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Políticas Públicas de Saúde no Brasil Objetivos: Conhecer os fatos políticos que envolveram a questão da saúde; Relacionar saúde x economia; Conhecer os movimentos que induziram a criação do SUS; Reconhecer a importância de adoção de política de Saúde; Conhecer o papel da saúde pública...

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Políticas Públicas de Saúde no Brasil

Objetivos: Conhecer os fatos políticos que envolveram a questão da saúde; Relacionar saúde x economia; Conhecer os movimentos que induziram a criação do SUS; Reconhecer a importância de adoção de política de Saúde; Conhecer o papel da saúde pública...

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Pense...... O que você entende por “políticas publicas de saúde”?

• Em português, a palavra política envolve tanto as dimensões do poder quanto as diretrizes. (legislativo e executivo)

• Em Saúde Coletiva, Política de Saúde refere-se ao exercício do poder (politicos) e às intervenções com foco no bem estar social . Epidemiologia e Gerenciamento das Doenças

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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

configuradas a partir de modelos de assistência à saúde vigentes em determinados períodos históricos, acompanhando os contextos sociopolíticos e econômicos nos quais se inserem. • Nossa abordagem tem início no Brasil colonial,

apresentando as ações que antecederam a instalação do Modelo Assistencial Sanitarista e ações assistenciais vinculadas ao setor previdenciário no Brasil.

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Brasil Colônia (1822-1831)• a chegada da família real o Brasil não dispunha de nenhum modelo de saúde, • as ações em saúde eram limitadas apenas aos recursos naturais, • com o conhecimento dos curandeiros que desempenhavam atividades de cura. • No século XVIII a colônia Brasileira viveu o que era chamado de “dilema sanitário”, e como sempre os

mais prejudicados eram a população que viviam vulneráveis a várias doenças, muitas delas trazidas pelos próprios estrangeiros que vinha ao Brasil em busca de riquezas.

• Podemos resumir que a atenção à Saúde no Brasil colônia destacava-se pela: • Atuação dos boticários (espécies de farmacêuticos) • Influência da Teoria dos Miasmas • Assistência aos pobres efetuada como ação filantrópica nas Santas Casas de Misericórdia (desde 1543

em Santos) • A vinda da família real e da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, criou a necessidade da organização

de uma estrutura sanitária mínima, a fim de dar suporte ao poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro. (POLIGNANO, 2004).

• A carência de médicos no Brasil era expressiva, sabe-se que no Rio de Janeiro, em 1789 existiam apenas quatro médicos exercendo a profissão. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2004).

• O Rio de Janeiro, então sede provisório do império lusitano e principal porto do país, tornou-se o centro das ações sanitárias; foi então criadas as primeiras escolas de medicina no Brasil.

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O Sanitarismo Campanhista

• Com a Proclamação da República, estabeleceu-se no Brasil uma forma de organização política típica do estado capitalista, o Brasil já se firmava com uma economia agroexportadora. Com a ausência de um modelo sanitário as cidades brasileiras encontravam-se vulneráveis às epidemias como a varíola, a malária, a febre amarela e, posteriormente a peste que teve consequências na saúde e no comércio, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro.

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• Oswaldo Cruz diretor do Departamento Federal de Saúde Pública o qual se comprometeu a erradicar a epidemia de febre amarela. Oswaldo Cruz estruturou um exército com 1.500 pessoas que exerceram atividades de desinfecção no combate ao mosquito vetor da febre amarela.

• Esse modelo assistencial ficou conhecido como sanitarista . Permitiu-se, assim, o uso da força e da autoridade para a viabilização das propostas de intervenções, entre elas podemos citar a queima de colchões e das roupas dos doentes, a desocupação dos cortiços no centro do Rio de Janeiro e a quarenta imposta aos doentes.

• Todas essas ações e o uso da força e abuso do autoritarismo desenvolvida pelo serviço sanitário municipal, trouxe a revolta da população contra as propostas de Oswaldo Cruz.

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• insatisfação popular se agrava com outra medida, instituída pela Lei Federal n° 1.261, de 31 de outubro de 1904: a vacinação antivaríola obrigatória para todo o território nacional.

• Surge, então, um grande movimento popular que ficou conhecido como a Revolta da Vacina.

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Oswaldo cruz

• ele ainda organizou a diretoria geral de saúde pública, criando uma seção demográfica,

• um laboratório bacteriológico, • um serviço de engenharia sanitária e de

profilaxia da febre amarela,• a inspetoria de isolamento e desinfecção,• o instituto soroterápico federal, posteriormente

transformado no Instituto Oswaldo Cruz.

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Em 1920 Carlos Chagas sucessor de Oswaldo Cruz

• reestruturou o Departamento Nacional de Saúde inovando o modelo campanhista que era puramente fiscal e policial e introduz a propaganda e a educação sanitária.

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Modelo Médico-Assistencial Privatista

um conjunto de datas que marcaram o longo caminho da constituição do SUS como a principal política pública de saúde brasileira, destacando as contribuições dadas por estes eventos na construção de nosso sistema único de saúde. As datas são marcadas por momentos de definição de políticas governamentais, traduzidas em legislações específicas, que de alguma forma “pavimentaram” o caminho para o SUS. Nesta linha do tempo, deixamos de lado outros importantes marcos na história do SUS, por preferir listar os fatos que mais se relacionam com nosso estudo.

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1923Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP)

• A Lei Eloy Chaves cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões . • Em um contexto de rápido processo de industrialização e

acelerada urbanização, a lei vem apenas conferir estatuto legal a iniciativas já existentes de organização dos trabalhadores por fábricas, visando garantir pensão em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. Com as “caixas”, surgem as primeiras discussões sobre a necessidade de se atender a demanda dos trabalhadores.

• Nascem nesse momento complexas relações entre os setores público e privado que persistirão no futuro Sistema Único de Saúde

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Em 1930 Getúlio Vargas

• adota parcialmente esse modelo, que estendeu a todas as categorias de operarios urbano organizado. Transformando as CAPs em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs).

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características do modelo médico-assistencial:

• Curativista ( ausência de doença)• Hospitalocêntrico ( cuidados em hospitais)• Interiorização da saúde • Centralidade do médico

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Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) 1932

• Os IAPs foram criados no Estado Novo de Getúlio Vargas.

• Os institutos podem ser visto como resposta, por parte do Estado, às lutas e reivindicações dos trabalhadores no contexto de consolidação dos processos de industrialização e urbanização brasileiros.

• Acentua-se o componente de assistência médica, em parte por meio de serviços próprios, mas, principalmente, por meio da compra de serviços do setor privado.

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Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 1965

• Resultou da unificação dos IAPs, no contexto do regime autoritário de 1964, vencendo as resistências a tal unificação por parte das categorias profissionais que tinham institutos mais ricos.

• O INPS consolida o componente assistencial, com marcada opção de compra de serviços assistenciais do setor privado, concretizando o modelo assistencial hospitalocêntrico, curativista e médico-centrado, que terá uma forte presença no futuro SUS.

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ano de 1967 • governo militar unifica os IAPs no Instituto Nacional de

Previdência Social INPS, sob o comando de um Ministério Federal.

• O montante arrecadado por esse instituto financiou a Itaipu, a Transamazônica, a ponte Rio-Nitéroi e outras megas construções, esse uso indevido do dinheiro dos trabalhadores refleti até nos dias atuais, principalmente quando se discutem mudanças na forma de previdência no Brasil, não se pode pedir ao trabalhador brasileiro que simplesmente esqueça o que o estado já lhe tomou. (MACHADO, LEANDRO, MICHALISZYN, 2006).

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Criação do SINPAS e do INAMPS

• Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social (SINPAS), e, dentro dele, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que passa a ser o grande órgão governamental prestador da assistência médica – basicamente à custa de compra de serviços médico hospitalares e especializados do setor privado. ]É possível dizer que tal lógica do INAMPS, que sobreviveu como órgão até a criação do SUS, ainda se reproduz no interior do sistema único, mesmo passados 20 anos desde sua criação.

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Implantação do PAIS• 1982 foi implemetado o Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS), que dava

particular ênfase na atenção primária, sendo a rede ambulatorial pensada como a “porta de entrada” do sistema.

• Visava a integração das instituições públicas da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, em rede regionalizada e hierarquizada.

• Propunha a criação de sistemas de referência e contra-referência e a atribuição de prioridade para a rede pública de serviços de saúde, com complementação pela rede privada, após sua plena utilização; previa a descentralização da administração dos recursos; simplificação dos mecanismos de pagamento dos serviços prestados por terceiros e seu efetivo controle; racionalização do uso de procedimentos de custo elevado; e estabelecimento de critérios racionais para todos os procedimentos. ]

• Viabilizou a realização de convênios trilaterais entre o Ministério da Saúde, Ministério da Previdência e Assistência Social e Secretarias de Estado de Saúde, com o objetivo de racionalizar recursos utilizando capacidade pública ociosa. Podemos reconhecer nas AIS os principais pontos programáticos que estarão presentes quando da criação do SUS.

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Modelo Plural

• A partir da década de 1980, impulsionados pela Conferência Internacional de Cuidados Primários de Saúde que teve o tema: “Saúde para todos no Ano 2000”, realizada na cidade de Alma-Ata em 1978, novas questões passam a figurar o debate sobre saúde.

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As três formas mais comuns da Peste PESTE Informe Epidemiológico

• Peste Bubônica - febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa, dores generalizadas, falta de apetite, náuseas, vômitos, confusão mental, olhos avermelhados, pulso rápido e irregular, pressão arterial baixa, prostração e mal-estar geral. Após 2 ou 3 dias, aparece tumefação nos linfonodos superficiais. Peste Septicêmica – febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa, dores generalizadas, falta de apetite, náuseas, vômitos, confusão mental, olhos avermelhados, pulso rápido, hipotensão arterial, prostração, dispnéia, estado geral grave, dificuldade na fala, hemorragias, necrose dos membros, coma e morte. •Peste Pneumônica – Além dos sintomas comuns às outras duas formas clínicas, o paciente ainda apresenta dor no tórax, respiração curta e rápida, dispnéia, cianose, expectoração sanguinolenta, delírio, coma e morte. •Nota: Muitos casos, especialmente da forma bubônica, não apresentam toda a riqueza de sintomatologia acima descrita, podendo haver casos leves. Manifestação Clínica PESTE Informe Epidemiológico

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Modelo Plural

• Na década de 1980, impulsionados pela Conferência Internacional de Cuidados Primários de Saúde que teve o tema: “Saúde para todos no Ano 2000”, realizada na cidade de Alma-Ata em 1978, novas questões passam a figurar o debate sobre saúde.

• O novo modelo foi denominado modelo plural, sua maior característica é a universalização do atendimento e a participação da população, vigente até hoje materializado no Sistema Único de Saúde (SUS).

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VIII Conferência Nacional de Saúde1986

• A realização da VIII Conferência Nacional de Saúde,com intensa participação social, deu-se logo após o fim da ditadura militar iniciada em 1964, e consagrou uma concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado; princípios estes que seriam plenamente incorporados na Constituição de 1988.

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características do modelo plural, em comparação aos modelos anteriores vigentes no

Brasil MODELO ÊNFASE ABORDAGEM CARACTERÍSTIC

ASSanitarista Campanhista

PREVENÇÃO COLETIVO (PÚBLICO)

Inspeção Saneamento Vacinação

Médico-assistencial

PROMOÇÃO INDIVÍDUO Curativo Privatizante Alta tecnologia

Nova perspectiva (Plural)

RECUPRAÇÃO DA SAÚDE

Coletivo Público + Sociedade = População Participativa

Interdisciplinaridade Prevenção + Recuperação Enfoque na Saúde

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Criação dos SUDS 87• Nesse ano foram criados Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde

(SUDS) que tinham como principais diretrizes: universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde; integralidade dos cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação de distritos sanitários.

• Tratase de um momento marcante, pois, pela primeira vez, o Governo Federal começou a repassar recursos para os estados e municípios ampliarem suas redes de serviços, prenunciando a municipalização que viria com o SUS.

• As secretarias estaduais de saúde foram muito importantes neste movimento de descentralização e aproximação com os municípios, que recebiam recursos financeiros federais de acordo com uma programação de aproveitamento máximo de capacidade física instalada.

• Podemos localizar no SUDS os antecedentes mais imediatos da criação do SUS.

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Constituição Cidadã 1988• Em 1988, foi aprovada a “Constituição Cidadã”, que estabelece a saúde

como “Direito de todos e dever do Estado” e apresenta, na sua Seção II, como pontos básicos: “as necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse público e o atendimento um dever do Estado;

• a assistência médico sanitária integral passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o acesso aos serviços;

• estes serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros técnicos e a sua gestão deve ser descentralizada.”

• Estabelece, ainda, que o custeio do Sistema deverá ser essencialmente de recursos governamentais da União, estados e municípios, e as ações governamentais submetidas a órgãos colegiados oficiais, os Conselhos de Saúde, com representação paritária entre usuários e prestadores de serviços (BRASIL, 1988).

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Criação do SUS 1990• A Criação do (SUS) se deu através da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que

“dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”. Primeira lei orgânica do SUS detalha os objetivos e atribuições; os princípios e diretrizes; a organização, direção e gestão, a competência e atribuições de cada nível (federal, estadual e municipal); a participação complementar do sistema privado; recursos humanos; financiamento e gestão financeira e planejamento e orçamento.

• Logo em seguida, a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros.

• Institui os Conselhos de Saúde e confere legitimidade aos organismos de representação de governos estaduais (CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e municipais (CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde).

• Finalmente estava criado o arcabouço jurídico do Sistema Único de Saúde, mas novas lutas e aprimoramentos ainda seriam necessários (BRASIL, 1990).

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Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) 1991

• Criada a Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) com representação do Ministério da Saúde, das secretarias estaduais de saúde e das secretarias municipais de saúde e da primeira norma operacional básica do SUS, além da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB), estado e municípios para o acompanhamento da implantação e operacionalização da implantação do recém criado SUS.

• As duas comissões, ainda atuantes, tiveram um papel importante para o fortalecimento da ideia de gestão colegiada do SUS, compartilhada entre os vários níveis de governo.

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DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE

COSELHO MUNICIPAL DE SAÚDECONSELHO ESTADUAL DE SAÚDECONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

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Conselho de Saúde• órgão ou instância colegiada de caráter permanente e deliberativo,

em cada esfera de governo, integrante da estrutura básica da secretaria ou departamento de saúde dos estados e municípios, com composição, organização e competência fixadas em lei.

• Número de componentes em cada conselho : varia de 10 a 20 membros. –

• Representação total : 50% de usuários (indicados somente por suas entidades),

• 25% de trabalhadores de saúde e • 25% de prestadores de serviços (público e privado). Não é

permitida remuneração para os conselheiros. Definição e Composição dos Conselhos de Saúde

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CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE• Criado em 1937, mas somente em 1990, após a instituição do SUS,

ganhou o papel que desenvolve hoje. • » Decreto 99.438/90 criou um novo Conselho Nacional de Saúde, com

as seguintes atribuições e competências:• - deliberar sobre formulação de estratégia e controle da execução da

política nacional de saúde em âmbito federal;• - manifestar-se sobre a Política Nacional de Saúde; • - decidir sobre planos estaduais de saúde quando solicitado;

credenciamento de instituições de saúde que se candidatem a realizar pesquisas em seres humanos;

• - acompanhar a execução do cronograma de transferência de recursos financeiros, consignados ao SUS, aos estados, municípios e Distrito Federal, dentre outras.

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Atribuições e Responsabilidades Sanitárias dos Municípios

• Todo município é responsável pela integralidade da atenção à saúde da sua população, exercendo essa responsabilidade de forma solidária com o estado e a União;

• 1.2 Todo município deve garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de forma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; englobando atividades de: a) promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e agravos; b) ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimento das urgências;

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• Todo município deve promover a equidade na atenção à saúde, considerando as diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da adequação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade, respeitadas as diversidades locais;

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NOB-SUS 93

• Neste ano foi publicada a NOB-SUS 93, que procura restaurar o compromisso da implantação do SUS e estabelecer o princípio da municipalização, tal como havia sido desenhada.

• Institui níveis progressivos de gestão local do SUS e estabelece um conjunto de estratégias, que consagram a descentralização político-administrativa na saúde.

• Também define diferentes níveis de responsabilidade e competência para a gestão do novo sistema de saúde, a depender das competências de cada gestor e consagra ou ratifica os organismos colegiados com grau elevado de autonomia: as Comissões Intergestoras (Tripartite e Bipartite) (BRASIL, 1993).

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• A população foi a grande beneficiada com a incorporação de itens de alta complexidade, que antes eram restritos aos contribuintes da previdência.

• Com a grande extensão de programas de saúde pública e serviços assistenciais, deu-se o início efetivo do processo de descentralização política e administrativa, que pode ser observado pela progressiva municipalização do sistema e pelo desenvolvimento de organismos colegiados intergovernamentais.

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• A participação popular trouxe a incorporação dos usuários do sistema ao processo decisório, com a disseminação dos conselhos municipais de saúde, ampliando as discussões das questões de saúde na sociedade (LEVCOVITZ et al., 2001).

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NOB 96

• A edição da NOB 96 representou a aproximação mais explícita com a proposta de um novo modelo de atenção.

• Para isso, ela acelera a descentralização dos recursos federais em direção aos estados e municípios, consolidando a tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas, criando incentivo explícito às mudanças, na lógica assistencial, rompendo com o produtivismo (pagamento por produção de serviços, como o INAMPS usava para comprar serviços do setor privado) e implementando incentivos aos programas dirigidos às populações mais carentes, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e às práticas fundadas numa nova lógica assistencial, como Programa de Saúde da Família (PSF).As principais inovações da NOB 96 foram:

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• a. A concepção ampliada de saúde - considera a concepção determinada pela Constituição englobando promoção, prevenção, condições sanitárias, ambientais, emprego, moradia etc.;

• b. O fortalecimento das instâncias colegiadas e da gestão pactuada e descentralizada - consagrada na prática com as Comissões Intergestores e Conselhos de Saúde;

• c. As transferências fundo a fundo (do Fundo Nacional de Saúde direto para os fundos municipais de saúde, regulamentados pela NOB-SUS 96), com base na população, e com base em valores per capita previamente fixados;

• d. Novos mecanismos de classificação determinam os estágios de habilitação para a gestão, no qual os municípios são classificados em duas condições: gestão plena da atenção básica e gestão plena do sistema municipal (BRASIL, 1996).

• Na gestão plena da atenção básica, os recursos são transferidos de acordo com os procedimentos correspondentes ao PAB - Piso da Atenção Básica.

• A atenção ambulatorial especializada e a atenção hospitalar continuam financiadas pelo Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) e pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS).No caso dos municípios em gestão plena do sistema, a totalidade dos recursos é transferida automaticamente.

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Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-SUS

• No ano 2002 é editada a Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-SUS, cuja ênfase maior é no processo de regionalização do SUS, a partir de uma avaliação de que a municipalização da gestão do sistema de saúde, regulamentada e consolidada pelas normas operacionais estava sendo insuficiente para a configuração do sistema de saúde, por não permitir uma definição mais clara dos mecanismos regionais de organização da prestação de serviços.Como veremos adiante, o Pacto pela Vida tem sua grande força, exatamente em um novo ordenamento dos processos de regionalização do SUS (BRASIL, 2002).

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O Pacto pela Vida (buscando saídas para os problemas e impasses)

• Na breve linha do tempo que vimos anteriormente, muitas iniciativas foram tomada para a implementação do SUS, a partir de 1990, com forte ênfase na descentralização e municipalização das ações de saúde.

• Em princípio, a responsabilidade pela gestão do SUS é dos três níveis de governo e as normas operacionais vinham regulamentando as relações e responsabilidades dos diferentes níveis até 2006, momento em que se instituiu o Pacto pela Saúde, como um conjunto de reformas nas relações institucionais e fortalecimento da gestão do SUS.

• Para a adesão dos gestores ao Pacto, é assinado um termo de compromisso, onde se estabelecem compromissos entre os gestores em três dimensões: Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão.

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No Pacto pela Vida

• são firmados compromissos em torno das medidas que resultem em melhorias da situação de saúde da população brasileira.

• A partir dele, definem-se prioridades e metas a serem alcançadas nos municípios, regiões, estados e país. Atualmente são seis as prioridades em vigência:

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• 1. Saúde do Idoso; • 2. Controle do Câncer do colo do útero e da mama; • 3. Redução da mortalidade infantil e materna; • 4. Fortalecimento da capacidade de resposta às

doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza;

• 5. Promoção da Saúde; • 6. Fortalecimento da Atenção Básica.

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O Pacto em Defesa do SUS • firma-se em torno de ações que contribuam para

aproximar a sociedade brasileira do SUS, seguindo as seguintes diretrizes:

• A repolitização da saúde, como movimento que retoma a Reforma Sanitária Brasileira, atualizando as discussões em torno dos desafios atuais do SUS;

• Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização social tendo a questão da saúde como direito;

• Garantia de financiamento de acordo com as necessidades do Sistema.

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Pacto de Gestão são abordados:

• • A Regionalização; • • A qualificação do processo de

descentralização e ações de planejamento e programação;

• • Mudanças no financiamento.

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• Na adesão ao Pacto, os gestores assinam em conjunto o Termo de Compromisso, onde constam nos eixos prioritários as metas a serem atingidas anualmente ou bianualmente.Existe um sistema informatizado de monitoramento, o SISPACTO, que contém indicadores e metas atingidas do ano anterior e as pactuadas para o ano seguinte.

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• São em torno de 40 indicadores tais como: coeficiente de mortalidade infantil, cobertura de Programa de Saúde da Família, proporção de internação por complicação de Diabetes, proporção de sete consultas ou mais de pré-natal, cobertura de primeira consulta odontológica programática, entre outros.

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os princípios organizativos.

• O SUS pode então ser entendido a partir da seguinte imagem: um núcleo comum (único), que concentra os princípios doutrinários, e uma forma de organização e operacionalização, os princípios organizativos.

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Universalidade

• O acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais.

• O exercício deste princípio traz a perspectiva da oferta a todos os brasileiros, no sistema público de saúde, da vacina à cirurgia mais complexa, alterando a situação anterior em que o acesso era diferenciado entre os que tinham vínculos previdenciários e os demais brasileiros.

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Equidade

• objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isto não significa que a equidade seja sinônimo de igualdade.

• A equidade justifica a prioridade na oferta de ações e serviços aos segmentos populacionais que enfrentam maiores riscos de adoecer e morrer em decorrência da desigualdade na distribuição de renda, bens e serviços.

• Para isso, a rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser atendida. A equidade é sinônimo de justiça social.

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Integralidade

• O princípio da integralidade significa considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas necessidades.

• Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.

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Princípios Organizativos

• A regionalização e a hierarquização de serviços significa que os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da clientela a ser atendida.

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• A regionalização é, na maioria das vezes, um processo de articulação entre os serviços já existentes, buscando o comando unificado dos mesmos.

• hierarquização busca-se ordenar o sistema de saúde por níveis de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços, de modo que regule o acesso aos mais especializados, considerando que os serviços básicos de saúde são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais frequente.

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• A descentralização, ou municipalização, é uma forma de aproximar o cidadão das decisões do setor e significa a responsabilização do município pela saúde de seus cidadãos. É também uma forma de intervir na qualidade dos serviços prestados.