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POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO PARA PARCELAS EXCLUÍDAS DA SOCIEDADE Henrique Perazzi de Aquino 1 1 Introdução Diante de uma quantidade expressiva de moradores de rua na cidade de Bauru, chamou a atenção e foi despertado o interesse por desvendar o quanto existe de verdade ou mentirapor detrás de algumas afirmações provenientes do corpus social. Afirmações inquietantes e com conotações negativas, além de mera provocação, tornam-se clara oposição destrutiva ao modo de agir do Poder Público. Seria essa mesma a realidade ou discursos difundidos via redes sociais poderiam se apresentar distorcidos e tendenciosos? Para buscar respostas, optou-se pela ferramenta metodológica de entrevistas. Percebe-se que ao abordar a questão da ‘população em situação de rua’, coloca-se em cena a desigualdade social como algo inerente ao Brasil desde seus primórdios. Não existe um só período em toda a nossa história onde este aspecto não esteja latente. Considera-se aqui, desnecessário discutir origens ou possíveis soluções. Parte-se do princípio do papel representado pela elite, demonstrado em várias obras ao longo do tempo. O conceito formulado pelo antropólogo Gylberto Freire, em ‘Casa Grande & Senzalaé um deles. A ‘casa grande’ continua aí, intacta, resistindo ao tempo, assim como, a situação da senzalanão se modificou muito. A crueldade não mudou de nome, muito menos de endereço’, e a insensibilidade dos tempos atuais é acompanhada de ‘invisibilidades’ sociais. No campo do jornalismo existem muitos exemplos de belas narrativas descrevendo a realidade nua e cruadas ruas. Algumas incluídas no que se define como ‘jornalismo de beiradas’. Luiz Fernando Assunção afirma que: Os pobres e miseráveis, as beiradas ou as franjas da sociedade, não são pautas frequentes no jornalismo. Mas alguns jornalistas quebraram essa regra e decidiram que a parte marginalizada da sociedade deveria sim aparecer em jornais e revistas como uma parte necessária e digna de ser mostrada a todos. (ASSUNÇÃO, 2014:5) 1 Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ – UNESP. Mestrando em Comunicação. Bolsista CAPES.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO PARA PARCELAS … · Mas alguns jornalistas quebraram essa regra e decidiram que a parte marginalizada da sociedade deveria sim aparecer em jornais

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO

PARA PARCELAS EXCLUÍDAS DA SOCIEDADE

Henrique Perazzi de Aquino 1

1 – Introdução

Diante de uma quantidade expressiva de moradores de rua na cidade de Bauru,

chamou a atenção e foi despertado o interesse por desvendar o quanto existe de ‘verdade ou

mentira’ por detrás de algumas afirmações provenientes do corpus social. Afirmações

inquietantes e com conotações negativas, além de mera provocação, tornam-se clara oposição

destrutiva ao modo de agir do Poder Público. Seria essa mesma a realidade ou discursos

difundidos via redes sociais poderiam se apresentar distorcidos e tendenciosos? Para buscar

respostas, optou-se pela ferramenta metodológica de entrevistas.

Percebe-se que ao abordar a questão da ‘população em situação de rua’, coloca-se em

cena a desigualdade social como algo inerente ao Brasil desde seus primórdios. Não existe um

só período em toda a nossa história onde este aspecto não esteja latente. Considera-se aqui,

desnecessário discutir origens ou possíveis soluções. Parte-se do princípio do papel

representado pela elite, demonstrado em várias obras ao longo do tempo. O conceito

formulado pelo antropólogo Gylberto Freire, em ‘Casa Grande & Senzala’ é um deles. A

‘casa grande’ continua aí, intacta, resistindo ao tempo, assim como, a situação da ‘senzala’

não se modificou muito. A crueldade ‘não mudou de nome, muito menos de endereço’, e a

insensibilidade dos tempos atuais é acompanhada de ‘invisibilidades’ sociais.

No campo do jornalismo existem muitos exemplos de belas narrativas descrevendo a

realidade ‘nua e crua’ das ruas. Algumas incluídas no que se define como ‘jornalismo de

beiradas’.

Luiz Fernando Assunção afirma que:

Os pobres e miseráveis, as beiradas ou as franjas da sociedade, não são pautas

frequentes no jornalismo. Mas alguns jornalistas quebraram essa regra e decidiram

que a parte marginalizada da sociedade deveria sim aparecer em jornais e revistas

como uma parte necessária e digna de ser mostrada a todos. (ASSUNÇÃO, 2014:5)

1 Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ – UNESP. Mestrando em Comunicação. Bolsista

CAPES.

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A partir desta prática, os habitantes das tais ‘beiradas’, transformam-se em

personagens de ‘carne e osso’ com belas histórias de vida. O simples andar pelas ruas é o

esbarrar diariamente com um extrato social que praticam atividades de sobrevivência

necessárias para as cidades, mas consideradas de pífia importância para muitos. O não apenas

esbarrar é a proposição de prover visibilidade para o até então não notado. Daí, o conceito de

‘ignorados’ como substituição ao de “invisíveis”.

Diz Milton Santos:

Tanto os pobres como aqueles que são o objeto da dívida social, os quais já foram

incluídos e, depois, marginalizados, acabam por ser o que hoje são, isto é, os

excluídos. (...) Agora estamos diante da pobreza nacional e da dívida social

nacional da ordem internacional. Elas aparecem como se fossem algo fixo,

imutável, indeclinável, quando, como qualquer outra ordem, pode ser substituída

por uma ordem mais humana. (SANTOS, 1999: 12)

Nesse sentido, em uma ‘ordem mais humana’ estaria incluída a percepção do que de

fato ocorre nas ruas, nas beiradas, entranhas e vísceras. Os centros urbanos estão recheados de

trabalhadores informais. Muitos deles, tamanho o quantitativo, detentores de certa

importância, ou seja, uns mais e outros menos ‘visíveis’.

A questão social envolvendo a ‘população em situação de rua’, considerada suas

especificidades, é bastante complexa e não deve ser tratada com base apenas em opiniões.

Mister é compreender tudo o que está embutido nas pessoas que estão nas ruas. Os motivos

são diversos, e alguns fogem a qualquer solução. Há também a vontade pessoal em sair ou

não dessa situação.

O presente artigo aborda a ‘população em situação de rua’ a partir de relatos obtidos

em entrevistas. Como contraponto, uma exposição do que é proposto pelo Poder Público

Municipal bauruense, especificamente via SEBES (Secretaria do Bem Estar Social), dirigida

pela assistente social Darlene Martin Tendolo. Em uma entrevista, Darlene expõe o que a

cidade faz para acompanhar, direcionar e tentar reverter os problemas detectados.

2 – Desenvolvimento

2.1 – O interesse pela questão da ‘população em situação de rua’

A cena urbana brasileira e capitalista possui certa similaridade de comportamento e

ação, indistintos ao local de ocorrência dos fatos. A crueldade da cena aqui apresentada pode

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ser a mesma vista em muitos outros lugares. Sua repetição não se dá só em relação às

personagens mergulhadas na pobreza e injustiça social, mas também em formas similares de

reação diante da desigualdade social. A invisibilidade daqui é a mesma dali. Mudam-se as

personagens, porém a dramaticidade da cena é mantida.

Destaca-se algo publicado acerca de movimentos sociais na mídia:

O ambiente tendencialmente interativo, cooperativo e descentralizado da Internet

introduz um componente inesperado e criativo nas lutas sociais da segunda metade

dos anos 90. O que se busca é promover a disseminação de ideias e o máximo de

intercâmbios. Poder interagir com quem quer apoiar, criticar, sugerir ou contestar.

Como também driblar o monopólio de divulgação, permitindo que forças contra-

hegemônicas se expressem com desenvoltura, enquanto atores sociais empenhados

em alcançar a plenitude da cidadania e a justiça social. (MORAES, 2000:34)

As mídias tradicionais parecem ‘cansadas’ da repetição de um mesmo enunciado.

Pode-se também supor que o cotodiano da ‘população em situação de rua’ não desperta

interesse, pois sua história é sempre trágica, cheia de dor e angústia. A rotina dos que nada

possuem e lutam pela subsistência é a própria história da degradação humana. Os textos

jornalísticos inseridos na ‘grande mídia’ não querem tratar disto. Preferem histórias de

sucesso.

Mas como registrar algo considerado exceção?

Giovanni Levi, no texto ‘Usos da Biografia’ define que:

Obviamente as exigências de historiadores e romancistas não são as mesmas,

embora estejam aos poucos se tornando mais parecidas. (...) Pode-se escrever a

vida de um indivíduo? Essa questão, que levanta pontos importantes para a

historiografia, geralmente se esvazia em meio a certas simplificações que tomam

como pretexto a falta de fontes. (LEVI, 2010: 134)

A opção pela fuga do convencial, do trivial, do estabelecido como norma jornalística

tradicional foi uma decisão tomada para a construção discursiva do artigo. Buscou-se

envolvimento entre as partes, com a intenção de tratar da dor humana, dos sofrimentos dos

que se vêem numa situação além de seus limites, rejeitados por parcela significativa da

população. A maioria buscando uma força interior para reverter a própria situação. Esse é o

‘motor’ da presente pesquisa.

2.2 – As histórias recolhidas

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São muitos os exemplos e alguns já publicados pelo pesquisador. Optou-se aqui por

transcrever 8 (oito) ‘casos’ publicados em mídia alternativa (blog) e rede social (Facebook).

A poesia ‘Bicho’, de autoria de Manuel Bandeira traduz a intenção dos textos:

Vi ontem um bicho

Na imundice do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Imagem 1: José Antonio ‘na sua morada’. Fonte: Arquivo Pessoal.

‘CASO’ 1:

‘JOSÉ ANTONIO FERNANDES SANTOS é esse ilustre personagem da foto abaixo,

tem 48 muito mal vividos anos de idade e hoje vive praticamente todo o dia debaixo de uma

marquise na Rua Araújo Leite, Altos da Cidade, paredão ao lado do Supermercado Pão de

Açúcar, região nobre da cidade.’ (Publicado em www.mafuadohpa.blogspot.com,

08/12/2015.)

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Imagem 2: Japonês mendigo e ‘seu trenó’. Fonte: Arquivo Pessoal.

‘CASO’ 2:

‘SEU TIMURA é da linhagem japonesa e vive nas ruas. Circula por uma restrita área.

Dorme junto a algum banco na rodoviária, próximo do embarque do Expresso de Prata (canto

esquerdo) e de lá circula pela Araújo Leite, Nações e Antônio Alves, voltando para o ponto de

origem.’ (Publicado em www.mafuadohpa.blogspot.com, 10/02/2014.)

Imagem 3: Ronaldo no seu ‘local de trabalho’. Fonte: Arquivo Pessoal.

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CASO 3:

‘RONALDO TADEU DO CARMO acaba de voltar de São Paulo, onde tentou passar

uns dias junto de familiares, que o rejeitam. Com 51 anos, negro, paulistano do Itaim Paulista,

vive em Bauru há aproximadamente uns dez anos, desde que saiu do sistema prisional, após

cumprir integralmente sua pena.’ (Publicado em www.mafuadohpa.blogspot.com,

13/10/2014.)

Imagem 4: ‘Ex-engenheiro, morador de rua, é morto a pauladas.’ Fonte: Arquivo Pessoal.

CASO 4:

‘WAINER AÉCIO MINNI morreu em Bauru de forma trágica aos 48 anos de idade,

por uma quantidade não exatas de caibradas e facadas, quando morava junto com outros

mendigos numa casa não mais existente na quadra um da Rua Gustavo Maciel.’ (Publicado

em www.mafuadohpa.blogspot.com, 25/06/2015.)

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Imagem 5: O guardador de carros do SESC. Fonte: Arquivo Pessoal.

CASO 5:

‘Quem frequenta o SESC conhece esse verdadeiro personagem das ruas de Bauru. Não

saio de lá e em todas as vezes, só deixo meu meio de locomoção aos seus cuidados. Algo a

identificá-lo de longe, (quase) sempre ostenta no peito uma surrada camisa do Corinthians,

um dos motivos de nossos papos.’ (Publicado em www.mafuadohpa.blogspot.com,

30/05/2010.)

Imagem 6: Das ruas para tratamento no hospital. Fonte: Arquivo Pessoal.

CASO 6:

8

‘Esse SENHOR da foto tem nome e sobrenome, mas internado num dos hospitais da

cidade, nem ele mesmo soube dizer o seu e com seu rosto estampado nos jornais, talvez o

mistério possa ser desvendado: Quem é ele’ (Publicado em www.mafuadohpa.blogspot.com,

29/03/2014.)

Imagem 7: Quase pariu nas ruas. Fonte: Arquivo Pessoal.

CASO 7:

‘Ela vai parir nas ruas - Uma moça, antes charmosa, quando recém chegada às ruas,

coisa de uns cinco anos atrás, bonita e se impunha aos outros moradores. ANDREZA DE

OLIVEIRA CAETANO, esse seu nome.’ (Publicado em www.mafuadohpa.blogspot.com,

21/12/2014.)

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Imagem 8: Márcia saiu das ruas. Fonte: Arquivo Pessoal.

CASO 8:

‘Márcia da Silva, uma ex-moradora de rua, hoje uma feliz pessoa. Hoje, após tomar a

decisão mais acertada em sua vida, está totalmente amparada pelo Centro de Recuperação de

Moradores de Rua, mantido pelos espíritas do Amor & Caridade’ (Publicado em

www.mafuadohpa.blogspot.com, 18/03/2009.)

2.3 – A ação do Poder Público Municipal

Após compilar os exemplos, surgiu a pergunta: O que de fato a Prefeitura faz na

cidade de Bauru para reverter a questão social e buscar soluções para os variados problemas?

Ciente de que muitas ações são não só propostas mas colocadas em práticas, foi entrevistada a

Secretária do Bem Estar Social da cidade de Bauru, Darlene Martin Tendolo.

Segue uma síntese publicada:

‘DARLENE MARTIN TENDOLO: Secretária da SEBES – Secretaria do Bem Estar e

Assistência Social por três mandatos e dois prefeitos diferentes, ela vive seu trabalho 24 h por

dia e faz disso uma extensão quase natural de sua vida’. (Publicado em

www.mafuadohpa.blogspot.com, 29/01/2016.)

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Imagem 9: Darlene Martin Tendolo em seu gabinete. Fonte: Arquivo Pessoal.

Foram selecionados trechos da entrevista, conforme segue abaixo:

Pergunta: Como a SEBES entende o seu papel junto aos desassistidos sociais?

Resposta: Nós temos uma média de 98 mil pessoas atendidas através do Cadastro

Único em diversos projetos sociais, onde monitoramos o atendimento dessas pessoas. Temos

convênios com 37 entidades, representando mais de 147 serviços, fora o atendimento que são

de execução direta da Secretaria, nas Redes Especial e Básica. Na Rede Básica temos creches

gratuitas, escolas, inclusão produtiva com dois PETs para atendimento de crianças, temos

todo um trabalho voltado para a formação e a construção profissional. Tudo está colocado

para a população num processo de construção, formação de empreendedores profissionais, os

encaminhamentos. Todo um trabalho voltado para a inclusão dessa pessoa no mercado de

trabalho, com possibilidade de empregabilidade e renda. Na Rede Especial temos o CREAS I

e II, toda a rede concentrada de atendimento a mulher, Centro de Referência e Coordenadoria,

com atendimento desde o bebê, a gestante e abrigo de mulher. e algumas Repúblicas de

Idosos. Todo um trabalho voltado para o atendimento da pessoa humana, o Centro POP,

especificamente voltado para a população de rua, a abordagem social noturna, que é um

trabalho feito após o encerramento das atividades normais. Esse outro começa às 19h rodando

todos os pontos mais frágeis da cidade, ou seja, onde as pessoas se encontram nas ruas. Elas

vão para as ruas por variados motivos e não podemos obrigar ninguém a receber tratamento, a

entrar no automóvel da Secretaria e levá-los, por exemplo, para uma das três Casas de

Passagem, para as Residências Inclusivas ou mesmo para o CAPs 24h. Existe todo um

trabalho em parceria com a Saúde. Quem vem não tem do que reclamar. São 78 famílias

assistidas pelo Aluguel Social e outras tantas em parceria com hotéis da cidade. Ali instaladas

vamos verificando quando ela passa a ter condições de assumir a responsabilidade de gestão

sua própria casa.

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Pergunta: Fale de vocês, como é feito o atendimento?

Resposta: Aqui todos atendem, somos em 230 funcionários distribuídos em diversos

pontos de atendimento pela cidade. A SEBES hoje tem uma gama imensa de serviços, dentro

de um orçamento anual de aproximadamente R$ 56 milhões. Ninguém obriga a

transformação, mas é colocado ao alcance delas essa posição. Temos a prestação de serviço à

comunidade para adolescentes que estão em conflito com a lei, temos a LA, que é a Liberdade

Assistida, com encaminhamento, monitoramento e escola. Tem a escola para os filhos, pois o

Conselho Tutelar também está agregado à Secretaria. Tudo isso agregado também com terapia

ocupacional. Trata-se de um trabalho constante, alguns sigilosos, para garantir a própria

integridade dessas pessoas, como a República de Idosos e o Abrigo das Mulheres, onde elas

podem levar os filhos e permanecer junto deles. Tenho que ofertar processo de formação,

como no caso da Cozinha Comunitária, com 200 refeições diárias a preços de R$ 1 real cada e

após o almoço, cursos para formação dessas pessoas.

Pergunta: Fale sobre o fato de Bauru ter se transformado referência na Assistência

Social?

Resposta: Foi um trabalho árduo, empenho de toda a equipe e também vontade dessa

administração nesse caminho. Se formos analisar, Bauru é uma cidade pobre, com quase um

terço da população em situação de risco, quase cem mil pessoas em situação de

vulnerabilidade.

Pergunta: Fale sobre a população de rua?

Resposta: Ela não está na rua porque ela quer. Eles vão para a rua por desilusão

amorosa, por desemprego, depois vem o alcoolismo, o mundo das drogas. É uma população

que você tem que resgatar. Já pensamos em regionalizar alguns dos serviços, pois algumas

cidades não dispõem de condições de contratar uma equipe completa para esse atendimento.

Todo serviço oferecido é pautado na legislação e o oferecimento é com plenitude, qualidade e

completo. Não existe serviço meia boca. Produzimos desde o atendimento através da

documentação, preencher a falta de informação existente. A desigualdade social é muito

grande e não foi criada por essas pessoas, vem do sistema econômico e ao longo dos anos

criou pessoas que não dispõe de condições. Nosso trabalho tem começo, meio e continuidade.

A pessoa em Bauru não precisa permanecer na rua, acontece que ela não segue mais as regras

convencionais.

Pergunta: Quais entidades não públicas que são parceiras da SEBES nesse trabalho e

como atuam?

Resposta: Hoje são 37 entidades com convênios, somando as ONGs ultrapassam 72

entidades. Cada uma delas com serviços variados em segmentos diferentes. E tudo isso

aprovado por um Conselho, nada feito por decisão individual, tudo coletivo. Hoje digo sem

medo de errar, se todos os moradores de rua tivessem o desejo de abandonar a rua teríamos

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como abrigar a todos. O Albergue Noturno abriga 50 toda noite, damos alimentação para

outro tanto deles. Aqui criamos um meio de inserção dessas pessoas, tudo visando retirá-los

das ruas.

3 – Considerações Finais

Diante do exposto, pode-se afirmar que Bauru é um cidade privilegiada no quesito

Assistência Social, a partir da verificação do trabalho desenvolvido pela SEBES, considerada

um exemplo a ser seguido.

Imagina-se que qualquer um observando em Bauru a ‘população em situação de rua’

talvez se indague acerca do que existe por detrás das pessoas e qual o tipo de assistência

prestado pelos Órgãos Públicos em seu benefício. Eis a constatação: há uma infinidade de

programas sociais, entrelaçados uns aos outros com equipes especializadas e aptas para

desenvolver o trabalho de abordagem, recepção, acompanhamento, direcionamento,

orientação, encaminhamentos e soluções.

O foco da pesquisa foi o de tratar da ideia de informação, e, no caso do presente artigo,

a reflexão deu-se junto de parcelas populacionais excluídas e mantidas à parte da sociedade.

Buscou-se demonstrar, como resultado, que em Bauru há um direito incentivado e

garantido pelo Poder Público, baseado em duas vertentes, a informação e a cidadania. As

ações no sentido de levar a informação à ‘população em situação de rua’ é executado com

idoneidade e assertividade quanto à execuções de propostas.

Dessa forma, a conclusão final é a de que a partir de informações precisas, sinceras e

com base em dados, seja possível a obtenção de resultados eficazes quanto à questão

abordada.

4 – Referências

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criativo do jornalista João Antonio. Rio de Janeiro: Com Books, 2014.

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Florianópolis SC, artigo Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da

UFSC, 2004.

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LEVI, Giovanni. Usos da Biografia. in FERREIRA, Marieta de Moraes et alli (org.) Usos & Abusos

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