho de Estado que, por meio de estudos tcnicos, estatsticas e clcu-los, ofereceu subsdios tomada de decises com relao s polticaseducacionais.

    Finalmente, buscar-se- verificar a interveno direta do aparatode Estado no mbito empresarial por meio do salrio-educao. Apsa assinalao desses elos e seu eventual entrelaamento, poder-se-conceituar com mais propriedade uma face da presena do Estado naeducao.

    Tais vertentes sero consideradas a fim de se entender como sechegou a uma ligao entre as formas de financiamento obrigatrio daeducao e o estabelecimento de fundos para tal. Nessa direo, pre-tende-se no s alar o papel determinante do Estado nesse assunto,como tambm evidenciar a originalidade derivada do FUNDEB e de seupredecessor, o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do EnsinoFundamental e Valorizao do Magistrio (FUNDEF).

    I

    A presena, ao mesmo tempo progressiva e limitada, da Unioem matria de educao se articula com a descentralizao do ensino e

    com o regime federativo.Ao ampliar (ou no) o mbito de sua presena, a Unio sempre

    oscilou entre um horizonte de um sistema nacional de educao (sexistente entre 1824 e 1834) (Saviani, 2004) e um cho real de umsistema educacional descentralizado em sistemas de ensino,1 a se des-tacando o sistema federal (antes: imperial) e os sistemas estaduais (an-tes: provinciais).2

    Ora, o marco bsico de uma interveno estatal-nacional decisi-

    va nos sistemas de ensino a Constituio Federal de 1934. Entretan-to, j antes, havia alguma definio ou iniciativa relativa a esse papeldo Estado. A Constituio Imperial de 1824 acolhe o ensino primrio

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    como direito do cidado (art. 179, XXXII), sob a forma de prestao es-tatal gratuita. O Imprio tambm no abriu mo do carter oficial dos

    certificados e diplomas (Chizzotti, in: Fvero, 1996).A Constituio Liberal de 1891 impe a laicidade como carac-

    terstica inerente a todas as escolas pblicas da Unio, estados e muni-cpios, mantm o Estado como detentor da validade dos diplomas ecertificados, mas retira de seu texto a gratuidade. Essa ltima ficou porconta do regime autnomo dos estados (Cury, 2001).

    J o financiamento da educao, pela via da Unio, comparecede modo pontual e precrio em ordenamentos jurdicos negociados

    com os estados. o caso, por exemplo, da iniciativa do governo federalem apoiar o desenvolvimento de escolas na zona rural nos estados, soba forma de adeso e de contrapartida.

    Assim, a Reforma Joo Alves/Rocha Vaz, por meio do Decreton. 16.782/A, de 13 de janeiro de 1925, estabelecia o concurso daUnio para a difuso do ensino primrio. De acordo com o artigo 25do Decreto, a Unio deveria subsidiar parcialmente o salrio dos pro-fessores primrios em exerccio nas escolas rurais.3 Caberia aos estados-

    membros pagar o restante do salrio, oferecer residncia aos docentes,construir ou arranjar prdio escolar e fornecer o material didtico.4

    A situao comea a se alterar a partir da Revoluo de 1930,especialmente com o processo scio-poltico conducente AssembliaNacional Constituinte de 1933-1934.5 Ela estabeleceu, para todos osentes federativos, a gratuidade e a obrigatoriedade do (ento) ensinoprimrio, um Plano Nacional de Educao sob Diretrizes e Bases euma vinculao porcentual para a educao advinda da arrecadao dos

    impostos. Tais constrangimentos se do dentro de um captulo prprioem que a educao reconhecida como direito de todos(art. 150), sen-do a sua oferta sujeita ao reconhecimento e fiscalizao oficiais. Impor-ta salientar os aspectos do financiamento obrigatrio. A ConstituioFederal de 1934, em seu artigo 156, assevera: A Unio e os Municpi-os aplicaro nunca menos de dez por cento, e os Estados e o DistritoFederal nunca menos de vinte por cento, da renda resultante dos im-postos, na manuteno e no desenvolvimento dos sistemas educativos.

    Com efeito, polticas pblicas sem recursos se tornam declara-trias e potencialmente incuas. Essa vinculao representa um vetordistintivo para a conformao do direito educao no Brasil, uma

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    raridade em constituies de outros pases, e a formalizao de deman-das cuja insero nacional se reproduz nos dispositivos similares cor-

    rentes nos estados. Junto a isso, preciso referir-se ao clima de poca,pelo qual se atribua ao planejamento e aos planos dele decorrentes apossibilidade de superar ou ao menos atenuar os conflitos sociais, emboa parte nascidos da contradio entre trabalho e capital. Como dizGomes (2003, p. 113-114):

    Durante os anos 30, propostas para a instituio de um Estado forte e au-toritrio, que estavam sendo formuladas e debatidas no pas havia mais deuma dcada, ganharam efetivo espao poltico, acompanhadas de umaideologia nacionalista que defendia o crescente centralismo e interven-cionismo estatal em assuntos econmicos e sociais.

    J antes dos anos de 1930, essa dimenso intervencionista do Es-tado foi destacada na Reviso Constitucional de 1925-1926. Esse cli-ma far-se- presente tambm face educao escolar, seja em vriosmovimentos civis e estatais (Nagle, 1974), seja nos discursos de parla-mentares na Reviso de 1925-1926. Veja-se, por exemplo, a fala de

    Leopoldino de Oliveira, deputado por Minas Gerais:Se verifica que a interveno federal se faz necessria, sem peias outras,que no a do respeito simultnea competncia estadual e municipal,sem o que o Brasil ficar, pelo tempo de algumas geraes ainda,submerso na treva deusa do analphabetismo. (apud Cury, 2003, p. 75)

    A esse desiderato, a Carta de 1934, alm do determinado peloartigo 156, determinar no artigo 157:

    A Unio, os Estados e o Distrito Federal reservaro uma parte de seuspatrimnios territoriais para a formao dos respectivos fundos de edu-cao.

    1 - As sobras das dotaes oramentrias, acrescidas de doaes, per-centagens sobre o produto de vendas de terras pblicas, taxas especiaise outros recursos financeiros constituiro, na Unio, nos Estados e nosMunicpios, esses fundos especiais, que sero aplicados exclusivamenteem obras educativas determinadas em lei.

    2 - Parte dos mesmos fundos se aplicar em auxlio a alunos necessi-tados, mediante fornecimento gratuito de material escolar, bolsas de es-tudo, assistncia alimentar, dentria e mdica, e para vilegiaturas.6

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    Tal clima responde aos anseios de renovao educacional e socialdefendidos pelos profissionais renovadores, em especial no Manifesto dos

    Pioneiros da Educao Nova, quando este afirma:

    A autonomia econmica no se poder realizar, a no ser pela instituio deum fundo especial ou escolar, que, constitudo de patrimnios, impostose rendas prprias, seja administrado e aplicado exclusivamente no desenvol-vimento da obra educacional, pelos prprios rgos de ensino, incumbidosde sua direo. (1932, p. 50)

    Essa importncia da educao escolar, tornada gratuita e obriga-

    tria no primrio em todo o pas, s se viabilizaria se houvesse recursospblicos para mant-la e desenvolv-la.7 Por isso, a Constituo impea vinculao percentual a partir dos impostos arrecadados. E para quetal impositividade no ficasse sujeita dispersividade e ao arbtrio decada qual, a Constituio prev uma lei nacional, competncia privati-va da Unio, expressa em um Plano Nacional de Educao (cf. Horta,in: Cury et al., 1997).

    Importa assinalar aqui que o Estado interventor respondia tam-

    bm idia de planejamento, seja pela via da Rssia leninista, seja peladefinio constitucional da Repblica de Weimar,8 ou ainda pela via doCapitalismo keynesiano. Sobre esse ltimo, Przeworski (1989, p. 53)destaca e analisa as mobilizaes das esquerdas europias do perodo:

    A revoluo keynesiana e foi verdadeiramente uma revoluo forne-ceu aos sociais-democratas um objetivo e, com isso a justificativa para seupapel no governo, simultaneamente transformando o significado ideo-lgico de polticas distributivas que favoreciam a classe trabalhadora (...).

    A sociedade no estava merc dos caprichos do mercado capitalista, aeconomia podia ser controlada e o bem-estar dos cidados continuamen-te intensificado pelo papel ativo do Estado (...).

    Posteriormente, por meio da Lei n. 378, em 13 de janeiro de1937, a Unio justifica sua denominadaao supletiva, de acordo comos artigos 117 e 118 da mesma Lei, o desembolso de recursos voltadospara a construo e manuteno de escolas primrias e profissionais emzonas rurais.

    A Constituio (outorgada) de 1937 retirou a vinculao consti-tucional de recursos para a educao, tal como ocorrer 30 anos maistarde, j sob outro tipo de regime autoritrio.9

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    A Constituio Federal (promulgada) de 1946 retoma, em boaparte, princpios da Constituio de 1934, como a vinculao de im-

    postos para o financiamento da educao como direito de todos, a dis-tino entre a rede pblica e a privada, a gratuidade e a obrigatoriedadedo ensino primrio. Repe em termos federativos a autonomia dos es-tados na organizao dos sistemas de ensino. Assim, no artigo 169, sel: Anualmente, a Unio aplicar nunca menos de dez por cento, e osEstados, o Distrito Federal e os Municpios nunca menos de vinte porcento da renda resultante dos impostos na manuteno e desenvolvi-mento do ensino. Por sua vez, o artigo 171 da nova Lei Maior expres-

    sa: Os estados e o Distrito Federal organizaro os seus sistemas de en-sino. nico: Para o desenvolvimento desses sistemas, a Uniocooperar com auxlio pecunirio, o qual, em relao ao ensino prim-rio, provir do respectivo Fundo Nacional.

    Sob essa Constituio deu-se, em 1961, a Lei n. 4.024/61 dasDiretrizes e Bases da Educao Nacional. Nela, a vinculao permane-ce e se amplia por estabelecer a necessidade de metas quantitativas equalitativas, postas em um Plano Nacional de Educao. Cada nvel

    de ensino contaria com Fundo, cuja elaborao estaria a cargo do Con-selho Federal de Educao.Essa Constituio foi bastante emendada aps o golpe de 1964,

    fosse para instaurar um novo sistema tributrio, fosse para incrementarum centralismo econmico e poltico da Unio, revogando a vinculaopara a educao. So impostos nao os Atos Institucionais, pelos quais,na verdade, foram suspensas as garantias constitucionais vigentes.

    dentro desse quadro que ao Congresso existente se atribui a

    tarefa de elaborar uma outra Constituio, adaptada ao modelo polti-co autoritrio e ao modelo econmico concentrador de renda. A a no-o da ordem se sobrepe da liberdade e da justia.

    O captulo da educao, condicionado ao clima da poca, con-templa alteraes significativas: o ensino primrio, gratuito e obrigat-rio nos estabelecimentos oficiais incorpora explicitamente a faixa etriade 7 a 14 anos. Quer dizer: houve extenso da obrigatoriedade associ-ada faixa etria. Contudo, em nome do planejamento de oramentos

    plurianuais, da teoria do capital humano, da racionalizao dos re-cursos, em nome da ordem moral e cvica, coloca-se, no seu artigo 65,inciso III, que, ressalvados os impostos nicos e as disposies desta

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    Constituio e de leis complementares, nenhum tributo ter a sua ar-recadao vinculada a determinado rgo, fundo ou despesa.

    Com isso, caiu a vinculao de impostos para o financiamentoda educao escolar. Fala-se apenas em prestao de assistncia tcni-co-financeira da Unio para com os estados.

    Sob essa Constituio, se d a Lei n. 5.540/68, da Reforma Uni-versitria, uns poucos dias antes do AI-5, de 13 de dezembro de 1968.E no se pode esquecer que a ditadura elaborou muitos planos nacio-nais e regionais de desenvolvimento, nos quais comparecia a figura dosplanos setoriais.

    A Constituio de 1967, j fragilizada, ficou ainda mais com achamada Emenda Constitucional n. 1 da Junta Militar, de 1969. EssaEmenda refaz a Constituio de 1967 luz e letra dos AtosInstitucionais. A desvinculao de verbas permanece conquanto ela re-aparea apenas para os municpios e fora do captulo da Educao. Osmunicpios, j gravados com o sistema tributrio ento vigente, pode-riam sofrer interveno no caso de no aplicarem o percentual de 20%dos impostos no ensino primrio de suas redes.

    A emenda Calmon (EC n. 24/83), aps sucessivas tentativas, re-pe a vinculao cuja regulamentao s se d por meio da Lei n.7.348/85. A Constituio da Repblica de 1988 afirma a educaocomo o primeiro dos direitos sociais (art. 6), como direito civil e po-ltico (captulo da Educao) e ela, como dever de Estado, afirmadapor muitos modos. O prprio ensino fundamental consagrado comodireito pblico subjetivo, e o ensino mdio, na verso original, postocomo progressivamente obrigatrio.

    A vinculao reaparece e os programas suplementares de alimen-tao e sade tero que ter outras fontes de receita que no os da ma-nuteno do ensino

    Essa Constituio conheceu a Emenda Constitucional n. 14/96,que subvincula os recursos vinculados no FUNDEF. Dessa emenda de-correu a Lei n. 9.424/96, regulamentadora deste Fundo e que foi an-tecedida por alguns dias pela LDB n. 9394/96.

    Pela Lei n. 10.172, de janeiro de 2001, seguindo o imperativodo artigo 214 da Constituio, o Congresso aprovou o Plano Nacionalde Educao (PNE). O Plano oficial, ainda que menos ousado do que

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    aquele proposto por entidades educacionais, tem um diagnstico rea-lista da educao nacional e estabelece metas aceitveis para serem atin-

    gidas com vistas ao acesso, permanncia e qualidade da educao. Con-tudo, a fora da rea econmica impediu a aprovao de um aumentode recursos para as metas por meio dos vetos da Presidncia da Rep-blica. Sem recursos, o PNE tornou-se um ato declaratrio.

    A Emenda Constitucional n. 53/06 criou o FUNDEB e, repetindoo FUNDEF, assinala a necessidade de um padro de qualidade de ensinonacionalmente definido. Tramita no Congresso Nacional um projeto deconverso da Medida Provisria em Lei, a fim de regulamentar essa

    Emenda Constitucional.

    II

    A desvinculao de recursos financeiros em 1937 representou umgrave atentado para as polticas pblicas de manuteno e desenvolvi-mento da educao. Mas, no se pode ignorar, por outro lado, iniciati-vas de uma certa burocracia dentro Estado Novo.10

    Apesar da represso e censura no perodo, havia grande expecta-tiva com relao aos avanos tecnolgicos advindos do desenvolvimen-to cientfico. Havia uma crena na soluo dos problemas vividos pormeio do progresso cientfico, abrindo-se espao para a racionalidadetrazida pelos tcnicos.

    AConstituio Federal de 1934 havia constituido rgos tcni-co-consultivos da Cmara e do Senado, denominados Conselhos Tc-nicos (cf. art. 91, V da Constituio). Todos os ministrios seriam tam-

    bm assistidos por um ou mais Conselhos Tcnicos. No caso daEducao, o artigo 152 da Constituio de 1934 constitui o ConselhoNacional de Educao.

    Com isso, fica mais claro o segundo elo importante do escopo desseestudo. Citando o posicionamento da Associao Brasileira de Educao(ABE), cujo teor ser lcito estender para o clima da poca, diz Horta(1997, p. 141):

    Naquele momento era muito forte, entre os educadores daABE, a crenade que as decises no campo da educao se imporiam pela sua raciona-lidade tcnica, e que esta mesma racionalidade garantiria a autonomiapoltica dos educadores e dos rgos de Educao.

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    Urge destacar, como exemplo, a figura de Teixeira de Freitas, que, frente da Secretaria de Estudos Estatsticos do Ministrio da Educa-

    o e Sade, estabeleceu a coleta racionalizada dos dados estatsticosda educao. vista dos dados preocupantes revelados pelo Servio deEstatstica, Freitas11 subsidia a 1 Conferncia Nacional de Educaode 1941,12 apontando a necessidade de se retornar vinculao ora-mentria para a educao. o que se d com o Decreto-Lei n. 4.958,de 12 de novembro de 1942, instituindo o Fundo Nacional do Ensi-no Primrio advindo de tributos federais criados para esse fim. A am-pliao e melhoria do sistema escolar primrio de todo o pas eram seus

    objetivos. Veja-se:

    Art. 3 Os recursos do Fundo Nacional de Ensino Primrio se destina-ro ampliao e melhoria do sistema escolar primrio de todo o pas. Es-ses recursos sero aplicados em auxlios a cada um dos Estados e Territri-os e ao Distrito Federal, na conformidade de suas maiores necessidades.

    Esse mesmo Decreto previa tambm que os auxlios federais es-tariam sujeitos a um Convnio Nacional do Ensino Primrio, assinado

    em novembro de 1942, pelo ministro da Educao e representantesdos estados. Tal Convnio s seria acionado pelo Decreto-Lei n. 5.293,em 1 de maro de 1943.

    Art. 1 Fica ratificado o Convnio Nacional de Ensino Primrio, deque trata o art. 4 do decreto-lei n. 4.958, de 14 de novembro de 1942,e celebrado, a 16 de novembro de 1942, entre o Ministro da Educaoe os chefes ou delegados dos governos dos Estados, do Distrito Federale do Territrio do Acre.

    A Unio prestaria assistncia tcnica e financeira no desenvolvi-mento deste ensino nos estados, desde que estes aplicassem um mni-mo de 15% da renda proveniente de seus impostos em ensino prim-rio, chegando-se a 20% em 5 anos. Por sua vez, os estados se obrigavama fazer convnios similares com os municpios, mediante decreto-lei es-tadual, visando repasse de recursos, desde que houvesse uma aplicaomnima inicial de 10% da renda advinda de impostos municipais em

    favor da educao escolar primria, chegando-se a 15% em 5 anos.Somente por meio do Decreto-Lei n. 6.785, de 11 de agosto de1944, o governo federal criou a fonte federal de onde haveria de tirar

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    os seus recursos para a efetivao do Convnio por meio de taxas doimposto de consumo incidente sobre bebidas.

    Foi preciso um outro decreto que regulamentasse o Decreto-Lein. 4.958 de 1942 e fizesse chegar aos estados a verba que a Unio pro-piciaria, a fim de apoiar a ampliao do ensino primrio. O Decreto-Lei n. 8.529, de 2 de janeiro de 1946, Lei Orgnica do Ensino Pri-mrio, extinto o Estado Novo, mantm a presena da Unio nos termosdo Decreto-Lei n. 4958/42.

    Provavelmente em funo desses artigos da Constituio, o go-verno constitucional de Eurico Gaspar Dutra, junto com o ministro

    Clemente Mariani exaram o Decreto n. 24.191, de 10 de dezembrode 1947, que d nova redao aos artigos 4 e 5 do Decreto n.19.513/45.

    Art. 4 - Os auxlios federais, provenientes do Fundo Nacional do EnsinoPrimrio, sero aplicados nos termos seguintes:

    I - A importncia correspondente a 70% do auxlio federal destinar-se- aconstrues e reconstrues de prdios escolares, e aquisio de equipamen-to didtico, observados os trmos do plano que for elaborado pelo Institu-to Nacional de Estudos Pedaggicos e aprovado pelo Ministro de Estado.As obras sero executadas pela unidade federativa interessada ou, quandoconveniente, a critrio do Ministro Estado, pela administrao federal. Cor-rero a conta dessa parcela as despesas referentes execuo do plano e fis-calizao das obras.

    II - A importncia correspondente a 25% do auxlio federal ser aplicada naeducao primria de adolescentes e adultos analfabetos, observados os ter-mos do plano de ensino supletivo que for aprovado pelo Ministro de Esta-do.

    III - A importncia correspondente a 5% do auxilio federal ser aplicada naconcesso de Bolsas de Estudo, na manuteno de cursos destinados for-mao e aperfeioamento de pessoal docente e tcnico-especializado de en-sino primrio e normal e no funcionamento de classes de ensino primriodestinadas demonstrao de prtica pedaggica, na forma do plano que fororganizado pelo Instituto Nacional de Estudos Pedaggicos e aprovado peloMinistro de Estado.

    Art. 5 - A concesso do auxilio federal depender, nos casos das alneas I,do artigo anterior, de acrdo celebrado entre o Ministrio da Educao eSade e o representante devidamente autorizado da unidade federativa in-teressada, atendidos os critrios gerais indicados nos artigos anteriores, e me-diante prvia autorizao do Presidente da Repblica.

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    1 - Os acordos sero assinados anualmente, em qualquer poca, tendoem vista as disponibilidades do Fundo Nacional de Ensino Primrio.

    2 - Ao Ministrio da Educao e Sade incumbir fiscalizar, em todos osseus trmos, a execuo dos acordos celebrados na forma do presente artigo.

    Em 1955, por meio do Decreto n. 37.082, de 24 de maro,houve outra regulamentao da aplicao dos recursos destinados aoFundo do Ensino Primrio. Dos recursos existentes no Fundo, 70%dos mesmos aplicar-se-iam em construes escolares e equipamento di-dtico; 25% destinar-se-iam alfabetizao de jovens e adultos e 5%para bolsas de estudos voltadas para a capacitao de pessoal docente e

    tcnico-administrativo, com critrios estabelecidos pelo ento Institu-to Nacional de Estudos Pedaggicos (INEP).

    A verso final da Lei n. 4.024/61, alm de confirmar a vinculaoconstitucional oramentria, incumbiu, em seu artigo 92, o agora Con-selho Federal de Educao dos procedimentos voltados feitura do Pla-no Nacional de Educao, por meio de metas e fundos para cada nvelde ensino. Elaborado em 1962, o Plano Nacional seria referido a cadafundo e com execuo prevista dentro de um prazo determinado. As

    verbas seriam vinculadas a planos especficos e com metas quantitati-vas e qualitativas. Segundo Celso Kelly (1963, p. 11), o plano se en-caixa na cincia da administrao de que os servios de interesse pbli-co devem resultar obrigatoriamente de planificaes. Ainda segundoo mesmo educador:

    (...) coube a Ansio Teixeira articular, num s documento, as metas quan-titativas e qualitativas, as normas reguladoras da distribuio dos fundosnacionais do ensino primrio e do ensino mdio e as razes que impedi-am a formulao quanto ao ensino superior. (Idem, ibid.)

    Tambm o artigo 95 daLDB/61 estabelecia: A Unio dispensara sua cooperao financeira ao ensino sob a forma de: subveno, deacordo com as leis especiais em vigor (...). Sob essas inspiraes geraise determinaes legais, Ansio Teixeira,13 emA educao direito (1968),busca articular o carter pblico da escola com sua democratizao ecom um financiamento estatal. Diz ele:

    (...) os servios de educao constituam servios autnomos, de responsa-bilidade conjunta da Unio, dos Estados e dos Municpios, superinten-didos por Conselhos representativos da sociedade e de composio leiga

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    (...). Os recursos mnimos previstos na Constituio para tais servios pas-sariam a ser considerados Fundos de Educao a serem administrados pe-

    los Conselhos. (p. 81)Tomando como fundamento a importncia do ensino primrio

    para a configurao do direito educao, Teixeira (1968, p. 56) assi-nala como competncia comum dos entes federativos a prestao dessaobrigao:

    (...) a escola primria teria uma dimenso federal pelo cumprimento dasdiretrizes e bases federais, estadual, pela organizao e pelo magistrio,

    cuja formao e licenciamento ficariam atribudos, privativamente, aosEstados, e municipal, pela sua imediata direo e administrao e portudo isto, nacional-brasileira.

    Para ele, a populao escolarizvel teria como base para o finan-ciamento da educao pblica o conceito de custo aluno/ano, para cujoconcurso haveria a participao dos trs nveis administrativos do po-der pblico no financiamento da unidade escolar.

    Para esse custo-padro contribuiriam, com efeito, as trs quotas: a mu-nicipal, correspondente ao resultado da diviso dos 20% de sua receitatributria pelas crianas escolarizveis, em virtude da obrigatoriedade es-colar; a estadual, correspondente ao resultado da diviso de 14% de suareceita tributria por esse mesmo nmero de crianas; e a da Unio, cor-respondente ao que faltasse para completar o total do custo-padro doaluno/ano, no servio comum do ensino primrio. (Idem, ibid., p. 82)

    A valorizao do professor, por meio da elevao do seu salrio eda atribuio da importncia formao e licenciamento do magist-rio, teria o condo de fortalecer a unidade escolar. Diz Teixeira (op. cit.,p. 82): A formao e o licenciamento do magistrio seriam da compe-tncia exclusiva dos Estados, sem prejuzo do poder regulamentadordas profisses conferido pela Constituio Unio.

    A unidade escolar pblica articular-se-ia com a comunidade, porintermdio de uma gesto constituda de rgos colegiados. Diz o au-tor (p. 66):

    O fato de se fazer pblica a educao no lhe retira o carter de servio emestreita articulao com a sociedade. A sociedade mais ampla do que o Es-tado. Quando as circunstncias a levam a transferir ou confiar ao Estado o

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    Disponvel em

    nus de ministrar e manter o ensino, a delegao feita no pressupostode serem dadas escola as condies necessrias para o seu mais adequado

    flincionamento, no interesse geral da sociedade.Essa proposta de gesto da educao pblica consagra o carter

    autnomo da escola, abriga seu financiamento federativo e convoca acomunidade a compartilhar dos destinos da escola. O planejamento daeducao pblica ficaria, pois, sob a forma de um Estado Democrticode Direito.

    III

    O terceiro elo conducente ao conjunto do financiamento se impedesde a Constituio de 1934, no seu artigo 139. Com efeito, ela dispu-nha sobre a responsabilidade de certas empresas com a educao escolarde seus empregados e dos seus filhos. Trata-se de uma forma de interfern-cia estatal nas empresas nesse assunto, no caso de a haver analfabetos.

    Sob a Carta de 1937, conforme o artigo 129, a Consolidaodas Leis do Trabalho (CLT), o Decreto-Lei n. 5.452/43 prev, no artigo

    399, diploma de benemerncias empresas que mantiverem creches e ins-tituies de proteo aos menores em idade pr-escolar... Quase na mesmaorientao, o artigo 427 previa aos menores empregados a concessoobrigatria de tempo que for necessrio para a freqncia s aulas. J o nico desse artigo dispunha: Os estabelecimentos situados em lugaronde a escola estiver a maior distncia que dois quilmetros, e que ocu-parem, permanentemente, mais de trinta menores analfabetos, de 14a 18 anos, sero obrigados a manter local apropriado em que lhes sejaministrada a instruo primria.

    A empresa com tais caractersticas e que no cumprisse esse dis-positivo incorria em penalidades expressas em multas. Esse dever dasempresas vai se estendendo com maior clareza nas Constituies de1946, 1967 e 1969. E , ainda, sob a Constituio de 1946 e sob aLDB da lei n. 4.024/61 que esse dispositivo se converter, formalmen-te, em uma nova fonte de recursos para a educao. A Constituio de1946, no seu artigo 168, incisos III e IV, estabelece:

    III - as empresas industriais, comerciais e agrcolas, em que trabalhem maisde cem pessoas, so obrigadas a manter ensino primrio gratuito para os seusservidores e os filhos destes;

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    IV - as empresas industriais e comerciais so obrigadas a ministrar, em co-operao, aprendizagem aos seus trabalhadores menores, pela forma que

    a lei estabelecer, respeitados os direitos dos professores (...).A lei n. 4.024/61 dispe que os recursos federais destinados edu-

    cao (nove dcimos) constituiro, em parcelas iguais, os Fundos Nacio-nais do ensino primrio, do ensino mdio e ensino superior. Determina,ainda, que o Conselho Federal de Educao elabore o Plano Nacional deEducao referente a cada Fundo. Assim, em 1962, o CFE entregou ao MECo primeiro Plano Nacional de Educao, que estabelecia objetivos e metaspara um perodo de 8 anos. Com o Plano, estabelecem-se metas qualita-

    tivas e quantitativas para a educao, o que permite tanto uma revisodos valores quanto uma previso mais precisa de recursos para o PNE.

    Desse modo, o Poder Executivo tinha o desafio de cumprir a obri-gao constitucional da escolaridade obrigatria, sob as leis vigentes,perseguindo as metas estabelecidas no PNE, tais como a matrcula at aquarta srie de 100% da populao escolar de 7 a 11 anos e matrcula,na quinta e sexta sries, de 70% da populao de 12 a 14 anos. Alm defixar o atendimento de 100% da populao escolarizvel, o Plano esten-

    de a escolarizao obrigatria at aos 14 anos. Essa meta, junto com a deerradicar o analfabetismo, exigiria mais disponibilidade financeira comaporte de novas fontes de recursos.

    O salrio-educao, terceiro elo da cadeia, fechava esse conjun-to. Para a sua configurao, destaque-se o professor Carlos Pasquale, her-deiro de uma tradio ligada educao pblica. Estudioso do assun-to, ele formula uma proposta de novo mecanismo de financiamento quepoderia trazer mais recursos necessrios expanso do ensino.

    Abraando a proposta, o Executivo encaminha ao Congresso pro-jeto de lei que se torna a Lei n. 4.440/64, regulamentada pelo Decre-to n. 55.551, de 12 de janeiro de 1965, alterado pelo Decreto n.58.093, de 28 de maro de 1966. a lei do salrio-educao. Trata-sede uma contribuio compulsria devida pelas empresas, destinada asuplementar os recursos pblicos reservados para o ensino primrio.

    A Lei introduz uma nova varivel no apoio educao: a deter-minao do custo do ensino primrio por aluno. O Instituto Nacional

    de Estudos Pedaggicos (INEP) foi acionado para realizar estudos comesse fim. Vale a pena citar alguns desses clculos feitos pelo professorPasquale (1965, p. 21):

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    Disponvel em

    Admitindo-se que: a) se atribua ao professor das classes de ensino primrioa remunerao equivalente a 1,5 salrio-mnimo (SM); b) as despesas com a

    remunerao do professor correspondam a 70% do custo total da manuten-o desse ensino, sendo os 30% restantes representados pelas despesas de li-vros e material escolar (13%), prdio e equipamento (10%), direo e su-perviso do ensino ( 7%); c) a matrcula mdia por classe seja de 30 alunos,o custo mensalper capitado ensino primrio, em cada regio do pas, serdado pela frmula:

    SMSM

    07,030

    100

    70

    5,1=

    O custo do ensino primrio assim determinado (7% do salrio mnimo) serdevido pelas empresas em relao a cada um dos filhos de empregados emidade de escolarizao obrigatria.

    De acordo com as estimativas atuariais realizadas pelo Ministrio do Traba-lho e Previdncia Social, e com ndices etrios aplicados ao Censo de 1960,correspondem a cada 100 filiados aos diversos Institutos de Previdncia So-cial 30 menores de 7 a 11 anos de idade. A contribuio relativa a cada em-pregado ativo dever ser, ento, 30% do custo do ensino primrio de umacriana, isto :

    SMSM

    02,0100

    )7(

    100

    30=

    A contribuio assim fixada (2% do salrio mnimo) que constitui o cha-mado salrio-educao e ser arrecadada pelos Institutos de Previdncia aque as empresas estiverem vinculadas.

    O salrio-educao, desde o seu estabelecimento, teve sua apli-

    cao determinada em lei, com impacto federativo. A diviso entreUnio e estados buscava compensar as diferenas regionais. Desse modo,de onde houvesse maior arrecadao poder-se-ia retirar uma parte parauma redistribuio onde os recursos fossem menores. Isso ajudava a res-ponder ao ditame da Lei de Diretrizes e Bases que determinava Unioaplicar os 50% do seu recolhimento na razo direta dos ndices deanalfabetismo.

    Outro dispositivo da Lei fixava a idade das crianas a serem aten-

    didas e os valores atribudos contribuio (incisos I, II e III do artigo 8).A vinculao entre essas duas variveis se dava de tal forma que qualqueralterao em uma delas implicaria proporcionalmente a alterao dos

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    demais. Pretende-se com o dispositivo garantir o equilbrio do sistemade custeio e abertura a revises peridicas a serem fixadas por decreto.

    A Constituio Federal de 1988 dispe, originalmente, sobre sa-lrio-educao no seu artigo 212, 5: O ensino fundamental pbli-co ter como fonte adicional de financiamento a contribuio do sal-rio-educao recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que delapodero deduzir a aplicao realizada no ensino fundamental de seusempregados e dependentes. Contudo, a emenda constitucional 14/96altera esse dispositivo para a seguinte redao: O ensino fundamentalpblico ter como fonte adicional de financiamento a contribuio so-

    cial do salrio-educao, recolhida pelas empresas na forma da lei.A proposta de converso da Medida Provisria n. 399-E/06, queregulamenta a Emenda Constitucional n. 53/06 (FUNDEB), dispe, emseu artigo 5, pargrafo 1: vedada a utilizao dos recursos oriundosda arrecadao da contribuio social do salrio-educao a que se refereo pargrafo 5 do art. 212 da Constituio Federal na complementaoda Unio aos Fundos. Trata-se, pois, de uma complementao para almda prevista no FUNDEB.

    IV

    As estatsticas da educao em geral e, especialmente, no ensinofundamental, apresentando resultados intolerveis, o conhecimento deum processo histrico-educacional claramente seletivo e elitista e a po-ltica de descontinuidade administrativa nas polticas educacionais dosgovernos acenderam, entre acadmicos e profissionais, a conscincia daimportncia da educao. Esses fatores, ampliados em uma sociedade

    globalizada, em que a cincia se incorpora, de modo galopante, aomundo macro ou micro da produo, tornaram inadivel a luta dosprofissionais do ensino por melhores condies de ensino/aprendizagem,includos a seus salrios. Da a Constituio da Repblica de 1988 (CR/88) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN) conferi-rem tal relevncia educao que a eleva categoria de princpio e dedireito social (art. 6 daCR/88), articulando-a com a proteo cidada-nia e com a dignidade da pessoa humana (art. 205 e 3 da CR/88).

    Ora, esses princpios, confrontados com um retrato real alarmante,propiciaram conscincia coletiva que irracional ficar nesse estado. A opor-tunidade para sair desse estado se deu em 1994, quando da Conferncia

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    Nacional de Educao, em que as temticas-chave foram o Plano Decenalde Educao para Todos e a busca de um Acordo Nacional de Educao

    para Todos. Por um indito consenso, emergiu do Acordo o Pacto pelaValorizao do Magistrio e Qualidade da Educao. Vrios foram oscompromissos assumidos seja por associaes e corporaes educacio-nais, seja por entidades governamentais de todos os entes federativos.

    A traduo do Pacto de 1994, por meio do FUNDEF, representoua formalizao de aspectos daquele pacto cujo estreitamento se deu nos pela menor disposio de dilogo, como tambm pelo no-cumpri-mento de pontos pactuados e pelo desembolso restrito de recursos cla-

    ramente definidos na Lei n. 9.424/96, por parte da Unio. De todomodo, o FUNDEF representou um maior disciplinamento dos recursosvinculados e subvinculados; inclusive, para efeito de destinao do finan-ciamento, criaram-se os Conselhos de Controle Social.

    Duas iniciativas atuais de governo buscam recuperar aspectos dopacto de 1994, sem abandonar os pontos positivos advindos do FUNDEF.

    O primeiro o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento daEducao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB),

    por meio da Emenda Constitucional n. 53/2006. Ela preserva pontospositivos do FUNDEF, amplia sua abrangncia para a educao bsica emseus nveis e modalidades, dispe prazo para fixar, em lei especfica, pisosalarial profissional nacional para os profissionais do magistrio pblico,14

    explicita em valores pecunirios a complementao da Unio, aperfeioaos Conselhos de Controle do Fundo, reitera a obrigao dos planos decarreira e remunerao, com capacitao profissional em que a formaocontinuada deve promover a qualidade do ensino.

    O segundo o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE), noqual o MEC assume um protagonismo compartilhado com os poderes p-blicos dos outros entes federativos. Nesse Plano, metas objetivas sero to-madas a partir de informaes e dados trazidos pelas avaliaes e indica-dores feitos h 10 anos na educao bsica. Essas metas, pactuadas poradeso com os entes federativos, tero o seu foco voltado para a aprendi-zagem e seus resultados com apoio na formao continuada. Resultadossatisfatrios tero incentivos e resultados insatisfatrios tero o cuidado

    governamental para superao das deficincias.Se tais medidas forem articuladas entre si, se a Unio mais uma

    vez no descumprir os termos desse novo pacto, se houver vontade de

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    e recursos para efetivar tais propsitos e metas, possvel dizer queestamos vislumbrando uma sada racional para um direito proclamado

    como direito social.

    V

    O que isso tudo significa em matria de dever do Estado em suaspolticas pblicas para com a educao?

    Em que pesem as alternativas j reiteradamente apontadas de au-mento do porcentual do PIB para a educao, em que pesem as lacunas

    verificadas (que podem deixar de existir), o financiamento da educaoescolar representa uma clara interveno do poder pblico em uma reaque se define como um direito da cidadania.

    Essa interveno, de carter igualitrio e universal, , primeira-mente, sobre o indivduo, face ao ensino fundamental. Como ensinoobrigatrio, as pessoas na idade prpria no tm escolha: ou vo para aescola ou vo para a escola. Bobbio (1987, p. 23) deixa claro essa di-menso impositiva da obrigatoriedade escolar:

    Esta tentativa de escolher as reformas que so ao mesmo tempo liberadoras eigualitrias deriva da constatao de que h reformas liberadoras que noso igualitrias, como seria o caso de qualquer reforma de tipo neoliberal,que oferece ampla margem de manobra aos empresrios para se desvenci-lharem dos vnculos que advm da existncia de sindicatos e comits de em-presa, ao mesmo tempo em que se destina a aumentar a distncia entre ri-cos e pobres; por outro lado, existem reformas igualitrias que no soliberadoras, como toda a reforma que introduz uma obrigao escolar, for-

    ando todas as crianas a ir a escola, colocando a todos, ricos e pobres, nomesmo plano, mas por meio de uma diminuio da liberdade.

    Por sua vez, o Cdigo Penal Brasileiro do Decreto-Lei n. 2.848,de 1940, no deixa por menos. Os paisque no provem a educaoobrigatria incorrem em crime de abandono intelectual, de acordo como artigo 246. E a legislao pertinente obrigaas empresasa participa-rem da efetivao desse direito, cumprindo a funo social da proprie-dade, conforme o artigo 170, III, e artigo 5, XXIII, da Constituio

    da Repblica de 1988.15

    Por outro lado, o Estado continua tendo a competncia privati-va em relao ao carter oficial dos certificados e diplomasda educao

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    Disponvel em

    escolar16 e da advm o artigo 209 da mesma Constituio, pelo qualcabe ao Estado condicionar a autorizao de funcionamento das esco-

    las prprias da iniciativa privada obedincia s normas gerais da edu-cao e submet-las, tal como faz com as do sistema pblico, avalia-o de qualidade.

    E, por ser direito pblico subjetivo, o poder pblico, face ao ensi-no obrigatrio, no pode deixar de atender a todo o universo escolarizvel.O titular deste direito qualquer pessoa, de qualquer idade, que no tenhatido acesso escolaridade obrigatria na idade apropriada ou no. O su-jeito deste dever o Estado. Assim, o direito pblico subjetivo explicita cla-

    ramente a vinculao substantiva e jurdica entre seu titular e o sujeitodo dever. Na prtica, isso significa que qualquer criana ou adulto queno tenha entrado no ensino fundamental pode exigi-lo e o juiz devedeferir imediatamente, obrigando as autoridades constitudas a cumpri-lo: O no cumprimento por parte das autoridades implica em respon-sabilidade da autoridade competente (art. 208, 2).

    A mola insubstituvel que pe em marcha este direito (ou deveser) a ao responsvel do Estado e suas obrigaes. E como esse direi-

    to no poderia ser efetivado sem os recursos necessrios, a originalida-de do Brasil est em ter consignado, na Lei Maior, a fonte desses in-vestimentos, conforme o artigo 212.

    Ora, esse conjunto de constrangimentos normativos tem um sig-nificado de Estado e, como decorrncia, um sentido para as polticaspblicas da educao. E esse significado est na presena de umordenamento estatal, no qual j se deu a passagem do Estado liberalclssico para o Estado scio-assistencial.

    No primeiro, o Estado persegue a convivncia entre indivduosque buscam seus prprios fins individuais. Ele garante os interessesimersos no contrato, assegurando que esse tenha seu curso no campoprprio do privado. Nesse caso, se projeta a obedincia s normas dodireito privado e do direito penal como normas de conduta, ao mesmotempo em que essa hegemonia tem como pressuposto ser a mais racio-nal e benfica convivncia social. Desse modo, o Estado mantm ointeresse de cada um ao no interferir e ao no representar o interesse

    de nenhum dos contratantes.No segundo, tem-se uma concepo oposta. Ao invs de ver a

    sociedade sob o modo contratual, cuja base o indivduo, tem-se como

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    pilar ou a sociedade como um todo precedendo o indivduo, ou a com-posio da sociedade em grupos sociais. Nesse caso, o interesse coleti-

    vo ou o bem comum expressam a melhor racionalidade como esforoconjugado de todos e comum a todos.

    da passagem do Estado liberal clssico para um Estado social,enfaticamente rejeitada por Hayek e seus discpulos, que se fez presen-te, no mundo capitalista, a coexistncia das normas advindas do direi-to pblico com as do direito privado. dela e das lutas que fizeramdela uma conquista que o Estado pde interferir no sistema contratualde mercado e impor direitos sociais ao lado dos direitos civis e polti-

    cos, ou faz-los tensionados por coexistirem entre si.Essa tenso nasce tanto do fato da interveno em si, quanto do

    fato de os direitos sociais, formalizados em lei, serem um investimentoque possui um custo sado dos fundos pblicos. Assim, se faz necessrioapontar as fontes para o preenchimento desses fundos. Tais fontes, reco-lhidas ao Estado para serem revertidas coletividade como um todo, soba forma de servios pblicos, podem ser tanto impostos sobre contribu-intes em suas mais diversas formas, quanto outras formas de tributao.

    Nesse sentido, torna-se bastante improcedente acoimar o con-junto das polticas educacionais, no Brasil, como sendo caudatrias deum conservadorismo liberal. As reservas constitucionais do financiamen-to vinculado, a gratuidade no ensino oficial, o universalismo do direitoao ensino fundamental, seu carter obrigatrio para as pessoas de 6 a14 anos e a competncia privativa da certificao oficial para efeito devalidade nacional no s contm um horizonte equalizador, como tam-bm so amortecedores de polticas outras, tendentes a um conserva-

    dorismo social. O impacto de polticas liberalizantes em relao a di-reitos sociais torna-se diferenciado quando esses so protegidos por umordenamento jurdico, cuja sustentao a Constituio, que tem atrsde si uma longa histria de pleitos, exigncias e lutas.

    So dimenses obrigatrias a serem respeitadas, sob pena de in-segurana jurdica, mesmo que programas de governos possam quererquebr-las ou atenuar seu mbito de aplicabilidade.

    Finalmente, a coexistncia dessas dimenses igualitrias com ou-

    tras at mesmo opostas no mbito do Estado indica a abertura deste auma gama de novos interesses no redutveis ao elitismo e seletividadeestruturais do Estado liberal clssico.

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    Disponvel em

    Recebido em junho de 2007 e aprovado em julho de 2007.

    Notas

    1. A descentralizao do ensino primrio se d pelo Ato Adicional de 1834 (sobre o assun-to, cf. Sucupira, in: Fvero, 1996). Essa descentralizao se fez acompanhar do regime fe-derativo quando da instaurao da Repblica.

    2. Sobre a noo de sistemas no atual ordenamento jurdico, cf. Parecer CNE/CEB n. 30/00.

    3. Aqui transparece o papel da Unio na complementao salarial negociada dos professoresestaduais da zona rural, quando o estado-membro adere ao Convnio.

    4. A primeira interveno direta e financiada pela Unio no ensino primrio se d mediante

    decretos federais em escolas do Sul do pas, em que havia forte presena de populao imi-grada. Cf. Decretos n. 13.175/1918; 13.390/1919 e 13.460/1919.

    5. Sobre a educao no perodo, cf. Rocha (in: Fvero, 1996) e Cury (1988).

    6. Aqui comparece a exigncia da instalao de umfundo,ou melhor, de fundos estaduaisjuntocom um fundo federal. Como se sabe, no setor pblico, um fundo constitudo de re-cursos monetrios destinados ao desenvolvimento de uma rea especfica.

    7. Sobre a obrigatoriedade, cf. Horta (1998).

    8. Sobre essa Constituio, cf. Cury (1988).

    9. Refiro-me Constituio de 1967.10. Pode-se estar sob uma ditadura sem necessariamente servir a ela (cf. Horta, 1994;

    Schwartzman, 1984; Nunes, in: Bomeny, 2001).

    11. Para uma biografia desse ilustre baiano chamado Mario Augusto Teixeira de Freitas(1890-1956), cf. Fvero e Medeiros (1999, p. 393-401).

    12 . Sobre essa Conferncia, cf. Horta (in: Gomes, 2000, p. 143-172).

    13. Para uma biografia de Ansio Teixeira, cf. Nunes (in: Fvero & Britto, 1999) e Cury(2000).

    14. O projeto de Lei, regulamentando o artigo 214 da Constituio da Repblica, est no

    Congresso Nacional.15. A funo social da propriedade j comparece na Constituio de 1934, no artigo 113,

    inciso 17, e na Constituio de 1967, artigo 157, III.

    16 . Essa competncia s foi desfeita, ainda assim de modo no absoluto, na chamada ReformaRivadvia, entre 1911-1915. Sobre esse assunto, cf. Marques Jr. (1967).

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